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  • MINISTRIO PBLICO &

    INSTRUO PREPARATRIA

    NO CPP DE SO TOM E PRNCIPE

  • MP NO PROCESSO PENAL

    Art. 130., n. 1 CRSTP - Ministrio Pblico:

    O Ministrio Pblico fiscaliza a legalidade, representa, nos tribunais, o interesse pblico e social e o titular da aco penal.

  • MP NO PROCESSO PENAL

    Jurisprudncia do Tribunal Constitucional (Acs. TC n. 395/2004, 7/87, 23/90, 581/00,

    517/96, 610/96, 694/96 e 691/98) l Do art. 219, da CRP, retira-se que o exerccio da aco penal pelo Ministrio

    Pblico comporta a direco e a realizao do inqurito por esta magistratura: l Princpio da autonomia do Ministrio Pblico l Princpio da estrutura acusatria do processo penal (40, n. 5, CRSTP), l Competncia constitucional expressa.

    l Todavia, esta norma: l No veda o condicionamento da legitimidade do Ministrio Pblico deduo de

    queixa e/ou acusao particular; l No impe a existncia de inqurito relativamente a todos os crimes; l No clara relativamente ao exerccio monopolista do inqurito pelo

    Ministrio Pblico. l nica ressalva actos que importem ofensa ou restrio de direitos

    fundamentais que carecem, segundo casos, de ser ordenados ou autorizados ou at realizados exclusivamente pelo juiz (cfr. art.s 267 e 268, do C.P.P.)..

  • MP NO PROCESSO PENAL

    Cdigo de Processo Penal Artigo 26 do C.P.P.: A aco penal pblica e compete ao Ministrio Pblico o seu exerccio com as restries constantes dos artigos seguintes. Artigo 27 do C.P.P estabelece as excepes ao exerccio monopolista da aco penal pelo MP, nas situaes de transgresses, contravenes e processo sumrio.

  • MP NO PROCESSO PENAL

    lM.P. enquanto rgo de administrao de justia (no parte); parte integrante do Tribunal e do Poder Judicirio

    lActuao orientada pelo princpio da legalidade e objectividade -

    interessado na descoberta da verdade e na realizao do direito; lAutonomia (face ao poder judicial e outros poderes) JIC no

    pode dar ordens/directivas ao M.P. no inqurito;

    lMagistratura hierarquizada cumprimento de directivas, circulares, ordens de servio, provimentos; reclamaes hierrquicas;

  • MP NO PROCESSO PENAL

    lOs actos decisrios do Ministrio Pblico tomam a forma de despachos art. 69, n. 2, do C.P.P.

    lNa fase da instruo preparatria, de que o dominus (art. 266. do CPP), actua como autoridade judiciria: exerce poderes de deciso e de conformao processual;

    lAlgumas das decises do Ministrio Pblico so verdadeiros actos jurisdicionais quando dirimem a causa e pem termo ao processo (arquivamento, acusao):

    lDespachos do M.P. so sempre fundamentados de facto e de direito (69., n. 4).

  • INSTRUO PREPARATRIA

    Art. 262/1, C.P.P. Instruo preparatria enquanto actividade fase de investigao criminal que compreende o conjunto de diligncias que visam:

    Investigar a existncia de um crime; Determinar os seus agentes e a responsabilidade

    deles; Descobrir e recolher as provas, em ordem deciso

    sobre a acusao. Art. 262/3, C.P.P. - Princpio da legalidade - ressalvadas as excepes previstas no C.P.P., a notcia de um crime d sempre lugar abertura de inqurito pelo M.P..

  • Excepes existncia de inqurito havendo notcia de crime: l Falta de legitimidade do M.P. crimes semi-pblicos e particulares; l Processo sumrio l Situaes previstas no artigo 271.

  • NOTCIA DO CRIME

    Pressuposto da instaurao do procedimento criminal: A notcia de um crime d sempre lugar abertura da

    instruo art. 262, n. 3, C.P.P.; No pode haver inqurito sem notcia do crime; Conceito: informao de que foi eventualmente perpetrado

    um crime; Pode ser mais ou menos precisa, provir ou no de fonte

    identificada, identificar ou no os autores dos factos; prvia e exterior ao procedimento criminal (pr-

    procedimental), mas no deixa de ser um acto processual.

  • NOTCIA DO CRIME

    Aquisio notcia do crime pelo MP (artigos 33. e 140, C.P.P):

    l Conhecimento prprio (oficioso) alnea a): l No presenciada pelo MP: percepo sensorial, comunicao

    social, informao obtida por terceiros; l Presenciado pelo M.P. deve ser materializada em auto de

    notcia; l Participao efectuada por outras autoridades (alnea b); l Denncia apresentada por qualquer cidado (alnea c); l Queixa apresentada pelos titulares tratando-se de crimes semi-pblicos e particulares (alnea d). lTransmisso (designadamente) pelas autoridades policiais e autoridades administrativas ao MP (35., n. 2, 140,n. 2 e 142. parte final). Se forem entidades policiais prazo no pode ser superior a 3 dias (artigo 145., n. 1)

  • DENNCIA

    l Denncia em sentido estrito (crimes pblicos) simples

    declarao de cincia (transmisso do conhecimento da prtica de um crime);

    l Queixa (crimes semi-pblicos e particulares) para alm da

    declarao de cincia, exige uma manifestao de vontade de que seja instaurado procedimento criminal por quem tem para tal legitimidade.

  • Participao

    Participao obrigatria art. 141, C.P.P: A denncia ao MP obrigatria, ainda que contra desconhecidos:

    l Para as autoridades policiais, quanto a todos os crimes de que tomarem conhecimento (tambm artigo 34., n. 1, alinea a);

    l Para os funcionrios (artigo 469, C.P.), gestores pblicos, agentes e autoridades pblicas, quanto a crimes de que tomarem conhecimento no exerccio das suas funes e por causa delas (tambm artigo 34., n. 1, alnea b).

    l S obrigatria para os funcionrios se: l For relativa a crimes pblicos (art. 141, n 2, C.P.P.); l No implicar, por parte dos agentes do Estado, a violao de

    segredo profissional ou de Estado. l Quanto a crimes semi-pblicos se o titular do direito de queixa a

    tiver exercido no prazo de 8 dias aps a participao (artigos 33., n. 2 e 141, n. 2)

    l Incumprimento do dever de denncia? Ilcito disciplinar vd. Artigo 145., n. 1. Possvel prtica dos crimes de: Favorecimento pessoal (367)? Corrupo (372)? Abuso de poder (382)?

  • DENNCIA Denncia facultativa artigos 35. e 142., C.P.P.:

    Crime pblico - qualquer pessoa pode denunci-lo; Crimes semi-pblicos e particulares o titular do direito de queixa deve apresent-la;

  • DENNCIA

    Denncia pode ser feita (artigo 143. do CPP): l Por escrito; l Verbalmente ter de ser reduzida a escrito e assinada pela entidade que a receber e pelo denunciante (se este no saiba assinar ou no o possa fazer, por duas testemunhas abonatrias devidamente identificadas), devidamente identificado (auto de denncia); l Conter os demais elementos constantes do artigo 143., n. 1, sempre que possvel.

  • AUTO DE DENNCIA VS.

    AUTO DE NOTCIA

    Similitudes: l Ambos materializam a informao sobre a eventual prtica de um crime; l Ambos tm de conter a indicao dos elementos previstos no art. 143 do CPP Diferenas: l No auto de notcia os factos criminosos foram presenciados por quem lavrou o auto; l Valor probatrio (documento autntico/f em juzo)

  • AUTO DE NOTCIA

    lQuem e quando se levanta ou manda levantar auto de notcia (Art. 144, C.P.P.):

    lMP relativamente a crimes que tenha sido praticado perante ele; l Outra autoridade e funcionrio presenciarem (n. 3) qualquer crime de denncia obrigatria.

    Ac. RC de 02-11-2005 (Proc. R 2842/05): O termo presenciar deve ser interpretado de forma a nele se incluir toda a comprovao pessoal e directa, se bem que no imediata, podendo nele incluir-se o imediatamente anterior como integrando o momento da prtica dos factos.

  • AUTO DE NOTCIA

    l Factos que devem ser mencionados no auto de notcia: l Os factos que constituem o crime; l O dia, a hora, o local l As circunstncias em que o crime foi cometido; e l Tudo o que puderem averiguar acerca da identificao dos

    agentes e dos ofendidos, l Os meios de prova conhecidos, nomeadamente as

    testemunhas que puderem depor sobre os factos.

    l assinado pela entidade que o levantou e pela que o mandou levantar.

  • AUTO DE NOTCIA

    Valor probatrio do auto de notcia: Art. 169, do Cdigo Penal de 1929, tal como o actual CPP de STP (artigo 144.): Os autos de notcia faziam f em juzo at prova em contrrio. Ac. da Com. Constitucional, n. 168, de 24-07-1979: A f em juzo atribuda por lei aos autos de notcia no contraria () o princpio da presuno de inocncia nele consignado, pelo que, o art. 169, do C.P.P. no sofre de inconstitucionalidade. Inverso da posio Tribunal Constitucional - Violao do princpio do in dbio pro reo (emanao da presuno da inocncia 40., n. 2 da CRSTP). Cautelarmente (nas situaes de processo de querela e correcional) realizar o mnimo de diligncias em instruo preparatria

  • AUTO DE NOTCIA

    Valor probatrio do auto de notcia:

    Vale como documento autntico quando levantado ou mandado levantar por autoridade pblica e, por isso, faz prova dos factos materiais dele constantes, nos termos do art. 240, n. 1 do C.P.P..

  • AUTO DE NOTCIA

    Relevncia do auto de notcia no processo penal:

    l Obriga constituio como arguido da pessoa dada como agente do crime art. 38, n. 1, al. d), C.P.P.

    l Processo sumrio: M.P. pode substituir a apresentao da acusao pela leitura do auto de notcia da autoridade que tiver procedido deteno art. 27, n. 2, C.P.P.

  • NOTCIA DO CRIME

    Falta de comunicao atempada da notcia do crime ao M.P., designadamente nas situaes do artigo 145., n. 1 do CPP, nulidade ou irregularidade? - Irregularidade processual (art. 89/2, C.P.P.):

    l Ac. RP de 12-02-1997 (CJ, XXII, tomo 1, 256), l Ac. RL, de 21/3/1991, in BMJ n405, p.519; l Ac. RL de 10/4/1991, in BMJ n406, p.712;

  • NOTCIA DO CRIME

    Quais as consequncias para o abuso do exerccio do direito de denncia?

    l Crimes de denncia caluniosa e de simulao de crime (art.s 441 e 442, C.P.) l Responsabilidade por custas aplicao subsidiria do CPC em caso de denuncia de m f ou com negligncia grave.

  • MEDIDAS CAUTELARES E DE POLCIA

    OPC, ainda antes de comunicarem notcia do crime e/ou de receberem delegao de competncias de investigao podem praticar os actos cautelares necessrios e urgentes para assegurar os meios de prova (art. 145 do CPP)

    l Efectuar exames aos vestgios do crime (145/2/a), C.P.P.)

    l Colher informaes sobre pessoas (145/2/b) e 147/8 C.P.P.)

    l Proceder a apreenses no decurso de revistas e buscas (145/2/c) e 148 C.P.P.)

    elaborado relatrio das diligncias efectuadas, o qual remetido para conhecimento autoridade judicial (MP ou Juiz).

  • LEGITIMIDADE MP

    Princpio da oficialidade do processo penal - a iniciativa e a prossecuo processual , em regra, pblica e pertencente ao Ministrio Pblico, com as restries impostas por lei. O Ministrio Pblico tem legitimidade para promover o processo penal, com as seguintes restries (art. 26).: l Crimes semi-pblicos queixa relevante (art. 28) l Crimes particulares queixa relevante + constituio de assistente + acusao particular (art. 29) Crimes pblicos basta denncia/ notcia do crime (em causa, via de regra, interesses pblicos/colectivos)

  • LEGITIMIDADE MP

    Concurso/ conexo de crimes de diferente natureza? MP promove imediatamente o processo por aqueles para que tiver legitimidade Notifica as pessoas a quem a lei confere o direito de queixa para declararem se querem ou no usar desse direito:

    l Declaram que no pretendem apresentar queixa (renncia), ou nada declaram Ministrio Pblico promove o processo pelos crimes que puder promover e no final arquiva face aos restantes;

    l Declaram que pretendem apresentar queixa a queixa considera-se apresentada nessa data.

  • Falta de legitimidade do MP

    MP acusa por factos que qualifica como crime de difamao agravado (arts. 186., 189/1 e 195, CP semi-pblico); finda a instruo, requerida pelo arguido, o JIC considera que o crime apenas o de difamao simples (art. 186/1, CP particular). JIC deve declarar a ilegitimidade do MP para exercer a aco penal e: l Proferir despacho de no pronncia; e, l Ordenar a remessa do processo ao Ministrio Pblico, com vista reabertura do inqurito (Ac. TRP de 03-05-2006 e Ac. RP de 10-05-2006)

  • Falta de legitimidade

    Assistente acusa por factos que qualifica como crime de difamao simples (art. 180/1, CP particular); MP adere acusao particular; JIC entende tratar-se de difamao agravada (arts. 180/1 e 184, CP semi-pblico): Artigo 91. do CPP Ilegitimidade do assistente para deduzir acusao, regime especifico de anulao dos actos.

  • Falta de legitimidade do MP

    Quando feita denncia de crime semi-pblico ou particular por pessoa que no tenha para tal legitimidade?

    Falta de uma condio de procedibilidade (pressuposto processual) l Inqurito? MP arquiva processo por inadmissibilidade legal conceito de extino da aco penal por falta de legitimidade - art. 173/1, CPP. l Instruo/Julgamento MP acusou sem queixa ou sem acusao particular? Juiz conhece-a oficiosamente, verificando a falta da condio de procedibilidade, abstendo-se de conhecer do mrito da causa e absolvendo arguido da instncia. Em ambas as situaes: caso julgado formal (efeitos intra-processuais)

  • QUEIXA

    Noo: Condio de procedibilidade (pressuposto processual), exigvel nos crimes de natureza semi-pblica e particular, atravs da qual, quem para tanto tem legitimidade, transmite s autoridades judicirias ou policiais factos com eventual relevncia criminal (declarao de cincia), exprimindo o seu d e s e j o d e p r o c e d i m e n t o c r i m i n a l relativamente aos mesmos (manifestao de vontade).

  • QUEIXA Pedra de toque - manifestao de vontade de procedimento criminal:

    lLei no impe uma frmula para a expresso dessa manifestao

    de vontade; l Tem de corresponder a uma manifestao de vontade

    inequvoca por parte do ofendido, ou de quem tem para tanto legitimidade, de que se exera o procedimento criminal por um certo acervo factual contra os responsveis;

    lTem de revelar a inteno clara do exerccio do seu direito de

    queixa. l Jurisprudncia: Acs. STJ de 05-12-2007, de 26-03-2003, de

    06-11-2002, 30-10-2002 , 16-05-1996 , Ac. RL, de 19-12-2006, Ac. RC, de 15.03.2006, entre outros;

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA Art. 113, n 1, CP

    1. Legitimidade originria - ofendido: - Titular dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a incriminao) (113, n. 1, CP) H que atender aos bens jurdicos tutelados por cada norma penal em concreto, a fim de aferir quem cabe na categoria de ofendido. - Pessoa singular ou colectiva - Ofendido tem de:

    l Ter 16 anos; l Ser capaz - possuir discernimento para entender o

    alcance e o significado do exerccio do direito de queixa.

    artigo 108. n. 2 do CP revogou a primeira parte do artigo 28., n. 3 do CPP.

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA Conjugao do 28., n. 2 do CPP com

    o Art. 113, n 2, CP 2. Legitimidade de substituio - morte do ofendido: - Ofendido no apresentou ou renunciou queixa (28., n. 2); - Nenhuma das pessoas infra referidas comparticipou no crime (113, n. 2) - Qualquer uma destas pessoas pode apresentar queixa independentemente das restantes (113/3). l Cnjuge sobrevivo no separado judicialmente de pessoas e bens; l Descendentes e adoptados; l Ascendentes e adoptantes; l Na falta destes - irmos e seus descendentes.

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA Art. 113, n 4, CP e 28., n. 3 (2. parte)

    3. Legitimidade de substituio - ofendido menor de 16 anos ou incapaz: l Representante legal (pais, tutor, curador); l Na sua fal ta: as pessoas indicadas sucessivamente nas alneas do art. 113/2, C.P. l Qualquer uma destas pessoas pode apresentar queixa independentemente das restantes (113/5).

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA

    4. Legitimidade oficiosa do Ministrio Pblico em crime semi-pblico: Art. 183/2 C.P. Crimes sexuais sempre semi-pblicos (salvo casos de suicdio ou morte vtima) se a vtima for menor de 14 anos, pode o Ministrio Pblico dar incio ao processo se o interesse da vitima o impuser. lMP no tem de expressamente consignar, por despacho ou qualquer outro modo, que pretende actuar ou que actua no interesse da vtima/ofendido na promoo do impulso processual sem prvia queixa (lei no o exige);

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA

    4. Legitimidade oficiosa do Ministrio Pblico em crime semi-pblico: lImportante que sejam notrias e decorram dos autos as razes de facto em que se apoia o MP e a prpria exigncia do procedimento pelo interesse (objectivo) da vtima/ofendido. Jurisprudncia: Ac. RL, de 08-07-2004, Ac. STJ, de 31.5.2000, Ac. STJ, de 03.04.2002, ACRL de 14-07-2005 .

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA

    Legitimidade para apresentao de queixa por pessoa colectiva; -A efectuar por quem tenha poderes estatutrios de representao para tal; aferir a natureza da pessoa colectiva e a respectiva orgnica; juno aos autos de matrcula e/ou pacto social; -Mandatrio tem de demonstrar que poderes lhe foram concedidos por quem tem esses poderes estatutrios. Legitimidade para apresentao de queixa em representao de menores: -Um progenitor pode apresentar queixa sem o outro, face ao art. 108/4, C.P ACRL, de 02-03-2000; Ac.RL de 27.02.2003; -Uma vez atingida a maioridade do ofendido este no tem de ratificar a queixa apresentada pelos seus representantes durante a sua menoridade - ACRL de 09-05-2000;

  • TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA

    Tm os locatrios, usufruturios, arrendatrios (ou outras pessoas com direitos de gozo e fruio de bens sobre os bens) legitimidade para apresentar queixa pelos crimes de dano ou furto? Doutrina e jurisprudncia divididas, mas com maior peso no sentido positivo; os tipos penais tambm tutelam os direitos de gozo, fruio e uso da coisa alvo de furto ou dano (cabem no conceito de coisa alheia). Tem um comproprietrio legitimidade para sozinho apresentar queixa? Tem a administrao de um condomnio legitimidade para apresentao de queixa relativamente a bens comuns? Sim - Ac RL, de 11-02-2004;

  • EXTINO DO DIREITO DE QUEIXA

    O direito de queixa extingue-se no prazo de 6 meses a contar (artigo 109/1 do Cdigo Penal) l Da data em que o titular tiver tido conhecimento do facto E dos seus autores; l A partir da morte do ofendido, ou da data em que ele se tiver tornado incapaz; Sendo vrios os titulares do direito de queixa, o prazo conta-se autonomamente para cada um deles (art. 109, n. 4, C.P.).

  • EXTINO DO DIREITO DE QUEIXA

    O prazo para o exerccio do direito de queixa um prazo substantivo e de caducidade, sujeito s regras de contagem do Cdigo Civil, no um prazo processual ou judicial (Ac. RL, de 22-01-2003). Desde que respeitado o prazo de 6 meses a que alude o artigo 109./1 do Cdigo Penal (in casu, crime de injrias), nada obsta renovao da queixa pelos mesmos factos que deram origem a um inqurito o qual foi arquivado por inobservncia do disposto no artigo 29 n. 1, do Cdigo de Processo Penal (falta de constituio de assistente). (Ac. RP, de 16-05-2001)

  • EXTENSO DO DIREITO DE QUEIXA

    Princpio da indivisibilidade da queixa: A queixa reporta-se a factos criminosos e no a pessoas, pelo que, no se no se pode escolher quem deve ser perseguido em casos de comparticipao . Por seu turno, o objecto do inqurito limita-se ao mbito da queixa apresentada pelo ofendido e no a outro acervo factual.

    lA apresentao da queixa contra um dos comparticipantes no crime torna o procedimento criminal extensivo aos restantes (art. 110, C.P.) situao em que o ofendido no consegue identificar todos os comparticipantes. l O no exerccio tempestivo do direito de queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos restantes, nos casos em que tambm estes no puderem ser perseguidos sem queixa (art. 109, n. 3, C.P.) evitar discriminaes e escolhas de arguidos. l A desistncia da queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos restantes, salvo oposio destes, nos casos em que tambm estes no puderem ser perseguidos sem queixa (art. 111, n. 3,C.P.).

  • EXTENSO DO DIREITO DE QUEIXA

    Num crime de difamao cometido atravs de pea processual, a queixa contra o advogado extensvel ao seu cliente (e vice-versa)? Idem no abuso de liberdade de imprensa (jornalistas/editores). Trs situaes possveis: 1) O advogado transfere para a pea processual aquilo que o cliente lhe disse, depois de o advertir expressamente das consequncias que da podero advir; H comparticipao criminosa queixa extensvel. 2) O autor do escrito apenas o advogado, sem qualquer interferncia do cliente, que, inclusive, surpreendido por aquilo que vertido na pea processual; Cliente no tem dolo; autor do crime s o advogado; queixa s vale para este. 3) O cliente relata factos que sabe no serem verdadeiros, com o propsito de que o advogado os verta para o articulado, no convencimento de que correspondem verdade. Advogado no tem dolo; no pratica crime; autor mediato; no pode queixa valer contra ele, pois no h comparticipao criminosa.

  • EXERCCIO DO DIREITO DE QUEIXA

    A queixa pode ser apresentada (art. 28, n. 1, C.P.P)

    l Pelo titular do direito respectivo; l Por mandatrio judicial; l Por mandatrio [no judicial] munido de

    poderes especiais;

  • EXERCCIO DO DIREITO DE QUEIXA

    O Ac. STJ n 01/97 veio estabelecer quem e em que termos pode apresentar queixa em crime semi-pblico: l O prprio titular do interesse protegido pela incriminao; l Advogado ou solicitador munido de mandato geral - procurao com poderes forenses gerais; l No advogado ou solicitador e, nesse caso, necessrio que o mandato contenha poderes especiais (no necessariamente especificados); neste caso, se o mandato contiver meros poderes gerais de representao, pode a queixa ser ratificada pelo titular do direito respectivo, mesmo aps o prazo para a queixa.

  • EXERCCIO DO DIREITO DE QUEIXA

    Poderes especiais exigveis ao mandatrio no judicial: Pessoalidade da queixa; - Do contedo do mandato tem de resultar inequvoca a vontade do mandante em apresentar aquela queixa em concreto; -O mandato tem de conter uma especificao genrica da categoria de casos em que se pretende apresentar queixa (e.g. todos os furtos simples ocorridos no estabelecimentos da mandante); Circular da PGR n. 12/2004, de 2004-09-23: Nos crimes de natureza semi-pblica em que sejam ofendidas pessoas colectivas, considera-se validamente apresentada a queixa subscrita por pessoa a elas ligada por relao de trabalho ou de outra natureza, quando quem subscreve a denncia estiver munido de poderes para o efeito, sem necessidade de tais poderes estarem referidos a um especfico caso concreto.

  • EXERCCIO DO DIREITO DE QUEIXA

    l A queixa apresentada tempestivamente por quem no tem para tanto legitimidade pode ser ratificada pelo titular do direito de queixa, mesmo se j decorrido o prazo do art. 109, n. 1, do C.P. (Ac. S.T.J. n. 1/97Ac. RL de 17-06-2004);

    l irrelevante a qualificao dos crimes que feita na queixa/denncia relevantes so os factos de que dado conhecimento (Ac. RE, de 17-11-1998, in BMJ, 481, 561);

    l A falta de assinatura da queixa pelo titular do respectivo direito constitui mera irregularidade; pode tal queixa ser ratificada (Ac. RL 28-06-2007, ACRL de 28-10-2003).

  • RENNCIA vs. DESISTNCIA

    Art. 111, C.P. l Renncia ocorre antes de ser exercido o

    direito de queixa; direito de queixa no pode mais ser exercido;

    l Desistncia Ocorre aps o exerccio do

    direito de queixa, estando j iniciado o procedimento criminal; queixa no pode ser renovada.

  • RENNCIA DE QUEIXA

    Art. 111, n. 1, C.P.- O direito de queixa no pode ser exercido se o titular a ele expressamente tiver renunciado ou t i ve r p ra t i cado f ac tos donde a r ennc ia necessariamente se deduza. lOcorre quando o titular do direito de queixa:

    l Expressamente renunciou; l Praticou factos donde a renncia necessariamente

    se deduza (tcita).

    lO fim da legitimidade do M.P. para o procedimento exige a renncia de todos os titulares do direito de queixa (11., n. 4).

  • RENNCIA DE QUEIXA

    A prvia instaurao de aco executiva para pagamento de quantia certa, com base num cheque emitido, sem proviso, valer como renncia ao direito de queixa? Sim, por fora do n. 2, do artigo 47, do CPP prvia deduo de pedido perante o tribunal civil vale como renncia ao direito de queixa (ACRL de 13-09-2006). J o contrrio no acontece - ACRL de 22-06-2006: Face ao disposto no n 2 do art. 47 do CPP, no h renncia ao direito de queixa se o pedido de indemnizao for formulado perante o Tribunal Cvel, s depois de ter sido apresentada queixa pelo crime semi-pblico no Tribunal Criminal. Adaptado ao CPP de STP se o processo tiver sem andamento durante 6 meses (47., n. 3 do CPP)

  • DESISTNCIA DE QUEIXA

    Art. 111, n. 2, C.P.: O queixoso pode desistir da queixa, desde que no haja oposio do arguido, at publicao da sentena da 1. instncia. A desistncia impede que a queixa seja renovada.

    l Pode desistir aquele titular que exerceu o seu direito de queixa (a

    lei refere o queixoso); l A desistncia impede que a queixa seja renovada (por aquele

    titular); pode acontecer que outro titular ainda esteja em tempo de exercer o direito de queixa e continuar com o processo;

    l Por publicao da sentena da 1 instncia entende-se a sua leitura pblica;

    l Havendo arguido constitudo, este no se pode opor desistncia para que esta assuma relevncia;

  • HOMOLOGAO DA DESISTNCIA DE QUEIXA

    E DA ACUSAO PARTICULAR

    No caso dos crimes semi-pblicos e particulares, a interveno do Ministrio Pblico no processo cessa com a homologao da desistncia da queixa ou da acusao particular (art. 30, n. 1, C.P.P); A homologao da desistncia cabe (art. 30, n. 2, C.P.P.):

    l Durante o instruo preparatria ! Ministrio Pblico ! Arquivamento;

    l Durante a instruo contraditria ! JIC ! No pronncia l Durante o julgamento ! Juiz do julgamento ! Absolvio;

  • HOMOLOGAO DA DESISTNCIA DE QUEIXA

    E DA ACUSAO PARTICULAR

    Notificao da desistncia ao arguido (art. 30, n. 3, do C.P.P):

    l Logo que tomar conhecimento da desistncia, a autor idade jud ic ir ia competente para a homologao notifica o arguido para, em cinco dias, declarar, sem necessidade de fundamentao, se a ela se ope. A falta de declarao equivale a no oposio.

    l MP pode delegar tal competncia nas entidades policiais;

    l Se o arguido no tiver defensor nomeado e for desconhecido o seu paradeiro, a notificao a que se refere o nmero anterior efectua-se editalmente.

  • HOMOLOGAO DA DESISTNCIA DE QUEIXA

    E DA ACUSAO PARTICULAR

    l A homologao da desistncia da queixa de que se toma conhecimento no processo depois de deduzida a acusao e antes de requerida a abertura da instruo contraditria compete ao magistrado do Ministrio Pblico.

  • HOMOLOGAO DA DESISTNCIA DE QUEIXA

    *** Os factos, objecto dos presentes autos, so susceptveis de configurar a prtica do crime de --------, p. e p. pelo art. ---, do Cdigo Penal. O referido ilcito reveste a natureza de crime semi-pblico, dependendo, portanto, o procedimento criminal da apresentao de queixa de quem para tanto tenha legitimidade, como se dispe no art. ----. Foi tempestivamente apresentada queixa por ----, na qualidade de ofendido, nos termos do disposto no art. 108, n. 1, do C.P. (cfr. fls. ---). Todavia, veio o ofendido aos autos afirmar querer desistir do procedimento criminal, nos termos do art. 111, n. 2, do Cd. Penal (cfr. fls. ---). Por seu turno, foi o arguido notificado, nos termos do disposto no art. 30, n. 3, do Cd. Proc. Penal (cfr. fls. 84 e 85), nada tendo o mesmo declarado, no prazo de 5 (cinco) dias estipulado, o que equivale a no oposio. OU No tendo o denunciado identificado e constitudo como arguido nos autos, no se impe dar cumprimento notificao prevista no artigo 51, n. 3, do Cd. Proc. Penal. Assim sendo, a desistncia de queixa apresentada vlida, relevante, tempestiva e exercida por quem de direito, pelo que, se procede respectiva homologao e, por via dela, se declara extinto o procedimento criminal, atenta a ilegitimidade do Ministrio Pblico para o seu prosseguimento - cfr. arts 108, n 1 e 111, n 2, do Cd. Penal e arts 42, 28. e 30., do Cd. Proc. Penal. Nesta conformidade, d-se por encerrado o presente inqurito, determinando-se o seu arquivamento por causa relevante de extino do procedimento criminal (inadmissibilidade legal), nos termos do art 277, n 1 do Cd. Proc. Penal.

    * Notifique (queixoso e arguido caso esteja j constituido).

    ***

  • RECONHECIMENTO DE RENNCIA QUEIXA

    *** Os factos, objecto dos presentes autos, so susceptveis de configurar a prtica do crime de --------, p. e p. pelo art. ---, do Cdigo Penal. O referido ilcito reveste a natureza de crime semi-pblico, dependendo, portanto, o procedimento criminal da apresentao de queixa de quem para tanto tenha legitimidade, como se dispe no art. ----. Porm, -----, ofendida pela prtica dos factos denunciados, na sua inquirio, deixou bem claro que no desejava relativamente aos mesmos que fosse instaurado procedimento criminal. Portanto, de forma expressa, renunciou ao direito de queixa, o qual no pode mais ser por si exercido (cfr. art. 111, n. 1, do Cd. Penal). Tratando-se, como j se referiu, de crime de natureza semi-pblica e tendo havido uma renncia expressa ao direito de queixa por parte da ofendida, carece o Ministrio Pblico de legitimidade para, por si s, prosseguir com o presente inqurito, nos termos do art. 28, n. 1, do Cd. Proc. Penal. Nesta conformidade, d-se por encerrado o presente inqurito, determinando-se o seu arquivamento, por causa relevante de extino do procedimento criminal (inadmissibilidade legal), nos termos do art 277, n 1 do Cd. Proc. Penal.

  • ACUSAO PARTICULAR

    As normas do Cdigo Penal referentes queixa, renncia e desistncia so aplicveis aos casos em que o procedimento criminal depender de acusao particular (art. 113, C.P.). necessrio que o ofendido, ou as outras pessoas que sejam titulares do direito de queixa (art. 29, n. 1, C.P.P): l Apresentem queixa relevante; l Declararem o seu desejo de se constiturem assistentes no processo e se

    constituam assistentes; l Findo o inqurito, deduzam acusao particular, no prazo de 10 dias a

    contar da notificao do Ministrio Pblico para tal (art 280, n 4, C.P.P.).

    Como compatibilizar este prazo com o de 15 dias previsto no n. 4 do artigo

    31. do CPP

  • ACUSAO PARTICULAR

    Papel do MP relativamente ao procedimento criminal por crimes particulares (art. 29, n. 2, C.P.P): l Na instruo preparatria, procede oficiosamente a

    quaisquer diligncias que julgar indispensveis descoberta da verdade e couberem na sua competncia;

    l Participa em todos os actos processuais em que intervier a acusao particular;

    l Acusa conjuntamente com esta; l Recorre autonomamente das decises judiciais.

  • ASSISTENTE

    Assistente (sujeito processual) vs. Ofendido (participante processual) POSIO PROCESSUAL E ATRIBUIES DO ASSISTENTE

    (ART. 31, C.P.P) N. 1 - Os assistentes tm a posio de auxiliares do MP, a cuja

    actividade subordinam a sua interveno no processo, salvas as excepes da lei.

    N. 2 - Compete em especial aos assistentes: a) Deduzir acusao independente da do Ministrio Pblico [e, no

    caso de procedimento dependente de acusao particular, ainda que aquele a no deduza];

    b) Intervir na instruo contraditria, oferecendo provas e requerendo as diligncias que se afigurarem necessrias;

    c) Interpor recurso das decises que os afectem, mesmo que o Ministrio Pblico o no tenha feito.

  • ASSISTENTE

    Legitimidade para se constituir assistente: Art. 31, C.P.P. paralelismo com a titularidade do direito de queixa

    (art. 28. e 29. do CPP e 108 e seguintes, C.P.) l Os ofendidos maiores de 16 anos; l As pessoas de cuja queixa ou acusao particular depender o

    procedimento; l No caso de o ofendido morrer sem ter renunciado queixa (salvo se

    alguma destas pessoas houver comparticipado no crime): l O cnjuge sobrevivo no separado judicialmente de pessoas e

    bens, l Os descendentes e adoptados, l Os ascendentes e adoptantes, ou, na falta deles, l Os irmos e seus descendentes

  • ASSISTENTE

    Legitimidade para se constituir assistente (cont.): l No caso de o ofendido ser menor de 16 anos ou por outro motivo

    incapaz, l O representante legal e, na sua falta, l As pessoas indicadas na alnea anterior, segundo a ordem a referida,

    salvo se alguma delas houver comparticipado no crime;

    l Qualquer pessoa nos crimes contra a paz e a humanidade, bem como nos crimes de trfico de influncia, favorecimento pessoal praticado por funcionrio, denegao de justia, prevaricao, corrupo, peculato, participao econmica em negcio, abuso de poder e de fraude na obteno ou desvio de subsdio ou subveno.

    l Pessoas e entidades a quem leis especiais conferem esse direito.

  • CONSTITUIO COMO ASSISTENTE

    Crime de falsificao de documentos: Ac. STJ 1/2003, de 16-01-2003: "No procedimento criminal pelo crime de falsificao de documento, previsto e punido pela alnea a) do n. 1 do art. 256 do Cdigo Penal, a pessoa cujo prejuzo seja visado pelo agente, tem legitimidade para se constituir assistente". Crime de abuso de confiana segurana social: Acrdo n. 2/2005, de 16.02.2005: Em processo por crime de abuso de confiana contra a segurana social, previsto e punido no artigo 107. do Regime Geral das Infraces Tributrias, o Instituto de Gesto Financeira da Segurana Social tem legitimidade para se constituir assistente. Crime de denncia caluniosa: Ac. STJ 08/2006, de 12-10-2006: No crime de denncia caluniosa, previsto e punido pelo artigo 365.o do Cdigo Penal, o caluniado tem legitimidade para se constituir assistente no procedimento criminal instaurado contra o caluniador.

  • CONSTITUIO COMO ASSISTENTE

    Ofendidos titulares dos interesses que a lei especialmente quis proteger com as normas incriminadoras

    Quando a lei refere a palavra especialmente significa um

    sentido particularmente relevante para a incriminao, ainda que outro ou outros interesses possam ser protegidos pela norma penal.

    Estes crimes no tm um nico bem jurdico particularmente

    protegido com a incriminao; para alm de interesses pblicos h interesses particulares que so tutelados por estas normas penais, ainda que no de forma exclusiva;

    Caso a incriminao proteja uma pluralidade de bens jurdicos de nada releva equacionar a importncia relativa de cada um desses bens.

  • ASSISTENTE

    QUANDO SE D A CONSTITUIO DE ASSISTENTE: Crimes particulares: constituio obrigatria, nos termos j assinalados com o limite do prazo para a deduo de acusao particular. Crimes pblicos e semi-pblicos: l Em qualquer altura durante a instruo preparatria ou

    contraditria; o denunciante pode declarar que deseja constituir-se assistente;

    l Na fase de julgamento at cinco dias antes do incio da audincia de julgamento (art. 31, n. 6 C.P.P).

  • Constituio Assistente ***

    NOTIFICAO DO MP durante a instruo preparatria para a constituio de assistente em crimes particulares: Compulsados os autos verifica-se que se encontram indiciados factos que permitem imputar ao denunciado NOME, a prtica, para alm do mais, de um crime de difamao, p. e p. pelo disposto no art.185 , n. 1, do C.P. O supra referido crime de difamao reveste a natureza de crime particular, dependendo quanto ao mesmo a legitimidade do Ministrio Pblico para o procedimento criminal, no s da apresentao de queixa, como tambm da constituio como assistente e da posterior deduo de acusao particular (cfr. art. 185, n. 1, do C.P. e art.s 26, 29, n. 1 e 280, todos do C.P.P.). Assim, notifique-se o queixoso, informando-o dos procedimentos a observar, a fim de, em 5 (cinco) dias (153. do CPC ex vi 1., n. 2 do CPP), vir aos autos requerer a sua constituio como assistente, sob pena de, no o fazendo, serem os presentes autos arquivados quanto ao referido crime de difamao, por ilegitimidade do Ministrio Pblico para o exerccio da aco penal quanto ao mesmo (cfr. art.s 26 e 29., n. 1 do C.P.P.).

    ***

  • ASSISTENTE

    PROCEDIMENTOS PARA A CONSTITUIO DE ASSISTENTE Entidade competente para a deciso (artigo 20. da CRSTP, princpio da igualdade de armas e direitos de proteco da vitima em processo penal, viabilizar a possibilidade de recurso):

    l Instruo preparatria e instruo contraditria JIC l Julgamento juiz julgamento

    Juiz tem de obter pronncia do : l Ministrio Pblico; l Arguido (se constitudo)

    Aps decidir juiz notifica da deciso: l Ministrio Pblico; l Arguido (se constitudo)

  • ASSISTENTE

    REQUISITOS PARA A CONSTITUIO DE ASSISTENTE:

    l Ter legitimidade; l Estar em tempo; l Estar devidamente representado por advogado

    (art. 32, C.P.P); l Ter pago taxa de justia pela constituio como

    assistente.

  • ASSISTENTE

    DECISO SOBRE A CONSTITUIO DE ASSISTENTE:

    l Art. 2, do C.P.P. - princpio da suficincia do processo penal - as questes prejudiciais que se coloquem no processo penal (como seja a aferio da legitimidade de um requerente para se constituir assistente nos autos) devero ser julgadas no prprio processo penal.

    l A deciso de constituio como assistente no forma caso

    julgado formal sobre a respectiva legitimidade, podendo ser reapreciadas at deciso final, designadamente, em funo de prova adicional que venha a ser feita quanto aos pressupostos da legitimidade dos visados (Acrdos da Relao de Lisboa de 15-01-1992, 08-03-2000, 25-01-2001, 04-12-2001 e 06-06-2006).

  • ASSISTENTE

    *** Requereu a sociedade ABCD a sua constituio como assistente nos

    autos (vide fls. --). O crime indiciado (insolvncia dolosa) tem como bem jurdico protegido a tutela dos direitos e patrimnio dos credores (Pedro Caeiro, in Comentrio Conimbricense do Cdigo Penal Parte Especial Tomo II, p. 407). Assim, os credores da massa insolvente, como o caso da denunciante (vide fls. 8 a 18), so ofendidos, no sentido fixado pelo disposto no art. 68, n. 1, al. a), do C.P.P., de titulares dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a incriminao.

    Remetam-se, pois, os autos ao M. J.I.C., a fim de ser apreciado o

    requerimento apresentado pela sociedade VEDALAB, a requerer a sua constituio na qualidade de assistente no mbito dos presentes autos, relativamente ao qual o Ministrio Pblico nada tem a opor, por se nos afigurar ter aquela, para tanto, legitimidade, atentos os crimes denunciados, estar em tempo, mostrar-se devidamente representada por advogado e ter pago a respectiva taxa de justia - cfr. arts 31, ns 1, 32. do Cd. Proc. Penal + norma do Cdigo das Custas que impe o pagamento da taxa.

    ***

  • ACTOS DE INSTRUO PREPARATRIA

    ACTOS DE INQURITO DELEGVEIS NOS OPC: Todos os actos cuja delegao no seja impedida por lei (art. 269, n. 1, C.P.P.) Exemplo de ACTOS No delegveis DA COMPETNCIA DO MINISTRIO PBLICO: a)Receber depoimentos ajuramentados (205., n. 1, alnea b); b)Ordenar a efectivao de percia (227., n. 1); c)Assistir a exame susceptvel de ofender o pudor da pessoa (2 parte do n. 2 do artigo 243.); d)Ordenar ou autorizar revistas e buscas (245. 3 e 4); e)Quaisquer outros actos que a lei expressamente determinar que sejam presididos ou praticados pelo Ministrio Pblico.

  • ACTOS DO JIC EM I. P.

    l Restrio da actuao do MP em sede de inqurito - actos que so da competncia do JIC (reserva do juiz);

    l Actos que directamente se prendem com a esfera dos direitos fundamentais - liberdade, a segurana e a intimidade da vida privada (Juiz das Garantias); salvaguardar a liberdade e segurana dos cidados no decurso do processo-crime

    l Garantir que a prova canalizada para o processo foi obtida com respeito pelos direitos fundamentais.

    l Viso exterior (de quem no est directamente envolvido na investigao) e imparcial rgo que investiga vs. rgo que julga (princpio do acusatrio);

    l JIC no define estratgia processual, nem define critrio de indcios suficientes (fora da instruo contraditria).

  • ACTOS DO JIC EM INQURITO

    Actos que tm de ser praticados pelo JIC (art. 267, C.P.P.): a) Primeiro interrogatrio judicial de arguido detido; b) Aplicao de uma medida de coaco ou de garantia

    patrimonial, excepo do TIR; c) Proceder a buscas e apreenses em escritrio de advogado,

    consultrio mdico ou estabelecimento bancrio; d) Tomar conhecimento, em primeiro lugar, do contedo da

    correspondncia apreendida; e) Declarar a perda, a favor do Estado, de bens apreendidos,

    quando o MP proceder ao arquivamento da instruo; f) Praticar quaisquer outros actos que a lei expressamente

    reservar ao juiz de instruo.

  • ACTOS DO JIC EM INQURITO

    Actos que tm de ser ordenados ou autorizados pelo JIC (art. 269, C.P.P.): a) A efectivao de percias sobre caractersticas fsicas ou

    psquicas de pessoa que no haja prestado consentimento (n. 2 do artigo 154., C.P.P.); [Lei n. 48/2007, de 29/08]

    b) A efectivao de exames (172./2); c) Buscas domicilirias (177.); d) Apreenses de correspondncia (179./1); e) Intercepo, gravao ou registo de conversaes ou

    comunicaes (187. e 190.); f) A prtica de quaisquer outros actos que a lei expressamente

    fizer depender de ordem ou autorizao do juiz de instruo.

  • ACTOS DO JIC EM INQURITO

    Tipificados art.s 267 e 268, C.P.P. e Provocados - no intervm ex oficio; princpio do pedido; depende de requerimento do/da (art. 267, n. 2):

    l Ministrio Pblico (necessidade/ oportunidade); l Entidades policiais em caso de urgncia ou de perigo na

    demora, l Arguido l Assistente.

    O juiz decide, no prazo mximo de vinte e quatro horas, com base na informao que, conjuntamente com o requerimento, lhe for prestada, dispensando a apresentao dos autos sempre que a no considerar imprescindvel (art. 267, n. 4).

  • Prazos Durao da I.P.

    Categoria de crimes Durao Inqurito

    Priso Preventiva

    - Processo de querela - Sem presos 8 meses - 272/1 ---

    - Processo de querela - Com presos 3 meses - 272/2

    3 meses 172/1/a)

    - Processo correcional - Sem presos

    6 Meses 272/1 ---

    - Processo correcional - Com presos

    3 meses - 272/2

    3 meses 172/1/a)

    Processos declarados de excepcional complexidade, nos termos do art. 172/2 - Com presos

    4 meses artigo 272./2

    4 meses-172/1/a) e 2

  • ENCERRAMENTO DA I.P.

    O Ministrio Pblico encerra o inqurito, arquivando-o ou deduzindo acusao. Necessria declarao de encerramento de inqurito? Acusao (art. 277) Foram recolhidos indcios suficientes de se ter verificado crime e de quem foi o seu agente; Os indcios so suficientes quando deles resulta uma possibilidade razovel de ao arguido vir a ser aplicada, por fora deles, em julgamento, uma pena ou uma medida de segurana. Arquivamentos:

    l Art. 273, n. 1, C.P.P. - foi recolhida prova bastante de se no ter verificado crime, de o arguido no o ter praticado a qualquer ttulo ou de se encontrar extinta a aco penal (ser legalmente inadmissvel o procedimento);

    l Art. 273, n. 2, C.P.P. no foi possvel ao Ministrio Pblico obter indcios suficientes da verificao de crime ou de quem foram os agentes.

    l Art. 274, C.P.P. Arquivamento por dispensa de pena; l Art. 276, n. 4, C.P.P. Arquivamento decorrido o prazo da suspenso provisria

    do processo, tendo o arguido cumprido as injunes e regras de conduta impostas.