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Page 1: MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO COLONIAL (séc · -1 - MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO COLONIAL (séc. XVIII) 1. DEFINIÇÃO: Movimentos conspiratórios de questionamento ao sistema colonial

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MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO COLONIAL (séc. XVIII)

1. DEFINIÇÃO:

Movimentos conspiratórios de questionamento ao sistema colonial ocorridos na segunda metade do século XVIII e

que buscavam a emancipação da colônia.

2. MOTIVOS EXTERNOS:

A crise do Antigo Sistema Colonial.

A Revolução Industrial e o Liberalismo Econômico: livre-cambismo.

A Independência dos Estados Unidos.

O Iluminismo e a Revolução Francesa.

3. MOTIVOS GERAIS INTERNOS:

O aumento da exploração colonial metropolitana: arrocho fiscal e monopólios.

A crise dos produtos de exportação: ouro e açúcar.

As transformações causadas pela mineração: urbanização, classes médias urbanas, maior fluxo de renda, estudar no

exterior.

O Alvará de 1785: proibição de manufaturas e metalurgia no Brasil (exceto tecidos de algodão grosseiro para as

roupas dos escravos e para sacos) D. Maria I, a Louca.

4. CARACTERIZAÇÃO GERAL:

Tinham por objetivo libertar a colônia do domínio econômico português: ideal de libertação nacional.

Contra o pacto colonial em todos os seus aspectos.

Consciência da exploração colonial como um todo.

Influência da ideologia liberal burguesa.

Tratava-se de acabar com a dominação de um estado centralizador fora da colônia, com uma economia especializada

e dependente, com o monopólio comercial.

5. A INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789):

Movimento eminentemente político.

5.1 Motivos Internos:

A decadência da mineração.

O aparecimento de uma elite intelectual afetada pela crise e comprometida com os ideais liberais.

A estagnação econômica da região.

5.2 Participantes: Elite mineira:

Mineradores, padres, militares, intelectuais (escritores e poetas), proprietários de terras (poucos), devedores da

Coroa.

Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, José Álvares Maciel, José Joaquim

Maia, Francisco de Paula Freire, Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).

Tiradentes:

Condição socioeconômica humilde.

Desejo de ascensão social e militar.

Insatisfação pessoal e sonho de glória.

Trabalho de propagação das idéias revolucionárias libertárias: arregimentar adeptos junto ao povo.

José Joaquim Maia:

Solicitou, em Paris, auxilio aos norte-americanos através de Thomas Jefferson o governo norte-americano

não tomou nenhuma posição definida em defesa do Brasil.

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5.3 O Projeto dos Inconfidentes:

Rompimento com a metrópole.

Proclamação da república: capital são João Del rei.

Criação de industrias.

Criação de uma universidade em Vila Rica.

Extinção dos monopólios.

Adoção de uma bandeira: slogan “libertas quae sera tamen” (liberdade ainda que tardia).

Criação de uma universidade em vila rica.

5.4 O Movimento:

A rebelião deveria acontecer no dia da derrama para aproveitar o descontentamento popular.

O movimento fracassou antes de acontecer.

Delação (denúncia e traição): Joaquim Silvério dos Reis devedor da Coroa perdão das dívidas.

O governador Visconde de Barbacena suspendeu a derrama e prendeu os inconfidentes (falta de fidelidade ao

rei).

5.5 A Devassa: processo para apurar as provas

Tiradentes foi preso no rio de janeiro.

Cláudio Manuel da costa morreu na prisão.

Todos os implicados negaram a participação no movimento.

Tiradentes, depois de negar seguidamente a sua participação, assumiu a responsabilidade de ideólogo do

movimento: foi o único condenado à morte (enforcamento e depois esquartejamento): 21.04.1792

Alguns inconfidentes foram perdoados e outros condenados ao degredo perpétuo ou temporário.

5.6 A construção do mito: Tiradentes

construção no imaginário social da figura do herói Tiradentes.

Nos primeiros tempos da República, os ideólogos desse movimento tentaram fixar os princípios republicanos no

imaginário popular pelo uso de símbolos e imagens, como o hino e a bandeira nacional. Entre os símbolos,

estava a figura de Tiradentes, como herói nacional.

Após a proclamação da República, o culto cívico a Tiradentes ganhou relevo. O 21 de abril foi declarado feriado

nacional, juntamente com o 15 de novembro.

As representações plásticas de Tiradentes, bem como as exaltações políticas, passaram a utilizar cada vez

mais a analogia religiosa, aproximando-o da figura de Cristo.

6. CONJURAÇÃO BAIANA OU DOS ALFAIATES (1798):

Movimento eminentemente social.

6.1 Motivos Internos:

Declínio da agromanufatura açucareira.

Perda de importância política da região desde a transferência da capital para o Rio de Janeiro.

Presença de uma elite intelectual aberta e atenta às idéias do século.

Influência da Revolução Francesa: Terror.

6.2 Participantes:

Massa popular: negros e mulatos

o Líderes: João de Deus, Manuel Faustino dos Santos, Lucas Dantas, Luís Gonzaga das Virgens.

o Divulgação dos princípios liberais emancipacionistas.

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Elite branca:

o Cavalheiros da Luz: sociedade (loja) secreta maçônica.

o Cipriano Barata, Agostinho Gomes, José da Silva Lisboa.

o abandonaram o movimento depois da radicalização das propostas sociais da conjuração.

6.3 O Projeto dos Conjurados:

Emancipação colonial - República

Questionamento das desigualdades sociais.

Fim da escravidão e de todos os privilégios.

Igualdade de raça e de cor.

6,4 O Movimento:

Manuscritos (12.08.1798): “Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o

tempo em que todos seremos irmãos; o tempo em que todos seremos iguais”.

o governador D. Fernando José de Portugal e Castro, através de investigações, prendeu por suspeita de autoria

dos manuscritos o soldado Luís Gonzaga das Virgens.

João de Deus, que preparava um movimento para libertar o amigo, foi denunciado e preso.

6.4 A Repressão:

Prisão de todos os implicados.

Os líderes (baixa condição social) foram enforcados e esquartejados.

Cipriano Barata foi absolvido.

7. SIGNIFICADOS:

Estes movimentos serviram para:

Demonstrar que o pacto colonial passou a ser visto como um entrave ao livre desenvolvimento da colônia.

Demonstrar que a condenação e a contestação ao pacto colonial foram desdobradas em lutas abertas contra a

metrópole.

Demonstrar que a crise do sistema colonial se traduz em movimentos de contestação em que se faz presente o

ideal separatista.