movimento e perdas por lixiviação de nutrientes solúveis aplicados

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CIÊN,'AGRON,.8 (1-2): 9-18 DEZEMBRO, 1978 - FORTALEZA-CEARÁ MOVIMENTO E PERDAS POR LI XIVIAÇAO DE NUTRIENTES SO- LÚVEIS APLICADOS A SOLOS DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL KIRKPATRICK LAWTON (") MARDONIO AGUIAR COELHO ("") LINDBERGUE ARAOJO CRISÓSTOMO ("") INTRODUÇÃO senta reduzida capacidade de absor- ção de nutrientes. Se a l.ixiviação é in- tensa e continuada, os nutrientes serão transportados até profundidades onde o sistema radicular, já desenvolvido, de muitas plantas anuais, não atingirá. Vá- rias soluções para minimizar as per- das de nutrientes têm sido sugeridas. Inicialmente, foi tentada a redução da velocidade de dissolução dos fertili- zantes de alta solubilidade, aumentan- do assim seu período de utilização no local original de aplicação. A dissolu- ção controlada tem sido conseguida, principalmente, através do revestimen- to das partículas do fertilizante com materiais de certo grau de impermea- bilidade(l. 4. 8 e 9). Outra solução é o emprego de fertilizantes nitrogena- dos e potássicos de baixa solubilidade, tais como formulações de ureiaformal- deido e metafosfato de potássio.(7) Ainda uma outra possibilidade é a apli- cação fracionada de fertilizantes nitro- genados e potássicos, que consiste na aplicação de pequena quantidade dos nutrientes solúveis por ocasião do plantio, e várias outras, a intervalos e em cobertura, ao longo do período de desenvolvimento da planta. Este pro- cedimento implica em trabalho adicio- nal cujo custo pode superar o lucro resultante do uso de fertilizantes.(10) A velocidade de lixiviação dos nutrien- tes solúveis em qualquer solo é fun- ção de muitos fatores, entre os quais, teor e tipo de argila, teor de matéria orgânica, estrutura, pres~nça de cama- das compactadasou adensadas infiltra- ção superficial. Quantidade e f~AnjjÂn- Em solos arenosos, suj.eitos a regi- mes intensivos de precipitação ou irri- gação, a lixiviação dos nutrientes so- lúveis pode ser corlsiderável se tais nutrientes não são interceptados pelo sistema radicular das plantas. O nitro- gênio, na forma de nitratos ou amônio, e o potássio são facilmente lixiviados quando a precipitação pluviométrica ou irrigação excede à evapotranspira- ção e quando o conteúdo de matéria orgânica ou de argila é relativamente baixo.(2) Em regiôes tropicais úmidas, as per- das por lixiviação de nitrogênio e po- tássio incorporados ao solo na forma de fertilizantes podem ser altamente significantes.(3) A importância das per- das de nutrientes por lixiviação, em solos arenosos de tabuleiros do Nor- deste brasileiro, foi discutida recente- mente.(5) A perda de nutrientes solúveis, apli- cados na superfície do solo, pode ser especialmente grande nos primeiros. estágios de desenVOlvimento das plan- tas anuais. Durante as primeiras 3 a 5 se'manas após o plantio, o sistema ra- dicular das plantas é, geralmente, pouco desenvolvido e, portanto, apre- .) Professor Visitante de Michigan State Uni- versity, U.S.A. . ..) Professoresdo Centro de Ciênci"as Agrá- rias da Universidade Federal do Ceará, Brasil.

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CIÊN,'AGRON,.8 (1-2): 9-18DEZEMBRO, 1978 - FORTALEZA-CEARÁ

MOVIMENTO E PERDAS POR LI XIVIAÇAO DE NUTRIENTES SO-LÚVEIS APLICADOS A SOLOS DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL

KIRKPATRICK LAWTON (")MARDONIO AGUIAR COELHO ("")LINDBERGUE ARAOJO CRISÓSTOMO ("")

INTRODUÇÃO senta reduzida capacidade de absor-ção de nutrientes. Se a l.ixiviação é in-tensa e continuada, os nutrientes serãotransportados até profundidades ondeo sistema radicular, já desenvolvido, demuitas plantas anuais, não atingirá. Vá-rias soluções para minimizar as per-das de nutrientes têm sido sugeridas.Inicialmente, foi tentada a redução davelocidade de dissolução dos fertili-zantes de alta solubilidade, aumentan-do assim seu período de utilização nolocal original de aplicação. A dissolu-ção controlada tem sido conseguida,principalmente, através do revestimen-to das partículas do fertilizante commateriais de certo grau de impermea-bilidade(l. 4. 8 e 9). Outra solução éo emprego de fertilizantes nitrogena-dos e potássicos de baixa solubilidade,tais como formulações de ureiaformal-deido e metafosfato de potássio.(7)Ainda uma outra possibilidade é a apli-cação fracionada de fertilizantes nitro-genados e potássicos, que consiste naaplicação de pequena quantidade dosnutrientes solúveis por ocasião doplantio, e várias outras, a intervalos eem cobertura, ao longo do período dedesenvolvimento da planta. Este pro-cedimento implica em trabalho adicio-nal cujo custo pode superar o lucroresultante do uso de fertilizantes.(10)A velocidade de lixiviação dos nutrien-tes solúveis em qualquer solo é fun-ção de muitos fatores, entre os quais,teor e tipo de argila, teor de matériaorgânica, estrutura, pres~nça de cama-das compactadas ou adensadas infiltra-ção superficial. Quantidade e f~AnjjÂn-

Em solos arenosos, suj.eitos a regi-mes intensivos de precipitação ou irri-gação, a lixiviação dos nutrientes so-lúveis pode ser corlsiderável se taisnutrientes não são interceptados pelosistema radicular das plantas. O nitro-gênio, na forma de nitratos ou amônio,e o potássio são facilmente lixiviadosquando a precipitação pluviométricaou irrigação excede à evapotranspira-ção e quando o conteúdo de matériaorgânica ou de argila é relativamentebaixo.(2)

Em regiôes tropicais úmidas, as per-das por lixiviação de nitrogênio e po-tássio incorporados ao solo na formade fertilizantes podem ser altamentesignificantes.(3) A importância das per-das de nutrientes por lixiviação, emsolos arenosos de tabuleiros do Nor-deste brasileiro, foi discutida recente-mente.(5)

A perda de nutrientes solúveis, apli-cados na superfície do solo, pode serespecialmente grande nos primeiros.estágios de desenVOlvimento das plan-tas anuais. Durante as primeiras 3 a 5se'manas após o plantio, o sistema ra-dicular das plantas é, geralmente,pouco desenvolvido e, portanto, apre-

.) Professor Visitante de Michigan State Uni-versity, U.S.A. .

..) Professores do Centro de Ciênci"as Agrá-rias da Universidade Federal do Ceará,Brasil.

10 K. LA WTON ET AL

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cia de chuvas ou irrigação. Outras in-terações devem ser consideradas du-rante o período de desenvolvimentodas plantas. O uso de lisímetros permi-te a avaliação das perdas, por lixivia-ção, de nitrogênio e potássio, bemcomo de alguns dos fatores que afe-tam o processo.

O objetivo desta investigação, rea-lizada com lisímetros em casca de ve-getação, foi o de determinar a magni-tude da lixiviação de fertilizantes ni-trogenados e potássicos aplicados emsolos arenosos sob as seguintes con-dições: 1 - diferentes regimes simu.lados de precipitação; 2 - presençae ausência de cultivo, e 3 - aplicaçãoinicial versus seqüencial.

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MATERIAL E M~TODOS

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quartzosas distróficas A fraco e mo-derado fase caatinga hiperxerófila re-levo plano e suave ondulado - locali-za-se na Estação Experimental da EM-BRAPA, no Município de Pacajus, Cea-rá. Um sumário de suas característicasfísicas e químicas é apresentado naTabela 1.

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Coleta do solo e preparo doslisímetrosAmostras de solo foram coletadas

nas .camadas de 0-15, 15-30 e 30-100cm e passadas em peneira para remo-ção de raizes e partículas de diâme-tro maior que 4 mm. Como lisímetros,foram usadas manilhas de cerâmica,de 20 cm de diâmetro e 110 cm decomprimento, impermeabilizadas inter-namente e acondicionadas sobre su-porte de madeira, no interior da casade vegetação-.- A 'parte inferior de cadamanilha foi conectada a tubo de plás-tico de modo a permitir a coleta dolixiviado. As colunas de solo forampreparadas colocando-se cada cama-da em sua respectiva posição, com-pactando-se de modo a conferir aosolo sua densidade aparente original.Após a preparação, cada lisímetrocontinha 44 kg de solo seco ao ar.Blocos de Bouvoucos, previamente ca-

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MOVIMENTO E PERDAS POR LIXIVIAÇÃO DE NUTRIENTES SOLÜVEIS

librados, foram instalados nas profun-didades de 12, 25, 42 e 82 cm, em li-símetros selecionados. Calcário na for-ma de carbonato de cálcio foi aplica-do na proporção de 500 kg/ha e mis-turado ao solo superficial; o solo foiirrigado e incubado por duas semanasapós o que procedeu-se R adição dosfertilizantes e semeadura. Como fontede nitrogênio e potássio foram usadosuréia e KC1, respectivamente. Fósfo-ro foi adicionado na forma de fosfatomonocálcio. Três semanas após a se-meadura foram adicionados a cada li-símetro, sulfato de magnésio, manga-nês, zinco e cobre nas seguintes pro-porções: 200, 10, 5 kg/hfi, respectiva-mente. Milho (var. Central mex.) foiusado como planta indic~dora.

Após a cal agem e aplicação de fós-foro (200 kg P/ha) foram adicionadosN e K na base de 200 kg de cada ele-mento, sendo os fertilizantes aplicadostotalmente antes do plantio ou emcinco porções iguais, uma antes doplantio e as quatro restantes após de-corridos 10, 18, 27 e 35 dias da emer-gência das plântulas. Dois níveis deumidade - baixo e alto, correspon-dendo, respectivamente, a totais de625 e 1.109 mm de lâmina dágua, foramusados no decorrer do experimento,mantendo-se registro das quantidadesde água adicil'nadas e do lixiviado co-letado. Não fOrAm coletados dados deágua disponível das colunas de soloao longo do experimento. Neste expe-rimento todos os lisímetros foram cul-tivados com milho.

Experimento fAnálise das plantas e do lixiviado

Este experimento foi conduzido porum período de sete semanas, com trêsplantas por lisímetro. Após a cal ageme aplicação de fósforo (150 kg P/ ha),os fertilizantes nitrogenados e potás-sicos (150 kg N/ha e 150 kg K/ha) fo-ram aplicados de uma só vez antes doplantio ou em três partes iguais na se-guinte seqüência, a primf3ira antes doplantio e as duas outras decorridas trêse cinco semanas após a germinação.Metade dos tratamentos com fertili-zantes foi cultivada com milho emetade sem cultivo, a fim de possibi-litar a comparação da lixiviação. Nesteexperimento três níveis de umidade fo-ram testados - baixo, médio e alto,correspondendo, respectivamente, atotais de 667, 839 e 1.082 mm de lâmi-na dágua. Procedeu-se à irrigação decada lisímetro de acordo com esque-ma pré-estabelec'ido mantendo-se re-gistro das quantidades de água adicio-nadas e do lixiviado. Foi mantido, du-rante o experimento, registro detalha-do da água disponível nos lisímetrosatravés de leituras do medidor dosblocos de Bouyoucos.

Observações visuais do crescimen-to e aparência das plantas foram rea-lizadas no decorrer do experimento.Após sete semanas as plantas inicia-ram a floração e foram colhidas cor-tando-se a parte aérea rente à superfí-cie do solo. O material vegetal colhi-do, seco a 60"C, até peso constantee moído foi submetido à análise. O ni-trogênio total foi determinado pelo mé-todo de Kjeldahl. O potássio foi extrai-do por lixiviação com NH40Ac N e de-terminado por fotometria de chama. Osistema radicular das plantas em cadalisímetro, foi separado do solo e secoem estufa. Não foi procedida nenhumaanálise no sistema radicular uma vez:que se perde parte do nitrogênio emuito potássio, no tecido fresco, du-rante a lavagem do material. O teorde potássio no lixiviado foi determina-do por fotometr1a de chama. Amôniae nitratos foram analisados após a con-versão destes pela adição da liga deDevarda e a amônia destilada recebidaem H2S04 O,O4N.

RESULTADOS E DISCUSSAOExperimento 11

ExperimentoNeste experimento, conduzido tam-

bém por período de sete semanas, fo-ram usadas duas plantas por lisímetros.

Os dados relativos à distribuiçãoe utilização da água, em relação à li-

12 K. LA WTON ET AL

nível de umidade do solo evidenciou-.se como o de maior importância. Oconfinamento do sistema radicular aoprimeiro e segundo terços das colu-nas, nos níveis de umidade baixo emédio, respectivamente, reduziu signi-ficativamente o crescimento da parteaérea e das raízes. Tal redução nãofoi, necessariamente, diretamente pro-porcional ao volume de solo explora-do pelo sistema radicular. Comparou-se o pesa seco das plantas nos trêsníveis de umidade, com a aplicação defertilizantes inicial versus seqüenciada,verificou-se ter havido, de uma manei-ra geral, vantagem na aplicação se-qüenciada.

xiviação, evaporação e transpiração,nos lisímetros cultivados e sem culti-vo são apres~ntados na Tabela 2. Du-rante os primeiros estágios do experi-mento as adições de água foram feitasa intervalos de 2 a 4 dias e depois, emvirtude do rápido desenvolvimento dasplantas, diariarTlente.

O exame do sistema radicular dasplantas, na colheita, mostrou que hou-ve desenvolvimel1to vigoroso das raí-zes em todos os lisímetros nas zonasonde o solo foi umedecido. Os valo-res obtidos através dos blocos de Bou-youcos, constantes das figuras 1 e 2,confirmam que o umedecimento nun-ca atingiu a profu/ldidade de 42 cm nonível baixo de umidade e 82 cm no mé-dio, nos lisímetros cultivados. Emboraa água disponível, nos lisímetros sub-metidos ao regime alto de umidadeatingisse a profundidade de 82 cm, an-tes de decorridos 15 dias da emergên-cia das plantas, como é ilustrado naFigura 3, não ocorreu lixiviação em ne-nhum dos lisímetros. Infere-se, então,que houve ativa absorção de águapelas plantas com três ou mais sema-nas de idade. Análises dos lixiviados,neste experimento, restringiram-se, por-tanto, aos lisímetros não cultivados.

Os dados relativos ao crescimentodas plantas e a absorção de nitrogê-nio e potássio são apresentados na Ta-bela 3, através da qual se pode obser-var os efeitos da aplicação dos fertili-zantes e dos níveis de umidade dosolo. Dos dois fato reg investigados, o

A absorção de nitrogênio e potás-sio pela parte aérea das plantas foitambém influenciada pelo nível de umi-dade do solo e método de aplicaçãodos fertilizantes. Em média, o nitrogê-nio absorvido pela parte aérea foi 797,835 e 1.235 mg, respectivamente, paraos níveis de umidade baixo, médio ealto. Para o potássio os valores médiosforam, para os três níveis de umidade,1.315, 1.468 e 1.871 mg, respectiva-mente. Provavelmente, o nível maiselevado de água aplicada resultou emmaior exploração do volume total doso)o, bem como melhor utilização dosfertilizantes. De uma maneira geral, aaplicação seqüenciada de fertilizantespropiciou um aumento de cerca de20% na absorção de N e K em rela-ção à aplicação inicial.

TABELA 2

Distribuição e Utilização da Agua Adicionada aos LisÍmetros Cultivados e Sem CultivoExperimento T

(*) Estimada a partir das leituras com blocos de Bouyoucos(**) Calculada a partir do total de água adicionada menos (lixiviado mais água no solo na

ocasião da colheita).(* * *) Representam a média dos lixiviados cole tados de 6 li~ímetrn.

MOVIMENTO E PERDAS POR LIXIVIAÇÃO DE NUTRIENTES SOLÜVEIS ] 3

Uma vez que não houve lixiviação,nos lisímetros cultivados, a possívelexplicação para este fato é a de quea absorção dos nutrientes foi maiornas camadas superficiais das colunas.No caso da aplicação inicial, grandeparte de N e K foram lixiviados paramaiores profundidades, nos primeirosestágios de desenvolvimento das plan-

tas. Grandes quantidades de lixiviadoforam coletadas nos lisímetros semcultivo. Do exame da Tabela 4, verifi-ca-se que as perdas por lixiviação fo-ram em torno de 40 e 50% do total deágua aplicada, nos níveis de umidadebaixo e alto, respectivamente. Os pri-meiros lixiviados ocorreram após 22 e30 dias do início do experimento, nos

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DIAS APÓS EMERGÊNCIA DAS PLANTAS

FIG.]. ~gua dispon;vel no solo. nos lis;metros submetidos ao regime ba.!xo de umidade e cultivados com milho. no Experimento I. Os pontos

representam leituras dos blocos de Bouyoucos nas profundidades dp10. 25.42 e 82 cm.

TABELA 3

Efeitos do Método de Aplicação dos Fertilizantes e Níveis de Umidade Sobre o Crescimento da~Plantas e Absorção do Nitrogênio e porá ssio no!! Lisímetros do Experimento I.

i Quantidade e Métodode Aplicação dosFertilizantes

Peso Seco Absorvidos pela parte aéreaN KNível de

UmídadeParte aérea Raízes

g rng

ISO kg/ha.Jnicial

BaixoMédioAltoBaixoMédioAlto

100,7115,3165,0105,5128,7174,3

21,427,929,525,,725,636, J

744764

1.018849906

1.451

1,2351,2R91,5861,3941.~302,156

J 50 kg/ha.Sequencial

(*) Média de :\ reoeticões.

K. LA WTON ET Ai.14

tidades de N e K foram lixiviadas du-rante o período do experimento. Comose poderia esperar, a perda dos ele-mentos acima foi duas vezes maiornos lisímetros submetidos ao nível altode umidade. A perda de 104 mg de Ksolúvel em água, no tratamento de ní-vel alto de umidade, parece razoável,

lisrmetros submetidos aos níveis deumidade alto e baixo. Os lixiviados co-letados eram geralmente límpidos atéas duas últimas semanas do experi-mento, quando os lixiviados de algunslisímetros apresentaram-se turvos. Noslisímetros não cultivados e sem apli-cação de fertilizantes pequenas quan-

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DIAS APÓS EMERGÊNCIA DAS PLANTAS

F.IG 2. ~gua dispon;vel no solo, nos lisimetros submetidos ao regime m!d;o de umidade e cultivados com milho, no Experimento I.Os po~tos representam leituras dos blocos de Bouyoucos nas profundid!des de 10, 25, 42 e 82 cm.

TABELA 4

;-:flu;r:cia do Método de Aplicação dos Fertiliza ntes e Níveis de Umidade Sobre a Lixiviação doNitrogênio e Potássio nos Lisímetros não Cultivados do Experimento I.

LiviadoColetadop/Lisímetro

(ml)

Quantidade eMétodo de Apli.cação dos Ferti.lizantes

Agua Total Adic.aos Lisímetros

(ml)

Nível deUmidade do

Solo

304618664

1.312730

1.006

60104213492169264

20,94033,97820,94033,97820,94033,978

8,55618,0508,630

18,8258,940

17,913

BaixoAltoBaixoAltoBaixoAlto

Não fertilizado

150 kg/ha.Inicial

150 kg/ha.Seijucncial

i\1édla de 3 re!'eticóes.

MOVIMENTO E PERDAS POR LIXIVIAÇÁO DE NUTRIENTES SOLÜVEIS

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DIAS APÓS EMERGÊNCIA DAS PLANTAS

FIG 3 ~gua dispon;vel no solo, nos lis;metros salto de umidade e cultivados com mil'ho,ncpontos representam leituras dos blocos defundidades de 10, 25,42 e 82cm.

umidade quanto pelo método de apli-cação dos fertilizantes. como pode serverificado pela Tabela 4. Altas perdasde N e K ocorreram nos tratamentossubmetidos ao nível alto de umidade.A aplicação fíacionada dos fertilizan-tes reduziu as perdas de potássio, emambos os niveis de umidade, quandocomparado com a aplicação inicial. Noentanto, apenas no nível alto de umi-dade a aplicação fracionada demons-trou vantagem sobre a aplicação ini-cial, na redução das perdas de nitro-gênio. Uma vez que duas das três par-tes da aplicação fracionada foram adi-cionadas após três e cinco semanasda se.meadura, pode-se supor que par-te dos nutrientes permaneceu nos lisí-metros. Contudo, sem o uso de técni-cas mais sofisticadas, torna-se: impos-sível estabelecer as proporções de Ne K oriundas do fertilizante e originá-rias do solo.

considerando-se que a coluna de solocontinha 1.950 mg de K trocável. Noentanto, a perda de 618 mg de N nomesmo tratamento parece muito alto.Considerando que a coluna de solocontinha 250 mg de matéria orgânicae supondo que a maior parte do nitro-gênio no lixiviado foi oriundo da de-composição da matéria orgânica dosolo, cerca de 5% desta fração teriasido perdida no período de 5 a 6 se-manas no qual a coluna de solo apre-sentava-se com alto teor de umidade.Foram adicionadas a ceda lisímetro umtotal de 540 mg de N e 540 mg de K.Estas quantidades representam apenasuma fração do nitrogênio e do potás-sio trocável existentes no solo, mas,em virtude de 'sua alta solubilidade,pouco foi retido pela argila e matériaorgânica.

As perdas dos dois nutrientes fo-ram influenciadas tanto pelQ regime de

3S ao regimenento I. Oscos nas pr.Q

K. LA WTON ET AL

Experimento 11 ta vantagem da aplicação fracionadasobre a aplicação inicial, refletida pelosdados contidos na Tabela 5. As dife-renças médias de produção entre osdois regimes de umidade foram 9,9 ge 5,2 g para a parte aérea e raízes,respectivamente. Os fatores que pos-sivelmente influenciaram estas diferen-ças, são: perdas por lixiviação ou ati-vidade do sistema radicular na cama-da superficial da coluna de solo. Asquantidades de lixiviado coletadas nostratamentos submetidos ao regime altode u,midade, bem como os teores deN e K nos percolados são apresenta-dos na Tabela 6. O menor volume depercolado coletado nos lisímetros on-de se procedeu a aplicação fraciona-da dos fertilizantes pode estar relacio-nado à maior absorção de água pelasraízes em função do grande desenvol-vimento da parte aérea nestes trata-mentos.

Em termos de lixiviação, a perdade N foi duas vezes menor nos trata-mentos submetidos à aplicação fracio-nada do fertilizante nitrogenado. Nocaso do potássio, pequena diferençafoi verificada quando comparados osdois métodos de aplicação. Isto cons-titui uma situação contraditória. Con-siderando-se os dados relativos à ab-sorção do nitrogênio, da Tabela 5, ve-rifica-se que o regime de umidade dosolo e o método de aplicação do ferti-lizante na dose de 200 kg/ha, incre-mentou a absorção de N. aproximada-

Os resultados obtidos no Experi-mento I foram satisfatórios para ava-~'ação das perdas 'por 'Iixiviação so-mente nos lisímetros não cultivados.Tendo isto em mente, foram usadas,neste experimento, apenas duas plan-tas por lisímetro, com o objetivo dereduzir a massa radicular por volumede solo. As quantidades de água apli-cadas foram praticamente iguais nosdois experimentos. Os dados relativosao peso seco, contidos nas Tabelas 3e 5 indicam que a produção das plan-tas neste experimento representa cer-ca de 50 a 70% da obtida no Experi-mento I, naturalmente decorrente daredução do número de plantas por li-símetro. A diferença média na produ-ção de matéria seca entre os dois ní-veis de umidade em todos os trata-mentos foi de 11,8 g para a parte aé-rea e 4,8 g para o sistema radicular.As explicações para a diferença emprodução nos dois regimes de umida-de provavelmente são as mesmas doExperimento I. O desenvolvimento res-trito do sistema radicular, observadopor ocasião da colheita, resultante dapequena penetração, da água nos lisí-metros, concorreu para redução nodesenvolvimento da parte aérea, nostratamentos submetidos ao regime bai-xo de umidade.

. Comparando-se os métodos de apli-cação dos fertilizantes. observa-se cer-

TABELA 5

Efeitos da Quantidade e Método de Aplicação dos Fertilizantes e Níveis de Umidade do 5011Sobre o Crescimento e Absorção do Nitrogê nio e Potássio pelas Plantas, Experimento 11.

Nutrientes"AbsorvidosQuantid-ade e Méto_do

de Aplicação dosFertilizantes

Nível deUmidadedo Solo

N K-rng-

390417600726748890

1,3651,5901,7842,4402,2962,751

58,368,081,693,290,3

104,3

15,619,620,623,323,330,9

40 kg/ha.Inicial200 kg/ha.Inicial200 kg/ha.Scqucncial

BaixoAltoBaixoAltoBaixoAlto

(.) Média de :\ repetições.

MOVIMENTO E PERDAS POR JXIVIAÇAO DE NUTRIENTES SOLÜVEIS

TABELA 6

lixiviado Coletado e Perdas de Nitrogênio e Potás,io nos Lisímetros em Função da Quanti-dade e Método de Aplicação dos Fertilizantes c Níveis de Umidade do Solo no Experimento 11.

Quantidade eMétodo deAplicação dosFertilizantes

Nutrientes noLixiviadoNíveis de

Umidade doSolo

N K-rng-

BaixoAlto

BaixoAltoBaixoAlto

40 kg/ha.Jnicia!200 kg/ha.Jnicia!200 kg/haSequencial

-8,300

8080

-173

202

110'

-40

108

1025650

*) Média de :I repetiçõe!;

mente, na mesma ordem de magnitu-de. A quantidade total de N aplicadaa cada lisfmetro foi 720 mg. No casoda aplicação parcelada as plantas ab-sorveram mais do que o aplicado, con-siderando-se que os dados de absorçãoda Tabela 5, referem-se apenas à parteaérea das plantas. A aplicação inicialde todo o fertilizante no plantio resul-tou na absorção de N em quantidadeequivalente à de fertilizante aplicado,no nfvel alto de umidade. As propor-ções de nitrogênio provindo do fertili-zante ou oriundo do solo só poderãoser avaliadas mediante o uso de nitro-gênio marcado.

Para as diferenças entre os trata-mentos em relação à absorção do po-tássio, no Experimento li, consideran-do-se os nfveis de umidade do solo,podem ser atribufdas as seguintes hi-póteses: Uma vez que não ocorreu li-xiviação nos lisfmetros submetidos aonfvel baixo de umidade, todo o fertili-zante permaneceu na zona de desen-volvimento do sistema radicular. Assimsendo, deficiência de umidade ou re-dução no volume do sistema radicularpoderiam ter re.duzido a absorção dopotássio. Nos lisfmetros sujeitos ao re-gime de umidade alto, ocorreu possi-velmente uma maior exploração dopotássio nativo do solo, uma vez queo sistema radicular alcançou maior de-senvolvimento. A maior absorção dopotássio pelas plantas que se desen-volveram sob aplicação fracionada do

fertilizante em ambos os regimes deumidade não é função das diferençasde potássio perdido por lixiviação, umavez que 108 e 102 mg de K, respecti-vamente, foram removidos por lixivia-ção. A variação na absorção do potás-sio, nos dois métodos de aplicação,pode ser explicada pela maior absor-ção de nutrientes através das raízessuperficiais, como no caso do nitrogê-nio. A aplicação parcelada de fertili-zantes permite que as raízes superfi-ciais mais ativas absorvam mais N e Ksolúveis do que com a aplicação totaldos fertilizantes por ocasião do plan-tio, a qual propicia a lixiviação dos nu-trientes para camadas mais profundas.Certamente, as perdas de nutrientespor lixiviação nos dois experimentos,foram restringidas nos tratamentos cul-tivados.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que os benefíciosao crescimento das plantas decorren-tes da aplicação fracionada dos ferti-lizantes não foram devidos à preven-ção das perdas por lixivjação, mas porum aumento na absorção de nutrien-tes pelas raízes que se desenvolveramna camada superficial da coluna desolo. Esta conclusão pode não ser vá-lida para solos arenosos, em condiçõesde campo, uma vez que a densidade dosistema radicular nos lisímetros dosExperimentos I e 1I foi consideravel-mente mais elevada do que sob condi-ções normais de um plantio de milho.

LixiviadoColetado*

(ml)

18 NOGUEIRA DE SOUZA e MAlA LIMA

SUMMARY

Two lisimeter experi'ments wereconducted to determine the extent ofleaching 01 iertilizer-a~ppl!ied nftrogenand potassium in a sandy soil 01 theState 01 Ceará, Brazil, under(l} threesimulated rainfall regimes,(2} croppingand no cropping, and(3} initial versussequential application of 1ertilizer. Dataon the growth 01 corn plants nad theirabsorption of nitrogen and potassiumled to the conclusion that both top androot growth were greatly reduce-d underthe low and medium moÍ'sture regimesand that split application of 1ertilizerimproved ,dry matter produç;tion of cornunder both the low and hlgh 'moisturelevels. On the average, applying ferti-lizer in three split applications pro-duced about 20 percent greater absorp-tion of N and K in the top growth com-pared to adding ali fertilizer at plan-ting time. Both the soil moÍ'sture leveiand method of applying the fertilizerinfluenced the leaching losses of thetwo nutrients. Significantly higher Nand K losses occured under the highmoisture regime. On the other hand,the split application of fertilizer re-duced the leaching loss of K at bothlow and h'igh soil moistures comparedwith the full initial application. In thecase 01 N, only with the more intenslveleaching did the split application proveand advantage over applying the ferti-lizer at seeding time. These conclu-sions may not be valid for sandy soilsunder 1ield conditions since root den-sities in the lisi'meters were considera-bly higher than would be expectedunder normal plant population of corngrow in the 1ield.

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