movimento do 11 de novembro de 1955

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MOVIMENTO DO 11 DE NOVEMBRO DE 1955 Contra-Golpe ou Golpe Preventivo do Marechal Lott

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Page 1: Movimento do 11 de novembro de 1955

MOVIMENTO DO 11 DE NOVEMBRO DE 1955Contra-Golpe ou Golpe Preventivo do Marechal Lott

Page 2: Movimento do 11 de novembro de 1955

ConteúdoA polarização política

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

Juscelino candidato à presidência

A oposição à candidatura de Kubitschek se organiza

O Acordo Jânio-Café

A aliança PSD-PTB

A definição das candidaturas

O agravamento das tensões

A cédula única e a carta Brandi

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

O afastamento de Lott

A eclosão do movimento

A fuga do Tamandaré

A situação em São Paulo

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos

A volta do Tamandaré

A recuperação de Café Filho e o recrudescimento da crise

O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

Page 3: Movimento do 11 de novembro de 1955

Conteúdo

Prólogo

A polarização política

Governo Café Filho

A vitória de Juscelino Kubitschek

O Caso Mamede

A eclosão do movimento

Impedimentos

Conclusão

Page 4: Movimento do 11 de novembro de 1955

Apresentação� Movimento militar deflagrado sob a liderança do general Henrique

Teixeira Lott, ministro da Guerra demissionário, no dia 11 de novembro de 1955.

� Teve como conseqüência a destituição do presidente da República em exercício, Carlos Luz, e a posse na chefia da nação do vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, confirmadas a seguir pelo impedimento do presidente licenciado João Café Filho.

� Seu objetivo era neutralizar uma suposta conspiração tramada no interior do próprio governo com o fim de impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 5: Movimento do 11 de novembro de 1955

Queda do Estado Novo

Prólogo

Page 6: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Brasil na guerra

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/OBrasilNaGuerra

Distintivo da FEB, 1944. (CPDOC/ CDA)

Distintivo do 1°Grupo de Caça FAB, 1944/1945.

• Em represália ao rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo, a partir de janeiro de 1942 vários navios mercantes brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães. A esses incidentes seguiu-se uma forte mobilização popular em favor da entrada do país na Segunda Guerra Mundial para lutar ao lado dos Aliados contra o nazi-fascismo. O governo brasileiro finalmente declarou guerra à Alemanha e à Itália em agosto de 1942, mas só após ajustes difíceis com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que levou o Brasil ao teatro de operações na Itália. A contradição entre lutar a favor da liberal-democracia ao lado dos Aliados na Europa e manter uma ditadura no país em muito contribuiria para a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em 29 de outubro de 1945.

Page 7: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Brasil na guerra

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/OBrasilNaGuerra/FAB

Nero Moura (CPDOC/ NM foto 011)

Page 8: Movimento do 11 de novembro de 1955

Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� Para o Estado Novo, a entrada do Brasil na guerra ao lado dos Aliados teve efeitos contraditórios. De um lado, o regime ganhou tempo. O estado de guerra representava um bom argumento para o governo adiar por tempo indeterminado a consulta popular que deveria validar a Constituição de 1937. De outro, a opção por lutar contra o nazi-fascismo colocou em xeque a manutenção de uma ditadura no país.

� As oposições procuraram aproveitar o desgaste do governo decorrente dessa contradição para retomar a iniciativa. Foi nesse quadro de redefinições que o Estado Novo entrou em crise e finalmente caiu em outubro de 1945.

Page 9: Movimento do 11 de novembro de 1955

Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� Em janeiro de 1945, no I Congresso Brasileiro de Escritores, intelectuais de renome defenderam a imediata redemocratização do país.

� Em fevereiro, a imprensa resolveu desconhecer a censura oficial e publicou uma entrevista com José Américo de Almeida defendendo eleições livres e apresentando Eduardo Gomes como candidato das oposições.

Page 10: Movimento do 11 de novembro de 1955

Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� Para fazer frente às pressões e romper o isolamento político, ainda em fevereiro o governo resolveu baixar a Lei Constitucional nº 9, que previa a realização de eleições em data a ser marcada 90 dias depois. Era o primeiro passo para a redemocratização do país. Em maio foi decretado o Código Eleitoral: as eleições para a presidência da República e para o Parlamento Nacional seriam realizadas no dia 2 de dezembro daquele ano, e em maio de 1946 se realizariam as eleições para os governos e assembléias estaduais.

� De acordo com as regras do jogo, Vargas poderia concorrer às eleições, desde que se desincompatibilizasse do cargo três meses antes do pleito. O presidente, no entanto, afirmava que não tinha interesse em permanecer no poder.

Page 11: Movimento do 11 de novembro de 1955

Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� A redemocratização do país mobilizou a sociedade brasileira. Surgiram partidos políticos nacionais que teriam a partir daquele momento, até a década de 1960, grande importância. Foram eles a União Democrática Nacional (UDN), que reunia grande parte das oposições; o Partido Social Democrático (PSD), beneficiário da máquina política do Estado Novo, e, finalmente, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formado a partir da base sindical controlada por Vargas.

� Enquanto a UDN apoiou a candidatura de Eduardo Gomes, o PSD lançou a do general Eurico Dutra. O PTB inicialmente manteve-se distante dos dois candidatos.

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Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� Mesmo com a campanha nas ruas, continuavam as dúvidas. Vargas seria candidato? Que papel teria ele na redemocratização do país? Setores oposicionistas e segmentos da elite estadonovistatemiam os projetos continuístas do ditador. Temiam também seu prestígio junto às forças populares. Por isso, queriam afastá-lo do poder o mais rápido possível.

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Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� No dia 10 de outubro, Getúlio baixou um novo decreto antecipando para 2 de dezembro as eleições estaduais. Segundo o decreto, os então interventores deveriam outorgar dentro de um prazo de 20 dias as constituições estaduais. Caso quisessem ser candidatos, bastaria renunciar aos seus mandatos 30 dias antes do pleito.

� Tudo levava a crer que Vargas sairia profundamente fortalecido das eleições, realizadas sob a égide de seu governo. A partir de então, aceleraram-se as articulações conspiratórias. Entre os principais envolvidos estavam o ministro da Guerra, general Góes Monteiro, e o candidato do PSD à presidência da República e ex-ministro da Guerra, general Eurico Dutra. Os conspiradores contavam também com a aval do embaixador americano no Brasil, Adolf Berle.

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Queda de Vargas e fim do Estado Novo

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/QuedaDeVargas

� No dia 25 de outubro, Getúlio nomeou seu irmão Benjamim Vargas chefe de Polícia do Distrito Federal. Circulavam rumores de que, ao assumir o cargo, Benjamim prenderia todos os generais que estivessem conspirando contra o regime. Essa nomeação funcionou como uma espécie de gota d'água.

� No dia 29 de outubro, Getúlio Vargas foi deposto pelo Alto Comando do Exército e, declarando publicamente que concordava com a deposição, retirou-se para São Borja, sua cidade natal. No dia seguinte, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, assumiu a presidência da República, para transmiti-la, em janeiro de 1946, ao candidato vitorioso nas eleições, Eurico Dutra.

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Nacionalismo x Entreguismo

A polarização política

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Política de desenvolvimento econômico � O debate sobre a política de desenvolvimento econômico a ser adotada no Brasil,

aguçado a partir de 1947, ainda durante o governo do general Eurico Dutra, em torno da questão de petróleo, opôs duas grandes facções, especialmente dentro das forças armadas. A uma ala nacionalista, agrupada em torno da defesa do monopólio estatal do petróleo e tendo como principal porta-voz o general Júlio Caetano Horta Barbosa, contrapôs-se uma ala liderada pelo general Juarez Távora, que defendia a participação do capital privado incluindo o estrangeiro na exploração do petróleo nacional.

� Os dois grupos também possuíam concepções diferentes em relação à política externa, defendendo o primeiro a maior independência do Brasil em relação aos Estados Unidos, e o segundo a legitimidade da liderança norte-americana no mundo ocidental.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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Política de desenvolvimento econômico

� O Clube Militar foi o palco privilegiado das lutas entre essas duas correntes. Entre 1944 e 1952, a diretoria do clube foi controlada pelos nacionalistas e por elementos próximos a eles. Neste último ano, contudo, seus adversários, através da chapa denominada Cruzada Democrática, chegaram ao poder após uma disputada campanha eleitoral. Os oficiais pró-Estados Unidos contavam ainda com uma outra instituição militar para promover seus interesses, a Escola Superior de Guerra (ESG), criada em outubro de 1948 e calcada no modelo dos war colleges norte-americanos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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A volta de Getúlio Vargas� Por outro lado, a volta de Getúlio Vargas à presidência da República em

1951 veio reforçar o processo de polarização nos diferentes setores, da vida política brasileira, que se cindiram em getulistas e antigetulistas.

� O eixo das divergências foi a política nacionalista empreendida por Vargas, cujas medidas — como a instituição do monopólio estatal da exploração do petróleo através da criação da Petrobras — provocaram cerrada oposição nos meios empresariais, e no interior das forças armadas. A política trabalhista do governo também foi alvo de numerosas críticas, sobretudo após a decretação de um aumento de 100% no salário mínimo em 1º de maio de 1954.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 19: Movimento do 11 de novembro de 1955

A volta de Getúlio Vargas

Gregório Fortunato à direita do candidato Getúlio Vargas durante a campanha eleitoral de 1950. Manaus (AM), 25 ago 1950.(CPDOC/GV foto 169_2)

Presidente Getúlio Vargas no dia da posse com parte de seu ministério -Renato Guilhobel, Ciro Espírito Santo Cardoso, Negrão de Lima, Ernesto Simões Filho, vendo-se também o vice-presidente Café Filho e Lourival Fontes. Rio de Janeiro (DF), 31 de janeiro de 1951.

(CPDOC/GV foto 191)

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A volta de Getúlio Vargas

� No Congresso, os antigetulistas se aglutinavam em torno da União Democrática Nacional (UDN), segundo maior partido político do país, e de agremiações menores, como o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Libertador (PL).

� Os partidários de Getúlio se concentravam sobretudo no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), terceiro maior partido do país, e secundariamente no Partido Social Democrático (PSD), partido amplamente majoritário no Congresso, mas que se encontrava dividido em relação ao presidente.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 21: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Comissão Mista Brasil-Estados Unidos

� Formada no âmbito do Ministério da Fazenda, e integrada por técnicos brasileiros e norte-americanos, a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico foi resultado das negociações entre Brasil e Estados Unidos iniciadas em 1950, durante o governo Dutra, visando ao financiamento de um programa de reaparelhamento dos setores de infra-estrutura da economia brasileira.

� A Comissão foi criada oficialmente em 19 de julho de 1951 e encerrou seus trabalhos em 31 de julho de 1953. Era parte do plano norte-americano de assistência técnica para a América Latina conhecido como Ponto IV, tornado público em 1949, quando se formou no Brasil uma comissão composta por Eugênio Gudin, Otávio Gouveia de Bulhões e Valder Lima Sarmanho encarregada de estudar as prioridades para um programa de desenvolvimento do país. Essa comissão acabou estabelecendo como prioridades os setores de agricultura, energia e transporte, sem formular, contudo, um projeto específico de financiamento.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/ComissaoMista

Page 22: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Comissão Mista Brasil-Estados Unidos

� Em abril de 1950 surgiu a idéia de criar a Comissão Mista, e em meio ao encaminhamento das negociações, no mês de outubro, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República.

� Em dezembro, seu futuro ministro das Relações Exteriores, João Neves da Fontoura, foi designado para negociar nos Estados Unidos os pontos pendentes para a concretização da Comissão. Nesse mesmo mês foi selado o acordo para a formação da Comissão. Com base em entendimentos prévios pelos quais o Brasil se dispunha a continuar exportando para os Estados Unidos alguns minerais estratégicos, em particular manganês e areias monazíticas. Em seu trabalho, a Comissão Mista valeu-se de estudos sobre a economia brasileira elaborados anteriormente pelas missões norte-americanas Cooke e Abbink, enviadas ao Brasil respectivamente em 1942 e 1948.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/ComissaoMista

Page 23: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE)

� O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi criado em 20 de junho de 1952, pela Lei nº 1.628, durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Entidade autárquica, com autonomia administrativa e personalidade jurídica própria, o BNDE inicialmente esteve sob a jurisdição do Ministério da Fazenda.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/BNDE

Page 24: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE)

� A criação do BNDE foi precedida de um longo período de estudos sobre os problemas e as perspectivas da economia brasileira, a natureza das transformações estruturais que se deveria introduzir no sistema produtivo e o papel a ser reservado à iniciativa estatal e à iniciativa privada (nacional e estrangeira).

� Esse debate, que se estendeu da segunda metade da década de 1930 até o final da década de 1940, envolveu órgãos e instituições governamentais, notadamente os ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores e o Conselho Federal de Comércio Exterior e também entidades privadas, como a Confederação Nacional da Indústria e a Fundação Getúlio Vargas. A pedido do governo brasileiro, duas missões americanas - a Missão Cooke (1942) e a Missão Abbink (1948) -igualmente contribuíram para o diagnóstico das causas do baixo nível de progresso da economia brasileira.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/BNDE

Page 25: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Petrobras

� As origens da Petrobras remontam à segunda metade da década de 1940, quando os novos rumos do desenvolvimento brasileiro eram o centro das discussões. No Congresso formado em 1945, conservador, a maioria dos parlamentares procurava apagar os traços autoritários do Estado Novo e revogar a legislação nacionalista do período. No que concerne à exploração mineral e do petróleo, a nova Carta admitia a participação de capitais privados estrangeiros, desde que integrados em empresas constituídas no Brasil.

� No início de 1947, Dutra designou uma comissão para rever as leis existentes à luz da nova Constituição e definir as diretrizes para a exploração do petróleo.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/Petrobras

Page 26: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Petrobras

� O anteprojeto que dela resulta, conhecido como Estatuto do Petróleo, considerava impossível a completa nacionalização, por falta de verbas, de técnicos especializados e de condições gerais. Conseguiu desagradar a todos: dos nacionalistas, que defendiam o monopólio estatal integral, aos grandes trustes, interessados na exploração do petróleo brasileiro à maneira do venezuelano.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/Petrobras

Fotografia icônica do presidente Getúlio Vargas com a mão suja de petróleo, em 1952. Fonte: http://www.flb-ap.org.br/espaco-interativo/producao-de-texto

Page 27: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Petrobras

� Poucos meses depois, a reação nacionalista ganha corpo através das conferências realizadas no Clube Militar, que se tornam o estopim da Campanha do Petróleo, uma das maiores campanhas políticas da história brasileira. Famosa por seu slogan"O petróleo é nosso", em 1948 esta campanha passou a ser articulada pelo recém-criado Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, depois Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN), que defendeu a tese do monopólio estatal em todas as fases da exploração.

� Na Câmara, o Estatuto do Petróleo teve uma tramitação truncada, e acabou sendo arquivado. Na prática, Dutra desistiu dele ainda em 1948, ao pedir ao Congresso recursos para a construção das refinarias estatais de Mataripe (BA) e de Cubatão (SP), para a construção do oleoduto Santos-São Paulo e para a aquisição de uma frota nacional de petroleiros.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/Petrobras

Page 28: Movimento do 11 de novembro de 1955

E ele voltou... o segundo governo Vargas Petrobras

� Foi esse o quadro encontrado por Getúlio Vargas em janeiro de 1951. Para superar o impasse, em dezembro enviou ao Congresso projeto de lei propondo a criação da "Petróleo Brasileiro S.A." (Petrobras), empresa de economia mista com controle majoritário da União. Curiosamente, não estabelecia o monopólio estatal, uma das principais teses nacionalistas, permitindo, teoricamente, que até 1/10 das ações da empresa holdingficasse em mãos de estrangeiros.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/Petrobras

Page 29: Movimento do 11 de novembro de 1955

A crise política se aprofunda

� O cenário político que Getúlio Vargas encontrou no início dos anos 1950 era bem mais difícil do que o enfrentado por ele durante a década de 1930, uma vez que, no segundo caso, governaria em um sistema político aberto e sem o apoio da maioria no Congresso. A política trabalhista e o desenvolvimento econômico de cunho nacionalista que tentaria implantar nesse segundo governo encontraria forte oposição no Parlamento e nas Forças Armadas.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/CrisePolitica/JoaoGoulart

Page 30: Movimento do 11 de novembro de 1955

A crise política se aprofunda� Apesar dos esforços despendidos pelo presidente no sentido de atrair seus

opositores para o governo, em meados de 1952 já estava claro que a União Democrática Nacional (UDN), principal partido de oposição, não abdicaria de sua posição antigetulista.

� Esse quadro se agravaria com as tensões sociais provocadas pelo aumento da inflação e do custo de vida, que atingia particularmente as classes médias e o operariado. Diante da conjuntura política desfavorável e da necessidade de adotar políticas antiinflacionárias e, portanto antipopulares, Vargas decidiu, em junho de 1953, fazer uma reforma ministerial. Para o Ministério do Trabalho, nomeou João Vicente Belchior Goulart, conhecido como Jango.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/CrisePolitica/JoaoGoulart

Page 31: Movimento do 11 de novembro de 1955

A crise política se aprofunda

� Em janeiro de 1954, começou a crescer a pressão dos trabalhadores pelo aumento do salário mínimo. Manter o salário em níveis não inflacionários era condição indispensável para o êxito da política de estabilização desenvolvida por Oswaldo Aranha nos últimos meses. Entretanto, corriam boatos de que Goulart cederia às pressões populares e concederia um aumento para o mínimo de cerca de 100%.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/CrisePolitica/JoaoGoulart

Page 32: Movimento do 11 de novembro de 1955

A crise política se aprofunda

� A resposta não demorou a chegar. No mês seguinte, fevereiro de 1954, 82 coronéis e tenentes-coronéis, ligados à ala conservadora do Exército no Rio de Janeiro, assinaram um documento que ficou conhecido como Manifestoou Memorial dos Coronéis.

� Nesse memorial, elaborado no dia 8 [/02/1954] e divulgado na íntegra pela imprensa 12 dias depois, os coronéis alardeavam a "deterioração das condições materiais e morais" indispensáveis ao pleno desenvolvimento do Exército, onde "perigoso ambiente de intranqüilidade", começava a se alastrar.

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/CrisePolitica/JoaoGoulart

Page 33: Movimento do 11 de novembro de 1955

A crise política se aprofunda

� Os coronéis conclamavam seus superiores a promover uma "campanha de recuperação e saneamento no seio das classes armadas", com o firme propósito de restaurar os "elevados padrões de eficiência, de moralidade, de ardor profissional e dedicação patriótica, que (...) asseguravam ao Exército respeito e prestígio na comunidade nacional".

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/CrisePolitica/JoaoGoulart

Page 34: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

Governo Café Filho

Page 35: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

� O primeiro confronto aberto entre os dois campos — englobando civis e militares — foi ganho pelos antigetulistas em 24 de agosto de 1954, com o suicídio de Vargas. No entanto, a grande mobilização popular que se seguiu à morte do presidente e à divulgação da sua carta-testamento impediu que os vencedores capitalizassem livremente seu triunfo.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa23 de agosto de 1954

Page 36: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Comoção. Velório de Vargas atraiu milhares: morte seguida de quebra-quebras nas ruas do paísArquivo O Globo / Agência O Globo

http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/suicidio-de-getulio-vargas-fortaleceu-popularidade-do-presidente-dizem-especialistas-13704143

Page 37: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-falsas/o-globo-sofre-consequecircncias-de-acusaccedilatildeo-infundada-9471112

Suicídio de Getúlio Vargas: soldados em frente ao prédio do GLOBO

Page 38: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-falsas/o-globo-sofre-consequecircncias-de-acusaccedilatildeo-infundada-9471112

Soldados impedem manifestação na Avenida Rio Branco, por ocasião do suicídio de Getúlio Vargas

Page 39: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-falsas/o-globo-sofre-consequecircncias-de-acusaccedilatildeo-infundada-9471112

No dia do enterro do presidente Getúlio Vargas, veículos do GLOBO foram incendiados por populares

Page 40: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

� Ainda assim, o governo de João Café Filho, vice-presidente de Getúlio e seu substituto, foi em grande parte controlado por antigetulistas. Os ministros de Estado, os presidentes de autarquias e os ocupantes de cargos de confiança ligados ao PTB e ao PSD foram imediatamente substituídos por elementos próximos à UDN e aos partidos menores, defensores das posições udenistas, ou por pessoas sem vínculos partidários.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 41: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro

http://www.memoriaviva.com.br/cafefilho/foto34.htm

Com o Ministro da Guerra, o General Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott.

Reprodução de foto do livro Do Sindicato ao Catete, 1966, Livraria José Olympio Editora.

Primeira reunião com o Ministério. Com o Cardeal Dom Jayme de Barros Câmara (à esquerda) e o Arcebispo-auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Hélder Câmara (de pé, conversando com o General Teixeira Lott), a fim de tratar das providências oficiais para a realização do Congresso Eucarístico Internacional.

Reprodução de foto do livro Do Sindicato ao Catete, 1966, Livraria José Olympio Editora.

Page 42: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro� Assim, com exceção praticamente dos ministros da Justiça, o jurista Miguel Seabra Fagundes,

e da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott — escolhido para o cargo por não estar ligado a nenhuma das duas alas rivais do Exército —, a maior parte dos ministros de Café Filho, como o brigadeiro Eduardo Gomes, da Aeronáutica, o almirante Edmundo Jordão Amorim do Vale, da Marinha, Raul Fernandes, das Relações Exteriores, e Eugênio Gudin, da Fazenda, eram homens mais ou menos ligados à UDN. A presidência do Banco do Brasil foi entregue ao udenista baiano Clemente Mariani, enquanto a chefia do Gabinete Militar da Presidência da República e a direção da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) foram confiadas respectivamente ao general Juarez Távora (que acumulava o cargo de secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional) e ao economista Otávio Gouveia de Bulhões, ambos próximos das posições da UDN.

� Os militares da ala nacionalista foram afastados dos postos de relevo, como foi o caso de seu principal expoente, o general Newton Estillac Leal, que perdeu o comando do II Exército.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 43: Movimento do 11 de novembro de 1955

A posse de Café Filho e as eleições de outubro� Em 3 de outubro de 1954, conforme previa o calendário eleitoral, foram

realizadas as eleições legislativas e para o governo de 11 estados, contrariando as pretensões de udenistas, pessedistas e políticos de outros partidos, que haviam pressionado Café Filho a adiar o pleito.

� O resultado das urnas não alterou significativamente a composição do Congresso. No entanto, a UDN que havia baseado sua campanha em violentos ataques a Vargas e ao seu governo, esperando com isso ampliar sua bancada acabou sendo a maior vítima do suicídio do presidente. Perdeu dez cadeiras, reduzindo sua representação de 84 para 74 congressistas. Por outro lado, o jornalista Carlos Lacerda, proprietário da Tribuna da Imprensa e um dos mais implacáveis adversários de Vargas, concorrendo na legenda da UDN, elegeu-se o deputado federal mais votado do Distrito Federal, superando Lutero Vargas, filho do ex-presidente e candidato do PTB.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 44: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� No mês de novembro de 1954, a sucessão presidencial passou a

constituir o tema central das discussões na vida política brasileira. Nesse momento, a direção nacional do PSD lançou extra-oficialmente a candidatura de Juscelino Kubitschek, governador de Minas Gerais, às eleições presidenciais de outubro de 1955.

� A indicação não contou com a aprovação dos pessedistas de Pernambuco, liderados pelo governador Etelvino Lins (que fora eleito com o apoio da UDN), de Santa Catarina, tendo à frente Nereu Ramos e do Rio Grande do Sul. Na verdade, tanto Etelvino como Nereu alimentavam esperanças de virem a ser candidatos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 45: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência

Consulta CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/album

Convenção do PSD que homologou a candidatura de Juscelino Kubitschek à presidência da República, 10 fev. 1955. (CPDOC/FGV/Arquivo Ernâni do Amaral Peixoto/EAP foto 095_7)

Convenção do PSD que homologou a candidatura de Juscelino Kubitschek à Presidência da República. 10 fev. 1955. Ernani do Amaral Peixoto (à direita) cumprimenta Juscelino Kubitschek.(CPDOC/FGV/arquivo Ernani do Amaral Peixoto/eap foto 095_9)

Page 46: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� Por outro lado, a apresentação do nome de Kubitschek colocou os

políticos udenistas, os militares antigetulistas e o próprio presidente Café Filho diante do seguinte dilema: encontrar um candidato capaz de derrotar Juscelino nas urnas ou impedir a realização das eleições, instalando no poder um governo forte.

� Diante dessas alternativas, uns acreditavam na possibilidade de vitória eleitoral, afirmando que o candidato ideal deveria ser escolhido entre os chefes militares do 24 de agosto. Todavia, as lutas internas entre os generais afastavam a viabilidade dessa solução.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 47: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência

� Outros, cientes da pequena penetração de um candidato militar, advogavam a necessidade de um regime de exceção. Outra alternativa, que conquistou numerosos adeptos, pregava a indicação de um candidato único às eleições presidenciais, um candidato de união nacional a ser procurado nos meios políticos. Essa tese era defendida pela UDN, com o apoio de Café Filho, e recebeu também a adesão dos pessedistasdescontentes com a indicação de Juscelino.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 48: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� Em 4 de janeiro de 1955, Carlos

Lacerda publicou um artigo na Tribuna da Imprensa, no qual exortava as forças armadas a “entregar a mãos fortes a sucessão presidencial para a reorganização completa do país”, afirmando que o único obstáculo à “união das forças democráticas” era a candidatura de Juscelino.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa4 de janeiro de 1955

Page 49: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência

Tribuna da Imprensa, 04/Jan/1955: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=154083_01&PagFis=19325&Pesq=reorganiza%c3%a7%c3%a3o completa do pa%c3%ads

Page 50: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� Ainda em janeiro, o ministro da Marinha Amorim do Vale entregou pessoalmente a Café Filho

um documento sigiloso assinado pelos três ministros militares, pelos generais Juarez Távora, Canrobert Pereira da Costa, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) e presidente do Clube Militar, e Álvaro Fiúza de Castro, chefe do Estado-Maior do Exército, pelo marechal João Batista Mascarenhas de Morais, comandante das tropas brasileiras na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, pelo almirante Salalino Coelho, chefe do Estado-Maior da Armada, e pelo brigadeiro Gervásio Duncan, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica.

� O documento, além de assegurar que a candidatura de qualquer líder militar não encontraria respaldo nas forças armadas, apelava aos dirigentes dos principais partidos políticos para resolverem “o problema da sucessão presidencial em um nível de compreensão e com um espírito de colaboração interpartidária”, ressaltando ainda a conveniência de um candidato único e civil que, contudo, deveria receber a aprovação das forças armadas. Café Filho foi solidário com o teor do documento dos militares.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 51: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� Em pouco tempo, a imprensa

começou a reproduzir trechos do documento secreto, o que levou Café Filho — com a aprovação dos signatários — a trazê-lo na íntegra ao conhecimento público em 27 de janeiro [de 1955], através do programa radiofônico A voz do Brasil.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo/Tribuna da Imprensa28 de janeiro de 1955

Page 52: Movimento do 11 de novembro de 1955

Juscelino candidato à presidência� Kubitschek interpretou o conteúdo do documento como uma evidente demonstração

da oposição dos militares à sua candidatura. Esse fato, porém, não o fez voltar atrás. Apoiado abertamente pelo presidente nacional do PSD, Ernâni Amaral Peixoto, deu prosseguimento à campanha eleitoral. Até esse momento, defrontara-se com um PSD dividido e não recebera o apoio do PTB e dos sindicatos. No entanto, a nota dos chefes militares unificou, ainda que temporariamente, uma parcela ponderável do mundo político. Os líderes do PSD, do PTB e do Partido Social Progressista (PSP) declararam que competia exclusivamente aos partidos apresentar os candidatos a cargos eletivos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 53: Movimento do 11 de novembro de 1955

A oposição à candidatura de Kubitschek se organiza� Após o lançamento oficial da candidatura de Juscelino, a movimentação

contra as eleições e a favor da intervenção dos militares tornou-se mais evidente.

� A grande imprensa do Rio e de São Paulo, quase toda antigetulista, procurava convencer a opinião pública de que o país atravessava uma situação de extrema gravidade, que só tenderia a aumentar com uma luta eleitoral em grande escala pela sucessão presidencial. Para esses jornais, a candidatura de Juscelino significava um retorno ao passado, ao período anterior à morte de Getúlio. Em sua opinião os militares deveriam intervir, impedindo a candidatura do governador mineiro e impondo um nome capaz de concretizar a chamada união nacional, ou então dando um golpe de Estado e assumindo diretamente o poder.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 54: Movimento do 11 de novembro de 1955

A oposição à candidatura de Kubitschek se organiza� Em 6 de março [de 1955], o Jornal do Comércio do Rio publicou um artigo

do advogado João de Oliveira Filho que apregoava a conveniência de um golpe militar no país, embora frisasse que se trataria de um golpe legal, justificável a partir do colapso dos poderes constitucionais.

� Lacerda também voltou à carga nas páginas da Tribuna da Imprensa, acusando Kubitschek de “condensador da canalhice nacional” e reivindicando uma “reforma da democracia brasileira para instaurar a legalidade legítima”.

� Outro conhecido antigetulista, F. Rodrigues Alves Filho, lançou em São Paulo o livro Democracia corrompida ou golpe de Estado, no qual defendia um imediato golpe militar, porque só as forças armadas tinham “força para calar a mazorca, a imundície dos nossos costumes políticos”.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 55: Movimento do 11 de novembro de 1955

A definição das candidaturas� Em 10 de junho [de 1955], ficou definitivamente sepultada a idéia de União Nacional. Reunidos em

convenção nacional, os pessedistas ratificaram o nome de Goulart para concorrer ao lado de Juscelino, desfazendo assim qualquer possibilidade de rompimento da aliança PSD-PTB. No dia 15, o diretório catarinense do PSD decidiu apoiar a aliança do partido com os trabalhistas para a sucessão do governo estadual, deixando de se opor, no plano nacional, à chapa Kubitschek-Goulart. Dessa forma, a dissidência pessedista ficou restrita às seções gaúcha e pernambucana.

� Entre os antigetulistas, o esvaziamento de Etelvino Lins prosseguia num ritmo crescente e, no dia 22 [de junho de 1955], o pessedista dissidente acabou retirando sua candidatura. Anteriormente, no dia 13 [de junho de 1955], a UDN lançara o nome de Mílton Campos, presidente nacional do partido desde 28 de abril, como candidato à vice-presidência. A partir da renúncia de Etelvino, começou a ser articulado o apoio da UDN e da dissidência do PSD à candidatura de Juarez Távora, que a essa altura já fora homologada pelas convenções nacionais do PDC e do PSB. O próprio Juarez, em entrevista à imprensa datada do dia 27 [de junho de 1955], enalteceu a decisão de Etelvino e pediu formalmente apoio à UDN e aos diretórios pessedistas dissidentes.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 56: Movimento do 11 de novembro de 1955

A definição das candidaturas� Afora a definição das candidaturas eleitoralmente mais fortes, foi

homologada em junho a candidatura de Ademar de Barros, ex-governador de São Paulo e presidente nacional do PSP, tendo como candidato a vice o petebista dissidente Danton Coelho. Ainda em junho, o PRP confirmou a candidatura de Plínio Salgado, sem contudo apresentar candidato a vice-presidente.

� No decorrer de julho, as forças antigetulistas se comprometeram efetivamente com Juarez e Mílton Campos. No dia 8 [de julho de 1955], o PL decidiu oficialmente apoiá-los e no dia 10 [de julho de 1955] os pessedistas dissidentes e os líderes udenistas decidiram fazer o mesmo, sendo essa posição homologada pela convenção nacional da UDN de 31 de julho [de 1955].

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 57: Movimento do 11 de novembro de 1955

A definição das candidaturas� Encerrado o primeiro semestre de 1955, quatro chapas, com seus

respectivos suportes partidários, estavam oficialmente lançadas e aptas para concorrer ao pleito de outubro:

� Juscelino Kubitschek-João Goulart, apoiados pelo PSD, pelo PTB, pelo PR, pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN), pelo Partido Social Trabalhista (PST) e pelo Partido Republicano Trabalhista (PRT);

� Juarez Távora-Mílton Campos, apoiados pela UDN, por dissidentes do PSD, pelo PDC, pelo PSB e pelo PL;

� Ademar de Barros-Danton Coelho, apoiados pelo PSP e por dissidentes do PTB; e

� Plínio Salgado, pelo PRP.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 58: Movimento do 11 de novembro de 1955

O agravamento das tensões� Irremediavelmente descartada a possibilidade do lançamento de um

candidato único às eleições de outubro, a UDN — ou melhor, o esquema político-militar centrado nesse partido — passou a adotar outras estratégias para tentar impedir a chegada de Juscelino e Goulart ao poder.

� A ala udenista radical, isto é, o grupo organizado em torno do Clube da Lanterna e liderado por Lacerda, preconizava cada vez mais abertamente o golpe militar. Por outro lado, o setor mais moderado do partido, onde pontificavam José de Magalhães Pinto, Afonso Arinos de Melo Franco e o próprio candidato a vice-presidente Mílton Campos, procurava esgotar os meios legais para atingir os mesmos objetivos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 59: Movimento do 11 de novembro de 1955

O agravamento das tensões� Quase uma semana depois, no dia 11 [de abril de 1955], o diário comunista

carioca Imprensa Popular publicou em sua primeira página o Manifesto eleitoral do Partido Comunista do Brasil. O documento conclamava a população a se unir “para impedir... a implantação de uma ditadura militar fascista” no Brasil.

� A união de operários, camponeses, grandes capitalistas e fazendeiros interessados na defesa da Constituição poderia “isolar e bater as forças do golpe militar, impor a realização de eleições livres e garantir a vitória de seus candidatos nas urnas”. A seguir, o manifesto expressava a posição oficial do PCB de apoio às candidaturas de Juscelino Kubitschek e de João Goulart, devido ao compromisso de ambos de “lutar contra o golpe, em defesa da Constituição e das liberdades democráticas e pela melhoria das condições de vida do povo”. Em síntese, a vitória da aliança PTB-PSD significaria a derrota dos generais golpistas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 60: Movimento do 11 de novembro de 1955

O agravamento das tensões

� O documento comunista provocou grande irritação nos meios militares e o ministro da Guerra Henrique Lott declarou-se publicamente preocupado com o apoio do PCB a Kubitschek e Goulart e com “sua aceitação daquele apoio”. Juscelino negou ter entrado em entendimentos secretos com os comunistas, observando porém que um eventual apoio ou oposição do PCB ao seu nome em nada alteraria suas idéias.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 61: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi� O principal debate travado no Congresso durante o mês de agosto girou em torno de um

projeto da UDN que pretendia alterar o método de votação nas eleições. Parlamentares udenistas, temendo que a ocorrência de fraudes no pleito presidencial viesse beneficiar os candidatos da aliança PSD-PTB, propuseram a instituição de uma cédula oficial de votação, impressa pelo Estado e portadora dos nomes dos candidatos. As cédulas seriam distribuídas pela Justiça Eleitoral às mesas eleitorais que, por sua vez, as entregariam aos eleitores no momento de entrar na cabina. A proposta da UDN contou com o apoio do ministro da Justiça Prado Kelly.

� Embora o Senado tenha-se manifestado a favor da cédula oficial, os líderes do PSD na Câmara se opuseram firmemente à sua adoção. No dia 16, a maioria dos deputados votou contra o projeto udenista. No dia seguinte, o general Lott compareceu à Câmara para transmitir a seu presidente, Carlos Luz, o ponto de vista das forças armadas, favorável à cédula oficial. Os partidários de Juscelino criticaram a iniciativa do ministro da Guerra, acusando-o de atentar contra a independência do Legislativo.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 62: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi� Cédula única

� No final do mês, chegou-se a uma solução de compromisso, patrocinada pelo ministro Edgar Costa, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todos os candidatos seriam relacionados numa única cédula, a ser impressa e distribuída pelo governo. No entanto, essas cédulas também poderiam ser impressas e distribuídas pelos partidos políticos. No dia 27, foi votada e aprovada apesar da oposição da bancada udenista a redação final do projeto da cédula única, como ficou conhecido.

� O resultado final das negociações provocou reações diferentes dentro da UDN. Enquanto Afonso Arinos considerou a cédula única “uma vitória parcial”, Lacerda classificou-a de uma completa derrota.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 63: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi

� Cédula única

� No mês de setembro, o Congresso recusou o projeto da UDN de emenda constitucional, apresentado por Afonso Arinos, que transferia a eleição presidencial para a Câmara dos Deputados caso o candidato eleito não tivesse alcançado a maioria absoluta nas urnas (ou seja, 50% dos votos mais um). A tese da maioria absoluta já fora derrotada cinco anos antes, quando a mesma UDN tentara impedir a posse de Getúlio Vargas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 64: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi

� Carta Brandi� Em meados de setembro, um novo

episódio veio acirrar ainda mais os antagonismos. No dia 17, Lacerda publicou na Tribuna da Imprensa uma carta datada de 5 de agosto de 1953 e dirigida a João Goulart, naquela época ministro do Trabalho. Seu suposto autor era o deputado argentino Antonio Jesus Brandi.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa17 de agosto de 1955

Page 65: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi

� Carta Brandi� A carta relatava os entendimentos secretos que Goulart teria mantido

com Juan Domingo Perón, então presidente da Argentina, no sentido da implantação no Brasil de uma república sindicalista, e a existência de contrabando de armas argentinas para o país através do Rio Grande do Sul.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 66: Movimento do 11 de novembro de 1955

A cédula única e a carta Brandi� Carta Brandi

� O documento causou grande impacto e dias depois de sua divulgação o general Lott, atendendo à solicitação de parlamentares petebistas, ordenou a abertura de um inquérito policial-militar (IPM), designando o general Emílio Maurell Filho para chefiá-lo.

� A sindicância foi levada a efeito em Buenos Aires e em 3 de outubro, dia das eleições, os jornais brasileiros publicaram um telegrama de Maurell a Lott afirmando que era “sumamente provável” que a assinatura fosse autêntica. Como foi divulgada no dia exato do pleito, a informação não chegou a pesar em termos eleitorais, mas de qualquer forma prejudicou a imagem de Jango.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 67: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

A vitória de Juscelino Kubitschek

Page 68: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Garantidas por tropas do Exército, as eleições de 3 de outubro transcorreram num clima de ordem e tranqüilidade. À medida que os votos iam sendo apurados, configurava-se a vitória dos candidatos da aliança PSD-PTB. A partir do dia 10, Juscelino e Jango passaram à dianteira nos resultados parciais, superando Ademar de Barros e Mílton Campos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 69: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Em meados do mês, as apurações foram concluídas. Kubitschek obteve 3.077.411 votos (correspondentes a 36% do total), Juarez Távora 2.610.462 (30%) e Ademar de Barros 2.222.725 (26%). Plínio Salgado, o último colocado, conseguiu apenas 714.379 votos (8% do total).

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Fonte do mapa: http://atlas.fgv.br/marcos/governo-cafe-filho-1954-1955/mapas/apertada-eleicao-de-jk

Page 70: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Na corrida para a vice-presidência, Goulart alcançou quase três milhões e seiscentos mil sufrágios, registrando uma diferença superior a duzentos mil votos sobre Mílton Campos. Danton Coelho ficou bem atrás, com apenas 1.140 mil votos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 71: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Logo que as urnas começaram a indicar a vitória de Juscelino e Goulart, a UDN e seus aliados deram início a uma batalha judiciária visando anular as eleições, impedindo assim a proclamação e a posse dos candidatos virtualmente eleitos.

� A argumentação udenista se centrava em três pontos:

� a ocorrência de corrupção eleitoral, principalmente em Minas Gerais, reduto de Juscelino;

� a contestação dos votos dados pelos comunistas aos candidatos vitoriosos; e,

� mais uma vez, a tese da maioria absoluta.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 72: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões� A questão do voto comunista foi a que provocou mais discussão. O principal

defensor do não reconhecimento dos vencedores do pleito devido ao apoio do PCB foi o brigadeiro Eduardo Gomes. O ministro da Aeronáutica baseava seu ponto de vista no parecer do jurista — e ministro das Relações Exteriores — Raul Fernandes, o qual sustentava que um partido ilegal não podia indicar aos seus adeptos candidatos partidários. Desse modo, descontados os votos dos comunistas (calculados com base nos resultados alcançados pelo PCB nas últimas eleições de que participara como partido legal) do total obtido por Juscelino e Jango, os candidatos antigetulistas se sagrariam vencedores.

� A fragilidade da iniciativa era evidente, a começar pela impossibilidade material de distinguir os sufrágios dos comunistas no sistema de voto secreto. Além disso, antes do pleito, o próprio candidato da UDN declarara à imprensa que não rejeitaria os votos dos comunistas caso lhe fossem dados.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 73: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� À testa da ala golpista da UDN, Carlos Lacerda usava tática diferente. Em discurso na Câmara chegou a pedir a suspensão da Constituição de 1946, o que incluía a supressão de todos os direitos individuais “até que o país [voltasse] à normalidade”. Sua sugestão, contudo, não encontrou eco no interior da própria bancada udenista. Paralelamente, nas páginas da Tribuna da Imprensa, Lacerda continuava a publicar violentos artigos onde não só defendia a interdição da posse dos eleitos como também pedia insistentemente a intervenção dos militares na política nacional.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 74: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Em artigo datado do dia 5 de outubro, Lacerda apelou para “quem tem nas mãos a força capaz de decidir a questão”, afirmando que era preferível ferir a legalidade do que “entregar o Brasil a contraventores e criminosos do pior dos crimes, que é o de enganar o povo com o dinheiro que lhe roubam”.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa5 de outubro de 1955

Page 75: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Em outro artigo, afirmava textualmente: “Kubitschek e Jango não podem tomar posse.”

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa14 de outubro de 1955

Page 76: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� A Cruzada Brasileira Anticomunista (CBA), do contra-almirante Carlos Pena Boto, compartilhava das posições de Lacerda. No dia 14 de outubro, em entrevista a O Globo, Pena Boto declarou ser “indispensável impedir que Juscelino e Jango tomem posse dos cargos para que foram indevidamente eleitos”.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo14 de outubro de 1955

Page 77: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� O presidente da CBA afirmou também que os candidatos vitoriosos tinham sido eleitos pela minoria, pois haviam recebido “apenas... cerca da terça parte da votação global”, e que o PCB, embora fora da lei, participara ostensivamente da eleição.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo27 de outubro de 1955

Page 78: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões� Segundo o documento do Ministério da Guerra intitulado

Subsídios para a história dos acontecimentos de novembro de 1955, no dia 12, Pena Boto, na qualidade de comandante-em-chefe da Esquadra, expediu uma ordem de serviço dirigida ao comandante da flotilha de contratorpedeiros.

� O cumprimento dessa determinação teria levado as unidades da Esquadra a receberem, entre 14 e 21 de outubro, grandes quantidades de munição e de alimentos, excessivas para simples exercícios de rotina. O documento do Ministério da Guerra afirma que tais preparativos eram uma prova do envolvimento do alto comando da Esquadra e de outras autoridades da Marinha num movimento armado que impediria a posse de Juscelinoe Goulart.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 79: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões� Os partidários da posse dos eleitos no Congresso também se movimentavam. No dia 21,

parlamentares do PSD, PSP, PRP, PTN e PST lançaram um manifesto em defesa da Constituição e do respeito ao resultado das urnas. O PR, o PSB e o diretório paulista do PDC apoiaram o teor do manifesto.

� Nos círculos militares, a possibilidade de Juscelino e Jango não virem a ser empossados também causava preocupação. O general Euclides Zenóbio da Costa, último ministro da Guerra de Getúlio e chefe da Inspetoria Geral do Exército, redigiu um manifesto, publicado na imprensa no dia 18, no qual advertia o Exército quanto à ação golpista de uma “minoria desvairada” que “se converte numa ameaça grave à ordem e ao progresso do país”. Como havia proibido a manifestação de militares sobre assuntos políticos, Café Filho pediu a imediata punição de Zenóbio. Lott atendeu o presidente, mas solicitou simultaneamente a demissão do general Alcides Etchegoyen, conhecido oficial antigetulista e homem de confiança da UDN, do cargo de inspetor de Artilharia Antiaérea, por ele ter se pronunciado contra a posse de Juscelino e Goulart. Os dois generais perderam seus cargos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 80: Movimento do 11 de novembro de 1955

A vitória de Juscelino e Goulart e suas primeiras repercussões

� Na segunda metade de outubro, chegou ao fim a sindicância efetuada pelo general Maurell na Argentina, relativa ao episódio da carta Brandi, que a UDN procurava utilizar a seu favor. Retornando ao Rio, Maurell anunciou que chegara à conclusão de que a carta era forjada.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Última Hora29 de outubro de 1955

Page 81: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

O Caso Mamede

Page 82: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� As ameaças à posse de Juscelino e Jango ganharam nova dimensão em 1º de novembro, por ocasião do enterro do general Canrobert Pereira da Costa, falecido na véspera. Durante a cerimônia, discursaram o general Lott, pelo Exército, o brigadeiro GervásioDuncan, pela Aeronáutica, e o almirante Diogo Borges Fortes, pela Marinha, entre outros oradores. Em último lugar falou o coronel Jurandir de Bizarria Mamede, destacado integrante da corrente udenista das forças armadas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo/Tribuna da Imprensa1ª de novembro de 1955

Page 83: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

Consulta http://acervo.oglobo.globo.com/ verbete: Canrobert Pereira Costa

O Globo1ª de novembro de 1955

Page 84: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa1ª de novembro de 1955

Page 85: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Em seu discurso — a causa próxima do Movimento do 11 de Novembro —, Mamede, além de elogiar Canrobert por ter liderado o movimento contra Vargas em agosto de 1954, atacou os políticos que usavam a “pseudolegalidade imoral e corrompida” para saciar “seus apetites de poder e mando”. Não deixando dúvidas quanto à visão que tinha da situação política, Mamede afirmou que seria uma “indiscutível mentira democrática” se o regime presidencial, que comporta uma “enorme soma de poder” no Executivo, permitisse a “vitória da minoria”, que seria consubstanciada na posse dos eleitos. Irritado com as palavras do coronel, por considerá-las uma demonstração de indisciplina e de quebra da hierarquia militar, Lott julgou imprescindível a punição de Mamede.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 86: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Ainda no dia 1º, antes que o discurso de Mamede fosse de conhecimento de todo o país, foi lançado um manifesto dos intelectuais pernambucanos em defesa da legalidade.

� No Rio, o brigadeiro Vasco Alves Seco defendeu publicamente a posse dos eleitos, ao mesmo tempo que em Ubá prefeitos de nove cidades mineiras pediam a Café Filho providências contra as “manobras golpistas”.

� Na noite daquele mesmo dia, Eduardo Gomes telefonou a Lott informando-o de que lhe remeteria no dia seguinte uma exposição de motivos sobre as atividades comunistas no país, na qual era pedido o fechamento de diversos jornais e revistas ligados ao PCB. Na ocasião, foi abordado o Caso Mamede, e Lott manifestou seu ressentimento perante a atitude daquele oficial.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

1º deNov

Page 87: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� Na manhã do dia 2, Café Filho recebeu um longo memorial, assinado por Eduardo

Gomes, Amorim do Vale e Lott, solicitando o imediato fechamento de diversos órgãos de imprensa comunistas, entre os quais o jornal Imprensa Popular, que fazia pesados ataques aos ministros da Marinha e da Aeronáutica. O presidente convocou o ministro da Justiça, José Eduardo Prado Kelly, que por sua vez procurou o consultor-geral da República, Temístocles Cavalcanti, e ambos julgaram o ato reclamado pelos ministros militares inconstitucional.

� Lott continuava empenhado em punir o coronel Mamede, mas para tal dependia do assentimento do presidente Café Filho, uma vez que Mamede estava temporariamente afastado dos quadros do Ministério da Guerra. Mamede lecionava na Escola Superior de Guerra (ESG), que estava ligada ao Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), o qual, por sua vez, estava subordinado à Presidência da República.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

2 deNov

Page 88: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� Por esse motivo, Lott telefonou na

manhã do dia 3 para o chefe da Casa Militar, coronel José Canavarro Pereira, para saber se Café Filho havia tomado conhecimento do discurso de Mamede. O ministro da Guerra foi então informado de que o presidente fora acometido de um distúrbio cardiovascular naquela manhã, tendo sido imediatamente internado no Hospital dos Servidores do Estado.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa3 de novembro de 1955

3 deNov

Page 89: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2014/03/1954-5.jpg

O presidente Café convalescente, sendo visitado por Nereu Ramos e um militar

Page 90: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Diante dessa situação imprevista, Lott resolveu entender-se diretamente com o brigadeiro Duncan, chefe interino do EMFA, e no dia 5 enviou-lhe um ofício pedindo o retorno de Mamede às fileiras do Exército sob o argumento de que já se esgotara o prazo-limite de três anos permitido para um oficial servir na ESG. Baseado em informações do comandante da instituição, almirante Ernesto Araújo, Duncan respondeu que Mamede ainda era necessário à escola.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

3 deNov

O Globo3 de novembro de 1955

Page 91: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� Na imprensa, Lacerda continuava

exigindo a intervenção dos militares. No editorial da Tribuna da Imprensa de 4 de novembro, intitulado “A hora das forças armadas”, afirmava estar próxima a hora da implantação de um “novo regime” a cargo dos militares: “O legalismo é, neste momento, apenas o pretexto para entregar o poder aos inimigos do Brasil... O dilema é este: ou se estabelece o regime de emergência, ou tomam posse Juscelino e Goulart para imporem ao país, em pouco tempo, uma ditadura e, como inevitável conseqüência, uma guerra civil.”

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa4 de novembro de 1955

4 deNov

Page 92: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Paralelamente, prosseguia a tentativa udenista de impugnar a vitória eleitoral de Kubitschek e Jango. No dia 5, Juarez Távora e MíltonCampos lançaram um manifesto defendendo a tese da maioria absoluta com efeito retroativo e da impugnação dos votos dos comunistas. O PL e o PSB — partidos integrantes da coalizão que apoiara a chapa Juarez-Mílton Campos —se recusaram a firmar o documento, que só foi assinado pela UDN e o PDC.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo5 de novembro de 1955

5 deNov

Page 93: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Ainda em 5 de novembro, o brigadeiro Luís Leal Neto dos Reis declarou ao Correio da Manhã, jornal carioca favorável à posse dos eleitos, que os militares deviam manter-se alheios à política e que os candidatos vitoriosos, proclamados pelo Judiciário, deveriam ser empossados. No dia seguinte, Reis foi punido por Eduardo Gomes com dez dias de prisão.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

5 deNov

Page 94: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� De acordo com a Constituição de 1946, o presidente da Câmara dos Deputados

exerceria a presidência da República na ausência do titular do cargo e de seu vice-presidente. Assim, na qualidade de presidente da Câmara, Carlos Luz assumiu interinamente a presidência da República em 8 de novembro de 1955, como substituto legal de Café Filho, afastado da chefia do governo.

� Em 11 de novembro de 1955, em decorrência do movimento político-militar liderado pelo general Lott, ministro da Guerra, Carlos Luz foi deposto, sob a alegação de que estaria ligado a conspiradores que queriam impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek.

� Refugiou-se no cruzador Tamandaré, de onde tentou organizar a resistência, mas, ainda em 11 de novembro, por decisão do Congresso Nacional, foi considerado impedido, e substituído no cargo por Nereu Ramos, presidente do Senado.

http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/carlos-luz/biografia

8 deNov

Page 95: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� No dia 8, um dado novo agravou ainda

mais a tensão: Café Filho, informado pelos médicos de que deveria ficar inativo por mais alguns dias, comunicou ao ministério sua decisão de transmitir imediatamente o governo a Carlos Luz, seu sucessor legal, e elemento sabidamente próximo ao esquema udenista. Na tarde desse mesmo dia, Luz foi empossado na presidência. Ao mesmo tempo, o deputado José Antônio Flores da Cunha, da UDN gaúcha, o substituiu na presidência da Câmara dos Deputados.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

O Globo/Tribuna da Imprensa8 de novembro de 1955

8 deNov

Page 96: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa8 de novembro de 1955

8 deNov

Page 97: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� Luz reuniu o ministério no dia 9, quando

comunicou aos ministros de Café Filho sua intenção de manter o mesmo gabinete. Depois da reunião, em audiência particular, Lott pediu ao novo presidente uma solução rápida para o Caso Mamede. Luz afirmou ser conveniente ouvir o consultor-geral da República, Temístocles Cavalcanti, mas Lott insistiu que se tratava de um assunto do Exército e não de natureza jurídica. Quatro dias antes, quando Luz, na qualidade de substituto eventual de Café Filho, o visitara no Ministério da Guerra, Lott lhe sugerira algumas soluções tecnicamente possíveis para punir Mamede e acrescentara que, se nenhuma delas fosse adotada, pediria demissão do ministério.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

9 deNov

Tribuna da Imprensa9 de novembro de 1955

Page 98: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz� A pregação golpista de Lacerda continuava. Em sua

edição do dia 9, a Tribuna publicou um violento artigo de seu diretor intitulado “Não podem tomar posse”, que afirmava em determinado trecho: “É preciso que fique claro, muito claro, que o presidente da Câmara não assumiu o governo... para preparar a posse dos senhores Juscelino Kubitschek e João Goulart. Esses homens não podem tomar posse, não devem tomar posse, não tomarão posse... O governo inaugurado ontem, sob o aspecto legal de uma sucessão rotineira, é um governo que só nasceu e só se manterá pelo consenso dos chefes militares responsáveis pelo 24 de agosto, cujo equívoco agora estão em condições de desfazer.”

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa9 de novembro de 1955

9 deNov

Page 99: Movimento do 11 de novembro de 1955

O Caso Mamede e a posse de Carlos Luz

� Contrapondo-se à ação dos que defendiam a intervenção dos militares, os deputados das assembléias legislativas da Paraíba e de Pernambuco pronunciaram-se, ainda no dia 9, a favor da posse dos eleitos. No Rio, diversos parlamentares visitaram o presidente Carlos Luz defendendo o respeito ao resultado das urnas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

9 deNov

Page 100: Movimento do 11 de novembro de 1955

A eclosão do movimento

Page 101: Movimento do 11 de novembro de 1955

O afastamento de Lott� No dia 10, o ministro da Guerra

compareceu ao palácio do Catete para uma audiência com Carlos Luz, a fim de tomar conhecimento da solução do Caso Mamede. Lott só foi recebido por volta das 19:30h, embora a entrevista tivesse sido marcada para as 18 horas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

10 deNov

Tribuna da Imprensa10 de novembro de 1955

Page 102: Movimento do 11 de novembro de 1955

O afastamento de Lott� Iniciada a audiência, o presidente interino comunicou a Lott o parecer de

Temístocles Cavalcanti, contrário à punição do coronel Mamede, acrescentando que este permaneceria lotado no EMFA, o que o resguardava de qualquer sanção.

� Imediatamente, Lott colocou a pasta da Guerra à disposição de Luz, o qual não só aceitou seu pedido de demissão como também informou que já havia pensado num substituto para o posto. O novo titular do ministério seria o general Álvaro Fiúza de Castro, reformado há alguns meses, e primeiro signatário do manifesto dos generais de 22 de agosto de 1954, exigindo o afastamento de Vargas da presidência. Fiúza, que já se encontrava no palácio, foi chamado à sala de reunião. Ele e Luz desejavam que a passagem do cargo fosse imediata, mas Lott argumentou que precisava “esvaziar as gavetas” do ministério. Assim, a transmissão foi marcada para o dia 11, às 15 horas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

10 deNov

Page 103: Movimento do 11 de novembro de 1955

O afastamento de Lott� Entretanto, um dado indica que,

independentemente do resultado da reunião, Carlos Luz tinha a intenção prévia de afastar Lott. O Diário Oficial do dia 11, impresso na tarde do dia 10 — antes portanto do encontro entre os dois — trazia publicada a notícia da indicação de Fiúza. Outro dado que reforça essa suposição é que no dia 10, o Repórter Esso, noticiário radiofônico diário das 20 horas, informou minutos após a reunião que Fiúza havia escolhido o general Ademar de Queirós, sabidamente contrário à posse dos eleitos, para a chefia de seu gabinete.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

10 deNov

Page 104: Movimento do 11 de novembro de 1955

O afastamento de Lott� O afastamento de Lott já fora previsto também pelos militares partidários da

posse de Kubitschek. De fato, no dia 5 de novembro circulara em diversas unidades militares um boletim do MMC denunciando a iminência de um golpe de Estado, que eclodiria provavelmente até 20 de novembro, promovido pelos setores antigetulistas civis e militares e chefiado pelo coronel Mamede.

� O MMC já havia traçado uma linha de ação para neutralizar a tentativa de golpe. A reação teria início a partir da exoneração de Lott e de sua substituição por Fiúza de Castro, Etchegoyen ou outro general vinculado ao esquema golpista, possibilidade cada vez mais forte devido ao desenrolar do Caso Mamede e à conhecida afinidade entre Carlos Luz e os militares contrários à posse dos eleitos.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

10 deNov

Page 105: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

� Ao chegar em casa, às 21 horas, Lott foi procurado pelo general Odílio Denis, comandante da Zona Militar Leste (hoje I Exército), com sede no Rio. Denis mostrou-se preocupado com as conseqüências da demissão de Lott, bem como com as verdadeiras intenções do governo e a crise que ocorreria no Exército. Informou ainda que a Marinha e a Aeronáutica encontravam-se de prontidão, sugerindo que a guarnição do Exército da capital do país também fizesse o mesmo. Acrescentou que ele e os generais sob seu comando estavam dispostos a abandonar seus cargos em virtude do afastamento do ministro da Guerra. Porém, devido ao ponto de vista de Lott, que não julgava conveniente a prontidão para não alarmar a população, Denis retirou-se.

� A notícia da demissão de Lott provocou intensa atividade nos círculos militares e políticos ligados a Juscelino. Na casa do general Zenóbio da Costa, em Vila Isabel, reuniu-se o comando central do MMC, composto por oficiais que serviam sob suas ordens na Inspetoria Geral do Exército.

10 deNov

Page 106: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

� Na residência oficial do general Denis, vizinha à de Lott, realizou-se uma outra reunião às 22 horas, congregando dez generais comandantes das guarnições do Distrito Federal, além do general Olímpio Falconière da Cunha, comandante da Zona Militar Centro (atual II Exército), com sede em São Paulo, que se encontrava de passagem pelo Rio. A reunião fora convocada depois que o próprio Fiúza informara Denis de que o coronel Mamede não seria suspenso e que ele, enquanto ministro da Guerra, cooperaria inteiramente com Carlos Luz. Além disso, a troca de ministro seguramente determinaria substituições nos comandos das zonas militares, o que não agradava a Denis. Na reunião, foi decidido que os generais tomariam os pontos-chave da capital e forçariam o governo a respeitar a disciplina militar.

10 deNov

Page 107: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

� Enquanto isso, na área parlamentar, diversos congressistas favoráveis à posse dos eleitos reuniram-se no anexo do Hotel Copacabana Palace em torno de José Maria Alkmin, para discutir a situação. Alkmin informou Juscelino por telefone sobre os acontecimentos mais recentes e procurou sondar o clima reinante entre os militares.

� Voltando atrás em sua decisão, Lott telefonou à uma hora da manhã do dia 11 para o general Denis, comunicando-lhe estar disposto a agir. Em seguida, Lott, Denis, Falconière e outros oficiais seguiram para o Ministério da Guerra, onde foi centralizado o comando das operações militares. Tropas deslocaram-se da Vila Militar com a missão de interditar o acesso ao palácio do Catete, de ocupar os quartéis de polícia e a sede da companhia telefônica, e de controlar as operações de telégrafo. O jornal Tribuna da Imprensa e a sede do Clube da Lanterna também foram ocupados.

� A comunicação com as unidades do Exército de todo o país foi feita diretamente por rádio, radiofonia e telefone. Paralelamente, os chefes do Legislativo e do Judiciário foram contatados e informados de que, estando resolvido o problema militar, o aspecto político-institucional do país passaria a ser examinado.

11 deNov

Page 108: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

http://atlas.fgv.br/marcos/governo-cafe-filho-1954-1955/mapas/o-rio-durante-o-contragolpe-de-lot

11 deNov

Page 109: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2014/03/1954-2.jpg

11 deNov

Lott passa em revista suas tropas

Page 110: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

� Logo após sua deflagração, o movimento ganhou numerosas adesões. Compareceram ao Ministério da Guerra Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, Flores da Cunha, presidente em exercício da Câmara dos Deputados, o marechal Mascarenhas de Morais e os generais Aristóteles Sousa Dantas, comandante da Zona Militar Norte (hoje IV Exército), e Nélson de Melo, comandante da Infantaria Divisionária de Ponta Grossa (PR).

� Às seis horas da manhã de 11 de novembro, o general Lott, chefe do movimento, expediu a seguinte declaração aos chefes dos estados-maiores dos principais comandos do país: “Tendo em conta a solução dada pelo presidente Carlos Luz no caso do coronel Mamede, os chefes do Exército, julgando tal ato de positiva provocação aos brios do Exército, que viu postergados princípios de disciplina, decidiram credenciar-nos como intérpretes dos anseios do Exército, objetivando o retorno da situação aos quadros normais do regime constitucional vigente. Acreditamos contar com a solidariedade dos companheiros da Marinha e da Aeronáutica, e apelamos para os governadores estaduais, solicitando apoio para esta atitude.”

11 deNov

Page 111: Movimento do 11 de novembro de 1955

11 deNovNovembrada

� Paulatinamente, todas as unidades do Exército foram-se pronunciando a favor da decisão de Lott. Os governadores de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e do território do Amapá também se solidarizaram com o movimento.

� Pela manhã, o almirante Benjamim Sodré comunicou ao ministro da Guerra que, após reunião, o almirantado resolvera acatar a decisão que o Congresso viesse a tomar quanto ao problema presidencial.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 112: Movimento do 11 de novembro de 1955

Novembrada

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

Page 113: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré� A situação era francamente desfavorável aos titulares do governo. Informado da

movimentação no Ministério da Guerra, Carlos Luz, por volta das duas horas da madrugada, acompanhado de membros do governo, dirigiu-se ao palácio do Catete. Alertado por membros da Cruzada Brasileira Anticomunista, Pena Boto colocou os navios da Esquadra em prontidão; o cruzador Tamandaré, comandado pelo capitão-de-mar-e-guerra Sílvio Heck, foi preparado para zarpar caso fosse necessário. A prisão do coronel Geraldo Meneses Cortes, chefe de polícia do Distrito Federal e elemento de confiança dos partidários de Carlos Luz, por oficiais de Zenóbio debilitou ainda mais a posição dos governistas.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

Page 114: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré� Por volta das quatro horas da madrugada, antes de os soldados de Lott chegarem

ao Catete, Otávio Marcondes Ferraz, ministro dos Transportes, conduziu de carro Carlos Luz e Prado Kelly para o Ministério da Marinha. Eduardo Gomes e Amorim do Vale, que já se encontravam naquele ministério, emitiram uma nota afirmando que a Marinha e a Aeronáutica estavam ao lado do presidente Luz. A seguir, Eduardo Gomes partiu de avião para São Paulo.

� Os homens de Lott, liderados pelos generais Floriano Brayner e Emílio Maurell Filho, chegaram ao palácio presidencial ainda a tempo de prender os generais Fiúza de Castro e Alcides Etchegoyen. Os dois foram levados para o Ministério da Guerra, onde o marechal Mascarenhas de Morais declarou-os prisioneiros. Etchegoyensentiu-se mal e foi recolhido ao Hospital Central do Exército, enquanto Fiúza de Castro permaneceu detido no próprio gabinete de Lott.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

Page 115: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré� No Ministério da Marinha, Pena Boto sugeriu ao presidente Luz — devido à

situação no Rio, já definida a favor de Lott — que transferisse o governo para Santos, para onde poderia rumar a bordo do Tamandaré. A sugestão foi aceita e às nove horas da manhã de 11 de novembro o cruzador zarpou para o porto paulista.

� Entre os 27 passageiros, encontravam-se Carlos Luz, Prado Kelly, Bento Munhoz da Rocha (ministro da Agricultura), José Monteiro de Castro (chefe do Gabinete Civil da Presidência da República), o coronel José Canavarro Pereira (chefe do Gabinete Militar da Presidência da República), Carlos Lacerda, o coronel Mamede, além de vários oficiais da Aeronáutica e do Exército ligados a Lacerda. O ministro da Marinha ficou no Rio para organizar o resto da Esquadra que, segundo já fora decidido, partiria da baía de Guanabara naquela noite.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

Page 116: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré� Antes de partir, Luz assinou

várias cópias de uma declaração dirigida ao deputado Flores da Cunha na qual afirmava que, “tendo em vista os graves acontecimentos desta madrugada, que ferem de frente a nossa Constituição”, mantinha-se na presidência do país, a bordo de um navio de guerra em águas territoriais brasileiras.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

http://www.projetomemoria.art.br/JK/biografia/img/p_foto27.jpg

Page 117: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/imagens/dossies/jk/fotos/2_11_de_novembro/Foto002_omffoto019_1_s.jpg

11 deNov

O presidente Carlos Luz (9º da esq.), deposto pelo movimento de

11 de novembro de 1955, refugia-se no cruzador Tamandaré

Tamandaré na companhia de Jurandir de Bizarria Mamede(1º),

Monteiro de Castro (2º), José Canavarro Pereira (5º), Carlos

Lacerda (6º), Sílvio Heck (7º), Otávio Marcondes Ferraz (8º),

Pena Boto (10º), Prado Kelly (11º), Munhoz da Rocha (12º) e

Doorgal Borges (13º).

(CPDOC/FGV/Arquivo Otávio Marcondes Ferraz/OMF foto 019_1)

Page 118: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/imagens/dossies/jk/fotos/2_11_de_novembro/Foto003_omffoto019_2_s.jpg

11 deNov

Otávio Marcondes Ferraz e outros integrantes do Movimento 11 de

Novembro a bordo do Tamandaré, 11 nov. 1955. Esq./dir.: Munhoz

da Rocha (1º); Carlos Luz (3º); Prado Kelly (4º); Carlos Penna

Botto (5º, fardado); Otávio Marcondes Ferraz (8º, terno escuro e

de óculos); José Monteiro de Castro (9º); Carlos Luz (10º); Pena

Boto (11º); Prado Kelly (12º, terno escuro e de óculos); Munhoz da

Rocha (13º); Doogal Borges (fardado). (2º plano) Monteiro de

Castro (1º).

(CPDOC/FGV/Arquivo Otávio Marcondes Ferraz/OMF foto 019_2)

Page 119: Movimento do 11 de novembro de 1955

A fuga do Tamandaré

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

11 deNov

C Tamandaré - C 12Classe Brooklyn/St. Louis

Classe Barroso

Page 120: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e de Café Filho

Impedimentos

Page 121: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos� Paralelamente às operações

militares, Alkmin — talvez o principal nome civil do 11 de Novembro —, logo após a deflagração do movimento, endereçou uma petição a Flores da Cunha, assinada por ele e pelos líderes dos partidos que apoiavam a coalizão PTB-PSD, isto é, o PSP, o PRP, o PTN e o PR. O documento solicitava a convocação de uma sessão especial da Câmara dos Deputados para as dez horas do próprio dia 11.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 122: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos� Às quatro horas da madrugada, Alkmin, Flores da Cunha e Nereu Ramos foram

chamados ao Ministério da Guerra. O general Lott explicou-lhes que era necessário dar uma rápida solução para o problema político, ou, em outras palavras, promover a substituição legal do presidente Carlos Luz, e garantiu-lhes que o Exército não pretendia interferir nas atribuições do poder civil.

� Às 11 horas da manhã, a Câmara começou a discutir a moção apresentada pela aliança PSD-PTB e pelos partidos que a apoiavam, a qual, com base no artigo 79, parágrafo 1º da Constituição, declarava Luz impedido para o exercício da presidência e designava o vice-presidente do Senado para o cargo. A moção foi aprovada por 185 votos contra 72. Nessa mesma sessão, o presidente da Câmara Flores da Cunha declarou considerar-se desligado da UDN. No Senado, após duas horas de debates, a resolução da Câmara foi aprovada por 43 votos contra nove.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 123: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos� Às 18:30h do dia 11, o general Lott, na qualidade de chefe do movimento militar

vitorioso, empossou Nereu Ramos na presidência da República até a saída de Café Filho do hospital. Em seguida, o novo presidente nomeou os ministros do seu gabinete. Lott foi reconduzido à pasta da Guerra, enquanto o brigadeiro Vasco Alves Seco e o almirante-de-esquadra Antônio Alves Câmara Júnior foram designados para os ministérios da Aeronáutica e da Marinha. As pastas da Justiça e do Trabalho foram entregues, respectivamente, a Francisco Meneses Pimentel e Nélson Omegna. O general Floriano de Lima Brayner foi designado para a chefia do Gabinete Militar da Presidência da República e Paulo Lira Tavares para a chefia do Gabinete Civil. Lucas Lopes, amigo pessoal de Kubitschek, retornou à pasta dos Transportes, de onde saíra em janeiro, depois de Café Filho ter endossado publicamente a solicitação dos chefes militares de um candidato de união nacional.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 124: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos

http://www.clmais.com.br/turismo/21580/lages-completa-53-anos-sem-o-seu-cidad%C3%A3o-mais-ilustre:-nereu-ramos

Page 125: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/imagens/dossies/jk/fotos/2_11_de_novembro/Foto004_htlfoto004_1_s.jpg

Henrique Teixeira Lott e outros por ocasião da posse de Nereu

Ramos na presidência da República, 11 nov. 1955. Nereu

Ramos (ao centro, assinando um livro); Henrique Teixeira Lott

(à sua direita, segurando o óculos); Mascarenhas de Moraes

(à direita de Lott, de óculos); Georgino Avelino (à esquerda

de Nereu Ramos, de gravata borboleta)

(CPDOC/FGV/Arquivo Henrique Teixeira Lott/HTL foto 004_1)

Page 126: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos

http://www.clmais.com.br/turismo/21580/lages-completa-53-anos-sem-o-seu-cidad%C3%A3o-mais-ilustre:-nereu-ramos

Período de Governo: 11.11.1955 a 31.01.1956 (02m21d)

Posse: Nereu Ramos assume o Governo interinamente semnoção exata do período em que permaneceria no cargo de Presidente da República. Por essa razão não há registro de sua posse no Livro de Posse

http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/nereu-ramos

Page 127: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Carlos Luz e a posse de Nereu Ramos� No dia 12, José Carlos de Macedo

Soares foi indicado para o Ministério das Relações Exteriores.� Ainda em 12 de novembro, Eduardo

Gomes e Gervásio Duncan regressaram de São Paulo e se apresentaram a Alves Seco, juntamente com os brigadeiros Joelmir Campos de Araripe Macedo e Márcio de Sousa e Melo. Nenhum deles foi detido.

� Na Marinha, Alves Câmara anunciou que não puniria Amorim do Vale e Pena Boto.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Page 128: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� Quando o comunicado de Café Filho chegou à Câmara,

já se sabia que Lott desejava que o Congresso votasse o impedimento do presidente licenciado. O ministro da Guerra acreditava que, da mesma forma que Carlos Luz, Café Filho procuraria impedir a posse de Kubitschek. Entretanto, dessa vez Lott encontrou uma certa resistência nos círculos parlamentares. O próprio líder da maioria, o pessedista mineiro Gustavo Capanema, afirmou que o Congresso não poderia afastar Café Filho devido à inexistência de base legal. O problema foi contornado pelo vice-líder da maioria, Vieira de Melo, também do PSD, defensor da proposta de Lott, que preparou o discurso justificando o afastamento de Café, o que Capanema se recusara a fazer.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Fonte da foto: http://veja.abril.com.br/220300/imagens/historia9.jpg

Page 129: Movimento do 11 de novembro de 1955

O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� Na tarde do dia 21, Café Filho reuniu-se na Clínica São Vicente com Eduardo

Gomes, Amorim do Vale, Munhoz da Rocha, Prado Kelly e Napoleão Alencastro Guimarães — todos membros do seu ministério — para discutir a situação. Nessa ocasião, foi informado que seu secretário havia sido impedido de entregar seu comunicado oficial a Nereu Ramos. Por ordem de Lott, o palácio do Catete fora cercado por tanques e tropas. Liberado pelos médicos, Café Filho resolveu então voltar para seu apartamento em Copacabana.

� Café e seus ministros encontraram o prédio cercado por forte aparato militar. O presidente licenciado recebeu permissão para entrar no edifício, mas seus acompanhantes tiveram de ficar do lado de fora. Lott havia colocado todas as unidades do Exército sediadas no Rio em estado de alerta.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� Café e seus ministros

encontraram o prédio cercado por forte aparato militar. O presidente licenciado recebeu permissão para entrar no edifício, mas seus acompanhantes tiveram de ficar do lado de fora. Lott havia colocado todas as unidades do Exército sediadas no Rio em estado de alerta.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa21 de novembro de 1955

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� A sessão extraordinária do Congresso da noite do dia 21 foi das mais movimentadas. Um deputado da

maioria chamou Café Filho de golpista. Outro acusou-o de ter traído a política estabelecida pelo PSP, partido pelo qual se elegera vice-presidente em 1950. Por seu lado, o líder udenista Afonso Arinos proferiu um veemente discurso de crítica ao governo protestando contra a censura imposta à imprensa e às rádios, e acusou os militares de estarem pressionando o Congresso a tomar uma decisão de acordo com seus interesses. Outros representantes da UDN reiteraram que a Câmara estava abdicando de sua soberania e prestando-se a “manobras ilegais e ignominiosas”. Dois parlamentares da oposição afirmaram que Nereu e Lott eram traidores.

� Pouco depois das duas horas da madrugada de 22 de novembro, foi iniciada a votação do afastamento de Café. Por 179 votos contra 94, a Câmara aprovou a resolução proposta pela maioria, e antes das nove horas da manhã o Senado também aprovou a resolução, por 35 votos contra 16. Nereu Ramos foi assim confirmado como presidente legítimo até a posse de Juscelino em janeiro do ano seguinte.

� A decisão do Congresso provocou grande indignação nas hostes oposicionistas. Na Marinha, os almirantes afirmaram aceitar a situação de força criada pelo Exército por não se encontrarem em situação de resistir, mas salientaram “sua total condenação e repulsa por um ato ilegal, a despeito de ter sido aprovado pelo Congresso”.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� Jânio Quadros também pronunciou-se contra a posição tomada pelos

parlamentares. Em manifesto divulgado pela imprensa, o governador de São Paulo afirmou acreditar que “essa decisão receberá um terrível julgamento da História”.

� Logo após o Senado ter votado o impedimento de Café Filho, Nereu Ramos solicitou ao Congresso — atendendo a um memorando dos três ministros militares, datado de 14 de novembro — a decretação do Estadode Sítio no país por 30 dias, prazo máximo previsto pela Constituição. Apesar de a situação estar sob controle, Lott, Vasco Seco e Alves Câmara acreditavam que ainda havia “focos de subversão, aparentemente adormecidos, mas ainda dotados de um potencial perigoso”.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� No início da tarde de 23 de

novembro, a Câmara dos Deputados reuniu-se em sessão extraordinária para discutir a matéria. Apesar da oposição da UDN e de partidos menores, o estado de sítio foi aprovado por 178 votos contra 91. No dia seguinte, foi aprovado pelo Senado por 35 votos contra 16.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

� Em 14 de dezembro, a Suprema Corte recusou o mandado de segurança impetrado por Prado Kelly em favor de Café Filho.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Tribuna da Imprensa14 e 15 de dezembro de 1955

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio� Em 7 de janeiro de 1956,

quando Kubitschek se encontrava em visita aos Estados Unidos, o Tribunal Superior Eleitoral proclamou os resultados oficiais das eleições presidenciais de 3 de outubro, que praticamente ratificavam os resultados divulgados pela imprensa e conseqüentemente confirmavam a eleição de Juscelino e Jango.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

� Finalmente, depois de diplomados pelo TSE, os eleitos foram empossados em 31 de janeiro de 1956.

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Juscelino Kubitschek discursa na cerimônia de posse tendo a seu lado Flores da Cunha (1º da esq.), Nereu Ramos (3º) e João Goulart (4º). Rio de Janeiro, 31 jan. 1956(Arquivo Nacional/Fundo Agência Nacional)

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro

Sara Kubitschek (1ª da esq.), Juscelino Kubitschek (2º)e Negrão de Lima (3º) em cerimônia oficial.

(CPDOC/FGV/Arquivo Negrão de Lima/NL foto 005)

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O impedimento de Café Filho e o estado de sítio

� Período de Governo: 31.01.1956 a 31.01.1961 (05a)

� Posse: em 31.01.1956, em sessão solene do Congresso Nacional, presidida pelo Senador Carlos Gomes de Oliveira

http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/jk/foto

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Fonte:

� Sérgio Lamarão, CPDOC

� Consulta CPDOC/FGV, verbete: Movimento de 11 de novembro - http://atlas.fgv.br/verbete/6022

Page 141: Movimento do 11 de novembro de 1955

Saiba mais...� O difícil caminho de uma candidatura

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/JkRumoPresidencia/Candidatura

� Um candidato otimista

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/JkRumoPresidencia/CandidatoOtimista

� Movimento de 11 de novembro de 1955

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/JkRumoPresidencia/11Novembro

� http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_11_de_Novembro

� Carlos Coimbra da Luz

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/carlos_luz

� Carlos Frederico Werneck de Lacerda

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/carlos_lacerda

� Eduardo Gomes

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/eduardo_gomes

� Jornal O Globo

� http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-falsas/o-globo-sofre-consequecircncias-de-acusaccedilatildeo-infundada-9471112

� http://acervo.oglobo.globo.com/

� General Henrique Batista Duffles Teixeira Lott

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/henrique_teixeira_lott

� http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_Teixeira_Lott

� General Canrobert Pereira da Costa

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/canrobert_pereira_da_costa

� Hemeroteca da Digital Brasileira – Biblioteca Nacional

� http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

� Coronel Jurandir Mamede

� http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/jurandir_de_bizarria_mamede

� Cruzador Tamandaré

� http://www.naviosbrasileiros.com.br/ngb/T/T003/T003.htm

� http://www.naval.com.br/blog/2012/03/03/cruzador-tamandare/