movimentação de cargas nos terminais portuários do brasil · a tabela abaixo mostra o desempenho...

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MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS NOS TERMINAIS PORTUÁRIOS DO BRASIL ANÁLISE TRIMESTRAL 2017

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MoviMentaçãode cargas nos terMinais

portuários do brasilanálise triMestral 2017

ASSOCIAÇÃO DE TERMINAIS PORTUÁRIOS PRIVADOS - A COMPETITIVIDADE PASSA POR AqUI!

1. CENÁRIO ECONÔMICO BRASILEIRO

No terceiro trimestre de 2017, a Corrente de Comércio brasileira, por via marítima, somou US$76,7 bilhões. No acumulado (janeiro-setembro) foram US$219,4 bilhões, sendo US$137,4 bilhões em exportações e US$82,0 bilhões em importações. O período de janeiro a setembro de 2017 registrou variação de +28% sobre o mesmo período de 2016 e superávit de US$55,4 bilhões na Balança Comercial.

Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), de janeiro a setembro de 2017 as seções com maior peso na Balança Comercial, com crescimento (em valores FOB) mais expressivos nas exportações, em comparação ao mesmo período de 2016, foram:

1. produtos Minerais: +63%. “Combustíveis, óleos e ceras minerais, etc” cresceu 83% e “Minérios, escórias e cinzas” +51%;

2. produtos do reino vegetal: +16%. Nesta seção, “Sementes e frutos oleaginosos, grãos, etc.” correspondeu a 76% do total e registrou crescimento de 24%; e

3. produtos das industrias aliMentares, bebidas, etc.: +5%. “Açúcares e produtos de confeitaria” cresceu 20%. Em contrapartida, “Resíduos e desperdícios das indústrias alim. etc.” retraiu 6%.

O comércio por via marítima registrou alta 15% em valores FOB e 10% em toneladas no terceiro trimestre de 2017, em comparação com o mesmo período de 2016.

O aumento do comércio, em valores, do Brasil com o resto do mundo se deve, principalmente, a recuperação dos preços de commodities, ao crescimento da produção de minérios e da safra de grãos e recuperação da demanda chinesa. A TABELA 1 apresenta os valores movimentados mensalmente em 2017.

Gráfico 1 – Análise Trimestral da Corrente de Comércio Brasileira por via Marítima – valores FOB

Fonte: Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (Alice Web), via marítima. Elaboração ATP

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Tabela 1 - Comércio pelos portos brasileiros – janeiro a setembro 2017

Tabela 2 - Movimentação Aquaviária em 2017 (janeiro a setembro) – em toneladas (t)

Fonte: Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (Alice Web), via marítima. Elaboração ATP

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ. Elaboração ATP.

2. MOVIMENTAÇÃO AQUAVIÁRIA - 2017

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), no terceiro trimestre do ano de 2017 as instalações portuárias, em operação, movimentaram 279.321.218 toneladas (t) de cargas. Em relação ao mesmo período de 2016, quando foram movimentadas 261,6 milhões de toneladas (Mt), o crescimento foi de 6,7%.

A tabela abaixo mostra o desempenho mensal da movimentação de Contêiner, Carga Geral (CG), Granel Sólido (GS) e Granel Líquido (GL) no período de janeiro a setembro de 2017, com variação percentual relativo ao mês imediatamente anterior. Observa-se na TABELA 2 que o crescimento de janeiro a setembro de 2017 é de 6,4% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram movimentadas 753,9 Mt.

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2.1. Movimentação de Cargas por Região

Os Terminais de Uso Privado (TUP) movimentaram 182,5 Mt no 3º trimestre, o que corresponde a +6,2% de crescimento em relação ao mesmo período de 2016. Foram 530,8 Mt movimentadas no período de janeiro a setembro de 2017 (+8,8%). Este montante representa 66,2% da movimentação portuária total. A distribuição de cargas no território nacional, movimentada pelos TUPs, se concentrou na região Sudeste do Brasil, com 48% de participação. Em seguida, a região Nordeste participa com 32% da movimentação, Norte com 11%, Sul com 8% e Centro-Oeste com 1%. (GRÁFICO 2)

Nos Portos Públicos a movimentação no trimestre foi de 96,8 Mt (+7,8%). No período de janeiro a setembro foram movimentadas 271,3 Mt, que corresponde a 33,8% do total movimentado. Em relação ao acumulado de janeiro a setembro de 2016 houve um crescimento de 2%. A região Sudeste concentrou 47% da movimentação total, a região Sul movimentou 27% e as regiões Nordeste e Norte movimentaram 18% e 8%, respectivamente. (GRÁFICO 3)

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ.Elaboração ATP.

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ.Elaboração ATP.

Gráfico 2 - Somatório da CargaBruta (toneladas) – jan-set

Gráfico 3 - Somatório da CargaBruta (toneladas) - jan-set

2.2. Movimentação Portuária por Perfil de Cargas

Nos TUPs, o principal Perfil de Carga movimentado, o Granel Sólido, registrou 123,3 Mt (+8,6%) no trimestre, seguido por Granel Líquido 42,5 Mt (+1,7%), Contêiner 8,2 Mt (1,2%) e Carga Geral Solta 8,5 Mt (-3,5%).

No acumulado de janeiro a setembro, o Granel Sólido cresceu 10,6% em relação ao mesmo período de 2016. O Granel Líquido cresceu 5,8%, seguido da Carga Geral Solta com +8,6% e Contêiner, que registrou variação nula. O GRÁFICO 4 mostra a distribuição de cargas em milhões de toneladas, nos TUP.

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Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ.Elaboração ATP.

Gráfico 4 - Movimentação por Perfil de Carga (Mt) Jan – set: TUPs

A mercadoria de maior movimentação nos TUP é o “minério, escórias e cinzas”, que cresceu 4,8% no 3º trimestre de 2017, em comparação com o mesmo período de 2016, e +4,9% se comparado ao trimestre imediatamente anterior. O crescimento é resultado do aumento da produção de minério e a melhora da qualidade do produto. Este é o maior volume movimentado em um trimestre desde 2010, segundo dados da ANTAQ.

De janeiro a setembro foram movimentadas 285 Mt de “minério, escórias e cinzas” nos TUP, que corresponde a 80,7% da movimentação de Granel Sólido. As mercadorias do tipo “Sementes e frutos oleaginosos, grãos, etc” foram responsáveis por 9,6% da movimentação desse perfil de carga (34 Mt).

Os terminais com maior participação na movimentação de granéis sólidos, que registraram crescimento neste perfil de carga no período de janeiro a setembro, foram: Terminal de Praia Mole (+22,8%), Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (+12%), Porto do Açu – Terminal de Minério (+9,9%), Terminal de Tubarão (2,2%) – estas são associadas da ATP – e Terminal Portuário Privativo da Alumar (+4,81%).

A carga Granel Líquido tem como principal mercadoria os “Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação”, que poderá crescer ainda mais em volume produzido para os próximos meses, como resultado da crescente demanda global, e valor exportado considerando a instabilidade política na Arábia Saudita, que se estende ao Oriente Médio e provocou ainda mais a elevação dos preços da commodity. A variação em relação ao terceiro trimestre de 2016 foi de +1,6% e em relação ao trimestre imediatamente anterior foi de +2%. A movimentação acumulada nos três trimestres do ano é 4,3% maior que a registrada no mesmo

período de 2016. O crescimento da demanda interna por combustíveis e lubrificantes aqueceu as importações, segundo informações do MDIC, que voltou a registrar crescimento.

Cabe destacar o crescimento de 549% registrado pelo Complexo Portuário do Açu, associado ATP, que movimentou 1,7 Mt em granel líquido nos 3 primeiros trimestres de 2017. Os terminais aquaviários de São Sebastião e Angra dos Reis, também associados da ATP, que são responsáveis por cerca de 50% da movimentação deste perfil de carga, cresceram 15,9% e 3,4%, respectivamente.

A Carga Geral Solta tem como principais mercadorias “Ferro fundido, ferro e aço”, que movimentou +8,4% em relação ao terceiro trimestre de 2016, seguido de “Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão para reciclar (desperdícios e aparas)”, que movimentou -5,8% devido a menor produção no período, se comparado com o terceiro trimestre de 2016. Juntas, estas mercadorias citadas, respondem por cerca de 72% da movimentação neste perfil de carga.

Neste perfil de cargas, dois terminais aumentaram sua participação na movimentação.

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O Terminal Portuário do Pecém movimentou 2,2 Mt (+390%), com carga predominante de “ferro fundido, ferro e aço”, e a associada ATP, Embraport, que movimentou 1,1 Mt (+285%) em mercadorias manufaturadas.

A carga conteinerizada, medida por unidade de 20 pés (TEU), registrou alta de 3,5% (746,6 TEU) nos TUP no terceiro trimestre de 2017, se comparado ao mesmo período de 2016. No acumulado de janeiro a setembro de 2017 foram 2 milhões de TEU (+1,5%) movimentados pelos terminais de uso privado.

Foram movimentadas 22,1 Mt em contêineres de janeiro a setembro nos TUP. A nomenclatura “Transações Especiais” cresceu 95%, com 2,1 Mt movimentadas em 2017, seguido por “Madeira, Carvão Vegetal e Obras de Madeira que movimentou 1,9 Mt (+6,5%). “Carnes e Miudezas” e “Plásticos e suas Obras” registraram redução de 6,8% e 0,9%, respectivamente.

Neste perfil de cargas, o terminal associado da ATP, Porto Itapoá, cresceu 4,2% no período e movimentou 436.966 TEU, que corresponde a 22% do total movimentado em contêineres.

Nas instalações portuárias em Portos Públicos, o perfil de carga Granel Sólido movimentou 58 Mt no trimestre, que representa crescimento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2016. As mercadorias de maior movimento nos portos organizados são: “Sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes e frutos diversos, etc.”, “Minérios, escórias e cinzas” e “Cereais”. O Agronegócio foi o responsável pelo crescimento da movimentação neste perfil de cargas, em função da maior produção, menor preço das mercadorias e crescimento da demanda chinesa, que importa a maior parte dos grãos produzidos no Brasil.

O GRÁFICO 5 mostra a distribuição de cargas no acumulado de janeiro a setembro de 2017. Nesse período observa-se crescimento de 1,8% na movimentação do Granel Sólido, perfil de carga que representa 60% de toda a movimentação nos portos públicos.

A carga em Contêiner registrou alta de 11,7% no trimestre analisado e 5% no período de janeiro a setembro, em comparação ao mesmo período de 2016. A Movimentação em TEUs foi de 4,7 milhões de TEU nos três primeiros trimestres de 2017, variação de +2,2% em comparação ao mesmo período de 2016. A movimentação de cargas em contêineres pode crescer ainda mais. Segundo a armadora Maersk Line, o volume de commodities do agronegócio transportado em contêineres cresceu em função da falta de espaço em navios graneleiros, esse crescimento acompanha o maior volume produzido e a demanda internacional por estas mercadorias.

O Granel Líquido registrou variação nula no terceiro trimestre do ano na comparação com igual período de 2016. Houve redução de 1% na movimentação de “Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação”, principal mercadoria movimentada neste tipo de carga,

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ.Elaboração ATP.

Gráfico 5 - Movimentação por Perfil deCarga (Mt) – jan – set: Porto Público

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em comparação com o mesmo período de 2016. Porém, em comparação com o trimestre imediatamente anterior, o Granel Líquido registrou crescimento de 10,7%. No período de janeiro a setembro esse perfil de carga registrou queda de 2,9%, reflexo da menor movimentação de combustíveis e óleos minerais e produtos químicos orgânicos e inorgânicos.

A Carga Geral Solta registrou crescimento

de 2,3% nas movimentações em Portos no terceiro trimestre. “Pastas de madeira ou outras mat.fibrosas, etc”, um dos principais itens deste perfil de carga, registrou queda de 29% no trimestre que foi compensada pelo crescimento de “Ferro fundido, Ferro e Aço” (+25%). No acumulado de janeiro a setembro, este perfil de cargas cresceu 7,4% impulsionado pelas movimentações de ferro e madeira.

2.3. Ranking de movimentação Portuária

Na TABELA 3 temos o ranking das dez instalações portuárias que foram destaques na movimentação de cargas no período de janeiro a setembro de 2017. Apenas estes terminais movimentaram 494.567.919 toneladas no período, que corresponde a 62% do total movimentado. Cabe destacar que esse volume representa 78% da movimentação de todo o ano de 2016 destas mesmas instalações. Caso a média destes terminais se mantenha no último trimestre de 2017, estima-se que o crescimento anual destes terminais, juntos, será de 4,6%, incremento de 29,3 Mt.

As cinco instalações portuárias de uso privado, listadas no ranking, são terminais de empresas associadas da ATP. As mercadorias movimentadas nestes TUP são minérios de ferro e combustíveis e óleos minerais, que são as cargas predominantes nas movimentações portuárias de perfil Granel Sólido e Granel Líquido.

Nos Portos Públicos, as mercadorias de maior movimentação são commodities do agronegócio e contêineres. Apenas o Porto de Santos movimentou 41% do total movimentado nos cinco portos listados na tabela e 19% das 267,1 milhões de toneladas movimentadas, no período de janeiro a setembro, nos 31 portos organizados.

Tabela 3 Ranking de Movimentação por Instalação Portuária em 2017 (jan - set)

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ. Elaboração ATP.

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Abaixo, a TABELA 4 apresenta os 5 terminais* com destaque em crescimento percentual no acumulado de janeiro a setembro de 2017.

Tabela 4 Terminais em destaque – janeiro a setembro de 2017

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ. Elaboração ATP.*Terminais com movimentação acima de 1 Mt no período analisado.

2.4. Movimentação de Cargas por Sentido

A movimentação nos terminais por sentido (importação/desembarque ou exportação/embarque), no acumulado de janeiro a setembro, manteve a proporção anual de 70% de exportação e 30% em importação (TABELA 5). A manutenção desta proporção indica que a demanda interna aumentou em função da melhora do mercado consumidor e à medida que as exportações do agronegócio aumentaram. De acordo com o MDIC, a melhora da economia brasileira elevou as importações de combustíveis e óleos minerais, enquanto o aquecimento do mercado externo e a excelente safra brasileira 2016/2017 elevou as importações de insumos para a indústria e o agronegócio.

Tabela 5 Movimentação nos Terminais por Sentido de Embarque (jan - set)

Fonte: Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – ANTAQ. Elaboração ATP.

As exportações seguiram a tendência do agronegócio e do setor mineral. A china, principal parceiro comercial do Brasil, aumentou suas importações do complexo soja, óleos brutos de petróleo e celulose para abastecer o mercado interno e, ao que indica as estatísticas, o país manterá o ritmo

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de crescimento, favorecendo a balança comercial brasileira e aumentando o fluxo de cargas nos terminais portuários.

No acumulado de janeiro a setembro as exportações de produtos manufaturados também registrou melhora, que pode ser observado no primeiro trimestre do perfil de Carga Geral Solta. Os itens exportados foram, principalmente, automóveis e veículos de carga e tiveram como destino a América Latina.

Os dados mostram uma recuperação da economia brasileira. Análises macroeconômicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimam crescimento de 0,7% para o Brasil em 2017. Para 2018 a previsão do FMI é de +1,5 e a OCDE de +1,6%. O crescimento da economia mundial, segundo projeções do FMI, ficará em 3,6% em 2017 e 3,7 em 2018. China e Estados Unidos, mercados mais importantes da economia mundial, tem projeção de crescimento de 6,8% e 2,2%, respectivamente, em 2017 e para 2018 a previsão é de +6,5% e 2,3%.

Com a expectativa de um cenário externo com boas projeções e tendo em vista uma maior estabilidade na economia brasileira, espera-se que o crescimento do fluxo de cargas nos terminais portuários do Brasil permaneça até o próximo ano, acompanhando o crescimento da demanda chinesa por commodities agrícolas e minerais e a demanda interna por combustíveis.