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Mostra de Produção Discente no contexto
da Educação de Jovens e Adultos – um
caminho para o desenvolvimento de
valores e construção de conhecimentos
em Física sob o enfoque CTS
KELLY CRISTINA BARUTI
Mostra de Produção Discente no
contexto da Educação de Jovens e
Adultos – um caminho para o
desenvolvimento de valores e
construção de conhecimentos em
Física sob o enfoque CTS
Kelly Cristina Baruti
Mauro Sérgio Teixeira de Araújo
Mostra de Produção Discente no
contexto da Educação de Jovens e
Adultos – um caminho para o
desenvolvimento de valores e
construção de conhecimentos em
Física sob o enfoque CTS
Universidade Cruzeiro Do Sul
2016
© 2016
Universidade Cruzeiro do Sul
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
Reitor da Universidade Cruzeiro do Sul – Profa Dra Sueli Cristina Marquesi
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Pró-Reitor – Profa Dra Tania Cristina Pithon-Curi
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Coordenação - Profa Dra Norma Suely Gomes Allevato
Banca examinadora
Prof Dr Mauro Sérgio Teixeira de Araújo
Profa Dra Maria Delourdes Maciel
Prof Dr Evonir Albrecht
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
B298m
Baruti, Kelly Cristina.
Mostra de produção discente no contexto da educação de
jovens e adultos – um caminho para o desenvolvimento de valores e construção de conhecimentos em física sob o enfoque CTS / Kelly Cristina Baruti. -- São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul, 2016.
28 p. : il. Produto educacional (Mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática). 1. Ensino de física. 2. Educação de jovens e adultos (EJA) 3.
Construção do conhecimento 4. Ciência, tecnologia e sociedade (CTS). I. Título II. Série.
CDU: 53
Sumário
1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................5
2 O EDUCAR PELA PESQUISA ALIADO AO ENFOQUE CTS NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................................7
3 O PRODUTO ........................................................................................................................13
3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES.............................................13
3.2 ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS .................................................................................15
3.3 ESTRUTURAÇÃO DA MPD ............................................................................................16
3.4 TEMPOS E ESPAÇOS ....................................................................................................18
3.5 EIXOS ESTRUTURANTES .............................................................................................21
4 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR ...................................................................................24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................25
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................27
KELLY CRISTINA BARUTI
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
1 APRESENTAÇÃO
O presente produto foi construído a partir da dissertação intitulada “Mostra
de Produção Discente no contexto da Educação de Jovens e Adultos – um
caminho para o desenvolvimento de valores e construção de conhecimentos em
Física sob o enfoque CTS”, defendida no ano de 2016, cujo objetivo foi investigar
e analisar as potencialidades da Mostra de Produção Discente (MPD) entendida
como um instrumento de mobilização sócio educacional dentro do contexto
escolar da Educação de Jovens e Adultos. Por meio deste instrumento
buscamos promover a interação entre os sujeitos e os conhecimentos, assim
como a articulação entre processos e produtos relacionados ao Ensino de Física
tendo por base o enfoque CTS e utilizando o Educar pela Pesquisa como um de
seus pilares.
Como professora de Física há alguns anos, atuo na educação básica,
mais especificamente no ensino médio com o público da Educação de Jovens e
Adultos – EJA e, no decorrer desse tempo, venho percebendo mudanças no
perfil dos estudantes que vão desde sua reação à apresentação de um novo
conceito dentro do conteúdo, o que anteriormente provocava enorme
entusiasmo e suscitava muitas indagações, em função das características
específicas deste público, mas que atualmente parece não atingir o aluno, ao
menos não como outrora.
A própria tecnologia é exemplo disso, ora atuando como grande aliada no
processo educativo, já que nos apresenta uma série de possibilidades, sendo
uma janela para o mundo, ora atuando como concorrente superior a esse mesmo
processo sendo, por vezes, mais dinâmica, interativa e divertida que o professor
em sala de aula.
Assim, apoiando-me nas ideias de Freire (1996) quando este diz que
ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e de diagnóstico coletivo
realizado pelo corpo docente no contexto investigado onde a pesquisa foi
realizada, identificou-se a necessidade de: 1) Propiciar ações que estimulem a
leitura; 2) Articular o trabalho realizado pelo corpo docente junto aos estudantes
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
da EJA; 3) Promover a valorização das pessoas, e 4) Estimular o
desenvolvimento de ações autônomas, críticas e reveladoras de
comprometimento e envolvimento com o estudo.
Na dissertação realizada no Programa de Mestrado Profissional em
Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul (BARUTI,
2016) foi possível identificar, entre outros pontos, que a natureza interdisciplinar
– cerne da MPD – e a autonomia de ação proporcionada aos atores sociais
envolvidos na mesma configurou um caminho para a transformação da dinâmica
de aquisição de conhecimentos, dos espaços utilizados e das relações
interpessoais desenvolvidas dentro da sala de aula. No entanto, apontou-se a
dificuldade em se realizar um evento de grande porte como este, já que por
envolver alunos, docentes, gestores e equipe de apoio prescinde de muita
organização, planejamento, pré-disposição para a realização, engajamento e
não apenas participação de todos os envolvidos, a começar por seu
entendimento coletivo do que exatamente se trata a MPD.
Desta forma, procurando contribuir com a Educação de Jovens e Adultos
e reforçando a necessidade da quebra de paradigma de uma educação bancária
(FREIRE, 1987) baseada na transmissão passiva de conteúdos e assumindo
uma visão construtivista da educação apoiada no Educar pela Pesquisa (DEMO,
2015) como uma postura ativa de aprendizagem, foi elaborado este produto que
sinaliza um caminho para o desenvolvimento de valores e construção de
conhecimentos em Física sob o enfoque CTS baseado na premissa da
imprescindível articulação docente e discente. Este trabalho destina-se não
apenas aos docentes, mas a todos àqueles que dentro do contexto escolar
atuam com o público da Educação de Jovens e Adultos e primam pela qualidade
do ensino, das relações interpessoais estabelecidas no ambiente escolar e
acreditam que por meio da educação é possível contribuir para a formação
cidadã das pessoas que transitam neste ambiente (MORAES e ARAÚJO, 2012).
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
2 O EDUCAR PELA PESQUISA ALIADO AO ENFOQUE CTS NO CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
As pesquisas estão inseridas no cotidiano das pessoas, ainda que estas
não as percebam nitidamente em suas vidas. Já no cotidiano escolar a pesquisa
se apresenta como outra maneira de adquirir conhecimentos, onde os
professores auxiliam seus alunos a realizarem pesquisas orientadas acerca das
temáticas de interesse. Severino e Severino (2012, p. 15) assim justifica sua
presença no Ensino Médio:
[...] a elaboração dos trabalhos [...] é também uma forma fundamental
de capacitação para o desenvolvimento intelectual, completando
adequadamente o ciclo do processo da aprendizagem, ao expressar a
reelaboração pessoal das ideias e conhecimentos apreendidos a partir
do acervo cultural a que tivemos acesso pelo estudo.
Brandolt (2013) em estudo recente apresenta o Educar pela Pesquisa,
entendido como um processo, como uma possibilidade de aplicação à ideia
construtivista no ensino de Ciências constituindo, assim, um caminho para
superar a fragmentação disciplinar e tradicional tanto do ensino quanto do
conhecimento.
Pedro Demo (2015), um dos pioneiros a defender e apresentar o Educar
pela Pesquisa como uma proposta metodológica em sala de aula, elenca ao
menos quatro pressupostos cruciais nos quais a proposta se apoia:
A convicção de que a Educação pela Pesquisa é a especificidade mais
própria da educação escolar e acadêmica; o reconhecimento de que o
questionamento reconstrutivo com qualidade formal e política é o cerne
do processo de pesquisa; a necessidade de fazer da pesquisa atitude
cotidiana no professor e no aluno; e a definição de educação como
processo de formação da competência histórica humana (DEMO,
2015, p. 7).
O autor reforça ainda que não se trata de transformar o professor em
investigador profissional, mas de reforçar sua competência profissional,
habilitando-o a usar a investigação como uma forma, entre outras, de lidar com
os problemas com que se defronta:
Educar pela pesquisa tem como condição essencial primeira que o
profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa
como princípio científico e educativo e a tenha como atitude cotidiana.
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Não é o caso fazer dele um pesquisador “profissional”, sobretudo na
educação básica, já que não a cultiva em si, mas como instrumento
principal do processo educativo. Não se busca um “profissional da
pesquisa”, mas um profissional da educação pela pesquisa. (DEMO,
2015, p. 2)
A visão do autor de que a educação se constitui em uma obra partilhada
e construída coletivamente por seus integrantes e processos reforça-se quando
este diz:
Educação é obra coletiva, onde não cabe paciente ouvinte, espectador.
É intrinsecamente aprender a aprender, saber pensar, para melhor
intervir. Aula é o que menos corresponde a este desafio. É como fazer
guerra moderna com estilingue. (DEMO, 1997, p. 89)
Para compreender o pensamento deste autor é importante entender que
um dos sentidos mais fortes da educação está em possibilitar a transformação
do educando de objeto a sujeito.
Por sua vez, Galiazzi (2011) argumenta em favor do Educar pela Pesquisa
como proposta de construção da competência de professores desde a formação
inicial, admitindo que a pesquisa não é o único caminho para o desenvolvimento
profissional, mas é essencial para a construção da competência em qualquer
prática profissional. Nesse sentido, afiliamo-nos a autora quando esta diz:
Por isso acredito que a profissionalização do professor passa pelo
desenvolvimento da autonomia. Na medida em que o professor se
percebe autônomo, isto é, capaz de tomar decisões responsáveis,
passa a buscar parcerias, forma grupos, discute, critica, procura
soluções, se entende como agente de transformação e de auto
formação. Nesse sentido, a construção do profissional professor está
alicerçada em um sujeito que pesquisa sua ação, que reflete sobre o
que faz, construindo uma prática fundamentada. (GALIAZZI, 2011, p.
49).
Para a autora a ideia do professor constituindo-se pesquisador é
inovadora, apesar de não ser nova, além disso, traz consigo a possibilidade de
superação da dicotomia entre teoria e prática, dialetizando os papeis de
pesquisador e professor. Galiazzi (2011) assinala ainda que fazer pesquisa
consiste em ler criticamente a realidade e, com compromisso político, contribuir
para a construção de uma nova realidade mais justa, com oportunidades
equalizadas. A autora nos coloca que o educar pela pesquisa exige encarar a
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sala de aula como um espaço coletivo de trabalho, em que todos, professor e
alunos, são considerados parceiros de pesquisa.
Nesse sentido o Educar pela Pesquisa corrobora para o desenvolvimento
profissional do docente, já que por meio de projetos, trocas de experiências,
leituras e reflexões, dentre as diversas formas possíveis para viabilizar esse
desenvolvimento, faz com que esse processo se dê a partir da perspectiva do
sujeito (MENEZES, 2004) em um movimento que ocorre de dentro para fora,
permitindo a análise da própria prática docente adotada, dos conhecimentos
didáticos, da reflexão e, sobretudo, da investigação.
O enfoque CTS adotado nesta pesquisa, embora não seja uma tendência
nova na área de educação (CRUZ e ZYLBERSZTAJN, 2005), constituiu-se em
um pilar importante para a pesquisa, devido a suas potencialidades para a
formação cidadã dos estudantes (MORAES e ARAÚJO, 2012).
Dentro do contexto atual da sociedade moderna, aplicações científicas e
tecnológicas podem tanto criar possibilidades de avanço e desenvolvimento aos
seres humanos quanto causar-lhes problemas socioambientais. Em
praticamente todas as áreas de conhecimento científico e tecnológico observa-
se interface com o modo de vida das pessoas, afetando diretamente sua
qualidade de vida, seja por meio da biotecnologia com a manipulação genética
de alimentos, seja pela tecnologia empregada nos meios de transporte, pelo
desenvolvimento de remédios para o tratamento de doenças e/ou controle de
pragas ou ainda por meio da astrofísica com a exploração espacial em busca de
novas pistas sobre o universo.
Diante das inegáveis mudanças científicas, tecnológicas e sociais
observadas nos últimos anos, acredita-se que o ensino de Ciências não pode
passar incólume a discussões que remetam a tais temas e suas interações,
assim como o papel que desempenham na sociedade.
No entender de Freire (1987) alfabetizar implica possibilitar ao educando
a “leitura do mundo”, não sendo apenas um ato mecânico de reprodução de sons
e palavras, mas dizer sua palavra, assumir sua voz. Nesse sentido, concordamos
com Auler (2003) ao assinalar que uma visão crítica da dinâmica social é
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fundamental para desconstruir os mitos da neutralidade da Ciência e Tecnologia
(CT) ou do determinismo lógicos, que aparecem em frases do tipo “não podemos
deter o avanço tecnológico”; “o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim
do século”, e que também é abordado na fala de Freire.
De uma maneira em geral, a Educação em Física e também em Ciências
deve propiciar a compreensão do entorno da atividade científico-tecnológica
(AULER, 2003).
Como resultado da aproximação do referencial freireano com os
pressupostos do movimento CTS estabeleceram-se parâmetros sobre
interações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade, pautados por uma concepção
de não neutralidade da CT. Estes parâmetros apontam para a superação de
construções históricas, tais como: busca da superação do modelo de decisões
tecnocráticas, superação da perspectiva salvacionista e redentora atribuída à CT
e superação do determinismo tecnológico.
Espera-se, portanto, que os professores deixem de ser meros
“consumidores” de currículos e efetivamente participem de sua produção,
propiciando reflexos e avanços nos planos de cursos e de disciplinas.
Na busca pelo princípio da contextualização com vistas à formação
cidadã, e também amparados na perspectiva do educador Paulo Freire, que por
meio de uma educação problematizadora vislumbra a mediação dos saberes de
caráter reflexivo e de arguição da realidade, procuramos consubstanciar uma
educação voltada à prática da liberdade (SANTOS, 2007).
As práticas pedagógicas apoiadas na abordagem freireana pressupõem,
portanto, que as ações de ensinar e aprender se deem em um processo em que
professores e alunos participem igualmente, conforme denota-se nas palavras
do próprio educador:
Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo
e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais
desafiados, quanto mais obrigados a responderem aos desafios.
Desafiados compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mais
precisamente porque captam o desafio como um problema em suas
conexões com os outros, num plano de totalidade, e não como algo
petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se
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crescentemente crítica, por isso, cada vez mais desalienada. (FREIRE,
1987, p. 40)
No que diz respeito à aprendizagem dos jovens e adultos, data de 1975 trabalhos que
vêm sistematizando estudos que compõem o estado da arte das pesquisas envolvendo
EJA no Brasil. Contudo, devido a sua abrangência, a análise desses estudos não
demonstra conclusões consistentes (HADDAD, 2002).
De acordo com Denis e Solar (1998) as primeiras pesquisas procuravam
demonstrar preliminarmente que os adultos também eram capazes de aprender.
Oliveira (2005) assinala que o tema “educação de pessoas jovens e adultas”
trata-se de uma questão cuja especificidade é muito mais cultural do que etária,
alegando que apesar do recorte da faixa etária, o território da educação de jovens e
adultos não se destina a um adulto ou jovem comum, mas sim a um grupo específico
de pessoas com uma trajetória histórica específica, com relativa homogeneidade dentro
de sua diversidade cultural. Nas palavras da autora:
O adulto, no âmbito da educação de jovens e adultos, não é o
estudante universitário, o profissional qualificado que frequenta cursos
de formação continuada ou de especialização, ou a pessoa adulta
interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas como artes,
línguas estrangeiras ou música, por exemplo. Ele é geralmente o
migrante que chega às grandes metrópoles provenientes de áreas
rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e
com baixo nível de instrução escolar (muito frequentemente
analfabetos), ele próprio com uma passagem curta e não sistemática
pela escola e trabalhando em ocupações urbanas não qualificadas,
após experiência no trabalho rural na infância e adolescência, que
busca a escola tardiamente para alfabetizar-se ou cursar algumas
séries do ensino supletivo. E o jovem, incorporado ao território da
antiga educação de adultos relativamente há pouco tempo, não é
aquele com uma história de escolaridade regular, o vestibulando ou o
aluno de cursos extracurriculares em busca de enriquecimento
pessoal. Não é também o adolescente sentido naturalizado de
pertinência a uma etapa bio-psicológica da vida. Como o adulto
anteriormente descrito, ele é também um excluído da escola, porém
geralmente incorporado aos cursos supletivos em fases mais
adiantadas de escolaridade, com mais chances, portanto, de concluir
o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado
ao mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais
relacionadas com a sociedade letrada, escolarizada e urbana. Refletir
sobre como esses jovens e adultos pensam e aprendem envolve,
portanto, transitar pelo menos em três campos que contribuem para a
definição de seu lugar social: a condição de “não-crianças”, a condição
de excluídos da escola e a condição de membros de determinados
grupos sociais. (OLIVEIRA, 2005, p. 59-60).
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Na visão dos autores Gadotti e Romão (2001) a compreensão de que os alunos
da EJA já não são mais crianças é premissa para se pensar a educação voltada a este
público e defendem que é preciso distinguir a pedagogia que subsidia a educação
voltada às crianças da andragogia voltada à educação de jovens e adultos.
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3 O PRODUTO
Este produto consiste em uma proposta de implementação da MPD no
contexto escolar pensado ao público da Educação de Jovens e Adultos, mas que
pode, caso se deseje, ser pensado e replanejado para atendimento a outros
públicos da Educação Básica. A articulação docente e o planejamento para a
realização da MPD devem levar em consideração a estruturação da MPD, os
atores sociais envolvidos, os tempos e espaços disponíveis e seus eixos
estruturantes, conforme apresentados a seguir.
3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
As etapas propostas para o desenvolvimento das atividades seguem
apresentadas no esquema abaixo e também são descritas a seguir:
1. Ratificação e alinhamento junto ao corpo docente e gestor sobre o
1. Alinhamento sobre o entendimento coletivo da MPD, visto este ser um objeto
novo na instituição e encontrar-se em construção;
Figura 2 – Etapas propostas para o desenvolvimento das atividades contempladas na MPD
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2. Definição das parcerias a serem firmadas pelo corpo docente para que a
partir destas se desencadeie todas as demais parcerias necessárias à
abordagem interdisciplinar dos temas a serem pesquisados;
3. Definição das temáticas para que, a partir delas, professores e alunos
possam dar os devidos encaminhamentos no decorrer do semestre letivo;
4. Proposição da MPD ao corpo discente, visto que, a aceitação da proposta
pelos estudantes e a participação ativa destes é imprescindível à realização
do trabalho idealizado;
5. Formação dos grupos de trabalho (momento em que os próprios alunos
definem a composição dos grupos que irão desenvolver os trabalhos no
decorrer do semestre);
6. Atribuição dos temas, etapa subsequente à formação dos grupos de trabalho
e necessária para possibilitar aos grupos formados as primeiras articulações
e pesquisas preliminares;
7. Pesquisa bibliográfica, etapa na qual os alunos selecionam os materiais
(livros, revistas, jornais e sites) que tratam do problema que se encontra em
estudo e que venha a compor o material de trabalho do grupo;
8. Apresentação de textos e/ou artigos selecionados pela professora que
servirão de elementos fomentadores à discussão sobre o tema proposto e
também de mola propulsora às pesquisas que os grupos de trabalho
realizarão;
9. Momentos de socialização (apresentações, comunicações e, por vezes,
discussões sobre a temática abordada à guisa da construção de
argumentos, formação de opinião e defesa de posicionamento);
10. Apresentação final (elaboração de cartazes, banners, panfletos, jogos,
experimentos e comunicações, nas quais os alunos mostrarão à comunidade
escolar o trabalho desenvolvido e seus resultados).
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3.2 ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS
Em sua idealização a MPD visa encontrar ressonância entre o “mundo da
escola” e o “mundo da vida” (AULER, 2003) entendendo que para isso é
necessário estimular o engajamento e a motivação dos alunos, mas não apenas
destes como também de todos os demais atores sociais envolvidos no processo
de ensino e aprendizagem, quais sejam, docentes, gestores e equipe de apoio,
já que todos convivem e interagem no ambiente onde se dá o processo. Com
isso é possível viabilizar uma aproximação entre as disciplinas, potencializando
a interdisciplinaridade e os relacionamentos interpessoais no contexto escolar.
Os contratos e negociações feitos entre os diferentes atores sociais
ocorrerem em momentos distintos, mas teve como marco importante o momento
do planejamento escolar, por se considerar o trabalho a ser desenvolvido por
cada professor em suas respectivas disciplinas e os possíveis trabalhos a serem
realizados entre as disciplinas.
Evidentemente que o tempo dispensado à essa articulação neste
momento não é suficiente para que cada professor exponha suas ideias e
consiga apresentar uma proposta de trabalho viável de execução, mas é
extremamente propício para discutir ideias e propostas embrionárias. De
maneira que as propostas feitas foram melhor discutidas e aprofundadas em
momentos de ATPC e outras reuniões externas articuladas pelo próprio grupo
docente.
Cabe ainda destacar que as parcerias firmadas não devem se restringir
somente àqueles professores que já possuem o hábito de realizarem trabalhos
conjuntos, nem tampouco somente à proximidade existente entre algumas áreas
de conhecimento, tais como matemática e física ou história e português, mas
buscar ter ousadia e enxergar links e conexões não óbvias poderá ser
extremamente gratificante e produtivo para o resultado da MPD.
As atividades constantes da MPD, conforme definido pelos atores sociais
envolvidos foram: Salas Temáticas, Oficinas e o Concurso de Curtas.
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3.3 ESTRUTURAÇÃO DA MPD
No que diz respeito à sua estruturação é necessário compreender que a
Mostra de Produção Discente é, por vezes, um instrumento através do qual se
dá o processo de construção de conhecimentos e aprendizagens, cuja
materialidade se demonstra nos dias de apresentação da Mostra em si, e tão
importante quanto o “produto” final alcançado é também o caminho percorrido
para que se chegue até ele.
Nesse sentido, a estruturação da MPD compreende o que se denominou
de “Salas Temáticas”, “Oficinas” e “Concurso de Curtas”. No que diz respeito às
Salas Temáticas, seus contornos dependem das parcerias firmadas entre os
professores e seus pares e cuja proposição de trabalho é posteriormente feita
aos estudantes. Assim, as salas temáticas constituem-se fisicamente em salas
de aulas, cujo layout de disposição do mobiliário – basicamente carteiras e
cadeiras – são alterados de maneira a facilitar a livre circulação dos visitantes
nos dias das apresentações. Toda a potencialidade do espaço é explorada,
desde as paredes que servem de sustentação aos painéis e cartazes nelas
afixadas, como as carteiras que sustentam as maquetes elaboradas, ou até
mesmo o teto e chão que são utilizados para dar ampla visibilidade de todo o
material produzido pelos estudantes. As Salas Temáticas abertas na III MPD
constam relacionadas no quadro a seguir:
1. A História da Matemática 7. Pesquisas Sociológicas
2. Aquecimento e Clima 8. Pesquisas Sociológicas - Homofobia
3. Bexiga - um bairro afro-italiano 9. Pluralidade Cultural
4. Debate em Ação 10. Sarau Literário
5. Matrizes Energéticas 11. Visita a Paranapiacaba
6. Mobilidade Urbana
Quadro 1 – Salas Temáticas abertas na III MPD.
As Oficinas compreendem atividades de caráter prático, que são
ministradas por duplas ou pequenos grupos de professores e/ou alunos em
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diferentes ambientes da escola, apresentando duração de aproximadamente
uma hora e trinta minutos, o correspondente à duração de duas aulas.
Cabe destacar que as Oficinas se constituem em uma forma de expressão
de diferentes parcerias estabelecidas, seja ela uma parceria professor-professor,
professor-aluno ou aluno-aluno, visto que os próprios alunos, atuando como
alunos colaboradores, trazem para a escola conhecimentos e saberes adquiridos
em suas práticas profissionais para partilhar nas diferentes Oficinas oferecidas
a todos aqueles que demonstrem interesse no tema abordado.
No âmbito educacional, a articulação entre teoria e prática encontra na
metodologia das oficinas pedagógicas um recuso oportuno. De acordo com
Vieira (2002, p.11), uma oficina é uma modalidade de ação que necessita
promover a investigação, a ação e reflexão, de modo a garantir a unidade entre
teoria e prática. Assim, neste trabalho a oficina pedagógica é caracterizada como
uma forma de construir conhecimento a partir da ação e da reflexão.
As Oficinas oferecidas na III MPD constam relacionadas no quadro a
seguir:
1. Aromaterapia 7. Expressão, Arte e Inclusão - o poder
da comunicação
2. Saúde e Beleza 8. Mesa redonda - Tema: Imigração
3. Confecção de Instrumentos
Musicais 9. Origami
4. Contação de Histórias 10. Releituras de Obras de Arte
5. Cozinha Sustentável 11. Sarau Literário
6. Eletricidade Atmosférica
Quadro 2 – Relação das Oficinas ofertadas na III MPD.
Já o Concurso de Curtas foi criado para permitir a integração das TIC
presentes no cotidiano dos estudantes com a escola valendo-se dos temas
propostos, possibilitando aos estudantes utilizarem-se das tecnologias para
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expressarem seus olhares e conhecimentos dos temas propostos. O concurso
deve contar com regulamento, estabelecimento de datas, inscrições, comissão
julgadora e premiação para dar clareza sobre o concurso e estimular a
participação de um maior número de estudantes, bem como valorizar os
trabalhos realizados.
Sugere-se para a organização do concurso que as inscrições dos
participantes e o envio dos materiais se deem por meio de formulário criado no
próprio Google drive e também de uma conta de e-mail aberta para este fim.
É ainda recomendável estimular os estudantes a participarem do
concurso para que a atividade tenha a adesão mínima necessária, deixando
claras as normas, os prazos, além de criar uma comissão julgadora composta
por docentes de diferentes áreas.
3.4 TEMPOS E ESPAÇOS
Os tempos e espaços necessários à realização da MPD não se restringem
à duração de uma aula de quarenta e cinco minutos nem às quatro paredes da
sala de aula. Ao contrário, busca-se ampliar o tempo de realização do projeto
para que este dure todo o semestre letivo e se utilize de ambientes que
habitualmente não são utilizados com tanta frequência pelos estudantes da EJA,
principalmente quando estes estudam no período noturno. Assim, os estudantes
podem explorar e se apropriar de ambientes, tais como: a quadra de esportes, o
refeitório, o teatro da escola, o laboratório de informática e a sala de leitura, por
exemplo.
Quanto aos temas propostos para Concurso de Curtas estes constituíram-
se em: 1) Patrimônio artístico, histórico e arquitetônico da cidade, material ou
imaterial; e, 2) O impacto da Ciência e Tecnologia no cotidiano de uma grande
metrópole.
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Figura 1 – Sala de leitura da Escola Rodrigues Alves onde foi realizada uma das Oficinas na
MPD.
Figura 2 – Teatro Escola Rodrigues Alves onde foi realizado o Sarau Literário - uma das Salas
Temáticas abertas na MPD.
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Figura 3 – Sala de aula onde foi aberta a Sala Temática de Mobilidade Urbana.
Figura 4 – Laboratório de Informática da Escola Rodrigues Alves onde foi realizada a Oficina de
Geogebra.
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Figura 5 – Pátio da Escola Rodrigues Alves onde foi realizada a cerimônia de Abertura da MPD.
3.5 EIXOS ESTRUTURANTES
Os eixos estruturantes da MPD constituem-se no Educar pela Pesquisa
como um princípio educativo e na tríade Ciência-Tecnologia-Sociedade,
permitindo a apropriação dos espaços pelos discentes, apoiando-se no trabalho
interdisciplinar realizado pelos docentes, buscando a valorização dos
estudantes, almejando contribuir para a formação cidadã destes por meio de
uma proposta CTS. Nesta proposta as ligações entre a tríade Ciência-
Tecnologia-Sociedade são exploradas em sala de aula por meio de leituras e
discussões realizadas em sala de aula, além das reflexões e reformulações
possibilitadas.
Neste sentido, faz-se relevante apresentar os temas propostos aos
estudantes do Ensino Médio a partir da disciplina de Física, conforme é possível
observar nos quadros a seguir:
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Temas propostos aos estudantes do 1. ano do Ensino Médio
1. Redução das velocidades máximas nas marginais e outras vias de acesso da
cidade
2. Congestionamento e frota de carros
3. Poluição emitida pela frota movida à combustão
4. Tração animal: o que diz a legislação?
5. Implementação de ciclovias na cidade de São Paulo
6. Evolução dos meios de transporte e suas implicações na sociedade
7. Taxis versus Uber – conflitos existentes entre os meios convencionais e os
novos meios de transporte associados às novas tecnologias
8. Qualidade das vias públicas, sinalização e segurança
9. Fontes de energia que produzem ou alteram os movimentos dos veículos
10. A importância da tecnologia nos meios de transporte e seus impactos para a
sociedade
Quadro 1 – Temas propostos para a abordagem da Temática Mobilidade Urbana.
Temas propostos aos estudantes do 2. ano do Ensino Médio
1. O Aquecimento Global e suas consequências para o meio ambiente
2. A Revolução Industrial e a emissão dos GEE (Gases de Efeito Estufa)
3. Poluição do ar: um gerador de problemas – suas implicações ao patrimônio
arquitetônico das grandes cidades
4. As cidades e os impactos ambientais decorrentes das grandes aglomerações
5. Protocolo de Kyoto e os percursos dos acordos internacionais até os dias
atuais
6. Consumo e consumismo: contribuições dos hábitos individuais e coletivos para
a degradação ambiental e o Aquecimento Global
7. O Aquecimento Global e o mercado dos créditos de carbono
8. Produção e consumo de alimentos e os efeitos ambientais
9. A qualidade do ar nas grandes metrópoles e os impactos biológicos para a
saúde das pessoas
10. As ecovilas e os novos arranjos sociais
Quadro 2 – Temas propostos para a abordagem da Temática Aquecimento Global.
KELLY CRISTINA BARUTI
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
Temas propostos aos estudantes do 3. ano do Ensino Médio
1. O programa nuclear brasileiro
2. As diferentes matrizes energéticas em diferentes países
3. A importância da Tecnologia na geração de energia elétrica e os principais
impactos para a Sociedade
4. Geração, transmissão e distribuição de energia - o exemplo de uma usina
hidrelétrica
5. Entendendo a energia elétrica e a conta de luz mensal: o que são as bandeiras
tarifárias e como se dá a distribuição do custo total de energia?
6. Uso consciente e racional de energia
7. Normas de eficiência energética e selos alocados nos equipamentos
8. Vantagens e desvantagens das fontes de energia renováveis
9. Vantagens e desvantagens das fontes de energia não renováveis
10. Pequenas centrais hidrelétricas (PCH) no Brasil
11. Emissão de CO2 por fontes energéticas no Brasil
Quadro 3 – Temas propostos para a abordagem da Temática Matrizes Energéticas.
Assumindo a educação como obra coletiva (DEMO, 1997), a ideia básica
é a de dividir o conhecimento para crescer, de trocar experiências e ajudar uns
aos outros, negando o individualismo imposto pela sociedade e adaptando-se
aos mais variados grupos.
Deste modo, dadas as possibilidades e relevância que o Educar pela
Pesquisa oferecem à formação cidadã, bem como à Alfabetização Científica e
Tecnológica (ACT) dos educandos, entende-se que esta metodologia seja de
extrema relevância para o deslocamento do papel desempenhado pelo
educando no seu próprio aprendizado, fazendo com que este assuma o
protagonismo do processo no qual está inserido, tornando relevante e
significativo o ensino de Física e da área de Ciências para o público da Educação
de Jovens e Adultos, além de destacar as relações existentes entre Ciência-
Tecnologia-Sociedade, bem como seus impactos e relações com o meio
ambiente.
KELLY CRISTINA BARUTI
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
4 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR
A MPD apresenta uma natureza interdisciplinar e prescinde da
participação e engajamento não apenas do professor da disciplina com seus
alunos, mas também com todo o restante da equipe envolvida no processo
educativo, com destaque para o corpo gestor.
Como sugestão: o professor deve considerar a possibilidade de discutir a
realização da Mostra de Produção Discente em sua escola já no Planejamento
escolar no início do ano letivo ou no replanejamento, em caso de cursos
semestrais. Assim é possível avaliar as parcerias mais interessantes de serem
firmadas junto aos demais professores em outras disciplinas e propor um
cronograma de atividades já considerando os demais eventos existentes dentro
da Instituição, tais como: aplicação de avaliações, realização de conselhos de
classe, eventos comemorativos, etc.
Os problemas que podem ocorrer na realização da MPD são provenientes
da falta de planejamento e acompanhamento das ações definidas, da
indisponibilidade de recursos e materiais necessários à execução das atividades,
assim como a falta de diálogo entre os envolvidos e a concordância e apoio do
corpo gestor.
Dada a dinamicidade do instrumento e dos atores sociais envolvidos,
independentemente do tamanho da escola, recomenda-se que a MPD seja
encarada como um projeto com começo, meio e fim. Desta forma, a articulação
do projeto se levada a cabo pelo coordenador pedagógico com a implantação de
um plano de ação indicando de forma ampla e clara a todos os envolvidos “o
que”, “como”, “quando”, “onde”, “por quem” e “quanto custará”, visto que isto
facilitará a comunicação, mitigando riscos e eventuais problemas.
KELLY CRISTINA BARUTI
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na elaboração deste produto procurou-se trazer a utilização da MPD
como um caminho possível ao desenvolvimento de valores e construção de
conhecimentos, inicialmente em Física sob o enfoque CTS, mas que
seguramente se estenderam para além das fronteiras da disciplina em questão,
a fim de apresenta-la como um instrumento de mobilização sócio educacional no
contexto da Educação de Jovens e Adultos, valendo-se dos resultados obtidos
durante a realização da pesquisa ao longo do mestrado.
Por esse motivo, socializamos neste produto a MPD, enquanto
instrumento de articulação social no contexto escolar, destacando que este
favoreceu nos alunos o desenvolvimento de atitudes investigativa, reflexiva e
crítica, tendo estas sido demonstradas em várias etapas do processo seja pela
curiosidade inicial no recebimento dos temas, pela desenvoltura e interações nas
apresentações e etapas preliminares à Mostra nos dias de sua realização ou
ainda pelas repostas apresentadas aos instrumentos de coleta de dados
utilizados na pesquisa.
As vivências experimentadas pelos estudantes por meio do processo de
elaboração da III MPD oportunizou a estes se manifestarem em sala de aula,
conferindo-lhes voz e opinião própria no ambiente escolar, e quiçá, para além
dele. Exemplo desta manifestação pode ser identificada pelo encaminhamento
dos estudantes ao Conselho de escola de uma solicitação para criação de um
bicicletário, visando uma melhor utilização da ciclovia existente nas imediações
da escola.
A III MPD possibilitou ainda que os estudantes pudessem reconhecer a
própria autoria nos trabalhos gerados, muito embora evidencie-se que este
aspecto necessite ser melhor trabalhado e, assim, valorizar os processos e
relações estabelecidas como essenciais para sua aprendizagem.
O resultado da prática diferenciada contribuiu para o despertar de uma
mudança de atitude dos atores sociais envolvidos, muito em função da confiança
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
depositada nos estudantes, da valorização de suas experiências, vivências e
saberes para que pudessem enxergar a educação de jovens e adultos como um
caminho de possibilidades, como uma retomada de uma trajetória interrompida
e/ou descontinuada por diferentes motivos da vida e encontrar na sala de aula
um ambiente positivo, dialógico e afetivo.
As resistências iniciais foram aos poucos sendo superadas e os
problemas encontrados foram gradativamente resolvidos, em uma
demonstração clara de maturidade e exercício da autonomia, além de uma
evolução no enfrentamento dos problemas.
Portanto, a elaboração da MPD e sua aplicação no contexto escolar
representa nossa contribuição a partir da pesquisa realizada no mestrado, com
o objetivo de favorecer um espaço de construção de uma proposta pedagógica
integrada com a pesquisa, estimular os atores envolvidos no processo educativo
da EJA a assumirem um papel ativo e de promover ações autônomas, críticas e
reveladoras de comprometimento e envolvimento com o estudo, criando
oportunidades aos estudantes para que se manifestassem em sala de aula,
favorecendo a estes terem voz e opinião própria neste ambiente e para além
dele, além de possibilitar aos estudantes reconhecerem a própria autoria nos
produtos gerados, valorizando os processos e as relações estabelecidas como
essenciais para sua aprendizagem e o desenvolvimento de valores, como a
solidariedade e o respeito mútuo.
KELLY CRISTINA BARUTI
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
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KELLY CRISTINA BARUTI
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