morte súbita de atletas jovens

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Escola Secundária de Bocage Curso de Técnicos de Apoio à Infância Turma I do 10º ano Disciplina: Educação Física Professor/a: Paula Pereira Realizado por: Ana nº1 Bruna nº5 Fábio nº8 Vânia nº 23 Título do trabalho “Morte Súbita em atletas de alta competição”

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Page 1: Morte súbita de atletas jovens

Escola Secundária de Bocage

Curso de Técnicos de Apoio à Infância

Turma I do 10º ano

Disciplina: Educação Física

Professor/a: Paula Pereira

Realizado por:

Ana nº1

Bruna nº5

Fábio nº8

Vânia nº 23

Título do trabalho

“Morte Súbita em atletas de alta competição”

19 de Março de 2009

Ano lectivo 2008/2009

Page 2: Morte súbita de atletas jovens

Índice

Introdução..........................................................................................................11. Morte Súbita – O que é ?..............................................................................2Como acontece ?..............................................................................................2Curiosidade – O primeiro caso de morte súbita.............................................32. Morte súbita de atletas jovens.....................................................................43. As causas – Análise ao pormenor...............................................................4

3.1 Anormalidades estruturais......................................................................53.2 Displasia Arritmogénica Ventricular Direita..........................................63.3 Miocardite.................................................................................................63.4 Síndroma de Marfan.................................................................................73.5 Uso de Drogas..........................................................................................8

4. Quem está em risco?....................................................................................85. Prevenção......................................................................................................96. Desfibrilhador – O instrumento que salva vidas........................................9

6.1 O que é a desfibrilação automática externa?......................................106.2 A importância da desfibrilação.............................................................106.3 Como funciona?.....................................................................................116.4 Quando usar o DEA?.............................................................................11

7. Estudos e números.....................................................................................128. Atletas – Profissão de risco ?....................................................................14

8.1 Morte súbita em Portugal......................................................................1410. Casos de morte súbita em atletas de alta competição..........................15Conclusão........................................................................................................17Netgrafia...........................................................................................................18

Page 3: Morte súbita de atletas jovens

Introdução

Neste trabalho realizado no âmbito da disciplina de Educação Física,

pretendemos dar a conhecer um tema específico que nos últimos tempos e

pelas piores razões tem dado muito que falar. A morte súbita em atletas jovens,

são casos que fazem não só o desporto pensar, como também a medicina em

geral.

Atletas jovens, aparentemente, em perfeitas condições de saúde

acabam por sucumbir em pleno decorrer de uma actividade desportiva.

Tentaremos dar a conhecer as principais causas de morte súbita, a sua

definição, os modos de prevenção e algumas estatisticas importantes para

perceber melhor um tema muito complicado e com respostas, às vezes, pouco

conclusivas

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Page 4: Morte súbita de atletas jovens

1. Morte Súbita – O que é ?

A morte súbita define-se como uma

morte que ocorre inesperadamente, tanto

em pessoas doentes, como sadias. A morte

dá-se durante a primeira hora, entre o início

dos sintomas até ser constatado o óbito.

Contudo, é apenas considerado morte

súbita quando não são encontrados sinais

de violência ou trauma.

No caso de uma pessoa que for

encontrada morta entre as 24 horas depois

da última vez em que foi vista com vida,

também é considerado como sendo uma

morte súbita.

Na grande maioria dos casos de morte súbita nos atletas acontece devido a doenças de

coração. Podem ser doenças congénitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, provocadas

por reflexos nervosos, tóxicos ou por excesso de actividades físicas.

No passado, as mortes súbitas eram todas as que aconteciam de surpresa, sendo assim

mortes inexplicáveis.

Com o avanço da medicina e dos conhecimentos dos médicos, como a realização de

exames nos corpos das pessoas que morrerem repentinamente, o esclarecimento destas

mortes vai-se aumentando.

Ao assistirmos a mortes súbitas, podemos verificar que a vítima se estiver de pé,

inclina-se para a frente, dobra levemente os joelhos, antes de cair no chão, sem qualquer

reacção. Isto é útil saber a fim de socorrerem a pessoa, pois nos minutos iniciais ainda existe

possibilidade de salvamento. No entanto, é preciso seguir-se certas regras para este

procedimento. Deve-se ser rápido e eficaz, o que exige treinamento, recurso a medicamentos e

aparelhos à disposição, e pessoas capacitadas para os usar. É um detalhe observado, visto

que as quedas dos atletas podem ser simulados, justificáveis, e na pior das hipóteses fatais.

Como acontece ?

A maioria dos casos de morte súbita é provocada por arritmias do ciclo cardíaco. A

fibrilação ventricular (é um tipo de arritmia cardíaca), que costuma ser precedida de taquicardia

ventricular (insuficiência cardíaca provocada pela redução da pressão arterial). Sinusais

Também os bloqueios aurículo ventriculares e paradas Sinusais. A consciência.

Todas estas arritmias levam a uma queda do rendimento cardíaco, faltando sangues no

cérebro, que em poucos segundos faz com que a pessoa perca a consciência. Estas arritmias

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Page 5: Morte súbita de atletas jovens

cardíacas, e as consequentes mortes súbitas, podem resultar da soma de factores que as

provocam. Cada vez é mais frequente morte súbitas em pessoas tidas como sadias quando

estão em efeito de cocaína ou Ecstasy. Neste caso, a morte súbita pode ser explicada pelo

efeito tóxico destas drogas sobre o coração, devido ao efeito vasoconstritor sobre as

coronárias, a juntar o esforço da actividade física. Também podem ser provocadas por reflexos

vagais, que é o caso de traumatismos nos testículos, ou os socos no chamado plexo solar,

normalmente é provocada esta morte em praticantes do boxe.

Um traumatismo no tórax, na altura do

precórdio, pode causar a morte. Um exemplo disso

são os jogadores de futebol, quando a bola lhes

bate no peito, exactamente no momento em que o

coração termina a sístole – o sangue refluindo e

distendendo a válvula aórtica. Se neste preciso

momento dá-se um impacto violento da bola no

peito, pode dar origem a laceração desta válvula.

Dai a que seja recomendado aos jogadores

usarem camisas forradas.

Também os medicamento que podem passar como

inocentes, que é o caso dos descongestionantes

nasais ou os usados para emagrecer, como também os que actuam no sistema nervoso e

aqueles que servem para tratar doenças cardíacas podem dar origem a arritmias graves, que

por sua vez levam a morte.

A prática de esforços extremos também pode estar ligada à morte súbita. Tudo

depende nas condições em que a pessoa se encontra, se houver alguma doença, tais como as

de coração, ao exercerem demasiado esforço, essa pessoa pode vir a morrer.

Curiosidade – O primeiro caso de morte súbita

Caso: Herói grego, o soldado Filipides, patrono da

maratona que, em 490 antes de Cristo, depois de correr os

42 quilómetros para participar ao seu chefe, Milciades, a

notícia da vitória dos gregos sobre os persas, na batalha

de Maraton, deu a notícia e caiu morto. Foi uma morte

súbita que, na época, emocionou os guerreiros gregos, e

que até hoje a humanidade lembra.

Se for verdadeira, a lenda de Pheidippides -- que

morreu após correr da cidade de Maratona até Atenas

para avisar da vitória dos gregos -- além de ter dado origem a essa prova olímpica, pode ter

sido a primeira morte súbita de atletas registrada.

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Page 6: Morte súbita de atletas jovens

2. Morte súbita de atletas jovens

Dificil de se entender, complicado de explicar

Ultimamente, tem sido noticiado com

alguma frequencia a noticia de morte súbita de

atletas de alta competição. Quantos de nós já

lemos que um atleta jovem caiu em campo

durante um jogo, que está inanimado, que não

reage ou até mesmo que já está morto quando

chega a equipa médica? A morte súbita de um

jovem atleta assim como a morte de qualquer

pessoa jovem, é um acontecimento devastador.

Parece uma violação inexplicável da

ordem natural das coisas. Afinal de contas estes

atletas jovens estão em condição física excelente

e são um exemplo de saúde para todos nós. A

verdade é que estas mortes acontecem, e nos ultimos anos tem-se visto com uma maior

frequencia. Afinal o que está por trás destas mortes? O que impede um atleta de alto calibre,

de viver a sua vida caindo em pleno recinto desportivo? É um pouco complicado explicar, até

mesmo para os especialistas, devido à grande variedade de teorias, contudo existe um facto

que é comum a todos os casos de morte súbita. A origem da morte, passa pelo coração do

atleta.

3. As causas – Análise ao pormenor

A morte súbita de um

atleta de alta competição está

frequentemente relacionada a

algum tipo de problema no

coração.

A causa responsável

mais frequente de morte não

violenta de pessoas jovens é

conhecida como

Cardiomiopatia Hipértrofica

Obstrutiva (CMHO). E o que

acontece neste problema? Bem… é como se uma parede impedisse a passagem do sangue

com a frequencia necessária, daí o nome Obstrutiva. Mas vamos por partes. A Hipertofia ocorre

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Page 7: Morte súbita de atletas jovens

geralmente de forma fisiológica ou patológica e está associada ao aumento da demanda

funcional sobre um tecido ou uma célula do corpo, como no caso da mosculação ou da

hipertrofia cardíaca. É possivel ainda ocorrer Hipertrofia através de estimulos hormonais sobre

um determinado tecido como é o caso da Hipertrofia endometrial durante a fase estrogenica do

ciclo menstrual. Ainda assim, este caso é um pouco menos relevante visto que é apenas

associado ao sexo feminino. Os casos frequentes são os que estão, sem dúvida, relacionados

com a actividade física.

Assim, na CMHO, as paredes do coração ficam muito expessas devido à existencia de

uma Hipertrofia. Esta Hipertrofia

pode reduzir o volume do coração e

dificultar a ejecção do sangue que

sai do ventriculo esquerdo, que por

sua vez é aquele que bombeia o

sangue para todo o corpo. Com o

aumento da frequencia cardíaca

resultante de uma intensa actividade

física, existe também uma maior

exigencia de sangue por parte dos musculos e do cérebro. Num coração com Cardiomiopatia,

esta combinação de exigencia aumentada com diminuição de ejecção de sangue pode

conduzir a um problema de falta de fornecimento de óxigénio ao músculo cardíaco que por sua

vez é anormal o que leva frequentemente a uma alteração de ritmo cardíaco, geralmente fatal.

A CMHO é herdada dos país em cerca de 50%.

Pode manifestar-se em qualquer altura, sem aviso prévio, até cerca dos 35 anos de

idade. Os atletas portadores de CMHO com maior risco de morte súbita são os que carregam

consigo um histórico familiar de morte súbita, perda de consciencia prévia ou cuja pressão

arterial não sobe durante a actividade física. É possível em centros especializados realizar o

genótipo, ou seja uma verificação do conjunto de génes, dos vários subtipos de CMHO com

risco aumentado de morte súbita.

3.1 Anormalidades estruturais

Por vezes o coração e os grandes vasos ( artérias e veias ) não se desenvolvem

normalmente. Um bom exemplo é o caso das artérias coronárias. Estas artérias podem muitas

vezes ramificarem-se, originarem-se incorretamente ou simplesmente estarem ausentes.

Debaixo do esforço provocado pela actividade fisica, estas arterias podem não fornecer ao

coração as necessidades de volume e fluxo normal de sangue. A maioria destas patologias são

congénitas, ou seja, estão presentes desde o nascimento, contudo não são geralmente vísiveis

mesmo após um exame físico completo.

Anormalidades nas válvulas, do tecido conjuntivo da artéria Aorta, a principal do corpo

humano aliadas a uma grande dilatação desta mesma artéria, pode também resultar em morte

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Page 8: Morte súbita de atletas jovens

súbita, ainda que neste caso seja mesmo muito raro. Este caso é conhecido como o Sindroma

de Marfan.

A Displasia Arritmogénica do Ventrículo Direito, para muitos especialistas, é a causa

mais frequente logo a seguir à Cardiomiopatia Hipertrofica de morte súbita em atletas jovens.

Esta, tem também uma forte associação genética e tal como a CMHO, pode ser despistada

através de uma auscultção anormal, de um histórico familiar de morte súbita ou perda de

consciencia e ainda através de um Electrocardiogama sugestivo por exames de imagem.

3.2 Displasia Arritmogénica Ventricular Direita

A displasia arritmogénica do ventrículo direito

(DAVD) é uma miocardiopatia ventricular direita, que se

caracteriza por uma infiltração de tecido adiposo do

ventrículo direito e fibrose, levando à diminuição da

espessura da parede e dilatação da câmara cardíaca.

Afecta cerca de 6 em cada 10.000 indivíduos, só para se er

uma ideia da raridade deste problema, sendo mais comum

nos jovens adultos sem antecedentes cardiovasculares. Os

sintomas são variados como palpitações, arritmias,

dispneia, sincope. É a principal causa de morte súbita em

jovens depois da miocardiopatia hipertrófica.

Apesar de a maior parte dos casos aparecer

esporadicamente, cerca de 30% dos casos são herdados pelo que é extremamente importante

realizar um exame genético. Existem ainda métodos laboratoriais usados, mas apresentam na

sua maioria as memas limitações na detecção das doenças que os testes genéticos, não

permitindo detectar mutações dos genes em regiões intrónicas não flanqueadoras e alterações

complexas tais como delecções extensas, duplicações e inversões. Algumas das alterações

detectadas nestes genes poderão ser de significado funcional e clínico indeterminado.

3.3 Miocardite

É uma alteração inflamatória do coração que pode ser causada

por um simples vírus, como um síndroma gripal, e mais raramente por

outros agentes infecciosos. Pode resultar em doença aguda com

sintomas que se assemelham ao de uma gripe ou de uma constipacção

vulgar. A inflamação irrita o musculo do coração que após um esforço

ainda que moderado, pode levar a uma arritmia ventricular importante

que por sua vez pode resultar em morte súbita.

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Page 9: Morte súbita de atletas jovens

A acção de bombeamento do coração enfraquece e o coração não pode enviar para o resto do

corpo sangue rico em oxigenio. Este factor, pode levar à formação de coágulos conduzindo a

um potencial ataque cardíaco.

Os sinais e sintomas da miocardite podem variar, dependendo da causa e da

severidade da doença. Entre eles estão as dores no peito, as batidas do coração rápidas ou

anormais (arritmia), a diminuição da respiração, particularmente durante atividade física, a

retenção de fluidos, com inchar de pernas, tornozelos e pés e a fadiga excessiva.

Ainda assim existem outros sinais e sintomas que podem acontecer ocasionalmente como

perda súbita de consciência que pode ser associada com os ritmos irregulares do coração, dor

de cabeça, dor no corpo, febre, dores de gargante ou diarréia. A miocardite pode ser

acompanhada por pericardite. que é uma inflamação da membrana que cobre o coração

(pericárdio). A Pericardite pode causar dores muito agudas no centro do peito.

Um dos grandes problemas da Miocardite são as semelhanças que muitos dos sintomas têm

com um simples vírus como a gripe, por exemplo, não apresentando assim outros sintomas

notáveis e especificos. Assi, existem pessoas que podem estar doentes com os sintomas

gerais de uma infecção viral e nunca percebem que o coração está afectado, não procurando

ajuda médica e recuperarando na melhor das hipóteses sem saber que tiveram miocardite.

3.4 Síndroma de Marfan.

O caso de Sindrome de Marfan, é

mesmo muito raro, mas é também uma

hipótese em caso de morte súbita. É uma

doença genética associada a deficiências do

tecido conjuntivo que como se sabe

desempenha uma função de suporte nos

diversos órgãos do corpo. Como resultado, as

pessoas com esta doença apresentam

frequentemente anomalias sobretudo a nível

esquelético e cardiovascular. Os que são

afectados, apresentam alterações nas válvulas

cardíacas e uma dilatação da artéria aorta. As

complicações cardiovasculares mais

importantes em termos de risco de vida são os aneurismas da aorta e as dissecções da aorta.

Para dar uma ideia de como este caso é raro, podemos afirma que 1 em cada 5000 pessoas,

possui este Sindroma de Marfan

Pessoas com este sindroma, correm o risco de rasgar ou romper a artéria Aorta

durante a actividade física ou mesmo em repouso, ainda que aqui o risco seja um pouco

menor. Este sindroma tende a ser mais frequente em algumas famílias pois existe defeito

genético.

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Page 10: Morte súbita de atletas jovens

3.5 Uso de Drogas

A Cocaína e outros estimulantes têm efeitos

distintos e prejudiciais no coração e normalmente

constituem também uma das causas de morte súbita

em atletas de alta competição. Estas substancias

podem desencadear espasmos das artérias

coronárias e podem causar redução súbita do fluxo

de sangue ao próprio coração o que provoca

isquemia e como tal, levar a perturbações de ritmo

cardíaco.

O abuso de drogas a longo prazo pode

hipertrofiar (espessar) e/ou bloquear as artérias

coronárias, normalmente danificando o músculo do

coração formando um tecido de cicatriz semelhante

ao visto em pessoas mais velhas com doenças de

artéria coronária tradicional do tipo aterosclerótico.

4. Quem está em risco?

Os atletas que normalmente morrem durante o exercicio desportivo, seja ele amadora

ou de competição, parecem estar em condição físicas excelentes. De facto, em cerca de 75%

destes casos, nem o atleta nem a família se apercebem de qualquer problema de saúde que

lhe possa custar a vida. Contudo as vítimas de morte súbita apresentam normalmente alguns

factores de risco que se deve ter em conta. São eles:

Histórico familiar de:

Morte súbita enquanto jovem (antes dos 40 anos);

Doenças de coração;

Perdas de consciência (síncopes);

Tonturas ou perdas de consciência durante o exercício físico;

Dores toráxicas durante o esforço;

Palpitações associadas ao esforço;

Electrocardiograma anormal.

5. Prevenção

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Page 11: Morte súbita de atletas jovens

Realizar um "Screening"

cuidadoso de modo a conhecer toda a

história clínica e familiar, bem como a

realização de exames físicos, com

particular evidência para a auscultação

cardíaca cuidadosa, são os primeiros

passos para a prevenção da morte

súbita em atletas jovens.

Se o historial clínico ou o exame

físico do atleta revelarem qualquer

problema suspeito, um eletrocardiograma e, possivelmente um ecocardiograma e/ou um teste

de esforço podem ser apropriados.

A prevenção da morte súbita em pessoas jovens é um desafio. A sociedade pode

ajudar, desde que seja educada e preparada para práticas de ressuscitação cardiopulmonar,

que muitas das vezes pode mesmo salvar vidas, nomeadamente a utilização rápida e eficiente

de um disfibrilador portátil.

6. Desfibrilhador – O instrumento que salva vidas

Um desfibrilhador é um equipamento

electronico cuja função é reverter um quadro de

fibrilhação auricular ou ventricular.

No caso das mortes súbitas em atletas jovens,

fala-se em desfibriladores automáticos externos.

Recomenda-se então que estes estejam disponíveis

em locais onde exista uma grande concentração de

pessoas, como por exemplo, um estádio desportivo.

Recomenda-se, ainda, que cada vez mais pessoas

sejam treinada para o uso deste aparelho de acordo

com os seus procedimentos.

Existem diferentes modelos de aparelhos sendo que seguidamente, daremos uma

visão geral dos mesmos.

6.1 O que é a desfibrilação automática externa?

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Page 12: Morte súbita de atletas jovens

A desfibrilação cardíaca é um

procedimento de atendimento pré-

hospitalar que, hoje em dia pode salvar

inúmeras vidas de pessoas vítimas de

paragem cardiorrespiratória.

A desfibrilação pode ser definida

como o uso terapêutico do choque elétrico

de corrente contínua, com grande

amplitude e de curta duração, aplicado no

tórax ou diretamente sobre o miocárdio.

Durante uma actividade eléctrica cardíaca

irregular, a desfibrilação despolariza todas as células cardíacas, permitindo o reinício do ciclo

cardíaco normal, de forma organizada ao longo de todo o miocárdio.

6.2 A importância da desfibrilação

Nos casos de paragem cardíaca

súbita, o ritmo mais frequentemente

observado é a fibrilação ventricular, onde o

único tratamento realmente eficaz é a

desfibrilação eléctrica. É importante

lembrar que a probabilidade de sucesso na

desfibrilação decai rapidamente com o

passar do tempo e a fibrilação ventricular

tende transformar-se em assistolia em

poucos minutos.

Assim podemos afirmar que, em caso de paragem cardíaca, a desfibrilação deve ser

realizada o mais precocemente possível. Além disto, é importante saber que no caso da

fibrilação ventricular, muitos adultos podem sobreviver neurologicamente, mesmo se os

desfibriladores forem utilizados tardiamente, após 6 a 10 minutos.

A Ressuscitação Cardio Pulmonar (RCP), realizada enquanto se espera pela

desfibrilação, prolonga a fibrilação ventricular e conserva o miocárdio e o cérebro, sendo

contudo impossivel converter uma fibrilação ventricular em ritmo regular.

Obviamente o sucesso da desfibrilação depende das condições metabólicas do

miocárdio. Quanto maior a duração da fibrilação ventricular, maior a deterioração metabólica e,

conseqüentemente, menores são as hipóteses de um choque elétrico converter a fibriliação em

ritmo regular. Ainda assim se a mesma for de curta duração, como nos casos de paragem

cardíaca rapidamente atendida por pessoal treinado em suporte básico, quase sempre a

resposta ao choque é positiva.

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Page 13: Morte súbita de atletas jovens

Fora do ambiente hospitalar, saber como se proceder pode fazer a diferença. O uso

dos desfibriladores automáticos externos por pessoal não especializado tem sido cada vez

mais difundido.

6.3 Como funciona?

Podemos dizer que o

desfibrilador automático externo é um

equipamento electrónico que permite

aplicar choques no coração da vítima.

Sabemos que o objectivo desses

choques é restabelecer o ritmo

cardíaco normal. Estes equipamentos

possuem umas “pás adesivas” que ao

conectarem-se com o tórax da vítima,

transmitem o sinal eléctrico vindo do

coração para análise do ritmo cardíaco

determinando também e

automaticamente o choque a ser aplicado. O aparelho possui ainda um gravador que registra o

eletrocardiograma e as informações sobre o choque emitido.

A American Heart Association (AHA) reconheceu a importância da desfibrilação

precoce como factor crítico, comprovando que este procedimento aumenta significativamente

as chances de se restabelecer os batimentos cardíacos após uma paragem súbita. Assim

sendo, a AHA desenvolveu a idéia da Corrente da Vida, formada pelos seguintes elos e que

devem estar fortemente ligados:

Avaliação da vítima;

RCP precoce;

Desfibrilação precoce;

Suporte cardíaco avançado.

6.4 Quando usar o DEA?

Sempre que o coração torna-se arrítmico, ou seja, quando perde a possibilidade de

bater de forma ordenada, o sangue deixa de ser bombeado e consequentemente o oxigenio e

nutrientes não chegam aos órgãos, iniciando um processo degenerativo conhecido como morte

biológica.

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Page 14: Morte súbita de atletas jovens

Sabemos que a fibrilação ventricular é a arritmia

mais comum encontrada nos casos de parada

cardiorrespiratória em adultos.

A taquicardia ventricular é a segunda forma de

arritmia mais comum e que também compromete a

eficiência cardíaca.

Hoje em dia, é de comum acordo que a

desfibrilação elétrica, é um factor muito importante para

a sobrevivência, sendo que a rapidez com que se aplica

o tratamento, assume uma importância ainda mais

proponderante.

Por isso, o DEA deve ser utilizado, só e apenas, se forem encontradas as seguintes

circunstâncias:

Vítima inconsciente;

Ausencia de respiração;

Ausencia de pulsação cardíaca

Os três primeiros choques são dados numa seqüência de 200-300-360 joules ou 200-

200-360 joules. Todos os choques dados além desta seqüência serão depois de 360 joules. A

equipa médica determinará depois no local o protocolo a ser seguido depois da desfibrilação,

sendo usual a remoção da vítima em direcção ao hospital

Caso a vítima volte a apresentar pulso, será necessário suporte avançado de vida,

segundo os protocolos do Advanced Cardiac Life Support (ACLS).

7. Estudos e números

Morte súbita é mais frequente nas actividades desportivas

intensas

A morte súbita de um jovem atleta tem o

impacto de um autentico terramoto. Não é todos

os dias que um desportista morre num estádio ou

em qualquer outro recinto. Ignorando-se muitas

vezes o que está na origem destas mortes ainda

para mais em pessoas que são aparentemente um

exemplo de saúde.

Num artigo publicado à meses no jornal "El

País, o cardiologista Araceli Boraita Pétrez diz haver dados sugerindo que "é maior o risco de

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Page 15: Morte súbita de atletas jovens

morte súbita durante a realização de uma actividade desportiva intensa". Nos desportistas,

acrescenta, a incidência é de 1,6 mortes em cada 100.000; nos não desportistas, fica-se pelos

0,75, comprovando assim a sua ideia.

As patologias que mais frequentemente levam à morte súbita são as cardiovasculares,

como já foi referido. São várias, mas há uma que se destaca das outras: cardiomiopatia

hipertrófica. É a número um, aquela que mais mata. De acordo com um artigo do prestigiado

“The New England Journal of Medicine”, ficamos a saber que 26% dos casos analisados foram

provocados por essa anomalia. De que se trata? Domingos Gomes, médico da UEFA, explica:

"O ventrículo esquerdo (aquele que bombeia o sangue para o corpo) apresenta-se

hipertrofiado".

Essa hipertrofia pode reduzir o volume do coração e dificultar a saída do sangue. Num

jogo - de futebol ou de outra modalidade - a frequência cardíaca aumenta, tal como cresce a

exigência de sangue para os músculos e cérebro. O cardiologista João Freitas, da Clínica

Capitólio, do Porto, explica que "num coração com cardiomiopatia, esta combinação de

exigência aumentada e a diminuição do efeito de bomba pode conduzir a um problema de falta

de fornecimento de oxigénio ao músculo cardíaco anormal, o que leva frequentemente a uma

alteração de ritmo cardíaco geralmente fatal". A cardiomiopatia hierpertrófica é herdada dos

pais em cerca de 50% dos casos e "pode manifestar-se desde o período pré-natal até cerca

dos 30 anos", acrescenta este especialista em Medicina Desportiva.

No dia 26 de Junho de 2003,

sob intenso calor, o futebolista

camaronês Marc-Vivien Foe tombou em

pleno relvado do Stade de France. Os

médicos fizerem tudo para o reanimar,

mas foram derrotados. Foe morreu. Na

altura, ninguém soube explicar porquê.

Especulou-se sobre a possibilidade de o

jogador poder ter sído vítima de "doping"

e não faltou até quem se interrogasse

sobre se alguns jogadores não são

escravos de uma "overdose"

competitiva. O mistério só seria

esclarecido duas semanas mais tarde: o jogador sofria de uma cardiomiopatia hipertrófica.

João Freitas aponta ainda outra causa muito associada às mortes inesperadas:

anormalidades estruturais. Segundo este especialista, "`às vezes, o coração e as artérias e

veias não se desenvolvem", a maioria delas presentes desde o nascimento. O problema é que

não são detectáveis com um exame clínico - e os futebolistas profissionais são sujeitos a um

acompanhamento médico que uma pessoa comum nem sonha ter. Domingo Gomes adianta

mesmo que "99% destes casos não são detectáveis por uma auscultação clínica". Por outro

lado, acrescenta, "8% destas mortes" não têm causas conhecidas.

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Page 16: Morte súbita de atletas jovens

8. Atletas – Profissão de risco ?

"Os atletas de alta competição têm um maior

risco de morte súbita do que o resto da população do

mesmo grupo etário". É assim que o médico Manuel

Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de

Cardiologia, nos explica o perigo de morte súbita em

atletas de alta competição. "Muitas vezes, a actividade

desportiva é levada ao excesso por estes atletas, eles

vão para além da sua capacidade física. O exagero e a

sobrecarga dos esforços físicos e emocionais

"desmascaram" perturbações que já existem no

coração e ocorre a morte súbita", explica.

Os exames de rotina não detectam muitas dessas perturbações, segundo Manuel

Carrageta, explicando que, habitualmente, só são diagnosticados com exames invasivos,

morosos e mais pormenorizados, quando há decisão médica de investigar os atletas. Existirão

também casos "em que os atletas, apesar de sentirem alterações como palpitações, falta de ar

ou tonturas não se queixam porque não as valorizam", admite também este cardiologista.

8.1 Morte súbita em Portugal

Em Portugal, as estatísticas sobre a morte de atletas não existem, mas sabe-se que

todos os anos ocorrem 25 mil enfartes do miocárdio entre a população em geral. E sabe-se

também que mais de 80 por cento dos casos de morte súbita que se verificam em pessoas com

mais de 35 anos, têm como causa "doenças coronárias".

Normalmente, acontece de repente e a grande maioria dos casos ocorre fora do

hospital, na rua ou em casa, o que impossibilita que a pessoa seja reanimada com a rapidez

necessária e os meios adequados.

O elevado número de doentes cardíacos em Portugal justifica, na perspectiva de

Manuel Carrageta a utilização de desfibrilhadores domésticos, prontos a utilizar em casa pela

família do doente (como já é corrente nos EUA) e, outros, automáticos que se possam usar nos

locais frequentados por grandes multidões, como, por exemplo, os estádios. É a luta da

comunidade contra a morte súbita", defende.

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Page 17: Morte súbita de atletas jovens

10. Casos de morte súbita em atletas de alta competição

Nos dias que correm, ainda se fala

de Miklos Feher. O hungaro que tombou em

pleno estádio D. Afonso Henriques, na

cidade berço de Guimarães, aquando um

jogo entre a sua equipa, o Benfica e o Vitória

local, é o caso de morte súbita que mais

marcou o desporto em Portugal. A morte de

Féher, em directo pela televisão, abalou o

país, chocando todos os que assistiam ao

jogo, quando viram o jovem avançado de 24

anos cair inanimado em campo. "Miki", em memória do qual o Benfica decidiu retirar a camisola

29, ainda foi transportado ao hospital, mas jamais recuperou a consciência. De acordo com a

autópsia, o avançado sofria de uma mal-formação cardíaca nunca antes detectada.

Contudo, e um pouco por todo o mundo o histórico de casos como o de Feher, é já um

pouco extenso, tendo ainda em conta que apenas falamos dos mais mediáticos.

Clement Pinault, do Clermont (segunda divisão francesa) tornou-se o mais recente caso, ao

sofrer um ataque cardíaco em Janeiro de 2009. O jovem defesa de 23 anos foi transportado

para o hospital, ficou internado em coma artificial, mas veio a falecer mais tarde.

À semelhança de Féher e dos demais casos de morte súbita, também Pinault não apresentava

quaisquer problemas médicos quando ingressou na equipa.

No recente historial de morte súbita no futebol profissional encontra-se também o

escocês Phil O'Donnell, ex-defesa e "capitão" do Motherwell, que faleceu a 29 de Dezembro de

2007, depois de desfalecer em campo.

O jogador da liga escocesa, que contava com 35 anos, morreu no hospital depois de

ter caído inanimado a 12 minutos do final do jogo com o Dundee United, quando se preparava

para ser substituído.

Quatro meses antes, a

tragédia abateu-se em Espanha,

com a morte de António Puerta,

defesa do Sevilha, que morreu

aos 22 anos, a 28 de Agosto, dias

depois de ter sido hospitalizado

em estado crítico na sequência de

várias paragens cardíacas

durante um jogo do campeonato

espanhol.

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Page 18: Morte súbita de atletas jovens

Um dia após a morte de Puerta, Chagwe Nsofwa, da Zâmbia, que jogava no Hapoel

Beer Sheva, da II divisão israelita de futebol, desmaiou durante o treino e, após várias

tentativas de reanimação, foi atendido no hospital, mas não resistiu e faleceu.

Agosto de 2007 estava a mostrar-se um mês fatídico, e no dia 30 foi a vez da morte

bater à porta do voleibolista francês Cedric Schlienger, de 26 anos. O jovem do Chaumont,

equipa da II divisão do voleibol francês, sentiu-se mal durante o treino e morreu a caminho do

hospital.

Em Portugal, registaram-se ainda, entre outros, os casos de Bruno Baião, júnior do

Benfica, que aos 19 anos recebeu um telefonema do empresário sobre um futuro contrato

profissional e, pouco depois, sofreu uma paragem cardio-respiratória, mas foi reanimado.

O jovem foi levado para o hospital onde veio a sofrer nova paragem e, após quatro dias em

coma profundo, morreu, a 15 de Maio de 2004.

Também Hugo Cunha, da União de Leiria, caiu inconsciente no relvado aos 28 anos,

vítima de paragem cardíaca, quando jogava com amigos, a 25 de Junho de 2005.

Cerca de 30 anos antes, a 16 de Dezembro de 1973, o luto atingiu em particular o FC Porto

com a morte de Pavão, médio de 26 anos, que sofreu uma paragem cardíaca aos 13 minutos

do jogo com o Vitória de Setúbal.

Em 2003, deu-se, talvez, o episódio mais marcante deste negro historial, por ter

ocorrido numa competição internacional organizada pela FIFA e com grande expressão

mediática.

A 26 de Junho, o camaronês Marc-Vivien Foé, de 28 anos, morreu em Lyon, França,

depois de cair no círculo central, numa das meias-finais da Taça das Confederações.

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Page 19: Morte súbita de atletas jovens

Conclusão

No final de um trabalho tão complicado devido ao próprio tema, o grupo

ficou com algumas noções, sobre a morte súbita em atletas jovens.

Percebemos agora quais as principais causas de morte súbita, tendo em conta

que o coração é quase sempre a origem do problema.

Ainda assim problemas como drogas ou anormalidades estruturais

podem estar também na origem deste problema.

Aprendemos a importancia do uso de um aparelho com as funções que

o desfibrilador apresenta, sabendo que muitas das vezes pode salvar uma vida.

Mais importante que ter o mecanismo, é precioso saber usá-lo. Conhecemos

alguns dos casos que afectaram o desporto mundial, bem como algumas

estatisticas muito importantes para perceber melhor este caso.

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Page 20: Morte súbita de atletas jovens

Netgrafia

http://www.pdic.com.br

http://www.genetest.pt

http://dossiers.publico.clix.pt

http://www.manuaisdecardiologia.med.br/MS/MS_Page349.htm

http://jfreitas.com.sapo.pt

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