morte e luto

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MORTE E MORTE E LUTO LUTO UM TEMPO PARA UM TEMPO PARA CHORAR... CHORAR...

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Page 1: Morte e luto

MORTE E MORTE E LUTOLUTO

UM TEMPO UM TEMPO PARA PARA

CHORAR...CHORAR...

Page 2: Morte e luto

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE

• A preocupação com a morte acompanhou a Humanidade desde os seus primórdios.

• Nas sociedades anteriores, os mortos eram presentes entre os vivos, eram enterrados em igrejas e acreditava-se piamente na ressurreição.

• Já desde o Homem Neandertal que se verifica a existência de sepulturas intencionais; de facto, a maioria das manifestações artísticas e monumentos deixados pelas populações ao longo da história relacionam-se com os mortos, ou de carácter funerário.

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• Na Idade Média, arraigada a um catolicismo ao pé da letra, acreditava-se cegamente que o morto, ficaria na sepultura a aguardar o juízo final, aquando seria julgado – simplificando a relação com a morte, e isso, de certa forma, banalizava a morte.

• Cerca de 50 pessoas, em cada 1000 morriam, e durante as pestes ou desastres naturais a taxa de mortalidade podia atingir os 40%.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

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• Até ao século XIX, a morte era um evento normal, previsto, às vezes desejado como fim tranquilo ao sofrimento. Cuidar de um familiar doente em casa, era uma experiência comum para adultos e crianças. Morrer era considerado para as pessoas como uma parte natural da vida. A morte era assim um acontecimento “familiar” presenciado por todos e por vezes logo de criança.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

Page 5: Morte e luto

• Antes a “morte boa” era a morte avisada, e a morte sem aviso era vista como vergonhosa; ao contrário dos pensamentos dos nossos dias em que a morte ideal é aquela que é rápida e não causa sofrimento; mortes repentinas eram desonrosas, pois não davam tempo à pessoa de se prepara para morrer, pedir perdão, fazer recomendações e despedidas.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

Page 6: Morte e luto

• Não havia medo de morrer mas de morrer só, se a morte era vista como algo natural e familiar, podemos pensar que era mais fácil enfrentá-la.

• Por esta altura surge em França o espiritismo, com os estudos de Alan Kardec, surgem também os muitos estudos de parapsicologia com intenção não religiosa de descobrir o que acontece quando morremos. Vê- se aí o desejo de unir vivos e mortos com objectivo de aliviar a dor causada pela separação.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

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• No decorrer do século XX até aos dias de hoje, o que se vê é um desejo que a morte passe despercebida, modificando o quotidiano o menos possível. Hoje morre-se só, a morte deixou de acontecer nas casas ao lado das famílias e amigos, e foi para os hospitais e unidades de cuidados intensivos, distanciando as pessoas da morte. A morte é vista como algo distante, como se pudesse ser inexistente. Rituais de despedida quase não existem mais.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

Page 8: Morte e luto

• Os avanços na medicina e no saneamento durante o século XX ocasionaram uma “revolução na mortalidade”, nos países industrializados as taxas de mortalidade anuais caíram para menos de 9%.

• Evitamos assim, falar da morte e quando a vivenciamos, entramos em contacto com algo que nos é pouco familiar.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

Page 9: Morte e luto

• À medida que os avanços na saúde mantinham as pessoas vivas por mais tempo, a morte – mesmo de pessoas mais velhas – passou a ser considerada como fracasso do tratamento médico em vez de fim natural da vida.

• Actualmente, questão fundamental é a valorização da vida biológica. No entanto uma valorização individual em detrimento da valorização da vida colectiva. Esse é o preço de uma medicina que este elevando a média de vida para os 80 anos.

PERSPECTIVA HISTÓRICA DA MORTE (cont.)

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CONCEITOS DE MORTE

• Morte literalmente entende-se por: cessação definitiva da vida.

• André Malraux (1976), pensador francês, escreveu que a morte é um processo biológico natural e necessário. É condição indispensável à sobrevivência da espécie e fundamental para a “aventura humana na terra”. Através da morte a vida alimenta-se e renova-se. Desta forma a morte não seria a negação da vida, mas sim um artifício da natureza para tornar possível a manutenção da vida.

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• Assim podemos denominar de morte celular ou absoluta quando se considera que o organismo morrerá quando evidentemente morrem todas as células.

• A partir do século XX, graças às novas tecnologias as autoridades médicas pensaram a morte cerebral como a definição biológica de morte. A suspensão dos procedimentos médicos que mantêm o coração e os pulmões em funcionamento por longos períodos diante do diagnóstico de morte cerebral é problemática, levantando importantes questões éticas.

CONCEITOS DE MORTE (cont.)

Page 12: Morte e luto

• No entanto não é necessário que morram todas as células para que o organismo seja considerado definitivamente morto. Basta que tenham morrido aquelas partes do organismo que são indispensáveis para que ele funcione com as características essenciais do ser humano, é o que se chama de morte relativa ou cerebral.

CONCEITOS DE MORTE (cont.)

Page 13: Morte e luto

CONCEITOS DE MORTE (cont.)• Na morte intermédia há ainda resíduos de actividade biológica mas que já não são suficientes para unificar o organismo e fazê-lo viver como tal.

• Hoje em dia, fala-se também muito em “morte clínica”, usa-se para nos referirmos à morte que se pode verificar por testes médicos.

• A morte pode ser também classificada de natural e de acidental ou violenta, conforme é originada por alguma causa interna (doença, esgotamento ou deterioração da informação genética, causada pelo envelhecimento natural) ou externa (acidenta de trânsito, afogamento, agressão, etc.).

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CONCEITOS DE MORTE (cont.)• A seguir descreve-se o conceito de morte segundo a visão de alguns filósofos dos séculos XVII e XVIII, como forma de demonstrar a ambiguidade deste conceito:- O filósofo do século XVII, Descartes, disse que, em relação a um ser humano, existir é pensar; e que, em relação a um ser humano, não pensar é não existir. - Segundo Epicuro, a morte caracteriza-se pela ausência de sensações, pois o morto não sente. Seguindo este raciocínio a morte não deve ser boa nem ruim, na sensação. A morte é ausência das sensações, e estas representam a fonte de todo o prazer e de toda a dor, não pode haver nada de bom nem de ruim, nem de prazer nem de dor.

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Morte pode ser definida como sendo o cessar irreversível de:

• Do funcionamento de todas as células, tecidos e órgãos;

• Do fluxo espontâneo de todos os fluidos, incluindo o ar (“último suspiro”) e o sangue;

• Do funcionamento do coração e dos pulmões;

• Do funcionamento espontâneo de coração e dos pulmões;

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Morte pode ser definida como sendo o cessar irreversível de:

• Do funcionamento espontâneo de todo o cérebro, incluindo o tronco cerebral (morte encefálica);

• Do funcionamento completo das porções superiores do cérebro (neocórtex);

• Do funcionamento quase completo do neocórtex;

• Da capacidade corporal da consciência.

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Perda de um ente

querido?

Sentimentos

Sensações Físicas

Pensamentos

Comportamentos

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Sentimentos comuns no processo de perda:

Tristeza

Raiva

Culpa

Ansiedade

Solidão

Choque

Anseio

Alívio

Torpor

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Sensações Físicas sentidas após a perda:

Vazio no estômago

Aperto no peito

Nó na garganta

Hipersensibilidade ao barulho

Sensação de despersonalização

Fraqueza

Falta de energia

Page 20: Morte e luto

Pensamentos habituais após a perda:

Descrença

Confusão

Preocupação

Page 21: Morte e luto

Comportamentos manifestados após a perda:

Distúrbios do sono

Distúrbios do apetite

Isolamento social

Suspirar

Chorar

Guardar objectos que pertenciam à pessoa falecida

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Como é que crianças e adolescentes enfrentam a perda

Até aos 5 anos de idade, a morte é entendida

como sendo reversível.

Nos primeiros anos de escolaridade as crianças

começam a entender a morte como um processo

externo e inevitável.

Após os 10 anos, a morte é vista como um

processo interno que é permanente e universal.

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É importante que a criança absorva aspectos como:

Universalidade – todos vamos morrer;

Irreversibilidade – quando morre, não volta a viver;

Causalidade – morreu porque aconteceu alguma coisa.

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As crianças devem ou não participar em funerais?

O seu desejo deverá ser respeitado.

A participação neste ritual pode evitar ideias

distorcidas.

Page 25: Morte e luto

A criança necessita de alguém que a informe, escute e

compreenda para que a sua adaptação á perda se

elabore adequadamente.

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No caso dos adolescentes, a morte não é uma

preocupação imediata nesta fase da vida, faz parte

de um futuro longínquo.

Para o ajudar a fazer o seu luto devemos ouvi-lo e

deixar que exteriorize os seus sentimentos, não

interessa se de culpa, raiva ou simplesmente tristeza.

Page 27: Morte e luto

Evitamos falar sobre a morte

Não somos preparados para as perdas

Na nossa sociedade continua a existir o tabu da morte

PROCESSO DE LUTO

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São várias as circunstâncias na vida que podem ser causadoras do luto:

• perda física

• perda de posição social ou do estatuto profissional.

• perda de objectos e animais com elevado valor afectivo...

• perda causada pela morte

PERDA atribuição de uma elevada importância efectiva

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Luto é:

Uma experiência do nosso corpo do nosso espírito no sentido de nos libertarmos, com suavidade, de todos os laços de vinculação que mantínhamos com quem amávamos e de retomar nosso espaço de alegria e felicidade na vida; (…) é um período de tempo que necessitamos de viver, após a perda de uma pessoa que nos era muito querida, para que todos os momentos belos que com ela partilhámos se tornem em doces e suaves memórias.

(José Eduardo Rebelo)

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Processo de luto é:

• processo de transição e inevitável• adaptação à perda• influencia os indivíduos que rodeiam o sobrevivente• em apenas uma morte ocorrem múltiplas perdas• não acontece de forma linear• os episódios de “recaída” são comuns e esperados• é individual

O ritmo e o estilo de cada enlutado deve ser respeitado e compreendido.

Page 31: Morte e luto

O processo de luto tem sido descrito de acordo com diferentes modelos:

•Fases do luto•Tarefas do luto•Dimensões da perda•Processo Duplo

A compreensão destes modelos ajuda-nos a entender o seu impacto na pessoa enlutada.

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1. Fases do luto

John Bowlby utilizou a perspectiva Freudiana e teorizou que as

respostas ao sofrimento tinham raízes no instinto biológico

primário de pertença.

Esta tendência divide-se em 3 estádios:

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a)Torpor

• Choque• O enlutado pode sentir-se como se estivesse

desligado da realidade• A ausência da pessoa falecida é aparente em

tudo• Negação emocional da perda• O comportamento de procura é comum• O desespero instala-se quando se compreende

que a pessoa perdida não regressará• Desconcentração, raiva, culpa, irritabilidade,

ansiedade, inquietação e tristeza extrema

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b) Desorganização emocional

• Sensação de que o mundo parece vazio e desprovido de sentido• O enlutado sente-se profundamente agitado e desorientado• Manifesta ansiedade e medo, tristeza, agressividade• O sobrevivente pode viver episódios depressivos • Torna-se introvertido, isola-se do mundo, inclusivamente da família e dos amigos

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b) Desorganização emocional (cont.)

• Acaba por ficar triste e amargurado• Assimilação destas emoções• Sentimento de libertação em relação à perda• O desespero cede progressivamente o lugar à aceitação da perda• Aceitação com serenidade a perda resignando, com naturalidade os vínculos outrora gerados.

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c) Reorganização emocional

• Extinção da dor da perda

• Os antigos padrões de vida são abandonados

• Adoptam-se novos padrões sem a participação da pessoa falecida

• A pessoa em luto entra na fase de resolução ou reorganização

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• Ocorre a identificação saudável com o falecido

• Regresso a uma vida psicológica normal

A sequência do processo de luto apresentada, não é absoluta

c) Reorganização emocional (cont)

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2. Tarefas do luto

O luto também pode ser descrito como uma série de tarefas que se sobrepõem, a serem realizadas pela pessoa em luto

Este modelo confere mais ênfase aos aspectos cognitivo, social e comportamental do luto

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A adaptação à perda envolve 4 tarefas básicas:

a) Aceitação da realidade da perda

• O comportamento de busca

• Negar a perda

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b) Trabalho através da dor ou da mágoa

• Cortar com os sentimentos e negar que a dor está presente

c) Adaptação ao ambiente sem a pessoa falecida

• A estratégia de coping para redefinir a perda• Colocar em causa crenças e valores fundamentais

d) Recolocação emocional da pessoa falecida e prosseguir com a vida

• É essencial que o enlutado efectue estas tarefas antes do processo de luto estar completo

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3. Dimensões do luto

Este modelo centra-se na forma como o luto afecta todas as dimensões da vida.

Ele salienta que a perda exige muitas adaptações

a)Emocional• As emoções intensas são vulgares

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3. Dimensões do luto (cont.)

b) Social• A perda é sentida no quadro de uma rede social• Pode provocar mudanças no estatuto e no papel

c) Física• Os sintomas físicos são vulgares

d) Estilo de vida• A perda pode provocar mudanças importantes no estilo de vida

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e) Prática• A perda pode afectar a capacidade de adaptação aos aspectos práticos da vida diária

f) Espiritual• A perda pode afectar a identidade, a auto-estima e o sentimento do valor próprio

3. Dimensões do luto (cont.)

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4. Processo duplo

A maioria das pessoas lida com o luto oscilando entre enfrentar a dor e evitá-la

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Luto antecipatório

• Luto antecipatório - é a condição em que o indivíduo vive respostas à perda real ou potencial de uma pessoa, relação, objecto ou capacidade funcional antes da ocorrência dessa perda.

• As pessoas que vivem o luto, inicialmente negam a potencial perda.

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• Ocorrem mudanças nos níveis de actividade, sono e hábitos alimentares

• Estas manifestações são influenciadas por diversos factores, tais como, alteração dos processos familiares; o compromisso das interacções familiares; a rede de apoio, entre outros.

Luto antecipatório (cont.)

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LUTO PATOLÓGICO

Luto normal não necessita de tratamento

Se o individuo não fizer:•Desinvestimento no objecto perdido•Investimento em novos objectos

Quando o sujeito não realiza esta tarefa produz um luto patológico

Luto patológico tem duas razões de ser:• a relação não foi suficientemente vivida• o indivíduo prefere viver num falso pressuposto

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O luto patológico ou complicado pode apresentar:

• Reacções tardias depois da negação prolongada• Hiperactividade sem sentimentos de perda• Sintomas delirantes hipocondríacos iguais aos do paciente• Ideias delirantes paranóides ou de negação da morte do ser querido• Patologia psicossomática

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• Perda continuada das relações sociais• Depressão severa com sintomas de agitação• Condutas auto destrutivas• Outros

Algumas pessoas podem iniciar o processo de luto mas permanecer no mesmo, sem o resolver

O luto patológico ou complicado pode apresentar:

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O ENFERMEIRO PERANTE O LUTO

1. ACOMPANHAR A FAMÍLIA

É fundamental um trabalho de equipa, atento e disponível.

O apoio no luto é acompanhar desde o anúncio do diagnóstico até à morte.

O seguimento de luto corresponde às intervenções que se oferece após a morte do doente.

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Como pode o enfermeiro ajudar a família?

• Encorajar a que se digam palavras de amor e de carinho, a perdoar, a partilhar…• Fomentar a participação dos familiares e próximos nos cuidados de conforto ao doente. • Saber sugerir a intervenção da assistente social para resolver as situações precárias.• Tomar a iniciativa de uma presença atenta e discreta.

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O Dia do Óbito

Quando a morte ocorre na ausência dos familiares, deve-se informá-los das circunstâncias do óbito (hora, pessoa presente, etc).

É preciso ter cuidado com a apresentação do corpo, pode ser uma forma de ritual que ajude tanto os próximos como os prestadores de cuidados.

Acolher a família e acompanhá-la até junto do defunto é uma forma de atenuar a dureza do momento

O apoio é aceitar estar numa posição de testemunha.

É, afinal, dizer-lhes que se está ali se precisarem e saber deixá-los sós sem os abandonar.

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Finalmente, é importante para a equipa prestadora de cuidados não deixar partir a família sem lhe dizer adeus. É uma forma de terminar a relação. Os contactos posteriores tomarão uma outra forma.

O Seguimento do Luto

Convidar a família a voltar posteriormente é oferecer a oportunidade de retomar o contacto.

Não procurar consolar nem dar respostas, mas validar o que ela pode fazer e dizer.

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ACOMPANHAR OS OUTROS DOENTES E AS SUAS FAMÍLIAS

Convém que cada serviço encontre o seu estilo de ritual: bilhete na porta do quarto; bilhete num local comum; anúncio quando estão todos reunidos; vela acesa.

A partilha de sentimentos e de vivências com outras famílias permite já um trabalho de pré-luto.

Pode ser ainda uma ocasião para se familiarizar com a morte futura e para manifestar a sua solidariedade com os que já estão enlutados.

Prever locais de encontro entre famílias e prestadores de cuidados para momentos de convívio.

Pensar e organizar a presença, a actividade e o enquadramento dos voluntários.

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INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO LUTO

As acções de suporte de enfermagem visam reforçar as estratégias de adaptação e apoiam-se nos seguintes modelos teóricos:• Suporte social composto por quatro eixos interdependentes: o suporte informativo, o suporte emocional, o suporte de auto-estima e o suporte organizacional;• Coping, ou seja, o ajustamento ao stress;• Conceito de saúde, incluído de facto na natureza dos cuidados de enfermagem.

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Trata-se particularmente de:

•Informar o doente ou os seus familiares. Deve-se manter presente que a busca de informação deve facilitar a procura de estratégias de adaptação.

•Suscitar e validar a expressão das emoções num clima de escuta activa, de empatia para aliviar o “fardo” daquele que sente a perda.

•Reconfortar, permitir uma partilha, dando à pessoa ocasião de verbalizar o que está a sentir; de o explicar aos outros membros da família, para desta forma encorajar interacções, as forças positivas do sistema familiar e o apoio mútuo.

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• Acolher positivamente as visitas à unidade, os pedidos de entrevista com os profissionais que prestam cuidados, a presença de crianças, de animais, as saídas ainda que breves… tudo o que contribua para acrescentar vida e manter o contacto.

• Guiar a família na organização do seu novo papel no seio da instituição ou da rede de cuidados. Reflectir sobre a distribuição das diferentes tarefas entre profissionais e próximos.

• Facilitar, no seio da instituição, trocas sociais (entre famílias, entre doentes). Informar a pessoa sobre os serviços e associações que podem ajudá-la.

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• Reconhecer as perdas falando abertamente e aceitando como algo natural e saudável a expressão do sofrimento.

• Nunca tentar minimizar a importância da perda através de uma tranquilização inadequada (evitar frases triviais; não comparar tragédias).

• Explicar se necessário a normalidade das reacções humanas de adaptação face ao luto.

• Criar um clima de disponibilidade e confiança e organizar-se para tornar o meio segurizante e o menos intimidante possível: caloroso e calmo.

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•Não esperar reacções idênticas de luto em pessoas diferentes.

•Explicar variações na expressão do luto nos diferentes familiares.

•Explicar que se sentirão pior antes de melhorar.

•Facilitar a identificação de: sentimentos de irritação, raiva e culpa; e a forma como lidaram com outras perdas.

•Estimular actividades de auto-cuidado à pessoa enlutada e ajudá-la a explorar o lado positivo de criar novos laços sem sentir-se culpada.

•Mostrar respeito pela cultura, pelas crenças, pela religião, etnia e valores do doente e dos seus próximos.

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• Encorajar a pessoa a reforçar e a utilizar da melhor forma a sua rede de apoio (familiar, social, profissional, associativa…).

• Utilizar a função educativa da informação. Ensinar à família, por exemplo, como melhorar a comunicação.

• Uma informação simples sobre o facto de surgir ilusões de presença (visuais ou auditivas) pode tranquilizar a pessoa, evitando que ela se feche num sentimento de estranheza ou de impressão de estar a ficar louca.

• O enfermeiro deve saber orientar a pessoa para profissionais especializados (psicólogos, etc.) no caso de luto patológico.

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GRUPOS DE APOIO (Objectivos)

• Apoio à pessoa e família em luto, auxiliando a todos os que viveram e vivem a perda de pessoas amadas e aos que com eles se sentem solidários.

• Ajudar as pessoas em luto a entender a sua dor incontornável, para que não se fechem em si mesmas, envoltas na sua revolta e encontrem novos estímulos na sua vida.

• Ajudar estas pessoas a sentirem que não sofrem sozinhas, que não foram esquecidas nem são diferentes dos outros, ajudando-as a reencontrar alguma serenidade e a aprender a viver com uma ferida que nunca sarará totalmente.

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Os grupos de apoio oferecem às pessoas em luto a oportunidade de se encontrarem, de poderem falar e ajudar-se, por:

• Permanência de acolhimento e de escuta;

• Cartas e conversas telefónicas;

• Grupos de entreajuda;

• Reuniões e jornadas de amizade;

• Paginas de Internet.

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Exemplos de alguns grupos de apoio:

• APELO

• ANCORA

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• Na nossa sociedade o tabu da morte persiste, é grande o medo e silêncio que existe quando se fala da morte ou do sofrimento que esta causa a quem sobrevive.

• Na maioria das vezes, de forma a nos defendermos, fugimos destes sentimentos e somos, por vezes, piedosamente encorajados a fazê-lo.

CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO

• Com este trabalho é possível compreendermos a importância de deixar o enlutado exprimir os seus sentimentos e a importância de nós, enquanto futuros enfermeiros, aceitarmos as necessidades do enlutado, encorajá-lo na expressão destes, compreender a sua dor e acima de tudo não o julgar.

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CONCLUSÃO

• Até mesmo os profissionais de saúde que são os que mais contactam com a morte e o luto não estão preparados para ajudar as pessoas enlutadas. Somente há poucos anos surgiu a necessidade de formação nesta área devido à importância finalmente reconhecida dos cuidados paliativos organizados.

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CONCLUSÃO

• Assim sendo, há um despertar para as reacções várias e sucessivas das pessoas enlutadas e como o enfermeiro pode ajudar-se a si para também superar o luto.