morfologia da germinaÇÃo e das plÂntulas de … · inflorescência em forma de umbela composta...

5

Click here to load reader

Upload: trinhthuan

Post on 10-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DE … · inflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com flores pequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida

Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 3032S

Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill

MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DEFOENICULUM VULGARE MILL

Camila Firmino de Azevedo1; Riselane de Lucena Alcântara Bruno

1; Zelma Glebya Maciel

Quirino2; Elizanilda Ramalho do Rego

3; Pollyana Karla da Silva

1

1UFPB/CCA – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Areia - PB;

2UFPB/CCAE – Departamento de

Engenharia e Meio Ambiente, Mamanguape - PB; 3UFPB/CCA – Departamento de Ciências Fundamentais e

Sociais, Areia – PB; e-mail: [email protected], [email protected], [email protected],[email protected], [email protected].

RESUMO

A erva-doce, Foeniculum vulgare Mill.,pertence à família Apiacea e também éconhecida como anis e funcho. É uma ervaperene ou bienal, entouceirada, aromática eapresenta propriedades aromáticas,condimentares e medicinais. Ela tem origemEuropéia e é amplamente cultivada em todoo Brasil, onde existem algumas outrasespécies que também são conhecidas comoerva-doce devido a similaridadesmorfológicas. Tendo em vista estasconsiderações, o presente estudo teve comoobjetivo fornecer informações sobre amorfologia da germinação e das plântulas deF. vulgare. As sementes de erva-doce foramsemeadas em areia e mantidas em casa devegetação por 25 dias, sendo realizadasregas para a manutenção da umidade. Foramselecionadas plântulas normais e de padrãouniformes para as análises macroscópicas,realizadas com material in vivo. Partes dasplântulas (raiz, zona de transição, caule,cotilédones e primeiras folhas) foramselecionadas para análises morfológicas,realizadas com auxílio câmera fotográficadigital e desenhos esquemáticos. A plântulade erva-doce apresenta germinação epígea,com parte aérea e a radícula emergindo dospólos da semente, e plântulasfanerocotiledonares. A germinação iniciou-seseis dias após a semeadura, começando

AZEVEDO CF; BRUNO RLA; QUIRINO ZGM; REGO ER. 2009. Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill.Horticultura Brasileira 27: S3032-S3036.

pela protrusão da raiz primária, rompendo otegumento, e posterior desenvolvimento daparte aérea. A caracterização morfológica daplântula de F. vulgare ajuda na identificação daespécie e na padronização e diferenciação deplântulas normais; fornecendo informaçõessobre o desenvolvimento da erva-doce queauxiliam em estudos fisiológicos, taxonômicose ecológicos.

PALAVRAS-CHAVE: Foeniculum vulgareMill., Apiaceae, erva-doce, germinação,identificação de plântulas.

ABSTRACT

Germination and seedlings morfology ofFoeniculum vulgare Mill

The fennel, Foeniculum vulgare Mill.,belongs to Apiacea family and is known asanise and funcho. Is a perennial herb orbiennial, aromatic and presents medicinal andcondimental properties. It has European originand widely cultivated and used in Brazil, whereexist other species also known as fennel justmorphologic similarities. Observing theseconsiderations, the present study objectified tosupply information about the seedlingmorphology and germination of F. vulgare. Theseeds fennel was sowed in sand andmaintained in greenhouse for 25 days, withirrigations for humidity maintenance. Were

Page 2: MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DE … · inflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com flores pequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida

3033Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009

Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill

S

INTRODUÇÃO

A erva-doce é uma oleaginosa cultivada de grande importância econômica e medicinalno Brasil em vários outros países. Porém, existem algumas espécies morfologicamentesimilares, dificultando a sua identificação (PIMENOV & LEONOV, 2003). Simões et al. (2004)citam a semelhança entre Foeniculum vulgare e Pimpinella anisum L., que são conhecidastambém como erva-doce. F. vulgare, pertencente à família Apiaceae (Umbelliferae), também échamada de funcho, falsa-erva-doce e anis-doce. É aromática e apresenta porte baixo com40-90cm de altura; com folhas inferiores alargadas podendo atingir até 30cm de comprimentoe superiores mais estreitas, com pecíolo largo e folíolos reduzidos a filamentos. Possui ainflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com florespequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida.

Os frutos são oblongos, compostos por dois aquênios com cerca de 4mm decomprimento (LORENZI & MATOS, 2008), sendo considerados como fruto-semente (unidadede dispersão). A erva-doce é originária da bacia do mediterrâneo oriental e do Cáucaso eatualmente é cultivada sob a forma de numerosas variedades; foi trazida para o Brasil naépoca da colonização (SIMÕES et al., 2004) e destaca-se por possuir propriedades aromáticas,condimentares e medicinais. Segundo Von Hertwig (1991), os frutos, as raízes e as folhasfrescas, são as partes mais utilizadas para fins terapêuticos. Essa cultura também é de grandeimportância para indústria cosmética, por possuir óleo essencial utilizado na produção desabonetes, hidratantes e perfumes.

Mesmo sendo uma espécie com grande potencial medicinal e para a indústria cosmética,e por representar uma importante fonte de renda para os produtores, poucas pesquisas foramrealizadas com enfoques morfológico e fisiológico com a espécie F. vulgare (BERNATH et al.,1996; SOUSA et al., 2005), existindo trabalhos que enfatizam principalmente a utilização deextratos em ensaios biológicos. Além disso, também são escassas as pesquisas com descriçãoestrutural de plântulas com a família Apiaceae (PÜTZ & SUKKAU, 2002; HACKBART &CORDAZZO, 2007); estudo de fundamental importância para a compreensão da fisiologia dafamília. Tendo em vista estas considerações, o presente estudo teve como objetivo fornecerinformações sobre a morfologia da germinação e das plântulas de F. vulgare.

selected normal seedlings and with patternsuniforms for macroscopic analyses, realizedwith live stock. Seedlings parts (root, transitionzone, stem, cotyledons and leaves first) wasselected for morphologic analyses, realizedwith aid of digital camera and schematicdrawings. The fennel seedlings presentepigeous germination, with hypocotyl and rootemerging of seed polar regions, andphanecotylar seedlings. The germinationinitiated eight days after the sowing, startingfor increase of the primary root, breaching the

seed tegument, and posterior leaf areadevelopment. The morphologiccharacterization of seedling of F. vulgare aidin specie identification, and in standardizationand differentiation of normal seedlings;supplying information of development of thefennel, that assist in physiological, taxonomicand ecological studies.

KEYWORDS: Foeniculum vulgare Mill.,Apiaceae, fennel, germination, seedlingidentification.

Page 3: MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DE … · inflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com flores pequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida

Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 3034S

Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento deFitotecnia do Centro de Ciências Agrárias - UFPB, em Areia; com plântulas provenientes desementes coletadas num campo experimental, localizado na fazenda Boa Sorte no municípiode Montadas–PB. Cerca de 50 sementes foram semeadas, a 1cm de profundidade, embandejas plásticas contendo o substrato areia, umedecida a 60% de sua capacidade. Asbandejas foram mantidas em casa de vegetação por 25 dias, sendo realizadas regas para amanutenção da umidade. Foram selecionadas plântulas normais e de padrão uniformes, com25 dias, para as análises macroscópicas, realizadas com material in vivo. Partes das plântulas(raiz, zona de transição, caule, cotilédones e primeiras folhas) foram selecionadas para análisesposteriores em laboratório através de observação direta. As descrições morfológicas foramrealizadas com auxílio de câmera fotográfica digital para análise e representação de algunsórgãos, que também foram esquematizados através de desenhos. Foram realizadas mediçõesdos órgãos com paquímetro digital e régua graduada em centímetros. Estas análises foramfeitas com quatro plântulas, onde cada uma representou uma repetição (calculada pela médiade cinco medições); e o resultado final foi dado pela média das repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

F. vulgare. é uma Angiosperma, Eudicotiledônea, com germinação epígea e plântulasfanerocotiledonares. Esse tipo de germinação é caracterizado pelo crescimento dos cotilédonesacima do nível do solo (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000), com desenvolvimento do ápicecaulinar e dos cotilédones após o alargamento do hipocótilo (ESAU, 1998). A germinaçãoiniciou-se oito dias após a semeadura, começando pela protrusão da raiz primária, rompendoo tegumento da semente, e posterior desenvolvimento da parte aérea. As plântulas avaliadasapresentaram padrão de germinação uniforme, com parte aérea e a radícula emergindo dospólos da semente. Tais eventos, desde a emissão da radícula até o desenvolvimento da primeirafolha, podem ser visualizados na Figura 1. Inicialmente, a raiz apresenta-se cilíndrica, glabra eesbranquiçada; porém o sistema radicular mostra-se axial e ramificado cerca de quinze diasapós a semeadura, adquirindo cor amarelo-clara e pêlos absorventes curtos à medida queocorre o alongamento.

O diâmetro observado da raiz, 25 dias após a semeadura, foi de aproximadamente52,0ìm e o comprimento foi de cerca de 9,5cm. A região de transição entre a raiz e o caule éclorofilado e cilíndrico, com cor amarronzada e completamente desprovido de tricomas. Ocaule é de cor verde, cilíndrico, de 6-7cm de comprimento e de 57-65ìm de diâmetro. Oscotilédones são verdes desde o início do desenvolvimento, glabros, sésseis, clorofilados,foliáceos, de formato filiforme e bordas inteiras, apresentando nervuras peninervas poucoevidentes. O comprimento é de 3,8-4,1cm, a largura é de 1,6-2,1mm e a espessura é de 23-28ìm. A primeira folha é composta por três folíolos verdes, de consistência membranaceae,clorofilados, de formato ternifoliado e sistema de venação actinódromo. O seu comprimentovaria de 1,8-2,2cm e sua espessura, de 18 a 22ìm. A plântula estudada é do tipo Macaranga(VOGEL, 1980) por mostrar-se fanerocotiledonar, com cotilédones finos, persistentes, verdese de função assimiladora após a germinação. Como ocorre em muitas dicotiledôneas degerminação epígea, os cotilédones da plântula estudada são delicados e semelhantes a

Page 4: MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DE … · inflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com flores pequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida

3035Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009

Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill

S

estruturas foliares (FAHN, 1990). Segundo Cabral et al. (2004), essas estruturas são importantesfontes de energia e responsáveis pelo crescimento inicial da plântula e sua remoção podecausar redução da biomassa na planta jovem; o que pode reduzir o vigor fisiológico de plântulasadultas e influenciar o crescimento e a reprodução desses indivíduos. As sementes de F. vulgareapresentam germinação epígea e as plântulas, desenvolvimento fanerocotiledonar. Dessa forma,conclui-se que a caracterização morfológica da plântula de erva-doce auxilia na identificaçãoda variedade e na padronização e diferenciação de plântulas normais.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq e à FINEP, pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

BERNATH, J; NEMETH, E; KATTAA, A; HETHELYI, E. 1996. Morphological and chemicalevaluation of fennel (Foeniculum vulgare Mill.) populations of different origin. Journal of essentialoil research 8: 247-253.

CABRAL, EL; BARBOSA, DCA; SIMABUKURO, EA. 2004. Crescimento de plantas jovens deTabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. Moore submetidas a estresse hídrico. Acta BotânicaBrasílica 18: 241-251.

CARVALHO, NM; NAKAGAWA, J. 2000. Semente: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal:Funep.

ESAU, K. 1998. Anatomia das Plantas com Sementes. São Paulo: Edgard Blücher.

FAHN, A. 1990. Plant anatomy. Oxford: Pergamon Press.

HACKBART, VCS, CORDAZZO, CV. 2007. Germinação e crescimento de plântulas de Hydrocotylebonariensis lam. (Apiaceae) em diferentes concentrações de NaCl. Atlântica 29: 85-92.

LORENZI, H; MATOS, FJA. 2008. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa:Instituto Plantarum.

PIMENOV, MG, LEONOV, MV. 2004. The asian Umbelliferae biodiversity database (Asium)with particular reference to south-west Asian taxa. Botanical Garden 28: 139-145.

PUTZ, N, SUKKAU, I. 2004. Seedling establishment, bud movement, and subterranean diversityof geophilous systems in Apiaceae. Flora 197: 385-393.

SIMÕES, CMO; SCHENKEL, EP; GOSMANN, G; MELLO, JCP; MENTZ, LA; PETROVICK,PR. 2004. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: Editora daUFRGS/Editora da UFSC.

SOUSA, LA, ALBUQUERQUE, JCR, LEITE, MN, STEFANINI, MB. 2005. Sazonalidade dosductos secretores e óleo essencial de Foeniculum vulgare var. vulgare Mill. (Apiaceae). RevistaBrasileira de Farmacognosia 15: 155-161.

Page 5: MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS DE … · inflorescência em forma de umbela composta por 10-20 umbelas menores, com flores pequenas, hermafroditas e de cor amarelo-pálida

Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 3036S

Morfologia da germinação e das plântulas de Foeniculum vulgare Mill

Figura 1. Desenho esquemático mostrando o desenvolvimento da plântula de erva-doce. (a) semente. (b)semente embebida e ruptura do tegumento. (c) cinco dias após a semeadura. (d) seis dias após a semeadura.(e) dez dias após a semeadura. (f) plântula com quinze dias. (g) plântula com vinte dias. (h) plântula vintee cinco dias. (rp = raiz primária; cot = cotilédone; zt = zona de transição; rs = raiz secundária; c = caule;pf = primeira folha). [Schematic drawings showing the development of fennel seedling. (a) seed. (b) soakedseed and tegument rupture. (c) five days after the sowing. (d) six days after the sowing. (e) ten days afterthe sowing. (f) seedling with fifteen days. (g) seedling with twenty days. (h) seedling with twenty and fivedays. (rp = primary root; cot = cotyledon; zt = transition zone; rs = secondary root; c = stem; pf = leavesfirst)]. Centro de Ciências Agrárias, Areia, PB, 2009.

VON HERTWIG, IF. 1991. Plantas aromáticas e medicinais: plantio, colheita, secagem,comercialização. São Paulo: Ícone.

VOGEL, EF. 1980. Seedlings of dicotyledons. Wageningen: Pudoc.