morfofisiologia: tecido sanguíneo e correlações clínicas
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Alexandre Bussinger LopesMedicina UNIRIOTRANSCRIPT
1 Tecido Sanguíneo e Correlações Clínicas
Alexandre Bussinger Lopes 2011.2Medicina UNIRIO – E.M.C.
Sangue: tecido conjuntivo especializado com aspecto fluido vermelho escuro, viscoso e de pH levemente alcalino (faixa entre 7,35 e 7,45). O volume total de sangue corresponde à aproximadamente 7% do peso corporal e equivale, num adulto normal, a aproximadamente 5L. É constituído por elementos figurados (eritrócitos e leucócitos) e pelo plasma. O sangue exerce uma enorme gama de funções, dentre elas:
Transporte de substâncias Regulação da temperatura corpórea Equilíbrio osmótico Manutenção do equilíbrio ácido-base Via para a migração de leucócitos
Exames Físicos do Sangue:
01. Volume Globular ou Hematócrito - CentrifugaçãoApós a coleta do sangue, ele é transferido para um tubo de ensaio onde há um anticoagulante (a heparina, por
exemplo) e é submetido à centrifugação. Os elementos figurados vão se depositar no fundo do tubo, formando um precipitado vermelho (44%), os eritrócitos, coberto por uma fina camada translúcida, a papa leucocitária (1%), constituída por leucócitos e plaquetas, e o plasma permanece na superfície como o sobrenadante (55%). O volume relativo (percentagem) dos eritrócitos é um exame laboratorial de nome hematócrito no qual os valores masculinos suplantam os femininos.
02. Velocidade de Sedimentação das Hemácias (VHS) ou hemossedimentaçãoValor normal: 60 minutosFases:
a) Agregação (15 minutos) :
2 Plasma
O plasma é a matriz extracelular sanguínea formada por água, proteínas, lipoproteínas, sais minerais, plaquetas, hormônios etc. Dentre as lipoproteínas, destaca-se o quilomícron, o HDL, o VLDL e o LDL. Já quanto às proteínas, as principais são as responsáveis pela coagulação (protrombina, fibrinogênio etc) e a albumina é a principal responsável pelo estabelecimento da pressão coloidosmótica, a força que mantém os volumes de sangue e de líquido tissular (fluido que extravasa dos vasos sanguíneos e passa a constituir os espaços entre os tecidos conjuntivos do corpo – este sempre possui concentração muito menor do que a do sangue já que mesmo pequenas de pequeno tamanho como a albumina têm dificuldade para transpassar o endotélio).
(fibrinogênio)
Plaquetas: pequenos fragmentos celulares discoides, anucleados e com muitos grânulos. Apresentam uma região periférica, o hialômero e uma mais interna, o granulômero. A estrutura discoide é mantida por microtúbulos que podem associar-se a monômeros de actina e miosina para a formação de um complexo contrátil. As plaquetas são imprescindíveis para a coagulação sanguínea.
Coagulação sanguínea: normalmente, o endotélio secreta substâncias inibitórias da coagulação, como o NO (óxido nítrico) e prostaciclinas. Quando lesado, há liberação do fator de von Willebrand e tromboplastina tecidual, que facilitam a associação das plaquetas com o colágeno subendotelial, além de secretar endoplastina, que tem ação vasoconstritora e, portanto, reduz a hemorragia. Inicia-se, então, o processo de ativação plaquetária, que é constituído de três eventos: a adesão das plaquetas ao colágeno subendotelial, a liberação do conteúdo dos grânulos e a aderência uma às outras. As plaquetas agregadas formam um tampão e a tromboplastina plaquetária junto à tromboplastina tecidual convertem a protrombina em trombina que, em presença de cálcio, ela converte o fibrinogênio em fibrina. Os monômeros de fibrina se polimerizam e agregam eritrócitos, leucócitos e mais plaquetas formam coágulos ou trombos. Após de um tempo, monômeros de actina e miosina associam-se e o coágulo se contrai, aproximando as bordas da lesão vascular. Quando o vaso é reparado a plasmina inicia a lise do trombo.
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Elementos Figurados
01. Eritrócitos
Hemoglobina: tetrâmero formado por quatro cadeias polipeptídicas e quatro grupamentos prostéticos, os anéis heme.
Anel heme: anel de protoporfirina (porfirina IX)
O íon ferroso (estado de oxidação 2+) fica inserido no bolso hidrofóbico e faz 6 ligações coordenadas – 4 com anéis pirrólicos (anel tetrapirrólico), uma com histidina e há um sítio livre para a ligação com o O2. Esta estrutura é essencial para a diminuir a afinidade da Hb pelo CO2.
Impedimento estérico: o Fe2+ liga-se a duas moléculas de histidina. Uma tem a função de prender o anel heme às globinas (parte proteica da hemoglobina) e outra faz o impedimento
4 estérico, que atrapalha a ligação do monóxido de carbono (CO). A hemoglobina tem alta afinidade por este gás tóxico, tanto com o íon ferroso ou férrico.
Obs.: Presença de anel heme: Hemoglobina, Mioglobina, citocromos..
Tipos de Hemoglobina
HbA: a mais frequente em adultos - monômeros α2β2
HbA2: presente em recém- natos – α2δ2
HbF: fetal e em baixíssima proporção em adultos – α2γ2 - menos cargas positivas no interior, menos ligações com o BPG e, portanto, maior afinidade pelo O2
HbS: anemia falciforme Obs.: caso a hemoglobina fosse circulante no sangue, seria sempre oxidada pela água do plasma, e o íon férrico (Fe3+) não se liga ao O2. Dentro das hemácias há um grande número de antioxidantes que “protegem” a hemoglobina.
Formas da Hemoglobina
Hb T (tensa) – forma desoxi e de menor afinidade pelo O2
Hb R (relaxada) – forma oxi e de maior afinidade pelo O2
Efetores alostéricos da Hemoglobina: 2,3-bisfosfoglicerato – liga-se no centro tetrâmero CO2 e H+ - ligam-se nas cadeias polipeptídicas
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Efeito Bohr: O transporte de H+ é responsável pela ação de tampão da hemoglobina, já que o próton abaixaria muito o pH sanguíneo se circulasse livremente no plasma. Quando o H+ liga-se ao sítio ativo específico, a afinidade pelo O2 diminui.
Anemias: Falciforme: Na sexta posição do monômero beta, ao invés de um ácido glutâmico, há uma valina,
provocando a alteração morfológica das hemácias, que vai torna-las muito mais frágeis e provocando todos os outros sintomas nos portadores da doença.
Ferropriva: baixa ingestão de íons ferro, impedindo a formação satisfatória de hemácias. Talassemia: Alterações na síntese de globinas formadoras da hemoglobina. A talassemia é um
problema quantitativo de globinas pouco sintetizadas, enquanto que a anemia falciforme é um problema qualitativo na síntese e de um funcionamento incorreto da globina.
Degradação das Hemácias
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Quando as hemácias encontram-se envelhecidas e consequentemente mais flácidas (menos elásticas), elas externam moléculas que sinalizam para a via de degradação. No baço há uma rede capilar sinusoide (de trânsito caótico) e, por isso, há muitos choques das hemácias nas paredes dos capilares, que identificam a sinalização e iniciam a degradação das hemácias. Pessoas com anemia falciforme têm hemácias com características especiais que aumentam ainda mais esses choques e degradam ainda mais hemácias.
Acúmulo de bilirrubina nos tecidos: icterícia
Icterícia pré-hepática: acúmulo de bilirrubina indiretaIcterícia intra-hepática: acúmulo dependente da lesão ou disfunçãoIcterícia pós-hepática: acúmulo de bilirrubina direta (obstrução de canal biliar, por exemplo)Icterícia perinatal: sistema de captação imaturo (fototerapia – pigmento sensível à luz. Importante porque a barreira hematoencefálica não é útil e o acúmulo de bilirrubina no sistema nervoso pode gerar retardo).
Obs.: Insuficiência hepática – diminuição na síntese de albumina e, portanto, aumento da concentração de bilirrubina indireta.
Eliminação da bilirrubina:
Urina: urobilirrubinúria – altas concentrações de bilirrubina (sempre direta, hidrossolúvel) na urina podem indicar icterícia intra ou pós-hepática .
Fezes: estercobilirrubina
7 02. Leucócitos
Granulócitos (presença de grânulos no citoplasma das células)
Agranulócitos
CaracterísticasGerais
Núcleo comtrês lóbulos
Núcleo comdois lóbulos
Grânulos grandespodendo mascarar
o núcleo em S
Núcleo condensado ocupando
quase toda a célula
Núcleo em forma de rim
FunçõesCombater infecções
bacterianas
Eliminar complexos antígeno-
anticorpo e parasitas
Liberação de histamina e
leucotrienos (início do processo
inflamatório)2
Produção de anticorpos e
eliminação de células
modificadas por vírus
Fagocitose de células senescentes,
bactérias e antígenos
AtivaçãoSelectina endotelial
Histamina, leucotrienos e
fator quimiotático
para eosinófilos
Ligação do antígeno com o IgE – liberação do
conteúdo granular
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Migração para o tec. Conjuntivo,
diferenciando-se em macrófago
Mecanismo
Fagocitose, liberação de
enzimas hidrolíticas, liberação de leucotrienos
(processo inflamatório)
explosão respiratória1
Degranulação liberando espécies
reativas de O2 e substâncias que
inativam histamina e leucotrieno inibindo a resposta
inflamatória
Histamina: vasodilatação,
↑contração musculatura lisa
(brônquios) e ↑permeabilidade
dos vasos sanguíneos.
Leucotrienos: efeitos
semelhantes à histamina, porém
mais duradouros, e ativação de leucócitos
Céls. B: diferenciam-se em plasmócitos (produtores de
anticorpos)Céls. T:
eliminação das células
infectadas e liberação de
linfocinas para ativação de
outras células do sistema
imunológico
Produção de citocinas que iniciam
a resposta inflamatória e
ativam outras céls. As céls.
apresentadoras de antígenos expõem estes para céls. do sistema imune. Se for necessário, os
macrófagos podem fundir-se formando
céls. gigantes de corpo estranho
1 Explosão Respiratória: aumento do consumo de O2 aumentando a concentração de espécies reativas.2 Mastócitos e basófilos têm funções muito semelhantes, embora tenham origens diferentes.3 Linfócitos B – maturação na medula óssea quando maduras, entram na corrente linfática e se dividem, geran-Linfócitos T – maturação no timo do também células de memória.Células nulas – células tronco circulantes - dão origem aos elementos figurados do sangue - e células natural killer (NK) - matam células estranhas ou alteradas por vírus sem a influência do timo ou de células T.
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Choque Anafilático
9 02.1) Granulócitos Neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares)
Os leucócitos de maior quantidade no sangue apresentam cromatina sexual (Corpúsculo de Barr) no núcleo dos neutrófilos femininos. Estas células são as primeiras a serem recrutadas nas infecções bacterianas agudas.
02.2) Agranulócitos