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-um Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica MONTMORILONITA COMO INIBIDOR DE CORROSÃO Lívia Magalhães Jou Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Isabel Cristina Pereira Margarit Mattos Rio de Janeiro Setembro/2016

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Page 1: MONTMORILONITA COMO INIBIDOR DE CORROSÃO · anticorrosiva do metal (GENTIL, 2011). As argilas são um tipo de material que contém estruturas lamelares com características potenciais

-um

Universidade Federaldo Rio de Janeiro

Escola Politécnica

MONTMORILONITA COMO INIBIDOR DE CORROSÃO

Lívia Magalhães Jou

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Isabel Cristina Pereira Margarit

Mattos

Rio de Janeiro

Setembro/2016

Page 2: MONTMORILONITA COMO INIBIDOR DE CORROSÃO · anticorrosiva do metal (GENTIL, 2011). As argilas são um tipo de material que contém estruturas lamelares com características potenciais

MONTMORILONITA COMO INIBIDOR DE CORROSÃO

Lívia Magalhães Jou

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE MATERIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE MATERIAIS.

Examinada por:

vüfyWPAówvm - üfwJfàhProf. Isabel Cristina Pereira Margarit Mattos, D.Sc.

DMM-POLI/UFRJ - (Orientador)

A^g^gggg

Prof. ornando -Luiz Bastian, PhD.

DMM-POLI/UFRJ

jm^i. KO

Pesquisador Alberto Pires Ordine, D.Sc.

CEPEL

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO de 2016

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Jou, Lívia Magalhães

Montmoríionita como inibidor de corrosão / Lívia

Magalhães Jou. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2016.

XI, 59 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Isabel Cristina Pereira Margarit Mattos

Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia de Materiais, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 48-59.

1. Corrosão 2. Montmoríionita. 3. Ensaios Eletroquímicos

I. Cristina Pereira Margarit Mattos, Isabel. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia de Materiais. III. Montmoríionita como inibidor de

corrosão.

iii

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por me capacitar em todas as etapas na realização

desse trabalho, e por ser a minha fonte de força, vigor e esperança para enfrentar os

desafios que o ensino superior oferece.

Ao meu marido, André, e meus familiares, que sempre me apoiaram,

consolaram e acreditaram no meu potencial para cursar o ensino superior.

À minha orientadora, professora Isabel Cristina Pereira Margarit Mattos, pela

sua excelente oríentação e oportunidade de realizar meu projeto de final de curso no

Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC).

Àtécnica Ediléa, do laboratório de corrosão, porme auxiliar nos trabalhose me

ensinar grande parte dos procedimentos experímentais, assim como o engenheiro

Flávio, a estagiária Isabela e a aluna Aldavilma. Obrigada a todos vocês também pelo

apoio.

À professora Adriana, e em especial à estagiária Andreia, do laboratório de

Difração de Raios X, por serem sempre solícitas na realização das análises de

caracterização.

Aos membros da banca examinadora, professor Bastian e pesquisador Alberto

Ordine, por aceitarem o convite para minha avaliação, e por suas considerações.

IV

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.

Montmoríionita como inibidor de corrosão

Lívia Magalhães Jou

Setembro/2016

Orientador: Isabel Cristina Pereira Margarit Mattos

Curso: Engenharia de Materiais

Dentre as diversas maneiras de se proteger materiais metálicos contra corrosão estão

os revestimentos orgânicos. Eles agem principalmente por barreira física à permeação

de agentes corrosivos, sejam eles líquidos ou gases. Uma forma de complementar

essa proteção é adicionando pigmentos inibidores. Nesse contexto, a literatura tem

apontado a montmoríionita (MMT), como um argilomineral que, mesmo em baixas

concentrações, pode melhorar o efeito de barreira em tintas. O trabalho tem por

finalidade estudar alguns tipos de argilas montmoríloníticas, antes da sua incorporação

nos revestimentos, para a investigação de possíveis propriedades físico-químicas que

possam inibir a corrosão de aço carbono quando em contato com eletrólito contendo

NaCI. Para tal foram realizados ensaios de impedância eletroquímica, curvas de

polarização e perda de massa. Ensaios complementares consistiram de inchamento

de Foster, medidas de pH dos extratos aquosos e DRX. O ensaio de impedância

sugeriu mudança no mecanismo reacional do aço quando as argilas estavam

presentes. As curvas de polarização, para algumas argilas, indicaram efeito inibidor,

embora sutil. Na perda de massa, o efeito inibidor se manifestou para todas as argilas

se comparado ao eletrólito com somente NaCI.

Palavras-chave: Aços carbono, Corrosão, Revestimentos, Montmoríionita.

v

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Montmoríllonite as a corrosion inhibitor

Lívia Magalhães Jou

September/2016

Advisor: Isabel Cristina Margarit Mattos

Course: Materials Engineering

Among the different ways to protect metallic materiais against corrosion there are the

organic coatings. They act mainly by physical barrier to permeation of electrolytes,

whether liquids or gases. One way to supplement this protection is adding inhibitors

pigments. In this context, the literature has pointed montmorillonite (MMT) as a clay

mineral, even in low concentrations, can improve barrier effect in paints. The work was

to study some types of montmorillonite clays, before its incorporation in coatings, for

investigation of possible physicochemical properties that can inhibit corrosion of carbon

steel when in contact with electrolyte containing NaCI. To this were done

electrochemical impedance tests, polarization curves and weight loss. Additional tests

consisted of Foster swelling, pH measurements of aqueous extracts and XRD. The

impedance test suggested change in the reaction mechanism of the steel when the

clays were present. The polarization curves for some clays showed inhibítory effect,

although subtle. In weight loss, the inhibítory effect was manifested for ali clays when

compared to the electrolyte only with NaCI.

Keywords: Carbon steels, Corrosion, Coatings, Montmorillonite.

vi

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SUMARIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

2.1. Bentonitas 3

2.2. A Montmoríionita (MMT) 5

2.3. Modificações químicas superficiais 7

2.3.1. Ativação (com barrilha) 8

2.3.2. Ativação ácida 8

2.3.3. Pilarização 9

2.3.4. Organofilização 10

2.3.5. Funcionalização 13

2.4. Aplicações das bentonitas naturais e quimicamente modificadas 15

2.4.1. Nanocompósitos polímero-argila 16

3. MATERIAIS E MÉTODOS 19

3.1. Argilas 20

3.2. Caracterização das Argilas 22

3.3. Preparo dos eletrólitos 23

3.4. Medidas Eletroquímicas 24

3.4.1. Impedância Eletroquímica 24

3.4.2. Curvas de Polarização 26

3.5. Ensaio de perda de massa 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27

4.1. Inchamentode Foster 27

vii

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4.2. Medidas de pH 32

4.3. Impedância Eletroquímica 34

4.4. Curvas de Polarização 38

4.5. Perda de Massa 41

4.6. Difração de Raio X 43

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 47

6. REFERÊNCIAS 48

viu

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Representação poliedral da polimerizaçâo dos tetraedros de silício e dos octaedros

de alumínio para formação dos filossilicatos 2:1 5

Figura 2. Diagrama esquemático da pilarização de uma esmectita com alumina 9

Figura 3. Cátion quaternário de amônio 11

Figura 4. Processo de troca catiônica entre íons alquilamônio e os cátions intercalados entre as

lamelas da argila 11

Figura 5. Estrutura molecular geral do silano 14

Figura 6. Esquema de reação entre o silano e as hidroxilas superficiais de um argilomineral,

com subsequente adesão do polímero com ao argilomineral modificado 14

Figura 7. Argila dispersa em cadeia polimérica 17

Figura 8. Estrutura molecular de alquil de sebo dihidroxietil metil amônio 21

Figura 9. Sistema experimental composto pelo computador, potenciostato e o multiplex,

utilizado para o ensaio Impedância Eletroquímica 25

Figura 10. Células eletroquímicas utilizadas no ensaio de Impedância Eletroquímica 25

Figura 11. Sistema experimental utilizado para as curvas de polarização, composto pelo

potenciostato (a), pelo computador (b) e pela caixa de Faraday (c) 26

Figura 12. Inchamento de Foster das argilas em água e em xileno 29

Figura 13. Diagramas de Nyquist do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas e na solução

de NaCI 36

Figura 14. Diagramas de Bode do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas e na solução de

NaCI 37

Figura 15. Duplicatas das curvas de polarização do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas

comparadas àquelas em NaCI 40

ix

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Figura 16. Coupon de aço 1020 após 7 (sete) dias de ensaio de perda de massa 41

Figura 17. Gráfico da velocidade de corrosão, em mm/ano, do aço 1020 em extratos aquosos

de argilas e NaCI 42

Figura 18. Difratogramas de Raios X da superfície do aço 1020 após 7 dias de imersão em

extrato aquoso de cada argila e NaCI 45

Figura 19. Difratogramas de Raios X da superfície do aço 1020 após 7 dias de imersão em

extrato aquoso de BCaN, BS e MMT-0 em comparação ao difratograma do reagente NaCI e do

aço 1020 polido 46

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Informações das argilas empregadas 20

Tabela 2. Grau de inchamento de Foster das argilas em água e em xileno 29

Tabela 3. pH dos eletróütos usados nos ensaios eletroquímicos e perda de massa 33

XI

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1. INTRODUÇÃO

A importância em mitigar problemas de corrosão em estruturas metálicas na

atualidade se torna imprescindível para contornar custos, evitar acidentes,

desperdícios energéticos e exploração excessiva das reservas minerais. Uma fração

considerável da produção mundial de aço tem por finalidade a reposição daqueles

danificados pela corrosão, por motivos de deterioração e perda de propriedades

mecânicas, deixando de satisfazer os fins para os quais foram destinados. Essas

perdas se dão principalmente pela ação química e eletroquímica do meio nos quais

estão inseridos.

A incidência mais comum da corrosão metálica se dá em meios aquosos, o que

inclui a corrosão atmosférica, cuja ocorrência acontece pela condensação da umidade

na superfície do metal. Praticamente todos os casos de corrosão em solução aquosa

são de natureza eletroquímica.

Algumas técnicas para controlar a corrosão em materiais metálicos são por

meio de proteção catódica, inibidores de corrosão e revestimentos (orgânicos e

inorgânicos). Devido à facilidade de aplicação, manutenção, assim como relação

custo-benefício relativamente baixa, se torna muito atraente o uso de revestimentos

orgânicos como técnica de proteção anticorrosiva.

Revestimento de materiais metálicos com tintas, além de promover proteção

anticorrosiva, pode apresentar finalidade sinalizadora e estética. A eficiência da

proteção depende da espessura da película de tinta e resistência ao meio corrosivo, e

para tal, é comum se empregar em suas formulações aditivos e pigmentos que

funcionem como agentes tixotrópicos, que proporcionem uma melhor estabilidade

dimensional, como a espessura, e cargas que melhorem as propriedades mecânicas e

a resistência à abrasão, além de aumentarem o teor de sólidos, essencial para tintas

de alta espessura.

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A presença de pigmentos com estruturas lamelares conferem às películas de

tinta uma maiorresistência à penetraçãode umidade, pois eles fazem com que a água

tenha que contorná-los de forma a percorrer um caminho maior até chegar ao

substrato metálico. Esse mecanismo de barreira contribui para uma melhor proteção

anticorrosiva do metal (GENTIL, 2011).

As argilas são um tipo de material que contém estruturas lamelares com

características potenciais para atenderem os requisitos mencionados e, por isso, são

atualmente utilizadas como cargas em tintas.

O material de estudo no presente trabalho é a montmorilonita, um mineral

argiloso que constitui a fração argila dos solos, e que vem conquistando espaço no

desenvolvimento de compositos polímero-argila, principalmente devido ao incremento

nas propriedades de barreira, resistência à absorção de água e resistência à corrosão

de revestimentos orgânicos. Quando a montmorilonita é submetida a tratamento de

modificação química superficial, esses incrementos podem se tornar ainda mais

expressivos de acordo com a literatura.

No entanto, em adição ao efeito físico de barreira que a montmorilonita pode

proporcionar às tintas, o foco do presente trabalho está na investigação de possíveis

atividades inibidoras de corrosão. Pretende-se assim fazer um estudo preliminar das

possíveis formas de atuação desse material quando for usado como pigmento em

tintas anticorrosivas.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Bentonitas

O nome bentonita foi dado inicialmente a um tipo de argila plástica e coloidal

(tamanho muito pequeno) proveniente de uma rocha argilosa descoberta em Fort

Benton, Wyoming - EUA. Atualmente, bentonita designa argilas contendo

principalmente o argilomineral montmorilonita ou um produto com alto teor de

esmectitas (OLIVEIRA, 2004).

Argilomineral é usado para designar especificamente os filossilicatos, (silicatos

de alumínio com estrutura cristalina laminada). São minerais secundários cuja

formação se dá pela desintegração e alteração dos minerais primários ao sofrerem

intemperismo físico e químico, sendo os principais formadores da fração fina dos solos

(tamanho de partícula cp < 2um). Não há uma uniformidade no uso dos termos argila e

argilominerais na literatura científica, no entanto, o total de componentes que não são

argilominerais nas argilas é geralmente superior a 10% em massa, como matéria

orgânica, sais solúveis, e partículas minerais de quartzo, calcita, feldspato, entre

outros (BERGAYA ef a/., 2006; SOUZA SANTOS, 1992; BALTAR; LUZ, 2003;

OLPHEN, 1977).

Esmectita é o termo dado a um grupo de argilominerais, constituído por:

montmorilonita, beidelita, nontronita, hectorita e saponita. Todos eles possuem

estrutura similar, porém com detalhes químicos diferentes. O argilomineral mais

comum nos depósitos de esmectitas é a montmorilonita, sendo as cálcicas e as

sódicas as mais abundantes (LUZ et ai., 2001a).

Baseada nos cátions presentes na estrutura das montmorilonitas, elas podem

ser sódicas, cálcicas ou policatiônicas (Na+, K+, Ca+2 e Mg+2). As sódicas apresentam

alta capacidade de inchamento em água, podendo aumentar de volume em até 20

(vinte) vezes comparado ao volume da argila seca. As mistas (sódica e cálcica)

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incham de forma moderada, e as cálcicas e policatiônicas apresentam baixo

inchamento. Ensaio de inchamento é uma maneira de apontar o caráter sódico da

bentonita, naturalmente sódica, ou transformada em sódica. Um ensaio conhecido é o

Inchamento de Foster, extremamente simples e de grande utilidade prática. É usado

desde a década de 1950 para avaliar o grau de compatibilidade das argilas em água

ou em solventes orgânicos, sendo também útil para avaliar processos de

transformações eficientes (CUTRIM et a/., 2015; LUZ; OLIVEIRA, 2005; Luz et ai,

2001 a; Foster, 1953; Diaz, 1994; Ferreira et ai., 2008).

As principais jazidas de bentonita em operação no Brasil estão localizadas no

município de Boa Vista, na Paraíba, sendo o principal Estado produtor,

correspondendo com 80% da produção de bentonita, sendo a BENTONISA -

Bentonita do Nordeste S.A. uma das maiores empresas no segmento de mineração e

beneficiamento de bentonitas. Existem outros depósitos com aproveitamento

econômico, na Bahia, São Paulo e Paraná. Em termos de participação nas reservas, o

Paraná concentra 48,2% do total, a Paraíba 24,5%, São Paulo 17,9% e a Bahia 9,4%

(CUTRIM et ai., 2015).

As bentonitas de Wyoming são sódicas, de alta capacidade de inchamento. As

bentonitas de Boa Vista, e do Brasil como um todo, são predominantemente cálcicas

(e policatiônicas), não possuindo reservas de bentonitas sódicas. As bentonitas

cálcicas para serem utilizadas industrialmente precisam ser ativadas com carbonato

de sódio (barrilha), transformando-as em sódicas. Esse processo de ativação foi

desenvolvido e patenteado pela empresa Erbsioh & Co, em 1933, e é atualmente

utilizado por países que não disponham de bentonita sódica natural (LUZ et ai., 2001a;

HANNA et ai., 2003; OLIVEIRA, 2004).

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2.2. A Montmorilonita (MMT)

A MMT é um argilomineral pertencente à família dos filossilicatos 2:1, ou seja,

sua estrutura consiste em duas folhas (ou lâminas) de silício, cujas unidades básicas

são tetraedros de silicatos (Si04), e entre elas, uma folha de alumínio, composta por

octaedros de alumina (Al203). As três folhas são unidas entre si por oxigênios comuns,

e formam uma camada (ou lamela) 2:1, conforme se observa na Figura 1. As folhas

apresentam continuidade plana (nas direções x e y) e orientações normalmente

paralelas nos planos (001) (direção z) dos cristais, o que confere a estrutura laminada.

Cada camada 2:1 possui espessura de 0,96 nm, e estão empilhadas umas sobre as

outras, interagindo fracamente por forças de Van der Waals. O espaço "vazio" entre as

camadas é denominado galeria ou espaço interlamelar (ALEXANDRE; DUBOIS, 2000;

PAUL; ROBESON, 2008; PAVLIDOU; PAPASPYRIDES, 2008, CHOUDALAKIS;

GOTSIS, 2009; PAIVA et ai., 2007).

Lâmina de tetraedros

Lâmina de octaedros ^ Camada 2: l

Lâmina de tetraedros

J

•Mineral 2:1

Figura 1. Representação poliedral da polimerizaçâo dos tetraedros de silício e dos

octaedros de alumínio para formação dos filossilicatos 2:1 (Adaptada de AZEVEDO).

Durante a formação geológica das argilas, podem ocorrer substituições

isomórficas, fazendo com que o silício e o alumínio das estruturas cristalinas sejam

substituídos por outros átomos de tamanho similar, porém com valências menores. A

MMT apresenta substituição isomórfica do alumínio (Al+3) por magnésio (Mg+2) ou ferro

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(Fe+2) nas lâminas octaédricas, e de forma minoritária (15%), substituição do silício

(Si*4) por alumínio (Al+3) nas tetraédricas. Essas substituições fazem com que a

estrutura fique deficitária de cargas positivas, gerando um excesso de cargas

negativas, atraindo cátions do meio, como Na+ e Ca+2, que ficam fixos

eletrostaticamente nas superfícies laterais ou nos espaços interlamelares da estrutura,

onde ocorreram as substituições.

A presença de cátions interlamelares e superficiais na MMT, e nas esmectitas

como um todo, faz com que ela possua a capacidade de trocar cátions com o meio,

propriedade conhecida como CTC (capacidade de troca catiônica). A CTC é uma

reação reversível de adsorção por atração eletrostática, no qual os íons presentes na

estrutura são trocados por outros presentes no meio, adsorvidos na forma hidratada. A

unidade da CTC no Sistema Internacional é o cmol/Kg (centimol de carga por

quiiograma de argila), que é numericamente equivalente a meq/100g de argila. A CTC

da MMT varia de 80 a 150 meq/100g da argila (ALEXANDRE; DUBOIS, 2000; PAUL;

ROBESON, 2008; BRIGATTI et ai, 2006; CHOUDALAKIS; CHOUDALAKIS; GOTSIS,

2009; PAIVA et ai, 2008 a; ANDERSON ei ai, 2010; SOUZA SANTOS, 2001).

A fórmula química geral da MMT é Mx(Al4-xMgx)Si802o(OH)4, com "M" indicando

íons monovalentes trocáveis e V o grau de substituição isomórfica.

As cargas originárias das substituições isomórficas são conhecidas como

cargas permanentes. Outro tipo de carga que pode ocorrer nos argilominerais são as

cargas dependentes, isto é, dependem do pH do meio ao qual estão inseridos. Nas

extremidades das bordas laterais dos filossilicatos estão presentes os grupamentos do

tipo Si-OH e AI-OH. Se há um aumento do pH do meio esses grupos podem sofrer

desprotonaçâo, gerando assim carga negativa em sua estrutura (SiO~ e AlO")- E ao

contrário, se o pH do meio é baixo, eles sofrem protonação ficando com um acúmulo

de carga positiva (AIOH2+) (BRIGATTI ei ai, 2006; SOUZA SANTOS, 1992).

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Outras características importantes da argila MMT é sua área superficial

específica bastante apreciável, variando de 75 a 150 m2/g, e sua elevada razão de

aspecto, que é uma relação matemática entre duas dimensões da partícula

(comprimento/espessura), pois como a espessura lateral da camada é de 0,96 nm e o

seu comprimento pode variar de 30nm a micrometros, a razão de aspecto pode chegar

a 1000. Em compositos, geralmente quanto maior a razão de aspecto da fase

dispersa, menos quantidade é necessária à matriz para que a resistência máxima

(transferência de tensões às cargas) seja alcançada (ALEXANDRE; DUBOIS, 2000;

CHRISSAFIS; BIKIARIS, 2011; DUNCAN, 2011).

2.3. Modificações químicas superficiais

A característica da MMT possuir sítios ativos pela presença de cátions

interlamelares trocaveis e de hidroxilas estruturais nas bordas laterais, assim como

capacidade de expansividade por meio do distanciamento entre as lamelas

(esfoliação) com a entrada de água, ions e outras moléculas, permite que possam ser

feitas modificações químicas e estruturais, influenciando diretamente nas suas

propriedades físico-químicas, ampliando suas aplicações (HERRERA et ai, 2006).

Dentre as diversas formas de modificação dos argilominerais, as mais comuns

se resumem nos seguintes mecanismos: adsorção de cátions por troca catiônica ou

adsorção eletrostática de grupamentos polares; pilarizaçâo com diferentes oligômeros

metálicos e; formação de ligações covalentes nas bordas ou região interíamelar com

moléculas que possuam grupos funcionais (funcionalização) (BERGAYA; LAGALY,

2001).

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2.3.1. Ativação (com barrilha)

Como a maior parte das aplicações industriais e acadêmicas das argilas é feita

com bentonitas sódicas, devido a características de inchamento e hidratação, as

bentonitas cálcicas ou policatiônicas precisam passar por processos de ativação para

troca dos seus cátions (Ca2+ ou outro) por Na+ usando carbonato de sódio, também

conhecido como barrilha.

No processo de ativação com barrilha, são feitas, basicamente, adições de 2,5

a 3,0% em peso de barrilha na bentonita cálcica, seguida de homogeneização,

laminação ou extrusão (etapa úmida), responsável por promover maior mistura e

contato do carbonato de sódio com a MMT, cura e secagem em temperatura ambiente

entre 48 e 180 horas, moagem, classificação e ensacamento (BALTAR; LUZ, 2003).

2.3.2. Ativação ácida

Um dos principais objetivos da ativação ácida visa o incremento nas

características de adsorção das argilas, criando argilas com áreas superficiais maiores

(até 5 vezes), maior acidez (Bronsted, por exmplo) e porosidade, pela dissolução

parcial das lamelas cristalinas, diminuindo sua cristalinidade, além de eliminar

impurezas minerais. Esta ativação é feita em bentonitas que se destinam a processos

industriais como catalise, claríficação de óleos e bebidas, fármacos, entre outros.

Na ativação ácida são utilizados ácidos como ácido clorídrico ou sulfúrico, os

quais efetuam a troca catiônica das lamelas (Na+ou Ca2+) da MMT por H+(ou H30+), e

retiram alumínios estruturais das lamelas octaédricas, deixando os grupos tetraédricos

intactos. Tratamentos com altas concentrações de ácidos fornecem um material

praticamente amorfo e muito poroso (DIAZ; SOUZA SANTOS, 2001; RODRIGUES et

ai, 2006; BRATTACHARYYA; GUPTA, 2008; ÕNAL; SARIKAYA, 2007; NOYAN et ai,

2007).

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2.3.3. Pilarizaçâo

É um método bastante usado para argilas com aplicações em catalise

heterogênea e em processo de fisissorção e/ou quimissorção. Argilas pilarizadas

possuem geralmente elevadas áreas superficiais (50 a 200 m2/g), grande volume de

poros, forte acidez (Lewis) superficial e pilares de oxido cataliticamente ativos. Para tal

modificação, é necessário que a argila tenha boa capacidade de inchamento e troca

de cátions, como é o caso da MMT sódica (maior estado de desagregação das

lâminas em água - esfoliação - sendo maior a exposição dos sítios ativos).

Após inchamento em solução aquosa, os cátions interlamelares são

substituídos por agentes pilarizantes constituídos de complexos metálicos

oligoméricos ou poliméricos (polioxocátions) de alumínio, cromo, ferro, titânio ou

zircônio, e após secagem e caleinação, são formados pilares de óxidos metálicos,

ligados covalentemente às folhas tetraédricas de camadas 2:1 adjacentes, mantendo-

as abertas e rígidas permanentemente. A Figura 2 mostra o mecanismo de pilarizaçâo

de esmectitas (ou MMT) usando alumina (TEIXEIRA-NETO, 2009).

lameladeesmecttta < j fc&ions Na* Interlamelares —».fi? W J£L

l

[Al„O<(0H„(H,O)d'- caldnaçto fy

pilar de Al,©, -71

troca catfOntca

E^Ç

Figura 2. Diagrama esquemático da pilarizaçâo de uma esmectita com alumina.

(TEIXEIRA-NETO, 2009).

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2.3.4. Organofilização

A modificação superficial das bentonitas / MMT tem recebido bastante atenção,

pois permitem ampliar a aplicação dessas argilas, principalmente argilas organofílicas,

também conhecidas como organoclays, que abrem novas e vastas aplicações

industriais. São matérias-primas de alto valor agregado, e a maior parte adquirida no

mercado nacional é importada. Uma área de aplicação que vem alcançando grande

destaque é a de nanocompósitos (PAIVA et ai, 2008; DIAZ, 1994; FERREIRA et ai,

2008).

As argilas do grupo esmectita, principalmente a MMT, são utilizadas na

preparação de argilas organofílicas, devido principalmente a sua elevada capacidade

de inchamento em água e elevada CTC, permitindo e facilitando a intercalação de

compostos orgânicos na sua estrutura (SILVA, 2005).

Esmectitas organofílicas são argilas que contém moléculas orgânicas

intercaladas entre as camadas estruturais ou adsorvidas em sua superfície. A inserção

dessas moléculas na argila muda sua natureza de hidrofílica para hidrofóbica ou

organofílica, diversificando ainda mais suas aplicações. Argilas organofílicas

apresentam a propriedade de inchar em dispersantes orgânicos, e fornecer dispersões

tixotrópicas a baixas concentrações (CUTRIM et ai, 2015; Silva, 2005).

Para o processo de organofilização são utilizados, dentre outros compostos, os

tensoativos (ou surfactantes). São compostos naturais ou sintéticos que contém em

sua estrutura uma parte polar e outra apoiar, apresentando afinidade química com a

argila (hidrofílica), tornando-a hidrofóbica. É uma técnica realizada por troca de íons,

ou seja, pela substituição dos cátions trocaveis presentes nas lamelas da argila, por

cátions orgânicos, como os sais quaternários de amônio, ou outros tipos de sais, em

soluções aquosas. A quantidade de cátions substituintes é limitada pela CTC da argila

10

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(PAIVA et a/.,2008; SILVA, 2005; BEALL; GOSS, 2004; BERGAYA; LAGALY, 2001;

MORALES).

Desde a década de 1920 os sais quaternários de amônio vêm sendo utilizados

como o principal composto para organofilização de bentonitas sódicas. Esse sal

consiste em hidrocarbonetos de cadeia longa ligados a um átomo de nitrogênio, que é

onde se situa a parte catiônica da molécula, responsável por substituir as cargas nas

esmectitas. Ao contrário do próprio íon amônio NH4+e dos cátions amônio primário,

secundário e terciário, os cátions quaternários de amônio ficam carregados

eletricamente permanentemente, qualquer que seja o pH do meio, conforme a Figura

3, sendo R qualquer radical alquila (hidrocabornetos). Os cátions quaternários de

amônio são sintetizados através da alquilação completa da amônia ou outras aminas.

R

R'- N-R'

R'

Figura 3. Cátion quaternário de amônio (Wikipédia).

Uma representação esquemática de trocas catiônicas de íons alquilamônio por

cátions interlamelares monovalentes presentes na MMT pode ser visto na Figura 4

abaixo.

+ ©@©©

lonsalquilamônio argila

t7/r mi,-

argila organofüica

©

©©

©

Figura 4. Processo de troca catiônica entre íons alquilamônio e os cátions intercalados

entre as lamelas da argila (KAUFHOLD et a/., 2002).

11

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Além da troca de cátions, a fixação de moléculas orgânicas na estrutura da

argila pode ser feita por interações íon-dipolo, isto é, a presença de grupos polares

nessas moléculas permite que elas se fixem aos cátions interlamelares da argila, de

modo a se formarem aglomerados fixos adsorvidos ao redor de cada cátion. Outras

interações como pontes de hidrogênio também são possíveis (PAIVA ei ai, 2008).

O uso de tensoativos mais comuns, como o quaternário de amônio, degradam

a temperaturas de polimerizaçâo dos polímeros no estado fundido, processo de

intercalação que, para a indústria, é a mais viável economicamente. Logo, a

instabilidade térmica da argila organofilizada com sais quaternários de amônio, por

simples troca iônica, toma-se uma forte limitação no processamento de

nanocompósitos polímero/argila (XIE et ai, 2001; SHAH; XU et ai, 2009; BIKIARIS,

2011; WANG ef ai, 2012; HUSKIC et ai, 2013).

Assim, além dos sais quaternários de amônio, outros compostos orgânicos

também podem ser utilizados para modificar as argilas, porém, a quantidade de

publicações com esses compostos ainda é pequena, demonstrando potencial para

exploração de novos compostos orgânicos modificadores de argila (PAIVA et ai,

2008).

Tomar as bentonitas com caráter organofílico visa o aumento da

compatibilidade entre elas e o meio orgânico que se pretende introduzi-las, de forma a

se dispersarem melhor (argilas intercaladas e/ou esfoliadas) e ocorrerem interações

micrométricas ou nanométricas, evitando que se formem aglomerados, melhorando

um conjunto de propriedades do meio orgânico formulado, sejam ele tintas, graxas,

fluidos não aquosos para perfuração de poços de petróleo, ou para outras aplicações

como em cosméticos, adsorventes seletivos de poluentes no tratamento de efluentes,

biocidas, entre outros (ALEXANDRE; DUBOIS, 2000; PAUL; ROBESON, 2008; PAIVA

et ai, 2008 a; COELHO et ai, 2007; DIAZ, 1994).

12

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2.3.5. Funcionalização

Na funcionalização, a molécula orgânica é ligada quimicamente à lamela da

argila. A argila funcionalizada (organofuncionalização) se difere da organofilizada

(adsorção física) porque, nesta última a inserção das moléculas orgânicas é por troca

catiônica, um mecanismo reversível, enquanto na primeira, ocorre a formação de

ligação química de forte caráter covalente entre a superfície da argila e o composto

modificador, tornando o processo irreversível. Podendo ocorrer restritamente na

superfície do cristal ou na região interlamelar (WYPYCH; SATYANARAYANA, 2004).

Os sais quaternários de amônio usualmente empregados na modificação das

argilas não possuem grupos funcionais para promoverem ligações químicas com o

polímero, resultando em uma fraca interação do polímero com a argila (HUSKIC et ai,

2013).

A literatura tem relatado crescentes estudos em nanocompósitos incorporando

argilas modificadas (funcionalizadas) com silano, principalmente em matriz epóxi

(BERTUOLI, 2014).

Silanos são compostos químicos a base de silício que atuam como agentes de

acoplamento, possuindo reatividade orgânica e inorgânica na mesma molécula. Sua

estrutura geral é (RO)3-Si-(CH2)n-X, com RO representando o grupo hidrolisavel

(radical alcóxi - OCH3, OC2H5 ou OCOCH3), ou seja, é a parte da molécula que será

hidrolisada para permitir a ligação da molécula com a argila, X é o grupo

organofuncional não hidrolisavel (amino -NH2, vinil (-CH=CH2), mercapto -SH, epóxi, e

outros), que estabelecerá o caráter organofílico à argila e a ligação com o

material/molécula orgânico (SAYILKAN et ai., 2004; ARKLES, 2006; OLIVEIRA JR,

2006; DEMIRBAS et ai, 2007; XIE ei ai, 2010). A Figura 5 e Figura 6 representam

respectivamente a estrutura molecular do silano, e sua reação com o argilomineral e

subsequente adesão a um polímero.

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GrupoH J) -^^v^wwv^^ Grupo

orgar.ofuncional

Figura 5. Estrutura molecular geral do silano (ARKLES, 2006).

HO

HO

HO

Superfície do mineral

RO

i

X— R—Si— ROI

RO

Silano

Polímero

Ho

RO

I

X—R Si O!

RO

HO -

Mineral modificado

HO-

RO

\ R Si 0I

RO

Ho

Mineral mixiitícado

RHO

i entrepolímero e mineral modificado

Figura 6. Esquema de reação entre o silano e as hidroxilas superficiais de um

argilomineral, com subsequente adesão do polímero ao argilomineral modificado

(BERTUOLI, 2014).

Assim, a funcionalização ocorre por meio da interação do radical hidrolisavel do

silano com as hidroxilas superficiais da argila através de ligações covalentes. Pode ser

realizada na presença de água ou em meio anidro (sem água). No entanto, em meio

aquoso podem acontecer reações secundárias de condensação com outras moléculas

de silano, formando oligômeros ou polímeros. Em meio anidro, a funcionalização

ocorre via condensação direta, não sendo necessária a eliminação do excesso de

água adsorvida na superfície da argila, porém o aumento do espaçamento interlamelar

fica mais limitado (ARKLES, 2006; OLIVEIRA JR, 2006; GUIMARÃES, 2007; ALVES,

2009;XIEefa/., 2010).

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Segundo He ei ai (2005, 2013), toda superfície externa, interna e bordas da

MMT fornecem sítios ativos para funcionalização da argila com silano.

A organofuncionalizaçáo também é uma boa alternativa para o

desenvolvimento de novos materiais adsorventes. Argilas funcionalizadas com grupos

reativos sulfidrila (-SH) e amino (-NH2), por exemplo, tem sido estudadas para

remoção seletiva de metais pesados como mercúrio, cádmio, chumbo, cobre e

arsênio, pois formam complexos estáveis com esses. Logo, as argilas funcionalizadas

também se revelam promissoras em processos de pré-concentração e separação em

águas e efluentes, pois ao invés de ser um adsorvente inespecífico, passam a ser

mais seletivos para determinadosadsorvatos (GUIMARÃES, 2007).

2.4. Aplicações das bentonitas naturais e quimicamente modificadas

As bentonitas são tão versáteis que podem ser usadas em diversas aplicações,

devido, principalmente, às suas propriedades de adsorção e absorção. Alguns

exemplos de aplicações das bentonitas estão em (PUSHPALETHA et ai, 2005; ZIV;

MISHAEL, 2008; TEIXEIRA-NETO, 2009; CARRETERO, 2002; VISERAS et ai, 2007;

DIAS, 2006; BALTAR, 2003; DARLEY; GRAY, 1988; HARBER e KUZVART, 1996):

Nanocompósitos polímero-argila;

Pelotização de minério de ferro;

Aglomerantes de areia de moldagem usadas em fundição;

Descoramento de óleos vegetais, minerais e animais;

Agente tixotrópico de fluidos de perfuração de poços de petróleo e água doce;

Impermeabilização de bacias;

Pet litter (adsorvente de dejetos de animais domésticos);

Catalisadores;

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• Agroquímicos;

• Sabões e detergentes;

• Fármacos e cosméticos;

• Tratamento de efluentes;

2.4.1. Nanocompósitos polímero-argila

Uma aplicação de destaque das argilas com sítios orgânicos

(organofilizadas/organofuncionalizadas) está na área de nanocompósitos poliméricos.

Entre os nanomateriais utilizados na preparação de nanocompósitos, 70% do volume

utilizado são de argilas organofílicas. O uso bem sucedido dessas argilas se deve ao

fato da bentonita ser de origem natural e de baixo custo (US$ 2 / Kg - natural e US$

40,00 / Kg - modificada quimicamente), ter elevada razão de aspecto, boa capacidade

de delaminação/esfoliação (separação das folhas na matriz polimérica), resistência

das partículas a solventes e às temperaturas empregadas na polimerizaçâo e atritos

na extrusão de polímeros (MARKARIAN, 2005; COELHO et ai, 2007; CHIGWADA;

WILKIE, 2003).

A adição de argilas organofílicas em matrizes polimérícas para a preparação de

nanocompósitos tem como objetivo a melhoria das propriedades mecânicas, físicas

(térmicas e de barreira) e químicas, além da redução do peso e custo. Sua aplicação

em matrizes polimérícas iniciou-se na década de 1980, no laboratório de pesquisa da

Toyota com desenvolvimento de nanocompósitos de poliamida contendo 5% de argila

organofílica. Os resultados demonstraram aumento considerável das propriedades

mecânicas, como resistência a tração, flexão, módulo elástico, e outros, em

comparação a outras cargas nessas matrizes. O efeito de 5% de adição de MMT

organofílica é equivalente a 40%, em massa, de talco em matrizes polimérícas de

náilon-6 e polipropileno, e de 15-50% de carbonato de cálcio como carga em outros

polímeros (MARKARIAN, 2005; COELHO et ai, 2007; CHIGWADA; WILKIE, 2003).

16

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A melhoria das propriedades mecânicas e de barreira em compositos

poliméricos usando MMT como carga deve-se às interações mais evidenciadas desta

com a matriz, promovidas pela esfoliação ou intercalação da MMT, provocando a

separação das lamelas, o que aumenta sua razão de aspecto, e permite que as

moléculas polimérícas interajam com todas as lâminas da MMT individualmente, como

pode ser visto na Figura 7. Essas intercalações e interações permitem que a matriz

polimérica suporte maiores solicitações mecânicas, visto que estas são também

transferidas para as cargas. São facilitadas com o uso de MMT que possuam sítios

orgânicos (organofilizadas ou funcionalizadas), pois melhoram a compatibilização das

fases inorgânicas das lamelas com a matriz orgânica (BERTUOLI, 2014).

ESTOI II RADE FASE

SEPARADA

(MicRoroMPósrroí

estou n KA

INTERCALADA

(NA.MM o.MPôsrro)

í^fe

l.sllll 11 H.\ ESFOIJADA

(WMKOMl-ONIIOI

Figura 7. Argila dispersa em cadeia polimérica (PAIVA, 2006).

Para Silva ei ai (2011), a incorporação de baixas concentrações (até 2,5% p/p)

de MMT funcionalizada com N-(2-aminoetil)-3-aminopropiltrietoxisilano na resina epóxi

proporcionou uma melhor dispersão da argila na mesma, comportamento atribuído à

presença de dois grupamentos amino (fração orgânica do silano) que interagem com a

resina epóxi, contribuindo para a diminuição de aglomerados, proporcionando a

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delaminação da argila, obtendo uma estrutura esfoliada. Essa esfoliação foi atribuída à

ocorrência de incorporação do silano principalmente nas galerias da argila.

Mansoori ei ai (2010) observaram que a incorporação de baixas

concentrações de argila modificada (até 7% p/p) no polímero resulta na formação de

nanocompósitos com estrutura esfoliada e/ou intercalada, além da temperatura de

transição vítrea aumentar com relação ao polímero puro. Para maiores teores de argila

(10 a 13% p/p), observou-se a formação de aglomerados de argila (microcompósitos)

que diminuíram as características alcançadas inicialmente.

Adicionalmente, Mirabedini e Kiamanesh (2013) estudaram o efeito de micro e

nanopartículas nas propriedades mecânicas e de adesão de uma tinta em pó de

poliéster, observando que os revestimentos que continham 2% (p/p) de partículas

apresentaram melhores propriedades mecânicas que os que continham mais de 3%

(p/p). Estes apresentaram a formação de aglomerados e bolhas responsáveis pela

descontinuidade do filme e redução da força de adesão do revestimento.

Outros autores observaram que a incorporação de 1% (p/p) de MMT

organofílica já melhora características como propriedades de barreira, resistência a

absorção de água e resistência à corrosão de revestimentos, com a formação de um

nanocompósito com estrutura esfoliada (WANG; WANG, 2014).

Conforme observado por Lima (2015), há na literatura científica uma grande

quantidade de publicações sobre a preparação e a caracterização de argilas

modificadas organicamente incorporadas em revestimentos, com o intuito de serem

melhoradas suas propriedades de barreira, de modo a dificultar a infiltração do

eletrólito para o substrato metálico, retardando assim processos corrosivos no mesmo.

No entanto, são muito poucas as que apresentam alguma informação a respeito de

proteção à corrosão sob o ponto de vista do efeito unicamente das argilas nas reações

eletroquímicas que caracterizam a corrosão substrato-eletólito.

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O que levou Lima (2015) a estudaras possíveis propriedades anticorrosivas da

MMT foi a grande quantidade de publicações referentes ao emprego da MMT no

controle da corrosão quando incorporadas a revestimentos, e também a tese de

doutorado de Araújo (2003), cujos resultados de ensaios de corrosão com extrato

aquoso do mineral agalmatolito, um silicato de alumínio hidratado de característica

lamelar, muito semelhante à MMT, sugeriram atividade anticorrosiva.

Assim, o presente trabalho está vinculado aos estudos em

desenvolvimento de Lima (2015), avaliando as possíveis propriedades

anticorrosivas de MMT na inibiçâo da corrosão de aço carbono. A proposta é

investigar se quando a propriedade de barreira do revestimento estiver

comprometida, ou seja, quando o revestimento já tiver encharcado com o

eletrólito, a presença de MMT pode conferir inibiçâo da corrosão do aço. Assim,

serão feitos experimentos com extratos aquosos de MMT em condições de

estagnação e acesso restrito de oxigênio, visando simular as condições de uma

interface revestimento-metal.

Um dos poucos trabalhos encontrados na literatura sobre a ação ativa das

argilas na proteção contra corrosão em revestimento foi realizada por Ghazi et ai

(2015), que estudaram as propriedades de proteção ativa de revestimentos epoxi com

inibidores de corrosão intercalados em 3% p/p de MMT sódica, cujos cátions Na+

foram trocados com sucesso pelos cátions inibidores de corrosão zinco (Zn+2) e

benzimidazol (BIA). No entanto, não são relatadas características anticorrosivas

intrínsecas da própria MMT.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Conforme o objetivo central do trabalho, análises com ensaios de impedância

eletroquímica, curvas de polarização e perda de massa foram realizadas para avaliar

19

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se as argilas da Tabela 1 a seguir possuem caráter inibidor de corrosão para aço

carbono. Neste capítulo serão apresentados os materíais, os ensaios realizados e os

equipamentos utilizados nos estudos eletroquímicos das argilas.

3.1. Argilas

Para os ensaios foram utilizadas cinco argilas comercializadas pela Sigma-AIdrich,

e duas argilas nacionais, cujas especificações são mostradas na Tabela 1.

Tabela 1. Informações das argilas empregadas (adaptada de LIMA, 2015).

PRODUTO

Bentonita (Al203+ 4Si02 + H20)

Montmorilonita

nanométrica

hidrofílica

(H2AI206Si)

Montmorilonita

nanométrica

modificada

contendo 25-

30% p/p deoctadecilamina

Montmorilonitananométrica

modificada

contendo 0,5-5%p/p de

aminopropil-trietóxisilano e

15-35 %p/p deoctadecilamina

Montmorilonita

nanométrica

modificada

contendo metil

de sebo

hidrogenadodihidroxietil

amônio

Bentonita

sódica natural

Bentonita

cálcica natural

CÓDIGO

BS

REFERÊNCIACOMERCIAL E

CUSTO

Sigma-AIdrich285234 (1 kg por

R$219,60)

Sigma-AIdrichMMT-S 682659 (1 kg por

R$946,00)

Sigma-AIdrichMMT-0 682632 (1 kg por

R$950,00)

MMT-O-Si

MMT-Se

BNaN

BCaN

Sigma-AIdrich682616(1 kg por

R$950,00 -produto

descontinuado)

Sigma-AIdrich682640 (1 kg por

R$950,00)

Reminas, (1kgpor R$2,46)

Reminas (1kgpor R$2,56)

PROPRIEDADES

DA FICHA

TÉCNICAGranulometria:

não informada;Densidade não

informada

Granulometria:

inferior a 25 um

Densidade: 600-

1100 kg/m3

Granulometria:

inferior a 20 um

Densidade: 200-

500 kg/m3

Granulometria:

inferior a 20 um

Densidade: 200-

500 kg/m3

Granulometria:

inferior a 20 um

Densidade: 200-

500 kg/m3

DENSIDADES

(g/cm3)

2,4 (**>

0,6-1,1 w2,4 M

0,2 - 0,5 M

0,2 - 0,5 M

0,2 - 0,5 (*}1,7 <**>

2,7 (**J

2,0 (**>

w- Ficha Técnica; '"'-Lima (2015)

20

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Quanto às argilas importadas, duas aparentavam estar nas suas formas mais

naturais, ou seja, não submetidas a tratamentos mais elaborados ou a tratamentos de

modificação química. Tratam-se da Bentonita (BS) e da Montmorilonita nanométrica

(MMT-S). Pela denominação, esta segunda aparentava ser uma bentonita "mais

purificada", que tenha sido submetida a um fracionamento coloidal, para retirada de

impurezas, como outros minerais e matéria orgânica, contendo quase que em sua

totalidade o argilomineral MMT, o que explicaria o seu custo mais elevado em

comparação à BS.

As outras três argilas da Sigma (MMT-O, MMT-O-Si, MMT-Se), sofreram

tratamentos de modificação química, em que os sítios ativos presentes nas lamelas do

argilomineral foram substituídos pelos compostos descritos na Tabela 1 de cada argila.

A MMT modificada com octadecilamina, MMT-O, deve apresentar interações de

adsorção íon-dipolo ou pontes de hidrogênio com a argila, visto que as

octadeciloaminas são aminas alifáticas, conforme se verifica em sua fórmula química

geral, igual a CH3(CH2)i6CH2NH2. As aminas alifáticas apresentam grupos polares, e

estima-se que fiquem adsorvidas ao redor dos cátions interlamelares da MMT

(interação íon-dipolo), ou nos oxigênios das camadas de silício (ponte de hidrogênio),

tornando-a uma argila organofílica.

Quanto a MMT-O-Si (octadecilamina + aminopropiltrietoxisilano), além da amina,

estão presentes adicionalmente grupamentos de silano. Acredita-se que as aminas

alifáticas (octadecilamina) tenham interações de íon-dipolo ou pontes de hidrogênio

com a MMT e adicionalmente, o pequeno incremento dos grupos silanos tenha

provavelmente ligações covalentes (funcionalizados) com a estrutura da MMT,

intensificando seu caráter organofílico, se comparado à MMT-O.

A MMT-Se possui modificações com sebo de amônio, que são sais quaternários

de amônio, cuja estrutura molecular está apresentada na Figura 8. Estes devem fazer

predominantemente trocas catiônicas com a MMT, deixando sítios orgânicos em sua

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estrutura. Como também contêm dois grupos hidroxila que podem formar ligações de

hidrogênio com a estrutura da MMT.

(CH,h~OHl#

CHy- N- T TI

(CHjfc-OH

Figura 8. Estrutura molecular de alquil de sebo dihidroxietil metil amônio (adaptada de

LIMA, 2015).

No que diz respeito às duas argilas nacionais, BNaN e BCaN, como no Brasil

ainda não foram localizadas reservas lavráveis de bentonitas com alto inchamento em

água (característica intrínseca de bentonitas cujo cátion majoritário é o sódio), é

possível que a bentonita denominada como Bentonita sódica "natural" (BNaN),

utilizada no presente trabalho, tenha advindo de uma bentonita cálcica ou policatiônica

submetida a processo de beneficiamento pelo tratamento com carbonato de sódio,

para torná-la uma bentonita sódica. Tal fato não se aplica à bentonita cálcica, podendo

esta ser, de fato, in natura.

As afirmações e suposições acima estão sendo verificadas por DRX e FTIR pela

aluna de doutorado Aldaviima Lima.

3.2. Caracterização das Argilas

Nesse trabalho a caracterização das argilas restringiu-se a ensaios de Inchamento

Foster e medidas de pH dos extratos aquosos.

O ensaio de Inchamento Foster é um importante ensaio de laboratório para

bentonitas, pois diferencia aquelas que incham das que não incham no solvente

utilizado. O inchamento das argilas em água é um indicativo do caráter sódico da

bentonita. O não inchamento é um indicativo do caráter calcico ou policationico

(CUTRIM ei ai, 2015), conforme já foi explicado anteriormente.

Além do inchamento, o ensaio servirá para verificar o grau de compatibilidade de

cada argila com a água e com um solvente orgânico (xiieno), revelando seu caráter

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hidrofílico e o caráter organifílico/hidrofóbico. Também será possível avaliar a

eficiência da ativação sódica da bentonita nacional.

A metodologia utilizada para o ensaio de inchamento é baseada no livro de

Cutrim et ai (2015), adotando-se o seguinte procedimento:

a) Pesa-se 2,0 g de argila (quantidade normalmente utilizada pelas indústrias

para o ensaio de inchamento);

b) Em proveta, coloca-se 100 ml de solvente (seja água ou líquidos

orgânicos);

c) Adiciona-se lentamente a argila na proveta, de modo que decante no

solvente por gravidade, garantindo que não fiquem presas frações de argila

nas paredes;

d) Ao terminar a adição, é feita a leitura no nível de argila na proveta (em

mL/g) após 24 h. (A leitura do nível da argila na proveta é dividido por 2,

visto que foram utilizados 2,0 g.)

3.3. Preparo dos eletróütos

Foram preparados extratos aquosos das argilas (eletróütos) para os ensaios

eletroquímicos e perda de massa. Os extratos foram obtidos misturando-se cada uma

das argilas com NaCI 3,5% p/p, nas concentrações de 1%, 5% e 10% p/p de argila.

Além dos sete extratos aquosos (sete argilas) produzidos para os ensaios, também foi

utilizada a solução de NaCI 3,5% p/p puro para os ensaios, de modo a se obterem

resultados comparativos do aço com e sem a presença das argilas nesse meio

corrosivo.

As argilas foram dispersas mecanicamente com o auxílio de um bastão de

vidro até que a suspensão se tomasse homogênea (embora se tornem posteriormente

heterogêneas pela decantação das partículas da argila e/ou separação de fases). Para

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garantir que todas as espécies solúveis de cada argila tivessem tempo suficiente de

solubilização, as suspensões foram mantidas em repouso por 48 horas, e por fim,

filtradas com filtros de 3 um (micrometros), com auxílio de uma bomba de vácuo.

Antes e após cada ensaio foram feitas medidas de pH.

3.4. Medidas Eletroquímicas

3.4.1. Impedância Eletroquímica

A impedância eletroquímica foi medida com controle potenciostático no

potencial de corrosão, em uma ampla faixa de freqüências (40 KHz a 4 mHz). A célula

eletroquímica foi composta pelo eletrodo de trabalho, referência de calomelano

saturado e contra eletrodo de platina. A perturbação em potencial foi de 10 mV.

Nesse trabalho os resultados serão apresentados como diagramas de Nyquist

e o log IZI versus log üj do diagrama de Bode.

No ensaio de impedância eletroquímica foi utilizado equipamento Gamry - 600

com Muitiplex, que fornece oito canais para medidas seqüenciais, fato que ajudou na

otimização do tempo de trabalho, tendo em vista que os ensaios foram feitos em

batelada, pela quantidade de argilas a serem estudadas, e em duplicatas.

O eletrodo de trabalho era de aço 1020, embutido em resina, com superfície

exposta de 1cm2, em média. Antes de cada medida eletroquímica a superfície do

eletrodo foi polida para retirada de qualquer camada de oxido e/ou irregularidades

presentes na superfície, passando pelas lixas de carbeto de silício de granulometrias

320, 400 e 600 mesh.

Antes de começarem as medidas propriamente ditas, deixou-se estabilizar o

potencial de circuito aberto (OCP), ou potencial de corrosão (Ecorr), por 1 hora e 10

minutos.

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Fotos ilustrativas do sistema experimental e de quatro células eletroquímicas,

conectadas a quatro canais do multiplex, estão apresentadas, respectivamente, na

Figura 9 e Figura 10 a seguir.

Figura 9. Sistema experimental composto pelo computador, potenciostato e o

multiplex, utilizado para o ensaio Impedância Eletroquímica.

Figura 10. Células eletroquímicas utilizadas no ensaio de Impedância Eletroquímica.

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3.4.2. Curvas de Polarização

Foram feitas curvas de polarização anódica e catódica com eletrodo de disco

rotatório de aço 1020 embutido em resina, com área exposta de 0,25 cm2. Antes de

cada medida eletroquímica o eletrodo de trabalho passou por polimento em lixas 320,

400 e 600 mesh

O eletrodo foi ensaiado em uma célula eletroquímica análoga à utilizada no

ensaio de impedância. Para evitar que os efeitos de convecção natural interferissem

na reprodutibilidade dos resultados, o eletrodo de trabalho girou na velocidade de 100

rpm.

Para a obtenção das curvas de polarização foi utilizado potenciostato Autolab

PG STAT 302N. As curvas foram obtidas com velocidade de varredura de 0,17mV/s.

As polarizações até 0,200 V de sobretensão, em relação ao Ecor. O sistema

experimental pode ser visto na Figura 11 a seguir.

I a)

Figura 11. Sistema experimental utilizado para as curvas de polarização, composto

pelo potenciostato (a), pelo computador (b) e pela caixa de Faraday (c).

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3.5. Ensaio de perda de massa

Para o ensaio de perda de massa, corpos de prova (coupons) de aço 1020

foram jateados com micresferas de vidro para retirada de óxidos, e desengraxados por

imersão em álcool etílico no ultrassom, por dez minutos. Em seguida, os coupons

foram secos com auxílio de um secador, identificados, e aferídas suas dimensões,

com paquímetro, e massa inicial, em balança analítica.

Os ensaios foram realizados de acordo com a Norma ASTM G1, com três

corpos de prova imersos em cada extrato aquoso, durante sete dias. As soluções se

mantiveram estagnadas e tampadas, sem renovação do meio, visando condições

próximas as da interface revestimento/metal.

Ao término do ensaio, os coupons foram lavados com água corrente para a

retirada do excesso de óxidos. Para retirada do restante dos óxidos aderidos na

superfície, os corpos de prova foram imersos em solução de Clark (HCI concentrado +

SnCI2 +Sb203), lavados com água destilada, secos e pesados. Esse processo se

repetiu até a estabilização da massa final de cada corpo de prova.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Inchamento de Foster

O grau de inchamento de cada argila, em solvente orgânico e em água, revela

seu caráter organofílico ou hidrofílico, permitindo uma avaliação da eficiência da

modificação química de organofilização das argilas comerciais, indicadas como

organofílicas, e uma avaliação do caráter sódico das argilas nacionais e importadas

não tratadas, revelando também com isso, a eficiência da ativação sódica da argila

nacional BNaN.

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Segundo Cutrim et ai (2015), para classificar o grau de inchamento das

bentonitas, o critério seria:

a) Não inchamento: Igual ou inferior a 2 ml_/g.

b) Baixo: 3 a 5 mL/g.

c) Médio: 6 a 8 mL/g.

d) Alto: Acima de 8 ml_/g.

Valores típicos de inchamento em água para bentonitas policatiônicas

brasileiras (da Paraíba), varíam geralmente de 2 até 6 mL/g. E para as ativadas com

sódio industrialmente, varíam geralmente entre 12 e 20 mL/g.

A Figura 12 e a Tabela 2 mostram o comportamento das argilas utilizadas no

trabalho em água e em xiieno.

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MMT-O

ÁGUA

BCaN

MMT-Se

MMT-S

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•""SL

vt.JOc-

* 90 ST

-SS5SP- ^70WÈ 70 J^

s

W60 60

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^ 50 fU9_= == _

MMT-O-Si

= 40

MMT-SeMMT-O "^

Figura 12. Inchamento de Foster das argilas em água e em xiieno.

29

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Tabela 2. Grau de inchamento de Foster das argilas em água e em xiieno.

ARGILA

INCHAMENTO -

Em água

mL/g INCHAMENTO - mL/g

Em xiieno

BNaN 1 1.4

BCaN 1 1,6

BS 18 1,6

MMT-S 6 1,4

MMT-0 0,35 4,5

MMT-O-Si 0 6

MMT-Se 4 3

A Tabela 2 apresenta a graduação do inchamento de cada argila considerando

o volume ocupado por elas no fundo das provetas, segundo a metodologia de Cutrim

et ai (2015). Em água, percebe-se que as argilas nacionais BNaN, BCaN, e as

importadas sem modificação química, BS e MMT-S, decantam para o fundo da

proveta. Nas provetas das outras três argilas, MMT-O, MMT-O-Si e MMT-Se,

quantidades consideráveis não decantam, ficando suspensas na superfície (volume

sobrenadante). Entre estas, apenas a MMT-Se (sebo de amônio) teve também uma

parte que precipitou para o fundo da proveta, atingindo um inchamento de 4 mL/g. A

influência de partículas em suspensão aquosa, conforme verificado nas provetas com

BCaN e MMT-S, que apresentam uma coluna de líquido turva, e a presença do volume

sobrenadante nas provetas das três argilas tratadas, não são contabilizadas no valor

do inchamento, segundo essa metodologia.

O volume de sobrenadantes pode ser devido a uma fração da argila com

densidade inferior à água, ou devido à separação de substância imiscível utilizada no

tratamento químico. O esclarecimento desse fato experimental fica como sugestão

para continuação desse trabalho.

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Outro aspecto a ser considerado é que o inchamento de Foster em água

mostrou que esse solvente é capaz de extrair/separar fases das argilas. Qual seria o

efeito desses extratos sobre a corrosão do aço? A resposta a essa pergunta poderia

ser relacionada com o efeito da presença de argilas como pigmentos em

revestimentos anticorrosivos. Ou seja, quando o revestimento estiver encharcado com

eletrólito, será que este extrairá compostos químicos capazes de inibir corrosão?

Fazendo uma análise da argila sódica nacional, BNaN, verifica-se que ela

apresenta um inchamento desprezível em água, inferior a 2 ml_/g, indicando um

caráter calcico ou policationico. Ou seja, a provável ativação sódica realizada nesta

argila foi ineficiente, o que compromete a credibilidade do fornecedor destas argilas

nacionais. A outra argila nacional, cálcica, BCaN, do mesmo fornecedor, possui

também inchamento desprezível, inferior a 2 mL/g, inferior ao que retrata a literatura

quanto aos valores típicos de inchamento das argilas brasileiras (da Paraíba). Conclui-

se então que o grau de intercalação/esfoliação das argilas adquiridas por este

fornecedor nacional, em água, é muito baixo.

Em contrapartida, as argilas BS e MMT-S, fornecidas pela multinacional Sigma,

alcançaram inchamentos expressivos, principalmente a bentonita BS, que atingiu o

maior inchamento, de 18 mL/g, indicando expressamente seu caráter sódico. A argila

montmorilonita nano (MMT-S) apresentou inchamento menor, de 6 mL/g, limite da

faixa de inchamento de montmorilonitas cálcicas ou policatiônicas.

Em xiieno, não se observa a presença de sobrenadantes. Isso pode ser devido

à menor densidade do xiieno (0,86 g/cm3 a 20°C) em comparação com a água (1,0

g/cm3 a 20°C) e com as argilas. Por exemplo, a densidade da MMT-Se da ficha

técnica varia entre 0,2 a 0,5 g/cm3. Já Lima (2015) verificou densidade igual a 1,7

g/cm3 para esse mesmo produto (Tabela 1). Se essa argila realmente possuísse a

densidade relatada pela ficha técnica, ela não deveria decantar no xiieno, como de

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fato aconteceu. Isso indica também que as informações das fichas técnicas sempre

precisam ser conferidas.

Quantos às argilas modificadas organicamente, MMT-O, MMT-Se e MMT-O-Si,

o inchamento em xiieno ratificam que os processos de transformação foram eficientes,

com todos possuindo caráter organofílico. Ressalta-se que a MMT-O-Si apresentou o

maior inchamento, maior que a MMT-O, o que confirma a suposição feita no Materiais

e Métodos de que a adição de moléculas de silano, além das octadecilaminas,

melhoraram ainda mais a compatibilidade da argila com o meio orgânico. A MMT-Se

apresentou o menor inchamento dentre as argilas modificadas.

As argilas BNaN, BCaN, BS e MMT-S também decantaram para o fundo das

provetas em meio orgânico, embora seus inchamentos tenham sido desprezíveis. Isso

pode ser por estas argilas possuírem densidades superiores ao xiieno (Tabela 1).

4.2. Medidas de pH

Após serem feitos os extratos aquosos de cada argila com concentrações 1, 5

e 10% p/p (todas contendo também NaCI 3,5% p/p) e solução de NaCI 3,5% p/p puro,

a serem utilizados nos ensaios eletroquímicos, mediu-se os valores de pH conforme

se verifica na Tabela 3.

32

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Tabela 3. pH dos eletróütos usados nos ensaios eletroquímicos e perda de massa.

ARGILA pH 10% pH 5% pH 1%

BNaN 9,32 9,68 9,05

BCaN 6,52 6,59 6,87

BS 7,55 7,62 7,35

MMT-S 7,37 7,51 7,55

MMT-0 5,01 5,21 5,57

MMT-O-Si 5,28 5,16 5,73

MMT-Se 7,02 7,39 7,0

NaCI 3,5% 6,21

Vale ressaltar o pH básico da argila sódica nacional, BNaN, o que contribui

para a hipótese de que essa argila tenha passado por um processo de ativação sódica

com barrilha (carbonato de sódio), visto que a presença deste composto em soluções

aquosas torna o pH básico.

O pH básico da solução com a argila BNaN, quando utilizado como eletrólito

para os ensaios eletroquímicos, pode colocar o aço em uma condição de passivação, e

diminuir as taxas de corrosão do aço. De forma oposta, os extratos aquosos contendo

MMT-0 e MMT-O-Si, que apresentaram pH ácido, podem contribuir na dissolução do aço

nos ensaios, aumentando a taxa de corrosão. Então, se por um lado esses tratamentos

superficiais têm a proposta de melhorar a compatibilidade da MMT com o veículo

orgânico, por outro lado, não se sabe as conseqüências sobre a corrosão do metal,

quando o revestimento for permeado pelo meio aquoso.

33

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4.3. Impedância Eletroquímica

Essas medidas foram realizadas para se avaliar se existem indícios de

influência das argilas sobre o mecanismo reacional do aço 1020. Para a análise do

comportamento eletroquímico do aço 1020 nos ensaios de impedância, são utilizados

apenas os extratos aquosos contendo 10% p/p (e 3,5% p/p de NaCI) de argila e, é

tomado como referência o gráfico de impedância do aço imerso em solução de NaCI.

Os resultados de impedância eletroquímica são apresentados em cinco curvas

(Figura 13 e 14), ou seja, são realizados cinco ensaios em cada solução, um a cada

30 (trinta) horas, o que permite acompanhamento do mecanismo de corrosão ao longo

do tempo. Os ensaios foram realizados em 30, 60, 90,120 e 150 horas de imersão.

Nos diagramas de Nyquist (Figura 13), a intercessão do arco a altas

freqüências (à esquerda) com a abscissa informa o valor da resistência da solução

(Rs) que, neste caso, não é elevado, devido às soluções terem a presença de 3,5%

p/p de NaCI, o que aumenta sua condutividade. Por estar na escala logarítmica, o

valor dessa resistência pode ser mais facilmente observado no diagrama de Bode

(Figura 14), no patamar horizontal a altas freqüências, indicando um valor de

aproximadamente 10 O.cm2.

Na Figura 13 os diagramas obtidos em NaCI se caracterizam por um pequeno

arco capacitivo em altas freqüências, seguido de outro arco capacitivo, cujo limite em

baixas freqüências tende a diminuir com o tempo de ensaio, sugerindo evolução do

processo corrosivo.

Os diagramas obtidos em extrato de BNaN se caracterizam por um único arco

capacitivo, que tende a aumentar com o tempo de ensaio (Figura 13). Esse

comportamento é coerente com o elevado pH dessa solução, sugerindo a ocorrência

de bloqueio da área reacional.

34

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Os diagramas obtidos em extratos de BCa, BS, MMT-S, MMT-O, MMT-Si e

MMT-Se se caracterizam por arco capacitivo, seguido de arco indutivo nas primeiras

medidas. Depois, em tempos diferentes dependendo da argila, o arco indutivo tende a

desaparecer. Além disso, se observa alternância entre diminuição e aumento das

impedâncias.

Na Figura 14 se pode ver, pela variação dos módulos de impedância, que a

alternância de valores é pequena, mas pode ser interpretada como bloqueio e

liberação de superfície reacional que vai se tornando menos freqüente com o aumento

do tempo de ensaio.

Esse conjunto de resultados de impedância mostra que as argilas

realmente interferem no mecanismo de dissolução do aço.

Retornando à Figura 14 se observa que não existe diferença muito significativa

entre os valores de impedância medidos para cada caso. Então, se houver algum

efeito inibidor conferido pelas argilas, este não ficou muito evidente pela metodologia

adotada nas medidas da impedância, com o eletrodo estático.

A hipótese sobre o efeito inibidor das argilas será avaliada por curvas de

polarização a seguir.

35

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600 1200 1800 2400 3000

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300

0

1500

1200

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3mHz

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600 1200 1800 2400 3000

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0,15 Hz

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600 1200 1800 2400 3000

MMT-O

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0 600 1200 1800 2400 3000

MMT-Se

0,4 Hz

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0 600 1200 1800 2400 3000 0

Zreal (ohm.cm2)

30 horas • 60 horas A 90 horas W 120 horas ♦ 150 horas

600 1200 1800 2400 3000

Figura 13. Diagramas de Nyquist do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas e na solução

de NaCI.

36

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10'3 10"2 10"' 10° 10' 10: 103 10* 105 10"3 10'2 10" 10° 10: 102 103 10J 10*

Log f (Hz)• 30 horas O 60 horas A 90 horas v 120 horas ♦ 150 horas

Figura 14. Diagramas de Bode do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas e na solução de

NaCI.

37

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4.4. Curvas de Polarização

Curvas de polarização do aço nos eletróütos contendo apenas a concentração

de 10% p/p de argila com NaCI 3,5% p/p, e obtidas em duplicata, estão apresentadas

na Figura 15. Para fins comparativos, também se incluem duplicatas dos ensaios

realizados na solução de NaCI.

Partindo da sobretensão (Eapli-Ecorr) igual a zero, são realizados quatro

ensaios de polarização do aço em cada eletrólito, uma duplicata de polarização

anódica, no sentido de aumento da sobretensão, e uma duplicata de polarização

catódica, ou seja, no sentido de diminuição da sobretensão. Os gráficos são

apresentados na forma de densidade de corrente, em A/cm2, em função da

sobretensão.

As reações anódicas são de dissolução do aço e, como a solução é aerada

(com a presença de oxigênio), as reações catódicas são de redução do oxigênio.

Consequentemente, a corrente catódica atinge uma corrente limite, fato que é

perceptível nas curvas experimentais, onde a curva catódica atinge um patamar

horizontal de corrente constante.

Partindo para a análise das curvas sob o ponto de vista de inibiçâo da corrosão

do aço, se verifica que as argilas não revelaram diferença significativa em comparação

com as curvas do aço no NaCI. No caso de BCaN, MMT-S e MMT-O-Si, não se

observa nenhum efeito.

As outras argilas, BNaN, BS, MMT-0 e MMT-Se, apresentaram uma

diminuição sutil da corrente catódica em relação ao aço no NaCI, isto é, a média das

correntes das duplicatas ficou abaixo da média das do NaCI, destacando-se as argilas

BS e BNaN, que apresentaram menores correntes.

38

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A única argila que apresentou alguma inibiçâo da corrente anódica foi a sódica

nacional, BNaN, podendo ser explicado pelo valor do pH básico da solução, que pode

provocar alguma passivação do aço.

Esses resultados são coerentes com as medidas de impedância que,

também não mostraram efeito inibidor significativo da corrosão do aço,

promovido pelos extratos aquosos das argilas.

Talvez, se as curvas de polarização do aço fossem estacionadas, ou seja,

obtidas com sobretensões aplicadas de forma discreta, aguardando a estabilização

das correntes, efeitos sutis de inibiçâo poderiam ser detectados.

A fim de comprovar de forma inequívoca se as argilas têm ou não algum efeito

inibidor sobre a corrosão do aço, optou-se então pela realização de ensaios de perda

de massa.

39

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-0.2 -0,1 0,0 0,1

Sobretensão (V)

n—•—i—•—i—•—r-

-0.2 -O.l 0.0 0.1

Sobretensão (V)

—i • i • i • i • i-0,2 -0,1 0,0 0.1 0,2

Sobretensão (V)

-\—i—i—•—i—•—i—•—i

-0,2 -0,1 0,0 0.1 0^

Sobretensão (V)

Figura 15. Duplicatas das curvas de polarização do aço 1020 nos extratos aquosos das argilas

comparadas àquelas em NaCI.

40

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4.5. Perda de Massa

Os ensaios de perda de massa foram realizados com amostras em triplicata,

imersas em extratos obtidos com 1%, 5% e 10% p/p da cada argila em NaCI 3,5% p/p.

Desse modo se pode avaliar se o teor de argila tem influência no resultado.

No ensaio de perda de massa, todos os corpos de prova apresentaram uma

corrosão uniforme, conforme se verifica na Figura 16 representativa de todos os

corpos de prova ensaiados.

Figura 16. Coupon de aço 1020 após 7 (sete) dias de ensaio de perda de massa.

41

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Para o cálculo da taxa de corrosão (TC) no ensaio de perda de massa e

construção do gráfico na Figura 17, mediu-se a diferença das massas dos corpos de

prova antes e após o ensaio, e essa perda de massa foi substituída na seguinte

expressão de taxa de corrosão uniforme, em mm/ano (GENTIL, 2011):

TC = -rperda de peso (g) x 365 x 1000

Área exposta (mm') x tempo(dias) x densidade(g/cm )

Sendo a densidade do aço igual a 7,86 g/cm3, e o tempo de ensaio, 7 (sete)

dias.

yl% y5% LJlO% U NaCI 3,5%

Figura 17. Gráfico da velocidade de corrosão, em mm/ano, do aço 1020 em extratos aquosos

de argilas e NaCI.

42

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Pelo gráfico exposto, percebe-se que houve alguma inibiçâo, embora

relativamente sutil, da corrosão do aço 1020 quando imerso nos extratos aquosos das

argilas, se comparado à medida da velocidade de corrosão do aço em solução de NaCI

puro. A velocidade de corrosão nos extratos das argilas ficou entre 0,06 e 0,07 mm/ano,

enquanto que no NaCI puro, acima de 0,08 mm/ano. Esses valores de TC são baixos,

mesmo para a solução de NaCI, devido às condições adotadas de estagnação dos

eletróütos com acesso restrito de oxigênio. Conforme justificado anteriormente, essa

escolha teve por objetivo a simulação de condições próximas àquelas de interfaces

metal-revestimento.

O efeito da concentração das argilas não é conclusivo. Houve caso em que

todos os teores deram resultados iguais (BS), houve caso em que 10% implicou em

menor TC (MMT-S e MMT-O-Si) e houve caso em que 10% resultou em maior TC

(BCaN).

Os resultados de perda de massa sâo coerentes com os resultados das

medidas eletroquímicas. Eles mostram que os extratos aquosos das argilas têm pouca

influência sobre a velocidade de corrosão do aço. A influência, embora pequena, é no

sentido de inibir a corrosão e não estimulá-la.

4.6. Difração de Raio X

Com o intuito de complementar a caracterização do comportamento do aço nos

extratos aquosos das argilas, foi feita DRX dos produtos de corrosão formados,

aderidos na superfície do aço, quando imerso nas soluções por sete dias. Os

resultados estão apresentados na Figura 18.

Os difratogramas na Figura 18 mostram que nos extratos aquosos de todas as

argilas, o aço apresentou a sílica (Si02) e óxidos de alumínio (Al203 e AlO)

incorporados aos produtos de corrosão aderidos em sua superfície. Apenas na MMT-

O-Si e MMT-Se não foram observados os óxidos de alumínio.

43

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Na solução com NaCI puro, foi detectado, além do ferro, apenas o oxido de

ferro (Fe304), com picos muito pequenos. Nas outras amostras, houve dificuldade em

caracterizar os oxi-hidróxidos de Fe formados pelo processo corrosivo, porque todos

os picos tinham intensidade muito baixa, devido à predominância dos picos do

substrato metálico nos difratogramas. Essa identificação poderia ser facilitada se, para

a análise, tivesse sido utilizada a técnica do pó.

Como em todas as soluções está presente o NaCI, a possibilidade deste

aparecer na superfície do aço não é descartada, conforme encontrado no aço que

permaneceu no extrato aquoso da argila BCaN.

Deve ser ressaltado que os produtos encontrados na superfície do aço são

exatamente as unidades básicas estruturais que constituem a montmorilonita, ou seja,

óxidos de silício e óxidos de alumínio.

Um estudo realizado por Melquiades (2011) mostrou que óxidos mistos de

matriz de sílica (Si02) com diferentes quantidades das fases dispersas de alumina

(Al203) e zircônio (Zr02), entre 5 e 10%, produzidos pelo método sol-gel, depositados

sobre a superfície do aço carbono 1020, apresentaram, através de medidas

eletroquímicas, características anticorrosivas, em soluções de NaCI 3%. Esse oxido

misto também foi utilizado como pigmento anticorrosivo adicionados à formulação de

tintas epóxi, confirmando também uma inibiçâo à corrosão. O autor alega que estudos

recentes atribuíram à sílica a propriedade de inibiçâo de corrosão e de promotora de

aderência em diversos substratos metálicos, e ressalta também a propriedade de

isolamento elétrico da alumina, por possuir baixa condutividade, sendo ideal para

películas protetoras. Como sugestão, o autor indica que o oxido misto pode ser uma

alternativa de pré-tratamento superficial do aço carbono.

44

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BNaNBCaN

1iFe s! 1

1Fe

2 8K>2

2SI02 i 3 AlOf-, 3 AtO 4A1203

t

35 NaCI

i-ji

l]li

«1 2 3 3

1

; t

i

•6 34 34

1

I

1

IA

i 2

BS

1

MMT-O1

a

MMT-Se

1

1Fe

2 8K)2

3 AlO

1Fe

2SI023 AlO

1Fe

2 8102

MMT-8

\

J

-;

:

1 1Fe

2SI02

3 AlO

;

;

uw^l

331 1

^

1

A

MMT-O-SI

1

NaCI puro1

1Fe

2S102

1Fe

2Fe304

Angulo de difraçôo 28

Figura 18. Difratogramas de Raios X da superfície do aço 1020 após 7 dias de imersão em

extrato aquoso de cada argila e NaCI.

Para confirmar se esses compostos de Si e Al, detectados na superfície do

aço, após o ensaio, eram realmente oriundos das argilas, foi realizada outra análise,

comparando os difratogramas da superfície do aço ensaiado nos extratos das argilas

BCaN, BS e MMT-O, com os difratogramas da superfície do aço polido (aço base),

45

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sem ter sido submetido a ensaios, e do sal NaCI utilizado para o preparo dos

eletróütos. Esses difratogramas estão representados na Figura 19.

1

Jl

L. 1

1-SI02

2-AI203

3- AlO

MMT-0

BS

BCaN

NaCI sal

11. ••ri i 1111111111 n i j 11 Vi i 1111; 11111 11111111 • i '<S 11111111 111 [i '. i • i 11 i-/p i 11; i i 11 Metal Base30 40 50 60 70 60 90 100 110

Ângulo de dlfraçSo 20

Figura 19. Difratogramas de Raios X da superfície do aço 1020 após 7 dias de imersão em

extrato aquoso de BCaN, BS e MMT-0 em comparação ao difratograma do reagente NaCI e do

aço 1020 polido.

Comparando os difratogramas, verifica-se que não foram identificados silício e

alumínio na composição do aço base, somente na superfície dos aços ensaiados.

Podemos assim confirmar que os compostos de silício identificados entre os produtos

de corrosão eram, com certeza, oriundos das argilas. No entanto, quanto aos

compostos de alumínio, há apenas uma suspeita de que eles também provêm das

argilas, visto que estes compostos também foram detectados como impurezas no sal

NaCI. Para confirmar se os compostos de Al presentes nas superfícies dos aços

ensaiados são ou não oriundos do NaCI, os ensaios devem ser repetidos com NaCI

pro-análise, para o preparo dos extratos.

46

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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Os resultados observados no presente trabalho mostraram que as argilas

montmoríloníticas sódicas, cálcicas e quimicamente modificadas, apresentaram

pequena propriedade inibidora de corrosão do aço carbono 1020.

Os ensaios de impedância eletroquímica, embora preliminares, sugerem mudança

no mecanismo reacional do aço, influenciado pelos extratos aquosos das argilas.

Com as curvas de polarização potenciodinâmicas não foi possível a verificação

clara do efeito inibidor. No entanto, os ensaios de perda de massa foram conclusivos,

mostrando que a inibiçâo é pequena, mas existe.

A análise das amostras com DRX mostrou a presença de compostos de silício nas

superfícies imersas nos extratos das argilas, comprovando que a água é capaz de

extrair das montmorilonitas espécies às quais já foram atribuídas propriedades

inibidoras pela literatura.

A caracterização de inchamento das argilas, conhecida como Inchamento de

Foster, permitiu confirmar que as argilas MMT-0 e MMT-O-Si foram eficazmente

transformadas em argilas organofílicas, e que a MMT-Se possui afinidade tanto pela

água, quanto pelo xiieno. O ensaio também permitiu graduar o caráter hidrofílico da

BS, MMT-S, BNaN e BCaN, sendo BS aquela que mais inchou em água. O não

inchamento de BNaN nos permite afirmar que não houve sucesso na ativação da

argila nacional, tentando transformá-la em bentonita sódica. O inchamento de Foster

das argilas tratadas revelou que ocorre separação de fases quando estas entram em

contato com água. Sugere-se fazer a caracterização dessas fases para o caso de

utilização dessas argilas como pigmentos em tintas. Foi visto que não existe influência

significativa desses produtos sobre a taxa de corrosão do aço. No entanto, para

futuros trabalhos com uso dessas argilas em revestimentos anticorrosivos, deve ser

47

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investigada a influência das mesmas sobre outras propriedades que definem o

desempenho desses revestimentos, como, por exemplo, propriedade de barreira,

coesão e aderência.

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