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Bairro Monte Alegre VERDADEIRO SIMBOLO DA RIQUEZA E PROSPERIDADE DO VALE DO PIRACICABA LAÍS ARAUJO

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Historia do Bairro

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Bairro Monte Alegre

VERDADEIRO SIMBOLO DA RIQUEZA E PROSPERIDADE DO VALE DO PIRACICABA

LAÍS ARAUJO

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Bairro Monte Alegre

Produzido por Laís Araujo

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Mais do que metáfora, pode se dizer que a alma piracicabana se alimenta do rio Piracicaba. Às margens dele, construímos uma cultura, uma forma de ser. As marcas são indeléveis, permanentes. Por isso, já no Sé-culo XXI, todo um projeto de vida e de desenvolvimento de Piracicaba volta se ao próprio umbigo da terra, aos lu-gares que lhe deram identidade: Rua do Porto, Engenho Central, os lugares ribeirinho se, acima de tudo, Monte Alegre. Mais do que um nome mágico, é um lugar como que sagrado: relicário ecológico e patrimônio histórico cultural. Piracicaba, mesmo quando aconteceu o grande ci-clo do café, viveu sob o signo do açúcar. E continua vi-vendo. Desde o início, quando a povoação se instalou em 1º de agosto de 1767, à margem direita do rio, já se sabia que as terras eram de tal forma férteis que permitiriam uma produção de cana superior à de Itu. Assim, quando a povoação se transfere para a margem esquerda, em 31 de julho de 1784, vão surgindo, ao longo do rio, acima e abaixo, os engenhos de açúcar, aumentando a área cana-vieira. Desde o seu início, pois, Piracicaba se faz elemen-to fundamental na economia açucareira paulista.

Foto: Moises de Moura

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Em meados do Século XIX, a economia bra-sileira era dominada pelos barões do café, poderosos e absolutistas, influentes também na política. Senhores de grandes proprieda-des, como que imperaram em todo o Vale do Paraíba e no Oeste Paulista. Em Piracicaba, a lavoura de café teve, também, algum des-taque. Mas, desde o Século XVIII, pequeni-na ainda, a povoação surgira para abastecer a longínqua Iguatemi, donde a necessida-de de lavouras de subsistência, que surgem ao lado da incipiente lavoura de cana. Há como que uma economia mista com o plan-tio de milho, arroz, feijão, algodão, fumo, mandioca, além de cabeças de gado va-cum e cavalar e boa quantidade de porcos.

Os senhores de terras

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A lavoura de café existe, mas os fazendeiros se destacam pela produção de cana de açúcar. No Século XIX, contam-se 51 importantes engenhos de açúcar, e apenas 21 fazendeiros plan-tando café. Segundo levantamento de Maria Celestina, o tombamento de 1817 acusava, em Piracicaba, “264 fazendeiros, sendo 35 senhores de engenhos e 893 escravos”. A maioria dos engenhos e “fábricas de açúcar” está à margem esquerda do Rio Piracicaba, “junto à estrada da Vila de Itu e Porto Feliz”, no “bairro do Lambari e estrada de São Carlos (Campinas)”. E, no “bairro do Ribeirão das Panelas e Morro Azul”, há referências ao engenho de Felipe de Cam-pos Bueno e a “terras com princípios de cana do dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro”.

As terras férteis de Piracicaba já despertavam o interesse de homens de ne-gócios e de grande fortuna. Um dos grandes proprietários, tido como um dos maiores latifundiários paulistas do Século XIX, foi o lendário Brigadeiro Luiz Antônio de Souza, casado com Genebra de Barros Leite. Estreitamente ligado a Pi-racicaba, o Brigadeiro Luiz Antônio possuía 16 engenhos, e instituíra morgadios (dotes de terras rurais) para os filhos, um deles o que se tornaria Barão de Limei-ra, Vicente de Souza Queiroz, e Luiz Antônio de Souza Barros, que se tornaria um dos senhores de engenho e fazendeiro de café de maior prestígio em Piracicaba.

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Laços familiares poderosos fin-cam raízes em Piracicaba. Ao falecer, o Brigadeiro Luiz Antônio deixa, nas redondezas do povoado, terras sem fim. Uma de suas filhas, Ilidia Mafal-da – irmã de Vicente e Luiz Antônio – casa se com o Marquês de Valença, Estevão Ribeiro de Rezende, de forma que os seus descendentes virão fixar se em Piracicaba, de onde surgirão os Ba-rões de Rezende. Por outro lado, com a morte do Brigadeiro, a viúva Gene-bra casa se com outro fazendeiro e po-lítico poderoso e de grande prestígio, José de Costa Carvalho, governador da Província, Marquês de Monte Alegre. Assim, por laços afetivos e familiares estão unidos os Barões de Limeira e de Rezende, o Marquês de Valença.

Laços de família e Vergueiro

Estevão Ribeiro de Rezende

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A esse tempo, um jovem português – bacharel em Direito e futuro senador – adquire, com o seu sogro, José de An-drade Vasconcelos, uma sesmaria com o nome de Morro Azul, origem do En-genho do Limoeiro. Em 1814, o mesmo Campos Vergueiro adquire a sesmaria Monjolinho, nos campos de Araraqua-ra. As propriedades são fazendas imen-sas, que se unem – através da sociedade agrícola Vergueiro & Souza – às terras do Brigadeiro Luiz Antônio, fazendas do Taquaral e o Monte Alegre, este úl-timo adquirido ao Padre Manoel Joa-quim do Amaral Gurgel, também um dos grandes proprietários de terra em Piracicaba. São fazendas como nome de Limoeiro, Taquaral, Monte Alegre, Pau Queimado, Monjolinho, que se estendem desde São Carlos (Campi-nas) até os Campos de Araraquara, nas proximidades onde está, hoje, Bauru.

Com a morte do Brigadeiro, e o casa-mento da viúva Genebra com José da Costa Carvalho, desfaz se a empresa Vergueiro & Souza. Pelo acerto entre as partes, passam a pertencer ao casal José (Genebra) da Costa Carvalho o Mon-te Alegre, Taquaral e Limoeiro. Monte Alegre, à beira do rio Piracicaba e den-tro do município de Constituição; o Taquaral, em direção a Rio das Pedras; o engenho do Limoeiro, nas proximi-dades de Porto Feliz. As terras que so-braram a Vergueiro – Ibiacaba e Tatu – correspondem em parte aos municípios de Limeira, Rio Claro e Araraquara.

Quando se forma, em 1822, o novo município de Vila Nova da Consti-tuição, a maior parte das terras é for-madas por Monjolinho, Morro Azul, Limoeiro, Monte Alegre, Taquaral e Pau Queimado. Essas terras iriam ser desmembradas, formando, mais tarde, cerca de três mil propriedades rurais.

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Nascido na Bahia, foi em São Paulo que se projetou. Político, jornalista, homem da cidade e de partido, mais urbano do que fazendeiro, mesmo assim se tornou gran-de senhor de terras, para as quais voltou a sua capacidade administrativa. Foi o fundador do primeiro jornal de São Paulo, “O Farol Paulistano”, lançado em 7 de fevereiro de 1827. A sua influência é tão grande e suas idéias marcam de tal forma a intelectualidade brasileira que, quando da abdicação de D.Pedro I, em 1831, é ele chamado para ser membro da Regência Trina. Homens vinculados a Piraci-caba estão no poder: José da Costa Carvalho e Nicolau de Campos Vergueiro, ao lado de Diogo Feijó. As lutas polí-ticas irão separá los, mas a força desses homens marca um tempo em que Piracicaba e Itu são centros de política e de economia. De seu casamento com Genebra, as propriedades de José da Costa Carvalho multiplicam se: adquire mais ter-ras na vizinhança de Monte Alegre, amplia as com outras propriedades à margem do Rio Corumbataí, mais outras da antiga sesmaria de Carlos Bartolomeu de Arruda, ainda outras da sesmaria do Padre Galvão. E estende suas pro-priedades também para além do Taquaral. Serão Monte Alegre e Taquaral o embrião da Usina Monte Alegre. E José da Costa Carvalho passará para a his-tória como o Marquês de Monte Alegre.

José da Costa Carvalho

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Em 1824, o engenho do dr. José da Costa Carvalho – o “Monte Ale-gre” – é administrado por Damião de Souza Nogueira, que também

administrara o Limoeiro. Segundo Damião, havia escravos em ambas as propriedades. Em 1833, outro administrador de Monte Alegre e Monte Olimpo afirma haver “157 escravos naqueles engenhos, ha-

vendo necessidade de muita diligência e atividade.”

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Ainda que não morando em Piracica-ba, para onde vinha apenas esporadica-mente, José da Costa Carvalho – Barão e Marquês de Monte Alegre – participa ativamente das questões locais, como a construção de pontes, que são de grande interesse para a sua atividade agrícola. As terras são situadas junto “ao rossio da Vila” e no já conhecido “Caminho de Monte Alegre”. Não são as maiores pro-priedades do município, mas chamam a atenção pela sua organização exemplar.

A influência de Costa Carvalho no Brasil vai se ampliando. E Monte Ale-gre começa a receber visitantes ilustres, como Augusto Emílio Zaluar, historia-dor português, que faz longa viagem pelo Brasil imperial. Zaluar encantou se com Monte Alegre, falando da “casa perto do rio Piracicaba, sobre uma su-ave colina, rodeada de plantações de cana”, mas com pouco café. Segundo Zaluar, “Monte Alegre seria uma das melhores e mais produtivas proprieda-des agrícolas do município, onde havia horta e pomar magníficos, cômodas e bem construídas senzalas, reinan-do em toda parte, ordem e disciplina”.

Em 1854, a Câmara Municipal envia ao governo da Província uma rela-ção dos principais engenhos do mu-nicípio. O Brigadeiro Luiz Antonio de Souza é destaque, com três enge-nhos; Costa Carvalho, em seguida, com dois, ao lado do Barão de Itu.

Augusto Emílio Zaluar

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Após a morte do Marquês de Monte Ale-gre, quando o Engenho de Monte Alegre foi visitado pelo Barão Johann Jakob von Ts-chudi, este se surpreende ao encontrar o arado, instrumento para o amanho da ter-ra então quase desconhecido em Piracicaba, mas muito usado na Fazenda Ibicaba, do Se-nador Vergueiro, em Limeira, já desde 1847.

O Senador Vergueiro e o Brigadeiro Luiz An-tônio chegaram a diminuir o trabalho escra-vo, quase extinguindo o, substituindo o pela mão de obra estrangeira, especialmente ale-mã. Mas o José da Costa Carvalho, o Mar-quês de Monte Alegre, morre, em 1860, sem ter adotado a política da migração européia.

Johann Jakob von Tschudi

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José da Costa Carvalho, morrendo em 1860, não deixa filhos. Sua segunda esposa e viúva, Maria Izabel de Souza Alvim, herda suas terras e bens. Casa se com um primo do Marquês de Monte Alegre, o dr. Antônio da Costa Pinto e Silva, que se tornaria famoso como Conselheiro Costa Pinto. Assim, o sítio de Monte Alegre passa, de sucessão em sucessão, por mãos de origem aristocrática e de forte influência política: Brigadeiro Luiz Antônio e Senador Vergueiro, de-pois José da Costa Carvalho, em seguida o dr. Antônio Costa Pinto.

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Antônio da Costa Pinto e Silva é um dos mais poderosos e influentes brasileiros na segunda metade do Século XIX. Apenas após cumprir o seu mandato no governo do Rio de Janeiro, o Conselheiro Costa Pinto passa a ter mais tempo para sabo-rear do sossego de suas terras e residências em Piracicaba. Além de Monte Alegre, ele tem uma grande propriedade rural junto ao rio Corumbataí e uma bela casa ao lado do Jardim, onde é, hoje, o antigo cinema e atual Teatro São José, na rua São José. Naquele século XIX, o modelo de exploração agrária do Brasil era baseado na grande propriedade, na monocultura e na escra-vocracia. As terras e o engenho de Monte Alegre tiveram muitos desses traços fundamentais.

Teatro São José possívelmente nos anos 30.

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Em 1901 que a Companhia Engenho Central do Monte Alegre decide, por decisão de assembléia geral, transferir a sua sede para Pi-racicaba. Os proprietários são fa-zendeiros e capitalistas poderosos.Desde o século XIX, o Brasil mos-trava boa presença, no mercado mundial, pela produção de açúcar. No entanto, apesar da boa qualida-de do açúcar de Monte Alegre, será apenas a partir de 1910, quando ad-quirido por Pedro Morganti, que o engenho, além de produzir o melhor açúcar brasileiro, irá tornar se uma das primeiras usinas não apenas do Estado de São Paulo, mas do País.

Em Piracicaba, os engenhos – Monte Alegre, entre eles – não se apre-sentam como eram os do Nordeste brasileiro, pois vão além da simples produção do açúcar para exportação.É em 1890 que o antigo engenho de Monte Alegre será incluído en-tre os poucos engenhos centrais de São Paulo. Antes dele, havia o Engenho Central de Porto Fe-liz, de 1878. E, em 1884, o futuro Barão de Rezende, Estêvão Luiz de Souza Rezende, inauguraria o Engenho Central de Piracicaba.

Em 9 de março de 1900, uma nova sociedade, a Companhia En-genho Central do Monte Alegre, adquire a Fazenda Agrícola Monte Alegre. Em 1901 que a Companhia Engenho Central do Monte Alegre decide, por decisão de assembléia geral, transferir a sua sede para Pi-racicaba. Os proprietários são fa-zendeiros e capitalistas poderosos.

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Pedro Morganti teve a idéia de construir uma batedeira mecâni-ca que agilizasse o refino do açúcar, a partir de então, seus negócios to-maram vulto de forma que, sempre em busca de aperfeiçoar os métodos de trabalho, o moço se tornasse em profundo conhecedor do assunto.Dissolve se a firma “Morganti & Gori” e, em 1910, Pedro Morganti organiza a Companhia União dos Refinado-res. A idéia surge a partir das vanta-gens que Pedro enxerga em reunir, em uma única empresa, a matéria prima e o produto acabado. As usi-nas plantariam e produziriam ao mesmo tempo. É a partir dessa visão que, no mesmo ano de 1910, Pedro Morganti adquire o Engenho Cen-tral de Monte Alegre, em Piracicaba.

Transformando aquele Enge-nho Central na nova Usina de Monte Alegre, Pedro Morganti entra, definiti-vamente, para o universo da indústria açucareira, tornando se um todo po-deroso e progressista senhor de enge-nho e de usinas. É a grande fase não apenas do Engenho de Monte Alegre, mas da indústria açucareira no Brasil.Pedro Morganti não pára. Deixa a Companhia União de Refinadores em 1916 e adquire a Usina Porto Real, em Floriano, município de Rezende (RJ). Em 1917, adquire, a José Teixei-ra Marques, o ainda pequeno Enge-nho Fortaleza, de Araraquara. Forma a Companhia União Agrícola que não prospera mas que dá lugar, em 1924, a uma empresa maior, a Sociedade Anô-nima Refinadora Paulista, com gran-de e moderna refinaria na Mooca, em São Paulo, à rua Borges de Figueiredo.

Em 1925, a crise do açúcar atinge o setor de maneira avassala-dora. Pedro Morganti assume, junto aos credores, o passivo da Refinadora Paulista. O caos financeiro vinculase à devastação dos canaviais por uma praga ainda desconhecida. É um pi-racicabano, o engenheiro agrônomo José Viziolli Viziolli – que seria indi-cado prefeito de Piracicaba anos mais tarde – quem identifica o causador da praga: o mosaico. Da Estação Expe-rimental de Cana de Piracicaba, sai a descoberta da causa. Mas a devastação já acontecera. E a crise se torna aguda.Em 1930, o governo federal cria a Comissão de Defesa do Açúcar e o Instituto do Açúcare do Álco-ol. E dá se início ao reerguimento.Na realidade, quase um século depois, Pedro Morganti conseguira novamen-te juntar as antigas propriedades que haviam pertencido a personalidades de grande influência na economia bra-sileira, como o Senador Vergueiro e o Brigadeiro Luiz Antônio de Souza.

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Antiga Biblioteca Olavo Bilac

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Segundo estudos da assistente social Ilda Regitano apenas em Piracicaba as terras da Usina Monte Alegre somaram 5.135,8 hectares ou 2.122,24 alqueires. Incluindo Rio das Pedras e Limei-ra (Iracemápolis), eram 8.990,8 hectares ou 3.715,24 alqueires de terras, sendo que mais da metade ocupada pela cultura da cana.

Em 1965, Monte Alegre era, ainda, uma comunidade rural pujante, organizada, com estrutura suficiente para lhe dar condi-ções de vida dignas e adequadas. Naquele ano, segundo o estudo de Ilda Regitano, eram 3.089 os moradores da usina, sendo 1.709 pessoas na Usina Monte Alegre propriamente dita, 1.169 nas fa-zendas anexas de Bela Vista, Santa Joana, Santa Izabel, Varginha, Taquaral, Santa Rita e São Pedro, mais 211 em Macabá e Recanto.

Formara se – daquela Usina e daquela comunidade – tam-bém um bairro, o bairro de Monte Alegre, que se revelava exem-plar num estilo de vida, em condições comunitárias dignas de educação, saúde, entretenimento e lazer. Eram, em 1965, 326 casas de trabalhadores, além de residências de superintendentes, che-fes, encarregados de serviços, estas mais amplas e confortáveis.

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À Monte Alegre de Pedro Morganti, embora uma comunidade ru-ral, não faltou o conforto dos pequenos centros urbanos. As casas eram de boa construção, de tijolos, cobertas de telhas e servidas por rede de água tratada e esgoto, além de completas instalações elétricas. Os mo-radores de Monte Alegre dispunham de armazém de fornecimento, pa-daria, farmácia, barbearia, torrefação de café, bar, cinema e até mesmo pensão. Pedro Morganti pretendera, na verdade, construir uma verda-deira cidade dentro de sua usina, a gloriosa Usina Monte Alegre. Quan-to à saúde, nunca faltaram, à comunidade, recursos médicos. A Usina dispunha de ambulatório médico, inaugurado em 1942. Mesmo antes do ambulatório, o atendimento era efetivo, pontificando a dedicação de um médico que se tornou parte da história de Piracicaba, o dr. José Ro-drigues de Almeida, tido como “anjo da guarda” daquela população.

Em 1945, a usina passou a contar com um centro de puericultura, com serviço de higiene infantil, pré natal e lactário. O prédio dispunha de quartos para pacientes, sala de operação, curativos e injeções, além de consultório médico e gabinete dentário. Tendo a sede da Usina como centro, realizavam se trabalhos profiláticos em relação a enfermidades comuns à zona rural, além de exames médicos permanentes a todos os trabalhadores, da área industrial e rural, incluindo vacinas e abreugrafia.

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Em Piracicaba as terras da Usina Monte Alegre soma-ram 5.135,8 hectares ou 2.122,24 alqueires. Incluin-do Rio das Pedras e Limeira (Iracemápolis), eram 8.990,8 hectares ou 3.715,24 alquei-res de terras, sendo que mais da metade ocupada pela cul-tura da cana. Eram terras formadas por fazendas, pe-quenos sítios e, de maneira geral, interligadas por estra-

da de ferro e de rodagem.

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Viver em

Monte Alegre

“Trabalhar, sim. Mas com saúde e recreações.”

Esse era o lema de Pedro Morganti, como senhor de engenho moderno e consciente. Assim, foi por incentivo do próprio Pedro Morganti que se criou o clube de futebol da comunidade, o União Monte Alegre Futebol Clube, o mitológico UMA, que foi celei-ro de craques e no qual iniciou a carreira um dos grandes ídolos do futebol brasileiro, Baltazar, tido como um “deus negro” corintiano. Em 23 de abril de 1923, estava criado o UMA, apenas dez anos após o surgimento do E.C.XV de Novembro de Piracicaba.O UMA foi um dos centros de união de Monte Alegre. Iniciando – se como clube de futebol, tornou se, logo, uma entidade esportivo recreativa agregando os moradores do local. Cons-truiu – se a sede própria, canchas de bocha, salão de baile e a biblioteca. Como grande inovação para a época – e revelando, ainda outra vez, a visão de Pedro Morganti – adaptou se um dos prédios para abrigar uma sala de cinema que passou a ser parte do lazer dos “montealegrinos”.

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90 Anos do U.M.A - Na foto instantâneo do jogo U.M.A X União da Usina Tamoio - 1950 - Goleiro Ico, Possato e Tinho Michelon.

90 Anos do U.M.A - Na foto instantâneo do jogo U.M.A X União da Usina Tamoio - 1950 - Goleiro do Tamoio Barraca.

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90 Anos do U.M.A - Time do União Monte Alegre F.C 90 Anos do U.M.A - Na foto instantâneo do jogo U.M.A X União da Usina Ta-moio - 1950 - Goleiro Ico, Mortadela, Manute e o atacante do Tamoio.

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Inicialmente, Monte Alegre tinha uma pequenina escola rural. As lem-branças dos antigos mantêm a figura da “professorinha de roça”, vestindo guarda – pó, chegando de charrete para lecionar, trazendo seu próprio lan-che. Depois, o Grupo Escolar, com classes atendendo em dois períodos e abrigando cerca de 350 crianças. É quando Pedro Morganti decide e inicia aquilo que irá fazer em todas as suas propriedades: ter a própria escola. E, em 21 de janeiro de 1927, cria se o Grupo Escolar “Marquês de Monte Ale-gre”, em prédio da usina, inaugurado no dia 7 de fevereiro do mesmo ano.

Na Fazenda Taquaral, passariam a funcionar três escolas isoladas e, nas outras propriedades, escolas de emergência. Na Marquês de Monte Alegre, o corpo docente é nomeado pelo Governo do Estado que, também, fiscaliza o funcio-namento das demais escolas. O grande educador piracicabano, Sud Mennucci, marca sua presença inúmeras vezes, tanto nas escolas de Monte Alegre como nas demais escolas rurais, fortalecendo lhe a convicção da necessidade de se criar, no País, também as escolas normais rurais. É de Sud Mennucci o projeto de criação de tais escolas e, em Piracicaba, surgiria a primeira delas em São Paulo

Por exigência de Pedro Morganti, a diretoria da Refinadora Paulista não apenas cria escolas em suas propriedades, como ampara crianças com bolsas de estudos e apoia iniciativas educacionais. Tomando Monte Ale-gre e Tamoio como exemplo, Pedro Morganti dá ênfase a seu mecenato.

Marquês de Monte Alegre

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A Capela São Pedro no bairro Monte Alegre construída em 1937 e tombada pelo Codepac como patrimônio histórico do município tem seu interior decorado por Alfredo Volpi o que a caracteriza como uma construção de valor inestimável. Possui um estilo neo-romântico e

uma área externa que contempla uma paisagem sem igual.

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Católico com origens tradicionalistas italianas, Pedro Morganti fez questão de que, em suas proprie-dades, sempre houvesse uma capela. E os trabalha-dores, a maioria deles também de origem italiana, ansiavam por manter viva essa fé católica. Em Mon-te Alegre – por decisão de Pedro Morganti e com a participação de famílias de moradores – surgiu , em 1936, a capela curada em homenagem a São Pedro, primeiro Papa da Igreja Católica. Em 1937, estava er-guida – no alto da colina e voltada para os canaviais e para a usina – a Igreja de São Pedro, que acompanhava o mesmo estilo da igreja de São Frediano, de Lucca.

Segundo Hugo Pedro Carradore, o projeto teria sido do engenheiro italiano Antônio Ambrote, que faleceu em São Paulo durante a construção da igreja. Capela de Monte Alegre, cujo interior possui pinturas de Antonio VolpiO acompanhamento da obra teria estado a cargo do engenheiro João Cirtes e, em seguida, de Ricardo Carderino. Depoimento colhido por Eugênio (Neno) Nardin, e também citado por Carradore, dá conta de ter sido Luiz Bocchetti o encarregado da obra, tendo João Foter como primeiro chefe dos pedreiros e João Batista Zinsly Sobrinho como chefe dos carpinteiros.

A pintura da capela ficou a cargo do então “pin-tor de paredes” Antônio Volpi, italiano a quem, mais por ser italiano do que por ser pintor, Pedro Morgan-ti dera o encargo. Volpi era, ainda, um desconhecido e sua arte não obtivera reconhecimento. Em Mon-te Alegre, a sua pintura encantou as pessoas sem que elas vissem a importância de uma obra que ali ficara impressa, na qual Volpi tivera o auxílio de dois pe-dreiros da usina, Vergílio Silva e João de Campos.

A Capela de São Pedro era parte da Paróquia do Bom Jesus, onde era vigário Monsenhor Martinho Salgot. A pedido deste, em 4 de janeiro de 1937, D. Barreto (D. Francisco de Campos Barreto), Bispo de Campinas – a cuja diocese se vinculava Piracicaba – concedeu a li-cença para, na capela, realizarem se ofícios religiosos.

No ano de 2003, a Capela de São Pedro de Mon-te Alegre foi de propriedade particular do empre-sário piracicabano Wilson Guidotti Júnior (Balu), que a restaurou dentro do grande projeto que pretende implantar em áreas de Monte Alegre.

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Um pouco do Monte Alegre hoje...

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Capela São Pedro Atualmente

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Construtora Guidotti

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Antigo Almoxarifado

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Antigo Ambulatório

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Casa do Marquês de Monte Alegre

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Antiga Colônia de Moradores

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Antiga Moradia / Atual Escritório

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