monografia_cleiton

210
CLEITON MOYA DE ALMEIDA CABOS ELÉTRICOS PARA APLICAÇÕES DE INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL: ANÁLISE E ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA RIO DE JANEIRO 2013

Upload: cleitonmoya

Post on 24-Nov-2015

66 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

  • CLEITON MOYA DE ALMEIDA

    CABOS ELTRICOS PARA APLICAES DE

    INSTRUMENTAO E AUTOMAO INDUSTRIAL:

    ANLISE E ESPECIFICAO TCNICA

    RIO DE JANEIRO

    2013

  • Cleiton Moya de Almeida

    Cabos eltricos para aplicaes de instrumentao e automao

    industrial: anlise e especificao tcnica

    Monografia submetida ao Instituto

    Brasileiro de Petrleo, Gs e

    Biocombustveis como requisito para a

    concluso do curso de Ps-Graduao

    Lato Sensu em Engenharia de

    Instrumentao Industrial.

    Orientadores: Prof. Vitor Schmidt Finkel

    Prof. Csar Nascimento, D.Sc.

    IBP-PS Instituto de Ps-Graduao do Petrleo

    Rio de Janeiro 2013

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo minha famlia a educao, o amor e o apoio

    recebidos ao longo de minha vida.

    Agradeo aos professores do IBP

    os ensinamentos e conhecimentos compartilhados.

    Em especial, agradeo aos professores Vitor Finkel e Csar Nascimento

    as contribuies recebidas para este trabalho.

    Agradeo aos meus amigos Henoch Protasio da Silva Jr e Marcelo Khouri Silva

    o compartilhamento de materiais e informaes tcnicas.

    Agradeo aos consultores Jos Jorge Teixeira Churro,

    Mrcio Peanha Gonalves e Raul Sudre Filho

    os inmeros ensinamentos de Instrumentao e Automao.

    Por fim, agradeo aos colegas de turma do IBP

    pelo companheirismo ao longo do curso.

  • "Tudo mais complicado do que se possa imaginar e,

    ao mesmo tempo, mais complicado do que se poderia conceber".

    Johann Wolfgang von Goethe

  • CABOS ELTRICOS PARA APLICAES DE INSTRUMENTAO E

    AUTOMAO INDUSTRIAL: ANLISE E ESPECIFICAO TCNICA

    Resumo: Os cabos eltricos so atualmente o principal meio fsico utilizado para a

    transmisso de informaes em sistemas de instrumentao e automao industrial; a

    correta especificao dos cabos eltricos um fator essencial para o bom desempenho

    destes sistemas. Este trabalho apresenta uma anlise dos principais tipos e requisitos de

    cabos eltricos utilizados em aplicaes de instrumentao e automao industrial,

    fornecendo assim subsdios para a correta especificao tcnica destes cabos. Ao longo

    do texto, analisam-se as caractersticas gerais dos cabos eltricos para instrumentao e

    automao, os requisitos industriais, normas e as principais aplicaes, incluindo

    transmisso de sinais analgicos e redes de comunicao.

    Palavras-chaves: Cabos eltricos, instrumentao industrial, automao industrial.

  • ELCTRICAL CABLES FOR INDUSTRIAL INSTRUMENTATION AND

    AUTOMATION APPLICATIONS: ANALYSIS AND TECHNICAL

    SPECIFICATION

    Abstract: Electrical cables are the main media used to carry signals and data in

    industrial instrumentation and automation systems. Thus, the correct specification of

    electrical cables is a key factor for the performance of those systems. This paper

    presents an evaluation of the main types and requirements of the electrical cables for

    industrial instrumentation and automation applications. The purpose is to provide a base

    for the correct specification of those cables. General characteristics, industrial

    requirements, standards and various applications are viewed, including transmission of

    analog signals and industrial communication networks.

    Keywords: Electrical cables, industrial instrumentation, industrial automation.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO...................................................................................................... 19

    1.1 MOTIVAES ..................................................................................................... 21

    1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 23

    1.3 METODOLOGIA ................................................................................................. 23

    1.4 ORGANIZAO .................................................................................................. 24

    2 CARACTERSTICAS GERAIS .......................................................................... 25

    2.1 CARACTERSTICAS CONSTRUTIVAS ........................................................... 25

    2.1.1 Condutores ......................................................................................................... 27

    2.1.1.1 Sees nominais ............................................................................................... 27

    2.1.1.2 Tipos de condutores .......................................................................................... 28

    2.1.1.3 Materiais ........................................................................................................... 30

    2.1.1.4 Revestimento metlico ..................................................................................... 31

    2.1.1.5 Normas .............................................................................................................. 32

    2.1.2 Isolao e cobertura .......................................................................................... 33

    2.1.2.1 Termoplsticos .................................................................................................. 35

    2.1.2.2 Termorrgidos ................................................................................................... 37

    2.1.2.3 Comparaes .................................................................................................... 38

    2.1.3 Separador ........................................................................................................... 39

    2.1.4 Blindagem .......................................................................................................... 40

    2.1.4.1 Blindagem por filme de polister com deposio de alumnio ........................ 41

    2.1.4.2 Blindagens com tranas .................................................................................... 43

    2.1.4.3 Blindagens combinadas .................................................................................... 44

    2.1.4.4 Comparaes .................................................................................................... 44

    2.1.5 Toro dos condutores ...................................................................................... 46

    2.1.6 Armao ............................................................................................................. 47

    2.1.6.1 Armao com fitas metlicas planas ................................................................ 48

    2.1.6.2 Armao com feixe de fios ............................................................................... 48

    2.1.6.3 Armao com tranas de fios ............................................................................ 49

    2.1.6.4 Armao com fitas metlicas intertravadas ...................................................... 49

    2.1.6.5 Armao corrugada soldada ............................................................................. 49

  • 2.1.6.6 Comparaes .................................................................................................... 50

    2.1.7 Capa de separao / capa interna .................................................................... 51

    2.2 PARMETROS ELTRICOS .............................................................................. 51

    2.2.1 Impedncia ........................................................................................................ 52

    2.2.1.1 Resistncia de um condutor corrente contnua .............................................. 52

    2.2.1.2 Impedncia de um condutor ............................................................................. 52

    2.2.1.3 Resistncia da blindagem e da isolao ............................................................ 53

    2.2.2 Indutncia .......................................................................................................... 53

    2.2.3 Capacitncia ...................................................................................................... 54

    2.2.4 Impedncia caracterstica ................................................................................ 54

    2.2.5 Impedncia de transferncia da blindagem.................................................... 55

    2.2.6 Atenuao e perda por insero ...................................................................... 56

    2.2.7 Velocidade de propagao ................................................................................ 57

    2.2.8 Tenso de isolamento ........................................................................................ 57

    2.3 PARMETROS DE CABOS DE COMUNICAO .......................................... 58

    2.3.1 Largura de faixa ................................................................................................ 58

    2.3.2 Perda de retorno................................................................................................ 59

    2.3.3 Atraso de propagao ....................................................................................... 59

    2.3.4 Diferena de atraso de propagao ................................................................. 59

    2.3.5 Diafonia .............................................................................................................. 59

    2.3.5.1 Paradiafonia em pares de um nico cabo ......................................................... 60

    2.3.5.2 Telediafonia em pares de um nico cabo ......................................................... 61

    2.3.5.3 Paradiafonia em pares de um grupo de cabos ................................................... 63

    2.3.5.4 Telediafonia em pares de um grupo de cabos ................................................... 63

    2.4 PROPRIEDADES MECNICAS ......................................................................... 64

    3 REQUISITOS INDUSTRIAIS ............................................................................. 66

    3.1 CLASSIFICAO DE AMBIENTES INDUSTRIAIS ....................................... 67

    3.1.1 Grau de severidade - conceito MICE .............................................................. 67

    3.1.2 Instalaes internas e externas......................................................................... 68

    3.1.2.1 Classificao de cabos internos de telecomunicaes ...................................... 70

    3.1.3 Instalaes fixas e mveis ................................................................................. 71

    3.1.4 Instalaes terrestres e martimas ................................................................... 72

    3.1.4.1 Uso de cabos armados em instalaes offshore ................................................ 72

    3.1.5 Atmosferas explosivas ....................................................................................... 73

  • 3.1.5.1 Preveno de danos .......................................................................................... 74

    3.1.5.2 Temperatura de superfcie ................................................................................ 74

    3.1.5.3 Propagao de chama ....................................................................................... 74

    3.1.5.4 Cabos para circuitos de segurana intrnseca ................................................... 75

    3.2 ENSAIOS DE CABOS PARA AMBIENTES INDUSTRIAIS ............................ 79

    3.2.1 Ensaios de resistncia fsica e qumica ............................................................ 80

    3.2.1.1 Ensaios conforme a norma IEC 60811 ............................................................. 80

    3.2.1.2 Ensaios de resistncia ao envelhecimento e a raios ultravioletas ..................... 80

    3.2.1.3 Outros ensaios no normatizados ..................................................................... 81

    3.2.2 Ensaios sob condio de fogo ........................................................................... 82

    3.2.2.1 Ensaio de propagao de chama ....................................................................... 83

    3.2.2.2 Ensaio de resistncia ao fogo ............................................................................ 87

    3.2.2.3 Ensaio de densidade de fumaa ........................................................................ 88

    3.2.2.4 Ensaio de emisso de gases halogenados e de corrosividade ........................... 89

    3.2.2.5 Ensaio de toxidez dos gases .............................................................................. 90

    3.2.2.6 Resumo de ensaios e normas aplicveis ........................................................... 91

    4 APLICAES EM INSTRUMENTAO E AUTOMAO ........................ 92

    4.1 TRANSMISSO DE SINAIS ANALGICOS E DISCRETOS ......................... 94

    4.1.1 Cabos conforme a ABNT NBR 10300 ............................................................. 95

    4.1.1.1 Condutor ........................................................................................................... 96

    4.1.1.2 Isolao ............................................................................................................. 96

    4.1.1.3 Enchimento do elemento .................................................................................. 97

    4.1.1.4 Blindagem ......................................................................................................... 97

    4.1.1.5 Condutor de comunicao ................................................................................ 98

    4.1.1.6 Separador .......................................................................................................... 98

    4.1.1.7 Armao ............................................................................................................ 99

    4.1.1.8 Capa interna e capa de separao ..................................................................... 99

    4.1.1.9 Cobertura ........................................................................................................ 100

    4.1.1.10 Identificaes das veias .................................................................................. 100

    4.1.1.11 Ensaios ............................................................................................................ 101

    4.1.1.12 Resumo ........................................................................................................... 104

    4.1.2 Cabos conforme a IEC 60092-376 ................................................................. 105

    4.1.2.1 Condutores ...................................................................................................... 106

    4.1.2.2 Isolao ........................................................................................................... 106

  • 4.1.2.3 Blindagem ....................................................................................................... 107

    4.1.2.4 Armao .......................................................................................................... 109

    4.1.2.5 Cobertura ........................................................................................................ 109

    4.1.2.6 Tipos de construes ...................................................................................... 110

    4.1.2.7 Ensaios ............................................................................................................ 112

    4.1.2.8 Resumo ........................................................................................................... 114

    4.1.3 Cabos conforme a UL 13 e UL 2250 .............................................................. 115

    4.1.3.1 Cabos do tipo ITC ........................................................................................... 116

    4.1.4 Cabos conforme a EN 50288-7 ....................................................................... 117

    4.1.5 Comentrios sobre a norma IEEE 1242 ....................................................... 119

    4.2 SISTEMAS DE SEGURANA INTRNSECA ................................................. 119

    4.3 SISTEMAS DE DETECO E ALARME DE INCNDIOS ........................... 121

    4.3.1 Condutores ....................................................................................................... 121

    4.3.2 Isolao ............................................................................................................. 122

    4.3.3 Blindagem ........................................................................................................ 123

    4.3.4 Cobertura ......................................................................................................... 123

    4.3.5 Ensaios sob condio de fogo ......................................................................... 124

    4.3.6 Resumo ............................................................................................................. 125

    4.4 TRANSMISSO DE SINAIS DE TERMOPARES ........................................... 126

    4.4.1 Cabos de extenso x compensao ................................................................. 127

    4.4.1.1 Materiais do condutor ..................................................................................... 128

    4.4.1.2 Materiais de isolao ...................................................................................... 128

    4.4.2 Viso geral e comparao de normas ............................................................ 129

    4.4.3 Requisitos da IEC 60584-3 ............................................................................. 131

    4.4.3.1 Identificao dos cabos ................................................................................... 131

    4.4.3.2 Requisitos construtivos ................................................................................... 132

    4.4.3.3 Tolerncias ...................................................................................................... 132

    4.4.3.4 Cdigo de cores .............................................................................................. 133

    4.4.4 Identificao e cdigo de cores conforme a ISA-MC 96.1 ........................... 134

    4.4.4.1 Identificao dos cabos ................................................................................... 134

    4.4.4.2 Cdigo de cores .............................................................................................. 135

    4.5 TRANSMISSO DE SINAIS DE TERMORRESISTNCIAS ......................... 136

    4.5.1 Requisitos de cabos para medio de termorresistncias............................ 137

    4.5.1.1 Nmero de condutores .................................................................................... 137

  • 4.6 CONVERSORES DE FREQUNCIA ............................................................... 138

    4.6.1 Requisitos de cabos de VFDs.......................................................................... 140

    4.6.1.1 Tipos de construes ...................................................................................... 140

    4.6.1.2 Isolao ........................................................................................................... 142

    4.6.1.3 Blindagem ....................................................................................................... 143

    4.6.1.4 Resumo ........................................................................................................... 144

    4.7 REDES INDUSTRIAIS DE COMUNICAO ................................................. 144

    4.7.1 Histrico e estado da arte ............................................................................... 145

    4.7.2 Classificao .................................................................................................... 148

    4.7.3 Redes de sensores ............................................................................................ 150

    4.7.3.1 Rede AS-i ....................................................................................................... 150

    4.7.4 Redes de campo ............................................................................................... 153

    4.7.4.1 HART ............................................................................................................. 153

    4.7.4.2 Foundation Fieldbus H1 e Profibus PA .......................................................... 154

    4.7.5 Redes de controle ............................................................................................ 158

    4.7.5.1 Modbus sobre TIA-485 .................................................................................. 158

    4.7.5.2 Profibus DP ..................................................................................................... 160

    4.7.5.3 Redes baseadas em Ethernet ........................................................................... 161

    5 CONCLUSES .................................................................................................... 173

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 176

    APNDICE A: INTERFERNCIAS ELETROMAGNTICAS ..................... 194

    A.1 ACOPLAMENTO CAPACITIVO ...................................................................... 195

    A.2 ACOPLAMENTO INDUTIVO .......................................................................... 197

    A.3 ACOPLAMENTO ELETROMAGNTICO OU DE RADIAO ................... 199

    A.4 DIAFONIA .......................................................................................................... 200

    APNDICE B: LISTA DE ENSAIOS CONFORME A IEC 60811.................. 202

    APNDICE C: CIRCUITOS DE MEDIO DE RTD .................................... 204

    C.1 MEDIO A 2 FIOS UTILIZANDO A LEI DE OHM ..................................... 205

    C.2 PONTE DE WHEATSTONE DE 2 FIOS .......................................................... 206

    C.3 MEDIO COMPENSADA UTILIZANDO 3 FIOS ........................................ 207

    C.4 PONTE DE WHEATSTONE DE 3 FIOS .......................................................... 208

    C.5 MEDIO A 4 FIOS .......................................................................................... 210

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Partes de um cabo eltrico tpico de instrumentao ................................................... 26

    Figura 2: Cabo Ethernet F/UTP com condutores slidos ............................................................ 28

    Figura 3: Condutor em feixe ....................................................................................................... 29

    Figura 4: Passo de encordoamento de um condutor .................................................................... 30

    Figura 5: Polmeros utilizados para isolao e cobertura ............................................................ 34

    Figura 6: Blindagem por filme de polister com dep. de alum. tipos de faceamento .............. 43

    Figura 7: Blindagem por filme de polister com dep. de alum. dobra com curto-circuito. ..... 43

    Figura 8: Blindagem por filme de polister com dep. de alum. configurao "Z-Fold" .......... 43

    Figura 9: Cabo Ethernet com blindagem por tranas .................................................................. 44

    Figura 10: Toro de condutores como forma de reduzir interferncia magntica ..................... 47

    Figura 11: Cabo de instrumentao com armao em fitas metlicas ........................................ 48

    Figura 12: Multicabo de instrumentao com armao em feixe de fios .................................... 48

    Figura 13: Multicabo de instrumentao com armao em trana de fios .................................. 49

    Figura 14: Cabo Ethernet com armao em fitas metlicas intertravadas. ................................. 49

    Figura 15: Cabo para redes Profibus DP com armao corrugada soldada ................................ 50

    Figura 16: Modelo de um cabo eltrico ...................................................................................... 51

    Figura 17: Efeito pelicular .......................................................................................................... 53

    Figura 18: Efeito de proximidade ............................................................................................... 53

    Figura 19: Diafonia em pares de um cabo Ethernet .................................................................... 61

    Figura 20: Diafonia em pares de cabos Ethernet agrupados ....................................................... 64

    Figura 21: Curva tenso () x deformao () ............................................................................ 65

    Figura 22: Parmetros eltricos de circuitos de segurana intrnseca ......................................... 76

    Figura 23: Ensaio de esmagamento ............................................................................................. 82

    Figura 24: Ensaio de propagao vertical de chama para um nico cabo ................................... 85

    Figura 25: Ensaio de propagao vertical de chama para um grupo de cabos ............................ 85

    Figura 26: Ensaio de resistncia ao fogo ..................................................................................... 88

    Figura 27: Ensaio de densidade de fumaa ................................................................................. 89

    Figura 28: Tipos de sinais ........................................................................................................... 94

    Figura 29: Cabo IEC 60092-376 (i) .......................................................................................... 111

    Figura 30: Cabo IEC 60092-376 (ii) ......................................................................................... 111

    Figura 31: Cabo IEC 60092-376 (iii) ........................................................................................ 111

    Figura 32: Cabos do tipo ITC/PLTC ......................................................................................... 117

    Figura 33: Cabo para transmisso de sinais analgicos de segurana intrnseca ...................... 120

  • Figura 34: Cabo com barreira trmica ...................................................................................... 125

    Figura 35: Componentes e nomenclatura de um termopar ....................................................... 127

    Figura 36: Identificao de cabos de termopares conforme a IEC 60584-3 (2007) .................. 131

    Figura 37: Conversor de frequncia para uso industrial ........................................................... 139

    Figura 38: Forma de onda na sada de um conversor de frequncia ......................................... 140

    Figura 39: Tipos de construes de cabos para VFDs .............................................................. 141

    Figura 40: Cabos eltricos para VFDs ...................................................................................... 142

    Figura 41: Tipo de construo alternativa para baixas potncias .............................................. 142

    Figura 42: Cabo eltrico para redes AS-i .................................................................................. 151

    Figura 43: Cabo AS-i redondo .................................................................................................. 152

    Figura 44: Aplicao de rede AS-i com mdulo de acoplamento ............................................. 152

    Figura 45: Conexo Modbus sobre TIA-485 com 3 condutores (2 fios) ............................... 159

    Figura 46: Cabo Modbus / TIA-485 com 3 condutores ............................................................ 160

    Figura 47: Cabo Modbus / TIA-485 com 2 pares ..................................................................... 160

    Figura 48: Nomenclatura de blindagens conforme a ISO/IEC 11801 (2011) ........................... 170

    Figura 49: Tipos de acoplamentos eletromagnticos em um cabo eltrico ............................... 194

    Figura 50: Acoplamento capacitivo entre dois condutores representao fsica .................... 196

    Figura 51: Acoplamento capacitivo entre dois condutores circuito equivalente .................... 196

    Figura 52: Acoplamento capacitivo esquema eltrico simplificado ...................................... 197

    Figura 53: Tenso induzida num condutor devido a um campo magntico .............................. 199

    Figura 54: Tenso induzida num indutor por acoplamento indutivo ........................................ 199

    Figura 55: Efeito de paradiafonia (a) e telediafonia (b) ............................................................ 201

    Figura 56: Medio de resistncia a 2 fios pela lei de Ohm...................................................... 205

    Figura 57: Ponte de Wheatstone de 2 fios ................................................................................. 206

    Figura 58: Medio compensada a 3 fios .................................................................................. 207

    Figura 59: Ponte de Wheatstone de 3 fios ................................................................................. 208

    Figura 60: Medio a 4 fios ...................................................................................................... 210

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Comparaes entre tecnologias de transmisso de dados ........................................... 21

    Tabela 2: Correspondncia mtrica de dimetros AWG ............................................................. 28

    Tabela 3: Propriedades fsicas do cobre eletroltico (C1110) ..................................................... 31

    Tabela 4: Materiais de revestimento metlico de condutores e suas aplicaes ......................... 32

    Tabela 5: Materiais no polimricos para isolao de cabos de termopares ............................... 35

    Tabela 6: Comparao entre materiais polimricos de isolao e cobertura .............................. 39

    Tabela 7: Relao entre tipos de blindagens e tipos de interferncias ........................................ 46

    Tabela 8: Comparao entre tipos de armaes .......................................................................... 50

    Tabela 9: Classificao de ambientes industriais categorias MICE ..................................... 68

    Tabela 10: Comparao entre instalaes internas e externas .................................................... 70

    Tabela 11: Classificao de cabos internos de telecomunicaes ............................................... 71

    Tabela 12: Categorias de ensaios da IEC 60811 (2012) ............................................................. 80

    Tabela 13: Resumo de normas de ensaios de resistncia ao envelhecimento e raios UV ........... 81

    Tabela 14: Categorias de testes da ABNT NBR NM IEC 60332-3 (2005) ................................ 86

    Tabela 15: Partes da norma IEC 60331 ....................................................................................... 87

    Tabela 16: Normas brasileiras e internacionais paras ensaios de cabos submetidos ao fogo ..... 91

    Tabela 17: Cabos eltricos de instrumentao conforme a ABNT NBR 10300 (1997) ........... 105

    Tabela 18: Materiais de isolao conforme a IEC 60092-351 (2004) ...................................... 107

    Tabela 19: Materiais de cobertura conforme a IEC 60092-359 (1999) .................................... 109

    Tabela 20: Cabos eltricos de instrumentao conforme a IEC 60092-376 (2003) .................. 115

    Tabela 21: Principais caractersticas de cabos do tipo ITC conforme UL 2250 (2006)............ 117

    Tabela 22: Requisitos de cabos de instrumentao conforme a EN 50228-7 (2005) ................ 118

    Tabela 23: Requisitos de cabos eltricos de segurana intrnseca ............................................ 120

    Tabela 24: Requisitos adicionais para multicabos de segurana intrnseca .............................. 121

    Tabela 25: Requisitos para cabos de sist. de det. e alarme de incndio .................................... 125

    Tabela 26: Materiais de condutores de cabos de extenso e compensao de termopares. ...... 128

    Tabela 27: Composio de ligas utilizadas em termopares e em cabos de ext./comp. ............. 128

    Tabela 28: Comparao entre normas de cabos de ext. e comp. de termopares ....................... 130

    Tabela 29: Requisitos de cabos de ext. e comp. conforme a IEC 60584-3 (2007) ................... 132

    Tabela 30: Classes de tolerncia conforme a IEC 60584-3 (2007) ........................................... 133

    Tabela 31: Cdigo de cores - IEC 60584-3 (2007) ................................................................... 134

    Tabela 32: Identificao de cabos de termopares conforme a ISA-MC96.1 (1982) ................. 135

    Tabela 33: Circuitos de medio de termorresistncias e cabos adequados ............................. 138

  • Tabela 34: Requisitos construtivos para cabos de VFDs .......................................................... 144

    Tabela 35: Redes industriais conforme a IEC 61158-1 (2010) ................................................. 148

    Tabela 36: Cabos eltricos para redes AS-i conforme a IEC 62026-2 (2000) .......................... 151

    Tabela 37: Recomendaes para cabos eltricos para transmisso de sinais HART ................ 154

    Tabela 38: Tipos de cabos eltricos para FF H1 e PF PA conforme a IEC 61158-2 (2010) .... 156

    Tabela 39: Parmetros de cabos eltricos para FF H1 e PF PA ................................................ 156

    Tabela 40: Requisitos para cabos FF H1 conforme o guia AG 181 .......................................... 157

    Tabela 41: Requisitos para cabos Modbus RTU/ASCII - TIA-485 .......................................... 160

    Tabela 42: Tipos e requisitos de cabos para redes Profibus DP ................................................ 161

    Tabela 43: Tecnologias Ethernet utilizando cabos eltricos ..................................................... 163

    Tabela 44: Normas de cabeamento estruturado ........................................................................ 166

    Tabela 45: Classes e categorias conforme as normas de cabeamento estruturado .................... 166

    Tabela 46: Normas construtivas de cabos eltricos Ethernet .................................................... 169

    Tabela 47: Normas internacionais de construo de cabos eltricos Ethernet .......................... 169

    Tabela 48: Tipos de blindagens conforme a ISO/IEC 11801 (2011) ........................................ 170

    Tabela 49: Categorias de cabos Ethernet e requisitos de blindagem ........................................ 171

    Tabela 50: Requistos gerais de cabos Ethernet ......................................................................... 172

    Tabela 51: Ensaios previstos na norma IEC 60811 (2012) ....................................................... 203

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AACRF Relao de atenuao telediafonia em pares agrupados

    (Alien attenuation to crosstalk ratio at the far end)

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACRF Relao de atenuao - telediafonia

    (Attenuation to crosstalk ratio at the far end)

    ACRN Relao de atenuao - paradiafonia

    (Attenuation to crosstalk ratio at the near end)

    AFEXT Telediafonia em pares agrupados (Alien far end crosstalk)

    ANEXT Paradiafonia em pares agrupados (Alien near end crosstalk)

    ANSI Instituto de Normas dos EUA (American National Standards Institute)

    API Instituto de Petrleo dos EUA (American Petroleum Institute)

    AS-i Interface de sensores e atuadores (Actuator/sensor interface)

    AWG Escala americana normalizada (American wire gauge)

    Cat. Categoria

    CENELEC Comit Europeu de Nomarlizao Eletrotcnica

    CLP Controlador lgico programvel

    CP Perfil de comunicao (Communication profile)

    CPF Famlia de perfis de comunicao (Communication profile family)

    DP Perifricos descentralizados (Decentralized peripherals)

    ECTFE Etileno clorotrifluoretileno

    EIA Aliana das Indstrias Eletrnicas dos EUA

    (Electronic Industries Alliance)

    ELFEXT Perda de telediafonia de nvel equalizado

    (Equal level far end crosstalk attenuation)

    EMI Interferncia eletromagntica (Electromagnetic interference)

    EN Norma europeia

    EPR Etileno-propileno reticulado

    ETFE Etileno tetrafluoretileno

    EUA Estados Unidos da Amrica

    f.e.m. Fora eletromotriz

    FEXT Telediafonia (Far-end crosstalk)

    FF Foundation Fieldbus

    HART Highway Addressable Remote Transducer

  • HEPR EPR de alto mdulo

    HF Sem halognios (halogen-free) /

    cido fluordrico

    IEC Comisso Internacional de Eletrotcnica

    (International Eletrotechnic Commission)

    IL Perda por insero (Insertion loss)

    ISA Sociedade Internacional de Automao (International Society of Automation)

    IHM Interface homem mquina

    IEEE Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrnicos

    (Institute of Electrical and Electronic Engineers)

    ISO Organizao Internacional para a Normalizao

    (International Organization for Standardization)

    ITC Cabo de instrumentao para bandejas (Instrumentation Tray Cable)

    LAN Rede local (Local rea network)

    LCL Perda de converso longitudinal (Longitudinal to differential conversion loss)

    LSZH Baixa emisso de fumaa, sem halognios (Low smoke, zero halogen)

    MICE Proteo mecnica, de ingresso, climtica, qumica e eletromagntica

    (Mechanical, ingress, climatic/chemical and electromagnetic)

    NBR Norma brasileira

    NEC Cdigo Eltrico dos EUA (National Electrical Code)

    NEXT Paradiafonia (Near-end crosstalk)

    NFPA Associao de Combate ao Incndio dos EUA

    (National Fire Protection Association)

    NM Norma Mercosul

    N/A No aplicvel

    N/E No especificado

    PA Automao de processos (Process automation)

    PE Polietileno

    PF Profibus

    PLTC Cabo de potncia limitada para bandejas (Power limited tray cable)

    PP Polipropileno

    PSACR Relao de atenuao PSNEXT (Power sum attenuation to crosstalk ratio)

    PSACRF Soma de perda de telediafonia de nvel equalizado

    (Power sum attenuation to crosstalk ratio at the far-end)

    PSAFEXT Soma de potncias de rudo por telediafonia em pares agrupados

    (Power sum alien far end crosstalk)

  • PSANEXT Some de potncias de rudo por paradiafonia em pares agrupados

    (Power sum alien near end crosstalk)

    PSELFEXT Soma de perda de potncias de telediafonia de nvel equalizado

    (Power sum equal level far end crosstalk)

    PSFEXT Soma de potncias de rudo por telediafonia (Power sum far end crosstalk)

    PSNEXT Soma de potncias de paradiafonia (Power sum near end crosstalk)

    PTFE Politetrafluoretileno

    PVC Cloreto de polivinila

    PVDF Fluoreto de polivinilideno

    RTD Bulbo de resistncia (Resistance temperature detector)

    RTU Unidade terminal remota (Remote terminal unit)

    SDCD Sistema digital de controle distribudo

    SI Segurana intrnseca

    TCL Perda de converso transversal (Transverse conversion loss)

    TI Tecnologia da informao

    TIA Associao de Indstrias de Telecomunicaes dos EUA

    (Telecommunications Industry Association)

    UL Organizao no governamental e sem fins lucrativos dos EUA de testes e

    certificaes de segurana de produtos (Underwriters Laboratories)

    Vca Tenso alternada (senoidal)

    Vcc Tenso contnua

    VFD Conversor de frequncia (Variable frequency driver)

    Vpp Tenso de pico a pico

    VSD Conversor de frequncia (Variable speed driver)

    XLPE Polietileno reticulado (Cross-linked polyethylene)

    XLPO Poliolefina reticulada (Cross-linked polyolefin)

  • 19

    1 INTRODUO

    A transmisso de informaes por meio de cabos eltricos comeou a ser

    desenvolvida no sculo XVIII. Em 1747, o ingls William Watson utilizou um condutor

    de juta (fibra txtil vegetal) com extenso de mais de trs quilmetros para transmitir

    informaes entre as margens do rio Tmisa. Em 1795, o espanhol Dom Francisco

    Salva aplicou papel para isolar condutores metlicos usados tambm na transmisso

    telegrfica. J a inveno do primeiro cabo efetivamente isolado creditada ao

    engenheiro militar russo Von Schilling que, entre 1812 e 1815, desenvolveu um

    condutor submarino que cruzava o rio Sena para detonao de minas e era feito de fios

    de cobre e isolado com um tipo de borracha indiana seca e envernizada (GOEKING,

    2009).

    Na rea de instrumentao, os primeiros transmissores e controladores surgidos

    na dcada de 40 eram pneumticos. A transmisso de informaes entre estes

    instrumentos era atravs de sinais de presso, tipicamente de 3 a 15psi ou 20 a 100kPa.

    Aps a inveno e apresentao do transistor de germnio em 1948 - e

    posteriormente de silcio - nos laboratrios da Bell Telephone por Bardeen, Brattain e

    Shockley, a eletrnica passou a desenvolver-se rapidamente e a popularizar-se. No

    incio da dcada de 70, comearam a surgir os primeiros transmissores industriais

    eletrnicos. Os tubings1 pneumticos, at ento utilizados para transmisso de sinais de

    instrumentao, foram substitudos por cabos eltricos.

    Outro meio fsico bastante utilizado para transmisso de dados a fibra ptica,

    sobretudo para aplicaes em grandes distncias ou que requeiram grande taxa de

    transmisso. Na rea de automao, a fibra ptica vem sendo utilizada principalmente

    1 Tubos de pequeno dimetro utilizados em instrumentao para transporte de amostras, transmisso de

    sinais pneumticos e alimentao pneumtica de instrumentos.

  • 20

    para interligao de sistemas (como por exemplo equipamentos em salas de controle

    distantes) e em ambientes com elevada presena de rudo eletromagntico. Em

    instrumentao, as fibras pticas podem ser utilizadas no s para transmisso de dados

    como tambm como sensores, como mostrado no trabalho de Gondo (2011). As

    principais vantagens e desvantagens das fibras pticas so mostradas na tabela 1.

    Alm dos cabos eltricos e de fibra ptica, as redes de comunicao de dados

    sem fio (wireless) j so uma realidade na indstria. Entretanto, as tecnologias de rede

    sem fio atualmente disponveis no esto consolidadas a ponto de poderem ser

    utilizadas para aplicaes crticas de controle de processos e de segurana. A tecnologia

    wireless tambm ainda no se mostra vivel para dispositivos ou sistemas que exigem

    maior potncia eltrica, como por exemplo alguns tipos de vlvulas e analisadores de

    processo. Alm destas, outras desvantagens so mostradas na tabela 1. Uma anlise

    detalhada sobre a evoluo das redes wireless na indstria de processo feita por Silva

    (2011).

    Desta forma, tanto por motivos tcnicos quanto econmicos, os cabos eltricos

    ainda so o principal meio de transmisso de dados para as aplicaes de

    instrumentao e automao industrial, desde a transmisso dos sinais de campo at a

    intercomunicao de sistemas. Alm disso, embora o uso de fibra ptica e de redes sem

    fio j seja uma realidade e tenda a crescer cada vez mais, os cabos eltricos continuaro

    sendo por algum tempo (talvez dcadas) a melhor opo para vrias aplicaes de

    instrumentao e automao, tais como sistemas de segurana, sistemas de controle

    crticos, medio de temperatura utilizando termopares ou RTDs, dentre outras.

  • 21

    MEIO

    FSICO VANTAGENS DESVANTAGENS APLICAES

    Cabos

    eltricos

    Robustez fsica;

    Custo relativo baixo (dependendo

    da quantidade de

    cabos);

    Alta confiabilidade.

    Sujeito a interferncias eletromagnticas.

    Aplicaes de instrumentao e

    automao em

    geral, incluindo

    segurana.

    Fibra

    ptica

    Imunidade a interferncias

    eletromagnticas;

    Transmisso de dados em grandes

    distncias;

    Taxas de transmisso altas;

    Grande banda passante.

    Fragilidade fsica das fibras;

    Dificuldade de conexo e instalao;

    Custo relativo alto.

    Comunicaes em grandes distncias

    e/ou de alta

    velocidade;

    Comunicaes em ambientes com

    grande intensidade

    de rudos

    eletromagnticos.

    Transmiss

    o sem fio

    (wireless)

    Necessita de pouca infraestrutura para

    instalao (no

    requer por exemplo

    eletrocalhas ou

    eletrodutos),

    possibilitando

    assim economia de

    custo, reduo de

    espao fsico e de

    tempo de

    montagem.

    Sujeita a interferncias de ouras redes e equipamentos

    de telecomunicaes sem

    fio;

    Qualidade de transmisso dependente da geometria /

    localizao do ambiente

    (efeitos de reflexo e

    refrao de ondas);

    Instrumentos de campo necessitam de alimentao

    por bateria e/ou fonte

    alternativa;

    Transmisso de dados sujeitas a interceptaes,

    sendo a segurana da

    informao uma questo

    relevante;

    Custo dos dispositivos relativamente alto.

    Transmisso de sinais para

    monitorao de

    variveis (ainda

    pouco utilizado

    para controle).

    Tabela 1: Comparaes entre tecnologias de transmisso de dados

    1.1 MOTIVAES

    Embora os cabos eltricos para a transmisso de sinais sejam largamente

    utilizados em aplicaes de instrumentao e automao, h poucos trabalhos

    cientficos que exploram o tema de maneira satisfatria. Por outro lado, existem

    atualmente uma grande quantidade de normas nacionais e internacionais sobre o tema

  • 22

    (neste trabalho so referenciadas mais de 50). Muitas destas normas no so

    consensuais mesmo quando destinadas ao mesmo tipo de aplicao.

    Devido grande diversidade de aplicaes, os cabos eltricos utilizados em

    instrumentao e automao possuem vrios requisitos construtivos e de desempenho

    distintos. Por exemplo, os cabos para sistemas de segurana intrnseca requerem

    caractersticas construtivas necessrias para garantir que no armazenem energia de

    formar a causar centelhamentos perigosos em instrumentos de campo ou em caixas de

    junes. Cabos para termopares, por outro lado, podem necessitar de isolao capaz de

    resistir a elevadas temperaturas. Ainda, cabos para redes de comunicao possuem

    parmetros eltricos distintos dos cabos utilizados para transmisso de sinais analgicos

    ou discretos. Assim, conhecer as especificidades de cada tipo de aplicao

    fundamental para a tarefa de especificao tcnica destes cabos.

    Em controle de processos, sabe-se que o desempenho de um sistema de controle

    est fortemente relacionado com o desempenho do sistema de instrumentao (medio

    e atuao). Os cabos eltricos, por sua vez, podem ser considerados partes integrantes

    dos sistemas de instrumentao. Desta forma, o desempenho de um sistema de controle

    e, por conseguinte, o desempenho de uma planta em geral, est relacionado diretamente

    com a qualidade dos cabos eltricos utilizados para a transmisso dos sinais.

    Alm do desempenho das plantas, os cabos eltricos devem ser considerados

    componentes diretamente relacionados segurana das instalaes. Os cabos de um

    sistema de deteco e combate incndio, por exemplo, necessitam ter o funcionamento

    garantido mesmo sob presena de fogo. Num outro exemplo, cabos utilizados em

    ambientes internos e com pessoas no devem emitir fumaa txica nem densa.

  • 23

    Assim, embora possa parecer simples, a correta especificao de cabos eltricos

    para transmisso de sinais na realidade uma tarefa complexa e importante nos projetos

    de instrumentao e automao industrial.

    1.2 OBJETIVOS

    O objetivo deste trabalho apresentar uma anlise detalhada dos principais

    requisitos construtivos e tipos de cabos eltricos utilizados em aplicaes de

    instrumentao e automao industrial, fornecendo assim subsdios para uma correta

    especificao tcnica destes cabos. Procurou-se, ao longo do trabalho, fornecer uma

    viso geral do estado da arte das tecnologias e normas tcnicas utilizadas no Brasil e

    internacionalmente, bem como uma anlise crtica e tendncias destas normas.

    Este trabalho possui como enfoque a especificao tcnica dos cabos eltricos,

    excluindo-se da anlise acessrios tais como conectores ou prensa-cabos. Aspectos de

    armazenamento, instalao e comissionamento tambm no so abordados.

    1.3 METODOLOGIA

    Para a realizao deste trabalho, utilizou-se como metodologia a pesquisa

    bibliogrfica. O trabalho baseado sobretudo em normas brasileiras e internacionais.

    Alm de normas, foram utilizados livros, artigos cientficos, artigos tcnicos e catlogos

    de fabricantes, muitos destes disponveis na internet.

  • 24

    1.4 ORGANIZAO

    O trabalho organizado em 5 captulos (incluindo este de introduo). No

    captulo 2, so apresentadas e definidas as caractersticas gerais dos cabos eltricos

    utilizados em aplicaes de instrumentao e automao.

    Em seguida so analisados, no captulo 3, os principais requisitos para a

    especificao de cabos eltricos de instrumentao e automao em ambientes

    industrias.

    No captulo 4, por sua vez, so analisados os cabos eltricos utilizados nas

    principais aplicaes de instrumentao e automao industrial. O captulo organizado

    conforme o tipo de aplicao.

    Por fim, no captulo 5 so apresentadas as concluses obtidas e tambm

    sugestes para trabalhos futuros.

    Complementam o texto principal trs apndices. No apndice A so analisados o

    conceito e as principais formas de interferncias eletromagnticas que podem ocorrer

    num cabo eltrico. O apndice B, por sua vez, apresenta uma lista dos principais ensaios

    de cabos conforme a norma internacional IEC 60811 (2012). Por ltimo, no apndice C

    so apresentados os principais circuitos utilizados para medio de termorresistncias.

  • 25

    2 CARACTERSTICAS GERAIS

    Neste captulo so descritas e comparadas as principais caractersticas

    construtivas, eltricas e mecnicas dos cabos eltricos utilizados em aplicaes de

    instrumentao e automao.

    Antes de iniciar as discusses, apropriado definir e diferenciar os termos cabo

    eltrico e fio eltrico. De acordo com a norma ABNT NBR 5471 (1986, p. 2), cabo

    eltrico um conjunto de fios encordoados, isolados ou no entre si, podendo o

    conjunto ser isolado ou no. O termo fio, por sua vez, definido pela ABNT NBT

    5471 (1986, p. 1) como produto metlico macio e flexvel, de seo transversal

    invarivel e de comprimento muito maior do que a maior dimenso transversal.

    2.1 CARACTERSTICAS CONSTRUTIVAS

    Um cabo eltrico utilizado em aplicaes de instrumentao e automao

    industrial constitudo, de forma geral, pelas seguintes partes (mostradas na figura 1):

    Condutores;

    Isolao;

    Separador;

    Blindagem;

    Capa de separao / capa interna;

    Armao;

    Cobertura.

  • 26

    Figura 1: Partes de um cabo eltrico tpico de instrumentao

    Adaptado de Poliron (2006c)

    A nomenclatura para as partes constituintes de um cabo utilizada neste trabalho

    est de acordo com a norma ABNT NBR 5471 (1986) Condutores eltricos

    terminologia e tambm de acordo com a norma ABNT NBR 10300 (1997) Cabos de

    instrumentao com isolao extrudada de PE ou PVC para tenses at 300V.

    Alm das partes citadas acima, convm definir outros termos comumente

    utilizados em especificaes de cabos eltricos:

    Veia: condutor isolado componente de um cabo (ABNT, 1986, p. 4);

    Elemento: reunio de duas ou trs veias, formando um par ou uma terna,

    respectivamente, conforme definido pela ABNT NBR 10300 (1997);

    Coroa: conjunto de componentes ou de partes de componentes de um cabo,

    dispostos helicoidalmente e equidistantes de um centro de referncia

    (ABNT, 1986, p. 4).

    Multicabo: termo informal (porm muito utilizado na prtica) para

    denominar cabos formados por mltiplos elementos ou veias.

    Nas sees seguintes so descritas e analisadas as principais partes constituintes

    de cabos eltricos utilizados em aplicaes de instrumentao e automao.

  • 27

    2.1.1 Condutores

    Os condutores eltricos constituem as partes metlicas do cabo responsveis pela

    conduo da energia ou sinal eltrico. O condutor definido pela norma ABNT NBR

    5471 (1986, p. 1) como produto metlico, de seo transversal invarivel e de

    comprimento muito maior do que a maior dimenso transversal, utilizado para

    transportar energia eltrica ou transmitir sinais eltricos.

    Os condutores podem ser de diferentes materiais e podem ser arranjados de

    diversas formas no cabo, conforme apresentado nas sees a seguir.

    2.1.1.1 Sees nominais

    O tamanho de um condutor eltrico geralmente especificado pela rea de sua

    seo transversal, comumente denominada como seo nominal. A escolha da seo

    nominal est relacionada capacidade de conduo de corrente ou queda mxima de

    tenso permitida.

    A norma ABNT NBR NM 280 (2002) padroniza um conjunto de sees

    nominais de condutores. No Brasil, a norma ABNT NBR 10300 (1997) padroniza 5

    sees nominais para condutores de cabos analgicos/discretos de instrumentao, em

    mm2: 0,5; 0,75; 1; 1,5; 2,5. Estas sees esto tambm esto de acordo com a ABNT

    NBR NM 280 (2002).

    Nos Estados Unidos da Amrica, comum o uso do padro American Wire

    Gauge (AWG), especificado pela norma ASTM B258-02 (2008). Este padro originou-

    se com o nmero de operaes de trefilagem necessrias para que condutor atinja o

    determinado dimetro. Quanto maior o nmero AWG, menor a seo nominal do

    condutor (HERMAN, 2012). A tabela 2 mostra uma correspondncia entre alguns

  • 28

    dimetros AWG a seo nominal (aproximada) correspondente em milmetros

    quadrados.

    AWG

    SEO

    NOMINAL

    APROX. (mm2)

    24 0,2

    22 0,3

    20 0,5

    18 0,8

    16 1,3

    14 2,1

    Tabela 2: Correspondncia mtrica de dimetros AWG

    Adaptado de HM Wire International (2013)

    2.1.1.2 Tipos de condutores

    Os fios de materiais condutores podem ser agrupados de diferentes formas. Os

    principais tipos de condutores utilizados em cabos de instrumentao e automao so

    mostrados nas sees abaixo.

    2.1.1.2.1 Condutor slido

    O condutor slido consiste em um condutor de seo transversal macia

    (ABNT, 1986, p. 2) conforme ilustrado na figura 2.

    Figura 2: Cabo Ethernet F/UTP com condutores slidos

    (BELDEN, 2012b)

  • 29

    2.1.1.2.2 Condutor em feixe

    Conforme definido pela ABNT NBR 5471 (1986, p. 2), o condutor em feixe

    consiste num condutor encordoado, no qual os fios individuais so reunidos em uma

    disposio helicoidal de maneira aleatria, de mesmo sentido e mesmo passo, mas sem

    formar coroas definidas. Uma ilustrao de condutor em feixe mostrada na figura 3.

    Figura 3: Condutor em feixe

    (LEONI KERPEN, 2008b)

    2.1.1.2.3 Condutor encordoado

    Conforme a ABNT NBR 5471 (1986, p. 2), um condutor encordoado consiste

    num conjunto de fios dispostos helicoidalmente. As camadas podem ser dispostas em

    direes iguais ou diferentes, e podem ter passos de encordoamento iguais ou

    diferentes.

    O passo de encordoamento, ilustrado na figura 4, definido pela ABNT NBR

    5471 (1986, p. 4) como comprimento da projeo axial de uma volta completa dos fios

    ou grupos de fio, ou outros componentes, de uma determinada coroa.

    A grande vantagem das construes encordoadas a boa tolerncia conseguida

    para o dimetro do condutor (CALMONT WIRE & CABLE INC, 2012).

  • 30

    Figura 4: Passo de encordoamento de um condutor

    Adaptado de Fisk (2012)

    2.1.1.3 Materiais

    Diversos materiais metlicos podem ser utilizados como condutores eltricos,

    tais como cobre, prata, ouro, alumnio. A escolha do material est relacionada s suas

    propriedades fsicas resistividade, condutibilidade trmica, maleabilidade, ductilidade,

    densidade, etc. e tambm ao preo.

    Devido s suas caractersticas, o cobre o material mais utilizado em cabos

    eltricos de aplicaes gerais e tambm em aplicaes de instrumentao e automao

    industrial. Os condutores de alumnio tm aplicaes restritas s linhas de transmisso

    de energia.

    O cobre utilizado em cabos eltricos passa por um processo eletroltico para

    remoo de impurezas. Aps passar por processo de trefilagem, o fio de cobre nu

    adquire uma tmpera dura de modo que, quando se deseja um fio com tmpera meio

    dura ou mole, necessrio submet-lo ao processo de recozimento. Os cabos com

    tmpera meio dura ou dura so normalmente utilizados para aterramento ou em redes

    areas de transmisso de energia eltrica, onde se necessita alta resistncia trao (MD

    POLICABOS, 2012).

    A tabela 3 mostra as propriedades fsicas do cobre eletroltico relevantes no seu

    uso como condutor eltrico.

  • 31

    Resistividade eltrica: 1,72 x 10-8

    .m @ 20C

    Condutividade trmica: 388 W / m.K @ 20C

    Massa especfica: 8890 kg/m3 @ 20C

    Tabela 3: Propriedades fsicas do cobre eletroltico (C1110)

    (CALLISTER, 2001)

    2.1.1.3.1 Materiais condutores de cabos de termopares

    Os cabos de extenso e compensao utilizados para transmisso de sinais de

    termopares utilizam em sua maioria materiais diferentes do cobre.

    Conforme explicado na seo 4.4.1, os cabos de extenso possuem os

    condutores com o mesmo material dos fios do termopar. Por exemplo, o termopar do

    tipo K formado pelas ligas de Cromel e Alumel. Desta forma, o cabo de extenso para

    o termopar do tipo K tambm formado por um condutor de Cromel e por outro de

    Alumel.

    J os cabos de compensao possuem os condutores com materiais diferentes

    das ligas dos termopares (mais baratos ou com propriedades fsicas mais adequados

    trefilao ou uso em cabos), porm com as mesmas caractersticas termoeltricas para

    uma dada faixa de temperatura.

    A tabela 26 (seo 4.4.1.1) apresenta os materiais de condutores de cabos de

    extenso e compensao de termopares. Estes cabos so discutidos em detalhes na seo

    4.4.

    2.1.1.4 Revestimento metlico

    Revestimentos metlicos nos condutores podem ser usados para permitir

    melhores caractersticas fsicas ou qumicas, como por exemplo maior resistncia

    oxidao, melhor brasagem e menor atenuao do sinal em altas frequncias. Os

  • 32

    materiais mais utilizados para o revestimento dos condutores so o estanho, a prata e o

    nquel (ANIXTER, 1996).

    O estanho o material mais usual. Ele utilizado para melhorar a resistncia

    corroso e tambm facilitar o processo de brasagem (ANIXTER, 1996).

    Condutores prateados so utilizados em ambientes de alta temperatura (150C -

    300C) e tambm em aplicaes com sinais em alta frequncia, uma vez que a alta

    condutividade da prata (melhor que o cobre) pode colaborar com a diminuio da

    atenuao da amplitude deste sinal (ANIXTER, 1996).

    Por ltimo, condutores revestidos com nquel so usados em aplicaes com

    temperatura entre 200C e 450C. Nesta faixa de temperatura, o cobre oxida

    rapidamente se no for protegido. Por outro lado, uma desvantagem de se usar

    condutores niquelados a baixa capacidade de brasagem apresentada por este material

    (ANIXTER, 1996).

    A tabela 4 resume os principais materiais utilizados para revestimento metlico

    de condutores e suas aplicaes.

    REVESTIMENTO APLICAES

    Estanho Resistncia corroso.

    Prata Sinais de alta frequncia,

    temperatura 150C a 300C.

    Nquel Temperatura entre 200C e 450C.

    Tabela 4: Materiais de revestimento metlico de condutores e suas aplicaes

    Adaptado de Anixter (1996)

    2.1.1.5 Normas

    Os condutores de cabos isolados so especificados no Brasil e no Mercosul pela

    norma ABNT NBR NM 280 (2002). Esta norma baseada na norma internacional IEC

  • 33

    60228 (2004), tendo algumas partes modificadas visando atender fabricantes especficos

    de pases membros do bloco comercial.

    A norma IEC 60228 (2004) classifica os condutores em 4 classes de

    encordoamento em relao flexibilidade: 1, 2, 5 e 6, sendo a 1 a menos flexvel e a 6 a

    mais flexvel. As classes 1 e 2 destinam-se ao uso em cabos para instalaes fixas,

    sendo a classe 1 constituda de condutores slidos e a classe 2 de condutores

    encordoados. As classes 5 e 6 so destinados ao uso e cordes flexveis, sendo a classe

    6 mais flexvel que a classe 5. A classe 4 foi excluda da IEC 60288 (2004) a partir da

    edio de 1978; porm ainda mantida na ABNT NBR NM 280 (2002) devido,

    segundo a mesma, ao uso difundido nos pases do bloco.

    Os fios dos condutores encordoados so especificados no Brasil de acordo com a

    norma ABNT NBR 5111 (1997), no caso de fios de cobre nu, ou conforme a ABNT

    NBR 5368 (1997), no caso de fios de cobre estanhados. Estas normas especificam

    requisitos de tolerncia do dimetro nominal, propriedades mecnicas (alongamento na

    ruptura, resistncia trao), propriedades eltricas (resistividade), critrios de inspeo

    (ensaios e verificaes), critrios de aceitao e rejeio e tambm condies de

    acondicionamento e fornecimento.

    2.1.2 Isolao e cobertura

    Um cabo normalmente formado por mais de um condutor ou feixe de

    condutores. A fim de evitar a ocorrncia de curto-circuito entre os condutores, estes so

    isolados uns dos outros atravs de um material isolante. Geralmente, a isolao utilizada

    do tipo extrudada, que consiste em [...] uma camada de uma material termoplstico

    ou termofixo, aplicada por um processo de extruso (ABNT, 1986, p. 3). Na figura 1,

    a isolao corresponde ao componente 2 do cabo.

  • 34

    Por outro lado, a cobertura do cabo definida pela ABNT NBR 5471 (1986, p.

    5) como: invlucro externo no metlico e contnuo, sem funo de isolao. Na

    figura 1, a cobertura corresponde ao componente 8 do cabo.

    Os materiais mais utilizados para isolao dos condutores e para cobertura de

    cabos so os polmeros (plsticos de engenharia). Isto se deve a caractersticas como

    baixa condutividade eltrica e boa proteo mecnica. A figura 5 mostra os principais

    polmeros utilizados para isolao e cobertura.

    Por outro lado, para aplicaes em altas temperaturas, outros materiais podem

    ser utilizados para a isolao e cobertura, como por exemplo fibra de vidro, fibra de

    slica e fibra cermica. Estes materiais so frequentemente utilizados, por exemplo, em

    cabos de termopares.

    A tabela 5 apresenta alguns destes materiais no polimricos utilizados para

    isolao de cabos de termopares. Os valores de mxima temperatura, extrados de

    (CONSISTEC, 2012) e (THERMAL, 2012) so apenas para indicao de ordem de

    grandeza, podendo variar de acordo com a construo de cada fabricante.

    Figura 5: Polmeros utilizados para isolao e cobertura

    POLMEROS

    TERMOPLSTICOS

    PVC POLIOLEFINAS

    PE

    PP

    FLUOROPOLMEROS

    PTFE

    TERMORRGIDOS

    EPR

    XLPE

  • 35

    ISOLAO TEMP. MX. OBSERVAES

    Amianto 500 C Nocivo sade, proibido em

    diversos pases.

    Borracha 135 C -

    Fibra cermica / fibra de slica 900 C -

    Fibra de vidro 600 C -

    Silicone 200 C -

    Refrasil, 3M Nextel 1200 C Exemplos de materiais proprietrios

    para altas temperaturas.

    Tabela 5: Materiais no polimricos para isolao de cabos de termopares

    (CONSISTEC, 2012; THERMAL, 2012)

    2.1.2.1 Termoplsticos

    Termoplstico um polmero sinttico que, sempre que aquecido, se torna

    malevel, e quando resfriado, endurece (CALLISTER, 2001).

    As principais caractersticas dos termoplsticos so: baixo peso, baixo custo,

    fcil de ser coloridos e excelente isolamento eltrico. Por estas razes so os materiais

    mais utilizados como isolao e cobertura de cabo (ATLAS, 2012).

    Dentre os termoplsticos mais utilizados para isolao e cobertura de cabos,

    tem-se: cloreto de polivinila, poliolefinas (polietileno, polipropileno), e

    fluoropolmeros.

    2.1.2.1.1 Cloreto de polivinila (PVC)

    Os termoplsticos de PVC so, na realidade, uma mistura de cloreto de

    polivinila puro (resina sinttica), plastificante, cargas e estabilizantes (SHIGUE, 2012).

    So largamente utilizados como materiais de isolao e cobertura de cabos eltricos.

    Quando corretamente formulados, provem uma boa resistncia a leos, cidos, ao

    tempo (calor, chuva, raios solares) e abraso. Geralmente, possuem faixa de

    temperatura nominal de -55C a 105C ou -20C a 60C, dependendo da composio

  • 36

    (ANIXTER, 1996). Alm disso, possuem boa caracterstica de no propagao de

    chama (SHIGUE, 2012).

    A principal desvantagem do PVC que em sua queima emitido gs clordrico

    (txico). Por isso, no recomendado como material de cobertura de cabos instalados

    em reas internas.

    2.1.2.1.2 Poliolefinas

    Poliolefinas o nome dado a uma famlia de polmeros. Estes polmeros

    possuem como caractersticas propriedades isolantes eltricas muito boas e baixa

    absoro de gua. A temperatura mxima de aplicao 80C. A baixa resistncia

    chama pode ser compensada utilizando-se um material diferente para a cobertura do

    cabo (NORTHWIRE, 2010a).

    As poliolefinas mais utilizadas em cabos eltricos so o polietileno, o

    polipropileno e o acetato de vinila (EVA).

    O polietileno (PE) possui excelentes propriedades eltricas: baixa constante

    dieltrica, constante dieltrica estvel sobre uma ampla faixa de frequncias e uma e

    excelente resistncia de isolamento. Possui boa resistncia umidade e, quando bem

    formulado, o PE tambm possui boa resistncia ao tempo. Entretanto, o PE um

    material muito rgido. Dentre as categorias de polietileno, o de baixa densidade o mais

    flexvel. Formulaes para anti-propagao de chamas so disponveis, mas elas tendem

    a ter propriedades eltricas piores (ANIXTER, 1996).

    Similar ao polietileno em relao a caractersticas eltricas, o polipropileno (PP)

    principalmente utilizado como material de isolao. Tipicamente, um material mais

    duro que o polietileno, tornando-o aplicvel a camadas de isolao finas (ANIXTER,

    1996).

  • 37

    2.1.2.1.3 Fluoropolmeros

    Os fluoropolmeros so termoplsticos utilizados em diversas aplicaes como

    material para isolao de baixa tenso. Apresentam excelentes propriedades trmicas,

    qumicas, mecnicas e eltricas. Os fluoropolmeros mais utilizados so o PTFE, FEP e

    PFA (conhecidos como Teflon), ETFE (Tefzel), o ECTFE (Halar), e o PVDF

    (Kynar) (ANIXTER, 1996).

    As vantagens de condutores isolados com PTFE so (ANIXTER, 1996):

    Baixa inflamabilidade;

    Resistncia de isolamento excelente;

    Constante dieltrica muito baixa;

    Pequeno tamanho, comparado a condutores isolados com elastmeros;

    Inertividade qumica.

    O PTFE aproximadamente 8 a 10 vezes mais caro do que o do PVC

    (ANIXTER, 1996).

    2.1.2.2 Termorrgidos

    Os termorrgidos (tambm conhecidos como termofixos ou termoendurecidos)

    so polmeros que, uma vez aquecidos, tornam-se permanentemente duros, no tendo

    sua rigidez alterada com a temperatura aps este aquecimento (CALLISTER, 2001).

    2.1.2.2.1 Etileno-propileno

    Os cabos isolados com etileno-propileno (EPR) so geralmente reticulados com

    perxidos orgnicos. Desta mistura possvel obter uma boa resistncia aos agentes

  • 38

    oxidantes e ao envelhecimento trmico, permitindo manter em um nvel aceitvel a

    densidade de corrente quando instalados em ambientes quentes (GOWKING, 2009).

    Devido s propriedades semelhantes borracha, o EPR bastante utilizado em

    cabos com alta flexibilidade. Possui boa resistncia abraso. A constante dieltrica

    boa porm no tanto quando o polietileno ou o polietileno reticulado. O EPR bom

    material no propagante de chamas. Para altas temperaturas, apresenta boas

    caractersticas, sendo que algumas formulaes podem trabalhar com temperaturas na

    faixa de 150 C (ANIXTER, 1996).

    2.1.2.2.2 Polietileno Reticulado

    O polietileno reticulado (XLPE) um polmero frequentemente usado em cabos

    como material com classe de isolamento de tenso de 600V.

    O XLPE possui uma resistncia de isolamento muito alta e uma baixa constante

    dieltrica. Tambm um material com alta resistncia mecnica (por exemplo a cortes e

    impactos) quando utilizado abaixo de 100 C. Apesar de ser um material resistente ao

    fogo, o XLPE no um bom anti-propagante de chamas, a menos que compostos

    retardantes sejam adicionados (ANIXTER, 1996). A isolao com polietileno reticulado

    tambm no recomendada para aplicaes em que o cabo ser submetido a umidade,

    como por exemplo em instalaes subterrneas ou em canaletas (GOEKING, 2009).

    2.1.2.3 Comparaes

    A tabela 6 mostra um resumo e comparao dos principais materiais utilizados

    como isolao de condutores e cobertura de cabos eltricos.

  • 39

    PVC PE PP PTFE EPR XLPE

    APLICACO I: isolamento

    C: cobertura

    I + C I + C I I + C I + C I

    CUSTO (1)

    N/E N/E (1) (4) (4)

    PROPRIEDADES FSICAS

    Resistncia

    mecnica (1) N/E N/E (11) (8) (1)

    Flexibilidade (1) (1) (11) (1) (8) Resistncia ao

    tempo (umidade,

    raios solares)

    (1) (1) (1) N/E (1, 11) (8)

    Mx. temp. 105C(1)

    80C(1)

    80C (11)

    204C(11)

    105C(1) 90C(12)

    RESISTENCIA QUMICA

    leo (1) N/E N/E

    (1, 11)

    (8) N/E

    gua (1, 10) (1) (1) (1) (4, 5)

    (4, 5, 7)

    COMPORTAMENTO FRENTE CHAMA

    Baixa propagao

    de chama (1, 8) (3, 8) (3) (1, 6) (1) (1)

    Baixa emisso de

    halognio (1) (10) (10) (6) (6) (8)

    Baixa emisso de

    fumaa (9) N/E N/E (6) N/E N/E

    Tabela 6: Comparao entre materiais polimricos de isolao e cobertura

    Fontes: (1) (ANIXTER, 1996); (2) (GOEKING, 2009); (3) (NORTHWIRE, 2010a); (4)

    (PRYSMIAN, 2013); (5) (SHIGUE, 2012); (6) (VIRGINIA, 2004); (7) (BERNSTEIN,

    2001); (8) (GENERAL CABLE, 2001); (9) (DRAKA, 2006); (10) (MCFADYEN,

    2012); (11) (AWCWIRE, 2013); (12) (IEC, 2004b).

    2.1.3 Separador

    A ABNT NBR 5471 (1986) define o separador como invlucro no metlico,

    sem funo de isolao, colocado entre componentes de um cabo para impedir contatos

    diretos entre eles. Com isto, evita-se a aderncia e facilita-se a remoo dos demais

    componentes do cabo (ABNT, 1997c).

    Em cabos de instrumentao e automao, os separadores mais utilizados so

    fitas no higroscpicas de material isolante compatvel com os demais componentes do

    cabo. Estas podem ser aplicadas helicoidalmente ou longitudinalmente sobre o cabo.

    Na figura 1, o separador corresponde ao componente 3 do cabo.

  • 40

    2.1.4 Blindagem

    A norma ABNT NBR 5471 (1986 p. 4) define a blindagem como: envoltrio

    condutor ou semicondutor, aplicado sobre o condutor ou sobre o condutor isolado (ou

    eventualmente sobre um conjunto de condutores isolados), para fins eltricos.

    O uso de blindagem em cabos para transmisso de sinais de instrumentao e

    automao tem por objetivo proteger os condutores contra interferncias

    eletromagnticas externas e tambm impedir que os condutores do cabo gerem

    interferncia em outros condutores (do prprio cabo ou externos) ou em circuitos

    prximos.

    O uso de blindagens em cabos de instrumentao e automao permite o uso

    destes em ambientes com rudos eltricos, tais como cho de fbrica e locais prximos a

    equipamentos eltricos (sobretudo motores e conversores de frequncia).

    A escolha do tipo de blindagem adequada para o cabo de instrumentao /

    automao um problema de compatibilidade eletromagntica (EMC), no qual

    necessrio um estudo dos tipos de interferncias eletromagnticas que o cabo estar

    sujeito no ambiente em que ele ser instalado. Normalmente, um cabo de

    instrumentao ou automao sujeito a trs tipos de interferncias: interferncia por

    acoplamento capacitivo (eltrica), interferncia por acoplamento indutivo (magntica) e

    interferncia por radiao (eletromagntica). Uma discusso destes tipos de

    interferncias feita no apndice A.

    Nessa seo so descritas as principais blindagens utilizadas em cabos de

    instrumentao e automao industrial.

  • 41

    2.1.4.1 Blindagem por filme de polister com deposio de alumnio

    A blindagem por filme de polister com deposio de alumnio normalmente

    constituda por um filme de polister na qual alumnio atomizado.

    Os filmes de polister so fabricados por uma variedade de empresas, tendo cada

    produto um nome comercial diferente. A marca mais conhecida a Mylar, da DuPont.

    Convm notar que, apesar de geralmente serem constitudas majoritariamente

    por filme de polister, comum na literatura comercial e mesmo tcnica a utilizao de

    termos como fita de alumnio/polister ou similares para referir-se a este tipo de

    blindagem. Mesmo a norma ABNT NBR 10300 (1997. p. 4), por exemplo, utiliza o

    termo fitas de alumnio revestidas com polister.

    A fim de garantir a continuidade eltrica da camada metalizada ao longo do

    cabo, mesmo se esta se romper em alguma parte, um fio de cobre normalmente

    estanhado posto em contato com a camada, sendo este fio conhecido como condutor

    de dreno. Alm disso, o condutor de dreno possibilita um fcil aterramento da camada

    metalizada na(s) extremidade(s) do cabo.

    Neste tipo de blindagem, a camada metalizada pode facear internamente ou

    externamente os condutores, conforme mostrado na figura 6. Porm, estas duas

    configuraes criam uma abertura que podem resultar em interferncias. Uma

    alternativa a este problema a configurao em dobra com curto-circuito (shorting

    fold), mostrada na figura 7. Esta alternativa indicada sobretudo para aplicaes com

    sinais de alta frequncia (BELDEN, 2012c).

    Uma construo alternativa, patenteada pelo fabricante Belden como Z-Fold,

    inclui alm da dobra com curto circuito, uma dobra de isolamento. Esta construo,

    mostrada na figura 8, impede que as blindagens individuais de diversos pares possam

    entrar em contato entre si e ocasionar curto-circuitos entre elas. Alm disso, segundo o

  • 42

    fabricante, esta configurao permite maior atenuao da diafonia (crosstalk) em

    relao s construes convencionais (BELDEN, 2012c).

    A blindagem por filme de polister com deposio de alumnio permite 100% de

    cobertura dos condutores ou cabo. Por este motivo, ela bastante eficiente para atenuar

    interferncias causadas por acoplamentos capacitivos. Porm, so ineficientes para

    proteo contra campos magnticos.

    Os acoplamentos capacitivos so muitas vezes denominados na literatura como

    acoplamentos eletrostticos. Devido a este fato e por serem adequadas para diminurem

    acoplamento capacitivo, as blindagens por deposio de alumnio muitas vezes tambm

    so denominadas de blindagens eletrostticas. No entanto, para Ott (1988), o termo

    eletrosttico inadequado, visto que os campos eltricos envolvidos no acoplamento

    capacitivo no so estticos.

    Comparando com a blindagem por tranas, as blindagens com filmes de

    polister com deposio de alumnio possuem menor peso, volume, so mais flexveis e

    geralmente mais baratas, alm de serem mais eficazes para interferncias por

    acoplamentos capacitivos, embora ineficazes para acoplamentos magnticos. Por este

    motivo, constituem o tipo de blindagem mais utilizado em aplicaes de instrumentao

    e automao.

  • 43

    Figura 6: Blindagem por filme de polister com dep. de alum. tipos de faceamento Adaptado de Belden (2012c)

    Figura 7: Blindagem por filme de polister

    com dep. de alum. dobra com curto-circuito. Adaptada de BELDEN (2012c)

    Figura 8: Blindagem por filme de polister

    com dep. de alum. configurao "Z-Fold" Adaptado de BELDEN (2012c)

    2.1.4.2 Blindagens com tranas

    A blindagem com tranas (braided shield) consiste num conjunto de tranas de

    fios de cobre nu, cobre estanhado ou alumnio disposto no sentido horrio e entrelaado

    a outro conjunto em sentido anti-horrio, conforme mostrado na figura 9. A cobertura

    tpica para blindagens com malhas de tranas de 80% a 95%; uma cobertura de 100%

    no realizvel.

  • 44

    Figura 9: Cabo Ethernet com blindagem por tranas

    (PRYSMIAN, 2012)

    De acordo com Ott (1988), a blindagem com tranas geralmente fornece uma

    blindagem contra campos eltricos inferior blindagem por filme de polister com

    deposio de alumnio. A blindagem para campos magnticos, porm, superior. Em

    relao ao custo, geralmente as blindagens com tranas so mais caras que as

    blindagens com filme de polister com deposio de alumnio. Outra desvantagem que

    tais blindagens aumentam o dimetro do cabo e seu raio de curvatura.

    2.1.4.3 Blindagens combinadas

    As blindagens combinadas consistem de uma ou mais camadas de blindagens

    (de diferentes tipos ou no). A combinao das blindagens do tipo filme de polister

    com deposio de alumnio e do tipo tranas, por exemplo, combinam a vantagem de

    100% de cobertura eltrica, com a baixa resistncia eltrica. O custo porm mais

    elevado.

    2.1.4.4 Comparaes

    A tabela 7 mostra uma comparao entre os tipos de blindagens por fita de

    alumnio, por tranas e combinada, considerando-se como critrio a faixa de frequncia

    e os tipos de acoplamentos entre o cabo e o rudo. O comparativo, adaptado de Belden

    (2012c), foi feito levando-se em considerao resultados de testes em cabos coaxiais.

  • 45

    Porm, segundo o fabricante, pode ser aplicado tambm a cabos com mltiplos

    condutores.

    importante observar que a efetividade da blindagem diminui com o aumento

    da frequncia. Desta forma, um grau AAA na faixa de frequncia de 10MHz, por

    exemplo, no necessariamente possui a mesma efetividade de blindagem que um grau

    AAA na faixa de 15kHz.

    Conforme observado na tabela (e conforme descrito nas sees anteriores), a

    blindagem do tipo filme de polister com deposio de alumnio eficaz para reduzir

    sobretudo interferncias causadas por acoplamentos capacitivos. Porm, no adequada

    para acoplamentos magnticos.

    A blindagem por tranas, por outro lado, no prov 100% de cobertura e por isso

    no adequada para a blindagem de campos eltricos. Porm, mostra-se mais adequada

    para a blindagem de campos magnticos (acoplamentos indutivos).

    Conforme explicado na prxima seo, a toro dos condutores geralmente

    suficiente para atenuar de forma satisfatria acoplamentos indutivos em aplicaes de

    instrumentao e automao, de forma que o filme de polister com deposio de

    alumnio o tipo de blindagem mais utilizada em cabos de instrumentao e automao.

  • 46

    Faixa de frequncia e tipos de

    interferncia (acoplamentos)

    Filme de

    polister com

    dep. de

    alumnio

    Tranas (95%

    de cobertura)

    Fita de

    alumnio /

    Trana

    FREQUNCIA: CC

    Capacitivo AAA A AAA

    Condutivo C AAA AAA

    Condutivo/Indutivo - - -

    Condutivo/Indutivo/Capacitivo - - -

    FREQUNCIA: 15 kHz

    Capacitivo AAA A AAA

    Condutivo C AAA AAA

    Condutivo/Indutivo A AA AA

    Condutivo/Indutivo/Capacitivo - - -

    FREQUNCIA: 10 MHz a 1 GHz

    Capacitivo AAA A AAA

    Condutivo - - -

    Condutivo/Indutivo A B AA

    Condutivo/Indutivo/Capacitivo A B AA

    Tabela 7: Relao entre tipos de blindagens e tipos de interferncias

    Adaptado de Belden (2012c)

    Legenda:

    AAA Excelente

    AA Muito bom

    A Bom

    B Funcional

    C Ruim

    - No aplicvel

    2.1.5 Toro dos condutores

    A toro dos condutores utilizada na maioria dos cabos de instrumentao e

    automao. O objetivo da toro diminuir interferncias por acoplamento indutivo.

    Comumente, um par de condutores torcidos referido como par tranado na literatura

    (sobretudo comercial), apesar de a rigor o par de condutores serem entrelaados (ou

    torcidos), e no tranados. A terna de condutores usada em termorresistencias (Pt100)

    pode ser torcida ou tranada.

    Conforme mostrado no anexo A, o acoplamento indutivo causa uma induo de

    corrente no circuito vtima, que se apresenta como queda de tenso nas impedncias dos

    instrumentos ligados a este cabo. No caso de cabos eltricos, uma forma de se contornar

  • 47

    este problema atravs da toro dos condutores do cabo, conforme ilustrado na figura

    10. Se as sees do par torcido possuem a mesma rea (por exemplo reas 1 e 2) e

    possuem o mesmo acoplamento magntico, ento as tenses induzidas entre pontos A e

    B e entre B e C se cancelam. Isto se repete ao longo do cabo (CANAVERO, 2010).

    A efetividade da reduo de interferncia magntica aumenta com o nmero de

    passos da toro. O passo de toro para cabos de instrumentao geralmente da

    ordem de 50mm.

    Figura 10: Toro de condutores como forma de reduzir interferncia magntica

    Adaptado de Canavero (2010)

    2.1.6 Armao

    Em algumas aplicaes, os cabos podem necessitar serem instalados em

    ambientes que exigem uma melhor proteo contra esforos ou danos mecnicos nos

    condutores, como por exemplo em ambientes onde comum a movimentao de

    pessoas ou cargas. Para estes tipos de aplicaes, frequentemente empregam-se cabos

    armados. Uma outra aplicao para cabos armados para realizar a proteo contra

    ataque de animais roedores.

  • 48

    A norma ABNT NBR 5471 (1986, p. 4) define a armao como um elemento

    metlico que protege o cabo contra esforos mecnicos.

    Diversos tipos de armaes so disponveis. As sees abaixo apresentam os

    principais tipos.

    2.1.6.1 Armao com fitas metlicas planas

    A armao com fitas metlicas normalmente feita utilizando-se ao carbono

    galvanizado. Neste tipo de construo, as fitas so enroladas sobre uma capa de

    separao, conforme mostrado na figura 11.

    Figura 11: Cabo de instrumentao com armao em fitas metlicas

    Adaptado de Poliron (2006c)

    2.1.6.2 Armao com feixe de fios

    A armao com feixe fios composta por um feixe de fios metlicos ao redor do

    cabo, sendo os fios comumente de ao carbono galvanizado. A figura 12 mostra um

    exemplo de cabo com armao com feixe de fios.

    Figura 12: Multicabo de instrumentao com armao em feixe de fios

    (LEONI KERPEN, 2008a)

  • 49

    2.1.6.3 Armao com tranas de fios

    A armao com tranas de fios utilizada quando se requer maior flexibilidade.

    Os fios so tranados sobre uma capa intermediria, conforme mostrado na figura 13.

    Os metais mais utilizados so o ao carbono galvanizado, bronze, cobre e alumnio.

    Figura 13: Multicabo de instrumentao com armao em trana de fios

    (LEONI KERPEN, 2008a)

    2.1.6.4 Armao com fitas metlicas intertravadas

    A armao intertravada, ilustrada na figura 14, geralmente feita com ao

    carbono galvanizado ou alumnio. Nesta construo, o metal enrolado em forma de

    espiral diretamente sobre a isolao dos condutores ou sobre uma capa interna.

    Figura 14: Cabo Ethernet com armao em fitas metlicas intertravadas.

    (BELDEN, 2012b)

    2.1.6.5 Armao corrugada soldada

    Ao contrrio da armao com alumnio intertravado, no qual o alumnio

    envolto em espiral ao redor dos condutores, a armao corrugada soldada (figura 15)

    formada por tiras metlicas em forma de cilindro. Estas tiras so soldadas umas s

    outras em suas extremidades. Normalmente utiliza-se alumnio ou cobre.

  • 50

    Este tipo de construo torna a armao um bom selo contra umidade o outros

    agentes qumicos, alm de prover uma boa proteo mecnica.

    Figura 15: Cabo para redes Profibus DP com armao corrugada soldada

    (LEONI KERPEN, 2003)

    2.1.6.6 Comparaes

    A escolha do tipo de armao est relacionada principalmente com o ambiente

    no qual o cabo est instalado e com o grau de proteo mecnica necessrio para a

    aplicao. Para aplicaes que exigem proteo contra umidade ou agentes qumicos, a

    armao com fita corrugada soldada recomendada. Por outro lado, se a flexibilidade

    um fator importante para a instalao e manuteno do cabo, a armao com fios ou

    tranas de fios mostra-se mais adequada. A tabela 8 resume estas comparaes.

    Em relao ao tipo de material, tanto armaes de ao carbono galvanizado

    quanto de alumnio podem possuir resistncia mecnica similar. O alumnio mais

    indicado para ambientes mais corrosivos. Em geral, ambos os materiais possuem a

    mesma faixa de preo (ANIXTER, 1996).

    Fitas

    metlicas

    plantas

    Feixe

    de fios

    Tranas

    de fios

    Fita metlica

    intertravada

    Armao

    corrugada

    soldada

    Proteo mecnica

    Proteo contra

    umidade e agentes

    qumicos

    Flexibilidade

    Tabela 8: Comparao entre tipos de armaes

    (ANIXTER, 1996)

  • 51

    2.1.7 Capa de separao / capa interna

    Em cabos armados, uma capa interna ou uma capa de separao deve ser

    aplicada ao conjunto dos elementos reunidos e enfaixados, conforme ilustrado na figura

    1.

    Conforme discutido na seo 4.1.1.8, a norma ABNT NBR 10300 (1997)

    diferencia os termos capa interna e capa de separao, seguindo definies da

    ABNT NBR 6251 (2000). O termo capa interna utilizado para cabos armados e sem

    blindagem. O termo capa de separao, por outro lado, aplicado a cabos armados com

    blindagem coletiva ou individual. A diferena entre elas est na espessura. A capa de

    separao possui espessura mnima de 1,2mm, enquanto que a capa interna possui

    espessura mnima de 1,0mm.

    2.2 PARMETROS ELTRICOS

    Um cabo eltrico pode ser modelado como uma linha transmisso de dados entre

    um emissor A e um receptor B, conforme o circuito eltrico mostrado na figura 16.

    Neste circuito, os parmetros R (resistncia), L (indutncia), C (capacitncia) e G

    (co