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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
E GESTÃO DE PESSOAS
SILVIA REGINA MARTINI DEL CIEL
A MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA COMO FERRAMENTAS PARA A
GESTÃO COM PESSOAS
VILA VELHA - ES
2010
SILVIA REGINA MARTINI DEL CIEL
A MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA COMO FERRAMENTAS PARA A
GESTÃO COM PESSOAS
Monografia apresentada a ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, sob a orientação do Prof.: Ms. Aloísio Silva.
VILHA VELHA-ES
2010
SILVIA REGINA MARTINI DEL CIEL
A MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA COMO FERRAMENTAS PARA A
GESTÃO COM PESSOAS
Aprovada em ......de............................de 20
_______________________________________ Aloísio Silva
_______________________________________ Beatriz Christo Gobbi
_______________________________________ Luciana Genelhú Zonta
VILHA VELHA - ES
2010
AGRADECIMENTOS
Obrigada a todos que me incentivaram e
me auxiliaram para o alcance dessa nova
conquista.
RESUMO
Palavras chave: Motivação, liderança, funcionários. No cenário atual, a motivação dos funcionários passou a ser vista como estratégia de produtividade. Fazer com que os funcionários dêem o máximo de si em prol da organização, passa a ser função primordial nas políticas das empresas e particularmente nos processos motivacionais e do exercício da liderança. Para que as equipes e os seus integrantes maximizem a sua eficiência é necessário que estejam motivadas. Há uma grande preocupação nas organizações sociais contemporâneas em relação à motivação no trabalho. Em razão das diferenças individuais, inerentes aos homens, há necessidade de se estudar e compreender o homem (individualmente e no coletivo) e sua interação no processo de trabalho com o seu trabalho. Conhecer-se as principais teorias sobre motivação, e utilizá-las como ferramentas e referências no contexto da liderança torna-se fundamental. O presente trabalho se propõe destacar algumas das relações entre motivação, produtividade e o tipo de liderança exercida a partir das idéias apresentadas na literatura. A idéia mais geral é a de destacar que indivíduos e equipes motivadas no cotidiano do trabalho, resultam na melhoria da qualidade de vida e conseqüente aumento de produtividade. O trabalho desenvolveu-se a partir pesquisa bibliográfica.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................06
1 O COMPORTAMENTO HUMANO.................................................................10
1.1 PERSONALIDADE E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS.......................................13
1.1.2 Sensação, percepção e interação pessoal................................................15
2 MOTIVAÇÃO..................................................................................................20
2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DA MOTIVAÇÃO...............................................23
2.1.2 Teorias motivacionais ..................................................................................26
2.1.3 Processos motivacionais no trabalho e produtividade...................................31
3 LIDERANÇA COMO ESSÊNCIA DA GESTÃO:
ASPECTOS CONCEITUAIS...........................................................................35
3.1 DIFERENTES ESTILOS DE LIDERANÇA E SUAS CARACTERÍSTICAS...37
4 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES................ 42
4.1 A COMUNICAÇÃO E A DISSONÂNCIA COGNITIVA....................................45
5 CONCLUSÃO................................................................................................ 48
REFERÊNCIAS...............................................................................................51
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é pesquisar os processos motivacionais, particularmente
os tipos de lideranças e suas influências no bem estar dos colaboradores de
empresas e a conseqüente produtividade que se deriva destes fatores
motivacionais. A base utilizada para o desenvolvimento do trabalho consiste da
análise de material bibliográfico,
O ser humano, de um modo geral, carrega em si inúmeras potencialidades que são
emersas quando exposto em um meio que o valorize, assim sendo, o desejo de
realizar é acionado, levando à ação. Tendo esta predisposição e adequação, a
motivação surge, buscando a satisfação das necessidades e desejos naturais do
ser.
O objetivo deste trabalho é discutir a partir de uma pesquisa bibliográfica de corte de
vários autores as relações mais evidentes e significativas entre motivação, liderança
e produtividade; partindo-se da evidência empírica e teórica da forte
interdependência que estes três elementos apresentam.
A hipótese que norteou este trabalho é que, a motivação e a autoconfiança de uma
equipe de trabalhadores permitem ganhos de produtividade de tal magnitude que
justificam considerar o desenvolvimento e a manutenção do binômio motivação-
autoconfiança; um dos objetivos fundamentais de uma liderança eficiente. Portanto,
as empresas e as suas lideranças não podem trabalhar estes aspectos como temas
estancos. O grande desafio é o da integração orgânica e funcional destes
elementos.
As mais recentes transformações no mundo do trabalho apontam na direção de
economias cada vez mais competitivas e de mudanças nas estratégias de
gerenciamento das empresas cada vez mais rápidas e profundas. Processos estes
que se verificam em ambientes onde valores como, por exemplo, os ligados à auto
estima e a forma como o trabalhador se enxerga dentro de uma equipe fazem com
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que apenas a questão salarial não seja suficiente para cobrar aumentos de
produtividade numa equipe.
Trata-se de saber lidar com vidas, com pessoas que têm sentimentos e anseios que
ultrapassam a questão pecuniária; trata-se de valores que passam por questões
como reconhecimento social dentro da equipe, a possibilidade de que os membros
da equipe visualizem um futuro previsível, que cada membro da equipe sinta a sua
utilidade, importância e responsabilidade. Estes elementos exigem que se
construam estratégias por parte da liderança que tenham na motivação e
autoconfiança, objetivos permanentes de políticas de gestão.
O primeiro capítulo discorrerá sobre o ser humano de um modo geral, definindo e
caracterizando personalidade a partir de conceitos teóricos e enfatizando as
diferenças individuais, as funções psicológicas de percepção e sensação e sua
interação, implicando na compreensão do seu comportamento.
O segundo capítulo trás em seu bojo as teorias motivacionais e processos
motivacionais mostrando que a motivação tem como base o fundamento de
estimular os funcionários e integrantes da empresa, ressaltando os benefícios da
motivação positiva nas organizações.
Os funcionários deixam de ser peça produtiva sendo reconhecida sua importância
individual, suas expectativas e motivos no ambiente organizacional e por conta desta
postura adotada pela nova gestão de recursos humanos, o papel do líder evoluiu
para uma postura de facilitador das relações do trabalho. Hoje, os trabalhadores são
vistos como possuidores de diferentes habilidades e talentos próprios, reconhecendo
que cada um já trás dentro de si, suas próprias motivações. Verificou-se que o ser
humano não se submete passivamente ao desempenho de atividades que não
tenham para ele significado.
Nos dias atuais, a necessidade de ter colaboradores que se sintam motivados para
executarem suas tarefas e promovam produtividade faz com que as organizações
promovam ações neste sentido.
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O processo de motivação nos indivíduos se dá de forma intrínseca, e cada um
desenvolve impulsos motivacionais distintos em momentos diferentes. A ação parte
de dentro para fora do indivíduo e não de fora para dentro. O funcionário
desmotivado contribui para diversos fatores como: baixa produtividade,
desmotivação do grupo em geral e aspectos emocionais negativos. Dentro deste
contexto o líder exerce influência.
O terceiro capítulo abordará a liderança, seus conceitos e teorias, identificando as
diferentes abordagens do tema, as relações de poder e autoridade e
responsabilidade que a função lhe impõe.
O papel da Liderança nas organizações é o poder de agregar pessoas, permitindo o
crescimento e desenvolvimento pessoal, adotando uma postura de otimismo e
entusiasmo e ajudando as pessoas a realizarem o que são capazes de fazer. Seu
papel é fazer aflorar em seu colaborador os motivos que ele tem para agir.
A liderança e a motivação são fatores fundamentais no sucesso da organização e
consequentemente no bem estar emocional e psicológico de seus colaboradores,
elas são o resultados de atitudes de uma administração de recursos humanos
voltada para a satisfação e bem estar de seus funcionários. Portanto, motivar
pressupõe liderar com eficácia e eficiência e este é o desafio dos gestores
contemporâneos.
No quarto capítulo será abordado a importância da comunicação, sendo esta, fator
fundamental que se soma as estratégias de desenvolvimento, já que o crescimento
e produtividade das organizações depende do desempenho das pessoas e neste
processo a comunicação deve ser um facilitador. A comunicação precisa ir além da
informação, facilitando a compreensão e assimilação de conceitos fomentando o
compartilhar de metas.
A problemática levantada por este estudo busca saber de que maneira a motivação
e a liderança influenciam no bem estar psicológico e conseqüentemente na
produtividade das organizações, o papel do líder na geração da motivação entre
empresa e empregado, para tal, o objetivo geral é o de pesquisar a motivação e os
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processos motivacionais, estilos de liderança, e suas influências nesse processo,
especificando a necessidade de compreender os tipos de liderança e identificando
como elas são exercidas nas organizações. Explicar os processos motivacionais e
ressaltar os benefícios da motivação positiva, propondo soluções para melhoria
psicológica e produtividade.
O levantamento bibliográfico, coletando informações, conceitos e dados em livros,
revistas científicas, sites, caracteriza a metodologia utilizada como pesquisa
exploratória.
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1 O COMPORTAMENTO HUMANO
Quando fatores como cultura, personalidade, expectativas, papéis sociais e
experiência, interagem entre si, o ser humano expressa um tipo de reação que pode
ser definida como comportamento. Assim, o comportamento humano pode
caracterizar-se a partir de boa parte de um amplo conjunto de reações.
A dinâmica da motivação humana e os seus possíveis desdobramentos no ambiente
de trabalho das organizações sociais, particularmente das empresas, representa um
foco de estudos relativamente recente da psicologia. Os pesquisadores estudiosos
da dinâmica organizacional acreditam que a motivação deva ser integrada na cultura
organizacional e praticada no dia a dia nas relações com as pessoas envolvidas no
processo.
Na ótica de Bergamini (2005, p 31), o interesse pelo estudo do homem como um ser
que se diferencia dos outros seres não é recente. Algumas das preocupações de
filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles já eram a de estudar questões ligadas
ao comportamento humano buscando relacionar suas ações e reações e especular
sobre o homem em torno de sua interioridade. A autora menciona que à medida que
estes filósofos passaram a estudar características como a memória, a sensibilidade,
a paixão e os prazeres do homem, a psiché ou alma que anteriormente tinha um
caráter cósmico adquire um status mais humano.
Sendo o comportamento, um dos objetos de estudo da psicologia, o seu
desenvolvimento é propiciado em função destes estudos e umas das perguntas que
até hoje permanece como o centro de reflexões dos estudos psicológicos diz
respeito ao comportamento humano; há um indivíduo na sociedade ou uma
sociedade no indivíduo?
Há várias correntes psicológicas que abordam mais profundamente esta temática;
de modo geral, algumas enfocam a experiência do indivíduo e sua relação com o
mundo externo, e outras enfocam mais a exteriorização como modeladora do
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comportamento individual. A Psicanálise reafirma a dimensão da subjetividade e da
interioridade humana, tendo como seu representante Sigmund Freud (1856 – 1939).
Freud foi o primeiro a propor que os instintos e emoções energizam o
comportamento humano. Segundo Schultz & Schultz (2002, p.47), para Freud:
Os instintos são elementos básicos da personalidade, as forças motivadoras que impulsionam o comportamento e determina o seu rumo. [...] o instinto não é um estado corporal, mas uma necessidade corporal transformada em um estado mental, um desejo.
Segundo Bergamini (2005), para Freud o comportamento objetivo ou manifesto, por
si só, nos diz pouco. Fatos, ocorrências anteriores, isto é; histórias de vida passada
ficam aparentemente esquecidas, mas são determinantes e observáveis nos
comportamentos do dia a dia.
A psicologia atua em várias vertentes, relacionada ao comportamento, sendo a
Psicologia Organizacional uma delas, anteriormente denominada de Psicologia
Industrial atuando e estudando os problemas organizacionais e os fenômenos
psicológicos ali existentes.
O movimento de valorização das relações humanas no trabalho surgiu da
constatação da necessidade de considerar a relevância dos fatores psicológicos e
sociais na produtividade. Segundo Gil (2009) as bases desses movimentos foram
dadas pelos estudos desenvolvidos pelo psicólogo americano Elton Mayo (1890 –
1949).
O ser humano, naturalmente, considera prioritários seus problemas e diante do
ambiente adverso e da necessidade de ajustamento no ambiente de trabalho,
surgem problemas psicológicos, gerados por esse mesmo ambiente aumentando
assim os estados angustiantes do mesmo. Para tanto, a Psicologia organizacional
preocupa-se com o ambiente laboral, como aponta Muchinsky (2004, p.20):
Outra característica do quadro de emprego é a velocidade da mudança. Embora o trabalho tenha tido sempre um senso de urgência, as pressões do tempo também estão se tornando mais acentuadas. Mudanças rápidas e em larga escala na automação e na informatização estão modificando os níveis de habilidades necessárias. A expectativa de vida está aumentando, e muitas pessoas aposentadas estão retornando à força de trabalho. Os custos médicos estão disparando assustadoramente, e os empregadores se sentem forçados a encontrar maneiras de limitar sua responsabilidade
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pelas despesas médicas dos funcionários. O número de fusões e aquisições está mais alto do que nunca, e os funcionários afetados precisam encontrar modos de enfrentar o trauma da perda de emprego, das transferências e das novas atribuições.
Importante é que a empresa consiga identificar as diversas necessidades de seus
funcionários e criar programas onde a adesão seja avaliada, levando em conta que
práticas voltadas à melhoria da qualidade de vida no trabalho impactam
positivamente a produtividade, pois um dos aspectos do comportamento humano
mais estudado na atualidade é aquele que procura compreender como as pessoas
vivem e solucionam seus problemas no ambiente de trabalho.
Chiavenato (1999) afirma que o ciclo motivacional é explicado pelo comportamento
humano. Diante das necessidades ou motivações o comportamento humano é
condicionado a buscar algum estado de resolução, pois, quando esta surge, o
equilibrio do organismo é rompido causando estado de tensão e insastifação. Sendo
que as motivações são forças dinâmicas, diante delas o ser humano comporta-se
de maneira a livrar-se desse incômodo.
Se o comportamento é eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e,
em conseqüência, a descarga da tensão provocada por ela. Satisfeita a
necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior e a sua forma
natural de adaptação ao ambiente. Para entender como as organizações funcionam,
é fundamental entender também o comportamento humano, pois as pessoas
possuem importante papel dentro delas.
O ser humano não consegue resistir às pressões de uma vida tão distante da sua
essência. A humanidade está em processo lento de distruição pois o trabalho sem
sentido, vida afetiva pobre e falta de valores espirituais estão presentes no seu dia a
dia. ( SHINYASHIKI, 2001, p.64).
Bergamini (2005) afirma que a habilidade de lidar com as pessoas é tão
fundamental quanto conhecer como elas se comportam para conseguir com que
estas façam aquilo que precisa ser feito, além de saber reconhecer e entender as
diferenças individuais.
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A personalidade e as diferenças individuais serão abordadas a seguir salientando a
importância deste conhecimento, já que o comportamento motivacional se deve as
necessidades pessoais, caracterizando assim a necessidade de uma análise de
reconhecimento dos valores dos colaboradores de uma organização.
1.1 PERSONALIDADE E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
A Personalidade é uma organização dos vários sistemas físicos, fisiológicos,
psíquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivíduo se
ajusta ao ambiente em que vive. Trata-se da maneira de ser das pessoas, ela é
mostrada a partir de tudo aquilo que a pessoa é capaz de produzir e ser.
O termo apresenta muitas variações de significado. No senso comum é usada para
se referir à capacidade de rápidas tomadas de decisão, ou a uma característica
marcante da pessoa, e ainda para se referir a alguém importante ou ilustre: “uma
personalidade”. A personalidade atribuída a uma pessoa pode definir, para o senso
comum, se esta pessoa é boa ou má. A psicologia evita este juízo de valor. A
personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos.
A personalidade é a organização dinâmica interna daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste individual ao ambiente. Corresponde também à soma total das maneiras como uma pessoa reage e interage com as demais, sendo mais freqüentemente descrita em termos de traços mensuráveis exibidos por um indivíduo. (ROBBINS, 2007, p.78).
Formada durante as etapas do desenvolvimento psico-afetivo pelas quais passa a
criança desde a gestação, a personalidade inclui tanto os elementos geneticamente
herdados como também os adquiridos do meio ambiente no qual a criança está
inserida. É possível afirmar que não há duas pessoas rigorosamente iguais nem
física nem psicologicamente, portanto não é possível encontrar duas personalidades
iguais.
De acordo com Bock (1996) o estudo da personalidade permite a descoberta da
individualidade, isto é, deve ser compreendido, também no seu aspecto de
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psicologia diferencial, como busca do que existe de único e próprio em cada um: a
compreensão do caso individual.
A estrutura da personalidade é a base que organiza e une entre si as diferentes condutas e disposições do indivíduo, é a organização global que dá consistência e unidade à conduta. [“...] a personalidade não é um modo de funcionamento no “vazio”, não é só a possibilidade de pensar, por exemplo, mas o conjunto estruturado de opiniões, valores etc., que possibilita o exercício desta capacidade.” (BOCK, 1996, p.116).
As pessoas não são iguais, assim sendo, não podem ser tratadas da mesma forma,
pois um dos aspectos fundamentais da conduta humana reside nas diferenças
individuais. No ambiente de trabalho, apesar de compartilharem um objetivo comum
se diferenciam das mais diversas formas; sejam, culturais, valores, crenças, caráter,
religião, tipo de inteligência e temperamento entre outros. As características
biográficas, aptidões, personalidade, atitudes e valores em relação ao trabalho são
variáveis individuais consideradas fundamentais para a compreensão do
comportamento das pessoas em contexto organizacional.
A personalidade resulta da hereditariedade, visto que seu DNA já contém a
programação que caracterizará o ser humano durante a vida e também da influência
do meio e das experiências vivenciadas desde a gestação até a fase adulta. O ser
humano é único em sua essência, tem necessidades que o motivam.
Compreender os aspectos e a dinâmica da personalidade humana não é tarefa simples, vista a complexidade e variedade de elementos que a circundam, gerados por diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto mais complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada será a personalidade. Do ponto de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes tendências, interesses e aptidões que também são formados pela combinação dinâmica entre diversos fatores hereditários e uma infinidade de influências sócio psicológicas que ela recebe do meio ambiente. (FORMAÇÃO Canção Nova, apud FERNANDES FILHO, 1992).
Entendendo que o ser humano exibe essa dualidade ou antagonismo; são iguais
mais ao mesmo tempo são diferentes, se faz necessário viver e conviver em todos
os ambientes grupais respeitando as diferenças e reconhecendo que todos estão
sujeitos a erros, ao acerto e que nem sempre as expectativas do outro são
atendidas. Há necessidade, primeiramente, de aceitação própria para
posteriormente aceitar o outro, acreditando que são essas diferenças que
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contribuem para o engrandecimento do trabalho, aproveitando assim a habilidade de
cada um.
É importante que a pessoa se conheça profundamente e saiba distinguir dentre os
diferentes cargos e funções aqueles que realmente podem assumir e desempenhar
as tarefas inerentes a eles, visando sua realização individual no trabalho e a
satisfação das necessidades da empresa.
A interação do individuo com o meio, faz com que a percepção social seja
construída gradativamente, captando e enviando mensagens e expondo seu querer
pela ação ou intenção. As funções psicológicas são atividades específicas da
personalidade e dentre essas funções são mencionadas as sensações e percepções
que vão amadurecendo durante sua fase de crescimento.
Para Knapik (2006, p. 95) “as organizações são compostas de pessoas, que
representam o coração da empresa, bombeando informações e ações para sua
sobrevivência.” Os relacionamentos interpessoais devem ser fortificados para que os
conflitos possam ser resolvidos e a partir deles as oportunidades de crescimento e
produtividade sejam alcançadas. O mesmo autor afirma que a busca de equilíbrio e
harmonia de interesses faz com que o relacionamento entre a empresa e o
colaborador seja agradável e eficaz. Sendo assim, a sobrevivência de uma
organização e sua maneira de ser depende dos comportamentos harmoniosos de
seus colaboradores.
O item a seguir reporta-se a importância da percepção e relacionamento
interpessoal no ambiente organizacional bem como a importância do fortalecimento
de comportamentos positivos levando à pró-atividade.
1.1.2 Sensação, percepção e interação pessoal
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O ser humano quando percebe decifra uma mensagem sensorial. Portanto a
percepção é um processo ativo. Os estímulos sensoriais são percebidos de maneira
diferentes pelas pessoas, pois elas também são diferentes ou únicas e adquire
conhecimentos do mundo e do ambiente de acordo com a sua vivência com seu
DNA e com o conjunto de mecanismos e processos no qual essa pessoa adquire
sua idiossincrasia com base na informação desenvolvida pelos seus sentidos.
Os estímulos detectados por nossos sentidos são transformados de modo a
percebermos um mundo significativo e ordenado. Eles nos trazem informações. Os
nossos sentidos, tato, visão, audição são considerados essenciais para o
conhecimento e aprendizado, pois as mensagens não são decifradas da maneira
que nos são apresentadas e sim reordenadas e transformadas de acordo com a
vivência de cada um.
Silva (1998) constata que para a ciência cognitiva, a percepção tem sido fonte de
várias pesquisas, num esforço de compreensão sem precedentes. Saber como a
mente humana transforma as informações dos sentidos em percepção consciente é
a grande descoberta. Em especial, a percepção visual, que passou a ser o foco das
atenções dos pesquisadores, pois todas as demais percepções sensoriais, podem
de alguma forma ser interpretadas como imagens sugestivas.
O processo perceptivo é complexo e depende tanto dos sistemas sensoriais como
do cérebro. Os receptores dos nossos sentidos detectam as informações, a seguir
convertem-na em impulsos nervosos, realizam a transmissão para o cérebro, por via
das fibras nervosas e o cérebro desempenha o processamento dos dados
sensoriais.
A Teoria de Campo, de Lewin (apud Chiavenato, 1999), assegura que o
comportamento (C) e função (ƒ) da interação entre a pessoa (P) e seu meio
ambiente (M), sendo representada pela equação C = ƒ (P, M). A pessoa (P), aqui
citada possui características únicas em função de seu DNA e do aprendizado
resultante da interação com o meio ambiente. O autor afirma que o elo de interação
entre o ser humano com o meio ambiente é a sua percepção e para tanto dependerá
dos fatores fisiológicos da pessoa.
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Uma vez que cada pessoa tem um desenvolvimento neuropsíquico e, em
associação com uma vivencia, ele forma, durante a sua historia de vida, os seus
próprios esquemas mentais em termos de conhecimentos, crenças e valores
pessoais, que são seus referenciais para o processo perceptivo. Esses esquemas
mentais são estruturas do seu sistema cognitivo, o qual engloba de forma
indissociável os processos racionais e afetivo-emocionais.
O funcionário passa a maior parte do seu dia no ambiente do trabalho, sendo assim,
um grande número de variáveis afetam o seu comportamento e a sua percepção,
tornando difícil o estudo, devido à complexidade que envolve suas atitudes e ações
no trabalho.
Segundo Robbins, (2007) “Valores são importantes para o estudo do
comportamento organizacional porque formam a base para o entendimento de
atitudes e motivações e porque influenciam as percepções”. Se o indivíduo percebe
a responsabilidade social como um valor, mais facilmente será influenciado por ela.
Na atualidade as empresas vivem em um contexto de mudanças podendo afetar o
clima organizacional, para tanto, captar as percepções dos colaboradores em
relação às estas variáveis é imprescindível.
Senge (1999) afirma que os traços de personalidade determinam as emoções,
portanto o mundo percebido por uma pessoa passa a fazer parte da sua
personalidade. As pessoas vêem as coisas de maneira diferente e têm interpretação
própria do que vê. Portanto, percepção é o processo através do qual as pessoas
processam as informações que afetam seus sentimentos e ações e os de outras
pessoas. Assim sendo, duas pessoas não terão as mesmas respostas e as mesmas
percepções quando descrevem o mesmo episódio.
De acordo com Robbins (2007 p. 322) as pessoas utilizam vários atalhos quando
julgam os outros. A interpretação e percepção a respeito dos outros não é tarefa
fácil. Para tanto, o ser humano desenvolve técnicas para que essa tarefa seja menos
penosa ou para que possa ter percepções precisas e dados válidos para tal
julgamento. No entanto, essas técnicas podem falhar colocando as pessoas em
dificuldades.
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Todas as pessoas estão sujeitas aos enganos ou erros perceptivos. A memória é o
repositório de todas as experiências passadas, a que o eu psicológico recorre para
identificar a realidade do momento. Contudo, o recurso à memória é também o
causador de todas as ilusões na percepção da realidade, por meio da auto-projeção.
Há uma sobreposição da memória sobre o que realmente se experimenta nesse
momento e isso provoca um erro de percepção.
Os erros de percepção são caracterizados como: estereotipagem onde se julga uma
pessoa com base na percepção que se tem do grupo ao qual ela pertence;
seletividade onde se seleciona uma parte do todo ao fazer observações; projeção,
onde o percebedor atribui à pessoa percebida suas próprias características; efeito
halo ou efeito aura onde o percebedor deduz uma impressão geral sobre uma
pessoa com base em uma única característica dele.
Acredita-se que as percepções de outras pessoas são parcialmente determinadas pelo tipo de características próprias do percebedor e que os percebedores considerados individualmente podem partir de paradigmas um pouco diferentes a respeito do que os outros “realmente são” não será incorreto afirmar que as inferências do percebedor a respeito do outro revelam mais a respeito do percebedor do que a respeito da pessoa percebida. (BERGAMINI apud HASTORF; SHINEIDER; POLEFKA, 1973, p. 44).
Segundo Robbins (2007) os gerentes precisam estar atentos quanto à percepção de
seus colaboradores, pois estes reagem a nível perceptivo e não à realidade. Assim
sendo, mesmo que uma avaliação tenha sido efetuada de forma objetiva, o que tem
valor é a forma de interpretação dos funcionários, como eles perceberam e
interpretam a situação.
O colaborador quer sentir-se reconhecido no seu trabalho. Sendo reconhecido
automaticamente os motivos para a ação são reforçados levando-os a exercer sua
função com excelência. Para tanto, há necessidade que a avaliação de desempenho
humano seja feita por avaliadores realmente preparados e que não se deixe
influenciar pelas distorções perceptivas.
O próximo capítulo discorrerá sobre a motivação, seus conceitos e teorias
respaldando e fundamentando sua importância de estimular as pessoas em uma
organização.
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2 MOTIVAÇÃO
Nas organizações contemporâneas a motivação é um dos temas mais abordados e
através dela espera-se não apenas maior produtividade, mas a auto realização do
funcionário proporcionada pelo trabalho.
Na ótica de Gil (2009) uma das tarefas mais importantes dos gerentes é promover a
motivação em seus colaboradores sabendo identificar fatores ou motivos que levem
os funcionários a melhores resultados, pois o atual cenário das empresas exige
níveis altos de motivação e consequentemente comprometimento. Estando
motivados, individualmente ou grupo, a produtividade da empresa tende a ser maior
e este se sente valorizado e comprometido.
Bergamini (2005) afirma que o comportamento humano é mais bem entendido se
houver conhecimento da motivação, pois a dinâmica envolvida nesse processo é
semelhante nos seres humanos e explica que há três premissas que explicam este
processo; o comportamento humano tem causas, é motivado e está orientado para
objetivos pessoais.
A mesma autora afirma que as pessoas, normalmente, estão se propondo objetivos
e diante dessa proposta há uma mobilização de forças que tem como função vencer
todos os obstáculos que dificultam a conquista desses. Para tanto, e diante das
diferenças individuais, a necessidade brota no interior de cada pessoa, afirmando
que: “Os motivos humanos não têm, para diferentes pessoas que se sentem
motivados, o mesmo significado, Portanto á medida que o indivíduo valoriza seus
motivos é que mobiliza maior ou menor quantidade de força para obtê-lo”.
(BERGAMINI, 2005, p. 141).
Cada pessoa tem seu conjunto de valores que os influenciam e suas atitudes são
pertinentes a eles. As atitudes comportamentais ou ações comportamentais são
direcionadas no sentido de banir o desprazer. Isto é; há uma modificação
comportamental própria para que haja motivação despertando ações que geram
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prazer. O ser humano, em determinadas situações, tende a se agrupar conforme as
atitudes semelhantes com o objetivo de amenizar os fatores discordantes
ocasionados por pessoas que apresentam atitudes contrárias as suas.
Kanaane (1999, p.79) define atitude como “uma reação avaliativa, aprendida e
consolidada no decorrer da experiência de vida do indivíduo”. Segundo o autor os
componentes básicos da atitude são: afetivo-emocional, cognitivo, comportamental e
volitivo. Sendo assim o comportamento humano está orientado para objetivos
pessoais. O afetivo-emocional refere-se às reações emotivas que a pessoa
apresenta em diversas situações. O cognitivo refere-se aos valores, crenças e
conhecimentos relacionados à situação. O comportamental, por si só, já caracteriza
as ações em relação à situação vivenciada e o volitivo refere-se às motivações,
desejos, expectativas e necessidades.
O mesmo autor entende que o comportamento humano resulta de uma situação
vivenciada e por um longo período as atitudes humanas permanecem estáveis em
função das crenças e valores. Nas relações sociais, principalmente no contexto
organizacional mudanças de atitudes acontecem. A compreensão das atitudes
humanas proporciona ao indivíduo entender melhor as relações sociais das pessoas
e, por extensão, o comportamento dos colaboradores no ambiente de trabalho, uma
vez que as atitudes do colaborador é o reflexo de seu valores, expectativas e
necessidades, bem como do sentido que atribui ao trabalho.
Na ótica de Machado (2007) a busca de satisfação, prazer na realização de metas é
uma maneira do ser humano evitar o sofrimento. Se as pessoas são obrigadas a
realizarem determinadas atividades, estarão somente reagindo à pressão, por
obrigação, caracterizando apenas movimento e não motivação. Quando motivadas,
realizam a atividade com eficiência e prazerosamente.
A motivação é um fenômeno contínuo, nunca definitivamente resolvido para cada
indivíduo. Cada momento motivacional é único para cada pessoa, pois sendo
únicas, também são diferentes no que diz respeito à motivação. As necessidades se
diferem de um indivíduo para outro, seus valores, cultura, as crenças, as emoções, a
percepção do ambiente, a capacidade de aprendizado, as habilidades, também são
21
diferentes. Para tanto há necessidade de se conhecer as necessidades humanas
como fonte de motivação do indivíduo.
Considerando que a motivação seja, então, o impulso que leva o homem a agir,
surge uma grande discussão a respeito da influência da motivação no trabalho do
homem. O quanto é possível uma organização apresentar e definir motivos que
realmente impulsionem o homem a agir e sentir-se pleno.
Para Likert (apud CORADI, 1998, p. 52), a motivação é um importante aliado para o
desenvolvimento e, para tanto, administrar os recursos humanos de uma
organização tornou-se um dos principais objetivos para o alcance das metas. A
teoria de Likert, segundo Coradi (1998), aponta fatores fundamentais para um bom
desempenho e produtividade: Confiança recíproca entre os membros da empresa.
Aspectos como: reconhecimento, segurança deve ser preocupação constante das
organizações para que possa ser atingido um estado de alta motivação. Não ter
controle rígido e hostil quanto às medidas de desempenho, não correndo o risco de
inibir a motivação para o trabalho.
De acordo com essa teoria o autor afirma que, com as condições acima
preenchidas, os colaboradores se sentiriam valorizados pelos superiores e pela
organização e, em troca dessa valorização atingiriam padrões aceitáveis de
desenvolvimento e desempenho (CORADI, 1998, p. 52).
Na ótica de Shinyashiki (2001, p.97) o mundo corporativo atual exige auto
motivação. Quando a pessoa tem consciência que seu sucesso está na capacidade
de automotivar-se ele adquire energia extra. Sua motivação interior extrapola os
limites do corpo e da mente e, frequentemente, contagia todos na equipe. A seguir
serão apresentados os aspectos conceituais da motivação.
2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DA MOTIVAÇÃO
22
A motivação tem sido objeto de estudo de varias ciências e a fundamentação teórica
deste estudo encontra respaldo em vários escritores que apresentam a motivação
humana enquanto mola propulsora da realização humana.
Uma primeira idéia sugestiva sobre motivação, aplicada a qualquer atividade humana, remete à etimologia da palavra, que vem do verbo latino movere, cujo tempo supino motum e o substantivo motivum, do latim tardio, deram origem ao termo semanticamente aproximado, que é motivo. Assim, genericamente, a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa e a põe em ação ou a faz mudar o curso (BORUCHOVITCH; BZUNECK, Orgs, 2001, p.9).
As ações humanas são motivadas pela busca da satisfação de suas necessidades
que nunca estão satisfeitas completamente. As forças conscientes e inconscientes
são entendidas como necessidades humanas, permitindo a pessoa optar por um
determinado comportamento no sentido de satisfazê-lo.
Motivação é uma força que se encontra no coração de cada pessoa e está ligada a um desejo profundo. Uma pessoa jamais pode motivar outra simplesmente oferecendo-lhe recompensas materiais (dinheiro, medalhas, diplomas, viagens, etc.). Isso seria apenas um estímulo. A probabilidade de alguém seguir uma orientação de ação desejável está diretamente ligada à força de desejo do coração, cuja chama é acesa com muita empatia e sensibilidade na arte do relacionamento humano. (Gooch e McDoweel apud Medeiros, 2000:119).
Greenber (1999 apud BERGAMINI, 2005, p.137) conceitua motivação “como o
processo que desperta, dirige e mantém um comportamento que se orienta para um
determinado objetivo”. Neste sentido como afirma Chiavenato (1999, p.89), “o
primeiro passo para se conhecer a motivação humana é o conhecimento do que
ocorre no comportamento das pessoas”.
Diante de uma necessidade um organismo perde seu equilíbrio gerando assim um
estado de tensão ou desequilíbrio. Diante do desconforto produzido por tal
necessidade a pessoa é induzida a desenvolver um comportamento que a tire dessa
tensão. Satisfeita a necessidade ela novamente ajusta-se ao ambiente e encontra o
estado de equilíbrio anteriormente vivenciado.
A satisfação das necessidades nem sempre é plenamente alcançada. Pode existir uma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação da necessidade. Toda vez que a satisfação é bloqueada por uma barreira, ocorre uma frustração. A frustração impede que a tensão existente seja liberada e mantém o estado de desequilíbrio e tensão. Chiavenato (2000, pg. 130).
23
O funcionário trabalhando feliz gera benefícios para a organização, portanto a
comunicação é fundamental no trabalho motivacional, sendo eficaz, proporcionará
um clima organizacional saudável e favorável em todos os níveis da organização,
principalmente os mais baixos, levando a produtividade almejada pela organização.
O conceito de motivação é amplo e sua definição deve considerar todos os fatores
que suscitam e dirigem a conduta humana, pois graças à motivação que as
necessidades transformam-se em objetivos, projetos e planos. Na ótica de
Bergamini (2005) é possível concluir que a motivação humana, como um fenômeno
psicológico, caracteriza-se por um conjunto de fatores dinâmicos existentes na
personalidade, que determinam a conduta de cada um.
Vários modelos foram utilizados para explicar o comportamento dos funcionários e a
relação com a produtividade na história da motivação. Entre eles destacam-se o
modelo da administração científica, que considerava os funcionários preguiçosos e
que deveriam receber recompensas que os induzissem a produzir mais, mais rápido
e melhor.
Posteriormente surgiu o modelo das relações humanas entendendo que o homem
deve ser percebido como um todo; o trabalhador deveria se sentir importante e
participativo ficando assim satisfeito. O modelo dos recursos humanos também teve
grande importância e enfatizava que os diversos fatores influenciavam a motivação e
que estes diferem de pessoa para pessoa; o objetivo deste modelo era entender
cada trabalhador para motivá-lo.
Para Maximiano (2000) as razões ou motivos que influenciam o desempenho e
levam a um favorecimento de ação é objeto de estudo e entendimento da motivação
no ambiente corporativo. Sendo assim, o autor salienta que a vontade de trabalhar,
a disposição de perseguir metas, indica um estado psicológico favorável que
expressa a motivação para o trabalho, já que o bom desempenho depende da
motivação.
Somos seres únicos, percebemos e sentimos os estímulos, as forças internas e
externas de forma diferente o que nos proporciona diferentes escolhas de ação ou
24
comportamento. Portanto, a principal característica da motivação é que ela é
individual e está sob o controle do trabalhador. A motivação, sendo intrínseca, não
pode ser medida e nem é passível de ser observada, apenas o comportamento
motivado, a ação empregada será observada.
ROBBINS, 2002 ressalta que quando se fala em motivação no trabalho verifica-se o
quanto a pessoas esforçam-se para o alcance de metas, é este ato que o autor
define como intensidade e salienta que os alcances de resultados favoráveis só
serão possíveis se essa intensidade seja conduzida de forma a beneficiar a
organização. Quando as pessoas persistem, mantêm seus esforços até o alcance de
seus objetivos e metas configuram-se motivação presente. Para o alcance de metas
motivação é responsável pela intensidade, direção e esforços.
Nos estudos sobre a motivação, a indagação presente é se existe a possibilidade de
se motivar alguém. Para Gooch & McDowell (apud BERGAMINI, 1997) a motivação
é uma força intrínseca, portanto não há possibilidade de uma pessoa motivar a
outra, a função de uma pessoa é de fornecer estímulos para que a outra entre em
ação, liberando o impulso interno, as forças interiores para alcance das metas e
auto-realização.
Handy (apud BERGAMINI, 1997) considera positivo o fato de não haver essa
possibilidade de se motivar alguém, pois essa ação traria previsibilidade de
influenciar pessoas e com isso a aquisição de poder de controlar os
comportamentos, e as pessoas não suspeitariam de estarem sendo manipuladas.
Bergamini (2005, p. 143) ressalta a preocupação dos estudiosos com a busca das
razões verdadeiras e respostas para o comportamento humano existente desde a
época dos filósofos e posteriormente surgem as diferentes teorias explicando essa
dinâmica comportamental.
Na sessão posterior serão apresentadas as teorias motivacionais, onde as mais
conhecidas são: a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, teoria dos
motivos de McClelland, teoria das necessidades de McGregor, teoria dos dois
25
fatores de Herzberg, teoria da expectativa de Vroom e a teoria da eqüidade de
S.Adams.
2.1.2 Teorias motivacionais
Várias teorias motivacionais surgiram em função da sua complexidade e estas se
subdividem em teorias de conteúdo e teorias de processo, onde as primeiras
referem-se a “o que” motiva o comportamento humano e a segunda refere-se em
“como” o comportamento é motivado.
Para Gil (2009), diversas teorias sobre motivação partem do princípio de que,
mediante oportunidades e estímulos adequados, as pessoas passam a trabalhar
com maior motivação e entusiasmo. Logo se requer dos gerentes que saibam quais
são esses estímulos.
Abraham Maslow, na década de 50, desenvolveu uma teoria, tendo como premissa
a questão das necessidades humanas. Considerada uma referência, essa teoria
explica que a motivação nasce da busca de necessidades. Segundo Montana e
Charnov (apud MACEDO, RODRIGUES, JOHANN, CUNHA, 2010, p. 93), “Maslow
afirmava que existem cinco sistemas responsáveis por grande parte de nosso
comportamento. Ele colocou esses sistemas em uma escala hierárquica, indo do
mais primitivo e imaturo – em termos do comportamento que eles promovem – para
o mais civilizado e maduro”.
Praticamente, todas as teorias históricas e contemporâneas de motivação se unem na consideração das necessidades, impulsos e estados motivadores, em geral, como importunos, irritantes, indesejáveis, desagradáveis, enfim, como algo de que nos devemos livrar. O comportamento motivado, a procura de metas e as respostas consumatórias são técnicas para reduzir o desconforto. Essa atitude é assumida de maneira explícita, em numerosas descrições, amplamente usadas, de motivação, como redução de necessidade, redução de tensão, redução de impulso e redução de ansiedade. (Maslow 1966, p.116).
Os cincos conjuntos ou categorias de necessidades baseados na formulação da
teoria de Maslow são: fisiológicas ou básicas, de segurança, sociais ou participação,
26
estima e auto-realização, sendo que as necessidades fisiológicas estão na base da
hierarquia e assim sucessivamente.
De acordo com Robbins (2002, p. 344), Maslow caracterizou os três primeiros
conjuntos como necessidades da carência, devendo ser satisfeitas para que os
indivíduos sintam-se seguros e saudáveis. As duas últimas foram chamadas de
necessidades de crescimento, por estarem relacionadas ao desenvolvimento e à
realização do potencial de cada pessoa. Tais grupos também são chamados de
necessidades de ordem inferior e respectivamente necessidades superiores. À
medida que cada uma dessas necessidades é satisfeita, a necessidade
imediatamente superior se torna dominante e embora nenhuma delas seja
plenamente satisfeita, depois de realizada, não mais motiva.
A teoria de Maslow traz importantes contribuições, na medida em que permite identificar os grandes grupos de necessidade, o estabelecimento das prioridades e a relevância do crescimento pessoal e da auto-realização em consonância com os objetivos organizacionais. (CUNHA, JOHANN, MACEDO, RODRIGUES, 2010, p 93).
A teoria dos Motivos humanos de McClelland ou teoria das Necessidades
Aprendidas também destaca a importância da satisfação das necessidades básicas
e identifica três necessidades importantes na motivação que segundo ele, são
adquiridas socialmente mediante aprendizagem ao longo da vida. Essas três
necessidades são de realização, de afiliação e de poder.
Na ótica de Cunha, Johann, Macedo, Rodrigues, (2010, p. 94) as necessidades,
conforme mencionadas, são definidas da seguinte forma: Realização – busca de
excelência, orientação para o sucesso, alcance de metas, assunção de riscos
calculados e desejo de reconhecimento. É a necessidade de desenvolver-se e de
alcançar o sucesso.
[…] Algumas pessoas parecem ter inclinação natural para o sucesso. Elas buscam a realização pessoal mais que a recompensa pelo sucesso em si. Desejam fazer alguma coisa melhor ou mais eficiente do que já foi feito no passado. Essa compulsão compõe a necessidade de realização. (ROBBINS, 2002, p.50).
Afiliação – interesse por amizades, compartilhamento e boa convivência.
Representa a necessidade de estreitar relacionamentos e de ser aceito por outros.
27
Poder – interesse pela liderança e pelos sinais de status. É a capacidade de
influenciar ou mesmo dominar os outros.
A necessidade de poder é o desejo de ter influência e de controlar as pessoas. Indivíduos com alta necessidade de poder gostam de estar no “comando” buscam influenciar as pessoas, preferem situações competitivas e de status e tendem a preocupar-se mais com o prestigio e a influência do que propriamente com o desempenho eficaz. (ROBBINS, 2002: 51).
McClelland concluiu que a maioria dos gestores tem níveis consideráveis de
necessidade de poder, razão pela qual tendem a se ajustar melhor às organizações
burocráticas. Os grandes gestores se diferenciam dos demais por seu desejo de
fazer melhor as tarefas, superar obstáculos, buscam situações nas quais possam
obter responsabilidade pessoal pela descoberta de soluções para os problemas,
detestam o sucesso por obra do acaso, querem sentir que seu sucesso ou fracasso
se deve às suas próprias ações. (ROBBINS, 2002, p. 346.)
Bergamini (2005, p. 149) afirma que “quando se está falando da motivação humana
em situação de trabalho, um segundo nome muito importante tem, forçosamente,
que ser mencionado: é o de Douglas McGregor”. Na sua teoria ele propõe alguns
postulados ou um conjunto de pressupostos da natureza humana que moldam a
maneira pela quais os gerentes tratavam seus funcionários. Ao primeiro postulado
ele chamou de Teoria X e o segundo de Teoria Y.
Segundo Robbins (2002), o conjunto que Douglas McGregor denominou de Teoria X
considera as pessoas como irresponsáveis e preguiçosas e afirma que: O ser
humano sempre evitará o trabalho. O ser humano deve ser controlado, punido e
coagido já que evita o trabalho, e só assim a empresa obterá os resultados
esperados. As pessoas não têm ambição e o que elas desejam é a segurança.
De acordo com o Portal do Administrador (2008) a administração Científica de
Taylor, a Clássica de Fayol e a burocrática de Weber seguiam a teoria X,
caracterizando-se em estilo autocrático. Segundo a Teoria X os empregados, sendo
ameaçados e coagidos os objetivos da empresa seriam alcançados. No entanto, o
autor salienta que a empresa que adota essa teoria ou as concepções da mesma,
seus funcionários apresentarão comportamentos desmotivados.
28
Robbins (2002) descreve que a teoria Y de McGregor considera as pessoas
responsáveis e parte dos pressupostos que as pessoas encaram o trabalho como
natural, são criativas, competentes e trabalhar teria a mesma dimensão da diversão.
Estando as pessoas comprometidas com seus objetivos elas próprias adotam
autocontrole sem necessidades de ameaças. As pessoas médias aceitam e buscam
responsabilidade. Quando o funcionários tem auto controle e lhe permitem auto
direção ele tomará decisões inovadoras.
Um estilo de administração aberto e democrático é o que apregoa e desenvolve a
Teoria Y. A administração tem a tarefa e a responsabilidade de criar condições para
que características, como motivação, crescimento individual, potencial criativo,
responsabilidade sejam atingidos. Para tanto, a teoria Y propõe um estilo de
administração participativo, onde os colaboradores podem conseguir seus objetivos,
tanto pessoal quanto empresarias. (PORTAL DO ADMINISTRADOR, 2008).
O psicólogo Frederick Herzberg (1923-2000) desenvolveu a teoria dos dois fatores.
De acordo com Cunha, Johann, Macedo, Rodrigues (2010) Herzberg distinguiu dois
grupos de fatores que afetam o desempenho do trabalhador. Para tanto o psicólogo
pesquisou diretamente no ambiente de trabalho os fatores que estavam
relacionados com a satisfação ou a insatisfação, isto é, pesquisou fontes de
motivação diretamente relacionadas ao trabalho pedindo às pessoas para descrever
as situações nas quais se sentiam bem e mal com relação aos seus cargos
verificando e evidenciando dois fatores: os fatores higiênicos e os fatores
motivacionais.
Na ótica de Robbins (2002), Herzberg observou que as respostas dadas pelas
pessoas quando se sentiam bem sobre seus trabalhos eram significativamente
diferentes das respostas dadas quando se sentiam mal e de acordo com a pesquisa
os fatores que resultam em satisfação no trabalho são separados e distintos
daqueles que resultam na insatisfação. Para tanto, os gerentes que procuram
eliminar fatores que geram insatisfação no trabalho podem produzir paz, mas não
necessariamente motivação. Consequentemente Herzberg caracterizou os fatores
higiênicos como sendo; política e administração da empresa, supervisão, relações
29
interpessoais, condições de trabalho, remuneração justa, condições físicas
satisfatórias de trabalho.
Os fatores motivacionais são aqueles que têm o poder de gerar um estado de
motivação, relacionados ao conteúdo do cargo e do trabalho realizado. Portanto são
os desafios relacionados com recompensas, auto-realização e reconhecimento
profissional que é manifesto através das atividades desafiantes e significativas para
o trabalhador.
A grande contribuição de Herzberg foi mostrar que não basta criar boas políticas higiênicas ou de manutenção se não houver reformulação nos cargos e valorização efetiva das pessoas que os ocupam. Assim, ele propõe que as tarefas sejam continuamente revistas e ajustadas em função do progresso de cada colaborador, num processo conhecido como enriquecimento das funções. Tal enriquecimento pode se dar tanto de forma horizontal, acrescentando novas tarefas ao cargo original, quanto vertical, substituindo-se as tarefas mais simples por outras mais complexas. (CUNHA, JOHANN, MACEDO, RODRIGUES, 2010, p. 95).
O principal fundamento da teoria dos dois fatores é a preposição de que a satisfação
e a insatisfação não são extremos opostos do mesmo continuum, mas dois
processos diferentes influenciados por diferentes fatores. (MAXIMIANO, 2000,
p.359).
[...] os fatores de motivação estão ligados ao próprio indivíduo e ao trabalho que ele desempenha. Já os fatores de higiene formam o meio ambiente no qual se situa o individuo e sua atividade na organização. [...] durante muitos anos, não se descobriu a diferença entre administrar pelo movimento e administrar pela motivação. Quando se oferece condições higiênicas, está-se tão somente administrando pelo movimento, isto é, à medida que estas condições que cercam o indivíduo desaparecem, as pessoas reclamam e podem até chegar a parar seu trabalho. (BERGAMINI, 2005, p155.)
A teoria da expectativa de Vroom (1964 – 1995) é uma das teorias mais aceita sobre
a motivação. Propõe existir uma relação entre o esforço que se realiza, o resultado e
o rendimento do trabalho. Os colaborados sentem-se motivados, pois acreditam que
há uma correlação positiva entre esforço e desempenho, resultando em
recompensas salariais, promoções, elogios, satisfazendo assim seus objetivos.
(ROBBINS, 2002, p. 355).
30
De acordo com a teoria de Vroom, o funcionário relaciona desempenho com
recompensa, para tanto, acredita que se ele ficar mais duas horas trabalhando após
o expediente seu chefe o elogiará, assim ele o fará, caso contrário sairá no horário
pré-estabelecido.
A teoria da equidade de Stacy Adams considera que o funcionário sente-se mais ou
menos motivado na medida em que ele percebe a presença da justiça e da
igualdade nas relações de trabalho. Os funcionários buscam justiça quanto às
recompensas recebidas comparando com as de seus colegas, tornando-se assim
uma comparação social.
Quando um trabalho é realizado, seja ele de qualquer natureza, quem o faz, coloca
nele todo seu esforço, sua emoção, sua capacidade resultando em uma parceria
inseparável de produto e produtor. Sendo assim, é fundamental ser reconhecido e
recompensado tendo como resultado a liberação de competências e potencialidades
da parte do trabalhador.
Sequencialmente será apresentado o processo motivacional e sua relação com o
trabalho, satisfações e ajustamentos que irão favorecer a o bem estar do
colaborador e a produtividade.
2.1.3 Processos Motivacionais no trabalho e produtividade
Em situações de trabalho é necessário examinar as necessidades motivacionais e
as situações que ocorrem o comportamento humano, sendo que os objetivos
empresariais devem estar em consonância com os dos seus funcionários, partindo
do pressuposto que a empresa pode oferecer situações que favoreçam o
ajustamento e a satisfação dos mesmos.
A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. A administração
Científica baseava-se na concepção do homo economicus, segundo a qual o
comportamento do homem é motivado exclusivamente pela busca do dinheiro e
31
pelas recompensas salariais e materiais do trabalho. No entanto, a experiência de
Hawthorne, comandada por Elton Mayo (1880 – l949), sociólogo australiano,
demonstrou que a recompensa salarial, mesmo quando justa, não é o único fator
decisivo na satisfação do trabalhador. Diante das recompensas sociais como
elogios, participação e reconhecimento, o ser humano é motivado e propuseram
uma nova teoria da motivação. (CHIAVENATO, 2000, p.116).
Segundo Cunha, Johann, Macedo, Rodrigues, (2010) o grande desafio no processo
de gerar motivação é a descoberta do estímulo mais adequado. Às vezes o estímulo
não é suficiente para levar ao resultado esperado e pode gerar frustrações. Assim o
indivíduo é levado a preencher esse vazio com mecanismos de defesa.
De acordo com Gil (2009, p. 204) tais mecanismos de defesas citados acima, são
expressos através de comportamentos irracionais e ocorrem de formas diversas, os
mais conhecidos são: agressão, deslocamento; quando a pessoa transfere a
emoção de uma situação para outra, racionalização; a pessoa desdenha de algo que
pode ter, regressão, fixação; quando a pessoa continua a apresentar repetidamente
um comportamento improdutivo, fuga; afasta-se dos outros, resignação; desiste de
alcançar seu objetivo.
Além desses mecanismos psicológicos também são apontados outros mecanismos
de defesa; os sociológicos; por exemplos o consumidor exagerado, os mecanismos
químicos onde a satisfação é obtida mediante uso de drogas, abuso de álcool e
fumo e os mecanismos de defesa tecnológicos, por exemplo, utilização excessiva da
televisão e da internet. (VERGARA, 2003, p.50).
Os objetivos da empresa devem estar alinhados aos objetivos dos trabalhadores,
caminhando lado a lado, buscado produtividade, como afirma Bergamini (2005),
sendo assim usam formas para usufruir de maior conforto e satisfação. Caso isso
não ocorra a autora afirma que ou a empresa está administrativamente e
organizacionalmente desorientada ou o colaborador está infeliz e desajustado.
Segundo Byham (apud CUNHA, JOHANN, MACEDO, RODRIGUES, 2010, p. 100) o
gestor deve adotar três comportamentos com relação a sua equipe, para facilitar a
32
motivação das pessoas. O primeiro deles é manter ou aumentar a auto-estima
fazendo que as pessoas sintam-se satisfeitas, enfrentem desafios aproveitando as
oportunidades. Salienta que o gestor deve concentrar-se nos fatos e não na pessoa,
sendo específico e sincero. O segundo comportamento é saber ouvir e responder
com empatia, mostrando ao outro que ele está sendo ouvido e entendido e o terceiro
comportamento é pedir ajuda para solucionar um problema, pois, solicitando idéias,
cria-se um clima de cooperação que estimula a pessoa a apresentar sugestões.
No entanto as empresas nem sempre privilegiam o capital intelectual e não criam
condições motivacionais condizentes e suficientes para que seus colaboradores
sintam-se satisfeitos e interessados no trabalho. A busca pelo colaborador motivado
tornou-se uma normativa no mundo corporativo e sua ação organizacional não
corresponde à sua intenção, pois seus gestores ainda não sabem distinguir o que é
causa e o que é efeito no comportamento motivado. Segundo Chiavenato (2002, p.
171):
Ainda não se descobriu se o comportamento é causado por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao indivíduo ou ao grupo. Fica no ar a razão pela qual certas pessoas são impulsionadas por um forte desejo de realizar um ótimo trabalho e por que mantêm ao longo do tempo esse impulso de fazê-lo cada vez melhor.
Saber utilizar o potencial que cada um dos colaboradores possui suas habilidades,
oportunizar o crescimento e desenvolvimento de competências está ligado
diretamente ao aspecto motivacional, portanto, não basta apenas tratar bem as
pessoas.
A organização como tal reclama por um planejamento integral de sistemas de incentivos. Não existem setores especializados em atender às necessidades dos funcionários. Os requisitos do próprio trabalho, a estruturação hierárquica da empresa, o planejamento de um quadro de carreira que seja um fator de satisfação da necessidade de auto-realização, regras sólidas e objetivas, sistemas adequadamente construídos e utilizados de avaliação de desempenho, políticas de comunicação, programação e execução de planos adequados de treinamento, bem como um quadro de líderes eficazes, tudo, enfim, pode tornar-se instrumento de um conceito que é bem específico, aquele que diz respeito ao incentivo no trabalho. (BERGAMINI, 2005, p.160).
Sendo as pessoas únicas, e considerando as diferenças individuais, verifica-se que
o que é bom para uma pessoa pode não ser para outra e nesse contexto as
empresas encontram dificuldades para definir parâmetros que ofereça igualdade de
condições motivacionais. Os interesses mudam de tempos em tempos, o que motiva
33
hoje pode não motivar amanhã. O complicador é o componente subjetivo residente
na motivação. Para Chiavenato (2002, p. 172):
A motivação no trabalho deve ser alcançada e mantida para o bom funcionamento da organização e a satisfação dos colaboradores, fazendo com que todos realizem suas funções propiciando melhor rendimento das tarefas exigidas. No ambiente organizacional é de fundamental importância que todos se respeitem, no sentido literal da palavra, fazendo com que o trabalho flua de uma maneira agradável e que todos possam sentir-se motivados e desempenhar cada vez melhor suas tarefas em seus trabalhos.
Os sistemas motivacionais compreendem todos os tipos de incentivos e
recompensas que as organizações oferecem aos seus colaboradores na tentativa de
conseguir o desempenho que possibilite a realização de seus objetivos. Na visão de
Gil (2009), a pessoa motivada em seu trabalho se revela por meio de expressões e
gestos positivos, tais como um sorriso, um olhar confiante, postura tranqüila e as
atitudes que este manifesta em relação ao trabalho. A motivação no trabalho pode
ser entendida como a vontade de exercer níveis de esforços elevados para alcançar
maior produtividade.
Nesse contexto, questiona-se o que produtividade? É a relação mensurável entre o
produto obtido e os recursos empregados de produção, ou a relação entre o
resultado útil de um processo produtivo e a utilização das ferramentas para sua
produção. A produtividade depende do aperfeiçoamento e ajustamento dessas
ferramentas, isto é, do esforço realizado e do método racional, e fundamentalmente
do interesse e motivação das pessoas. (CHIAVENATO, 2002.p.367).
Tratar as pessoas e ou remunera-las como ocupantes de cargo, ou pela função que
ocupa, não faz parte do cenário motivacional contemporâneo, hoje o que importa
são as habilidades e conhecimentos. Sendo esta, premissa importante, o presente
estudo ressalta a seguir a importância do líder e o exercício da liderança no
processo motivacional dos funcionários.
34
3 LIDERANÇA COMO ESSÊNCIA DA GESTÃO: ASPECTOS
CONCEITUAIS
Este capítulo focaliza os conceitos de liderança, os paradoxos que a envolve e as
relações de poder, autoridade e responsabilidade. Grandes organizações
geralmente têm grandes líderes. Mas o que é liderança? O que diferencia os líderes
quanto à eficácia e eficiência? Que motivos levam um grupo a se deixar influenciar
por um líder?
Há vários conceitos de liderança e muitas definições pressupõem pessoas dotadas
de virtudes extraordinárias, ou grandes condutores de pessoas, com qualidades
singulares e inatas. Na realidade, liderança é uma forma de atuar na resolução de
problemas e não constitui de atributos especiais, trata-se de um processo, o qual, as
pessoas utilizam quando buscam o que há de melhor em si e nas outras pessoas.
Na ótica de Cunha, Johann, Macedo, Rodrigues (2010, p.109) [...] “entendemos por
liderança a arte de educar, orientar e estimular as pessoas a persistirem na busca
de melhores resultados num ambiente de desafios, riscos e incertezas. Agregando
novos elementos”.
[...] um líder é alguém que identifica e satisfaz as necessidades legítimas de seus liderados e remove todas as barreiras para que possa servir o cliente. De novo, para liderar você servir. [...] o líder nunca deve aceitar a mediocridade ou o segundo lugar – as pessoas têm necessidade de receber estímulos para se tornarem o melhor que puderem ser. (HUNTER, 2004, p.52).
Autores como Robbins (2007) e Gil (2009) partilham da idéia que as definições de
liderança inferem o conceito de que os líderes direcionam, guiam e são facilitadores
no alcance de metas e objetivos exercendo influência nas pessoas, sendo que o
mundo corporativo é formado por pessoas que necessitam ser coordenadas e
orientadas. As organizações contemporâneas privilegiam as pessoas que se utiliza
de todos os recursos pessoais, de maneira eficaz, para que as metas sejam
atingidas.
Um líder considerado eficaz, além de preocupar-se com o desenvolvimento integral de toda a potencialidade dos seguidores, consegue que os
35
mesmos cheguem, até mesmo, a desconsiderar seus próprios interesses para comprometer-se com os objetivos do grupo ao qual pertencem. Esse tipo de liderança é, geralmente, exercido de maneira natural, de tal forma que o líder, nessas circunstancias, recebe do seguidor a autorização para exercer sua influência sobre ele. Na prática, só se consegue um líder que seja admirado pelo seguidor. (BERGAMINI, 2005, p.124).
Uma das questões pesquisadas refere-se aos comportamentos dos líderes quanto a
sua eficácia. Até que ponto os comportamentos de influência, os comportamentos
eficazes na atuação da liderança estavam ligados aos traços pessoais? Verificou-se
que os comportamentos de lideranças podem ser aprendidos, pois um líder não se
firma e tem seguidores apenas por talento, mas tem que desenvolver a criatividade,
a iniciativa, saber trabalhar os pontos fracos e fortes, desenvolver a comunicação,
visão futurista e relacionamento interpessoal, e considerar cada membro do grupo
individualmente. Sendo assim, esses comportamentos de lideranças podem ser
aprendidos e incorporados na obtenção de metas.
Espera-se que um verdadeiro líder consiga que o grupo seja produtivo atingindo os
objetivos propostos e, como conseqüência, a satisfação do grupo se evidencia,
cabendo à ele neste contexto a responsabilidade de garantir o moral e bem estar
dos membros que se acham sob sua direção. O grande objetivo é o de conseguir
que todo dinamismo do quais as pessoas são capazes se transforme em ação
coordenada.
As características próprias do líder, o respeito às diferenças individuais exerce
influência quanto à eficácia do vínculo existente entre ele e o liderado. Assim sendo,
motivação e liderança caminham juntas, estão imbricadas e se complementam como
defende Bergamini (2005, p.129):
O líder não motiva seus seguidores, mas se constitui peça-chave em não permitir que a motivação dos seguidores vá definhando até desaparecer definitivamente. Quando o seguidor sente que seu líder assume a figura de um parceiro, que junto com ele empreende o caminho até sua auto-realização, o vínculo entre ambos se estabelece de maneira firme e duradoura.
A seguir serão abordados os estilos de liderança e suas características, sendo que,
poder, autoridade e responsabilidade são fatores intrínsecos relacionados que se
fazem presentes no exercício da liderança.
36
3.1 DIFERENTES ESTILOS DE LIDERANÇA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
Chiavenato (2000) afirma que “liderança é influência interpessoal exercida em uma
situação e dirigida por um processo de comunicação, decorrente dos
relacionamentos entre as pessoas em uma determinada estrutura social”. Esta
influência envolve conceitos de poder e autoridade tendo o significado de força
psicológica. A ação do líder, através dessa influência é modificar o comportamento e
essa ação dependerá da situação vivenciada e das características de liderança que
demonstra ter.
Nos ambientes organizacionais vários cenários são descortinados, implicando vários
papéis no exercício na liderança. O poder, autoridade e responsabilidade são fatores
relacionados que estão presentes no exercício da liderança. O poder é habilidade de
influenciar indivíduos, grupos, acontecimentos e está relacionada com a capacidade
de liderar, a autoridade é o direito de comandar pessoas visando à obtenção de
resultados e responsabilidade pode ser entendida como a obrigação criada a partir
do momento em que se aceita uma determinada parcela de autoridade. As bases da
autoridade é a formalidade e a aceitação. (CUNHA, JOHANN, MACEDO,
RODRIGUES, 2010, p.112).
As teorias estudam os estilos de liderança referindo-se ao comportamento do líder
em relação aos seus subordinados, aquilo que ele faz, a abordagem dos traços, se
referindo àquilo que o líder é, e uma terceira vertente pressupõe que as condições
que determinam a eficácia da liderança variam de acordo com a situação.
Seis características parecem ser constantes na diferenciação dos líderes em relação às outras pessoas. São elas: ambição e energia, desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, inteligência e conhecimento relevante do cargo. Além disso, surgiu recentemente outra característica. Existem fortes indicações de que as pessoas com grau elevado de automonitoração – ou seja, altamente flexíveis para adaptar seu comportamento a situações diferentes – são muito mais propensas a emergir como líderes em grupos em que as pessoas possuem pouca automonitoração. (ROBBINS, 2007, p.374).
37
Na ótica de Chiavenato (2000) a teoria mais conhecida refere-se a três estilos de
liderança: autoritária, liberal, também conhecida como laissez-faire e democrática. A
Tabela 1 a seguir mostra as características desses estilos de liderança.
Tabela 1 – Estilos de liderança.
AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL O líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.
As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo grupo.
Há liberdade total para as decisões grupais e individuais, e mínima participação do líder.
O líder determina as providências para a execução das tarefas, na medida em que se tornam necessárias.
O grupo esboça as providências para atingir o alvo e pede aconselhamento ao líder.
A participação do líder é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo.
O líder determina a tarefa que cada um vai executar e o seu companheiro de trabalho.
A divisão das tarefas fica a critério do grupo r cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho.
A divisão de tarefas e escolha dos colegas fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder.
O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.
O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito. O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” nas críticas e nos elogios.
O líder não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. Apenas comenta as atividades quando perguntado.
Fonte:Adaptado CHIAVENATO (2000)
Por volta de 1950, os estudiosos do comportamento humano começaram a voltar
sua atenção para um campo mais amplo da liderança, a situação ou contingência,
dando origem a uma nova visão desse tema. Cada situação deve ser considerada,
pois em cada uma delas os liderados estão carregados de expectativas e sofrem
pressões. Diante desse fato, a liderança situacional pode facilitar a situação.
(CUNHA, JOHANN, MACEDO, RODRIGUES, 2010, pg.114).
Em 1969 Paul Hersey e Kenneth Blanchard desenvolvem uma concepção
diferenciada das demais teorias voltadas à liderança de um gerente. Esta teoria
enfatiza a importância da liderança gerencial ter a capacidade de provocar uma
mudança no estilo de liderança, mediante uma mudança de situação de poder.
Neste aspecto situacional, o líder agirá respeitando as diferenças individuais e
utilizando de um estilo adequado para o envolvimento do funcionário no processo
38
produtivo, pode-se afirmar que esse estilo de liderança se adapta à diferentes
propostas de tarefas.
O conceito básico da liderança situacional consiste na premissa que não existe um
único estilo de liderança apropriado para toda e qualquer situação. Na liderança
situacional o líder desenvolve sua sensibilidade e percepção, diagnosticando sua
equipe, definindo como irá se comportar, de acordo com a maturidade de seus
subordinados, em relação ao desempenho com as tarefas, não em relação a sua
personalidade, baseando-se assim em uma inter-relação entre comportamento de
tarefa e de relacionamento.
Para a teoria da Liderança Situacional a maturidade do subordinado determina o estilo de liderança e a base de poder ( os poderes existentes são: coerção, conexão, recompensa, legitimidade, referência, informação e competência) que o líder deve usar para influenciar o comportamento dos indivíduos. Ainda que o líder adote o estilo de liderança apropriado para um determinado nível de maturidade, tal estilo só poderá obter sucesso se este refletir a base de poder adequada ( Hersey & Blanchard, 1986,p.217).
Na ótica de Hersey & Blanchard (1986) os estilos de liderança de acordo com a
maturidade dos subordinados dividi-se em quatro: Determinar para maturidade
baixa. Este estilo privilegia o comportamento diretivo, implicando em um
comportamento de tarefa alta e relacionamento baixo; Persuadir para maturidade
entre baixa e moderada. Este estilo envolve comportamento de alta tarefa e alto
relacionamento; Compartilhar para maturidade entre moderada e alta. Este estilo
requer um comportamento de relacionamento alto e tarefa baixa; Delegar para
maturidade alta. Este estilo envolve um comportamento de relacionamento baixo e
tarefa baixa.
Da abordagem situacional, Chiavenato (2000) infere que, quando as tarefas são
rotineiras e repetitivas, a liderança fica geralmente focalizada no líder; este pode
assumir diferentes padrões de liderança para cada um dos seus subordinados,
tendo em conta as forças acima referidas; e o líder também pode, para o mesmo
subordinado, assumir diferentes padrões de liderança, de acordo com a situação:
alto nível de eficiência do subordinado, mais liberdade no trabalho; baixo nível de
eficiência do subordinado, menos liberdade deste no trabalho e mais autoridade do
líder.
39
A função do líder é influenciar os liderados, através de um comportamento
facilitador, orientador e esclarecedor, favorecendo uma melhoria contínua das
atividades empresariais, tendo flexibilidade pessoal, comprometimento, além de
outras características, desenvolverem uma comunicação eficaz.
A eficácia do líder, enquanto agente de mudança, busca suas bases no profundo
conhecimento que tem da cultura organizacional bem como do significado simbólico
que a permeia, pois ele convive mais intimamente com essa cultura do que muitos
consultores externos convocados a dirigir programas de treinamento ou de
mudança. Bergamini (1994) complementa que, a eficácia do processo de liderança
vem da aceitação dada pelo seguidor ao líder e mais ainda da autorização dada por
ele para liderá-lo.
As necessidades motivacionais têm um papel indiscutível no processo perceptivo de
cada um e todos os seres humanos têm necessidades complexas que pedem
satisfação. Sendo seres únicos, há vários comportamentos exprimindo padrões de
necessidade. “Interpretar esses padrões individuais é um dos desafios para
compreender os estilos gerenciais.” Para tanto, as resoluções das dificuldades
administrativas estão imbricadas na compreensão e aceitação das diferentes
necessidades das pessoas e isso demanda um longo percurso. BENFARI E KWOX
(apud BERGAMINI, 1994, p.136).
A importância e necessidade da comunicação serão abordadas a seguir, sendo que
esta envolve a transferência de significado de uma pessoa para outra e priorizando a
necessidade de elevar tal competência a toda a organização.
40
4 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Este capítulo aborda a importância da comunicação no âmbito organizacional, seus
conceitos e meios comunicativos. É pela comunicação que as organizações
conseguem agir e exercer influências em seus colaboradores, permeando todas as
atividades e tomadas de decisão. Sendo assim, a comunicação na organização deve
manter todos os colaboradores com informação e compreensão para eficácia de
suas atividades.
Na visão de Penteado (2001) uma organização se desenvolve graças ao sistema de
comunicação que ela cria e mantém e que é responsável pelo envio de mensagens
de três grandes sistemas; Sócio-políticos, onde se inserem os valores globais e do
meio ambiente. Econômico – industrial, os padrões de competição, as leis do
mercado, a oferta e a procura e o micro clima interno da organização; Normas e
políticas necessárias às operações empresariais e a própria cultura organizacional.
A comunicação é um exercício de mútua influência, a partir da transmissão de
informações, idéias ou emoções, utilizando códigos compartilhados pelo emissor e o
receptor.
Na ótica de Robbins (2002), a comunicação envolve a transferência de significado
de uma pessoa para outra. Assim se não houve nenhuma transmissão de
informação a comunicação não aconteceu. A pessoa não se comunicou. Portanto, a
comunicação envolve um emissor que transmite uma mensagem e um receptor que
a compreenda. A comunicação pode ser feita através de memorandos, e-mails,
boletins, quando compreendidos, constituem uma forma de comunicação. Os gestos
e as expressões faciais e corporais frequentemente “dizem” mais que quaisquer
palavras.
As diversas tarefas e unidades de trabalho numa organização precisam integrar-se,
pois são interdependentes. Para cuidar dessa responsabilidade, a administração
precisa montar e fazer funcionar o sistema de comunicação da estrutura
41
organizacional. Para se comunicar, as partes da estrutura organizacional usam
meios de comunicação, que transmitem informação para cima, para baixo e para os
lados, para tanto deverá ser analisado os meios e a direção da comunicação.
(MAXIMIANO, 2000, p.282).
Na ótica de Maximiano (2000) os meios de comunicação são três; a comunicação
pessoal, a escrita ou impressa e a comunicação por meio de equipamento e esses
três meios baseiam-se na direção da comunicação. A comunicação para baixo vai
dos níveis superiores para os inferiores da hierarquia e frequentemente tem caráter
diretivo, são ordens, informações sobre políticas e programas. A comunicação para
cima inclui diversos tipos de relatórios, a informação produzida pela observação do
desempenho e especialmente atitudes e sugestões dos empregados. O autor
salienta que o sistema de comunicações é o ingrediente que junta as unidades de
trabalho da estrutura e possibilita seu funcionamento coordenado.
Chiavenato (2000), por sua vez, afirma sendo a comunicação é uma atividade
administrativa esta tem dois propósitos principais que promovem um ambiente
favorável para o desempenho das tarefas e do trabalho em equipe; o primeiro é
proporcionar informações e compreensão necessárias para que as pessoas
direcionem suas tarefas e o segundo, proporcionar as atitudes necessárias que
provocam a motivação, a cooperação e a satisfação nos cargos.
É através da comunicação que o líder se relaciona com a organização, sendo a
organização as pessoas que a compõe, torna-se imprescindível que a mensagem
transmitida seja clara. De nada adianta estratégias excelentes se a mensagem não é
eficaz.
Os fatores situacionais interferem e influenciam na eficácia da comunicação, para
tanto, não existe uma maneira institucionalizada de comunicação dentro das
empresas. Seguindo essa premissa, os padrões de comunicação que são
denominados de cadeias ou rede de comunicação são diferenciados quanto à
rapidez e eficiência. Nas organizações os padrões de comunicação mais usados são
o círculo, a cadeia e a roda, tendo cada um carcterísticas únicas quanto às
vantagens e desvantagens quando utilizados. As pesquisas concluem que quando a
42
organização utiliza vários padrões e meios de comunicação os resultados
organizacionais serão melhores alcançados. CHIAVENATO (1994, p.564).
Robbins (2002) chama a atenção para dois elementos fundamentais para a
comunicação eficaz; o feedback e o ouvir. Ser ouvinte ativo é concentrar-se
intensamente no orador não permitindo que seus pensamentos os façam distrair-se.
[...] o ouvir ativo requer esforço consciente e disciplinado para silenciar toda a conversação interna enquanto ouvimos outro ser humano. Isso exige sacrifício, uma doação de nós mesmos para bloquear o mais possível o ruído interno e de fato entrar no mundo da outra pessoa - mesmo que por poucos minutos. O ouvinte ativo tenta ver as coisas como quem fala as vê e sentir as coisas como quem fala as sente. Essa identificação com quem fala se chama empatia e requer muito esforço. (HUNTER, 2004, p.82).
Quanto a habilidade de dar feedback, afirma Robbins (2002) que os gerentes
deixam muito a desejar aos seus funcionários e sugere algumas atitudes ao faze-lo.
O feedback deve ser impessoal, voltado para a meta, saber a hora certa de faze-lo,
concentrando em comportamentos específicos e assegurar-se que haja
entendimento para que o receptor entenda de modo claro e completo a sua
comunicação e dirigir o feedback negativo para o comportamento que o receptor
possa controlar.
Ouvir atentamente é fundamental para o gestor, pois quando a pessoa ouve
atentamente ela espera que o emissor termine sua mensagem para depois os
comentários e críticas sejam ditas. Assim sendo, a rede de comunicação da
empresa deve ser organizada no sentido de desenvolver em seus colaboradores as
competências da comunicação eficaz atingindo, assim, os objetivos pessoais e
organizacionais. (MINICUCCI, 1995, p. 2750).
Hoje a comunicação acontece em tempo real, através do e-mail em função dos
avanços tecnológicos. Os estudiosos afirmam que apesar de facilitarem a
comunicação à distância, pois acontecem em tempo real, por outro lado cria um
afastamento entre as pessoas e podem ser mal interpretados e consequentemente
sendo causa de desentendimentos. (CUNHA, JOHANN, MACEDO, RODRIGUES,
2010, p.83).
43
Segundo Aguiar, Johann, Macedo, Rodrigues (2010) a comunicação interpessoal
face a face é considerada a mais completa de todas. As expressões faciais, tom de
voz e gestos vão além das palavras, possibilitando feedback e trocas imediatas [...]
“nada substitui a sensação de apoio que a presença física de alguém pode nos
transmitir, mesmo que nada seja dito”.
A comunicação interpessoal é um processo interativo em que o emissor constrói
significados e desenvolve expectativas na mente do receptor estabelecendo uma
corrente de pensamento. Na ótica de Aguiar e seus colaboradores (2010), as
emoções atuam como filtros da audição, ou seja, a tendência da pessoa para aceitar
aquilo que deseja ouvir, independente do fato de ser verdade, meia verdade ou
ficção. Muitas dessas dificuldades na assimilação da mensagem podem ser
explicadas pela chamada teoria da dissonância cognitiva de Festinger.
4.1 A COMUNICAÇÃO E A DISSONÂNCIA COGNITIVA.
Dissonância cognitiva é uma teoria sobre a motivação humana que afirma ser
psicologicamente desconfortável manter cognições contraditórias. A teoria prevê que
a dissonância, por ser desagradável motiva a pessoa a substituir sua cognição,
atitude ou comportamento, foi estudada pela primeira vez pelo psicólogo social Leon
Festinger, que assim a descreveu (1956, p. 25):
Dissonância e consonância são relações entre cognições, ou seja, entre opiniões, crenças, conhecimentos sobre o ambiente e conhecimentos sobre as próprias ações e sentimentos. Duas opiniões, ou crenças, ou itens de conhecimento são dissonantes entre si quando não se encaixam um com o outro, isto é, são incompatíveis. Ou quando, considerando-se apenas os dois itens especificamente, um não decorrer do outro.
De acordo com o autor, toda pessoa tenta estabelecer uma coerência entre o pensar
e o agir, para tanto, tentam manter uma consistência cognitiva. A dissonância e a
consonância são relações entre pensamentos, crenças, opiniões. Quando há
dissonância, pode-se lidar com ela de algumas maneiras, pois as pessoas tendem a
evitar que a sua estrutura cognitiva seja incoerente com a ação. Assim sendo, o
autor afirmar que diante do fato as pessoas podem tentar mudar o comportamento
44
envolvido na dissonância, substituindo ou adquirindo crenças e opiniões.
FESTINGER (1956, p. 25-26).
Segundo a teoria, as pessoas buscam o equilíbrio evitando a incoerência do fazer e
pensar e esta busca resultam em algumas conseqüências como exemplifica Cunha,
Jonhan, Macedo, Rodrigues (2010, p. 76); as mensagens têm maiores chances de
chegar sem restrições quando as pessoas não têm opinião formada sobre o
assunto. Se há duas mensagens distintas e uma delas é similar à que a pessoa já
tem, a tendência é escolher a similar. Quando uma mensagem sugere vantagem
pessoal há maior interesse. Os autores mencionam também a importância das
emoções e o aprendizado formado a partir das novas experiências.
Sendo a dissonância cognitiva uma incoerência ou contradição daquilo que se pensa
com aquilo que se faz, há necessidade que as organizações estabeleçam
programas de educação e treinamentos, onde seus colaboradores possam exercitar
o pensamento reflexivo, critico, oportunizando uma maior participação na
comunicação empresarial obtendo assim consonância entre o pensamento e o
comportamento.
45
5 CONCLUSÃO
A análise desenvolvida neste trabalho deixou clara a crescente importância que a
motivação, enquanto ferramenta das empresas e particularmente das lideranças,
desempenha em relação às metas de produtividade das equipes. A busca
permanente deste objetivo evidenciou que não é suficiente apenas formular planos
estratégicos se a gestão não compreender e valorizar profundamente o ser humano.
O líder, nas organizações sociais de um modo geral, deve ser visto como alguém
que traz benefícios, não somente para a equipe, mas para cada um dos membros
em particular, otimizando seu crescimento e aprimoramento, pois as pessoas
coordenadas por um verdadeiro líder, sabem que podem contar com ele, não só no
cotidiano do trabalho, mas também em eventos ligados a sua vida pessoal,
otimizando assim o vínculo de confiança e credibilidade.
Os estudiosos, como CHIAVENATTO, BERGAMINI, MAXIMIANO, ROBINS e outros,
garantem que para gerir pessoas, não basta apenas dar instruções, ordens e
comunicar, mas é preciso liderar, é este o desafio, pois liderar é a capacidade de
influenciar o comportamento de outras pessoas para obter resultados e alcançar o
sucesso.
O líder motivador também deve estar motivado, sendo assim, este é uma peça
fundamental nas organizações. A sua função estratégica é a de viabilizar e garantir a
eficiência daqueles que estão “na linha de produção” das empresas. Este trabalho
ressalta a importância da liderança, assim como a necessidade das organizações
procurarem lideranças criadoras e inovadoras, sendo estas o diferencial frente aos
impasses que o mundo empresarial contemporâneo exige.
A tarefa diária das empresas é a de manter seus colaboradores motivados, não só
para o alcance das metas empresariais, mas, através delas, garantir que as
lideranças possam estar confiantes de si mesmas nas possibilidades de atingir
também suas metas pessoais. Assim sendo, a motivação deve ser um objetivo
46
permanente, um elemento integrante das políticas da empresa, um instrumento para
que o trabalhador sinta que seu trabalho é útil, interessante e com sentido; sendo ele
também, responsável pelos resultados esperados pela empresa.
Para que o homem se sinta com perspectivas de atingir novas metas, enfrentar
novos desafios deverá estar sustentado, alicerçado na sua auto-estima. Para isso é
necessário que a empresa o reconheça em sua individualidade, o reconheça como
parceiro, respeitando a pessoa do profissional fazendo com que ele veja o quanto é
importante sua função no sucesso e alcance das metas propostas.
Cabe, portanto, aos gestores ter habilidades para estabelecer uma política
motivacional, capacitando os trabalhadores para cada vez mais assumir
responsabilidades e aceitar desafios e isso envolve a disseminação do
conhecimento, oportunizar e delegar tarefas. A motivação inclui também a
otimização do relacionamento entre pessoas lidando com conflitos nas situações de
trabalho.
Este trabalho evidencia a relação existente entre motivação, liderança e
produtividade, admitindo o fato de que estes itens estão fortemente interligados.
Manter os funcionários motivados, confiantes em seu trabalho é papel da liderança
eficaz. Portanto, as empresas não podem separar tais temas, e este é o grande
desafio. Produtividade é o resultado esperado e certo. A motivação é esse conjunto,
que ao se combinar, transforma a empresa em um negócio poderoso.
As pessoas querem sentir-se parte importante e integrante da empresa, ser
reconhecida, elogiada, em suma, quer a realização de seus objetivos pessoais e
estes realizados, automaticamente a alavanca da produtividade é acionada
concretizando também os objetivos organizacionais.
Para tanto, os programas de treinamentos empresariais devem privilegiar o
desenvolvimento das habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal
criando condições de trabalho que incentivem e estimulem cada um dos
colaboradores objetivando a autodisciplina, auto-estima e flexibilidade para aceitar
as mudanças. Garantir condições de trabalho segura. Avaliar os colaboradores para
47
uma adequação de cargos. Desenvolver programas voltados para apresentação de
sugestões objetivando um ambiente participativo. Implantação de programas
visando a formação e qualificação dos funcionários, para que este tenha melhores e
maiores oportunidades quanto a sua empregabilidade e desenvolver o espírito de
equipe através de treinamentos e eventos.
O ser humano sempre está em busca de aprendizados, pois aprender é um
processo interminável, está sempre em evolução e para isso deve haver sintonia nos
relacionamentos, respeito, dignidade, amor; valores que constituem seu patrimônio
subjetivo. Para atender tais prerrogativas, as organizações devem esforçar-se para
que tais atitudes sejam incorporadas orgânica e funcionalmente em todas as
instâncias da gestão oportunizando a construção e reconstrução desta mais notável
criação que é o ser humano.
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