monografia - versao final

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12 FACULDADE ASSIS GURGACZ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO KARINE CRISTINA CORSO PROJETO RESIDENCIAL COM PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS CASCAVEL 2008

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Page 1: Monografia - versao final

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FACULDADE ASSIS GURGACZ

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

KARINE CRISTINA CORSO

PROJETO RESIDENCIAL COM PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS

CASCAVEL

2008

Page 2: Monografia - versao final

KARINE CRISTINA CORSO

PROJETO RESIDENCIAL COM PRÍNCIPIOS SUSTENTÁVEIS

Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da FAG, apresentado na modalidade Teórico-Projetual, como requisito parcial para a conclusão da disciplina TCC.

Orientador: Arquiteta Hitomi Mukai

CASCAVEL

2008

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KARINE CRISTINA CORSO

PROJETO RESIDENCIAL COM PRÍNCIPIOS SUSTENTÁVEIS

DECLARAÇÃO

Declaro de acordo com o item 2 do artigo 18 do Manual de TCC do Curso de Arquitetura e Urbanismo – FAG que realizei em julho de 2008 a revisão lingüístico-textual, ortográfica e gramatical da monografia do Trabalho de Conclusão de Curso denominado: Projeto Residencial com Princípios Sustentáveis de autoria de Karine Cristina Corso discente do curso de Arquitetura e Urbanismo – FAG.

Tal declaração contará das encadernações e arquivo magnético da versão final do

TCC acima identificado:

Cascavel 26 de agosto de 2008.

Deisi Kotinski Burtet

Bacharel licenciado em Letras. UNOESC – Universidade do Oeste de Santa

Catarina. Atual UNOCHAPECÓ – Universidade Comunitária de Chapecó/1997

1.013.000

Page 4: Monografia - versao final

FACULDADE ASSIS GURGACZ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

KARINE CRISTINA CORSO

PROJETO RESIDENCIAL COM TENDÊNCIAS SUSTENTAVEIS.

Trabalho apresentado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAG, como requisito básico para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da arquiteta professora Hitomi Mukai.

BANCA EXAMINADORA

Arquiteta Orientadora Faculdade Assis Gurgacz

Hitomi Mukai Mestre

Arquiteto Avaliador Faculdade Assis Gurgacz

César Saito Especialista

NBC – Arquitetura e Construções Luís Alberto Círico

Mestre

Cascavel, 03 de novembro de 2008

Page 5: Monografia - versao final
Page 6: Monografia - versao final

Dedico este Trabalho para meus pais, por todo

o investimento e a confiança que depositaram

em mim durante todos esses anos de estudo.

Page 7: Monografia - versao final

“Jovens arquitetos. Ao sairdes de nossa

querida Faculdade para enfrentar a vida

profissional, tão cheia de lutas, mas ao mesmo

tempo, tão fértil em alegrias e estímulos do

trabalho criador, abrem-se diante de vós as

avenidas de um futuro radioso e feliz. Tende a

certeza de que vosso futuro se confunde com o

do nosso povo e da nossa pátria – futuro de

progresso e da felicidade.”

João Batista Vilanova Artigas.

Page 8: Monografia - versao final

RESUMO

O impacto ambiental negativo causado pelo crescimento desregrado das cidades e pelo negligenciamento perante os recursos naturais é um tema de abrangência mundial, sendo que a construção civil é uma das principais responsáveis pelo descuido com o meio ambiente. Tem-se construído a esmo sem levar em consideração o sitio no qual se insere a obra e as conseqüências que a mesma acarreta o que nos tem levado a problemas ambientais graves como a falência dos recursos naturais, degradação das espécies, além das mudanças climáticas. Tendo em vista essa problemática busca-se encontrar alternativas para construir de forma ecologicamente correta, através de uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema. Dentre o que foi estudado procurou-se usar as técnicas que eram viáveis de serem realizados na cidade de Xaxim, pois se acredita que a sociedade tenha interesse em saber o quanto às construções afetam o meio ambiente e que existem maneiras de construir que minimizam essa degradação através de fatores simples como diminuição do uso de energia e água utilizando melhor a incidência solar e as características próprias do terreno onde se insere a obra. Sendo assim, no presente trabalho, foi desenvolvido o projeto de uma residência que pretende adequar-se ao tema da questão ambiental sem deixar de ter em mente a realidade a qual se insere.

Palavras-chave: Residência Ecológica. Desenvolvimento Sustentável. Impacto Ambiental.

Page 9: Monografia - versao final

ABSTRACT

The negative environment impact caused by the disorded increase of the cities and by the negligence in front of the natural resources is a worldwide embrace theme, and the civil construction is one of the most responsible by the environment carelessness. We have constructed without directions without think about the place in which the work will be inserted and the consequences that this work caused, what have made us have a lot of serious environment problems as the collapse of natural resources, species degradation, besides weather changes. In front of those facts I searched for alternatives to build in an ecologic way through bibliographic research about this theme. Among all the was studied I tried to use only the techniques which were possible to be accomplished in the city of Xaxim, because I believe that the society have interested in knowing about the effects of the civil construction in the environment and that are ways to build with a less degradation using simple facts as less use of energy and water, better use if the sun light and best use of the characteristics of the land where the work will be build. So, in this research was developed the project of a residence which intends to fit to the environment theme without forget the reality in which the project is build.

Word keys: Ecological Residence. Sustainable Development. Environment Impact.

Page 10: Monografia - versao final

LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Performance Média de Benefícios do LEED em Projetos Residenciais. 25

Tabela 2 – Ponderações de Categorias de Impactos de diferentes Instituições ..... 30

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Sistema de Captação da água da chuva ............................................. 32

Figura 2- Sistema de auto limpeza....................................................................... 33

Figura 3- Seção típica de um coletor plano. ........................................................ 37

Figura 4: Modelo TS2 de coletor solar Tecnosol ................................................. 39

Figura 5: Modelo de Boiler de Baixa Pressão Tecnosol com revestimento externo

em alumínio.......................................................................................................... 39

Figura 6- Fachada Sul.......................................................................................... 40

Figura 7 - Perspectiva na qual se pode ver o uso dos materiais. ......................... 42

Figura 8- Uso de vegetação em barreiras. ........................................................... 43

Figura 9- Casa Alvorada vistas – Porto Alegre - RS. ........................................... 44

Figura 10- Planta baixa e corte evidenciando o dimensionamento e as soluções

adotadas........................................................................................................... ... 45

Figura 11 – Terreno para a construção da obra localizado em Xaxim – SC, ...... 49

Figura 12 - Carta Solar de Xaxim Santa Catarina. .............................................. 54

Figura 13 – Componentes da cobertura verde.......................................................61

Page 12: Monografia - versao final

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12

1 PRIMEIRO CAPÍTULO: O SURGIMENTO DO TERMO SUSTENTABI-

LIDADE................................................................................................................ 15

1.1 SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA............................................... 16

1.1 Vantagens da arquitetura sustentável ....................................................... 17

1.1.2 Como obter a arquitetura sustentável ........................................................ 18

1.2 OS CRITÉRIOS LEED............................................................................... 22

1.2.1 Classificação por tipo de obra ................................................................... 24

1.2.2 Critério LEED para projetos residenciais ................................................... 24

2 SEGUNDO CAPITULO: SUSTENTABILIDADE EM CADA ETAPA DO

PROJETO ............................................................................................................ 26

2.1 SISTEMA DE REDUÇAO DE IMPACTO AMBIENTAL NO CANTEIRO

DE OBRAS........................................................................................................... 26

2.1.1 O planejamento do canteiro tem como objetivos....................................... 27

2.2 ESCOLHA DOS MATERIAIS..................................................................... 28

2.2.1 Uso de materiais locais.............................................................................. 28

2.2.2 Uso de materiais renováveis (Madeira e Fibras Vegetais)......................... 28

2.2.3 ACV – Análise do Ciclo de Vida dos Materiais .......................................... 29

2.3 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA.................................... 31

2.3.1 Elementos do sistema de captação da água da chuva.............................. 32

2.4 AQUECIMENTO SOLAR DA ÁGUA.......................................................... 34

2.4.1 Coletor solar: ............................................................................................. 35

Page 13: Monografia - versao final

2.4.2 Cálculo do reservatório e da área coletora ................................................ 36

3 TERCEIRO CAPÍTULO: CORRELATOS.................................................. 40

3.1 CASA EFICIENTE ..................................................................................... 40

3.1.1 Aspectos contextuais................................................................................. 40

3.1.2 Aspectos funcionais................................................................................... 41

3.1.3 Aspectos construtivos e ecológicos........................................................... 45

3.1.4 Aspectos compositivos e estéticos ............................................................ 43

3.2 CASA ALVORADA – PORTO ALEGRE – RS ........................................... 44

3.2.1 Aspectos contextuais................................................................................. 44

3.2.2 Aspectos funcionais................................................................................... 46

3.2.3 Aspectos construtivos e ecológicos ........................................................... 45

3.2.4 Aspectos compositivos e estéticos ............................................................ 46

4 QUARTO CAPITULO: DIRETRIZES PROJETUAIS................................ 48

4.1 ASPECTOS CONTEXTUAIS..................................................................... 48

4.2 ESCOLHA DO TERRENO......................................................................... 49

4.3 INTENÇÕES FORMAIS E ESPACIAIS ..................................................... 49

4.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES........................................................... .51

4.5 PRÉ-DIMENSIONAMENTO E PRÉ-REQUISITOS DA RESIDÊNCIA....... 51

4.6 ASPECTOS CONSTRUTIVOS E SUSTENTÁVEIS .................................. 54

4.6.1 MDF........................................................................................................... 55

4.6.2 Madeira de eucalipto reflorestada ............................................................. 56

4.6.3 Pisos laminados ........................................................................................ 57

4.6.4 Pisos cerâmicos ........................................................................................ 58

4.6.5 Telhas de concreto .................................................................................... 58

4.6.6 Solo-cimento............................................................................................. .59

Page 14: Monografia - versao final

5.6.7 Telhados verdes..........................................................................................59

4.6.8 Demais materiais.........................................................................................60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... .62

REFERÊNCIAS.................................................................................................... .64

Page 15: Monografia - versao final

12

INTRODUÇÃO

O crescimento desregrado das cidades e seu impacto ambiental, tal como a

escassez de recursos naturais nos leva a pensar num modo de construir sustentável

para evitar o alastramento desses aspectos negativos da construção civil.

Tendo isso em vista a maior preocupação com relação à arquitetura é

construir usufruindo desses recursos, porém de maneira a preservar a

biodiversidade o máximo possível para diminuir os problemas que poderão ser

enfrentados pelas gerações futuras.

No entanto, a grande maioria dos projetos que vem sendo desenvolvidos

com esta temática são de interesse social das camadas sociais bem baixas ou da

alta sociedade através de uso de tecnologias avançadas, logo, percebe-se a

necessidade de mostrar técnicas econômicas que possam ser usadas pela classe

média, que se encontra excluída do contexto de construir com uma base

sustentável.

Resumindo, busca-se mostrar alternativas que sejam passíveis de se

tornarem realidade de acordo com os recursos da sociedade em questão, para que

todos tenham acesso a essa arquitetura, diminuindo assim os riscos para o nosso

planeta.

Pois, apesar de a questão ambiental ser mundialmente discutida ainda falta

mostrar alternativas sustentáveis em revistas técnicas cuja viabilidade seja mais

acessível e compreensível aos interessados em construir com tais princípios.

Sendo assim o meio ambiente continua sendo devastado pela negligência em

relação aos recursos naturais e muitas vezes construímos projetos que não atendem

corretamente suas necessidades por não terem sido vistos como parte do contexto

ambiental do qual fazem parte.

Page 16: Monografia - versao final

13

Visando a importância do tema ecologia e sustentabilidade com relação a

indústria de construção civil e com a intenção de divulgar maneiras de construir que

podem ser empregadas em qualquer projeto costumeiro, mantendo os princípios

sustentáveis e visando a economia projetual criou-se o tema Projeto Residencial

com princípios sustentáveis.

Tendo em vista a problemática citada buscou-se mostrar de forma simples

de construir uma residência com parâmetros ecológicos utilizando tecnologias

simples que economizam água e energia e ainda possibilitam um conforto térmico

satisfatório aos seus moradores. Ou seja, buscou-se construir de uma forma

ecologicamente correta, socialmente aceita e viável de acordo com as condições

climáticas de onde se insere.

Nesse trabalho optou-se pelo método conhecido como pesquisa

bibliográfica, na qual se pesquisa a literatura disponível cuja importância tenha

relevância ao tema pesquisado, sendo que se deve ter em mente a veracidade e

credibilidade da fonte pesquisada e tem-se como resultado uma revisão bibliográfica

acerca do tema. Assim a pesquisa bibliográfica possibilitou o levantamento de dados

e informações contextuais para dimensionar e qualificar a problemática em estudo.

Para tal foi necessário fazer uma introdução à cerca de como surgiu o tema

da sustentabilidade e que características compõe seu significado no Primeiro

Capítulo do trabalho, mostrando claramente a aplicação da sustentabilidade nas

variáveis ambientais.

Logo em seguida após trazer a sustentabilidade para o contexto

arquitetônico procurou-se mostrar as vantagens de se usar as técnicas citadas e

buscou-se mostrar o que vem sendo realizado com relação à questão ambiental

pelas empresas que já tem uma preocupação e conscientização a respeito do tema.

Page 17: Monografia - versao final

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No Segundo Capítulo após já ter uma base teórica fundamentada sobre a

arquitetura sustentável citou-se maneiras de atingir o objetivo da pesquisa através

de técnicas simples desenvolvidas em cada etapa do projeto, desde a organização e

gerenciamento do canteiro de obras até a escolha de materiais de revestimento que

não agridam o meio ambiente.

No Terceiro Capitulo após ter finalizado a revisão bibliográfica sobre o tema

apresentam-se os correlatos os quais são projetos já realizados com base em

técnicas apresentadas no trabalho e cuja viabilidade mostra-se simples e de acesso

facilitado mesmo à população de baixa renda, pois algumas soluções são

relativamente simples.

Para finalizar foram apresentadas as diretrizes do projeto para o qual foi

desenvolvida essa pesquisa, mostrando os critérios usados para escolha do terreno

e posterior concepção da volumetria, tendo como base as condições climáticas e

ambientais da cidade de Xaxim, para a qual se desenvolveu o estudo.

Finalizando têm-se as conclusões tidas ao fim da pesquisa. Também se encontra

nessa parte da pesquisa os materiais utilizados na obra e suas características

econômicas e sustentáveis.

Page 18: Monografia - versao final

15

1 PRIMEIRO CAPÍTULO: O SURGIMENTO DO TERMO SUSTENTABILIDADE.

O termo original “desenvolvimento sustentável” foi retirado do Relatório de

Brundland que se trata de um documento também intitulado “Nosso Futuro Comum”,

publicado em 1987 no qual desenvolvimento sustentável se define como satisfazer

as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras

suprirem suas próprias necessidades.

Tal relatório foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas e presidida pela então Primeira-

Ministra da Noruega Gro Harlen Brundland. O relatório foi uma crítica ao modelo de

desenvolvimento dos países industrializados e apontou os riscos do uso

desenfreado dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos

ecossistemas. Sendo assim, o relatório apresentou várias estratégias de âmbito

internacional a serem seguidos pelas nações para obter um desenvolvimento

sustentável.

Dentre algumas soluções expostas pelo documento incluem-se: preservação

de biodiversidade e ecossistemas, diminuição do consumo de energia e uso de

fontes enérgicas renováveis, uso de novos materiais na construção, reciclagem de

materiais reaproveitáveis, e adoção de estratégias de desenvolvimento sustentável.

Alguns anos mais tarde na conferência Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro

em 1992, surgiu a Agenda 21 que se trata de um documento que estabeleceu a

importância de cada governo, cada país se comprometer a pensar em soluções para

os problemas sócio-ambientais, sendo que cada governo desenvolve a sua própria

Agenda 21.

Page 19: Monografia - versao final

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No Brasil as discussões a respeito da Agenda 21 são coordenadas pela

Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional

(CPDS). A partir da Agenda 21 passou-se a repensar o planejamento rumo ao

desenvolvimento sustentável, sendo que dentre as ações brasileiras se inserem a

inclusão social, a sustentabilidade urbana e rural, preservação dos recursos naturais

e ética política para planejar esse desenvolvimento.

1.1 SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

A palavra sustentabilidade, segundo o arquiteto Viggiano (2007), muito em

voga no meio acadêmico quanto na mídia, já começa a conscientizar grandes

empresas da importância dessa realidade, porém ainda falta vê-la apresentada de

forma pratica e viável em revistas técnicas destinadas a um público que espera

soluções que se enquadrem em sua realidade financeira.

Já Corcuera (2007), mestre em Arquitetura Sustentável trás que: “a

sustentabilidade é o ponto chave do desenvolvimento”.

Sendo que o conceito quando associado à arquitetura recebe o nome de

Arquitetura Sustentável, ou ainda Eco-Sustentável. Pode ser chamada ainda de

Arquitetura Bioclimática, visando que este tema se apóia em dois pilares básicos:

energia e meio ambiente.

Pois como já disse Romero (1998): “Arquitetura e clima são conceitos

inseparáveis. Porém, produziu-se em tão larga escala uma arquitetura dissociada do

clima que foi necessário criar uma segunda arquitetura e batizá-la de bioclimática”.

Pode-se dizer então que uma Arquitetura Sustentável pressupõe ser

Bioclimática. Sendo assim temos o seguinte conceito segundo o arquiteto sistêmico

Page 20: Monografia - versao final

17

Viggiano (2007): “Um projeto sustentável, por definição, é aquele capaz de

proporcionar benefícios na forma de conforto, satisfação e qualidade de vida, sem

comprometer a infra-estrutura presente e futura dos insumos, gerando o mínimo

possível de impacto no meio-ambiente e alcançando o máximo possível de

autonomia.”

Logo, para que um projeto seja considerado sustentável ele precisa ser

socialmente justo, economicamente viável e preservar o meio ambiente. Sendo que

na arquitetura, esses parâmetros se obtêm através da eficiência enérgica da obra,

correta especificação dos materiais, proteção da paisagem natural, planejamento

territorial e aproveitamento dos edifícios existentes.

1.1.1 Vantagens da Arquitetura Sustentável

Para Corcuera (2007) há benefícios de utilizar esses parâmetros dentro da

arquitetura, dentre os quais podemos destacar abaixo os benefícios sociais,

ambientais e econômicos:

• Sociais: inclusão social, acessibilidade física, bem-estar e salubridade.

• Ambientais: redução do impacto ambiental, preservação e conservação de

recursos naturais.

• Econômicos: redução do investimento de construção, redução do custo de

utilização da edificação, possibilidade de reuso ou readequação da edificação e

componentes para novas finalidades.

Page 21: Monografia - versao final

18

Ainda, segundo Camana (2007): “construir de modo sustentável implica num

forte empenho ético e profissionalismo de todos os envolvidos na obra, desde os

projetistas ao usuário”.

Podemos citar como o forte impacto ambiental da construção civil se reflete

nos fatores a seguir:

• Poluição urbana e atmosférica crescente responsável pelo agravamento de

fenômenos como o efeito estufa e o buraco na camada de Ozônio;

• O uso de produtos cada vez mais sintéticos e tóxicos torna o canteiro de obras

uma instalação produtiva de alto risco;

• O consumo descontrolado de recursos não-renováveis, especialmente petróleo e

água;

• O consumo excessivo de energia fóssil;

• Produção maciça de escórias e refugos.

Tendo em vista esses dados, fica clara a necessidade urgente de buscar-se

formas de construir que diminuam da degradação ambiental.

1.1.2 Como obter a Arquitetura Sustentável

Além dos recursos naturais que temos disponíveis na Arquitetura

Bioclimática, muito se pode fazer em nível de equipamentos, como por exemplo,

equipamentos para coleta e tratamento da água da chuva, tratamento de esgoto

residencial, equipamentos que economizem energia dentre outros.

Também se pode ter em vista que energia e água compõem dois parâmetros

imprescindíveis na obtenção da arquitetura sustentável, pois pra o projeto atender

Page 22: Monografia - versao final

19

esse quesito é preciso saber equacionar de forma correta os dois a respeito do que

pode ser economizado reaproveitado ou descartado.

Sendo assim a sustentabilidade se consegue nas pequenas ações que

compõe o projeto como um todo e assim disserta-se sobre como colocar esses

aspectos num projeto de acordo com as características locais da cidade na qual se

insere.

Segundo Campos (2008), há formas bem simples de se obter um edifício

sustentável mantendo a economia e a preservação ambiental tendo em vista alguns

critérios básicos:

•Localização urbana: A posição de um edifício em relação ao sol e aos ventos é

muito importante e determina a maioria das necessidades térmicas dos espaços

internos

• Circulação na região: Devem ser preferidos locais arejados, com pouco trânsito e

bem servidos em termos de transportes públicos. Com isto, haverá menos poluição e

melhores alternativas de locomoção.

• Orientação e insolação: Observar a orientação do edifício para que ele receba a

dose adequada de energia solar mantendo o conforto térmico.

• Proteção contra o sol: O uso de técnicas como brise-soleil varandas, persianas

ou até mesmo vegetação são adequadas para proteger as áreas do edifício que

serão afetadas pelo sol.

• Proteção contra ventos frios: O lado Sul da habitação deve ser reservado à

ambientes transitórios como banheiros, despensas, cozinhas e outros cômodos que

necessitem de poucas aberturas para o exterior. No Brasil, sobretudo na região Sul e

Sudeste, o vento frio vem predominantemente do sul, e devem-se prever proteções

Page 23: Monografia - versao final

20

como vegetação ou muros caso não se possa usar esta face para os ambientes já

citados. Com isto a necessidade de calefação é quase nula.

• Iluminação natural: Prefira áreas iluminadas naturalmente para minimizar o uso

de iluminação artificial.

• Lâmpadas adequadas: Opte por lâmpadas de baixo consumo e procure usar

iluminação localizada, colocando luz só onde seja de fato necessária.

• Eletrodomésticos de baixo consumo: Use os aparelhos mais eficientes que

puder e note que nem sempre os mais eficientes são necessariamente os mais

caros.

• Cuide do isolamento térmico: A idéia é manter uma temperatura constante

dentro do edifício. Para isso devem-se preferir materiais com baixo índice de

condutibilidade térmica e baixo teor de energia incorporada. E quanto à alvenaria, os

tijolos de barro maciço são uma boa opção.

• Caixilhos e vidros: Em termos de conservação de energia, preferência para

vidros são fabricados de forma a promover redução da transmissão térmica. Vidros

duplos são indicados para a conservação de energia, mas é conveniente usar

caixilhos com grelhas de ventilação, para facilitar a renovação do ar sem a

necessidade de exaustão mecânica.

• Materiais de construção: Deve-se dar preferência aos de baixo impacto

ambiental, não só na sua produção, mas também ao longo da sua vida útil. Informe-

se sobre a questão da reciclagem, prefira aqueles vindos de processos que utilizem

material reciclado e/ou que gerem resíduos não agressivos ao ambiente e que

possam ser reciclados posteriormente.

Page 24: Monografia - versao final

21

• Cobertura: Verificar que a cobertura do edifício tenha isolamento adequado.

Prefira um isolamento durável e resistente à água, preferencialmente colocado sobre

uma camada impermeabilizada logo acima da laje.

• Isolamento do solo: No pavimento térreo e em todos os pisos que tenham contato

direto com o solo, optar por materiais resistentes à água. Se a região for de clima

frio, cuidar do isolamento térmico também, usando materiais que evitem perdas

térmicas.

• Ventilação: Uma edificação com ventilação insuficiente poderá reter umidade do ar

afetando o conforto e até mesmo a saúde dos habitantes.

• Cores: As cores das fachadas e das coberturas influenciam diretamente o conforto

térmico. Considere que as cores claras não absorvem tanto calor como as mais

escuras.

• Energia renovável - Procure usar equipamentos que funcionem à base de energia

renovável. Algumas sugestões:

a)Coletores solares térmicos: Captam a energia do Sol e a transformam em calor,

poupando até 70% da energia necessária para o aquecimento de água.

b) Painéis solares fotovoltaicos: A energia solar é convertida em energia elétrica.

Podem ser utilizados inclusive em locais isolados, com ou sem rede elétrica ou como

sistemas ligados à rede.

c) Bombas de calor geotérmicas: Sistemas que aproveitam o calor do interior da

Terra para o aquecimento do ambiente.

d) Mini-turbinas eólicas: Geram eletricidade a partir da energia do vento, é muito

usada nos EUA e na Europa. Podem reduzir o consumo de eletricidade de 50% a

90%.

Page 25: Monografia - versao final

22

•Poupe água: Use louças sanitárias que funcionem com pouca água, e instale

sistemas de regulagem do fluxo de água nas torneiras.

•Use a água da chuva: Se tem terreno disponível, existe a possibilidade usar mini-

estações de tratamento de água ou cisternas de armazenamento de águas pluviais,

para futuro uso em descargas não potáveis como jardim, bacias sanitárias ou

lavagem de automóveis. Além de diminuir o consumo de água da rede pública, a

retenção de águas pluviais dentro do lote diminui o volume de água jogado nas vias

públicas, diminuindo as enchentes comuns nas áreas urbanas no Brasil.

•Recicle o lixo: Em condomínios, preveja espaço destinado à separação de

resíduos domésticos para facilitar a reciclagem.

Quando construir deve-se adotar pelo menos algumas dessas opções

dadas acima, pois é mais difícil usá-los em reforma que utilizá-los logo do inicio do

projeto. Segundo Campos (2008) “A redução de consumo de energia e a diminuição

de resíduos lançados no meio ambiente beneficia a todos, inclusive o proprietário do

imóvel”.

1.2 OS CRITÉRIOS LEED

Tendo em vista a necessidade de rever as formas de construir, já existem

conselhos destinados a certificar construções consideradas “verdes”, ou seja,

ecologicamente corretas.

O critério LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi criado

pelo U.S Green Building Council (USGBC) que se trata de um conselho aberto e

voluntário a nível mundial, e abranje lideranças de vários setores da indústria da

construção.

Page 26: Monografia - versao final

23

O USGBC tem como objetivo prover e trocar idéias que visam transformar a

arquitetura convencional em arquitetura sustentável.

A agência do banco ABN Anro Real contou com assessoria da Sustentáx

Engenharia Ambiental para obter o LEED. A Sustentax é uma empresa que se

dedica a projetos de sustentabilidade e desenvolve o gerenciamento de certificados

de prédios com base no critério LEED.

A diretora da empresa Paola Figueiredo, uma das poucas profissionais

brasileiras acreditadas pelo USGBC informou que a consultoria foi acionada em

2006 para avaliar e acompanhar o que foi desenvolvido no projeto: uso de

iluminação natural, painéis de energia solar e uso de materiais ecologicamente

corretos como tijolos reciclados e pisos de madeira certificada.

Conforme Figueiredo (2008):

Os produtos têm peso na avaliação LEED, mas não basta que sejam “verdes”, é preciso que tenham qualidade, durabilidade, que se conheça a origem, as condições como os produtos foram fabricados, se foram considerados fatores externos, como o transporte dos materiais, à distância percorrida pelo produto para chegar até a obra, dentre outras questões.

O uso de materiais recicláveis e que economizem água e energia pode

garantir até 13 pontos no sistema LEED de avaliação. A pontuação é importante

para avaliar o nível de comprometimento dos edifícios com a questão ambiental. Em

junho de 2006 o edifício Adobe’s West Tower foi o primeiro edifício nos Estados

Unidos a obter avaliação LEED Platinum, grau máximo de pontuação, para edifícios

já construídos.

Quanto ao critério de classificação elaborado pelo USGBC apresenta regras

em função do tipo de obra que se deseja certificar. Estão sendo desenvolvidas

regras de avaliação para setores da saúde, laboratórios e escolas.

Page 27: Monografia - versao final

24

1.2.1: Classificação por tipo de obra

LEED–NC – Novos edifícios comerciais e grandes projetos de renovação

LEED-EB – Edifícios existentes

LEED-CS – Core and Shell (estrutura, envelope, sistemas e HVAC)

LEED-CI – Projetos de interiores de edifícios comerciais

LEED-H – Residencial

LEED-ND – Desenvolvimento do bairro

1.2.2 Critério LEED para projetos residenciais

Para uma residência ser considerada verde e receber o certificado LEED ela

precisa atender alguns critérios básicos, como um baixo consumo de energia, gerar

pouco desperdício e se tornar saudável e confortável para seus ocupantes.

Além disso, as residências certificadas pelo LEED podem ter sido já construídas com

os critérios “verdes” ou recebido reformas para se adequarem a eles.

Na tabela abaixo há os benefícios gerados pelas casas certificadas pelo

LEED em redução de energia, redução do consumo de água e menor desperdício

durante construção, respectivamente:

Average Performance Achievements from LEED for Homes Projects

Last update: March 18, 2008

Energy Use Reduction

Water Use Reduction

Construction Waste Diverted

from Landfill

LEED-Certified Homes

30% 20% 40%

LEED-Silver Homes

40% 30% 50%

Page 28: Monografia - versao final

25

LEED-Gold Homes

50% 40% 60%

LEED-Platinum Homes

60% 50% 70

Tabela 01: Performance Média de Benefícios do LEED para Projetos Residenciais. Fonte: http://www.greenhomeguide.org(2008)

Basicamente o sistema LEED mede a performance sustentável da casa em

oito aspectos:

•Inovação e Design

•Locação

•Terreno sustentável evitando ao máximo o impacto ambiental

•Eficiência no uso da água

•Eficiência energética e Atmosfera

•Recursos e materiais

•Qualidade do ambiente externo melhorando a qualidade do ar e diminuindo a

exposição a agentes poluentes.

•Educação e consciência do dono da residência e de quem a construiu sobre os

benefícios de manter uma casa “verde.”

No decorrer do trabalho serão apresentados em correlatos projetos que

levam em consideração ao menos alguns dos critérios citados acima.

Page 29: Monografia - versao final

26

2 SEGUNDO CAPÍTULO: SUSTENTABILIDADE EM CADA ETAPA DO PROJETO

No capitulo anterior discutimos a importância de construir de maneira

ecológica respeitando os recursos naturais no meio no qual se instala a obra, e

várias maneiras de conseguir chegar a esse objetivo.

Nesse capítulo esses requisitos básicos de sustentabilidade serão expostos

em cada etapa do projeto.

2.1 SISTEMA DE REDUÇAO DE IMPACTO AMBIENTAL NO CANTEIRO DE OBRAS

Segundo Formoso (2006) um bom planejamento e distribuição de fluxos

dentro do canteiro de obras acarretam num menor desperdício de materiais o que

conseqüentemente torna a obra mais sustentável, além de acelerar a produtividade

através de um bom gerenciamento que evite degradação ambiental. Citamos abaixo

alguns dos problemas causados por construção de obras:

•A geração de energia no canteiro por geradores de combustão pode causar

incômodo sonoro à vizinhança;

•As construções provisórias quando mal construídas podem causar riscos a saúde,

pela falta de higiene;

• A ocupação da via pública por materiais ou caçambas gera incômodos e pode

causar acidentes no desvio das mesmas;

• O armazenamento incorreto de materiais tóxicos pode causar vazamentos

causando contaminação química do solo.

Page 30: Monografia - versao final

27

Tendo em vista os problemas citados o projeto da FINEP, Tecnologia para

uma construção habitacional mais sustentável aponta a criação de um sistema de

redução de impacto ambiental no canteiro de obras, que deve ser criado pela

empresa responsável pela obra após uma avaliação criteriosa dos problemas que a

mesma acarreta.

Dentre as medidas a serem tomadas para a redução de impacto ambiental

no canteiro de obras, destacam-se:

a)Reduzir a produção de resíduos e gerenciar os mesmos organizando a triagem, a

coleta e o transporte dos mesmos;

b) valorizar a reciclagem e o reuso levando em consideração a origem da madeira

usada nas construções temporárias;

c)limitar os incômodos causados pelo canteiro (poluição sonora, visual, etc.);

d)limitar o consumo dos recursos;

e) limitar a poluição causada pelo canteiro (solo, água, ar);

f)criar métodos gerenciais que minimizem esses impactos e evitem acidentes de

trabalho.

2.1.1 O planejamento do canteiro tem como objetivos:

• A melhor utilização do espaço físico disponível para que homens e máquinas

trabalhem com eficiência e segurança diminuindo a movimentação de materiais e

mão de obra;

• Manter a limpeza e a segurança no canteiro de obras, motivando operários;

• Minimizar distâncias de transporte e materiais.

Page 31: Monografia - versao final

28

Levando em consideração todos esses fatores pode se conseguir um

canteiro de obra mais seguro, sustentável e organizado melhorando a qualidade de

trabalho dos operários e diminuindo a degradação ambiental e os incômodos

perante a vizinhança do mesmo.

2.2 ESCOLHA DOS MATERIAIS

Ainda segundo o mesmo estudo se conclui que a construção de edificações

consome até 75% dos recursos naturais, logo o impacto ambiental é visível,

principalmente porque a maioria destes recursos não são renováveis.

Sendo assim, uma construção mais sustentável depende da seleção correta

de materiais e componentes o que resulta além do menor impacto ambiental,

acarreta em beneficio social dada determinada situação econômica.

2.2.1 Uso de materiais locais

O uso de materiais locais diminui as emissões e o consumo de combustíveis

decorrentes do transporte, do local de extração até o local da construção. Outra

vantagem do uso de materiais locais é criar ligações mais fortes entre as pessoas e

o meio ambiente que as circunda, (GIBBERD, 2004.) diz: “na medida em que pelo

fato da produção ser local, suas conseqüências positivas ou negativas sobre o

ambiente são mais percebidas pela população local”.

2.2.2 Uso de materiais renováveis (Madeira e Fibras Vegetais)

Page 32: Monografia - versao final

29

A madeira é constantemente utilizada na construção civil e apontada como

material sustentável pela retenção de gás carbônico e pelo potencial de reciclagem e

renovação. No entanto a retenção de gás carbônico só se obtém quando a madeira

provém de florestas plantadas ou quando a extração é compensada com o plantio

de novas árvores.

Mesmo assim Petersen e Solberg (2005) mostraram que a madeira oferece

riscos ao meio ambiente como: destruição do habitat e deslocamento de espécies

animais, extinção de espécies vegetais, poluição do solo durante a extração, riscos a

saúde humana devido à exposição ao pó da serragem.

Além disso, algumas espécies frequentemente usadas na construção estão

em risco de extinção como Pinho do Paraná, peroba rosa, imbuia e outras indicadas

pelo IBAMA (2004). Por isso, que para a obra ser considerada sustentável o uso

deve constituir apenas por madeira certificada. Outros materiais que podem ser

mencionados para esse fim são as fibras de celulose que podem ser aplicadas na

fabricação de telhas e possibilitam a reciclagem de resíduos.

2.2.3 ACV: Análise do ciclo de vida dos materiais

A Análise do Ciclo de Vida tem sido reconhecida como a forma mais

abrangente e eficiente de avaliação ambiental de produtos. (WEDEIMA,2000;

ERLANDSSON; BORG, 2003; FAWER, 1999.)

A ACV se baseia nos impactos originados pelo produto em todo seu ciclo de

vida e é regulamentada pela série ISO 14040-14042 e se encontra em constante

desenvolvimento.

Page 33: Monografia - versao final

30

No entanto, segundo a IEA Annex (2001) até as ferramentas mais

sofisticadas não podem contabilizar todas as variáveis e processos do ciclo de vida

de determinado material, assim é preciso limitar o foco para os aspectos mais

relevantes.

Logo, a interpretação de uma ACV requer a ponderação de diferentes

impactos ambientais porque é preciso reduzir o número de critérios de avaliação,

buscando-se um índice único que permita decisões objetivas. Porém há uma grande

variabilidade de pesos dos aspectos impactantes até mesmo entre entidades de um

mesmo país, como se pode ver na tabela abaixo:

Tabela 2: Ponderações de categorias de impacto de diferentes instituições americanas. Fonte: Seleção de Materiais. Habitare.

Além disso, a ACV de materiais de construção pode diferir da ACV de bens

de consumo, devido à peculiaridade dos primeiros, que acabam por demandar

categorias de impacto diferenciadas. (KOTAJI; 2003; OECD, 2003). A vida útil de

um material pode sofrer alterações significativas em função de detalhes do projeto e

Page 34: Monografia - versao final

31

do clima da região, interferindo assim em sua durabilidade. Esse problema tem sido

subestimado pelas ACVs voltadas para a construção civil, muitas das quais

consideram a vida útil uma propriedade fixa do material. A carbonatação e a fixação

de gás carbônico por cimento e materiais a base de cal hidratada também são

fatores geralmente ignorados.

Um sistema interessante, baseado na ACV é o BEES (Lippiat, 2002), que

combina valores médios com dados específicos de empresas, permitindo ao

consumidor a comparação de valores entre produtos similares.

Apesar dessas limitações apresentadas a ACV é de longe a melhor

ferramenta para seleção de materiais com base na sustentabilidade ambiental e

medida em que houver mais dados sua precisão também deve ser aumentada e

seus custos tendem a diminuir.

2.3 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA

O sistema de captação da água da chuva consiste em armazenar e reutilizar

a água proveniente das chuvas em superfícies impermeáveis, como lajes, telhados e

pisos. Visando que essa água não é potável deve-se limitar o uso dela em atividades

que não necessitem de água nesse estado.

Segundo Fewkes (1999) “os sistemas de captação da água da chuva podem

ser implantados através de soluções tecnicamente simples que reduzem

significativamente o consumo de água potável”

Para regiões chuvosas é extremamente indicado, enquanto para regiões

mais secas convém a implantação de unidades de reservarão maiores.

Page 35: Monografia - versao final

32

A figura abaixo mostra um esquema simples de como funciona o sistema de

captação da água da chuva.

Figura 1- Sistema de Captação da água da chuva Fonte: Prado (2007)

O sistema de captação da água da chuva não deve ser misturado com a

água potável a fim de se evitar a contaminação. Além disso, a água da chuva deve

ser constantemente monitorada para se ter a certeza de que o manuseio da mesma

seja seguro para o usuário.

2.3.1 Elementos do sistema de captação da água da chuva

• Sistema de captação: trata-se das lajes e telhados, locais de onde provém a

água utilizada. A água escoada pelas superfícies como pisos não são enviadas para

o reservatório por serem consideradas as mais sujas.

• Sistema de transporte: constituído pelas calhas e condutores verticais e

horizontais que encaminham a água ao reservatório.

• Sistema de descarte: descarta automaticamente o volume de água coletado nos

primeiros minutos de chuva e escoa sobre as superfícies.

Page 36: Monografia - versao final

33

Existem vários métodos utilizados para esse descarte, no entanto pode-se

citar o sistema de auto limpeza. Esse sistema consiste em reter o volume inicial em

um reservatório de descarte, que deve ser posteriormente limpo manualmente.

O sistema possui uma válvula que descarta automaticamente o volume de

água inicial fechando o fluxo de água após certo período e só então a água é

encaminhada para o reservatório de armazenamento, como se pode ver

exemplificado na figura a seguir:

Figura 2- Sistema de auto limpeza. Fonte: Prado (2007)

• Sistema de gradeamento: geralmente consiste num filtro colocado anteriormente

ao sistema de auto limpeza para impedir que sólidos, (como folhas, gravetos, papéis,

etc...) cheguem ao reservatório de armazenamento.

• Sistema de reservação: armazena a água coletada, para fins não potáveis.

Recomenda-se o uso de reservatórios de fibra de vidro, plástico, poliéster ou

material similar, pois sofrem menor agressão da decomposição de matéria orgânica

e da variação de dos índices físicos de qualidade das águas.

Page 37: Monografia - versao final

34

Para se obter maior sustentabilidade do sistema, pode-se ligar um

extravasor ao reservatório de água ligado a um sistema de drenagem que promove a

infiltração do excesso no solo.

Já para facilitar a distribuição dessa água armazenada nos pontos de água

não potáveis recomenda-se também que o reservatório se encontre sob a telha e

que os pontos de água não potável sejam previamente identificados para evitar

confusões entre água potável e água da chuva.

Também se deve ter em vista que a água não se acumule em locais

descobertos como calhas, para evitar a proliferação de insetos.

Viggiano (2007) cita em um de seus artigos o uso da técnica no Brasil e o

investimento resultante da mesma

Para se conceber um sistema de aproveitamento de água da chuva nas residências é necessário que se tenha um sistema de calhas no telhado para fazer a captação. Depois de captada, a água da chuva é direcionada para uma cisterna passando antes por um filtro especial. Depois de ser armazenada, esta água é bombeada para uma caixa d’água própria localizada no telhado, ao lado da caixa de água potável, sendo então distribuída para os usos previstos. Todos os equipamentos que compõem o sistema já são fabricados no Brasil e podem ser encontrados facilmente em representantes por todas as capitais. Em se tratando de investimentos, a água da chuva pode vir a ser um excelente negócio. Estudos práticos em sistemas já instalados provam que se pode obter um payback (retorno do investimento) que começa com dois anos, chegando há seis anos. Algumas variáveis são responsáveis por esta diferença de tempo e estão, na maior parte das vezes, ligadas ao potencial climático e ao calendário de chuvas da região. O preço da água cobrado pelo concessionário de água e esgoto, bem como a necessidade de armazenamento são outros fatores cruciais no cálculo do payback.

Mais do que um grande negócio, o aproveitamento da água da chuva passa

a ser uma resposta da sociedade a um problema que começa a se tornar crônico na

maioria dos centros urbanos.

2. 4 AQUECIMENTO SOLAR DA ÁGUA

Page 38: Monografia - versao final

35

O uso do aquecimento solar de água no Brasil é uma técnica bastante

conveniente visando que é um recurso renovável e bastante disponível e ilimitado.

Além disso, o custo de manutenção e operação é mínimo contanto apenas com o

uso de energia elétrica convencional nos dias de pouca insolação, sem contar que a

durabilidade do aquecedor solar é de cerca de 20 anos por utilizar materiais como

alumínio e aço inoxidável.

Esse sistema é basicamente constituído pelo coletor solar, reservatórios e

componentes que englobam uma fonte auxiliar de energia e uma rede de

distribuição de água quente. O reservatório se faz necessário porque a demanda por

água quente geralmente não coincide com os horários de insolação, sendo que a

demanda geralmente ocorre no período da noite.

2. 4.1 Coletor solar:

Segundo Lima (2003, p 11) “o coletor é o dispositivo responsável pela

captação de energia pelo sol e sua conversão em energia utilizável.”

Os coletores são divididos em planos e de concentração, sendo que no

projeto desenvolvido para esta pesquisa optou-se pelo uso do coletor plano devido

às suas vantagens.

Conforme Lima (2003, P.13) “as vantagens do coletor plano em relação aos

demais tipos são: a simplicidade de construção, relativo baixo custo, nenhuma parte

móvel, sem dificuldade de operar em dias nublados, relativa facilidade de reparo e

durabilidade.”

Page 39: Monografia - versao final

36

Para Hudson e Makell (1985) “O coletor plano recebe e utiliza a radiação

solar na mesma superfície. Sendo que é composto por uma placa absorvedora na

cor preta, tubulações por onde escoa o fluido a ser aquecido, isolamento térmico e

cobertura transparente.”

A placa absorvedora converte a energia em calor, transfere para as

tubulações e em seguida para o fluido. Tanto as placas quanto as tubulações são

construídas com metais de alta condutibilidade térmica, ou seja: cobre, aço ou

alumínio, geralmente.

A cobertura transparente, feita de vidro comum reduz as perdas radiativas

da placa absorvedora, sendo responsável pelo efeito estufa ao refletir de volta a

radiação infravermelha para a placa.

Como fluido a ser aquecido nas tubulações pode se utilizar a própria água

ou outro líquido quando é necessária proteção contra o congelamento. Atualmente

se utiliza etileno glicol como fluido de transferência. (LIMA, 2003)

É recomendável que o material isolante do coletor seja capaz de resistir a

temperaturas de até 204º C sem produzir substâncias voláteis (ASHRAE, 1996,

apud LIMA, 2003). Os materiais mais utilizados nessa isolação são fibra mineral,

fibra cerâmica, espuma de plástico, ou fibra de vidro.

Page 40: Monografia - versao final

37

Figura 3- Seção típica de um coletor plano. Fonte: www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br

As propriedades dos coletores planos podem ser melhoradas utilizando-se

filme de teflon, vidro, tratamento anti-refexivo e um refletor. (HELLSTROMetal,

2003).

2.4.2 Cálculo do reservatório e da área coletora

Para que o aquecimento solar realmente seja eficiente é preciso fazer um

calculo da demanda de água quente para saber o tamanho de área coletora

necessária. Sendo assim no projeto em questão temos 4 pessoas que utilizarão

água quente somente nos banheiros, então por critérios da Norma NBR7198 e da

norma NBR15569 considera-se 50 litros para cada banho.

Pensando-se que cada um tome em média 2 banhos ao dia temos o

seguinte cálculo:

• Volume do reservatório térmico = Volume médio de água quente.

• Volume médio de água quente = número de pessoas x consumo.

• Volume médio de água quente = 4 x 100 (2 banhos diários.) = 400 litros.

Page 41: Monografia - versao final

38

Diante disto é necessário que o reservatório tenha capacidade para 400

litros.

Nessa situação, ou seja, uma residência para quatro pessoas com consumo

de 400 litros diários, considera-se 1 m2 de área coletora para cada 100 litros ainda

segundo as mesmas normas. Logo, na residência em questão necessita-se de 4m2

de área coletora.

Há duas opções de sistema: o convencional e o acoplado. Para receber o

convencional, a residência precisa ter uma rede hidráulica para água quente. Os

tubos de cobre são os mais indicados, pois suportam temperaturas de até 220ºC,

além de altas pressões.

Tendo em vista que alguns fabricantes, como a Transsen se propõem a

fazer esses cálculos e enviar um orçamento detalhado de acordo com a necessidade

de cada projeto. Além disso, no site do fabricante é possível encontrar detalhes

sobre a instalação e manutenção do equipamento. Também se deve levar em

consideração que esse sistema foi feito com o intuito de ser mais utilizado no inverno

e assim sendo quanto mais inclinado for coletor, melhor será seu funcionamento

nesta estação.

Abaixo se pode ver os modelos de coletores e aquecedores da Tecnosol,

que por sua vez são os utilizados no projeto descrito nesta pesquisa:

Page 42: Monografia - versao final

39

Figura 4: Modelo TS2 de coletor solar Tecnosol. Disponível em http://www.tecnosol-aquecedores.com.br. Acesso em 2 de outubro de 2008.

Figura 5: Modelo de Boiler de Baixa Pressão Tecnosol com revestimento externo em alumínio. Disponível em http://www.tecnosol-aquecedores.com.br. Acesso em 2 de outubro de 2008.

Na residência desenvolvida foram utilizados dois coletores solares de 1m x

2m e um boiler para armazenamento da água com capacidade para 400 litros, sendo

que as medidas são as seguintes, utilizando a figura acima como modelo:

Medida A: 670mm; Medida B: 1680mm; Medida C: 1600mm.

Page 43: Monografia - versao final

40

3 TERCEIRO CAPÍTULO: CORRELATOS

No capitulo anterior foram abordadas as várias formas de se obter uma

residência mais sustentável, desde o canteiro de obras até o projeto em si. Sendo

assim, no capitulo a seguir serão expostos projetos nos quais foram utilizados senão

todos pelo menos alguns dos critérios apontados anteriormente.

3.1 CASA EFICIENTE

3.1.1 Aspectos contextuais

A Casa Eficiente é um projeto da Eletrobrás e Eletrosul em parceria com o

Laboratório de Eficiência Energética em edificações da Universidade Federal de

Santa Catarina (UFSC).

Figura 6- Fachada Sul Fonte: http://www.eletrosul.gov.br.

Page 44: Monografia - versao final

41

Foi projetada com o objetivo de incentivar o uso de soluções eficientes na

construção civil tendo em vista o uso racional de energia elétrica e diminuição de

impacto ambiental.

Atualmente ela também é sede do LMBEE – Laboratório de Monitoramento

Ambiental e Eficiência Energética, onde são desenvolvidas pesquisas pela equipe

da UFSC.

3.1.2 Aspectos funcionais

A partir do programa de necessidades estabelecido ( 2 quartos, 1 sala de

estar/jantar, 1 cozinha, 1 área de serviço coberta, 1 banheiro, 1 área para recepção),

todo o projeto arquitetônico foi baseado no estudo nas condicionantes climáticas

locais assim como radiação solar, sombreamento de elementos externos e ventos.

Todas as instalações da casa foram projetadas com a intenção de permitir seu

acesso aparente sem necessidade de eventuais reformas, evitando gastos futuros.

Sem contar que todos ambientes foram projetados para permitir acessibilidade a

todos os tipos de visitantes, incluindo pessoas com necessidades especiais.

3.1.3 Aspectos construtivos e ecológicos

O projeto ainda utiliza soluções que integram eficiência e conforto térmico.

Sendo assim há tecnologias para geração de energia fotovoltaica assim como

soluções de condicionamento de ar e aquecimento solar de água.

Page 45: Monografia - versao final

42

Com relação à água, também se buscou adequar no projeto soluções que

visem o melhor uso desta tal como: aproveitamento da água da chuva, reuso de

águas e utilização de equipamentos que proporcionam baixo consumo de água.

Com relação aos recursos naturais, priorizou-se o uso de matérias locais,

renováveis e de menor impacto ambiental: madeira de reflorestamento, bambu e

tijolos e telhas cerâmicas de produção local economizando nos gastos com

transporte.

Figura 7 - Perspectiva na qual se pode ver o uso dos materiais. Fonte: http://www.eletrosul.gov.br

Também se aproveitou o entulho resultante da remoção da construção

anterior do local para produção do concreto utilizado na rampa externa.

Na cobertura da residência usou-se isolamento térmico que se através da

inércia térmica das paredes que causam amortecimento e atraso térmico nas

temperaturas internas em relação ao ambiente externo.

A geração de energia fotovoltaica foi conseguida através de um painel de

silício amorfo, sobreposto sobre face norte do telhado da sala.

Page 46: Monografia - versao final

43

Buscou-se também concentrar as áreas molhadas na fachada leste

funcionando assim como uma barreira contra insolação.

3.1.4 Aspectos compositivos e estéticos

A casa é composta pelo uso de formas geométricas, sendo que sua

composição foi definida de acordo com as características climáticas do local.

A inclinação do telhado foi escolhida de acordo com as necessidades da

cidade de Florianópolis, sendo que o telhado mescla o uso de telhados verdes,

painéis fotovoltaicos e telhas cerâmicas de produção local.

Toda a composição da planta baixa buscou unir em sintonia os materiais e

os ambientes de forma que se obtivesse o melhor conforto térmico possível

mantendo ainda uma arquitetura harmoniosa e agradável.

Para o projeto paisagístico usou-se espécies frutíferas e nativas da Mata

Atlântica, em alguns casos quase em extinção.

A vegetação também usada para criar um micro clima local, utilizando as

espécies adequadas com o objetivo de diminuir a velocidade do vento sul, através

da sua disposição em barreiras.

Figura 8- Uso de vegetação em barreiras. Fonte: http://www.eletrosul.gov.br.

Page 47: Monografia - versao final

44

3.2 CASA ALVORADA – PORTO ALEGRE – RS

3.2.1 Aspectos contextuais

O Norie (Núcleo Orientado para Inovação da Edificação.), que faz parte do

PPGE-UFRGS (Programa de pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul.) vem desenvolvendo pesquisas voltadas a

construção de habitações para a população de baixa renda. Uma dessas habitações

trata-se do PCA (Protótipo da Casa Alvorada.), um projeto que se iniciou em 1997 e

envolveram mais de trinta profissionais de diferentes áreas. O objetivo do projeto foi

investigar técnicas de construção mais sustentáveis com menor impacto ambiental e

que atendam as necessidades dos futuros moradores.

Figura 9- Casa Alvorada vistas – Porto Alegre - RS. Fonte: Revista Téchne. http://www.revistatechne.com.br (2008) 3.2.2 Aspectos funcionais

Page 48: Monografia - versao final

45

O projeto arquitetônico da casa foi determinado a partir de diretrizes

sustentáveis e requisitos típicos de um programa de necessidades para uma família

pequena: dois dormitórios, sala e cozinha conjugado, banheiro, área de serviço e

uma área coberta por pérgula.

Tendo em vista essas condicionantes o projeto buscou priorizar os seguintes

aspectos:

• Acessibilidade universal: toda a casa deveria ser acessível a qualquer tipo de

morador, inclusive pessoas portadoras de necessidades especiais (PPNE).

• Condições climáticas: Os espaços de maior permanência foram voltados para

norte e leste, por serem condições mais adequadas ao clima de Porto Alegre. Além

disso, a cobertura foi inclinada predominantemente para o sul, diminuindo a

incidência solar.

Figura 10 - Planta baixa e corte evidenciando o dimensionamento e as soluções adotadas. http://www.revistatechne.com.br (2008)

3.2.3 Aspectos construtivos e ecológicos

Page 49: Monografia - versao final

46

Com relação ao tratamento de água, dois sistemas foram implantados:

a) a captação da água da chuva que é armazenada para fins não-potáveis;

b) um sistema de tratamento de águas residuárias que utiliza materiais simples e

requer pouca manutenção.

Quanto à energia, foi implantado um sistema de aquecimento de água

experimental de baixo custo que procurou amenizar o uso da ducha elétrica. Para

completar o aquecimento de água e de ambientes no inverno, foi utilizado um

sistema de aquecimento que utiliza biomassa como fonte energética. Esse

equipamento compacto tem três funções: lareira, aquecedor de água para banho, e

funções de forno e fogão.

Com relação a materiais, não foram utilizados nenhum material que

contivessem compostos orgânicos voláteis (VOCs) já que são os principais

poluentes dos ambientes internos e apresentam riscos à saúde.

Também foi dada atenção a utilização de materiais produzidos numa

distância máxima de 100 km da área construída e para reduzir o impacto ambiental

os materiais foram reutilizados: a estrutura abandonada no terreno forneceu o

granizo para as fundações e formas de madeira utilizadas na concretagem foram

parcialmente aproveitadas como caibros na cobertura. Essas pequenas medidas

acarretaram numa redução de 4% no custo dos materiais.

3.2.4 Aspectos compositivos e estéticos

Apesar de possuir uma composição geométrica bastante simples e

retangular a planta preza a funcionalidade através de um programa simples com

Page 50: Monografia - versao final

47

base nas características climáticas do local, as quais foram minimizadas com o uso

dos materiais adequados e de uma composição estética harmoniosa que atendesse

as necessidades básicas de seus moradores.

Na fachada oeste, que é a mais agredida pela incidência solar foi instalada

uma pérgula com objetivo de obter sombreamento durante o verão. Por meio da

vegetação caducifólia esse sombreamento é obtido sem comprometer a incidência

solar no inverno, e essa mesma técnica foi adotada no acesso da fachada norte.

Page 51: Monografia - versao final

48

4 QUARTO CAPÍTULO: DIRETRIZES PROJETUAIS

4.1 ASPECTOS CONTEXTUAIS

A cidade escolhida para o desenvolvimento do projeto também é Xaxim, uma

cidade no oeste do estado de Santa Catarina, também conhecida por “Xaxim, o

coração verde do Oeste.”.

Sendo assim, tendo em vista as soluções e técnicas apresentadas nos

capítulos anteriores, o trabalho desenvolvido, não teve por objetivo principal criar um

padrão de construção, mas sim demonstrar como é possível criar uma residência

ecologicamente correta que atenda aos princípios sustentáveis de uma maneira

simples, econômica e acessível ao público da região.

Como grande parte do território catarinense, a maior influência arquitetônica

da cidade de Xaxim provém da colonização italiana, cujas casas eram construídas

com tábuas largas e pesadas de até 8 metros de altura.

Outros materiais usados além da madeira eram os tijolos e telhas de barro e

taipa de pedra, sendo que a entrada das residências sempre era destacada com

varandas na fachada que dá para a rua. Atualmente ainda é possível ver essa

composição simples e característica nos projetos que vem sendo construídos na

cidade.

Resumindo, o projeto teve o intuito de priorizar a qualidade de vida de seus

futuros moradores diminuindo as condicionantes negativas do terreno, através de um

estudo do aproveitamento da luz solar e de tecnologias que não agridam o meio

ambiente buscando sempre soluções que tornassem um projeto além de funcional,

esteticamente agradável sem perder a identidade regional.

Page 52: Monografia - versao final

49

4.2 ESCOLHA DO TERRENO

Por se tratar de uma cidade composta por planaltos e planícies e possuir

uma altitude de 789 metros acima do nível do mar, buscou-se dar destaque ao

projeto escolhendo um local alto, tranqüilo, com uma boa vista da cidade e ainda

com fácil acesso ao centro.

Além disso, o terreno situa-se entre as ruas Clóvis Locatelli e Olírio Carletti,

as quais dão acesso ao centro da cidade, se tornando assim um ponto de destaque

na cidade.

O terreno possui uma boa incidência solar o que é um atrativo a mais para o

mesmo, já que os invernos no oeste de Santa Catarina costumam ser rigorosos.

Na foto abaixo se pode visualizar a vista sul e leste do terreno.

Figura 11 – Terreno para a construção da obra localizado em Xaxim – SC, esquina com as ruas: Clóvis Locatelli e Olírio Carletti,

Fonte: Imagem Particular feita em 2008. 4.3 INTENÇÕES FORMAIS E ESPACIAIS

Page 53: Monografia - versao final

50

Para o arquiteto Oswaldo Magalhães Filho da PAAL (Projetos Arquitetos

Associados Ltda), “no processo criativo de um projeto arquitetônico, com suas

formas e volumes é preciso conhecer a forma que o meio ambiente sugere para

então elaborar a arquitetura dos homens. Assim temos como resultado uma

arquitetura boa e sustentável.”

Sendo assim o arquiteto e urbanista deve sempre procurar incentivar

métodos construtivos e materiais que não agridam o meio ambiente e que priorizem

a economia de água e energia, que nada mais são do que os dois principais pilares

nos quais se sustenta a arquitetura sustentável.

Tendo em mãos uma análise bioclimática do local teve-se por objetivo

construir um projeto que aproveitasse da melhor maneira o espaço disponível

utilizando princípios de sustentabilidade de uma forma acessível com os recursos

disponíveis na região.

Contudo além da sustentabilidade e economia priorizou-se o uso de

métodos e materiais com qualidade de conforto térmico e uma estética adequada a

um projeto residencial agradável.

Sendo assim o espaço criado visa à economia, a sustentabilidade,

características que valorizem o entorno e cuja volumetria busque uma agregação de

materiais que valorize a obra como um todo.

Os espaços amplos com varandas e formas geométricas simples e o uso da

madeira e cerâmica foram aspectos bastante utilizados na concepção da volumetria

caracterizando essa herança italiana da cidade, sem contar que o comércio

madeireiro possui bastante destaque na cidade.

Tendo todos esses fatores buscou-se harmonizar no projeto todas essas

características para que a residência possuísse uma identidade local.

Page 54: Monografia - versao final

51

4.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Levando em consideração que o projeto visa a construção de uma

residência unifamiliar adequada a cidade de Xaxim, Santa Catarina com preceitos

que podem ser incorporados independente do orçamento, procurou-se criar um

programa baseado nas necessidades de uma família composta por um casal com

dois filhos, sendo:

• 1 suíte; 2 quartos; 1 banheiro social; 1 área de serviço; 1 cozinha; 1 sala de

jantar/estar.

Embora o projeto vise à economia, ou seja, poderia ter sido feito apenas dois

quartos, foram construídos três quartos no total porque através de uma observação

das necessidades apontadas pelos clientes de imobiliárias na cidade, pode-se notar

que quando se trata da classe média mesmo buscando economia as pessoas

prezam pelo conforto através de espaços para cada um dos habitantes da futura

residência. Então tendo isso em vista desenvolveu-se o programa acima visando

construir com área mínima, porém sem diminuir o número de quartos e mantendo o

conforto e um bom fluxo de circulação.

Através desse programa buscou-se construir uma residência que adotando

técnicas que priorizam o conforto térmico, através da boa utilização da incidência

solar e o uso de materiais que economizem água e energia elétrica possa ser

considerada sustentável dentro dos princípios já discutidos e mostrados.

4.5 PRÉ-DIMENSIONAMENTO E PRÉ-REQUISITOS DA RESIDÊNCIA

Page 55: Monografia - versao final

52

Antes de pensar no tamanho da residência procurei saber os dados exatos

do terreno e a taxa de ocupação permitida dentro do mesmo, para que eu pudesse

construir dentro dos padrões previamente delimitados.

O terreno escolhido trata-se de 1 lote que possui 16 metros de largura por

33,7 metros de comprimento formando 540,32m².

Após a análise do Plano Diretor da cidade constatou-se que o mesmo se

enquadra na Zona Residencial (ZRES) na qual se permitem os seguintes dados:

• Índice de aproveitamento: 2,1

• Taxa de ocupação: 70%

• Recuo frontal: 4 metros.

• Recuo lateral: até 2 pavimentos isento a contar do solo.

• Recuo fundos: até 2 pavimentos isento, a contar do solo.

Tendo esses dados pude calcular a taxa de ocupação do terreno (378,22m²)

para só então pensar em como formular e distribuir o tamanho dos espaços na

planta baixa.

Embora a norma não exija recuos laterais, por uma questão de

funcionalidade, conforto térmico e prevenção de problemas com insolação caso se

construa no terreno atrás desse, que no momento se encontra vazio, deixei os

devidos recuos mínimos necessários para manter o conforto e a funcionalidade no

projeto. Também pude perceber que a área era mais que suficiente para a

construção da residência já que a mesma propõe um programa bastante enxuto.

O próximo passo foi fazer a análise bioclimática da cidade criando a carta

solar da mesma através do programa Sol-Ar desenvolvido pelo LabEEE (Laboratório

de Eficiência Energética) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina.):

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53

Figura 12 - Carta Solar de Xaxim Santa Catarina. Fonte: SOL-AR (2008)

Como se pode constatar na Carta Solar apresentada tem-se incidência solar:

No período das sete às nove da manhã entre 21 de março e 22 de junho

(primavera); No período das sete às onze da manhã entre 22 de dezembro e 23 de

fevereiro (verão); No período da uma às cinco da tarde entre 20 de outubro e 22 de

dezembro (outono); No período das três às cinco da tarde entre 22 de junho e 23 de

setembro (inverno).

Sendo assim fica claro na figura que a orientação menos atingida pelo sol é

a orientação norte, logo se buscou evitar direcionar áreas molhadas e áreas de

longa permanência nessa direção especialmente porque se trata de uma cidade com

Page 57: Monografia - versao final

54

verões intensos embora os invernos sejam rigorosos, atingindo uma temperatura

média de 17,2º C.

Outro aspecto levado em consideração na concepção da planta-baixa, após

ter em mãos o estudo da incidência solar, foi a setorização dos ambientes para

manter a funcionalidade e um fluxo facilitado dentro da mesma.

Buscou-se também minimizar ao máximo as condicionantes negativas,

através da própria volumetria e do uso de sistemas construtivos que priorizassem o

conforto térmico.

Assim tem-se o seguinte pré-dimensionamento que serviu como base na

criação do projeto, embora alguns ambientes na versão final tenham ficado um

pouco maiores ou menores que essas áreas, procurou-se manter os ambientes

dentro desses padrões:

• Sala de estar/jantar integradas: 35m2

• Cozinha: 12m2

• Área de serviço: 6 m2

• Garagem (para 1 carro): 18m2

• Suíte do casal (+ bwc): 30 m2

• Quarto do filho: 12m2

• Quarto do filho: 12m2

• Banheiro social: 9m2

4.6 ASPECTOS CONSTRUTIVOS E SUSTENTÁVEIS

Page 58: Monografia - versao final

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Os materiais têm grande influência quando se trata de construir de forma

sustentável, sendo que um dos princípios para manter o projeto sustentável e

econômico é o uso de produtos regionais. Utilizando produtos regionais se evita

gastos com transporte e se valoriza o comércio local, assim todos os produtos

utilizados se encontram numa distância menor ou igual a 100 km do local da obra.

Outro fator levado em consideração é o ciclo de vida dos materiais, logo a

seguir serão mostrados os materiais utilizados durante o projeto e suas

características sustentáveis e funcionais.

4.6.1 MDF

O MDF é largamente utilizado na produção de móveis e assim foi também

utilizado com essa finalidade nesse projeto. As informações abaixo foram retiradas

do site da ABIPA. A ABIPA é a associação brasileira de Indústria de Painéis de

madeira.

A grande maioria das empresas associadas da ABIPA é certificada pela ISO

14.001, que é concedida as empresas que conquistam nível excelente no que diz

respeito a não agressão do meio ambiente.

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo na fabricação de

painéis de madeira reconstituída e é também o país com o maior número de fábricas

de última geração. O MDF é produzido a partir das madeiras de pinus e de eucalipto

reflorestadas. As fibras dessas madeiras proporcionam a produção de uma chapa

clara, muito valorizada no mercado e a seleção das espécies é fundamental para

obter melhor rendimento agro-industrial.

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56

A principal característica do MDF é sua grande estabilidade dimensional e

excepcional capacidade de usinagem, tanto nas bordas, quanto nas faces.

O painel de MDF pode ser facilmente pintado e revestido, torneado,

entalhado e perfurado devido sua densidade adequada e perfeita homogeneidade

proporcionada pelas fibras. Além disso, por não possuir nós, veios e imperfeições

típicas de uma madeira natural, o painel tem a vantagem de poder ser usinado de

diferentes formas.

4.6.2 Madeira de eucalipto reflorestada

Tendo em vista que o MDF é produzido a partir dessa maneira, convém falar

também sobre suas características, pois como material de construção, a madeira

oferece muitas peculiaridades.

Além disso, as esquadrias e o forro da residência foram feitos a partir desse

material.

Segundo o Remade, - empresa com maior e melhor banco de dados da

indústria de base florestal- entre as vantagens, destaca-se como um dos poucos

materiais renováveis, com baixa energia de processamento(muito menor que o aço,

alumínio ou concreto), fornece um isolamento térmico, maior relação resistência e

rigidez para peso do que outros materiais, relativamente fácil de trabalhar, exigindo

ferramentas simples e, em algumas circunstâncias, apresenta alta durabilidade

natural.

No entanto entre as desvantagens, destaca-se o fato de a madeira ser

combustível, apresentar baixa durabilidade natural, quanto ao ataque de organismos

xilófagos(principalmente as espécies provenientes de reflorestamento e de rápido

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57

crescimento), mesmo assim essas desvantagens não devem ser encaradas como

obstáculo à utilização desse material, já que existem soluções a níveis de projetos e

relacionadas à sua própria tecnologia.

Segundo CAMPOS (2008), uma solução simples para aumentar a

durabilidade da madeira exposta ao ar livre, é passar duas demãos de óleo de

linhaça nas mesmas.

Sendo assim apesar de possuir algumas desvantagens deve-se legar em

consideração que a madeira, quando bem tratada pode ter um ciclo de vida de até

200 anos.

.

4.6.3 Pisos laminados

Os pisos laminados utilizados na área social e íntima da residência são da

Eucatex, empresa reconhecida e certificada pelo Conselho de Manejo Florestal

(FSC), uma entidade internacional que concede um selo verde às empresas cuja

produção de madeira se dá num regime socialmente justo, economicamente viável e

ecologicamente correto. Os pisos laminados também são produzidos a partir de

madeira de eucalipto reflorestada e possuem uma camada superior, o overlay, -

uma lâmina de celulose impregnada com resina melamínica-, que protege o piso

laminado contra riscos e abrasão, garantindo uma excelente resistência.

Outras vantagens do piso laminado Eucatex:

• Instalação rápida e prática;

• Fácil de limpar e resistente a manchas e queimaduras de cigarros;

• Durabilidade;

• Conforto térmico;

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58

• Não degrada o meio ambiente.

4.6.4 Pisos cerâmicos

Os pisos cerâmicos utilizados na residência são da Portobello, empresa

engajada na produção de produtos de qualidade com responsabilidade social e

ambiental e certificada pela ABS Quality Evaluations na ISO 9001:2000.

4.6.5 Telhas de concreto.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Telhas Certificadas de

Concreto (Anfatecco) juntamente com a Associação Brasileira de Cimento Portland

(ABCP) as telhas de concreto apresentam vantagens com relação às telhas

cerâmicas, como o fato de possuírem valor mais acessível e serem produzidas sem

queima.

No Brasil, a produção de telhas de concreto começou apenas em 1976.

Embora seja um material novo no mercado nacional, já podemos contar com cerca

de 50 fabricantes espalhados por todo o território nacional. As telhas escolhidas para

o projeto são da revendedora Tégula cuja fábrica se trata da Lafarge Roofing, maior

fabricante de materiais de construção no mundo. A seguir apresentam-se as

vantagens das telhas de concreto:

• cobrem mais área e são fáceis de montar;

• maior conforto térmico e menor peso;

• alta impermeabilidade e resistência a maresia e granizo.

Page 62: Monografia - versao final

59

4.6.6 Solo-cimento

Para erguer as paredes foi utilizado o solo-cimento, um material de baixo

custo produzido a partir da mistura de solo, água e um pouco de cimento. A massa

compactada endurece com o tempo e em poucos dias adquire consistência e

durabilidade suficientes para aplicação na construção civil.

Campos (2008) trás que o solo mais indicado na produção do solo cimento é

a areia argilosa, sendo que a proporção maior deve ser de areia e menor de argila.

O solo utilizado deve estar limpo, sem folhas, galhos, raízes ou material

orgânico, pois solo com muito material não serve para a produção do solo-cimento.

Além disso, ainda segundo CAMPOS (2008) o solo-cimento pode ser

produzido no próprio local, diminuindo o custo da construção, agredindo menos o

meio ambiente e ainda possibilitando o conforto térmico da residência.

Os tijolos produzidos a partir de solo-cimento dispensam a queima em fornos

e só precisam ser umedecidos para se tornar resistentes e com excelente aspecto.

4.6.7 Telhados verdes

As coberturas verdes leves aproveitam a água das chuvas através da

evaporação das mesmas. Sendo assim uma quantidade menor de água chega às

ruas colaborando num sistema útil contra enchentes.

Além disso, segundo ROCHA (2008) esse tipo de cobertura proporciona

melhor isolamento térmico mantendo uma temperatura agradável dentro dos

ambientes.

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60

Sendo assim, por aproveitar a água da chuva, possibilitar um melhor

conforto térmico no interior dos ambientes diminuindo assim o uso da energia

elétrica o uso de coberturas verdes é considerado um método construtivo dentro

dos princípios de sustentabilidade.

Figura 13: Componentes da cobertura verde. Fonte: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=2144>.

4.6.9 Demais materiais

Os demais materiais utilizados são constituídos basicamente pelos

componentes já apresentados, logo não convém citá-los especificamente.

As caixas de água e a piscina são da Fibratec, ambas de fibra de vidro, possuem

superfície lisa que não soltam resíduos e são leves, resistentes ao desgaste e

corrosão. As caixas de água são testadas e aprovadas pelo Instituto Adolfo Lutz e

têm garantia de 5 anos.

As lâmpadas utilizadas nas luminárias são do tipo fluorescente, por terem

vida útil maior que das incandescentes além de serem mais econômicas. O ciclo de

vida das mesmas gira em torno de 20 mil horas de uso contra as mil horas das

incandescentes.

Além disso, há disponível no mercado uma vasta variedade de modelos e

características das mesmas. O projeto baseou-se nas lâmpadas fluorescentes

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61

disponíveis pela Phillips, cujo formato de algumas é pequeno e semelhante ao das

incandescentes.

Sendo que foram usadas lâmpadas brancas e amarelas. As brancas foram

utilizadas na área de serviço, cozinha e banheiros enquanto as amarelas, que

deixam o ambiente mais íntimo e aconchegante, foram utilizadas em áreas que não

necessitam de muita iluminação, como dormitórios e ambientes de uso social.

As tintas utilizadas são à base de água, da marca Suvinil, empresa engajada

na questão ambiental.

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62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve por objetivo encontrar soluções para a criação de

projetos sustentáveis, visando que a construção civil é uma das principais

responsáveis pela degradação ambiental.

Dado o tema sugerido foi de fundamental importância na articulação dos

objetivos a realização de uma pesquisa bibliográfica na qual se podem observar os

conceitos atuais a respeito do tema proposto.

Os dados coletados na mesma serviram como ponto de partida na criação

do projeto que buscou adequar as soluções ecológicas de um modo simples e

prático para que pudesse mostrar que é possível conceber projetos esteticamente

agradáveis, funcionais e que não agridam o meio ambiente.

Levando em consideração que o tema sustentabilidade ainda é muito amplo

e nesse projeto visou-se a contextualização do tema na realidade de uma cidade de

pequeno porte e para uma família de classe média, as principais medidas adotadas

são a utilização de materiais não nocivos ao meio ambiente e aproveitamento da

incidência solar para economizar energia e propiciar conforto térmico aos seus

habitantes.

Como há uma falta de dados com relação aos ventos foram previstas

soluções acerca dos ventos frios vindos do hemisfério sul que corresponde à única

informação disponível sobre esse aspecto do clima.

Sendo assim durante o projeto pode-se observar certa dificuldade em

adequar as soluções às condicionantes encontradas no local de estudo, no entanto

foram de extrema importância com relação ao aprofundamento e ao aprendizado a

Page 66: Monografia - versao final

63

respeito da questão ambiental na construção civil, tornando assim o estudo realizado

muito gratificante.

Page 67: Monografia - versao final

64

REFERÊNCIAS

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