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 Monografia Sidney FACULDADE CÂMARA CASCUDO DIREÇÃO ACADÊMICA DO CURSO DE DIREITO SIDNEY RODRIGUES DA SILVA CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS CIVIS E MILITARES NO BAIRRO QUINTAS DO MUNICÍPIO DE NATAL-RN. NATAL/RN 2010

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Monografia SidneyFACULDADE CÂMARA CASCUDO

DIREÇÃO ACADÊMICA DO CURSO DE DIREITO

SIDNEY RODRIGUES DA SILVA

CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS CIVIS E MILITARES NO BAIRROQUINTAS DO MUNICÍPIO DE NATAL-RN.

NATAL/RN2010

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SIDNEY RODRIGUES DA SILVA

SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO QUINTAS NA CAPITAL DO RIO GRANDEDO NORTE: CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS CIVIS E MILITARES

QUE LABORAM NO BAIRRO QUINTAS.

Trabalho monográfico apresentado ao curso de Direito da Faculdade CâmaraCascudo como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, soba orientação do professor Msc. Thadeu Brandão.

NATAL/RN2010

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FACULDADE CÂMARA CASCUDO

TERMO DE APROVAÇÃO

SIDNEY RODRIGUES DA SILVA

Este estudo monográfico foi apresentado no dia 01 do mês de Dezembro de 2010,como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Direito da FaculdadeCâmara Cascudo, tendo sido aprovado pela banca examinadora composta pelosprofessores:

BANCA EXAMINADORA

------------------------------------PROFESSOR(A)

-------------------------------------PROFESSOR(A)

-------------------------------------PROFESSOR(A)

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Ao professor Thadeu Brandão e a professora Sheyla Pedrosa, os quais com tantadedicação e esmero de mestres orientaram este trabalho.

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Ao Senhor Jesus Cristo que morreu na cruz por mim.

A minha mãe, Rosilda, que com serenidade e amor me ensinou no dia a dia o que é

ter bom senso.

Aos meus queridos filhos, Suellen e Samuel, que me dão força para lutar e me

fazem feliz.

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O direito de criticar, e o dever de, ao criticar, não faltar à verdade para apoiar nossa

crítica é um imperativo ético de mais alta importância no processo de aprendizagem

de nossa democracia.Paulo Freire

RESUMO

Esta monografia procura mostrar as condições de trabalho de policiais civis e

militares que trabalham no bairro Quintas em Natal-RN, quais as condiçõesestruturais existentes no bairro para enfrentar o crime e qual a participação Estatal

para minimizar ou agravar o estado em que se encontra o crime local. Como

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também motivar incentivos em educação, segurança e saúde para os policiais e para

a população que reside no local com o objetivo de ver as comunidades pobres do

bairro assistidas de direitos básicos.

Palavras chave: Condições de Trabalho. Segurança. Comunidades pobres

RESUMEN

Esta monografía pretende mostrar las condiciones de trabajo de agentes de policía y

policía militar que trabaja en la zona el Quintas en Natal, Brasil, donde lascondiciones estructurales existentes en el distrito para combatir la delincuencia y que

la participación del Estado para reducir al mínimo o agravar la condición en que se

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encuentra en el locales de la delincuencia. Así como motivar a los incentivos en

materia de educación, salud y seguridad para los policías y la población que reside

en el lugar con el objetivo de ver a las comunidades pobres en el distrito asistieron

los derechos fundamentales.

Palabras clave: las condiciones de trabajo. De Seguridad. Las comunidades pobres.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................10

2 SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS..........12

2.1 O PAPEL DO ESTADO FRENTE A SEGURANÇA DE SEUS ENTES...132.2 A SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988....17

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2.3 A SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO DO RIO GRANDE DO

NORTE............................................................................................................19

3 OS OPERADORES DA LEI: ORIGEM DA POLICIA...................................21

3.1 A POLICIA MILITAR...................................................................................24

3.2 A POLICIA CIVIL........................................................................................27

4 A SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO GRANDE DO NORTE:

UM RECORTE NO BAIRRO QUINTAS – NATAL...............,............................31

4.1 A FUNÇÃO E AÇÃO DA POLICIA MILITAR DO RIO GRANDE DO

NORTE.............................................................................................................32

4.2 O PAPEL DA POLICIA CIVIL......................................................................32

4.3.1Condições Gerais de Trabalho..............................................................324.4 A REALIDADE DO BAIRRO QUINTAS – NATAL RN.................................41

4.4.1 Condições Sócio-econômicas e Geográficas......................................43

4.4.2 Análise dos Resultados da Pesquisa...................................................43

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................44

REFERENCIAS.................................................................................................46

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1 INTRODUÇÃO

Este projeto fará a análise das condições de trabalho dos servidores da segurança

pública na Capital do Estado do Rio Grande do Norte, especificamente no bairro

Quintas, localizado na zona oeste de Natal. Parte-se do princípio de que o direito a

segurança pública é um dos direitos constitucionais mais cobrados e discutidos pela

população da atualidade, tendo em vista o crescente desenvolvimento da violência

nas capitais e no interior dos Estados da federação.

Para falar sobre segurança pública, este trabalho abordará sutilmente a definição de

segurança pública e sua origem no Brasil, o conceito e a origem da polícia, criada

para proteger as cidades e seus habitantes. E, em seguida, principalmente,

observaremos as condições de trabalho dos policiais do bairro neste segundo

semestre do ano de 2010, e também, se estão sendo qualificados para enfrentar sua

rotina de pressão constante.

A globalização do crime é ameaçadora e constante. Uma profunda reformulação da

maneira de se aplicar a segurança pública se faz necessária, com efetiva

contribuição das mais diversas entidades estatais, da mídia, da sociedade em geral,porque a segurança pública só é tarefa da polícia quando todos os outros entes

educacionais, médicos e assistenciais falham. O bairro das Quintas vem nos últimos

anos sendo citado como um dos bairros mais violentos da capital potiguar, logo, para

qualquer profissional de segurança pública é importante saber, o porquê ou os por 

quês da violência no local onde labora. Por isso, a importância e pertinência de se

discutir sobre a segurança pública a nível local, ou seja, dentro do espaço

geográfico, o qual se reparte em Ruas, Bairros, Municípios, Estados e País, destadivisão não se tem dúvidas que as pessoas da comunidade que mais estão

próximas da violência é a que reside nos bairros onde a criminalidade faz sede, base

ou central, e também, os criminosos impõem com mais intensidade o poder de

comando oriundo da força bruta e da omissão estatal.

Com este trabalho, gostaríamos de está contribuindo para mostrar as principais

dificuldades para o rendimento dos profissionais que atuam no combate a violência e

a criminalidade, especialmente aqueles lotados no bairro Quintas. Se todos e todasestiverem a par das dificuldades que contribuem para o mau funcionamento do

sistema de segurança no seu bairro e, através da realidade mostrada puderem

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opinar para a melhoria deste, com certeza, o desenvolvimento de todo um senso de

responsabilidade incutido nas pessoas fluirá, fazendo com que este projeto seja uma

base inicial para a aplicação de novas formas de se fazer segurança pública.

Teremos como referenciais metodológicos, a pesquisa bibliográfica por meio de

livros de direito constitucional, como o do professor José Afonso da Silva, periódicos,

como a revista da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresa da

Fundação Getúlio Vargas, que desde 1967, que vem concentrando esforços para

servir de instrumento à profissionalização continuada de executivos comprometidos

com a modernização das organizações, como também usaremos artigos nacionais e

regionais relacionados à segurança pública como o do sociólogo Osvaldo Matos

Junior e, principalmente, utilizaremos métodos de observação, aplicação de

questionários ao universo de 15 (quinze) policiais civis (agentes, escrivão e

delegado) lotados na 7ª Delegacia de Polícia Civil, e também, aos 16 policiais

militares que efetuam o policiamento ostensivo preventivo na circunscrição do bairro

Quintas. Além disso, para complementar entrevistas e mais pesquisa bibliográfica.

Vale salientar que não podemos deixar de entender o conceito de segurança pública

e qual o objetivo fim desta, por isso, iremos apresentá-lo com a maior clareza

possível através da definição de grandes doutrinadores jurídicos. Em seguida, masainda no capítulo dois, apresentaremos o papel histórico do Estado frente à

segurança de seus entes, ou seja, qual a papel do Estado para manter-se vivo e

forte ante seus jurisdicionados. Já no capítulo três abordaremos a origem histórica

das polícias militar e civil dando ênfase através da nossa constituição federal as

suas atribuições jurídicas. Por fim, e, sem dúvida o enfoque principal para este

trabalho, o capítulo quatro, que informará a análise dos resultados dos questionários,

da observação e das entrevistas sobre quais são as reais condições laborativas paraos servidores da polícia civil e militar no bairro das Quintas no município de Natal no

Estado do Rio Grande do Norte, quais as condições sócio-econômicas e geográficas

do bairro, finalizando com as pertinentes considerações finais.

2 SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL:

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Não podemos esquecer que depois de muitos estudos dos principias

sociólogos da história devemos entender que os conflitos ou problemas sociais são

aspectos da própria normalidade da vida organizada, de acordo com Scuro Neto

(2009, p.173):

Para entender a desorganização dos diversos segmentos sociais é preciso estudar a rede de relaçõese dos processos sociais que os constituem. Conflitos ou problemas sociais devem ser analisados nasua diversidade, como se fossem questões distintas, associadas a dinâmicas diversas, a luz de uma

perspectiva segundo a qual a anormalidade, a barbárie e o caos não são estritamente anomalias aserem prevenidas ou eliminadas, ou disfunções que podem ser neutralizadas, mas também como umaspecto da própria normalidade, essencialmente inseparável da vida virtuosa e organizada.

A segurança pública está intimamente ligada ao modo de convívio do ser humano

porque ela garante direitos fundamentais assim escolhidos como essenciais pela

maioria da humanidade para embasar e perpetuar uma vida coletiva com o mínimo

de dignidade a todos. (PLÁCIDO E SILVA, apud L’APICCIRELLA, 2003, P.1) afirma:

Segurança: derivado de segurar, exprime gramaticalmente, a ação e efeito de tornar seguro, ou deassegurar e garantir alguma coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre deperigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigos e riscos, de estar afastado de danos e prejuízos eventuais. E segurançapública? É o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal quepossa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de liberdade depropriedade de cada cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual, estabelecendoque a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode turbar aliberdade assegurada aos demais, ofendendo-a.

Não há dúvidas atualmente que segurança pública deve ser efetuada por todos e

todas no meio social, aliás, segurança pública não se resume a atos de atividades

de combate ao crime, seja este organizado ou não, ela vai de uma ação da

prefeitura em colocar lâmpadas em funcionamento em uma rua escura até o

aumento de investimentos no máximo possível em educação pública, pois bem diz

L’APICCIRELLA (2007, p.1) “Todas as pessoas físicas ou jurídicas, de direito

privado ou público, são responsáveis pela segurança pública e devem agir de forma

a assegurar a ordem pública”. Ele ainda complementa o raciocínio afirmando algo

muito óbvio (2007, p.1) “E quando todos falham, o problema vai gerar infrações

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penais que, em última instância, devem ser prevenidas ou reprimidas pelas

entidades de segurança pública em sentido restrito, a Polícia Federal e as Polícias

Estaduais”.

Alexandre de Morais (2009, p.804) fala em sua obra qual a função da

segurança pública “[...] a segurança pública [...] é exercida para a preservação da

ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sem contudo

reprimir-se abusiva e inconstitucionalmente a livre manifestação do pensamento

[...]”.

Nesse mesmo sentido o grande professor José Afonso da Silva diz:

Ordem pública é a manutenção da ordem pública e continua a explicar que “ordem pública será umasituação de pacífica convivência social, isenta de ameaça de violência ou de sublevação que tenhaproduzido ou que supostamente possa produzir, a curto prazo, a prática de crimes.A segurança pública consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivênciasocial que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem a perturbaçãode outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seuslegítimos interesses. (2009, p.p.777-778).

Isto é claro, a segurança pública está para garantir os direitos fundamentais do

cidadão e da cidadã que deslocaram sua parcela de poder ao Estado na busca deque ele o administrasse e os mantivesse livre de qualquer abuso, seja estatal ou

privado.

2.1 O PAPEL DO ESTADO FRENTE À SEGURANÇA DE SEUS ENTES.

O Estado tem um papel fundamental porque só ele possui o monopólio do uso da

força, ou seja, ninguém deve fazer justiça com as próprias mãos. Além disso, Ele

também prima pela manutenção da ordem pública. Porém, Mello e Magnoli, (1999,

2004 apud PIERANTI, CARDOSO E RODRIGUES DA SILVA, 2007, p.31) diz “do

século XVII até os dias atuais, o estado tem sofrido diversas transformações no que

se refere a suas atribuições e atividades junto à sociedade. Tais modificações

refletem-se na redução do poder econômico e político do Estado, considerado ente

soberano”. E sem receio eles complementam o raciocínio com as palavras de

Guimarães:

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No cenário brasileiro é possível identificar um estado nacionalista entre as décadas de1930 e 1950,

durante o governo Getúlio Vargas. Nesse período cabia ao Estado atender as principais demandas dasociedade, mantendo suas características essenciais, como a manutenção da segurança pública enacional em conjunto com as atividades inerentes ao serviço público, tais como saúde educação.Além dessas atribuições, também cabia ao Estado promover a formação de uma indústria de basenacional que possibilitasse o desenvolvimento econômico do país, mediante a substituição deimportações.(PIERANTI, CARDOSO E RODRIGUES DA SILVA, 2007, P.32).

Mesmo na ascensão do governo militar o Brasil continuou sua política de

desenvolvimento voltada para abraçar o capital estrangeiro, só que se procurou

fazer uma estrutura necessária não somente para este fim, mas também para atuar em setores que considerados primordiais para a segurança nacional, observe as

palavras de Diniz, Moura (2001 apud PIERANTI, CARDOSO E RODRIGUES DA

SILVA 2007, P.33):

Com a ascenção do regime militar em 1964, o Estado brasileiro, segundo Diniz (2001), mantém-se narota do desenvolvimentismo, contudo esse é de caráter diferenciado do que havia sido praticado pelogoverno JK. Para Moura (2001), nesse período é verificado uma associação do estado privatizadocom o grande capital nacional e estrangeiro. Essa associação seria a fomentadora dodesenvolvimento nacional, cabendo ao estado prover a infraestrutura necessária para a atuação docapital privado. Seria também atribuição do Estado atuar em setores econômicos consideradosestratégicos para o país no que se refere à segurança nacional.

Já em 1994 o plano real veio para estabilizar a moeda, porém junto com a moeda

forte iniciou-se uma insaciável busca pelo governo da época para efetuar cortes no

orçamento público. Pieranti, Cardoso e Rodrigues da Silva (2007 p.33) Comentam

“com a decretação do plano real em 1994, o discurso predominante no mercado e no

governo federal referia-se à necessidade de cortes nos gastos públicos como um

dos meios de estabilização econômica”.

O Estado vem tendo sido mal administrado de tal maneira, pois seus recursos, que

deveriam ser utilizados para o benefício das massas populares, são utilizados para

manter um sistema que beneficia a poucos que usam a máquina de forma tão

negligente e imprudente a ponto de empregar o dinheiro de impostos em projetos

cujo os custos da implantação são maiores que os benefícios para a sociedade. Não

há a preocupação em saber o que é necessário para melhorar segurança pública a

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curto, médio e longo prazo, Mitchell e Simmons, apud Pieranti, Cardoso e Rodrigues

da Silva (2007, pp.33-34):

As reformulações sofridas pelo Estado nas últimas décadas são temas discutidos por Mitchell eSimmons (2003:151), que afirmam que o processo político sofre ineficiências na sua execução. Elasocorrem devido aos políticos, que buscam adotar práticas que possibilitem sua manutenção emcargos públicos, mediante a barganha de votos. Juntamente com essa barganha, os gastos públicossão baseados em uma incoerência de alocação de recursos, os quais custos são separados debenefícios. Assim, a sociedade tem seus recursos captados mediante impostos de maneira dispersa,financiando gastos públicos que pouco a beneficiam. Há, segundo os autores, concentração debenefícios para alguns e dispersão de custos para outros. Daí, o governo incorre no erro de gastospúblicos inadequados, empregando dinheiro de impostos em projetos nos quais os custos deimplantação são superiores aos benefícios obtidos pela sociedade. Tais práticas sobreviveriam por serem eficientes mecanismos de obtenção de voto.

Por fim, em 1995, assume o presidente da república Fernando Henrique

Cardo, o qual objetivou em seu mandato o corte de gastos públicos e a busca de dar 

ao Estado “eficiência e modernidade” Mitchell e Simmons, apud Pieranti, Cardoso e

Rodrigues da Silva (2007, p.34):

Para encerrar ou ao menos minimizar essas “patologias políticas” — assim chamadas por Mitchell eSimmons (2003) — que assolavam o governo brasileiro, Fernando Henrique Cardoso (FHC), em1995, assume a Presidência da República, com uma agenda política na qual estava contida areformado aparelho de Estado brasileiro. Essa reforma propunha ajuste fiscal mediante a redução degastos públicos, bem como a orientação das ações governamentais na busca de eficiência e demodernidade (Bresser-Pereira, 2001).

E complementam o raciocínio ao afirmarem o que fez FHC no seu segundo mandato

como presidente, Bresser Pereira (2001 apud PIERANTI, CARDOSO E

RODRIGUES DA SILVA 2007, P.34):

Tem início no segundo mandato de FHC (1998-2002) a reforma do aparelho de Estado, que buscavaadaptar o conceito de Estado mínimo, no qual só deveria ser estatal o que não pudesse ser reguladopelo mercado. Essa reforma, segundo Bresser-Pereira (2001), ministro responsável pelas mudanças,tinha como objetivo prover o Estado brasileiro de uma visão gerencial, na qual suas ações fossemorientadas por resultados e os funcionários públicos trabalhassem por metas, possibilitando, assim, ofim do patrimonialismo presente em práticas clientelísticas e fisiológicas.

Hoje sabemos que a política de privatizações serviu em sua maioria simplesmentepara tentar mostrar ao povo que esta política funcionaria em todos os setores, porém

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ficou provado que alguns setores não podem ser privatizados, e também, serviu para

sucatear a educação e a saúde, variáveis elementares que influenciam diretamente

na equação da segurança pública, veja o que diz Zimmermann (2006, p.640) “[...] o

pensamento neoliberal pode agravar ainda mais o quadro de deslegitimação estatal,

porque este tenderia a subestimar a importância do Estado como um instrumento

ordenador de liberdades fundamentais.”

Hoje sabemos que a auto-regulação do mercado só gerou mais miséria, mais

desigualdades sociais e mais violência.

2.2 A SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Para o professor José Afonso da Silva a Carta Maior de 1988 preocupou-se

em engessar o administrador gastador, para não se dizer pródigo, tão logo falou em

lei de responsabilidade fiscal:

CAPÍTULO IIDAS FINANÇAS PÚBLICASSeção INORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidadescontroladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbiorealizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas ascaracterísticas e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. 

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Acontece que os políticos tiveram estratégias para driblar o princípio da economia e

o princípio da eficiência, buscados pela Constituição de 1988 para aplicação nos

orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios, e passaram a cortar despesas

com segurança pública para poderem usar os recursos em projetos com fins

eleitoreiros:

É possível verificar que, durante o período democrático que se seguiu à promulgação da Constituiçãode 1988, todos os presidentes buscaram acatar a determinação legal de que o orçamento anual daUnião deveria ser definido mediante aprovação pelo Congresso Nacional de proposta enviada pelochefe do Executivo. Com isso, o orçamento federal vem, a cada ano, sendo definido em função dediferentes agendas políticas de atores distintos, que incorrem no risco de desconsiderar gastos comáreas de atuação exclusivas do Estado, tais como segurança e defesa pública, em função da reduçãoe austeridade nos gastos públicos. (PIERANTI, CARDOSO E RODRIGUES DA SILVA, 2007, P.34).

Dever do Estado e responsabilidade de todos, é assim que se inicia o capítulo da

Constituição Federal de 1988, quando se fala de segurança pública, Zimmermann(2006, p.637) “Portanto, algumas polícias são federais e outras estaduais. [...]. Umas

atuam preventivamente, buscando evitar a ocorrência do crime, ao passo que outras

agem na investigação; isto é, depois da ocorrência criminal. Quanto às ultimas, nós

dizemos que exercem a função de polícia judiciária.”. O autor apenas conceituou

singelamente as atribuições principais de cada polícia.

A nossa Carta Maior de 1988 enumera no caput do artigo 144 os órgãos

responsáveis pela segurança pública, veja:

CAPÍTULO III

DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para apreservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintesórgãos:

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I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Para o professor José Afonso da Silva:

Mas a segurança pública não é só repressão e não é problema só de polícia, pois a Constituição, aoestabelecer que a segurança é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos (art.144),acolheu a concepção do I cilclo de estudos sobre a segurança, segundo o qual é preciso que asegurança seja discutida e assumida como tarefa e responsabilidade permanente de todos, Estado epopulação. Dai decorre também a aceitação de outras teses daquele certame, tal como a de que “ sefaz necessário uma nova concepção de ordem pública, em que a colaboração e a integração

comunitária sejam os novos e importantes referenciais” e a de que, dada “a amplitude da missão demanutenção da ordem pública, o combate a criminalidade deve ser inserido no contexto maisabrangente e importante da proteção da população”, o requer a adoção de outro princípio alí firmadode acordo com o qual é preciso “adequar a polícia às condições e exigências de uma sociedadedemocrática, aperfeiçoando a formação profissional e orientando-a para a obediência aos preceitoslegais de respeito aos direitos do cidadão, independentemente de sua condição social”. (2009, p.779)

Só a segurança pública pode nos proporcionar a paz oriunda da ordem pública e a

tão sonhada dignidade da pessoa humana que é alcançada através da conservação

da integridade física e psicológica de todos e todas. A segurança pública tem que

ser pública de verdade, não pode alguns cidadãos, por terem nascido em uma

família detentora de mais capital, receber de um órgão público tratamento especial,

enquanto a maioria da população recebe um serviço de baixa qualidade.

2.3 A SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE.

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Na Constituição do Rio Grande do Norte de 1989 fala de suas polícias

estaduais no caput e incisos de seu artigo 90:

CAPÍTULO VIIIDA SEGURANÇA PÚBLICAArt. 90. A segurança pública, dever do Estado, direitoe responsabilidade de todos, é exercida para a preservação daordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,através dos seguintes órgãos:I - Polícia Civil;

II - Polícia Militar.

A Constituição norte-rio-grandense registra em seu parágrafo primeiro quem

são os dirigentes da polícia civil em seu território, e também, como estes dirigentes

são escolhidos:

§ 1º A Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia decarreira escolhido e nomeado pelo Governador do Estado, dentre os integrantes da última classe,incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração deinfrações penais, exceto as militares.

Só o que não dá para compreender é como uma Constituição democrática ao

invés de rogar para que o dirigente da polícia civil fosse escolhido pelos policiais em

votação direta, concentra tanto poder discricionário para o chefe do executivo

estadual, que escolherá qual delegado será o diretor geral de polícia. Acreditamos

que um dia a segurança pública será pensada e discutida por toda a população, e

daí, caberá a pergunta, por que a segurança pública, em algum momento, tem que

ser decidida por um representante da “maioria”, talvez uma maioria que reflete os

fatores reais de poder, e não, por todos os policiais que sentem na pele o quanto é

difícil ser servidor e que conhecem o quanto aquele candidato ou aquela candidata

se comprometem no seu dia-a-dia com as questões para aperfeiçoar o trabalho

policial. Hoje sabemos que nas escolas municipais de Natal são obrigatórias as

eleições diretas para diretor, possuindo direito a voto os alunos, os pais dos alunos e

os professores. No capítulo seguinte pretendemos mostrar a origem das polícias

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civis e militares de forma a conhecermos as particularidades e similaridades de cada

uma delas.

3 OS OPERADORES DA LEI: ORIGEM DA POLÍCIA

Desde sempre, os homens necessitaram de cooperação uns dos outros

constituindo grupos de convivência. Em determinado momento, o líder era o mais

forte, em outro o mais inteligente, mas independente do momento nem sempre essa

convivência foi pacífica e a idéia de designar homens para guardar a cidade de

outros povos invasores e também de designar homens para manter a ordem dentro

das cidades nasceu o sentimento de policiar.

A lei e a polícia são vistos por Emsley (apud BATITUCCI, 2010, p.31) como

“instituições multifacetadas, utilizadas por pessoas de todas as classes, para se

opor, cooperar e conseguir concessões uns dos outros”.

Batitucci continua o raciocínio e lembra que a maioria dos autores aceita, comoverdade, que é monopólio da polícia o enfrentamento do crime, veja:

Seja como for, é consenso para a maioria dos autores (BAYLEY, 2001; EMSLEY, 1996; GOLDSTEIN,1990; LEE, 1971; MANNING, 1997; MILLER, 1999; MONKKONEN, 1981; PONCIONI, 2003 e 2005;REINER, 1992; TONRY; MORRIS, 1992, SENIOR, 1997; WALKER, 1977 e 1992; entre outros) que,durante o séc. XIX, a polícia, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, desenvolveu-se nosentido da profissionalização e da legitimidade, conquistando o monopólio da atividade deenfrentamento ao crime e à desordem social.

Segundo o professor Jose Afonso da Silva:

A palavra polícia correlaciona-se com a segurança. Vem do grego polis que significa o ordenamento

  jurídico do Estado. “Aos poucos, [lembra Hélio Tornaghi] polícia passa a significar a atividade

administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna, a harmonia e, mais tarde, o órgão do

Estado que zela pela segurança dos cidadãos”.

José Afonso também afirma:

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A polícia de segurança divide-se em polícia ostensiva e polícia judiciária. A polícia de segurança que,em sentido estrito, é a polícia ostensiva tem por objetivo a preservação da ordem pública e, pois, ”asmedidas preventivas que em sua prudência julga necessárias para evitar o dano ou o perigo para as

pessoas”. Mas apesar de toda vigilância, não é possível evitar o crime, sendo pois necessária aexistência de um sistema que apure os fatos delituosos e cuide da perseguição aos seus agentes.Esse sistema envolve as atividades de investigação, de apuração das infrações penais, a indicaçãode sua autoria, assim como p processo judicial pertinente a punição do agente. É ai que entra apolícia judiciária, que tem por objetivo precisamente aquelas atividades de investigação, de apuraçãodas infrações penais e de indicação de sua autoria, afim de fornecer os elementos necessários aoministério público em sua função repressiva das condutas criminosas, por via de ação penal pública.(2009, p.778)

No Brasil, os primeiros relatos da idéia de polícia, mesmo que um pouco misturada

com a ideologia de exército, surge no século XVI, bem relatado por Valente (2009,

p.1):

Na história brasileira, verificamos, que logo após o descobrimento em 1549, forças pagas, comcaracterísticas militares foram criadas para “manter a ordem e garantir a defesa interna das vilas” coma denominação de Serviço de Ordenanças ou Quadrilheiros.

Eram grupos contratados pelos donatários de capitanias hereditárias e na verdade

só serviam aos interesses privados daqueles que os contratavam.

Pensamento ratificado e defendido também pela secretaria de segurança pública do

Estado de São Paulo (2010, p.1) quando diz: 

No Brasil, a idéia de polícia surgiu em 1500, quando D. João III resolveu adotar um sistema decapitanias hereditárias, outorgando uma carta régia a Martim Afonso de Souza para estabelecer aadministração, promover a justiça e organizar o serviço de ordem pública, como melhor entendesse,em todas as terras que ele conquistasse. Registros históricos mostram que, em 20 de novembro de

1530, a Polícia Brasileira iniciou suas atividades, promovendo Justiça e organizando os serviços deordem pública,

Na verdade era necessário ter o mínimo de organização para manter-se no comando

das terras, mas tinha-se a idéia privada de segurança, tanto é assim, que Martim

Afonso de Souza recebeu carta livre para fazer da maneira que melhor entendesse.

O que não podemos esquecer é que nossa polícia sofreu influencias de outras pelo

mundo, como, por exemplo, a polícia de Londres e a polícia dos Estados Unidos.

Veja o que diz Batitucci:

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Assim, a Polícia Metropolitana de Londres introduziu vários elementos que fizeram parte, daí paradiante, da ideia moderna de policiamento (WALKER, 1992, p. 5): um sentido de missão, relacionado ànoção de prevenir o crime antes que ele ocorra, em que a estratégia era a patrulha preventiva; umaestrutura organizacional definida, no caso em pauta, baseada na estrutura das forças armadas, em

especial o seu sistema de comando e disciplina; e a  presença contínua da polícia na comunidade por meio da patrulha preventiva em tempo integral. Na verdade, seus princípios fundadores sintetizavamuma já longa tradição de estudos e debates sobre a polícia na Inglaterra e sua organização, sendoque uma das grandes contribuições de Peel ao modelo da Polícia de Londres foi sua insistência naplicação de normas burocráticas estritas no funcionamento da organização e a nomeação de seusdois primeiros comandantes, estabelecendo as principais características da Polícia de Londres, suaorganização e sistema de disciplina, os sistemas de patrulha, o uniforme e outros detalhes daestrutura e normas de conduta na prática que determinaram o desenho institucional da Polícia inglesa.(2010, p.p.32-33)

Walker (apud BATITUCCI, 2010, P.35) ainda relata características da polícia

estadunidense que observamos até hoje na nossa polícia brasileira, veja:

Assim, uma característica das nascentes polícias americanas era a sua total imersão na política local,uma vez que representavam uma importante possibilidade de exploração política, seja por meio doscargos a serem oferecidos, seja pelo poder potencial que representavam contra possíveisadversários. Logo, a composição dos departamentos de polícia refletia as clivagens étnicas ereligiosas da comunidade local, bem como as forças políticas de momento, não sendo incomum quequase todo o departamento de polícia fosse substituído, no caso de uma mudança eleitoral.

Até hoje a polícia está arraigada a política, embora tenhamos notado

melhoras, graças à vigilância do povo e, principalmente, da oposição do governo em

vigor, não por ser melhor este ultimo, mas sim por ser possuidor e ter acesso a

veículos de comunicação podendo utilizá-los livremente.

Segundo Anastasia (1998 apud BATITUCCI, 2010, P.38) o desenvolvimentoinstitucional da polícia brasileira deu-se no século XVIII, observe:

As características da exploração do ouro impunham uma nova abordagem para o controle dasriquezas e da tributação. Se o engenho de açúcar demandava alto investimento na construção domaquinário, plantação da cana, colheita, processamento e exportação do açúcar e, portanto, carênciade muitos anos para o retorno do investimento, o ouro apresentava outra dinâmica de produção,bastante diversa, mais barata e menos intensiva e, em virtude de sua característica de equivalenteuniversal, oferecia novos problemas para a questão da ordem colonial

O pesquisador ainda continua a as suas idéias exemplificando-as com as palavras

de Cotta, Lima Junior e Anastasia (2006, 1960, 1998, apud BATITUCCI, 2010, P.38):

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Durante o século XVIII floresceram as ordenanças e milícias, que compreendiam, no primeiro caso,tropas civis convocadas pelo rei e, no segundo, corpos militares de vassalos não pertencentes àsforças regulares do exército português. Em ambos os casos, entretanto, sua atividade estava maisvoltada para vigilância ao desvio do quinto do ouro, perseguição aos escravos revoltosos e proteçãodas instalações coloniais. Neste sentido, as ordenanças e milícias eram completamente dependentes

dos desígnios das elites locais e de suas intenções militares, econômicas ou políticas, sendo,frequentemente, instrumentalizadas a partir de seus interesses, como na rebelião em Vila Rica, em1720, quando a elite da cidade se revoltou contra a cobrança do quinto do ouro por parte da coroaportuguesa.

A Guarda Nacional, fundada em 1831, foi criada para defender a Constituição, a

Pátria e, principalmente, deveria substituir as milícias paramilitares e as ordenanças

do regime colonial:

Tal não era, entretanto, o caso para a Guarda Nacional  – GN, fundada em 1831. Pensada como forçanacional estabilizadora, “um instrumento paramilitar específico dos grandes proprietários, destinado aneutralizar, em qualquer eventualidade, as tendências da tropa regular”, deveria substituir as milíciasparamilitares e as ordenanças, herdadas do regime colonial. Além dos deveres genéricos de defender a Constituição, a pátria, etc., a GN ajudaria o Exército na defesa das fronteiras do país e, como forçapolicial interna, deveria “preservar ou restabelecer a ordem pública”, ficando formalmente subordinadaao ministro civil da Justiça, em nível federal, e “sob controle de autoridades políticas e judiciáriaslocais, nomeadas pelo governo central e os Juízes de Paz.”. (SODRÉ,1965, HOLLOWAY, 1997, apudBATITUCCI, 2010, P.40).

Na verdade a guarda nacional era um instrumento utilizado pelos grandes

proprietários, apesar de ser uma tropa oficial sob o controle de autoridades

 judiciárias e políticas locais nomeados pelo governo central e os juízes de paz.

 

3.1 A POLÍCIA MILITAR

Para Batitucci as polícias militares são derivadas do Corpo de Guardas

Municipais Permanentes “[...] Corpo de Guardas Municipais Permanentes  –

instituição que originou as Polícias Militares contemporâneas, subordinado ao

ministro civil da Justiça na corte e aos presidentes de Província [...].” (2010, p.41).

No final do século XVIII a primeira ação para dividir o serviço de exército do serviço

de polícias e com isso nasce à polícia militar mais antiga, segundo a secretaria de

segurança de Minas Gerais (2010, p.1):

Diante do enfraquecimento das Companhias de Dragões e de seu desempenho insatisfatório, oGovernador de Minas Gerais - Dom Antônio de Noronha - extinguiu-a, criando, no dia 09 de junho de1775, o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, em cujas fileiras foram alistados somentemineiros,que receberiam seus vencimentos dos cofres da Capitania. À Força recém-criada, a qual

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pertenceu Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes: Protomártir da Independência e PatronoCívico da Nação e das Polícias Brasileiras -, caberia cumprir missões de natureza militar, através deações e operações de enfrentamento dos tumultos, insurreições e defesa do território da Capitania eda Pátria, e, de natureza policial, na prevenção e repressão de crimes, mantendo em ordem apopulação, para que o ouro pudesse ser extraído, transportado e exportado em favor do Reino

Português.

No entanto a polícia como todos os outros órgãos estatais brasileiros realmente só

desenvolveram-se no século XIX com a chegada da família real ao Brasil, pois os

atuais defensores não eram suficientes para proteger a realeza, logo, a criação e

ampliação de novos cargos foram necessários, como diz a secretaria de segurança

pública de São Paulo (2010, p.1):

Pelo Alvará Régio de 10 de maio de 1808, D. João criou o cargo de Intendente Geral de Polícia daCorte e nomeou o desembargador Paulo Fernandes Viana para exercer o cargo, iniciando-se, assim,uma série de grandes modificações no organismo policial. Viana criou, pelo Aviso de 25 de maio de1810, o Corpo de Comissários de Polícia, que só se tornou realidade por força de uma portaria doIntendente Geral de Polícia, Francisco Alberto Teixeira de Aragão, em novembro de 1825.

Contexto em que historicamente nascem a polícias militares de outros Estados

nordestinos, como por exemplo, a polícia militar do atual Estado de Pernambuco,bem relatado pela sua secretaria de segurança pública (2010, p.1):

A Polícia Militar de Pernambuco surgiu através do Decreto Imperial, datado de 11 de junho de 1825,firmado pelo Imperador D. Pedro I, que criou, na então Província de Pernambuco, um corpo dePolícia, este convindo para a tranqüilidade e segurança pública da cidade do Recife (Decreto expostono Salão de Honra do Quartel do Comando Geral). O referido Corpo de Polícia surgiu em decorrênciada Confederação do Equador, movimento republicano revolucionário ocorrido em Pernambuco em1824, e sufocado pelo Brigadeiro Lima e Silva, que atingiu as Províncias da Paraíba, Ceará e RioGrande do Norte, cujos revolucionários foram derrotados e vários executados, entre eles opernambucano Frei Caneca. Esse Corpo de Polícia era composto de um efetivo inicial de 320 homense constituído um Estado-Maior, uma Companhia de Cavalaria e duas de Infantaria. 

A gloriosa, assim chamada pelos militares estaduais do Rio Grande do Norte, só

veio a ser criada em 27 de junho de 1934, mas sua ampliação e organização deram-

se em 04 de novembro de 1936, por isto, esta última é mais conhecida e aceita

como data oficial, veja o que se escreve no sítio oficial da polícia militar do Rio

Grande do Norte (2010, p.1):

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A Polícia Militar do Rio Grande do Norte foi criada com o nome de Corpo Policial da Província, pelaResolução de 27 de junho de 1834, em mensagem dirigida ao Conselho do Governo pelo Presidente

Basílio Quaresma Torreão, da então Província do Rio Grande do Norte. Foi definitivamenteorganizada pela Resolução nº 26 de 04 de novembro de 1836, assinada pelo Governador JOÃOFERREIRA DE AGUIAR, com o efetivo de 70 homens. Desempenhou ao longo de sua históriainúmeras missões no cenário nacional, dentre as quais se destacam o combate à Coluna Prestes, noEstado do Maranhão, e o combate à Revolução Constitucionalista, no Estado de São Paulo. Em solopotiguar, são reconhecidos seus méritos na Defesa Territorial, Segurança Interna, Segurança Públicae Defesa Civil, especialmente na luta contra o cangaceirismo e às incursões no crime organizado.

 

E, complementa o apanhado histórico afirmando (2010, p.1):

A data oficial de criação da PMRN ainda é 4 de novembro de 1836, porém, após pesquisas por especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, do Instituto Histórico e Geográfico, eoficiais da própria instituição descobriram que a data de criação do então Corpo Policial se deu em 27de junho de 1834, e a data que se dizia oficial foi na realidade a que elevou o efetivo e organizou acorporação.

A data de 1836 até pouco tempo aceita como data de fundação foi alterada depoisdos estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que confirmaram ter ocorrido a fundação em 27 de junho de 1834, inclusive, a data no símbolo dacorporação está sendo alterado em uniformes.

3.2 A POLÍCIA CIVIL

Em momentos não muito distantes nasce a polícia civil, bem diferente do que é hoje,

até mesmo porque na época não se tinha a visão de divisão de competências das

polícias, e sim, de divisão de tarefas, ela foi instituída em 1808 , com a criação da

Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, no Rio de Janeiro, sob

a direção do Intendente Paulo Fernandes Viana. A data de 1808 é aceita pelas

polícias civis, dentre elas a do Distrito Federal e do Rio de Janeiro que não teem

dúvidas em divulgar a origem da polícia civil, como comenta a secretaria de

segurança do Distrito Federal (2010, p.1):

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Em 1808, o Príncipe Regente Dom João VI, preocupado com a segurança da corte diante de uma

possível disseminação das idéias liberais francesas, criou o cargo de intendente-geral de Polícia daCorte e do Estado do Brasil, similar ao de Portugal, conforme estabelecido no Alvará de 10 de maiodaquele ano.

O cargo de primeiro Intendente-Geral de Polícia foi ocupado pelo Desembargador PauloFernandes Viana, Ouvidor-Geral do Crime e membro da ordem de Cristo, considerado o fundador daPolícia Civil no Brasil. Ao criar a Intendência-Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, oPríncipe regente, em um só ato, instituiu a Polícia da Capital e a Polícia do País. A criação daIntendência-Geral de Polícia é considerada o marco histórico da Polícia no Brasil, sendocompartilhado pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil do Distrito Federal.Historicamente, a instituição passou por diversas transformações. Em 1830, o Código Criminal doImpério do Brasil, estabeleceu em cada município e província da Corte, o cargo de Chefe de Polícia,auxiliado por delegados e subdelegados.

Segundo Graham (1997 apud BATITUCCI, 2010, P.42) na revista brasileira de

segurança pública:

A partir de 1841, os delegados, subordinados aos chefes de polícia provincial, assumiram a maioriadas funções dos juízes de paz, podendo acusar, reunir provas, ouvir testemunhas e apresentar ao juizmunicipal um relatório escrito da investigação, no qual este baseava o seu veredicto. Além disso, odelegado expedia mandatos de prisão e estabelecia fianças, assim como julgava, ele mesmo, delitos

menores, tais como a infração de posturas municipais. Ele podia contar com instrumentos legaispoderosos para o exercício de suas atividades, tais como o direito de decretar prisão preventiva e deexigir “termos de bem viver” que, se violados, poderiam resultar em prisão e condenaçãopraticamente certa

O inquérito policial, usado para coleta de provas com intuito de provar o crime e a

autoria através da mostra de indícios suficientes ao ministério público e ao Juiz, peça

administrativas feita até hoje pelos delegados de polícia civil e federais, surgi

também nesta época, veja o que diz a secretaria de segurança do Distrito Federal

(2010, p.1):

.Em 1871, foi criado o Inquérito Policial, sendo instituído, como requisito para o exercício do cargo deChefe de Polícia, o “notável saber jurídico”. Com a Proclamação da República, em 1889, os serviçosde polícia passaram a ser regulamentados por leis estaduais, sendo que, em 1902, o Presidente daRepública, Rodrigues Alves, reformou o serviço policial da capital, denominando-o Polícia Civil doDistrito Federal.

A data de comemoração da polícia civil de 21 de Abril foi instituída pelo então

Presidente da República Eurico Gaspar Dutra em 1946 (2010, p.1):

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O Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, em 1946, instituiu 21 de abril como dia das políciasCivis e militares e, como patrono da instituição, o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

No decorrer do governo Vargas, a polícia Civil do Distrito Federal foi transformada em DepartamentoFederal de Segurança pública – DFSP, que no governo Juscelino Kubitschek, com a mudança daCapital Federal, transferiu sua sede para Brasília e incorporou servidores da Guarda Especial deBrasília – GEB. 

A polícia civil do Rio Grande do Norte foi criada através do decreto lei nº 5.074 de 20

de outubro de 1981, tornando-se independente no ano de 1988 e criado e aprovado

seu estatuto apenas em 13 de fevereiro do ano de 2004:

LEI COMPLEMENTAR Nº 270, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2004.Dispõe sobre a Lei Orgânica e o Estatuto daPolícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte e.A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte LeiComplementar:LIVRO IDA LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DORIO GRANDE DO NORTETÍTULO ÚNICODAS DISPOSIÇÕES INSTITUCIONAIS E DA ESTRUTURAORGANIZACIONALCAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES INSTITUCIONAISArt. 1º Esta Lei Complementar dispõe sobre a organização, as garantias, osdireitos e os deveres da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte, na forma doartigo 24, inciso XVI, da Constituição Federal, do artigo 20, XVI, da ConstituiçãoEstadual, bem como institui o Estatuto da Polícia Civil Estadual.Art. 2º Incumbe à Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte, órgãointegrante e subordinado à Secretaria de Estado da Segurança Pública e da DefesaSocial (SESED), ressalvada a competência da União, o exercício das funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais, exceto as militares, cabendo-lhe preservar a ordem e asegurança públicas. (LEI COMPLEMENTAR Nº 270, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2004).

Em processo de redemocratização o Brasil dos anos 80 em meio à transição dos

governos militares para os governos “democráticos” entra em vigor a Carta

Constitucional de 1988 e põe a nível constitucional as funções de cada polícia,

delimitando a alçada de cada instituição e orientando os governos e gestores sobre

quais rumos devem buscar a excelência:

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Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para apreservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintesórgãos:

(...)

(...)

(...)

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada acompetência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto asmilitares.

§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos debombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades dedefesa civil.(CF 1988, art.144, inc.Ie II, § §4º e 5º).

Por fim, com a Carta Maior de 1988 elevam-se as atribuições das polícias a nível

constitucional, deixando- as sob a subordinação direta do executivo estadual, porém

ainda vinculando a polícia militar como força auxiliar do exercito, veja o que diz o

art.144, § 6º, da CF “As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças

auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis,

aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. E, digo mais,

desde a Constituição quase nada foi feito para implementar políticas para tornar 

mais eficiente o serviço prestado por estas instituições como rege o art.144, § 7º “A

lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela

segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades”, com

exceção da exigência do aumento intelectual dos profissionais da área de segurança

pública. No próximo capítulo pretendemos apresentar os dados da pesquisa de

campo, a realidade e as condições sócio-econômicas do bairro das Quintas e

principalmente as condições de trabalho dos policiais civis e militares que neste

bairro laboram.

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4 A SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO GRANDE DO NORTE: UM RECORTE NO

BAIRRO QUINTAS – NATAL RN. 

O motivo pelo qual este estudo recai sobre o bairro das Quintas, além de se ter um

interesse profissional incutido para aqueles que laboram na segurança pública desta

circunscrição, é também, que se trata de um dos bairros mais violentos da capital

norte-rio-grandense, logo, muito provavelmente, os problemas que o assolam

repetem-se em outras regiões que sofrem por causa da violência. Por isso, não

temos dúvida, sendo os problemas mostrados, servirão para que as autoridadestomem providências no sentido de tratá-los e saná-los neste bairro, servindo de

norte e gerando para outros bairros um modelo de aplicação de segurança pública.

Hoje depois da identificação e análise de fatores de risco que contribuem para

transformar crianças e jovens em delinqüentes e de fatores de proteção que ajudam

na formação da cidadania são recomendáveis ações preventivas pontuais a serem

adotadas pelas instituições públicas e, principalmente, pelos nossos governantes.

Diz Scuro Neto (2009, p.p.181-182):

Por sua vez, na condição de ciência aplicada, voltada para a solução de problemas concretos - edadas às limitações teóricas e metodológicas do estudo dos efeitos e das causas dos problemasrelacionados com o crime e, antes de qualquer coisa a dificuldade de estabelecer um consensoacerca da melhor maneira de resolvê-los -, a Sociologia concentra-se na identificação e análises defatores de risco que contribuem, por exemplo, para transformar crianças e jovens em delinqüentes, ede fatores de proteção que ajudam na formação da cidadania. Na base dessas constatações, hoje emdia ela recomenda ações preventivas ou pontuais destinadas a- dar prioridade a áreas problemáticas, identificando os fatores aos quais as crianças e jovens são

expostos:- focalizar populações em situação de risco maior:- selecionar desde logo as áreas problemáticas, assim como os pontos fortes dos indivíduos, famíliase comunidades;- enfrentar múltiplos fatores de risco em contextos complexos, como família e escola;- aplicar intervenções de forma integrada nos múltiplos sistemas, como educação e saúde, queinfluem na vida das crianças e adolescentes;- tratamento intensivo, contatos múltiplos com crianças e jovens em situação de risco;- concentrar-se nas vantagens comportamentais em vez de nas deficiências;- considerar os jovens em seus próprios contextos (de relacionamentos) em vez de fazê-loindividualmente.

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Trata-se de orientação da sociologia de como se deve agir diante de fatores

determinantes para tratar os fatores de risco e estimular ações para consolidar 

fatores de proteção a cidadania.

Não podemos esquecer o que diz Scuro Neto (2009, p.199):

O Direito, no entanto, limita-se a descrever atos proibidos e a delinear penalidades; não tenta explicar os contextos sociais e comportamentais em que os atos ocorrem, não diz nada sobre os estilos devida correspondentes a esses atos e as relações destes no contexto social. Não se ocupam dosvários padrões de violência e criminalidade, dos tipos de infratores, das técnicas de cometer infração,das relações entre vítima e agressor, ou como tudo isso afeta o judiciário e determina a forma como o“direito real e possível” é aplicado.

O que devemos atentar, é que em muitos casos, o índice de criminalidade se eleva

 juntamente com o número de infratores graças a uma maneira errônea de se encarar 

a realidade produzindo leis que atingirão mais pessoas de uma determinada classe

do que de outras, e também, da aplicação de políticas de segurança pública

orientadas por gestores insensíveis aos contextos sociais.

4.1 A FUNÇÃO E AÇÃO DA POLICIA MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE

4.3 O PAPEL DA POLICIA CIVIL

4.4 CONDIÇÕES GERAIS DE TRABALHO

Em 13 de Agosto de 2001 os primeiros contatos com a polícia militar do Rio Grande

do Norte deixou bem claro que a formação não era levada a sério pelo governo, pelocontrário, o que se mostrou foi o total descaso com o preparo profissional e

psicológico dos militares estaduais. A turma de 2001 rotineiramente tinha aulas

vagas, ou melhor, não tinham professores para qualificá-los para a função de

guardião da ordem pública, tendo boa parte do tempo de curso preenchido por 

faxinas ou ordem unida (que nada mais é que um conjunto de movimentos e regras

disciplinares para o comportamento do militar perante solenidades e superiores).

E, no dia de tiro prático, crê-se que um policial militar deveria ser muito bemqualificado para utilizar uma arma de fogo, mas após perguntar a qualquer policial

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militar formado em 2001/2002 ele irá falar “efetuamos dez disparos com revolver de

calibre 0.38”. Embora, no período de seis meses para o curso de formação de

soldados esta turma tenha recebido instruções de qualidade no atendimento, direito

constitucional, direito processual penal e outras disciplinas inerentes a função com

certeza não foi o suficiente para formá-los e colocá-los nas ruas de Natal. Essa

turma formada em 2001/2002 teve no ano de 2002 a difícil missão de policiar grande

parte da cidade de Natal-RN, pois fora criado o 9º Batalhão de Polícia Militar, um dos

maiores batalhões da atualidade. Na época os novos soldados foram colocados, no

início, pelo tenente-coronel Araújo Lima para efetuarem o serviço de policiamento a

pé, depois de alguns dias, agrupados em trio nas novas viaturas policiais do mais

novo batalhão Estadual.

Bom seria lembrar que eram todos recém formados em um curso que não os

capacitaram o suficiente. Resultado, em um período de 6 (seis) meses, dois jovens

soldados foram baleados em serviço por outros companheiros de trabalho, tendo um

deles chegado a óbito. Estes acidentes ocorreram devido à má formação técnica

profissional que não lhes ensinaram a manusear armas semi-automáticas, mas os

forneceram no policiamento de rua. Talvez acreditando que a maioria das pessoas

seja autodidata.Tem sido uma constante nos cursos de formação de soldados da polícia militar a

falta de empenho das autoridades em formar policiais técnicos na difícil arte de evitar 

crimes. Nos últimos cursos de soldados, boa parte dos instrutores, sejam eles

praças ou oficiais, ainda preocupam-se em reproduzir os trotes militares, que não

edificam nenhum profissional, mas na verdade só humilham os subordinados e os

revoltam.

Após a precária formação os militares ainda teem que encarar as ruas sem oarmamento adequado, sem uma qualificação continuada, com uma carga elevada de

horas de trabalho mensal e sem apóio psicológico. Neste ultimo ponto gostaria de

frisar que a função policial é uma das profissões mais estressantes do mundo, logo,

como pode um profissional deste não ser acompanhado por profissionais da área de

saúde psicológica.

Na polícia civil não é muito diferente seus alunos não fazem limpeza das instalações

onde estudam, mas passam todo o curso de formação sem receberem a bolsa de50% do pretendido cargo (Delegados, Agentes e Escrivães), que é um direito

estatutário desde 2004, exemplo disso, acontece com as turmas de agente, escrivão

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e delegado do ano de 2010, as quais, segundo a presidente do sinpol-RN, Vilma

Marinho (TRIBUNA DO NORTE 2010), estavam previstas para terminar seus cursos

no dia 30 de outubro do corrente ano. Além de terem a data prorrogada até metade

do mês de novembro, ainda os alunos tiveram que passar pelo menos até o dia 14

de outubro de 2010, sem receber nenhum centavo da bolsa formação. No entanto,

recebendo ou não a bolsa quando terminar o curso esses homens, que passaram

por um “treinamento”, e também que tiveram que abandonar seus antigos empregos,

pois as aulas são ministradas nos períodos matutino, vespertino e noturno,

aguardarão em suas residências a sua nomeação, a qual fica a critério da vontade

do governador, veja o que diz Vilma Marinho

 

Esperamos, sinceramente, que a nomeação dos concursados ocorra ainda este ano. Depois deformados, eles ficam à disposição do secretário de Segurança Pública e Defesa Social (CristóvamPraxedes) e é possível fazer, basta vontade. Se bem que o Governo já não quis o concurso, depoisnão quis o início do curso e agora é possível que queira adiar também a nomeação” (TRIBUNA DONORTE, 2010, p.9).

Ou seja, o cidadão faz um curso pensando em galgar degraus na vida

profissional e o que ganha é ficar desempregado por alguns meses sem direito aauxílio algum.

As autoridades não estão preocupadas em formar bons profissionais em uma das

atividades essenciais do Estado, nesse sentido Vilma Marinho diz “Sabemos que o

curso não está com tanta prática como gostaríamos e achamos necessária [...]” e

complementa:

 

Nesse ponto sobre pouca prática, está incluso a falta da prática de tiros para os alunos. Até omomento, nenhum ainda foi disparado, apesar de haver a promessa de que nesta reta final depreparação, os disparos começaram a ocorrer. “Temos o receio de que os alunos recebam poucasaulas, assim como muitos dos atuais policiais receberam. Tem agentes que deram apenas 10, 15tiros no curso que fizeram de formação. Outros, nenhum. (TRIBUNA DO NORTE, 2010, p.9).

É importante ressaltar que além do curso de formação que deixa a desejar o número

de policiais civis é insuficiente para todo o Estado, Vilma Marinho diz:

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O déficit ainda é muito grande não só em Natal, mas principalmente no interior do Estado. EmMossoró, por exemplo, a segunda maior cidade do RN, ainda tem policial militar cobrindo plantão deagente da PC. Isso é inconstitucional. Queremos um concurso não só com 300 vagas. Precisamos demais se quisermos estar prontos para sediar a Copa de 2014. (TRIBUNA DO NORTE, 2010, p.9)

Segundo o relatório do Sindicato dos Policiais Civis do Rio Grande do Norte sobre as

condições de trabalho dos policiais civis (2009, p.15) que diz:

Ademais, as condições de trabalho degradadas da Polícia Civil demonstram que existe um graveproblema de ausência de gestão da infra-estrutura, que se soma a omissão ou baixo empenho deautoridades responsáveis pela situação, dentro e fora da Polícia Civil - no Sistema de Segurança e noGoverno do Estado.

Oliveira Junior et al (2009, p.16) diz

Por conseguinte, os Policiais Civis acumulam consideráveis problemas que vão desde à infra-estrutura, organização, manutenção de recursos para o desenvolvimento das atividades e quepassam pela formação profissional para o cumprimento de sua função legal. Os Policiais Civisdesejam atuar dentro das suas atribuições constitucionais, e em ambiente salubre com condiçõesdignas e suficientes para que possam desenvolver um trabalho de qualidade e gerar credibilidade etranquilidade para a população.

Sabemos que no ano de 2009 o quadro funcional da polícia civil resumia-se ao

seguinte, segundo Oliveira Junior et al (2009, P.18) “[...] são 144 Delegados de

Polícia Civil; 142 Escrivães de Polícia Civil e 1102 Agentes de Polícia Civil, num total

de 1.388 policiais apenas”. E que absurdamente 73,65% dos municípios do Rio

Grande do norte não contavam com efetivo de policiais civis.

Além de todas as deficiências já citadas, não podíamos deixar de falar sobre os

armamentos que são utilizados pelo deficiente número de policiais civis na ativa,

veja o que diz Oliveira Junior et al (2009, p.23):

o armamento predominante na grande maioria das Delegacias do RN, ainda é o revolver calibre 38,ultrapassado e inadequado para o uso das polícias. Além do mais, em quase todas as Delegacias oque se vê são espingardas e carabinas velhas e enferrujadas como armamento “pesado”. Os PoliciaisCivis são obrigados a enfrentar os criminosos e as quadrilhas com armamento obsoleto, enquanto osdelinquentes utilizam um arsenal de guerra, de última geração.

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E as viaturas da policia civil em sua maioria esmagadora são adesivadas com o

nome polícia civil em letras garrafais ou com o símbolo da instituição e em número

insuficiente, veja o que diz Oliveira Junior et al ( 2009, p.23):

As viaturas das unidades de Polícia Civil apesar de terem melhorado um pouco quanto ao número deveículos novos disponíveis, ainda deixa muito a desejar principalmente no interior do Estado. NaCapital, a distribuição de viaturas beneficia tão somente as Delegacias Especializadas e aos q u a d r o s a d m i n i s t r a t i v o s, prioritariamente, excluindo as Delegacias de bairros (Distritais da Capital)e da Região Metropolitana.

Em 2009 os policiais civis desencadearam uma serie de greves em busca de

melhores condições de trabalho, pois o descaso dos políticos era e é muito grande.

A prova disso é que no jornal Diário de Natal em sua edição do dia 20 de setembro

de 2010, no caderno cidades, faz- se o seguinte relato:

O Ministério Público Estadual instaurou um inquérito civil para investigar o abandono de presos dentroda Delegacia Civil de Vera Cruz, distante 37km de Natal. A promotora da Comarca de Monte Alegre,Lara Maria Texeira de Morais, realizou uma inspeção no dia 24 de agosto, por volta das 11h30, noDestacamento da Polícia Militar do município, onde também funciona a Delegacia de Polícia. O localestava fechado, com presos no interior do imóvel, sem nenhum policial militar ou agente da PolíciaCivil presente. A custódia dos apenados estava sendo feita por um outro preso.

Relata Maiara Felipe (2010, p.8) que: 

O preso que fazia a segurança da Delegacia era José Félix de Bira, que cumpre pena em regimefechado. Ele estava fora do prédio, sem escolta, "vigiando" os demais detentos. A promotora publicouno Diário Oficial do Estado (DOE), no último sábado, a abertura do inquérito "com o objetivo de apurar as irregularidades noticiadas, propondo, ao final e se for o caso, a devida ação de responsabilizaçãopor ato de improbidade administrativa, sem prejuízo da adoção das medidas de natureza penal eadministrativa cabíveis", relata no documento.

Ainda, segundo o jornal Diário de Natal, outros casos parecidos ocorreram no ano de

2010, veja o que diz a mesma edição:

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Não é a primeira vez que o MP atua em casos como esse. Em fevereiro deste ano, os presoscustodiados na delegacia de Jucurutu dormiram sem a guarda de policiais civis ou militares. Na

ocasião, o promotor de Justiça Alysson Michel de Azevedo Dantas publicou uma recomendação parao delegado elaborar uma escala de serviço em que tivesse no mínimo um agente de segurança por noite. "Não obstante a absurda falta de estrutura da Polícia Civil e o descaso do Governo do Estadodo Rio Grande do Norte com a segurança pública e com direitos de presos, não é possível quedetentos durmam trancados em Delegacias de Polícia, sem qualquer servidor público responsável por sua guarda", escreveu o representante do Ministério Público.

Dado o máximo respeito ao promotor de justiça, mas sua sugestão deveria ser a de

que os presos devem ser custodiados por agentes penitenciários. Porém, o que se

quer frisar aqui é, que parcela significativa dos funcionários públicos que compõem

os poderes legislativo, judiciário e, principalmente, o executivo estão de pouco caso

com a segurança pública do Estado do Rio Grande do Norte.

Em julho de 2009, o promotor de justiça criminal Wendell Beethoven em entrevista

ao Jornal de hoje foi enfático “A polícia civil do Rio Grande do Norte é uma das

piores do Brasil”. Mas logo ele passou a explicar (ELINÔRA MARTINS, 2009, p.1):

No entanto, o promotor é enfático: "A Polícia Civil do Rio Grande do Norte é uma das piores doBrasil". Ele se refere ao baixo índice de produtividade das delegacias, que reflete a situação da políciainvestigativa do Estado. Segundo o promotor, cerca de 90% do Estado não têm uma Polícia Civileficiente, já que tem delegado acumulando a titularidade de várias delegacias, chegando a responder por mais de 10 municípios. "A Polícia Civil da gente se resume às cidades da Mossoró, Caicó e Natal.

E não podemos exigir que os delegados se desdobrem, pois o volume de trabalho é grande. Ésuperior a vontade detrabalhar", rebate.

  As delegacias distritais são esquecidas e as especializadas também são

afetadas pelo descaso uma vez que não conseguem dar vazão a toda à demanda,

Wendell Beethoven (apud ELINÔRA MARTINS, 2009, p.3) diz que o DEICOR não

cobre a própria demanda, veja:

Já a Divisão Especializada no Combate e Investigação ao Crime Organizado, que é bem estrutura,não consegue dar vazão ao volume de trabalho que lhe é imputado. "Eles mal estão trabalhando emum caso aqui na capital, daí acontece alguma coisa na região Oeste e os mandam para lá. Eles sedesdobram em vários. Não tem investigação que seja concluída, por mais disposição que os policiais

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tenham", falou.

Ele ainda continua o raciocínio afirmando que o ITEP – Instituto Técnico-Científico

de Polícia é motivo de piada:

Outra deficiência da Segurança Pública do Estado é a Polícia Científica. Com a estrutura limitada earcaica, o Instituto Técnico-Científico de Polícia do Rio Grande do Norte (Itep) é motivo de piada paratodos os que trabalham com a segurança pública. Um laudo passa meses para ser concluído, osequipamentos estão quebrados e falta material de trabalho. O resultado, às vezes, é prejudicado por falta de uma simples máquina fotográfica, por exemplo. Fontes deste vespertino informaram que abalança cadavérica está quebrada há pelo menos um ano. (ELIONÔRA MARTINS, 2009, P.3).

O promotor criminal também enfatiza a importância da perícia bem feita, veja:

Em uma investigação criminal é primordial que o trabalho de perícia seja bem feito, que seja perfeito.Se alguma coisa não for feita, se a perícia deixar a desejar, a investigação é comprometida e, muitasvezes, faz com que os crimes fiquem impunes, já que as provas são necessárias para decretar aprisão de um crimino". (WENDELL BEETHOVEN apud MARTINS, 2009, p.3).

E chama a atenção para a importância de uma perícia criminal, observe:

E Para se ter uma idéia de que trabalhamos na época da pedra, no quesito perícia, na Bahia, por exemplo, existe um trabalho informatizado de comparação balística possível de detectar onde umdeterminado tipo de projétil é utilizado. Ao ser analisado, o computador informa onde aconteceramcrimes com aquele tipo de bala. Aqui, no Itep, só é capaz de fazer essa identificação quando se tem aarma de fogo apreendida, para comparar o projétil à arma. Sem ela, a polícia daqui não conseguechegar ao bandido e fazer a comparação do projétil que acertou a vítima. Aqui no Estado também nãoé possível fazer a comparação de DNA. Tendo mais uma vez que recorrer à moderna criminalísticado estado baiano. (ELINÔRA MARTINS, 2009, p.3)

E, para finalizar o promotor criminal Beethoven (apud MARTINS, 2009 p.4) diz que

Mas para ter sucesso em uma investigação, de acordo com Wendell, é necessária a junção de doisfatores: uma investigação bem feita e uma perícia bem realizada, já que em muitos casos não existe aprova testemunhal, uma vez que as pessoas são intimidadas pelos assassinos ou pelos próprioscriminosos da comunidade, muitas vezes resumida ao traficante que manda na região.

Por isso, segundo ele, é muito difícil desbaratar um "grupo de extermínio". É preciso, primeiramente,um bom trabalho de investigação da Polícia Civil. Fato que na maioria das vezes não acontece por medo dos próprios delegados.

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Em 2010 a realidade não é muito diferente, os delegados que trabalham no interior 

continuam acumulando a direção de delegacias de vários municípios ao mesmo

tempo.

Em julho de 2009 os agentes de polícia civil eram desviados de sua função

investigativa para tornarem-se carcereiros, fator, sem dúvida alguma que influencia

negativamente todo o trabalho, pois perdíamos pelo menos oito policiais por 

delegacia só para manter a vigilância da carceragem. Depois de diversas

paralisações grevistas dos policiais até o ministério público entrou para o combate

em busca de melhorias, veja o que diz Wendell Beethoven (apud ELINÔRA

MARTINS, 2009, p.1)

 Não é papel do Ministério Público fazer o trabalho da polícia, além do mais não temos pessoal decampo para fazer a investigação. Porém, batalhamos para retirar os presos das delegacias para queos policiais possam trabalhar, pois sabemos que não é por má vontade que as investigações não sãorealizadas pela Polícia Civil. O que acontece é que eles estão tendo desvio de função ao tomar contados presos, ao invés de estarem nas ruas", comentou o promotor. "Se em uma delegacia tem 12presos, por exemplo, a distribuição da escala faz com que oito fiquem na custódia e apenas quatrofaçam o resto das atividades da delegacia, entre elas o atendimento ao público e levar os presos paraaudiências e serviços de saúde. Como também a parte administrativa de leva e trás de processos dofórum e recebimento de laudos no Itep. Somado a isso ainda tem a escala de férias e as licenças de

saúde dos policiais", destacou.

Em Dezembro de 2009 os presos foram entregues a Secretaria de Cidadania e

  justiça- SEJUC, melhorou um pouco, mas não há equipamentos, como câmeras,

micro câmeras, escutas, máquinas fotográficas, viaturas descaracterizadas, acesso

a computadores em boas condições de uso, acesso ao sistema de informações de

segurança – INFOSEG. E, como não iremos atribuir toda esta falta de

equipamentos, senão ao descaso dos governantes. Nesse sentido:

Há sete anos no poder, Wilma de Faria pouco está fazendo pela Segurança Pública do Estado, é oque diz Wendell Beethoven. "Se existe um culpado nessa história toda é a governadora. Ossecretários de Justiça e Cidadania, Leonardo Arruada, e o de Defesa Social, Agripino Neto, sãoapenas subalternos e não podem fazer mais do que fazem", observou.O resultado disso é o desmantelamento da Polícia Civil, que, segundo o promotor, é refletido naprecariedade das delegacias distritais: algumas nem possuem internet e os delegados precisam fazer o trabalho em casa ou pedir ajuda aos colegas de profissão."Algumas delegacias são extremamente ineficientes, resultado da falta de estrutura proporcionada, eisso termina prejudicando o trabalho final. Como é que um delegado pode puxar a ficha de um

bandido se não tem acesso aos cadastros criminais? Como podem prender um bandido se não temuma viatura descaracterizada?", questionou.O promotor informou que não são apenas os homicídios que estão aumentando, mas todas as outrastipificações de crimes, como roubos, furtos e estelionatos, e as delegacias não conseguem

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acompanhar o grande volume de trabalho, pois não são estruturadas na mesma proporcionalidade,  justificando porque muitos casos terminam indo para as delegacias especializadas."Trabalhamos nas distritais com um sistema da primeira metade do século passado e brincam de fazde conta para arcar com a quantidade de crimes que cresce assustadoramente", rebate. (WENDELBEETHOVEN, apud ELINÔRA MARTINS, 2009, p.10).

Com a falta de estrutura da maioria das delegacias, os trabalhos destas, não

conseguem acompanhar o desenvolvimento da criminalidade, gerando impunidade e

efetivando a ineficiência do serviço investigativo.

4.5  REALIDADE DO BAIRRO QUINTAS – NATAL RN

O bairro das Quintas com 293 anos na atualidade vem sofrendo bastante com a

ação de criminosos, é um bairro que desenvolveu-se como boa parte da cidade,

entretanto cresceu muito mais que os outros bairros quando se fala do quesito

violência, o comerciante Erinaldo Andrade (apud Luiz Freitas, 2009, P.1):

Quintas é um bairro antigo, popular e muito bom de se morar, afirma o comerciante Erinaldo Andrade,que trocou a Zona Norte pelo bairro há nove anos. Embora possua outra casa em Lagoa Nova, elereafirma sua preferência por esse bairro, situado na Zona Oeste de Natal. Erinaldo afirma que emborao bairro seja bom, falta segurança. Seu comércio já foi assaltado cinco vezes.

O bairro é esquecido pelas autoridades políticas comenta o popular ao repórter do

 jornal diário de Natal Luiz Freitas “Para ele, o bairro carece de um efetivo ostensivo,

além de opções de lazer - em todo o bairro são apenas três quadras de esportes,

tomadas por traficantes durante à noite, segundo relato de moradores” (2009). 

As mortes por arma de fogo no bairro das Quintas faz parte do cotidiano de seus

moradores “O servente de pedreiro Lindomar Caetano Nascimento, de 18 anos, foi

assassinado com um tiro nas costas na noite de sexta-feira (24). O crime aconteceu

por volta das 19h na Travessa Napoleão Laureano, no bairro das Quintas, próximo à

residência da vítima.” (NO MINUTO, 2010, p.1).

A periferia das Quintas não é muito diferente de outras periferias, nesta parte do

bairro estão residindo às pessoas desassistidas pelo aparato estatal em todos os

sentidos:

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Em Natal a realidade não é diferente. Assim, a expansão urbana que se verificou no pós SegundaGuerra e vem se consolidando até o presente, criou espaços vazios para a especulação imobiliária ea instalação de equipamentos urbanos que beneficiaram apenas uma certa parcela da população.

(MARINHO, 2010).

E Marinho continua a falar que os economicamente desfavorecidos amontoaram-seem terras formando comunidades (2010):

O resultado foi o surgimento e a expansão do número de loteamentos clandestinos e de favelas nointerior da cidade. Nesse sentido, por volta de 1975, Natal apresentava cerca de 30 favelas eatualmente, de acordo com dados da prefeitura, chega a 70, com uma população deaproximadamente 65.122 pessoas.

No bairro das Quintas, área da circunscrição da 7ª Delegacia de Polícia de Natal,

que por sinal, o relatório do SINPOL/RN (2009, p.30) sugeri que seja demolida e que

outra seja construída em seu lugar “Novas construções de Delegacias Distritais

deveriam ser situadas em: Cidade Alta; Candelária; Conjunto Pajuçara; Quintas;

Conjunto Cidade Satélite; Conjunto Potengi; Redinha; Ponta Negra e Guarapes”

constatamos comunidades como o mosquito, o Japão, a baixada e outras

comunidades cuja população vive em extrema pobreza e deveriam ser assistidas do

aparato policial judiciário e ostensivo mas não são.

4.4.1 Condições Sócio-econômicas e Geográficas

Bairro localizado na zona oeste de Natal cuja população era de 28.674 no ano

de 2007, com 36,50% de jovens com idades entre 10 e 29 anos, que possui

comunidades como: o Novo Horizonte “favela do Japão”, a comunidade do mosquito

a beira do rio Potengi e limítrofe com a comunidade da Guarita no bairro do Alecrim,

zona leste do mesmo Município. Estas são todas comunidades desassistidas pelo

poder público e não pensem que estou exagerando porque no bairro há uma

maternidade, o hospital Giselda Trigueiro, um posto de saúde, escolas municipais e

estaduais, feiras-livres e outros, porém ambos funcionam precariamente, e digo

mais, quando começamos a perguntar sobre as viaturas da polícia militar e sobre os

resultados das investigações dos boletins de ocorrência registrados na delegacia do

bairro os resultados são piores do que imaginamos.

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4.4.2 Análise dos Resultados da Pesquisa

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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