monografia roselita pedagogia 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM-BA PEDAGOGIA 2005.1 ROSELITA MARIA ANDRADE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA REALIDADE EM PRETO E BRANCO PARA O MULTICOLORIDO DA LUDICIDADE NA SALA DE RECURSOS SENHOR DO BONFIM 2010

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Pedagogia 2010

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Page 1: Monografia Roselita Pedagogia 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM-BA

PEDAGOGIA 2005.1

ROSELITA MARIA ANDRADE

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA REALIDADE EM PRETO E BRANCO PARA O MULTICOLORIDO

DA LUDICIDADE NA SALA DE RECURSOS

SENHOR DO BONFIM

2010

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„.

ROSELITA MARIA ANDRADE

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA REALIDADE EM PRETO E BRANCO PARA O MULTICOLORIDO

DA LUDICIDADE NA SALA DE RECURSOS

Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, Departamento de Educação Campus VII da Universidade do Estado da Bahia.

Orientador: Profª. Pascoal Eron dos Santos Souza.

SENHOR DO BONFIM 2010

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„.

ROSELITA MARIA ANDRADE

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA REALIDADE EM PRETO E BRANCO PARA O MULTICOLORIDO

DA LUDICIDADE NA SALA DE RECURSOS

Aprovada em _____de _____________ de 2010.

________________________________________ Profª. Pascoal Eron dos Santos Souza (Orientador)

______________________________________ Avaliador (a)

_____________________________________ Avaliador(a)

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3

„.

A minha eterna gratidão àquele que jamais me desampara e está à frente da minha vida e de todas as minhas decisões, abrindo os caminhos para novas buscas de conhecimento. Meu Deus, ser supremo e vivo em minha vida! E que me permitiu chegar aonde cheguei.Senhor minha luz guia!

Ao meu querido, amado, inesquecível pai (in memorian), que sempre sonhou com essa conquista, que sempre incentivou ao meu desenvolvimento intelectual. Paizinho te amerei eternamente. A minha mãe que hoje compartilha comigo este momento tão especial, que me levou a compreensão do saber, mãe... te amo. A Weslley, meu filho, pedaço de mim, dádiva de Deus, meu eterno príncipe. A minha irmã, pela força nos momentos em que desanimei, por todos os momentos de luta. Ao meu esposo Givanildo, pela compreensão nos momentos tão difíceis que juntos passamos. Te amo meu amor!

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„.

AGRADECIMENTOS

Aos professores da Instituição de Ensino: Ana Maria, Gilberto Lima, Glória da

Paz, Ozelito Cruz,Lílian Teixeira,Cláudia Maísa, Sandra Fabiano, Elizabeth,

Joanita Moura, que ao socializarem seus conhecimentos, me oportunizou a

chegar nesta etapa de trabalho. A professora Suzzana Alice, que abriu as

portas ao me receber no espaço acadêmico, dando a primeira chance como

monitora, para mostrar meu trabalho, e com toda sua exigência me levou a

buscar incessantemente o conhecimento, ao tempo que mostrou o valor, e a

importância da pesquisa para a compreensão dos fenômenos.

Em especial a professora Simone Wanderley, a qual me deu oportunidade de

ser sua monitora por dois semestres e aprender contigo além dos saberes

acadêmicos, saberes significantes do processo de interação do ser humano, o

respeito à diversidade, o valor e o amor ao próximo. A você Simone meu muito

obrigada pelas escutas nas horas difíceis e desanimadoras, onde você sempre

me energizou com suas palavras positivas,além de proporcionar um ambiente

de trabalho que dava prazer em estar, característica ímpar sua.

Ao meu professor e orientador neste trabalho Pascoal Eron aqui minha gratidão

pela maneira de como me orientou, pela sua credibilidade, para que eu

pudesse concretizar este trabalho tão importante para mim. Sua sabedoria e

socialização de conhecimentos contribuíram muito para que eu chegasse até

aqui. Pascoal meu eterno obrigado!

Agradeço ainda a babá do meu filho, Jó, por me compreender nos momentos

de extresse, se fazendo uma amiga, e por cuidar do meu filho com tanta

paciência, e também nos dias e horas que mais precisei, com tanta dedicação.

A todos os colegas do curso de Pedagogia, pelas discussões, os momentos de

socializações que tanto contribuíram para o enriquecimento dos meus

conhecimentos, com um carinho enorme a Marilúcia e Letícia, amigas da minha

turma de 2005, a Viviane por sempre acreditar no meu potenciale proferir

Page 6: Monografia Roselita Pedagogia 2010

5

„.

palavras de segurança, e aos demais, uma turma que realmente surgiu para

marcar presença! Aos colegas de Pedagogia da turma de 2006.1 que me

acolhereram. Aos demais colegas dos cursos de Matemática, Biologia e

Ciências Contábeis, que nos bastidores da Uneb, sempre estivemos

compartilhando as alegrias, e os conhecimentos.

A Universidade do Estado da Bahia –Uneb, especificamente aos funcionários

do Departamento do Campus VII, que durante meu curso me acolheram com

muito carinho e respeito. Em especial a: José Bites, que com suas palavras me

incentivou quando momentos difíceis de saúde com meu pai passei, a Rita,

primeira amizade no Departamento, Assivânia, por sua dedicação e

preocupação com o próximo, pessoa humana, simples, atenciosa, querida,

palavras são insuficientes para demonstrar o carinho que tenho por ti, sou feliz

por tê-la como amiga. A Lú, sempre pronta para ouvir, a Elivete, por

proporcionar descontração com suas palavras, e ao Cláudio por sua paciência.

E a todos os funcionários da biblioteca meu lugar preferido no Departamento,

que me acolheram como verdadeiras amigas, proferindo palavras de

perseverança nos dias mais cansativos em especial, a Maria, Margarida e

Andrea.

O meu muito obrigada, àquelas pessoas que não foram citadas, mas que

tiveram sua participação neste meu processo de formação acadêmica.

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„.

"Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que,

se não pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de

janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o

que eu quero”.

Fernando Pessoa

Page 8: Monografia Roselita Pedagogia 2010

7

„.

RESUMO

O propósito deste trabalho foi realizar uma pesquisa sobre O propósito deste trabalho monográfico é apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa que visou elucidar a articulação entre ludicidade e desenvolvimento do aluno com necessidades educativas especiais. Com este intuito nosso objetivo foi identificar qual o papel da ludicidade no desenvolvimento sócio-cognitivo dos alunos especiais na perspectiva dos professores das salas de recursos e averiguar qual a compreensão que esses professores têm sobre o trabalho lúdico nas atividades diárias. Para esclarecer tais questões buscamos fundamentos para nosso objeto de estudo partindo da concepção de alguns autores que subsidiaram nossas reflexões: Kishimoto (2000), Piaget (1990), Luckesi (2000) Maluf (2003), Santos (2001), Vygotsky (1984), Wallon (2007), Almeida (2006), entre outros. Realizamos uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, e utilizamos e como instrumentos de coleta de dados o questionário aberto, o questionário fechado e a observação participante. Ao analisarmos e interpretarmos os dados dos sujeitos entrevistados constatamos que as professoras das salas de recursos têm o lúdico como recurso didático em sua prática pedagógica, ao tempo em que acreditam neste instrumento como mediador do processo de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos. Verificamos ainda que as atividades lúdicas estão presentes em seu cotidiano, porém de uma maneira restrita, essas professoras deram ênfase aos jogos, limitando outras atividades lúdicas, tão importantes neste processo. Ressaltamos que ainda é necessário que políticas públicas ofereçam maior disponibilidade de recursos para esses profissionais, a fim de que sua prática se faça eficaz para a realidade de cada aluno. Palavras-chave: Ludicidade, Professores, Desenvolvimento sócio-cognitivo, Atendimento Educacional Especializado e Sala de Recursos.

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„.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12

CAPÍTULO I

1. O fenômeno lúdico na escola contemporânea......................................... 15

1.1Desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno com necessidades

educacionais especiais: por meio da ludicidade, isso é possível?................

18

CAPÍTULO II

2. Nada mais desigual do que tratar todo aluno igual.................................... 23

2.1 Professor: mediador do processo de aprendizagem.............................. 23

2.1.1 O papel do professor na proposta do trabalho lúdico........................... 24

2.2 O sentido da ludicidade........................................................................... 26

2.2.1 Retratos da ludicidade no desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno.. 27

2.3 Educação inclusiva: reconhecendo e valorizando a diversidade............. 31

2.3.1 Atendimento Educacional Especializado para Alunos Especiais:

Aspectos Legais.............................................................................................

33

2.4 O que é uma Sala de Recursos?............................................................. 34

2.5 A influência da ludicidade no processo de desenvolvimento do aluno

especial..........................................................................................................

37

CAPITULO III

3. Abordagem Metodológica.......................................................................... 39

3.1 Conhecendo a realidade através da pesquisa qualitativa....................... 40

3.2 Lócus: Nosso campo de estudo............................................................... 41

3.3 Os sujeitos: Atores sociais no contexto................................................... 41

3.4 Instrumentos de coleta de dados............................................................. 41

3.4.1 Observação participante: Um olhar não normalizador.......................... 42

3.4.2 Questionário fechado............................................................................ 43

3.4.3 Questionário aberto.............................................................................. 44

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„.

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.......................................... 45

4.1 Análises do questionário fechado: Características dos sujeitos

pesquisados...................................................................................................

45

4.1.1 Gênero.................................................................................................. 45

4.1.2 Faixa etária........................................................................................... 46

4.1.3 Formação profissional........................................................................... 47

4.1.4 Tempo de docência na sala de recursos.............................................. 48

4.1.5 Participação em cursos complementares para trabalhar nas salas de

recursos.........................................................................................................

49

4.1.6 Material pedagógico disponível............................................................ 50

4.2 Análises do questionário aberto............................................................... 51

4.2.1 A visão do professor frente à educação lúdica para alunos especiais 51

4.2.2 As implicações das atividades lúdicas para o processo de

desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno especial......................................

53

4.2.3 A relevância dos jogos para o desenvolvimento do aluno especial...... 53

4.2.4 O trabalho docente na sala de recursos............................................... 55

4.2.5 Tinha uma pedra no meio do caminho................................................. 58

5. TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.............................................. 60

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 65

APÊNDICES

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„.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Gênero...............................................................................

46

FIGURA 02: Faixa Etária........................................................................

46

FIGURA 03: Formação...........................................................................

47

FIGURA 04: Tempo que Leciona...........................................................

48

FIGURA 05: Participação em Cursos de Aperfeiçoamento....................

49

FIGURA 02: Satisfação com Material Pedagógico.................................

50

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„.

LISTA DE ABREVIATURAS

ANEE - Alunos com Necessidades Educativas Especiais

AEE - Atendimento Educacional Especializado

NEE- Necessidades Educativas Especiais

ONU – Organização das Nações Unidas

SR - Sala de Recursos

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

DNEE/EB -Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica

CNE/CEB Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica

PRS - Professora da Sala de Recursos

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12

„.

INTRODUÇÃO

A ludicidade é uma temática que vem se destacando no espaço educacional,

visto que, seu conteúdo abre um leque de oportunidades que possibilitam um

trabalho pedagógico focado na produção do conhecimento, da aprendizagem e

do desenvolvimento. O lúdico como ferramenta para o processo de ensino-

aprendizagem, viabiliza uma prática pedagógica mais agradável, diversificada e

eficiente, na medida em que favorece a interação e integração dos alunos,

possibilitando um bom convívio social, contribuindo para o desenvolvimento

subjetivo, cognitivo e social.

A interação e integração estendem-se também aos alunos com necessidades

educativas especiais, que tem suas necessidades específicas como qualquer

outra criança. O aluno que recebe atendimento educacional especializado nas

salas de recursos convive com alguns obstáculos cognitivos, e

conseqüentemente sua adaptação ao meio se torna mais difícil.

Compreendemos assim que as atividades lúdicas possibilitam autonomia

intelectual, a partir do momento em que seja trabalhado a ludicidade com

objetivos específicos para o desenvolvimento sócio-cognitivo desses alunos.

Sendo assim, apresentamos nosso trabalho monográfico intitulado em:

Atendimento Educacional Especializado: Da realidade em preto e branco para

o multicolorido da ludicidade na sala de recursos. Seu principal propósito foi

identificar qual o papel da ludicidade para o desenvolvimento sócio-cognitivo do

aluno especial na perspectiva do professor da sala de recursos, visando

compreender de que maneira esta temática tão discutida atualmente está

sendo abordada para estes profissionais da educação que atuam com os

alunos que recebem o atendimento educacional especializado.

O título de nosso trabalho: Da realidade em preto e branco para o multicolorido

da ludicidade na sala de recursos, faz juz ao presente momento que

vivenciamos uma grande preocupação daqueles envolvidos no processo de

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„.

educação da aprendizagem dos alunos especiais. Pensamos que o professor é

capaz de transformar o mundo desse aluno que enxerga apenas o básico,

levando-o ao entendimento de uma razão permeada por significados coloridos,

alegres, onde o lúdico oportuniza essa vivência, de maneira que veja as coisas

com mais alegria em sua vida.

Além dessas expectativas, procuramos contribuir para que todos aqueles que

fazem parte do cenário educacional possam estar refletindo sobre a real

aprendizagem dos alunos especiais das salas de recursos por meio das

atividades lúdicas.

Estruturamos nossa pesquisa em quatro capítulos, enfocando o nosso objeto

de estudo, da seguinte maneira:

No primeiro capítulo, O fenômeno lúdico na escola contemporânea,

discorremos sobre as diversas possibilidades de o lúdico estar presente na vida

do sujeito, analisando a dimensão desta temática, inserida em contextos

diversos. Levamos as discussões até o espaço escolar como mediadora na

busca de conhecimento, por meio do processo ensino-aprendizagem.

Evidenciamos as implicações que a ludicidade traz ao processo de

desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno que recebe atendimento especial na

sala de recursos. A partir dessa problemática, focamos essas implicações na

perspectiva dos professores da sala de recursos.

No segundo capítulo, apresentamos o referencial teórico, no qual “dialogamos”

com os teóricos, os quais nos deram suporte à compreensão do nosso objeto

de estudo. Fizeram parte desse contexto: Oliveira (2003), Libâneo (1989),

Maluf (2003), Santos (1999; 2001; 2006), Almeida (2006), Luckesi (1994),

Piaget (1975, 1988, 1990), Vygotsky (1984), Wallon (2007), Nóvoa (1992),

Kishimoto (2006), Aguiar (2005), Souza (2006).

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„.

O terceiro capítulo traz o caminho que trilhou a pesquisa: a metodologia de

cunho qualitativo por se tratar da área de ciências humanas. Utilizamos como

instrumentos, a observação, o questionário fechado e o questionário aberto,

que nos permitiram captar as concepções dos sujeitos entrevistados.

No quarto capítulo apresentamos a análise e interpretação, construídas por

meio dos dados coletados na pesquisa. Antes de iniciarmos a análise,

agrupamos os discursos dos sujeitos por conceitos que se relacionavam entre

si, e foram divididos em categorias, com o intuito de termos uma melhor

compreensão dos fatos analisados. Este procedimento resultou em gráficos e

concepções que os sujeitos têm em relação à temática abordada, na qual

procuramos fazer um paralelo entre os resultados e os referenciais teóricos, e

que respondessem as nossas inquietações com base nos objetivos.

Concluímos nosso trabalho ao tempo em que apresentamos algumas

considerações finais, demonstrando nosso posicionamento em relação aos

discursos dos entrevistados e a nossa questão de pesquisa.

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„.

CAPÍTULO I

1. O fenômeno Lúdico na escola contemporânea

A ludicidade vem sendo estudada e discutida há muito tempo, desde a

antiguidade pelos filósofos e estudiosos, por acreditarem que a diversão e os

jogos faziam parte de sua essência. Atualmente estas discussões se fazem

presente no meio acadêmico, tornando-se alvo de reflexão, já que suportes

teóricos direcionam o estudo da ludicidade como um agente facilitador da

aprendizagem. Assim vem conquistando diversos espaços na sociedade, e se

manifesta através de expressões reais, tanto nos espaços escolares, por meio

das brinquedotecas, videotecas, atividades lúdicas, como nos espaços

informais e não formais de educação: no incremento das viagens, nas

atividades para a denominada terceira idade, na prática lúdica na família.

Atualmente a ludicidade se faz presente também no treinamento de recursos

humanos nas empresas, como afirma Santos (2000, p.60): “As empresas mais

avançadas romperam os preconceitos e buscaram no jogo e nas atividades

lúdicas, novos caminhos para enfrentar os desafios da modernidade”, assim

podemos observar a dimensão da ludicidade na vida do ser humano.

Apesar da ludicidade fazer parte do contexto escolar, ainda há imensas

lacunas nessa área em relação à produção científica, seja na prática ou mesmo

como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem dos

alunos.

Partindo da teoria de que uma educação lúdica tem como princípio a

compreensão de que o ser humano é um ser em movimento, que se constrói

ao longo do tempo, ela foge ao entendimento de que o ser humano é um ser

dado pronto, acabado. Uma prática lúdica configura-se sobre um entendimento

de que o ser humano se constrói a cada momento, por meio de sua atividade,

na perspectiva de vivenciar momentos que o levem ao encontro consigo e com

o outro, momentos de fantasia, realidade, percepção e ressignificação, “na

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16

„.

verdade, a atividade lúdica é uma forma de o indivíduo relacionar-se com a

coletividade e consigo mesmo” (AMARILHA, 1997, p.57).

Nas atividades lúdicas o ser humano se desprende do real, e passa por um

estado de plenitude, sendo esta uma necessidade para seu bem estar físico e

mental, ao mesmo tempo em que proporciona momentos de interação com o

outro. Neste sentido a atividade lúdica terá um significado real, quando o

sujeito se entregar totalmente, ou seja, existe a necessidade de uma sintonia

entre corpo e alma, a participação deve ser verdadeira para que não haja

espaço para outra coisa qualquer, que seja apenas a própria atividade que está

vivenciando naquele momento.

Não há como se dividir, é um momento em que estamos flexíveis, plenos,

inteiros, alegres e saudáveis. Apesar de que é possível não se entregar

totalmente nestas atividades, e ao mesmo tempo envolver-se com outra coisa,

mas não estaremos participando dessa atividade verdadeiramente. Esta

desconexão do corpo e mente resultará em corpo presente e mente ausente; o

que definirá a atividade lúdica como não plena, e por isso, não será lúdica

(LUCKESI, 2000). São lúdicas as atividades que propiciem a vivência plena do

aqui e do agora integrando a ação, o pensamento e o sentimento.

Desse modo a educação lúdica é uma orientação adequada para uma prática

educativa que esteja atenta à formação de um ser humano saudável para si e

para sua convivência com os outros. Educar ludicamente é criar ambientes

com elementos atraentes e apropriados para estimular o desenvolvimento

integral da criança.

A ludicidade com fins pedagógicos revela a sua importância em situações de

ensino-aprendizagem, ao aumentar a construção do conhecimento, agindo

como um impulso natural da criança funcionando assim, como um grande

motivador, estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra

várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cognitiva. Como

atividade física e mental mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona

as esferas motoras e cognitivas. Vygotsky (1989), afirma que:

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„.

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual e externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos (p.109).

É fato que as atividades lúdicas como os jogos, brinquedos, brincadeiras e

quaisquer atividades que proporcionem o prazer, têm um valor interventivo no

processo de aprendizagem, no sentido em que contribui diretamente para a

aquisição do conhecimento e desenvolvimento integral da criança. A

incorporação dessas atividades no contexto escolar contribui para que o aluno

desenvolva inúmeras aprendizagens e para a ampliação de rede de

significados construtivos.

O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,

tanto para crianças, como para jovens e adultos, porém a sua aplicação deverá

ser diferenciada nas diversas faixas etárias, de acordo com as necessidades

específicas de cada grupo. Como afirma Santos (2002):

O jogo constitui insubstituível estratégia para ser utilizado como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, e se usado dentro de certos fundamentos básicos representa significativa ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. (p.26)

Por várias evidências da relevância da ludicidade no contexto escolar, é

necessário investir em metodologias, nos recursos que proporcionam prazer

como os jogos, as brincadeiras, a música, o teatro, agindo assim como via de

incentivo ao aprendizado prazeroso, retratando os benefícios na vida do aluno.

O aluno que vivencia momentos de ludicidade no espaço escolar, desenvolve-

se de uma maneira mais segura, já que as atividades lúdicas despertam sua

curiosidade, (re) afirmam a autoconfiança, proporcionam momentos de

descobertas, experiências, interação e socialização, levando a criança a aceitar

as regras, esperar sua vez, aceitar resultados. Esta educação lúdica representa

valores específicos para todas as fases da vida humana.

Page 19: Monografia Roselita Pedagogia 2010

18

„.

O jogo inserido no contexto lúdico desempenha uma importante contribuição ao

desenvolvimento social, cognitivo e físico, desmistificando a teoria de ser um

simples divertimento, levando a criança a utilizar a criatividade, o domínio e à

firmação da personalidade.

1.1 Desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno com necessidades

educacionais especiais. Por meio da ludicidade, isso é possível?

Compreendemos a ludicidade como um elemento relevante para a prática

pedagógica dos professores, e neste contexto nos inquieta saber quais as suas

contribuições para o desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno com

necessidades educativas especiais1 (ANEE), ao mesmo tempo em que

percebemos que o desafio está em inseri-la nas salas de recursos (SR), nas

classes regulares da escola comum.

As pessoas com necessidades educacionais especiais1 têm assegurado pela

Constituição Federal (1988), o direito à educação (escolarização) realizada em

classes comuns e ao atendimento educacional especializado (AEE)

complementar ou suplementar à escolarização, que deve ser realizado

preferencialmente em salas de recursos na escola onde estejam matriculados,

em outra escola, ou em centro de atendimento educacional especializado.

A dignidade, os direitos individuais e coletivos garantidos pela Constituição

Federal (1988) impõem às autoridades e à sociedade brasileira a

obrigatoriedade de efetivar a política de inclusão como um direito público para

que as pessoas especiais tenham a oportunidade de preparar-se para a vida

em comunidade.

O reconhecimento da diversidade e heterogeneidade dos alunos especiais é

um fator determinante da escola inclusiva. Nesta perspectiva o Ministério da

Educação, visando o desenvolvimento e aprendizado com necessidades

1 O termo “Necessidades Educativas Especiais” (NEE), vem expressado pela primeira vez no

relatório Warnock publicado no Reino Unido em 1978. Termo este aplicado ao aluno que apresenta algum problema de aprendizagem que demanda um atendimento específico e mais recursos educativos que os que precisam os parceiros de sua idade.

Page 20: Monografia Roselita Pedagogia 2010

19

„.

educativas especiais, denomina como política de inclusão a sala de recursos,

que tem como meta principal demonstrar que essas crianças apresentam um

diferencial no processo de aprendizagem e dessa maneira desmistificar alguns

preconceitos dessa natureza.

Trabalhar com essas diferenças implica em oferecer ambientes na escola que

dêem subsídios para concretizar tal proposta. É nessa perspectiva que a SR

supõe uma superação dos preconceitos, modificação de atitudes e organização

de metodologias de trabalho. Um ensino inclusivo gira em torno de propostas

metodológicas motivadoras, buscando identificar entraves de aprendizagem, e

possuir estratégias de removê-los, com o objetivo de que cada aluno deste

contexto seja contemplado e respeitado em seu processo de desenvolvimento

sócio-cognitivo.

Neste sentido incluir o aluno com NEES no contexto escolar, é valorizar e

potencializar sua autonomia, seu pensamento crítico, sua diversidade de

capacidades, entendendo essas diferenças não como obstáculos e sim como

degraus para o crescimento coletivo. A inclusão escolar então é uma proposta

que representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade

de direitos e de oportunidades educacionais para todos.

Rodrigues (2007), define a educação inclusiva como:

(...) uma reforma educacional que promove a educação conjunta de todos os alunos, independentemente das suas características individuais ou estatuto sócio-econômico, removendo barreiras à aprendizagem e valorizando as suas diferenças, para promover uma melhor aprendizagem de todos. (p.34).

Para o desenvolvimento sócio-cognitivo dos alunos com necessidades

educativas especiais, enfatizamos a importância ao acesso aos recursos

oferecidos pela sociedade, pela tecnologia, pelas escolas como influências

determinantes no processo de aprendizagem do aluno especial.

Page 21: Monografia Roselita Pedagogia 2010

20

„.

Para Vygotsky (1984), desenvolver ambientes de acessibilidade com

elementos significativos e inserir esses indivíduos neste contexto, é propiciar-

lhes condições para interagir e aprender, assim suas necessidades especiais

serão supridas por interagir, relacionar-se e competir em seu meio, com

recursos mais apropriados, visto então, como “igual” na medida em que suas

“diferenças” cada vez mais se assemelham com as diferenças intrínsecas e

existente entre todos os seres humanos.

É de suma relevância direcionarmos nosso olhar ao atendimento educacional

especializado, que se caracteriza como uma modalidade da educação especial

tendo como finalidade, proporcionar e ampliar habilidades funcionais de

pessoas com necessidades especiais, bem como uma prática educacional

inclusiva a partir de novas, interessantes e criativas ferramentas pedagógicas

visando a participação efetiva dos alunos.

Nesta perspectiva pretendemos discutir a importância da sala de recursos

como parte do processo de inclusão, no contexto escolar, enfocando seus

objetivos, considerando principalmente, as diretrizes para a educação especial,

e as recomendações de organizações para essa modalidade educacional.

Carvalho (2000) afirma que a organização do atendimento educacional,

baseada no paradigma da inclusão, deve procurar a remoção das barreiras

para a aprendizagem. Uma das tentativas da sala regular de ensino é romper

com essas barreiras, e para atender as particularidades de cada aluno com

NEE, a inserção da sala de recursos se faz necessária neste processo de

inclusão.

A sala de recursos age como mediadora do desenvolvimento sócio-cognitivo

desses alunos, potencializando a exploração e construção do conhecimento.

Para Vygotsky (1984) os alunos com necessidades educativas especiais

podem se beneficiar do processo de aprendizagem como os demais e afirma

que uma criança com tais necessidades desenvolve-se como outra qualquer de

sua idade, porém de uma maneira diferente.

Page 22: Monografia Roselita Pedagogia 2010

21

„.

A utilização das atividades lúdicas, como instrumento facilitador da

aprendizagem, nesta modalidade de ensino, torna-se imprescindível para o

desenvolvimento social, afetivo, motor e cognitivo das crianças. É importante

ressaltarmos que ludicidade não está resumida apenas ao ato de brincar, se

expressa como uma atividade livre, criativa, capaz de absorver a pessoa que

brinca, seja com jogos, brincadeiras, músicas ou qualquer atividade que

proporcione aprendizagem, a partir do sentimento de prazer. Para Santos

(2001, p.16): “Uma aula ludicamente inspirada não é, necessariamente, aquela

que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do

brincar estão presentes.” É o professor que possibilita momentos de

aprendizagem lúdica aos alunos.

Sabendo que a sala de recursos oferece várias ferramentas para a prática

educativa do professor, o que nos inquieta é saber de qual maneira que a

ludicidade pode contribuir com o processo de aprendizagem. Neste sentido

passa a ser nosso questionamento nesta pesquisa: Qual o papel das atividades

lúdicas para o desenvolvimento sócio-cognitivo dos alunos que recebem

atendimento educacional especializado, na perspectiva dos professores das

salas de recursos?

Visando contribuir para o aprofundamento da análise e da discussão sobre este

tema, a partir deste questionamento estabelecemos como objetivo nesta

pesquisa:

Identificar qual o papel da ludicidade no desenvolvimento sócio-cognitivo

dos alunos especiais na perspectiva dos professores das salas de recursos;

Averiguar qual a compreensão que os professores das salas de recursos

têm sobre o trabalho lúdico nas atividades diárias.

A realização da presente investigação se faz necessária no meio educacional,

uma vez que, embora a discussão sobre o ensino-aprendizagem seja bastante

ampla, ainda convivemos com os mesmos impasses. Ainda são presentes no

Page 23: Monografia Roselita Pedagogia 2010

22

„.

âmbito escolar problemas relacionados à contextualização,

interdisciplinaridade, projetos, prática concreta dos professores. Cientes do fato

de que, para que ocorra uma aprendizagem, ela deve ser significativa, o que

exige que seja vista como compreensão de significados, relacionando-se às

experiências anteriores, pautaremos aqui estas questões tão fundamentais.

Cientificamente, julgamos que nosso estudo pode contribuir para uma reflexão

entre a postura mediadora do professor e a produção do conhecimento. Assim

temos a pretensão de explanar sobre a ludicidade como prática nas salas de

recursos visando cooperar para que surjam novas ponderações sobre as

intervenções pedagógicas, suas possíveis falhas e sua real aprendizagem,

levando-se em conta, a opinião, concepções e práticas, principalmente,

daqueles que estão diretamente envolvidos no processo de construção do

conhecimento, neste caso: o professor.

Page 24: Monografia Roselita Pedagogia 2010

23

„.

CAPÍTULO II

2. Nada mais desigual do que tratar todo aluno igual

A escola na busca por uma Educação mais Inclusiva2 tem tentado trazer

elementos que contribuam para a construção do conhecimento pleno do aluno,

de maneira que proporcione subsídios para que ele desenvolva suas

potencialidades. É neste contexto que a inclusão do lúdico tem o poder de

transformar o processo de ensino-aprendizagem em atividades dinâmicas,

integradoras e prazerosas.

As atividades lúdicas proporcionam ao aluno um aprendizado que o leva a

descobrir o mundo e construir conhecimentos, por meio dos jogos e

brincadeiras. A possibilidade de integração e interação que a ludicidade

proporciona ao aluno faz com que o preconceito, a discriminação e os

estereótipos sociais se quebrem. Estas vivências de situações de socialização

são essenciais para o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico dos

sujeitos. Este é o papel da escola inclusiva, que além de reconhecer a

diversidade, é capaz de criar ambientes ricos de estímulos cognitivos,

utilizando para isso, a ludicidade como ferramenta pedagógica.

Diante dessas perspectivas, para alcançarmos o nosso objetivo de pesquisa,

buscaremos refletir nos tópicos seguintes, a ludicidade enquanto mediadora no

processo de desenvolvimento sócio cognitivo do aluno especial.

2.1 Professor: mediador do processo de aprendizagem

O professor possui várias habilidades,esta é uma das exigências do professor

da educação contemporânea, e uma delas é a de construir caminhos para

2 A proposta da educação inclusiva se baseia na adaptação curricular, realizada através da

ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte tanto ao professor quanto ao portador de necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis.

Page 25: Monografia Roselita Pedagogia 2010

24

„.

provocar o aluno, levando-o a capacidade de refletir, analisar, estando sempre

na busca de novos conhecimentos. Nóvoa (1995) fala das novas atribuições e

preocupações do professor na atualidade:

(...) a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado. (p.78).

A educação especial requer um professor atualizado com a realidade e o

contexto social em que vivem esses alunos com necessidades educativas

especiais. Suas estratégias são fundamentais para que o aluno entenda a

necessidade de compreensão dos conceitos e não apenas a memorização.

No processo de aprendizagem dos alunos, o professor é peça fundamental,

capaz de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social e educativo de

seus alunos. Oliveira (2003) afirma que professor:

Constrói valores e os reproduz entre seus alunos e colegas, produzem conhecimentos e desenvolve potenciais próprios do seu campo de atuação, a saber, a docência. Mas juntamente com esses aspectos, esse profissional também constrói e desenvolve valores a cerca do universo cultural e social em que vive. (p.160).

Ao professor cabe o compromisso de contribuir para a educação do aluno, ao

tempo em que se torna parte integrante da história de cada um e de uma

realidade coletiva. Faz-se necessário que o professor respeite também o

contexto social ao qual o aluno está inserido.

2.1.1 O papel do professor na proposta do trabalho lúdico

O saber docente não é formado apenas da prática, é também formado pelas

teorias da educação, e estas ocupam um importante espaço na formação dos

professores, pois lhe dá condições para organizar uma ação contextualizada e

direcionada às diferentes necessidades dos alunos. Libâneo (1989, p. 28),

Page 26: Monografia Roselita Pedagogia 2010

25

„.

neste aspecto afirma que: “a formação profissional do professor implica, pois

uma contínua interpretação entre teoria e prática”.

É necessário que o professor leve ao ambiente dos alunos, elementos

significativos que possam garantir situações de aprendizagem, na qual

possibilitasse ao aluno o desenvolvimento de suas capacidades, de afetividade,

cognitivas e sociais. Diante desse contexto, o papel do professor não pode ser

mais o de apenas informar, mas de agir, sobre o processo de construção do

conhecimento para descobrir estratégias que auxiliem os alunos a atingir os

objetivos.

Para Maluf (2003) o professor é quem cria oportunidades para que o brincar

aconteça de uma maneira sempre educativa. Vale ainda ressaltarmos que para

que a brincadeira seja considerada como facilitadora do desenvolvimento dos

processos sócio cognitivo do aluno, é necessário que esteja articulado à uma

prática pedagógica que vise objetivos e estratégias de aprendizagem.

Para Santos (1997): “O educador é um mediador, um organizador das

atividades, das certezas e incertezas do dia-a-dia da criança em seu processo

de construção de conhecimento” (p.61). Portanto, o papel do professor é de

proporcionar experiências variadas e enriquecedoras para que os alunos

possam praticar novas formas de aprendizagem, fortalecendo a auto-estima e

as suas diferentes capacidades. Como afirma Almeida (2006):

O professor deverá acompanhar a criança durante a prática de atividades, mediando as situações, facilitando sua integração ao ambiente e participando do mesmo como elemento estimulador em todas as oportunidades, sendo importante que as crianças façam suas próprias descobertas, assimilando conceitos e integrando-os à sua personalidade (p.76).

Diante deste conceito, a intervenção do professor no momento certo, é muito

importante, pois através dela o aluno poderá estabelecer relações e fazer

associações estruturando o seu conhecimento.

Page 27: Monografia Roselita Pedagogia 2010

26

„.

2.2 O sentido da ludicidade

Dar significado a ludicidade segundo o Dicionário Universal da Língua

Portuguesa (2000) é dizermos que o termo lúdico vem do latim LUDUS e

significa jogo.Já para Houaiss (2001) o conceito de lúdico envolve qualquer

objeto ou atividade que vise mais ao divertimento que a qualquer outro objetivo

p.1789). Na visão de Dantas (1998), “o termo lúdico refere-se à função de

brincar de uma forma livre e individual, e jogar, no que se refere a uma conduta

social que supõe regras”. (p.114).

Percebemos que o lúdico também é visto enquanto manifestação do sujeito,

entre seu corpo e alma,perceptível em diversas esferas do ser humano:nos

jogos, no brincar, em atividades prazerosas. Para Luckesi (1994):

A ludicidade é entendida como forma viva e como uma ação sentida e vivida, não pode ser entendida pela palavra apenas, mas pela fruição. Não é apenas um sentimento, uma emoção, um prazer, mas um conjunto de valores que são experimentados por aquele que brinca, participa, experiência que é no fundo estritamente pessoal, renovado a cada situação. (p.51).

Neste sentido a definição sobre o lúdico passou a ter reconhecimento como

traço do comportamento humano, de modo que deixou de ser o simples

sinônimo de jogo. A necessidade lúdica extrapola o brincar espontâneo, e

integra-se às atividades essenciais da dinâmica humana. Para Santin (1990), o

lúdico são ações vividas e sentidas, não definíveis por palavras, mas

compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia, e imaginação.

Direcionando o olhar para a ludicidade em termos sociológicos, é notória sua

presença enquanto mediadora da inserção do indivíduo no coletivo, a interação

do indivíduo com outros, a partir de vivências lúdicas. Psicologicamente a

ludicidade traz muitas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem, por

estimular o pensamento, ao mesmo tempo em que mobiliza esquemas

mentais, integra várias dimensões da personalidade, afetiva social, cognitiva e

motora. Como afirmam Santos (2006):

Page 28: Monografia Roselita Pedagogia 2010

27

„.

A ludicidade pode ser analisada sob alguns aspectos: sociológica, porque a atividade de cunho lúdico engloba demanda social e cultural; psicológica porque se relacionam com os processos de desenvolvimento e de aprendizagem do ser humano em qualquer idade em que se encontre. (p.42).

A ludicidade tem como proposta ainda, a promoção de uma aprendizagem

significativa, pois permite à criança um conhecimento permeado por

características do conhecimento de mundo. Segundo o Referencial Curricular

Nacional (1998), a criança precisa ter prazer, brincar, envolvida pela alegria

para seu crescimento, e o jogo neste sentido age como uma forma de equilíbrio

entre ela e o mundo. Santos (2001) defende a idéia de que :

(...) o uso das atividades lúdicas como estratégia para a construção do conhecimento, e a educação pela via da ludicidade propõe-se uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirado numa concepção de educação para além da instrução. (p.4).

Assim, a ludicidade não se restringe apenas às brincadeiras, jogos e

divertimentos. Para Luckesi (2000) distinguir jogos e divertimento de ludicidade,

define esta última como um fazer humano mais amplo, que se relaciona não

apenas a um sentimento, atitude do sujeito envolvido na ação, que se refere a

um prazer de celebração em função do desenvolvimento genuíno com a

atividade: a sensação de plenitude que acompanha as coisas significativas e

verdadeiras.

Desta forma a ludicidade no campo educacional se apresenta como uma

proposta de aprendizagem significativa, agindo como mediadora no processo

de desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno.

2.2.1 Retratos da ludicidade no desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno

Por meio da ludicidade o aluno pode vivenciar suas experiências de forma

significativa e concreta, aprendendo com clareza os conceitos e significados do

contexto escolar e social. Possui efeitos positivos no processo de

Page 29: Monografia Roselita Pedagogia 2010

28

„.

aprendizagem do aluno, já que estimula o desenvolvimento de habilidades

básicas e a aquisição de novos conhecimentos. Afirma Santos (1999):

O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado superior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento. (p.12)

Nesse sentido a ludicidade se torna uma intermediária entre o processo de

aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, facilitando ao aluno a

socialização, expressão, comunicação e construção do conhecimento

(SANTOS, 1995).

Os alunos que fazem parte de um contexto em que tem a ludicidade como

ferramenta pedagógica se mostram mais predispostos para usarem a

inteligência, ao se esforçarem para ultrapassar e romper suas próprias

barreiras, tanto cognitiva como emocionais.

Segundo Piaget (1998) ao fazermos uma relação da atividade com o jogo, não

podemos vê-la somente com um olhar de entretenimento no qual a criança

possui liberdade para descarregar suas energias, a ludicidade deve ser vista

como algo sério que leva o aluno as mais variadas etapas de avanços. Isso

porque a ludicidade contribui para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo,

social e moral, sendo que através de suas expectativas acontece a construção

do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-

operatório3.

A ludicidade possibilita a criança formar conceitos, selecionar idéias,

estabelecer relações lógica, ao mesmo tempo em que integra percepções, faz

estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento, além

departicipar de um importante processo de socialização. Ao praticar as

3 Piaget identifica os quatro estágios de evolução mental de uma criança. Cada estágio é um período onde o

pensamento e comportamento infantil é caracterizado por uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Esses

quatro estágios são: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. PIAGET, Jean, Psicologia

e Epistemologia, Dom Quixote, Lisboa, 1989.

Page 30: Monografia Roselita Pedagogia 2010

29

„.

atividades lúdicas, o aluno passa a se compreender e se orientar nos espaços,

pensar e refletir, comparar, perceber, sentir, construir sua personalidade. Desta

maneira há uma grande relevância da ludicidade como processo de

desenvolvimento sócio-cognitivo da criança. Vygotsky (1994) pegou como

objeto de estudo a brincadeira e conseqüentemente aprofundou uma análise

histórica.

Vygotsky (1994) pegou como objeto de estudo a brincadeira e

conseqüentemente aprofundou uma análise histórica, que se refletiu como uma

atividade social da criança, sendo que a natureza e a origem específicas são

caracterizadas como elementos fundamentais para a construção da

personalidade do sujeito e a compreensão da realidade na qual se insere.

A possibilidade de lidar com as frustrações e reconstruir a realidade é a

proposta que o brincar traz para o aluno, sendo que grande parte do

pensamento infantil se constitui pelo ato de brincar, é uma situação privilegiada

de aprendizagem. (idem).

Nesta mesma perspectiva, os jogos e as brincadeiras para Piaget (1990)

consistem em apenas um processo de assimilação funcional, agem como um

exercício das ações individuais, tendo a função de consolidar os esquemas

estruturados e dar prazer. Já Wallon (2007) defende que o brincar e o

brinquedo, possuem juntos uma grande participação no processo de

aprendizagem e desenvolvimento do aluno em todas as suas fases.

Diante do exposto, o jogo como atividade lúdica, serve como recurso de

autodesenvolvimento, ao tempo em que propicia o caminho interno da

construção da inteligência e dos afetos. Os jogos também oferecem aos alunos

motivação para que usem a inteligência com o objetivo de superar obstáculos,

tanto cognitivos quanto emocionais, e também se tornem mais ativas

mentalmente.

Percebemos assim, a eficácia do jogo no desenvolvimento do aluno, não

apenas como mero divertimento ou brincadeira para gastar energia, mas sim

Page 31: Monografia Roselita Pedagogia 2010

30

„.

como mediadora do processo de desenvolvimento físico, social afetivo e moral.

Segundo Piaget (1967) apud Kishimoto (2006):

O jogo é a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade chegando à representação e, finalmente a lógica. (p.95-96).

As atividades direcionadas ao aluno a partir da ludicidade colaboram para a

formação de uma criança autônoma, além de sua imaginação ser estimulada

desencadeando a alguns fatores fundamentais para seu desenvolvimento.

Envolvidas por diferentes tipos de situações, a criança que tem o lúdico

inserido em seu contexto escolar tem a possibilidade de ampliar sua

capacidade de aprendizagem. Para que o aluno desenvolva capacidades

fundamentais para a aprendizagem como a atenção, estímulo á memorização,

se faz necessário técnicas que o envolvam nesse processo, de maneira que a

socialização e a interação estejam presentes em sua vida. Neste contexto

Lopes (2006) relata:

A brincadeira faz com que a criança desenvolva sua imaginação, e ainda podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais. (p.110).

Na visão piagetiana os jogos e as brincadeiras são de extrema importância

para a vida da criança, já que criam uma zona de desenvolvimento proximal

proporcionando influência no seu desenvolvimento, pois ao brincar e no jogar a

criança terá a oportunidade de ampliar sua expressividade e desenvolver-se

nos aspectos lingüísticos e psicomotores.

Entendemos que a ludicidade utilizada para fins pedagógicos vai despertar no

aluno os processos de desenvolvimento interno, pois no brincar o aluno formula

hipóteses sobre coisas e os fenômenos que o cercam, e as experiências

tornam a aprendizagem atrativa e interessante. Esta reflexão se estende

Page 32: Monografia Roselita Pedagogia 2010

31

„.

também para os alunos com NEE, já que o professor ao utilizar das atividades

lúdicas, permitirá que o aluno libere suas potencialidades, em uma busca

prazerosa de conhecimentos.

2.3 Educação inclusiva: reconhecendo e valorizando a diversidade

O movimento pela educação inclusiva é internacional e o Brasil está engajado

nele, já que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é um

país com um elevado número de pessoas NEE. Assim, visando atender a todos

os alunos, e levando em consideração suas particularidades e diferenças, o

sistema educacional a partir da década de 90 vem passando por uma série de

mudanças, incluindo novas diretrizes para um ensino de qualidade. Essas

diretrizes direcionaram-se aos ANEES, dando origem a uma nova perspectiva

de educação, para esses alunos.

Um dos determinantes no Brasil para a inclusão educacional foi o Encontro de

Salamanca que ocorreu na Espanha no ano de 1994, um documento oficial da

Conferência Nacional sobre Necessidades Educativas Especiais Acesso e

Qualidade. Segundo a Declaração de Salamanca um dos principais desafios

que a escola tem a enfrentar é o ato de desenvolver uma pedagogia que

respeite as diferenças individuais, centrada na criança, e que tenha a

capacidade de educar essas crianças, inclusive as que possuem necessidades

severas. Diante do exposto, encontramos na Declaração de Salamanca (1994):

As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo que garanta um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas e de utilização de recursos e de cooperação com as respectivas comunidades (p.11-12).

Definir estratégias de inclusão para estes alunos é função da escola, ao tempo

em que ameniza o preconceito com os alunos especiais e garante o direito à

educação, que é assegurado na política de inclusão dos especiais, amparados

por lei e decretos. A LDB inova ao introduzir Capítulo V que trata

Page 33: Monografia Roselita Pedagogia 2010

32

„.

especificamente dos direitos dos educandos “portadores” de necessidades

especiais à educação preferencialmente nas escolas regulares (Art. 58).

Respondendo ao Capítulo V da LDB A Diretrizes Nacionais para a Educação

Especial na Educação Básica - CNE No 02/2001 preconiza que o Estado:

(...) têm como objetivo orientar os sistemas educacionais acerca da educação de aluno(a)s com necessidades educacionais especiais na sala comum das escolas da rede regular e oferecer subsídios para a constituição das diversas modalidades de atendimento (atendimento especializado, hospitalar e domiciliar) ao estudante com deficiência (CNE No 02/2001).

Na Constituição Federal de 1988, encontramos que todos os cidadãos têm

direito à educação. O Estado deve garantir “atendimento educacional

especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular

de ensino”. (Artigo 208, inciso III). O tema é retomado no Artigo 227, inciso II,

recomendando-se criação de programas de prevenção, atendimento

especializado e integração social para pessoas portadoras de deficiência,

eliminando-se preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

Diante do exposto, a Constituição Federal, as autoridades, e a sociedade

brasileira são obrigadas a efetivar a política de inclusão como um direito

público para que os ANEE tenham a oportunidade também de se prepararem

para a vida em sociedade. Pensar em incluir esses alunos, na escola, é

respeitar o direito de igualdade, direito de interação. Em Souza (2006),

encontramos que:

Pensar em igualdade de oportunidade é entender que a trajetória de vida das pessoas inclusive em relação à sua escolarização é dinâmica, diversificada, não linear e plural (...). Assim as demandas que elas têm de educação e formação são também diversificadas e múltiplas e precisam ser vistas de modo contextualizado e personalizado, tanto quanto possível. (p.3).

Page 34: Monografia Roselita Pedagogia 2010

33

„.

Neste sentido, a escola ao oportunizar possibilidades de educação aos ANEE,

estará também oportunizando o direito de igualdade no processo educativo,

mas com soluções diferenciadas com qualidade, de acordo com suas

peculiaridades e necessidades.

2.3.1 Atendimento Educacional Especializado para Alunos Especiais:

Aspectos Legais

A educação especial surge a partir do momento em que os ANEES necessitam

de um atendimento diferenciado para suprir as suas necessidades. Discorrer

sobre essas necessidades educacionais especiais implica em (re) pensar as

ações que a escola vem desenvolvendo para esses alunos, o que se faz e o

que se pode fazer para compensar essas dificuldades, que têm um caráter

interativo, ou seja, além da participação do aluno, é necessário que a escola

lhe ofereça oportunidades e condições reais de aprendizagem e socialização.

Mosquera (2006) relata que “o aluno que apresenta algum problema de

aprendizagem ao longo de sua escolarização, exige uma atenção mais

específica e maiores recursos educacionais do que os necessários para os

colegas de sua idade” (p.19). Para estes alunos a escola oferece o AEE como

uma característica da educação especial, sendo que esta modalidade de

ensino é constituída por um conjunto de elementos necessários ao

desenvolvimento de atividades para os ANEE. Este atendimento tem por

finalidade ainda determinar procedimentos metodológicos para o

desenvolvimento desses alunos, de forma precisa e eficaz, conseqüentemente

tem como intuito abolir os mais variados tipos de discriminação dentro e fora do

ambiente escolar.

A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais,

“promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação” (Art. 3º inciso IV). No seu artigo 206,

estabelece “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, e

Page 35: Monografia Roselita Pedagogia 2010

34

„.

dispõe como dever do estado, a oferta do atendimento educacional

especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art.208).

É relevante ressaltarmos que o atendimento educacional especializado não é

um substituto do ensino regular, mas considerado como um complemento que

permite aos ANEE eliminar barreiras que impeçam a sua relação com o

ambiente escolar. Nos discursos da lei, encontramos que a escola além de

promover a inclusão dos alunos NEE, deve também lhes oferecer uma

educação de qualidade:

(...) os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 02/2000, ART. 2º).

Já a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96, que é anterior à resolução acima

citada, já determinava que “haverá quando necessário, serviços de apoio

especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de

educação especial” (Capítulo V, Art. 58, Par. 1º).

O AEE garante ao aluno que suas particularidades sejam reconhecidas e

atendidas, sem discriminações indevidas, beneficiando a todos com o convívio

e crescimento na diversidade, além de proporcionar oportunidades de

crescimento através da diversificação de atividades propostas.

Sendo assim, a escola ao atender os ANEE, age como alicerce da vida social

deste aluno, ao desenvolver oportunidades e crescimento, de forma especial,

ao atender às diferenças individuais do aluno, através da diversificação de

atividades propostas.

2.4 O que é uma Sala de Recursos?

A importância do espaço em instituições educacionais para alunos com

necessidades educativas especiais, se tornou tão necessária e relevante, que a

Page 36: Monografia Roselita Pedagogia 2010

35

„.

sala de recursos no Brasil, surgiu em meados da década de 70, trazendo uma

ampla discussão sobre a segregação de alunos com NEE no contexto escolar.

A escola de ensino regular tinha o propósito de incluir o aluno especial, criando

possibilidades para que houvesse etapas de desenvolvimento, sendo que esta

inclusão e integração tinham a intenção de gerar condições de educação

igualitária a todos. Contudo, essa inclusão fazia parte de uma dicotomia, que

por um lado assegurava o direito desses alunos e por outro não consideravam

suas necessidades específicas.

Diante deste exposto o aluno se tornava o próprio agente de sua inclusão, ao

ter que se adaptar à escola para garantir ma “normalidade”. Este quadro teve

uma mudança significativa, a partir de década de 90, com o surgimento da

Declaração de Salamanca (1994) que preconiza que crianças que apresentam

dificuldades cognitivas, déficit de atenção, ou mesmo aquele que apresente

alguma patologia, são considerados alunos com necessidades educativas

especiais, e devem ser incluídos em programas educacionais especializados.

Desta forma, a proposta da SR se configurou no espaço de educação tendo

como objetivo oferecer ao aluno especial matriculado no ensino regular, o

apoio especializado, em um espaço organizado com materiais didáticos,

pedagógicos, equipamentos, bem como técnicas desenvolvidas e aplicadas

especificamente a cada aluno.

De acordo com Alves (2006), a sala de recursos é o espaço oferecido ao aluno

especial, a fim de que o mesmo supra suas necessidades em todas suas

variações, com profissionais especializados no atendimento NEE, bem como

equipamentos e matérias pedagógicos diversos que ajam como suporte de seu

trabalho.

A Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na educação Básica

(DNEE/EB) 2001 enfatiza sobre a sala de recursos:

(...) serviço de apoio pedagógico especializado, são recursos educacionais oferecidos pela escola comum para atender as

Page 37: Monografia Roselita Pedagogia 2010

36

„.

necessidades educacionais do educando. Tais recursos podem ser desenvolvidos em salas de recursos multifuncionais, nas quais o professor de educação especial realiza a complementação e ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos. (p.42-43).

Dessa maneira, a sala de recursos é um ambiente, no qual o ANEE, recebe um

atendimento educacional especializado direcionado especificamente as suas

necessidades, de modo que facilite a aquisição de conhecimentos relevantes

para o seu desenvolvimento.

2.5 A influência da ludicidade no processo de desenvolvimento do aluno

especial

Toda criança de acordo com os seus aspectos comportamentais, afetivos e

cognitivos, está predisposta à realização de atividades que propiciem a

imaginação, porém dependem de fatos externos para avançar na construção e

organização de seu pensamento. A escola precisa estimular o aluno a

aprendizagem, e no caso do ANEE, a importância do estímulo é ainda maior,

devido a variedade de condições que o cercam, afetando o seu

desenvolvimento em termos de aprendizado.

É neste contexto que a ludicidade torna-se relevante ao desenvolvimento

destes alunos. O trabalho lúdico oferecido aos alunos com NEE, além de

contribuir na organização do pensamento, estimula o imaginário e a fantasia

que faz parte do universo de qualquer ser humano. A atividade lúdica

possibilita que a aprendizagem flua, sem ser cansativa, proporcionando ao

aluno uma maneira atrativa de construir sua própria compreensão do processo

de aprendizagem. Diante do exposto Nunes (1990) relata:

(...) jogos em que as crianças participam, que inventam ou pelos quais se interessam, constituem verdadeiros estímulos que enriquecem os esquemas perceptivos (visuais, auditivos e cinestésicos), operativos (memória, imaginação, lateralidade, representação, análise, síntese, causa, efeito) funções essas que, combinadas com as estimulações psicomotoras, definem alguns aspectos básicos da leitura e escrita. (p.34).

Page 38: Monografia Roselita Pedagogia 2010

37

„.

Sendo assim, os jogos ganham dimensão na área da educação, na medida em

que adquire um sentido concreto e pertinente no processo de desenvolvimento

do aluno. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil diz que:

O jogo tornou-se um objeto de interesses de psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da idéia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos (p.210).

Utilizar a ludicidade como elemento pedagógico para o desenvolvimento sócio-

cognitivo do ANEE é possibilitar que ele desenvolva suas potencialidades com

alegria e prazer. “O processo de inclusão social será também realizado de

forma mais adequada à visão da criança, pois acontecerá através do jogo,

fonte de prazer e aprendizagem para ele”. (SANTOS, 2001 p.142).

Para Piaget (1975), as atividades lúdicas e a aprendizagem constituem uma

assimilação do real, sendo mediadas pelos jogos que fazem uma ligação direta

ao desenvolvimento mental da criança. Pelo fato de o jogo ser um meio tão

poderoso para a aprendizagem do aluno, em todo lugar onde consegue

transformar em jogo a iniciação à leitura, ao cálculo ou a ortografia, observa-se

que as crianças se apaixonam por essas ocupações.

O jogo interage no processo de construção de aprendizagem do ANEE como

um fator básico para seu desenvolvimento. Uma situação lúdica é uma grande

oportunidade para atender às necessidades especiais, pois quando se trata de

crianças com necessidades educativas especiais a motivação do brincar pode

não ser intrínseca, assim a atividade lúdica agirá como elemento para

despertá-la. Como afirma Fonseca (1993) apud Aguiar (2005):

(...) a psicomotricidade ocupa, nos dias atuais, lugar imprescindível na educação perceptivo-motora, tanto na educação de crianças ditas “normais”, como na de crianças portadoras de necessidades especiais. Para o autor, a psicomotricidade constitui, no contexto educacional, uma nova perspectiva psicopedagógica. (p. 24).

Page 39: Monografia Roselita Pedagogia 2010

38

„.

Bastos (2001) apud Aguiar (2005) aborda a psicomotricidade como elemento

influenciador no desenvolvimento geral da criança. Diante destes conceitos

direcionamos nosso olhar a psicomotricidade como elemento norteador e eficaz

no processo de desenvolvimento das crianças com NEE.

Silva (2001), ao realizar um estudo baseado na teoria de jogos como uma

proposta piagetiana, vem discutindo de maneira educacional a importância do

jogo para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno NEE severas, “(...) o

jogo como modelador de atitudes, como estratégias para o desenvolvimento

motor e como meio de socialização e o desenvolvimento cognitivo” (p.28).

Diante do exposto, inferimos que as atividade que envolvem o jogo orientado

para o conhecimento, desenvolvido com a intenção explícita de provocar uma

aprendizagem significativa, desperta o desenvolvimento habilidades no ANEE,

que o ajudarão a construir conexões com o mundo em que vive.

Page 40: Monografia Roselita Pedagogia 2010

39

„.

CAPÍTULO III

3. ABORDAGEM METODOLÓGICA

A metodologia utilizada no contexto das ciências humanas se classifica como

um elemento norteador do trabalho de pesquisa, já que é através dela que nos

posicionamos para a análise e interpretação de dados. Está diretamente

articulada às concepções teóricas e práticas de uma determinada realidade,

assim, compreendemos que a metodologia configura-se como o caminho de

um pensamento que direciona a prática de fatos reais. Minayo e Deslandes

(1994) apontam que:

(...) metodologia é o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade, ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência), sua capacidade pessoal e sua sensibilidade (p.14).

Neste sentindo entendemos ainda, que a maneira como a pesquisa será

conduzida, tem como eixo norteador a metodologia adotada, (CHAUÍ 1999

apud TOMASINI 2006, p.29): “(...) um caminho ordenado que o pensamento

segue por meio de um conjunto de regras e procedimentos racionais” .

Ressaltamos assim, sua relevância no trabalho de pesquisa, no qual o

pesquisador por intermédio dos procedimentos metodológicos busca respaldo

em técnicas coerentes em relação à sua proposta de estudo.

3.1 Conhecendo a realidade através da pesquisa qualitativa

Neste trabalho, optamos pela pesquisa qualitativa, pois este tipo de pesquisa

nos permite um aprofundamento de dimensões da vida social, que não podem

Page 41: Monografia Roselita Pedagogia 2010

40

„.

ser quantificadas, como é o caso desse nosso estudo. Contudo a pesquisa

qualitativa responde ainda às questões muito particulares. Ela trabalha com o

universo de significados, motivos, crenças, valores e atitudes.

Para Gaskell (2003, p.68): “A finalidade real da pesquisa qualitativa não é

contar opiniões ou pessoas, mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões,

as diferentes representações sobre o assunto em questão”. Uma das

características que configuram a pesquisa qualitativa é a possibilidade que dá

ao pesquisador de ter um contato mais próximo da realidade a ser investigada.

Neste sentido, Bogdan apud Ludke (1986) relata:

(...) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento (...) a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. (p.11).

Diante do exposto a nossa escolha pela pesquisa qualitativa se formulou pelo

fato de estarmos vivenciando um espaço educacional, cujos sujeitos são

pessoas com suas próprias características permeadas por subjetividades. Para

Machado e Almeida (2006, p.32): “A pesquisa qualitativa (interpretativa) é

considerada como aquela onde os pesquisadores interessam-se por

compreender os significados que os indivíduos dão a sua própria vida e as

suas experiências”. Essa relação de interação do pesquisador com a questão

que está sendo estudada demonstra a relevância da pesquisa qualitativa no

campo da ciência humana.

Ressaltamos ainda neste estudo, que os dados quantitativos foram utilizados

como suporte para as interpretações qualitativas. Segundo Minayo e

Deslandes (1994, p.22) “o conjunto de dados quantitativos e qualitativos,

porém, não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade

abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia”.

Dessa maneira, nossa análise foi realizada também em caráter quantitativo,

Page 42: Monografia Roselita Pedagogia 2010

41

„.

através da representação de gráficos, porém seguida da análise qualitativa, em

relação aos pressupostos teóricos que orientaram a pesquisa.

3.2 Lócus: Nosso campo de estudo

O lócus de pesquisa permite ao observador, interações e questionamentos,

que abrem espaços para o pesquisador investigar e analisar seu objeto de

estudo. Dessa maneira, selecionamos sete escolas do município de Senhor do

Bonfim, que oferecem o atendimento educacional especializado em sala de

recursos.Todas as escolas selecionadas, atendem crianças com necessidades

educativas especiais, nos turnos matutino e vespertino, totalizando assim, 175

alunos, que apresentam deficiência intelectual, deficiência física e

necessidades educativas especiais por motivos de hiperativismo, déficit de

atenção, falta de concentração, entre outras necessidades.

3.3 Os sujeitos: Atores sociais no contexto

Com o intuito de operacionalizar nossa pesquisa, buscando as informações

necessárias para nosso objeto de estudo, selecionamos dez professoras das

salas de recursos, que por meio de seus relatos, nos deram subsídios para

fazermos a análise e interpretação dos dados.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

A fim de efetuarmos a coleta dos dados previstos, definimos como

instrumentos a observação, o questionário fechado e o questionário aberto,

para Marconi e Lakatos (1996): “as técnicas que serão empregadas na coleta

de dados (...), deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões”

(p.76).

Page 43: Monografia Roselita Pedagogia 2010

42

„.

Discorrer sobre os instrumentos que utilizamos na pesquisa, nos permitirá uma

melhor compreensão dos fatos, ao tempo em que apontaremos suas

contribuições ao nosso estudo.

3.4.1 Observação participante: Um olhar não normalizador

A observação permite um contato direto do pesquisador com o fenômeno

observado, ao tempo que permite uma relação face a face com os

entrevistados. Utilizamos a observação como o primeiro instrumento, por

acreditarmos que através de um olhar não normalizador é possível identificar e

obter significados a respeito de um determinado fato. Quanto a este

instrumento Lüdke e André (1986), afirmam que:

Ela ocupa um lugar privilegiado, nas novas abordagens de pesquisa educacional, usada como principal método de investigação ou associada à outra técnica de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta

uma série de vantagens (p.26).

É também através das observações que o pesquisador tem a oportunidade de

participar das práticas desenvolvidas pelos sujeitos, o que o auxilia no

processo de compreensão e interpretação do fenômeno estudado. Para Lüdke

e André (1986, p. 26) “Na medida em que o observador acompanha in loco as

experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo,

isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas

próprias ações”. Nesta perspectiva, a observação, permite também que o

pesquisador examine os fatos, além de coletar informações.

3.4.2 Questionário fechado

O questionário fechado nos possibilitou traçar o perfil sócio-econômico dos

sujeitos, sendo que nossa escolha se deu pelo fato do questionário abranger o

levantamento de uma série de informações com precisão. Em Marconi e

Page 44: Monografia Roselita Pedagogia 2010

43

„.

Lakatos (1996, p.88), encontramos que: “questionário é um instrumento de

coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem

ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”.

Ressaltamos ainda que o questionário eficaz e válido deve seguir algumas

regras de elaboração, a fim que não se torne um amontoado de perguntas

irrelevantes. É necessário que haja uma organização textual, pois segundo

Marconi e Lakatos (1996), a elaboração de questões é uma tarefa longa

envolvida por uma complexidade, pois exige que o pesquisador atinja pontos

realmente importantes, e que lhe dêem condições de obter os dados relevantes

para seu objeto de estudo.

Portanto, na organização do questionário, utilizamos elementos importantes, o

que nos gerou informações pertinentes, juntamente com outros instrumentos.

3.4.3 Questionário aberto

O uso deste instrumento para elicitação de dados é uma técnica introspectiva

de investigação. Foi utilizado porque desejamos saber sobre o conhecimento,

as opiniões, as idéias e experiências de nossos informantes.

Sem a interferência do pesquisador o questionário, traz pontos positivos na

coleta de dados, como nos afirma Marcone e Lakatos (1996, p.89): “Há menos

distorção, pela não influência do pesquisador”.

O questionário aberto permite ao sujeito/informante responder livremente

usando linguagem própria. É um conjunto de questões pré-elaboradas,

sistemática e seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema de

pesquisa. Segundo Triviños (1987) o questionário é determinante para uma

pesquisa qualitativa, já que oferece subsídios relevantes para o levantamento

dos dados.

Page 45: Monografia Roselita Pedagogia 2010

44

„.

A aplicação do questionário traz alguns pontos positivos para a coleta de

dados, como afirma Marconi e Lakatos (1996), algumas vantagens do

questionário são que:

Há maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato; há mais segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas; há mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento (p.89).

Ao responderem ao questionário aberto, os sujeitos podem expressar-se mais

livremente, a autonomia de suas palavras é expressa nas suas respostas, o

que possibilita ao pesquisador uma análise mais precisa. Sendo assim, os

instrumentos escolhidos foram utilizados concomitantemente para a coleta de

dados do nosso trabalho.

Page 46: Monografia Roselita Pedagogia 2010

45

„.

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Utilizando uma abordagem qualitativa, na qual a identidade das professoras foi

preservada, foi possível identificarmos por meio de suas falas, elementos

significativos que nos deram suporte para fazermos relações entre esses dados

e a questão da pesquisa proposta em nosso trabalho. Para Marcone e Lakatos

(1996, p.32), “A importância dos dados está não em si mesmo, mas em

proporcionarem respostas às investigações”.

Mediante os instrumentos utilizados, apresentamos os dados obtidos, a partir

de categorias construídas, por meio dos discursos das professoras, sendo a

fundamentação teórica o eixo norteador de nossas análises e interpretações.

4.1 Análises do questionário fechado: Características dos sujeitos pesquisados

Os resultados e discussões a seguir apresentam-se a partir dos dados obtidos

através do questionário fechado, que tem como proposta traçar o perfil dos

sujeitos pesquisados.

4.1.1 Gênero

Na história recente, quando pensamos na docência, os olhos e a fala de nosso

pensamento se inclinam a associá-la à imagem feminina, sobretudo quando o

alvo é o exercício dessa profissão em salas de aula de Educação Infantil e

Ensino Fundamental. Constatamos este fato com o resultado obtido entre

nossos sujeitos pesquisados, nos revelando que, 100% das professoras da

sala de recursos são do sexo feminino, caracterizando que a mulher ainda

domina os espaços de educação no nosso país.

Page 47: Monografia Roselita Pedagogia 2010

46

„.

Essa evidência nos remete a refletir sobre a resistência do sexo masculino em

exercer o magistério, por preconceitos arraigados dominado por estereótipo de

carreira feminina. Observamos que os trabalhos lúdicos nas salas de recursos

desenvolvidos demonstram a flexibilidade que a mulher tem em brincar com

crianças, uma característica típica desse sexo.

4.1.2 Faixa etária

Figura 01: Gênero Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Figura 02: Faixa Etária Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Page 48: Monografia Roselita Pedagogia 2010

47

„.

No que se refere à idade, os dados demonstram que 30% das professoras têm

entre 26 a 30 anos, 60% de 31 a 40 anos e 10% de 41a 45 anos. Esses dados

sinalizam que a maioria das professoras traz consigo a construção significativa

de experiências de vida decorrente de sua idade, vivenciadas por momentos

enriquecedores de aprendizagem.

4.1.3 Formação profissional

O processo de formação do professor é um elemento fundamental para que

haja uma prática educativa eficaz. Nesse sentido, os dados abaixo, indicam

que 20% possuem o nível médio em magistério, e 80% dos sujeitos possuem

nível de graduação, sendo que destes, 70% têm especialização em

Psicopedagogia, 15% em Neuropsicologia e 15% em Metodologia da Língua

Portuguesa.

Diante do exposto, percebemos que na sala de recursos, uma grande parte das

professoras que atuam com os alunos com necessidades educativas especiais

está de acordo com o Capítulo V Artigo 59, da LDB 9394/96, que prioriza a

formação desses profissionais da educação especial, ao exigir especialização

Figura 03: Formação Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Page 49: Monografia Roselita Pedagogia 2010

48

„.

adequada para o atendimento especializado aos ANEE. Ainda nos Artigos 61 a

65, a LDB 9394/9, refere-se ao termo formação atribuindo o sentido de uma

competência e habilidade para a produção de ações educativas.

Ressaltamos ainda, a importância do professor não se limitar apenas ao curso

de graduação na Universidade, deve também ampliar seus conhecimentos, já

que faz parte do processo de transformação do sistema educacional.

4.1.4 Tempo de docência na sala de recursos

Os dados abaixo apontam que 60% dos sujeitos lecionam na SR há mais de 4

anos, 40% de 1 a 2 anos, o que nos remete a refletir que a experiência prática

com a teoria é um aspecto que faz parte da prática pedagógica dos

professores. De acordo com estudos sobre as fases de desenvolvimento

profissional dos docentes, essa fase de aproximadamente cinco anos de

atuação docente é vista como sendo o período em que o professor se

estabiliza na profissão, tornando-se mais independente e competente (NÓVOA,

1992).

Figura 04: Tempo em que leciona Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Page 50: Monografia Roselita Pedagogia 2010

49

„.

Assim, podemos dizer que os saberes profissionais dos docentes são

adquiridos por meio de experiências adquiridas dentro e fora do espaço

escolar, que o levam a um processo constante de socialização. A experiência

prática com a teoria é um aspecto predominante na prática pedagógica do

professor que o possibilita uma maior compreensão para lidar com os alunos,

além de propiciar condições para que possa contribuir para o desenvolvimento

sócio-cognitivo do aluno com NEE.

4.1.5 Participação em cursos complementares para trabalhar nas salas de

recursos

Como mostra a figura acima, 30% das professoras participam de cursos de

aperfeiçoamento, e 70% participam aleatoriamente. Fica evidente que a

maioria das professoras não participam de cursos, que certamente dão suporte

a um trabalho pedagógico eficaz.

Os cursos de capacitação possibilitam aos professores um aperfeiçoamento de

suas atividades, indispensável ao exercício da docência, aperfeiçoar-se

constantemente é de fundamental importância para novas idéias, novos

Figura 05: Patticipação em cursos de aperfeiçoamento Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Page 51: Monografia Roselita Pedagogia 2010

50

„.

métodos de ensino, novas experiências educacionais. A possibilidade que os

cursos de capacitação oferecem ao professor é de melhorar o seu trabalho

educativo, pois em qualquer atividade não existe a estagnação, o ponto de

chegada, ou evoluímos constantemente através de sucessivos pontos de

partida, ou regredimos irremediavelmente. A atualização é outro elemento

essencial para o educador não alienado, que exerce suas funções num mundo

real, em permanente transformação.

Segundo NÓVOA (1992), na construção da identidade docente, é essencial o

desenvolvimento pessoal, que se refere aos processos de produção da vida do

professor; e o desenvolvimento profissional, que se refere aos aspectos da

profissionalização docente. Portanto, torna-se necessário que o professor de

Educação Especial se faça consciente de seu papel na educação, e participe

de programas de orientação e treinamento profissional, a fim que insira em seu

trabalho uma pedagogia eficaz.

4.1.6 Material pedagógico disponível

Em relação à disponibilidade de material pedagógico nas SR, os dados

apontam que 40%dos sujeitos entrevistados estão satisfeitos e 60%

responderam que precisam de mais recursos no seu cotidiano para exercer sua

função.

Figura 06: Satisfação com material pedagógico Fonte: Questionário fechado aplicado aos sujeitos

Page 52: Monografia Roselita Pedagogia 2010

51

„.

Um dos trabalhos fundamentais da Educação é oferecer, constantemente, em

diversas situações e de várias formas, estímulos ao professor para que ele

venha possibilitar o desenvolvimento emocional, intelectual, social, motor e

físico dos alunos. Dessa maneira, o material lúdico nas SR age como uma

fonte inspiradora de aprendizagem dos ANEE, já que o lúdico colabora para

uma aprendizagem significativa, ao oferecer aos alunos experiências concretas

que se tornam importantíssimas para o desenvolvimento sócio cognitivo desses

alunos. De acordo com Kishimoto (2006, p.100) “os jogos educativos ou

didáticos estão orientados para estimular o desenvolvimento do conhecimento

escolar elaborado, para calcular, ler e escrever”.

É neste sentido que a ludicidade inserida nas SR torna-se mais uma

ferramenta que o professor tem, além de ensinar da maneira que os alunos

gostam.

4.2 Análises do questionário aberto

Para Gaskell (2003, p. 492), a análise de dados: “(...) reduz a complexidade do

material dos dados para chegar a uma interpretação coerente do que é

pertinente e do que não é”. Sendo assim, apresentamos os resultados obtidos

através do questionário fechado, ao qual fizemos a análise de dados,

interpretando e refletindo sobre as respostas dadas pelos sujeitos pesquisados.

Preservamos a identidade dos sujeitos, utilizando a sigla PSR (professora da

sala de recursos), adicionada aos números arábicos crescente de 1 a 10, para

possível identificação.

4.2.1 A visão do professor frente à educação lúdica para alunos especiais

A importância do lúdico no espaço educacional torna-se cada vez mais

acentuado, já que é capaz de reestruturar, reorganizar e internalizar

informações e conhecimentos. A internalização e assimilação por meio do

lúdico fazem com que o aluno não se limite apenas ao registro de dados, que

na maioria das vezes são desconexo e distante das suas expectativas.

Page 53: Monografia Roselita Pedagogia 2010

52

„.

Educar ludicamente é uma proposta significativa que hoje a escola oferece para nós. È muito gratificante, trabalhar com a ludicidade, o aluno aprende mais rápido. (PSR 1). Levar o aluno a aprender a partir de expectativas que lhe dêem prazer, alguma atividade que não seja o trivial que ele aprende na sala regular. (PSR 8). É utilizar de recursos que o aluno se interesse, goste, trazer novidades, despertando o gosto de aprender. (PSR 5).

Os discursos acima evidenciam que educar ludicamente na visão das

professoras da SR é utilizar estratégias que estimulem a participação do ANEE

nas atividades, porém não mencionaram quais seriam esses recursos o que

deixou a resposta um tanto vaga diante da questão mencionada.Essas

declarações demonstram que essas professoras reconhecem que o lúdico

como recurso na prática pedagógica, age como mediador do processo de

ensino-aprendizagem, e não apenas como uma forma de recreação, sem

conseqüências, conforme Santos (2001):

Brincar desenvolve a imaginação e a criatividade. Na condição de aspectos da função simbólica, atingem a construção do sistema de representação, beneficiando, por exemplo, a aquisição da leitura e escrita. (...) o jogo implica ação mental, refletindo-se na operatividade, tanto no domínio lógico, quanto infralógico, ou, por outras palavras, no desenvolvimento do raciocínio. Na atividade lúdica os aspectos operativos e figurativos do pensamento são desenvolvidos (p.118).

Sendo assim, as atividades lúdicas podem ser utilizadas pelos professores

para observar, avaliar o desenvolvimento, refletir, e compreender e agir em

favor da criança. Por outro lado, o professor deve ter em mente os objetivos e

as estratégias para utilizar os jogos e brincadeiras, para alcançar a real

aprendizagem; e também estimular o aluno a brincar, reconhecendo a utilidade

de cada atividade proposta. Neste aspecto Almeida (2003 p.84), afirma que: “o

importante dessas práticas é que sejam coordenadas e dirigidas por

professores conscientes e preparados a fim de preservar o verdadeiro

significado da educação lúdica”.

Page 54: Monografia Roselita Pedagogia 2010

53

„.

Esta ação pedagógica mediada pelo professor é importante, pois através dela,

poderá possibilitar no aluno a reflexão, e conseqüentemente a expressão de

suas idéias, permitindo assim a estruturação do conhecimento.

4.2.2 As implicações das atividades lúdicas para o processo de

desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno especial

As atividades que envolvem o lúdico são desencadeadoras de uma

aprendizagem prazerosa e significante. Esse motivo, por si só, explicaria sua

aplicação na Educação. Tratando-se de Educação Especial, além de

enriquecer o desenvolvimento do aluno, sua interação com os outros, favorece

equilíbrio emocional, desenvolve a inteligência, a criatividade e a sociabilidade.

Sendo assim, a ludicidade é um elo integrador dos aspectos motores,

cognitivos, afetivos e sociais.

Ao abordarmos os sujeitos entrevistados sobre a contribuição das atividades

lúdicas para o desenvolvimento sócio-cognitivo dos alunos especiais, os

discursos foram semelhantes entre si.

O lúdico é indispensável para qualquer aprendizado. (PSR 7). Aprender brincando é uma possibilidade que o aluno já tem. (PSR 2).

São todas, pois no que você aprende brincando jamais vai esquecer. (PSR 9). As atividades lúdicas são um suporte muito enriquecedor para mim. Utilizo sempre, porque sei das dificuldades que os alunos têm para aprender. Então as atividades lúdicas é um caminho que ajudam nesse processo. (PRS 3).

É de suma importância o profissional de educação compreender que as

atividades lúdicas podem proporcionar riquíssimos resultados aos seus alunos

com NEES. Almeida (2006), neste sentido afirma que:

Page 55: Monografia Roselita Pedagogia 2010

54

„.

O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantido se o educador estiver preparado para realizá-lo. Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante (p.52).

Observamos ainda no discurso da PRS2 que ela generalizou a questão, o que

nos mostra um posicionamento vago. De um modo geral todas as respostas

trazem aspectos de compreensões superficiais, desconhecendo as reais

condições e possibilidades que as atividades lúdicas oferecem ao aluno

possuidor de dificuldades de aprendizagem, de natureza cognitiva e emocional.

Acreditamos que a postura do professor precisa estar atrelada a um

conhecimento científico que revela o desenvolvimento da criança nos níveis

afetivo, cognitivo e social e suas respectivas relações com os processos de

aprendizagem de cada aluno.

Algumas atividades que as professoras utilizavam de cunho lúdico com os

alunos especiais, eram:

Os jogos, onde é estimulado a memória, como (o jogo da memória, jogo da velha), e os bingos. (PSR 9).

Quebra cabeça, jogo da memória, jogos de encaixe. Eles se concentram e gostam de participar. (PSR 7).

Brincadeiras, jogos diversos e dominó, neste momento sinto que as dificuldades dos alunos “desparecem”. É muito importante utilizar jogos com os alunos especiais. (PSR 2).

Utilizo bingo, o teatro de fantoche e jogos de quebra cabeça. (PSR8).

Fica evidente nas falas de todas as professoras que o jogo é o elemento

fundamental de suas atividades propostas. Isso nos revela que elas acreditam

nos jogos para o desenvolvimento do aluno NEES. Segundo Piaget (1975)

apud Aguiar (2005): “os jogos estão diretamente ligados ao desenvolvimento

mental da infância; tanto a aprendizagem quanto as atividades lúdicas

constituem uma assimilação do real” (p.20). Percebemos então, que essa

Page 56: Monografia Roselita Pedagogia 2010

55

„.

conscientização das professoras em relação à prática pedagógica com um

caráter lúdico, possibilita situações em que os alunos vivenciem situações de

aprendizagem com o outro, além de ampliar seus conhecimentos.

Percebemos que o PRS 1 realiza atividades que envolvem a música, e este

relato nos leva a refletir que a música na vida do ANEES amplia e facilita sua

aprendizagem, pois o ensina a ouvir de maneira ativa e refletida,

4.2.3 A relevância dos jogos para o desenvolvimento do aluno especial

Pensar a importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens

existentes, tais como a cultural, que analisa o jogo como expressão da cultura,

especificamente a infantil, e a educacional que analisa a contribuição do jogo

para a educação, desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

Sentimos a necessidade de saber qual era a opinião dos sujeitos em relação

ao desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno por meio das atividades lúdicas.

Eu sempre utilizo dominó, boliche, etc com minha turma. Sempre os alunos pedem, gostam de jogar e eu acho isso importante, deixo brincarem entre eles, porque assim estão se desenvolvendo. (PSR 3).

Os jogos contribuem para o aluno aprender de maneira geral, quando chego na sala e percebo que eles estão desanimados, logo entrego um joguinho e eles adoram (PSR 5).

Importantíssimo aliado do professor são os jogos, os alunos aprendem, se divertem, é uma prática que está presente no meu dia-a-dia, pois é uma atividade que eles gostam muito (PSR 10).

A fala das professoras nos revela que ao utilizarem instrumentos lúdicos na sua

prática pedagógica, estão acreditando que tais recursos agem como

mediadores do processo de desenvolvimento dos alunos, porém vale

ressaltarmos que os jogos só terão um significativo pedagógico quando seu

uso for um ato planejado pelo professor, sendo que na fala da PSR 5, este

conceito se encontra ausente.Torna-se necessário que os professores da SR

tenham clareza de que a ludicidade utilizada com o intuito de auxiliar o

Page 57: Monografia Roselita Pedagogia 2010

56

„.

professor no processo de aprendizagem tem que ser direcionada a um

objetivo de ensino.Sobre esse assunto o Referencial Curricular Nacional (1988)

nos traz que:

O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto, visando a uma finalidade de aprendizagem (...) implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados (p.211).

As professoras definem as atividades lúdicas como apenas aquelas em que se

faz presente os jogos, demonstrando assim, a carência de um conhecimento

mais aprofundado nesta temática, tão importante para o exercício de sua

profissão. De acordo com Luckesi (2000), a ludicidade ocupa um grande

espaço para a aprendizagem, porém sua relação não está exclusivamente

voltada às brincadeiras e jogos, faz parte de um sentimento, um envolvimento

da criança na ação, que ao mesmo tempo demonstra o prazer ingênuo que a

atividade lúdica proporciona.

Ressaltamos assim, que outras atividades lúdicas como as brincadeiras, a

música, o teatro, também fazem parte de um contexto lúdico, sendo que a fala

de algumas professoras correspondem a estes conceitos:

É preciso que o aluno tenha prazer, nas atividades que o professor dá na sala, assim trabalho muito com jogos, além de utilizar desenhos que sempre e ao mesmo momento coloco música para eles ouvirem. A música do Toquinho (Aquarela) para eles seguirem pintando. (PSR 1)

Utilizo algumas atividades lúdicas, como a música, junto com a dança, pois mexe com a cabeça e o corpo. (PSR 7). As brincadeiras despertam no aluno momentos de aprendizagem e eles estão envolvidos com alegria e prazer. (PRS 9). Gosto muito de inserir a música em meu trabalho, é estimulante, deixa a aula mais agradável e os alunos participam muito, cantam, dançam, é um meio que encontrei deles interagirem mais. (PRS 3).

Page 58: Monografia Roselita Pedagogia 2010

57

„.

Após analisar esses discursos, entendemos que para algumas professoras

entrevistadas o lúdico está representado por várias atividades que dão prazer,

além dos jogos. A fala das PRS 7 e PRS1 nos revelam que elas associam duas

atividades importantes para o aluno com NEE, a música e a dança que

proporcionam meios para seu desenvolvimento, “a linguagem musical é

excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-

estima, e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social”.

(BRASIL, 1988, p.49).

Ao se envolverem em atividades musicais, os alunos melhoram sua acuidade

auditiva, aprimoram e ampliam a coordenação viso-motora, suas capacidades

de compreensão, interpretação e raciocínio, descobrem sua relação com o

meio em que vivem.

Ao analisarmos a fala da PSR 8 percebemos que em seu discurso se torna

público que é possível aprender brincando e dentro desta perspectiva torna-se

cada vez mais necessário que as atividades propostas sejam de caráter

dinamizador e agradável. Brincando, o aluno experimenta, descobre, inventa,

aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a

autoconfiança e autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do

pensamento e concentração. Segundo Vygotsky (1984): “é enorme a influência

do brinquedo no desenvolvimento da criança, pois ele preenche necessidades

da criança, entendidas em seu sentido mais amplo como tudo aquilo que é

motivo de ação”. (p. 85).

Assim, podemos dizer que a brincadeira implica uma ação consciente a partir

de uma situação imaginária, potencializando os processos de aprendizagem e

desenvolvimento do aluno.

Neste sentido é interessante e pertinente, evidenciarmos que as atividades

lúdicas não são sinônimo de jogos, e sim um conjunto de atividades que

envolve tudo que for executado com prazer.

Page 59: Monografia Roselita Pedagogia 2010

58

„.

4.2.4 O trabalho docente na sala de recursos

A escola tem como princípio pedagógico reconhecer e responder às diversas

necessidades do aluno. Para isso, é necessário que respeite tanto seus estilos

como ritmos diferentes de aprendizagem. Sendo assim, AEE na sala de

recursos trata-se de um trabalho direcionado aos alunos que apresentam

alguma dificuldade de aprendizagem, ou seja, o aluno com necessidades

próprias, diferentes dos demais, no que se diz respeito à aprendizagem

correspondente a sua idade, requerendo então, instrumentos pedagógicos e

metodologias educacionais específicas.

Para Carneiro (2007), o atendimento educacional especializado visa:

(...) atender as especificidades dos alunos, com deficiência. Isso inclui principalmente instrumentos necessários à eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência têm para se relacionar com o ambiente externo (p.126).

Diante do exposto, é necessário que os professores estejam preparados para

trabalhar com esses alunos. As expectativas das professoras em relação à

aprendizagem do ANEE, diante da sua prática pedagógica, configuram-se em:

Trabalho com os alunos, e espero que quando eles deixarem da sala de recursos tenham aprendido alguma coisa. (PSR 2).

Eles aprendem muito pouco, é um processo longo, que precisa ter muita paciência. (PRS 4).

Desenvolvo atividades de acordo com o que ele está aprendendo na escola regular. (PSR 6). Sempre procuro fazer atividades de acordo com aquilo que eles viram na sala de aula naquele dia, para eles poderem aprender, memorizar melhor o que aprenderam. (PSR 10).

Percebemos nas falas das professoras que sua prática pedagógica na sala de

recursos, está envolvida com questões de reforço escolar, uma vez que não

identificamos em nenhum discurso a realização de atividades livres, que

Page 60: Monografia Roselita Pedagogia 2010

59

„.

dessem prazer aos alunos. Em nenhum momento mencionaram a ludicidade

na sua prática pedagógica de maneira espontânea e natural, como que se

fizesse parte dos seus objetivos.

Esta concepção demonstra que as professoras ainda confundem SR com sala

de reforço, em função desta idéia, acabam por se preocupar mais com

conteúdo, deixando passar despercebido justamente o real objetivo da SR, que

é atender as necessidades educativas especiais dos alunos, elaborando

metodologias e estratégias de ensino diversificadas, bem como atividades

interessantes que contribuam para um aprendizado contemplando a todos.

É neste sentido que a ludicidade se torna mais uma importante ferramenta

para o processo de ensino-aprendizagem. As professoras precisam reconhecer

que o aluno não se expressa apenas com a fala, ele também se comunica

através do corpo, dos gestos do desenho. Educar por meio da ludicidade

rompe barreiras de que o lúdico é um simples passatempo ou diversão, como

afirma Kishimoto (1997):

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil (...). ao assumir afunção a função educativa o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. (p.36-37).

Sendo assim, a prática pedagógica na SR deve ter suas especificidades

levadas em conta, tendo consciência de quem é esse aluno, seus interesses e

de que forma ele aprende. A utilização de recursos lúdicos cria ambiente

gratificantes, possibilitando o acesso desse aluno a vários tipos de

conhecimento e habilidades, além de serem atraentes servindo como estímulo

para o desenvolvimento integral do aluno.

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60

„.

4.2.5 Tinha uma pedra no meio do caminho

O atendimento educacional especializado realizado por professoras, nem

sempre supre as necessidades dos alunos.

Falta de acompanhamento médico dos alunos, o que dificulta uma avaliação mais precisa e o direcionamento das atividades já que muitos não possuem laudos ou relatórios. (PRS 10). Trabalhar com os alunos especiais, exige do professor muita preparação, e nem sempre temos isto. Precisamos de um suporte, ou seja, o aluno deve vir com um diagnostico comprovado, e isso não existe por aqui, ele vem de qualquer jeito da sala regular. (PRS 4). Não consigo compreender muito bem qual é a deficiência de alguns alunos, não tem documentação pra isso. (PRS 1). Pais irresponsáveis, que não acompanham os filhos. Os alunos faltam muito e isso dificulta meu trabalho, porque sempre tenho que repetir atividades. (PRS 8).

Os relatos acima indicam que as professoras enfrentam bastantes dificuldades

em trabalhar com NEES dos alunos, porém se faz evidente que as professoras

desconhecem que este diagnóstico também faz parte de seu papel enquanto

educadora na SR, talvez por falta de orientação. Para uma educação de

qualidade, é importante que todos os envolvidos neste processo se articulem,

desenvolvam os avanços em conjunto.

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica relatam

que:

Art. 6º Para a identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e aprendizagem, contando, para tal, com: I - a experiência de seu corpo docente, seus diretores, coordenadores, orientadores e supervisores educacionais; II - o setor responsável pela educação especial do respectivo sistema III- a colaboração da família e a cooperação dos serviços de Saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério Público, quando necessário. (BRASIL 2001, p.70).

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61

„.

Conforme estipulam essas diretrizes, avaliar alunos com NEES constitui uma

ação abrangente, com a extensão dessa responsabilidade a todos os atores da

prática pedagógica, incluindo também a importância da família neste

contexto.A ausência da família no acompanhamento dos filhos é uma situação

que dificulta a ação pedagógica do professor, percebemos essa questão

explicitamente na fala de uma das professoras entrevistadas:

Não tenho dúvidas que a ausência dos pais, essa falta de apoio para a gente nos atrapalha, sem falar que na maioria das vezes não trazem as crianças para o atendimento.. (PRS 9).

Este discurso nos leva a refletir sobre a importância que a família tem na vida

escolar do aluno. Para tentar amenizar este impacto na educação, se faz

necessários planos de ação esclarecedores e informativos, para

conscientização dos pais, ao tempo em que se sintam realmente importantes e

incluídos na comunidade escolar.

Compreendemos assim que a Educação Lúdica visa estudar e valorizar um

novo processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do

ser humano por meio do uso de brinquedos, jogos e materiais didáticos

coligados que sirvam de suporte para que o sujeito da aprendizagem aprenda

de forma mais descontraída, efetiva, eficiente e eficaz

Page 63: Monografia Roselita Pedagogia 2010

62

„.

5. TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Acreditamos que o presente trabalho contribuirá para a ampliação de debates

sobre a ludicidade na sala de recursos, já que a temática envolve os principais

atores deste contexto: professores e alunos. Além de discorrer sobre a

ludicidade, traz concominamente pontos relevantes sobre a perspectiva das

professoras na questão do desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno especial,

por meio da ludicidade.

O resultado deste estudo nos mostra que apesar do atendimento educacional

especializado das salas de recursos possuírem um grande número de

profissionais com formação de nível superior e até com especializações, ainda

há a necessidade desses professores repensarem sobre como se dá o

processo de desenvolvimento sócio-cognitivo dos alunos, para que assim,

possam realmente entender o papel da ludicidade.

O professor como mediador do processo educacional deve ter clareza dos

aspectos do desenvolvimento, bem como as possibilidades de aprendizagem

dos alunos por meio da ludicidade. É fundamental ampliar a visão sobre os

conceitos que permeiam sua prática pedagógica, e que façam valer suas

intenções mencionadas, ao relatarem sobre a importância que dão ao trabalho

que envolve o lúdico.

O quadro docente dessa pesquisa, a partir do momento que tornaram público

suas perspectivas da temática em questão, nos proporcionou ainda uma

compreensão de como a ludicidade está sendo trabalhada nas salas, e neste

sentido percebemos que essas professoras entendem que as atividades

lúdicas giram em torno especificamente dos jogos, o que denota a ausência de

outras atividades mais criativas e diversificadas. Entendemos que os jogos e as

brincadeiras, não são os únicos elementos lúdicos que podem ser utilizados no

processo de desenvolvimento do aluno especial.

Page 64: Monografia Roselita Pedagogia 2010

63

„.

A maneira como o professor trabalha, as estratégias que utiliza para ensinar,

são definitivas para o desenvolvimento do aluno. Uma prática que contemple

uma aprendizagem significativa implica em um trabalho intencionalmente

organizado. E esta foi uma lacuna que as professoras deixaram transparecer

em seus discursos, quando relataram que inserem o jogo ao perceber o

desânimo dos alunos no início do atendimento especializado.

É importante ressaltarmos a evidência do compromisso que as professoras têm

com seu trabalho, a organização da sala, a decoração, tornando o ambiente

agradável e sugestivo, percebemos também a dedicação e o carinho. Seus

relatos apontam para grandes dificuldades encontradas para trabalhar com o

aluno NEES.

Sendo assim, acreditamos que o nível de formação e especialização, não são

suficiente para dar suporte a um trabalho tão árduo e delicado que envolve

muitas diversidades, é necessário que as políticas públicas direcionem um

olhar mais profundo para esses profissionais que desempenham um trabalho

educativo e também social. Os desabafos são freqüentes em seus

depoimentos, ao abordarem a falta de acompanhamento dos pais, e de

profissionais específicos para lidar com as carências dos alunos. Entendemos

assim, que essas professoras necessitam de um maior acompanhamento, bem

como cursos de formação continuada, já que a aquisição de novos

conhecimentos é o caminho mais eficaz para uma educação de qualidade.

Neste ínterim não podemos deixar de registrar que durante nossa busca

incessante por informações para nosso estudo, tivemos vários contatos com

profissionais do Núcleo de Educação Inclusiva do município de Senhor do

Bonfim, e nos informaram que o atendimento educacional especializado era

ancorado por vários profissionais da área com total acompanhamento dos

alunos com dificuldades congênitas ou não, das mais simples as mais severas.

Assim percebemos uma contradição em relação aos relatos das professoras e

as informações obtidas no Núcleo de Educação Especial.

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64

„.

Diante desse contexto nosso estudo nos revelou que a ludicidade assume um

importante papel no processo de desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno

especial, já que é evidente o potencial do lúdico nos processos de ensino-

aprendizagem, bem como atividades que envolvam a formação de conceitos e

as habilidades operatórias.

A investigação do fenômeno estudado nos revela que, as atividades lúdicas

estimulam e facilitam a aprendizagem dos alunos por meio da interação, que

permite que ele raciocine e estimule suas capacidades cognitivas, assim como

desenvolve sua coordenação motora e reflexiva, contribuindo na inclusão de

crianças com necessidades educativas especiais no espaço escolar e na

sociedade como um todo.

Sendo assim, este é um estudo cuja temática não esgota suas reflexões. Sua

inconclusão abre novas reflexões, criando novas rupturas para novas

continuidades.

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65

„.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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UNEB- Universidade do Estado da Bahia

Departamento de Educação – Campus VII Pedagogia 2005

Professor, este questionário faz parte da pesquisa para elaboração do Trabalho

de Conclusão de Curso – TCC. Por isso, contamos com sua colaboração ao

responder as questões que nos nortearão a análise de dados, necessários à

conclusão desta pesquisa monográfica. Lembramos que sua identidade será

mantida em sigilo na apresentação dos resultados.

Agradecemos sua disponibilidade e compreensão.

QUESTIONÁRIO FECHADO

1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Sua idade está compreendida entre: ( ) 20- 25 anos ( ) 26-30 anos ( ) 31-40 anos ( ) 41-45 anos 3. Qual a sua formação? ( ) Nível Médio ( ) Superior em :____________________ 4. Possui Curso de Especialização? ( ) Não ( ) Sim Qual?__________________ 5- Tempo em que trabalhou ou trabalha nas salas de regulares: ( ) menos de 1 ano ( ( 1- 2 anos ( ) 3-4 anos ( ) 5-7 anos

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( ) Mais de 7 anos 6. Trabalha nas salas de recursos há: ( ) menos de 1 ano ( ) 1-2 anos ( ) 3-4 anos ( ) Mais de 4 anos 7. Cursos de aperfeiçoamento: ( ) participa com freqüência ( ) participa às vezes ( ) não participa 8. O material pedagógico que você disponibiliza para sua prática é: ( ) satisfatório ( ) insatisfatório ( ) preciso de mais recursos 9. Recebo suporte pedagógico para desenvolver meu trabalho: ( ) com freqüência ( ) uma vez por mês ( ) às vezes

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UNEB- Universidade do Estado da Bahia

Departamento de Educação – Campus VII Pedagogia 2005

Professor, este questionário faz parte da pesquisa para elaboração do Trabalho

de Conclusão de Curso – TCC. Por isso, contamos com sua colaboração ao

responder as questões que nos nortearão a análise de dados, necessários à

conclusão desta pesquisa monográfica. Lembramos que sua identidade será

mantida em sigilo na apresentação dos resultados.

Agradecemos sua disponibilidade e compreensão.

QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO

1. Quais foram os motivos que o (a) levaram a trabalhar na sala de recursos?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Em que sentido a sala de recursos se torna uma via de aprendizagem? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Durante sua formação profissional teve disciplinas que envolvesse a ludicidade? Se positivo descreva algumas aulas. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Quais foram os requisitos básicos para você ser selecionada para trabalhar com os ANEES?

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„.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Como você definiria uma atividade lúdica? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Cite algumas atividades lúdicas que contribuem para o desenvolvimento dos alunos especiais. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Na sua perspectiva qual a importância em educar ludicamente? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Cite situações em que você percebe que os alunos aprendem através das atividades lúdicas. ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Cite elementos e/ou fatos que dificultam o seu trabalho na sala de recursos. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________