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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC RENATA DE FÁTIMA MORO SENCO MOREIRA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO PROCESSO DE MUDANÇA PARADIGMÁTICA: O CASO DO BANCO REAL – AG. ITABUNA. ILHÉUS - BAHIA 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC

RENATA DE FÁTIMA MORO SENCO MOREIRA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO PROCESSO DE MUDANÇA

PARADIGMÁTICA: O CASO DO BANCO REAL – AG. ITABUNA.

ILHÉUS - BAHIA 2008

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RENATA DE FÁTIMA MORO SENCO MOREIRA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO PROCESSO DE MUDANÇA PARADIGMÁTICA: O CASO DO BANCO REAL – AG. ITABUNA.

ILHÉUS – BAHIA 2008

Monografia apresentada para obtenção de título de Bacharelado em Administração, à Universidade Estadual de Santa Cruz. Área de concentração: Gestão Ambiental Orientadora: Profª. M.Sc. Solange R. S. Corrêa

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RENATA DE FÁTIMA MORO SENCO MOREIRA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO PROCESSO DE MUDANÇA PARADIGMÁTICA: O CASO DO BANCO REAL – AG. ITABUNA.

________________________________________________ Solange S. R. Corrêa – M.Sc.

UESC (Orientadora)

_______________________________________________ Rozilton Sales Ribeiro – Profº.

UESC (Membro da Banca)

________________________________________________

Katianny Estival – Profª, UESC

(Membro da Banca)

Ilhéus-BA, 27/11/2008.

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AGRADECIMENTO

Ao longo dos cinco anos percorridos nesta importante etapa de minha vida, muitas

foram as pessoas que deixaram sua marca nesta trajetória, para as quais quero deixar

registrado os meus agradecimentos:

À meu parceiro, amigo e esposo, Elson Martinho, pelo companheirismo, compreensão,

motivação e carinho que contribuiu para meu sucesso nesta caminhada.

À minha família, que mesmo distante, me deu apoio, e foi meu alicerce para meu

equilíbrio pessoal. À meu pai, Serino, e a meus irmãos Rita e Sandro Marcelo, que em suas

trajetórias de vida e dedicação ao trabalho, me orgulham em suas atividades, e foram meus

grandes inspiradores, cada um com seu exemplo em particular.

À minha guerreira mãe Maria Madalena, que com toda a dificuldade que teve em sua

vida, criou-me com um amor sem igual, e demonstrou com caráter, fé, perseverança e vontade

de viver, que vale a pena lutar e que por mais difícil sejam os obstáculos, somos capazes de

superá-los, sem denegrir ou ferir ninguém pelo caminho.

Aos meus professores e colegas de turma, que tanto agregaram com ensinamentos

didáticos, conhecimento, amizade, e experiência de vida, ajudaram a tornar-me uma pessoa

mais preparada e madura para a vida profissional e pessoal.

Ao professor Dr. Jaênes Miranda, apenas com suas atitudes humanas, me ensinou a

perceber que inteligência e sabedoria são aliadas da humildade. Ao professor Raimundo

Cosme, que pacientemente, colaborou e contribui para a excelência deste trabalho.

Ao colega Emerson, que inesperadamente e brilhantemente, surgiu em meu caminho

para orientar-me em minhas conclusões.

Aos profissionais dos departamentos e colegiados, em especial á funcionária Kátia,

que demonstra o lado humano e sensato de uma organização viva.

E, finalmente, agradeço ao apoio, dedicação, e grandiosidade do trabalho realizado por

minha orientadora e mestre Solange Corrêa, em aceitar e contribuir para o alinhamento de

minhas idéias.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Fases cíclicas do processo de pesquisa............................................................ 15

FIGURA 02 - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio...................................................... 26

FIGURA 03 - Ciclo PDCA..................................................................................................... 37

FIGURA 04 - Modelo da Instituição....................................................................................... 40

FIGURA 05 - Eco eficiência. Foto da Agência de Cotia – SP................................................ 44

FIGURA 06 - Da identificação dos respondentes: Cargo x tempo de empresa....................... 50

FIGURA 07 - Da identificação dos respondentes: Escolaridade x curso de formação........... 51

FIGURA 08 - Da gestão ambiental versus transparência: Comunicação dos princípios e

valores............................................................................................................. 52

FIGURA 09 - Da gestão ambiental versus transparência: Conduta ética dos empregados..... 53

FIGURA 10 - Da gestão ambiental versus transparência: Acesso aos Relatórios Anuais e

Balanço Social.................................................................................................. 54

FIGURA 11 - Da gestão ambiental versus educação ambiental: Participação de cursos e

palestras............................................................................................................ 55

FIGURA 12 - Da gestão ambiental versus educação ambiental: objetivo da empresa............ 56

FIGURA 13 - Da gestão ambiental versus atitude: Ações voltadas à proteção ambiental...... 57

FIGURA 14 - Da gestão ambiental versus atitude: Ação ou iniciativa implementada............ 58

FIGURA 15 - Da gestão ambiental versus consciência ambiental: Comentários de clientes.. 60

FIGURA 16 - Da gestão ambiental versus consciência ambiental: adoção de práticas

sustentáveis....................................................................................................... 61

FIGURA 17 - Práticas Sustentáveis......................................................................................... 63

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – A Interação entre Empresa e Sociedade......................................................... 19

QUADRO 02 – Presença no Mercado Brasileiro.................................................................... 41

QUADRO 03 – Comportamentos selecionados para segmentação......................................... 62

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AG Agência

BA Bahia

BACEN Banco Central do Brasil

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNI Confederação Nacional da Indústria

EA Educação Ambiental

GEE Gases de Efeito Estufa

IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

ISO International Organization for Standardization

ONU Organização das Nações Unidas

PAB Posto de Atendimento Bancário

PAE Posto de Atendimento Eletrônico

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SP São Paulo

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO PROCESSO DE MUDANÇA

PARADIGMÁTICA: O CASO DO BANCO REAL – AG. ITABUNA.

RESUMO

O presente estudo está voltado para a inserção da Educação Ambiental nas empresas e

seu resultado efetivo quanto ao envolvimento de seus clientes internos no processo de gestão.

O assunto abordado apresenta de forma reflexiva a problemática ambiental que se vivencia, e

relações de ética, cultura e atitudes das pessoas envolvidas nas práticas de gestão ambiental.

Tem como objetivo analisar o conceito de desenvolvimento sustentável interligado ao

processo de mudança cultural a partir de ações de iniciativa privada e o seu potencial para

transformar a realidade brasileira. É utilizada estratégia de estudo de caso com pesquisa

exploratória envolvendo questionários para identificar práticas de gestão, valores, ética,

atitudes individuais e organizacionais com funcionários de uma agência bancária na cidade de

Itabuna, na Bahia. A Educação Ambiental conduz os profissionais a uma mudança de

comportamento e atitudes em relação ao meio ambiente interno e externo às organizações,

além disso, tem um papel muito importante, porque desperta cada funcionário para a ação e a

busca de soluções concretas para os problemas ambientais que ocorrem principalmente no seu

dia-a-dia, no seu local de trabalho, na execução de sua tarefa, portanto onde ele tem poder de

atuação para a melhoria da qualidade ambiental dele e dos colegas.

Palavras-chave: sustentabilidade; gestão ambiental; educação ambiental; mudança

paradigmática.

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SUMÁRIO

Resumo .......................................................................................................................... i

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09

1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 11

1.2 Objetivos específicos ....................................................................................................11

2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 12

2.1 Hipótese ....................................................................................................................... 13

3 ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS ..................................................... 14

4 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 16

4.1 Responsabilidade ambiental e social corporativa ........................................................ 16

Evolução histórica

4.2 Desenvolvimento sustentável ...................................................................................... 20

Contextualização histórica

Conceituação inicial

4.3 Mudança paradigmática versus ética e cultura ............................................................ 27

A ética

A cultura

4.4 Desenvolvimento sustentável como estratégia corporativa ........................................ 31

4.5 A legislação no processo de gestão ambiental ............................................................ 35

5 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 39

5.1 A organização .............................................................................................................. 39

Objetivo

Presença no mercado brasileiro

A organização e o desenvolvimento sustentável

Organização em foco e comunidade local

6 METODOLOGIA ..................................................................................................... 46

6.1 Limitações da pesquisa ................................................................................................ 46

6.2 Coleta de dados ........................................................................................................... 47

7 ANALISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 49

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 65

9 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 68

10 ANEXO ...................................................................................................................... 71

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1 INTRODUÇÃO

A idéia de sustentabilidade está sendo inserida na sociedade com um papel muito mais

reflexivo do que atuante em alguns setores. Exercer a cidadania passou a configurar mais um

fator social chamado desenvolvimento sustentável, e apesar de algumas críticas, até o

momento é um dos únicos meios mais eficazes, a longo prazo, de utilizar recursos

moderadamente para que outras gerações também possam usufruí-los. O planeta está

chegando num ponto cada vez mais crítico, observando-se que não pode ser mantida a lógica

prevalecente de aumento constante do consumo. Para Schenkel (2008) 1, é certo que não

podemos mais nos basear numa economia em que quanto mais se cresce, mais se consome,

pois isto tem um custo social e ambiental muito alto. “Vemos, então, por exemplo, que o

equacionamento do problema do abastecimento da água, uma das Metas do Milênio

estabelecidas pela ONU, está longe de ser alcançado. Mas se nós pegássemos 30% do que os

Estados Unidos investem na guerra do Iraque, talvez nós conseguíssemos atingir esta meta.

Existe claramente uma questão de prioridades e enfoques e a ONU não tem sido capaz de

intermediar essa questão, o que tem gerado muitas discussões e propostas de novas formas de

gestão dos fundos disponíveis”.

Nos últimos anos houveram avanços na forma de pensar e agir. O grande desafio é de

influenciar e modificar o pensamento das pessoas em relação ao consumo. Esta é uma questão

fundamental no caso de alguns países como o Brasil. “Somos um país pobre, mas temos uma

das posições melhores em termos de legislação ambiental. Ocorre que não há recursos

humanos suficientes e uma sistemática que permita uma melhor gestão desse processo. Atuar

sobre o problema é, sem dúvida, uma maneira de mudar o comportamento da sociedade. 1 SCHENKEL, Celso. Cátedra de São Marcos é a única do mundo. <www.smarcos.br/notícias>. Disponível em 05/03/2008.

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Temos que saber diferenciar bem políticas públicas de políticas de governo, porque os

governos se sucedem, enquanto a política pública é a política do País”, disse o Coordenador

de Ciências Naturais da UNESCO no Brasil – Schenkel (2008).

A percepção de um consumo sustentável ocorre como resultado de uma conjunção de

três fatores, que por se inter-relacionarem geram condições propícias para sua emergência.

Portilho (2005) 2 mostra que o advento, a partir da década de 70, do ambientalismo público; a

ambientalização do setor empresarial, a partir da década de 80; e a emergência, a partir da

década de 90, da preocupação com o impacto ambiental de estilos de vida e consumo das

sociedades afluentes são fatores propulsores deste processo. É a partir da junção destas etapas

evolutivas e seus processos de envolvimento global que se inicia um papel de estímulo e co-

responsabilidade de indivíduos comuns, dadas as características das suas práticas cotidianas

para atenuar ou agravar a crise ambiental. Assim, começam a se multiplicar e disseminar

práticas individuais conscientes, bem informadas e preocupadas com a problemática

ambiental. O termo sociedade sustentável começa a assumir uma visibilidade, e amplia o

espectro de atores que consideram que suas ações passam a fazer parte de um repertório

compartilhado por aqueles que vêem na mudança de comportamentos e escolhas a

possibilidade de interferir na qualidade do meio ambiente.

Ao longo da década de 90, o paradigma da sustentabilidade traz às empresas uma nova

maneira de fazer negócios. Segundo recente pesquisa do Banco Mundial, os aspectos sócio-

ambientais exercem influência crescente nas decisões das empresas. A explicação reside em

dois pontos principalmente: os ativos intangíveis (marca e reputação, por exemplo) hoje

respondem por até 90% do valor das organizações e a percepção das empresas para os riscos,

de caráter local e global, provocados por problemas sociais e ambientais. A sustentabilidade

passa, portanto, a ser sinônimo de sobrevivência para a sociedade e para as empresas.

Em 2002, durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em

Johanesburgo, na África do Sul, a ONU ratificou as Metas de Desenvolvimento do Milênio,

que foram instituídas em 2000. Naquela ocasião, apesar do sentimento de frustração quanto

aos acordos multilaterais entre governos, a significativa participação do setor empresarial

trouxe uma nova esperança para a sociedade global. Ficou demonstrada a possibilidade de

geração de valor em sintonia com a promoção do bem estar social e da conservação

ambiental.

2 PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São Paulo, Cortez Editora, 2005, 255pp.

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As decisões de Johanesburgo criaram, como conseqüência, a necessidade de um novo

arranjo entre governos, empresas e sociedade civil em prol do desenvolvimento sustentável. E

a liderança empresarial conduz a sua vertente para firmar-se neste contexto. Multiplicam-se as

iniciativas empresariais de responsabilidade corporativa, gerenciando de maneira pró-ativa,

ética e transparente seus resultados econômicos, sociais e ambientais.

1.1 Objetivo geral

Diagnosticar a mudança cultural, a partir de ações de gestão em uma agência bancária,

com foco na educação ambiental. Particularmente, voltada ao estudo de caso numa agência do

Banco Real, na cidade de Itabuna, estado da Bahia. Esta preocupação permanece latente nos

dias atuais, fomentando pesquisas e a curiosidade científica da comunidade acadêmica.

1.2 Objetivos específicos

• Reconhecer a eficácia da gestão ambiental com foco na mudança de cultura

empresarial refletida na adesão de atitudes sustentáveis dos seus clientes internos;

• Descrever os resultados relacionados ao desenvolvimento sustentável;

• Discutir a importância da Educação Ambiental para implementação do

desenvolvimento sustentável.

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2 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento sustentável é assunto altamente relevante nos dias atuais, sendo

abordado amplamente pelos meios de comunicação, projetos públicos e privado, de pequena e

grande expansão. O aprimoramento da aplicação do desenvolvimento sustentável nas

organizações tem sido objeto de interesses acadêmicos e empresariais. Apesar de mudanças

constantes na terminologia do desenvolvimento sustentável, hora chamado de

ecodesenvolvimento, sustentabilidade, consumo consciente, gestão ambiental, entre outros

termos, que podem não ter exatamente o mesmo significado, porém a medida que estes

termos foram elaborados, a compreensão dos ambientes organizacionais vai se aprimorando e

evoluindo haja vista a própria dinâmica do processo empresarial.

Num enfoque teórico é possível observar que a idéia de ver as pessoas nas

organizações como fonte de vantagem competitiva é suportada por inúmeros autores.

Pfeffer (1994) 3 sustenta que, quando os empregados percebem que existe no lugar de

trabalho um potencial para a satisfação de suas necessidades psicológicas, envolvem-se com

mais entusiasmo no trabalho e dedicam mais tempo e esforço a ele capacidade, por outro lado,

conhecimento e comprometimento dos empregados é o grande diferencial competitivo em

relação à concorrência.

Complementando Cattani (1997) 4 afirma que, em tempo de competitividade

recrudescente, torna-se fundamental conquistar o comprometimento e a lealdade dos

trabalhadores.

Hoje, o meio ambiente e as organizações fazem parte de um mesmo sistema, pois elas

precisam e dependem do ambiente para obter recursos e operar harmoniosamente. O enfoque

3 PFEFFER, J. Competitive Advantage Trough People: Unleashing the Power of the Work Force. Harvard School Press. Boston, 1994. 4 CATTANI, A. Trabalho e Tecnologia: dicionário crítico. Porto Alegre. Editora da Universidade, 1987.

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sistêmico e a teoria situacional exigem que pessoas e organizações sejam interdependentes e

parceiros na busca do sucesso de ambos. É com esta linha de raciocínio e abordagem que se

imagina poder contribuir por meio deste trabalho, evidenciando as práticas de gestão de

pessoas em organizações brasileiras, sendo este o enfoque prático deste estudo. Segundo

Jacobi (2006, p. 180):

O tema da sustentabilidade confronta-se com o que Beck (1994) denomina de paradigma da sociedade de risco. Isso implica a necessidade da multiplicação de práticas sociais pautadas pela ampliação do direito à informação e da educação ambiental numa perspectiva integradora. Trata-se de potencializar iniciativas a partir do suposto de que maior acesso à informação e transparência na gestão dos problemas ambientais urbanos pode significar uma reorganização de poder e autoridade. 5

Num enfoque acadêmico a intenção é contribuir, através desta pesquisa, na análise da

aplicação do desenvolvimento sustentável das empresas e sua efetividade junto aos seus

stakeholders. E, adquirir reconhecimento pelo trabalho efetuado para a conclusão do curso

correspondente.

2.1 Hipótese

Quando as pessoas desenvolvem a capacidade de enxergar a realidade cotidiana de

forma mais abrangente, elas passam a tomar decisões mais conscientes, considerando todos os

aspectos relacionados a uma mesma questão. E passam também a se sentir mais preparadas

para assumir o seu papel como agentes de mudança na construção de um mundo mais

sustentável.

Visualizar que esta mudança ocorre de dentro para fora da organização é algo

desafiador, mas persistente. Começa pelo indivíduo, que provoca mudanças na empresa, que

influencia o mercado, que transforma a sociedade.

Para difundir essa visão, levanta-se um questionamento: as empresas estão

conseguindo atuar eficientemente na mudança de paradigma de seus funcionários em relação

ao consumo sustentável ao ponto que seus clientes externos estão sentindo impacto e

absorvendo essa referência?

5 Texto retirado do artigo de Pedro Jacobi – Meio Ambiente e Sustentabilidade.

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3 ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

A estratégia principal de pesquisa, para este trabalho, é o estudo de caso. E, segundo

Yin (1994) 6, o estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno

contemporâneo dentro do seu contexto real; quando os limites entre fenômeno e o contexto

não são claramente percebidos; e em que múltiplas fontes de evidência são utilizadas. Ainda,

[...] um estudo de caso é uma história de um fenômeno passado ou presente, obtida a partir de múltiplas fontes de evidência. Ele pode incluir dados a partir de observação direta e entrevistas sistemáticas, assim como de arquivos públicos e privados. Na verdade, qualquer fato relevante para a obtenção de eventos que descrevem o fenômeno é um dado potencial em um estudo de caso, uma vez que o contexto é importante. (LEONARD-BARTON, 1990) 7.

Sendo um método qualitativo, o estudo de caso tem uma aplicação em pesquisas em

que se tem um foco maior na compreensão do que na mensuração do fenômeno investigado.

Yin (1994) coloca que o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa adequada quando

a forma da pergunta de pesquisa é do tipo ‘porquê’ e ‘como’, além de que o fenômeno

estudado não requer controle sobre o comportamento dos eventos e os fenômenos são

contemporâneos.

6 YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookmann, 1994. 7 LEONARD-BARTON, D. A Dual Methodology for Case Studies: Synergistic use of Longitudinal Single Site with Replicated Multiple Sites, Organization Science, 1 (3), 1990.

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Para proporcionar melhor entendimento sobre as atividades da pesquisa realizada,

segue o esquema abaixo:

FIGURA 01 – Fases cíclicas do processo de pesquisa

1. Teoria Revisão da Literatura

2. Questões

3. Observação e coleta de dados Entrevistas

4. Análise dos dados Qualitativa

5. Conclusões

Fonte: Adaptado de “Fases de Processo de Pesquisa” (BRYMAN, 1989)

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4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Responsabilidade ambiental e social corporativa

A expansão da consciência ambiental e social na sociedade e no mundo está tão em

voga e necessária, que as empresas e seus gestores estão sendo pressionados a reestruturarem

seus negócios e mudarem sua visão e missão, que muitas vezes estavam delineados desde a

constituição da empresa. O posicionamento da empresa e sua contribuição neste novo

paradigma de visão sustentável são influenciados pelo comportamento dos consumidores, que

hoje, se preocupam com o futuro e sabem o grau de responsabilidade que muitos agentes têm

em relação à responsabilidade ambiental e social.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 68% dos

consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o

meio ambiente (TACHIZAWA, 2002).

De acordo com o mesmo autor, em busca da gestão ambiental, a empresa verde é

sinônimo de bons negócios e no futuro será a única maneira de empreender negócios de forma

mais duradoura e lucrativa.

4.1.1 Evolução histórica

Levando em consideração o apanhado histórico da evolução do tema referido, é

importante descrever o que é meio ambiente e alguns fatores que tecem sua conceituação e

contextualização.

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Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A palavra ambiente vem

do latim e o prefixo ambi dá a idéia de “ao redor de algo”. O verbo latino ambio, ambire

significa “andar em volta ou em torno de alguma coisa” (BARBIERI, 2006).

De maneira específica entende-se o meio ambiente sendo o ambiente natural ou

artificial, ou seja, o ambiente físico e biológico original e o que foi alterado, destruído e

construído pelo homem, como áreas urbanas, industriais e rurais.

De acordo com Odum e Sarmiento apud Barbieri (2006):

[...] distinguem três tipos de ambiente: (1) o fabricado ou desenvolvido pelos humanos, constituído pelas cidades, pelos parques industriais e corredores de transportes como rodovias, ferrovias e portos; (2) o ambiente domesticado, que envolve áreas agrícolas, florestas plantadas, açudes, lagos artificiais, etc.; e (3) o ambiente natura, por exemplo as matas virgens e outras regiões auto-sustentadas, pois são acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza, como precipitação, ventos, fluxo de água, etc. e não dependem de nenhum fluxo de energia controlado diretamente pelos humanos, como ocorre nos dos dois outros ambientes.

Os problemas ambientais provocados pelos humanos são decorrentes do uso dos

recursos da natureza para a produção de algum bem ou serviço demandado pelo próprio

homem. Quanto mais se produz, maior é a exploração de recursos e o despejo de materiais

não aproveitados.

Como marco inicial desta exploração, a Revolução Industrial foi um ponto pioneiro

em impulso para o desenvolvimento de atividades industriais, porém intensificou a

degradação ambiental sem noção efetiva das conseqüências futuras.

A partir do século XIII, surgiu uma diversidade de substâncias e materiais que não

existiam na natureza. Mais de 10 milhões de substâncias foram sintetizadas e esse número não

pára de crescer, segundo Barbieri (2006).

Entre tantos problemas ambientais provocados pelo homem e estes cada vez mais vêm

se agravando, existem problemas globais que o mundo vivencia e que ainda não existem

projetos efetivos para reverter este cenário, como a perda da biodiversidade, a redução da

camada de ozônio, as mudanças climáticas e outros.

Contudo, a preocupação em proteger o meio ambiente da própria ação humana teve

um histórico ainda mais remoto. No século XIV, na Inglaterra houve medidas proibindo serras

hidráulicas e, no século XVII, na França, foram criadas leis para proteger florestas e águas a

fim de resolver questões de escassez de madeira (BARBIERI, 2006).

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Mesmo na Revolução Industrial, ações para combater a poluição foram

implementadas, embora na antiguidade diversas preocupações com a remoção de lixo urbano,

por exemplo, já eram experimentadas.

Barbiere (2006), descreve que em meados do século XIX debates intensos eram

realizados com a preocupação de preservação de áreas naturais. Um exemplo disso foi o

Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos em 1872, considerado o primeiro do

mundo. No pós-guerra é que definitivamente os movimentos ambientalistas começaram a

crescer e também a propagar a conscientização da população quanto a defesa e proteção do

meio ambiente.

Uma nova consciência ambiental, provinda de mudanças culturais nas décadas de 60 e

70, firmou uma visão fundamental do homem moderno. Empresas líderes, a partir dos anos

80, começaram a ver os gastos com proteção ambiental, não como custos, mas como

investimento no futuro, e paradoxalmente, como vantagem competitiva. Tachizawa (2002).

A percepção das corporações sobre o papel que desempenham na sociedade é vital e

traz mudanças significativas como agente responsável na melhoria social e ambiental. Esse

pensamento precisa ser pautado em mudança de valores, passando da expansão para a

conservação, quantidade para qualidade, da dominação para a parceira. Essas novas

percepções e práticas constituem, segundo Tachizawa (2002), um “novo paradigma”, com

reflexos imediatos.

Muitos participantes do mundo dos negócios não concordam com esta nova filosofia.

Mesmo assim, concordando ou não, as empresas estão sendo compelidas a assumir essas

novas práticas e a tendência futura é ampliar sua responsabilidade.

Tachizawa (2002) traça o perfil do gestor dos novos tempos como foco na

responsabilidade social e ambiental da seguinte forma: devem ter capacidade abrangente de

análise, interpretação e correlação, ou seja, alguém com consciência ecológica e socialmente

responsável por excelência, com visão sistêmica para ler corretamente os cenários sociais, as

turbulências políticas, econômicas, os concorrentes, os formatos de mercado, entre outros

influentes.

A responsabilidade social, como já dito anteriormente, tomou força intensa a partir dos

anos 60, em resposta às mudanças ocorridas nos valores da sociedade.

Segundo Donaire (1999), ela é fundamentada num conceito ético que envolve

mudanças de bem-estar e está ligada às dimensões sociais de atividades produtivas e

qualidade de vida. A empresa interage com a sociedade sendo responsável para com ela e esta

concede à empresa o direito de existir. Como se fosse um contrato social. Porém, os termos

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desse contrato não são permanentes, mudam com o tempo. E nesse contexto, os termos já

objetivaram o progresso social, passando à objeto unicamente econômico e, atualmente, visa

unir objetivos econômicos, sociais e ambientais.

QUADRO 01 – A interação entre empresa e sociedade.

Fonte: Adaptado de “O contrato entre as organizações e a sociedade”. DONAIRE (1999)

É importante ressaltar que a administração, com suas novas concepções,

responsabilidade social e ambiental, está sendo considerada uma das principais chaves para a

solução dos mais graves problemas que afligem atualmente o mundo moderno e a gestão

eficaz das empresas focando nos seus resultados, mas também voltadas ao objetivo social e

ambiental será o cerne de uma continuidade sustentável geral.

Segundo a Fundação para o Prêmio Nacional de Qualidade citado por Tachizawa

(2002) discorre que as organizações socialmente responsáveis devem abordar suas

responsabilidades perante a sociedade e o exercício da cidadania, por meio de estágios que

vão desde uma fase embrionária até sua fase mais avançada.

NOVO CONTRATO

INSUMOS

- Capital

- Matéria – Prima

- Recursos Humanos

SAÍDAS

- Bens – Serviços

- Salários e Renda

- Juros e Dividendos

VELHO CONTRATO

INSUMOS

- Capital

- Matéria – Prima

- Recursos Humanos

SAÍDAS

- Bens – Serviços

- Salários e Renda

- Juros e Dividendos

ECONÔMICOS

INSUMOS

- Ar e água

- Composição da mão-de-obra

- Qualidade da mão-de-obra

SAÍDAS

- Poluição

- Acidentes/doenças

- Discriminação/pobreza

E

M

P

R

E

S

A

S

SOCIAIS

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20

Neste contexto, os estágios pertinentes iniciam-se por um estágio primeiro no qual a

empresa é isenta em assumir responsabilidades, não promovendo um comportamento ético.

Num segundo estágio, a empresa reconhece os impactos causados por suas atividades e cria

ações isoladas para minimizá-los, ou seja, há uma busca da promoção do comportamento

ético.

No estágio 3, a empresa inicia uma sistematização de seus processos, avaliando-os e

exerce algum tipo de liderança nas questões de interesse da comunidade. Ocorre neste estágio

um envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social.

Num 4º estágio o processo do estágio anterior está mais avançado. A liderança nas

questões de interesse da comunidade é exercida de diversas formas, desenvolvendo uma

promoção do comportamento ético.

No estágio 5, a empresa já tem seu processo e instalações sistematizados, no que tange

a avaliação de seus impactos e busca antecipar as questões públicas. Há formas

implementadas de avaliação e melhoria do exercício da empresa junto ao exercício da

cidadania e responsabilidades públicas.

Este último estágio deve ser considerado como meta organizacional, pois induz e

estimula o contínuo aperfeiçoamento dos processos da empresa, busca a preservação e

melhoria da qualidade de vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental.

Tachizawa (2002).

4.2 Desenvolvimento sustentável

4.2.1 Contextualização histórica

"O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades".

Essa foi a definição de desenvolvimento sustentável apresentada no relatório "Nosso Futuro

Comum", publicado em 1987, que resultou do trabalho conjunto de representantes de 21

governos, líderes empresariais e representantes da sociedade.

Eles eram membros da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

criada em 1983 pela Assembléia Geral da ONU. A Comissão, presidida pela então Primeira

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Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, ficou conhecida por criar a definição para

desenvolvimento sustentável mais aceita mundialmente até hoje. 8

O uso do conceito de desenvolvimento sustentável, termo legitimado e absorvido pela

comunidade ambientalista após a Conferência do Rio, passou por algumas mutações, desde o

conceito de ecodesenvolvimento - lançado por Maurice Strong, em junho de 1973, e

estritamente voltado a um desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo 9 -

passou a chamar-se de desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, consumo consciente,

entre outros conceitos que por modismo ou agregação de valor ou fatores podem ser alterados.

Apesar de muitos autores adotarem os anos 60, como grande marco no início da

conscientização de implementar programas de desenvolvimento sustentável, é relevante

destacar que em 1883 houve o primeiro acordo internacional em Paris, com o objetivo de

proteger as focas no mar de Behring. E em 1923, ocorreu o I Congresso Internacional para a

Proteção da Natureza, também em Paris, dando o início de um novo período na história da

gestão ambiental. Mas, em 1960, relatórios de impactos da degradação ambiental foram

apresentados pela ONU. Antes deste período, as convenções internacionais não passavam de

interesses econômicos. Barbieri (2006).

O desenvolvimento sustentável foi concebido como um conjunto de ações voltadas à

solução ou, no mínimo, redução de grandes problemas de ordem econômica, ambiental e

social, tais como esgotamento de recursos naturais, desigualdade social ascendente e

crescimento econômico ilimitado. Problemas que ameaçam a sobrevivência e demandam ação

conjunta de governos, empresas e sociedade para serem superados. Integrar de forma

equilibrada os aspectos ambientais, sociais e econômicos, respeitando a sua interdependência,

é o que o desenvolvimento sustentável propõe.

Sustentabilidade se define como um princípio de uma sociedade que mantém as

características necessárias para um sistema social justo, ambientalmente equilibrado e

economicamente próspero por um período de tempo longo e indefinido.

8 ISA, Bruno Weis. Democracia é o caminho para o desenvolvimento sustentável. Publicado em: 11/11/2005. <www.socioambiental.org/nsa>. Disponível em: 22 de mai. 2008. 9 LAYRARGUES, Philippe Pomier. Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: Evolução de um conceito? Artigo. 05/10/1997.

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4.2.2 Conceituação inicial

Em 1973, Maurice Strong definia o conceito de ecodesenvolvimento - primeiro nome

dado à idéia de desenvolvimento sustentável – num estilo de desenvolvimento adaptado às

áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem

comprometer o esgotamento da natureza, pois nestes locais ainda havia a possibilidade de tais

sociedades não se engajarem na ilusão do crescimento mimético. Com a Declaração de

Cocoyoc no México em 1974, também as cidades do Terceiro Mundo passam a ser

consideradas no ecodesenvolvimento.

O economista Ignacy Sachs10 se apropria do termo e o desenvolve conceitualmente,

criando um quadro de estratégias ao ecodesenvolvimento. Parte da premissa deste modelo se

basear em três pilares: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica.

Percebe-se que a visão inicial de ecodesenvolvimento é localizada e minimalista

comparada com a percepção hoje defendida. Para Sachs o ecodesenvolvimento é um estilo de

desenvolvimento que, em cada ecoregião, insiste nas soluções específicas de seus problemas

particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os culturais, as

necessidades imediatas como também aquelas a longo prazo.

Muitas sociedades ao longo da história preocuparam-se com o equilíbrio entre

economia, sociedade e meio ambiente. O fato novo a partir da década 60 é a contextualização

desses três elementos juntos em um mundo cada vez mais interdependente.

A preocupação com o combate à pobreza absoluta, o crescimento populacional, o

impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente e os novos desafios da economia

ganharam destaque de forma progressiva desde então.

Nos anos 60, nos Estados Unidos, houve uma profunda mudança na atitude do povo

americano com relação à necessidade de normas ambientais federais, suscitada pela obra

“Silent Spring ” (Primavera Silenciosa), de Rachel Carson, uma bióloga marinha norte-

americana que provocou os políticos à ação. O livro, publicado em 1962, presidiu o rito de

passagem para o momento novo na história humana: o da preocupação com os rumos do

desenvolvimento próprio da sociedade industrial. (KRAEMER, 2008) 11

Dez anos depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) promove a

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia.

10 Sachs, I. Ecodesenvolvimento: Crescer sem destruir. SP, Vertice, 1986. 11 KRAEMER. Maria Elisabeth P. A Universidade do Século XXI rumo ao Desenvolvimento Sustentável. <www.ambientebrasil.com.br>. Disponível em: 22 de jun. 2008.

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A conferência levou à criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente). A Conferência de Estocolmo contribuiu de maneira importante para gerar um

novo entendimento sobre os problemas ambientais e a maneira como a sociedade provê sua

subsistência. A Conferência foi marcada por antagonismos: os países desenvolvidos,

preocupados com a poluição e o esgotamento de recursos estratégicos e os demais países, que

defendiam o direito de usarem recursos para crescer. E, apesar das divergências, aprovaram

um Plano de Ação constituído de 110 recomendações e um envolvimento maior da ONU nas

questões ambientais do planeta. Barbieri (2006, pg. 29).

A fundação do Clube de Roma em 1968, que em 1972 publicou o conhecido relatório

"Limites do Crescimento" Meadows et al. (1972) apud Tayra (2002) foi um dos principais

fatos para a ampliação da divulgação do tema. O referido relatório denunciava que o crescente

consumo mundial ocasionaria um limite de crescimento e um possível colapso do ecossistema

global. O relatório atentava para a preocupação com as principais tendências do ecossistema

mundial, extraídas de um modelo global articulando cinco parâmetros: industrialização

acelerada, forte crescimento populacional, insuficiência crescente da produção de alimentos,

esgotamento dos recursos naturais não renováveis e degradação irreversível do meio

ambiente. A divulgação de "Limites do Crescimento" ganhou grande repercussão mundial,

desencadeando uma série de reações críticas ao que foi considerado seu tom apocalíptico,

com a tese do crescimento (populacional e industrial) zero. Inegavelmente catastrofista, o

relatório previa uma incontrolável mortandade da população por volta de 2050, provocada

pelo esgotamento dos recursos naturais, conseqüência do aumento da produção industrial e de

alimentos para atender ao crescimento exponencial da população. 12

Nos anos seguintes, a quantidade de estudos e o número de organizações atentas à

evolução das questões socioambientais aumentam sensivelmente, bem como a necessidade de

se estabelecer um novo modelo de desenvolvimento.

Segue abaixo os marcos da história do desenvolvimento sustentável:

Brundtland - Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD), presidida pela então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem

Brundtland. A Comissão lança, em 1987, um documento chamado "Nosso Futuro Comum",

conhecido também como Relatório Brundtland. O Relatório populariza o termo

12 TAYRA, Flávio. A relação entre o mundo do trabalho e o meio ambiente: limites para o desenvolvimento sustentável. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (72), 2002. [ISSN: 1138-9788] <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-72.htm>.Disponível em: 20 de jun. 2008.

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desenvolvimento sustentável, trazendo sua definição mais aceita mundialmente até hoje:

"Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades".

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - Em 1988, a Organização

Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

constituíram o IPCC Intergovernamental Panel on Climate Change. O IPCC é um organismo

intergovernamental aberto à participação dos países membros da ONU. Seu papel é fornecer

informações científicas, técnicas, ambientais, sociais e econômicas que contribuam para o

entendimento das mudanças climáticas. Em 2007, o IPCC lançou seu quarto relatório

(Climate Change 2007). O documento gerou tanta repercussão que, no fim do ano, o comitê

de premiação do Nobel decidiu dedicar o honroso Prêmio Nobel da Paz ao IPCC - junto com

o ex-vice-presidente americano Al Gore -, por seu trabalho de conscientização da comunidade

e dos líderes internacionais para o problema e as conseqüências da mudança climática:

O IPCC estima que até o fim deste século a temperatura da Terra deve subir entre 1,8ºC e 4ºC, o que aumentaria a intensidade de tufões e secas. Nesse cenário, um terço das espécies do planeta estaria ameaçada. Populações estariam mais vulneráveis a doenças e desnutrição. O grupo também calcula que o derretimento das camadas polares pode fazer com que os oceanos se elevem entre 18 cm e 58 cm até 2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e obrigando centenas de milhares de pessoas a engrossar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais" - pessoas que são obrigadas a deixar o local onde vivem em conseqüência da piora do meio ambiente. A estimativa do IPCC é de que mais de 1 bilhão de pessoas poderia ficar sem água potável por conta do derretimento do gelo no topo de cordilheiras importantes, como o Himalaia e os Andes. Essas cordilheiras geladas servem como 'depósitos naturais' que armazenam a água da chuva e a liberam gradualmente, garantindo um abastecimento constante dos rios que sustentam populações ribeirinhas. Para o IPCC, os países poderiam diminuir os efeitos maléficos do aquecimento global estabilizando em um patamar razoável as emissões de carbono até 2030 - e isto custaria 3% do PIB mundial.13

Eco-92 - Após a enorme repercussão do relatório Brundtland, a ONU organizou, em

1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida

tanto como Eco-92 quanto Rio-92 e contou com a participação de 178 países. Na ocasião,

foram elaborados importantes documentos. Entre eles, estão a Declaração do Rio, com 27

princípios que norteiam a interação das pessoas com o planeta; a Convenção Quadro sobre

Mudanças Climáticas, que culminou no Protocolo de Kyoto; e a Agenda 21, que apresenta

recomendações específicas para os diferentes níveis de atuação, do internacional ao

13 BBC Brasil. Entenda o que é o IPCC e suas conclusões. Revista Eletrônica do Terra. Aquecimento Global. Publicado em: 14 de nov. 2007. < http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2072927-EI8278,00.html>. Disponível em: 22 de jun. 2008.

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organizacional (sindicatos, empresas, ONGs, instituições de ensino e pesquisa etc) sobre

assentamentos humanos, poluição e outras questões socioambientais constantes em diversos

relatórios, tratados, protocolos). Barbieri (2006, pg. 31).

Protocolo de Quioto - Negociado pela Comissão das Nações Unidas para a Mudança

Climáticas, foi assinado em 1997. Estabelece para os países desenvolvidos signatários metas

de redução das emissões de gases de efeito estufa. Entre 2008 e 2012, eles deverão reduzir,

pelo menos, 5% das emissões de gases de efeito estufa em relação aos percentuais registrados

em 1990. Barbieri (2006, pg. 35). O Protocolo de Quioto foi um grande avanço em termos de

gestão ambiental, não só pela fixação de metas, mas por criar mecanismos de como

implementa-las, conhecidos como: Implementação Conjunta - implantação de projetos de

redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre países que apresentam metas a

cumprir; Comércio de Emissões - realizado entre países listados, de maneira que um país que

tenha diminuído suas emissões abaixo de sua meta transfira o excesso de suas reduções para

outro país que não tenha alcançado tal condição. Segundo os critérios do Protocolo de Quioto,

os projetos são registrados na ONU e podem ter seus créditos vendidos a empresas da União

Européia e do Japão, cujos governos já estabeleceram metas de redução de poluição para

alguns setores da indústria. Cada crédito significa que a companhia retirou da atmosfera uma

tonelada de CO2 e repassa ao comprador o direito de emitir o equivalente em gases-estufa. A

segunda alternativa é colocar os créditos à venda em bolsas independentes, como a Bolsa do

Clima, de Chicago, fundada em dezembro de 2003. A proposta foi criar um mercado de

carbono alternativo ao Protocolo de Quioto; e Mecanismos de Desenvolvimento Limpo -

permite que países desenvolvidos invistam em projetos de energia limpa nos países em

desenvolvimento (que não têm metas de reduções de emissões de GEE). Hoje, existem mais

de 40 países conduzindo estes projetos, e os principais são Índia (557 projetos), China (299) e

Brasil (210 projetos).

Pacto Global - Desafio proposto pelo secretário geral da ONU, Kofi Annan, aos

líderes empresarias durante o Fórum Econômico Mundial em 1999. Busca a mobilização do

setor privado para o alinhamento das práticas empresarias com valores universais nas áreas de

direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. A idéia da criação do Pacto

Global considerou que atualmente as empresas são protagonistas fundamentais no

desenvolvimento social das nações e devem agir com responsabilidade na sociedade com a

qual interagem. Na medida em que se envolvem nesse compromisso, contribuem para criar

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uma sociedade mais justa e compreendem mais profundamente as oportunidades existentes

num contexto social complexo e dinâmico. 14

Cúpula do Milênio da ONU - O encontro, realizado em Nova York (EUA), em 2000,

deu origem à Declaração do Milênio. O documento define os 8 Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio, divulgados no Brasil como 8 Jeitos de Mudar o Mundo. Os

objetivos contam com metas concretas a serem atingidas pelos 191 estados membros da ONU

até 2015. Houve consenso entre os líderes mundiais que a prioridade número 1 da ONU

deveria ser a erradicação da pobreza absoluta. Segue abaixo cada um dos objetivos15:

FIGURA 02 – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Acabar com a fome e a miséria

Educação básica e de qualidade para todos

Igualdade entre sexos e valorização da mulher

Reduzir a mortalidade infantil

Melhorar a saúde das gestantes

Combater a AIDS, a malária e outras doenças

14 O que é o Pacto Global? Revista Eletrônica Pacto Global Rede Brasileira. < http://www.pactoglobal.org.br>. Disponível em: 21 de jun. de 2008. 15Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Revista Eletrônica do PNUD Brasil. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/odm/index.php?lay=odmi&id=odmi>. Acesso em: 22 de jun. de 2008.

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Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente

Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento

Fonte: Adaptado de PNUD Brasil (2008).

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável - Conhecida como Cúpula do

Milênio ou Rio+10, ocorreu em 2002, em Johannesburgo, na África do Sul. Sua meta foi a

implementação da Agenda 21 mundial, avaliação dos obstáculos encontrados para atingir as

metas propostas no Eco-92 e dos resultados alcançados em dez anos. 16

Princípios do Equador - Em 2003, o Banco Mundial e a International Finance

Corporation (IFC) estabeleceram, em conjunto com uma série de bancos privados, critérios de

análise de risco socioambiental no financiamento de projetos acima de US$ 50 milhões

(reduzido em 2006 para U$ 10 milhões). O objetivo é garantir a sustentabilidade, o equilíbrio

ambiental, o impacto social e a prevenção de acidentes de percurso que possam causar

embaraços no transcorrer dos empreendimentos, reduzindo também o risco de

inadimplência.17

ISE Bovespa - Índice de Sustentabilidade Empresarial lançado em dezembro de 2005

pela Bolsa de Valores de São Paulo. Acompanha o desempenho financeiro de empresas

líderes em sustentabilidade com ações negociadas na Bovespa. 18

4.3 Mudança paradigmática versus ética e cultura

A idéia básica que norteia o pensamento de desenvolvimento sustentável incide na

proposição de alteração de paradigmas, deslocando o eixo da racionalidade econômica para a

ecológica.

16 TÖPFER, Klaus. As Realizações da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Revista Eletrônica Instituto Brasil PNUMA. Disponível em: <http://www.brasilpnuma.org.br/pordentro/artigos_008.htm>. Acesso em: 16 de mai. 2008. 17 Princípios do Equador. Compêndio para a sustentabilidade. Disponível em: <http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/41>. Acesso em: 22 de jun. 2008. 18 Índice de Sustentabilidade Empresarial. Disponível em: <http://www.bovespa.com.br/Noticias/050721NotA.asp>. Acesso em: 22 de jun. 2008.

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Layrargues (2000) 19 cita o físico Fritjof Capra destacando que é ele quem melhor

traduz o significado desta proposta de transformação, postulando a proximidade de a

humanidade atingir um ponto de mutação, onde forças competitivas cedem lugar à forças

cooperativas, o individualismo cede para o coletivismo, a visão reducionista cede à visão

sistêmica e o curto prazo seria suplantado pelo longo prazo.

O desequilíbrio acelerado na apropriação e uso dos recursos e do capitalismo

ecológico, a estrutura desigual no acesso e distribuição dos recursos do planeta e a influência

que exercem as disparidades dos poderes econômicos e políticos agravam o cenário social e

ambiental, à medida que o sistema mundial se aproxima dos limites ecológicos. Portanto, a

idéia de sustentabilidade discorre uma premissa de que é preciso definir uma limitação nas

possibilidades de crescimento e um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência

de interlocutores e participantes sociais relevantes, através de práticas educativas, reforçando

um sentimento de co-responsabilização e de constituição de valores éticos, não eximindo o

fator cultural existente (JACOBI, 2006).

4.3.1 A ética

As responsabilidades éticas envolvem normas, padrões de comportamento que

atendam expectativas de todos os envolvidos com o ambiente de forma legítima, justa ou de

acordo com seus valores e princípios. Correspondem atividades, práticas, políticas e

comportamentos, os quais não são constituídos por lei (ASHLEY e QUEIROZ, 2006) 20.

Neste contexto a ética contempla valores morais, ou seja, crenças pessoais envolvendo

julgamento de comportamento correto ou incorreto. E a questão pertinente que Ashley e

Queiroz (2006, p. 6) enfoca é: “O que acontece com a ética e a moral quando as sociedades

passam por transformações tão profundas quanto as que o mundo vive agora?”. Ela mesma

discorre que muitos autores afirmam que o papel das organizações neste contexto é muito

importante.

Jacobi (2006) critica que as atitudes de controle ambiental urbano devem centrar-se

em ações que dinamizem o acesso à consciência ambiental dos cidadãos através de um

19 LAYRARGUES, Philippe Pomier. Sistemas de Gerenciamento Ambiental, tecnologia limpa e consumidor verde. São Paulo: Revista de Administração de Empresas. V. 40, nº2. Abr./jun. 2000. p.80-88. 20 QUEIROZ, Adele; ASHLEY, Patricia Almeida. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 205p

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intenso trabalho de educação, em contrapartida, gerar empregos com práticas sustentáveis é

um grande desafio às organizações atualmente.

Os programas de educação ambiental devem avançar no sentido de ampliar o

entendimento sobre o meio ambiente para incluir a sua dimensão social e promover mudanças

de atitude diante das questões sócio-ambientais (BARBIERI, 2006).

O desconforto que as pessoas sentem quando estão assistindo passivamente à

destruição da natureza é por si só uma demonstração de que existe um sentimento de ética

ambiental. Valores éticos e morais sempre influenciaram as atitudes das empresas, mas estão

se tornando, cada vez mais, homogêneos. Portanto, um dos efeitos da economia global é a

adoção por parte das empresas, seja para manter boa imagem perante o público, ou por

demandas de novos padrões, de atuações éticas e morais mais rigorosos. Cria-se, assim, um

novo ethos que rege o modo como os negócios são realizados em todo o mundo. Ashley e

Queiroz (2006, p. 7) complementa:

[...] As atitudes e atividades de uma organização precisam, desse ponto de vista, caracterizar-se por:

• preocupação com atitudes éticas e normalmente corretas que afetam todos os públicos/stakeholders envolvidos (entendidos da maneira mais ampla possível);

• promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direitos humanos e de cidadania e participação na sociedade;

• respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o mundo;

• maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização, contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente.

A sustentabilidade como ação integradora precisa estimular ativamente as

responsabilidades éticas, e para tanto é preciso que se criem condições facilitadoras do

processo, suprindo dados, desenvolvendo e disseminando indicadores, tornando transparente

os procedimentos através de práticas na educação ambiental, que possam garantir os meios de

criar novos estilos de vida, desenvolver uma consciência ética que questione o modelo atual

de desenvolvimento marcado pelo caráter exploratório e de desigualdades sociais (JACOBI,

2006).

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4.3.2 A cultura

Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p.180) 21, [...] “a cultura tende a ser

enraizada no passado, na tradição e assim pode atuar como um obstáculo às mudanças. Diante

dessas resistências, a política pode funcionar como uma espécie de “mão secreta invisível”

para promover as mudanças necessárias”. A percepção de poder descrita pelos autores

relacionados tem sido posicionada assertivamente. Assim como, analogamente, comparam

que a imagem invertida do poder diante de um espelho é essencialmente a cultura. A escola

cultural e a formação de estratégia como um processo coletivo trata de influências políticas

internas na promoção de mudanças, bem como, no estudo das resistências ao processo.

Normalmente, quando se fala em cultura organizacional pensa-se nos valores da alta

administração como dominantes, e na realidade existem valores subjacentes à identidade da

organização que explicam, por exemplo, por que, que em alguns países, a responsabilidade

social tornou-se tão latente. Desta forma, o conceito de cultura organizacional revela que os

valores subjacentes levam às práticas de gestão com atividades que são desenvolvidas através

do contexto cultural em que esta se insere (ASHLEY e QUEIROZ, 2006).

Neste processo, a estratégia é formulada de acordo com a força cultural da sociedade.

Quando mudanças ocorrem na cultura de uma organização e desponta como inovação e

sucesso, muitas empresas tentam imitá-la, porém o que não se leva em conta, muitas vezes é

que para alcançar determinado padrão de produção ou tecnologia, a cultura da organização

deve mudar ou provocar uma influência considerável para isso. A imitação pode ser um

processo caro e não vantajoso na formação de estratégia, é mais fácil adquirir novos hábitos

conforme sua estrutura cultural do que imitando outras culturas, como ocorreu com a indústria

automobilística americana - na produção em massa - que tentou ser imitada pelos europeus, e

hoje tenta compreender o processo de produção da indústria automobilística japonesa

(MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL , 2000).

A cultura pode ser estudada por dois lados, os que estão fora dela e o nativo que a

vivencia. O primeiro possui um olhar objetivo de como as pessoas se comportam e por que o

fazem, já o segundo vê a cultura como um processo subjetivo, inconsciente. No entanto, a

cultura organizacional é a mente do todo, é reflexo das tradições e hábitos que se manifestam

através da história até o produto produzido. Por isso a força de uma cultura é proporcional ao

21 MINTZBERG, H.;AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de Estratégia. Trad. Nivaldo Montingelli Jr. Porto Alegre: Bookman, 2000.

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nível que pode iludir uma consciência. De acordo com Gerry Johnson apud Mintzberg,

Ahlstrand e Lampel (2000, p.195):

[...] as organizações com culturas fortes são caracterizadas por um conjunto de “suposições dadas como certas”, as quais são “protegidas por uma rede de artefatos culturais”, inclusive a maneira pela qual as pessoas se comportam umas com as outras, as histórias que contam e “embutem o presente na história organizacional”, a linguagem que usam e assim por diante.

Para se obter uma harmonia entre cultura corporativa e estratégia de negócios, alguns

procedimentos devem ser tomados em relação ao estilo de tomada de decisões, são por elas

que ocorre a filtragem de novas informações e o cuidado para que não se tenha interpretação

diferente do que é objetivado. A cultura age como um filtro perceptivo, o qual dá vida à

interpretação no processo cognitivo sistêmico da organização.

4.4 Desenvolvimento sustentável como estratégia corporativa

A partir de um novo panorama competitivo que está se alterando, são necessários

novos modelos de competitividade para lidar com os desafios futuros. Desse modo, é

necessário observar que essa nova realidade competitiva demanda capacidades de organização

que possibilitem às empresas atender melhor a seus clientes e se diferenciarem de seus

concorrentes. Para tanto, é preciso criar organizações que possam adicionar valor a

investidores, clientes e funcionários. (ULRICH, 2000).

A marca, é fator crucial para o êxito da empresa, é o que influencia o gosto dos

consumidores, e na maioria das vezes ajuda a manter a lealdade do mercado. Contribui para a

longevidade da empresa e assegura a valorização dos ativos. E isto, se repete ao seu público

interno, e nesse caso, há mudanças indicando que, a marca sozinha não garante a fidelidade

dos talentos. Tachizawa (2002).

Os profissionais mais capacitados querem ter a certeza de que a organização oferece

desafios, oportunidades de crescimento, plano de carreira e bom ambiente de trabalho,

também associam se o comportamento social e os valores éticos da organização são

compatíveis com os seus. Juntas, essas características sustentam outro tipo de marca: o status

de um lugar bom para trabalhar (TACHIZAWA, 2002).

As características dos ambientes organizacional e externo (mudanças, avanço

tecnológico, competição agressiva do mercado, exigências do consumidor, diversificação,

qualidade e preço dos produtos) têm impactado profundamente no ambiente interno

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pressionando a organização para a busca de oportunidades, o exercício da criatividade e da

inovação tecnológica, a rapidez na tomada de decisão e a otimização de recursos escassos.

Lucena (1995).

Para solucionar, ou minimizar os problemas ambientais, é preciso uma nova atitude

dos empresários e administradores, considerando o meio ambiente em suas tomadas de

decisão, adotando concepções administrativas e tecnológicas na contribuição de dar suporte

ao planeta. As influências quanto ao novo posicionamento das empresas em relação ao meio

ambiente provêm de própria sociedade, do mercado e do governo. As organizações da

sociedade civil que atuam nas áreas ambientais e sociais têm-se tornado uma influência

poderosa denunciando, opinando e pressionando políticas legislativas e executivas na

preservação do meio ambiente. Outro tipo de pressão vem dos investidores que procuram

minimizar os riscos de seus investimentos. Essa questão tem sido tão decisiva para os

investimentos que já foram criados diversos indicadores para informar os investidores a

situação da empresa em relação a essa questão, como o Dow Jones Sustainability Indexes, um

indicador criado pela Dow Jones e SAM Group em 1999:

Esses índices têm por objetivo criar referências para os produtos financeiros baseados no conceito de corporação sustentável e medir seu desempenho. Corporação sustentável é uma abordagem de negócio para criar valor aos acionistas de longo prazo, aproveitando as oportunidades e administrando os riscos econômicos, ambientais e sociais. Dados da própria Dow Jones mostram que as empresas incluídas nesse indicador apresentam rentabilidade superior às não incluídas. (BARBIERI, 2006, p. 101).

É visto que a reputação da empresa é um importante ativo intangível que se relaciona

fortemente com seu desempenho financeiro e mercadológico, sendo assim uma vantagem

competitiva, principalmente quando adequada com as questões sociais e ambientais.

Kotler (2003) discute a importância dos empregados para as organizações, citando que

os empregados devem vir em primeiro lugar nas estratégias empresariais. Nesta perspectiva as

pessoas nas organizações seriam a fonte mais poderosa de vantagem competitiva.

Entre as oportunidades de negócios que as empresas podem obter através da gestão

com foco no desenvolvimento sustentável pode citar a reciclagem de materiais onde traz uma

grande economia de recursos para as empresas; o reaproveitamento de resíduos; o

desenvolvimento de novos processos produtivos com a utilização de tecnologias mais limpas,

que se transformam em vantagens competitivas; o desenvolvimento de novos produtos para

um mercado cada vez mais consciente com a questão ecológica; estações portáteis de

tratamento, entre outros, também se destaca o aparecimento de um mercado de trabalho

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promissor ligado à variável ambiental, como por exemplo, gerentes do meio ambiente

(DONAIRE, 1999, p. 53).

O envolvimento da empresas na questão ambiental adquire uma importância

estratégica. De acordo com North apud Barbieri (2006, p. 110):

[...] a gestão ambiental pode proporcionar os seguintes benefícios estratégicos:

(a) melhoria da imagem institucional; (b) renovação do portfólio de produtos; (c) produtividade aumentada; (d) maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho; (e) criatividade e abertura para novos desafios; (f) melhores relações com autoridades públicas, comunidades e grupos ambientalistas

ativistas; (g) acesso assegurado aos mercados externos; e (h) maior facilidade para cumprir os padrões ambientais.

Em contrapartida, Tanure (2005) ressalta que apesar de as empresas exortarem seus

funcionários a serem proativos, a inovar e a comprometer-se, elas mantêm estruturas rígidas,

hierarquias centralizadoras e burocracias sufocantes que impedem as pessoas de assumir a

postura esperada. Na verdade, a filosofia mais vista é a de que o indivíduo está a serviço das

organizações e suas motivações mais legítimas não são verdadeiramente consideradas.

Alcançar a excelência ambiental é possível desde que 10 passos sejam seguidos,

segundo Elkington e Burke (1989), apud Donaire (1999, p. 50):

1. desenvolver e publicar uma política ambiental;

2. estabelecer metas e continuar a avaliar os ganhos;

3. definir claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal

administrativo;

4. divulgar interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades;

5. obter recursos adequados;

6. educar e treinar o pessoal, informar os consumidores e a comunidades;

7. acompanhar a situação ambiental da empresa, fazer auditorias e relatórios;

8. acompanhar a evolução da discussão sobre a questão ambiental;

9. contribuir para os programas ambientais da comunidade e investir em pesquisa e

desenvolvimento;

10. ajudar a conciliar os diferentes interesses entre os envolvidos: empresa, consumidores,

comunidades, acionistas, etc.

No sentido de criar um ambiente didático na busca da inserção da filosofia sustentável

aos funcionários, afim de provocar uma conscientização de dentro para fora, discute-se que

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apesar das diretrizes bem delineadas pelas importantes conferências relacionadas à Educação

Ambiental (EA), sente-se a falta de um referencial pedagógico e didático da prática da EA nas

empresas. Toda ação educativa deve proporcionar discussões e reflexões para que essa prática

seja coerente, dentro de uma concepção crítica, e para que possa realmente promover as

mudanças que deseja. Adams (2005, p. 36) 22 apud Guimarães (2000) destacando que:

[...] a Educação Ambiental já é uma realidade, que políticas públicas estão sendo traçadas para essa questão, sem, contudo, que esta institucionalização esteja sendo acompanhada por um devido aprofundamento crítico nas discussões por parte dos educadores e da sociedade em geral [...] Em uma concepção crítica de Educação, acredita-se que a transformação da sociedade é causa e conseqüência (relação dialética) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a transformação de ambos. Nesta visão, educando e educador são agentes sociais que atuam no processo de transformações sociais; portanto, o ensino é teoria/prática, é práxis. Ensino que se abre para a comunidade, com seus problemas sociais ambientais, sendo, estes, conteúdos do trabalho pedagógico.

A educação ambiental no trabalho pode se transformar num completo programa

educacional incluindo material didático-pedagógico e pode ser adotada com eficácia e ser

adaptada às necessidades de qualquer organização, com simplicidade e baixo custo. A

Educação Ambiental conduz os profissionais a uma mudança de comportamento e atitudes em

relação ao meio ambiente interno e externo às organizações, além disso, tem um papel muito

importante, porque desperta cada funcionário para a ação e a busca de soluções concretas para

os problemas ambientais que ocorrem principalmente no seu dia-a-dia, no seu local de

trabalho, na execução de sua tarefa, portanto onde ele tem poder de atuação para a melhoria

da qualidade ambiental dele e dos colegas. Esse tipo de educação extrapola a simples

aquisição de conhecimento conforme Adams (2005) apud Viera (2005).

Adams (2005) apud Lima e Serrão (1999): para que se alcance o compromisso do

empregado com a melhoria do desempenho ambiental é preciso, em primeiro lugar, que ele

perceba a sua importância no processo produtivo, tendo acesso a conhecimentos básicos sobre

meio ambiente, que o auxiliem na identificação das principais fontes geradoras de impactos

ambientais do seu posto de trabalho. Para alcançar tais objetivos, a elaboração de um

Programa de Educação Ambiental é uma ferramenta imprescindível para a conscientização e

qualificação dos empregados, nivelando informações e conhecimentos.

22 ADAMS, Berenice Gehlen. Um olhar pedagógico sobre a educação ambiental nas empresas. Novo Hamburgo/RS, 2005. Monografia – Centro Universitário Feevale, 2005. Revista Eletrônica Projeto Apoema. Disponível em: <http://www.apoema.com.br/EA%20nas%20Empresas.pdf>. Acesso em: 04 mai. 2008.

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Com o crescente número de empresas, aumento da concorrência e também da

complexidade dos negócios, as organizações obrigam-se a repensar o desenvolvimento

econômico, social e ambiental e também buscar uma nova maneira de realizar suas

transações. O aumento da produtividade devido ao incremento de novas tecnologias e da

difusão de novos conhecimentos levou a um aumento na competitividade entre as empresas.

Assim elas procuram investir em novos processos de gestão para obter vantagens

competitivas.

Em busca dessas vantagens competitivas, as organizações viram tanto na

responsabilidade social e ambiental uma nova estratégia para aumentar o seu lucro. Para ser

fomentador de um novo paradigma, e ser agente impulsionador na mudança cultural e

comportamental dos seus stakeholders, os quais já estão em busca de produtos e práticas que

gerem melhoria ou não prejudiquem o meio ambiente ou comunidade. As empresas têm um

papel fundamental na ação efetiva do desenvolvimento sustentável.

4.5 A legislação no processo de gestão ambiental

Com o crescimento das atividades industriais, e consequentemente, uma produção

maior de resíduos e poluentes, ocorre um desenvolvimento forçado de novas tecnologias

voltadas ao gerenciamento dessas atividades, com preocupação ambiental. Organismos

normalizadores passaram a criar técnicas de orientação às empresas, visando o

desenvolvimento de uma mentalidade de melhoria contínua. Como por exemplo, a ISO

(Internacional Organization for Standardization), com a elaboração das normas de qualidade

ISO 9.000, também lançou a série ISO 14.000 voltada à qualidade ambiental em produtos e

serviços, aplicáveis a qualquer porte e tipo de empresa, considerações de acordo com Moura

(2002) 23.

Se, por um lado, a legislação ambiental brasileira é bastante ampla e adequada à

preservação, conservação, proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, é visto por

outro lado, que sua aplicabilidade dependerá da capacidade das instituições comprometidas

com o planejamento e a implantação de seus projetos e conservação ambiental

(TACHIZAWA, 2002).

23 MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental. 3º ed. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002. 360p.

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A grande vantagem das normas, que se referem à implantação, operação e manutenção

de um Sistema de Gerenciamento da Qualidade, é a de proporcionar uma qualidade constante

ao produto, porém é importante mencionar que as normas 9.000 não garantem a qualidade do

produto, apenas asseguram que a empresa possui um sistema de garantia da qualidade bem

estruturado (MOURA, 2002).

As empresas vêm demonstrando um crescente interesse em melhorar seu desempenho

ambiental, e, na boa parte dos casos, obterem a certificação pela norma ISO 14.001.

As normas padronizam peças, materiais e procedimentos gerenciais, e estes por sua

vez fixam a comunicação entre clientes e fornecedores. O órgão que normaliza a adoção das

normas técnicas no Brasil é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a qual é

mantida por um grupo grande de empresas e não possui fins lucrativos (MOURA, 2002).

Já no plano internacional segundo Donaire (1999), a ISO foi fundada em 23 de

fevereiro de 1947, em Genebra na Suíça, corresponde à um conjunto de normas de gestão de

qualidade na produção de bens de consumo e prestação de serviços. De acordo com às normas

ambientais, a norma emitida pelo British Standard Institute – BS 7750, que foi preparada pelo

Comitê de Política de Normalização Ambiental e da Poluição da Inglaterra buscava

estabelecer fixar procedimentos de política ambiental, criar objetivos, e demonstrar seu

alcance. A ISO, em 1996, oficializou com base no BS 7750 as primeiras normas da série ISO

14.000, internacionalizando diretrizes para a implementação de sistema de gestão ambiental

nas diversas atividades econômicas, além disso, aborda a auditoria ambiental, avaliação de

desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida do produto, rotulagem ambiental e aspectos

ambientais em normas de produtos.

De acordo com Barbieri (2006, p.155), “a ISO 14.001 define impacto ambiental como

qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em

parte, de atividades, produtos ou serviços de uma organização”. O estabelecimento de

procedimentos e manutenção dos mesmos para identificar os aspectos ambientais que possam

pela empresa ser controlados e sobre os quais se presume que tenha influência, a fim de

determinar aqueles que causem ou possam causar impactos sobre o meio ambiente. Faz parte

do plano da empresa definir objetivos que assegurem um menor impacto possível, sendo um

processo contínuo a identificação desses aspectos ambientais.

Barbieri (2006) destaca a importância de a organização identificar as necessidades de

treinamento, estabelecer e manter procedimentos para que seus empregados ou membros

estejam conscientes. No anexo A da ISO 14.004 recomenda que os programas de treinamento

tenham os seguintes elementos:

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(a) identificação das necessidades de treinamento dos empregados; (b) desenvolvimento de um plano de treinamento que atenda às necessidades definidas; (c) verificação da conformidade do programa com os requisitos legais ou organizacionais; (d) treinamento de grupo específico de empregados; (e) documentação e avaliação do treinamento (BARBIERI, 2006, p.164) 24.

De modo geral a normalização desempenha um papel fundamental nos processos de

SGA (Sistema de Gestão Ambiental), pois facilita o acompanhamento da legislação e a busca

da conformidade legal. A melhoria contínua produz ao longo do tempo uma melhora geral no

desempenho ambiental da organização.

A sinergia que a empresa deverá proporcionar entre vários fatores, objetivos e seus

membros, pode ser alcançada através de uma ferramenta gerencial, considerada uma das mais

importantes para a implantação do SGA, é o ciclo PDCA, também conhecido como ciclo de

Deming apud Moura (2002). Este ciclo é composto por 4 passos: Plan (planejar); Do

(realizar); Check (verificar); e Action (atuar para corrigir) e assim reiniciar o ciclo.

FIGURA 03 – Ciclo PDCA.

Fonte: Adaptado de Moura, 2002, p. 64.Estabelecimento da Política Ambiental da Empresa.

24 Conforme ABNT, 1996b.

A

C

P

D

> Comprometimento com a Política Ambiental estabelecida > Elaboração do Plano de Implementação do SGA • aspectos e Impactos Ambientais • requisitos legais e corporativos • objetivos e metas • plano de ação

> Revisão e avaliação crítica de todo o processo • reflexão • atuação corretiva • reunião com a alta administração • postura estratégica • revisão da política

• monitoramento e controle operacional

• identificação de não conformidades • ações corretivas e preventivas • registros • auditorias e sistema de gestão

> Implementação e operacionalização • alocação de recursos • estrutura e responsabilidades • conscientização e treinamento • comunicações • documentação do SGA • programas de gestão específicos • respostas às emergências

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O modelo SGA da família ISO 14.000 se baseia no ciclo PDCA, tendo como ponto de

partida o comprometimento da alta administração e a formulação de uma política ambiental,

aborda Barbieri (2006).

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

5.1 A organização

Em 1925, Clemente de Faria monta uma Cooperativa Bancária que depois de três anos

é nomeada de Banco da Lavoura, o qual se fixava em Minas Gerais. Em 1971, monta sua sede

em São Paulo e dois anos depois se denomina de Banco Real S/A. No Brasil, a história do

ABN AMRO BANK, grupo holandês que há pouco tempo era gestor principal do Banco Real,

atuou no Brasil por 87 anos, com a chegada do Banco Holandês da América do Sul às cidades

do Rio de Janeiro e Santos. Em 1963, a instituição adquiriu 50% das ações da Aymoré

Financiamentos, e mudou de nome para ABN AMRO Bank em 1993. O Banco Real foi

comprado pelo ABN AMRO Bank, em 1998. Em 2000, houve a integração do Banco Real

com o ABN AMRO Bank, e este em 2003 adquire o Sudameris, o qual foi incorporado no

final de 2007 pelo grupo suprimindo assim esta marca. Em 2008, confirmou-se a compra do

ABN AMRO Real por meio de um consórcio de bancos liderado pelo grupo espanhol

SANTANDER.

Como fomentador de uma sociedade economicamente eficiente, socialmente justa,

politicamente democrática e ambientalmente sustentável, o Banco Real refez sua missão e

visão de acordo com as diretrizes atuais sustentáveis:

A Missão: “Ser uma organização reconhecida por prestar serviços financeiros de

qualidade exemplar aos nossos clientes, gerando resultados sustentáveis e buscando a

satisfação de pessoas e organizações, que junto conosco contribuam para a evolução da

sociedade”.

A Visão: “Um novo Banco para uma nova Sociedade. A sociedade em evolução, cada

vez mais bem informada e consciente, busca a integração do humano e do ambiental com o

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econômico em todas as suas decisões. Nós, como organização e como indivíduos, somos

agentes dessa evolução”.

Segundo o próprio Banco declara: “O nosso modelo apóia-se em manter o foco no

foco do cliente, com pessoal capacitado e engajado, instrumental competitivo e valores

corporativos, para tornar o cliente totalmente satisfeito e alcançar resultados satisfatórios para

acionistas, funcionários e comunidade”.

FIGURA 04 – Modelo da Instituição

Fonte: site do Banco Real – www.bancoreal.com.br.

Os valores coorporativos são considerados, pelo Banco, o ponto de partida para a

tomada de decisão. Eles são os seguintes:

• Integridade - Acima de tudo tem o compromisso com a integridade em tudo o que faz,

dentro e fora da Organização.

• Respeito – Respeito a todas as pessoas independentemente de suas origens, hierarquia,

sexo e idade. Valoração da diversidade de idéias e opiniões, tratando com dignidade as

diferenças e divergências.

• Trabalho em equipe - O trabalho em equipe é a essência para o sucesso como rede

bancária internacional. Devendo compartilhar conhecimentos e recursos, visando o

benefício para os clientes, funcionários, sociedade e acionistas.

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• Profissionalismo - compromisso de oferecer aos clientes o mais alto padrão de

qualidade. Profissionalismo deve também orientar as relações internas da

Organização.

5.1.1 Objetivo

O objetivo do Banco Real é gerar valor para os clientes, e para isso o relacionamento é

fator chave e foco constante na busca do atendimento exemplar. Entender as necessidades

específicas de cada tipo de cliente e poder atendê-las da maneira mais adequada possível é

uma busca constante.

5.1.2 Presença no mercado brasileiro

Conforme dados informados no site do Banco25:

QUADRO 02 – Presença no mercado brasileiro

BANCO REAL E EMPRESAS NO BRASIL 03/2008

Número de Agências (Bacen) 1.142

Número de Agências, PAB's e PAP's 2.010

Lojas Consumer (Aymoré) 132

Pontos de Atendimento Próprios (Ag+PAP+PAB+PAE+Consumer) 3.979

Pontos de Vendas (Ag+PAP+PAB+PAE+Consumer+24hs) 8.200

Terminais de Auto Atendimento 9.873

Número de Funcionários 33.202

Número de Correntistas 4.130.026

Fonte: Adaptado do site www.bancoreal.com.br.

5.1.3 A organização e o desenvolvimento sustentável

De acordo com a visão do Banco estudado, em relação ao EA, quando as pessoas

desenvolvem capacidade de enxergar a realidade cotidiana de forma mais abrangente, elas

25 Site do Banco Real: Disponível em: www.bancoreal.com.br. Acesso em: 22 de jun. 2008.

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passam a tomar decisões mais conscientes, considerando todos os aspectos relacionados a

uma mesma questão. E passam também a se sentir mais preparadas para assumir o seu papel

como agentes de mudança na construção de um mundo mais sustentável.

A Instituição entende que a mudança ocorre de dentro para fora. Começa pelo

indivíduo, que provoca mudanças no Banco, que influencia o mercado, que transforma a

sociedade. Segundo, Fábio Barbosa, atual presidente do Banco Real e SANTANDER no

Brasil: “O mais difícil de mudar é o comportamento das pessoas. Isso se consegue com muita

consistência e perseverança, mostrando que há outra maneira de fazer negócios, na qual não é

preciso apelar para o ‘jeitinho’ ou outros expedientes para atrair clientes” 26. De acordo com o

executivo, a consolidação de cultura sustentável só acontecerá com o tempo através das

práticas no dia-a-dia.

A fim de difundir essa visão, no período de 2003 a 2006 as áreas de responsabilidade

social e de educação foram unificadas na Diretoria de Educação e Desenvolvimento

Sustentável, inserindo o tema no desenvolvimento de pessoas. Em 2007, a área de educação

voltou para a Diretoria de Desenvolvimento Humano. Hoje e cada vez mais, a

sustentabilidade está presente na estratégia de desenvolvimento de pessoas da Organização.

Além de criar oportunidades de aprendizado sobre a sustentabilidade nos

programas regulares, também são realizados treinamentos específicos voltados ao tema. O

objetivo é que os funcionários possam aprofundar o conhecimento sobre sustentabilidade e

consigam identificar, no cotidiano de suas atividades, oportunidades para realizar negócios

socioambientais e inserir a sustentabilidade nos processos.

Com essa finalidade, entre 2002 e 2004 mais de 2,1 mil analistas de crédito e gerentes

de relacionamento foram treinados na política de Risco Socioambiental. Foram adquiridos

quase 30 mil licenças do software Chronos e estes foram colocados à disposição de todos os

funcionários para treinamento on-line sobre sustentabilidade.

Em 2005, foi realizado um Workshops de Negócios Sustentáveis para 662 gestores e

Treinamentos de Oportunidades de Negócios Sustentáveis para 2 mil gerentes. Ao longo de

2006, mais de 8,3 mil funcionários foram treinados no tema sustentabilidade. Em 2007,

lançamos o Programa de Desenvolvimento de Líderes em Sustentabilidade, abrangendo 2,4

mil funcionários.

Em relação aos produtos e serviços que o Banco oferece e estão em consonância a

sustentabilidade: criação de fundo de investimento socialmente responsável (Fundo

26 Texto retirado da Revista Exame: Guia Exame 2007. Editora Abril.

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ETHICAL); financiamento socioambientais com taxas mínimas para resolver problemas de

empresas com questões de tratamento de resíduos e eficiência energética; empréstimos para

pessoas físicas com taxas diferenciadas para o aprimoramento profissional, inclusão de

portadores de deficiência física e utilização de energia renovável, como a solar. Lançamento

do microcrédito – pioneiro no país – promovendo o empreendedorismo nas comunidades de

baixa renda e intermediação em operação de crédito carbono, inclusive com o lançamento de

outro fundo de investimento (Fundo FLORESTA REAL).

Em 2003, o Banco Real iniciou um movimento inédito no país de uso de papel

reciclado em larga escala. Gradativamente, impressoras, copiadoras e materiais de

comunicação, inclusive anúncios, outdoors, talões de cheques e extratos, passaram a utilizar

papel reciclado. Hoje, ele está presente em quase 90% dos processos e materiais impressos. O

reciclado é composto por 75% de aparas de produção e 25% de material pós-consumo,

recolhido por cooperativas de catadores de rua. Para viabilizar altos volumes de produção,

apóia-se com fornecedores na estruturação de uma rede de suprimento formada por

cooperativas de catadores de papel.

Em 2006, o Banco Real iniciou a implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

nos escritórios e recebeu o certificado ISO 14001 no edifício-sede, situado na Avenida

Paulista, em São Paulo (SP). E, atualmente, está expandindo o SGA aos demais prédios

administrativos localizados em São Paulo.

A agência Granja Viana, em Cotia (SP), é a primeira, no Brasil, a adotar os preceitos

da construção sustentável. Inaugurado no início de 2007, o prédio tornou-se pioneiro na

obtenção do certificado de construção sustentável do LEED (Leadership in Energy And

Environmental Design) na América do Sul.

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FIGURA 05 - Ecoeficiência. Foto da Agência de Cotia – SP

Fonte: Adaptado do site www.bancoreal.com.br

Atualmente, todos os prédios administrativos e 98% das agências têm coleta seletiva.

Existem metas para redução de consumo de água e de energia elétrica e geração de resíduos

plásticos, papel e lixo. Também existem em boa parte das agências a coletores como Papa-

Pilhas abertos a comunidade.

5.1.4 Organização em foco e comunidade local

Segundo informações internas do Banco, a agência Itabuna está em atividade já faz 51

anos, desde quando era chamado de Banco da Lavoura. Conta com uma agência no centro da

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cidade e um posto de atendimento (PAB) junto a Prefeitura Municipal de Itabuna. Possui três

PAE’S – Postos de Atendimento Eletrônico – em lugares estratégicos da Cidade.

Em seu quadro funcional ativo estão 25 funcionários, 4 estagiários e 2 promotores de

empréstimo consignado. Também agrega o quadro terceirizado: vigilantes e serventes.

A região estudada é Itabuna, cidade situada no Sul da Bahia. Foi fundada em 1910, é

um centro regional comercial, industrial e de serviços, juntamente com Ilhéus. Itabuna ganhou

importância econômica no Brasil, um dos motores que possibilitou isso foi a época do cacau,

o chamado fruto dourado que com o seu cultivo e sua compatibilidade com o solo levaram

Itabuna ao 2º lugar em termos de produção de cacau, exportando para os EUA e Europa.

Depois da queda da produção cacaueiro, Itabuna está se reerguendo para tentar se estabilizar

economicamente com a ajuda do comércio.

Itabuna é derivado dos termos em tupi ita (pedra) + una (preta). Itabuna possui alguns

municípios limítrofes: Governador Lomanto Júnior, Ibicaraí, Ilhéus, Itajuípe, Itapé e Jussari.

Sua distância até a capital Salvador é de 416 quilômetros. Possui uma área de 443.198 km²,

uma população de aproximadamente 209.221 habitantes – conforme dados do IBGE, 2006. 27

27 Dados disponibilizados em Revista Eletrônica Ache Tudo e Região. Disponível em: <http://www.achetudoeregiao.com.br/ba/Itabuna/localizacao.htm>. Acesso em: 24 jun.2008.

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6 METODOLOGIA

O estudo deste trabalho está balizado na utilização de uma amostragem qualitativa,

não-probabilística intencional, bem como, de pesquisa exploratória, com base em dados

bibliográficos obtidos de fontes secundárias, ou seja, de material já elaborado, extraídas

através de pesquisas em jornais, revistas, livros, periódicos, artigos científicos.

Gil (2002) comenta que os dados secundários não significam que sejam destituídos de

valor, mas que podem proporcionar resultados tão bons ou até melhores que os obtidos de

fontes primárias. É importante relatar que o trabalho possui um tom teórico-argumentativo

baseado nas pesquisas bibliográficas vinculadas ao tema.

As técnicas de observação, entrevistas e questionários serão feitos coleta de dados com

clientes internos aleatoriamente escolhidos. A análise dos dados será feita através do

cruzamento dos resultados. Exposição do modelo: descritivo analítico e explicativo.

Finalmente, relacionando-se com o modelo teórico, anteriormente estabelecido para a

compreensão do resultado.

6.1 Limitações da pesquisa

Como o objetivo central se limita a contribuir para a compreensão do conceito de

desenvolvimento sustentável interligado ao processo de mudança cultural a partir de ações de

iniciativa privada, particularmente levantada na agência do Banco Real em Itabuna/BA, e o

seu potencial para transformar a realidade brasileira, identifica-se a delimitação desse estudo

sob os seguintes aspectos:

Quanto à abrangência, segundo Gil (2002), em se tratando de um estudo de um único

ou poucos casos fornece uma base muito frágil para a generalização. Entretanto, seu principal

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propósito não é o de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma

população, mas sim ter uma visão global do problema ou identificar possíveis fatores que o

influenciam ou são por ele influenciados. Neste caso pode-se considerá-lo como o

estabelecimento de bases para uma investigação posterior, mais sistemática e precisa.

Quanto à investigação, este trabalho não se deterá na análise e/ou aplicação dos

programas ou subsistemas de gestão de recursos humanos, nem tão pouco comparou

quantitativamente a relação entre o grupo de princípios e práticas com o desempenho

organizacional.

Este trabalho foi desenvolvido numa realidade específica da empresa pesquisada e é

natural que tenha em sua condução e interpretação influenciadas pela subjetividade,

experiência e percepção da pesquisadora.

Limitações do método do estudo de caso: o pequeno tamanho da amostra; a ausência

de critérios rigorosos para escolha da amostra; e a natureza subjetiva do processo de

mensuração. Lazarini (1995).

6.2 Coleta de dados

A amostra desta pesquisa foi selecionada por critérios não probabilísticos, com

aplicação de questionário desenvolvido com o intuito de confrontar seus dados com os

objetivos gerais e específicos deste estudo.

Denomina-se descritiva porque apresenta aspectos sobre gestão ambiental

relacionando-se com eficácia, estratégia competitiva, legislação, entre outros. Uma pesquisa

quando descritiva expõe características de determinado fenômeno ou população,

estabelecendo correlações entre variáveis e sua natureza. Não tem o compromisso de explicar

os fenômenos que descreve, embora tenha base para defendê-las.

A empresa escolhida para o estudo de caso tem em sua gestão a EA, servindo assim de

referência para consolidar se esse processo está sendo bem compreendido pelos seus

funcionários ao ponto que eles estejam engajados no mesmo propósito, já que este é o

objetivo da mesma: os funcionários serem agentes multiplicadores da sustentabilidade.

O questionário (ANEXO I) está dividido em cinco itens ou temas: a identificação do

entrevistado, ou seja, seu perfil e posicionamento dentro da empresa; o segundo contém

questões sobre gestão ambiental versus transparência; o terceiro aborda sobre gestão

ambiental versus educação ambiental; o quarto item interroga sobre gestão ambiental versus

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atitude; e o quinto trata de gestão ambiental versus consciência ambiental, é neste item que se

pode observar o engajamento do funcionário efetivo ou não. O questionário foi elaborado com

questões fechadas em maior grau para assim objetivar e facilitar seu preenchimento, bem

como as conclusões do estudo, mas também comporta questões abertas em menor número. O

quinto tema sobre consciência ambiental possui um quadro de práticas sustentáveis analisando

as atitudes do entrevistado, sendo tais questões adaptadas da pesquisa que o Instituto Akatu

desenvolveu em 2004 – Descobrindo o Consumidor Consciente – e desta perspectiva é

possível fazer uma correlação dos resultados dos dois estudos.

No período do dia 01 a 18 de agosto, foram distribuídos 18 questionários

aleatoriamente numa população de 25 membros e uma data limite foi estipulada para seu

preenchimento, sendo assim 12 questionários entregues. Neste caso, a amostra representa

48% da população.

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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta fase do estudo descreve a coleta dos dados, analisa-os e apresenta conclusões e

inferências sobre as práticas de gestão ambiental e atitudes dos funcionários. Utiliza-se do

estudo de caso para a pesquisa do tema que busca analisar o processo de mudança cultural

através de ações de iniciativa privada.

O processo foi conduzido por meio de questionários com funcionários da agência

bancária – Banco Real, em Itabuna/BA. Os questionários foram aplicados com funcionários

de maneira aleatória com perguntas fechadas e abertas que permitem cruzamento das

respostas de gerentes gerais e gerentes de relacionamento (leia-se gerentes, para privar o

sigilo prometido), subgerentes, supervisores e escriturários caixas. Estes correspondem à áreas

distintas de funções: comercial (gerentes e subgerentes de pessoa jurídica e física que tratam

de atendimento ao cliente, administração de carteiras, captação de contas, venda de produtos,

empréstimos, estratégias de crescimento de receitas, entre outras atividades comerciais) e área

operacional (gerente geral de serviços, supervisores, escriturários caixas englobando recursos

humanos, tesouraria, compensação, autenticações de boletos e outros, administração de

materiais, duplo controle de processos comerciais, entre outros serviços administrativos).

Os questionários foram respondidos individualmente e foi garantido o sigilo aos

respondentes. A opção por entrevista individualizada foi eliminada para não ocorrer

influência nas respostas, uma vez que a autora da pesquisa é membro da Instituição em estudo

e isenta do preenchimento do questionário.

Da identificação dos respondentes: das 12 pessoas que responderam os questionários

8 são do sexo feminino e 4 do sexo masculino. Abaixo se observa que 67% dos respondentes

tem até 5 anos de casa, caracterizando a agência composta por pessoas com pouco tempo de

casa e cargos de hierarquias variadas.

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FIGURA 06 - Da identificação dos respondentes: Cargo X tempo de empresa

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação a faixa etária 25% dos funcionários tem até 25 anos de idade, 58% tem de

25 a 35 anos e 17% tem acima de 35 anos.

De acordo com a formação dos funcionários muitos já concluiram ou estão fazendo

curso superior. Observando que o curso com maior adesão é o de administração

correspondendo a 67%.

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FIGURA 07 - Da identificação dos respondentes: Escolaridade X curso de formação

Fonte: Dados da pesquisa

Da Gestão Ambiental versus Transparência: é unânime a questão de a empresa

possuir mecanismos para comunicação de princípios e valores aos seus stakeholders – 100%

dos respondentes afirmaram tal estrutura. A imagem e reputação de uma empresa representa

um patrimônio critico construído através de ações tangíveis como investimento em pessoas,

meio ambiente e biodiversidade e ações intangíveis como confiança, qualidade, consistência,

credibilidade, valores, princípios e transparência.

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FIGURA 08 - Da gestão ambiental versus

transparência: comunicação dos princípios e valores

Fonte: Dados da pesquisa.

A disponibilização das informações a cerca dos princípios e valores da empresa à toda

sociedade e seus afins faz parte de sua responsabilidade ética ambiental.

De acordo com Reinaldo Dias (2008)28, essas informações envolvem uma série de

normas, padrões ou expectativas de comportamento para atender àquilo que a sociedade julga

legítimo, correto, justo ou de acordo com os valores morais aceitos. Do ponto de vista

ambiental, o que busca é a consolidação de valores morais de respeito ao meio ambiente.

Dias (2008) acrescenta que muitas organizações que visam à obtenção de uma elevada

consciência ética ambiental de seus integrantes estabelecem, em seus códigos de ética, os

principais valores ecológicos assumidos pela empresa ou profissão. Os códigos de ética visam

orientar o comportamento dos membros, na busca de atitudes coerentes com as diretrizes da

empresa, sendo isso um dever a ser seguido por seus integrantes.

28 DIAS, Reinaldo. Marketing Ambiental: ética, responsabilidade social e competitividade nos negócios. 1ª Ed. Editora Atlas: S. Paulo, 2008.

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FIGURA 09 - Da gestão ambiental versus transparência:

Conduta ética dos empregados

Fonte: Dados da pesquisa

O Banco é transparente quanto aos canais de comunicação entre ele e seus empregados

para receber e responder solicitações realizadas, pois todos os funcionários responderam que

tem canal facilitado.

Há uma divergência de respostas quando as perguntas vão se relacionando a um grau

mais específico, deixando uma lacuna na efetividade das informações internas aos

funcionários no que tange ao acesso facilitado dos stakeholders sobre os Relatórios Anuais e

Balanço Social nas questões econômicas, sociais e ambientais da empresa. Isto é observado

no quadro abaixo, onde 17% dos funcionários responderam que a empresa não disponibiliza

tais relatórios. E, através do cruzamento de dados, foi possível verificar que tais funcionários

são do gênero masculino e da área operacional da agência, averiguado mais a frente se isto

reflete ou não uma deficiência de compreensão ou informação nas áreas existentes.

Cabe ressaltar que o termo Balanço Social quando tratado de forma generalizada,

neste trabalho, não deve ser entendido como peça contábil, mas como um relatório que

contenha as informações e indicadores econômicos, ambientais e sociais. O Balanço Social é

tido como uma ferramenta de prestação de contas e ampliação da transparência da atuação das

corporações, onde devem ser divulgados pontos positivo e negativos que legitimem o discurso

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sobre responsabilidade corporativa. Segundo Scott apud Malafaia (2006), mesmo em países

onde não há obrigatoriedade legal, principalmente na Europa, a publicação do Balanço Social

é uma prática difundida entre grandes corporações, sobretudo devido a globalização dos

mercados que impõem a adoção de estratégias competitivas e diferenciais para a

sobrevivência das organizações.

A organização em estudo disponibiliza os Relatórios Anuais e Balanço Social em

todas as agências bancárias e estes ficam expostos para o público, além disso, possui canal de

acesso no site da organização. A não percepção de alguns funcionários destes relatórios

poderá ser por mera falta de atenção na resposta do questionário, ou por outros motivos os

quais são desconhecidos.

FIGURA 10 - Da gestão ambiental versus transparência:

Acesso aos Relatórios Anuais e Balanço Social

Fonte: Dados da pesquisa.

O ambiente proporcionado pela empresa em relação à atuação dos sindicatos com os

funcionários demonstra ser favorável tendo 83% de aprovação, e apenas uma pessoa informou

que não se sente à vontade e outra não respondeu a questão.

Da Gestão Ambiental versus Educação Ambiental: entende-se que, a partir da

consolidação da Educação Ambiental, poderá ser possível proporcionar as mudanças

necessárias de atitudes, esse processo, vai além do campo educacional, alcançando uma visão

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filosófica, humana, complexa, que pretende sensibilizar o ser humano para essa necessária e

urgente mudança de paradigma ADAMS (2005, p. 27).

A primeira questão revela que a empresa promove a educação contínua de seus

empregados como programas de formação pessoal e profissional, inclusive desenvolvendo

campanhas educativas e de incentivo sobre temas ambientais, estando assim a empresa

envolvida no processo da EA, mostrando-se preocupada e empenhada na educação de seus

funcionários, como demonstrado na figura abaixo constando a participação dos funcionários

em vários trabalhos proporcionados pelo banco. Apenas 1 funcionário se eximiu da resposta e

outro informa que tais campanhas, em seu ver, não traz grandes resultados.

FIGURA 11 - Da gestão ambiental versus educação ambiental:

Participação de cursos e palestras

Fonte: Dados da Pesquisa.

Na figura abaixo é possível verificar que 50% dos funcionários sabem exatamente o

que objetiva a empresa quando promove as ações educativas ambientais. Conforme, já

relatado neste trabalho pelo próprio presidente do Banco Real, o executivo Fábio Barbosa

menciona em entrevista à Guia Exame 2007 (nº 23, dezembro, 2007) que, com os programas

de treinamentos em sustentabilidade, a instituição pretende formar líderes neste segmento, que

transmitam os conceitos aos clientes, funcionários, fornecedores e até mesmo a seu círculo de

relacionamento pessoal, ou seja, ser agente multiplicador da sustentabilidade.

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FIGURA 12 - Da gestão ambiental versus educação ambiental:

Objetivo da empresa

Fonte: Dados da pesquisa.

Da Gestão Ambiental versus Atitude:

De acordo com o Código de Ética do Administrador – capítulo III apud Dias (2008, p.

112):

Dos deveres, em seu artigo 6°, ao estabelecer quais são os deveres do administrador,

inclui no item XX que deve ‘esclarecer o cliente sobre a função social da empresa e

necessidade de preservação do meio ambiente’ e, no item XXVII, que ainda deve

‘preservar o meio ambiente e colaborar em eventos dessa natureza, independente das

atividades que exerce’.

A primeira questão desta etapa da pesquisa se refere a atitude da empresa e sua

atuação de apoio ou promoção de ações voltadas à proteção ou qualidade do meio ambiente,

não ligada diretamente á atividade que exerce. Sendo 83% dos respondentes conscientes da

atuação do Banco no que tange a preservação ou proteção ambiental mesmo fora de suas

atividades afins. É possível observar que os homens e área de atividade dentro da agência

estão com deficiência no entendimento ou na recepção das informações em mais de uma

categoria.

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FIGURA 13 - Da gestão ambiental versus atitude:

Ações voltadas à proteção ambiental

Fonte: Dados da pesquisa.

A segunda questão em relação á atitude, argumenta sobre a atuação do Banco em

projetos ambientais visando o benefício da comunidade local (no caso – Itabuna), por

iniciativa própria ou em conjunto com organizações da sociedade civil. Apenas uma pessoa

afirmou esta questão com o seguinte comentário: “Fizemos ações de distribuição de mudas

de árvore gratuitas; estamos buscando parceiros para a coleta seletiva, entre outros.”

Ou seja, falta um empenho maior nas atividades ambientais locais, para a promoção do

benefício da comunidade em estudo. As ações de âmbito nacional iniciadas por setor

específico da empresa são expostas, visualizadas e continuadas com maior efetividade do que

as iniciadas pela agência. Algumas ações de preservação do Banco, atuantes em algumas

agências ainda são deficientes nesta, já que não possui papa-pilhas, nem mesmo recipientes

com coleta seletiva de lixo.

Na visão de 83% dos funcionários um dos principais motivos para a implantação das

ações ambientais pelo Banco é a para atender às expectativas ambientais da sociedade e em

segundo lugar, com 33%, será para atender as leis ambientais e as exigências das partes

envolvidas (stakeholders). Visto que, neste quesito, os pesquisados poderiam escolher mais

do uma opção de resposta.

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No gráfico seguinte, as opções de respostas são variadas, portanto seguirá o esquema

abaixo para compreensão dos itens A, B, C, D, E e outros:

A - Adquiriu equipamentos de tecnologia mais limpa

B - Treinou o pessoal para metas da política ambiental da empresa

C - Usa material reciclado

D - Promove educação para consumo sustentável para os funcionários

E - Controla material ou recursos (água, energia) utilizados visando a sustentabilidade

Outros - Comentários

0 – não marcou resposta.

Portanto, é possível verificar que 67% dos entrevistados informaram que a empresa

treinou o pessoal para metas da política ambiental; 92% marcou que a empresa usa material

reciclado e promove educação para consumo sustentável para os funcionários; 59% informa

que a empresa controla material ou recursos utilizados visando a sustentabilidade. Destacando

comentário sobre o investimento do Banco na construção da primeira agência sustentável –

Agência Granja Viana, já destacada anteriormente neste estudo.

FIGURA 14 - Da gestão ambiental versus atitude:

Ação ou iniciativa implementada

Fonte: Dados da pesquisa.

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Um questionamento importante acerca da existência de Certificação Ambiental pelo

Banco Real teve resposta surpreendente, pois detecta a falta de divulgação do Banco para com

seus funcionários, ou, a não importância para esta informação aos membros pesquisados,

sendo que 9 funcionários não sabiam se o Banco tinha algum tipo de Certificação Ambiental,

como, por exemplo, a ISO 14001. E os outros três funcionários apenas assinalaram que sim,

mas não sabiam informar qual certificação o Banco possuía. Como já mencionado neste

estudo, o Banco Real possui Certificação Ambiental ISO 14001 em seu prédio administrativo,

em São Paulo.

Da Gestão Ambiental versus Consciência Ambiental:

[...] Um indivíduo que interiorizou plenamente este valor não jogará uma garrafa

num riacho, pois assumirá que este é um comportamento antiético. Por ser um valor

enraizado na sociedade, uma pessoa que lançar uma garrafa plástica num rio sentirá

que está agindo de forma antiética, e se o fizer procurará agir escondido de outras

pessoas.

Por outro lado, o indivíduo que retira uma garrafa plástica de um riacho está não só

agindo de forma ética, mas também está demonstrando responsabilidade ambiental,

pois está adotando um comportamento além do esperado (DIAS, 2008, p. 110).

Neste contexto, Dias afirma que os valores ambientais assumidos pela sociedade

orientam as condutas ecológicas dos indivíduos e organizações. Quando estes valores são

plenamente interiorizados, podem dar origem a conflitos éticos na execução de ações

individuais ou coletivas, por exemplo, escovar os dentes com a torneira aberta, entre outros.

De acordo com o primeiro questionamento nesta etapa 58% dos funcionários definem

o envolvimento do Banco Real com a causa ambiental como ótimo. 17% responderam que é

suficiente/regular sendo estes da área operacional da agência, e de sexos opostos. E o restante

compreende ser bom.

Quando o funcionário analisa o seu envolvimento pessoal com a causa ambiental, 42%

consideram bom, 25% consideram suficiente/regular, 25% consideram insuficientes ainda e

8% consideram ótimo. Verificando, através do cruzamento dos dados que, a autocrítica em

relação ao envolvimento pessoal insuficiente é do público feminino.

No gráfico 10, o pesquisado expõe se já presenciou, da parte do cliente quando no

atendimento, comentar sobre algum tipo de admiração de como o Banco Real se envolve em

causas ambientais, ou seja, já ouviu algum cliente externar isso de forma positiva. Neste

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quesito oito funcionários relataram que sempre escutam algum tipo de comentário positivo e

nenhum funcionário disse que nunca escutou, evidenciando assim que a comunidade atendida

sabe e admira as ações de sustentabilidade do Banco. Porém, a mensuração destas respostas

só seria evidenciada com pesquisa exploratória com os clientes externos, não sendo este o

foco deste estudo, mas uma questão pertinente para futura contribuição e complemento deste

trabalho.

FIGURA 15 - Da gestão ambiental versus consciência ambiental:

Comentários de clientes

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 11, observa-se que, apenas 17% dos funcionários eram engajados com

práticas sustentáveis antes de ingressar na empresa. E, no decorrer da próxima e última

questão é possível confrontar dados para saber se os funcionários que se denominam

conscientes ambientalmente são na prática comprometidos com a causa ambiental.

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FIGURA 16 - Da gestão ambiental versus consciência ambiental:

Adoção de práticas sustentáveis

Fonte: Dados da pesquisa.

A última questão sobre práticas sustentáveis foi uma adaptação realizada através de

uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, em 2004, Descobrindo o Consumidor

Consciente. O Instituto Akatu desenvolveu uma segmentação que divide os consumidores em

quatro grupos segundo seu grau de consciência considerando seus comportamentos de

consumo. Essa segmentação é obtida a partir da prática ou não de 13 comportamentos. O

quadro 3 mostra os comportamentos selecionados:

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QUADRO 03 - Comportamentos selecionados para segmentação

Comportamentos selecionados para segmentação

1. Evita deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados

2. Fechar a torneira enquanto escova os dentes

3. Desliga aparelhos eletrônicos quando não está usando

4. Costuma planejar compra de alimentos

5. Costuma pedir nota fiscal quando faz compras

6. Costuma planejar a compra de roupas

7. Costuma usar o verso de folhas de papel já utilizadas

8. Lê o rótulo atentamente antes de decidir a compra

9. A família separa o lixo para reciclagem

10. Não costuma guardar alimentos quentes na geladeira

11. Comprou produtos feitos com material reciclado nos últimos seis meses

12. Comprou produtos orgânicos nos últimos seis meses

13. Apresentou queixa a algum órgão de defesa do consumidor

Fonte: Adaptado da pesquisa “Descobrindo o Consumidor Consciente”, disponível no site www.akatu.org.br.

Selecionando-se apenas as respostas “sempre” ou “sim” para cada um dos

comportamentos acima, tem-se a seguinte classificação:

• Indiferentes: adotam no máximo dois comportamentos;

• Iniciantes: adotam entre três e sete comportamentos;

• Comprometidos: adotam entre oito e dez comportamentos;

• Conscientes: adotam entre 11 e 13 comportamentos.

Os resultados desta pesquisa com o Instituto Akatu foram: Conscientes (6%);

Comprometidos (37%); Iniciantes (54%) e Indiferentes (3%).

A partir desta análise, a pesquisa com os funcionários da agência do Banco Real, em

Itabuna, obteve o seguinte resultado:

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FIGURA 17 - Práticas Sustentáveis

Fonte: Dados da pesquisa.

A pesquisa reflete um quadro muito próximo ao da pesquisa realizada pelo Instituto

Akatu. Cruzando dados, foi possível fazer um levantamento que todos os homens são

iniciantes em seus comportamentos sustentáveis e que as mulheres apesar de admitirem em

sua maioria ter pouco envolvimento pessoal com a causa ambiental, possuem atitudes

comprometidas com a sustentabilidade. Assim como, foi possível observar que pessoas que se

dizem conscientes/envolvidas, estão em fase iniciantes no processo de conscientização

ambiental.

O grupo Indiferentes não foi detectado na amostra, já que todos apontaram mais de 3

comportamentos.

O grupo Iniciantes representa mais da metade da amostra. Sendo no total 7

funcionários: destes 4 são homens, 2 são da área comercial, 5 da área operacional e 2

afirmaram que antes de entrar no banco já adotavam práticas sustentáveis.

O grupo Comprometidos representa 34% da amostra, sendo composta por 4 mulheres,

sendo 3 da área comercial, 3 acima de 25 anos de idade e dois tem curso superior completo.

O grupo Conscientes é composto por aqueles que declaram adotar maior número de

comportamentos considerados conscientes. Houve apenas uma pessoa classificada neste

grupo e é a única que possui pós-graduação de toda a amostra. Pode haver ou não uma

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correlação quanto ao seu grau de instrução maior que o do restante dos pesquisados, e seu

cargo pertence à gerência.

As informações obtidas podem ser analisadas sob vários enfoques, considerando

variáveis demográficas como sexo, idade, cargo, formação, ou apenas a busca de identificar

os vários níveis de consciência que as pessoas manifestam ao consumir. A segmentação

segundo valores e atitudes é possível evidenciar que, em geral, há uma distância grande entre

o que o funcionário pensa e o que faz, e não por mero oportunismo. A influência da

propaganda, o impulso consumista, a tendência de produtos prontos e descartáveis, o tempo

escasso e a falta de conhecimento ou de responsabilidade sobre o impacto que o consumo

individual exerce no coletivo são os principais fatores desta contradição.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados apresentados nesta pesquisa nota-se a necessidade de

aperfeiçoamento do trabalho com relação a sua aplicabilidade, por exemplo, quanto à

transparência, uma vez que 17% dos funcionários responderam não ter acesso aos relatórios

anuais contendo informações sociais, ambientais e econômicas, bem como, quanto à atitude,

pois 92% dos funcionários afirmaram que a empresa não atua em projetos ambientais visando

o benefício da comunidade local (no caso – Itabuna), por iniciativa própria ou em conjunto

com organizações da sociedade civil. Mas ficou evidenciado que a maioria dos funcionários

leva em consideração o seu impacto comportamental em relação ao meio ambiente. De acordo

com os dados analisados a mudança de comportamento continua ativa fora da empresa.

Nota-se uma mudança de atitude entre os funcionários, mas não mudanças

paradigmáticas, pois a mudança é voltada para o consumo e não mudanças de valores

efetivos, uma vez que este envolve não apenas a questão ambiental, mas também a social. O

ambientalismo empresarial existe como uma necessidade capitalista de se manter no mercado,

mas o marketing ambiental tem um aspecto importantíssimo e pouco discutido que é o seu

papel na construção ética ambientalista, complementando o trabalho realizado pela educação

(tanto a formal, quanto a informal), com o objetivo de construir e consolidar novas normas de

conduta que norteiem a relação dos seres humanos com o meio ambiente.

A Lei da Educação Ambiental aponta, no Art.3°, a EA:

Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação

ambiental, incumbindo: [...] V – às empresas, entidades de classe, instituições

públicas e privadas, promover programas destinados à capacidade dos trabalhadores,

visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como

sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente.

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Com base na literatura estudada, na percepção da pesquisadora e nas práticas de gestão

observadas algumas sugestões de melhoria podem ser descritas:

Investir em programas de desenvolvimento gerencial com foco em liderança para a

sustentabilidade é uma maneira de preparar o gestor de cada unidade para acompanhar de

perto e passar orientações com maior proximidade aos funcionários. Sendo que esta estratégia

já vem sendo aplicada pela empresa.

Rever processos e novas alternativas para minimizar os gastos e, conseqüentemente,

aplicar atitudes sustentáveis nas agências, em geral, de forma mais aparente e participativa,

poderia aumentar o grau de consciência dos funcionários.

Observando aos aspectos positivos das práticas educativas realizadas pela empresa, os

dados apontam que: há uma busca pelo comprometimento dos funcionários e envolvimento

nas questões ambientais; conscientização ambiental; disciplina e pró-atividade; contribuição

na economia de energia, aumento de sugestões na melhoria de atividades através dos debates

e cursos ministrados na agência; maior comprometimento dos funcionários com o Sistema

de Gestão Ambiental, racionalização dos consumos de energia elétrica e água; melhoria

da imagem da empresa, esperança de um meio ambiente melhor e desenvolvimento; agrega

valores nas pessoas; qualifica os colaboradores; maior integração sociedade/empresa.

Por outro lado, aspectos negativos foram observados no que tange a disponibilidade de

tempo; altos custos para implementação de tecnologias avançadas, como é o caso da

construção da Agência Granja Viana, em São Paulo; dificuldade para realização de atividades

locais em que os funcionários tenham que se ausentar do seu posto de trabalho; pequeno

número dos colaboradores realmente conscientes para que sejam multiplicadores internos de

boas práticas; conciliação de agendas das áreas operacional e comercial para que tenham

informações homogêneas.

A possibilidade de mudança de comportamento só será possível tendo a

sustentabilidade como filosofia de vida, dando prioridade ao ser em vez de ter, de modo a

promover um modo de vida mais digno e ético. A busca por novos padrões de consumo e

promoção da distribuição de renda é o que garantirá a continuidade da vida na terra.

O valor social deste estudo está em sinalizar o compromisso que se tem com o mundo.

Todas as ações humanas, sejam em casa, na escola, ou no trabalho, têm relação direta com o

meio ambiente.

Os investimentos na área ambiental são ferramentas que as organizações utilizam para

atingir as metas do crescimento econômico e de contribuir para o desenvolvimento

sustentável. A difusão do conjunto de valores morais assumidos pela sociedade, organizações

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e indivíduos, o respeito ao meio ambiente constitui uma fonte de direcionamento de conduta,

onde sua difusão deve se constituir num dos objetivos centrais do marketing ecológico do

ponto de vista estratégico, ao lado da educação e da aplicação da lei (DIAS, 2008).

Finalizando, esta pesquisa apesar de apresentar algumas limitações, tem como mérito

maior abordar o aspecto ético, cultural e filosófico dentro das corporações, destaca-se a

importância de investimentos na educação ambiental do funcionário e as influências no

comportamento destes, formando cidadãos críticos ambientalmente, capazes de interferir no

meio onde está inserido.

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9 REFERÊNCIAS

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10 ANEXO

Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis - DCAC

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA FINS ACADÊMICOS

1.1 Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino 1.2 Idade: _____ anos. 1.3 Cargo: _______________________ 1.4 Formação: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo ( ) Pós-graduado ( ) Mestrado ( ) Outros: ____________ 1.5 Qual o seu curso de formação? __________________. 1.6 Tempo que trabalha na empresa: ( ) até 6 meses ( ) de 6 meses a 1 ano ( ) de 1 a 2 anos ( ) de 2 a 5 anos ( ) de 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos

2.1 A empresa possui mecanismos estruturados para comunicar seus princípios e valores a seus clientes, fornecedores, acionistas, comunidade e entidades sociais ou ambientais? ( ) sim. Quais? __________________________________________________________ ( ) não 2.2 A empresa avalia e verifica se a conduta ética é seguida pelos empregados, inclusive gerentes? ( ) sim. Como faz isso?______________________________________________________ ( ) não 2.3 A empresa possui canais de comunicação para receber e responder às solicitações de empregados, além de sua própria chefia? ( ) sim ( ) não 2.4 Os clientes, fornecedores, acionistas, empregados, comunidade e entidades sociais ou ambientais têm acesso facilitado aos Relatórios Anuais do Balanço Social nas questões econômicas, sociais e ambientais da empresa? ( ) sim. Através de: ( ) Jornal ( ) Balanço social ( ) Televisão ( ) Internet ( ) Outro(s). Qual(is) ________________________________________________________ ( ) não

1. IDENTIFICAÇÃO

2. GESTÃO AMBIENTAL versus TRANSPARÊNCIA

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2.5 Você se sente à vontade quanto ao ambiente que a empresa proporciona em relação à atuação de Sindicatos? ( ) sim ( ) não

3.1 A empresa promove a educação contínua de seus empregados como programas de formação pessoal e profissional? ( ) sim ( ) não 3.2 Desenvolve regularmente campanhas educativas internas ou de incentivo sobre temas ambientais? ( ) sim ( ) não 3.3 De acordo com a pergunta anterior. De quantos cursos, palestras, debates, grupos de discussão você já participou promovido pela empresa? E que importância eles têm para você? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.4 Fica claro para você o objetivo da empresa quando promove este tipo de ação? Explique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4.1 A empresa apóia ou promove ações voltadas à proteção ou qualidade do meio ambiente, não ligadas diretamente à sua atividade fim. ( ) sim ( ) não 4.2 A empresa possui projetos ambientais visando o benefício da comunidade local (no caso Itabuna), por iniciativa própria ou em conjunto com organizações da sociedade civil? ( ) sim. Qual (is)?___________________________________________________________ ( ) não 4.3 Em sua visão, qual(s) o(s) principal(s) motivo(s) para a implantação das ações ambientais da empresa? ( ) Adequar-se aos requisitos da legislação ambiental ( ) Atender às expectativas ambientais do mercado ( ) Atender às expectativas ambientais da sociedade ( ) As leis ambientais e as exigências das partes envolvidas (stakeholders) 4.4 Quais ações ou iniciativas foram ou estão sendo implementadas na empresa em relação ao seu propósito ambiental? ( ) Adquiriu equipamentos de tecnologia mais limpa ( ) Treinou o pessoal para metas da política ambiental da empresa ( ) Usa material reciclado ( ) Promove educação para consumo sustentável para os funcionários ( ) Controla material ou recursos (água, energia) utilizados visando a sustentabilidade ( ) Outros. ________________________________________________________________

3. GESTÃO AMBIENTAL versus EDUCAÇÃO AMBIENTAL

4. GESTÃO AMBIENTAL versus ATITUDE

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4.5 Você sabe se a empresa possui algum tipo de Certificação Ambiental? Ex: ISO 14.001. ( ) Sim ( ) Não Qual (s)? __________________________________________________________________

5.1 Como você define o envolvimento da empresa com a causa ambiental? ( ) Insuficiente ainda ( ) Suficiente/regular ( ) Bom ( ) Ótimo 5.2 Como você define seu envolvimento pessoal com a causa ambiental? ( ) Insuficiente ainda ( ) Suficiente/regular ( ) Bom ( ) Ótimo 5.3 Você já presenciou, da parte do cliente quando ao atendimento, comentar sobre algum tipo de admiração de como a Instituição se envolve em causas ambientais? Ou seja, de acordo com sua percepção, você acredita que os clientes percebem esse envolvimento e vêem de forma positiva? ( ) sempre escuto ( ) umas três vezes ( ) só ouvi uma vez ( ) nunca ouvi comentário 5.4 Antes de ingressar na empresa, você já adotava práticas sustentáveis? ( ) sempre ( )às vezes ( ) raramente ( ) não 5.5 Práticas Sustentáveis

ATITUDES Sempre Sim Às vezes Raro Não 1. Evita deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados

2. Fechar a torneira enquanto escova os dentes

3. Desliga aparelhos eletrônicos quando não está usando

4. Costuma planejar compra de alimentos 5. Costuma pedir nota fiscal quando faz compras

6. Costuma planejar a compra de roupas 7. Costuma usar o verso de folhas de papel já utilizadas

8. Lê o rótulo atentamente antes de decidir a compra

9. A família separa o lixo para reciclagem 10. Não costuma guardar alimentos quentes na geladeira

11. Comprou produtos feitos com material reciclado nos últimos seis meses

12. Comprou produtos orgânicos nos últimos seis meses

13. Apresentou queixa a algum órgão de defesa do consumidor

5. GESTÃO AMBIENTAL versus CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

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