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JOCIANE ARAUJO PERES DA LUZ MARY DULCINÉIA GARCIA PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA APRENDIZAGEM DO COTIDIANO

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Page 1: Monografia - Produção Textual

JOCIANE ARAUJO PERES DA LUZ

MARY DULCINÉIA GARCIA

PRODUÇÃO TEXTUAL:

UMA APRENDIZAGEM DO COTIDIANO

ARARANGUÁ

AGOSTO 2008

Page 2: Monografia - Produção Textual

JOCIANE ARAUJO PERES DA LUZ

MARY DULCINÉIA GARCIA

PRODUÇÃO TEXTUAL:

UMA APRENDIZAGEM DO COTIDIANO

Monografia científica apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu, como requisito parcial para obtenção do Certificado de Especialista em Ensino Aprendizagem da Língua Portuguesa, Inglesa e Espanhola.

Prof. Orientador: Cássio

ARARANGUÁ

AGOSTO 2008

Page 3: Monografia - Produção Textual

FOLHA DE APROVAÇÃO

JOCIANE ARAUJO PERES DA LUZ

MARY DULCINÉIA GARCIA

PRODUÇÃO TEXTUAL:

UMA APRENDIZAGEM DO COTIDIANO

Monografia científica apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu, como requisito parcial para obtenção do Certificado de Especialista em Ensino Aprendizagem da Língua Portuguesa, Inglesa e Espanhola e, aprovado pelos seguintes professores:

_________________________________

_________________________________

ARARANGUÁ

AGOSTO 2008

Page 4: Monografia - Produção Textual

Dedico ao meu apaixonado esposo, Anderson, à minha amigona e mãe em todas as horas, Dorotéa, aos meus irmãos, sobrinhos e à minha sogra. (Jociane Araujo Peres da Luz)

Dedico ao meu verdadeiro tesouro: às minhas atenciosas filhas Mariane e Helena e, em especial, Caroline, que tanto colaborou comigo nesta pesquisa. (Mary D. Garcia)

Page 5: Monografia - Produção Textual

Agradeço ao meu esposo pela paciência, carinho e amor que teve comigo durante o período dos estudos e, a minha mãe que se empenhou em encontrar e trazer materiais meus de estudos que ficara em sua casa, em outro Estado, quando ainda morava com ela. (Jociane Araujo Peres da Luz)

Agradeço a compreensão das minhas filhas: Mariane, Caroline e Helena, durante o período deste aprendizado, por todas às vezes, em que elas precisaram de mim e que nem sempre, pude ser a “mãezona” que elas precisavam. (Mary Dulcinéia Garcia)

Page 6: Monografia - Produção Textual

“Ensinar é uma tarefa mágica,

capaz de mudar a cabeça das

pessoas, bem diferente de apenas dar

aula”. (Rubem Alves)

Page 7: Monografia - Produção Textual

TÍTULO: Produção textual: uma aprendizagem do cotidiano

AUTOR: Jociane Araujo Peres da Luz e Mary Dulcinéia Garcia

ORIENTADOR: Ms. Cássio

RESUMO

A presente monografia foi elaborada a partir de pesquisa bibliográfica e documental, tendo o objetivo de possibilitar a compreensão da produção textual e de seus gêneros com o auxílio do hábito de leitura, a mediação do educador nesta prática escolar e de metodologias de ensino na produção textual. Partiu-se da visão sócio-interacionista e dialógica para as questões de ensino-aprendizagem, na busca de formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Mas como se chegar a isto? Acredita-se que através do hábito da leitura, do estudo dos diversos gêneros para a produção textual e de um professor mediador com metodologias apropriadas para esta prática de ensino, se possa responder a questão e formar bons cidadãos. Percebe-se assim, que a produção textual é uma prática diária e de suma importância na comunicação de um mundo globalizado.

PALAVRAS-CHAVE: leitura, gêneros e tipologia produção textual, metodologia de ensino, papel do professor.

Page 8: Monografia - Produção Textual

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................6

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................6

1. LEITURA: AÇÃO E REFLEXÃO...........................................................................6

1.1 A PRÁTICA DE LEITURA NO BRASIL...........................................................6

1.2. LITERATURA E PRÁTICAS ESCOLARES..................................................6

1.3. ESTRATÉGIAS DE LEITURA.........................................................................6

2. PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL E

DIALÓGICA...................................................................................................................6

2.1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ESCRITA......................................................6

2.2 LINGUAGEM VERBAL: UMA HERANÇA SOCIAL......................................6

2.3 OS GÊNEROS E OS TIPOS TEXTUAIS.......................................................6

2.4 PRÁTICA METODOLÓGICA PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL.................6

3. PROFESSOR: O QUE SE ESPERA DESSE PROFISSIONAL.......................6

3.1 A CRISE DE IDENTIDADE DO PROFESSOR.............................................6

4. CONCLUSÃO...........................................................................................................6

REFERÊNCIAS.............................................................................................................6

Page 9: Monografia - Produção Textual

INTRODUÇÃO

A língua é uma forma de ação comunicativa que por sua vez possui

uma finalidade específica.

O processo de interlocução se constrói diariamente e nos distintos

momentos da história nos diferentes grupos de uma sociedade.

Aprender uma língua significa não só uma aprendizagem das

palavras, mas também, os seus significados culturais e os modos pelas quais

as pessoas de um meio social entendem e interpretam a realidade e a si

mesmas.

A linguagem possibilita ao ser humano representar a realidade

desde o momento em que é aprendida, seja anterior à alfabetização ou não.

Também permite ao homem a construção de compreensão de mundo e de

novas representações sobre este.

Linguagem significa produzir discursos, dizer alguma coisa para

alguém, de uma determinada forma e num determinado contexto histórico.

Lingüisticamente, o discurso quando produzido, manifesta-se por textos, que

ora pode ser uma atividade discursiva oral ou escrita.

Neste intuito, o presente estudo tem como tema a produção textual

uma vez que “[...] um texto só é um texto quando pode ser compreendido

como unidade significativa global, quando possui textualidade”. (PCN, p.26)

O objetivo deste é possibilitar a compreensão da produção textual e

de seus gêneros com o auxílio do hábito pela leitura, a mediação do educador

nesta prática escolar e de metodologias de ensino no referido tema.

Page 10: Monografia - Produção Textual

Especificamente, quer se visar a importância do ato de ler para a

produção textual, conhecer e conceituar os diversos gêneros para a produção

de um texto, demonstrar metodologias de ensino para o tema especificado e,

verificar e instigar o papel do professor no ensino desta prática escolar.

Este trabalho se justifica por possibilitar informações sobre a

produção textual, em especial a escolar, e servir de material investigativo e de

conhecimento aos educadores, estudiosos e pesquisadores sobre o tema

pautado.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s – Língua

Portuguesa, citam que “O trabalho com a produção de textos tem como

finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos

coerentes, coesos e eficazes”. (p.65)

Como se chegar a isto? Estudantes, de um modo geral, têm

dificuldades em diferenciar o que é um texto narrativo, descritivo e dissertativo

devido à falta de leitura. E, é neste contexto, que se coloca a função do papel

do professor e as metodologias de ensino para a prática da produção textual.

A metodologia empregada para esta monografia quanto à sua

natureza é básica; à forma de abordagem é qualitativa; quanto aos objetivos é

descritiva e explicativa; quanto aos procedimentos técnicos é bibliográfica e

documental.

Para melhor entendimento da pesquisa, esta foi dividida em três

capítulos principais. O primeiro capítulo trata da importância da leitura e de

seu hábito no âmbito escolar e cultural dos cidadãos. O capítulo posterior trata

definitivamente sobre a produção textual: sua importância, seus gêneros e

tipos textuais, a importância da leitura para a atividade da produção de textos,

a importância sobre o tema abordado, metodologias de ensino para esta

prática escolar, entre outros. O terceiro capítulo traz questionamentos sobre o

papel do professor, suas crises de identidade e o que se espera deste

profissional nos tempos atuais.

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Page 11: Monografia - Produção Textual

Esta monografia tem fundamentação teórica nos estudos histórico-

culturais (Vygotsky) e dialógica (Bakthtin) para as questões de ensino-

aprendizagem.

A partir da década de 90, os principais enfoques estão dirigidos à

perspectiva sócio-interacional no tratamento da linguagem e estratégias sócio-

cognitivas envolvidas no processamento textual.

Tais estudos têm servido de base para orientações de teses e

dissertações neste tema, bem como, está sendo aplicado em conceitos

básicos da alfabetização, à aquisição da escrita e ao ensino de línguas.

Page 12: Monografia - Produção Textual

1. LEITURA: AÇÃO E REFLEXÃO

A leitura é uma ação de construção do significado do texto, a partir

do que se está lendo, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor,

sobre os gêneros textuais, do sistema de escrita, etc. É uma atividade que

implica a compreensão em que os sentidos passam a ser realizados antes do

próprio ato de ler, ou seja, cada sujeito faz a sua leitura de mundo pelo

conhecimento anterior que já tem e posteriormente, com o hábito da leitura,

passa a um leitor competente capaz de entender não só o que está

propriamente escrito como também, de entender o que está “escrito nas

entrelinhas”, de estabelecer relações entre um texto e outro.

O ato de ler é uma atividade complexa, pois envolve hábitos diários

e estratégias de leitura.

A leitura na escola, por exemplo, deve trabalhar com a diversidade

de textos e de combinações entre eles a fim de tornar esta prática social em

aprendizagem. (PCN, vol. 2, p.53-57)

Cita o PCN:

Para aprender a ler, portanto, é preciso interagir com a diversidade

de textos escritos, testemunhar a utilização que os já leitores fazem

deles e participar de atos de leitura de fato; é preciso negociar o

conhecimento que já se tem e o que é apresentado pelo texto, o

que está atrás e diante dos olhos, recebendo incentivo e ajuda de

leitores experientes.

A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim.

Ler é resposta a um objetivo a uma necessidade pessoal. (p.56-57)

Page 13: Monografia - Produção Textual

Para se entender melhor a complexidade do ato de ler, este estudo

explana, ainda, a prática de leitura no Brasil, a literatura e práticas escolares e

estratégias de leitura.

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Page 14: Monografia - Produção Textual

1.1 A PRÁTICA DE LEITURA NO BRASIL

A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto, a fim de

satisfazer os objetivos de quem lê: preencher um momento de lazer, procurar

uma informação concreta, etc.

Porém, nem sempre a prática de leitura, em nosso país, teve este

intuito e os citados anteriormente.

No período colonial, o ato de ler era permitido a poucas pessoas, tal

quanto aos conteúdos da própria realidade quanto à formação sobre os

conhecimentos transmitidos sobre os assuntos.

A cultura reconhecida oficialmente era a que circulava na metrópole,

ou seja, o conteúdo que servia aos interesses e valores dos portugueses que

aqui moravam, aos senhores de engenho e aos filhos destes, aos jesuítas e

ao clero.

A este pequeno grupo, o método do processo de leitura era o de

retenção mnemônica dos conteúdos oferecidos ou impostos, isto é, memorizar

o que era lido não importando se havia ou não compreendida a leitura.

Nesta época, até mesmo ma existência de gráficas era proibida.

Com a vinda da Corte Real ao Brasil, a única imprensa existente, autorizada e

que pode ser implantada aqui, foi a imprensa da Corte. Ou seja, o único órgão

oficial de imprensa era feito e vinha diretamente da Corte Real.

Pode-se perceber que a prática inicial de leitura, no Brasil, foi

discriminatória, tanto em relação a quem tinha o direito de ler, quanto aos

conteúdos e conhecimentos permitidos para leitura.

Page 15: Monografia - Produção Textual

Este contexto, atualmente, não está muito diferente do que era: os

livros ainda são acessíveis mais para a elite do que para as classes menos

privilegiadas. No caso da escola, os livros didáticos são um modelo de

desenvolvimento imposto pelo governo.

No período da Ditadura, por exemplo, todo o material de leitura

impresso era repassado aos agentes do governo que liberavam ou não a sua

circulação. (LUCKESI, 2005)

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Page 16: Monografia - Produção Textual

1.2. LITERATURA E PRÁTICAS ESCOLARES

O primeiro contato que a criança tem com a literatura, é através da

audição: alguém lê a história para ela. Neste sentido, o papel de quem a

história é muito importante porque o objetivo para se formar um leitor, é que o

enunciador provoque na criança divertimento, riso, choro, imaginação.

Cabe ao educador agilizar o processo de fazer a criança gostar de

ler. (ABROMOVICH, 1997) Mas é dos pais, o papel de manter viva a tradição

familiar de contar histórias. O primeiro grupo social de um indivíduo é a

família. É esta, pois, que deve auxiliar a criança na leitura de seu mundo e

incentivá-la a ler e reler o seu contexto sócio-cultural. A leitura em família é

também um tempo de elo, de ligação entre seus membros e este contato

alimenta conhecimento e troca de idéias, diálogo, afeto, contato com os livros,

jornais, revistas, etc, bem como, transmite valores emocionais, psicológicos,

físicos, cognitivos e lingüísticos.

Para que a criança tenha gosto pela leitura se faz necessário, além

de ter bons materiais de leitura e próprios de acordo com a idade, o incentivo

familiar e que estes também tenham o hábito da leitura. Desta forma, a

criança não perde o hábito da leitura fora da escola.

O que se vê, atualmente, é a criança não ter um hábito freqüente

pela leitura: ou os pais não lêem, ou não têm acesso aos materiais de leitura,

ou se torna difícil ou esporádico ter acesso a tais materiais. Também há certa

falta de informação onde encontrar e/ou buscar estes materiais (bibliotecas

públicas, escolas públicas, órgãos públicos, etc) e o comodismo familiar.

E, fica novamente, mais um papel para a escola: o de incentivar,

criar espaços e oportunidades, o de centrar nas práticas escolares da leitura e

da escrita. (SILVA, 1983)

Page 17: Monografia - Produção Textual

Neste intuito, a escola tem uma diversidade de trabalho literário,

incluindo, a importância de se trabalhar inicialmente, com as fábulas e os

contos.

Os contos são narrativas curtas, ágeis, com começo, meio e fim,

personagens simples e linguagens claras. O reconhecimento deste gênero

literário é fácil: fadas madrinhas, reis, rainhas; a introdução do texto

normalmente se inicia com “era uma vez”; as narrativas se passam em lugares

distantes – “muito longe daqui” – e têm personagens com nomes comuns ou

apelidos, como João e Maria ou Chapeuzinho Vermelho, por exemplos. No

conto maravilhoso, o leitor é transportado para um mundo onde tudo é

possível: tapetes voam e galinhas põem ovos de ouro.

As fábulas também possuem narrativas curtas, ágeis, com começo,

meio e fim, com personagens simples (normalmente animais que falam) e

linguagens (figurativa) claras. Elas desenvolvem a imaginação e têm um

conteúdo adequado aos bons princípios morais e éticos uma vez que têm

intenção de passar uma moral aos leitores.

Tais textos trabalham os traços psicológicos, as representações

sociais, as motivações e expectativas do universo, em especial o infantil, onde

tudo é maravilhoso, mesmo que seja só no instante de ouvi-las já que

apresentam soluções imediatas para qualquer problema e sociedade.

(ZILBERMAN, 1988)

Na escola, a avaliação literária deve ser dada como uma construção

conjunta entre um professor mediador, a criança, o grupo escolar, os saberes

e não saberes; ou seja, o professor como agente criativo avalia e aceita a

leitura de mundo do universo infantil, avalia a interação do sujeito no processo

do aprendizado e do conhecimento que este transmite e/ou produz.

Neste contexto o papel do professor é de suma importância na hora

de se escolher um texto. O texto deve estar de acordo com o universo do

sujeito e que seu conteúdo seja vivo e de interesse do grupo instigando-os ao

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Page 18: Monografia - Produção Textual

interesse pela leitura, despertando-os pela curiosidade e crítica. (PCN, p.55-

121)

Sabe-se que mesmo priorizando bons materiais para leitura, há

ainda uma realidade que afasta os cidadãos do mundo da literatura: é o

mundo da realidade virtual (televisão, vídeo games, chat’s, internet e outros).

A própria família alimenta este hábito. Talvez seja mais prático, cômodo e

menos oneroso aos indivíduos fazer parte deste cotidiano, que na maior parte

de seus conteúdos, são lixos.

Não é só a questão econômica que impetra o mundo literário, é

muito mais, a pobreza cultural das pessoas. Monteiro Lobato, um idealista,

acreditava no desenvolvimento do Brasil e na diminuição dos contrastes

sociais. O que se vê, atualmente, é um país em desenvolvimento mas, ainda,

com muitos contrastes sociais. Tal contraste só se desacelera com o

conhecimento, conhecimento este que se é encontrado em boas obras

literárias, jornais, revistas, anais, artigos entre outros.

É de suma importância a escola trabalhar esta questão junto aos

seus alunos, pais, sociedade e demais autoridades governamentais para que

se favoreçam as práticas escolares educacionais.

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Page 19: Monografia - Produção Textual

1.3. ESTRATÉGIAS DE LEITURA

Os textos são diferentes possibilidades e limitações para a

transmissão de uma informação escrita. Não se encontra da mesma maneira

conteúdos em um conto, em um livro de texto ou em um relatório de pesquisa.

O conteúdo muda naturalmente, porém, não é só isso: as estruturas

de um texto impõem restrições à forma escrita, o que se deve ter de

conhecimento para compreender os textos. Quanto mais informações um

leitor possuir sobre o texto que lerá, menos precisará se fixar nele para

construir sua interpretação.

Para que isto aconteça, há estratégias que auxiliam no ato de ler.

Estratégia é a supervisão e a avaliação do próprio comportamento em função

dos objetivos que o guiam e da possibilidade de modificá-los em caso de

necessidade. Ou seja, é a possibilidade que a pessoa tem de monitorar a

própria leitura.

A estratégia tem sua utilidade para regular a atividade do indivíduo à

medida que sua aplicação permite selecionar, avaliar, persistir ou abandonar

determinadas ações para se conseguir a meta que a pessoa se propõe.

O que caracteriza a mentalidade estratégica é a sua capacidade de

representar e analisar os problemas e a flexibilidade para encontrar soluções.

Para que se possua uma razoável habilidade para a decodificação,

a compreensão do que se lê, é preciso apresentar três condições:

1. Clareza e coerência do conteúdo dos textos, familiaridade ou

conhecimento da sua estrutura e do nível aceitável do seu

léxico, sintaxe e coesão interna;

Page 20: Monografia - Produção Textual

2. A possibilidade de o leitor possuir os conhecimentos

necessários que lhe permitirão a atribuição de significado aos

conteúdos do texto;

3. As estratégias que o leitor utiliza para intensificar a

compreensão e a lembrança do que se lê, assim como para

detectar e compensar as possíveis falhas de compreensão.

Assim, o leitor pode resolver o problema do qual se depara. O leitor

experiente utiliza as estratégias de forma inconsciente.

Ao se entrar em um “estado estratégico”, caracterizado pela

necessidade de aprender, de resolver dúvidas e ambigüidades, de forma

planejada e deliberada, é que nos torna conscientes da nossa própria

compreensão.

As estratégias de compreensão leitora cumprem todos os requisitos

para um bom hábito de ler: tendem à obtenção de uma meta, permitem

avançar o custo da ação do leitor, caracterizam-se porque não estão sujeitas,

de forma exclusiva, a um tipo de conteúdo ou texto, adaptam-se a diferentes

situações de leitura, envolvem os componentes meta-cognitivos de controles

sobre a própria compreensão visto o leitor experiente, através do hábito de ler,

além de compreender, sabe que compreende e quando não compreende.

As estratégias na elaboração do texto escrito são atividades

realizadas para aprender a partir dele, como estratégias de elaboração e de

organização do conhecimento. Essas são necessárias para aprender a partir

do que se lê, mas também, quando a aprendizagem se baseia no que se

escuta, no que se discute ou debate.

As estratégias se compõem antes, durante e depois da leitura, como

são citadas abaixo:

Antes da leitura:

Motivar para a leitura;

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Page 21: Monografia - Produção Textual

Oferecer-lhes objetivos de leituras;

Atualizar seus conhecimentos prévios;

Ajudá-los a formular previsões, incentivar suas perguntas.

Durante a leitura:

Discutir com os alunos os objetivos da leitura;

Trabalhar com materiais de dificuldade moderada que

representem desafios, mas não tarefas pesadas para os

alunos;

Proporcionar e ajudar a ativar os conhecimentos prévios;

Ensinar-lhes a inferir a fazer conjeturas, a se arriscar e

buscar verificação para suas hipóteses;

Explicar aos leitores o que podem fazer quando se

depararem com problemas no texto.

Depois da leitura:

Elaboração de resumo/resenha;

Identificação das idéias principais;

Formulações de perguntas, respostas e criticas.

As estratégias citadas são uma forma de contribuir para dotar os

alunos dos recursos necessários para aprenderem a aprender. (SOLÉ, 1998)

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Page 22: Monografia - Produção Textual

2. PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICO-

CULTURAL E DIALÓGICA

O ensino da língua materna por muito tempo foi normativa e

conceitual, privilegiando à ortografia e à sintaxe.

Em meados da década de 80, esta concepção passou a ser

contestada com o surgimento de teorias inspiradas no sócio-interacionismo,

na teoria da enunciação e do discurso e na lingüística do texto. Com isso, o

ensino da linguagem passa a ser centrado no uso e no funcionamento da

língua, enquanto sistema simbólico, num contexto sócio-histórico determinado.

Desse modo, se formula a expressão “produção de texto”,

significando “a qual se pretende evidenciar o ato, o processo de elaborar um

texto”. (PAOLINELLI, COSTA, 2008)

Para os PCN’s, as pesquisas na área de aprendizagem da escrita,

em torno da década de 80, evoluíram na forma de se compreender como esse

conhecimento é construído. Sabe-se que aprender a escrever envolve dois

processos paralelos: o de compreender o sistema de escrita da língua e o

funcionamento da linguagem que se usa para escrever. (p.66)

Para Bronckart, a produção de um texto empírico deve atender à

definição de parâmetros acerca da situação de comunicação e a definição do

conteúdo temático.

A definição de parâmetros acerca da situação de comunicação é

constituída pela mobilização dos mundos físicos (o lugar e o momento da

produção), o emissor e o receptor e, sócio-subjetivo (a instituição social onde

se dá a interação, o papel social representado pelo enunciador e pelo

destinatário e o objetivo da interação).

Page 23: Monografia - Produção Textual

A definição do conteúdo temático, nada mais é do que o conjunto de

conhecimentos dos mundos físico e social guardados e organizados na

memória do produtor de texto. (1999, p.91-195)

Dessa forma o produtor de texto elabora sócio-historicamente o seu

texto e controla o que e como escreve, vinculado a um gênero.

Nota-se que a produção textual é uma atividade interacional de

sujeitos sociais.

“As teorias sócio-interacionais reconhecem a existência

de um sujeito planejador/organizador que, em sua inter-relação com

outros sujeitos, vai construindo um texto, sob a influência de uma

complexa rede de fatores, entre os quais, a especificidade da

situação, o jogo de imagens recíprocas, as crenças, convicções,

atitudes dos interactantes, os conhecimentos (supostamente)

partilhados, as expectativas mútuas, as normas e convenções sócio-

culturais”. (KOCH, 2001, p.7)

Ou seja, a construção do texto precisa de uma série de atividades

cognitivo-discursivas para que este possa fazer sentido.

O ensino de produção textual, nas escolas catarinenses, baseadas

na sua Proposta Curricular, fundamenta-se nas teorias histórico-cuturais

(Vygotsky) e dialógica (Bakthin), possibilitando as pessoas envolvidas –

autores/enunciadores – a serem sujeitos de seus fazeres pedagógico e a

compreenderem os processos lingüísticos. (p.15-16)

Ainda a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina cita:

“[...] por ser resultado de um complexo cultural complexo,

a escrita depende de um ensino intencional e organizado, pois, como

afirma Soares (1986:16), “a linguagem [verbal] é ao mesmo tempo o

principal produto de cultura e é o principal instrumento para a sua

transmissão”. O sistema de escrita implica dois tipos de atividade: ler

e escrever, que envolvem conhecimentos distintos, lingüísticos, de

23

Page 24: Monografia - Produção Textual

experiências pessoais, de mundo, etc. Leitura e escrita demandam

processo de ensino e aprendizagem específico”. (p.20)

A escrita se caracteriza por ser um registro mais durável e mais

demorado de elaboração; é formal, sistemática e atende à algumas

convenções lingüísticas.

A Proposta Curricular cita Vygotski:

“A comunicação por escrito baseia-se no significado

formal das palavras e requer um número muito maior de palavras do

que a fala oral, para transmitir a mesma idéia”. (p.22)

Na perspectiva de Bakhtin, a seleção de conteúdos e atividades

devem ter significado para o aluno, a fim de oportunizar momentos para a

prática da escrita e, mediado por intervenções pedagógicas que garantam

qualidade na aprendizagem nos diferentes conhecimentos científicos.

A mediação pelas diferentes linguagens possibilita o aprendizado de

leituras mais críticas e de várias possibilidades de uma produção textual,

ampliando a visão de mundo daqueles que as realizam.

De acordo com o objetivo do interlocutor, no uso da linguagem

exigem diferentes textos e, por sua vez, requer uma modalidade diferente de

leitura.

Conforme cita a Proposta Curricular de Santa Catariana:

“O processo de ensino e aprendizagem, fundamentado no

trabalho sistemático com textos, de múltiplas naturezas (diferentes

gêneros discursivos) e estruturas textuais, verbais e não-verbais,

contribui para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Esse trabalho

com textos diversificados é apontado pela Proposta Curricular de

Santa Catarina (1998), cuja orientação metodológica é a de trazer

para a sala de aula todo gênero discursivo: literário, informativo,

publicitário, dissertativo [...] “. (p.29)

24

Page 25: Monografia - Produção Textual

O estudo de gêneros discursivos fornece suporte às situações de

comunicação sendo que, a intermediação e a integração das práticas às

atividades de linguagem, são feitas através dos enunciados.

Para Schneuwly e Dolz, a seqüênciadidática para a comunicação

oral e ecrita deve se dar a partir da apresentação de um problema de

comunicação e resolvido por meio de texto oral ou escrito. A prática

pedagógica se norteia com as questões “que gênero será abordado?”, “A

quem se dirige o texto?”, “Que forma assumirá o texto?”, “Quem participará do

texto?”, ‘qual a linguagem será utilizada para a produção?”

Estes autores exemplificam os gêneros literários da seguinte forma:

cultura ficcional (conto maravilhoso, fábula, lenda, narrativa de aventura,

ficção científica e de enigma, novela fantástica e conto) deve ser narrado; para

a documentação e memorização de ações humanas (relato de experiência

vivida, relato de viagem, testemunho, currículo, notícia, reportagem, crônica

esportiva, ensaio biográfico) deve ser relatado; para discussão de problemas

sociais (texto de opinião, diálogo argumentativo, carta do leitor, carta de

reclamação, deliberação informal, debate regrado, discurso de defesa,

discurso de acusação) deve ser argumentativo; para transmissão e construção

de saberes (seminário, conferência, artigo, verbete de enciclopédia, entrevista

de especialista, tomada de notas, resumo de texto, relatório científico ou relato

de experiência científica) deve ser exposto; para instruções e prescrições

(instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de

uso, instruções em geral) deve ser descrito as ações.

Para a Proposta Curricular de Santa Catarina, é possível agrupar os

textos identificando os traços mais comuns entre eles.

O estudo das tipologias textuais é uma forma de refletir as intenções

dos falantes/ouvintes de uma língua.

25

Page 26: Monografia - Produção Textual

“A tipologia textual a ser utilizada deve ser a mais

variada possível. As histórias infantis, os nomes/apelidos das

pessoas e coisas, os nomes científicos/populares das plantas

e coisas, poesias, textos coletivos e individuais produzidos

pelos alunos da classe ou por outros alunos, jornais, bulas de

remédio, rótulos, lendas, adivinhas, parlendas, músicas, textos

informativos, relatórios de pesquisa e experiências ... devem

ser criados e recriados pelas crianças”. (p.32)

26

Page 27: Monografia - Produção Textual

2.1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ESCRITA

O ser humano, desde os seus tempos mais remotos, usava a

linguagem e sempre usará para exprimir suas idéias e sentimentos.

Na era Pré-Histórica, por volta de 500000 a.C., o Homo erectus se

utilizava do fogo não só para se aquecer e cozer seus alimentos, mas

também, como meio de comunicação. Em 25000 a.C., o homem registrava

seus conhecimentos, idéias e sentimentos com pinturas nas paredes das

cavernas.

Posteriormente, em 4000 a.C., com a descoberta do papiro, o

homem passa a fazer seus registros nesse. A escrita dos mesopotânicos e

dos egípcios eram em grande parte baseados em símbolos que expressavam

sons de sílabas ou idéias.

A escrita chinesa, por exemplo, é formada por pelo menos cinco mil

desenhos que compõem seu alfabeto. As palavras são formadas pela

combinação de desenhos estilizados (ideogramas).

Os japoneses, no final do século XVII, ao invés de utilizar a sua

escrita, normalmente registravam este período, com técnicas de pinturas em

porcelana. Retratavam mulheres sofisticadas lendo, fazendo artesanato ou

conversando, pois neste período, no Japão, houve tranqüilidade política e,

conseqüentemente, trouxe prosperidade econômica e crescimento do

comércio e das cidades.

A língua portuguesa e outras línguas da Europa Ocidental estão

cheias de palavras derivadas do grego antigo, pois estes influenciaram muito

a cultura romana que por sua vez, tinham como idioma o latim. A língua

portuguesa é um idioma derivado do latim e, por isso, o Português também

adotou várias palavras do grego. O alfabeto grego, por exemplo, até hoje é

Page 28: Monografia - Produção Textual

bastante utilizado na geometria. Como exemplo de palavra derivada do latim

se tem a palavra verdade: verdad (espanhol), verité (francês), veritá (italiano).

Em latim é veritas.

O povo romano desenvolveu mais a escrita do que a filosofia. Este

povo teve bons poetas como Virgílio, Ovídeo e Lucrécio ou, comediantes

como Plauto e Terêncio. Também, deixou escritas as antigas leis romanas

que, até hoje, os cursistas de Direito estudam.

Todos os gregos livres sabiam ler e escrever. Seus livros eram

escritos à mão, em folhas de papiro. A poesia grega era lida em voz alta

sempre acompanhada por música para um grupo de pessoas ou como

atração em banquetes. Os versos de Ilíada e Odisséia, de Homero, foram

passados oralmente de geração para geração, em torno do século VI a.C.

A própria palavra “escrita” vem do grego “graphia”. (SCHMIDT,

2005, p. 6-61)

Hoje, os “bites” nos levam aos recursos expressivos da linguagem

na era da informática e da globalização.

28

Page 29: Monografia - Produção Textual

2.2 LINGUAGEM VERBAL: UMA HERANÇA SOCIAL

A linguagem é a forma de se ver a si mesmo e o mundo. Ela é uma

herança social marcada pelo seu simbolismo. A linguagem está nas mais

diferentes formas de conhecimento, de pensamento, de comunicação, de

ação e reflexão como se pode observar no capítulo anterior.

O escrever é um recurso expressivo da linguagem. Para se

entender melhor o processo da escrita, será estudado alguns processos da

linguagem oral e verbal.

A linguagem que o ser humano mais se utiliza é a linguagem verbal

uma vez que é o modo mais rápido para representar e transmitir o

pensamento. Ma a linguagem verbal – o ato da fala – implica uma

competência social de utilizar a língua de acordo com o meio e o momento

social. Isto pressupõe que tipo de discurso se deve utilizar no ato

comunicativo.

A linguagem verbal como abordagem da norma padrão (culta) deve

ser considerada como variante lingüística de determinado grupo social e que

sua aprendizagem é uma forma de comunicação global, para um melhor

entendimento de atos e pensamentos na sociedade.

A segunda manifestação mais utilizada como recurso expressivo da

linguagem é a escrita. A escrita é um modo mais elaborado da expressão

lingüística. Ela deve ser analisada, interpretada, saber se utilizar de seus

recursos expressivos da linguagem, usar suas funções, organizá-la de modo

que seu leitor possa entendê-la.

Aqui, para se ter um certo domínio, o ideal é que se possa verificar

as várias manifestações da linguagem e os recursos expressivos: estudo dos

gêneros e tipologia textual.

Page 30: Monografia - Produção Textual

A escrita é um trabalho mais árduo porque mais elaborado que a

fala. Entretanto, não existe linguagem pior ou melhor, só que socialmente se

dá mais importância à escrita.

A escrita possui a maneira de como o texto, a linguagem foi

construída e o que tem em suas “entrelinhas”. Pelas suas características, a

linguagem formativa (opinião), informativa (sentido de estar recebendo) e

comunicativa (troca), expressa o universal e o particular. Todas as

manifestações podem viver entre si. Deve-se é compreender a relação de

interação e os códigos de linguagem já que existem vários grupos sociais e

estes devem preservar suas identidades.

Para os PCN’s, dessa forma se torna mais fácil e compreensível

usar todos os tipos de linguagem e usá-las no momento certo: aonde, para

quê, para quem e porquê usá-la já que não existe neutralidade na linguagem e

o ser humano precisa dela para se expressar das mais diferentes formas.

(p.125-131)

30

Page 31: Monografia - Produção Textual

2.3 OS GÊNEROS E OS TIPOS TEXTUAIS

Os PCN's, Língua Portuguesa, adotaram o estudo de gêneros textuais para o ensino de leitura e produção de texto orais e escritos na escola.

A proposta curricular de Santa Catarina também aborda sobre o assunto quando cita:

"Já o processo de letramento se efetiva ao longo da vida das pessoas, com a crescente participação nas praticas sociais, nas quais circulam diferente gêneros discursivos." (p.24)

Os estudos de gêneros se faz necessário porque, para o ensino

aprendizagem, eles possuem enunciados elaborados em cada grupo social.

Ao se escolher um gênero textual , se determina para a produção, a esfera

social, as necessidades temáticas, os participantes e a intenção do locutor. É

deste estudo que se define o que pode ou não ser dito. Didaticamente ele

deve seguir uma progressão temporal continua no ensino a fim de que os

alunos progridam e melhorem as suas práticas de linguagem.

Normalmente, tal estudo se organiza por agrupamento de gêneros,

no intuito de levar em conta os diferentes níveis de operações na linguagem e,

para que este instrumento vise ao desenvolvimento das capacidades

necessárias para a apropriação da aprendizagem pelos alunos. (Rojo e

Cordeiro, 2004).

Conforme Koch,

"[...] uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão

ou audição), que é a tomada pelos usuários da lingua

(falante, escrita, ouvinte, leitor), em sua situação de interação

comunicativa, como uma unidade de sentido e como

preenchendo uma função comunicativa reconhecível e

reconhecida, independentemente da sua extensão" (Koch,

2001, p.10)

Page 32: Monografia - Produção Textual

Compreendendo o texto como instrumento de interação

comunicativa oral e escrita, conforme a intenção da interação, se elege um

gênero ou outro, que trará dentro de si tipologias textuais diversas.

Dentro deste parâmetros, este estudo aborda os conceitos e

características dos gêneros e tipos textuais mais utilizados na área de

educação escolar.

“ Os gêneros textuais são ferramentas que devem ser

utilizados na formação do homem de forma abrangente e é

por meio deles que podemos fazer com que o indivíduo

tenha contato com vários textos orais e escritos que fazem

parte do seu dia-a-dia e, assim , intregam-se socialmente.

Estes são unidades triádicas relativamente estáveis,

possíveis de serem diardidas para o fim de análise em

unidade temática e estilo, num inventário de textos, criado

historicamente pela prática social, com ocorrência nos mais

variados ambientes discursivos que os usuários de uma

lingua natural atualizam quando participam de uma atividade

de linguagem, de acordo com o efeito de sentido que querem

provocar nos seus interlocutores". (Baltar, 2004, p. 46-47).

Baltar, define gênero textual como unidade por ser formado de três

aleamentos: unidade composicional, unidade temática e estilo, ou seja, por

poder ser dividido em três unidades para ser analisado e classificado.

Quanto a classificação dos gêneros textuais, pode-se dizer um

inventário fechado e fixo, pois os gêneros surgem conforme a necessidade

das práticas sociais.

Como exemplo, têm-se os e-mails. Há quanto tempo esse gênero

surgiu? Qual era o gênero que o substituía em muitas situações? Surgiu há

pouco tempo e derivou de cartas comuns. Mas muitas vezes, quando surge

um novo gênero textual não significa que outro tenha que desaparecer. Como

o caso das cartas, elas ainda resistem, mas foram substituídas em muitas

32

Page 33: Monografia - Produção Textual

situações da pratica social pelos e-mails. Existem outras classificações de

gêneros, tais como: carta, bilhete, receita, bula, horóscopo, lista de compras,

resenha, resumo, cardápio, romance, piada, conferência, bate-papo por

computador, outdoor, edital de concurso, entrevista, etc.

Marcuschi diz que os gêneros podem ser caracterizados conforme

a atividade sócio discursiva a que serve e que, quando dominados um gênero,

dominamos "uma forma de realizar lingüisticamente objetivos específicos em

situações particulares." (Marcuschi, 2002, p.29).

Por isso a importância do estudo de gêneros diversificados, pois

ficamos em contato com variadas formas de interação social, nas mais

diversas práticas cotidianas de comunicação.

Para Marcuschi (2002), usa-se a expressão tipo textual para textos

em que examinamos sua natureza lingüística, ou seja, o léxico, a sintaxe, os

tempos verbais, as relações lógicas, etc.

Os gêneros textuais e os tipos textuais são facilmente classificados.

Para Marcuschi, pode-se ter os tipos: narração, argumentação, exposição,

descrição e injução e a definição de gênero textual e de tipo textual

(Marcuschi, 2002).

Para Marcuschi, os tipos textuais se caracterizam da seguinte

forma:

Construção teórica definidas por propriedades lingüísticas

próprias.

Sequências lingüísticas ou de enunciados no interior de gêneros

e não são textos empíricos.

Nomeação limitada determinada por aspectos: léxicos,

sintáticos, relações lógicas, tempos verbais.

33

Page 34: Monografia - Produção Textual

Designações: descrição, narração, exposição, argumentação e

injunção.

Para Marcuschi, os gêneros textuais se caracterizam da

seguinte forma:

Realizações lingüística concretas definidas pela situações sócio-

comunicativas.

Textos empiricamente realizados cumprindo funções em

situações comunicativas.

Nomeação ilimitado, determinadas pelo: canal, estilo, conteúdo,

composição e função.

Para este autor, são exemplos de gêneros: carta, bilhete, receita,

bula de remédio, telefonema, sermão, resenha, resumo, cardápio, romance,

piada, conferência, bate-papo por computador, outdoor, edital de concurso,

reunião de condomínio, instruções de uso, lista de compras, horóscopo, etc.

Um gênero pode conter vários tipos de textuais. Por exemplo, uma

carta pessoal seria um gênero com função social de mandar informações de

uma pessoa distante para outra. Esse gênero poderá ter em seu conteúdo

vários tipos textuais, como descrição de uma cena, narração de um fato,

argumentação de um ponto de vista. Isso chamamos de heterogeneidade

tipológica, ou seja, apresentação de vários tipos textuais em um só gênero.

Tipologia textual diz respeito ao léxico, a sintaxe, aos

tempos verbais, às relações lógicas, etc. É classificada em: descrição,

narração, exposição, argumentação e injunção.

Normalmente, utilizamos o tipo descrição quando queremos que o

interlocutor consiga visualizar a coisa descrita por meios dos sentidos,

podendo ser objetivo, subjetiva, física, psicológica.

34

Page 35: Monografia - Produção Textual

O tipo narração é usada para narrar um fato ocorrido é utilizado em

vários gêneros textuais, como novelas, romances ,reportagens jornalísticas,

etc.

Há três tipos básicos de narradores : primeira pessoa (narrador

personagem) , terceira pessoa (narrador - observador , narrador - onisciente).

A exposição é adequada para definições em qual não há a opinião

do autor.

Já a argumentação é utilizada em muitas ocasiões cotidianas , tanto

na oralidade quanto na escrita. Com esse tipo textual, expõem-se e

defendem-se pontos de vista por meio de argumentos.

Finalmente, a injunção serve para dar ordens e fazer pedidos.

Normalmente, utilizam-se verbos no imperativo nesse tipo textual.

Pode-se ver os tipos textuais mais utilizados, conforme Werlich,

citado por Marcuschi (2002 , p.27):

Bases

Temáticas

Traços Lingüísticos

Descritiva Verbo estático no presente ou imperfeito, um

complemento e uma indicação circunstancial de lugar.

Narrativa

Verbo de mudança no passado,

um circunstancial de tempo e lugar.

Enunciado indicativo de ação.

35

Page 36: Monografia - Produção Textual

Traços Lingüísticos

Expositiva

Sujeito, predicado (no presente)

e um complemento com um

grupo nominal. Enunciado de

identificação de fênomenos

ou de ligação de fênomenos.

Argumentativa

Verbo ser no presente e um

complemento (adjetivo).

Enunciado de atribuição de quali-

dade.

Injuntiva verbo no imperativo, incitadores de ação.

Para Abreu (2004) e Barbosa (2002), há outros exemplos

relacionados a tipologia textual, tais como: descrição, narração, argumentação

e injunção.

Descrição: se utiliza essa tipologia para caracterizar algo ou alguém.

Isso é possível por meio do uso dos cinco sentidos (olfato, tato, audição,

paladares e visão) e de sensações psicológicas.

Primeiramente, quando se descreve, se deve fazer um

levantamento sensorial (Barbosa, 2002). Os sentidos são explorados em sua

totalidade pois assim se consegue transmitir para o intelector o máximo de

informações para que ela possa "criar" o objeto em questão.

36

Page 37: Monografia - Produção Textual

Pode-se fazer descrição objetiva (sem interferência de julgamento),

ou subjetiva (sobre o objeto). Também, se tem a descrição física (o que eu

vejo) e a psicologia (julgamento de valor sobre outro).

Um fator interessante na descrição é a determinação do ponto de

vista: de onde você esta analisando o objeto? Qual seu lugar na observação?

Por exemplo: você está ao lado do objeto? De frente para ele ? Isso é

importante para que o interlocutor tenha mais informações na reconstrução do

elemento em análise.

Narração: considerar a narração como de fatos ocorridas ou de

dramaturgia .

Para Abreu (2004), considera que a que a base da tipologia

narrativa dramática está no plots (unidade dramática que se compõe de uma

solução). O autor (2004), cita os seguintes plots: de amor, de sucesso,

Cinderela, triângulo, da volta, de vingança, da conversão, do sacrifício da

família. Além da formulação dos plots, se deve atentar para a fórmula de

Oswald de Andrade , citado por Barbosa (2002), em relação à notícias: o que,

quem, quando, como, onde, porque. Com essa "fórmula", é mais fácil

identificar a estrutura da narração e seus componentes.

Em quem narra um fato? Conforme a intenção do autor, ele

escolherá um tipo de narrador, que pode ser narrador-personagem(primeira

pessoa), narrador- observador (terceira pessoa) ou narrador-onisciente

(terceira pessoa).

Quando se tem um narrador-personagem, quem narra está inserido

na história, podendo ser uma personagem principal ou secundária. O

narrador-observador não interfere nos fatos narrados, pois só expõe o que vê.

Já o narrador-onisciente, apesar de não ser uma personagem, é um "sabedor

de tudo", ou seja, sabe até mesmo o que os personagens pensam. (Barbosa,

2002 p.71)

37

Page 38: Monografia - Produção Textual

Se você se interessar por essa tipologia textual, há vários outros

aspectos que devem ser levados em consideração, como a organização do

enredo, apresentação de personagens e tipo de discursos. Deve se recorrer a

uma bibliografia indicada para melhor estudo sobre narradores.

Exposição: o tipo expositiva caracteriza-se por identificar fênomenos

ou a ligação entre eles. É utilizado quando o autor quer expor, mas não

interfere com opiniões particulares. Apesar dessa característica, é quase

impossível não deixar transparecer pontos de vista em um texto que se

produz, pois a linguagem, é argumentativa. Diz-se, então, que nesse tipo há

incidência reduzida da individualidade.

Argumentação: estão presentes tema, problema, hipótese e tese.

Quanto ao tema e a delimitação (problema), no que se refere à temas

abrangentes, deve haver uma delimitação, ou seja, eleger um problema para

se descorrer. Após essa etapa, levantam-se as hipóteses e as possíveis

respostas ao problema inicial. Quanto antes é realizada esta etapa, tem-se a

tese a ser melhor defendida, base da qual se constrói a argumentação.

Para Abreu,

"[...] a construção prévia de um esquema, levando em conta

as partes de macroestrutura da argumentação e a execução

desse esquema, levará a um grau de coerência textual

bastante grande". (Abreu, 2004, p.49)

Injunção: a característica que distingue o tipo injunção dos outros é

seu "caracter normativo, impositivo de mandar ou pedir." (Abreu, 2004 p. 54)

Há muito gêneros textuais que trazem em si essa tipologia, como

oração, normas, leis e maneiras.

Para identificar o gênero, tem de se pensar, principalmente, seu

propósito pois, assim se terá menos chance de cometer equívoco na

38

Page 39: Monografia - Produção Textual

classificação. Para se identificar o tipo textual, se deve ver quais seqüências

predominam a narração, a descrição, a informação , a exposição e defesa de

idéias ou a injunção.

39

Page 40: Monografia - Produção Textual

2.4 PRÁTICA METODOLÓGICA PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, para que uma

proposta educacional tenha qualidade, é necessário que se ofereça um ensino

de qualidade para atender a demanda do sistema educacional. O PCN, do

Ensino Fundamental, cita:

“[...] propor uma prática educativa adequada às necessidades

sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade

brasileira, que considere os interesses e as motivações dos

alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a

formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos,

capazes de atuar com competência, dignidade e

responsabilidade na sociedade em que vivem”. (p.33)

Nesse sentido, o professor deve, no processo de ensino-

aprendizagem, explorar metodologias capazes de priorizar a construção de

estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do

conhecimento, do desenvolvimento do espírito crítico, favorecer a criatividade,

a compreensão dos limites e alcances lógicos para um ensino de qualidade.

Além disso, é necessário ter criatividade e dinâmica de ensino que favoreça

tanto o trabalho individual quanto o coletivo afim de estimular a autonomia do

sujeito, de desenvolver no aprendiz o sentimento de segurança às suas

próprias capacidades e ser capaz de agir de forma mais acertada sejam as

propostas apresentadas ao estudante. (p. 34-35)

A metodologia, sob a pedagogia tradicional, propõe a exposição oral

dos conteúdos de forma sequencial pré-determinada e fixa. Os exercícos

repetidos garantem a memorização, sendo o papel da escola transmitir

conteúdos de conhecimentos e valores sociais passados de geração à

geração numa postura conservadora. O professor é a autoridade máxima,

organizador das estratégias e dos conteúdos de ensino.

A metodologia, sob o enfoque da pedagogia renovada, é de

Page 41: Monografia - Produção Textual

valorização ao ser livre, ativo e social. O aluno é o centro da atividade escolar,

sendo o mais importante o processo de aprendizagem. A aprendizagem deve

partir do interesse do aluno, fundamentada em experiências. O professor é um

facilitador de conhecimentos e cabe a este, organizar e coordenar situações

de aprendizagem, adaptando às características individuais do aluno afim de

desenvolver-lhe capacidades e habilidades intelectuais.

A metodologia de ensino, sob a ótica tecnicista educacional, é uma

atividade mecânica, rígida e passível de ser totalmente programável. O

professor tem o papel de ser um técnico e/ou especialista em determinado

assunto.

Sob o ponto de vista da “pedagogia libertadora”, as atividades

devem pautar-se em temas sociais e políticos atuais afim de transformar a

realidade social e política. O professor é um coordenador das atividades e

atua conjuntamente com os aprendizes.

A metodologia, sob a ótica da pedagogia crítico-social dos

conteúdos, assegura a função do social e política da escola mediante

conhecimentos sistematizados no intuito de colocar as classes populares

consoante condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Para isto,

é necessário domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais

amplas para que os aprendizes possam interpretar suas experiências de vida

e defendê-las. (PCN: 1997, p.39-44)

Visto a tradição histórica educacional brasileira, de forma suscinta, o

educador deve voltar-se para os interesses do cotidiano dos alunos. Suas

realidades e a estrutura da comunidade onde vivem, devem aprarecer

destacadas no momento da produção textual, deixando-os mais à vontade no

ato da criação.

“Hoje já se sabe que aprender a escrever envolve dois

processos paralelos: compreender a natureza do sistema de

escrita da língua – os aspectos notacionais – e o

41

Page 42: Monografia - Produção Textual

funcionamento da linguagem que se usa para escrever – os

aspectos discursivos; que é possível produzir textos sem

saber grafá-los e é possível grafar sem saber produzir; que o

domínio da linguagem escrita se adquire muito mais pela

leitura do que pela própria escrita; (...) e a escrita não é o

espelho da fala”. (PCN: 1997, p.66)

Então, seguindo o PCN, para aprender a escrever é necessário ter

acesso à diversidade de textos escritos já que não se deve ensinar a escrever

somente por atividades centradas em práticas de decodificação de sons em

letras, escrever se aprende escrevendo. (p.66-67)

Para Ilari, a produção textual escolar, para ser satisfatória, deve

observar três exigências:

A importância da leitura de bons autores;

A observação prévia, pelo aluno, dos “fatos” que são assunto da

produção textual e,

Certeza de que o aluno esteja efetivamente motivado.

Ilari, também adverte que a escola não está cumprindo o seu papel

de desenvolver a habilidade da produção escrita pois, normalmente, as

metodologias para este ensino são inadequadas e estéreis, resultantes de um

preconceito, generalizado nas escolas, em favor da gramática e contra o

ensino da expressão, contribuindo desarte para que o preconceito se

mantenha neste ambiente já que o professor insiste na prática pedagógica de

assinalar o erro gramatical. Ele sugere que o trabalho do professor deve

consistir em orientar o aluno para a superação das dificuldades gramaticais e

se obter na criatividade intelectual da escrita do aprendiz.

Para isto, Ilari propõe alternativas para que se hava a possibilidade

de solucionar o impasse da correção gramatical nas produções textuais. As

teses que ele sugere são:

42

Page 43: Monografia - Produção Textual

1. objetivo específico da produção textual como exercício

escolar não é a correção gramatical.

Com essa orientação acredita desenvolver certa dignidade no

exercício proposto, evitando que seja um ajuste de contas sobre temas

gramaticais.

2. objetivo específico da aula de produção textual é a

aplicação da língua em seus aspectos textuais.

O autor sugere que o ensino de gramática seja feito ao longo de

duas linhas complementares: a observação sistemática de fatos gramaticais e

fixação de mecanismos.

3. a produção textual é um exercício de roteiros associados

a funções de texto.

Na comunicação efetiva, todo o texto faz parte de uma estratégia

global e é através de um grupo ou indivíduo que se visa a consecução de

determinados objetivos.

4. a produção textual é um exercício sobre registros

lingüísticos.

O texto representa uma particular forma de interação. Essa

interação se traduz na escolha de um registro, com marcas típicas em todos

os níveis estruturais de análise – fonética, sintaxe e disposição das orações.

Na prática, a necessidade de percorrer os vários registros leva a substituir a

produção, um exercício individual tipicamente escrito, por exercícios informais

de expressão oral ou mesmo estimular exercícios em que a participação é

coletiva.

5. exercício de produção textual é um exercício de controle

dos fatores de informatividade e redundância no texto.

A comunicação bem sucedida não é aquela que evita repetições e

sim, a que alcança um equilíbrio ideal entre informações novas ou repetições.

6. exercício de produção textual é um exercício de coesão

43

Page 44: Monografia - Produção Textual

interna do texto que se cria.

Para um texto não ficar repetitivo, o aluno necessita visar um

mínimo necessário dos mecanismos de elipse, do domínio das relações

lexicais (uso de antônimos e sinônimos) e o uso das conjunções, sobretudo da

coordenação.

O autor, ainda, diz que é possível criar em sala de aula situações

propícias para usos e registros diversificados. Neste sentido, deve ser

explorado ao máximo a disposição normal nas crianças para imitar, parodiar,

representar papéis, criar e verbalizar regras de jogos, formular hipóteses e

contestar a partir de fatos observados por elas. Também é possível, utilizar

em todos os níveis, exercícios de expressão escrita e falada em que se visam

os objetos de coesão textual e de controle de informatividade mas, o mais

importante, é o domínio de variedade de usos da língua. (ILARI, 1985)

As práticas metodológicas para a produção de texto são variadas:

Leitura de texto para posterior recriação do mesmo;

Interpretação cenográfica;

Interpretação ilustrativa;

Produção de textos coletivos;

Pesquisa de campo para posterior construção de texto;

Criação de paródias;

Descrição de objetos de interesse dos alunos;

Uso de filmes e posterior transformação em texto;

Troca de personagens para reestruturação de texto;

Jogos com abordagens voltadas a construção de diferentes textos;

Organização de mini-seminários de acordo com a faixa etária dos

alunos, podendo a conclusão ser transformada em texto coletivo;

Gincana textual;

Loca da leitura e da criação de textos;

Transformar um gênero textual em outro;

Produzir textos a partir de outros conhecidos;

Dar o começo, ou o meio, ou o fim para os alunos darem início,

44

Page 45: Monografia - Produção Textual

desenvolvimento ou conclusão à atividade proposta;

Planejar coletivamente o texto para que depois cada aluno escreva a

sua versão. (PCN, p. 67-77)

45

Page 46: Monografia - Produção Textual

3. PROFESSOR: O QUE SE ESPERA DESSE PROFISSIONAL

Em princípio, o professor deveria receber os alunos em sala de aula

universitária, do Curso de Letras, com conhecimentos específicos de Língua

Portuguesa, Literatura Brasileira e Portuguesa, Teoria da Literatura, Teoria da

Comunicação, Semiótica, Lingüística, Psicolingüística e Sociolingüística

juntamente com os saberes sobre Psicologia, Didática, Teoria da

Aprendizagem e do Ensino. Mas sabe-se que isto não acontece: já é um

problema de ensino desde o Curso do Magistério.

Para Murrie, há alguns professores que ainda pensam que o ensino

deveria de oferecer métodos, técnicas e recursos eficazes, “fórmulas

mágicas”, capazes de solucionar todos os problemas de sala de aula. Outros,

convictos de seus conhecimentos e experiências pessoais, rejeitam a prática

de ensino e, projetam o modelo pedagógico em antigos profissionais. Há,

também, os que acreditam na criatividade do aluno e na espontaneidade do

ensino. Cada aula é uma aventura. Não há conteúdos, não há objetivos, não

há direção. As conseqüências destas atitudes são bem conhecidas e

dispensam comentários.

Segundo Murrie, conhecer o cotidiano escolar, seus problemas,

possíveis soluções e, sobretudo em que condições o ensino de português se

realiza é etapa fundamental para o profissional do Curso de Letras. (MURRIE,

2001)

Para Caetano, com a globalização, faz-se necessário repensar um

fazer pedagógico no que se refere à educação, bem como, tomada de

consciência no que diz respeito do perfil e das características do profissional

de Letras. Para ela, os novos valores sociais dificultam a prática profissional

porque compromete, de certa forma, uma analogia contextual da educação já

que não há mais espaço para o professor que só dá aula para cumprir horário

Page 47: Monografia - Produção Textual

e que só quer status social.

Atualmente, o professor deve repensar o fazer pedagógico e ir

sempre em busca de novos conhecimentos, inovando e criando.

Para se ter um bom perfil profissional, o professor deve crer na

própria capacidade, incentivar a reflexão e a consciência, a prática de ensino

deve ser intermultidisciplinar, deve se incentivar o aluno e promover o ensino

facilitando-o, respeitando o aprendiz e aceitando-o pelas suas diferenças,

deve ser tolerante, compreensível com os alunos sem ser permissivo, bem

como, buscar ser alguém melhor. Neste intuito, as características de um bom

profissional de Letras é aquele que possui personalidade, tem conhecimento

sobre o assunto, possui jeito para ensinar, desenvolve o senso de humor e

possui liderança. (CAETANO, 2001)

Para o profissional de ensino de Letras, seja da língua materna ou

estrangeira, espera-se que este ensine a Língua perante o desenvolvimento

da fala e da escuta como meio de comunicação demonstrando ao aluno a

importância desta aprendizagem, por que aprendê-la e para que esta serve.

Deve ficar claro nas abordagens de sala de aula que toda a linguagem de

pensamento alguém já disse anteriormente, mas o significado, o sentido que

cada indivíduo dá a este sistema é diferente, por exemplo, atos de fala, a

intensão do falante, tipos de fala, entonação, pontuação, etc. (FLORES E

ROLLA, 2001)

Para Flores (2000), o professor tem que demonstrar que gosta de

leitura se quer que seus alunos também leiam e que a leitura tem que ser

incentivada desde a pré-escola.

Acrescenta, ainda, que o papel do professor, enquanto profissional

envolvido com os processos de ensino e de aprendizagem, é o de

(r)estabelecer o diálogo por escrito, lutando contra os clichês de que os alunos

não escrevem coisa com coisa e que estes tem medo da folha em branco

47

Page 48: Monografia - Produção Textual

quando lhes entregue para fazer uma produção textual. No que tange à

produção de textos, o docente, ao ensinar este estudo aos seus aprendizes,

não pode tratar a escrita como uma técnica, assim como, também, não pode

ignorar as convenções da escrita. Ela propõe que alunos e professores

encontrem na atividade de escrita/reescrita um espaço de interlocução, de

respeito à opinião do outro, de discussão e apreciação de formas de

expressão lingüística e de ponto de vista diversos. Observa que o educador

deve aceitar o ritmo de trabalho dos alunos, além de desenvolver aos poucos

sua capacidade de tolerância à tarefa.

Após o aluno ter escrito o texto, o professor deve lê-lo e respeitar as

idéias produzidas, ajudando o aprendiz a interagir com a linguagem. O

professor não deve só corrigir os erros, mas perguntar o que o aluno quiz

dizer com o que escreveu, quais foram as suas intenções ao colocar o que

pôs no papel. Deve-se refletir junto ao aluno sobre a escrita e isto é uma

tarefa intransferível que cabe só ao professor. (FLORES: 2001)

48

Page 49: Monografia - Produção Textual

3.1 A CRISE DE IDENTIDADE DO PROFESSOR

A trajetória da crise de identidade do professor vem de muitos

tempos e cada período histórico propõe um pensamento educacional.

Para Luckesi, a pedagogia dos jesuítas – “A Ratio Studiom” –

exerceu grande influência em quase todo o mundo, inclusive no Brasil. A

educação dos jesuítas se destinava à formação das elites burguesas para

prepará-las para exercer a hegemonia cultural e política e, desta forma, se

descuidaram completamente da educação popular. (LUCKESI: 2005)

Após a Revolução Francesa, o modelo escolar proposto foi a

alfabetização. Nesse período, ler era uma aprendizagem distinta e anterior a

escrever que compreendia alguns anos de instrução através do ensino

individualizado.

No início do século XX, acreditava-se que para ensinar o aluno a

aprender a ler e a escrever (alfabetizar-se), o professor deveria treinar certas

habilidades. Não se tinha uma teoria lingüística ou psicológica que justificasse

qual o melhor método ou o mais apropriado para a seqüência de

aprendizagem. Por isso, nesse período, o uso de cartilhas prontas sem

questionamentos. O professor não precisava, necessariamente, preparar seus

questionamentos, já que eles vinham prontos, com respostas, no livro do

professor.

Na década de 60, o estudo da Língua Portuguesa, estava voltada

para os aspectos perceptuais e motores da aprendizagem e a prontidão (não

à escrita enquanto objeto lingüístico ou sistema específico) e a gramática

pura. Tentou-se compreender o que havia de errado com as crianças que não

aprendiam. Como foi investido muito dinheiro em programas escolares e não

Page 50: Monografia - Produção Textual

se obteve respostas positivas para tal questão, o aluno foi a razão de seu

próprio fracasso.

Nos anos 70, influenciados pela visão funcionalista da Educação,

Psicologia Comportamental e pela Tecnologia Educacional, as ênfases foram

dadas aos melhores métodos de treinamento e técnicas educacionais. O bom

professor era o que melhor exercia as tarefas técnicas (avaliação com provas

objetivas: prova de marcar “cruzinha” ou “x”, “F” para falso ou “V” para

verdadeiro ou, numere a primeira coluna de acordo com a segunda).

Na década de 80, com o final da Ditadura, o questionamento

profissional do magistério emergiu de uma forma mais avantajada: o professor

deveria refletir a sua ação e tornar-se um pesquisador no contexto prático.

Quanto à Língua Portuguesa, se questionou as práticas sociais de leitura e

escrita e os conhecimentos lingüísticos das crianças. Junto a isto, teve-se a

questão da progressão continuada (não reprovação) do aluno.

Nos anos 90, temos os efeitos da “crise de paradigmas” da

Educação. O bom professor era aquele que conciliava teoria, prática

pedagógica, pesquisa e investigação. Quanto ao ensino, defendeu-se que a

mesma ocorre pelo convívio o aluno com o material escrito que circula na

sociedade, em diferentes gêneros e diferentes portadores. Enfatizou-se a

importância das bibliotecas, acesso aos livros, jornais e revistas a fim de que o

aluno participasse seu aprendizado em práticas reais. (Apostila: 2004, p.19-

43)

Atualmente, acredita-se que, no ensino de Língua Portuguesa, o

indivíduo precisa aprender a refletir sobre a escrita, além de compreender o

funcionamento lingüístico.

Diante de tais fatos históricos, não se tem como o professor não

entrar em crise de identidade: uma hora ele foi mero transmissor de

conhecimentos outra, não podia pensar e muito menos falar e agora, é

cobrança sobre cobrança, atualizações, cursos, falta de valorização do

profissional de ensino (plano de carreira e piso salarial justo e decente).

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Page 51: Monografia - Produção Textual

Hoje, se sofre com o dilema: conhecimento e informatização. Há

necessidade de se saber diferenciar a questão do conhecimento e da

informação na nossa sociedade que chega por diferentes instrumentos: mídia,

informática, relações interpessoais, grupos associativos e uma série de outras

informações, por vezes, fragmentadas, necessitando de um trabalho reflexivo.

Esse trabalho reflexivo do professor deve assumir como caráter formativo do

processo escolar.

A sociedade atual não comporta mais índices de analfabetismo e

repetências escolares e neste sentido, o professor deve se alicerçar em

estudar, se atualizar, pesquisar, fazer novas leituras, questionar, conversar

com seus colegas, buscar leis que lhe amparem e lançar desafios à

preparação das novas gerações a partir de competências e de saberes que se

deve estar atento e incorporar em nossas práticas educativas.

Muito do aprendizado vem diretamente da experiência, na tentativa

diária de enfrentar novas situações que se apresentam ou da motivação de

novos horizontes e/ou desejo de substituição de paradigmas (modelo padrão)

que já não servem mais. (DA LUZ: 2008)

Não se pode ficar de braços cruzados ou só reclamando e tudo e de

todos. O educador do futuro deve buscar constante atualização através da

educação continuada, onde se pode experienciar novos modelos. O professor

não pode se sentir “formado”, mas sim, sempre em formação.

O diálogo e as reflexões abrem possibilidades na construção de um

planejamento participativo, caminhando em direção a uma investigação e

ação educacional. Com isto, as mudanças correntes da prática educacional

contribuem para uma melhora no processo como um todo.

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Page 52: Monografia - Produção Textual

4. CONCLUSÃO

O primeiro contato que a criança tem com a leitura é através da

audição: alguém lê a história para ela. Neste sentido o papel de quem conta a

história é muito importante porque o objetivo de se formar um leitor, é que seu

enunciador provoque no ouvinte divertimento, riso, choro, imaginação, etc.

Cabe ao educador agilizar o processo de fazer o aluno a gostar de

ler, mas é dos pais, o papel de manter viva a tradição familiar de contar

histórias. O primeiro grupo social de um indivíduo é a família. É esta, pois,

que deve auxiliar a criança na leitura de seu mundo e incentivá-la a ler e reler

o seu contexto sócio cultural. A leitura em família é um elo entre seus

membros e este contato alimenta conhecimento, troca de idéias, diálogo,

afeto, contato com livros, jornais, revistas, etc, bem como, transmite valores

emocionais, psicológicos, físicos, cognitivos e lingüísticos.

Para que a criança tenha gosto pela leitura se faz necessário, além

de bons materiais de leitura e próprios para a sua idade, o incentivo familiar e

que estes também tenham o hábito da leitura. Desta forma, a criança não

perde o hábito da leitura.

O que se vê, atualmente, é a criança não ter um hábito de leitura

freqüente: ou os pais não lêem, ou não se tem acesso à materiais de leitura,

ou se torna difícil ou esporádico ter acesso a tais materiais. Também há certa

falta de informação onde encontrar e/ou buscar estes materiais de forma

gratuita (bibliotecas públicas, escolas públicas, órgãos públicos), bem como, o

comodismo familiar.

E, fica novamente, mais um papel para a escola: o de incentivar, criar

espaços e oportunidades, o de centrar nas práticas escolares da leitura e da

escrita.

Page 53: Monografia - Produção Textual

Neste intuito, a escola tem uma diversidade de trabalho literário,

incluindo, a importância de se trabalhar com gêneros literários como, por

exemplos, fábulas e contos maravilhosos. As fábulas têm narrativas curtas, se

apresentam com início, meio e fim (introdução, desenvolvimento e conclusão),

as personagens são simples e a linguagem é clara. As fábulas, ainda,

desenvolvem a imaginação e têm um conteúdo adequado aos bons princípios

morais e éticos.

Assim, têm-se, também, os contos de fadas que trabalham os traços

psicológicos, as representações sociais, as motivações e expectativas do

universo infantil, onde tudo é maravilhoso, é mágico, mesmo que seja só no

instante de ouvir o conto já que este apresenta soluções imediatas para

qualquer problema e sociedade.

Na escola, a avaliação literária deve ser dada como uma construção

conjunta entre um professor mediador, a criança, o grupo escolar, os saberes

e não saberes, ou seja, o professor como agente criativo avalia e aceita a

leitura de mundo do universo infantil, avalia a interação do sujeito no processo

do aprendizado e do conhecimento que este produz e/ou transmite.

Sabe-se que mesmo priorizando bons materiais para leitura, há ainda

uma realidade que afasta os cidadãos do mundo da literatura: a realidade

virtual (televisão, vídeo game, internet, chat’s e outros). A própria família

alimenta este hábito: talvez, seja mais cômodo e prático e menos oneroso aos

indivíduos fazer parte deste cotidiano, que na maior parte de seus conteúdos,

são lixos.

Não é só questão econômica que impetra o mundo literário, é muito

mais, a pobreza cultural das pessoas.

Monteiro Lobato, um idealista, acreditava no desenvolvimento do

Brasil e na diminuição dos contrastes sociais. O que se vê, atualmente, é um

País em desenvolvimento mas, ainda, com muitos contrastes sociais. Tal

contraste só se desacelera com o conhecimento, conhecimento este que só

53

Page 54: Monografia - Produção Textual

se é encontrado em boas obras literárias, jornais, revistas, anais, artigos, etc.

É de suma importância a escola trabalhar esta questão junto aos seus alunos,

pais, sociedade e demais autoridades governamentais para que se favoreçam

as práticas escolares e educacionais.

No que tange à aprendizagem das competências lingüísticas básicas

(falar, ouvir, ler e escrever), estas são feitas com base no texto. A

aprendizagem da linguagem oral e escrita é um elemento importante para

ampliar as possibilidades de inserção e participação dos indivíduos nas

práticas sociais, na construção de conhecimentos e no desenvolvimento do

pensamento.

No ensino fundamental, espera-se que o aluno amplie

gradativamente o domínio do discurso nas diversas esferas da comunicação,

de modo a possibilitá-lo efetivamente no mundo da escrita.

Mas o que se vê, atualmente, é a dificuldade dos estudantes em

produzir um texto. Leitura e escrita são processos intrínsecos e devem ser

desenvolvidos desde cedo nos bancos escolares. O saber ler é uma atividade

que ultrapassa a decodificação, atribuindo sentidos ao que foi decodificado,

através de um discurso, seja oral ou escrito. Saber escrever é produzir texto,

de forma clara e com proficiência lingüística em que o locutor transcreva o

seu conhecimento interno/externo de forma que o ouvinte entenda e

compreenda o que foi escrito, estabelecendo-se, assim, uma interação verbal

entre os sujeitos.

A segunda manifestação mais utilizada como recurso expressivo da

linguagem é a escrita. A escrita é um modo mais elaborado da expressão

lingüística. A escrita se caracteriza por ser um registro mais durável e mais

demorado de elaboração; é formal, sistemática e atende a algumas

convenções lingüísticas.

54

Page 55: Monografia - Produção Textual

Ela deve ser analisada, interpretada, saber se utilizar de seus

recursos expressivos da linguagem, usar suas funções, organizá-la de modo

que seu leitor possa entendê-la.

Aqui, para se ter um certo domínio, o ideal é que se possa verificar as

várias manifestações da linguagem e os recursos expressivos: estudo dos

gêneros e tipologia textual. Este tipo de estudo não é um procedimento único

e global, mas que é a melhor aplicável para o ensino.

A tipologia textual é um estudo que designa a construção teórica

definida pela natureza lingüística de sua composição, isto é, aspectos lexicais,

sintáticos, tempos verbais, relações lógicas e outras, sendo que ela possui

características e seqüências lingüísticas norteadoras.

O gênero textual é o texto materializado, representando

característica sócio-comunicativa definido por seu conteúdo, estilo e

composição próprio e propriedade funcional.

Vários são os tipos de textos e de gêneros.

Os tipos de textos: narrativo, descritivo e dissertativo.

Texto Narrativo: conta sobre algum fato ocorrido, tem o objetivo de

informar algo a alguém. Neste tipo de texto encontramos a predominância

dos gêneros: romance, novela, conto, crônica, fábula, parábola, apólogo,

anedota e lenda.

Texto Descritivo: se utiliza quando se quer transmitir a característica

de como é um lugar, uma pessoa, uma imagem ou um objeto. A descrição é

objetiva quando o lugar, a pessoa, a imagem ou o objeto é descrito como ele

realmente é; é subjetivo quando estes são transformados pelo emocional do

autor. Neste tipo de texto predominam os gêneros de: instruções de

montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso,

instruções em geral.

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Page 56: Monografia - Produção Textual

Texto Dissertativo: é um texto com um processo lingüístico mais

elaborado que requer capacidade argumentativa, obtenção de informações

e/ou experiências através da leitura ou do cotidiano. Neste tipo de texto

podem-se encontrar os seguintes gêneros: debate regrado, discurso de

defesa, discurso de acusação, transmissão e construção de saberes

(seminário, conferência, artigo, verbete de enciclopédia, entrevista de

especialista, tomada de notas, resumo de texto, relatório científico ou relato

de experiência científica).

Normalmente, ele se subdivide em introdução, desenvolvimento e

conclusão. A introdução deve conter o tema a ser tratado e o que será

delimitado, além da clareza de seus objetivos e funções. O desenvolvimento é

a avaliação, é a argumentação, é a exposição de idéias sobre tema e de seus

limites desdobrados por partes e gradualmente. A conclusão é a síntese do

que foi exposto e pode propor ações sobre o que foi discutido.

Os gêneros textuais mais comuns são: cultura ficcional (conto

maravilhoso, fábula, lenda, narrativa de aventura, ficção científica e de

enigma, novela fantástica e conto) documentação e memorização de ações

humanas (relato de experiência vivida, relato de viagem, testemunho,

currículo, notícia, reportagem, crônica esportiva, ensaio biográfico); discussão

de problemas sociais (texto de opinião, diálogo argumentativo, carta do leitor,

carta de reclamação, deliberação informal, debate regrado, discurso de

defesa, discurso de acusação); transmissão e construção de saberes

(seminário, conferência, artigo, verbete de enciclopédia, entrevista de

especialista, tomada de notas, resumo de texto, relatório científico ou relato

de experiência científica); instruções e prescrições (instruções de montagem,

receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, instruções em geral).

O ensino da produção textual deve ser consolidado como uma

necessidade e prática entre as disciplinas, pois não cabe somente ao

professor de língua portuguesa orientar a atividade da escrita uma vez que

esta é uma das formas de comunicação entre elas. Educadores e membros

da instituição da escola devem fazer parte do projeto político-pedagógico e

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Page 57: Monografia - Produção Textual

ser claro em que horizonte se pretende chegar com seus alunos, com a

comunicação e com a sociedade.

Na escola, a avaliação da produção textual deve ser dada como uma

construção conjunta entre um professor mediador, a criança, o grupo escolar,

os saberes e não saberes, ou seja, o professor como agente criativo avalia e

aceita a leitura de mundo do universo infantil, avalia a interação do sujeito no

processo do aprendizado e do conhecimento que este produz e/ou transmite.

O professor mediador pode trazer para a sala de aula vários materiais

para a abordagem oral e escrita no intuito de construir experiências e

saberes, fortificando sua metodologia de trabalho.

Vários são os exemplos para a metodologia para a produção de

textos no ensino fundamental, entre elas: leitura de texto para posterior

recriação do mesmo; interpretação dramática, interpretação ilustrativa; textos

coletivos; pesquisa de campo para posterior construção de textos; criação de

paródias; descrição de objetos de interesse dos alunos; descrição dos

colegas ou de alguém que se goste; uso de filmes e posterior criação textual;

troca de personagens para reestruturação de textos; jogos com abordagens

voltadas a construção de diferentes tipos de textos; grupos de projetos

interdisciplinares envolvendo textos; organização de seminários de acordo

com a faixa etária dos alunos, sendo as conclusões transformadas em texto

coletivamente; gincana textual; canto da leitura e produção de textos, etc.

Neste contexto o papel do professor é de suma importância na hora

de se escolher um texto. O texto deve estar de acordo com o universo do

sujeito e que seu conteúdo seja vivo e de interesse do grupo instigando-os ao

interesse pela leitura e pela produção de textos, despertando-os pela

curiosidade e crítica.

A produção de textos, aliada ao hábito pela leitura e à metodologias

eficientes para o ensino, devem trabalhar com a diversidade de textos e de

combinações entre eles a fim de tornar esta prática social em aprendizagem.

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Page 58: Monografia - Produção Textual

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