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ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Profº. Eduardo Linhares Qualharini RIO DE JANEIRO Fevereiro de 2018

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ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO

TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS

Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Profº. Eduardo Linhares Qualharini

RIO DE JANEIRO

Fevereiro de 2018

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ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO

TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS

Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

______________________________________________

Prof. Eduardo Linhares Qualharini (orientador).

______________________________________________

Prof. Elaine Garrido Vazquez. D. Sc

______________________________________________

Prof. Osvaldo Ribeiro da Cruz Filho. D. Sc.

RIO DE JANEIRO

Fevereiro de 2018

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Munhoz, Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso

Análise qualitativa de riscos associados à segurança no trabalho

em obras com estruturas provisórias / Paulo Antonio Maldonado

Silveira Alonso Munhoz

– Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2018.

XII, 64 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências bibliográficas: p. 61-63.

1. Introdução 2. Estruturas Provisórias e Segurança no Trabalho 3. Gerenciamento de Riscos 4. Exemplo de Aplicação 5. Considerações Finais

I. Eduardo Linhares Qualharini. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Engenheiro Civil.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Eduardo Linhares Qualharini pelas instruções e

ensinamentos dados durante toda a graduação e a todos os professores do curso de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro que contribuíram para

minha formação profissional.

Agradeço a minha família, em especial meus pais e irmãos, que deram base para

todo o meu desenvolvimento pessoal, acadêmico e me incentivaram em todas as etapas

da minha vida.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO

TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS

Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz

Fevereiro/2018

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Curso: Engenharia Civil

Esta pesquisa tem como objetivo analisar os riscos à segurança humana

associados aos envolvidos diretamente em obras civis, que se utilizam de estruturas

tubulares provisórias. O gerenciamento de riscos visa obter um maior entendimento

sobre os processos para conquistar melhorias na execução dos serviços e, no caso do

estudo, resguardar a segurança dos trabalhadores envolvidos neste tipo de

empreendimento. A pesquisa visa analisar as possíveis causas de riscos e acidentes que

afetem diretamente a integridade física dos trabalhadores e, com os processos de

gerenciamento de riscos, estabelecer estratégias de ação. Para isso, conta-se com um

exemplo de aplicação real das boas práticas de gerenciamento de riscos que resulta em

resultados em termos de selecionar os riscos mais temerários ao projeto e estabelecer

condutas baseadas nas normativas para mitigá-los ou preveni-los.

Palavras-chave: Riscos, Estruturas provisórias, Segurança.

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Abstract of Monograph present to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements

for degree of Civil Engineer.

RISK QUALITATIVE ANALISYS ASSOCIATED WITH SAFETY IN WORK IN CONSTRUCTIONS WITH PROVISIONAL STRUCTURES

Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz

February/2018

Advisor: Eduardo Linhares Qualharini

Course: Civil Engineering

This research analyzes the risks associated with those directly involved in civil

works, which use tubular structures. Risk management aims to obtain a better

understanding of the processes to achieve improvements in the execution of services

and, in the case of the study, to safeguard the safety of workers involved in this type of

enterprise. This paper aims to evaluate the practices used in the case study comparing

best practices with the light of the literature, to point out improvements and to obtain

gains to the companies and employees. An example of the actual application of good

risk management practices results in results in terms of selecting the most risky risks to

the project and establishing policy-based behavior to mitigate or prevent them.

Keywords: Risks, Provisional Structures, Safety.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ................................................................................................ 3

1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................3

1.4 METODOLOGIA ...................................................................................... 4

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 4

2. ESTRUTURAS PROVISÓRIAS E SEGURANÇA NO TRABALHO.............. 6

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................ 6

2.2 SISTEMAS DE ESTRUTURAS TUBULARES ......................................... 8

2.2.1 ESTRUTURA TUBULAR CONVENCIONAL..........................................8

2.2.2 ESTRUTURAS COM PEÇAS SOLDADAS.............................................14

2.2.3 ESTRUTURA CONCOPO.........................................................................16

2.2.4 ESTRUTURA COM SISTEMA MULTIDIRECIONAL...........................17

2.3 ARMAZENAGEM E TRANSPORTE ...................................................... 19

2.4 MONTAGEM E MÃO-DE-OBRA...........................................................21

2.5 NORMAS RELATIVAS À SEGURANÇA NO TRABALHO .................. 22

2.5.1 NR-18: CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO.................................................................................23

2.5.2 NORMA TÉCNICA PETROBRAS - MONTAGEM E DESMONTAGEM

DE ANDAIMES..............................................................................................................24

2.5.3 NBR 6494: SEGURANÇA NOS ANDAIMES..........................................26

2.5.4 NR-35: TRABALHO EM ALTURA.........................................................28

2.5.5 NR-6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI..............30

3. GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................ 34

3.1 DEFINIÇÃO DE RISCOS... .................................................................... 34

3.2 PROCESSOS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS.......................... 34

3.3 PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS ...................... 35

3.4 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ............................................................ 36

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3.5 ANÁLISE QUALITATIVA ..................................................................... 38

3.6 ANÁLISE QUANTITATIVA .................................................................. 41

3.7 RESPOSTAS AOS RISCOS .................................................................... 43

3.8 CONTROLE E MONITORAMENTO ...................................................... 44

4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO.. .................................................................... 47

4.1 EVENTO, EMPRESA E CONTEXTO… ................................................. 47

4.2 RISCOS ENVOLVIDOS E PLANEJAMENTO.............................................52

4.3 CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS.......................................................58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................60

5.1 COMENTÁRIOS ..................................................................................... 60

5.2 SUGESTÕES ........................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 61

INDICAÇÕES ELETRÔNICAS ............................................................................ 62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação de andaime simplesmente apoiado ........................................ 7

Figura 2 – Andaime fachadeiro ....................................................................................... 7

Figura 3 – Modelos de utilização das braçadeiras ............................................................ 8

Figura 4 – Tipos de braçadeiras...................................................................................... 9

Figura 5 – Informações técnicas tubos e braçadeiras ....................................................... 9

Figura 6 – Chave de catraca............................................................................................10

Figura 7 – Andaime com as nomenclaturas.................................................................... 13

Figura 8 – Escada com guarda-corpo ............................................................................. 13

Figura 9 – Quadros modulares ....................................................................................... 14

Figura 10 – Encaixe concopo ......................................................................................... 16

Figura 11 – Sequência de montagem concopo ............................................................... 17

Figura 12 – Andaime multidirecional e roseta ............................................................... 18

Figura 13 – Garras encaixadas em roseta ....................................................................... 18

Figura 14 – Reações nas ligações garra e roseta ............................................................ 19

Figura 15 – Cinto de segurança e talabarte..................................................................... 31

Figura 16 – Linha de vida em andaimes multidirecionais...............................................32

Figura 17 – Planejar o gerenciamento dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas ........................................................................................................................................ 36

Figura 18 – Riscos durante o projeto .............................................................................. 37

Figura 19 – Realizar a análise qualitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. ........................................................................................................................................ 39

Figura 20 – Escalas para análise qualitativa dos riscos .................................................. 39

Figura 21 – Matriz de probabilidade e impacto .............................................................. 40

Figura 22 – Realizar a análise quantitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e

saídas...............................................................................................................................41

Figura 23 – Elementos de uma árvore de decisão...........................................................42

Figura 24 – Controlar os riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas....................45

Figura 25 – Processos de Monitoramento ..................................................................... 45

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Figura 26 – Homens trabalhando no andaime ............................................................... 49

Figura 27 – Etapa final da construção da primeira torre ............................................... 49

Figura 28 – Torres na lateral esquerda do palco principal ............................................ 50

Figura 29 – Detalhe de pisos, escada e estrutura multidirecional .................................. 50

Figura 30 – Torre com propaganda colocada ................................................................ 51

Figura 31 – Torre com painel de LED ........................................................................... 51

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Equipamentos e funções...............................................................................11

Quadro 2 – Equipamentos andaimes modulares .............................................................15

Quadro 3 – Rendimento de Montagem por homem hora...............................................22

Quadro 4 – Riscos envolvidos.........................................................................................53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Escala de riscos ............................................................................................ 54

Tabela 2 – Matriz probabilidade x impacto ................................................................... 55

GLOSSÁRIO

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR – Norma Brasileira

NR – Norma Regulamentadora

PMI – Project Management Institute

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As estruturas de andaimes são utilizadas pelos homens há mais de cinco milênios. Na

cidade de Tebas, no Egito, foram encontradas pinturas em um túmulo que remetem a utilizam

de andaimes para facilitar a construção de obeliscos. Segundo o historiador Herótodo, a

primeira pirâmide foi construída em degraus, como uma escada. As pedras que foram

utilizadas na construção das pirâmides foram levantadas por meio de um pequeno andaime de

madeira. Desta forma, elas foram erguidas da terra para o primeiro “degrau da escada”; lá elas

foram colocadas em outro andaime, com o qual foram levantadas para o segundo degrau, e

assim por diante. O acabamento foi iniciado na direção inversa, do topo até o nível mais

baixo.

Enquanto isso, em torno de 200 a.C, foi realizada a obra da muralha da China e os

trabalhadores se utilizaram de andaimes de bambu para alcançar locais de difícil acesso. O

bambu é um material leve, porém, suficientemente forte para suportar o peso dos

trabalhadores e dos seus equipamentos. Devido seu peso e durabilidade, os trabalhadores

conseguiam realizar a montagem dos andaimes sem necessidade de nenhum maquinário o que

conferia maior grau de autonomia aos serviços. Apesar de os andaimes de metal serem

comuns atualmente no país, os andaimes de bambu ainda são amplamente utilizados em

algumas regiões. (CREA-SC, 2017)

No século XX, os andaimes sofreram mudanças nos materiais utilizados pois, viu-se no

aço uma melhor solução para as estruturas. No ano de 1906, os irmãos Daniel Palmer-Jones e

David Henry-Jones criaram uma empresa especializada na fabricação de andaimes. Em 1919,

eles introduziram o scaffixer – um conjunto de fixações que servia para segurar pedaços de

madeira ou de metal, de uma maneira mais segura do que as tradicionais fixações com corda.

Após alguns serviços prestados eles receberam a oportunidade de trabalhar na reconstrução do

Palácio de Buckingham em 1913, o que garantiu a consolidação do sucesso de sua invenção.

Na Europa, algumas empresas continuaram com sucesso a história das estruturas tubulares

em aço como, por exemplo, a Echafaudages Tubulaires Mills. Em 1939, os engenheiros

Théodore Coppel e Jacques Coulon criaram em sociedade a empresa que viria a ser referência

mundial na área. Em 1946, a empresa participou na reconstrução do pós-guerra utilizando

somente seus tubos e braçadeiras. No ano de 1958, a empresa realizou uma obra que utilizou

duzentos e oitenta quilômetros de estrutura tubular para escorar o cofre do Congresso

Nacional de Informação Turística (CNIT) e, se posicionou como uma das maiores empresas

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do mercado. Alguns anos depois, em 1961, os engenheiros fundadores da empresa uniram

esforços para elaborar e publicar o livro “Echafaudages Tubulaires” que, até os dias de hoje, é

referência para os cálculos de andaimes e escoramentos. Com o passar dos anos e a grandeza

da empresa na França, majoritariamente as grandes obras públicas de engenharia civil,

contavam com o apoio das estruturas da Mills e, em 1968, as obras para a Olimpíada de

Inverno de Grenoble tiveram suas instalações esportivas construídas com a participação da

empresa. Nos anos subsequentes, a empresa realizou algumas obras de destaque e expandiu

suas atuações para outros países como Brasil e Japão. (MILLS, 2015)

Com o passar dos anos as soluções criadas pelos irmãos Jones chegaram ao Brasil por

meio do estabelecimento de grandes empresas. Dentre elas, destaca-se a Mills, que tem

grande força no território brasileiro desde 1952 quando, o romeno José Nacht, começa a

importar os equipamentos tubulares da Echafaudages Tubulaires Mills na França. Antes do

surgimento desta empresa as obras se utilizavam de andaimes em madeira, o que resultava em

desmatamento e falta de segurança para os trabalhadores envolvidos. Pelo fato de ser a

primeira empresa a utilizar no Brasil as estruturas tubulares de aço, a Mills conseguiu no ano

de sua inauguração fechar contrato para realizar a obra da cúpula da Igreja da Sé em São

Paulo. Ainda na década 1950, algumas obras de destaque foram realizadas pela empresa como

a construção da Avenida Perimetral e o reparo do relógio da Central do Brasil, ambas no Rio

de Janeiro, e as obras de infraestrutura da cidade de Brasília. Nos anos 60, a empresa

conseguiu ganhar ainda mais força no mercado da construção civil brasileira e realizou obras

em todo território nacional como a reconstrução dos Arcos da Lapa, obra do Maracanãzinho,

Barragem de Jupiá e da Ponte Fronteira Santa Catarina. Ao final desta década, Cristian Nacht,

filho do fundador, passa a atuar na equipe de administração da empresa e exerce função de

liderança como Presidente do Conselho de Administração até os dias de hoje. Com o passar

dos anos a empresa foi escrevendo sua história com obras de suma importância para os

cidadãos como a construção da Ponte Rio-Niterói, Usina de Itaipú e Rodoanel Metropolitano

de São Paulo e, também, de grandes eventos como a construção do palco do Rock in Rio II.

Ao longo das décadas foram surgindo outras empresas no mesmo ramo que merecem

destaque pelas obras de qualidade, inovação tecnológica e melhorias na infraestrutura das

cidades como a Rohr S.A. Estruturas Tubulares, a Estub Estruturas Tubulares do Brasil S.A. e

a Servicon Hunnebeck (SH). (MILLS, 2015)

Por outro lado, é sabido que as obras com estes materiais representam, atualmente, parcela

significativa dos acidentes na construção civil (HEMBECKER, 2008). As obras que se

utilizam desses equipamentos podem apresentar durações muito curtas devido à necessidade

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de, por exemplo, um palco ou torre para um evento com data marcada. A necessidade de

trabalhar rápido para entregar a obra na data estabelecida pode influenciar na atenção e

organização dos trabalhadores e, com isso, acidentes podem acontecer. Além disso, quase

majoritariamente as obras são realizadas em alturas elevadas, com riscos elevados, devendo-

se sempre estar utilizando todos os equipamentos de segurança estabelecidos por norma para

realização dos trabalhos. A queda de nível e de objetos podem causar sequelas aos operários

que, dependendo da gravidade podem levar à morte e a responsabilidade para evitar tais

acidentes é atribuída aos operários, aos engenheiros responsáveis por gerenciar a obra e à

empresa como instituição. Portanto, os problemas relacionados à segurança física dos

funcionários em obra são inúmeros e suas causas podem ser das mais variadas devendo a

empresa estabelecer meios de minimizar as intercorrências durante o período do projeto.

Atualmente, a segurança e gestão de riscos em projetos são temas muito discutidos e

tratados pelas equipes de gerenciamento de obras civis das empresas pelo fato de, segundo

Gherardi et al. (1998), todos os planos, projetos e ideias humanas envolverem riscos e

segurança. As literaturas de gestão de risco associada à segurança dos trabalhadores envolvem

uma carga alta de planejamento e antecipação das empresas para evitar acidente e isso já é

bastante realizado, majoritariamente em empresas de grande porte, por apresentarem maior

maturidade em gestão de projetos. Porém, em tempos com grande competitividade no

mercado de construção e vastas legislações associadas à segurança todas as empresas devem

procurar se alinhar e se antever aos problemas para conseguir estabelecer seu espaço entre as

concorrentes.

1.2 OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo pontuar os riscos associados à segurança do

trabalhador em obras civis com estruturas tubulares provisórias utilizando as metodologias e

boas práticas de gestão e gerenciamento de riscos.

1.3 JUSTIFICATIVA

O estudo dos riscos em relação à segurança dos trabalhadores é de grande valia para a

integridade física dos funcionários e consequente sucesso dos empreendimentos. A análise

mostra-se essencial para as empresas e funcionários que lidam diretamente com estas

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estruturas e, que serão beneficiados através da utilização destas boas práticas em obras

futuras.

1.4 METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos propostos o presente trabalho utiliza-se da pesquisa

bibliográfica e de um exemplo de aplicação. A pesquisa bibliográfica será o embasamento

teórico para a estruturação do trabalho e, dará suporte para a análise que será realizada ao

final do presente trabalho.

O exemplo de aplicação será construído em cima dos processos da gestão de riscos

estabelecidos pelo Project Management Institute e se baseará nas legislações vigentes de

segurança no trabalho e de andaimes. Esta análise será de relevante importância por tratar de

obras com elevado grau de risco associado ao trabalhador. O desenvolvimento do estudo de

caso tratará de todas as etapas de um evento que conta com estas estruturas, ou seja, desde a

saída dos materiais da empresa até o término do evento e consequente volta dos materiais.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho é composto de cinco capítulos desenvolvidos de forma a promover o estudo

sobre estruturas provisórias e seus possíveis riscos relacionados à segurança humana. Serão

apresentadas boas práticas que poderão ser aplicadas em empresas que se utilizam destas

estruturas.

O primeiro capítulo trata do objetivo e metodologia empregada para a estruturação do

trabalho. A escolha do tema em questão foi baseada na necessidade de se antecipar as

incertezas de projetos com estruturas tubulares que apresentam diversos riscos para o

trabalhador durante o ciclo do projeto.

O segundo capítulo tem como objeto de estudo as estruturas provisórias e suas mais

diversas utilizações. Este capítulo visa discorrer sobre as tecnologias que vem sendo

empregadas no mercado de construção civil apresentando de forma técnica seus benefícios e

possíveis dificuldades encontradas no emprego de estruturas provisórias. Além disso, serão

apresentadas as normas de segurança que se aplicam à estas estruturas e aos trabalhadores.

O terceiro capítulo discorre sobre as metodologias e boas práticas da gestão de riscos em

projetos. As informações são consolidadas em revisão bibliográfica de órgãos

internacionalmente reconhecidos como o PMI.

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O quarto capítulo apresenta o exemplo de aplicação de gerenciamento de riscos

associados à segurança no trabalho em obras com a utilização de estruturas provisórias. A

análise será do projeto com um todo, ou seja, serão analisados os processos de retirada dos

materiais do galpão para levar ao local da obra, execução de toda a obra com a estrutura

provisória, desmontagem e a volta do material para o galpão.

O quinto e último capítulo expõe as considerações finais do trabalho, as conclusões tiradas

sobre o estudo e sugestões para trabalho futuros.

Após isso, serão apresentados os anexos e as referências bibliográficas utilizadas para a

construção desta pesquisa.

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2. ESTRUTURAS PROVISÓRIAS E SEGURANÇA NO TRABALHO

As estruturas provisórias apresentam caráter transitório, sendo preferencialmente

removidas quando cessada sua necessidade. Na construção civil usam-se as estruturas

tubulares para a montagem de andaimes e estruturas de cimbramento. No presente estudo será

tratado apenas das estruturas de andaimes devido sua utilização particular e com grande

importância no apoio de obras e eventos.

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Os andaimes são estruturas provisórias auxiliares que, utilizam plataformas horizontais

elevadas, suportadas por elementos estruturais de seção reduzida que viabilizam suporte às

obras de engenharia, trabalhos em locais de difícil acesso e estruturalmente servem também

de apoio para necessidades em eventos de curta duração. Segundo a norma NBR-6494:1990,

os andaimes são “plataformas necessárias à execução de trabalhos em lugares elevados, onde

não possam ser executados em condições de segurança a partir do piso. São utilizados em

serviços de construção, reforma, demolição, pintura, limpeza e manutenção”.

Segundo a norma de segurança nos andaimes NBR-6494:1990, estas estruturas podem ser

classificadas em três esquemas estruturais baseados nos seus apoios e grau de liberdade que

são:

a) Andaimes suspensos mecânicos: estes andaimes são subdivididos em pesados ou leves

conforme as solicitações resistivas da estrutura. A sustentação dos estrados é realizada

por travessas metálicas ou madeira e suportado por cabos de aço que, com o auxílio de

guinchos, se movimentam no sentido vertical.

b) Andaimes em balanço: são andaimes que apresentam uma projeção para o lado

externo da edificação e são suportados por vigamentos ou estruturas calculadas para

resistir os esforços solicitantes do balanço a partir de engastamentos ou

contrabalançamentos executados no interior da edificação.

c) Andaimes simplesmente apoiados: a estrutura trabalha simplesmente apoiada, ou seja,

independe da edificação para sua estabilidade. Estes andaimes são subdivididos em

leves e pesados conforme sua necessidade e a sua sapata pode ser fixa ou deslocável.

Os andaimes são escolhidos conforme a necessidade da obra e devem estar atendendo as

cargas de serviço e conforto para mobilidade da área de trabalho que será utilizada pelos

trabalhadores. A imagem a seguir é um exemplo de um andaime simplesmente apoiado que

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apresenta estrutura leve, ou seja, tem baixa capacidade de receber esforços e apresenta a sua

sapata fixa ao solo:

Figura 1 – Representação de andaime simplesmente apoiado www.aluga.com (2017)

Além destas classificações, a Norma técnica da Petrobras, ainda inclui uma quarta

classificação de andaime quanto a sua utilização. O andaime fachadeiro é bastante semelhante

ao simplesmente apoiado, porém, o fato de ser apoiado e ancorado na fachada de uma

edificação ou equipamento permite a sua separação em uma categoria única por se tratar de

um andaime bastante específico e utilizado com frequência em obras de engenharia civil. A

figura a seguir mostra um andaime fachadeiro construído para realizar a manutenção da

fachada de uma fábrica:

Figura 2 – Andaime fachadeiro www.aluga.com (2017)

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2.2 SISTEMAS DE ESTRUTURAS TUBULARES

As estruturas tubulares foram com o passar dos anos, sofrendo alterações significativas

nos modos de encaixe dos seus componentes e algumas gerações marcaram o mercado de

produção destas peças. As estruturas podem ser divididas em estrutura tubular convencional,

estruturas com peças soldadas, estrutura concopo e estrutura multidirecional.

2.2.1 ESTRUTURA TUBULAR CONVENCIONAL

Este sistema de estrutura tubular padrão é extremamente adaptável e prático, pois a

construção é realizada com tubos de aço ou alumínio unidos por conexões e sua desmontagem

é ágil e simples possibilitando a reutilização do equipamento para os mais diferentes usos. As

uniões entre tubos são executadas por equipamentos conhecidos como braçadeiras que,

conectam os tubos em qualquer ponto da estrutura.

Conforme as explanações do manual técnico SH, a utilização das braçadeiras permite o

apoio dos tubos em três situações que são: engastado, articulado e nó de três braçadeiras

conforme a figura a seguir:

Figura 3 – Modelos de utilização das braçadeiras Manual SH (2012)

Estas utilizações de braçadeiras são estabelecidas no projeto conforme a necessidade de

estabelecer resistência às solicitações nos nós. O engastamento representa uma situação em

que os tubos estão fixos de forma a resistir tanto aos esforços cortante e normal quanto aos

momentos, enquanto isso, ao estabelecer um nó articulado o tubo preso à braçadeira está

sujeito a rotações. A execução de um nó de três braçadeiras tem como objetivo reforçar os nós

mais solicitados da estrutura para estabelecer solicitações resistivas maiores e evitar

complicações no uso da estrutura.

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A estrutura tubular padrão apresenta braçadeiras que, segundo o Manual SH de fôrmas

para concreto e escoramentos metálicos, podem ser fixas, móveis ou de perfil conforme a

necessidade do projeto. A braçadeira fixa é utilizada para unir dois tubos perpendiculares

entre si enquanto a móveis permite variações em relação ao ângulo de colocação,

apresentando maior flexibilidade. Já a braçadeira de perfil é uma peça para fixar os tubos em

uma estrutura de perfis metálicos. As imagens a seguir representam estes modelos utilizados

em ampla escala no mercado da construção civil:

Figura 4 – Tipos de braçadeiras Catálogo SH (2015)

A utilização do emprego dos tubos com o perfil circular se dá por motivos estruturais.

Este perfil de tubo tem a capacidade de receber esforços de compressão e transmitir as cargas

para a base da estrutura e posteriormente ao solo por ser uma estrutura circular e admitir

melhor os esforços de compressão. Além disso, este perfil de tubos, padronizado pela norma

regulamentadora NBR-8261:2010, é interessante para o trabalho em estruturas desmontáveis

por se tratar de um perfil universal e aplicável em qualquer tipo de necessidade. É possível

salientar também que o armazenamento, projeto, montagem e desmontagem são facilitados

nas estruturas tubulares convencionais. Sendo assim, as empresas conseguem materiais

padronizados e com suas informações técnicas muito semelhantes conforme a figura a seguir:

Figura 5 – Informações técnicas tubos e braçadeiras Manual SH (2012)

A padronização dos equipamentos é essencial para o modelo de estrutura tubular padrão

devido à uniformidade do diâmetro das braçadeiras, ou seja, como todos os tubos apresentam

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o diâmetro externo idêntico, salvo pequenas irregularidades, não há necessidade de utilização

de braçadeiras com diâmetros específicos. Esta padronização dos equipamentos e consequente

simplicidade acarretam em ganhos de agilidade, praticidade e evita erros técnicos durante a

montagem das estruturas. Pode-se dizer então que a estrutura tubular padrão utiliza tubos de

diâmetro nominal 11 2"⁄ e externo de 48,3mm com parede 3,0mm.

A fixação da estrutura tubular convencional é realizada por meio de parafusos e porcas

que são apertados com o auxílio de uma chave de catraca especialmente elaborada para esta

finalidade. Esta ferramenta é utilizada na montagem e desmontagem das estruturas tubulares

e, por não necessitar realizar o reposicionamento da chave ao final do movimento, confere um

maior grau de produtividade e ganhos de agilidade na obra. Além disso, esta ferramenta é

construída com dimensões específicas de modo a garantir um torque ideal para fixação dos

parafusos da braçadeira, função do tamanho do cabo da chave e um esforço normal do braço

de um homem. A figura a seguir representa a chave de catraca utilizada pelos montadores de

andaimes:

Figura 6 – Chave de catraca Catálogo Mills (2015)

Além destes equipamentos primordiais, as estruturas tubulares padrão contam com outros

equipamentos que desempenham diversos papéis nas estruturas conforme o explicado no

quadro a seguir:

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Quadro 1 –Equipamentos e funções Autor (2018)

Equipamentos Funções

Base ajustável (macaco)

É uma placa metálica de assentamento que

transmite as cargas da estrutura para o terreno na

qual está apoiada. Estas peças permitem a

montagem do andaime em desníveis graças à sua

base regulável.

Rodízio

É um equipamento utilizado em andaimes com

pouca altura e com necessidade de realizar

movimentações da estrutura durante a obra.

Luvas

A emenda com luvas tem como função unir tubos

de topo a topo. As luvas trabalham para a

transmissão axial dos esforços e normalmente são

utilizadas nos elementos verticais da estrutura.

Forcado

Tem como função o apoio de outras peças que

serão utilizadas como vigas principais.

Pisos

Os pisos são apoiados nas estruturas dos tubos e

tem como função estabelecer patamares de

trabalho nas estruturas tubulares.

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Para a melhor comunicação na elaboração dos projetos de estruturas tubulares e, até

mesmo, na execução dos serviços viu-se necessária a atribuição de nomenclaturas para os

tubos conforme a função desempenhada estruturalmente. Portanto, conforme o manual

técnico SH, temos as seguintes denominações em um andaime tubular:

a) Postes: são os tubos que ficam nas posições verticais.

b) Longarinas: são os tubos que estão na posição horizontal no sentido da maior distância

entre postes. Também são conhecidas como travessas longitudinais.

c) Transversinas: são tubos horizontais no sentido da menor distância entre os postes do

andaime. Podem ser chamadas de travessas transversais.

d) Travessa intermediária: tubos colocados entre duas travessas com o intuito de reduzir

os vãos da estrutura aumentando a estabilidade.

e) Diagonal: tubos inclinados entre dois níveis do andaime que podem ser unidos aos

elementos horizontais com braçadeiras fixas ou aos postes com braçadeiras móveis

f) Diagonal horizontal: é caracterizado por um tubo na posição horizontal colocado na

diagonal entre dois postes.

g) Guarda-corpo: é um tubo colocado com a finalidade de fornecer proteção contra queda

e garantir o espaçamento no primeiro nível no andaime. A NR-18:1990 exige

colocação de guarda-corpo em todos os níveis do trabalho.

h) Mão francesa: é uma escora inclinada destinada a apoiar extremidades do andaime

para realizar um reforço estrutural.

A figura a seguir representa um andaime com as suas nomenclaturas para facilitar o

entendimento das peças da estrutura:

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Figura 7 – Andaime com as nomenclaturas Manual SH (2012)

Além da classificação das partes do andaime pelos tubos apresentados na sua

composição é necessária a instalação de acessos para estas estruturas. As escadas de

marinheiro possibilitam o acesso a todos os níveis da estrutura e são equipadas com guarda-

corpo para a segurança dos trabalhadores envolvidos na obra. A figura a seguir mostra uma

escada de marinheiro do catálogo da empresa Mills:

Figura 8 – Escada com guarda-corpo Catálogo Mills (2015)

Sendo assim, as estruturas tubulares convencionais apresentam diversas peças e equipamentos

para sua composição e execução de andaimes. A quantidade excessiva de peças e encaixes

realizados durante a obra foram os pontos principais para a elaboração das gerações

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subsequentes que passaram a usar peças soldadas para determinado tipo de obra. Por outro

lado, as soluções improvisadas e diferentes encontradas com as estruturas tubulares

convencionais são pontos positivos da tecnologia de encaixe que permite a realização de

qualquer tipo de encaixe e de saídas para resolução de problemas.

2.2.2 ESTRUTURAS COM PEÇAS SOLDADAS

Esta geração de estrutura tubular é marcada pela modulação de grandes peças para

conferir agilidade aos processos de montagem e desmontagem, ou seja, foram criados quadros

compostos de, por exemplo, dois postes, duas travessas e de mão francesa para ajudar na

estabilidade, unidos por soldas. Estes equipamentos variam muito de empresa para empresa,

porém, muitos deles já apresentam soldados nos quadros escadas de marinheiro e cruzetas

para estabilidade. A figura do catálogo de equipamentos da empresa SH mostra alguns

exemplos de quadros:

Figura 9 – Quadros modulares Catálogo SH (2015)

Com o intuito de agilizar a montagem e desmontagem das estruturas estes equipamentos

apresentam um sistema de encaixe do tipo macho e fêmea que além de facilitar este serviço,

diminui consideravelmente os erros de montagem.

Os andaimes com peças soldadas são muito utilizados para obras com grande esforços

solicitantes devido sua grande capacidade de cargas. Estas estruturas apresentam algumas

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particularidades e peças elaboradas especificamente para seu bom funcionamento conforme o

apresentado no quadro a seguir:

Quadro 2 – Equipamentos andaimes modulares Autor (2018)

Equipamentos Funções

Base regulável ou base dupla

As bases apresentam as mesmas funções da

estrutura tubular convencional, porém, devido as

maiores cargas de utilização, pode ser necessária

uma base dupla que transmita melhor os esforços.

Conector

Os conectores realizam as conexões dos quadros

com as estruturas verticais.

Console ou trapézio

Elemento rígido de encaixe macho e fêmea que

tem como objetivo evitar a flambagem do poste.

Ao realizar o encaixe a carga admissível do poste

é reduzida pela metade.

Cruzeta

Tem como função primordial a transmissão de

forças de dois eixos em diferentes ângulos.

Pino trava

Elemento de segurança que é aplicado em todos

os encaixes de cruzetas e consoles.

2.2.3 ESTRUTURAS CONCOPO

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O sistema de encaixe concopo foi elaborado para realizar conexões rápidas entre os tubos

verticais e horizontais presentes na estrutura. Em relação ao sistema convencional de tubos e

braçadeiras eram visíveis os ganhos de agilidade nos processos de montagem e desmontagem

dos andaimes.

Este sistema de estrutura tubular é caracterizado pela presença de dois copos juntos aos

elementos verticais. Os copos visam unir os postes às travessas dos andaimes, porém têm

particularidades próprias; um dos copos é soldado no próprio poste e fica fixo para o

recebimento das travessas enquanto o outro é um copo móvel que vem por cima das travessas

para garantir o engastamento do nó. A imagem a seguir exemplifica como funciona este

sistema de encaixe com a presença de dois copos:

Figura 10 – Encaixe concopo Catálogo Mills (2015)

Neste modelo de encaixe os tubos utilizados na direção horizontal sofreram uma pequena

mudança para se adaptar aos copos e, nas suas extremidades, passaram a apresentar patas

soldadas que são facilmente acopladas aos postes sem a necessidade de chaves de catraca.

A montagem deste sistema é realizada por montadores de andaimes devido a algumas

limitações do sistema da estrutura. Para a colocação de tubos com alguma angulação diferente

do ângulo reto é necessária a presença de braçadeiras fixas ou móveis para complementar o

sistema; caracterizando um sistema misto entre o tubular convencional e o concopo. Porém, as

vantagens de colocação de todos os tubos verticais acoplados aos horizontais através do

encaixe concopo são muito relevantes na montagem e justificam seu emprego. Para executar

esta tarefa basta colocar a pata das travessas no copo fixo e acoplar o copo móvel na parte

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superior da pata realizando uma rotação do copo, no sentido anti-horário, para a fixação e

engastamento dos tubos conforme o exemplificado na figura a seguir:

Figura 11 – Sequência de montagem concopo Catálogo Contub (2017)

2.2.4 ESTRUTURAS COM SISTEMA MULTIDIRECIONAL

Segundo o manual SH, o sistema de encaixe multidirecional proporciona ganhos de

velocidade e produtividade em relação aos outros modelos de andaimes além de, dispensar a

necessidade de mão de obra especializada para realizar a montagem e desmontagem das

estruturas.

Os andaimes são compostos por torres com diagonais e travessas unidas por rosetas,

fixadas nos elementos verticais da estrutura a cada 50 cm (cinquenta centímetros). A presença

das rosetas com oito furos, confere versatilidade para a montagem da torre em formas

circulares e poligonais e a sua utilização em qualquer modulação facilita a distribuição de

carga. Portanto, a presença das rosetas com alto grau de liberdade para executar qualquer tipo

de projeto é o ponto de destaque deste modelo de andaime. Esta geração de andaimes é a mais

evoluída por permitir os encaixes de elementos verticais, horizontais e diagonais. A figura a

seguir exemplifica o andaime multidirecional montado com seus elementos verticais,

horizontais e diagonais, como também a roseta de encaixe utilizada por algumas empresas

especializadas:

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Figura 12 – Andaime multidirecional e roseta Autor (2018)

As travessas e diagonais se unem aos postes através de garras e cunhas sem a

necessidade do uso de uma ferramenta específica como a chave de catraca; somente é

necessária uma marreta ou martelo para realizar o pleno encaixe. A inexistência do uso de

porcas e parafusos na montagem facilita o trabalho do operário e o controle de materiais

utilizados nas obras com estas estruturas. A única diferença entre estes componentes da

estrutura tubular padrão para o multidirecional é a presença destas garras para a fixação

dispensando-se o uso das braçadeiras, conforme o exemplificado na figura abaixo:

Figura 13 – Garras encaixadas em roseta

www.emef.com.br (2017) A roseta permite que sejam realizados ângulos entre 30 e 60°, além dos ângulos retos

conferindo maior liberdade para o projeto destes andaimes. Os pontos de encaixe na roseta

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quando são utilizados conferem cargas axiais, verticais e momentos que devem ser

considerados nos cálculos estruturais. Sendo assim, a figura abaixo apresenta as cargas

existentes na região do encaixe, para facilitar o entendimento, ao se fazer uso destes modelos

multidirecionais.

Figura 14 – Reações nas ligações garra e roseta

www.emef.com.br (2017)

O sistema de encaixe multidirecional é o mais recente no mercado da construção civil e

vem ganhando espaço frente aos outros modelos por sua engenharia mais simplificada. Os

andaimes que são executados com esta tecnologia apresentam diversas vantagens como:

a) Dispensa o uso de mão de obra qualificada.

b) Não utiliza chaves de catraca; somente martelo.

c) Total travamento nas regiões de nós (rígidos), garantindo o perfeito engastamento dos

elementos da estrutura, dando assim a ela maior estabilidade.

d) Peças parametrizadas evitam erros de montagem e viabilizam projetos de maior

qualidade.

e) Ganhos de agilidade na montagem e desmontagem do sistema, chegando a ter um

rendimento de até 3 vezes maior que o tubular convencional.

f) Menor uso de peças para garantir a estabilidade do andaime, devido ao perfeito

engastamento dos elementos.

g) Vence com facilidade desafios geométricos (andaimes com formatos dos mais

variados).

2.3 ARMAZENAGEM E TRANSPORTE

As estruturas tubulares apresentam seu armazenamento facilitado devido ao formato

tubular e aos comprimentos padronizados. As empresas que possuem estes equipamentos

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costumam empilhar os tubos de mesmo comprimento um sobre o outro para distinguir as

pilhas por comprimento de tubo. Em relação às braçadeiras a forma de estocagem é bastante

parecida dividindo-se as braçadeiras por funcionalidade e amontoando-as uma sobre a outra.

As empresas se utilizam de estruturas de pallets ou empilham os materiais diretamente no

chão dos galpões para estocagem. Segundo Doughty (1986), sempre que possível os tubos e

braçadeiras devem ser separados por tamanho ou funcionalidade e estocados em prateleiras.

Porém, se não for possível esta forma de estocagem, eles devem ser colocados em forma de

pirâmides. Além disso, os outros materiais como pisos, forcados e sapatas são comumente

armazenados em pilhas em cima de pallets de madeira.

Para Doughty (1986), a empresa deve realizar vistorias no material e nos galpões para

verificar se os equipamentos estão sendo guardados em condições que não comprometam a

qualidade das peças. A fim de evitar maiores avarias nos equipamentos, a equipe responsável

pelos materiais em estoque deve tomar alguns cuidados como escovar os tubos que se

encontram com algum ponto de corrosão ou, até mesmo, descartar o equipamento caso a

corrosão seja grande o suficiente para atrapalhar a funcionalidade estrutural da peça. Além

disso, os responsáveis devem evitar que o empilhamento de material alcance grandes alturas a

ponto da sua base não suportar o peso próprio dos tubos acima colocados.

A inspeção dos materiais deve ser realizada pela equipe de engenheiros da empresa antes

de carregar os caminhões para o transporte. Dessa forma os equipamentos fora dos padrões

são identificados e destinados a reparos antes de sair da empresa. Segundo Doughty (1986),

para garantir a estabilidade do andaime os tubos devem ser inspecionados antes da utilização

e os pontos verificados são:

a) Os tubos devem estar retos e alinhados por todo seu comprimento.

b) As extremidades dos tubos devem ser verificadas em relação à sua perpendicularidade

ao resto do tubo.

c) Os tubos devem estar livres de corrosão, falhas, divisões, amassados ou outros danos

visíveis.

d) Os tubos devem apresentar uma camada protetora (galvanização) principalmente se

forem utilizados em áreas molhadas ou com umidade.

As braçadeiras também são de grande importância e devem ser inspecionadas antes do

envio para a obra. Os pontos que podem afetar a segurança do andaime caso as braçadeiras

não estejam em conformidade , segundo Doughty (1986), são as distorções, ferrugens ou

corrosões e parafusos espanados. Para realizar o envio destas peças para a obra é importante

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banhá-las em uma tina com óleo para lubrificação das peças, visando a consequente melhoria

e conservação das mesmas para a sua utilização durante a montagem e desmontagem.

Todos os equipamentos têm suas peculiaridades e pontos a serem conferidos para realizar

o envio dos materiais à obra, apresentando importância significativa para a boa execução dos

serviços. Os pisos podem ser de madeira, aço galvanizado ou alumínio. Os responsáveis

devem analisar pontos específicos, como por exemplo, para a utilização de pisos de madeira,

os mesmos devem ser livres de apodrecimento, fendas e cortes na madeira. Porém, caso o piso

seja de outro material, pontos como empenamentos e amassados na estrutura são cruciais,

pois podem comprometer a estabilidade. Sendo assim, os responsáveis devem estar atentos

para problemas nos equipamentos antes do material sair do galpão e, também, antes do início

da montagem para evitar comprometimento na resistência da estrutura.

Para realizar o transporte das estruturas e equipamentos do galpão até o local da obra são

requisitados caminhões com alta capacidade de carga. As empresas podem contar com estes

caminhões ou contratá-los de empresas especializadas neste tipo de frete. Para realizar a

movimentação dos tubos armazenados para o caminhão é necessária à presença de um

operário que retira manualmente os equipamentos e os coloca no caminhão. Enquanto isso,

um encarregado realiza a contagem e conferência das peças que estão saindo da empresa.

Além deste modo manual, é possível realizar de maneira mecanizada com a presença de

um operário operando um carro hidráulico específico para o manuseio de pallets. O carro

permite retirar e levantar o pallet, com os tubos devidamente presos com cintas metálicas,

para colocação dentro do caminhão. Com todo o equipamento devidamente colocado os

operários podem prender os tubos ou qualquer equipamento que possa se movimentar durante

o transporte com cordas evitando avarias e prejuízos para a empresa.

Depois de realizado o transporte dos equipamentos, os operários descarregam o caminhão

do mesmo modo que fizeram no galpão e alocam os materiais no canteiro de obras conforme

o solicitado pelos engenheiros responsáveis.

2.4 MONTAGEM E MÃO -DE-OBRA

A montagem de estruturas tubulares depende de fatores que afetam diretamente a

produtividade dos funcionários envolvidos como a altura da estrutura, condições

meteorológicas e o local onde a obra será realizada.

A altura da estrutura influencia nos riscos associados à montagem e no rendimento do

trabalhador que se sente mais confortável e consegue realizar os trabalhos com mais agilidade

em obras com menores alturas. Da mesma forma, o local da obra pode influenciar a

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produtividade dos funcionários, pois nestes modelos de obra rápidas raramente são

construídos barracões obrigando com que os trabalhadores tenham grandes deslocamentos

entre a moradia e o local de trabalho. Além disso, a condição do tempo é essencial para a boa

produção dos funcionários que tendem a render menos em situações adversas com muito sol,

neve, chuva ou frio. (MUNHOZ, 2005)

Para quantificar o rendimento das montagens com estruturas tubulares, estas foram

dividias conforme o grau de dificuldade de execução. O quadro a seguir exemplifica o

rendimento médio dos trabalhadores em função da colocação de braçadeiras para execução de

estruturas tubulares convencionais:

Quadro 3 – Rendimento de Montagem por homem hora

MUNHOZ (2005)

Classificação Rendimento

Obras difíceis 2 braçadeiras / homem / hora

Obras normais 4 braçadeiras / homem / hora

Obras fáceis 8 braçadeiras / homem / hora

A mão-de-obra primordial para a execução de obras com estruturas tubulares é o montador

de andaime. A formação destes profissionais se dá por muitos anos de formação e prática

dentro das empresas que se utilizam destes materiais, porém, órgãos como o SENAI também

passaram a oferecer cursos profissionalizantes para esta atividade. A experiência nestes

modelos de obras é bastante importante devido os riscos envolvidos nas montagens e, as

empresas devem buscar mão-de-obra qualificada mesmo sendo esta escassa.

Os montadores de andaimes tem a responsabilidade de executar as montagens conforme

especificações do projeto, verificar os equipamentos que estão sendo colocados, realizar e

conferir o aperto das braçadeiras e outros encaixes. Sendo assim, o montador de andaimes

apresenta função essencial e deve realizar seu trabalho de forma a evitar acidentes e

problemas com a estrutura do andaime e, suas atividades devem ser monitoradas e controladas

por engenheiros e técnicos responsáveis.

2.5 NORMAS RELATIVAS À SEGURANÇA NO TRABALHO

A segurança no trabalho é uma área de conhecimento que pode ser considerada

conjuntural nas organizações, pois cria ações e procedimentos para proteção no ambiente de

trabalho. As empresas visam uma constante diminuição da probabilidade de ocorrência dos

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riscos aos quais estão expostos os trabalhadores, pois, apesar dos avanços tecnológicos,

qualquer atividade envolve certo grau de insegurança (BOZZA, 2010).

2.5.1 NR-18: CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

A norma regulamentadora 18 estabelece diretrizes para as atividades de construção civil

no campo da administração, planejamento e organização para que as empresas estabeleçam

estratégias e sistemas de prevenção para garantir a saúde e integridade física dos trabalhadores

da indústria da construção civil.

A norma aborda os aspectos relacionados ao bem estar e condições necessárias para a

atuação dos profissionais envolvidos em obras civis e coloca requisitos em relação à

alojamentos, vestiários, chuveiros, lavatórios, entre outros. Por ser uma norma bastante

extensa, trata de diversas atividades na construção, porém, reserva um tópico para a análise de

andaimes e plataformas de trabalho.

Segundo a norma NR-18:2015, o projeto e dimensionamento de andaimes deve ser realizado

por profissional habilitado e sua estrutura deve suportar, com segurança, todas as solicitações

ao qual está submetido. As empresas que executam obras devem ser credenciadas pelos

órgãos responsáveis, como o CREA, e cada projeto executado deve apresentar um documento

de responsabilidade técnica (ART – Anotação de Responsabilidade Técnica), indicando o

profissional responsável, o local do empreendimento, tempo de duração com a indicação do

início e término da obra. Em termos da estabilidade da estrutura que acarreta na garantia da

segurança dos usuários e trabalhadores é previsto na norma que os equipamentos devem

possuir travamentos ao serem conectados que impossibilitem a movimentação das peças ou

desencaixes.

Conforme o especificado na norma, os funcionários que realizam as montagens e

desmontagens devem ser capacitados, realizar treinamentos específicos para aperfeiçoar suas

funções, e estar com os exames médicos em dia e; quando estiverem em atividade é

obrigatório o uso de cintos paraquedistas com duplo talabarte que evitem quedas. Além do

trabalhador, a norma prevê a utilização de ferramentas com amarração para evitar quedas

acidentais de equipamentos de trabalho (NORMA REGULAMENTADORA 18, 2015).

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Para a boa utilização dos andaimes é necessário que os materiais sejam de boa qualidade e

dimensionados por profissionais legalmente habilitados. Em relação aos pisos, a norma,

estabelece que estes possam ser metálicos ou mistos, com a forração comumente em madeira

e, para garantir a segurança dos usuários é necessários que estes sejam antiderrapantes e

fixados de maneira segura. Os materiais utilizados devem ser previamente analisados pelos

responsáveis para que os pisos estejam em boas condições, ou seja, a madeira deve ser de boa

qualidade, estar seca e sem nós ou rachaduras para garantir a resistência do projeto. Outra

estrutura dos andaimes bastante abordada pela normativa é a escada que pode ser de do tipo

marinheiro ou de uso coletivo. A escada de marinheiro é normalmente utilizada pelos

trabalhadores para acessar os níveis enquanto a de uso coletivo é utilizada, normalmente, pelo

público e, portanto, deve apresentar os pisos com sistemas antiderrapantes.

A norma subdivide as recomendações pela classificação de andaimes e, em relação aos

andaimes simplesmente apoiados, deve-se reiterar as seguintes disposições:

a) Os andaimes com os pisos de trabalho localizados acima de um metro devem contar

com escadas.

b) As torres não podem exceder mais do que quatro vezes a menor dimensão da base de

apoio.

c) As sapatas devem ser niveladas e capazes de resistir aos esforços solicitantes dos

montantes.

Por se tratar de uma norma bastante extensa e com diversas recomendações para os mais

diversos serviços de construção civil é perceptível que as exigências da norma se tornam

bastante abrangentes e sem grande especificidade. Portanto, esta norma não apresenta tanta

rigidez como as normas que serão apresentadas posteriormente no trabalho.

2.5.2 NORMA TÉCNICA PETROBRAS – MONTAGEM E DESMONTAGEM DE ANDAIMES

A norma técnica da empresa Petrobras é bastante completa e rígida em relação aos

padrões de segurança em obras com estruturas tubulares. A norma apresenta pontos que não

são considerados nas outras normativas brasileiras como a divisão das funções

desempenhadas pelos trabalhadores. A norma estabelece que os recursos humanos tenham as

seguintes funções:

a) Engenheiro

b) Técnico de Montagem e/ou Supervisor

c) Mestre de Montagem

d) Montador de andaime

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e) Profissional de Segurança no Trabalho

Para a realização de obras com andaimes na Petrobras faz-se necessária a presença de

todos estes profissionais que devem ser devidamente capacitados para exercer as funções. A

empresa exige que os funcionários antes do início das atividades tenham um treinamento

técnico e psicológico para aprofundar os conhecimentos de montagem, desmontagem,

materiais e técnicas, regras do trabalho em altura, utilização de equipamentos de proteção

individual, análise de riscos, entre outros.

O alto nível de exigência em relação aos profissionais envolvidos também é aplicado aos

materiais utilizados. A norma técnica da Petrobras exige que as ferramentas e equipamentos

utilizados na obra sejam disponibilizados pela contratada de forma racional que permite altos

índices de produtividade da equipe e que os mesmo estejam com suas certificações válidas e

em conformidade com os padrões de qualidade exigidos na contratação dos serviços.

A normativa estabelece uma divisão dos andaimes quanto sua utilização e, vale ressaltar

que os andaimes simplesmente apoiados são considerados aqueles cujos montantes estão

apoiados nas bases fixas ou móveis diretamente ao solo ou mesmo com algum elemento para

distribuição de cargas. A empresa permite que a montagem dos andaimes se utilize do sistema

de encaixe multidirecional, do sistema tradicional, com a aplicação de tubos metálicos unidos

por braçadeiras ou luvas de união, ou mesmo através de um sistema de engates e encaixe.

Em relação ao projeto dos andaimes a Norma Petrobras estabelece que profissionais

legalmente habilitados elaborem projetos que atendam com segurança as solicitações e

estejam em conformidade com os requisitos legais e normas brasileiras. As cargas

consideradas nos cálculos são as permanentes, variáveis e excepcionais de forma que os

requisitos de segurança sejam amplamente considerados. Em termos dos dispositivos de

segurança, o projeto deve detalhar quais serão necessários e apropriados para o caso.

Após o projeto a equipe deve receber os equipamentos e, para isso, a norma estabelece

alguns parâmetros para o recebimento e armazenamento das estruturas. Ao receber dos

contratados a equipe de funcionários da Petrobras deve verificar a integridade das peças que,

devem estar em perfeitas condições de uso e apresentem alta qualidade. Em termos do

andaime multidirecional, a norma, exige que o andaime seja constituído apenas deste tipo de

encaixe e sem peças de fabricantes variados. Após isso, a equipe deve armazenar as peças em

local iluminado, nivelado, não escorregadio, protegido de intempéries e de forma segura para

a colocação e retirada dos funcionários. A armazenagem dos equipamentos deve garantir que

a retirada ocorra de forma simplificada garantindo uma sequência de utilização planejada e,

também, permitir que a circulação dos trabalhadores e materiais seja facilitada.

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A empresa estabelece que os tubos sejam armazenados por tamanho em estantes com

identificação da modulação para facilitar a retirada e aumentar a agilidade dos trabalhadores.

O mesmo é feitos com os rodapés e pisos de madeira ou metal, porém, com as braçadeiras ou

outros materiais que necessitam de lubrificação a armazenagem é feita em baias ou caixas em

locais adequados e cobertos.

Para liberar o início dos serviços a normativa estabelece que sejam realizados algumas

verificações e estudos para garantir que a execução venha ser bem sucedida. É necessário

planejar as atividades, realizar análise dos riscos, estabelecer contato diário com os

funcionários alertando sobre os riscos, realizar o isolamento da área, atentar para evitar

simultaneidade de tarefas, entre outros. Após estas verificações é iniciada a obra e são

estabelecidos os cuidados necessários para o trabalhador durante a montagem e desmontagem

que são listados a seguir:

a) Utilização dos equipamentos e ancoragens individuais.

b) Não deixar materiais soltos nas plataformas do andaime.

c) Travar os materiais a serem transportados.

d) Utilização de braçadeiras com qualidade e lubrificadas.

e) Colocar guarda-corpo a uma altura de 1,20m para o travessão superior e 0,70m para o

travessão inferior (andaime padrão). Para o multidirecional as alturas são 1,00m e

0,50m respectivamente.

f) Peças que possam sofrer deslocamentos com o vento devem ser travadas.

g) Não exceder 2,00m de altura entre os travamentos horizontais.

h) Colocar contraventamentos para eliminar oscilações.

i) Colocar placas vermelhas com os dizeres “ANDAIMES NÃO LIBERADOS” caso a

montagem ainda esteja em curso.

j) Proibido retirada de dispositivos de segurança em qualquer caso.

Todos os processos durante a montagem devem ser monitorados por profissionais

especializados em segurança no trabalho e inspeções diárias na qualidade dos materiais

devem ser realizadas a fim de alcançar parâmetros de alta qualidade nos serviços da empresa.

2.5.3 NBR 6494: SEGURANÇA NOS ANDAIMES

Esta normativa visa fixar as condições necessárias para a segurança de andaimes quanto à

sua condição estrutural, bem como de segurança das pessoas que neles trabalham e transitam,

porém, não se aplica para a segurança de terceiros devendo ser regida pela legislação

específica dos órgãos públicos responsáveis.

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Em relação ao projeto e construção dos andaimes é essencial que a resistência de projeto

esteja em concordância com as solicitações de utilização e, para isso acontecer, os materiais

devem ser de qualidade, estar em bom estado e com suas propriedades de resistência

inalteradas conforme as normas brasileiras de estruturas tubulares. Os andaimes devem

apresentar alguns dispositivos de segurança para o trabalhador previstos em projeto e algumas

particularidades, principalmente em relação aos pisos, que devem apresentar rugosidade o

suficiente para não permitir escorregamentos e deve ser bem fixado na horizontal para evitar

quedas provocadas por ventos fortes. Sendo assim, em projeto já são consideradas medidas de

segurança.

No parágrafo disposto para análise propriamente dita da segurança e proteção nos

andaimes a norma estabelece estratégias para minimizar os acidentes com o uso da estrutura

tubular. Em relação aos guarda-corpos é obrigatória a presença em todas as faces externas e

internas quando houver riscos de queda e, é exigido que os mesmos não se movimentassem

em qualquer direção, sob hipótese alguma. O posicionamento dos tubos que servirão como

guarda-corpo é de 0,5 e 1,0 metros a partir do estrado e os rodapés devem ser instalados à

0,15 metros do nível de trabalho. Além disso, a norma estabelece que a carga máxima por

guarda corpo é de 350N considerando a aplicação na parte mais desfavorável.

A proteção e sinalização do andaime contra fatores externos como, por exemplo, carros e

equipamentos devem ser previstas pela empresa responsável que, também, deve tomar

precauções especiais em relação à movimentação do andaime e dos funcionários em obras

muito próximas a redes elétricas. As redes elétricas e, até mesmo, as fiações utilizadas em

conjunto com o andaime podem ser bastante perigosos para os usuários e por isso devem estar

com os cabos devidamente isolados, além de se dever fazer o aterramento das estruturas.

A utilização propriamente dita dos andaimes é bastante abordada pela norma

regulamentador NBR-6494:1990, que, em termos de segurança, reitera que o risco de queda

de ferramentas e materiais dos andaimes são altos e para evitar isso não é recomendado

realizar empilhamentos nos níveis e as sobras devem ser descartadas por dutos. Para realizar a

movimentação de equipamentos durante a montagem ou desmontagem os trabalhadores

devem se utilizar de cordas para içar o que é necessário na direção vertical. A queda de

materiais pode ser prevenida com a instalação de telas por todo o exterior do andaime e,

assim, garantir a segurança dos funcionários nos níveis inferiores.

Além disso, o trabalho em andaimes sob intempéries, como ventos fortes e chuva, é

vedado pela normativa, porém, cabe aos responsáveis pelo acompanhamento da obra entender

quando é necessária a paralisação para evitar incidentes. As condições climáticas afetam

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diretamente a saúde e condição do trabalhador e cabe aos responsáveis fornecer boas

condições de trabalho.

Ao final da normativa são abordados aspectos da utilização de equipamentos de proteção

individual de forma bastante semelhante ao apresentado na norma regulamentadora NR-6.

Segundo a normativa NBR-6494:1990, os trabalhadores devem estar equipados com cinturões

de segurança e trava-quedas com sua extremidade fixada na estrutura da edificação

independente do andaime e o trabalho não pode ser realizado somente por um funcionário

para, em casos de emergência, os mesmos terem auxílio se necessário.

2.5.4 NR-35: TRABALHO EM ALTURA

É comprovado por estudos estatísticos que os acidentes advindos do trabalho em altura

são representativos e, na maioria das vezes citadas como as principais causas de lesões

ocupacionais com morte do indivíduo (HEMBECKER, 2008). Sendo assim, a norma

regulamentadora NR-35:2014 visa estabelecer padrões de segurança a serem seguidos para

reduzir estes dados estatísticos.

De acordo com a norma regulamentadora NR-35:2014 as atividades executadas acima de

2,00m (dois metros) do nível da base da estrutura e com algum risco de queda são

consideradas trabalho em altura. Além disso, a norma define as responsabilidades do

empregador, dos trabalhadores, as definições sobre capacitação, planejamento de obras e

análises de risco. Sendo assim, majoritariamente as montagens de estruturas tubulares devem

se enquadrar nas exigências desta normativa.

A norma estabelece que as responsabilidades do empregador começam antes do início das

atividades quando se faz necessário o planejamento dos procedimentos operacionais que serão

realizados durante o serviço e a realização de uma análise de risco e, quando aplicável,

emissão da permissão de trabalho. Para que os trabalhos em altura se iniciem é necessário que

todas as medidas definidas pela norma sejam aplicadas e os trabalhadores tenham

informações atualizadas sobre os riscos e como controlá-los. Durante a realização dos

trabalhos em altura, é imprescindível que a empresa responsável disponibilize um funcionário

com experiência para realizar a supervisão da equipe e, caso venha a ocorrer uma situação de

risco não prevista, é necessário que a empresa pare os trabalhos imediatamente visto que o

risco não pode ser neutralizado ou eliminado.

As responsabilidades e deveres dos trabalhadores para o cumprimento das exigências da

norma são mais simples, porém, de suma importância para o atendimento dos objetivos da

normativa. Os funcionários que estão trabalhando em altura devem colaborar com o

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empregador para a implementação das disposições desta norma e cumprir com as exigências

previstas. Além disso, durante a execução dos serviços o trabalhador deve zelar pela saúde e

integridade física dos que estão no mesmo ambiente de trabalho e, principalmente por sua

saúde analisando as situações de risco e interrompendo o seu trabalho caso constate-se

evidências de que riscos graves possam ocorrer.

Para a boa execução dos trabalhos e a garantia da segurança dos envolvidos é estabelecido

que as etapas de planejamento tivessem grande representatividade dentro do projeto. A equipe

de planejamento deve ser capacitada e selecionar trabalhadores autorizados e com a saúde

avaliada para exercício de tais atividades. Em relação aos exames médicos exigidos, cabe ao

empregador garantir que o funcionário faça avaliações periódicas e estes sejam pertencentes

ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, no qual, as patologias que

originam mal súbito e queda de altura são avaliadas para garantir que o funcionário esteja apto

para exercer suas funções. Além disso, o planejamento deve estabelecer medidas para evitar

as quedas de funcionários e, também, implantar estratégias que minimizem as consequências

de uma possível queda.

Segundo a normativa, todo o trabalho em altura deve ser precedido de uma Análise de

Risco. Esta análise contém todos os riscos inerentes ao trabalho e, também, é de grande

importância o local em que se está realizando o serviço em altura para consideração das

influências externas e, assim, realizar o isolamento e sinalização do entorno. As considerações

desta análise são baseadas nas exigências de outras normativas, como por exemplo, a NR-6 e

os equipamentos utilizados pelos trabalhadores que devem estar em concordância com as

mesmas, mas, particularmente a análise de riscos prevê a obrigatoriedade de pontos de

ancoragem para o complemento do uso dos equipamentos de proteção individual. Além destes

pontos, a análise de riscos deve antecipar o risco de quedas de materiais e ferramentas, as

condições impeditivas e, principalmente estabelecer estratégias para casos de emergência e

planos de primeiros socorros ágeis. Sendo assim, esta análise é um documento de grande valia

para a empresa que permite a antecipação de situações e diminuição de incertezas em relação

ao trabalho em altura.

Em termos da organização das atividades e das funções de cada funcionário, a normativa

prega que a empresa estabeleça um plano operacional para facilitar o entendimento dos

funcionários e dos supervisores em relação ao trabalho em altura. É essencial para os

funcionários que as atividades sejam detalhadas, funções e responsabilidades sejam definidas

e os equipamentos de proteção coletiva e individual sejam fornecidos. Além disso, o plano

operacional abrange as orientações administrativas da empresa e requisitos das tarefas para

que os objetivos em relação ao trabalho sejam alcançados.

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A norma regulamentadora NR-35:2014 se complementa com a norma de EPI’s

principalmente no que trata aos sistemas de proteção de quedas. A norma regulamentadora,

afirma ser obrigatória a presença destes sistemas quando não se pode evitar o trabalho em

altura e exige que os sistemas de proteção sejam adequados exatamente para o serviço

prestado pelo funcionário previamente selecionado na Análise de Riscos. Para a

implementação destes sistemas é imprescindível a presença de um profissional especializado

em segurança do trabalho que verificará se os equipamentos estão em conformidade com as

normativas nacionais ou, caso seja aplicável, às internacionais e, também, verificar se a

resistência dos equipamentos suporta forças máximas em caso de quedas. Com o passar do

tempo, todos os equipamentos que previnem quedas do trabalhador devem ser vistoriados

periodicamente para identificar possíveis defeitos ou deformações e, se necessário, descartar

as peças não conformes. A vistoria antes da utilização das peças é tida como essencial para

prevenir acidentes.

Além disso, a norma que regulamenta o trabalho em altura prevê algumas definições entre

análise de riscos, proteção contra quedas e equipamentos de proteção coletiva e individuais,

porém, a norma se torna bastante similar ao apresentado na NR-6:2017. A NR-35:2014, ainda

estabelece critérios para emergência e salvamento que devem ser seguidas pelo empregador e

trabalhador. O empregador deve fornecer os recursos necessários para que a equipe tenha

respostas rápidas às ameaças e disponibilizar uma equipe para ajudar no caso de emergências.

A equipe de salvamento ou ajuda pode ser própria ou terceirizada, mas deve ser apta a

executar o resgate e realizar os primeiros socorros.

Sendo assim, esta norma é bastante extensa e envolve fases de planejamento de riscos e

operacional, execução do serviço e resposta aos possíveis problemas encontrados durante a

realização do serviço. Portanto, as empresas que seguem a norma com fidelidade não devem

encontrar problemas em suas atividades por se tratar de uma norma extensa e que abrange

outras normas de segurança no trabalho.

2.5.5 NR-6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

Para minimizar os acidentes e entrar em concordância com as legislações vigentes as

empresas fornecem equipamentos para a proteção dos funcionários no ambiente de trabalho.

Conforme o descrito na norma regulamentadora NR-6:2017, considera-se Equipamento de

Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual, destinado à

proteção do trabalhador em relação às ameaças à saúde advindas do trabalho. O equipamento

de segurança deve apresentar o Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão

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responsável associado ao Ministério do Trabalho e deve ser fornecido gratuitamente para

todos os trabalhadores em estado de conservação e funcionamento adequados. Os principais

equipamentos utilizados pelos funcionários em relação aos andaimes e trabalho em altura são:

a) Cinto de segurança: a função primordial é a união do trabalhador à corda, porém,

alguns requisitos como a liberdade de movimentos e o ajuste adequado ao funcionário

são essenciais para o bom funcionamento e adaptação ao EPI.

O cinto de segurança modelo paraquedista é o utilizado pelas empresas de construção

civil para a proteção dos trabalhadores e, atualmente, conta com diversos dispositivos

de segurança e prevenção de falhas. O ponto de ancoragem deve ser robusto e,

dependendo da necessidade, deve-se apresentar mais de um ponto de ancoragem;

menor número de costuras possível e um sistema de regulagem fácil e prático.

b) Talabarte: é um dispositivo de união no sistema do cinto de segurança com a função

de conectar o trabalhador à estrutura ou se tornar um elo entre o cinturão e o

dispositivo de ancoragem utilizado pelo trabalhador. A figura a seguir exemplifica um

modelo do cinto de segurança mais popular do mercado com a presença de um

talabarte:

Figura 15 – Cinto de segurança e talabarte www.superepi.com.br (2017)

c) Trava quedas: é um dispositivo para ser acoplado com o cinto de segurança e à

estrutura de trabalho e evitar acidentes no trabalho em altura com movimentações

verticais ou horizontais. O trava quedas é, geralmente, associado à linhas de vida e,

caso venha a ocorrer uma queda, o trabalhador tende a cair menos metros do que com

o uso do talabarte.

d) Linha de vida: este equipamento depende de mão-de-obra qualificada para que

funcione corretamente e facilite os trabalhos em altura. As linhas de vida são cordas

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ou fitas com boa resistência que são acopladas aos cintos e trava quedas para aumentar

a mobilidade do funcionário. A linha de vida pode ser temporária ou fixa, dependendo

da sua necessidade na obra. A figura a seguir representa um trabalhador com uma

linha de vida no alto de um andaime:

Figura 16 – Linha de vida em andaimes multidirecionais www.epituiuti.com.br (2017)

e) Calçado: os funcionários devem utilizar botinas de segurança para proteger os pés do

trabalhador contra impactos, danos térmicos, umidade e produtos químicos. O material

empregado nas botinas é reforçado e oferece segurança contra “topadas” e quedas de

objetos e, além disso, possui tecnologia que evita que os pés fiquem extremamente

quentes ou frios oferecendo conforto para o trabalhador. A norma NR-6:2017

regulamenta as proteções necessárias para os calçados dos trabalhadores para que os

fornecedores ofereçam produtos com alta confiabilidade e eficácia.

f) Capacete: conforme a norma regulamentadora NR-6:2017, os capacetes podem ser

para proteção contra o impacto da queda de objetos sobre o crânio do funcionário, para

proteção contra choques elétricos ou mesmo proteção da face e rosto contra agentes

térmicos. A necessidade de cada tipo de capacete é analisada conforme o projeto

porém, o capacete mais simples que alivia o impacto de objetos se torna o mais

utilizado em obras de andaimes.

g) Luvas: a utilização desta proteção individual é dada para evitar que agentes cortantes

ou perfurantes entrem em contato direto com as mãos do trabalhador no caso de

andaimes. Entretanto, a norma regulamentadora estabelece que a utilização de luvas é

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necessária caso haja possibilidade de choques elétricos, vibrações, contra umidade em

trabalhos com água, entre outros.

Além destes equipamentos de proteção, a norma regulamentadora NR-6:2017 estabelece

alguns outros itens que como óculos, protetor facial, máscara para solda, protetor auditivo e

vestimentas que podem ser utilizados pelos trabalhadores dependendo da obra. A utilização

das máscaras de soldas, por exemplo, é utilizada por profissionais especializados que realizam

a manutenção das estruturas tubulares dentro do galpão das empresas e se torna essencial para

a proteção dos olhos.

Em relação à utilização dos equipamentos de proteção individual a norma estabelece as

funções do funcionário e do empregador para o bom cumprimento das normas e,

principalmente, para resguardar a integridade física dos envolvidos. Sendo assim, cabe ao

empregador:

a) Adquirir os equipamentos necessários para cada tipo de atividade exercida.

b) Exigir que o trabalhador faça uso dos EPI’s.

c) Fornecer somente produtos certificados pelos órgãos responsáveis.

d) Orientar e treinar o trabalhador para que o uso dos equipamentos seja correto.

e) Substituir, em imediato, todos os equipamentos não conformes.

f) Higienizar e realizar manutenção preventiva nos EPI’s.

As exigências da norma NR-6:2017 em relação ao trabalhador são tão importantes se

comparado ao empregador, sendo assim, o funcionário deve fazer uso dos equipamentos no

local de trabalho e realizar a conservação e guarda das peças. Além disso, cabe ao funcionário

seguir as recomendações dadas pelos profissionais da empresa e, também, relatar alguma não

conformidade ou alteração no comportamento dos equipamentos para que o empregador tome

as providências necessárias.

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3. GERENCIAMENTO DE RISCOS

Segundo Kezner (2009), o gerenciamento de riscos é o ato ou prática de lidar com as

incertezas. Para garantir maiores probabilidades de êxito no projeto as atitudes da equipe

devem ser proativas e positivas para antecipar as situações e gerenciar os riscos de forma

apropriada.

Para Freitas (2009, p.1): “O gerenciamento de risco é o meio pelo qual estas incertezas são

sistematicamente gerenciadas para garantir que os objetivos (prazo, custo e qualidade) do

projeto sejam alcançados”.

Alencar et al. (2010), afirma que a gerência de riscos define uma modelo previsível para

atuar em cenários imprevistos tornando as situações futuras mais palpáveis e dentro de uma

faixa de controle no projeto.

3.1 DEFINIÇÃO DE RISCOS

O risco para um projeto é uma condição de incerteza que pode afetar a continuidade do

mesmo, ou seja, o risco é o efeito das incertezas nos objetivos do projeto. Segundo o

PMI(2013), os riscos são eventos ou condições incertas que, caso se confirmem, podem trazer

consequências positivas ou negativas para o projeto.

Além disso, os ricos podem possuir mais de uma causa, podendo variar entre premissas,

restrições ou requisitos, e seu impacto pode abranger um ou mais objetivos na forma de

resultados positivos ou negativos. (KEZNER, 2009)

3.2 PROCESSOS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS

Segundo o PMI (2013), os processos de planejamento, identificação, análise,

planejamento de respostas e controle dos riscos englobam o gerenciamento de riscos. A

realização destes processos que, são as bases para a implementação das boas práticas de

gerenciamento de riscos, objetivam aumentar a probabilidade de sucesso do empreendimento.

A realização dos processos de gerenciamento dos riscos deve ocorrer durante todo o

projeto para a garantia do mapeamento e identificação dos riscos, avaliação e quantificação e

seus devidos tratamentos sejam realizados. A seguir, são explanados os processos segundo o

PMI (2013):

a) Planejar o gerenciamento dos riscos: trata-se de um processo gerencial de definição

para a condução das atividades do projeto em relação aos riscos associados.

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b) Identificar os riscos: é um processo na qual os envolvidos no projeto procuram apontar

possíveis riscos e documentar suas características e prováveis consequências.

c) Realizar a análise qualitativa dos riscos: é um processo de análise e avaliação para

realizar a priorização dos riscos baseado na probabilidade de ocorrência e impactos

associados.

d) Realizar a análise quantitativa dos riscos: se caracteriza por uma análise numérica dos

efeitos do riscos aos objetivos do projeto.

e) Planejar as respostas aos riscos: é um processo de elaboração de alternativas e opções

para reduzir os efeitos negativos e elevar os positivos dos riscos.

f) Controlar os riscos: implementar os planos de respostas aos riscos, realizar o

acompanhamento dos riscos identificados, monitorar riscos residuais, identificar

possíveis novas causas de riscos e verificar o funcionamento dos processos gerenciais

por todo o projeto.

O processo de gerenciamento de riscos deve existir durante toda a vida do projeto, tendo

como objetivo, garantir, que os riscos identificados sejam rapidamente avaliados,

qualificados, quantificados e tratados.

3.3 PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS

O planejamento é um processo gerencial contínuo e dinâmico que consiste na integração

de coordenadas e técnicas para atingir um objetivo de forma clara e concisa, além de,

possibilitar a antecipação da tomada de decisões. Sendo assim, o planejamento de riscos

segundo o PMI(2013) é “o processo de definição de como conduzir as atividades de

gerenciamento dos riscos de um projeto”.

O planejamento envolve diversas das áreas de conhecimento de gestão de projetos e

permite garantir o grau, tipo e visibilidade do gerenciamento de riscos em concordância com a

necessidade do projeto para a empresa. Pelo fato de estar interligado com as mais diversas

áreas do projeto, o gerenciamento de riscos influencia as partes interessadas e o planejamento

do projeto quanto o custo, escopo e tempo para que a tomada de decisões seja embasada e as

ações com menos riscos associados sejam realizadas.

O processo de planejamento dos riscos é amplamente utilizado para a avaliação de quais

recursos e quanto tempo será utilizado em cada atividade para o melhor desenvolvimento do

projeto e consequentemente conseguir atingir os objetivos propostos. Sendo assim, a

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concepção realizada de forma precisa e acurada possibilita maiores chances de êxito dos

projetos que se utilizam desta metodologia.

O processo de planejamento entrega o plano de gerenciamento para a empresa que

segundo Kezner (2009) é o roteiro relacionado aos riscos que mostra para a equipe do projeto

como chegar ao objetivo proposto a partir do que se tem hoje. Para a elaboração do plano são

necessárias algumas entradas e ferramentas como:

Figura 17 – Planejar o gerenciamento dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas PMI (2013)

As ferramentas deste processo são utilizadas para contextualizar a visão das partes

interessadas e a exposição estratégica que os riscos associados acarretariam ao projeto, ou

seja, é realizada uma avaliação de alto nível da exposição do projeto aos riscos para conseguir

designar os recursos apropriados para o gerenciamento de riscos. Para realizar essas seleções

e definições de planejamento podem ser consultados especialistas em riscos da área na qual o

projeto está inserido e convocar reuniões para o desenvolvimento de planos de alto nível.

(PMI, 2013)

Ao final do planejamento o gerenciamento dos riscos, os documentos considerados saídas

do processo apresentam em suma a metodologia, os papéis e responsabilidades, o orçamento e

prazos para a realização dos processos de gerenciamento. (PMI, 2013)

3.4 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS

Segundo Kezner (2009), a identificação de riscos é o resultado de uma análise do projeto,

cliente e funcionários para preocupações potenciais. A equipe destinada para executar esta

atividade deve considerar os responsáveis pelo projeto, as partes interessadas, especialistas e

os patrocinadores para procurar ter uma visão geral dos possíveis riscos. (PMI, 2013)

A análise deve ser documentada pelos responsáveis para ser um arquivo de apoio aos

funcionários durante toda a duração do empreendimento e, além disso, o arquivo deve ser

revisado conforme o andamento do projeto, pois podem existir novos riscos ou mesmo os

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riscos anteriormente documentados não são mais considerados como possíveis eventos para o

projeto (PMI, 2013).

A visão sobre os riscos podem ser alteradas durante as fases do ciclo de vida do projeto

muito pelas informações disponíveis para a equipe envolvida. Sendo assim, a fase inicial de

um projeto é um espaço de indefinições e incertezas tornando a identificação de riscos mais

difícil e menos assertiva, ou seja, esta fase tem maiores riscos para o alcance dos objetivos do

projeto. Por outro lado, nas fases próximas ao encerramento, na qual quase todo o

investimento financeiro já se consumou, a probabilidade de um risco influenciar o projeto é

minoritária (KEZNER, 2009).

A figura mostra a influência do risco conforme o andamento do projeto.

Figura 18 – Riscos durante o projeto Adaptado de KEZNER (2009)

Para uma equipe de projeto realizar a identificação dos riscos existem algumas

metodologias de coleta de informações conforme (PMI, 2013):

a) Brainstorming: é um método realizado pela equipe do projeto que conta,

frequentemente, com especialistas na área externos à empresa. O brainstorming pode

ser realizado de maneira tradicional, ou seja, de forma livre mas sob a liderança de um

facilitador ou de forma estruturada na qual usam-se técnicas de entrevista em grupo.

Ao final do processo, os riscos identificados são categorizados de acordo com o tipo e

suas definições.

b) Técnica Delphi: é um método caracterizado pela identificação de riscos baseada em

um consenso de especialistas. É designado ao facilitador elaborar um questionário que

será submetido aos especialistas e as definições dos critérios de consenso. Os

questionários serão preenchidos em cada rodada até que os critérios sejam atendidos.

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Sendo assim, esta técnica reduz a parcialidade nos dados e evita influências nas

repostas.

c) Entrevistas: é um meio de obter informações de membros experientes da equipe,

partes interessadas e especialistas para a identificação dos possíveis riscos atrelados ao

projeto.

d) Análise de causa principal: é uma técnica que visa identificar um problema específico

e entender as causas que levaram ao acontecimento do problema e elaborar ações

preventivas.

Segundo CHAPMAN e WARD (2003), após a identificação deve-se elaborar ao menos

uma resposta para cada risco encontrado. Uma resposta genérica como não fazer nada pode

ser considerada uma opção, porém, não é aplicável em todos os casos. A elaboração de um

plano de resposta para cada risco deve ser elaborada ao término da identificação e o

aprimoramento da mesma deve se dar ao longo do projeto conforme a posse de maiores

informações e base para a atuação da equipe frente às incertezas.

3.5 ANÁLISE QUALITATIVA

Segundo KEZNER (2009), a metodologia de análise qualitativa aplicada à riscos é

comumente utilizada para estimativas da gravidade da incerteza, probabilidade de ocorrência

de uma situação e consequências advindas da concretização do fato. Estas saídas da análise

são importantes para a estruturação de uma matriz de análise e mapeamento dos riscos que é

essencial para o acompanhamento e monitoramento do projeto.

Segundo Alencar et al. (2010), na análise qualitativa “se avalia a probabilidade de

ocorrência e o impacto de cada risco identificado nos objetivos do projeto e os riscos de

acordo com seu impacto potencial nos objetivos são priorizados, expressando-os através de

sistema de medição regular. Logo se define uma prioridade de riscos para análise ou ação

adicional posterior, levando-se em consideração a avaliação e combinação de sua

probabilidade de ocorrência e seus possíveis impactos”.

Para realizar o processo de análise qualitativa de forma a reduzir os níveis de incerteza

atrelados ao projeto e colocar os riscos mais alarmantes em evidência são consideradas

algumas entradas, ferramentas e saídas deste processo conforme a figura a seguir. (PMI,

2013)

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Figura 19 – Realizar a análise qualitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. PMI (2013)

A agilidade e economia com a realização das metodologias é evidente, porém, devem ser

analisadas a fim de tornar o processo o mais imparcial o possível. Deve-se salientar que a

qualidade das informações é essencial para o entendimento e análise dos riscos inerentes ao

projeto e, além disso, os processos devem ser regularmente realizados ao longo da vida útil do

projeto para ajustar as bases de dados referentes aos riscos. (PMI, 2013)

Os processos previamente realizados contribuem com diversos elementos de entrada para

o processo realizar análise qualitativa dos riscos como a linha base de escopo como fonte de

riscos comuns e recorrentes, o registro de riscos previamente realizados com informações a

serem utilizados para avaliação e priorização dos riscos, fatores ambientais da empresa na

forma de fonte de dados provenientes de estudos internos realizados por especialistas e banco

de dados de riscos, e ativos organizacionais, com dados de projetos semelhantes. (PMI, 2013)

Segundo KEZNER (2009), a escala de classificação de riscos mais usual no mercado é a

escala ordinal, na qual os níveis são alocados e distribuídos apenas por ordem lógica e, os

valores reais dos intervalos entre as escalas são desconhecidos. A figura representa uma das

escalas mais utilizadas para realizar esta análise qualitativa.

Figura 20 – Escalas para análise qualitativa dos riscos Autor (2018)

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A avaliação e posterior qualificação dos impactos dos riscos são usualmente realizadas em

entrevistas ou reuniões com participantes experientes na área de cada etapa do projeto,

membros da equipe e o gerente do projeto. A presença de especialistas que, tenham

experiência em projetos semelhantes e recentes, para a obtenção de dados importantes pode

ocorrer dependendo do grau de dificuldade e incerteza inerentes aos objetivos do projeto.

Além disso, devem ser contabilizados detalhes dos riscos e seus impactos, com as premissas e

justificativas para cada grau atribuído. (PMI, 2013)

Outra técnica utilizada é a matriz de probabilidade de impacto na qual são especificadas

combinações de probabilidade e impacto que resultam na classificação das incertezas em

graus especificados conforme a estrutura de qualificação da organização. A figura abaixo

exemplifica o uso e métricas utilizadas neste modelo de matriz.

Figura 21 – Matriz de probabilidade e impacto (PMI, 2013)

Segundo KEZNER (2009), as matrizes de probabilidade e impacto são de grande valor

para converter a probabilidade e consequência em uma ponderação, entretanto, algumas

limitações da prática podem levar a erros. As matrizes ilustram com o triângulo superior,

conforme a imagem, os riscos que devem ser tratados com mais cautela, entretanto, os riscos

com grandes consequências danosas aos objetivos do projeto, mas que possuem baixa

probabilidade de ocorrência devem ser tratados de forma menos eficiente.

A ferramenta de avaliação de urgência dos riscos é comumente associada às análises

qualitativas como forma de priorização das ações de resposta aos riscos. A utilização desta

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técnica em conjunto da classificação dos riscos advindas da matriz de probabilidade é possível

a produção de uma matriz com a classificação completa da gravidade e urgência dos riscos.

Associado a todas estas ferramentas de análise qualitativa de riscos é de grande valia analisar

a qualidade dos dados obtidos para alcançar os resultados esperados da utilização. A precisão,

qualidade, confiabilidade e integridade dos dados coletados são estudadas para que os valores

usados sejam representativos e, cabe ao gerente do projeto analisar a necessidade e uso das

informações coletadas. (PMI, 2013)

As saídas destes processos são as atualizações nos registros dos riscos e das premissas de

forma iterativa, ou seja, devem ser realizadas atualizações conforme a ocorrência, novas

análise de probabilidade e impacto ou recolhimento de novas informações sobre as incertezas.

As premissas do projeto devem ser revistas conforme os resultados obtidos para uma melhor

adequação à realidade futura do projeto. (PMI, 2013)

3.6 ANÁLISE QUANTITATIVA

A análise quantitativa tem como intuito realizar uma análise numérica dos efeitos dos

riscos identificados nos objetivos e particularidades do projeto. Este processo permite a

produção de informações quantitativas dos riscos para embasar e garantir que as decisões

futuras sejam tomadas acertadamente e com grau mínimo de incerteza. Para embasamento

técnico e organizacional são consideradas algumas entradas, ferramentas e saídas deste

processo conforme a figura abaixo. (PMI, 2013)

Figura 22 – Realizar a análise quantitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. PMI (2013)

A boa prática da análise quantitativa depende diretamente de uma boa estrutura de

gerenciamento e incorporação de dados probabilísticos precisos. A estrutura e o modelo

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empregados nesta etapa devem ser adequados à realidade da empresa a fim de que seus

esforços surtam os efeitos desejados e, além disso, estes devem ser validados pelo responsável

técnico do projeto. Algumas metodologias de análise quantitativa são comumente utilizadas

nas análises de riscos incluindo matrizes de recompensa, árvores decisórias, valor esperado e

o processo de Monte Carlo. (KEZNER, 2009)

Para GOMI (2001), uma das ferramentas apresentadas que apresenta grande eficácia é a

árvore decisória que, permite expor com clareza as consequências e resultados referentes as

decisões tomadas no projeto em relação aos riscos identificados. As árvores decisórias

possuem elementos essenciais para o funcionamento da sua metodologia que são:

a) Pontos de decisão: são os pontos iniciais da árvore dos quais saem as alternativas

estudadas pela equipe de projeto. O número de alternativas é definido pelo grau de

assertividade das mesmas e pelos custos envolvidos com suas escolhas.

b) Pontos de riscos: é um vértice no qual encontra-se uma indicação de que um evento é

esperado. Os eventos são representados nas arestas subsequentes e cada uma é

associada a uma probabilidade de ocorrência.

c) Resultados: são os vértices finais da árvore que representam os ganhos ou perdas das

alternativas em questão e eventos ocorridos que são a base para a tomada decisória.

A imagem abaixo exemplifica como é a estruturação de uma árvore decisória:

Figura 23 – Elementos de uma árvore de decisão GOMI (2001)

Os resultados advindos das técnicas e ferramentas utilizadas para o gerenciamento

quantitativo dos riscos podem ser, segundo o PMI (2013), a análise probabilística do projeto,

o registro de probabilidade de realização dos objetivos de custo e tempo, lista priorizada de

riscos quantificados e tendência dos resultados da análise quantitativa. Vale ressaltar que a

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lista priorizada de riscos é um documento no qual constam os riscos que representam maiores

ameaças para os objetivos do projeto e os que exigem maiores contingências de custos ou,

também os que afetariam de forma significativa o cronograma do projeto.

Segundo KEZNER (2009), as saídas deste processo são de extrema importância para obter

desempenho técnico de alto nível, estimativas planejadas de conclusão do empreendimento e

estabelecer marcos para o projeto. Entretanto, as informações de tendências reais são

frequentemente mascaradas por incertezas nas análises realizadas pela equipe responsável

pelo projeto.

3.7 RESPOSTAS AOS RISCOS

O plano de respostas aos riscos inclui as metodologias e técnicas responsáveis por lidar

com as ameaças e oportunidades conhecidas do projeto, definir os responsáveis da equipe do

projeto pelo tratamento de cada risco e estabelecer os recursos que serão empregados na

resolução dos problemas. (KEZNER, 2009)

A análise decisória da estratégia que será implementada para o tratamento do risco

depende dos custos e dificuldades de implementação e, é interessante aplicar a que equilibre

estes pilares com os benefícios decorrentes, tais como requisitos legais, regulatórios ou

outros. (ABNT, 2009).

Segundo PMI (2013), são possíveis algumas ferramentas estratégicas de resposta aos

riscos e, sua implementação, depende diretamente das análise da eficácia das mesmas. As

ações são elaboradas pela equipe de projeto de maneira singular para cada incerteza do

projeto e, incluem-se estratégias principais e alternativas conforme o risco associado. Sendo

assim, podem ser utilizadas as seguintes estratégias para lidar com as ameaças dos projetos:

a) Prevenir: é uma estratégica na qual a equipe visa eliminar o risco para evitar seu

impacto no projeto. O gerente do projeto pode rever os planos de gerenciamento para

adequar os riscos aos objetivos, ou seja, é possível estender o cronograma ou reduzir o

escopo para evitar os impactos de um risco. Uma possibilidade a ser considerada é o

cancelamento do projeto, porém, a mais radical.

b) Transferir: consiste em repassar os impactos dos riscos para terceiros e, também, as

responsabilidades de suas respostas. Deve se salientar que, nesta estratégia, o risco não

é eliminado somente muda-se o responsável que, por estar assumindo a incerteza deve

receber um estímulo financeiro proporcional às responsabilidades atreladas. As

ferramentas de transferência são representadas pelo uso de seguros, seguros-

desempenho, garantias, etc.

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c) Mitigar: é um método de redução da probabilidade de ocorrência e, caso ocorra, dos

seus impactos envolvidos. A estratégia de mitigar os riscos é realizada para que os

impactos do risco sejam minimizados até que estejam dentro de uma faixa considerada

aceitável pela equipe de projeto. A utilização de processos com baixa complexidade

técnica e a escolha de fornecedores com maior confiabilidades são bons exemplos de

mitigação de riscos.

d) Aceitar: é uma estratégia de não realizar nenhuma ação frente ao risco, a menos que

ele venha a ocorrer. A aceitação de um risco é adotada quando não se tem estratégias

adequadas para as respostas ou se torna inviável financeiramente estabelecer um plano

de ação. Para esta estratégia são comumente estabelecidas reservas de contingência de

recursos.

Sendo assim, com estas técnicas o planejamento de riscos é realizado e são elaborados

documentos com as opções de resposta, abordagens definidas, o detalhamento das atividades

e responsabilidades da equipe de projeto. As saídas deste processo de planejamento devem ser

claras e tecnicamente viáveis para a equipe do projeto colocar em prática as soluções

definidas. (KEZNER, 2009)

Além disso, segundo COSO (2008), a análise de qual resposta se torna mais adequada ao

risco não deve se limitar à redução dos impactos e da probabilidade de ocorrência do risco

mas, também, deve considerar as oportunidades e objetivos da organização como um todo.

3.8 MONITORAMENTO E CONTROLE

Segundo PMI (2013), “controlar os riscos é o processo de implementação de planos de

respostas aos riscos, acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos

residuais, identificação de novos riscos e avaliação da eficácia do processo de riscos durante

todo o projeto”.

O processo de monitoramento e controle é dado pela análise sistêmica da eficácia das

respostas aos riscos com base nas métricas adotadas no planejamento. Os resultados deste

processo dependem diretamente de parâmetros como custo, tempo e desempenho técnico para

que os responsáveis pelo monitoramento consigam avaliar o status do projeto e dos riscos.

(KEZNER, 2009)

De acordo com PMI (2013), a figura a seguir apresenta as entradas, ferramentas e saídas

para aplicação das boas práticas de controle de riscos:

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Figura 24 – Controlar os riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas PMI (2013)

Segundo Cleland e Ireland (2007), o processo de monitoramento e controle de riscos está

associado com as avaliações realizadas durante o projeto e, realizando-se ações de

acompanhamento e supervisão do projeto torna-se uma combinação cíclica de quatro

elementos conforme a figura abaixo:

Figura 25 – Processos de Monitoramento CLELAND e IRELAND (2007)

O processo de controle pode resultar na identificação de novas incertezas, reavaliação dos

riscos e encerramento dos desatualizados. A técnica de reavaliação de riscos é uma prática

que deve ser realizada com regularidade e definida pelo gerente do projeto para a revalidação

dos documentos de entrada deste processo. Além disso, é possível realizar análises de reserva

durante o andamento do projeto para comparar a quantidade de reserva deixada para uma

situação e o risco associado a ela e, assim, adequar à realidade atual. Estas ferramentas

apresentadas são comumente associadas à reuniões para discussão dos riscos e elaborar

melhorias nos processos como um todo. (PMI, 2013)

Ao final deste processo são produzidas documentações e atualizações principalmente no

registro de riscos que incluem os resultados das reavaliações e revisões periódicas nos riscos

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que incluem as novas probabilidades de ocorrência e impactos, responsabilidades e qualquer

informação que o responsável pelo projeto julgue relevante. Além disso, são analisados os

resultados reais dos riscos e do plano de ação que tem enorme valia para empreendimentos

futuros com escopo semelhante. (PMI, 2013)

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4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO

4.1 EVENTO , EMPRESA E CONTEXTO

O presente exemplo de aplicação se dá na montagem de andaimes para o apoio na

realização dos eventos da Jornada Mundial da Juventude que, em 2013, foi sediada no Rio de

Janeiro. A Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro internacional de jovens com o

Papa e em sua edição anterior reuniu mais de dois milhões de pessoas em Madri, na Espanha.

O evento acontece a cada três anos e conta com a presença de jornalistas do mundo inteiro

para realizar as transmissões ao vivo em outros países.

Devido a sua alta capacidade de comportar multidões e grandes eventos, a praia de

Copacabana foi escolhida para sediar o evento e, foram colocadas estruturas provisórias em

pontos da areia e do calçadão. Em concordância com o grande porte do evento e da

necessidade de muitas estruturas tubulares, os organizadores do evento decidiram dividir os

projetos das estruturas necessárias para a realização da jornada entre algumas empresas

especializadas.

A empresa fictícia X atua no ramo da locação de equipamentos para eventos, construção

civil e manutenção industrial. Os equipamentos da empresa permitem montar com estruturas

tubulares: andaimes, arquibancadas para arenas esportivas, palcos cobertos, palcos concha e

tablados. A organização do evento contatou a empresa X pedindo um orçamento para a

realização da montagem de seis andaimes que seriam alocados na areia em volta do palco

principal do evento. Ao final das negociações a empresa X ficou responsável pelo aluguel dos

materiais, montagem e desmontagem das estruturas.

O contrato estabelecia que seriam construídas seis torres de iluminação em estrutura

tubular medindo cada uma cerca de 11,43 metros de comprimento por 9,85 metros de

profundidade, com altura de aproximadamente 18,70 metros, com pisos a serem fornecidos e

executados pelo cliente em pernas de 3” e compensado de espessura 15 milímetros, com

cobertura em lona na parte superior. Além disso, seria colocada uma escada de marinheiro

com guarda-corpo para o acesso ao piso superior. As estruturas teriam treliças para suporte de

grid’s de iluminação em cada torre, um fly-PA em quatro das torres e suporte para painel de

LED em duas das torres, além da colocação de propaganda do evento feito em lona impressa

fixada à estrutura.

A empresa X ficaria responsável por todo o projeto estrutural, acompanhamento das obras

e fiscalização técnica realizada por profissionais capacitados, fornecimento das estruturas

tubulares, lonas, pisos, fretes e mão-de-obra para montagem e desmontagem. Deve-se

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salientar que a colocação dos painéis e equipamentos de som não fazem parte do escopo da

empresa X.

As torres em questão são classificadas como simplesmente apoiadas e para cada uma

foram dimensionadas 18 toneladas de equipamentos tubulares que serão montados com a

utilização de estrutura multidirecional. Os quantitativos e descrição de peças necessárias para

a construção do especificado em contrato fornecido pela empresa se encontram no Anexo 1

do presente trabalho. Os esquemas e plantas desenhados pela empresa para auxiliar na

execução dos projetos e estabelecer planos operacionais de uma torre modelo, também estão

anexos ao texto.

Para a execução da obra, a equipe de planejamento operacional da empresa definiu que

seriam necessários para a montagem de cada uma das torres uma equipe constituída por um

encarregado de montagem e doze montadores. Ao mesmo tempo ficou definido que

trabalhariam duas equipes por turno, montando-se assim duas torres a cada três dias. A

empresa disponibilizou para o acompanhamento das obras das seis torres dois engenheiros e

um encarregado de segurança. A montagem de todas as estruturas seria realizada em nove

dias para que a empresa responsável pela colocação de som, vídeo e propagandas tivesse

tempo suficiente para realizar os serviços antes do início do evento. Em termos da

desmontagem das estruturas, que seria realizada nos mesmos nove dias, a equipe de

planejamento estipulou necessários oito montadores por torre, contando com duas equipes,

estes acompanhados do encarregado, dois engenheiros e um encarregado de segurança.

Em relação às condições básicas para a execução dos trabalhos a empresa viu a

necessidade de disponibilizar um contêiner com água potável, mesa para refeições dos

funcionários e sanitário químico. O local de trabalho não conta com a possibilidade de

dormitórios, sendo necessárias viagens diárias dos funcionários até o local do trabalho. Já

estava previsto pelo Contratante a permanência ininterrupta de uma ambulância no local, para

o pronto atendimento de eventuais ocorrências.

Deve-se se salientar que a empresa X já havia realizado outras obras com as mesmas

estruturas no local e, já era do conhecimento dos engenheiros responsáveis pelo projeto

estrutural que os ventos na região poderiam impactar a estabilidade da estrutura. Sendo assim,

os projetos estruturais apresentavam reforços e contraventamentos para mitigar a ação do

vento. Além disso, os engenheiros responsáveis pelo acompanhamento das montagens e

desmontagens são instruídos para parar as execuções em caso de ventos fortes.

Para realizar o transporte dos materiais do galpão da empresa até o local da obra e vice-

versa foram contratados caminhões de firmas especializadas neste tipo de transporte. O

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planejamento da empresa estipulou a necessidade do emprego de dois caminhões para o

transporte de cada torre. Para evitar que os materiais ficassem armazenados no local da obra o

planejamento estabeleceu o envio de dois caminhões por dia para que os materiais pudessem

ser montados quase que imediatamente.

Deve-se se salientar que a obra ocorreu sem nenhum tipo de acidente ou qualquer tipo de

interferência. As estruturas foram montadas dentro do prazo estabelecido e utilizadas

conforme o estabelecido em contrato. As imagens da montagem, com os trabalhadores

fazendo uso dos equipamentos individuais de segurança necessários estão a seguir:

Figura 26 – Homens trabalhando no andaime Empresa X

Figura 27 – Etapa final da construção da primeira torre Empresa X

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As torres na lateral esquerda do palco foram executas primeiro e tiveram instalados os

dispositivos de segurança determinados por normas em relação aos andaimes. As figuras a

seguir mostram as torres na lateral esquerda e alguns dos dispositivos de segurança utilizados:

Figura 28 – Torres na lateral esquerda do palco principal Empresa X

Figura 29 – Detalhe de pisos, escada e estrutura multidirecional Empresa X

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No final da montagem de todas as estruturas, a empresa responsável pelo evento instalou

todas as caixas de som, painéis de LED e propagandas nas torres. As figuras a seguir mostram

uma das torres devidamente finalizada para o evento e a colocação destes dispositivos:

Figura 30 – Torre com propaganda colocada Empresa X

Figura 31 – Torre com painel de LED Empresa X

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4.2 RISCOS ENVOLVIDOS E PLANEJAMENTO

A partir dos dados coletados através da análise do exemplo de aplicação e dos

conhecimentos obtidos através dos funcionários que participaram do planejamento e execução

da obra foi possível realizar uma análise de riscos para o empreendimento. Tal estudo,

pautado nos processos estabelecidos pelo PMI, visa complementar o planejamento, visto que,

a empresa X não realiza análises prévias dos riscos em relação aos seus projetos.

Para identificar os possíveis riscos do empreendimento foi realizado um brainstorming,

com a presença de dois engenheiros que foram responsáveis pelas obras destas torres. Os

riscos identificados são referentes aos possíveis problemas desde a saída dos materiais do

galpão da empresa até o retorno após montagem e desmontagem das estruturas. A experiência

dos engenheiros em relação aos materiais empregados nos projetos em questão, é base para a

coleta de dados.

A identificação do risco, compreende a sua descrição e o reconhecimento de seu momento

de ocorrência. Tal ação é de extrema importância para a empresa que, com isso, consegue

estabelecer estratégias para prevenir acidentes. Os documentos oficiais, que apresentam estas

informações devem ser divulgados para toda a equipe de planejamento, de tal forma que todos

os membros tenham acesso a eles quando necessário ao longo de toda a duração do projeto. O

quadro a seguir apresenta todas as fases do empreendimento como descritas anteriormente, e

os riscos associados a elas baseado nas normativas e experiência dos engenheiros, neste tipo

de obra, da empresa X.

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Quadro 4 – Riscos envolvidos Autor (2018)

Deve-se se salientar que na fase da desmontagem das estruturas são identificados alguns

riscos iguais aos da montagem, como por exemplo, a não utilização dos EPI’s.

Fase do

empreendimento

Risco

Saída dos

materiais para a

obra / volta dos

materiais para o

galpão

- Queda de equipamentos das pilhas em que estão arrumados;

- O equipamento carregado manualmente no caminhão pode escorregar quando

passado de um funcionário ao outro;

- Cortes provocados por peças com ranhuras resultantes de galvanização recente;

- Má amarração da carga no caminhão, resultando em danos a funcionários e

terceiros.

- Postura incorreta ao carregar materiais pesados.

Montagem das

estruturas

- Queda do trabalhador;

- Queda de materiais, ferramentas e outros equipamentos.

- Não ou má utilização dos EPI.

- Ruína estrutural do andaime devido a sobrecargas não dimensionadas, erro de

cálculo, bases sem capacidade suporte da carga ou erros de montagem.

- Choque elétrico.

- Mal súbito e desmaios.

- Desidratação.

- EPI fora dos padrões mínimos ou fora de condições de uso.

- Trabalho em situações adversas (ventos fortes ou chuva).

- Peças mal presas que podem despencar.

- Problemas variados na colocação da treliça para suporte dos painéis e caixas de

som.

- Tubos, braçadeiras, pisos desgastados, corroídos, etc. que comprometam

estruturalmente.

Desmontagem - Retirar primeiro itens essenciais para a estabilidade do andaime.

- Falta de atenção.

- Falta de cuidado para descer as estruturas do topo para a base do andaime.

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Após a identificação dos riscos, há a necessidade de estimar a gravidade e probabilidade

de ocorrência de cada uma das incertezas, como forma de estabelecer quais ameaças são

prioritárias, uma vez que deve-se buscar formas de mitigar a ocorrência trabalhar das

incertezas com o maior impacto negativo para o projeto. Assim, foi necessária a categorização

destas probabilidades em uma escala, que confere números para as chances de ocorrência e

impactos, conforme a tabela a seguir:

Legenda (Probabilidade

/ Impacto)

Pontuações

Muito alta 5

Alta 4

Moderada 3

Baixa 2

Muito baixa 1

Tabela 1 – Escala de riscos Autor (2018)

A partir desta pontuação, é possível elaborar a matriz de probabilidade e impacto para os

riscos identificados anteriormente e, com isso, definir quais os mais importantes, e que devem

ser analisados com maior atenção, pois apresentam maior chance de ocorrência e maior

impacto. Para atribuir a pontuação de probabilidade e impacto, foi necessária a participação

dos dois engenheiros responsáveis pelo controle e monitoramento das obras e do encarregado

de montagem. A opinião dos três funcionários da empresa foi ouvida e a pontuação foi

determinada pela legenda que recebeu mais indicações entre eles. A seguir, a matriz de

probabilidade e impacto para os riscos identificados em cada etapa do empreendimento:

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Tabela 2 – Matriz probabilidade x impacto

Autor (2018)

O próximo processo de gerenciamento de riscos segundo o PMI (2013) é a análise

quantitativa. Este processo, apesar de importante, não será utilizado no presente trabalho por

Listagem dos Riscos Probabilidade de ocorrência

Impacto da ocorrência

Probab. X Impacto

- Queda de equipamentos das pilhas em que estão arrumados.

2 2 4

- O equipamento carregado manualmente no caminhão pode escorregar quando passado de um funcionário ao outro.

3 2 6

- Cortes provocados por peças com ranhuras resultantes de galvanização recente;

2 2 4

- Má amarração da carga no caminhão, resultando em danos a funcionários e terceiros.

1 3 3

- Postura incorreta ao carregar materiais pesados. 3 3 9

- Queda do trabalhador; 3 5 15

- Queda de materiais, ferramentas e outros equipamentos.

4 5 20

- Não ou má utilização dos EPI. 3 5 15

- Ruína estrutural do andaime devido a sobrecargas não dimensionadas, erro de cálculo, bases sem capacidade suporte da carga ou erros de montagem.

1 5 5

- Choque elétrico. 2 5 10

- Mal súbito e desmaios. 2 5 10

- Desidratação. 2 4 8

- EPI fora dos padrões mínimos ou fora de condições de uso.

2 4 8

- Trabalho em situações adversas (ventos fortes ou chuva).

2 5 10

- Peças mal presas que podem despencar. 3 5 15

- Problemas variados na colocação da treliça para suporte dos painéis e caixas de som

4 5 20

- Tubos, braçadeiras, pisos desgastados, corroídos, etc. que comprometam estruturalmente

1 4 4

- Retirar primeiro itens essenciais para a estabilidade do andaime.

2 5 5

- Falta de atenção. 3 4 12

- Falta de cuidado para descer as estruturas do topo para a base do andaime.

3 4 12

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falta de um banco de dados com as estatísticas referentes aos acidentes no trabalho. Além

disso, o gerenciamento de riscos se torna simplificado e, consequentemente mais ágil sendo

mais adaptado para obras com estruturas provisórias que duram poucos dias. Sendo assim,

após a análise qualitativa o próximo processo será a elaboração de planos de ação.

A partir da análise da tabela, verificou-se que alguns itens precisam de maior atenção pois,

podem comprometer a integridade dos funcionários severamente. Sendo assim, será

estabelecido um plano de ação para os cinco riscos com os maiores valores de probabilidade x

impacto. O plano de ação será baseado nas práticas exigidas pelas normativas apresentadas

neste estudo e pela experiência da equipe da empresa X. Portanto os riscos e seus respectivos

planos de ação são:

a) Queda de materiais, ferramentas e outros equipamentos: este risco é muito comum

em trabalhos em altura e a uma forma de mitigá-lo é através da colocação, conforme o

especificado na norma NBR-6494:1990, de rodapés para evitar a queda de materiais

nos andaimes. Sendo assim, para atender a norma e diminuir as probabilidades de

ocorrência deste risco, deve-se considerar em seu projeto a instalação de, em todas as

extremidades ou pontos com chances de quedas, rodapés de 0,15 metros a partir do

piso. Estabeleceu-se a necessidade da colocação de telas para evitar os impactos da

queda de objetos atendendo também a esta normativa. Além disso, os responsáveis

pela obra deverão orientar os trabalhadores para evitarem algumas atitudes que são

consideradas temerárias conforme a Norma Técnica da Petrobras. O trabalhadores

serão orientados para não empilharem materiais ou ferramentas sobre as plataformas

de trabalho e travar os equipamentos que são transportados ou passados de um

funcionário ao outro evitando que por desordem nas operações algum acidente

aconteça.

b) Queda do trabalhador: este risco é de grande importância para a empresa e seus

funcionários e todas as normativas brasileiras estabelecem regras e práticas para evitar

totalmente o seu acontecimento, portanto é necessário preveni-lo para eliminar as suas

chances de ocorrência e possíveis impactos. Para isso, deve-se fornecer para todos os

funcionários os equipamentos de proteção individual necessários para o trabalho em

questão. Todos os equipamentos da empresa devem apresentar o Certificado de

Aprovação, pouco tempo de uso e boas condições, sem necessidade de manutenção.

Além disso, é importante ressaltar que os talabartes acoplados ao cinto de segurança

devem apresentar cinco pontos de ancoragem e, com isso, garantir maior segurança ao

trabalhador. Ademais, deve ser estabelecida a colocação de guarda-corpo em todos os

pontos externos ou com risco de queda de nível seguindo os padrões da NR-35 e, é

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necessário salientar que as escadas de marinheiro devem apresentar sistemas de guarda

corpo soldados.

c) Não ou má utilização dos EPI’s: este risco ocorre devido aos hábitos dos

trabalhadores, que em muitos casos não se adaptam aos equipamentos de proteção e

preferem realizar os serviços sem utilizá-los e, deve ser prevenido. A norma NR-6

estabelece as obrigações dos empregadores e dos funcionários em relação aos

equipamentos de segurança. Porém, para garantir o uso, ao início dos trabalhos o

engenheiro responsável deve entregar os EPI’s higienizados e conversar com a equipe

de trabalhadores sobre os problemas advindos da não utilização para conseguir uma

conscientização de toda a equipe. Os funcionários devem saber que a utilização é

obrigatória.

d) Peças mal presas que podem despencar: este risco é decorrente da má execução dos

serviços pelos trabalhadores e deve ser prevenido pelos responsáveis. A equipe da

empresa identificou este risco por ser algo recorrente nas montagens da empresa

devido o trabalhador esquecer-se de realizar o torque para fixação de peças ou aperto

de braçadeiras, por exemplo. O risco pode comprometer a estabilidade da estrutura ou

uma peça específica pode despencar do andaime e, para isso, os funcionários foram

instruídos a realizar verificações nas estruturas a cada nível construído para evitar os

problemas citados. Além disso, os engenheiros responsáveis pelo acompanhamento da

obra ficaram com a função de vistoriar estas particularidades.

e) Problemas na colocação da treliça para suporte dos painéis e caixas de som: a

empresa realiza a colocação desta estrutura de maneira totalmente manual, ou seja,

alguns trabalhadores se posicionam em alguns níveis do andaime para conseguir

suspender a peça até o ponto desejado. Esta prática envolve uma série de riscos e

somente é utilizada pela empresa por uma questão de custos. A colocação desta treliça

no andaime pode ser considerado o detalhe construtivo mais complicado e difícil de

ser realizado pelos trabalhadores. Sendo assim, para prevenir os problemas

decorrentes é recomendável a realização desta etapa de maneira mecanizada, ou seja,

deve-se contratar um serviço de mini grua ou guindaste que faça a colocação de forma

muito mais segura. Desta forma o serviço é realizado mais rápido e com maior

segurança, porém maiores custos.

Portanto, estabelecem-se boas condutas a serem seguidas em relação aos principais riscos

do empreendimento. Em relação aos outros riscos, a equipe de planejamento deve ter

conhecimento da sua probabilidade e impactos nos objetivos do projeto e deve estar atenta

para evitar suas consequências negativas. Levando em consideração o exemplo de aplicação

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analisado, por se tratar de um projeto de curta duração, não há necessidade de atualização de

acordo com o andamento do projeto dos documentos acima, diferindo da boa prática prevista

pelo PMI, como visto anteriormente. A equipe de planejamento deve manter a listagem de

riscos inalterada, assim como as probabilidades de ocorrência e impactos associados, ao

menos que alguma probabilidade se torne fato, ou o projeto se encerre.

Em termos de monitoramento e controle dos riscos envolvidos, resta à equipe de

planejamento analisar a eficácia dos planos de ação e estabelecer novas condutas, se

considerado necessário. Para realizar o monitoramento os engenheiros responsáveis pelo

acompanhamento da obra são essenciais, pois, estão diretamente ligados aos trabalhos

realizados nas estruturas e aos funcionários podendo identificar o não cumprimento de

medidas de segurança ou exigências da empresa. Deve-se salientar que os engenheiros estarão

presentes desde a saída dos materiais até a volta dos mesmos para o galpão e realizarão

controles e inspeções nos materiais para garantir o cumprimento das normas de segurança.

Para que este processo seja realizado e apresente bons resultados, é necessário que a

empresa crie padrões de qualidade em relação aos materiais, serviços e equipamentos de

segurança que podem ser baseados nas normativas e com alguns ajustes realizados pela

empresa e experiência dos funcionários.

4.3 CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir da análise das informações coletadas é possível analisar algumas particularidades

em relação aos riscos identificados. Nota-se que o alto impacto dos riscos na montagem das

estruturas se deve bastante aos trabalhos serem realizados em grandes alturas. Quanto maior a

altura da estrutura maiores o impactos e consequências de, por exemplo, a queda de um objeto

ou de um trabalhador.

O início ciclo de vida do projeto foi considerado na saída dos materiais e o término na

respectiva volta para o galpão. Em todo o ciclo de vida deve-se salientar que os riscos com

maiores ameaças para o trabalhador se encontram no período da montagem das estruturas.

Um fator que pode influenciar no aumento de boa parte dos riscos é o prazo de entrega da

obra. A etapa da montagem apresenta diversos riscos semelhantes aos da desmontagem e

pode ser considerada mais ameaçadora do que as etapas dentro do galpão, porém, a

necessidade de executar os serviços com agilidade pode trazer prejuízos. Os trabalhadores

estão mais sujeitos a erros de execução e desatenção por estarem executando o serviço de

forma mais rápida, por isso, a presença de maior efetivo durante a montagem pode trazer

ganhos de segurança.

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A aplicação de alguns processos de gerenciamento de riscos no estudo de caso permite

mapear alguns dos riscos associados ao projeto e, com isso, os responsáveis pelo

acompanhamento da obra têm seu trabalho facilitado e com menor tendência de problemas

relacionados à segurança. Além disso, a empresa não realizava análises de riscos

anteriormente ao projeto, mesmo seguindo todas as normas técnicas, porém, a utilização das

metodologias com ênfase no planejamento das operações, os engenheiros responsáveis terão

ganhos de segurança nas operações. Além disso, a análise de risco seria de grande valia para

todos os funcionários que veriam antes da obra as possíveis ameaças. Deve-se considerar

também que o planejamento ajuda nas fiscalizações e inspeções de materiais, equipamentos

de proteção e estruturas que serão utilizados para a construção do andaime.

A utilização destas normativas brasileiras em relação à segurança no trabalho suportaram

bem as estratégias do plano de ação, porém, encontra-se dificuldade para acessar algumas das

normativas internacionais para realizar este embasamento devido às altas taxas cobradas para

visualização. Além disso, a empresa que forneceu os dados para o exemplo de aplicação não

possuía um banco de dados referente aos problemas encontrados nas obras anteriores. Com a

utilização destas informações a identificação dos riscos seria mais precisa e com isso, os

dados finais referentes aos riscos teriam melhor embasamento.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 COMENTÁRIOS

Como abordado no trabalho, as normativas referentes aos andaimes são complementares e

apresentam diretrizes para serem seguidas e, assim, reduzir os acidentes no trabalho. Da

mesma forma, as boas práticas de gerenciamento de riscos apresentam processos para

melhoria contínua no tratamento de riscos e antecipação de incertezas. Sendo assim, a

utilização das práticas de gerenciamento associadas com as normas referentes à andaimes e

segurança no trabalho possibilita a aplicação e obtenção de resultados reais e satisfatórios para

uma empresa que segue estas metodologias.

As empresas no ramo da construção civil que têm sua atuação em áreas com riscos como a

construção de andaimes e utilização de estruturas tubulares podem ter ganhos aplicando

modelos de gestão de riscos. É interessante ressaltar que, cada empresa pode usar os

processos que julgar necessários para o gerenciamento de riscos conforme o grau de

maturidade em gestão ou mesmo o tamanho da empresa. No exemplo de aplicação do

presente estudo, por exemplo, não foram utilizados todos os processos estabelecidos pelo PMI

para agilizar a tomada de decisão e garantir a segurança com as boas práticas necessárias.

Em relação às normativas regulamentadoras e normas técnicas referentes às estruturas de

andaimes vale ressaltar a baixa complexidade e pontos de extrema importância para a garantia

da segurança dos trabalhadores. As normas são complementares e de fácil entendimento

facilitando o cumprimento das exigências estabelecidas. Sendo assim, as empresas devem

rever estas normas antes da realização de qualquer projeto para estabelecer que os pontos

abordados sejam cumpridos e, com isso, os andaimes tenham maior segurança e os

trabalhadores tenham boas condições para exercer suas atividades.

5.2 SUGESTÕES

A análise qualitativa permite ter boas informações sobre os riscos do projeto, porém, a

análise quantitativa torna o estudo ainda mais real por obter informações probabilísticas sobre

os acidentes e riscos referentes os projetos com andaimes. Sendo assim, para a elaboração de

um trabalho ainda mais aprofundado que o presente, seria importante obter informações sobre

acidentes no banco de dados das grandes empresas do ramo para realizar estudos ainda mais

embasados em fatos reais. Além disso, seria importante a representação e comparação das

normas de segurança brasileiras com algumas normas dos países que se utilizam bastante

destas estruturas e apresentam destaque como a Alemanha e França.

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ANEXOS