monografia machado de assis e a guerra do paraguai

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Introduo do trabalho:

Referencia guerra do Paraguai

No a inteno deste trabalho esmiuar as causas dessa guerra, porm, faz-se necessrio elencar alguns fatos para entender a importncia da crnica enviada a Machado de Assis. A Guerra do Paraguai pode ser entendida como um episdio de um longo conflito entre blancos e colorados no Uruguai .1

O Brasil e a Argentina apoiavam os colorados e ao governo uruguaio restou pedir apoio ao Paraguai de Solano Lopez. Aps uma srie de conflitos diplomticos, o Brasil invade o Uruguai em 16 de outubro de 1864 e Solano Lopez toma a deciso de declarar guerra ao Brasil, tomando o navio Marqus de Olinda, que seguia pelo Rio da Prata e invadindo o Mato Grosso em dezembro do mesmo ano. Logo a seguir, declara guerra a Argentina tambm e em abril de 1865, as tropas paraguaias invadem a provncia argentina de Corrientes. Diante desta situao, em maio de 1865, forma-se a Trplice Aliana, com Brasil, Argentina e Uruguai, que a esta altura j estava sob o comando de Flores, que havia tomado o poder em fevereiro deste mesmo ano.

Na Guerra do Paraguai a histria oficial deixou de registrar a verso do inimigo derrotado se pautando somente pelas verses dos vencedores. Tambm a Repblica, proclamada por lderes do Exrcito como Deodoro e Floriano, que haviam participado da luta contra os paraguaios, no modificou as verses divulgadas, que nem sempre correspondiam aos fatos, e que at os dias atuais so repetidas pelos livros didticos. Os preparativos para a guerra contavam com a participao da imprensa, tanto no Brasil quanto no lado aliado jornalistas, escritores e artistas eram arregimentados para convencer a opinio pblica de que se tratava de um combate entre a civilizao e a barbrie, construindo uma imagem negativa do Paraguai, que persiste at os dias atuais. Um dos exemplos mais evidentes da manipulao era a maneira como jornais e revistas se referiam a Solano Lpez, empregando expresses como tila sanguinrio, encarnao do mal, louco, canibal, etc., enquanto charges o animalizavam em forma de abutre ou hiena, bem como as tropas paraguaias, transformadas numa matilha de ces fardados, como as caricaturas apresentadas no terceiro captulo.

campanha de difamao tinha o aval de jornalistas de prestgio, como o escritor Machado de Assis, que assinou vrios artigos no Dirio do Rio de Janeiro defendendo a misso civilizatria do exrcito brasileiro na luta contra os brbaros paraguaios. A contradio de ser o Brasil uma monarquia escravocrata alegando que lutava, em nome da liberdade, contra uma repblica que no tinha mais escravos nem analfabetos foi ignorada pelos jornais e revistas. As matrias tambm no revelavam que os negros eram, em sua maioria, escravos que substituam os seus senhores e parentes em troca da promessa de serem libertados ao final da guerra. A imprensa imperial endossou igualmente a viso triunfalista dos Aliados que previa uma campanha militar fulminante, com a vitria da Trplice Aliana em menos de trs meses, mas que representou, na realidade, mais de cinco anos de luta e sacrificou mais de meio milho de vidas, das quais 90 mil eram brasileiras.

Quanto Guerra do Paraguai, interessado que era no que ocorria a sua volta, Machado de Assis no deixou de comentar e discutir os acontecimentos a medida em que estes iam ocorrendo. Escrevendo semanalmente, o escritor e

jornalista repassava os acontecimentos da semana, e por isso, vrias so as que falam sobre os conflitos anteriores guerra e sobre o conflito armado em si. Este texto pretende justamente analisar um fato que envolve esses dois temas. Embora to dspares e de natureza completamente diferentes, em dado momento eles se cruzam... nas pginas da crnica de Machado de Assis.

Parte 1- Machado de Assis e a poltica- usar texto do Brito Broca e Gledson REALIZAR UMA DISCUSSAO SOBRE DE QUE MANEIRA MACHADO DE ASSIS DEIXOU DE TEMATIZAR OU TEMATIZOU DE UMA OUTRA FORMA A REALIDADE BRASILEIRA , MOSTRANDO ASSIM QUE O OBJETIVO DO TRABALHO MOSTRAR DE QUE MANEIRA A GUERRA DO PARAGUAI ESTAR PRESENTE NA SUA OBRA. DE INICIO DE MANEIRA NACIONALISTA, MAS DEPOIS CONSCIENTE

Machado de Assis considerado hoje, sem dvida, o maior escritor brasileiro de at o sculo XIX. Misturado aos que vieram depois, e com eles cotejado, permanece nome certo em todas as listas de excelncia literria, qualquer que seja sua extenso. Ter sido sempre assim? Machado de Assis no teve crticos desfavorveis? Seu prestgio j no andou em baixa? Em algum momento deixou de ser unanimidade nacional? A resposta positiva. Comecemos por este comentrio a respeito de como a fico machadiana teria sido incapaz de refletir a realidade brasileira: Em que grau, em que medida, sob que formas, refletiram-se esses momentos histricos e essas batalhas do povo brasileiro, na obra de Machado de Assis? No se refletiram de nenhum modo, ou nela repercutiram frouxamente. Em geral, essa obra no um reflexo real da vida e da luta, das dores e alegrias, das aspiraes e esperanas do grande e herico povo brasileiro. Nela, no encontramos os nossos problemas bsicos, sociais e nacionais.1 Os momentos histricos e as batalhas do povo brasileiro de que Machado de Assis foi contemporneo - a decadncia do regime escravista e monarquista, a penetrao e o desenvolvimento do capitalismo estrangeiro, a formao e desenvolvimento da classe operria, por exemplo 2 - deveriam, no entender do autor do texto acima, Octavio Brando, fazer da sua obra um reflexo real da vida e da luta etc. Tal no acontecendo, condena-se o criador de Brs Cubas pelo crime inafianvel de no ter feito de seus romances e contos a contraparte ficcional da vida real, entendida, alis, apenas na sua dimenso coletiva, histrica. Texto incompreenso

Ainda em vida, a despeito da inusual consagrao, Machado teve seus contestadores.

Slvio Romero ter sido, talvez, o mais ilustre dentre eles. Em 1897 publicou um Estudo comparativo de literatura brasileira sobre Machado de Assis, condenando, por falsidade, justamente qualidades que a crtica de ento j reconhecia no autor das Me1BRANDO, 2Ibidem,

Octavio. O niilista Machado de Assis. Rio de Janeiro: Simes, 1958. p. 96. p. 95. 3Ibidem, p. 12.

mrias pstumas de Brs Cubas: o ceticismo, o humorismo. Alm disso, fazia restries sua incapacidade de composio, a despeito de reconhecer-lhe algum mrito4. Slvio Romero, obcecado pela idia de entronizar Tobias Barreto no apenas na regncia da chamada Escola do Recife, mas na da prpria literatura brasileira como um todo, repetiria a dose na sua caudalosa Histria da literatura brasileira. Aqui, a anlise centrada nos elementos capitais: o estilo, o humour, o pessimismo, os caracteres5 da fico machadiana. Quanto ao estilo de Machado de Assis, que lhe parecia fotografia exata do seu esprito, de sua ndole psicolgica indecisa (p. 1506), j que era o resultado de uma lacuna do romancista nos rgos da palavra (p. 1506), isto , da gagueira, de modo a deixar-nos a impresso dum tal ou qual tartamudear (p. 1506), Slvio Romero garantia no ter colorido (p. 1506), nem fora imaginativa (p. 1506), sendo, em resumo, plcido e igual, uniforme e compassado (p. 1506). A amostragem acima bastante para informar-nos dos equvocos de Slvio Romero. Afora a ridcula determinao fisiolgica, o crtico impe a Machado, para reconhecerlhe mritos de estilo, traos que justamente no so seus: movimentao, abundncia e variedade do vocabulrio (p. 1506); incapaz, assim, de perceber que o importante era a funcionalidade de todos os elementos estilsticos presentes no texto para a produo de um sentido, no suas eventuais carncias, em nome de um padro discutvel de opulncia. Opinio semelhante de Slvio Romero a de Lima Barreto. Sob o imprio da mesma concepo determinista que o levada a afirmar: A Arte, por sua natureza mesma. uma criao humana dependente estreitamente do meio, da raa e do comento todas essas condies concorrendo concomitantemente.7, o criador de Policarpo Quaresma no escondia sua averso a Machado de Assis. Recusava qualquer parentesco literrio com o criador de Capitu. Achava-o tbio em questes de lngua - Machado escrevia com medo do Castilho e escondendo o que sentia, para no se rebaixar8 -; falso - No tem naturalidade. Inventa tipos sem nenhuma vida.9 -; e indiferente s que stes sociais - Machado era um homem de sala, amoroso das coisas delicadas, sem uma grande, larga e ativa viso da humanidade e da Arte10. Por essa poca de sua vida, Lima Barreto estava apaixonado pelo que ento era chamado de Maximalismo, e entendia que a obra de arte deveria ter uma finalidade social, o que julgava no existir em Machado, tomando como absentesmo o que a crtica, mesmo de inspirao marxista, viria mais tarde a reconhecer como fino processo de corroso interna da sociedade representada nos seus romances.

Outro nome de antipatizante de Machado de Assis, sem o peso de Slvio Romero ou de Lima Barreto, porm, foi Hemetrio dos Santos, que quebrou a unanimidade dos elogios, atacando grosseiramente a personalidade humana do defunto autor, como anota Otto Maria Carpeaux na sua Pequena bibliografia crtica da literatura brasileira (p. 193). A acusao de que Machado teria renegado suas humildes origens de famlia de proletrios de cor, desinteressando-se da Abolio (ibidem, p. 196). Raimundo de Magalhes Jr. no tem dvidas em refutar o veredicto de Hemetrio dos Santos. Garante que provas em contrrio se acumulam em sua obra11, ressalvando, porm, que o lugar certo onde encontr-las a parte nitidamente jornalstica12, no os romances e os contos, isto , sua obra de fico. Se, por um lado, o exerccio da crnica, pela natureza episdica da modalidade, permitia ao escritor o depoimento na hora mesma em que o fato social o reclamava - e nesse sentido as provas arroladas por Raimundo Magalhes Jr. so irrefutveis -, por outro o lugar de Machado de Assis na vida brasileira lhe reservado antes de qualquer outra coisa por sua obra ficcional, de modo que a defesa no deixa, por seu turno, de constituir tambm uma espcie particular de incompreenso. Mais relevante , sem dvida, este outro argumento do prprio de Raimundo Magalhes Jr.: Machado de Assis no era homem para banalizar-se em tiradas de oratria popular, ou em assomos de panfletrio. Tinha sua maneira pessoal e nica de dizer as coisas. E as dizia.13 Embora sem desenvolver a argumentao, Raimundo Magalhes Jr. foi muito feliz ao remeter a questo para a maneira pessoal e nica de dizer as coisas, pois sabemos que a singularidade de Machado de Assis como depoente da realidade de seu

tempo est menos no arrolamento de fatos histricos localizveis no seu texto e mais no tratamento desvelador a eles dispensado. Desvelador das motivaes no confessadas, dos arreglos no formalizados, da acomodao proveitosa dos novos donos do poder, enfim, da sinuosidade do jogo social. Claro est que para dar conta dessa realidade enevoada no quadraria o ataque frontal, o tom panfletrio. A incompreenso tambm pode acontecer a favor. No conjunto, a obra de Raimundo Magalhes Jr., realizada com a sua competncia inegvel de pesquisador, no deixa de ser uma tentativa de absolver Machado das incompreenses contra ele praticadas. Tanto quanto a que levou Gondin da Fonseca a transcrever uma pgina de Joo Ribeiro na qual este traara um retrato custico de Machado de Assis: A sua insensibilidade pela dor humana absoluta; o seu egosmo sem limites.14, para, em seguida, afirmar: O nico erro desta lcida apreciao que Machado no ficou indiferente guerra do Paraguai. Contra a Me-Ptria, feria-o qualquer agresso, embora leve, - quanto mais uma guerra! Na poltica, sim, mantinha-se neutro por ser tumulto dos homens.15

Para que se entenda o sentido dessa concordncia parcial de Gondin da Fonseca com a lcida apreciao de Joo Ribeiro, necessrio esclarecer que no aludido texto fora reiterada a acusao de desinteresse, da parte de Machado de Assis, pelas nossas grandes causas, das quais eram citadas a da guerra [do Paraguai], da abolio e da Repblica. E indispensvel dizer que o reparo de Gondin da Fonseca - Machado no ficou indiferente guerra do Paraguai -

Texto incompreenso Parte II- Machado de Assis e a nacionalidade- crnicas e poesias CRONICAS

Machado de Assis publica ao longo de todo esse perodo, e at o final da guerra em 1870, cerca de duas dezenas de crnicas comentando os diversos acontecimentos, que aqui colocamos de forma muito resumida. A maioria destas crnicas enaltece a bravura dos soldados, cita que o que est em jogo naquele momento a honra nacional, entre outras expresses patriticas. Expresses como o corao nacional no morreu, os atos de amor Ptria e o valor do exrcito brasileiro esto presentes em suas crnicas na mesma medida em que esto as expresses de repdio e at mesmo ironia a Solano Lopez e aos soldados paraguaios. No dia 3 de janeiro de 1865, diz Machado de Assis: Vinga-se atualmente no campo da ao a honra nacional. O valordo exrcito brasileiro no est fazendo as suas provas, j as fez; e j foi consagrado naquelas mesmas regies... A conscincia da justia que anima nossos soldados , j um penhor de vitria. ( Obras Completas, Volume II, p. 261)

Machado de Assis, em suas crnicas atribuiu um papel especfico para as mulheres contemporneas da Guerra do Paraguai. Escreveu no Jornal A Semana Ilustrada, em 07 de fevereiro de 1865, posicionando-se contrrio a participao da mulher na Guerra, no campo de batalha, empunhando armas. Nessa crnica Machado de Assis afirmava:No nascestes para a Guerra, isto , para a guerra da plvora e da espingarda. Nascestes para outra guerra, em que a mais inbil e a menos valente vale por dois Aquiles. De qualquer modo, ajudais os homens. Uma como me espartana, arma o filho e manda para a batalha; outras bordam uma bandeira e entregam aos soldados; outras costuram as fardas dos valentes; outras dilaceram as prprias saias para encher cartuchos; outras preparam os fios para os hospitais; outras juncam de flores o caminho dos bravos. Deixaro os soldados que lhes arranquem aquela bandeira? Entregaro as fardas que os vestem? No tendes uma espada, tendes uma agulha; no comandais um regimento, formais coragens, no fazeis um assalto, fazeis uma orao; no distribuis medalhas,

espalhais flores. (MACHADO DE ASSIS, 1957, P. 118.).

POESIAS A clera do imprio- R. Magalhaes Junior p. 391-Aprendizado Poesia sobre me e filhos p.398. Idem Parte III A guerra como pretexto para uma ao particular O diplomtico Pontos de vista Uma noite Um capito de voluntrios Parte IV: um olhar de mudana para com a guerra. Machado se faz irnico, critico:Iai Garcia, Pontos de vista, capito de voluntrios