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FACULDADE EVOLUTIVO BACHARELADO EM TURISMO

Leuda Reinaldo da Silva

O CENTRO HISTRICO DE FORTALEZA E SEU PATRIMNIO CULTURAL ARQUITETNICO

Fortaleza 2011

Leuda Reinaldo da Silva

O CENTRO HISTRICO DE FORTALEZA E SEU PATRIMNIO CULTURAL ARQUITETNICO

Monografia apresentada ao curso de Turismo, da Faculdade Evolutivo (FACE) como requisito parcial para finalizao do curso de graduao. Orientador: Prof. Linhares, Esp. Gerson Gladson

Fortaleza 2011

Leuda Reinaldo da Silva

O CENTRO HISTRICO DE FORTALEZA E SEU PATRIMNIO CULTURAL ARQUITETNICO

Monografia apresentada ao curso de Turismo, da Faculdade Evolutivo (FACE), como requisito parcial para finalizao do curso de graduao.

Defesa em: 20/06/2011

Conceito obtido: Nota obtida:

Banca Examinadora

_____________________________________ Orientador: Prof. Gerson Gladson Linhares, ESP.

_________________________ Esther Weintraub Gaspar, Ms

_________________________ Roberto Carlos Frederico, ESP.

Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter me dado a vida, aos meus pais pelo amor incondicional, a minha irm pela presteza e ao meu amado esposo pela dedicao.

AGRADECIMENTOS

A Deus, especialmente, pela realizao desse trabalho e trmino do curso; Aos meus pais, pelo exemplo de amor e confiana; minha irm pela ajuda e apoio dispensados; Ao meu amado esposo pelo carinho e compreenso; Ao meu orientador pela pacincia e incentivo; A todos os meus professores que contriburam para a minha formao; Aos amigos pelo respeito e amizade.

RESUMO

Estudo do patrimnio cultural das praas e demais logradouros do centro da Cidade de Fortaleza como elemento impulsionador do turismo cultural. Alm dos atrativos de uma cidade litornea, analisa-se a plena possibilidade do desenvolvimento do turismo cultural, atravs da visitao das edificaes no Centro da urbe. nfase na necessidade de investimentos pblicos, que propiciar melhorias na infraestrutura do Centro da cidade, proporcionando um conforto maior e um embelezamento do patrimnio arquitetnico. Defesa da importncia da educao patrimonial, tanto com o objetivo de incrementar o turismo cultural, como para desenvolver a idia de preservao deste valioso bem. Anlise da ausncia de polticas pblicas voltadas valorizao do patrimnio histrico, o que resulta no desgaste da memria histrica cearense, na falta de respeito pela identidade cultural, no decrescente interesse da populao local em conhecer suas origens. Levantamento bibliogrfico das praas, logradouros e monumentos do bairro do Centro antigo de Fortaleza, catalogados pelo seu valor histrico, arquitetnico, localizao, monumento instalado e descrio sobre a homenagem ou o homenageado. Exame da necessidade urgente de investimentos do poder pblico local com o fito de restaurar as praas, monumentos e logradouros, consubstanciada em uma poltica de valorizao do turismo sustentvel e cultural, objetivando o resgate e a preservao da memria histrica da cidade de Fortaleza, em franco benefcio s futuras geraes. Palavras-chave: Patrimnio Cultural. Educao Patrimonial. Turismo Cultural.

ABSTRACT

Study of the cultural heritage of parks and other public reas of downtown Fortaleza fueling cultural tourism. Besides the attractions ofa seaside town, it explores the full possibility of developing cultural tourism through the visitation of buildings in the Center of the city. Emphasis on the need for public investment, which Will provide infrastructure improvements in the dowtown rea, providing greater comfort and an embellishment of architectural heritage. Defense of the importance of heritage education, in order to increase cultural tourism, and to develop the Idea of preserving this valuable asset. Analysis of the absence of public policies for the enhancement of heritage, resulting in the erosion of the historical memory of Cear, in the absence of respect for cultural identity, the decreasing interest of local people to know about their origins. Bibliographical survey of streets, parks and monuments in the old district of the Center of Fortaleza, classified by their historic, architectural, location and description. Examination of the urgent need for investments local government with the aim of restoring parks and monuments by the, embodied in a policy of enhancing sustainable tourism na culture, aiming to rescue and preserve the historical memory of the city of Fortaleza, in clear benefit of future generations.

Keywords: Cultural Heritage. Heritage Education. Cultural Tourism.

LISTA DE SIGLAS

ABAV: Associao Brasileira de Agncias de Viagens APA: rea de Proteo Ambiental BNB:Banco do Nordeste CCBN: Centro Cultural Banco do Nordeste CEF: Caixa Econmica Federal CIDAO: Cia. Industrial de Algodo e leo Coditur: Companhia do Desenvolvimento Industrial e Turstico do Cear COELCE: Companhia Energtica do Cear CFB: Constituio Federal Brasileira CLT: Consolidao das Leis do Trabalho DIP: Departamento de Imprensa e Propaganda DNOCS: Departamento Nacional de Obras Contra as secas EMBRATUR: Instituto Brasileiro de Turismo EMCETUR: Empresa Cearense de Turismo S/A FCF: Fundao Cultural de Fortaleza FUNCET: Fundao de Cultura, Esporte e Turismo IAB: Instituto de Arquitetos do Brasil IACC: Instituto de Arte e Cultura do Cear IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IMOPEC:Instituto de Memria do Povo Cearense Imparh: Instituto Municipal de Pesquisa, Administrao e Recursos humanos IPHAN: Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional LAPUR: Laboratrio de Planejamento Urbano e Regional Metrofor: Metr de Fortaleza MTur: Ministrio do Turismo OEA: Organizao dos Estados Americanos OMT: Organizao Mundial do Turismo

ONG: Organizao no Governamental PDS: Plano de Desenvolvimento Sustentvel PIDT-CE: Plano Integrado de Desenvolvimento Plagec:Plano de Governo do Estado do Cear Plameg: Plano de metas governamentais Plandece: Plano Qinqenal de Desenvolvimento do Estado do Cear Turstico do Estado do Cear Planed: Planto Nacional do Turismo PM: Plano das Mudanas PNT: Plano Estadual de Desevolvimento PRT:Projeto de Regionalizao do Turismo Prodeturis: Programa de Desenvolvimento do Turismo em rea Prioritria do Litoral do Cear Prodetur- NE: Programa de Ao para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste RFFSA: Rede Ferroviria Federal Sociedade Annima SECULT: Secretaria de Cultura SENAC: Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SNTS: Secretaria Nacional de Turismo e Servios SETFOR: Secretaria de Turismo de Fortaleza SETUR: Secretaria de Turismo TJA: Teatro Jos de Alencar UFC: Universidade Federal do Cear UNESCO: Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura UVA: Universidade do Vale do Acara

SUMRIO

1. INTRODUO ..................................................................................... 11 2. CONSIDERAES GERAIS DO TURISMO ....................................... 13 2.1 Principais Conceitos de Turismo ........................................................ 13 2.2 A Histria e Evoluo do Turismo no Mundo ..................................... 14 2.3 A Histria e Evoluo do Turismo no Brasil ....................................... 20 2.4 A Histria e Evoluo do Turismo no Cear....................................... 24 2.5 Categorias do Turismo ....................................................................... 30 2.6 Principais Tipos e Formas de Turismo ............................................... 30 3. PATRIMNIO CULTURAL .................................................................. 34 3.1 Significados e Conceitos .................................................................... 34 3.2 Patrimnios Material e Imaterial ......................................................... 35 3.3 A Lei de Proteo Patrimonial Tombamento ................................... 36 3.4 Preservao Desvalorizada................................................................ 43 3.5 O Patrimnio Cultural, o Turismo e a Sustentabilidade ...................... 44 3.6 Preservao do Patrimnio Cultural ................................................... 45 3.7 Educao Patrimonial ........................................................................ 46 4.TURISMO CULTURAL ......................................................................... 48 4.1 Tipos de Turismo Cultural .................................................................. 50 4.2 Turismo Cultural no Cear ................................................................. 56 4.3 Listagem das demais Cidades Histricas do Cear ........................... 60 4.4 Principais Projetos e Programas de Turismo Cultural em Fortaleza .. 61 5. O CENTRO HISTRICO DE FORTALEZA E SEU PATRIMNIO CULTURAL ARQUITETNICO ............................................................... 68 5.1 Fortaleza, sua Evoluo e Histria ..................................................... 68 5.2 O Centro Antigo de Fortaleza ............................................................. 70 5.3 Patrimnio Cultural das Praas e Monumentos ................................. 72 5.3.1 Praa do Ferreira ............................................................................ 72

5.3.2 Praa dos Mrtires (Passeio Pblico) ............................................. 74 5.3.3 Praa Jos de Alencar .................................................................... 74 5.3.4 Praa Castro Carreira (da Estao) ................................................ 76 5.3.5 Praa Capistrano de Abreu (da Lagoinha) ...................................... 76 5.3.6 Praa do Carmo .............................................................................. 77 5.3.7 Praa Murilo Borges ........................................................................ 78 5.3.8 Praa do Corao de Jesus ............................................................ 78 5.3.9 Parque da Liberdade (Parque da Criana) ...................................... 79 5.3.10 Parque Paje................................................................................. 79 5.3.11 Praa dos Voluntrios ................................................................... 79 5.3.12 Praa General Tibrcio (dos Lees) .............................................. 80 5.3.13 Praa Figueira de Melo (da Escola Normal) .................................. 81 5.3.14 Largo da Assemblia ..................................................................... 81 5.3.15 Praa Waldemar Falco ................................................................ 82 5.3.16 Largo do Mercado (dos Correios) .................................................. 82 5.3.17 Praa da S................................................................................... 83 5.3.18 Pao Municipal .............................................................................. 84 5.3.19 Praa do Cristo Redentor .............................................................. 84 5.3.20 Praa Almirante Saldanha ............................................................. 84 5.3.21 Largo Alberto Nepomuceno........................................................... 85 6. CONSIDERAES FINAIS ................................................................. 86 REFERNCIAS ........................................................................................ 89 ANEXOS .................................................................................................. 94

1. INTRODUOA atividade turstica, durante alguns anos era um pouco restrita, s se destinando ao ramo do transporte com deslocamentos de pessoas e ao ramo hoteleiro auxiliando nas paradas para descanso e pernoite, ao longo de cada viagem. Com o objetivo de atender as necessidades de renda, emprego, sazonalidade e lazer, o turismo impulsionou o surgimento de mais atrativos e o desenvolvimento de vrias formas de se praticar o turismo podendo assim satisfazer os turistas e a populao nativa. Surge, ento, o Turismo Cultural que se caracteriza por uma das formas de turismo mais ricas e realizadas. Nesta tipologia, os locais de atrativos culturais so normalmente os patrimnios histricos, que preservam a memria do lugar. No centro da cidade de Fortaleza tm diversas praas e monumentos com significativo valor histrico que no so devidamente valorizadas pelo Governo do Estado e nem pela Prefeitura. Contudo, tais bens culturais, guardam informaes, mensagens e significados refletindo momentos histricos que marcaram poca dentro da cultura cearense. Neste contexto, o objetivo do trabalho enfatizar o conhecimento e a valorizao histrica das praas e monumentos do centro de Fortaleza com o intuito de estimular a preservao por parte do poder pblico e, conseqentemente, da comunidade em geral. O citado trabalho foi dividido em cinco captulos levantando informaes bibliogrficas das praas e monumentos da cidade de Fortaleza atravs de pesquisas em livros, peridicos, artigos e sites relacionados ao tema da educao patrimonial, da histria e da memria. No captulo II ser feita uma abordagem a cerca das consideraes gerais do turismo com sua etimologia e conceitos, bem como a histria e a evoluo do turismo no Mundo, no Brasil e no Cear, categorias e principais tipos e formas de turismo. No captulo III ser abordado o tema Patrimnio Cultural, os conceitos de educao patrimonial, patrimnio cultural e seus significados e conceitos, o patrimnio material e imaterial, noes de tombamento, bens tombados e

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Fortaleza e no Cear, patrimnio cultural e sustentabilidade e a preservao do patrimnio. No IV captulo sero apresentados os principais conceitos de Turismo Cultural e seus diferentes tipos, o turismo cultural no Cear, incluindo as cidades de Sobral, Ic, Aracati e Viosa do Cear alm de uma abordagem dos principais projetos, programas e roteiros de educao patrimonial e do turismo cultural em Fortaleza, como, por exemplo, a tradicional caminhada cultural do Programa Fortaleza a P; os programas do Centro Cultural Banco do Nordeste CCBN; o Histria Passo a Passo, o Trem da Histria, o Trenzinho da Histria e Percursos Urbanos; as Trilhas Urbanas da Universidade Federal do Cear UFC; o Projeto Caminhos de Iracema da Organizao No Governamental Caminhos de Iracema; o Projeto Patrimnio para Todos da Secretaria da Cultura do estado do Cear SECULT; os passeios ciclsticos do Projeto Viva o Centro do Teatro Jos de Alencar e o Projeto Historiando do IMOPEC. No captulo V e ltimo ser abordado o tema principal da monografia, inicia-se com uma explanao sobre a histria, a geografia e a evoluo urbana e social da cidade de Fortaleza, e sero apresentadas e inventariadas as praas, os logradouros e os monumentos do bairro do Centro antigo da cidade com seus respectivos dados histricos, endereos respectivos e descritivos sobre os homenageados. Nas consideraes gerais ser abordada a importncia do patrimnio cultural do centro histrico da capital cearense em relao atividade turstica, suas peculiaridades e suas projees para o desenvolvimento scio cultural, de um tipo de turismo ainda pouco explorado no Cear, o Turismo Cultural.

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2. CONSIDERAES GERAIS DO TURISMOA palavra tour significa volta e tem seu equivalente turn, no ingls, do latim tornare. As palavras de origem inglesa tourism e tourist, j aparecem registradas em 1790, na Inglaterra. Contudo, estudiosos da rea, mostram a possibilidade de origem hebria, da palavra tur, quando a Bblia cita que o patriarca Moiss teria mandado pessoas ao pas de Cana a fim de visit-los e informar-se sobre as condies agrcolas, topogrficas e demogrficas. Tur" vem do hebreu antigo e significa viagem de descoberta.

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PRINCIPAIS CONCEITOS DE TURISMO Dois professores da Universidade de Berna, Hunziker e Krapf (1942 apud

ORGANIZAO MUNDIAL DO TURISMO OMT, 2001, p. 37) definiram o turismo como: A soma de fenmenos e de relaes que surgem das viagens e das estncias dos no residentes, desde que no estejam ligados a uma residncia permanente nem a uma atividade remunerada. Esta definio introduz o que seria o turismo de massa, contudo no muito elucidativa j que alguns conceitos ainda no estavam definidos. Posteriormente, Burkart; Medlik (1981 apud OMT, 2001, p. 37) conceituaram o turismo como sendo os deslocamentos curtos e temporais das pessoas para destinos fora do lugar de residncia e de trabalho e as atividades empreendidas durante a estada nesses destinos. Nesta poca, o turismo foi definido com o sentido de viagem. Outra definio que merece destaque, uma vez que, observada uma nota temporria da atividade turstica, a de Mathieson y Wall (1982 apud OMT, 2001, p. 38): Turismo o movimento provisrio das pessoas, por perodos inferiores h um ano, para destinos fora do lugar de residncia e de trabalho, as atividades empreendidas durante a estada e as facilidades so criadas para satisfazer as necessidades dos turistas. Alm de expor o carter temporrio, enfatiza a satisfao das necessidades dos turistas. Em 1994, segundo a OMT (2001, p. 38) surge a definio adotada pela mesma. As atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em

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lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um perodo consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negcio ou outras. Tendo em vista a preocupao em relao ao que se entende sobre entorno habitual, esclarecido no ano seguinte que tal expresso diz respeito rea que circunda sua residncia, bem como todos os lugares que visita freqentemente. A Organizao dos Estados Americanos (OEA) define turismo como:Um movimento migratrio at o limite mximo de noventa dias seja internacional ou nacional, sem propsito de nova permanncia e sem exerccio de uma atividade remunerada, com objetivo: prazer, comercial, industrial, cultural, artstico ou cientfico (CORIOLANO, 2001, p. 31).

Outro autor (RABAHY, 1980) concorda e d sustentao ao posicionamento de Coriolano.

2.2 A HISTRIA E EVOLUO DO TURISMO NO MUNDO Quase at o sculo XVI a populao, que vivia da agricultura, raramente saa da rea local. Mesmo com o incio da Revoluo Industrial, no sculo XVIII, apenas a classe rica tinha o direito de viajar a lazer enquanto que os trabalhadores permaneciam no mesmo lugar em que trabalhavam. Hoje, o turismo um dos principais setores em investimentos mundiais, movimentando cerca de milhes de pessoas no mundo. Existem vrias linhas de pensamento a respeito da origem da histria do turismo. Uma delas acredita que registros em cavernas demonstram que os povos primitivos que viviam naquela regio viajavam at o mar e voltavam, defendendo a idia de que j havia indcios de turismo h mais de 10.000 anos. Outros pesquisadores acreditam que a viagem da rainha de Sab, que saiu da Arbia para visitar o rei Salomo em Jerusalm no sculo X A.C, seja um dos marcos iniciais do turismo. 2.2.1 Turismo Pr-histrico O primeiro estgio pode ser chamado de turismo pr-histrico que se estende da era medieval at o incio do sculo XVII, quando o estilo de vida comea a mudar com o crescimento industrial. As viagens para a Europa cresceram devido ao fcil

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acesso s rodovias romanas. Aps a destruio do Imprio Romano, o transporte interno foi pouco valorizado durante o perodo medieval. Em algumas regies a comunicao ficou precria, os transportes se resumiam a cavalos e a veculos com pouca capacidade e as viagens eram feitas individualmente. Os engenheiros Telford, MacAdam e Metcalf fizeram muitas melhorias no sistema rodovirio britnico que havia obtido pouco progresso at o sculo XVIII. Existiam muitas peregrinaes e as viagens eram estimuladas de tal forma que os comerciantes, funcionrios pblicos, professores, alunos e monges comearam a se deslocar.Os jovens de boas famlias que ansiavam por carreiras de administradores, advogados ou soldados, eram incentivados a viajar para o exterior, como uma verso anterior do grand tour, muitas vezes retornando um tanto desgastados (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 25).

Como o surgimento dos spas, houve um grande interesse por parte da elite por viagens para cuidar da sade embora esse movimento no tenha crescido tanto at o final do sculo XVII. O desenvolvimento dos spas comeou realmente no sculo XVIII: primeiro com os chamados balnerios e segundo com o uso da gua do mar em 1752. Brighton passou de uma pequena aldeia de pescadores a um famoso resort freqentado pelas classes mais altas da sociedade, clientela formada pela classe mdia e at pela famlia real. No sculo XX as classes mais baixas da sociedade resolveram inovar com o surgimento das frias desportivas e campings que se tornaram super populares juntamente com hobbies. Da, instituies especializadas se desenvolveram no campo do turismo e do lazer. Diversos clubes de turismo e sociedades comearam a promover viagens de frias e ao exterior para a classe trabalhadora surgindo assim, o turismo social. Muitas mudanas estavam acontecendo na sociedade, estilos de vida, na indstria e na tecnologia. Pode-se dizer que as viagens a lazer tiveram seu incio no final do sculo XVIII e no incio do sculo XIX. Neste sculo, houve um grande crescimento econmico seguida por uma revoluo industrial e cientfica ainda maior na segunda metade do sculo XX. No final deste sculo, o turismo foi considerado a maior indstria do mundo. Outros segmentos como a indstria e o comrcio se sobrepem a agricultura como principal fonte de riqueza tirando o monoplio de autoridade dos donos de terra. Tais mudanas levaram a uma maior distribuio de renda bem como melhorias na alfabetizao e, conseqentemente, oportunidade de viajar mais,

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conhecer outros pases, coisa que a populao nunca havia feito antes. O turismo estava se tornando um movimento e um negcio com a mudana na demanda ou no padro proveniente de alteraes nos estilos de vida e nas preferncias.

2.2.2 A Era das Ferrovias Foi neste perodo que a demanda pelas viagens aumentou

consideravelmente, proporcionando grandes conseqncias no pas, na economia e nos hbitos sociais. Em 1830, foi inaugurada a primeira ferrovia para passageiros, Liverpool e Manchester.A expanso, primeiro na Gr-Bretanha e depois no resto da Europa e na Amrica do Norte, foi rpida: dois milhes de passageiros utilizavam este transporte na Gr-Bretanha anualmente em 1841, 79 milhes em 1851, 160 milhes em 1860, 817 milhes em 1980, e 1.455 milhes em 1914 (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 28).

Apesar de Thomas Cook ter lanado o primeiro pacote de turismo em 1841, as prprias ferrovias j ofereciam viagens de excurso. Contudo, a excepcional contribuio de Thomas Cook foi viagem organizada com transporte, acomodao e a satisfao de est viajando para um destino desejado. Dono da idia de um servio essencial: um pacote ou excurso individual, Thomas Cook, contribuiu para mudar a imagem das viagens: de uma atividade necessria e obrigatria para uma atividade de prazer e entretenimento incluindo um novo conceito: frias.Thomas Cook e sua empresa se expandiram rapidamente. Ele trouxe 165.000 excursionistas s de Yorkshire para a Grande Exposio em 1851, e organizou a primeira excurso ao Continente em 1856, e aos Estados Unidos em 1865 (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 30).

Cook passou a oferecer vrias viagens para a Europa, Amrica, Egito e levou 75.000 visitantes para a Exibio de Paris em 1861. turismo comearam a surgir atravs dos eventos sociais. Os hotis comearam a se estabelecerem nas cidades principalmente perto de terminais rodovirios de resorts em rpido crescimento. Algumas cidades passaram em poucos anos de uma simples vila de pescadores a cidades. Prticas modernas, como por exemplo, as cadeias hoteleiras e a extenso dos servios de refeio prestados pelos hotis em restaurantes e casas de ch, foram desenvolvidas na virada do sculo por empresas hoteleiras. Os primeiros pacotes de

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Em 1960 as viagens transatlnticas a lazer foram iniciadas, o conceito de grand tour foi copiado e os atrativos principais para as viagens passaram a ser interesses culturais, objetivos pessoais e comerciais alm da simples curiosidade.A viagem de cinco meses da Cidade de Quaker ao Mediterrneo e Terra Santa, em 1867, com 60 passageiros, incluindo Mark Twain, que registrou a jornada no livro The Innocents Abroad, foi provavelmente o primeiro cruzeiro concebido e anunciado para os turistas. O custo da passagem era de 1.200 dlares para cada passageiro adulto, e estimava-se cinco dlares em ouro por dia cobririam a s despesas na costa. O custo pelos padres modernos era enorme (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 31).

O fato das pessoas no viajarem mais somente para fins comerciais, profissionais, ou de sade e educao no agradou a todos. Vrios crticos se pronunciaram contra o comportamento dos excursionistas ou dos turistas de lazer como mostra um artigo da revista de Charles Dickens, All the Year Round, registrada em 1864:A viagem para Edimburgo e as pequenas excurses para a Inglaterra atraem negociantes e suas esposas, comerciantes e balconistas para uma semana de frias. Na viagem de volta da Esccia para a Inglaterra, vem-se vrios alunos de escolas e universidades. Em relao s excurses Sua, a empresa de um estilo bem diferente; na viagem de Whitsuntide, observamos uma boa parte do elemento cockney, e em grande parte composto de pessoas bastante animadas, Os excursionistas de julho e agosto se diferenciam muito desses fanfarres. Assistentes e governantas, pessoas das provncias e representantes do melhor estilo da empresa mercantil londrina, muitos dos quais carregam livros de referncias e quase todos tomam notas (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 31).

A mudana da viagem por motivos srios para a viagem a lazer estabeleceuse gradativamente com o desenvolvimento de resorts, expanso do mercado especializado em viagens a lazer e esportes juntamente com o crescimento de agncias especializadas e entidades voluntrias que podiam oferecer atividades esportivas e culturais a preos razoveis. Nesta poca foram criados folhetos, psteres e guias a fim de informar as pessoas dos servios prestados. O turismo moderno havia se estabelecido at a Primeira Guerra Mundial em 1914 com resorts bem estruturados, facilidade de acesso por automveis, nibus e principalmente por trens, o trfego transatlntico utilizava rpidos navios a vapor. Atraes, organizaes e prticas de marketing eram bem desenvolvidas.

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2.2.3 O Perodo entre Guerras O perodo entre as duas guerras mundiais foi afetado pelas duas grandes recesses mundiais a partir de 1930. A guerra trouxe mudanas nos padres de vida das pessoas, interesse pela paz, uma ordem social menos rgida com um papel mais ativo das mulheres dentro da sociedade, os carros e nibus no apenas se tornaram mais eficientes como houve tambm um aumento do nmero desse transporte de tal forma que um grande nmero de operadoras oferecia transporte barato para fins de turismo. A sociedade passou de esttica dinmica no incio da era da mobilidade e das comunicaes com a expanso das empresas automobilsticas e a importncia das viagens de nibus e nibus de turismo. A aviao tambm ganhou destaque se tornando um meio prtico de transporte.As viagens ainda eram em sua maioria feitas pelo transporte pblico. O trfego areo crescia rapidamente, atingindo em 1838 um pico de 220.000 passageiros nas rotas da Imperial Airways Empire, e chegando a um total de 95.000 passageiros do Reino Unido para a Europa (LICKORISH; JENKINS, 2000, p. 35).

Os albergues e os acampamentos de frias se expandiram na Gr-Bretanha com um aumento na quantidade de campings surgindo os campings com trailers. As frias eram limitadas, no mximo, a uma ou duas semanas ao ano. Contudo, com a ao do governo e entidades voluntrias, o de nmero de pessoas que usufruam de frias remuneradas cresceu vertiginosamente em 1939 como descreve Lickorish; Jenkins (2000, p. 36): 11 milhes das 18 milhes de pessoas que faziam parte da fora de trabalho j desfrutavam desse benefcio. Os anos entre - guerras foram quase um ensaio para a alavancagem do turismo aps a Segunda Guerra Mundial. Neste perodo, o desenvolvimento foi interrompido, primeiro por uma grave recesso econmica e, depois, pela guerra, porm a mudana revolucionria iria acontecer de uma forma ou de outra. As frias e as viagens j eram aceitas como hbitos comuns, e no mais como um luxo. Na Gr-Bretanha, por exemplo, no era mais uma prtica apenas da elite, mas um hbito nacional.

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2.2.4 A Decolagem do Turismo O quarto estgio do turismo moderno, os anos do ps-guerra, de 1945 at os dias de hoje, foi um perodo de revoluo tecnolgica, ou seja, uma segunda revoluo industrial. Houve muitas mudanas e estas, foram s maiores de todos os tempos com aumento na riqueza e na renda disponvel, mudana no estilo de vida, foi um perodo de grande crescimento da indstria de viagens nos pases mais ricos e industrializados do mundo, avano nos transportes: as empresas automobilsticas expandiram estrondosamente, as viagens areas aumentaram em nvel ainda mais acelerado, outras formas de comunicao, em especial a televiso com suas propagandas com o objetivo de promover os destinos tursticos e divulgar os diversos atrativos. Antes da Segunda Guerra Mundial, a aviao no era to importante no transporte de passageiros, contudo, aps a guerra o rpido desenvolvimento em grande escala do transporte areo de passageiros foi auxiliado pela introduo de aeronaves maiores e mais eficazes levando a uma diminuio considervel do tempo da viagem e a uma reduo no preo da passagem. As operadoras europias aumentaram os servios de fretamento para atender a demanda que s crescia tornando os pases mais ricos e industrializados ainda mais poderosos. Num mundo verstil e globalizado onde as distncias se encurtam por meio da tecnologia, o turismo considerado, hoje, um setor que oferece muitos empregos e melhora a renda das pessoas fazendo com que estas, viagem mais por inmeros motivos dentre eles: lazer, cultura, sade, aventura, negcios e muitos outros.O crescimento econmico e a prosperidade mundial promoveram o aumento do turismo de negcios e o crescimento pequeno, mas constante do nmero de famlias que poupam para conhecer o mundo. Os avanos tecnolgicos nos transportes e nas comunicaes tambm contriburam para possibilitar as viagens com tarifas mais reduzidas e, assim, mais acessveis a um pblico maior (BENI, 1998, p. 27).

A indstria do turismo beneficia toda a comunidade gerando inmeros empregos formais e informais. Os recursos provenientes dos turistas circulam a partir dos gastos praticados nos hotis, restaurantes, bares, reas de diverses e entretenimento.

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2.3 A HISTRIA E EVOLUO DO TURISMO NO BRASIL O Brasil foi mostrado para os estrangeiros como um pas divertido e diferente com suas belas praias, seu carnaval colorido, suas mulatas cheias de ginga, a exuberncia da Amaznia, do Rio de Janeiro e das Cataratas do Iguau. O produto turstico brasileiro era ento vendido ao povo no muito exigente que s queria conhecer costumes diferentes apesar da precariedade na infraestrutura. Hoje, o turismo no Brasil j se expandiu de norte a sul e de leste a oeste devido a um aumento no nmero de visitantes. Apesar do Brasil ser um pas cheio de recursos naturais, o Turismo brasileiro, na dcada de 1990, entrou em declnio perdendo espao para a Argentina e Uruguai. Em apenas cinco anos, o Turismo receptivo perdeu cerca de um milho de estrangeiros ao passo que o nmero de brasileiros viajando para o exterior quase duplicou. Foi em um momento de reduo do contingente receptivo, baixa arrecadao de impostos, queda no nvel de empregos, economia estagnada e muita inflao que se criou a Secretaria Nacional de Turismo e Servios (SNTS). A SNTS comeou a consolidar bases administrativas e estruturais para o turismo reativando a Cmara Setorial de Turismo que tinha como propsito discutir e aprovar propostas inovadoras e elaborar minucioso diagnstico, objetivando o reaquecimento do mercado. A SNTS definiu alguns pontos importantes como:Formulao de uma Poltica Nacional de turismo em parceria com o setor privado; a implantao de um plano de marketing estratgico para melhorar a imagem do Brasil no mercado internacional; a captao de investimentos para infra-estrutura do setor; a melhoria da educao; treinamento e qualificao de mo-de-obra; a preservao do meio ambiente; investimentos em tecnologia para aumentar a produtividade; a diminuio das barreiras burocrticas para facilitar a entrada de turistas estrangeiros; promoo das regies tursticas; a potencializao do ecoturismo; a conscientizao da classe poltica sobre a importncia econmica e social do turismo; a criao de produtos regionais diferenciados; a criao de um corredor de ecoturismo Amazonas-Pantanal-Foz do Iguau; a unio das entidades representativas do setor. (CARVALHO, 1994, P. 33).

Foi observado um crescimento no setor apesar do projeto do Ministrio da Indstria, do Comrcio e do Turismo, ligado a SNTS, ter sido elaborado para obter resultados a longo prazo.

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No incio de 1993 comearam a aparecer os bons resultados. As vendas de bilhetes domsticos e internacionais comearam a aumentar modificando o quadro que vinha sendo apresentado.O faturamento lquido das agncias (10%) situou-se em US$ 9,4 milhes (0,4% do PIB de comrcio e servios), gerando empregos para cerca de 150 mil pessoas, em 1993. A maioria das agncias brasileiras (96%) trabalha com o turismo emissivo. Esse dado nos leva reflexo de que o estmulo dever ser redirecionado ao turismo receptivo. ASSOCIAO BRASILEIRA DE AGNCIAS DE VIAGENS (apud CARVALHO, 1994, p. 36).

Atualmente, o Turismo representa uma opo vivel do governo para melhorar a qualidade de vida da populao, arrecadar mais taxas e impostos, criar novos empregos e gerar riquezas. Para isso, foram criados diversos rgos a fim de colocar em prtica o que o turismo capaz de proporcionar.

2.3.1 Instituto Brasileiro de Turismo EMBRATUR A EMBRATUR antiga Empresa Brasileira de Turismo, hoje Instituto Brasileiro de Turismo criado em 18 de novembro de 1966 tinha como funo promover a atividade turstica e o seu desenvolvimento, bem como gerar emprego e renda no setor. Com a criao do Ministrio do Turismo - MTur, teve suas funes direcionadas para a promoo internacional de forma exclusiva a partir do ano de 2003. O MTur conceitua a Embratur como:Autarquia especial do MTur responsvel pela execuo da Poltica Nacional de Turismo PNT no que diz respeito a promoo, marketing e apoio comercializao dos destinos, servios e produtos tursticos brasileiros no mercado internacional (http://www.turismo.gov.br).

Como orientador dos programas de ao da EMBRATUR, tem o Plano Aquarela Marketing Turstico Internacional do Brasil. Assim, a Instituio trabalha pela gerao de desenvolvimento econmico e social para o Brasil atravs do aumento do fluxo turstico internacional nos destinos locais. 2.3.2 Ministrio do Turismo - MTur Como o setor turstico constitua-se uma das dez prioridades do governo em 2003, foi criado o Mtur em Janeiro do mesmo ano por uma Medida Provisria e

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depois convertida em Lei. Antes suas funes eram exercidas pelo Ministrio do Esporte e Turismo.(...) com o propsito de enfrentar, na rea do turismo, o desafio de conceber um novo modelo de gesto pblica, descentralizada e participativa, de modo a gerar divisas para o Pas, criar empregos, contribuir para a reduo das desigualdades regionais e possibilitar a incluso dos mais variados agentes sociais (http://www.turismo.gov.br).

Dessa forma, o Mtur foi criado com os objetivos de:Promover o desenvolvimento do turismo como agente de transformao, fonte de riqueza econmica e de desenvolvimento social, por meio da qualidade e competitividade dos produtos tursticos, da ampliao e melhoria de sua infra-estrutura e da promoo comercial do produto turstico brasileiro no mercado nacional e no exterior (http://www.turismo.gov.br).

O Mtur constitudo por rgos de assistncia direta e indireta. Alm destes, composto pelos seguintes rgos com suas principais funes:Secretaria Nacional de Polticas de Turismo: compete formular, elaborar, avaliar e monitorar a Poltica Nacional do Turismo, de acordo com as diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Turismo, bem como articular as relaes institucionais e internacionais necessrias para a conduo dessa Poltica; Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo: compete realizar aes de estimulo s iniciativas pblicas e privadas de fomento, de promoo de investimentos em articulao com os PRODETUR, bem como apoiar e promover a produo e comercializao de produtos associados ao turismo e a qualificao dos servios; Embratur: autarquia que tem como rea de competncia a promoo, a divulgao e o apoio comercializao dos produtos, servios e destinos tursticos do Pas no exterior (http://www.turismo.gov.br).

Aps oito anos de existncia do Mtur, o setor turstico uma das principais atividades econmicas do Pas. Um dos principais objetivos do Mtur fortalecer o turismo interno proporcionando um poderoso instrumento de incluso social e gerao de emprego e renda. 2.3.3 Plano Nacional do Turismo PNT Com o objetivo de transformar a atividade turstica em um mecanismo importante de melhoria do pas e fazer com que o turismo seja um instigador da incluso social, os segmentos tursticos entraram em consenso e criaram o Plano Nacional de Turismo PNT. Segundo o MTur o PNT se caracteriza como um instrumento de planejamento e gesto que coloca o turismo como indutor do desenvolvimento e da gerao de emprego e renda no Pas.

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O PNT tem o objetivo de mostrar ao Brasil a Poltica Nacional de Turismo de forma sistemtica e consolidada bem como:Fortalecer o turismo interno, promover o turismo como fator de desenvolvimento regional, assegurar o acesso de aposentados, trabalhadores e estudantes a pacotes de viagens em condies facilitadas, investir na qualificao profissional e na gerao de emprego e renda e assegurar ainda mais condies para a promoo do Brasil no exterior (http://www.turismo.gov.br).

O PNT estimula o turismo interno abrindo oportunidades para o turismo nacional fazendo com que todos os brasileiros se beneficiem desse mercado. Independente de sua condio: seja como turista, como profissional, aposentado, empresrio, estudante, prestador de servio, dentre outros.

2.3.4 Projeto de Regionalizao O Programa de Regionalizao do Turismo PRT lanado em abril de 2004, promete a diversificao, ordenamento e estruturao da oferta turstica no Brasil. O PRT est vinculado ao Programa de Planejamento e Gesto e est dividido em Programas de fomento iniciativa privada, infraestrutura pblica, qualificao dos equipamentos e servios tursticos e promoo e apoio a comercializao. Constituindo-se um instrumento do processo de gesto partilhada do PNT, o PNT tem como objetivos:Promover o desenvolvimento e a desconcentrao da atividade turstica; apoiar o planejamento, a estruturao e o desenvolvimento das regies tursticas; aumentar e diversificar produtos tursticos de qualidade, contemplando a pluralidade cultural e a diferena regional do Pas; possibilitar a insero de novos destinos e roteiros tursticos para comercializao; fomentar a produo associada ao turismo, agregando valor oferta turstica e potencializando a competitividade dos produtos tursticos; potencializar os benefcios da atividade para as comunidades locais; integrar e dinamizar os arranjos produtivos do turismo; aumentar o tempo de permanncia do turista nos destinos e roteiros tursticos; dinamizar as economias regionais (http://www.turismo.gov.br).

Com

base

nos

princpios

da

mobilizao,

flexibilidade,

articulao,

cooperao intersetorial e interinstitucional e na sinergia de decises, o PNT constitui um modelo de gesto de poltica pblica coordenada, integrada e descentralizada.

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2.4 A HISTRIA E EVOLUO DO TURISMO NO CEAR O litoral cearense, que j existia, no precisando ser descoberto para existir, como diz Hoorneart (1989 apud CORIOLANO, 2001, p. 33) era ocupado por ndios e colonizado pelos europeus. As terras cearenses foram exploradas de inmeras formas, desde a explorao do pau-brasil at o mais novo redirecionamento, voltado ao lazer e ao turismo. implantada no territrio cearense uma infraestrutura acelerando-se sua modernidade com a inteno de levar o estado do Cear a competir no mercado mundial. Tais aes fizeram com que o Cear se enquadrasse as exigncias da globalizao passando o governo a enxergar o turismo como uma prioridade econmica sempre considerando a globalidade. Dessa forma, o Cear passa por esse processo chamado modernizao local observado pelo esforo governamental de tornar o Cear moderno criando instituies e transformando a economia pelo incentivo ao turismo. Levando em conta a globalidade, o Cear precisa est nos padres internacionais, principalmente no que diz respeito oferta de servios e a preparao dos recursos humanos, j que se trata de um plo turstico competindo com os outros lugares tambm globalizados. Coriolano (2001, p. 41) explica que as interaes devem ser tanto do global ao local como do local ao global. Somente com o desenvolvimento dessa mo dupla o processo se enriquecer, diminuindo as conseqncias negativas para as comunidades. Para que o Cear tivesse um maior proveito da globalizao e se beneficiasse da atividade turstica, o estado buscou oportunidades para investir no turismo atravs da implantao e melhoria dos hotis e pousadas bem como preparou mode-obra. Apesar do Cear est dentro do contexto da globalizao, o cearense no perdeu seu esteretipo de povo acolhedor, fraterno, cordial, solidrio, digno, alegre, comunicador, brincalho e irreverente. Algumas dessas qualidades so fundamentais no turismo, contudo o profissionalismo no pode ser ignorado. Embora o Cear seja hospitaleiro, observada uma distncia entre os turistas e o cearense interferindo no intercmbio cultural. O folclore, a arte, os costumes,

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enfim o modo de viver no pode ser transformado pelos turistas e sim transmitido pelos nativos. O cearense precisa valorizar e assumir sua cultura sem constrangimentos.No Cear, a distncia social entre as comunidades receptoras e os visitantes muito grande e por isso muitos nativos se intimidam, submetemse passam a ter vergonha de sua cultura. Por outro lado, muitos turistas julgam a cultura nativa como extica, perigosa, dificultando assim os intercmbios culturais entre a cultura cearense e a do visitante. De um grupo a outro mudam os cdigos, os costumes, os valores e essas divergncias, inclusive a moral e a religiosa, reforam a lgica que divide os residentes e os turistas (CORIOLANO, 2001, p. 51).

Observa-se que alguns turistas no Cear contentam-se apenas em apreciar as paisagens pelas janelas do hotel ou do carro, muitas vezes por medo de serem surpreendidos por assaltantes levando ainda mais falta de contato com o povo cearense e, conseqentemente, a falta de informaes sobre a cultura local. A partir dos anos 70 a gesto pblica cearense foi dividida em trs fases: a fase dos coronis, fase de transio e fase dos empresrios.

2.4.1Fase dos Coronis Em 1971 surgiu uma proposta de ao governamental explicitada no Plano de Governo do Estado do Cear (Plagec) no governo de Csar Cals de Oliveira Filho. O Plagec reconhece o potencial turstico como amplo e diversificado destacando no somente Fortaleza, mas tambm as serras de Guaramiranga, Baturit e Ibiapaba, Canind e Juazeiro do Norte. O Plano do Governo explica sua deficincia com relao falta de suporte dada ao turismo.So muitas as deficincias inclusveis da parte administrativa, pois no existe, dentro da atual estrutura do Estado, um rgo suficientemente capaz e com a flexibilidade necessria para que possa prover com recursos materiais e humanos a consecuo dos objetivos traados em um plano. Plagec (1971 apud CORIOLANO, 2001, p. 61).

Acreditando-se que era o rgo que estava faltando para que a atividade turstica alavancasse, foi criada em 1971 uma entidade de economia mista em que o Estado detinha 51% das aes, a Emcetur Empresa Cearense de Turismo S/A. Com a criao do Primeiro Plano Qinqenal de Desenvolvimento do Estado do Cear (Plandece) no governo de Adauto Bezerra em 1975 estabelecido para o turismo do Cear alguns objetivos:

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Ativar e visualizar o potencial turstico do estado, divulgando de forma sistemtica o seu acervo paisagstico, artstico-cultural e recreativo nas principais reas do mercado turstico nacional; promover uma mentalidade receptiva nos elementos que lidam diretamente com a comercializao do produto turstico, assim como proporcionar condies para que se eleve sua produtividade; estimular a formao e o aperfeioamento da mo-de-obra para as atividades do turismo; aparelhar e aperfeioar a infra-estrutura dos principais pontos de atrao turstica do estado, no sentido de sua viabilizao em termos de conjunto; integrar a romaria no acervo das atraes tursticas, oferecendo ao romeiro melhores condies de transporte, hospedagem e demais servios pertinentes; elaborar estudos preliminares de viabilidade de novos empreendimentos visando ao aproveitamento de potencialidades especficas das reas de maior atrao turstica; possibilitar o acesso s praias notadamente aquelas fora da rea metropolitana de Fortaleza, construindo e melhorando rodovias; elaborar calendrio de eventos e o mapa turstico do estado no sentido de informar e orientar os turistas; proporcionar apoio financeiro instalao, ampliao e reforma de empresas de hospedagens e outros empreendimentos prioritrios do setor; promover cursos de aperfeioamento e especializao do pessoal empregado em hotis, agncias de viagens e outros organismos (CORIOLANO, 2001, p. 61).

O governo, infelizmente, no realizou todos os itens do seu programa, contudo alargou a rodovia de acesso a serra de Guaramiranga, prolongou a Avenida Santos Dumont e a Avenida Beira-Mar. Houve mudanas tambm nas temperaturas da cidade devido verticalizao na Beira-Mar com a construo de prdios com mais de dez andares. Nesta poca, surge a idia de desenvolver o turismo religioso tendo como destaque dois destinos: Juazeiro do Norte (Padre Ccero Romo Batista) e Canind (So Francisco). No perodo que vai de 1979 a 1982, Virglio Tvora governa com auxlio do Plano de Metas Governamentais II Plameg. Neste governo houve certo crescimento do turismo, contudo devido falta de regulamentao a cidade acabou ficando desordenada como diz Becker (1995 apud CORIOLANO, 2001, p. 63), o turismo j tem importante papel na economia, mas, at o momento, este papel se exerce de forma desordenada, afetando a populao e o meio ambiente, e se, utilizar todo o seu potencial. Em 1979 foi elaborado o Plano Integrado de Desenvolvimento Turstico do Estado do Cear PIDT-CE cujo objetivo era preparar mo-de-obra especializada e consolidar o aparelho institucional. O PIDT-CE dividiu o Cear em cinco centros tursticos e seis regies tursticas. Somente as trs primeiras regies apresentam reas litorneas. A Regio I (Fortaleza e praias adjacentes), a Regio II, o litoral leste (Cascavel, Aracati e Beberibe) e a Regio III, o litoral oeste (Trairi, So Gonalo e Paracuru).

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2.4.2 A Fase de Transio De 1983 a 1986 Gonzaga Mota, o ento governador do Cear, prope o Plano Estadual de Desenvolvimento (Planed) que tem como objetivo:Propiciar o desenvolvimento equilibrado do mercado turstico, adequando os elementos que conformam a oferta de bens e servios s exigncias atuais e futuras da demanda; promover a hierarquizao da mo-de-obra da atividade, reorientando e intensificando a formao profissional e o aperfeioamento dos recursos humanos, propiciando a conscientizao poltica em todo o territrio; consolidar o aparelh institucional, compatibilizando e coordenado os mecanismos e instrumentos da ao das diversas reas relacionadas, direta e indiretamente, com a atividade turstica; promover o conhecimento, interpretao e valorizao do patrimnio turstico do Estado, implementando programas de conscientizao; reestruturar a Emcetur; otimizar e divulgar os conhecimentos tcnico-cientficos do fenmeno, compilando a documentao existente, elaborando investigaes especficas e propiciando o intercmbio de informaes; incrementar a demanda de turismo interno, incorporando atividade o segmento de mercado que ainda no teve acesso prtica do turismo; reorganizar nos diversos nveis de ensino a capacitao turstica, integrando os setores pblicos e privados vinculados atividade (CORIOLANO, 2001, p. 65).

Num cenrio em que todos questionavam a respeito dos ataques floresta amaznica, da verticalizao no litoral de Fortaleza, enfim, questionavam as agresses ao ambiente, surgiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente em 1981. Nesta mesma poca, so definidas as reas de proteo ambiental (APAs).

2.4.3 A Fase dos Empresrios O Plano de Mudanas (PM) do governo de Tasso Jereissati durou de 1987 a 1990 e tem os seguintes objetivos:Reformular e aumentar a eficincia da base institucional de cooperao, estmulo e apoio ao turismo; apoiar a iniciativa privada na implementao de projetos, capazes de viabilizar o fluxo turstico oriundo do exterior; adequar, recuperar e expandir os equipamentos e a infra-estrutura bsica; atenuar os efeitos da sazonalidade do fluxo turstico; melhorar o atendimento ao turista, com a oferta eficiente de informaes e animaes turstica (CORIOLANO, 2001, p. 67).

O Turismo passa a ser tratado no mesmo patamar das indstrias com a extino da Emcetur e a criao da Coditur Companhia do Desenvolvimento Industrial e Turstico do Cear.

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Em 1989 surge o Programa de Desenvolvimento do Turismo em rea Prioritria do Litoral do Cear (Prodeturis) que dividiu o litoral em quatro regies tursticas. As regies tursticas I e III representam o litoral de Icapu e Caucaia (litoral leste) e as regies II e IV, no litoral oeste, vo de Caucaia a Barroquinha. Foi feita a reforma do palcio de Guaramiranga, recuperao e ampliao do Centro de Convenes, recuperao do telefrico da serra de Ubajara. Ciro Gomes assume o poder em 1991 dando continuidade as mudanas propostas pelo antigo governador. Surge ento o Plano Plurianual (1991/1994) que tem como objetivo:Divulgar as potencialidades tursticas naturais e culturais e a infra-estrutura existente no estado; desenvolver programas de turismo ecolgico nas regies da serra da Ibiapaba, nos sertes dos Inhamuns e no Cariri; participar e co-participar em eventos nacionais e internacionais; captar eventos nacionais e internacionais para nosso estado; realizar projetos e animao turstica em Fortaleza nos perodos de alta estao; realizar workshops nos principais plos emissores do pas; confeccionar material promocional, folheteria, cartazes, vdeos, outdoors; realizar campanhas promocionais (CORIOLANO, 2001, p. 69).

O Programa de Ao para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste (ProdeturNE) criado em 1992 com os objetivos de fortalecer o turismo da regio e consolid-la como importante destinao turstica nacional e internacional (CORIOLANO, 2001, p. 71). No segundo governo de Tasso Jereissati que vai de 1995 a 1998 estabelecido o Plano de Desenvolvimento Sustentvel (PDS) que tratava de algumas questes como elenca Coriolano (2001, p. 75), a sustentabilidade prevista pelo PDS passa por questes importantes como a do meio ambiente, a capacitao da populao, a reordenao do espao, a gerao de emprego e renda, a cincia e a tecnologia, a cultura e o turismo. A partir de 1995, o turismo passa a ser coordenado pela Secretaria de Turismo (Setur) antes coordenado pela Coditur. O propsito de tornar o Cear um mercado turstico depende de alguns fatores. Dentre eles, destacam-se a descentralizao do litoral e a expanso do turismo para a serra e o serto com o objetivo de valorizar a cultura regional como um todo, por exemplo, artesanato, gastronomia, danas folclricas, prdios, praas e monumentos antigos. O Turismo tem sido um dos principais setores que crescem economicamente no Estado. Segundo dados da Secretaria de Turismo do Estado - Setur (2010)

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nenhum estado em toda a histria investiu tanto como nestes ltimos quatro anos. Contudo, no adianta apenas fazer marketing dos atrativos naturais do Estado necessrio elaborar projetos e aes que visem uma melhoria significativa para o turismo. Alm da realizao de muitas aes na cidade de Fortaleza com o intuito de incrementar o turismo, so observadas tambm muitas aes no interior do Estado. De acordo com a Setur (2010) as principais obras concludas so:Ampliao da pista de pouso do Aeroporto de Aracati; obra de urbanizao da Praa de Paracuru; urbanizao do Binrio da Lagoinha; iluminao decorativa da orla das praias de Flecheiras, Munda, Cumbuco, Paracuru, Iguape e Majorlndia; sinalizao turstica do Litoral Leste (Aquiraz/Aracati); sinalizao turstica do Litoral Oeste; rodovia CE-311 (Trecho Granja / Viosa do Cear; duplicao da CE-040 (trecho Aquiraz / entrocamento da CE-453); rodovia CE-085 (Trecho Barrento / Aracatiara ); rodovia CE-085 (Trecho Aracatiara / Itarema ); rodovia CE-085 (Trecho Parazinho / Granja ); rodovia CE-085 (Trecho Jijoca / Parazinho ) (http://www.ceara.gov.br).

Em 2011 haver, a elaborao de projetos para recuperar as dunas e lagoas do Litoral Oeste, reforma do terminal de passageiros do Telefrico de Ubajara, o Centro de Convenes de Iguatu, construo do terminal de passageiros do Aeroporto de Jericoacoara, bem como a construo do ptio de estacionamento, pista de txi e pista de pouso e decolagem, dentre outras. As principais aes e projetos culturais, respectivamente, segundo a Setur (2010) so:Encontro Mestres do Mundo, Dia do Cear, Festival da Msica na Ibiapaba, Festival de Dana no Litoral Oeste, Festival do Inhamus, Festival de Trovadores e Repentistas, Festival do Cear Junino; Agentes de Leitura, Barrica, Biblioteca Cidad, Biblioteca volante, Bienal Internacional do Livro do Cear, Constituinte Cultural, Dilogos de Cultura, Feira do Livro do Cabo Verde, Feira do Sebo do Cear, Feira Regional do Livro, Formao em Rede, Instituto de Economia da Cultural, Mapeamento das Cadeias Produtivas, Orquestra Eleazar de Carvalho, Preservao e Restaura das Artes Visuais, Programa de Ateno a Pessoas com Deficincias, Programa mais Cultura, Projeto Gravura, Projeto Patativa Encanta em Todo Canto, Ronda Cultural, Selo de Responsabilidade Cultural, Sistema Estadual Bandas de Msica, Tesouros Vivos da Cultura. (http://www.secult.ce.gov.br).

Todas as aes e projetos tm como objetivo promover o acesso da populao aos equipamentos e servios culturais.

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2.5 CATEGORIAS DO TURISMO O turismo se divide em trs categorias de acordo com a forma de deslocamento do turista. Destacam-se: receptivo, emissivo e domstico. No turismo receptivo, o pas de destino oferece infraestrutura, bens e servios com o intuito de atender as necessidades do viajante. Alm disso, o local precisa ter atrativos naturais e culturais para que o turista venha a apreciar. O turismo emissivo destaca-se pelas viagens de pessoas residentes em uma localidade que permanea em seu destino por mais de 24 horas e menos de um ano no local no recebendo remunerao no local visitado. O turismo domstico caracterizado por viagens feitas dentro do prprio pas ou regio de residncia. Principalmente quando o dlar est com um valor muito alto, este tipo de turismo muito explorado.

2.6 PRINCIPAIS TIPOS E FORMAS DE TURISMO As vrias opes de turismo praticados no mundo todo tornam essa atividade uma grande opo de desenvolvimento. importante que todo local defina em que tipo(s) de turismo suas caractersticas se enquadram de acordo com a localidade, infraestrutura e caractersticas da populao e regio. Dentre esses se destacam os mais utilizados.

2.6.1. Turismo de Lazer o turismo escolhido por pessoas que viajam por prazer a fim de sair de frias com a famlia, visitar parentes, rever amigos, conhecer novos locais e curtir a paisagem. So turistas que exigem uma boa infraestrutura como, por exemplo, estradas confortveis e seguras, bons hotis, restaurantes, servios tursticos e divertimentos. Selecionam os lugares para visitar de acordo com o produto turstico oferecido que melhor atenda seus interesses.

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2.6.2. Turismo Cultural uma das formas de turismo mais realizadas e as pessoas procuram com o objetivo de adquirir maior conhecimento. Os locais de atrativos culturais so normalmente os patrimnios histricos, que necessitam de maior conservao por parte da populao local, visitantes e turistas. Este tipo de turismo tem um pblico bem especfico praticado por professores, tcnicos, pesquisadores, arquelogos, cientistas e estudantes. Viagens so organizadas especialmente com o objetivo de visitar, por exemplo, s runas da cidade de feso (Turquia), o Teatro de Epidaurus (400 a.C.), na Grcia, s runas de Pompia, na Itlia, a Gruta de Lascaux, na Frana, o Museu do Ar e do Espao, em Washington (Estados Unidos). Monumentos histricos como as Pirmides, a Esfinge, o Museu Nacional, no Cairo, os templos de Luxor, Karnak e o Vale dos Reis, em Luxor, onde foram encontradas as tumbas dos Faras.

2.6.3. Turismo de Sade

Praticado por pessoas que visam fazer algum tratamento de teraputico a fim de conseguir benefcios para sua sade, viajando para locais onde existam clnicas, servios mdicos especializados e estncias hidrominerais. especialidades da medicina. Cuba um destino muito procurado por seus avanos tecnolgicos e cientficos em todas as

2.6.4.Turismo Religioso Turismo voltado para pessoas msticas, que tm muita f ou que realizam caridade, interessadas em visitar locais sagrados em nome de alguma crena ou religio. Alguns exemplos podem ser citados como a Gruta de Ftima (Portugal), a cidade de Lourdes (Frana), as cidades santas, como Jerusalm (Israel), Meca (Arbia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil) So locais religiosos que recebem milhares de peregrinos durante o ano todo.

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2.6.5. Turismo Desportivo Praticado por pessoas que vo participar ou assistir a eventos desportivos. As obras dos estgios e a presena dos atletas movimentam a economia local. Os grandes eventos como, por exemplo, a Copa do Mundo e Futebol, as Olimpadas, as corridas de Frmula Um requerem sofisticados equipamentos construdos especialmente para o evento: estgios, alojamentos, segurana, estradas, terminais, hotis, restaurantes, servios, mo-de-obra e comunicao. O turismo desportivo capaz de produzir efeitos promocionais sobre os lugares onde so realizados os eventos agregando uma excelente imagem de destaque que no so obtidos pelos meios tradicionais de marketing.

2.6.6. Turismo de Eventos Divididos nas categorias regional, nacional e internacional, este tipo de turismo praticado por quem tem o interesse comum de discutir assuntos a nvel profissional, cultural, desportivos dentre outros. A realizao de eventos abrange 40% do movimento turstico internacional. Os produtos tursticos, como por exemplo, passagens areas, rodovirias, dirias de hotis, refeies, suvenires e servios em geral, na ocasio do evento, so vendidos a preos mais baratos o que proporciona uma disputa dos pases por este turismo. Contudo, necessrio haver uma boa infraestrutura para servir melhor o turista. E, para isso, preciso altos investimentos como: centros de convenes, hotis e restaurantes de qualidade, agncias de viagem como turismo receptivo, empresas especializadas na organizao de eventos, mo-de-obra treinada, opes de lazer, equipamentos como recursos audiovisuais, computadores, telefones, fax, dentre outros. O sucesso do evento est diretamente relacionado com a antecedncia na organizao, divulgao e inscries. Quanto maior a antecedncia no planejamento do evento, maior a possibilidade de d tudo certo e menor o risco de presenciar surpresas desagradveis. Para cidades com clima instvel onde fica invivel a utilizao do principal produto turstico, as praias, a realizao do turismo de eventos uma sada para

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seu desenvolvimento econmico, uma vez que, esta tipologia independe dos fatores climticos, ou seja, se chove, se faz calor ou frio, o evento acontece. A classificao dos eventos fica sujeita ao bom senso com exceo das feiras, exposies e mostras que so regulamentadas por decreto. Os eventos so muito variados e so classificados da seguinte forma: congressos, convenes, seminrios, mesas redondas, simpsios, painel, conferncias, frum, colquio, palestras, exposies, sales, feiras, mostras encontros e bolsas, festas, festivais, shows e workshop.

2.6.7 Turismo de Aventura O turismo de aventura leva o turista a ter um grande contato com a natureza atravs de montanhas, florestas, rios, mares, etc. As caractersticas principais desse tipo de turista o prazer de se sentir desafiado e enfrentado. Os esportes radicais, como por exemplo, alpinismo, skidiving e snowboarding so alguns dos preferidos.

2.6.8 Turismo Ecolgico um tipo de turismo que educa os praticantes promovendo comportamentos adequados relacionados preservao, compreendendo e apreciando o local visitado sempre com a idia de sustentabilidade. Tem o objetivo de levar o turista para conhecer locais espetaculares, raros e remotos.

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3 PATRIMNIO CULTURAL3.1 SIGNIFICADOS E CONCEITOS As expresses patrimoniun e monumentum originam-se do termo latino monere e significam lembrar ou aquilo que traz lembrana. Edifcios, ruas, artefatos, costumes sociais so considerados patrimnio histrico e esto relacionados ao conceito de monumento, uma vez que nos leva a lembrana resgatando da memria smbolos, imagens e prticas sociais.A preservao patrimonial no Brasil foi iniciada oficialmente em 1937, com a criao do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, vinculado ao Ministrio da Educao. Esse rgo, ainda no mesmo ano, realizou o primeiro levantamento dos bens de interesse histrico e cultural nacionais a serem salvaguardados. Os princpios norteadores das selees e intervenes realizadas por essa primeira gerao de preservadores no Brasil mantinham-se fieis aos ensinamentos da Escola de Belas Artes e do Curso Politcnico, ambos de matriz francesa (http://www.etur.com.br escrito por SEVERO, 2004).

De acordo com as atualizaes dos estudos antropolgicos, a definio de patrimnio histrico e artstico, usado desde o sculo XIX, foi substituda por uma definio muito mais ampla de Patrimnio Cultural. Com tais atualizaes, a Constituio Federal Brasileira CFB (1988), no artigo 216, seo II da cultura, estabelece um conceito de Patrimnio Cultural:Constituem Patrimnio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomado individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I formas de expresso; II- Os modos de criar, fazer e viver; III As criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas; IV As obras, objetos documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-culturais; V- Os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico (CFB 1988 apud http://www.nuer.ufsc.br).

Com a nova nomenclatura de Patrimnio Cultural deixando de lado a antiga diviso entre Patrimnio Histrico e Artstico, passou a incluir o documental, o arqueolgico, o bibliogrfico, e o etnogrfico.

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3.2 PATRIMNIOS MATERIAL E IMATERIAL Patrimnio Cultural pode ser dividido em Patrimnio material e imaterial. Esses elementos reunidos formam o produto turstico que a regio pode comercializar.O produto turstico resultado da soma de recursos naturais e culturais e servios produzidos por uma pluralidade de empresas, algumas das quais operam a transformao da matria-prima em produto acabado, enquanto outras oferecem seus bens e servios (BENI, 1998, p 29).

O Patrimnio material est relacionado com os elementos da natureza que podem ser utilizados como atrativos tursticos. Alguns exemplos podem ser citados: praias e balnerios, sol, ar puro, cnions e gargantas, montes e montanhas, cataratas, lagos e lagoas, neve, rios grutas, ilhas, reservas animais, florestas, bosques e parques florestais, fontes hidrominerais, cabos, desertos, vulces, vales, dunas de areia, terremotos, eclipses do sol e da lua, furaces, saltos e outros fenmenos da natureza. O Patrimnio imaterial diz respeito s obras e atividades provenientes de aes do homem que podem servir como atrao turstica. Destacam-se alguns tipos: cidades histricas, lugares patrimnio da humanidade, runas de cidades histricas, cidades com traados planejados, cidades especiais, monumentos, obras de engenharia, museus, castelos, palcios, fortes e fortalezas, igrejas, santurios e cidades santas, edifcios famosos, cemitrios, parque de diverses e parques temticos, teatros, eventos desportivos, festivais, carnaval, centros de convenes, meios de transporte, centro de compras, parques histricos, centros musicais, cassinos, lendas de conhecimento mundial, festas natalinas e de rveillon, significado dos smbolos de natal. Dessa forma, a definio de Patrimnio Cultural est atrelada tanto aos feitos humanos quanto ao espao geogrfico natural modificado positivamente pelo homem atravs de construes que valorizem a paisagem, o que nos leva a concluir que as duas formas de Patrimnio representam uma interferncia humana que significa cultura, que por sua vez tambm Patrimnio Cultural. O patrimnio material protegido por instrumento legal chamado tombamento, enquanto o patrimnio imaterial por registro. Cabe s esferas de

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governo formular polticas para incentivar, apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e facilitar as iniciativas do setor privado.

3.3 A LEI DE PROTEO PATRIMONIAL TOMBAMENTO O termo tombamento origina-se do latim tombo e significa arrolamento, inventrio ou registro. Tombar um bem quer dizer proteg-lo. A CFB de 1988, artigo 216 e o Decreto-Lei n, 25, de 30 de novembro de 1937 ordenam a proteo do patrimnio histrico e artstico nacional. Bueno e Costanze (2007) falam a respeito da importncia da preservao de um bem:A preservao de um bem de total importncia para humanidade, porque permitir que os nossos descendentes desfrutem das mesmas coisas que j desfrutamos, portanto, aquele que destruir ou descaracterizar um bem tombado estar sujeito a processo judicial podendo levar ao pagamento de vrias sanes, como multas ou at reconstruo do bem (http://buenoecostanze.adv.br escrito por BUENO; COSTANZE, 2007).

A definio do IPHAN sobre tombamento diz respeito a:

Um ato administrativo realizado pelo Poder Pblico com o objetivo de preservar, por intermdio da aplicao de legislao especfica, bens de valor histrico, cultural, arquitetnico, ambiental e tambm de valor afetivo para a populao, impedindo que venham a ser destrudos ou descaracterizados (IPHAN apud MINISTRIO DO TURISMO, 2010, p. 48).

Os bens pertencentes a pessoas fsicas ou jurdicas de direito privado, bem como pertencentes aos Estados, Distrito Federal e Unio podem ser tombados. Com relao a pessoas fsicas e jurdicas, o tombamento pode ser tanto voluntariamente como obrigatoriamente se a pessoas se recusarem a concordar com a inscrio do bem. Qualquer cidado ou instituio pblica pode solicitar o tombamento. O pedido submetido deliberao do rgo responsvel pela preservao e a uma avaliao tcnica preliminar. O proprietrio recebe uma notificao, caso haja aprovao. At que o bem seja inscrito em um dos Livros do Tombo, a destruio ser evitada com o documento citado acima. Os Livros do Tombo so:

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Livro do Tombo Arqueolgico, Etnogrfico e Paisagstico: bens pertencentes s categorias de arte arqueolgica, etnogrfica, amerndia e popular, monumentos naturais, stios e paisagens; livro do Tombo Histrico: bens de interesse histrico e as obras de arte histricas; livro do Tombo das Belas Artes: obras de arte eruditas nacionais ou estrangeiras; livro do Tombo das Artes Aplicadas: obras includas na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras (MINISTRIO DO TURISMO, 2010, p. 49).

O tombamento pode ser feito pela Unio (IPHAN); pelo governo estadual (Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Estado ou rgo parecido); e pelas administraes municipais (prprias leis).

3.3.1 Alguns bens tombados no Brasil pelo Patrimnio da Humanidade Segundo a UNESCO e o IPHAN, no Brasil, existem 18 bens do patrimnio mundial, dos quais 10 esto relacionados cultura histrica e pr-histrica:Cidade Histrica de Ouro Preto (1980); centro Histrico de Olinda (1982); misses Jesuticas Guarani, em So Miguel das Misses (1983); centro Histrico de Salvador (1985); santurio do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1985); Parque Nacional do Iguau, em Foz do Iguau (1986); o Plano Piloto de Braslia (1987); parque Nacional Serra da Capivara, em So Raimundo Nonato (1991); centro Histrico de So Lus do Maranho (1997); centro Histrico de Diamantina (1999); reservas de Mata Atlntica do Sudeste (1999); reservas de Mata Atlntica da Costa do Descobrimento (1999); parque Nacional do Ja (2000); complexo de reas Protegidas do Pantanal: Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e RPPNs prximas (2000); centro Histrico de Gois (2001); reas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (2001); ilhas Atlnticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (2001); praa So Francisco, na cidade de So Cristovo (2010); patrimnio naval (2010); igreja positivista (2010); serra da Piedade (2010); Centro Histrico de So Luiz do Paraitinga SP (2010); Centro Histrico de Natal (2010); Conjunto Urbanstico e Paisagstico do Municpio de Cceres MT (2010); Conjunto Histrico do Municpio de Paracatu MG (2010) (UNESCO; IPHAN apud MINISTRIO DO TURISMO, 2010, P. 49).

Dessa forma, os bens que compem o patrimnio material podem ser reconhecidos como patrimnio municipal, estadual, nacional ou mundial. Esses bens precisam ser preservados integralmente para que possam manter suas caractersticas essenciais; ao mesmo tempo, indispensvel a sua conservao, isto , a adoo contnua de medidas para evitar que se deteriorem; desenvolver e implantar servios e atividades turstico-culturais, de forma a garantir a presena permanente de pessoas e o interesse do visitante.

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3.3.2 Bens Tombados em Fortaleza pelo Patrimnio Federal, Estadual e Municipal Em Fortaleza, ainda pode-se encontrar vestgios do patrimnio edificado nos seus bairros antigos: Barra do Cear, Mucuripe, Messejana, Parangaba, Mondubim, Centro Histrico, Jacarecanga, Benfica, Praia de Iracema, Montese, Antnio Bezerra, etc. Alguns j protegidos pelo tombamento, outros praticamente abandonados e outros tantos em processo de incluso na lei federal, estadual ou municipal. O Tombamento preserva legalmente o bem com as principais caractersticas do mesmo. mbito Federal: protegidos pela Federao, por meio do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN, vinculado ao Ministrio da Cultura, criado em 1937 pela Lei n 378, no Governo do Presidente Getlio Vargas. Passeio Pblico: 1879-1880 / 1964 Casa de Jos de Alencar:1826 / 1964 Palcio Senador Alencar - Museu do Cear: 856-1871 / 1973 Teatro Jos de Alencar: 1908-1910 / 1987 Palacete Carvalho Motta: Museu das Secas / DNOCS 1907 / 1983 - Centro de Referncia e Documentao do Semi-rido Contraforte da Edificao da Fortaleza de Nossa Senhora da Assuno: 1817/1815 / 2008 Coleo Arqueolgica do Museu da Escola Normal (sob a guarda do Museu do Cear) (DATAS: CONSTRUO - INAUGURAO / TOMBAMENTO) mbito Estadual: protegidos pelo Estado, por meio do Conselho Estadual de Preservao do Patrimnio Cultural do Estado do Cear, criado em 2000, pela Lei n 13.078. 1. Prdio da Secretaria da Fazenda: 1927 / 1982 2. Prdio do Centro de Turismo - Antiga Cadeia Pblica: 1850-1866 / 1982 3. Igreja Nossa Senhora do Rosrio:1730-1755 / 1983

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4. Palcio da Luz - Sede da Academia Cearense de Letras: Final Sc.XVIII / 1983 5. Farol do Mucuripe: 1840 -1846 / 1983 6. Estao Ferroviria Joo Felipe: 1879-1880 / 1983 7. Palacete Cear - atual CEF: 1914 / 1983 8. Cinema So Luiz: 1958 / 1991 9. Praa General Tibrcio: 1856-1887 / 1888 / 1991 10. Prdio do Arquivo Pblico - antigo Solar Fernandes Vieira: 1880 / 1995 11. Sede do IPHAN - Antiga Escola Normal: 1882-1884 / 1995 12. Prdio do antigo Banco Frota Gentil: 1925 / 1995 13. Prdio Sociedade Unio Cearense - antiga sede COELCE: Final Sc. XIX / 1995 - Futura Sede do Memorial da Indstria, da Orquestra Filarmnica do Cear e do Departamento do Cear do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB 14. Sobrado do Dr. Jos Loureno - Museu da Antropologia do Cear: 1854 / 2004 15. Galpes da RFFSA - Extenso do Conjunto da Estao Ferroviria Joo Felipe: 1924 / 2004 16. Seminrio da Prainha: Sc XIX / 2006 17. Prdio da Antiga Alfndega: 1884 - 1893 / 2006 18. Palacete de Thomaz Pompeu Sobrinho: 1929 /2006 19. Palcio da Abolio:1962 - 1970 / 2006 (DATAS: CONSTRUO-INAUGURAO / TOMBAMENTO) mbitos Municipal: protegidos pelo Municpio, por meio do Departamento de Patrimnio Histrico e Cultural, criado em 1994, pela Lei n 7.568, parte da estrutura Organizacional da antiga Fundao Cultural de Fortaleza - FCF depois Fundao de Cultura Esporte e Turismo -FUNCET atual Secretaria da Cultura de Fortaleza SECULTFOR. 1. Igreja Santa Terezinha: 1927 / 1986 Lei No Lei 6.087 de 09 de junho de 1986 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele) 2. Prdio do Estoril: Sc. XX - 1920 / 1986 Lei No 6.119 de 19 de setembro de 1986 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele)

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3. Espelhos de gua das Lagoas de Messejana e Parangaba Lei No 6.201 de 27 de maio de 1987 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele) 4. Riacho Papic e suas Margens. Papicu Lei No 6.297 de 01 de julho de 1988 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele) 5. Teatro So Jos: 1915 / 1988 Lei No 6.318 de 01 de julho de 1988 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele) 6. Parque da Liberdade - Cidade da Criana: 1938 / 1991 Lei No 6.837 de 24 de Abril de 1991 (Prefeito Juraci Magalhes) 7. Feira de Artesanato da Beira-Mar Inaugurada: 1988 Lei No 7.719 de 23 de Maio de 1995 (Antnio Cambraia) 8. Ponte dos Ingleses: 1923 / 1989 Lei N 6.512 de 11 de outubro de 1989 (Prefeita Ma. Luiza Fontenele) 9. Palcio Joo Brgido - Pao Municipal e do Bosque do Paje que o circunda: Sc XIX / 2005 Decreto Municipal 11.909 de 23 de novembro de 2005 10. Santa Casa de Misericrdia: 1847 - 1857 / 2006 Decreto Municipal 11.970 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 11. Igreja de Bom Jesus dos Aflitos Sc XIX - da Parangaba Decreto Municipal 12.407 de 16 de junho de 2006 12. Escola Jesus Maria Jos: 1902-1905 / 2007 Decreto Municipal 12.303 de 05 de dezembro de 2007 13. Casa do Baro de Camocim: 1879/2007 Decreto Municipal 12.304 de 05 de dezembro de 2007 14. Estao Ferroviria Sc XIX - Parangaba Decreto Municipal 12.313 de 13 de dezembro de 2007 15. Mercado dos Pinhes: 1897 - 1938 / 2008 Decreto Municipal 12.368 de 31 de maro de 2008

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16. Mercado da Aerolndia: 1897 - 1968 / 2008 Decreto Municipal 12.408 de 16 de junho de 2008 (Luizianne Lins) 17. Bar do Avio: 1948-1949 / 2006 Decreto Municipal 11.967 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 18. Colgio Dorotias: 1924 - 1929 / 2006 Decreto Municipal 11.966 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 19. Edifcio San Pedro - Iracema Plaza Hotel: 1951 / 2006 Decreto Municipal 11.960 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 20. Escola de Msica Luis Assuno: 1845 / 2006 Decreto Municipal 11.961 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 21. Ideal Clube: 1939 / 2006 Decreto Municipal 11.959 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 22. Sede do Instituto Municipal de Pesquisa Administrao e Recursos Humanos Imparh: Sc XX / 2006 Decreto Municipal 11.969 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 23. Edifcio Philomeno Gomes - Lord Hotel: 1956 / 2006 Decreto Municipal 11.968 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 24. Nutico Atltico Cearense: 1948 -1952 / 2006 Decreto Municipal 11.957 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 25. Casa do Portugus: 1950 - 1953 / 2006 Decreto Municipal 11.964 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 26. Casa de Raquel de Queiroz: Sc XX / 2006 Decreto Municipal 11.965 de 11 de janeiro de 2006 (Luizianne Lins) 27. Casa de Cmara da Vila de Arronches e Intendncia da Villa de Porongaba Decreto Municipal 12.098 de 21 de setembro de 2006 (DATAS: CONSTRUO - INAUGURAO / TOMBAMENTO)

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3.3.3 Bens tombados e aprovados no Cear pelo Patrimnio Estadual

importante destacar alguns bem tombados, bem como os que j foram aprovados, pelo Governo do Estado do Cear em cada Municpio. Aracati: Sobrado do Baro de Aracati (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983). Aquiraz: Casa do Capito-Mor (Seu tombamento foi aprovado pelo Conselho Estadual de Preservao do Patrimnio Cultural no ano de 2006); Igreja Matriz So Jos de Ribamar (Protegida pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983); Casa de Cmara e Cadeia (Protegida pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983). Barbalha: Sobrado Rua da Matriz (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983); Casa da Cmara e Cadeia (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968). Crato: Stio Caldeiro (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 13.465, de 05 de maio de 2004); Estao Ferroviria (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 13.465, de 05 de maio de 2004); Casa da Cmara e Cadeia (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968). Ic: Teatro da Ribeira dos Ics (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983. (15.237 de 14 de setembro de 1982)). So Gonalo do Amarante: Igreja Nossa Senhora da Soledade (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968, atravs do decreto n 21.308 de 13 de maro de 1991). Sobral: Theatro So Jos (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de1968, atravs do decreto n 16.237 de 30 de novembro de 1983). Camocim: Estao Ferroviria de Camocim (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 13.465, de 05 de maio de 2004).

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Quixeramobim: Casa de Antnio Conselheiro (Seu tombamento foi aprovado pelo Conselho Estadual de Preservao do Patrimnio Cultural em 2006) Tau: Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosrio (O tombamento estadual foi aprovado pelo Conselho Erstadual de Preservao do patrimnio Ciltural em 2005); Igreja de Jesus, Maria e Jos (Igreja das Merrecas). O tombamento foi aprovado pelo Conselho Estadual de Preservao do Patrimnio Cultural em 2006 Vrzea Alegre: Igreja So Caetano (Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n 9.109 de 30 de julho de 1968).

3.4. PRESERVAO DESVALORIZADA A valorizao da diversidade cultural essencial para promover aes culturais relacionadas s potencialidades regionais. Para que isso ocorra necessrio haver, segundo o Plano Estadual da Cultura (2003), a criao de instncias de compartilhamento de idias, formatao de planos, execuo e monitoramento de aes. Cada regio, liderada pelo Conselho Estadual de Cultura, colaborando para a criao de uma poltica cultural democrtica ter como aliado municpios que promovero aes culturais compatveis com os desejos das populaes de cada regiodo Estado.

importante que a comunidade esteja presente nas decises relativas sua prpria cidade, contudo, observa-se uma ausncia da participao popular no que diz respeito preservao do Patrimnio Cultural. Por outro lado, querer que essas pessoas se interessem pelo destino de uma igreja barroca, de uma casa colonial ou de uma floresta j que tm problemas de primeira necessidade, como alimentao, trabalho, problemas financeiros e de sade.Num contexto onde os mais elementares direitos de cidadania so negados grande parcela da populao, a cultura s vezes tratada como algo suprfluo e, at mesmo desnecessrio, em face de outras demandas mais bsicas. Ainda assim, sabemos que o que a histria imprime no espao, representa memria, reflexo, identidade, ser sujeito local, assim, a falta de esclarecimento popular sobre a valorizao cidad de nosso patrimnio nos leva a um descaso de ns mesmos, enquanto povo e memria (FERNANDES 1992, p. 273).

Instituies como a escola e a prpria famlia devem ensinar o valor das tradies e patrimnios locais com o objetivo de resgatar a importncia da

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preservao dos museus, dos stios, das festas, do artesanato, da regionalidade, enfim a preservao do Patrimnio Cultural.

3.5 O PATRIMNIO CULTURAL, O TURISMO E A SUSTENTABILIDADE

Com o tempo das pessoas condicionado pelo trabalho, o homem passa a valorizar seu momento de folga procurando est em ambientes naturais que no lembre o trabalho.O Turismo surge como essa possibilidade de reencontro, de fantasia, descanso, felicidade. Desta forma o homem sai em busca de existncia enquanto ser, longe de tudo que pode significar um tempo que no seja o tempo autocondicionado, portanto, um tempo construdo por ele mesmo (Munn, 1980 apud http://www.etur.com.br escrito por MARTINS, 2004).

O homem busca um ambiente o mais autntico possvel e neste contexto que o Patrimnio Cultural est inserido. O mais interessante do turismo so as peculiaridades de cada regio como os costumes, smbolos, gastronomia, danas, por mais paradoxo que parea dado globalizao nos tempos atuais. Contudo, os lugares e culturas precisam permanecer ntegros tendo em vista o conceito de turismo sustentvel. Para isso, necessrio controlar a ao do turismo visando o bom aproveitamento dos atrativos tursticos no futuro. Com o conceito de sustentabilidade, Ruschmann (1997 apud FERREIRA 2002) considerou que desenvolvimento sustentvel do turismo aquele que atende s necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas geraes futuras. Tal objetivo s ser cumprido, caso ocorra obedincia dos princpios:Equidade social: que significa a disposio para reconhecer igualmente o direito de cada um; eficincia econmica: significa que a distribuio e gesto dos recursos econmicos e financeiros feita de forma planejada para garantir o funcionamento eficiente do sistema; prudncia ecolgica: significa a adoo de aes que visam os seguintes pontos: reduzir o consumo de recursos naturais e a produo de lixo (http://www.etur.com.br escrito por MARTINS, 2004).

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Com os elementos referidos acima, observa-se a sustentabilidade nos trs nveis representando um modelo de desenvolvimento. Contudo, o turismo tem trazido alguns problemas como poluio atmosfrica, sonora, dos rios, praias, lagos, balnerios, dentre outros, deixando principalmente a populao nativa sofrendo com o caos; destruio de algumas espcies animais e vegetais correndo o risco de extino; a aculturao da populao local que se deixa influenciar pelos novos costumes, valores, modo de falar, de vestir; descaracterizao do artesanato para atender as preferncias de alguns turistas; prostituio; uso de drogas, dentre outros.

3.6. PRESERVAO DO PATRIMNIO CULTURAL O patrimnio cultural constitui-se de um grande acervo com registros de acontecimentos da histria de uma cidade, que preservado de gerao a gerao, e se destaca como pea fundamental na identidade de uma populao. Apesar da maioria das pessoas, nos dias de hoje, ignorarem o antigo, algumas ainda encontram beleza e esplendor tanto nos prdios em si quanto no seu significado proporcionando-lhes o valor merecido.O valor dessa preservao sentido fisicamente e emocionalmente, por pessoas que ainda no foram anestesiadas pela frieza e funcionalismo das cidades modernas. O indivduo tem que se reconhecer na cidade, tem que respeitar seu passado e no fazer de sua cidade um amontoado de coisas sem sentido (COELHO NETO, 1979 apud http://www.defender.org.br escrito por Silvana Losekann, 2009).

Neste contexto para que no fique somente na teoria e realmente haja uma modificao no somente nas pessoas como tambm no meio em que se vive, necessrio a interveno de polticas pblicas com um objetivo de melhorar a qualidade e educao da populao. A preservao responsvel por disponibilizar acervos a populao nas diversas instituies como, por exemplo, nos museus e bibliotecas. Apesar de sua importncia vista com incapacidade de gerar riqueza, ou seja, sem importncia econmica gerando certa dependncia de incentivos o que impossibilita o poder pblico enxergar sua verdadeira importncia.

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Com o objetivo de deixar um legado para as geraes futuras, a preservao tem se estendido ao longo da histria at os dias atuais reunindo cincia, arte e cultura sendo objeto de estudo de vrios profissionais especializados. O acesso as informaes contidas nos livros e obras de arte s vivel se a preservao for eficiente. Dessa forma, a cincia da preservao atua nas condies de guarda para que os acervos sejam preservados o mais originalmente possvel para que as geraes futuras possam apreciar obras e estud-las.

3.7. EDUCAO PATRIMONIAL Em meio a vrios debates sobre a preciso de conhecer mais sobre a preservao do Patrimnio Histrico-Cultural, a Educao Patrimonial surge para elucidar tais questionamentos. A expresso Educao Patrimonial tem se tornado cada vez mais comum principalmente depois do seminrio realizado em 1983 em Petrpolis, no Rio de Janeiro. A partir da, tem-se estudado metodologias para o desenvolvimento de aes educacionais com o intuito de valorizao dos bens culturais. Mediante o exposto, pode-se definir Educao Patrimonial como sendo:Um processo permanente e sistemtico de trabalho educacional centrado no Patrimnio Cultural como fonte primria de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experincia e do contato direto com as evidncias e manifestaes da cultura, em todos os seus mltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educao Patrimonial busca levar as crianas e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriao e valorizao de sua herana cultural. Capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a gerao e a produo de novos conhecimentos, num processo contnuo de criao cultural (HORTA, 1999, p. 6).

Para que ocorra tal valorizao necessrio uma aproximao maior do tema atravs das metodologias que promovam o aprendizado e despertam o interesse em buscar mais conhecimentos sobre determinado assunto.A partir da experincia inicial, inmeras questes vm sendo formuladas ao longo do processo de difuso e implantao da metodologia da Educao Patrimonial. A prtica e as experincias desenvolvidas em diferentes contextos e locais do pas vieram trazer as respostas procuradas, e demonstrar resultados surpreendentes: o primeiro deles pode ser visto como uma nova viso do Patrimnio Cultural Brasileiro em sua diversidade de manifestaes, tangveis e intangveis, consagradas e no consagradas , como fonte primria de conhecimento e aprendizado, a ser utilizada e explorada na educao de crianas e adultos, inserida nos currculos e disciplinas do sistema formal de ensino, ou ainda como instrumento de

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motivao, individual e coletiva, para a prtica da cidadania, o resgate da auto-estima dos grupos culturais, e o estabelecimento de um dilogo enriquecedor entre as geraes (HORTA, 1999, p. 5).

A importncia de se abordar o Patrimnio Cultural nas escolas diz respeito maior preservao e valorizao do Patrimnio, reforando a interao entre os alunos, suas tradies e bens culturais, visando introduo do processo de incluso social. A metodologia da Educao Patrimonial pode ser aplicada a qualquer manifestao da cultura como, por exemplo, visitao a um stio arqueolgico, uma rea de proteo ambiental, saberes populares, arquivos e bibliotecas pblicas, ou qualquer outra manifestao relacionada ao homem e ao meio ambiente.

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4. TURISMO CULTURAL

Registros mostram que o turismo cultural uma atrao desde as primeiras civilizaes na baixa Idade Mdia com a ascenso do cristianismo. As viagens eram realizadas para a prtica de esportes e por motivo de cultura e eram privilgio dos que estavam no poder. A aristocracia interessada em conhecer os stios histricos e arqueolgicos, que inspirava Michelangelo e Da Vinci, fazia viagens pela Europa em busca de cultura. Com a inspirao pelas viagens do perodo renascentista nasceu o grand tour que consistia em passar um longo tempo em cidades europias diferentes consideradas como o bero da civilizao ocidental e que podiam durar anos. As pessoas que tinham tempo e recursos financeiros, burgueses, nobres e aristocratas investiam em viagens culturais e era este o pblico do grand tour. Considerado uma experincia educacional, uma formao de gosto e um atributo de civilizao, o grand tour se apresentava na sua forma convencional e regular. Quem ainda no havia realizado o grand tour eram considerados, pelos ingleses e ricos, destitudos de cultura, embora essas viagens fossem cheias de coisas prazerosas. Esta viagem de estudos, tinha o valor de um diploma conferindo status social significativo aos participantes. S depois de alguns sculos foi que se concretizou o mercado turstico dos dias atuais com todos os servios e produtos. No entanto, surgiu o grand tour, o incio do Turismo Cultural cuja principal motivao de viagem envolve algum aspecto de cultura. Durante muito tempo os destinos tursticos eram exclusivamente os grandes conjuntos arquitetnicos, os museus e os lugares que abrigavam os tesouros materiais de culturas passadas. Com o tempo, o conceito de cultura foi modificado e o conhecimento dos estudiosos se expandiu a respeito de Patrimnio Cultural. Tais mudanas conceituais tiveram influncia direta na caracterizao do Turismo Cultural. Sendo observada a interao entre turismo e cultura, o Ministrio do Turismo MTur (2010) em parceria com entidades voltadas para o segmento turstico definiram e conceituaram o Turismo Cultural como sendo atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos significativos do patrimnio

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histrico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura. Acredita-s