monografia fátima pedagogia 2012

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1 MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLÓGICAS Monografia apresentada como pré requisito para conclusão de curso de licenciatura em pedagogia, habilitação e docência em processos educativos, da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Departamento de Educação- Campus Vll. Orientador: Profº Pascoal Eron Santos de Souza SENHOR DO BONFIM 2012

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Pedagogia 2012

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MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA

LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLÓGICAS

Monografia apresentada como pré requisito para conclusão de curso de licenciatura em pedagogia, habilitação e docência em processos educativos, da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Departamento de Educação- Campus Vll.

Orientador: Profº Pascoal Eron Santos de Souza

SENHOR DO BONFIM 2012

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MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA

LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLOGICAS

Aprovada em ______/______/______

_______________________________

Avaliador

_______________________________ Avaliador

___________________________________ Pascoal Eron Santos de Souza

Orientador

SENHOR DO BONFIM 2012

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AGRADECIMENTOS

A Deus, ser supremo de todo o universo e dono de todas as coisas visíveis e invisíveis que restabelece e revigora as nossas forças e ânimo, quando as vezes pensamos em desistir da caminhada, a Ele toda honra, toda glória e todo louvor para sempre.

A nossa Senhora de Fátima minha mãe celestial, e intercessora, a quem tenho como devoção e modelo de mãe, filha, e esposa.

Agradeço de modo fraternal, a toda a minha família,e com singular afeto as minhas irmãs Luciana e Cristiana pelo apoio e incentivo, durante essa jornada, e de uma forma especial ao meu esposo Freitas,pela paciência “as vezes”,apoio, compreensão e colaboração com o transporte para chegar até a universidade.

Expresso de forma carinhosa o meu sincero agradecimento a todos os meus amigos da turma pedagogia 2008.1por me acrescentarem saberes e experiências durante esses 4 anos em que estivemos juntos sujeitos aos mesmos desafios, lutas, vitórias e rumo aos mesmos objetivos.Agradeço a compreensão também dos colegas de trabalho pelas vezes em que precisei me ausentar durante esse processo de TCC, aos outros pela compreensão durante o tempo em que me mantive ausente nas rodas de conversas e bate papo.

Sou grata de uma maneira particular e especial a minha amiga e companheira de jornada, caminhada,trabalho e de todas as horas, Joseneide Barbosa , com quem sei que posso contar sempre, com a sua linda sincera e genuína amizade,você foi pedra angular e fundamental nesta caminhada.

Agradeço de um modo especial ainda e admirável ao meu orientador pascoal Eron sem o qual a realização desse trabalho se tornaria mais difícil,pois pude contar com a sua colaboração,paciência,compreensão e seu tempo, todas as vezes em que precisei ser orientada, presencialmente , via email, ou telefone,sem subterfúgios. Não teria palavras para descrevê-lo,pois é um grande exemplo de sabedoria, simplicidade e humildade o que o torna uma pessoa especial,um profissional singular,um modelo e referencial de Educador extraordinário,e indescritível.

E por fim aqueles que contribuíram direto ou indiretamente para a concretização desse trabalho,minha sincera gratidão.

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“Começar a dizer nunca é tarefa simples. E começar a escrever torna-se trabalho árduo e duplamente complexo” (TFOUNI)

“Quem se perde apenas na leitura dos textos dictomizada do mundo,e do contexto dos textos, se esborracha constantemente.É preciso ter a sensibilidade, a capacidade de ler o mundo e não de ler os textos” (PAULO FREIRE)

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RESUMO

Este estudo apresenta algumas reflexões sobre as contribuições das práticas metodológicas dos professores das séries finais do Ensino Fundamental para o processo de formação de sujeitos letrados. A pesquisa que deu origem a este trabalho foi desenvolvida na Escola Antônio Bastos, situada em Missão do Sahy no município de Senhor do Bonfim-Ba. Os fundamentos teóricos que embasam este texto foram construídos a partir da obra de autores como Soares (2006), Kleiman (2005), Freire (2006) Cagliari (1996) e outros. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo, escolhendo como instrumentos de coleta de dado o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada. Os sujeitos da pesquisa foram os professores do Ensino Fundamental da escola acima mencionada. Pode-se considerar que embora ainda reine algumas confusões referentes aos conceitos de letramento, na maioria das práticas dos professores, há contribuições para tornar os alunos letrados; no entanto, um dos maiores desafios que a escola precisa enfrentar é possibilitar condições ao sujeito de ser capaz de fazer uso da leitura e escrita em práticas sociais, sendo necessário o seu domínio pleno e a habilidade de interpretar, fazendo uso da leitura, respondendo às exigências para inserir-se no mundo letrado. Palavras–chave: Práticas metodológicas, Ensino fundamental, Letramento e Alfabetização.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7

CAPITULO I: PROBLEMATIZAÇÃO ....................... .................................................. 9

CAPITULO II:FUNDAMENTOS TEÓRICOS .................. .......................................... 19

2.1 Letramento: que palavra é essa? ............................................................. 19

2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores? ..................................... 26

2.3 Falando um pouco sobre a educação básica ........................................... 31

CAPÍTULO III: METODOLOGIA ......................... ...................................................... 38

3.1 Instrumentos da Pesquisa ........................................................................ 40

3.1.1 Entrevista ............................................................................................... 40

3.2 Lócus da pesquisa .................................................................................... 41

3.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................. 41

CAPÍTULO IV: ANALISANDO E INTERPRETANDO OS RESULTAD OS ............... 43

4.1 Perfil dos sujeitos ........................... ........................................................ 43

4.2 Análises das Entrevistas ...................... .................................................. 45

4.2.1 A compreensão que os docentes tem sobre Alfabetização e Letramento ........................................................................................... 46

4.2.2 A quem cabe a tarefa de alfabetizar: ........................................... 48

4.2.3 Alunos que chegam nas séries finais do Ensino Fundamental sem dominar a Leitura e a Escrita: .............................................................. 50

4.2.4 Práticas metodológicas dos professores que contribuem para o letramento ............................................................................................ 57

4.2.5 Como a escola tem contribuído para o letramento dos alunos ... 62

4.2.6 Algumas considerações dos nossos entrevistados sobre as práticas metodológicas, seus objetivos e a importância do letramento para a formação dos nossos alunos..................................................... 68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78

APÊNDICES...............................................................................................................81

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INTRODUÇÃO

A reflexão sobre o emprego do letramento vem ganhando espaço e vem

sendo de fundamental importância, para uma aprendizagem significativa, merecendo

um olhar mais acentuado para práticas de ensino que levem o aluno a se inserir em

práticas de leitura e escrita de forma competente e autônoma, o que simplesmente

ler e escrever não possibilitam. Ensinar a ler e a escrever dentro desse contexto de

Letramento ainda constitui um desafio, uma vez que ainda se traz marcas de um

ensino voltado para práticas mecânicas que em nada ajudavam o aluno a ser

produtor do seu próprio conhecimento, não sendo capaz de interpretar o que lê, mas

ao contrário serviu muito para que ele apenas reproduzisse o que aprendeu.

Neste sentido, a inquietação e o interesse por desenvolver este trabalho

surgiu no período de observação do estágio nas séries iniciais do ensino

fundamental no 7º semestre onde foi possível perceber a inexistência de práticas

pedagógicas voltada para o trabalho na perspectiva do letramento, das crianças e a

partir daí outra inquietação, saber como se dá o trabalho com o letramento nas

séries finais do ensino fundamental.

Dentro deste enfoque, é que este trabalho se direciona, a partir da

problemática que é saber qual a compreensão que os professores da escola

municipal Antônio Bastos de Miranda em Missão do Sahy comunidade situada a 8

quilômetros de Senhor do Bonfim, tem sobre ensinar letrando e suas intervenções

pedagógicas para a viabilização desta proposta.

Diante disso, pretendemos descobrir como se dá esse processo, e poder

contribuir para que práticas de aprendizagem significativa venha ocorrer mais no

ensino e aprendizagem.

Autores a exemplo de Soares (2006), Kleiman (2005), Freire( 2006) são

alguns entre outros que se destacam para ratificar e respaldar o nosso estudo no

que se refere a letramento.Sobre formação de leitores buscaremos subsidio em

Delia Lenner (2002), Arroyo (2011), Cagliari (1998), outros... e para falar sobre o

ensino Fundamental buscaremos nos respaldar primordialmente nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) outros.

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Este trabalho está constituído com quatro capítulos, sendo que no primeiro

temos a explanação mais ampla do que vem a ser letramento, buscando responder

através das etapas que serão percorridas, o problema em questão. No segundo

capitulo trazemos para discussões alguns teóricos que fundamentam o nosso

estudo. No terceiro capitulo trazemos os caminhos percorridos a metodologia, e os

nossos instrumentos de coleta de dados.No quarto, apresentamos a interpretação

dos resultados da nossa pesquisa, e por fim algumas considerações.

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CAPITULO I

1 PROBLEMATIZAÇÃO

Falar sobre o contexto educacional fazendo abordagens sobre o processo de

ensino aprendizagem atrelado à pratica educativa, não é tarefa fácil,ao mesmo

tempo que parece ser redundante diante da explanação sobre o assunto por vários

autores que tem bastante competência para discutir determinados temas.

No entanto, faz-se necessário cada vez mais estudos significativos, que

contribuam através de práticas educativas concretas, aprendizagens significativas

de forma que possibilitem a inserção do sujeito na sociedade, de maneira

competente, critica e autônoma.

A importância da leitura e da escrita na escola, é um fator importante que

move todo o sistema educacional a fim de possibilitar o aluno a adquirir essas

habilidades de forma que ele seja capaz de exercer essas funções de maneira

eficiente nas mais variadas situações em que se faz exigência.

Embora seja um dos principais objetivos da escola, levar o aluno ler e

escrever com eficácia, ainda percebemos que muito precisa ser feito em relação à

aquisição dessas habilidades por parte do aluno e conseqüentemente por parte da

escola e de todos os envolvidos no sistema de ensino, pois não é satisfatório ainda,

o nível de leitura que apresentam os nossos alunos, demonstrando dificuldades de

se inserir em práticas sociais de leitura e escrita, na sociedade em que vive,ou seja,

sem um nível de letramento.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 2001 apontam que:

Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas series iniciais,inaceitáveis mesmo em países muito pobres, estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. Essa dificuldade expressa-se com clareza nos dois gargalos em que se concentra a maior parte da repetência:no fim da primeira serie(ou mesmo das duas primeiras) e na quinta serie.No primeiro, por dificuldade em alfabetizar;no segundo, por não conseguir garantir o uso eficaz da linguagem, condição para que os alunos possam continuar a progredir até, pelo menos, o fim da oitava série (p.19).

Assim analisando a partir desse pressuposto, fica claro percebermos a

amplitude do processo de ensino e aprendizagem, voltados para a pratica educativa,

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e que as deficiências encontradas no nível de aprendizagem dos alunos, são

atribuídas a varias instancias, tanto de ordem educacional, quanto social.

Sobre isso Zabala (1998) diz que:

Nosso argumento consiste em uma atuação profissional baseado no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva. Sabemos muito pouco sem dúvida, sobre o processo de ensino e aprendizagem, das variáveis que intervém e de como se inter-relacionam nas situações de ensino: tipo de atividade metodológica, aspectos materiais da situação estilo do professor, relações sociais, conteúdos culturais, etc (p.15-16).

São muitos os fatores envolvidos, e que contribuem para a ineficiência da

aprendizagem significativa, muitos desses fatores estão relacionados diretamente à

pratica educativa

Libâneo (2009) Acentua que:

É importante para o professor, tomar consciência do que faz, ou pensa, a respeito da sua pratica pedagógica. Ter uma visão critica das atividades e procedimentos na sala de aula, e dos valores culturais de sua função docente, adotar uma postura de pesquisar e não apenas de transmissor ter um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características e desenvolvimento de seus alunos (p.33).

Sabemos o quanto é importante para o professor(a), no que se refere à sua

formação, conhecimentos básicos e indispensáveis que possibilitem um ensino de

qualidade através de suas práticas educativas e suas intervenções metodológicas, a

partir de dificuldades evidenciadas na aprendizagem do aluno, para que este possa

aplicar na sociedade em que está inserido, conhecimentos eficazes e úteis

aprendidos na escola.

Embora a utilidade do que se aprende seja pouco aplicada no contexto social,

devido a alguns fatores ainda deficientes no processo de ensino, é possível sempre

que depender do professor, refletir sobre suas práticas, para resultados mais

satisfatórios.

Mais uma vez Zabala (1998) intervém:

(...) o conhecimento que temos hoje em dia é suficiente, ao menos para determinar que existem atuações, formas de intervenção, relações professor-aluno, materiais curriculares, investimentos de avaliação, etc. que não são apropriados para o que pretendem. Existem atividades de ensino que contribuem para a aprendizagem, mas também existem atividades que não contribuem da mesma forma, e que é outro dado a ser levado em conta. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda a prática educacional (p.16-17).

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Diante desse contexto onde percebemos a deficiência especialmente em

leitura e escrita, precisam de um reforço e atuação maior, no sentido de viabilizar,

com eficiência a pratica da leitura e da escrita para que o aluno possa utilizar de

maneira competente essas habilidades em seu contexto social.

Os parâmetros curriculares nacionais PCNs (2001), vem subsidiar:

Desde o inicio da década de 80, o ensino de língua portuguesa na escola, tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de educação no país. No Ensino Fundamental o eixo da discussão, no qual se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita. Essas evidencias de fracasso escolar apontam a necessidade da reestruturação do ensino de língua portuguesa, com o objetivo de encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura e da escrita (p. 15).

Analisando através dessa vertente, e de que a função social da escola, é

primordialmente o ensino da capacidade de ler e escrever, e que estas capacidades

devem ser adquiridas desde as series iniciais do Ensino Fundamental, requer uma

ênfase mais especial no ensino de língua portuguesa, mas isso não implica que é

tão somente função do professor de língua portuguesa.

Castanheira (2009) acentua que:

As ações de ensinar a ler e de ensinar a escrever, não se esgotam nas séries iniciais. Essas ações não são tarefa exclusiva do alfabetizador mas trabalho conjunto de toda a escola, de todos os profissionais que atuam com os alunos ao longo de sua vida escolar. Os professores de artes, geografia, história, Ed. Física, de matemática, todos enfim, devem ter compromisso com o desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita dos alunos (p.83).

Dentre essas competências de ler e escrever como uma função de cada

professor, nos remetemos especificamente para o uso da leitura e da escrita nos

contextos sociais, não de maneira mecânica, mas no sentido do letramento, que

conforme (KLEIMAN 1995) é a apropriação da leitura e da escrita nos contextos

sociais, e não a decodificação de palavras.

É tarefa conjunta e continua de todo professor esteja ele atuando em qualquer

disciplina ou segmento adotar a responsabilidade de levar o aluno a ler e escrever e

que essa leitura e escrita faça sentido que tenha importância na vida do aluno, e não

seja mecânica e desvinculada das práticas onde será necessário fazer uso, pois é

desnecessário e não faz sentido ensinar o aluno ler sem que este compreenda ou

faça uso da finalidade que tem determinadas leituras.

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Ainda segundo Kleiman (1995):

Letramento é um conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico, e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos. A leitura e a escrita fazem parte de atividades sociais, tais como ler um jornal ou pagar contas. Dai a importância de se encarar a leitura e a escrita não só como atividades com um fim em si mesmas, mas como atividades que servem a um propósito. Analisar esse propósito deve ser parte de um modelo mais eficaz de letramento (p. 24).

Sendo assim o domínio da leitura e da escrita é condição elementar para a

inserção e participação do sujeito na sociedade dessa habilidade a ser adquirida

desde as series iniciais, e aperfeiçoando nas séries posteriores.

Ainda conforme os PCNs (2001):

Cabe à escola, promover a sua ampliação de forma que, progressivamente durante os 8 anos do Ensino Fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações (p. 23).

Fica claro, portanto, a responsabilidade atribuída à escola, como

fundamentais para a aquisição desse processo de letramento, onde é possível que o

professor esteja sempre aperfeiçoando a sua prática de ensino, mediante as devidas

intervenções, para que aconteça a viabilização desse processo, para isso é

importante conhecer, pois, não é possível intervenção, sem compreensão do objeto

sobre que se pretende atuar ou se está atuando (FREIRE 2009).

A realidade da educação hoje bem como dos níveis de ensino e

aprendizagem por serem amplos e abrangentes, requerem uma atenção especial,

quanto ao seu desenvolvimento, no sentido de compreender, de que maneira estão

sendo trabalhados, para que possibilitem uma aprendizagem significativa, o que

remete a uma série de fatores envolvidos, entre eles, as práticas pedagógicas

trabalhadas, que devem ser e estar em constante aperfeiçoamento e reflexão, por

parte do professor, pois é ele em primeira instancia, que possibilita através de suas

práticas em sala de aula, momentos que visam, a aprendizagem de elementos

importantes para que o aluno aprenda e use em sua vida cotidiana o que aprendeu.

Mais uma vez os PCNs (2001) enfatizam:

Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modalizador, servindo como fonte de referencia, repertório textual e suporte de atividades. A diversidade textual, que existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno, o

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conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a intervenção pedagógica e não a emissão, pois permite ao professor ajustar a informação oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo (p. 34 e 35).

Analisando a luz dessa afirmação, fica claro perceber, que é de extrema

relevância o ensino e práticas pautadas no objetivo de levar o aluno a utilizar o que

foi aprendido, de maneira satisfatória e eficiente, pois deve ser esse o papel

primordial da escola.

Pedro Demo (2005) enfatiza:

Mais do que nunca, deve ficar claro que o conhecimento reconstruído é a base da intervenção, não só na cabeça, mas igualmente na vida concreta.Assim é decisivo saber mostrar por que matemática é necessário para a cidadania das pessoas, ou por que falar bem a língua materna faz parte do cidadão participativo, ou por que alfabetizar-se é questão chave do combate à pobreza política da população (p. 46).

É fundamental que o professor tenha clareza e conhecimento do que se

ensina como se ensina e para que se ensina, a escola é um cenário de

conhecimento e descobertas do que vem a ser importante na vida do aluno para

que use lá fora no meio social em que vive e não um transmitir de conteúdos sem

importância as vezes, sem intervenção para se tornar claro por que serve e como

iremos utilizar.

Ainda Demo (2005)

Neste sentido a feitura de material didático próprio não deságua no aperfeiçoamento da aula, ainda que isto possa ocorrer, porque o mais natural será sua revisão radical. Em vez da exposição copiada, por ser inútil e imbecilizante, torna se necessário o trabalho conjunto, dinâmico, critico e criativo. E é preciso pois recolocar as questões tendo como parâmetro a competência que é mister forjar na escola. Se queremos um cidadão competente, formal e politicamente, a aula meramente expositiva, apenas atrapalha, e faz da escola acentuadamente uma perda de tempo. Será mister preferir didáticas reconstrutivas, que sejam mais aptas a estabelecer o relacionamento fecundo de sujeitos. (p. 46).

No entanto a realidade do cenário educacional brasileiro, quanto a um nível

de aprendizagem significativa, requer um trabalho voltado para a concretização de

práticas voltadas neste sentido, que permita ao aluno a sua atuação de maneira

significativa em seu contexto social, através dos conhecimentos adquiridos na

escola. Vigotsky (2004) ressalta que:

Para a educação atual não é importante ensinar certo volume de conhecimento, quanto educar a habilidade para adquirir esses

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conhecimentos, e utilizá-los. Isso se obtêm apenas no processo de trabalho (48).

As deficiências encontradas e percebidas na aprendizagem e na atuação do

aluno em contextos sociais,são percebidas de maneira clara, especialmente quanto

a habilidade de leitura e escrita, pois é possível perceber desde as séries iniciais,

que os alunos apresentam inúmeras dificuldades quanto a compreensão e

interpretação do que se lê, apenas decodificando, na maioria das vezes, o que não

torna um aluno letrado e atuante.

É bastante expressiva a fala de Paulo Freire (2006) quando diz:

Ensinar não é encher a cabeça dos educandos de conteúdos, isso é a concepção mágica do poder dos conteúdos, como se bastasse você ensinar matemática, geografia, isso e aquilo aos meninos populares e no dia seguinte, ganhassem a independência.A questão para mim é saber o que é ensinar e como ensinar.uma pedagogia como essa está preocupada em como é que o sujeito que conhece se aproxima do objeto a ser conhecido para dissecá-lo.o exercício de tornar-se capaz de ler e escrever exige, de quem realmente aprende, uma postura de sujeito que cria o próprio aprendizado.Aprender é uma expressão de quem cria e não de quem é teleguiado ( p.64).

Sendo assim, quando o professor tem claro o que quer que os seus alunos

aprendam e para que aprender, será possível proporcionar uma aprendizagem

significativa que vai além de fazer apenas leituras mecânicas. Pois, conforme

acentua (FREIRE, 2006) É preciso ter a sensibilidade a capacidade de ler o mundo,

e não de ler os textos.

Os PCNs (2001) vem acentuar:

É preciso superar algumas concepções sobre a aprendizagem inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta dessa concepção equivocada, a escola vem produzindo grandes quantidades de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler (p. 55).

O que se percebe é que as dificuldades que acontecem desde as séries

iniciais, causam conseqüências bastante complicadas, quando não sanadas em

tempo hábil e devido, gerando falhas e deficiências nos anos de escolaridade

posterior. É preciso pois uma reflexão do ponto de vista estrutural do currículo

escolar de modo que o alcance das habilidades de leitura e escrita na perspectiva do

letramento, aconteçam em todos os segmentos escolares, de forma continua e

competente.

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Magda Soares (2006) diz:

A conclusão de determinada serie escolar tem pouca validade como critério para avaliação do letramento, porque ainda não é oferecido o ensino fundamental para todos, e a organização e controles escolares são, em geral, tão precários que uma grande parte das crianças que conseguem ter acesso à escola ou a abandonam, depois de completar dois ou três anos de escolarização fundamental, ou repetem a mesma serie diversas vezes (em geral a primeira serie) justamente por causa do índice de reprovações e das repetências decorrentes delas, a conclusão da 4ª serie, por exemplo (em geral selecionada como linha divisória entre analfabetismo e letramento) representa com freqüência, na verdade, seis, oito, ou dez anos de escolarização (p. 98-99).

Fica claro uma compreensão, a partir da fala abordada pela autora, como se

constata através da realidade em que se encontra o ensino e a aprendizagem, que

há vários fatores envolvidos, que ao final precisam ser reformulados e

reorganizados para que se alcancem seja em qualquer tempo de escolaridade,

aluno aptos a utilizarem os conhecimentos adquiridos na escola de maneira

efetivamente letrada em sua vida social , profissional e em outras esferas. É preciso

possibilitar as necessárias intervenções para sanar problemas em tempo hábil e

preciso, não permitindo que uma ineficiência que aconteceu na série anterior se

perdure na série posterior. É necessário consciência,intervenção e ação

simultaneamente por parte do professor.

Carvalho (2010), diz que:

Não há uma causa única para se explicar a situação a que chegamos, mais de 90% das crianças brasileiras têm acesso á escola fundamental, mas boa parte delas não consegue aprender a ler, ou leva muitos anos para alcançar um nível rudimentar l de leitura e escrita. Os resultados nacionais em prova de leitura e escrita, para alunos de 15 anos são lastimáveis (p. 75).

De todas as deficiências existentes neste processo, resulta o que está

denominado de analfabetismo funcional.

Soares (1995), explica:

Só recentemente esse termo se tem mostrado necessário, porque só recentemente começamos a enfrentar uma realidade social em que não basta simplesmente “saber ler e escrever”, dos indivíduos já se requer não apenas que dominem a tecnologia do ler e do escrever, mas também que saibam fazer uso dela, incorporando-a a seu viver, transformando-se assim em “estado”! ou “condição”, como conseqüência do domínio dessa tecnologia (p. 7).

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O papel da escola e especialmente do professor, quanto as suas práticas

educativas é preponderante para diminuirmos a quantidade de pessoas que não

fazem uso da leitura e da escrita, e aumentarmos a qualidade desse processo.

A reflexão por parte do professor quanto às suas práticas metodológicas

como intervenção, no processo de aprendizagem é de uma relevância singular.

Soares (2003), ainda enfatiza:

Há necessidade de rever e reformular a formação do professor das séries iniciais do Ensino Fundamental de modo a torná-los capazes de enfrentar o grave reiterado fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras. Se as práticas pedagógicas pudessem transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas, talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil (p. 9).

É portanto condição primordial e indispensável o conhecimento e aplicação

de práticas voltadas para o favorecimento de alunos competentes na leitura, e que e

que se utilize dela nas mais diversas situações.

Cabe ao professor em seu segmento ou área de ensino, contribuir, uma vez

que é papel fundamental do professor das séries iniciais, fazer com competência

que isso venha a se concretizar, cabe aos professores das séries seguintes dar

continuidade a esse processo tão relevante e indispensável.

A prática conjunta neste processo será essencial, uma vez que possibilitará

ao aluno, inserir-se de modo letrado e competente fazendo uso do que aprendeu.

Kleiman (1995) vem subsidiar:

O conjunto de práticas desenvolvidas nas escolas para aprender os usos da língua escrita, é o que vem a ser letramento escolar. Envolve não só o ensino de português mas também a leitura e a escrita praticadas nas demais disciplinas, os textos que circulam e o modo pelo qual os processos dirigem, orientam e avaliam a leitura e escrita dos alunos.No processo de letramento escolar, alunos lidam com diversos tipos de textos; livros (didáticos, literários, dicionários, atlas, enciclopédias etc), exercícios, provas, cartazes, avisos, murais, boletins, cartas, folhetos, circulares, agendas e outros. Quanto mais intensivo forem o contato, a apropriação e a utilização destes diferentes tipos de escrita, mais efetivo será o letramento escolar (p. 20).

É com o comprometimento, envolvimento, conhecimento e reflexão do

professor em suas práticas, que se pode avançar no sentido de não permitir

propagar o quadro de analfabetismo funcional de modo que se trabalhe na

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perspectiva de fazer com que o aluno aprenda a fazer uso da leitura e da escrita de

maneira competente desde as series iniciais, em todo o tempo das séries finais e se

prolongando por toda a educação básica, para que suas conseqüências

degradantes não cheguem até mesmo ao ensino superior.

Muitas discussões (e pontos de vista) atribuem a responsabilidade muito

grande somente ao professor das séries inicias por ser a base de toda formação

elementar e fundamental da aquisição da leitura e escrita, no entanto,esta

responsabilidade não pode ser somente de determinado professor nem de

determinado tempo escolar (séries iniciais, finais, ensino médio e superior) mas em

conjunto e objetivos únicos e articulados em todas as esferas para que se consolide

a atuação de alunos letrados.

É considerável que precisamos ter um olhar mais atento e ações mais

eficazes, quando percebemos que ainda existe muitas falhas e até possíveis

negligências quanto a propostas ou práticas que venham consolidar ou promover um

quadro mais insinuante e progressivo de alunos letrados, ou seja, que não se

limitem somente a ler sem fazer uso do que esta escrito ou até mesmo não

compreender de fato, mas que sirva para a sua atuação, inserção e mobilização na

sociedade em que vive.

Destacamos que foi diante de uma experiência enquanto professor atuante e

enquanto aluno do curso de pedagogia em tempo de estágio, por percebermos a

inexistência de práticas que torne o aluno letrado e que muitas das práticas

aplicadas estão mais propensas a se propagar o quadro de analfabetismo funcional

do que de alunos plenamente letrados, o que evidenciava a quantidade de alunos

que liam e escreviam e não tinham compreensão desses atos, é que interessou e

surgiu a minha problemática que é saber: Quais práticas dos professores de

séries finais do ensino fundamental da escola Antôn io Bastos, contribuem

para a formação de sujeitos letrados?

Os principais objetivos deste estudo são:

• Identificar as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores da

referida escola que contribuem para a formação de alunos letrados.

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• Analisar se as referidas práticas realmente se efetivam e são válidas

para a promoção de aluno letrados.

• Refletir sobre a importância e o papel do professor na articulação e

intervenções para uma aprendizagem significativa, eficiente para a

propagação do letramento no âmbito escolar.

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CAPÍTULO II

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Fazendo uma abordagem melhor explanada do tema em estudo e questão

sobre as práticas pedagógicas que favorecem o ensino e a aprendizagem de alunos

letrados, como o objetivo de identificar como os professores das séries finais do

ensino fundamental trabalham no sentido de possibilitar ao aluno a aquisição do

letramento no contexto escolar de maneira que se possa usar também fora desse

contexto, é que se faz necessário uma reflexão baseada em alguns elementos

teóricos que fundamentam e sustentam a construção e elaboração deste trabalho.

Neste sentido vale ressaltar que a contextualização no cenário teórico que

respaldam o tema em estudo, nos faz pensar e refletir a nossa prática de forma a

ampliarmos condições de favorecer aos nossos alunos, uma aprendizagem

significativa, que seja útil e eficaz em todas as esferas da sua vida, não se

restringindo somente ao âmbito escolar.

2.1 Letramento: que palavra é essa?

As mudanças que vem ocorrendo no sistema de ensino ao longo do tempo,

especificamente em se tratando das práticas pedagógicas de ensino e

aprendizagem, merecem atenção e um olhar novo onde possamos perceber ou

compreender o que induz ou o que está por trás de tantas mudanças no sistema de

ensino, suas nomenclaturas, novas teorias e novas práticas.

Durante muito tempo na história da educação do país, buscou-se elaborar

planos e lutar por campanhas ou programas de erradicação do analfabetismo, no

entanto muito dessas lutas, voltadas para a quantidade de pessoas a serem

alfabetizadas e não a qualidade, tiveram muitos insucessos, o que perdura até hoje

com o advento ou a nova nomenclatura do analfabetismo funcional (CARVALHO,

2010).

Apesar do termo letramento já está um pouco saturado e até redundante no

sentido de trabalhos e pesquisas, na prática merece mais destaque e concretização

Page 20: Monografia Fátima Pedagogia 2012

20

no sentido de incorporar às nossas práticas pedagógicas este método tão

significativo, e rico em aprendizagem.

O letramento apareceu a primeira vez no cenário educacional com a

contribuição de Mary Kato em 1986 em sua obra escrita:Uma perspectiva

psicolingüística.E dois anos depois passa a representar no discurso da educação ao

ser definido por Leda Verdiani Tfouni em: Adultos não alfabetizados o avesso dos

avessos.

Magda Soares (2006) explica com muita precisão sobre o surgimento desse

termo aqui n Brasil:

É curioso que tenha ocorrido em um mesmo momento histórico, em sociedades tão distanciadas geograficamente quanto socioeconomicamente e culturalmente, a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançados e complexas que as práticas de ler e do escrever resultante da aprendizagem do sistema de escrita.Assim é em meados dos anos de 1980, que se dá simultaneamente a invenção do Letramento no Brasil, literacy do inglês, Iletrisme, na França, da Iletracia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daqueles denominados Alfabetizaçao, alphabetisation.Letramento é uma terminologia não dicionarizada que, nos meios acadêmicos, vem sendo utilizado com diferentes sentidos (p. 5).

O fato desse termo surgir destaca a importância que tem o ato da leitura e da

escrita de maneira relevante para uma necessária participação efetiva e competente

nas práticas sociais e profissionais que envolva a língua escrita, pois tanto a

aquisição quanto a desapropriação destas habilidades favorece a sociedade como

um todo ou impedem o seu êxito.

Toufoni (2006) diz que: “A ausência tanto quanto a presença da escrita em

uma sociedade são fatores importantes, que atuam ao mesmo tempo como causa e

conseqüência de transformações sociais, culturais e psicológicas às vezes

radicais.”(p.54).

Cada vez mais esse termo veio ganhando espaços e inserido de maneira

mais destacada com as autoras Ângela Kleiman e Magda Soares que ao discutirem

sobre a origem do letramento, afirmam que o termo começou a ser utilizado no Brasil

por especialistas das áreas de educação e das ciências lingüísticas.

Magda soeres (2003) diz:

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21

A invenção do letramento por nós se deu de maneira diferente (caminhos) daqueles que explicam a invenção do termo em outros países Como França e Estados Unidos (neste a discussão de letramento) fez e se faz de forma Independente em relação à discussão da alfabetização. No Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos que prevalecia do conceito de letramento (p.8).

Vale sempre ressaltar sobre a origem, significado e importância do que vem a

ser Letramento e que se torne claro para todos os envolvidos no processo de ensino

e aprendizagem, que sua aplicação e viabilização no sentido de propor benefícios

eficazes para que o aluno se aproprie dessa habilidade da aquisição de Leitura e

Escrita de maneira interativa na sociedade em que está inserido e em outros

contextos.

Magda Soares (2006) sublinha:

Literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprendeu a ler e escrever.implicita neste contexto está a idéia de que a escrita traz conseqüências sociais, culturais,políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, quer para o individuo que aprenda a usá-lo.Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um individuo como conseqüência de ter se apropriado da escrita (p.17-18).

O que se constata é que apesar do termo ser descoberto ou trabalhado a

mais de 20 anos, não se percebe muito de maneira expressiva um índice que

demonstre um número de pessoas letradas hoje, para muitos é como se estivessem

trabalhando pela primeira vez, uma vez que pesquisas apontam para o índice de

analfabetismo e de analfabetos funcionais, caracterizado por pessoas que lêem e

escrevem, mas não se apropriam da leitura e da escrita em contextos sociais.

Ângela Kleiman (1995) explica:

Pessoas letradas são aquelas que fazem uso da sua palavra em suas múltiplas formas de linguagem(corporal,escrita,falada,ou visual) para a comunicação de seus pensamentos.Novas exigências de leitura e escrita estão sendo apresentadas ao brasileiro a cada novo ano. E com isso damos as boas vindas ao termo letramento em substituição ao tão surrado alfabetismo. Com essa visão compreendemos o processo de Letramento como sendo a leitura do mundo diário, do mudo interior e exterior de cada ser humano, o fato de não encontrarmos o vocábulo Letramento no Brasil até meados da década de 80, reflete a importância dada em nossa cultura ao papel de leitura e escrita na vida dos brasileiros e sua variação em diferentes contextos culturais (p. 18).

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Analisando todo esse contexto da inserção do termo Letramento no cenário

da educação brasileira, é importante percebermos e isso se evidencia nas

deficiências de ensino e aprendizagem, que muito precisa ser feito para que

viabilização desta proposta seja de fato inserida no sistema educacional de maneira

progressista e significativa que propicie ao sujeito fazer uso da leitura e da escrita no

contexto social em que se encontra, e que como já dizia o mestre a leitura da

palavra seja precedida da leitura de mundo (FREIRE, 1992).

É necessário criar mecanismos para mudar o cenário educacional presente

ainda com metodologias totalmente tradicionais, não que se despreze totalmente, e

que não seja em muitos aspectos dotada de significados, mas que abra espaço

para o novo quando é positivo, que não use a leitura e a escrita apenas como

decodificação ou conteúdos que não fazem sentido, mas que estimule, para que o

aluno possa usar o que aprendeu em funções e situações sociais em toda a sua

vida.

Soares (2003) pontua com muita precisão:

Afinal o que é letramento, letrar é muito mais do que alfabetizar é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham um sentido e faça parte da vida do aluno. O letramento tem como objeto de reflexão de ensino ou de aprendizagem, os aspectos sociais da língua escrita. Assim como objetivo o letramento no contexto do ciclo escolar, implica adotar na alfabetização uma concepção social da escrita, em contraste com uma concepção tradicional que considera a aprendizagem da leitura e produção textual como a aprendizagem de habilidades individuais.Letramento é um termo novo que surgiu nos últimos anos e que supera a alfabetização, acontece antes e durante a alfabetização e continua para todo o sempre. O aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura escrita (p.23).

Assim como se faz necessário ao aluno saber fazer uso das habilidades de

leitura e escrita antes de mais nada cabe ao professor e a todo o sistema de ensino

viabilizar através das práticas metodológicas não somente no contexto diário da sala

de aula, mas em várias situações em que se faça exigência. Uma vez que

compreendermos a relevância de se aprender nessa perspectiva de não só

decodificar letras, mas essencialmente compreender o sentido real de uma palavra,

frase ou texto entenderemos que ser Alfabetizado e Letrado é muito diferente de ser

apenas alfabetizado e não fazer uso da leitura e da escrita em contextos sociais, e

que mesmo não sendo alfabetizado mas ser Letrado este último ainda é imperioso.

É ainda Magda Soares (2006) quem enfatiza:

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23

A pessoa que aprende a ler e escrever- que se torna alfabetizada e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita-que se torna letrada- é diferente de uma pessoa que não sabe ler e escrever- é analfabeta- ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita- é alfabetizada mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita (p. 36).

É importante destacarmos com muita relevância,o sentido e o papel do

letramento em todos os espaços e segmentos escolares, pois este processo não se

da somente no ciclo da alfabetização nas séries iniciais, mas se propaga por vários

segmentos de ensino condicionando tornar pessoas letradas desde cedo, da

educação de base,no entanto, é constante a associação de Letramento e

Alfabetização embora os dois termos não se dissocie, há um período natural e hábil

para que o individuo possa se alfabetizar,mas a aprendizagem no processo de

letramento acontece a vida toda.

E sendo assim direcionamos para outra vertente que na verdade confirma o

quanto é amplo o sentido da prática do letramento e que com conhecimento desta

proposta fica mais viável e possível aplicarmos às nossas práticas pedagógicas

onde se priorize acima de tudo o que é significativo para o aluno dentro de seu

contexto.

Kleiman (2005) pontua:

O professor precisa ter autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que pode e deve fazer parte do cotidiano da escola, porque é legítimo e irremediavelmente necessário, por outro lado, saber a exclusão daqueles conteúdos desnecessários e irrelevantes para a inserção do aluno nas praticas letradas, que parece-nos persistir por inércia e tradição.Finalmente é importante também que haja uma negociação daquilo que pode não interessar momentaneamente o aluno mas precisa ser ensinado pela sua real relevância em nossa cultura e sociedade (p.19).

Faz-se necessário que a reflexão e a tomada de decisões por parte dos

envolvidos no processo de ensino seja propicio a favorecer uma aprendizagem que

faça sentido para a vida do aluno ao longo de sua vida, que o ato de ensinar não

seja feito de maneira mecânica e com fim somente para trabalhar conteúdos pré-

estabelecidos, mas que sejam sempre modificados e aperfeiçoados para

proporcionar aprendizagens que sejam úteis em todas as esferas da vida do

aprendiz.

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Scribner (1984) apud kleiman (2005) reforça a importância do letramento

funcional ou de sobrevivência, ao escrever:

A habilidade de letramento em nossa vida diária é óbvia, no emprego, passeando pela cidade, fazendo compras, todos encontramos situações que requerem o uso da leitura ou a produção de símbolos escritos. Não é necessário apresentar justificativas para insistir que as escolas são obrigadas a desenvolver nas crianças, as habilidades de letramento que as tornarão aptas à responder a estas demandas sociais cotidianas.E os programas de Educação Básica tem também a obrigação de desenvolver nos adultos habilidades que devem ter para manter seus empregos ou obter outros melhores, receber treinamentos, e os benefícios que tem direito e assumir suas responsabilidades cívicas e políticas (p.73).

Considerando o papel do professor como de fundamental importância uma

vez que é ele quem está em contato direto com o sujeito é de extrema

responsabilidade e compromisso consolidar esta proposta pois o ato de ensinar

requer uma metodologia e uma prática que está sempre atrelada a uma teoria.

Sobre isso Soares (2003) refere-se:

De certa forma o fato de que o problema da aprendizagem da leitura e de escrita tenha sido considerado no quadro dos paradigmas conceituais, “TRADICIONAIS”, como um problema sobretudo metodológico, contaminou o método de alfabetização atribuindo-lhe uma concepção negativa: é que quando se fala em metodologia da alfabetização por exemplo identifica-se metodologia imediatamente métodos com os tipos tradicionais de métodos- sintéticos e analíticos(fônico, silábico, global, etc.) como se esses tipos esgotassem todas as alternativas metodológicas.Para a aprendizagem da leitura e da escrita talvez se possa dizer que para a prática da alfabetização tenha-se anteriormente um método e nenhuma teoria:Com as mudanças de concepção sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, passa se ter uma teoria e nenhum método (p. 110).

Podemos perceber que com as mudanças nos sistemas de ensino, e com a

chegada de novas palavras no cenário educacional, ainda perdura dúvidas, e gera

ainda muitos conflitos causando as vezes desentendimento quanto a elucidação de

determinadas propostas, teorias, práticas e metodologias a serem aplicadas ou

desenvolvidas.É preciso uma compreensão a cerca de muitas nomenclaturas novas

em educação e que antes de serem desenvolvidas sejam entendidas e esclarecidas

para que não gere transtornos e objetivos contrários ao que se propõem quando se

decide adotar ou trabalhar na perspectiva de determinadas propostas inclusive do

letramento.

Como enfatiza Soares (2006) “Letramento é uma palavra ainda desconhecida

ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela maioria das

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25

pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco tempo”

(p.19).

Fica claro que as devidas e necessárias intervenções no que concerne às

práticas de Letramento para possibilitar ao aluno fazer uso da leitura e escrita em

contextos sociais é tarefa fundamental do professor que está atuando e em contato

direto com os sujeitos de ensino, mas também como ratifica (SOARES, 2006) a

verdadeira natureza do letramento são as formas que as práticas de leitura e escrita

concretamente assumem em determinados contextos sociais, e isso depende

fundamentalmente das instituições sociais que propõem e exigem essas práticas.

Letramento é um conjunto de práticas de leitura e escrita que resultam de uma

concepção de o que, como, quando e por quê ler e escrever.

Freire (2006) vem mediar:

Não é possível intervenção sem compreensão do objeto que se pretende atuar ou se está atuando. A leitura do mundo sob permanente processo de intervenção, leitura expressa na língua falada, cedo ou tarde exigira sua complementação pela escrita lida. Por isso é que não há leitura do texto sem leitura de mundo leitura de contexto.É esta uma das violências que o analfabetismo realiza- a de castrar o corpo consciente falante do homem e mulher, proibindo-os de ler e escrever, com o que se limitam, na capacidade de, levar o mundo, escrever sobre sua leitura dele e, ao fazê-lo repensar a própria leitura (p 53).

Portanto as práticas devem ser repensadas a cada momento em que se

perceber que não se está intervindo de maneira eficiente e satisfatória para a

aquisição desse fenômeno, pois é preocupante que alunos passem tanto tempo na

escola aprendendo a ler e a escrever, e não façam uso dessas habilidades, letrar e

não apenas alfabetizar deve ser condição primordial para o acesso, interação e

participação no meio social, o que a alfabetização por se só não permite. É

imprescindível que elevemos o nível de letramento dos alunos para que obtenham

êxito ao longo das experiências de sua vida e não enfrente dificuldades naturais a

quem ainda não alcançou, como sublinha (SOARES 2006) sabem ler e escrever,

mas enfrentam dificuldades para escrever um oficio, preencher um formulário,

registrar a candidatura a um emprego, os níveis de letramento é que são baixos.

Page 26: Monografia Fátima Pedagogia 2012

26

2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores?

Partindo do pressuposto de que a atividade e o objetivo elementar da escola,

é ensinar o aluno a ler e escrever, nos remetemos a compreender estas habilidades,

no sentido do letramento.

A finalidade principal da escola é, e deve ser ensinar ou levar o aluno a ler e

escrever e que estas competências aconteçam de maneira eficaz e satisfatória, para

que ele use com competência o que aprendeu. É dotada de toda uma importância

todas as disciplinas que se destinam a trabalhar com os alunos, entretanto, ler e

escrever, contar e calcular merece um acentuado destaque e enfatizamos as

habilidades de leitura,ou como se dá esse processo no sistema de ensino.

Diante da realidade, em que se percebe algumas deficiências e ausências,

quanto a competência de leitores, faz-se necessário compreendermos como se

conceitua o ato de ler.

A realidade aí exposta, quanto a qualidade e competência de leitura em

nossas escolas, requer um olhar diferenciado, e que dimensione e almeje a

formação de leitores com habilidades diversas, se apoderando dessas habilidades

tão benéficas para que sejam uteis no seu cotidiano.

Lenner (2002) enfatiza que:

O necessário é fazer da escola, uma comunidade de leitores que recorram aos textos buscando respostas para os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar informação para compreender melhor alguns aspectos do mundo que é objeto de suas preocupações, buscando argumentar para defender uma posição para a qual estão comprometidos ou para rebater outra que considerem perigosa ou injusta, desejando conhecer outros modos de vida, identificar com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras historias, descobrir outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos (p. 17-18).

Não só partindo do que disse a autora, mas refletindo a partir de outras

leituras, percebemos o quanto a leitura é imprescindível para a atuação, inserção e

mobilização do sujeito que adquire de maneira competente, se tornando útil para

aplicar em seu contexto diário.Infelizmente, ainda é deplorável, o modelo de leitura

que se realiza ou que se dá em nossas escolas, pois, contribui pouco de maneira

ainda incipiente,quando se revela as dificuldades encontradas em relacionar ou

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27

distinguir por partes dos nossos alunos, a natureza de diversos gêneros textuais e

suas funções, bem como em muitos casos a incapacidade de interpretar vários tipos

de texto.

Ainda segundo Lenner (2002):

O necessário é fazer da escola um âmbito onde a leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever, sejam instrumentos poderosos que permitam repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e produzir textos, sejam direitos que é legitimo exercer e responsabilidade que é necessário assumir ( p. 18).

É preciso pois, repensar o modelo de práticas existentes e impostas ainda

hoje nas escolas que ainda direcionam para o não êxito de formarmos alunos

leitores competentes, pois o que a realidade mostra é que ainda há deficiências que

precisam ser sanadas o quanto antes, e que as práticas realizadas nas instituições

escolares, dimensionem e objetivem contribuir para a formação de leitores

eficientes, porque letrados.

Cabe à escola proporcionar momentos de leitura significativa, e ao aluno

também o interesse em adquirir com empenho esta habilidade para os vários usos

em que se exigirão em sua vida. É importante que o tempo vivido na escola seja

válido e consolidado com práticas fundamentais que viabilizem uma aprendizagem

rica de sentidos e expressiva na realidade prática e diária do aluno.

Cagliari (1998) se expressa da seguinte forma:

Neste país, o aluno passa 8 anos na escola de 1º grau, 3 anos na de 2] grau e pode passar mais 4 na faculdade, sem contar o ano de cursinho preparatório e as reprovações...e, se um especialista em problemas relacionados à língua portuguesa fizer uma pesquisa, para ver o que esse aluno aprendeu em mais de uma década de estudos, sem duvida ficará decepcionado.Então o que o aluno fez nesses anos todos de escola? Será que o ser humano precisa de tanto tempo para aprender tão pouco? O que está errado nesta história? (p. 7-8).

São inúmeros os fatores envolvidos, quanto a aprendizagem, especificamente

em se tratando de leitura, fator preponderante no âmbito escolar. Resolver os

problemas de imediato torna-se tarefa quase impossível, mas, refletindo, estudando,

objetivando capacitar os alunos a serem leitores aptos a interpretar os vários tipos

de textos e de leitura, em uma interação conjunta com todos os envolvidos no

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28

processo escola, é possível, viável e provável mesmo que aconteça aos poucos e

gradativamente.

Ensinar e proporcionar momentos significativos de leitura para que sejam de

fato letrados não é tarefa somente do professor de português, mas uma tarefa

conjunta vinculada com todos os professores envolvidos das respectivas áreas do

conhecimento em que atuam, pois para saber interpretar qualquer texto, questão, ou

enunciado de uma outra disciplina que não seja português, é preciso saber ler e ler

bem.

Miguel Arroyo (2011) salienta:

Supõe-se que a partir da área que se chega à cidadania, ao sujeito inserido e participativo. A lógica que é proposta a cada professor parece ser esta: não esqueça que sua função é formar o cidadão, mas como? Sendo um bom, excelente professor (a) de sua matéria. Não esquecendo que a Matemática, as Ciências, a Escrita, a Geografia, a Historia, a Arte, a Educação Física, todo conhecimento que ensinares, toda competência que cultivares ampliará as possibilidades de inserção e de participação social, formará as capacidades intelectuais, éticas estéticas, indenitárias, desenvolvimento mental.Ensinemos os conteúdos de cada área e estaremos viabilizando a capacidade dos alunos de exercerem plenamente sua cidadania (p. 108-109).

Diante do exposto fica claro contatarmos a importância do envolvimento e

compromisso de todo corpo docente, para promover a inserção de aluno leitores e

sendo assim cidadãos plenos nas mais variadas situações, tanto dentro quanto fora

da escola. Estas considerações entre as necessárias intervenções e contribuições

entre todos os envolvidos, possibilitará alcançar o que mais se objetiva na escola,em

especial, ensinar a ler e escrever, mas que esta leitura deve ir além do decodificar

letras, palavras ou frases mas que acima de tudo, o leitor interprete com clareza e

compreenda o que está explicito nas entrelinhas.(FREIRE, 2006).

Segundo Soares (2006):

Ler é um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente decodificar sílabas ou palavras até ler GRANDE SERTOES VEREDAS de Guimarães Rosa... Uma pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos e não ser capaz de ler um romance, um editorial de jornal.Assim, ler é um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo continum, em que ponto desse continum uma pessoa deve estar para ser considerada alfabetizada? No que se refere a leitura? A partir de que ponto desse continum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à leitura? (p. 57)

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A amplitude de questões no que se refere a leitura é muito extenso, e requer

acima de tudo conhecimento e preparo por parte de alunos, professores e todos os

envolvidos direta e indiretamente, pois como dizia Freire ( 2006) “ensinar a ler e

escrever não é uma questão técnica é uma questão política”(p15). A aquisição da

leitura não se dará penas por uma parte técnica de ensinar ao aluno a junção de

letras formando sílabas, sílabas formando palavras e palavras frase (FREIRE, 2006)

mas fazer entender a função e a finalidade do que esta escrito, para fazer uso no

seu dia a dia, não se restringindo apenas na escola mas em toda a sua vida.

E ao professor é atribuído uma responsabilidade que é fundamental para a

viabilização dessa proposta de ir além do simples decodificar letras e palavras, mas

compreender o que significa, e onde se aplica o que aprendeu.

Kleiman (2005) vem mediar:

O letramento nada mais é do que a preocupação com a inserção dos gêneros significativos que estão a todo tempo na vida do indivíduo.O professor é o principal articulador e mediador deste novo conceito, pois será ele quem decidirá sobre quais os conteúdos importantes para o individuo se transformar e transformar a sociedade na qual está inserido. O tema é amplo seu conhecimento se faz necessário (p.4).

Mais uma vez percebemos a grandiosidade e importância do professor nesse

processo, e que, se bem articulado, e trabalhado por todos para alcançar o mesmo

objetivo, como sendo formar o aluno letrado, será possível pois, com a mudança e a

contribuição que não pode ser feita por uma pessoa só, ela nasce do desejo da

gente sim, mas é coletiva social.Todos nós temos de assumir responsabilidades no

processo geral da mudança.(FREIRE, 2006).

Existe ainda muitos fatores de ordem maior, que precisam ser analisados com

muito cuidado, responsabilidade e competência, assim como encarar muitos

desafios para reverter esse quadro que ainda atua, no sentido de que não se está

alcançando na escola leitores que leiam de modo expressivo que demonstrem

claramente que já se alcançou esta habilidade de forma competente.E uma das

principais mudanças e é necessário acentuar, está no repetido e válido discurso da

formação e compreensão do professor em relação as sua práticas e metodologias,

que ainda reflete em idéias e concepções de um modelo tradicional de ensino, que

se confronta às vezes com sua precária formação.

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É indispensável, pois, conhecimento e preparo, em todos os segmentos e

níveis em que se está atuando, contribuindo de maneira sólida para a aquisição de

alunos leitores, e que se trabalhe de maneira profunda em cada série ou nível, não

atribuindo ou negando responsabilidades que na verdade cabe a todos os

profissionais envolvidos, a alcançar um objetivo que é comum a todos, ao menos, é

o que se almeja.

Parece contraditório quando (CAGLIARI, 1998) expressa que parece muito

estranho querer tratar de gênero gramatical na alfabetização, isso deve ser

preocupação do ensino somente em séries mais avançadas.

O que pretendemos acentuar é que muito do que está se evidenciando hoje,

no âmbito escolar é que muitas das habilidades a serem adquiridas pelos alunos em

determinados níveis de ensino e aprendizagem, é que ainda perdura uma certa

indefinição de papéis quando ao que, como e porque ensinar, precisando

urgentemente se ter claro, cada um o seu papel e seus objetivos quanto a levar o

aluno tão somente a ler e escrever com autonomia, competência e precisão.

Não poderemos obter qualquer êxito para a nossa satisfação enquanto papel

cumprido, que é o de levar o aluno ler com eficácia, na perspectiva do letramento, se

houver certo individualismo de cada um que acha que não é papel seu ou que não

compete à sua disciplina ensinar a ler ou escrever. Para alcançarmos este objetivo

será indispensável e até mesmo obrigatório a participação de todos neste processo.

É ainda Cagliari (1998) quem subsidia:

Se todos os professores incluindo não só os da alfabetização, mas também os demais, partirem da realidade de seus alunos, no começo do ano, para ensinar o que acham que deve ser ensinado, tem-se um argumento a mais para a promoção automática na escola. Uma programação geral deve ser distribuir conteúdos básicos para serem ensinados ao longo dos oito anos do primeiro grau.Se um aluno não aprendeu direito um ponto num ano, o professor do ano seguinte, em vez de reclamar do colega, tem de assumir seu papel e ensinar a esse aluno o que ele precisa saber (p. 71).

Esta fala do autor é o cerne central da discussão da problemática a qual nos

propusemos, que com certeza, ainda precisa ser vinculada nas nossas propostas e

práticas de ensino de maneira que toda dimensão da leitura e formação de leitores

sejam sintetizados em alguns poucos objetivos, que é promover alunos letrados,

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com o comprometimento de todos os professores, não importando a disciplina que

ensina nem tampouco o seu segmento.

2.3 Falando um pouco sobre a educação básica

A forma de organização que se dá nas escolas brasileiras ainda precisam ser

analisadas e compreendidas, quanto ao objetivo a que se propõem tantos processos

que se modificam constantemente e fragmentam o ensino, o que deveria se tornar

unidade com condições que possibilite ao aluno o seu desenvolvimento e

aperfeiçoamento de forma progressiva, contínua e integradas em todo o processo de

ensino e aprendizagem, e aqui salientamos a necessidade de práticas de leitura e

escrita nos contextos de letramento, em toda a educação básica,mais

especificamente no ensino fundamental.

É importante entendermos um pouco sobre a Educação Básica, que

compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e neste

contexto nos remetemos mais sobre o Ensino Fundamental, especificamente as

séries finais deste respectivo segmento, que constitui parte intermediária e

fundamental que sucede a Educação infantil e antecede o Ensino Médio

completando assim o que compõe a Educação Básica.

As mudanças que ocorreram na Educação e ainda ocorrem ao longo do

tempo, no que se refere às leis e normas bem como o aperfeiçoamento, alterações

ou emendas no sistema educacional, assim como nomenclaturas que caracterizam e

intitulam o sistema de ensino, merecem um olhar mais contextualizado e uma clara

compreensão do que vem a ser políticas públicas educacionais, sobretudo o estudo

da lei maior em Educação, LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) explica que:

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,

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32

fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e de continuidade (p. 15).

A Educação básica ainda é um conceito definido no art. 21 como nível de

educação nacional e que congrega articuladamente as três etapas que estão sob

esse conceito: a Educação infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio

(PCNs).Analisando a partir da etimologia da palavra básica, como fundamental,

essencial, indispensável é este período para o educando, a passagem pela

educação básica como desenvolvimento de suas funções psíquicas e orgânicas,

como o aprimoramento para estudos posteriores.

Podemos considerar, a partir desse contexto, e que merece uma análise mais

detalhada com mais ênfase é que compreendamos que é no Ensino Fundamental

como sendo um período de aprendizagem essencialmente básico, que se deve

adquirir os níveis elementares de leitura e escrita para dar continuidade e prosseguir

até o final da Educação Básica, denominado Ensino Médio e também a outras

etapas posteriores a este.

No art. 205 da constituição federal de 1988: “A educação, direito de todos e

dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Vale ressaltar que este artigo 205 precisa ser mais refletido mais estudado e

discutido nos espaços onde merece ser analisados para que se torne menos

distante a teoria e a prática. A realidade que ocorre em nossas escolas

especificamente a pública, precisa ser redirecionada, para práticas realmente

verdadeiras que de fato aconteça esse ensino pautado no dever da família

inicialmente, e práticas que almejem a formação de cidadãos autônomos, críticos e

qualificados para o trabalho e para as variadas situações que enfrentarão na vida,

desde a Educação Básica.

Conforme Almeida (1998):

Quanto mais amadurecidas forem nossas propostas e seriamente discutidas, menores serão as nossas ilusões e maiores as expectativas de ir traçando um horizonte mais promissor para a democratização e universalização da educação básica (p. 48).

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33

É extremamente importante em todos os níveis da Educação Básica

refletirmos sobre as nossa Práticas e propostas que venham a ser desenvolvidas,

bem como as estratégias e objetivos que irão nortear o andamento do nosso

trabalho. E ainda neste contexto, nos referimos especificamente as práticas na

perspectiva do Letramento, ainda no que se refere às nossa práticas, Brandão

(2001), ressalta que:

Acreditamos que ao levar o aluno a aprender a ler as estratégias discursivas com que se tecem os diferentes gêneros, o professor estará contribuindo com sua parcela de formar cidadãos em seu pleno desenvolvimento. Contudo para que o professor possa de fato dar a sua parcela de contribuição, é preciso que tenha clareza das noções que nos levarão o seu fazer pedagógico. Deve-se evitar uma postura pretensamente arrogante que tantas vezes toma conta do mundo acadêmico e do mundo das instituições que regem a educação baseada na apresentação de propostas de aplicação de tal e tal teoria, sem o lastro entre o estreitamento entre o que se quer e o que é possível fazer pode proporcionar (p. 43).

Considerando a importância do Ensino Fundamental como tempo que deve

ser assegurado ao aluno obter as habilidades e competências necessárias a

percorrer uma etapa posterior de ensino, faz-se necessário uma retomada de

estudos, reflexões e práticas vinculadas no sentido de promover a formação de

cidadãos aptos a participar da vida social.

O que pretendemos enfatizar como sendo parte altamente relevante quando

falamos em Educação Básica, especificamente no Ensino Fundamental é que é

exatamente nesta etapa que o ensino e a aprendizagem deve acontecer de maneira

eficiente e satisfatória para que se alcance durante este tempo os objetivos

indispensáveis a serem alcançados para a aquisição de capacidades, habilidades e

maturidade compondo assim conhecimentos prévios e essenciais para uma

promoção à etapa posterior.

É nesta etapa da educação básica que o ensino e aprendizagem merecem

um alicerce que fundamente e possibilite o ingresso em séries posteriores, levando o

aluno, para o desenvolvimento da sua criticidade, autonomia, independência e

eficiência com os sistemas de escrita e leitura das quais irá utilizar por toda a sua

vida dentro e fora da escola, espaço este que deve ser oferecido essa formação e

capacitação essencialmente, embora não seja o único, levando-se em conta que o

aluno adquire outras habilidades e competências também fora do âmbito escolar.

Page 34: Monografia Fátima Pedagogia 2012

34

Mas o que queremos sublinhar aqui é que é essencialmente na escola que as

habilidade e conhecimentos úteis a serem utilizados por o aluno na sua vida

profissional e social devem ser adquiridos na escola e que esta aquisição seja

eficiente, necessitando reformular ou reorganizar as práticas que muitas das vezes

não colaboram para uma aprendizagem significativa, que proporcione e estimulem o

aluno ao prazer em aprender e permanecer na escola.

Fernando Beck (2003), vem assim se expressar :

Os alunos não suportam repetir o que não lhes faz sentido, por outro lado, a verdadeira aprendizagem escolar, deveria visar o aumento da capacidade de aprender, tão importante nos dias atuais, e não apenas acumular conteúdos; conteúdos freqüentemente inúteis. Além disso, a escola pública poderia pensar em tentar conjugar, na prática pedagógica e didática, outros verbos além do verbo repetir, para redefinir sua função didática pedagógica: fazer, compreender, criar, inventar, sentir, abstrair, experienciar, transformar, desafiar e etc. E inspirada no pensamento de Paulo freire conjugar verbos como: buscar, indagar, intervir, escutar, dizer, falar, pensar, perguntar, dialogar, mudar, transformar, pesquisar, conscientizar-se, refletir a prática, ousar o novo e etc. Só isso já provocaria uma mudança de perspectiva (p.32).

Neste sentido é que precisamos urgentemente reelaborar e redirecionar as

nossas práticas, e que estas possam ser pontes, ligando o objetivo que se tem e as

ações que se desenvolverão.

Os PCNs (2006) enfatiza que:

As discussões dessas questões são importante para que se explicitemos pressupostos pedagógicos que subjazem à atividade de ensino, na busca de ocorrência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente se faz.Tais práticas se constituem a partir das concepções educativas e metodológicas de ensino que permearam a formação educacional e o percurso profissional do professor, aí incluída suas próprias experiências escolares, suas experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu grupo social e as tendências pedagógicas que lhe serão contemporânea (p. 39).

É de enorme responsabilidade e importância a prática pedagógica do

professor, pois esta bem trabalhada e compreendida do ponto de vista do docente,

pois será estabelecida com fins claros e objetivos determinado com as devidas

intervenções para se alcançar o que se objetiva, neste sentido aluno letrados,

capazes de agir e interagir nas situações cotidianas da escola e da vida.

É ainda os PCNs (2006) que colabora:

Page 35: Monografia Fátima Pedagogia 2012

35

Embora a escola vise a preparação para a vida,não busca estabelecer relação entre os conteúdos que se ensinam e os interesses dos alunos, tampouco entre esses e os problemas reais que afetam a sociedade.Na maioria das escolas essa prática pedagógica se concretiza por sobrecarga de informações que são veiculadas aos alunos, o que torna o processo de aquisição de conhecimento, para os alunos, muitas vezes burocratizados e destituído de significação (p17).

Um dos objetivos gerais que os (PCNs) destacam além de outros não menos

importante, mas que aqui queremos acentuar diz que:“posicionar-se de maneira

critica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o dialogo

como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas”(p. 107). Além de

outro que também destacamos: “utilizar as diferentes linguagens - verbal,

matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e

comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos

públicas e privados, atendendo as diferentes intenções e situações de comunicação

(p. 108)”.

Pretendemos enfatizar a relevância desse objetivos aqui citados, e

compreender através da ótica do sistema educacional o qual é inteiramente

responsável pela concretização desse objetivos além da responsabilidade de todos

os envolvidos neste processo, que são os profissionais da educação envolvidos

direta ou indiretamente.

Cabe à escola de maneira geral organizar, planejar, projetar e articular todas

as estratégias possíveis para a viabilização e alcance de objetivos, levando-se em

consideração que esta não é tarefa fácil, mas quando todos se juntam para alcançar

um mesmo fim torna-se tarefa ainda difícil, mas possível.

E os PCNs (2001) asseguram que: “Apesar de a responsabilidade ser

essencialmente de cada professor, é fundamental que esteja compartilhada com a

equipe da escola por meio da co-responsabilidade estabelecida no projeto educativo

(p 52)”.

A Educação Básica como já insinua o nome, deve oferecer de maneira

significativa e competente o alcance das habilidades básicas necessárias ao aluno,

atuar de maneira autônoma e eficiente na sociedade em que vive, e é na escola

onde se coloca toda a responsabilidade para o alcance dos objetivos citados

anteriormente, e que compete oferecer esta educação básica, para que o individuo

Page 36: Monografia Fátima Pedagogia 2012

36

possa interagir não só profissionalmente mas pessoalmente nas várias situações

que se fará necessário fora da escola.

É parte integrante da escola, em todos os segmentos que constituem a

educação básica, proporcionar condições elementares e dotadas de significância e

eficiência para a atuação competente e fundamental do individuo no âmbito social. E

dentro deste contexto se atrela a uma mudança geral e até radical de todos os

processos educacionais envolvidos, que parte de quem elabora as normas e os

objetivos de ensino, até a quem cumpre e realiza,assim como o currículo e algumas

práticas existentes ainda, consiste em um ponto fundamental e que requer reflexão e

ação, no sentido de fazer uma análise com cuidado e clareza, pois muitas das

práticas metodológicas desenvolvidas ainda hoje, no que se refere ao cumprimento

do currículo escolar, são metodologias e posturas que ainda revelam um certo

despreparo, que impedem de inserir propostas e desenvolver um trabalho de

maneira que dimensione e vincule práticas capazes de levar o aluno a interagir e se

construir de maneira critica, reflexiva e autônoma, o que aulas simplesmente

expositivas, exclusivamente voltada para o cumprimento de um número considerável

de conteúdos em cada unidade escolar não é possível. Cardoso (1991), expressa

que: “A prática pedagógica consciente e politizada, pressupõe vínculos entre meios

e fins, vontade, consciência dos objetivos da prática e noção exata da própria

potência dos atos para presenciá-los na ação criatividade e não prática repetitiva

(p.24)”.

O alcance de uma educação de qualidade pois, está atrelado a inúmeros

fatores os quais é inteiramente de responsabilidade e competência de todos os

envolvidos no processo educativo, e que requer constantemente análise, reflexão

critica e percepção, além de uma acentuada capacidade e maturidade para perceber

quais são os entraves que ainda dificultam o alcance dos objetivos propostos, e

sendo assim a sua concretização.

Quando os (PCNs, 2001) sublinham que o plano decenal de educação, em

consonância com o que estabelece a constituição de 1998, afirma a necessidade e a

obrigação de o estado elaborar parâmetros claros no campo curricular, capazes de

orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-los aos ideais

democráticos e à busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras,

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37

acrescentamos e enfatizamos, que são os envolvidos no sistema de ensino

diretamente, quem deverão fazer as alterações e adaptações possíveis, no referido

currículo escolar,de modo que a sua execução seja adequada e conveniente para a

consolidação e alcance dos objetivos,pois sem as devidas intervenções tanto na

elaboração quanto no cumprimento do currículo, não será possível obter resultados

satisfatórios e com êxito na aprendizagem que se idealiza acima de tudo no âmbito

escolar.

Conforme ainda acentua os (PCNs, 2001) os altos índices de repetência e

evasão apontam problemas que evidenciam a grande insatisfação com o trabalho

realizado pela escola, o que reafirma e ratifica todo o contexto das questões aqui

apresentadas bem como sua relevância ao discutirmos pertinentemente sobre

Educação Básica.

E mais especificamente dentro desse contexto é que enfatizamos aqui a

necessidade de um trabalho voltado para práticas de leitura e escrita em contextos

de letramento, ao longo da educação básica para redirecionarmos os resultados que

ainda surgem como negativos quanto aos objetivos e papel da escola.

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38

CAPÍTULO III

3 METODOLOGIA

A importância da pesquisa se dá quando surge um problema, uma

inquietação a partir de um questionamento que provoca curiosidade de compreender

como se dá ou acontece determinado processo, e quando se tem um objetivo em

descobrir sobre algo o que resultará no objeto de pesquisa.

O interesse o questionamento, é a base capaz de elucidar uma pesquisa para

buscar a resposta ou compreensão de como algo acontece, onde, quando e por que

acontece. A busca por uma resposta ou resultados que se quer alcançar, acontece

essencialmente através da pesquisa, organizada, elaborada e motivada por algo que

se pretende descobrir.

Compreender práticas que se opõem e se complementam simultaneamente

como teoria e prática, será possível através do conhecimento pois, compreendemos

que conhecer é a forma mais competente para poder intervir, com aquilo que será

reflexão e também ação do objeto que se interessa e pretende-se pesquisar.

(FAZENDA 1991) refere-se à pesquisa como uma atividade de investigação

capaz de oferecer e portanto produzir um conhecimento “novo” a respeito de uma

área ou um fenômeno,sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito

dele.

Pretendemos ressaltar que o conhecimento prévio que tínhamos antes da

pesquisa no que se refere ao tema em questão, se dava ainda de maneira

incipiente, o que nos estimula a realizar esta pesquisa com o objetivo de conhecer

mais e melhor para melhor intervir, onde se fizer necessário para alcançarmos de

fato os objetivos a que se propõem.

E ainda mais objetivando o que Ludke (1986) ratifica com muita precisão:

O professor que faz pesquisa tem muito mais consciência do que fazer em sala de aula, na parte pedagógica, como também saber porque alguns alunos vão bem, outros não.A pesquisa tem que investigar aspectos relevantes que vão subsidiar aquela prática.

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39

De fato as pesquisas realizadas nas instituições pesquisadas buscam novas metodologias e/ou práticas de ensino, elaboração de material didático e reformas curriculares, visando a melhoria da prática docente na escola básica (53)”.

Sendo assim é o que buscamos através dessa pesquisa, encontrarmos

fatores ou analisarmos, averiguarmos para que a partir da nossa percepção e

compreensão de inúmeros fatores que tornam ainda práticas que não condizem com

objetivos, especificamente no que se refere ao nosso problema de pesquisa,

buscarmos algumas soluções mesmo que difíceis mas não impossível, para

mudarmos e revertermos o quadro que por vezes ainda se dá de maneira

insatisfatória para os objetivos que se quer alcançar.

Enfatizamos ainda que esse processo só será possível mediante a ação

conjunta de todos os envolvidos no processo educativo bem como a clareza e a

razão de por que pesquisar e para que pesquisar, entendendo que a cada elemento

novo que surge durante a pesquisa, é algo que se complementa para a elucidação

completa de uma pesquisa, juntando fatores que se tornam indispensáveis nessa

ação de pesquisar.

É o que reafirma Fazenda (1991):

A compreensão de um fenômeno só é possível com relação á totalidade à qual pertence (horizonte da compreensão). Não há compreensão de um fenômeno isolado; uma palavra só pode ser compreendida dentro de um contexto. Um elemento é compreendido pelo sistema ao qual se integra e, reciprocamente, uma totalidade só é compreendida em função dos elementos que a integram (p.101).

E Ludke (2001) sublinha que “os dados da minha pesquisa alimentam a

minha prática de ensino e a minha prática de ensino fornece dados para a minha

pesquisa, na prática docente na sala de aula surge elementos novos para serem

investigados (p.31)”.

É possível pois uma reflexão e uma ação que seja realizada de forma

competente e real para que a pesquisa não decorra em um simples ato sem

fundamentos e práticas que respaldem a importância e necessidade de se pesquisar

descobrir o que se pesquisou e intervir para completar e somar novos saberes e

novas práticas bem como novas atitudes, a serem tomadas para a concretização de

todas as ações pensadas, elaboradas e objetivadas.

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40

Partindo desse breve enfoque sobre o que é pesquisar mesmo que de

maneira ainda incipiente, assinalamos e destacamos que a nossa pesquisa será de

teor qualitativo, em vista disso Bogdan e Biklen (1982) apud LUDKE E ANDRÉ,

1986, p.11); “A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do

pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada”.Enfatizamos

que é por meio e através dessa vertente que optamos e explicamos o cunho da

nossa pesquisa.

3.1 Instrumentos da Pesquisa

Para execução da pesquisa e para a obtenção dos resultados que se

pretendeu alcançar, foram necessários alguns procedimentos que evidenciam os

caminhos da pesquisa, que denominamos: Entrevista semi-estruturada e

Questionário fechado.

3.1.1 Entrevista

A escolha por este instrumento se deu através da concepção de que este

recurso nos possibilita e proporciona uma série de informações relevantes e eficazes

a que pretendemos investigar por estarmos em contato direto com o objeto a ser

pesquisado, o que outros instrumentos de coleta de dados talvez não viabilize e que

embora seja um dos mais trabalhosos seja no que se refere à sua análise e

interpretação dos dados colhidos, seja um dos mais ricos e potenciais nas

aquisições de informações que se pretende descobrir.

Ludke e André (1986) assim se referem a este instrumento de coleta de

dados:

Ao lado da observação, a entrevista representa um dos instrumentos básicas para a coleta de dados, esta é uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizados nas ciências sociais.Mais do que outros instrumentos de pesquisa, que em geral estabelecem uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado, como na observação unidirecional, por exemplo, ou na aplicação de questionário ou de técnicas projetivas, na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde (p. 33).

A entrevista permite pois uma gama rica de informações que talvez se

destaca dos demais instrumentos por possibilitar um contato direto com os

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41

entrevistados,trazendo inúmeros elementos que possam surgir, durante esse tempo

de diálogo e interação.

3.2 Lócus da pesquisa

Essa pesquisa se realizou na Escola Municipal Antônio Bastos de Miranda,

em Missão do Sahy, povoado situado a 8km do Município de Senhor do Bonfim-Ba.

A escola tem como diretora Sheila Lima Aguiar, eleita pela comunidade para gestar

durante os anos letivos 2011 e 2012. Funciona durante os três turnos, matutino com

ensino fundamental II (6º ao 9º ano) vespertino com (4º ano e 5º ano) e noturno com

EJA (Educação de jovens e adultos).

Sua estrutura física é composta por quatro salas de aulas, uma sala de

recursos onde atende os alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais),

uma diretoria, uma sala de informática, um pátio pequeno, três banheiros, uma

cantina e um pequeno almoxarifado. Sua estrutura não é suficiente para compor o

número total de alunos que somam um total de 207, por este motivo, quatro turmas

do turno vespertino ocupam o espaço do colégio estadual concedido e autorizado

através de solicitação pela Secretaria de Educação Municipal com a diretoria da

DIREC 28 de Senhor do Bonfim.

A escola possui também uma extensão, anexo onde é oferecido a educação

infantil no turno matutino e o ciclo (CBAi, CBASI, CBASII, que significa ciclo básico

inicial e ciclo básico seqüencial) no turno vespertino.

Assinalamos ainda que os espaços cedidos à escola Antônio Bastos pela

secretaria estadual será por tempo determinado o que ocasiona e acarreta inúmeros

problemas e que dificultam o bom andamento e aproveitamento das práticas e

atividades escolares.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Os principais sujeitos dessa pesquisa foram essencialmente os professores

do Ensino Fundamental ll da referida escola, que atuam em sala de aula nos

respectivos dias de suas aulas, conforme o cronograma de aula, foram esses

professores bem como suas práticas pedagógicas que viabilizaram e forneceram

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42

algumas respostas através dos instrumentos da coleta de dados e que

evidenciaram algumas práticas que serão possíveis de interpretação para a

compreensão da problemática que norteou este trabalho e para posteriormente as

possíveis intervenções que se fizerem necessárias e oportunas.

O total de professores pesquisados somam um numero de 9, sendo estes os

responsáveis e principais autores, no processo educativo para o estímulo e

concretização de uma aprendizagem prazerosa, significativa que promova o aluno

como sendo um ser capaz, atuante,no meio social em que vive, autônomo,critico e

competente porque letrado.Ressaltamos que a nossa pesquisa foi realizada com

apenas 7 pois um dos professores encontrava-se de licença e um outro preferiu não

participar por acreditar não ser da área a que a pesquisa se destina.Quanto a isso

não importa quantos forem entrevistados, mas se os entrevistados forem capazes de

trazer conteúdos significativos para a compreensão do tema em questão (Demo

2005).Pois ressaltamos aqui que o objetivo não é quantificar opiniões e sim explorar

e compreender os diferentes pontos de vista que se encontram demarcados em um

contexto.

A equipe do corpo docente pesquisado são todos professores do ensino

fundamental ll, licenciados para ensinarem as respectivas disciplinas em que atuam,

e sendo que na maioria das vezes ensinam outra disciplina diferente de sua área,

para complemento de carga horária.

Page 43: Monografia Fátima Pedagogia 2012

43

CAPÍTULO IV

4 ANALISANDO E INTERPRETANDO OS RESULTADOS

Este capítulo destina-se à interpretação dos dados coletados na pesquisa,

procurando confrontar e associar esses resultados com fundamentos do capitulo ll,

fazendo a necessária consolidação em consonância com os objetivos propostos

para este trabalho.

Inicialmente analisamos os dados obtidos com a aplicação de um questionário

fechado que nos viabilizou uma visão geral dos nossos sujeitos, bem como as

diferentes concepções por atuarem em disciplinas curriculares diferentes, o

questionário fechado nos permitiu assim,analisar o perfil dos nossos sujeitos, bem

como informações relevantes a exemplo de sua formação, identificação com a sua

área de atuação e o relacionamento entre as instancias; gestão, coordenação e

alunos.

Logo em seguida apresentaremos os resultados do nosso segundo

instrumento que foi a Entrevista, que embora seja um instrumento mais trabalhoso,

por outro lado nos permitiu vasto, rico e variados resultados, o que talvez a utilização

de outro instrumento não permitiria.

4.1 Perfil dos sujeitos

No quadro de 7 professores entrevistados constatamos que o grupo tem

idade que variam entre 18 a 50 anos, com tempo de 3 a 19 anos de exercício do

magistério , o que permite talvez uma troca de experiência entre os que já atuam a

um certo tempo, e os que tem menos tempo de ensino.

Esses professores sem nenhuma exceção possuem nível superior com

formação nas respectivas Áreas: Pedagogia, Matemática, Letra, Geografia, Biologia

e Artes, o que nos induz a pensar que é possível ter concepções diferenciadas,

quanto à contribuição do Letramento em suas práticas. Ressaltamos que 1 entre

esses professores alem de ser pedagogo, está concluindo o curso de Matemática.

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44

Segundo os dados coletados pelo questionário, 5 dos nossos sujeitos, se

identificam e gostam da área em que atuam, já para os outros 2 a escolha pela

profissão se deu por falta de opções.Isso nos assegura que a identificação e a

satisfação em trabalhar nessas respectivas áreas, possibilita mais um efetivo e

positivo ensino gerando uma aprendizagem de qualidade, e troca de saberes

significativos gerado através da satisfação, interação e empenho entre professores

e alunos.Dos que responderam não ter outra opção, no leva a pensar que o

resultado de insatisfação, que podem gerar resultados negativos no ensino e na

aprendizagem é bem menos, prevalecendo os positivos, onde há uma maior

concentração de opção por preferência, gosto e satisfação com o que faz.

Assinalamos ainda, que os motivos que levaram esses dois professores a não

se identificarem com a profissão, talvez podem estar relacionados com baixos

salários, precárias condições de trabalho e outros entraves que possam estar

presente, desfavorecendo uma Educação de qualidade,pois 4 entre eles

consideraram com relação a remuneração, ser insuficiente, 2 acham que é regular e

apenas 1 diz ser suficiente, isso também nos levar a pensar que podem trazer ou

apresentar algum desestímulo , pela maioria que julga ser insuficiente, mas que o

gostar e a identificação com o que faz, talvez não os façam desistir de permanecer

em seu trabalho, ou por outro lado, buscarem especialização,aperfeiçoamento e

progressões para a valorização do seu trabalho e consequentemente aumento da

sua renda.

Os 2 professores que dizem ser regular o valor da remuneração, não

revelaram estarem satisfeitos, o que também leva a pensar que poderia ser mais

satisfatório esta média salarial, segundo os PCNs (1998), “a desvalorização salarial

do magistério, impõe a procura de duplo emprego como condições de sobrevivência”

as vezes sendo preciso se ocupar em uma outra atividade para que complementem

a sua renda. Apenas 1 professor diz ser suficiente, o que revela um índice mínimo

quase insignificante, desses professores que estão satisfeitos com o seu salário,

conforme sublinhamos anteriormente, os problemas e entraves existentes na

educação, entre eles a desvalorização dos profissionais da educação, podem

constituir um dos principais fatores para a insatisfação com os seus salários.

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A relação professor aluno se dá de maneira tranquila e saudável que

assegura consequentemente uma relação mais interativa bem como prazerosa entre

professores e alunos,1 dos sujeitos considera ser regular, e os demais consideram

que é bom. No que se refere à relação, interação e participação entre equipe gestora

e coordenação com o trabalho dos professores é considerada boa pela maioria dos

sujeitos 3; 2 consideraram como regular essa relação, e 2 deles, 1 disse ser

satisfatória e o outro ser ótima essa relação, o que pressupõem que ralações assim

consideradas são positivas e consequentemente asseguram o bom andamento e

desenvolvimento do trabalho, gerando resultados também positivos, satisfatórios e

progressistas.

Este foi o resultado obtido no perfil dos nossos sujeitos, apresentamos em

seguida o resultado do nosso segundo instrumento de coleta de dados, a Entrevista

por meio da qual buscaremos discutir quais são as práticas dos professores que

contribuem para o letramento, bem como se essas referidas práticas acontecem em

sala de aula, e se contemplam os objetivos para esse trabalho.

4.2 Análises das Entrevistas

A escolha por este instrumento de pesquisa, conforme já expressado

anteriormente, apesar de ser mais complexos e demandar maiores análises,

reflexões e trabalho extremamente exaustivos, nos contempla com uma riqueza e

variedade de dados, que talvez um outro instrumento por sua limitação de respostas,

não evidenciasse ou até mesmo ficasse subtendido por parte do entrevistador, a

aproximação e interação com os sujeitos nos permitem respostas explicitas

também através de expressões corporais,considerando e revelando até o

subtendido nas entrelinhas (FREIRE, 2006).

Para definir a estrutura da análise dos dados, adotamos a divisão a partir das

Perguntas estabelecidas no nosso roteiro de entrevista. A seguir apresentamos

algumas reflexões construídas a partir dos dados no processo de

pesquisa.Ressaltamos que neste texto todas as vezes que fazemos referencia a um

dos sujeitos utilizaremos a seguintes termos: Profº de Português, Profº de

Matamática e Religião, Profº de Matemática e Educação Física, Profº de Geografia,

Profº de Ciências, Profº de Artes, Profº Pedagogo.

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46

4.2.1 A compreensão que os docentes tem sobre Alfab etização e Letramento

É significativo entendermos como é que julgam a relação desses termos, por

parte dos professores, uma vez que ainda é possível devido a equivocadas

interpretações ou confusões que ainda fazem parte desses dois universos

alfabetizar e letrar como sendo processos diferenciados, uma vez que as processos

distintos, mas que se complementam.

Vejamos a distinção ou juízo que fazem os nossos sujeitos sobre os conceitos

de alfabetização e letramento:

[...] Quando se fala em alfabetização e letramento, é que o aluno não só apenas decodifique as palavras, os símbolos, mas que ele compreenda o que esta lendo, a compreensão que eu faço e dessa temática é isso, que ele na alfabetização relacione com a sua vida diária. Não podem jamais andar separados [...] (Profª Pedagoga).

[...] Quando fala em letramento entendo que é leitura de mundo, porque muitas vezes a gente traz coisas fora da realidade dele e ele não consegue entender [...] (Profª de Matemática e Religião).

[...] Alfabetização pelo próprio nome, pressupõe no meu conceito, estar ensinando os primeiros passos, noções básicas, ler escreve, noções de forma e números para ser introduzidos os conteúdos e aprender outras formas de conhecimentos mais elaborados.Agora Letramento...eu não sei, o que vem a ser letramento...a definição do que seria... me faz lembrar Paulo Freire talvez seria... hum! Sinceramente eu não sei. [...] (Profº de Geografia).

[...] Ó, alfabetizar... eu não entendo porque usam as palavras de forma diferenciadas, uma vez que o letramento no meu entender, é você conseguir que os alunos atribuam sentido aquilo que eles conseguem ler.[...] (Profª de Português).

É necessário ressaltar que diante dessas concepções é que em nenhum

momento tratamos dessa temática como processos diferenciados, e sim que se

complementam, fato que podemos observar na fala da professora de português,

quando revela não entender porque usam essas palavras de forma diferenciadas,

uma vez que o nosso objetivo central é saber a concepção a respeito desses

processos.

Ressaltamos que a fala da professora referida é a que mais se aproxima dos

conceitos de letramento, em consonância com Soares (2006), quando explica que

“Letramento é o estado ou condição que adquire um grupo social ou individuo, como

consequência de ter se apropriado da escrita (p.18)”.

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A concepção da professora de matemática também traduz esse conceito do

que vem a ser letramento em harmonia com Freire (2006) quando expressa que a

leitura da palavra deve ser precedida da leitura de mundo. Já nas falas dos

professores de geografia percebemos uma certa confusão, quanto a compreensão

destes termos.Entendemos na fala final do pedagogo, que estes termos não podem

andar separados constatando que por parte da professora pedagoga também há

uma clareza e entendimento a relação desses dois processos. Na fala do professor

de geografia entendemos ser o que mais se distancia quanto ao significado desses

termos.

A respeito dessas confusões que ainda reina no que se refere a esses

processos Soares (2006) assegura que “Letramento é ainda uma palavra

desconhecida ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela

maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco

tempo (p.29)”. Isso demonstra que nem todos ainda tem uma clara compreensão do

que vem a ser Letramento como é o caso do professor de Matemática e Ed. Física

quando diz:

[...] Assim eu posso... talvez eu seja leigo e não deveria ser, letramento tem a ver com dominar as técnicas todas as técnicas alem da língua escrita na sua língua, ser letrado eu acho que é isso [...] (profº de mat. e Ed fis.).

Compreendemos que por motivo de ser uma palavra e até mesmo uma

prática introduzia a pouco tempo no que diz respeito à sua elucidação, pois o termo

mesmo chegou a mais de 20 anos aqui no Brasil (SOARES, 2006), uma vez que não

impede que o professor mesmo sendo de outra área busque compreender as novas

técnicas, metodologias ou conceitos introduzidos em educação.

Fazenda (2001) acentua que:

A práxis escolar sofre as determinações da práxis social mais ampla através das pressões e das forças advindas da política educacional, das diretrizes curriculares vindas de cima para baixo, das exigências do país, as quais interfere na dinâmica escolar e se confrontam com todo o movimento social do interior da instituição ( p. 40).

É preciso nos remetermos a essas novas práticas, conceitos e discussões

nos mantendo a cada dia informados do que acontece na atualidade para introduzir

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48

coisas novas em sala de aula especialmente em educação que a cada dia parece

surgir algo novo.

4.2.2 A quem cabe a tarefa de alfabetizar:

É possível perceber que no contexto escolar ainda permeiam dúvidas ou

criticas quanto a responsabilidade ou ao papel de alfabetizar, ou seja, ensinar a ler e

a escrever, surgindo as vezes a idéia de culpa quando o aluno não adquiriu as

competências necessárias ou habilidades em determinada série e avançar para

outra.Cabe ressaltar aqui que o nosso intuito é saber o que pensam os nossos

sujeitos a respeito desse fato e quais são as atitudes realizadas quando se deparam

com situações como estas.

Partindo do argumento de Kleiman (1995), que diz que “para ser letrado não

precisa ser alfabetizado, é possível ser letrado sem ser alfabetizado (p.18)”.

[...] Eu estou terminando matemática e estou trabalhando na área e tem horas que tem que parar, não pode dar só o conteúdo, porque o aluno não vai acompanhar. Então assim, se você deixa só para o professor alfabetizador, você não consegue fazer o seu trabalho, chega um momento que é necessário que você pare e também alfabetize, mediante as necessidade de cada clientela de cada grupo [...] (Profª Pedagoga).

[...] Na medida em que os outros professores não são exclusivamente alfabetizadores, lidam com textos, cálculos matemáticos, ele vai ter que fazer os alunos a fazerem leitura de imagens, também fazer com que os alunos interpretem os vários tipos de textos que talvez os alunos não aprendam na alfabetização. Então o letramento e a alfabetização não é tarefa exclusiva do professor alfabetizador, mas de todos os professores envolvidos, do conjunto da escola [...] ( Profº de Ciências).

Verificamos que nas falas do professor de ciências e do pedagogo que nada

impede quando um aluno apresenta dificuldades, parar e fazer um trabalho

diferenciado, no sentido de levarem esses alunos a ler e escrever, até mesmo para

facilitar o trabalho com conteúdos, uma vez que ele só ira compreender se tiver o

domínio pleno da leitura,deixando claro que ao se depararem com situações como

esta a atitude mais correta é tentar trabalhar a dificuldade desse aluno, pois se este

precisa trabalhar com conteúdos, dificulta a aprendizagem uma vez que este aluno

não tem o domínio da leitura e da escrita.

[...] A questão de alfabetização, pressuponho que já deveriam ser alfabetizados é claro, a gente percebe as dificuldades. Aparecem aqueles casos de alunos copistas, que só copiam e nem sabem o que esta copiando

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aí, eu confesso, ele chegando nesta fase precisa pedir reforço aos colegas para fazer um trabalho diferenciado, porque aquela questão de alfabetizar eu não sei , nunca trabalhei, não me vejo muito naquela questão de alfabetizamento, pegar no BÊ A BA e tal, [...] (Profº de geog).

O professor de geografia deixa claro que é um trabalho do alfabetizador,

quando expressa pressupor que os alunos já venham alfabetizados e reforça

precisar da ajuda de um outro colega mais experiente na área, pois nunca trabalhou

com alfabetização, o que é uma atitude bem vinda, pois demonstra que é preciso e

se faz necessário para se fazer um trabalho diferenciado no sentido de sanar as

deficiências.Enfatizamos que a concepção do professor de geografia nos remete a

pensar que a tarefa de alfabetizar não termina nas séries iniciais, sendo

responsabilidade de todos os professores que atuam em diferentes disciplinas e

segmentos.(CASTANHEIRA, 2009).

Vejamos o que pensa a professora de artes, e compreendemos aqui que há

um ponto de vista que converge para a responsabilidade em que cada um precisa

ter para alfabetizar, conforme a faixa etária do aluno e não mediante as

necessidades quando for detectada, que o aluno precisa aprender.

[...] Principalmente a família, parente, porque quando se fala alfabetizador, eu estou me referindo a crianças mas aqui como são adolescentes, a nível fundamental, já é não só do alfabetizador, mas de todos os professores que estão envolvidos,nesta questão,mas quando é a criança é do professor alfabetizador e da família né? [...] (Profª de Artes).

A profª de artes faz a distinção entre adolescentes e crianças, dizendo que

este último a tarefa é sim do alfabetizador e dos pais, e quanto aos adolescentes é

problema de todos os professores que estão envolvidos, nos revelando um confronto

de opiniões, a quem cabe alfabetizar, 2 deles julgando ser tarefa de todos e os

demais como sendo de profissionais que trabalham na área.

A professora de português tem a seguinte concepção:

[...] Eu acho que a alfabetização não começa e termina, a alfabetização acontece em todas as instancias, até mesmo na universidade, porque tem gente que chega na universidade sem ter certos conhecimentos, e lá se alfabetiza para aqueles conhecimentos.Eu costumo dizer que eu sou analfabeta funcional em algumas situações(risos). Ai, assim, quando você bota a responsabilidade só para o professor alfabetizador, na cabeça de alguns, ficou lá atrás, ai se exime da responsabilidade de ensinar, eu acho, eu acho não, eu acredito que a responsabilidade maior de ensinar é do professor sim. [...] (Profª de Port).

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50

Ressaltamos que pretendemos entender aqui nos contextos de dificuldades

de leitura e escrita detectadas em alunos do Ensino Fundamental, chamamos a

atenção da fala da professora de português e concordamos através dessa fala que

há uma conformidade com a realidade que permeia nos Centros acadêmicos quanto

a questão de analfabetismo funcional, que sintetiza o contrário de letramento

(CASTANHEIRA, 2011), onde não basta simplesmente ler e escrever, mas dominar

essas técnicas incorporando em nosso viver e transformando o nosso meio

(SOARES, 2005).

É comum vermos, constatarmos, embora não mais admissível principalmente

nos centros acadêmicos, que muitos passam por estudos e reflexões e ainda se

sentem analfabetos funcionais, questão que nos remete a uma outra vertente em

saber qual é o papel da universidade, e o que acontece para trazer assim resultados

de descoberta ao incorporar para si o analfabeto funcional,ou talvez já sejam

resquícios de um formação deficiente que permeou por muito tempo e ainda permeia

no sentido de não levar o educando a aprender com competência, conhecimentos

que façam sentido para ele.Nesta perspectiva é que Paulo Freire (2006) expressa:

“seria formidável se as universidades fossem planejando experiências em que a

compreensão do ato de aprender e de ensinar, deixasse de ser a casa mecanicista

que hoje é, para ser um processo de produção de conhecimento (p.43)”.

É possível ainda perceber diante da fala da professora de português, que ela

nos aponta elemento fundamentais para a compreensão e até tomadas de decisões

no sentido de rever o papel do professor, quanto a falsas concepções e equívocos

quando se pensa que a tarefa de ensinar a ler e a escrever é somente do professor

de português, mas de todos que percebam onde se encontra as deficiências e

dificuldades dos alunos para se trabalhar onde houver necessidade seja em

qualquer série que este se encontre ou até mesmo na faculdade,não devendo assim

se eximir da responsabilidade que é de todos o que também concordamos.

4.2.3 Alunos que chegam nas séries finais do Ensino Fundamental sem dominar a Leitura e a Escrita:

Podemos observar que muitos alunos ainda apresentam muitas dificuldades

de leitura e escrita em níveis até alarmantes e conforme acentuado anteriormente,

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enquanto até mesmo na universidade se percebe uma dificuldade com interpretação

o que demonstra níveis baixos de letramento, nesse contexto enfatizamos aqui a

dificuldade em ler,e escrever, na fase final do ensino fundamental, o que talvez

possa gerar um circulo vicioso onde o aluno avança de uma série a outra sem ter

esses domínios necessários, se propagando em serias deficiências que afetam a

sua aprendizagem.

Analisemos algumas concepções:

[...] porque não tiveram letramento na minha opinião.você vê muitos alunos custa, você vê tudo organizadinho no caderno, letra bonita mas nem entendem o que estão fazendo, eles não interpretam, não há preocupação em saber como ele esta aprendendo, e relacionando com a vida diária dele.Tem uma parte que se eu não me engano é Paulo Freire que diz assim, que tem o momento que o aluno enche a cabeça de coisas e quando ele não vê relação com a vida diária dele, vai excluir aquilo, porque foi um conhecimento que ele não vê sentido[...] (Profª Pedag).

Concordamos e reforçamos conforme expressou a professora pedagoga, que

ainda perdura muito essa realidade, onde percebemos realmente alunos copistas, e

que nada compreendem quanto ao que estão escrevendo ou lendo, e o que é

tendência nossa até por força de uma escola que apenas ensina copiar, a sermos

receptores de informações sem investir espírito critico, conforme argumenta Demo

(2005), situações essas muitas vezes detectadas durante o nosso estágio, o que nos

instigou a querer descobrir por que isso acontece, compreendemos que quando a

professora lembra Paulo Freire, talvez seja quando salienta que ensinar não é

encher a cabeça dos educando de conteúdo,como se bastasse você ensinar

matemática, geografia isso e aquilo e no dia seguinte, ganhasse independência, a

questão é saber o que é ensinar (FREIRE, 2006).

Ainda com relação á fala da professora, foi colocada uma série de questões e

motivos entre eles: o acompanhamento familiar, superlotação de salas, e as várias

realidades e dificuldades da escola pública, como sendo fatores como por exemplo

em que o aluno é promovido de uma série a outra sem saber ler e escrever,o que

requer uma reflexão quanto ao papel da avaliação escolar, processo complexo e

merecem estudos mais aprofundados para a compreensão em saber como se de e

como fará não só por parte da comunidade escolar , mas sobretudo de quem

elabora as leis em educação,sendo que um dos fatores relacionados a este

processo de promoção automática está atrelado aos altos índices de reprovação que

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por sua vez se torna inadmissível para a qualidade da educação básica a avaliação

deve contemplar um julgamento sobre o que o professor faz para ensinar e o que o

aluno faz para aprender para que o ensino e a aprendizagem aconteçam da melhor

maneira possível. (CAGLLIARI, 2006).

Vejamos ainda outras opiniões:

[...] Não sei, isso também me incomoda muito.Não sei se não foram muito bem preparados,também não quero jogar a culpa fica chato, não sei, eu acho que no geral, falta um interesse muito grande das crianças em relação as novas descobertas.Eu vejo assim,onde existe interesse tudo fica mais fácil sabe? talvez eles se interesse pelo data show e outros recursos que tem na escola,mas se não tiver um botãozinho neles que desperte esse gosto para eles descobrirem um sentido, eles vão usar todas as técnicas e tecnologias e não vão estar nem aí [...] (Profª de Mate.e Reli.).

Percebemos que a professora apresenta uma dúvida, quanto ao motivo dos

alunos chegarem nas séries finais do ensino fundamental sem dominar a leitura e a

escrita, ora pensa que foi por não serem bem preparados, o que incide a culpa recair

sim sobre o professor alfabetizador, embora não afirme; ora pensa que o motivo

principal, está no desinteresse do aluno, onde seus argumentos deduzem de

maneira mais enfática,afirmando que mesmo que sejam contemplados com a mais

moderna tecnologia que possa existir na escola, referindo-se a Data show por

exemplo,ainda não é necessário para sanar com o desinteresse de muitos alunos

que não veem sentido e importância em nenhum recursos e até em aulas

diferenciadas que as vezes fogem da rotina.

Vejamos ainda o que pensam os outros professores:

[...] Eu analiso muito esta questão dessa nova política educacional, você esta passando o aluno independentemente de aprender ou não, essa nova forma de avaliação que se dá para o aluno até o 5º ano que... Que ele não repete muitas vezes de ano, e o próprio sistema de educação favorece uma aprovação que prega por aprovar esses alunos, a tendência é ele continuar passando, chegar no 8º e 9º ano sem ler e sem escrever corretamente, chegar no ensino médio assim. Agora depende do interesse do aluno, realmente tem alunos que querem, mas também tem alunos que não tem interesse [...] (Profº de Geog).

Chamamos a atenção para a fala do professor de geografia quando diz

analisar essa nova política educacional, que estar promovendo o aluno

independentemente dele aprender ou não, o que também concorda o professor de

ciências, reforçarmos que são questões que merecem uma análise melhor no

processo de ensino e aprendizagem conforme acentuamos anteriormente e que

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necessita de um olhar mais critico e até desafiador, pois se trata de hierarquias em

leis de educação que vem da ordem de quem cria estas leis para serem cumprida,

parte que recai sobre a instituição escolar, este fator apontado pelo professor de

geografia talvez tenha influências não determinantes mas preponderantes que

influenciam e contribuem para a propagação desse quadro de fracasso e dificuldade

de leitura e de escrita.

[...] Bom, eu penso que isso é um pouco complexo porque envolve uma serie de fatores né? poderia pensar assim na primeira causa, há ele foi empurrado, aí foi talvez o primeiro descuido da escola, dos professores,é aquela coisa, mas acredito que os fatores extras escolares tenham uma interferência maior, porque se os pais não dão a devida importância as vezes até de perceber que seus filhos tem dificuldade de aprendizagem.[...] (Profº de Ciên).

Notamos diante dessas concepções uma certa ambiguidade e também uma

equilíbrio no teor dos motivos que levam os alunos a chegarem nas séries finais do

ensino fundamental sem dominar a leitura e a escrita,tendo um dos fatores

preponderantes segundo os entrevistados, o desinteresse do aluno, conforme

apontam os professores de matemática o de geografia e o de ciências, atribuindo

ainda uma parcela de culpa à família, afirmando que os fatores extra escolares

contribuem também, uma vez que se os pais não percebem em casa as dificuldades

que apresentam os seus filhos para lhes dar uma ajuda, contribuindo assim com o

trabalho do professor.Esse processo torna-se mais difícil, levando em consideração

os vários problemas que a escola enfrenta, entre eles a quantidade de alunos em

sala de aula, cada um com especificidades diferentes, que nem sempre o professor

é capaz de solucionar sozinho, enfatizando ainda com mais ênfase a culpa ser do

sistema.

[...] Eu vejo isso como deficiência, eu não sei apontar culpados, sei que tem vários, família, professor, e quando o problema é do professor o maior entrave é o tempo, temos que levar em consideração o tempo que o professor tem com o aluno, é curto, como trabalhamos com eficiência com a sobrecarga que temos 40, 60 hs? E se o aluno não tem interesse em aprender durante esse pouco tempo as coisas se complicam[...] (Profº de Mat e Ed. Fis).

Percebemos que reina ainda ser fator de dificuldade em ler e escrever como

sendo o desinteresse do aluno e quando a culpa recai sobre este justifica-se com a

sobrecarga, de trabalho dizendo ser quase impossível com a carga horária que se

tem, desenvolver um trabalho com eficiência; e quando falamos em carga horária,

compreendemos também que na maioria das vezes o professor se submete a

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jornadas mais longas de trabalho devido ao baixo nível de seus salários sendo

necessário esse desdobramento quanto ao complemento ou acréscimo da sua

renda, pois muitas vezes é baixo sendo insuficiente para suprir as necessidades

básicas do ser humano.(FREIRE 2006) expressa que: “Existe uma má formação do

professor brasileiro, e ao mesmo tempo, e ao desrespeito a pessoa desse

profissional, com o pouco que ele ganha é difícil encontrar até tempo para uma

formação melhor (p.52)”.

Quanto ao desinteresse do aluno, conforme insinuam alguns professores,

pensamos aí, serem fatores mais amplos e que merecem um estudo maior, acerca

das relações de desinteresse e apatia do aluno em sala de aula, ao mesmo tempo

em que também apontamos e concordamos com alguns sujeitos quando dizem estar

a causa principal, em algumas práticas pedagógicas, que não caminham e avançam

para promoção de alunos que desenvolvam o gosto pela aprendizagem significativa.

Sabemos que há inúmeras causas e fatores interligados, que contribuem com

esse fracasso do aluno conforme (CARVALHO 2011) assegura: “Não há uma causa

única para se explicar a situação a que chegamos onde mais de 90% de crianças

não conseguem aprender os níveis rudimentares de leitura e de escrita (p 75)”.

Pensamos está entre essas causas também inexplicáveis os motivos que apontam a

professora de Arte, talvez fatores psicológicos limitados conforme expõe: Baixa

visão, audição, falta de concentração entre outras, mas acreditamos não serem

fatores determinantes quando se tem o interesse e o apoio familiar também.

[...] Eu acho que tem uma série de fatores, tem que saber quais as dificuldades, se eles tem assim... se ele ouve bem, enxerga bem, se ele tem problema de concentração, certo?isso tem que ser detectado por todos os professores e pela família também outra coisa que eu acho que também influencia é que os pais também tem que ajudar na questão da alfabetização, ver como é que anda o filho na escola, se esta lendo, progredindo,se interessar pelos problemas dele.Eu acho que é basicamente isso[...] (Profª de Artes).

Nos motivos que levaram a uma das causas a falta de apoio,

acompanhamento e interesse da família, concordamos com que diz a (LDB) lei de

diretrizes e bases da educação, quando afirma que a educação é um direito de

todos e dever do estado e da família, embora esse direito seja assegurado ou

garantido, percebemos ainda que ha distância entre cumprimento desses direitos,

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especialmente quando existem famílias que se eximem desse dever, deixando recair

a sobrecarga de deveres e obrigações somente à escola.

Atribuir a culpa aos professores alfabetizadores conforme acentuam os dois

professores de Matemática e o Pedagogo é desconfortante e eles têm esse cuidado

em não apontar esses supostos culpados, todavia mediante ao que já citamos

anteriormente, contemplado na fala de Carvalho (2011 P. 71) dizendo: “não haver

explicação para essa situação”, acreditamos haver uma incógnita de relações entre

políticas educacionais e práticos pedagógicas, pois sabemos que existem fatores de

ordem mais amplas no que concerne as hierarquias de valores e poderes dos que

estão a frente da educação, por outro lado está o professor com a oportunidade de

estar frente a frente com o aluno em contato direto com ensino e aprendizagem e

autor principal que subsidia a aquisição das habilidades de ler e escrever com

competência.

Consideramos quando Caglliari (2001 p.7-8) provoca, perguntando: “o que o

aluno faz em 8 anos de estudo, saindo da escola apresentando tantas dificuldades”

certamente deve haver fatores que precisam sim ser analisados com mais cuidado,

e termos clara e conscientemente os vários fatores que influenciam e interferem ao

mesmo tempo, e que não podemos deixar de rever o papel do professor com mais

cuidado ainda, uma vez que é este um dos elos principais entre ensino e

aprendizagem, consideramos se todos os professores,não só os de alfabetização

contribuísse com a aprendizagem dos alunos, certamente teríamos resultados mais

eficazes e satisfatórios do que apontar culpados pelas deficiências do

aluno”.Ressaltamos que este é um dos fatores centrais na discussão do nosso

trabalho.

Gostaríamos de assinalar ainda com maior ênfase quanto ao que diz a

professora de Português:

[...] porque não se esta trabalhando a dificuldade do aluno em tempo hábil e devido se você não trabalha a dificuldade da criança, não adianta ela não deslancha. Só se deve trabalhar com conteúdos quando o aluno ler e compreende o que ler, e o que mais acontece é que na maioria das vezes, se dar prioridade aos conteúdos e não se ensina o que deveria ensinar que é ler e escrever. Os pais não tem a obrigação de ensinar(gestos entre aspas) os conteúdos que a escola oferece né? quando parte de outras áreas não,educação é com os pais,religião é com a igreja, bons modos, é dentro de casa tá? Se isso ta faltando e ele chega para a escola resolver, ai

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são outros quinhentos. Agora, a tarefa mesmo que é ensinar, é um lugar para tudo, mas a tarefa mesmo é de ensinar.Então quando não esta acontecendo o ensino então a falha é nossa, entendeu? Eu vejo assim (Profª de Port)

Enquanto os outros referem- se a fatores como o sistema, a escola, família,

carga horária excessiva, ela afirma ser do professor que não ensina como deveria

ensinar como falha, que sendo da escola é do professor, gostaríamos de reforçar

essa fala da professora de português concordando que para que haja aprendizagem

é necessário que tenham o ensino, e que este passa necessariamente pelo

professor Demo (2005) diz que: “qualquer proposta qualitativa na escola encontra se

na qualidade do professor, a relação mais sensível, que precisa desenvolver o seu

trabalho com competência, e preparo, especialmente no que se refere às suas

práticas, revendo onde é preciso melhorar, onde teve sucesso progredindo em

algumas e evitando outras (26)”.

E de acordo com Zabala (1998) “Nosso argumento consiste em uma atuação

profissional baseada num pensamento prático, mas com capacidade reflexiva

(p.61)”.

Sendo assim, podemos afirmar que a professora de português está

cumprindo esse papel de reflexão da sua prática, quando afirma que se o aluno não

aprendeu é por que não houve o ensino, entretanto não podemos deixar de

concordar também que os outros fatores apontados pelos outros professores,

também influenciam e tem sua parcela de contribuição, todos juntos e nenhum

isoladamente. Acreditamos que quando os PCNs (2001) sugerem uma necessidade

de reestruturação do ensino de língua portuguesa, com o objetivo de encontrar

formas de garantir de fato, aprendizagem da leitura e escrita não significa dizer que

a solução para sanar esse quadro de fracasso de leitura e escrita, esteja na

restrtuturação, dessa disciplina somente, mas em uma recomposição de outros

fatores envolvidos também que contribuem para essa falha onde os alunos chegam

no ensino fundamental sem o pleno domínio da leitura e da escrita.

Por outro lado ainda a professora de português quando assegura que

conteúdos de língua portuguesa eles veem no ensino médio ou quando precisarem

para fazer um concurso ou vestibular, deixa de estar cumprindo também esta parte

que não é determinante mas que também é relevante para se entender alguns

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conhecimentos, tarefa que cabe á escola ensinar e não aos pais, pois a estes

compete ensinar valores e boas maneiras mas é na escola que se aprende a ler e

escrever e quando o aluno não aprende, a culpa é do professor.

4.2.4 Praticas metodológicas dos professores que co ntribuem para o letramento

Acreditamos que uma boa prática, construída, planejada e com objetivos

traçados que estejam ao alcance entre o que se pretende fazer e o que é realmente

feito, sobretudo com conhecimentos necessários de como fazer, conduzem ao bom

resultado surtindo efeitos salutares e que podem contribuir para a promoção de

sujeitos letrados, que sejam capazes de atuar nas práticas sociais de leituras e

escritas e sendo assim, poder intervir.

Vejamos a contribuição dos professores quanto a estas práticas:

[...] As vezes ainda é pouco até por conta do espaço que a gente tem, mas a gente tenta fazer o possível a gente traz textos diversos para ler, a gente faz um trabalho em cima do que eles gostam, que tragam significados para eles, além de noticias que venham interessar a eles e seja significativo.A contextualização, porque não adianta você se preocupar com a quantidade de conteúdos e deixar a qualidade de lado (Profª Pedagoga).

Temos ai uma contribuição da professora pedagoga, pois quando diz fazer o

possível, trazemos diversos textos que tenham significados para os alunos, além de

estar sempre contextualizando, a exemplo de notícias e outros, é uma prática que

sem dúvida já contribuem para a promoção de alunos letrados. Kleiman (1995),

confirma dizendo que: “No processo de letramento escolar os alunos lidam com

diversos tipos de textos, dicionários, atlas, murais, avisos, notícias, e que quanto

mais intensivos forem o contato, apropriação e a utilização desses diferentes tipos

de escrita, mais elevado será o letramento escolar”(p 21.)

[...] Não está falando coisas sem que realmente eles compreendam, é preciso ter esse cuidado, nas aula de religião eu tento conversar, aproveito para ensinar algo que toque profundamente neles, trazer para a vida deles o que tenham significados. Acho que é pouco ainda, mas tento melhorar, interagir com todos, quando se trabalha de forma conjunta o trabalho anda mais, eu estou sempre me autoavaliando, e sei que eu preciso melhorar, sei que depende de mim, estou pedindo a Deus a graça, a gente precisa de mais contato para reflexão (Profª de Mat e Relig).

Podemos assinalar duas questões extremamente importantes nesta fala, a prática

reflexiva da professora, pois é importante para o professor tomar consciência do que

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faz ou pensa, a respeito da sua prática pedagógica(LIBANEO, 2011).Por outro lado

a professora aponta a necessidade da interação entre todos, pois quando se

trabalha de forma conjunta o trabalho avança, progride, neste sentido

compreendemos aqui uma interação entre corpo docente e discente, e uma relação

entre todos, inclusive uma harmonia entre as práticas de todos os professores

envolvidos para o sucesso deste trabalho em tornar os alunos letrados.

Apontamos ainda a necessidade de se trabalhar com o letramento no ensino

da matemática, pois em todas as disciplinas é possível trabalhar na perspectiva do

letramento e da aprendizagem significativa, todos os professores, de artes,

português, matemática, geografia e outras podem contribuir (CASTANHEIRA, 2011).

É possível perceber também ainda na fala do professor de matemática e

religião que o enfoque e o tempo para se trabalhar na perspectiva do letramento é

nas aulas de religião, onde introduz e reflete valores essenciais para a vida dos

educandos, acreditando ser possível nesse momento preparar o aluno para atuar de

maneira autônoma, e reflexiva na sociedade e na vida.O professor precisa ter

autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que pode e deve fazer parte do

cotidiano da escolar, tendo autonomia na escolha daquilo que é relevante para o

aluno, e mesmo que julgue as vezes não ser importante, talvez seja necessário

devido a necessidade e do apelo das exigências na sociedade.

A reflexão da prática pedagógica fica assim, sendo um fator preponderante e

decisivo para retomadas de ações e novas práticas que façam sentido, contribuindo

para o letramento de nossos alunos.

Vejamos o que pensa o professor de Geografia:

[...] Se eu trabalho com algum método? há sim, quando eu trabalho geografia eu procuro esta relacionando mais de perto com o dia a dia deles, a realidade deles o cotidiano, eu contextualizo, procuro trazer textos, músicas para relacionar com o local para facilitar o entendimento deles, nesta concepção eu estou sim trabalhando o letramento (Professor de Geog).

Interessante acentuar que no início da nossa entrevista, a ser questionado a

respeito da compreensão que tinha sobre a Alfabetização e Letramento, o nosso

entrevistado, apontou desconhecer essa palavra, após serem feitas algumas

considerações sobre o tema, ele relatou a suas práticas trabalhadas em sala de

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aula, o que acreditamos também estar contribuindo para a promoção de alunos

Letrados, o que nos chama a atenção quanto ao desconhecimento ao termo

letramento, e ao conhecimento, habilidades, competências e práticas que tornam o

aluno letrado, o que sintetiza no final de sua fala “nesta concepção eu estou sim

trabalhando o letramento”. Ao mesmo tempo em que enfatiza esclarece algumas

práticas trabalhadas em sala de aula com conteúdos que façam parte da realidade e

do cotidiano do aluno, para não ficar distante do seu mundo e mais fácil para a sua

compreensão, onde chama a atenção por exemplo sobre o capitalismo, onde tenta

conscientizar e trabalhar a questão do consumo, interferindo com o que o aluno vê

na TV ou ouve, para não se deixar levar por propagandas, explicando a importância

de se pensar nestas questões e ter mais um olhar critico.

[...] Alem de fazer aquela parte especifica que é a parte de ensinar propriamente dito, eu acho que se você começa incluir questões da comunidade para conseguir trazer, as lendas, os mitos locais, acho que isso pode ajudar o aluno ter uma visão de mundo, na medida em que ele esta inserido nessa comunidade, tem essa cultura própria, então aquele aluno que vê isso na sala de aula, ele vai ter um interesse maior e pode ajudar no letramento e na alfabetização dele, outra coisa é ter essa união entre os autores ali na escola que são os professores mas também os pais o interesse dos próprios alunos em quere aprender (Profº de Ciên).

Compreendemos essa fala do professor de ciências e a sua contribuição

quando expõe ser importante para o aluno trazer questões da comunidade dele, da

realidade, no entanto sentimos a necessidade de perceber de maneira mais clara a

forma como se é trabalhado e o teor dessas lendas e mitos para tornar os alunos

letrados.

Reforçamos ainda o desejo e a necessidade de um trabalho em conjunto,

harmonioso conforme aponta o professor de ciências, para a viabilização de

algumas propostas escolares que possibilitem o letramento, conforme também

acentuou a professora de matemática quando diz que o trabalho avança quando há

uma interação conjunta entre todos.

Analisemos a fala do outro professor quanto às suas práticas:

[...] com textos que envolvam histórias a história da matemática, leitura por parte dos alunos, leitura compartilhadas e discussões, a discussão Em matemática mesmo eu trabalho textos em toda a minha carga horária, a mais de três anos na área de matemática eu estou me dedicando à leituras de textos, trabalhar com textos, que falem da realidade do dia a dia demonstrando interesse pelo problema do aluno também fugir de conteúdos, como acontece, o professor só dar conteúdo o tempo todo e

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esquece do que interessa o aluno. Eu acredito nas minhas práticas na minha metodologia e nos meus objetivos e eu acho que são bons ( Profº de Mat e Ed. Fis.).

Esperamos que ao se trabalhar com esses textos em matemática, com a

história da matemática esteja-se trabalhando também a qualidade desses textos, e

que realmente favoreça a prática de alunos letrados.Reafirmamos a importância da

reflexão da prática, conforme aponta o professor de matemática quando diz, fugir de

conteúdos ou da quantidade excessiva de conteúdos, esquecendo se do que

realmente importa que é a aprendizagem significativa, o que é possível somente

com a qualidade, enquanto que a quantidade é fator irrelevante.O professor de

geografia aponta ainda contribuir com o letramento tendo a estratégia de se

interessar pelos problemas do aluno, pois quando este sente que o professor

também se preocupa com os seus problemas, é possível uma relação maior de

compreensão, companheirismo e interação indispensáveis a uma boa aula.

Assim diante ainda da qualidade e não da quantidade em relação a esses

conteúdos, presume-se que dentro desta perspectiva, seja real o que Demo (2005)

enfatiza “Assim é necessário mostrar porque a matemática é necessária para a

cidadania das pessoas, ou porque falar a língua materna, faz parte do cidadão

participativo ou porque alfabetiza-se é questão chave de combate a pobreza política

da população (p 42)”. Isso também é proporcionar o letramento.

[...] Olha,interpretação de textos,letrados mesmos? Eu me preocupo mais mesmo no momento é com a alfabetização, eu faço ditados para saber como é que eles estão , se estão escrevendo bem, e faço textos para eles interpretarem.primeiro eu faço o ditado e observo quem tá escrevendo o que eu falo, depois nas minhas provas e testes, eu coloco textos e observo que é que esta interpretando o que esta escrito, olho os textos que eu trago por exemplo de cultura afro do 8º e 9º ano é para relacionar com conteúdos daquela disciplina, aí faço a relação de negro hoje,como é que estão? Por que os indígenas estão indo para os centros urbanos? Entendeu? como é que o negro esta se destacando? Como é que ele pode melhorar de vida? Então isso é atualidade (Profª de Artes).

Percebemos certa confusão quanto às práticas que possibilite tornar o aluno

letrado, quando revela, uma preocupação mesmo com a alfabetização ler e

escrever, e menos com a qualidade desta leitura, preocupa se com a leitura

interpretação que podem muito bem fazer alunos alfabetizados, mas não letrados,

quando Kleiman (2005) explica que “é possível ser letrado sem ser alfabetizado”,

percebemos ai uma preocupação ao desejo de se alfabetizar ler e interpretar e

menos com aplicabilidade que terá essa leitura na vida em sociedade. Acreditamos

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também que a professora trabalha como sendo da atualidade através dessas

perguntas e questionamentos na disciplina de Cultura afro, já deve fazer parte

quando se trabalha temas como este para que traga significados a vida do aluno.

No que se refere a percepção de confusão desses termos Soares (2003)

explica que: “No Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no

conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre

proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois

processos que prevalecia do conceito de letramento(p 9)”.

Vejamos o que diz a professora de português:

[...] Eu gosto muito que tenham contato com textos, o meu desejo é que eles tivessem contato é com os livros, mas eu sempre costumo eu não passo uma semana sem ler com eles, ler, ler mesmo, ler um texto ler um parágrafo, ler alguma coisa, sempre enfatizar a leitura, conto com diversos gêneros textuais livros, revistas charges, cartas leituras coletivas fabulas e outras que contribuam para que o aluno leia, compreenda e lhe atribua significado. ,.Então fiz uma seleção de diversos textos e fixei no mural para eles terem um maior contato com a leitura.Eu acredito que é inadmissível principalmente para um professor de língua portuguesa, não detectar se o aluno sabe ou não ler e escrever, não existe! Por isso eu bato firme e digo na frente de quem quiser, A culpa é do professor [...] ( Profª de Port).

Sublinhamos que a fala da professora de português traz inúmeros elementos

e informações necessárias a respeitos de suas práticas metodológicas que as vezes

é interpretado por muitos conforme ela aponta, ser considerada tradicional, quando

pede para o aluno ler em sua mesa para que possa sondar como anda a leitura de

determinado aluno e dentro é claro, da perspectiva do letramento quando explica os

tipos de textos que são trabalhados , fixados em um mural também, além do

trabalho com fábulas, cartas, notícias, charge, dicionários, e outros.

Nos remetemos agora a sua fala quando diz “nós somos muitos, se todos

procurarem ajudar um pouquinho todo mundo cresce”, se o aluno aprende,

compreende ele se dará bem em todas as disciplinas, referindo se quanto ao fato de

alguns professores terem ainda a concepção errônea e equivocada, de achar que a

responsabilidade com leitura e escrita é do professor de língua portuguesa, talvez

favoráveis ao que trata os PCNs ( 2001),quando diz que desde o início da década de

80 o início de língua portuguesa na escola, tem sido centro da discussão a cerca da

necessidade de melhorar a qualidade da educação no país. Entretanto, conforme

discutimos anteriormente, referente às causas de fracasso escolar, soma-se a isso,

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62

outros fatores também importantes a serem considerados juntamente e não um

único fator isoladamente, ao mesmo tempo que não cabe apontar a culpa desse

fracasso.

Há necessidade de rever e reformular a formação do professor das séries

iniciais do Ensino Fundamental de modo a torná-los capazes de enfrentar o grave

reiterado fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras

(SOARES, 2006).

Entendemos que existem muitos argumentos e possíveis causas quanto ao

fracasso, ao analfabetismo e poucas ações e medidas eficazes no sentido de

reverter esse quadro. Ainda quanto a atribuição de responsabilidade sobre a

professora de língua portuguesa Kleiman (1995) alivia, afirmando que: “O conjunto

de práticas desenvolvidas nas escolas para aprender os usos da língua escrita, é o

que vem a ser letramento escolar. Envolve não só o ensino de português mas

também a leitura e a escrita praticadas nas demais disciplinas”. Sabemos que para a

viabilização dessa proposta é parte integrante e indispensável a contribuição de

todos os envolvidos comungando e trabalhando para os mesmos objetivos. Arroyo

(2011) é muito expressivo quando afirma: “Todo conhecimento que ensinares, toda

competência que cultivares ampliará as possibilidades de inserção e de participação

social, formará as capacidades intelectuais, éticas estéticas, indenitárias,

desenvolvimento mental. Ensinemos os conteúdos de cada área e estaremos

viabilizando a capacidade dos alunos de exercerem plenamente sua cidadania

(p37)”.

É o que pensamos contribuir de maneira significativa, o pensar o falar e o

fazer em harmonia com todos, objetivando prioritariamente a leitura e escrita com

competência tornando sujeitos letrados.

4.2.5 Como a escola tem contribuído para o letramen to dos alunos

Sabemos que o papel desempenhado pela escola, além das atividades

sistemáticas de ensinar a ler, escrever contar e calcular conforme já assegura os

PCNs (1998), vão além desses processos, na maioria das vezes e dependendo de

cada realidade social e cultural em que está inserido, a escola vai mais adiante

antes de tudo é vista como uma instituição capaz de viabilizar ou proporcionar ao

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63

aluno, uma formação profissional, identitária , moral, social desenvolvendo

requisitos básicos e essenciais para que se tornem um cidadão consciente de seus

direitos e deveres, atuando de maneira critica autônoma e reflexiva na vida em

sociedade.

Entretanto, a depender de variados fatores envolvidos entre eles o objetivo e

ações conjuntas de gestores e corpo docente, estudo, reflexão e ação do projeto

político e pedagógico de cada escola se não forem priorizados objetivados e

trabalhados com eficácia , a escola poderá ou não desempenhar o seu papel, de

maneira progressiva ou regressiva e consideramos aqui essa regressão no sentido

de que as vezes a escola não alcança resultados mais eficientes quanto ao seu

papel de ensinar deixando algumas falhas e lacunas que se não sanadas podem

acarretar inúmeros problemas à aprendizagem do aluno.

Vejamos o que pensam os nossos entrevistados ao que concerne o papel da

escola, e em nosso contexto específico saber se ela tem contribuído para tornar

alunos letrados:

[...] o papel da escola é tentar interagir família, escola, o papel da escola é justamente isso fazer com que o aluno sinta prazer em estar na escola. Hoje a escola acaba sendo a família desses alunos, feliz ou infelizmente a escola ta sendo isso, a válvula de escape, você ver tem alunos que vem se alimentar na escola, tem dias que você tem que fazer o papel de psicólogo, conselheiro, a escola para muitos alunos é a casa deles. Eu acredito que alem de fazer ler e escrever ela também tem cumprido esse papel de casa. Você ver que na faculdade a gente aprende uma coisa mas na realidade é de outra forma e isso faz com que você veja a escola de outra forma, porque na verdade a gente trabalha com seres humanos, cada cabecinha é um mundo diferente, você tem que ta se adaptando a conviver com isso ( Profª Pedagoga).

[...] Formar o cidadão de forma critica sei lá... pelo menos eu vou tentar durante esse ano mudar muitas coisas, minhas praticas,eu preciso me dedicar mais, principalmente nas aulas de religião que a gente reflete muito,o que é que eu preciso para mudar a minha vida e outras coisas, eu to tentando passar assim, dizer que o futuro depende deles, eu fico as vezes angustiada, preocupada, tentar fazer com que ao menos tenham opinião própria (Profª de Matemática e Religião).

Recordamos o que nos assegura a lei maior no país, a constituição de (1988)

que expressa em seu artigo 205: a educação direito de todos e dever do estado e da

família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.

Entretanto, é possível perceber diante do contexto social conforme dito

anteriormente que a escola passa a ser para muitos um lugar de apoio e de relações

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múltiplas onde seu papel, juntamente com os envolvidos nesta instituição, gestores,

professores, alunos acaba tendo maiores responsabilidades e sobrecarga,

realizando ou promovendo ações que muitas vezes a família se exime em fazer.

Podemos contemplar isso na fala da professora pedagoga quando diz que o papel é

tentar interagir família e escola, até mesmo como pedido, o que na integra seria uma

obrigação na família, colaborar com a educação e aprendizagem dos filhos.

Quando aponta que a escola acaba sendo a família e a casa desses alunos,

pressupomos e evidenciamos que a família está deixando de cumprir o papel que

lhe compete realizar, ao mesmo tempo em que afirma a escola ser válvula de

escape, onde muitos vem para a escola para se alimentar, confirmamos que a

negligência no cumprimento do papel da família considerando ser injusto que a

escola desempenhe um papel que não compete a ela fazer, levando em conta que

são muitos os afazeres responsabilidades e deveres dos professores,afetando

qualidade do seu trabalho se tem uma sobrecarga maior tendo que desempenhar o

papel de psicólogo, pais , conselheiros e outros não tendo preparo na maioria das

vezes para desempenhar estes papeis.

Percebemos certa angústia e bem vinda, na fala da professora de matemática

e religião quando busca uma forma de auxílio e oportunidade durante o tempo em

que acontece as aulas de religião, tentar introduzir valores e reflexões que

contribuem para a vida do aluno.

Acreditamos que uma das fórmulas mais eficientes competentes e

responsáveis para a mudança de prática de um professor é a sua postura reflexiva,

a sua inquietação em saber se determinadas praticas estão surtindo ou não efeitos

positivos ou negativos contribuindo ou não da mesma forma, para uma

aprendizagem significativa.

[...] A escola a escola é aquela coisa os professores tem que estar engajados nesse processo, tem que haver projetos realmente que tenha significados, significar o conhecimento ou seja, de você fazer uma promoção do conhecimento que envolva várias disciplinas, relacionando com o local, que relacione e contextualize, para facilitar a compreensão dele.A escola tem essa função, porque em casa a gente tem aquela questão de educação, a gente cria valores, mas na escola você vai ter essa bagagem de conhecimento, que é necessário para você ter um futuro mais promissor[..] (Profº de Geog).

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Verificamos diante dessas concepções do professor de geografia, que à

escola cabe o papel de ensinar, de transmitir conhecimentos, que sejam uteis para o

aluno ter sucesso no trabalho e na vida e que a família cabe ensinar ouras maneiras

de educação, valores enquanto a escola talvez trabalhe para ensinar o aluno a ter, a

competir a ter sucesso profissional a família ensina valores por exemplo de ensinar

talvez que o “ser é melhor do que o ter”.

Em sua fala percebemos também, que deseja quando expressa que a

questão não é só essa de ensinar para a competitividade, para ter um futuro

promissor, mas também formar para a cidadania e se manter informado do que

acontece no mundo e não é na escola quer queira ou não que se buscará esta base,

e que proporcionará isto, enfatizando a importância do papel do professor que é de

inteira responsabilidade, ao transmitir esses conhecimentos que o aluno leva para a

vida toda se passada de forma competente.A verdadeira aprendizagem proporciona

através da mediação do professor independência e competências para buscar o seu

próprio saber.(CAGLLIAR 1996). Concluindo dizendo que a escola cumpre essa

função primordial.

[...] Eu acredito que a gente ainda não atingiu o objetivo maior da escola, claro que a gente está caminhando, hoje talvez seja melhor do que tempos passados, mas a escola ainda não é aquela escola ideal né? Porque os alunos acabam saindo da escola sem que os objetivos para que a escola existe sejam cumpridos objetivo, acho que a cada passo a gente vai avançando e um dia que sabe a gente chega lá ( Profº de ciências).

Ao contrário do que pensam os professores acima, o professor de ciências

afirma que a escola não está cumprindo ainda de maneira eficiente, o papel para o

qual ela existe ou objetiva quando enfatiza as questões de fracasso, e domínio de

leitura interpretação, especialmente nos casos de alfabetização e letramento e

cálculos numéricos, onde se percebe acentuadas dificuldades por parte dos alunos o

que evidencia que a escola ainda não está cumprindo o seu papel, mas que pode

avançar a cada dia para se tornar uma escola ideal e talvez busque aquele ideal

naquilo que Lenner (2002) defende que: “O necessário é fazer da escola um âmbito

onde ler e escrever sejam práticas vivas e vitais (p.18)”.

[...] Fica difícil, viu? Fica difícil.eu acho que muitos veem a escola como uma válvula de escape.Eu acho que a família é importante porque se a família anuncia, a escola vai ser para eles o que a família anuncia,se a família que a escola vai ser a salvação dele, então ele vai a escola com salvação,se a escola é boa para o tempo passa ou porque tem merenda, ele vai só para merendar,se a família quer se livrar do filho, a escola vai ser para ele um

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lugar de diversão.É muito... assim, cada uma vê a escola de forma diferente (Profº de Mat e Educ Físi).

Notamos a semelhança de opiniões entre a visão do professor de matemática

e do pedagogo ao dizer que a escola acaba sendo uma válvula de escape, ao

mesmo tempo que reforça o papel da família na contribuição para a aprendizagem

dos filhos e outros saberes necessários para viver a vida em sociedade, o

necessário seria tornar real o que respalda os PCNs (1998) em sua introdução

quando fala da interação escola e comunidade:

A interação entre a equipe escolar, alunos pais e outros agentes educativos, possibilita a construção de projetos que visam a melhor e mais completa formação do aluno. A separação entre a escola e comunidade demarcada pelas atribuições e responsabilidades e não pela realização de um projeto comum (p.43).

É certo que a união entre essas duas instâncias família e escola, sejam

pautadas no sucesso, no avanço do ensino e da aprendizagem e que a dissociação

uma da outra poderá causar resultados negativos e frustrantes.Percebemos também

claramente o professor de matemática assim como os demais professores citaram o

papel da família como um dos fatores indispensáveis também na educação dos

filhos,apontou de maneira mais enfática na família, onde o aluno tem por guia ou

modelo, a família, demonstrando a sua maneira de ver a escola desse jeito.

Não podemos deixar de concordar que a importância da relação escola e

família deve ser ponto de preocupação da escola “a escola é essencialmente um

espaço de fonte de formação e socialização não podemos restringir a participação

das famílias apenas nas reuniões escolares, festas comemorativas, mas abrir uma

interlocução dinâmica e constante entre estes dois espaços de produção do

conhecimento (LIBANEO, 2011).

Resta à escola tentar buscar e tornar claro o papel da família, para esse apoio

essencial onde esses dois espaços família e escola, se complementem e não tornar

cada vez mais distante, o que não possibilitará o sucesso almejado.

[...] estávamos falando de professores agora da escola né? Fazer projetos para a criança se interessar mais também a questão de e detectar os problema dos de cada um, as deficiências como eu falei anteriormente, tem que se aproximar mais das famílias, trazer matérias interessantes, que eles possam se entusiasmar né? Está faltando alguma coisa? sei lá... pode também incentivar com premiação, alguma coisa, sei lá... incentivar, incentivo né?” (Profª de Artes).

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Destacamos ainda também na fala da professora de artes à ênfase a

aproximação das famílias que será parte decisiva da escola, através de seus

programas de ensino, eventos, projetos e outros, promovendo estímulo entre alunos

e família na escola.

Vejamos agora o que diz a professora de português:

[...] O papel da escola é ensinar eu ainda acredito na educação e acredito que se todo mundo fizer a sua parte, trabalhar juntos, o segredo é motivar, a gente ta concorrendo com a tecnologia, então como a gente concorre com a tecnologia a gente tem que se virar nos trinta (risos), a gente precisa se inovar, criar, Hoje não dar para ficar sem estudar, todos os dias os conceitos mudam.[..] (Profª de Port).

Acreditamos diante dessa expressiva fala da professora de português que

tem a mesma concepção da professora de artes, quando se refere a essa

motivação, que a escola precisa ter e fazer para fazer sentido para o aluno.

Sublinhamos a importância da reflexão da professora quanto ainda a sua

metodologia em sala de aula, pois este é um ponto crucial para a mudança e até

mesmo a reestruturação do ensino e da aprendizagem, pautados em aulas

diferenciadas onde o aluno encontre sentido e tenha prazer em aprender, o que

aulas meramente expositivas e sem novidades são incapazes de proporcionar, sem

o estimulo, a motivação, torna se mais difícil a realização de alunos críticos,

autônomos e letrados.

Concordamos plenamente com Becker (2003), quando diz que: “Os alunos não

suportam repetir o que não lhes faz sentido, e que a escola deveria visar o aumento

da capacidade de aprender importante nos dias atuais (p.34)”.

Outro ponto que merece destaque ainda ao que pensa professora de

português, quanto ao que cabe a família e a escola fazer, entendemos estar

vinculado ao que já enfatiza os PCNs (1998), “A educação escolar deve constituir-se

em uma ajuda intencional, sistemática, planejada e continuado para crianças,

adolescentes e jovens durante um período de continuo e extensivo de tempo,

diferindo de processos educativos que ocorrem na família, no trabalho, na mídia, no

lazer e nos demais espaços de construção de conhecimentos e valores para o

convívio social (p 42)”.

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É preciso buscar essa distinção e clareza dos papeis diferenciados que

cabem à família e a escola fazer, buscando medidas e mecanismos mais eficazes,

para a inserção da família na escola, desenvolvendo cada uma simultaneamente o

papel que lhes compete e realizar.

4.2.6 Algumas considerações dos nossos entrevistado s sobre as práticas metodológicas, seus objetivos e a importância do le tramento para a formação dos nossos alunos

Finalmente foi solicitado aos sujeitos entrevistados que fizessem algumas

contribuições a respeito da temática que norteou o nosso estudo e assim a nossa

entrevista. Acreditamos que diante de algumas concepções e reflexões durante o

tempo em que se deu a entrevista, ficaram assim sintetizados alguns conceitos e

opiniões bem como possíveis mudanças quanto a algumas práticas que não

possibilitam uma aprendizagem significativa, bem com o reforço de outras que

igualmente proporcionam o aluno tornar-se letrado.

[...] Procuro fazer projetos, jogos que falem a linguagem do aluno, tenho tentado fazer o diferencial, que vise levar esse aluno a compreender o que ele vê na escola, porque quando ele relaciona o que ele aprende na escola com a vida, ele se interessa, ele participa,porque é interessante a participação dela, a gente também aprende com a bagagem deles.Então assim , a partir do momento em que há interação, professor aluno, aluno professor, a aprendizagem acaba sendo significativa (Profª Pedag).

Levando-se em consideração essa necessidade até mesmo o apelo que o

aluno tenha esse domínio em práticas sociais onde não basta somente decodificar

palavras ou textos, mas acima de tudo compreender, e sendo assim tornar-se

letrado, e se adaptar às mudanças que a cada dia se exige na sociedade , faz-se

essencial também essa mudança de práticas e consciência assim como novas

posturas por parte do professor, quanto ao que possibilite a esse aluno adquirir uma

aprendizagem significativa.E conforme aponta a professora de português, e a de

artes, através da motivação que é importante para ele, fazer com que participe,

tornando interativa a relaço alunos e professores, pois este também aprende com

experiências que os alunos trazem para escola, é o que confirma ainda os PCNs

(1998), quando diz que: “Valorizar o conhecimento do aluno considerando suas

dúvidas e inquietações, implica promover situações de aprendizagem que façam

sentido para ele”(p 43).

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[...] Creio que preciso melhorar, a cada ano eu reflito o que foi que eu fiz, se preciso melhorar se falhei, tento melhorar, como eu falei eu sei que eu preciso melhorar a cada dia , me auto avaliar o que foi que eu fiz, sei que depende também de mim não só do aluno, o que eu estou fazendo nas minhas aulas? Quer dizer a escolha por esta área, não era necessariamente o que eu queria, mas eu vou tentar dar o melhor de mim, para contribuir com algo que faça sentido para eles.[...] (Profª de Matem e Relig).

Considerando como fator preponderante, extremamente importante,o

progresso para uma aprendizagem significativa, especialmente no contexto de

letramento, esta postura critica e reflexiva, que faz a professora de matemática,

onde apresenta essa capacidade e sensibilidade para se auto avaliar, tarefa difícil,

onde muitas vezes, é mais fácil negar, esconder erros ou falhas do que assumir

algumas culpas,pensamos ser um fator decisivo a postura do professor, bem como

suas práticas e suas condições de possibilitar, criar situações de aprendizagem que

contribua para a vida do aluno em sociedade.

Não podemos deixar de reforçar o que dizia Paulo Freire (2006), “Não há

outro ponto de partida, em nenhum processo educativo correto,que não seja o ponto

em que estão os educandos, e não do ponto em que pensam que estão os

educadores (p 51)”.

Interessante ainda enfatizar que a professora de matemática apontou como

necessidade de rever e modificar as suas práticas após responder e refletir a

pergunta do nosso questionário fechado especialmente quando se refere à

satisfação pelo trabalho e a escolha por sua área de atuação, conforme expressou

no momento da nossa entrevista.

[...] ó como tem pouco tempo que eu estou ensinando, mas eu procuro sempre esta fazendo o melhor para facilitar a aprendizagem, é claro que com o tempo a gente ver que determinadas praticas não dão certo eu estou buscando fazer um trabalho diferenciado que seja o melhor para que eles aprendam, para que eles adquiram conhecimentos, porque é necessário para eles, e com eles eu estou também aprendendo alguma coisa,não sei o conceito de letramento, mas se for isso eu estou letrando (Profº de Geog).

Compreendemos a importância e reforçamos essa necessidade de estar

revendo e refletindo essas práticas conforme convergem e acentuam os professores

de matemática e religião e o de geografia pois , repetimos, é um fator decisivo que

contribui para a aprendizagem, partindo do pressuposto e com base em algumas

discussões em sala de aula, quando há falhas na aprendizagem é porque houve

falhas no ensino, por isso essa reformulação do papel do professor.

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Ao mesmo tempo acentuamos também e podemos até afirmar diante das

falas dos professores e de alguns autores, que existem outros fatores que também

influenciam para uma aprendizagem não significativa, e que não cabe somente ao

professor essa culpa por esse fracasso, antes é preciso uma análise cuidadosa para

verificar a parcela de culpa de cada um desses fatores envolvidos.

Em relação ainda à fala do Professor de geografia quando diz tentar novas

práticas para atingir o objetivo, mesmo sabendo que vão ficar falhas, e mesmo

assim buscar um trabalho diferenciado, é claro sempre pautado nos objetivos

maiores que é levar o aluno a ler e escrever com competência e sendo assim torna-

lo letrado.

[...] Sobre as praticas particularmente é uma coisa que me angustia muito, eu acabo reproduzindo a escola que eu tive né? Assim então as praticas que meus professores tinham eu acabo reproduzindo que é aquela pratica maia tradicionalista. Minha contribuição com o letramento dos alunos é justamente nesta área onde eu percebo que meus alunos de ensino fundamental de 6º ano, muitos deles tem dificuldade de ler e interpretar textos, então isso me angustia porque eu tento fazer alguma coisa de maneira diferente [...] (Profº de Cien).

Percebemos mais uma vez a angústia que persiste, durante as reflexões nas

práticas pedagógicas dos professores, e compreendemos assim, como um ponto

importantíssimo, essa angústia, ao tornar-se preocupação , que gera inquietação e

consequentemente ações para reverter esse quadro de fracasso no ensino e na

aprendizagem.

Focalizamos ainda quando o professor expressa essa angustia como reflexos

de reprodução da escola que teve, enfatizamos ser essa uma questão que merece

ser mais analisada com mais cuidado e respaldo, uma vez que, envolve outras

questões que estão inteiramente associada, em especial à figura do professor que é

destaque central no processo de ensino e aprendizagem.Desconstruir valores que

adquirimos ao longo do tempo não é tarefa simples, exige buscas, descobertas,

reflexões e ações o que resulta em mudanças as vezes radicais onde ao mesmo

tempo em que é possível através da reestruturação da formação do professor,

enquanto que para o aluno essa mudança ou descoberta se torna mais complexa,

pois o aluno ver no professor um modelo, uma referência, como acentuou o

professor de geografia, e concordamos quando diz, “tem professores que nos

ensinam e aprendemos coisas para o resto da vida”.

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Esse modelo de reprodução ou concepção tradicionalista do ensino e da

aprendizagem revelado pelo professor de ciências, quando confessa reproduzira

escola que teve, envolve um processo constante de descobertas e readaptações

aos novos modelos, teorias, métodos e práticas que demandam compreensão e

esforço no sentido de mudanças a curto tempo, de algo que foi enraizado e se

propagado a vida toda, certamente aquilo que Fazenda (2011) expressa: “Somos

produto da “escola do silêncio” em que um grande número de alunos apaticamente

fica sentado diante do professor esperando receber dele todo o conhecimento.

Classes numerosas, conteúdos extensos, completam esse quadro desta escola que

se cala. Isso se complica muito quando já se é introvertido (p. 32.)”.

É natural que muitas vezes reproduzimos o que aprendemos, embora não

signifique dizer que não podemos buscar novas práticas e reflexões com o objetivo

de trazer mais sentido e significado a aprendizagem do aluno, não favorecendo

aquilo que Freire (2006) também denominava como “educação bancária”, onde os

alunos são meros receptores dos conteúdos na maioria das vezes

descontextualizados que os professores passam.

Refletimos ainda diante da transparência desse professor quando não nega

reproduzir a forma como aprendeu, mas que essa angustia é bem vinda no sentido

de querer mudar, pois constata que não gera nos alunos aquilo que gostaria que

acontecesse, que é a aprendizagem significativa, pautadas nos caminhos do

letramento, onde afirma ser a sua contribuição esta de tentar algo novo de maneira

diferente, especialmente com textos que tenham algo a ver com o mudo em que

estão inseridos.

[...] Eu gostaria que a escola fosse para os alunos um espaço de compartilhamento de conhecimentos que eles tivessem assim que se preparar para o mercado de trabalho se preparar para a vida em sociedade, é isso que eu gostaria, que eles saiam daqui com essa visão. Em relação as minhas práticas eu acredito nelas estou assim tranquilo, porque estou cumprindo o meu papel, eu acho que a minha pratica é boa funciona [...] (Profº de Mat e Ed. Fis).

Diante dessa concepção e desejo do que gostaria que a escola fosse para

os alunos esse espaço de compartilhamentos, de troca de experiências e de

saberes, é um dos desafios que a escola é capaz de realizar, levando em conta as

várias responsabilidade e desafios a que se impõem á escola, esse seria um desejo

viável e possível, sempre que houver momentos de reflexão e ação bem como

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objetivos que norteiam a prática educativa, que move todo o processo ensino e

aprendizagem e que se busca na escola.

E na escola, podemos afirmar que é um campo de relações mútuas e

múltiplas e que precisa atender através do seu processo de ensino,a capacidade de

preparar o aluno para atuar de maneira critica e consciente na sociedade.

Entretanto ainda há falhas, lacunas, que podem impedir o bom andamento da

escola, referindo-se a fatores de ordem maior, direcionados às hierarquias

educacionais e que só seria possível uma escola que prepare o aluno para a

sociedade e a vida, quando os objetivos de quem elaboram as leis em educação,

seja os mesmo de quem executa.E mais especificamente a relação aluno, professor

é extremamente significante para propiciar uma aprendizagem prazerosa e que

tenham sentido para o aluno, assim como conhecer essa realidade que permeia a

vida do aluno na escola,interessando-se também o professor, é algo também

importante conforme aponta o professor de matemática, e que Cagliari (1996)

também considera que: “Conhecer a realidade histórica do aluno, é fundamental

para um prática educativa que respeite o aprendiz como ser humano em sua

plenitude (p 52)”.

Este é também um grande e estratégico ponto de partida para introduzir

saberes através de uma relaço prazerosa e respeitável por parte de alunos e

professores, que podem permear conhecimentos valores que farão parte da vida

do aluno.

Assinalamos ainda a relevância de apostar e acreditar na sua metodologia

conforme apontou o professor de geografia é algo importante para o bom

desenvolvimento do trabalho, uma vez que se sabe o que pretende ser feito e se

convergem através das suas praticas para a realização dos objetivos assim

propostos.

[...] Olha, veja só, o papel da escola que eu entendo é educar e formar o cidadão né? Que eles saiam mais politizados, saber o que esta se passando aqui e no mundo entendeu? Despertar o senso critico porque eles ainda não tem senso critico e são na maioria das vezes alheios a tudo.A escola precisa também ensinar valores, respeito ao próximo, repeito ao meio ambiente,mas acho que ela não esta cumprindo o seu papel. É isso que eu acho que a escola precisa preparar o menino para viver em sociedade, ele ainda não está preparado (Profª de Artes).

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Consideramos ainda expressiva a fala da professora de artes e também real

quando afirma que a escola não está cumprindo o seu papel o que pensa também o

professor de ciências. Essa falha onde ainda a escola não forma cidadãos críticos,

politizados e autônomos, talvez seja ainda por falta de reestruturação de seus

objetivos, de uma tomada de decisões e reflexões em saber o que é importante paro

aluno aprender e o que não interessa ao mesmo tempo. Os PCNs (1998) enfatiza

essa fala quando afirma que: “Na maioria das escola a prática pedagógica se

concretiza pela quantidade e acumulação de conteúdos muitas vezes burocratizados

e destituídos de significação (p 16).

É legitimo e necessário ao professor ter consciência daqueles conteúdos

desnecessários e irrelevantes para a inserção de alunos nas práticas

letradas(KLEIMAN, 2005).

Praticas voltadas para a valorização de conteúdos e nesse contexto

insignificante para o aluno, não poderá propiciar uma formação de cidadãos críticos,

autônomos politizados conhecedores de seus direitos e deveres sociais, culturais e

políticos e nem tampouco torna-los Letrados.

[...] Eu quero ainda continuar acreditando na educação e quando a gente acredita em algo, a gente corre atrás a gente sonha, a gente visualiza mais feliz tem que correr atrás.E assim, meus objetivos eu penso assim, o aluno depende da gente para crescer, de aprender conhecimentos teóricos e ate mesmo práticos, então a gente tem que incentivar então eu acredito assim, que a gente precisa olhar a educação com bons olhos, acreditar ainda que pode dar certo, e que os aluno precisam da gente e do nossa trabalho, então fazer com ordem, com decência e com vontade, eu ainda faço assim.[...] (Profª de Port).

Ainda diante dessa expressiva e brilhante fala da professore de português,

consideramos os desafios e dificuldades que fazem parte da escola conforme

apontaram os nosso sujeitos de pesquisas, como :realidade da escola pública,super

lotação de salas de aula,falta de apoio e acompanhamento familiar, desinteresse do

aluno e outros.No entanto, diante da realidade da escola em que se realizou essa

pesquisa, podemos afirmar no que se referem as práticas e objetivos de ensino que

esses professores já trabalham ou terão sim como trabalhar na perspectiva do

Letramento, contribuindo como já constatamos que fazem a maioria, porque refletem

a sua prática, partindo para conhecimentos mais significativos.

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Através do incentivo, do dialogo,e do interesse também pela vida do aluno, é

possível alcançar objetivos que talvez uma prática mecânica e “robotizada” não

possibilitem, o que torna alunos sem senso críticos e não politizados, repetindo

coisa que não fazem sentido, conforme afirma a professora de artes.Com

conhecimento, objetivos, reflexão e ação das práticas pedagógicas é possível sim

contribuir para a promoção de alunos Letrados que participem da vida em sociedade

com autonomia e senso critico.

Podemos assim considerar os inúmeros fatores que contribuem para as

dificuldades de leitura e escrita na escola, especialmente voltados para o contexto

de práticas de letramento e ao mesmo tempo as possibilidades de tornar alunos

letrados onde é necessário uma retomada de reflexões clarezas e consciência no

desempenho de vários papéis e os responsáveis por sua realização.

Verificamos a partir dos resultados analisados que há um equilíbrio de

compreensões e concepções no que se refere às práticas voltadas para o sentido do

Letramento,e que determinadas metodologias contribuem para esse fim,podendo a

cada dia ser melhorada e trabalhada.

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75

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desse trabalho contribuiu muito para que refletíssemos a respeito

da realidade que permeia no cenário educacional,tanto no lócus onde se deu a

pesquisa, a escola, quanto no lócus ode se pensou, e se planejou a pesquisa que foi

a universidade,e que merecem ser pontuados com maior ênfase para

compreendermos algumas concepções,e termos um olhar mais críticos em relação

a outras, ressaltando que ainda temos muito a aprender , e que as conclusões que

aqui fazemos, não servirão como determinante para mudar o quadro do que se

pretende mudar, mas se houver reflexões no sentido de mudanças progressivas já

nos sentimos satisfeitos.

Alguns pontos merecem ser enfatizados, como pontos para uma reflexão

crítica, durante a realização desse trabalho, é que fica a certeza da importância de

se conhecer a realidade de uma instituição escolar, não só no sentido de

desenvolver pesquisas que qualifiquem ou quantifiquem, resultados, mas sobretudo,

que se repense e reflita no que se pesquisou para intervenções e contribuições com

aquilo que se faz objeto de estudo,consideramos ser ainda incipiente sim, a nossa

maneira de pesquisar mas acreditamos ser capazes de modificar algo quando se

busca, se conhece e intervém.

Cada passo na realização dessa pesquisa foi muito relevante, pois passamos

a refletir mais a cerca das dificuldades existentes nas escolas especialmente das

práticas pedagógicas trabalhadas observada ainda durante o nosso período de

estágio momento em que optamos por entender o que se constituiu o problema da

nossa pesquisa , no sentido que devemos reforçar a necessidade de se trabalhar

com a proposta do letramento para que de fato possamos ensinar e aprender de

maneira significativa e prazerosa e que produzamos sujeitos críticos e autônomos

para atuar de maneira independente na escola no trabalho e na vida.

Pois diante de alguns fatores que se evidencia e merece ser destacado aqui é

que,a visão de leitura e de escrita que temos ainda na escola, embora já sejam em

alguns momentos trabalhadas para contribuir com o letramento dos alunos, ainda

precisam ser mais exploradas,pois ainda existem práticas também que não

contribuem ainda, tornando o aluno apenas copista, receptivo e sem preparo para

enfrentar a vida em contextos sociais de leitura e escrita.

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76

Dos principais resultados obtidos em nossa pesquisa, podemos ressaltar

que,o letramento trabalhados nas séries finais do Ensino Fundamental, ainda se

confunde um pouco por parte dos professores, quanto ao conceito, mas que são

trabalhado de forma efetiva, embora ainda precise ser trabalhado de maneira mais

profunda, pois percebemos que também ainda há uma indefinição de papeis quanto

a quem cabe a responsabilidade e alfabetizar ou letrar, e um levantamento

significante de motivos que levam o aluno não ser letrado. Entre os mais apontados

estão as condições de trabalho, o envolvimento da família, na aprendizagem dos

filhos,a realidade da escola pública, o sistema educacional que favorece o aluno

passar de uma série a outra sem o domínio da leitura e da escrita e também

conhecimentos por falta do professor, e falhas no ensino, fatores estes que

contribuem sim mas não determinam, pois acreditamos estar no conhecimento do

professor e na reflexão de suas práticas em sala de aula, o meio mais eficaz para

introduzir saberes significativos e necessários para que o aluno participe da vida

social letrado, consciência que os nossos sujeitos também possuem e que torna

mais viável o ensino voltado para as práticas de letramento.

Existe ainda muitos fatores de ordem maior que necessitam de análise mais

cuidadosa , assim como desafios e responsabilidades por parte dos autores e

agentes educacionais no sentido de contribuir para reverter esse quadro que ainda

atua e contribui de forma ainda insatisfatória, para tornar o aluno letrado, ou seja

que faça uso da leitura e da escrita em suas funções reais e competentes.

Devemos assinalar ainda que a formação e o conhecimento do professor quanto as

práticas que precisam ser vinculada para tornar alunos competentes, críticos e

autônomos necessitam ser a cada dia refletida, conforme se deu com os nossos

sujeitos,porque acreditamos que ler e escrever com competência é possível,quando

se permite essa ação reflexão ação.

Complementamos ainda que a formação acadêmica confere subsídios para

uma atuação efetivamente competente e transformadora, embora não seja decisiva

e determinante para atuarmos de maneira solucionável para os inúmeros problemas

que constituem e torna ainda a educação sem a qualidade que desejamos.

A realização desse trabalho contribuiu ainda para que nós refletíssemos a

respeito do próprio percurso de aprendizagem e um dos pontos positivos a serem

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explorados está a reflexão e a consciência do nosso fazer pedagógico, de maneira

que possamos estar sempre refletindo sobre as nossas práticas, concepções e

posturas que se direcione para uma aprendizagem significativa que de fato insira o

sujeito no mundo letrado.

Como pontos para uma reflexão crítica, nos mostrou que é necessária a

reflexão acerca das práticas pedagógicas existentes na educação básica,

particularmente, nas séries finais do ensino fundamental voltada para a proposta do

letramento, pois conforme percebemos e também confirmados por alguns dos

nossos sujeitos, a escola ainda não está cumprindo o seu papel, e por outro lado

ainda está negligenciando ao permitir que os alunos saiam sem o senso critico e

reflexivo, apenas repetindo o que lhes foi transmitido, deixando de lado muitas vezes

a possibilidades de um processo ensino aprendizagem significativo e prazeroso que

produza sujeitos críticos e letrados, e que se não trabalhados nesse sentido em

tempo oportuno trará dificuldades até mesmo para a universidade.

Entretanto, podemos verificar que as práticas desenvolvidas por alguns dos

nossos sujeitos, a exemplo de leituras contextualizadas com a realidade do aluno,

diversos gêneros textuais como: leituras de bilhetes, enciclopédias, charges que

demonstram acontecimentos atuais, dicionários, e leituras que sejam significativas

para a vida cotidiana dos alunos, são trabalhadas e refletidas, conforme revelaram

os nossos sujeitos, contribuindo assim para o letramento dos alunos.

Julgamos necessário ainda ressaltar que estudos voltados para o processo de

ensino e aprendizagem em contextos de letramento, merecem ser mais analisados e

trabalhados, em toda a Educação Básica no sentido de não propagar formações

sem sentido que nada contribui para a vida do educando aumentando o quadro de

analfabetismo funcional.

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENT DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM-BAHIA CURSO- PEDAGOGIA DOCÊNCIA E GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS

Caro (a) professor (a): Este roteiro de entrevista é um instrumento relativo à pesquisa que realizo no componente curricular TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos.Agradeço a valiosa e indispensável colaboração ressaltamos que não precisa se identificar, uma vez que manteremos o absoluto sigilo, o que requer uma postura ética até mesmo enquanto pesquisadora iniciante. Antecipadamente agradeço a compreensão e colaboração. Maria de Fátima Souza Oliveira. ROTEIRO DE ENTREVISTA

1- Qual a sua formação e quanto tempo atua na educação?

2- Qual a compreensão que você tem sobre Alfabetizaçã o e Letramento?

3- Você acha que alfabetizar é tarefa exclusiva do pr ofessor alfabetizador? Por que?

4- Na sua opinião, por que muitos alunos chegam nas s éries finais do Ensino Fundamental sem dominar a leitura e a escrita?

5- Quais as práticas metodológicas que você desenvolv e em sala de aula que contribuem para o letramento de seus alunos?

6- Como a escola pode contribuir para o letramento do s alunos?

7- Na sua concepção qual o principal papel da escola, ? Você acha que a escola tem desempenhado este papel?De que forma?

8- Poderia fazer algumas considerações a respeito de suas práticas metodológicas, seus objetivos de ensino e a importâ ncia do letramento para a formação dos nossos alunos?

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENT DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM-BAHIA CURSO- PEDAGOGIA DOCÊNCIA E GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS

Caro (a) professor (a): Este questionário é um instrumento relativo à pesquisa que realizo no componente curricular TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos.Agradeço a valiosa e indispensável colaboração ressaltamos que não precisa se identificar, uma vez que manteremos o absoluto sigilo, o que requer uma postura ética até mesmo enquanto pesquisadora iniciante. Antecipadamente agradeço a compreensão e colaboração. Maria de Fátima Souza Oliveira.

QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DADOS PESSOAIS 1-IDADE ( )18 a 25 ( )36 a 40 ( )26 a 29 ( )41 a45 ( )30 a 35 ( )46 a 50 ( )Superior a 50 anos 2-ESCOLARIDADE ( ) Ensino médio completo ( )Ensino médio incompleto ( )Ensino superior completo ( )Mestrado

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( ) Ensino superior incompleto ( )Doutorado 3-CURSO/ HABILITAÇÃO: ( )Magistério ( )Normal superior ( )pedagogia ( )Artes ( )Letras ( )Geografia ( )Matemática ( )História ( )Biologia ( )Educação física ( ) Outros 4-ESCOLHEU ESSA AREA POR QUÊ? ( )Gosta e se identifica ( )Era mais fácil cursar e garantir um trabalho ( )Não teve outra opção ( )Ainda vai mudar de área 5-você está satisfeito com o seu trabalho? ( )sim ( )Não 6-COM RELAÇAO À SUA REMUNERAÇAO VOCÊ CONSIDERA: ( )insuficiente ( )Ótima ( )boa ( )Suficiente ( )regular ( )péssimo 7-QUANTO AO RELACIONAMENTO E INTERAÇAO ENTRE CORPO DOCENTE E ALUNOS VOCÊ CONSIDERA: ( )bom ( )ruim ( )péssimo ( )regular (ótimo) 8-A RELAÇÃO, INTERAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E EQUIPE GESTORA QUANTO AO TRABALHO DO PROFESOR É: ( )satisfatória ( )insatisfatória ( )boa ( )regular ( )ótima ( )péssima

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APÊNDICE