monografia ef unirb murillo albuquerque-18072012 final

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FACULDADE REGIONAL DA BAHIA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA MURILLO ALBUQUERQUE DA SILVA JUNIOR PROPOSTA PEDAGÓGICA DE ENSINO DO KARATÊ PARA O 6º AO 9º ANO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: REALIDADE E POSSIBILIDADES NO CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS ABORDAGENS CRÍTICAS Salvador/Ba 2012

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Page 1: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

FACULDADE REGIONAL DA BAHIA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

MURILLO ALBUQUERQUE DA SILVA JUNIOR

PROPOSTA PEDAGÓGICA DE ENSINO DO KARATÊ PARA O 6º AO 9º ANO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: REALIDADE E POSSIBILIDADES NO

CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS ABORDAGENS CRÍTICAS

Salvador/Ba 2012

Page 2: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

MURILLO ALBUQUERQUE DA SILVA JUNIOR

PROPOSTA PEDAGÓGICA DE ENSINO DO KARATÊ PARA O 6º AO 9º ANO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: REALIDADE E POSSIBILIDADES NO

CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS ABORDAGENS CRÍTICAS

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física, da Faculdade Regional da Bahia, como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciado em Educação Física. Orientadora: Profª. Especialista Fernanda Batista Rocha

Salvador/Ba 2012

Page 3: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

BIBLIOTECA ZUZA PEREIRA / FACULDADE REGIONAL DA BAHIA – UNIRB

Silva Junior, Murillo Albuquerque da.

Proposta pedagógica de ensino do karatê para o 6º ao 9º ano na educação básica: realidade e possibilidades no campo da Educação Física escolar a partir das abordagens críticas / Murillo Albuquerque da Silva Junior. -- Salvador, 2012.

64 f.

Orientadora: Profª. Esp. Fernanda Rocha Batista. Monografia (Graduação) Curso de Licenciatura em Educação Física – Faculdade Regional da Bahia – UNIRB, 2012

1. Educação Física Escolar. 2. Karatê. 3. Abordagens Críticas.

I. Título.

CDD796.8153

Page 4: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

MURILLO ALBUQUERQUE DA SILVA JUNIOR

PROPOSTA PEDAGÓGICA DE ENSINO DO KARATÊ PARA O 6º AO 9º ANO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: REALIDADE E POSSIBILIDADES

NO CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS ABORDAGENS CRÍTICAS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física da Faculdade Regional da Bahia/ UNIRB.

Aprovada em Julho de 2012.

Banca Examinadora

Fernanda Batista Rocha – Orientadora_____________________________________ Profª Esp. em Administração Pública Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Flamarion de Santana Santos – Parecerista ________________________________ Profº Esp. Metodologia do Ensino e Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer Universidade Federal da Bahia – UFBA Lauro Gurgel de Oliveira Junior – Coordenador CLEF ________________________ Profº MS. em Educação Física Instituição Superior de Educação Pedagógica – Cuba

Page 5: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

A

Todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no

desenvolvimento desta monografia.

Page 6: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

AGRADECIMENTOS

Deus, neste momento tão maravilhoso, te agradeço por me guiar e colocar

pessoas dispostas a me ensinar com grande sabedoria.

Agradecer é simplesmente olhar com o coração cheio de amor e gratidão por

quem sempre se faz presente em momentos alegres e nos difíceis que a vida nos

propõe.

A minha querida e amada família quanto amor por mim! Sempre solícitos em

tudo. Muito obrigada aos meus tesouros, Julia e Daniel, e minha amada esposa

Edielma Leal Albuquerque por cada ação em meu favor, pela compreensão,

paciência, habilidade pelos momentos mais delicados desta minha trajetória, tendo

amor incondicional em todos os momentos desta jornada.

A minha mãe Alzira Albuquerque, por ter me dado a vida, e estado presente

em todos os momentos, com muito apoio e carinho.

Aos colegas de curso pelo companheirismo e os momentos alegres que me

proporcionaram durante toda a formação.

Ao mestre “Kyoshi1” Dorival Daniel, pela contribuição dada a essa produção

científica, pela formação que tive no estilo Shotokan, pela sua retidão, dedicação e

orientação, me ensinou dentre tantas outras coisas a valorizar a cultura oriental e em

especial o caminho das mãos vazias Karatê-Do. (Meu segundo pai!)

A Profª Esp. Fernanda Rocha Batista pelo seu carinho, dedicação em todos

os momentos desta produção cientifica. Obrigado!

A Profª Dra. Kátia Oliver Sá, sempre atenciosa e disposta a ajudar. Obrigado

pela dedicação e solicitude.

Ao Coordenador Profº MS. Lauro Gurgel, por ter me fortalecido e convidado a

prestar o vestibular, também pela sua valorosa contribuição durante todo o curso.

A todos os alunos do Cajazeiras Karatê Clube, que vivenciaram esta longa

jornada ao meu lado, através do ato de ensinar, aprendi mais do que ofertei, e hoje

evoluir como ser humano.

Ao eterno Deus, que me tirou dum profundo vale e me levou por veredas

planas, que me deu firmeza pra segurar em sua mão e seguir adiante, minha eterna

e sincera gratidão.

1 Kyoshi é um termo usado no Karatê para o Faixa Preta Graduado no 7º Dan (Nível).

Page 7: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

Eu lhe ensinarei muitas coisas sobre karatê; por favor, ensine o que você aprender, e do modo como aprender, a meu filho. (FUNAKOSHI, 1998, p. 33)

Page 8: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Cinco preceitos do Karatê (Dojo Kun)..................................... 41

Quadro 2 Kata e seus significados ........................................................ 44

Quadro 3 Vocabulário Técnico do Karatê .............................................. 45

Quadro 4 Aspectos Metodológicos do Ensino Do Karatê ...................... 46

Quadro 5 Trato do Conhecimento do Karatê, do 6º ao 9º ano a partir da abordagem crítico-emancipatória.......................................

51

Quadro 6 Trato do Conhecimento do Karatê, do 6º ao 9º ano a partir da abordagem crítico-superadora...........................................

53

Page 9: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 12

1.1 DE ONDE PARTE O ESTUDO, PROBLEMA INVESTIGATIVO,

HIPÓTESE E OS OBJETIVOS..............................................................

12

1.2

1.3

METODOLOGIA ...................................................................................

MÉTODO DE EXPOSIÇÃO...................................................................

20 18 16

20

2 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO

KARATÊ ...............................................................................................

22

2.1 FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

BRASIL .................................................................................................

22

2.2

2.2.1

FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DO KARATÊ ....................................

Fundamentos da História do Karatê em Okinawa e no Japão .......

28

31

2.2.2

2.2.3

Funakoshi Shihan – O Pai do Karatê Moderno.................................

Karatê no Brasil direto para Bahia.....................................................

33

35

3 KARATÊ NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A

PARTIR DAS ABORDAGENS CRÍTICAS............................................

39

3.1 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO-APREENDIZAGEM

DO KARATÊ: UMA REVISÃO DOS ESTUDOS....................................

39

3.1.1 Aspectos Metodológicos no Ensino do Karatê................................ 46

3.2 FUNDAMENTOS DAS ABORDAGENS CRITÍCAS: AS BASES DO

ENSINO.................................................................................................

47

3.3 POSSIBILIDADES DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DO

ENSINO DO KARATÊ PARA O 6º AO 9º ANO DA EDUCAÇÃO

BÁSICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS

ABORDAGENS CRITÍCAS....................................................................

49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 56

REFERÊNCIAS.....................................................................................

ANEXO A – Exposição de Artigos da Constituição Federal que

Ressaltam os Direitos dos Cidadãos Brasileiros à Educação e

Saúde ...................................................................................................

60

63

Page 10: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

SILVA JUNIOR, Murillo Albuquerque da. Proposta Pedagógica de Ensino do Karatê para o 6º ao 9º ano na Educação Básica: Realidade e possibilidades no campo da Educação Física

Escolar a partir das abordagens críticas. 64 fl. 2012. Monografia (Graduação). Faculdade Regional da Bahia – UNIRB, Salvador, 2012.

RESUMO Monografia elaborada no Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade Regional da Bahia – UNIRB. Tem como problema de investigação a seguinte pergunta: Qual a realidade e as possibilidades de uma proposta pedagógica para o ensino do Karatê do 6º ao 9º ano, na Educação Física Escolar, considerando as abordagens críticas? Tem como objetivo geral apontar a realidade e as possibilidades de uma proposta para o ensino do karatê do 6º ao 9º ano na Educação Física Escolar, a partir das abordagens críticas. Como hipótese, constatou-se que a realidade e as possibilidades de relações entre o campo da Educação Física Escolar e do Karatê, considerando uma proposta pedagógica para o ensino do Karatê do 6º ao 9º ano na Educação Física Escolar a partir das abordagens críticas, requerem um estudo mais detalhado e voltado para as lutas, abordando as necessidades de transformações da prática educativa do esporte da escola que é de suma importância para os estudantes deste nível da educação. O estudo foi realizado a partir de uma pesquisa exploratória bibliográfica, considerando, inicialmente, o levantamento dos fundamentos históricos da Educação Física e do Karatê; buscou-se também na fundamentação teórica, a base para efetivar esta pesquisa e foram expostos os fundamentos da história da Educação Física e apontou-se um pouco da história do karatê, foram apresentados os aspectos teóricos, considerando os fundamentos pedagógicos do ensino-apreendizagem do karatê, as bases do ensino tratada pelos fundamentos das abordagens críticas e as possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do karatê para o 6º ao 9º ano da educação básica na Educação Física Escolar. Nas considerações finais deste estudo, é exposto um resumo marcante do campo teórico investigado, contendo resultados desta pesquisa. Considerando os achados da pesquisa, reconhece-se que a realidade de uma proposta pedagógica que se apresenta na escola, tendo como possibilidade de conteúdo as lutas (Karatê), enquanto processo de ensino prático e teórico em aulas de Educação Física Escolar, pode contribuir para que os educandos e professores de Karatê, ainda que sem formação acadêmica também possam oferecer subsídios importantes para ser tratados de forma pedagógica, oportunizando as possibilidades de um ensino de qualidade, tratando o Karatê como um conteúdo de caráter formativo e educativo no âmbito escolar, a partir de uma proposta que amplie a formação humana. Palavras-Chave: Educação Física Escolar. Karatê. Lutas. Abordagens Críticas.

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ABSTRACT

Monograph prepared in the graduation of Physical Education, Faculty of Regional Bahia - UNIRB. Its research problem the following question: What is the reality and the possibilities of a pedagogy for teaching Karate 6th to 9th grade in physical education, considering the critical approaches? Its overall objective reality and point to the possibility of a proposal for the teaching of karate from 6th to 9th grade in Physical Education, as of critical approaches. As a hypothesis, it was found that the reality and the possibilities of relations between the field of Physical Education and School of Karate, considering a pedagogical proposal for teaching Karate 6th to 9th grade in Physical Education from the critical approaches require a more detailed and focused on the struggles by addressing the needs of the educational transformation of school sport that is very important for the students of this level of education. The study was conducted from an exploratory research literature, considering, first, a survey of the historical foundations of Physical Education and Karate; It also sought in the theory, is the basis for effective research and the foundations were exposed in the history of physical education and pointed to some of the history of karate, we presented the theoretical aspects, considering the pedagogical foundations of teaching and the apreendizagem karate, treated the foundations of teaching the fundamentals of critical approaches and the possibilities of a pedagogy of teaching karate for 6 to 9 years of basic education in Physical Education. In the final considerations of this study, is exposed a summary of the remarkable theoretical investigation, containing results of this research. The findings of the research, it is recognized that the reality of an educational proposal arriving at the school, with the possibility of content fights (Karate), while the teaching practical and theoretical lessons in physical education, can contribute to where students and teachers of karate, even without academic training may also provide important support to be treated pedagogical possibilities of providing opportunities for quality education, treating the contents of karate as a formative and educational work in schools, the from a proposal to extend the human Keywords: School Physical Education. Karatê. Fights. Critical boardings.

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1 INTRODUÇÃO

A presente monografia objetiva trabalhar inquietações a respeito da realidade

e as possibilidades de uma proposta pedagógica para o ensino do Karatê do 6º ao

9º ano na educação básica, proporcionando uma revisão dos estudos que abordam

o Karatê enquanto prática social. Essa pesquisa recupera os estudos elementares

do conhecimento, historicamente produzido para sistematizar uma proposta

pedagógica de ensino-aprendizagem para os educandos do 6º ao 9º na Educação

básica.

1.1 DE ONDE PARTE O ESTUDO, PROBLEMA INVESTIGATIVO, HIPÓTESE E OS

OBJETIVOS

Esse estudo parte da necessidade de reconhecer e identificar nos estudos

produzidos no Brasil, a realidade e as possibilidades da utilização das abordagens

críticas tratadas no campo da Educação Física Escolar, considerando evidenciar,

uma metodologia que possa ser adotada no processo de ensino-aprendizagem do

Karatê, numa proposta a ser desenvolvida com os educandos do 6º ao 9º ano na

educação básica. Mediante a necessidade de promover essa pesquisa, levantamos

o seguinte problema investigativo: Qual a realidade e as possibilidades de uma

proposta pedagógica para o ensino do Karatê do 6º ao 9º ano, na Educação Física

Escolar, considerando as abordagens críticas?

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1998,

p. 25) as abordagens críticas surgiram a partir das discussões que vinham

ocorrendo nas áreas educacionais, refletindo diretamente na Educação Física

Escolar, sendo assim na tentativa de romper com o modelo hegemônico do esporte

praticado na década de 80 do século XX, foram elaborados pressupostos teóricos

num referencial crítico, com fundamento no materialismo histórico e dialético.

Com base no PCN (BRASIL,1998, p. 25) podemos compreender que:

Esta abordagem levanta questões de poder, interesse e contestação. Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve versar não somente sobre como se ensinam e como se aprendem esses conhecimentos, mas também sobre as suas implicações valorativas e ideológicas, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Busca possibilitar a compreensão, por parte do aluno, de que a produção cultural da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo. Essa reflexão pedagógica é compreendida como sendo um projeto político-pedagógico. Político porque encaminha

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propostas de intervenção em determinada direção, e pedagógico porque propõe uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas determinações.

Portanto, partimos do pressuposto de que a inclusão das abordagens críticas,

no âmbito da Educação Física Escolar no ensino do karatê para os educandos do 6º

ao 9º ano, favorecerá, enquanto práticas sociais, possibilidades de relações sociais,

que ajudarão na organização dos processos e dos conteúdos.

Sabemos também que o ponto de partida para uma análise situacional é uma

efetiva investigação quanto à construção do conhecimento em Educação Física no

âmbito escolar e deve ser interpretado a partir dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN), pois eles são a base do trabalho a ser realizado nas escolas e

fonte a ser consultada para a construção dos planejamentos.

Então, para fundamentar está pesquisa bibliográfica, tomamos como

referência as abordagens críticas, o que é apontado nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) de Educação Física para o terceiro e quarto ciclo do ensino

fundamental. Nesse documento, encontramos a justificativa, a conceituação e a

metodologia para trabalhar com eles.

Os PCN (BRASIL, 1998, p. 68) apontam os conteúdos que precisam ser

trabalhados no terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental. São eles:

esportes, jogos, lutas e ginásticas; Atividades rítmicas e expressivas;

Conhecimentos sobre o corpo. Os três blocos articulam-se entre si, têm vários

conteúdos em comum, mas guardam especificidades. O bloco conhecimentos sobre

o corpo tem conteúdos que estão incluídos nos demais, mas que também podem ser

abordados e tratados em separado. Os outros dois guardam características próprias

e mais específicas, mas também têm interseções e fazem articulações entre si.

Segundo Jacomeli (2007, p. 93) a existência dos PCN e dos temas

transversais2, se reporta à Constituição da República Federativa Brasileira,

promulgada em 1998. Nela, estão colocados os fundamentos do Estado Brasileiro,

quais sejam, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores

sociais e individuais do cidadão. E ainda buscando amparo na Constituição, o

documento apresenta os objetivos fundamentais da República: construir uma

2 Para Jacomeli (2007, p. 78) os temas transversais, assumiram o compromisso consensual de lutar

por universalizar a oferta de educação fundamental e por ampliar as oportunidades de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. São eles: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, Saúde, Trabalho e Consumo.

Page 14: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

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sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a

pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação, conforme preceitua o art. 3º da

Constituição Federal (BRASIL, 2000, p.19).

Fazendo a relação, também apresentamos alguns princípios legais que

orientam o ensino das artes marciais (lutas), no nosso caso o Karatê, comprovando

que podemos ensinar este conteúdo para os educandos do ensino fundamental do

6º ao 9º ano, inserindo-o no planejamento escolar, visando à qualidade de vida e

formação humana integral. 3

As lutas são vistas, desde a antiguidade, como algo indispensável na vida de

muitos povos, colocando-as como essenciais para a sobrevivência do indivíduo,

para sua formação global. É o que também observamos no processo educacional, o

qual deve ser apoiado em bases sólidas, abrangentes e voltados para

a construção da cidadania, para o aumento da qualidade de vida da sociedade.

Analisando, concluí-se que existe uma proximidade muito grande aos objetivos e

benefícios deste conteúdo para os educandos do 6º ao 9º ano.

Apresentamos alguns, princípios legais da Constituição Federal nos artigos 6º,

196, 205, 206 II e VII, 215 § 1º, 216 III, 217 I, que asseguram o exercício

dos direitos e deveres dos cidadãos, os quais, diante uma reflexão implicam nos

objetivos das artes marciais. Estes princípios exponho, no anexo A.

Portanto, segundo Resende e Soares (1996, p. 49), podemos perceber que a

legislação é muito clara em vários aspectos, principalmente no que diz respeito, á

escola e sua função político-social de possibilitar a conservação e a renovação dos

conhecimentos produzidos e acumulados, para que as novas gerações assumam a

responsabilidade de continuarem a construção de uma sociedade com valores

humanistas e democráticos, no sentido finalístico de promover o desenvolvimento

científico, tecnológico e cultural, tendo como referências o bem estar e a qualidade

coletiva de vida.

3 Para Sasaki (1991, p. 17), o karatê colabora para a formação integral do homem e a sua prática

correta desenvolve: agilidade, percepção, raciocínio rápido e correto, boa postura, concentração, responsabilidade, disciplina, liderança, força de vontade, determinação, respeito mútuo, socialização, prevenção e manutenção da saúde, estabilidade emocional, independência, autoconfiança, resistência, espiritualidade etc.

Page 15: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

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Conforme os artigos da Constituição Federal exposto no anexo A, podemos

identificar os princípios legais que orientam para a qualidade de vida e justificam o

ensinamento das artes marciais (no nosso caso o Karatê), nas escolas e

universidades. Então, por este motivo decidimos escrever uma proposta pedagógica

para o ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar, do 6º ao 9º ano; utilizando

o karatê como conteúdo.

Nesta proposta trataremos o Karatê como expressão corporal, onde

pretendemos desenvolver um trabalho voltado para atividades que permitam ao

educando, a sua formação através da ampliação de sua visão de mundo por meio

da cultura corporal (prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de

atividades expressivas corporais como: jogos, esporte, lutas, dança e ginástica),

sem perder de vista as características culturais, regionais e locais, além da

ampliação do conhecimento.

Como hipótese dessa pesquisa, apontamos que a realidade e as possibilidades

de relações entre o campo da Educação Física Escolar e do Karatê, considerando

uma proposta pedagógica para o ensino do Karatê do 6º ao 9º ano na Educação

Física Escolar a partir das abordagens críticas, requerem um estudo mais detalhado

e voltado para as lutas, abordando as necessidades de transformações da prática

educativa do esporte da escola que é de suma importância para os estudantes deste

nível da educação. Sendo assim, após uma coleta de dados bibliográficos,

reconhecemos, nos estudos que os conteúdos, neste caso do karatê, sejam tratados

através das abordagens críticas e com um olhar pedagógico, baseado em seus

princípios e nos princípios da Educação Física Escolar, possibilitando a formação de

indivíduos críticos, autônomos e reflexivos, fundamentados no desenvolvimento da

competência social, objetiva e comunicativa, assim desenvolvendo habilidades e

conhecimentos que contribuirão para a autonomia dos alunos, considerando seus

fatores preponderantes para uma proposta de formação humana4.

Portanto, a base teórica de concepção pedagógica que tratamos parte da

concepção crítico-emancipatória e crítico-superadora. É o que chamamos, desde o

início do texto, de abordagens críticas, e que também são encontradas sob a

denominação de concepções críticas; que significam posicionamentos teórico-

4 Compreendemos formação humana, a partir de Leontiev (1997, p. 60) que diz: “O essencial, porém

é que este processo é obrigatório, porque, de outra forma, a transmissão das aquisições do desenvolvimento social e histórico ás gerações seguintes seria impossível a continuidade da história.”

Page 16: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

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metodológicos de abordagens críticas. Assim, essas concepções trouxeram novos

significados à prática educativa; na história e evolução da educação, cujos

fundamentos refletiram diretamente na Educação Física, proporcionaram um avanço

para a formação acadêmica e atuação profissional, conforme Busso e Verditti Junior

(2005,f. 2).

Mediante o exposto, é fundamental considerar que essa pesquisa tem

também como ponto de partida, a crítica ao Sistema Educacional Brasileiro, onde o

conceito de educação parte de uma visão já estabelecida, sendo a escola o centro

de todo o processo de ensino-aprendizagem e tendo o professor como o transmissor

do conhecimento e o aluno reprodutor, ou seja, aquele que cumpre com as

obrigações estabelecidas pela escola.

Superar essa realidade do sistema educacional brasileiro é um desafio para

Educação Física Escolar. É preciso transformar a prática pedagógica na escola e

minimizar, senão sanar os grandes problemas educacionais existentes, até mesmo

na própria Educação Física.

Segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 49-55) no Brasil, no início do século

XX, os professores que lecionavam na escola eram de formação militar, e o esporte

desenvolvido na escola, era seguido de padrões do modelo capitalista.

Com base, ainda, no Coletivo de Autores (1992, p. 36):

[...] A perspectiva da Educação Física escolar, que tem como objeto de estudo o desenvolvimento da aptidão física do homem, tem contribuído historicamente para defesa dos interesses da classe no poder, mantendo a estrutura da sociedade capitalista [...]

Portanto, deve-se questionar a forma como são exercidas as aulas de

Educação Física no trato da cultura corporal5 e para isso devemos considerar as

condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade.

Conforme Kunz (2003, p. 125), o processo de transformação didático-

pedagógico da Escola, deverá ser apresentado a partir de uma abordagem crítica e

emancipada, valorizando a prática educacional.

Portanto, a escola, é entendida como um dos importantes espaços de

transição e mediação, entre a individualidade e a coletividade, entre o velho e o

5 Conforme o Coletivo de Autores (1992, p. 50): a cultura corporal é uma prática pedagógica que, no

âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica e lutas.

Page 17: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

17

novo, entre o passado e o presente, ou seja, é função desta instrumentalizar os

indivíduos para participação plena na vida pública, como cidadãos.

No entanto, dentro deste pano de fundo amplo, o debate da educação precisa

ser principalmente prático, no sentido de refletir as ações e abordar os aspectos

críticos, ou seja, mobilizar os alunos, os educadores e a instituição de ensino para

as tomadas de decisão, planejamento e uma boa execução das políticas de

educação, garantindo para os educando do 6º ao 9º ano, na Educação Física

Escolar, uma base para legitimar a sua autonomia durante todo o seu período

escolar.

O professor deverá identificar o significado de se movimentar, interagir,

participar, jogar e em particular respeitar as limitações de cada aluno, oferecendo

oportunidade para que o mesmo identifique e possa escolher qual a modalidade

esportiva que se aproxime de suas características. Também deverá realizar

intervenções que contribuam para aproveitar as sugestões dos alunos e modificar as

atividades existentes.

Kunz (2003, p. 125), aborda como ponto principal, que as atividades devem

ser exercitadas de forma prazerosa, com satisfação, possibilitando uma nova

transformação; assim, não é papel da escola ensinar movimentos perfeitos, técnicas,

regras oficiais das modalidades esportivas e sim desenvolver atividades de forma

lúdica, transformadora e de caráter pedagógico.

É de fundamental importância o domínio do professor no trato do

conhecimento dos conteúdos da Educação Física Escolar, e em especifico o

conteúdo lutas, assim como as suas influências aos educandos do 6º ao 9º ano da

educação básica.

Sabemos das dificuldades das crianças em assimilar as técnicas de lutas, por

falta de coordenação, atenção ou motivação. E entendemos que as lutas não se

resumem apenas às modalidades do Karatê, Judô, Capoeira, etc, ou seja, segundo

os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 96):

As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa, caracterizando-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados como exemplo de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô, e do Karatê.

Page 18: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

18

Está proposta surgiu a partir da minha prática diária como professor de

Karatê, observando as práticas sistematizadas utilizadas por vários autores de livros

voltados para o estudo do Karatê.

Essas atividades tiveram o seu início em Dezembro de 1994, quando alcancei

o título de Faixa Preta e após inúmeros estudos, anotações e vivências atuando nas

diversas áreas do karatê como árbitro, atleta e técnico.

Além disso, está proposta tem como objetivo oportunizar ao professor

de Educação Física estudos teóricos e práticos para desenvolver e aprimorar o seu

conhecimento em relação ao Karatê-Do6.

Então, tendo como base os princípios da Educação Física e os princípios

filosóficos do Karatê-Do, para dar início a está proposta, se torna fundamental a

clareza na definição do que vem a ser pedagogia e metodologia, pois estas

definições conceituais influenciam nas propostas e pressupostos de entendimento

para que a prática pedagógica que ora apresentamos seja viável no processo de

aprendizagem.

Bueno (2000 apud LOMBARDI, 2000, p. 103) esclarece o significado de

Metodologia:

Assim, podemos olhar para a construção do conceito metodologia, e vamos encontrar sua raiz na língua grega onde méthodos significa métodos e logos, estudos. Ainda segundo Bueno (ibidem), o próprio conceito de método deriva “do latim methodus e do grego méthodos, de meta, objetivo, finalidade e hodós, caminho, direção, meio mais eficaz para atingir a meta, o objetivo”.

Ou seja, metodologia é um campo que procura descrever, justificar e

pesquisar os melhores métodos e técnicas de determinada área. Sendo assim, a

metodologia de ensino está voltada para esclarecer os melhores meios, para

possibilitar o desenvolvimento intelectual, com maior qualidade e motivação no

processo ensino-aprendizagem.

Libâneo (2002, p. 10) afirma que a pedagogia:

É a teorização sobre finalidades e formas de intervenção na prática educativa num determinado contexto sócio-histórico. Algo é “pedagógico” à medida que carrega uma intencionalidade, isto é,

6 Conforme Rangel (1996, p. 98): “Alguns autores definem o KARATÊ-DO como uma técnica de luta

com as mãos e os pés desarmados, invocando a tradução literal de KARA = vazio, TÊ = mão e DÔ = caminho, conseguindo assim, “o caminho das mãos vazias”. Nesse estudo usamos, apenas a expressão Karatê, considerando que é a mais comum na literatura. Essa (luta) nomenclatura para identificar essa arte marcial, enquanto conteúdo da Educação Física no âmbito escolar.

Page 19: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

19

quando traduz uma ação intencional orientada para objetivos explícitos.

Dessa forma, este estudo visa apresentar conteúdos pedagógicos da

modalidade Karatê com concepções da Educação Física Escolar, na tentativa

de sistematizar uma sequência pedagógica, visando o melhor desempenho dos

educandos no decorrer das aulas de Karatê no âmbito escolar.

Estes conceitos sobre metodologia e pedagogia nos permitem uma reflexão

sobre as possibilidades de práticas pedagógicas aplicadas nas aulas de Karatê.

Com base nos fundamentos teóricos das abordagens da Educação Física

Escolar e dos fundamentos específicos do Karatê, ao elaborar está proposta,

pretendemos trabalhar questões polêmicas a respeito do esporte da escola

proporcionando informações que esclareçam dúvidas de como deve ser abordada a

prática educativa na Educação Física Escolar, para os educandos do Ensino

Fundamental do 6º ao 9º ano.

Para Vago (1996, p. 4), “as práticas culturais do esporte vem sendo

escolarizadas ao longo deste século como um dos temas de ensino da Educação

Física”. Conforme Vago (1996, p. 8), o esporte ganhou forças nos últimos cinquenta

anos até chegar às instituições de ensino, porém a preocupação do autor com base

no depoimento de Bracht, é saber se o esporte praticado na escola é reprodução do

esporte de rendimento, devido ao esporte praticado pela sociedade capitalista

estabelecerem “valores culturais, econômicos e sociais”. Conforme o autor a escola

não fica isenta do mundo fora dela, pois a escola é uns dos espaços onde são

produzidos cultura.

Com base no problema proposto, apresento o seguinte objetivo geral: Apontar

a realidade e as possibilidades de uma proposta para o ensino do karatê do 6º ao 9º

ano na Educação Física Escolar, a partir das abordagens críticas.

Através deste objetivo geral, levantamos os seguintes objetivos específicos

para este estudo:

- Reconhecer a partir dos estudos produzidos no Brasil, os fundamentos da

História da Educação Física e do Karatê;

- Apresentar os fundamentos pedagógicos do ensino-aprendizagem do Karatê

a partir de uma revisão dos estudos bibliográficos;

Page 20: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

20

- Identificar as bases de ensino a partir dos fundamentos das abordagens

críticas;

- Reconhecer e apontar nos estudos produzidos no Brasil as possibilidades de

uma proposta do ensino do Karatê para o 6º ao 9º ano da educação básica na

Educação Física Escolar; a partir das abordagens críticas.

1.2 METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de natureza

bibliográfica. Para a concretização desta pesquisa foram realizados os seguintes

passos:

1. Realização de levantamento exploratório bibliográfico sobre estudos

produzidos referentes ao objeto de investigação.

2. Construção do Portfólio de Pesquisa e elaboração do projeto de

investigação.

3. Leitura e fichamentos das produções bibliográficas do portfólio de

pesquisa.

4. Elaboração de relatórios de pesquisa bibliográfica.

5. Elaboração do TCC/monografia e exposição a uma banca da Faculdade

Regional da Bahia - UNIRB.

1.3 MÉTODO DE EXPOSIÇÃO

Essa pesquisa foi elaborada considerando a necessidade de apresentar uma

introdução, em que expomos os elementos fundamentais do projeto de investigação.

No segundo capítulo expomos os fundamentos da História da Educação Física e

contamos um pouco da História do Karatê. No terceiro capítulo apresentamos os

aspectos teóricos, considerando: 1 - Fundamentos pedagógicos do ensino-

apreendizagem do Karatê; 2 - As bases do ensino tratadas pelos fundamentos das

abordagens críticas; 3 - As possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do

Karatê para o 6º ao 9º ano da educação básica na Educação Física Escolar;

No quarto capítulo expomos um resumo marcante do campo teórico

investigado a respeito de uma proposta pedagógica voltada para reconhecer a

realidade e as possibilidades do ensino do Karatê para o 6º ao 9º ano da educação

básica, a partir das abordagens críticas no campo da Educação Física Escolar.

Page 21: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

21

Considerando o exposto anunciamos que no próximo capítulo, tratamos de

fundamentos históricos que alicerçam a área do conhecimento da Educação Física e

do Karatê.

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22

2 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO KARATÊ

Apresentamos neste capítulo fundamentos da Educação Física, das lutas e

especificamente sobre o Karatê, tratando de dados e fatos históricos.

2.1 FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

A Educação Física desde o seu surgimento é marcada por várias tendências

e fazendo uma retrospectiva encontramos sua consolidação a partir do século XIX.

Ao mergulhar nos conteúdos bibliográficos, localizamos seu início com o parecer

sobre o projeto número 224, de 12/9/1882, de Rui Barbosa a favor da introdução da

“Educação Física” na época ginástica, denominado “Reforma do Ensino Primário e

várias instituições complementares da Instrução Pública”. A partir desta data,

estamos travando uma luta constante para justificar a Educação Física na instituição

escolar.

De acordo com Grespan (2002, p. 14) até a década de 1970, os profissionais

da educação física que acreditavam na formação global do homem, lutaram para a

sua legitimidade dentro do processo educacional e dessa luta conseguiram, pela lei

5.692/71, fazer com que a Educação Física se tornasse obrigatória no ensino

escolar. De encontro com o esforço de Rui Barbosa, a quarta Constituição da

história brasileira, outorgada em 10 de novembro 1937 pelo presidente Getúlio

Vargas, justifica a legitimidade para os profissionais e torna obrigação o

desenvolvimento da disciplina Educação Física nas escolas, fazendo surgir outras

reivindicações especialmente relacionadas à profissão, como por exemplo, a

exigência de currículo mínimo para a graduação. Daí, em 1939, por meio do decreto

Lei n º 1212, que institui a criação da Escola Nacional de Educação Física e

Desportos e estabeleceu as diretrizes para formação dos futuros Professores e

profissionais da Educação Física.

Devido à amplitude de conceitos pré-estabelecidos ao longo da história para o

termo Educação Física, o Coletivo de Autores (1992, p. 50), caracteriza a Educação

Física como:

[...] uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área do conhecimento que podemos chamar de cultura corporal [...].

Page 23: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

23

Mediante ao que foi exposto na citação acima, podemos apontar que a

palavra Educação Física pode ser caracterizada como cultura corporal. Então, desde

o seu surgimento, foi inserida como uma disciplina escolar, que consequentemente

passou a ganhar forças no mundo atual, exercendo contribuições importantes para a

sociedade que pratica e reproduz esses conhecimentos.

Tratamos então, dos aspectos Históricos da Educação Física, pois

conhecendo um pouco de sua origem e evolução, poderemos compreender o que é

refletido nos dias atuais.

Com base nos dados históricos do surgimento e evolução da Educação

Física no Brasil, reconhecemos a presença de várias tendências e vamos encontrar

uma disciplina sempre voltada aos interesses da época.

Ao consultar a história da Educação Física, Ghiraldelli Júnior (1998, p. 17),

aponta que inicialmente surgiu a Educação Física Higienista (até 1936), que era

preocupada com a formação de hábitos higiênicos, buscando homens e mulheres

fortes e sadios, e assim, assegurar a “assepsia social” e o saneamento público.

Soares (1994, p. 70) aborda que:

A partir de conhecimentos e de teorias gestadas no mundo europeu, os médicos desenharam um outro lado para a sociedade brasileira e contribuíram para a construção de uma nova ordem econômica, política e social. Nesta nova ordem, na qual os médicos higienistas irão ocupar lugar destacado, também colocava-se a necessidade de construir, para o Brasil, um novo homem, sem o qual a nova sociedade idealizada não se tornaria realidade.

Para Castellani Filho (1998, p. 33-34), os marcos e publicações da história da

Educação Física Brasileira é devido ao professor Inezil Pena Marinho; publicações

estas editadas no primeiro período republicano, período onde são notadas as

relações próximas com o militarismo, época onde foi criada a escola militar pela

carta Régia de 04 de dezembro de 1810, com o nome de Academia Real Militar, dois

anos após a chegada da família real para o Brasil. No período compreendido entre

1824 e 1931 marca o desenvolvimento dos exercícios físicos entre os colonos

alemães que imigraram para o Rio Grande do Sul e a prática desse exercícios

relacionada à preparação física, a defesa pessoal, aos jogos e esportes todas dentro

do âmbito militar.

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24

Conforme Ghiraldelli Júnior (2004, p. 35), a primeira fase da história da

Educação Física foi absorvida pela concepção militarista, porém a concepção

Higienista era marcante nesse período da história.

De acordo com Ghiraldelli Júnior (2004, p. 37):

A Educação Física Higienista foi em grande parte, absorvida pela concepção militarista. Não podemos ignorar os primeiros esforços do Brasil republicano no sentido de formar profissionais da área de Educação Física partindo de instituições militares. A primeira instituição propriamente voltada para a formação de professores de Educação Física foi à escola de educação física do exército fundada em 1933.

Percebemos que neste período da história, surgiu certa preocupação com a

formação do professor de Educação Física, pois nesta época as escolas tinham

como professor de Educação Física um militar da força policial.

Ghiraldelli Júnior (2004, p. 22) ainda, assevera que “a Educação Física

Higienista é o produto do pensamento liberal”, fortalecendo assim, que neste período

ainda existisse amarras do pensamento liberal.

Então, entendemos que era depositado na escola as esperanças de que ela

seria capaz de mudar os conflitos sociais e construir uma sociedade mais

democrática e livre dos problemas existente no mundo capitalista. Atualmente

podem ser observadas nas ruas, academias de ginástica e em diversos espaços

públicos (praças, passeios, praias, etc.) com pessoas fazendo atividades para obter

o corpo perfeito; a questão da saúde da estética imposta pelos meios de

comunicação de massa são as relações, ainda enraizadas da concepção higienista

da história da Educação Física, que sobrevivem culturalmente.

Segundo Saviani (1983 apud GHIRALDELLI 2004, p. 22), “o liberalismo7 no

início do século XX em nosso país, acreditou na educação e particularmente na

escola, como “redentora da humanidade”. Sendo nesse período a figura do

liberalismo baiano, Rui Barbosa que por muitos foi caracterizado como “militarista”,

devido ao seu pensamento liberal em seus discursos, invocando sempre o

militarismo e a importância da adoção dessas praticas nas escolas, contribuindo

para melhorar a Educação Física Brasileira.

7 Lombardi (2007, p.11) diz que: “Sendo a liberdade o conceito mais importante do liberalismo, ser

livre no liberalismo é não ser coagido a agir, (a fazer ou a deixar de fazer).”

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25

De acordo com Lourenço Filho (1954 apud Ghiraldelli Júnior, 2004, p. 24), Rui

Barbosa manifestou pensamentos em relação Educação Física, afirmando o quanto

ela poderia ser formadora e libertadora:

[...] A ginástica não é agente materialista, mas pelo contrário, uma influência tão moralizadora quanto higiênica, tão intelectual quanto física, tão imprescindível á educação do sentimento e do espírito quanto á estabilidade da saúde e ao vigor dos órgãos. Materialista de fato é sim, a pedagógica falsa, que descurando do corpo, escraviza irremissivelmente a alma e a tirania odiosa das aberrações de um organismo solapado pela debilidade e pela doença. Nessas criaturas desequilibradas, sim é que a carne governará sempre fatalmente o espírito, ora pelos apetites ora pela enfermidade [...].

Como menciona o autor, esse relato foi devido às acusações que Rui Barbosa

sofreu sendo caracterizado como “materialista”. Os depoimentos são devido às

influências militaristas8 que se marcaram presentes por um bom período após o

decreto de 1921, quando se impôs como o método da Educação Física oficial, o

método Francês decretando a Educação Física como disciplina obrigatória nos

cursos secundários e o método francês sendo o único a ser usado para o

desenvolvimento da disciplina na rede escolar.

Nesse mesmo período, nos anos 50 a 60, segundo Ghiraldelli Júnior (2004, p.

40), a Educação Física estava intimamente ligada ao ensino público. No Brasil a

concepção Pedagógicista ganha força no Governo de Juscelino Kubitschek

(Presidente do Brasil que governou de 1956 a 1961).

Para Silva (1950, apud GHIRALDELLI JÚNIOR, 2004, p. 27-28), a Concepção

Pedagógicista se baseia nos modelos americanos e higiênicos ganhando força no

período pós-guerra de 1945 – 1964. Conforme o autor nesse período o pensamento

americano foi o mais marcante, pois:

[...] Segundo a Associação Nacional de Educação Física dos Estados Unidos, são os seguintes os fins da educação: “Saúde, desenvolvimento de habilidades fundamentais para a vida, formação de caráter e desenvolvimento de qualidades dignas de um bom membro de família e bom cidadão, aproveitamento sadio das horas livres ou de folga e finalmente, preparação vocacional” [...] Saúde: a Educação Física pode contribuir igualmente para a saúde física e mental, através de atividades consideradas fisicamente saudáveis e mentalmente estimulantes [...]

8 Conforme Ghiraldelli Júnior (2004, p. 25), “[...] A educação Física Militarista, coerente como os

principais autoritários de orientação fascista, destacava o papel da Educação Física e do Desporto na formação de homem obediente e adestrado [...]”.

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26

Habilidades fundamentais: dentre as habilidades fundamentais de toda sorte, de que o indivíduo necessita para assegurar seu completo bem estar e ajustamento, salientam-se as habilidades físicas como uma necessidade fundamental em todas as idades [...] Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e cidadão: a Educação Física é uma fase de trabalho escolar que

particularmente se presta para o desenvolvimento do caráter [...] Preparação vocacional: certos tipos de atividades físicas, especialmente as competições desportivas, desenvolvem controle emocional e qualidade de comando e liderança [...] Uso contínuo das horas livres ou de folga: o mau aproveitamento desse tempo pode destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além de degradar a vida [...].

Como se apresenta a citação acima, a Educação Física nesse momento

histórico, tendo a visão do pensamento americano, não exercia nenhuma

intencionalidade pedagógica para formação humana, pois nesse período as

preocupações eram de desenvolver habilidades do cotidiano e produzir saúde.

Nesse período da história, conforme Ghiraldelli Júnior (2004, p. 29-33), a

Concepção Competitivista também ganhou forças no Brasil, na qual o espírito

competitivo, as perfeições no esporte, as marcas e medalhas eram elementos

fundamentais de tal concepção que, inclusive, encontrou na mídia o interesse em

transmiti-los para a sociedade consumista de marcas de produtos expostos pelas

propagandas de televisão, etc.

Kunz (2004, p. 54) afirma que:

O campo do conhecimento da Educação Física parece não apenas ter adotado o esporte como o seu principal objeto de estudo e de intervenção prática como chega até mesmo a confundir-se com ele, num processo referido como esportivização da Educação Física.

Conforme o autor, também era preciso reconhecer que a Educação Física

Competitivista era incentivada pela ditadura pós-64, aonde tal concepção ia no

sentido da proposta de um “Brasil Grande” e obviamente mostrar sua pujança

internacional com o objetivo de fortalecer o interesse governamental.

Para Ghiraldelli Júnior (2004, p. 42 - 46), a Educação Física Competitivista

ganhou corpo de fato com a ditadura militar, que se manteve em rigor no período da

história do Brasil na qual se compreende de 1964 até 1985. Mas, após a década de

70 e 80 a Educação Física teve mudanças, aumentando o número de professores,

que começaram a discutir as práticas educativas em reuniões e congressos, onde

surgiram também, trabalhos científicos e alguns livros que tratavam da disciplina

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27

Educação Física Escolar. Daí, tudo começa a “mudar” (grifo nosso). A tão sonhada

liberdade é alcançada e novas tendências surgem.

De acordo com Saviani (2004, p. 45) na década de 90, precisamente no ano

de 1996, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, sancionou a Lei 9.394/96 onde

contém as Diretrizes e Bases que vão orientar a educação nacional nos próximos

anos. Os seus 92 artigos representam um novo momento do ensino brasileiro e

neles vemos refletidos os desafios e possibilidades para transformar o trabalho de

diversos educadores e com isso ampliar a formação das crianças.

Também posso acrescentar outros destaques desta lei que torna a educação

no Brasil como obrigatória e de acordo com ela, a educação é um direito de todos e

as crianças precisam ter acesso ao ensino desde os primeiros anos de vida. No

artigo 32, foi instituído que o ensino fundamental será obrigatório, com duração de

nove anos e gratuidade na escola pública, sendo iniciada aos seis anos, tendo como

objetivo a formação básica do cidadão. Já no artigo 26, parágrafo terceiro9 “A

educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente

curricular obrigatório da educação básica”.

Após o lançamento da nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB (9394/96), foram

apresentados pelo governo federal documentos direcionados aos profissionais de

educação atuantes nos diferentes graus de ensino. Os PCN têm uma estrutura

básica formada por um documento introdutório, um documento sobre temas

transversais como: (ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, educação

sexual, trabalho e consumo), e os demais relacionados a cada área de

conhecimento. Já para a área da Educação Física os documentos apresentam uma

estrutura voltada para os princípios norteadores a inclusão, a diversidade e as

categorias em blocos, onde são classificados de forma conceitual, atitudinal e

procedimental.

Os PCN (BRASIL, 1998, p. 49) incorporam a idéia de:

[...] Diretrizes que norteiam os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar uma formação básica comum. [...] O termo „parâmetro‟ visa comunicar a idéia de que [...] se constroem referências nacionais que possam dizer quais os „pontos comuns‟ que caracterizam o fenômeno educativo em todas as regiões brasileiras.

9 Parágrafo com redação dada pela Lei nº 10.793, de 1-12-2003.

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28

Para Grespan (2002, p. 15), não basta à nova LDB considerar a Educação

Física como componente curricular obrigatório, o grande problema é como construir,

na prática esse espaço de vivência, ou seja, a luta dos professores de Educação

Física é manter está disciplina com a mesma importância que outras, como

matemática, ciências e português, que tem historicamente seu espaço “reservado”.

Portanto, mediante a esses fatos e interesses políticos, é necessário

reconhecer nos dias atuais a importância da Educação Física para as crianças,

principalmente do 6º ao 9º ano da educação básica, considerando a necessidade

dos professores entenderem a importância de estabelecer um tratamento

pedagógico voltado a estruturar uma proposta de ensino que dê sequência aos

conteúdos ao longo dos anos escolares.

Considerando os novos rumos da Educação Física para o século XXI, de fato

penso que a história da Educação Física no Brasil precisa encontrar a sua definição

e seu espaço, superando e emancipando a compreensão de todo amontoado de

datas e fatos. Enfim, não se pode negar o avanço e as preocupações metodológicas

atuais das produções científicas da Educação Física em todo o país, várias

contribuições como: monografias, teses, artigos e propostas estão surgindo e grande

parte destas produções, buscam um novo caminho para a história da Educação

Física no Brasil. Contudo, após dialogar com vários autores que contam a história da

Educação Física, ou seja, do início até o século XXI, percebemos que existem

muitas lacunas, principalmente no que se refere a esta produção, as abordagens

críticas no âmbito da Educação Física Escolar.

Para finalizar essa seção, retomamos com Grespan (2002, p. 29), propondo

afirmativamente que resta aos professores lutar pelo ensino público de qualidade no

único espaço a eles reservado por lei, que é a escola; este espaço em que temos

que lutar atentos, aproveitando os conflitos e contradições para avançar em ações

concretas no sentido de construir uma aula de Educação Física, condizente com a

escola que precisamos para elevar a cultura do nosso povo.

2.2 FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DO KARATÊ

Neste capítulo vamos apresentar o que é o Karatê, os principais fatos

históricos que influenciaram na sua origem e evolução, a história e evolução do

Karatê do Japão até o Brasil, também vamos apontar como o Karatê chegou ao

Page 29: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

29

Brasil e finalmente aqui na Bahia. Assim para melhor entendermos o Karatê, será

necessário conhecer sua história e evolução, desde sua origem, o lugar onde

surgiram, os hábitos e costumes do povo oriental.

Segundo Rangel (1996, p. 96) as lutas surgiram desde a origem do homem

com a finalidade de defender-se, proteger territórios ou atacar com o objetivo de

sobrevivência. Sendo assim, a história narra que:

As lutas sem armas apareceram na história dos povos orientais cerca de 3.000 a 4.000 anos. Dados precisos registram conhecimentos de lutas entre monges indianos que viveram há 3.000 a.C., que através dos movimentos e da disciplina por eles gerada, estabeleciam rituais semelhantes à dança.

O Karatê, uma das principais formas de combate à mão desarmada, originou-

se como outros tipos de lutas, dos movimentos de animais em seu constante e

rotineiro exercício pela sobrevivência. Os homens observavam os movimentos dos

animais, quer fossem nas caçadas, quando buscavam sobrepujar outros animais

para deles se alimentarem ou nos movimentos de defesa quando atacados. Não se

pode também fugir do fato de que o Karatê se pauta, exclusivamente na sua função

marcial original, onde a sua matéria-prima é a sobrevivência, a luta e,

principalmente, no combate entre dois ou mais homens.

O homem em contato com a natureza, disputando o espaço com os outros

animais, vivia suas atividades físicas, desenvolvendo uma arte na qual podemos

chamar de naturalista. Conforme, poeticamente, Rangel (1996, p. 96), diz que:

Do tigre, a agilidade; da águia, a leveza; do galo, a perseverança; e até de vegetais, como a rosa, no seu florescer alegre após um período de tempestade, espalhando perfume sem rancor da natureza que em breves períodos tão cruelmente a maltrata.

Na citação acima o autor apresenta a lenda que monges indianos,

observavam estes movimentos, estudavam adaptavam e treinavam para usá-los nas

práticas guerreiras. E com esse esclarecimento compreendemos a forma em que se

instituíram os movimentos do karatê, a partir da observação da natureza. Na sua

pesquisa ele também aborda que a China teve uma grande influência na origem e

evolução do Karatê, devido ao seu povo valorizar os aspectos, guerreiro, filosófico,

educacional e medicinal, entre outros.

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30

Entre as várias lendas, sobre a origem do karatê, destaca-se a que fala sobre

o monge indiano Bodhi Dharma, um instrutor de exercícios e técnicas marciais, que

valorizava o exercício físico e técnicas de luta de guerra.

De acordo com Viana (1996, f. 3), BODHI DHARMA, em meados do século V,

caminhou em direção à China para fundar um mosteiro budista. Como ele era um

seguidor do budismo, desenvolveu técnicas de luta sem arma originando o (Shao

Lim Su Kenpo), com o objetivo de oferecer saúde e autodefesa. Bodhi Dharma

orientava seus discípulos para que através da observação das características das

lutas dos animais pudessem desenvolver técnicas, criando assim seu próprio estilo.

Rangel (1996, p. 96), ao abordar sobre as lendas da origem do Karatê,

descreve na sua obra que:

Uma destas lendas descreve as atividades de um médico chinês de nome HUAN T‟O, que criou uma da sequência de movimentos semelhante ao “kata”10 moderno, com o objetivo de aliviar a tensão emocional e fortalecer o corpo.

De acordo com Cartaxo (2011, p. 133), o Karatê (em japonês, Karatê-Do,

“caminho das mãos vazias”) é uma arte marcial desenvolvida a partir do Kenpô

chinês (uma arte marcial chinesa em particular, o Kung Fu da China Meridional)11 e

de métodos autóctones (nativos) de lutas das Ilhas RyuKyu. Já para Rangel (1996,

p.98), alguns autores definem o conceito de Karatê-Do como uma técnica de luta

com as mãos e pés desarmados, complementando a tradução literal de KARA =

vazio, TÊ = mão e DÔ = caminho, conseguindo assim, “o caminho das mãos vazias”.

Particularmente, existe uma lógica no que diz Rangel (1996, p. 98), quando

esclarece que o Karatê-Do é acima de tudo uma ciência que precisa ser estudada,

pesquisada e que dá a cada momento um conhecimento novo do nosso corpo,

através dos movimentos que executamos quando atacamos ou nos defendemos de

algumas investidas dos adversários. Movimentos estes em que não apenas as

mãos, mas todo o corpo está harmonioso e totalmente envolvido.

Contudo, mediante ao conteúdo exposto em relação à evolução e a origem do

karatê no Brasil, trazemos uma inquietação em relação à escola, quando analisamos

os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) – PCN, no que tange ao 3º e 4º ciclos

10

Segundo Paula (1996, p. 67) Kata (luta simulada contra adversários imaginários). 11

Conforme Diana (1996, p. 55) a China Meridional foi considerada "Área Econômica Chinesa", é importante salientar que alguns autores chamam de "triângulo de crescimento da China meridional", onde inclui as novas "regiões administrativas especiais" de Hong Kong e de Macau.

Page 31: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

31

do ensino fundamental. Tais Parâmetros afirmam que os educandos devem ser

capazes, quando orientados pela disciplina Educação Física de: participar de

atividades corporais; adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade

em situações lúdicas e esportivas; conhecer os limites e as possibilidades do próprio

corpo, de forma a poder controlar algumas de suas atividades corporais com

autonomia e a valorizá-las como recurso para manutenção de sua própria saúde;

repúdiar as práticas de violência contra o outro, aprender com a diversidade cultural

de maneira plural, desenvolver a capacidade de análise crítica, organizar jogos,

brincadeiras ou outras atividades corporais, valorizando-as como recurso para

usufruto do tempo disponível; etc. (BRASIL,1998, p. 63).

Diante disto, acreditamos que as lutas (Karatê-Do), podem e até devem servir

como instrumento de auxilio pedagógico ao professor de Educação Física, ou seja, o

ato de lutar deve ser incluído na escola a partir do contexto histórico-sócio-cultural

do homem, pois após descrevermos a história e a evolução do karatê, podemos

reconhecer que desde a pré-história o ser humano buscou a sua sobrevivência,

lutando corporalmente e após muitas conquistas a luta se tornou uma política social,

esportiva e educacional, e na escola tornou-se um conteúdo da cultura corporal.

2.2.1 FUNDAMENTOS DA HISTÓRIA DO KARATÊ EM OKINAWA E NO JAPÃO

Buscaremos neste capítulo, abordar de maneira sintética a história do Karatê

em Okinawa e no Japão. Ao pesquisar um pouco da história da origem do Karatê na

ilha de Okinawa, verificamos que por não haver registros históricos sobre o karatê,

não se sabe exatamente a data em que este teve origem. Porém diversos relatos

apontam para o seu surgimento na ilha de Okinawa, ao sul do Japão, onde na

antiguidade, diversas formas de combate sem armas foram desenvolvidas e

praticadas em segredo.

De acordo com Rangel (1996, p. 97), em 1470, já livre do domínio manchu e

conduzidos por SHO-HÁ-SHI, os chineses guerrearam e conquistaram Okinawa,

(Japão). Então a partir desse momento foi proibido o uso de qualquer tipo de arma

pelos nativos da ilha.

Com essa proibição os okinawenses descontentes passam a procurar

conhecimentos de lutas que só poderiam ser treinadas de forma disfarçadas e

desarmadas, por causa da proibição.

Page 32: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

32

Conforme Funakoshi (2010, p. 43), era proibido por lei todos os habitantes da

ilha portar armas:

Na verdade, havia dois decretos proibitivos: um promulgado há cerca de cinco séculos, o outro mais ou menos duzentos anos mais tarde. Antes da proclamação do primeiro decreto, as RyuKyu12 estavam divididas em três reinos guerreiros: Chuzan, Nanzan Hokuzan.

Então, os okinawenses pensando em libertação devido aos decretos que

proibiam o uso de armas, procuraram conhecimentos de luta, que só poderiam ser

exercitados a mãos desarmadas.

Os nativos da ilha de Okinawa receberam seus primeiros ensinamentos

através de mercadores e marinheiros da Província de Fujian que durante as suas

passagens pela China, ensinaram técnicas de chutes e socos e esta luta era

denominada de Kenpô. Os nativos de Okinawa chamavam esse estilo de Okinawa-

tê (mão de Okinawa). Conforme Cartaxo (2011, p. 135) os estilos de Karatê de

Okinawa mais antigos são o Shuri-tê, o Naha-tê e o Tomari-tê, assim chamados de

acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.

Segundo Rangel (1996, p. 98), mais tarde em 1609, o senhor feudal Shimazu,

atacou Okinawa e a conquistou para o Japão, mantendo também as restrições

quanto ao uso de armas. Nesta época o “Kenpô” chinês também chamado de “Tê” já

tinha adquirido novas características e alguns adeptos, passando a ser chamado de

Karatê.

Funakoshi (2010, p. 45), ao esclarecer o sentido da palavra karatê, aponta

que:

De fato, em Okinawa, usávamos a palavra karatê, mas mais freqüentemente chamávamos a arte simplesmente te ou bushi no te, “a(s) mão(s) do guerreiro”. Assim poderíamos dizer que um homem

estudou te ou que teve experiência em bushi no te.

Então, podemos entender que naquela época o Karatê foi confundido com o

chamado boxe de estilo chinês e a sua relação com o Te de Okinawa que lhe deu a

sua origem, como a arte das mãos vazias.

Conta o autor Rangel (1996, p. 98) que em 1916, após trezentos anos da

reconquista da ilha (Okinawa), o karatê é introduzido no Japão, através dos mestres

12

Funakoshi (2010, p. 43) esclarece que Okinawa, antigamente era a principal ilha do arquipélago de Ryūkyū, localizado entre a China e o Japão.

Page 33: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

33

Mabuni e Gichin Funakoshi, onde o principal objetivo era difundir a arte marcial

como esporte. Eles aproveitaram esse momento histórico e realizaram várias

apresentações para o exército nacional e universidades.

Conta Funakoshi (2010, p. 53) que no primeiro ou segundo ano deste século,

Ogawa inspetor escolar da Prefeitura de Kagoshima ficou muito impressionado com

as várias apresentações e demonstração de karatê. Mas foi somente mais tarde que

ele, apresentou um relatório detalhado ao Ministério da Educação, elogiando

entusiasticamente as virtudes da arte. Sendo assim, o Karatê a partir desse

momento histórico, passou a fazer parte do currículo da Escola Secundária da

Prefeitura de Daiichi e da Escola Normal para Homens, determinando o fim da

clandestinidade do karatê.

Mediante ao exposto, podemos apontar a partir dessa demonstração histórica

no século XX, o ressurgir das artes marciais em Okinawa, a transformação de luta

pela sobrevivência para uma prática da Educação Física Escolar. As Escolas, como

Naha-te, Shuri-te e Tomari-te, também aproveitaram desenvolvendo e divulgando a

arte marcial Karatê. Neste período foram revelados mestres como: Itosu,

Higashionna e posteriormente Mabuni, Ogusoku, Miyagi, e outros.

Observa-se então que, em meados do século XX o Karatê foi desconfigurado

enquanto luta social e passou a ser tratado como esporte escolar e dentre vários

mestres do passado que se preocupavam com o futuro do Karatê, o Sensei Gichin

Funakoshi se tornou o pai do karatê moderno do estilo Shotokan.

2.2.2 FUNAKOSHI SHIHAN13 - O PAI DO KARATÊ-DO MODERNO

O Karatê moderno surgiu quando o falecido mestre Gichin Funakoshi (1868-

1957), membro da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi solicitado pelo

Ministério de Educação do Japão a conduzir apresentações de Karatê em Tóquio,

em maio de 1922. Esta nova arte e toda a sua sistematização de ensino-

apreendizagem, conquistaram os representantes da educação no Japão e a partir

daí foi introduzida em diversas universidades.

Para apresentar este grande mestre, pesquisamos em sua autobiografia que

ele nasceu em Shuri, Okinawa (Japão), em 1868. Muito franzino ele iniciou seus

estudos de karatê visando fortalecer-se e aos onze anos, iniciou seus estudos com

13

Segundo Marinho (1980, p. 46) Shihan quer dizer bússola a ser seguida, titulo honorífero dos grandes mestres.

Page 34: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

34

Yasutsune Azato com quem aprendeu o estilo Shuri-te e com Anko "Yasutsune"

Itosu, com quem aprendeu o estilo Naha-te. A mistura destas duas formas primitivas

de Karatê originou o estilo hoje conhecido como Shotokan14.

Naquela época o Karatê, como já foi explicado, era uma arte praticada em

segredo. Em 1916, o mestre Gichin Funakoshi foi convidado pela prefeitura de

Okinawa onde realizou a primeira demonstração pública de karatê fora da ilha

(Okinawa), no Centro de Artes da cidade de Kyoto, no Japão. Evento que mostra a

luta para a sociedade, iniciando a sua divulgação.

Conforme a sua autobiografia o professor e pesquisador Funakoshi é

considerado o pai do Karatê-Do moderno, por tê-lo modificado literalmente e

filosoficamente de “mãos chinesas”, mãos do dominador para “mãos vazias”, mãos

de liberdade. Onde “kara” e “te” tem como sentido figurado, além de defender-se

desarmado, ter a mente livre do egoísmo, da vaidade e da maldade.

A palavra “Dô” foi acrescentada, significando a busca de um caminho ou

disciplina a seguir por toda a vida, na construção da personalidade.

Funakoshi (2010, p. 46), descreve em sua autobiografia a alteração ocorrida

no significado do nome da luta:

Pelo fato de que Okinawa estivera por longo tempo sob a influência chinesa e também porque o que era importado da China era considerado da melhor qualidade e de acordo com a moda, muito provavelmente foi kara “chinês” mais do que o kara “vazio”, mas isso repito, pode ser apenas um mero jogo de adivinhação.

O fato citado ocorre em 1936, quando Funakoshi muda os caracteres kanji

utilizados para escrever a palavra Karatê. O caracter “KARA”, que significava China

é trocado por outro que tinha o mesmo som; o caracter utilizado foi um do Zen

Budismo que significava vazio, passando o Karatê a ser conhecido não mais como

“Mãos Chinesas”, mas como “Mãos Vazias”. Funakoshi defendia o fato de que

“Mãos Vazias” era mais apropriado, pois representava não só o fato de o Karatê ser

um método de defesa sem armas, mas também representava o próprio espírito do

Karatê, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenas.

Em 1943, Funakoshi era um homem de vasta cultura e sabedoria ele criou a

JKA – Japan Karatê Association. Aos noventa anos escreveu a sua autobiografia

14

Conforme Cartaxo (2011, p. 135) o Karatê do mestre Funakoshi, era comumente chamado de

Shorei-ryu, posteriormente o estilo foi chamado por outros de Shotokan por ser Shoto o apelido do mestre. O Kanji Kan significa prédio ou construção e, portanto, Shotokan significa “Prédio de Shoto”.

Page 35: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

35

que descreve em detalhes a sua vida, ou seja, a infância e juventude além de relatar

sua luta para aperfeiçoar e popularizar a arte das mãos vazias.

Com o passar do tempo Funakoshi mudou o nome da própria arte de Karatê

Jutsu (Técnicas das Mãos Vazias) para Karatê-Do (Caminho das Mãos Vazias). Esta

mudança foi de vital importância para o crescimento do Karatê, pois assim deixou de

ser visto como um simples método de treinamento e passou a ser um “caminho”.

Este grande mestre nos deixou um legado de ensinamentos e transformou o

que era uma mera técnica de combate, num caminho de crescimento espiritual e

filosófico. Ou seja, o Karatê deixa de ser uma preparação física, unicamente, e

passa a se preocupar com a formação integral do ser humano.

Contudo, entendemos que as modificações introduzidas por Funakoshi em

sistematizar as técnicas dessa nobre arte e integra-lá aos princípios da arte

guerreira e da filosofia Zen tem por finalidade possibilitar aos profissionais de

Educação Física, um modelo de ensino-aprendizagem voltado para o

desenvolvimento da capacidade de persistência, da paciência, da autonomia, da

coragem e do equilíbrio emocional, formando a personalidade das crianças,

principalmente as que estão no 6º ao 9º ano do ensino fundamental da educação

básica.

2.2.3 KARATÊ NO BRASIL DIRETO PARA BAHIA

Apresentamos a seguir uma abordagem sobre o contexto histórico, filosófico e

sociocultural do karatê e do país em que o mesmo surgiu, para que dessa forma

fique mais nítida a função do karatê na sociedade atual.

Conforme os livros e estudos sobre, a história da introdução do karatê no

Brasil, descobrimos que o karatê, surgiu a partir da imigração e instalação dos

japoneses, após a Segunda Guerra Mundial.

Rangel (1996, p. 106) diz que:

O Karatê aportou no Brasil em 1957, quando aqui chegou o mestre Akamine. Muito violento, este professor não consegui implantar a sua arte, pois, pouquíssimos eram os alunos que o procuravam, fato este que o fez retornar brevemente para o Japão.

Apesar do mestre Akamine não ter permanecido em nosso país, podemos

compreender que o Karatê teve o seu início no Brasil em 1957, a partir da formação

da colônia japonesa em São Paulo, outras academias foram surgindo naquela

Page 36: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

36

cidade, sendo as mais conhecidas as pertencentes ao Sensei Mitsusuke Harada,

vindo da Universidade de Waseda do estilo Shotokan. Também neste ano o

Professor Shikan Akamine, 7º Grau do estilo Goju Ryu, vem oficialmente ensinar o

karatê no Brasil, no Clube Santos, em São Paulo.

Em 1958, o Professor Yoshihide Shizato, divulga Shorin em Santos, São

Paulo. Neste ano foi fundada no Brasil a NKK – Nihon Karatê Kiokai pelos

professores Sadamu Uryu, Yasutaka Tanaka, Juiti Sagara e Tetsuma Higashino. As

primeiras associações oficiais de Karatê em São Paulo foram: Seibukan do Prof.

Juiti Sagara e a ABK – Associação Brasileira de Karatê, fundada pelo Prof. Shikan

Akamine. Logo após no dia 11 de setembro de 1987 foi fundada a CBK –

Confederação Brasileira de Karatê (CARTAXO, 2011, p. 134).

Segundo Rangel (1996, p. 106), nos anos 60 o karatê nacional continuava a

passos lentos, por falta de recursos necessários, funcionando internamente nas

academias e quando avançava algum estágio alcançava projeção apenas na própria

cidade onde estava localizado.

Rangel (1996, p. 114), afirma que o Karatê foi introduzido na Bahia, através

do japonês Saito, mestre de Judô, que chegou ao Brasil com alguns conhecimentos

da arte das mãos vazias. Antes dessa época as informações sobre o Karatê eram

raras, somente chegavam através de publicações difíceis de serem compreendidas

(em japonês), ou seja, os mestres não entendiam a nossa língua (português),

dificultando assim, o aprendizado do karatê. Então aqueles que desfrutaram deste

conhecimento, consideravam estes ensinamentos, verdadeiras relíquias, porque

aprenderam o karatê com os mestres japoneses.

Em 1963, conta Oliveira (2002, p. 26) que na academia Spartan Gym, Ivo

Rangel conheceu o Karatê através do instrutor Múcio Magalhães, aluno do

engenheiro japonês Masahiro Saito radicado na Bahia. Sendo que Nessa época, Ivo

Rangel trabalhava na PETROBRÁS como laboratorista de análises petrofísicas e

estudava a noite. Porém em 1964, jovem e insaciavelmente curioso, iniciou-se

também no judô, comandado pelo competentíssimo Kazuo Yoshida.

Rangel (1996, p. 106), registra que em 1965, o movimento de integração

nacional do karatê:

[...] surgiu na Bahia, quando uma equipe de idealistas partiu com recursos dos próprios atletas, para o primeiro torneio interestadual realizado em São Paulo, em 1965.

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37

Foram pioneiros deste movimento o japonês Eisuki Oishi e os brasileiros Denilson Caribé, Ivo Rangel, Lazaro Gagliano, Carlos Alberto Costa, Renato Pereira e Renato Duarte Filho, integrantes da primeira seleção baiana de karatê.

Assim, a partir desse momento histórico, esta nova motivação, trouxe o

mestre Ivo Rangel de volta para o karatê.

Conforme Oliveira (2002, p. 26) no início do ano de 1968, o professor Sadamu

Uriu veio residir na Bahia, experimentado mestre japonês, excelente nas técnicas de

Kata e Kumite e muito bem relacionado com a colônia japonesa. Ou seja, a vinda de

Uriu, fez crescer o nível do karatê bahiano e a prova deste crescimento foi a

sequência de boas classificações que a Bahia conquistou nacionalmente. Nesta

época também houve a interiorização do karatê, ou seja, ele começou a ser

ministrado em cidades como: Alagoinhas e Feira de Santana e a introdução na

Escola Superior de Arquitetura e Engenharia.

Portanto, Rangel (2011, p. 116) afirma que nesta época, fortes seleções

foram organizadas surgindo outros nomes como Claúdio Mascarenhas, Herval

Macedo, Dorival Caribé, Álvaro Almeida, Dalmar Caribé, Luis Sergio Souza e Alberto

Fonsêca. Em 1969, foi realizado o primeiro exame para a faixa preta em solo baiano,

perante uma banca examinadora composta pelos mestres Tadachi e Sadamu Uriu,

onde seis candidatos inscreveram-se e pela rigorosidade exigida apenas dois

praticantes foram aprovados, Ivo Rangel e Claúdio Mascarenhas.

Conta Oliveira (2002, p. 27) que em 1970, o professor Sadamu Uriu, voltou

para o Rio de Janeiro e entregou a direção técnica do Clube Acrópole e da Escola

Superior de Arquitetura e Engenharia para o Faixa Preta Ivo Rangel. No Acrópole,

Ivo Rangel constituiu sua dinastia, sendo que dentre aqueles que as mais gloriosas

vitórias trouxeram, encontravam-se: Zé Mendes, Valdomiro Santos, Nigro Santana,

Rafael Ribeiro, Hormínio Santos Filho, Dorival Daniel, Carlos Rangel Junior,

Ubirajara Rangel, Silvio Lopes, Pedro Rocha, Damiana Sales, Rita de Cássia, Diana

Peixoto, Laudicea Oliveira, Noelia Brito, Claudia Cristina e Nohama Viana.

Segundo Rangel (2011, p. 118) desde a implantação do karatê no Acrópole

foi:

[...] passagem constante de grandes e até destacados instrutores da atualidade. Lá começaram seus estudos Roberto Pereira, Dílson Soares, Dorival Daniel, Silvio Lopes e Luis Viana, dentre outros. As constantes competições internas, fizeram surgir valorosos atletas. A primeira equipe do Acrópole a disputar competições era formada

Page 38: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

38

por José Edmundo, José Firmino Bomfim, Nilton Guimarães, Nigro Santana e Rafael Ribeiro.

Sendo assim, após vinte e um anos de existência o Acrópole, a partir de

1991, fundiu-se com uma nova instituição o Clube Imperador que segundo Rangel

(2011, p. 118) que dispondo de maior estrutura absorveu cerca de noventa por cento

dos antigos karatecas e até hoje, mantém a hegemonia no karatê baiano.

Expomos no próximo capítulo, pontos relevantes para este estudo em duas

sessões e três subsessões, considerando as reflexões sobre o contexto pedagógico

do karatê para os educandos do 6º ao 9º ano da educação básica, tratamos os

conteúdos deste ciclo. Sendo assim, ao expor uma proposta da realidade

pedagógica, destacamos as possibilidades no âmbito da Educação Física Escolar.

Page 39: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

39

3 KARATÊ NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS

ABORDAGENS CRÍTICAS

Desenvolvemos neste capítulo, as sessões que tratam dos aspectos

relevantes do tema pesquisado, partindo de pressupostos que norteiam o ensino da

Educação Física Escolar. No decorrer deste capítulo, apresentamos os fundamentos

pedagógicos do ensino-apreendizagem do karatê a partir da revisão dos estudos

das abordagens críticas. Também apresentamos as bases do ensino e as

possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do karatê para o 6º ao 9º ano

da educação básica, enfim todos os argumentos emitidos pelos pesquisadores para

sustentar a presença do Karatê-Do na escola enquanto prática educacional.

3.1 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO-APREENDIZAGEM

DO KARATÊ: UMA REVISÃO DOS ESTUDOS

Conforme os dados históricos da Educação Física e do Karatê, expostos no

capítulo II desta monografia, percebemos a possibilidade de vínculos, considerando

que as lutas são incorporadas ao conteúdo das escolas a partir do ensino da

Educação Física Escolar.

Após pesquisarmos em várias bibliografias, sabemos que a prática das artes

marciais (karatê) melhora o desempenho intelectual e o inter-relacionamento

pessoal, à medida que alicerçada na rígida disciplina oriental, aliada a princípios

filosóficos milenares, exigem grau elevado de atenção e concentração na execução

de tarefas de superação.

Considerando a importância que tem o ensino-aprendizagem do karatê,

enquanto garantia de direitos de todos os cidadãos destaco, portanto, que a

aplicação das lutas nas escolas exige adequação às condições sócio-econômicas,

regionalização, cultura e necessidades do aluno, sendo preciso que se pense uma

especificidade, em relação à faixa etária, não podendo ser uma atividade para

criança igual a uma para adulto. É necessário aplicar uma metodologia que, além de

promover uma vivência de situações que estimule o desenvolvimento das

capacidades físicas e habilidades psicomotoras presentes nas lutas, seja também

motivante, estimulante e prazerosa, proporcionando um bem estar e o gosto pelo

aprendizado da arte.

Page 40: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

40

Assim, voltamos para o enfoque deste capítulo, ou seja, uma revisão dos

estudos dos fundamentos pedagógicos do ensino-aprendizagem do karatê.

Enquanto proposta pedagógica os PCN (BRASIL. 1998, p. 49) afirmam que o ensino

das lutas objetiva:

A vivência de situações que envolvam perceber, relacionar e desenvolver as capacidades físicas e habilidades motoras presentes nas lutas praticadas na atualidade; vivência de situações em que seja necessário compreender e utilizar as técnicas para as resoluções de problemas em situações de luta (técnica e tática individual aplicadas aos fundamentos de ataque e defesa); vivência de atividades que envolvam as lutas, dentro do contexto escolar, de forma recreativa e competitiva.

Na citação acima, podemos perceber que o posicionamento dos PCN sobre

as lutas, neste estudo o Karatê, é entendido e tratado como cultura corporal do

movimento, logo valoriza as lutas e orienta o professor mostrando que as lutas

devem estar presentes na elaboração do seu planejamento.

Segundo Cartaxo (2011, p. 164) o conteúdo lutas, na disciplina Educação

Física Escolar, é uma prática ainda pouco utilizada por muitas escolas, pelo fato dos

professores não serem preparados nas universidades em função de terem poucas

horas/aulas destinadas à aprendizagem dessa disciplina e ela comporta muito

conteúdo.

Sendo assim, apresentamos as bases filosóficas, os fundamentos básicos

(defesa e ataque) e vocabulários das técnicas mais utilizadas nas aulas de Karatê.

Tudo que consideramos de suma importância para uma boa iniciação para os

educandos do 6º ao 9º ano da educação básica.

Para iniciar apresentamos as bases filosóficas do Karatê, porque acho muito

importante que um professor ou um especialista em karatê, saiba explanar sobre a

história, a filosofia, os códigos de ética e o Lema do Karatê-Do (Dojo-Kun). Estes

instrumentos são usados para poder desenvolver a conduta do praticante no sentido

de obter harmonia com o universo.

De acordo com Sasaki (1991, p. 16), Funakoshi deixa-nos muitos

pensamentos que espelham a filosofia do karatê e suas técnicas, bem como a

sabedoria oriental. São cinco lemas (kun) que têm sido passados desde os tempos

mais remotos até o presente. O Quadro 1 classifica-os:

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Quadro 1 - Cinco Lemas do Karatê (Dojo Kun)

Hitotsu jinkaku kansei ni tsutomuru koto = esforçar-se para a formação do caráter.

Hitotsu makoto no michi o mamoru koto = fidelidade ao verdadeiro caminho da

razão.

Hitotsu doryoku no seisshin o yashinau koto = criar o intuito do esforço.

Hitotsu reigimo omunzuru koto = respeito acima de tudo.

Hitotsu kekki no yuo imashimuru koto = conter o espírito de agressão.

Fonte: Baseado em SASAKI, (1991, p. 16)

Conforme o que aponta os estudos do mestre Sasaki (1995, p. 27), ou seja,

em relação ao conjunto de preceitos (Kun) citados acima estes são normalmente

recitados no começo e no fim das aulas de Karatê. Tais preceitos representam os

ideais filosóficos do Karatê. O propósito do dojo kun é reforçar a ética, para que

possa servir como parâmetro aos praticantes de Karatê e guia-lós as crianças para a

prática correta do karatê. Sasaki (1991, p. 16) ainda completa dizendo que esses

conhecimentos, que chegaram até nós nos livros deixados pelos grandes mestres,

através do tempo, podem ser considerados uma riqueza cultural à disposição de

todos.

Funakoshi (1994, p. 109-110), afirma que:

Alguns jovens acreditam que o Karatê possa ser aprendido somente de instrutores num dojo, mas estes são simples técnicos, não caratecas verdadeiros. Há um ditado budista que diz que qualquer lugar pode ser um dojo, esse é um ditado que nenhuma pessoa que queira seguir o caminho do Karatê deve esquecer. O Karatê-Do não é somente a aquisição de certas habilidades defensivas, mas também o domínio da arte de ser um membro da sociedade bom e honesto.

Na citação acima o autor procura associar a essência do karatê a cortesia,

fazendo pressupor de que um dos fins da arte marcial seja a harmonia. Há uma

relação direta entre harmonia/arte e moral/cortesia, que liga as obrigações morais a

estabilidade e a paz. Observa-se que em japonês, o Dojo Kun sempre começa com

a palavra Hitotsu (primeiro), pois, para Funakoshi, todos os preceitos são

importantes e devem ser exercidos igualmente.

Page 42: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

42

O local de treinamento (dojo), ao contrário do que é mencionado na mídia,

pode ser num espaço físico plano, firme, não escorregadio, arejado e que permita a

execução dos movimentos em sua total amplitude.

Funakoshi em seu livro “Os vinte princípios fundamentais do Karatê”

descreve: o Niju Kun (os códigos de ética), que é a síntese do seu pensamento

sobre como dever ser o espírito do praticante de karatê. Estes princípios têm como

propósito dar subsídios aos professores à cerca da prática cotidiana do karatê,

servindo como guia para o autoconhecimento:

1. O Karatê começa e termina com saudação (rei); 2. No Karatê não existe atitude ofensiva; 3. O Karatê é um assistente da justiça; 4. Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesmo; 5. O espírito é mais importante do que a técnica; 6. Evitar o descontrole do equilíbrio mental; 7. Os infortúnios são causados pela negligência; 8. O Karatê não deve se restringir ao dojo; 9. O aprendizado do Karatê deve ser perseguido durante toda a vida; 10. O Karatê dará frutos quando associado à vida cotidiana; 11. O Karatê é como água quente. Se não receber calor constantemente esfria; 12. Não alimentar a idéia de vencer, pense em não ser vencido; 13. Adaptar sua atitude conforme for o adversário; 14. A luta depende do manejo dos pontos fracos (kyo) e fortes (jitsu); 15. Imagine que os membros dos adversários são como espadas; 16. Para o homem que sai do seu portão, há milhões de adversários; 17. No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais; 18. A prática de fundamentos deve ser correta, porém sua aplicação é diferente; 19. Não esqueça se esqueça de seus pontos fortes e fracos, das limitações de seu corpo e da qualidade relativa de suas técnicas; 20. Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.

No entendimento de Bartolo (2010, p. 147) a ética destes princípios, é ensinar

que o Karatê não pode ser usado fora do Dojo. Na escola, o karatê deve ser

controlado, pois é inaceitável em um treinamento machucar propositadamente um

colega. O autocontrole é parte inerente do karateca e deve ser incorporado e

ensinado aos alunos da escola, ou seja, o professor deverá mostrar que todos

devem seguir o caminho da retidão, acatando fielmente os vinte princípios.

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43

Portanto, a finalidade destes ensinamentos é o aperfeiçoamento do caráter de

quem pratica o Karatê, sendo assim, poderemos usar a história, a filosofia, os

códigos de ética e o Lema do Karatê-Do (Dojo-Kun) para mostrar os benefícios da

inclusão do Karatê-Do e a sua filosofia nas aulas de Educação Física para os

educandos do 6º ao 9º ano da educação básica, fazendo desta ferramenta um

conteúdo de ensino pedagógico e educativo.

Para Nakayama (1977, p. 14) o iniciante começa a prática do Karatê,

aprendendo a moldar o punho, em seguida ele aprende as posturas básicas, as

posições, os bloqueios e os ataques.

As aulas de Karatê podem ser divididas em três partes principais: Kihon

(fundamentos) Posturas básicas; Kata (forma, padrão), uma espécie de luta contra

um inimigo imaginário expressa em sequências fixas de movimentos; Kumite

(encontro de mãos) luta propriamente dita.

Segundo Rangel (1996, p. 36), Kihon é a terminologia japonesa que serve

para nominar o conjunto de golpes fundamentais para a prática do karatê que se

compõe de técnicas executadas com os braços – socos, cotoveladas ou defesas – e

pernas, nas diversas formas de chutes. Apresentamos a seguir, os fundamentos

(Kihon), objetivando o ensino aprendizagem de alunos iniciante no karatê, de acordo

com o autor e o manual da FKIBA – Federação de Karatê Interestilos da Bahia:

1. Oi Zuki ou Tsuki – Soco. Forma de ataque com o punho, avançando ao mesmo tempo em que a perna avança na direção do objetivo. 2. Gedan Barai – Forma de defesa no sentido executada no sentido de cima para baixo, cujo objetivo é bloquear golpes dirigidos principalmente para a região abdominal. 3. Age Uke – Forma de defesa que caracteriza o bloqueio para cima. Protege a cabeça. 4. Soto Uke – Bloqueio de fora para dentro, utilizando como ponto de contato a metade superior do antebraço. 5. Uchi Uke – Defesa no sentido de dentro para fora, também utilizando como ponto de contato a parte do antebraço mais próxima do punho. 6. Shuto Uke – Bloqueio de fora para dentro, utilizando como ponto de contato a metade superior do antebraço. 7. Mae Geri Keage – Chute frontal, com a perna executando o movimento semelhante ao de uma chicotada. 8. Yoko Geri Keage – Chute para o lado, tendo como ponto de contato a borda externa ou toda a planta do pé. 9. Maw Ashi Geri – Golpe de ataque com o pé, que para atingir o objetivo executa uma trajetória circular.

10. Ura Maw Ashi Geri – Chute que se assemelha ao maw ashi gueri, executando uma trajetória inversa. Seu ponto de contato é o calcanhar.

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Também, no entendimento de Rangel (1996, p. 53) as posturas básicas

(Bases) do karatê, são formas corporais que o praticante adota para uma melhor

execução dos golpes de ataque ou defesa, onde o principal objetivo é o equilíbrio, e

a boa base. As posturas mais utilizadas nas aulas de karatê são:

- Kiba Dachi – Postura caracterizada pelo grande afastamento lateral entre os pés do karateísta, semiflexão dos membros inferiores e força concentrada no centro de gravidade e joelhos, pressionando para baixo. Assemelha-se à posição de cavalgar. -Kokutsu Dachi – Postura recuada que guarda breve semelhança com o Kibadachi. O centro de gravidade fica mais próximo da perna traseira e o pé adiantado, mantém-se voltado para frente. - Zenkutsu Dachi – Postura frontal, coma perna de trás inclinada e em completa extensão, enquanto que a da frente, em semiflexão com a coxa, mantém-se perpendicular ao solo.

Conforme Nakayama (1997, p. 94) os Kata, ou exercícios formais, são

combinações de técnicas fundamentais do karatê, executadas de uma maneira

lógica e predeterminada, simulando uma luta contra vários oponentes, que se

encontra na mente daquele que executa o kata. Através da constante prática desse

tipo de movimento corporal (Kata), o karateca pode desenvolver seu físico, fortalecer

seus ossos e forjar músculos vigorosos. Segue abaixo a relação de Kata do estilo

Shotokan e seus significados:

Quadro 2 - Kata e seus significados

Kata Significados 01-Heian Shodan Paz e Tranqüilidade – Nível I

02-Heian Nidan Paz e Tranqüilidade - Nível II 03-Heian Sandan Paz e Tranqüilidade - Nível III

04-Heian Yondan Paz e Tranqüilidade - Nível IV

05-Heian Godan Paz e Tranqüilidade - Nível V 06-Tekki Shodan Cavaleiro de Ferro - Nível I

07-Tekki Nidan Cavaleiro de Ferro - Nível II

08-Tekki Sandan Cavaleiro de Ferro- Nível III

09-Bassai Daí Romper a Fortaleza

10-Kanku Daí Contemplar o Céu 11-Jitte Dez mãos

12-Hangetsu Meia Lua

13-Enpi Vôo da Andorinha 14-Gankaku Garça sobre a Rocha

15-Jion Templo Amor e Gratidão 16-Bassai Sho Romper a Fortaleza

17-KankuSho Contemplar o Céu

18-Chinte Mãos Estranhas Fonte: Baseado no Manual de Nomenclatura de Kata da FKIBA (2011, p. 3)

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45

Para Funakoshi (1998, p. 89) o kumite, ou seja, a luta propriamente dita

deverá ser ensinada para os praticantes de karatê, quando possuir um melhor

entendimento dos fundamentos e dos kata básicos. Mesmo o praticante mais

avançado e já engajado na prática do kumite, não deve cessar nunca o estudo e a

prática dos elementos básicos do karatê.

Para finalizar este capítulo apresentamos o vocabulário técnico do Karatê, ele

é praticado nos 05 continentes, a sua linguagem técnica é em japonês, assim como

a denominação dos golpes. Todo praticante da modalidade deve conhecer os

termos técnicos e nomes dos golpes, estas palavras apesar de serem em japonês

são termos técnicos padronizados universalmente.

Quadro 3 - Vocabulário Técnico do Karatê

1 Iti, 2 Ni, 3 San, 4 Shi, 5 Go, 6 Roku, 7 Shiti, 8 Hati, 9 Kiu, 10 Diu

Kiotskei – Atenção

Dojô- Academia (salão de concentração) Hidari Esquerda Rei – Cumprimento, Saudação Uke – Defesa (bloqueio) Mokusô – Meditação olhos fechados Shiai – Competição Zarei – Cumprimento ajoelhado Shiaijo – Local da competição Ritsu-Rei – Cumprimento em pé Hajimê – Começar Seitô – Aluno Soremadê – Terminar Sempai Classe Superior Ippon – Ponto completo Dangai – Faixa Branca a Marrom Wazari – Meio ponto Yudanhsa – Faixa preta Keikoku – Penalidade igual a wazari Kodansha – Faixa Alto Grau Kiken – Vitória por desistência Tatami- Acolchoado Kiai – Grito Karatê-Gi – Roupa de Karatê Gyaku-zuki – Soco Contrário, invertido Obi – Faixa Shintai – Deslocamento, movimentação Shisei – Posturas Utikomi – Entrada de golpes Shizentai – Posição Natural Kata – Treinamento de forma (luta imaginária) Migui – Direita Kumitê – Luta (combate) Embusen – Linha de atuação Zenkutsu dachi – Postura avançada para

frente Shuto-Uke – Bloqueio com a mão em espada

Kokutsu-dachi – Postura recuada

Ashi - Pé. Kiba dachi – postura do cavaleiro Ashi-Ate-Waza - técnica com os pés. Jodan - altura do rosto, pescoço.

Ashi-Barai - Varrer com os pés (passa pé)

Sensei - Professor.

Chudan - Altura do plexo, altura média. Empi – Cotovelada

Yoko-gueri – Chute Lateral Shu-Gyo – Aprimoramento

Fonte: Baseado em Sasaki (1995, p. 31)

O Vocabulário técnico do Karatê é composto por palavras que hora

relacionamos, são utilizadas durante as aulas e competições e sempre que forem

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mencionadas deveram ser traduzidas para os educandos. Na escola o professor

poderá utilizar este vocabulário para estimular aos alunos o estudo da língua

japonesa, e assim desenvolver a capacidade de leitura e escrita.

3.1.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS NO ENSINO DO KARATÊ

Como sabemos o professor de Educação Física Escolar deve estar apto a

fazer o planejamento das aulas e dedicar-se ao estudo dos aspectos técnicos e

literários. Portanto, no quadro abaixo apresentamos aspectos metodológicos do

ensino do karatê, para os educandos do ensino fundamental II:

Quadro 4 - Aspectos Metodológicos do Ensino Do Karatê 1. O Professor deve dedicar-se ao estudo dos aspectos técnicos e filosóficos dessa arte, para que possa fazer sua adequação conforme os objetivos individuais, na prática do ensino. Esses objetivos devem ser dosados de acordo com a idade, sexo, nível cultural e habilidade dos praticantes.

2. Cumpre Conscientizar-se de que a prática do karatê visa ao aprimoramento da personalidade e da técnica.

3. Planejar os treinos com objetivos diários, mensais e anuais, adequando ao nível dos alunos.

4. Para orientar os principiantes, enfatizar sempre a metodologia correta em relação à base, postura e eficiência dos golpes; essa metodologia deve harmonizar-se com os princípios da biomecânica dos movimentos. É útil buscar também novas motivações para o treinamento.

5. Aos veteranos, mostrar o caminho correto a trilhar, indicando os reais objetivos da prática do karatê no sentido shu-gyo (estudar), visando ao satori (libertação).

6. Criar hábitos de leitura e pesquisa em relação ao karatê.

7. O professor deve, ele próprio, exercitar-se na disciplina e autocontrole, fazendo que suas atitudes e procedimentos manifestem suas convicções, para exemplo e orientação dos alunos.

Fonte: Baseado em Sasaki (1991, p. 21)

Sendo assim, podemos perceber que no quadro acima foram abordados os

passos metodológicos que devem ser seguidos pelos professores de Educação

Física Escolar, antes, durante e após aulas de karatê.

Está proposta pedagógica do ensino-apreendizagem não tem o condão de

tomar para o Karatê o privilégio da conveniência e unir a expressão corporal com a

qualidade de vida. Antes, é uma proposta embrionária para a exploração técnico-

científica e filosófica para estudantes e professores de Educação Física Escolar, o

qual engloba o Karatê-Do como um todo, difundindo sua arte e restaurando as

origens do Karatê moderno do Sensei Funakoshi que era praticado nas

universidades. Portanto, deve-se priorizar o ensinamento como um todo, sem

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47

discriminação, deixando para aqueles que têm anseio de conhecimento avançados

evoluírem na pesquisa científica do karatê.

3.2 FUNDAMENTOS DAS ABORDAGENS CRÍTICAS: AS BASES DO ENSINO

Considera-se relevante compreender, inicialmente, a palavra didática, em

seguida, parafrasear os conceitos presentes na literatura para subsidiar a análise

que será feita sobre as bases do Ensino da Educação Física para os educandos do

6º ao 9º ano da educação básica, a partir das abordagens críticas.

Ximenes (2000, p. 323) apresenta no minidicionário da Língua Portuguesa o

verbete, didática, como “Arte e técnica de ensino”. Diante disso, nos últimos anos, se

têm prestado mais atenção as maneiras de ensinar e aprender, daí surgem muitos

questionamentos. Como exemplo, este estudo que parte de um problema

investigativo “Qual a realidade e as possibilidades de uma proposta para o ensino do

Karatê do 6º ao 9º ano na Educação Física Escolar, considerando as abordagens

críticas?”

De acordo com os PCN (BRASIL. 1998, p. 25) as abordagens críticas

passaram a questionar o caráter alienante da Educação Física na escola, propondo

um modelo de superação das contradições e injustiças sociais. Sendo assim,

compreendemos que neste período o sistema de ensino foi atrelado às

transformações sociais, econômicas e políticas, tendo em vista a superação das

desigualdades sociais.

A partir do Coletivo de Autores (1992, p. 35), o Ensino Fundamental II

compreende o terceiro e quarto ciclo, o qual é caracterizado na seguinte forma:

[...] É o ciclo de organização da identidade dos dados da realidade. Cabe à escola, particularmente ao professor, organizar a identificação desses dados constatados e descritos pelo aluno para que ele possa formar sistemas, encontrar as relações entre as coisas, identificando as semelhanças e as diferenças [...]. Nesse ciclo o aluno se encontra no momento da “experiência sensível”, onde prevalecem as referências sensoriais na sua relação com o conhecimento. O aluno dá um salto qualitativo quando começa a categorizar os objetos, classificá-los e associá-los.

Conforme mencionado acima, pelo Coletivo de Autores, evidenciamos que os

elementos trabalhados para os educandos do 6º ao 9º ano, deverão conter

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48

conhecimentos mais sistematizados que procurem ampliar e construir de forma

crítica o seu pensamento.

Assim, podemos compreender a partir do Coletivo de Autores (1992, p. 49),

que a aprendizagem através das abordagens críticas, possibilita aos educandos a

exigência de desmistificar o esporte através da oferta na escola, permitindo criticá-lo

dentro de um determinado contexto sócio-econômico-político-cultural. Com isso,

esse conhecimento deve promover, também, a compreensão de que a prática

esportiva deve ter o significado de valores e normas que assegurem o direito à sua

prática.

Portanto, neste momento trago para o diálogo o Karatê, que carrega consigo

fortes traços da tradição oriental, comumente chamado e identificado como

“filosofia”, termo relacionado aos aspectos da sabedoria, cultura e conduta

existentes nas artes marciais. Desde já se torna importante diferenciar “Karatê” de

“Karatê-Do”. KARATÊ significa “Mãos vazias” e DO significa “Caminho”. Assim

nosso estudo se baseia nos princípios do “Karatê-Do” (Caminho das mãos vazias)

arte marcial que realmente prega a filosofia durante todo seu treinamento,

diferenciando-se do “Karatê” hoje encontrado em diversas literaturas e muitas vezes

praticado apenas como mais um esporte.

O pesquisador Kunz (2003, p. 125), afirma que o processo de transformação

didático-pedagógico da Escola, deverá ser apresentado a partir das abordagens

críticas.

Ou seja, o primeiro passo é identificar o significado de se movimentar, ou

melhor, interagir, participar, jogar e em particular respeitar as limitações de cada

aluno, oferecendo oportunidade para que o mesmo identifique e possa escolher qual

a modalidade esportiva que se aproxime de suas características. O professor deverá

realizar intervenções que contribuam para aproveitar as sugestões dos alunos e

modificar as atividades existentes.

Esse autor, também aborda como ponto principal a importância que as

atividades devem ter, sendo exercitadas de forma prazerosa, com satisfação,

possibilitando uma nova transformação; assim, não é papel da escola ensinar

movimentos perfeitos, técnicas, regras oficiais das modalidades esportivas e sim

desenvolver atividades de forma lúdica, transformadora e de caráter pedagógico.

É de fundamental importância o domínio do professor no trato do

conhecimento dos conteúdos da Educação Física Escolar e, em especifico, as lutas,

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49

assim como das suas influências nos educandos do 6º ao 9º ano da educação

básica.

Sabemos das dificuldades das crianças em assimilar as técnicas do Karatê,

por falta de coordenação, atenção ou motivação e entendemos que as lutas não se

resumem apenas as modalidades (Karatê, Judô, Capoeira, etc.), sendo assim os

PCN (1998, p. 96) orientam que:

As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa, caracterizando-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados como exemplo de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô e do Karatê.

Diante da citação acima podemos visualizar que nas lutas e em particular no

Karatê a parte filosófica está sempre presente, podendo proporcionar aos alunos

mais do que vemos na mídia esportiva, que o Karatê é só mais um esporte violento,

onde apenas se pratica socos e pontapés para conquistas de campeonatos e para

autodefesa. Então, este estudo tem o papel de diferenciar o karatê esporte do karatê

da escola e mostrar que esta nobre arte, é muito mais que simplesmente troca de

golpes. Sendo assim o Karatê pode contribuir para a formação humana dos alunos

do 6º ao 9º ano da Educação básica.

3.3 POSSIBILIDADES DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DO ENSINO DO

KARATÊ PARA O 6º ao 9º ANO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DAS ABORDAGENS CRITÍCAS

Consideravelmente, nessa seção, apresentamos fundamentos e metodologias

de ensino-aprendizagem do Karatê, já apontados na seção (3.1), princípios

pedagógicos tratados por duas obras clássicas da Educação Física Escolar

Transformação Didático-Pedagógica do Esporte, Kunz (1994) e Metodologia do

Ensino da Educação Física, Coletivo de Autores (1992) e também apresentamos as

possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do karatê para o 6º ao 9º ano

da educação básica na Educação Física Escolar, a partir das abordagens críticas,

tendo como principal objetivo o desenvolvimento da cultura corporal do movimento

humano.

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50

Portanto, entende-se por cultura corporal do movimento humano a

competência relativa às habilidades passíveis de educar a criança para a utilização

adequada de seu tempo de lazer através das práticas corporais. Sendo assim,

Bartolo (2010, p. 175) aponta que:

Une-se a essas práticas corporais o Karatê-Do, que será aplicado com base em duas referências pedagógicas: metodológica e sócio-educativa. Caberá ao referencial metodológico dar conta dos aspectos físicos, técnicos e táticos da prática esportiva como outra modalidade esportiva qualquer, já ao referencial sócio-educativo, caberá o trato com valores, princípios e modo de comportamento, que é o pilar desta milenar arte marcial japonesa.

Na citação acima o autor mostra a importância do Karatê e a inclusão desta

nobre arte marcial em propostas pedagógicas voltadas para os educandos do

terceiro e quarto ciclo da educação básica, ou seja, como o Karatê estruturado a

partir dos cincos princípios básicos da Pedagogia: motor, cognitivo, psicológico,

filosóficos e social, trabalhados de forma única e integral, contribuem de forma

significativa para a formação humana dessas crianças.

Seria muita pretensão sugerir um modelo de proposta escolar para ser

aplicada nas aulas de Educação Física, mas é importante ressaltar que a unidade

menor da dinâmica de ensino, a “aula”, sempre deve preceder um planejamento

curricular bem elaborado, de forma que não se desenvolvam “aulas soltas”, com

objetivos momentâneos, mas considerar um processo contínuo de construção do

conhecimento sobre o Karatê.

Sendo assim, tratado nas aulas de Educação Física Escolar, o Karatê

oportuniza o desenvolvimento de caráter dos educandos, pois enquanto conteúdo de

aprendizagem coloca desafios que, potencializam a formação de um ambiente

reflexivo e autocrítico, além de uma melhor compreensão dos problemas que a vida

impõe.

Uma proposta pedagógica do ensino do Karatê fundamentada nas

abordagens críticas da Educação Física Escolar, nos exigiu recuperar o que aponta

a abordagem crítico-emancipatória e crítico-superadora.

Considerando a possibilidade de uma sistematização, apontamos dois

quadros que organizam o processo de ensino nas referidas abordagens críticas,

considerando o trato com o conhecimento dos fundamentos do Karatê, já apontados

na seção (3.2).

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Portanto, a seguir apresentamos uma proposta do trato do conhecimento do

karatê, do 6º ao 9º ano a partir da abordagem crítico-emancipatória, tratando os

aspectos teórico-metodológicos que articulam em princípios e está voltada para

formação da cidadania, do que mera instrumentalização técnica para o trabalho, ou

seja, uma educação mais emancipadora.

Quadro 5 – Trato do Conhecimento do Karatê, do 6º ao 9º ano a partir da

abordagem crítico-emancipatória.

Tematizações dos Fundamentos do

Karatê

Proposta teórico-metodológica que se articula

em princípios

- História e Origem do Karatê; - O Código de Ética do Karatê; - O Niju Kun (Os vinte ensinamentos) - Vocabulário Técnico do Karatê; - Fundamentos básicos (defesa e ataque); - Posturas básicas (Bases) do karatê: Zenkutsu Dachi, Kiba Dachi e Kokutsu Dachi; -Kihon: Conjunto de golpes fundamentais para a prática do Karatê que se compõe de técnicas executadas com os braços (socos, cotoveladas ou defesas) e pernas, nas diversas formas de chutes; - Atividades teóricas realizadas através de pesquisas, aulas expositivas e análises de filmes: cultura dos países, história das lutas, as lutas no contexto mundial ou regional e as lutas como são mostradas pela mídia; -Kata: são combinações de movimentos de ataque e defesa, previamente estabelecidos em deslocamentos para frente, lados ou para trás, com o objetivo de desenvolver a coordenação motora. - Brincadeiras e jogos recreativos -Jogos Populares de Luta; - Lutas a Distância; - Jogos de Oposição; - Brincadeiras e jogos recreativos; - Jogos de Combate;

- Princípio da totalidade: [...] pressupõe que a Educação Física deva proporcionar ao aluno um entendimento crítico do que se passa na aula, na escola, na sociedade. [...] Esta perspectiva de totalidade deve contribuir na superação de dicotomias relacionadas a corpo-mente, homem-sociedade, sociedade-meio-ambiente, etc. - Princípio da continuidade-e-ruptura: baseia-se na consideração e valorização do conhecimento que o aluno traz consigo, para que, através da vivência/ discussão/reflexão sobre o mesmo, possa romper com o estabelecido, na busca da construção de um novo conhecimento, que não negue o anterior, mas que o inclua e supere em amplitude e complexidade. - Princípio da criticidade: fundamentado nos anteriores, permitindo ao aluno situar-se enquanto sujeito histórico-social, e ao conhecimento que constrói coletivamente, numa perspectiva crítica da sociedade, entendendo os valores e interesses que aderem a esta cultura de movimento e ampliado assim, suas possibilidades de intervenção no contexto social. - Princípio da co-gestão: preconiza e oportuniza aos educandos (as) perceberem e intervirem no processo de ensino-aprendizagem através de co-determinações e ações autônomas e coletivas [...], com vistas a uma perspectiva de educação para o exercício da cidadania emancipada. - Princípio da cooperação: pressupõe que todos os sujeitos envolvidos no processo educativo tenham [ou possam construir] uma intencionalidade coletiva, buscando solucionar os problemas com o grupo, o que leva ao crescimento de cada indivíduo e do grupo como um todo. - Princípio da ludicidade: pressupõe um desprendimento da produtividade mecânica e alienante, [resgatando] a sensibilidade do movimento humano, a criatividade, a imaginação, e o viver/sentir as situações da aula como momentos de prazer. - Princípio da dialogicidade: [percebida como] o selo

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52

da educação para a liberdade. Compreende o diálogo como processo fundante da educação, entendendo a palavra como expressão do estar-no-mundo. Por isso é ação e reflexão, é práxis.

Fonte: Proposta adaptada da Obra de Kunz (2004, p. 67)

Na proposta de Kunz (1994, p. 29-30), autor no qual fundamentamos as

possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do Karatê do 6º ao 9º ano da

educação básica na Educação Física Escolar a partir das abordagens críticas, é

apontado que uma:

[...] teoria pedagógica no sentido crítico-emancipatória precisa, na prática, estar acompanhada de uma didática comunicativa, pois ela deverá fundamentar a função do esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional. E uma racionalidade com o sentido do esclarecimento implica sempre, numa racionalidade comunicativa. Devemos pressupor que a Educação é sempre um processo onde se desenvolvem “ações comunicativas”. O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica.

De acordo com Kunz (2004, p. 68), os princípios de uma proposta teórico-

metodológica devem ser trabalhados e assumidos como elementos imprescindíveis

na construção de uma proposta pedagógica, capaz de contribuir para um projeto

educacional, voltado para a formação humana, penetrando em formas críticas de

saber e de saber-fazer e que conduza os sujeitos a um processo de produção

autônoma e coletiva da cidadania.

Portanto, com base na concepção da abordagem crítico-emancipatória as

aulas de Educação Física devem proporcionar às crianças o aprendizado das lutas e

em especial o Karatê e, por meio deste, contribuir e desenvolver os educandos do 6º

ao 9º da educação básica, fortalecendo o papel da família no processo de

desenvolvimento dos filhos, considerando os aspectos culturais, sócio-econômico,

hábitos e costumes, buscando possibilitar mudanças de comportamento que

favoreçam a qualidade de vida da família tornando–os sujeitos de sua cidadania, no

que tange aos seus direitos e deveres. Na concepção crítico-emancipatória o

professor tem a função de confrontar a realidade do ensino e fazer com que o aluno

se manifeste, participe e questione sobre a aprendizagem e descoberta, procurando

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53

entender o verdadeiro significado da aprendizagem sem interferências dos

processos interpostos pela sociedade ou estruturas autoritárias.

No quadro abaixo apresentamos uma proposta do trato do conhecimento do

karatê, do 6º ao 9º ano a partir da abordagem crítico-superadora, tratando os

aspectos teórico-metodológicos que articulam em ciclos. Esta abordagem tem como

base a justiça social, buscando levantar as questões de poder, interesses e

contestações através de uma reflexão pedagógica dentro do processo político

pedagógico intervindo sobre as realidades sociais. A principal obra desta abordagem

foi publicada por um coletivo de autores em 1992, denominada de “Metodologia do

Ensino da Educação Física”.

Quadro 6 – Trato do Conhecimento do Karatê, do 6º ao 9º ano a partir da

abordagem crítico-superadora.

Tematizações dos Fundamentos do Karatê Proposta teórico-metodológica que

articula em Ciclos

- História e Origem do Karatê; - O Código de Ética do Karatê; - Vocabulário Técnico do Karatê; - Fundamentos básicos (defesa e ataque); - Posturas básicas (Bases) do karatê: Zenkutsu Dachi, Kiba Dachi e Kokutsu Dachi; -Kihon: Conjunto de golpes fundamentais para a prática do Karatê que se compõe de técnicas executadas com os braços (socos, cotoveladas ou defesas) e pernas, nas diversas formas de chutes; - Atividades teóricas realizadas através de pesquisas, aulas expositivas e análises de filmes: cultura dos países, história das lutas, as lutas no contexto mundial ou regional e as lutas como são mostradas pela mídia; -Kata: são combinações de movimentos de ataque e defesa, previamente estabelecidos em deslocamentos para frente, lados ou para trás, com o objetivo de desenvolver a coordenação motora. - Brincadeiras e jogos recreativos -Jogos Populares de Luta; - Lutas a Distância; - Jogos de Oposição; - Brincadeiras e jogos recreativos; - Jogos de Combate;

- O segundo ciclo vai da 4ª à 6ª series (hoje, 5º ao 7º ano). É o ciclo de iniciação à sistematização do conhecimento. Nele o aluno vai adquirindo a consciência de sua atividade mental, suas possibilidades de abstração, confronta os dados da realidade com as representações do seu pensamento sobre eles. Começa a estabelecer nexos, dependências e relações complexas, representas no conceito e no real aparente, ou seja, no aparecer social. Ele dá um salto qualitativo quando começa a estabelecer generalizações. - O terceiro ciclo vai da 7ª à 8ª séries (hoje, do 8º ao 9º ano). É o ciclo de ampliação da sistematização do conhecimento. O aluno amplia as referências conceituais do seu pensamento; ele toma consciência da atividade teórica, ou seja, de que uma operação mental exige a reconstituição dessa mesma operação na sua imaginação para atingir a expressão discursiva, leitura teórica da realidade. O aluno dá um salto qualitativo quando reorganiza a identificação dos dados da realidade através do pensamento teórico, propriedade da teoria.

Fonte: Proposta adaptada da Obra do Coletivo de Autores (1992, p. 23).

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Portanto, após a apresentação do quadro acima, esclarecemos que de acordo

com Resolução nº 3, de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educação

(2006, p. 6), o ensino fundamental, terá nove anos de ensino obrigatório, onde são

distribuídos em cinco anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e quatro anos finais (do 6º ao 9º

ano), sendo este último o que tratamos nesta pesquisa. No quadro, também foi

mencionado os ciclos da educação básica, a partir do Coletivo de Autores os termos

segundo ciclo da 4ª à 6ª series e o terceiro ciclo da 7ª à 8ª séries, que de acordo

com os PCN, hoje chamamos de terceiro e quarto ciclos, ou seja, 6º ao 9º ano da

educação básica.

Então, a partir do Coletivo de Autores (1992, p. 34-35), compreende-se que o

ensino fundamental II, está presente no terceiro e quarto ciclos, no qual é

caracterizado na seguinte forma:

[...] os conteúdos de ensino são tratados simultaneamente, constituindo-se referências que vão se ampliando no pensamento do aluno de forma espiralada, desde o momento da constatação de um ou vários dados da realidade, até interpretá-los, compreendê-los e explicá-los. [...] o aluno se encontra no momento da “experiência sensível”, onde prevalecem as referências sensoriais na sua relação com o conhecimento. O aluno dá um salto qualitativo quando começa a categorizar os objetos, classificá-los e associá-los.

Portanto, a partir da citação acima podemos visualizar a expectativa que a

Educação Física Escolar poderá gerar com a inclusão do estudo da cultura corporal.

Com isso, devem-se estimular estudos e reflexões a respeito desse trato do

conhecimento. Entre eles se destaca uma proposta pedagógica que tenham no seu

contexto os princípios em ciclos da abordagem crítico-superadora. E entre as

principais características, promover o desenvolvimento e personalidade do aluno, ter

um caráter educativo, orientador e facilitador. Que por sua vez conforme

mencionado por alguns teóricos da Educação Física Brasileira está perdendo

espaço para o “esporte de alto rendimento”.

Então, podemos vislumbrar que na escola que o professor aplique, nas aulas

de Educação Física, uma proposta em ciclos com os princípios e fundamentos do

karatê e uma metodologia que articule os princípios da abordagem crítico-

superadora, poderá possibilitar aos alunos, compreender que em determinada fase

da humanidade a disciplina Educação Física Escolar é entendida como trato do jogo,

da luta, da ginástica, do esporte e da dança, ou seja, nesta concepção tratamos do

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55

conhecimento da cultura corporal e em paralelo poderemos tratar os problemas

sociais e políticos que são vivenciados pelos educandos na sociedade.

Assim, o professor pode adotar para os alunos do 6º ao 9º ano da educação

básica no ensino do Karatê-Do, a aplicação das abordagens críticas, uma vez que

os alunos já possuem maturação necessária que podem contribuir para o melhor

entendimento e questionamentos. Então fica bem claro que cabe ao professor

preparar os alunos para intervir na direção dos interesses da sociedade e formar o

cidadão crítico e consciente da realidade social e tais informações poderão ser

ensinadas dentro das características do próprio aluno.

No próximo capítulo apresentam-se as considerações finais, que envolvem as

reflexões e entendimentos sobre este estudo.

Page 56: Monografia EF Unirb Murillo Albuquerque-18072012 Final

56

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscando na literatura os subsídios para a construção desta monografia,

percebi que as lutas são sugeridas na disciplina Educação Física Escolar, no

entanto, raramente chegam a ser incluídas no planejamento escolar do professor; os

motivos são diversos, indo desde o preconceito ocasionado por estereótipos até falta

de conhecimento sobre a elaboração de uma aula de luta no contexto escolar.

Preocupado com tal fato, objetivei demonstrar com este trabalho, através de

pesquisa bibliográfica exploratória, como o conteúdo (lutas) Karatê, pode contribuir

para que os professores de Educação Física Escolar possam desenvolver nos

educandos do 6º ao 9º ano, métodos voltados para o desenvolvimento intelectual,

formando um ser humano crítico e emancipado.

Baseando-se nos depoimentos e relatos expostos dos autores, ao longo dos

capítulos desta monografia, reconheço que há muito, ainda, a ser pesquisado

referente ao tema investigado. Contudo, considero que essa produção é o primeiro

passo de um ciclo de estudos e pesquisas que pretendo desenvolver ao longo da

minha formação continuada, pois esse estudo requer um aprofundamento devido à

responsabilidade social do tema.

Portanto, este estudo partiu da necessidade de investigar o Karatê e em

especial como ele é aplicado na escola e de que forma vem sendo abordado na

produção do conhecimento. Mediante a essa questão levantamos o seguinte

problema de investigação: Qual a realidade e as possibilidades de uma proposta

pedagógica do ensino do Karatê para o 6º ao 9º ano da Educação Física Escolar na

educação básica, considerando as abordagens críticas em vista dos estudos

produzidos no Brasil.

Como hipótese, levantada na introdução dessa pesquisa, constatamos que a

realidade e as possibilidades de relações entre o campo da Educação Física Escolar

e do Karatê, considerando uma proposta pedagógica do ensino do Karatê para o 6º

ao 9º ano da Educação Física Escolar na educação básica a partir das abordagens

críticas, requerem um estudo mais detalhado e uma proposta pedagógica que,

voltada para as lutas, aborde as necessidades de transformações da prática

educativa do Karatê, de forma que possa ser adequado aos processos pedagógicos

de ensino-aprendizagem no âmbito escolar.

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57

Assim, após uma análise crítica do Karatê praticado pela sociedade, tendo

como o modelo de aprendizagem que se pauta em esporte educacional, em especial

o meio social que ele está inserido em todo o país, reconhecemos através dos

dados coletados nos estudos que há possibilidade desse conteúdo no âmbito

escolar ser tratado a partir de abordagens críticas, possibilitando aos educandos

condições para uma problematização, tematização dos elementos, que são fatores

necessários para a formação de indivíduos críticos, autônomos e reflexivo,

fundamentado no desenvolvimento da competência social, objetiva e

comunicativa. De acordo com os elementos investigados e mencionados no decorrer

dos capítulos, referente à origem do Karatê e da Educação Física no Brasil,

percebemos que eles exercem diversas influências advindas do mundo capitalista;

há formas de disputas e de organizações dos grandes eventos esportivos em

especial os primeiros jogos olímpicos, e o esporte praticado pelos militares, onde o

vigor físico era de fundamental importância, entre outros. Sendo assim, todos esses

acontecimentos vêm refletindo no universo da escola e o professor precisa lidar com

essas questões.

Entretanto, os dados abordados nesse estudo consideram que a realidade e

as possibilidades de uma proposta pedagógica do ensino do Karatê para o 6º ao 9º

ano se apresenta na escola e está diretamente associada aos meios de

comunicação, aos conteúdos que a escola elege para serem tratados nas aulas de

Educação Física.

Ao observar a história do karatê podemos perceber que o mesmo passou por

diversas transformações, sempre de acordo com as necessidades da sociedade; em

épocas turbulentas de guerras, ele servia como recurso de combate, quando

momentos mais calmos e tranquilos surgiram, modificações e estas foram feitas para

que fosse praticado a serviço da comunidade, para o bem estar próprio e daqueles

ao seu redor. Quando a ilha de Okinawa foi anexada ao Japão, o karatê mudou, no

nome e na forma, de uma arte okinawana para uma japonesa.

O Karatê-Do (Caminho das mãos vazias) é uma prática social de

desenvolvimento pessoal, através de práticas de luta. Para os japoneses que

desenvolveram o Karatê-Do é uma busca pela formação do caráter, pela formação

de um homem ético.

Considerando os bons históricos, o Karatê-Do foi muito influenciado pelo

espírito samurai, um fenômeno típico japonês, que tinha como principal objetivo

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58

formar um indivíduo útil para a sociedade, ou seja, homem de serviço, capaz de

tomar conta da colheita dos fazendeiros de arroz e garantir o seu arroz e a sua

subsistência. Portanto, integrar essas duas importantes formas de vivenciar o

Karatê, foi o ponto de partida para a construção dessa proposta de ensino-

aprendizagem que abarca um conceito ampliado que visa formar os educandos do

6º ao 9º ano, nas esferas corporais, mentais, vitais, sociais, saúde, ambientais e

espirituais.

Porém, a grande questão em discussão desse estudo, assim como de tantos

outros é a forma como o Karatê vem sendo colocado e reconhecido nas aulas de

Educação Física Escolar, que na maioria das vezes é o reflexo fiel do esporte de alto

rendimento que traz consequências sérias para formação humana, provocando

evasão de alguns alunos que não têm habilidades com as modalidades esportivas,

exclusão e seleção dos mais habilidosos, acarretando rivalidades entre os alunos,

influências essas que não condizem com a prática pedagógica do esporte da escola.

O professor de Educação Física ao tratar o Karatê como sendo um dos

conteúdos das aulas de Educação Física, tem como principal desafio

descaracterizar a visão estabelecida pela classe dominante, a qual imprime a

necessidade de competir, ter o melhor rendimento, ganhar a qualquer custo, entre

outros.

Neste sentido, sinalizo que a instituição escolar, a qual tem como função

principal educar para vida, não reproduzir na formação de crianças e jovens os

elementos que são atribuídos pela mídia, ou seja, à escola deve exercer a função de

mediar e mostrar o que se passa pela sociedade e discutir com base nas condições

reais e sócio-econômicas dos estudantes que frequentam a escola, seja está

particular ou pública.

A presença do Karatê-Do no espaço educativo, aplicado a partir de

abordagens críticas, oferece amplas possibilidades de contribuição para a

desconstrução dos estigmas produzidos pela sociedade que concebe e rotula as

artes marciais como violentas e anti-sociais.

Entretanto, considero que por outro lado, é importante que o contexto

educacional trabalhe na perspectiva da inclusão, no sentido de buscar alternativas

metodológicas que propiciem a presença dos sujeitos com suas diferenças e

limitações. O karatê quando tratado pedagogicamente no campo da educação, em

especial no ensino fundamental do 6º ao 9º ano nas aulas de Educação Física

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Escolar, deve ser apresentado como uma prática social a ser praticada na escola,

visando à construção de conhecimentos milenares e problematizações de valores

sociais que demarcam as relações humanas.

Contudo, considero ainda que essa proposta, não teve como propósito definir

um guia relativo ao desenvolvimento do conteúdo lutas (Karatê) ou formular

diretrizes quanto à conduta do professor de Educação Física Escolar. Procuramos

antes de tudo, debater a respeito do papel do Professor de Educação Física ao

ensinar o Karatê, considerando a realidade e as possibilidades de trabalhar nas

aulas o conteúdo lutas na escola, os quais têm indicações de ensino-aprendizagem

a partir dos PCN. Assim, espero que o esforço de levantamento e sistematização

dos dados e informações que compõem essa monografia, possam servir de

estímulo, para novas pesquisas e aos futuros estudos científicos comprometidos

com o conhecimento das lutas; também esperamos oferecer com este trabalho um

suporte bibliográfico com elementos epistemológicos acerca deste assunto.

Propomos, portanto, uma contribuição na formação dos educandos e

professores de Karatê, ainda sem formação acadêmica para que possam ao se

apropriarem desse estudo, terem subsídios pedagógicos sistematizados, e assim,

possam perceber a necessidade de avançar em estudos de graduação superior para

o desenvolvimento de um ensino de significativa qualidade, solidificando o Karatê

como conteúdo possível e necessário para as aulas de Educação Física Escolar.

Expomos a seguir para finalizar essa monografia a relação do referencial

bibliográfico que dialogamos no decorrer dessa produção científica.

.

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60

REFERÊNCIAS

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61

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ANEXO A – Exposição de Artigos da Constituição Federal que Ressaltam os Direitos dos Cidadãos Brasileiros à Educação e Saúde

“DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a

segurança, a previdência social, a proteção, à maternidade e à infância, a

assistência aos desamparados na forma desta Constituição.” ( p.21)

“DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros

agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,

proteção e recuperação.” ( p.129)

“DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. ( p.133)

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e

o saber.

VII – Garantia de padrão de qualidade.” ( p.133)

“DA CULTURA

Art. 215 – O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e

acesso as fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a

difusão das manifestações culturais.

§1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e

afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório

nacional.” ( p.136)

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material

e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência a

identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira, nos quais se incluem:

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I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações artísticas e tecnológicas;” ( p.136)

“DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-

formais, como direito de cada um, [...]

I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes ou associações, quanto a

sua organização e funcionamento; ( p.137)