monografia da espÉcie salix alba (salgueiro...

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MINISTÉRIO DA SAÚDE MONOGRAFIA DA ESPÉCIE Salix alba (SALGUEIRO BRANCO) Organização: Ministério da Saúde Fonte do recurso: DIREB-002-FIO-13 Brasília 2015

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  • MINISTRIO DA SADE

    MONOGRAFIA DA ESPCIE Salix alba (SALGUEIRO

    BRANCO)

    Organizao: Ministrio da Sade

    Fonte do recurso: DIREB-002-FIO-13

    Braslia

    2015

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 rvore e ramos de Salix alba.................................................................................1

    Figura 2 Mapa da distribuio geogrfica da espcie vegetal..............................................2

    Figura 3 Aspectos macroscpicos e microscpicos em Salix alba L conforme Farmacopeia

    Brasileira.............................................................................................................................. 6

    Figura 4 Estrutura qumica dos componentes qumicos majoritrios presentes na espcie Salix

    alba. Adaptado de WHO, 2009.......................................................................................... 12

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Limites microbiolgicos recomendados para plantas medicinais (Adaptado de Arajo

    e Baubi, 2012).......................................................................................................................9

    Tabela 2 Resumo das atividades descritas em estudos farmacolgicos in vitro envolvendo a

    espcie vegetal Salix alba encontrados na literatura pesquisada....................................... 31

    Tabela 3 Resumo das atividades descritas em estudos farmacolgicos in vivo envolvendo a

    espcie vegetal Salix alba encontrados na literatura pesquisada....................................... 44

    Tabela 4 Formas farmacuticas de Salix alba obtidas a partir da literatura pesquisada.....55

  • ABREVIATURAS

    AAPH - 2,2-azobis(2-amidinoppropano) diidrocloreto

    AAS - cido acetilsaliclico

    AChE - Acetilcolinesterase

    AINES - Anti-inflamatrios no-esteroidais

    Anvisa Agncia nacional de Vigilncia Sanitria

    CCD - Cromatografia em Camada Delgada

    CLAE/HPLC - Cromatografia Lquida de Alta Eficincia/ High Performance Liquid

    Cromatography

    COX- cicloxigenase

    DCFH-DA - 2,7-diacetato de diclorofluoroscena

    DNA - cido desoxirribonuclico

    DPPH - 2,2-difenil-1-picril-hidrazil

    EMeA - European Medicines Agency

    EPO - European Patent Office

    GSH - Glutationa

    HLE - elastase

    HSP-47 - Heat Shock Protein

    ICAM-1 - Molcula de Adeso Intracelular

    IC50 ndice de Inibio 50%

    IL - interleucina

    IN - Instruo Normativa

    INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial

  • I.P. - Intraperitoneal

    IPNI - International Plant Names Index

    JPO - Japan Patent Office

    LPS - lipopolissacardeos

    MDA - Malondialdedo

    MF - Medicamentos Fitoterpicos

    MTT - brometo de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazlio

    NF-B - Fator Nuclear kappa B

    NO - xido Ntrico

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    PGE2 - Prostaglandina E2

    PTF - Produtos Tradicionais Fitoterpicos

    RDC - Resoluo da Diretoria Colegiada

    Rename - Relao Nacional de Medicamentos Essenciais

    SOD - Superxido dismutase

    TNF- - Fator de Necrose Tumoral

    UFC - Unidades Formadoras de Colnia

    USPTO - U.S. Patent and Trademark Office

    VEGF - Fator de crescimento vascular endotelial

    V.O. - Via oral

    WHO - World Health Organization

    WIPO - World Intellectual Property Organization

  • SUMRIO

    1 IDENTIFICAO ...............................................................................................................1

    1.1 NOMENCLATURA BOTNICA ....................................................................................1

    1.2 SINONMIA BOTNICA ................................................................................................1

    1.3 FAMLIA ..........................................................................................................................1

    1.4 FOTO DA PLANTA .........................................................................................................1

    1.5 NOMENCLATURA POPULAR ......................................................................................2

    1.6 DISTRIBUIO GEOGRFICA ....................................................................................2

    1.7 OUTRAS ESPCIES CORRELATAS DO GNERO, NATIVAS OU EXTICAS

    ADAPTADAS .........................................................................................................................2

    2 INFORMAOES BOTNICAS ..........................................................................................3

    2.1 PARTE UTILIZADA / RGO VEGETAL ...................................................................3

    2.2 DESCRIO MACROSCPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA .................3

    2.3 DESCRIO MICROSCPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA ...................3

    2.3.1 Descrio microscpica do p ........................................................................................5

    2.4 INFORMAES SOBRE POSSVEIS ESPCIES VEGETAIS SIMILARES QUE

    POSSAM SER UTILIZADAS COMO ADULTERANTES ..................................................7

    3 INFORMAES DE CONTROLE DE QUALIDADE ......................................................7

    3.1 ESPCIE VEGETAL / DROGA VEGETAL ...................................................................7

    3.1.1 Caracteres organolpticos ...............................................................................................7

    3.1.2 Requisitos de pureza .......................................................................................................7

    3.1.2.1 Perfil de contaminantes comuns ..................................................................................7

    3.1.2.2 Microbiolgico ............................................................................................................7

    3.1.2.3 Teor de umidade ..........................................................................................................9

  • 3.1.2.4 Metal pesado ...............................................................................................................9

    3.1.2.5 Resduos qumicos ....................................................................................................10

    3.1.2.6 Cinzas........................................................................................................................10

    3.1.3 Granulometria ..............................................................................................................10

    3.1.4 Prospeco fitoqumica ................................................................................................10

    3.1.5 Testes fsico-qumicos ..................................................................................................10

    3.1.6 Testes de identificao .................................................................................................10

    3.1.7 Testes de quantificao ................................................................................................11

    3.1.7.1 Componentes qumicos e suas concentraes: descritos e majoritrios, ativos ou no

    ...............................................................................................................................................11

    3.2 DERIVADO VEGETAL ................................................................................................12

    3.2.1 Descrio .....................................................................................................................12

    3.2.2 Mtodo de obteno .....................................................................................................12

    3.2.3 Caracteres organolpticos ............................................................................................15

    3.2.4 Testes de identificao .................................................................................................15

    3.2.5 Testes de quantificao ................................................................................................16

    3.2.5.1 Componentes qumicos e suas concentraes: descritos e majoritrios, ativos ou

    no.........................................................................................................................................16

    3.3 PRODUTO FINAL ........................................................................................................16

    3.3.1 Forma farmacutica .....................................................................................................16

    3.3.2 Testes especficos por forma farmacutica .................................................................17

    4 INFORMAES DE SEGURANA E EFICCIA .......................................................17

    4.1 USOS POPULARES / TRADICIONAIS .....................................................................17

    4.2 PRESENA NA NOTIFICAO DE DROGAS VEGETAIS ...................................17

    4.3 ESTUDOS NO-CLNICOS .......................................................................................19

  • 4.3.1 Estudos toxicolgicos ...................................................................................................19

    4.3.1.1 Toxicidade aguda .......................................................................................................19

    4.3.1.2 Toxicidade subcrnica ...............................................................................................19

    4.3.1.3 Toxicidade crnica .....................................................................................................20

    4.3.1.4 Genotoxicidade ..........................................................................................................20

    4.3.1.5 Sensibilizao drmica ..............................................................................................21

    4.3.1.6 Irritao cutnea ........................................................................................................21

    4.3.1.7 Irritao ocular ...........................................................................................................21

    4.3.2 Estudos farmacolgicos ................................................................................................21

    4.3.2.1 Ensaios in vitro ..........................................................................................................21

    4.3.2.2 Ensaios in vivo ..........................................................................................................40

    4.3.2.3 Ensaios ex vivo ..........................................................................................................43

    4.4 ESTUDOS CLNICOS ...................................................................................................47

    4.4.1 Fase I ............................................................................................................................47

    4.4.2 Fase II ...........................................................................................................................48

    4.4.3 Fase III .........................................................................................................................50

    4.4.4 Fase IV .........................................................................................................................51

    4.4.5 Estudos observacionais ................................................................................................51

    4.5 RESUMO DAS AES E INDICAES POR DERIVADO DE DROGA ESTUDADO

    ................................................................................................................................................52

    4.5.1 Vias de Administrao .................................................................................................52

    4.5.2 Dose Diria ..................................................................................................................52

    4.5.3 Posologia (Dose e Intervalo) ........................................................................................52

    4.5.4 Perodo de Utilizao ...................................................................................................53

    4.5.5 Contra Indicaes .........................................................................................................53

  • 4.5.6 Grupos de Risco.............................................................................................................53

    4.5.7 Precaues de Uso ........................................................................................................53

    4.5.8 Efeitos Adversos Relatados ..........................................................................................53

    4.5.9 Interaes Medicamentosas ..........................................................................................53

    4.5.9.1 Descritas ....................................................................................................................53

    4.5.9.2 Potenciais ...................................................................................................................54

    4.5.10 Informaes de Superdosagem ...................................................................................54

    4.5.10.1 Descrio do quadro clnico .....................................................................................54

    4.5.10.2 Aes a serem tomadas ............................................................................................55

    5 INFORMAES GERAIS ................................................................................................55

    5.1 FORMAS FARMACUTICAS /FORMULAES DESCRITAS NA LITERATURA..55

    5.2 PRODUTOS REGISTRADOS NA ANVISA E OUTRAS AGNCIAS

    REGULADORAS....................................................................................................................56

    5.3 EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO .......................................................................57

    5.4 ROTULAGEM .................................................................................................................57

    5.5 MONOGRAFIAS EM COMPNDIOS OFICIAIS E NO OFICIAIS ..........................57

    5.6 PATENTES SOLICITADAS PARA A ESPCIE VEGETAL........................................57

  • 1

    1 IDENTIFICAO

    1.1 NOMENCLATURA BOTNICA

    Salix alba L. (1).

    1.2 SINONMIA BOTNICA

    A busca por sinnimos foi realizada nas bases de dados Flora do Brasil, Tropicos e

    International Plant Names Index (IPNI), porm no foram identificadas sinonmias botnicas

    para a espcie Salix alba (1-3).

    1.3 FAMLIA

    Saliaceae (4).

    1.4 FOTO DA PLANTA

    Figura 1 rvore (Fonte: MOBOT (5)) e ramos de Salix alba L. (Fonte: Tropicos (3))

    1.5 NOMENCLATURA POPULAR

    Salgueiro branco (4).

  • 2

    1.6 DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Salix alba uma espcie nativa da regio central e Sul da Europa, sia Central e

    nordeste da frica. Ela foi levada aos Estados Unidos nos idos de 1700 por imigrantes europeus

    e se disseminou em diversas partes da Amrica (5-8).

    As espcies de Salix esto localizadas preferencialmente em regies temperadas do

    hemisfrio Norte e crescem preferencialmente em regies midas (6).

    Figura 2 Mapa da distribuio geogrfica da espcie vegetal (Fonte: Tropicos (3))

    1.7 OUTRAS ESPCIES CORRELATAS DO GNERO, NATIVAS OU EXTICAS

    ADAPTADAS

    O gnero Salix contempla mais de 400 espcies, distribudas principalmente na Amrica

    do Norte, Europa e China. As espcies do gnero no so comumente encontradas em regies

    tropicais, havendo apenas trs espcies nativas das Amricas Central e do Sul (8).

    Outras espcies correlatas ao gnero e tambm utilizadas com fim medicinal so Salix

    daphnoides, Salix fragilis e Salix purpurea (7, 9-12). Estudos filogenticos indicam que a S.

    fragilis derivada dos progenitores de S. alba, o que pode ser indicado pela semelhana

    gentica entre as espcies (13).

  • 3

    2 INFORMAOES BOTNICAS

    As espcies de Salix so caracterizadas por rvores de at 25 metros com folhas

    decduas, normalmente pecioladas, simples, lineares a ovaladas com margens inteiras a

    serradas. As inflorescncias so pequenas e podem emergir antes, ao mesmo tempo ou aps as

    folhas. J as flores so individuais e no apresentam ptalas. Possui frutos capsulados com

    muitas sementes (7).

    Salix alba caracteriza-se por ser uma rvore grande com tronco curto, com ramos de

    colorao marrom-amarelados, folhas elpticas e lanceoladas, acuminadas e serradas, com pelos

    sercios e colorao acinzentada. Os frutos so capsulados e possuem inmeras sementes (7).

    2.1 PARTE UTILIZADA / RGO VEGETAL

    A parte utilizada como droga vegetal a casca obtida dos ramos jovens (4).

    2.2 DESCRIO MACROSCPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA

    Segundo a Farmacopeia Brasileira, a parte da planta utilizada com fins medicinais

    constitui-se da casca inteira ou fragmentada (1 a 2 cm de espessura), obtida de ramos jovens,

    com dois a trs anos. Macroscopicamente os fragmentos se caracterizam por serem irregulares

    coriceos, flexveis, alongados e levemente acanalados, de comprimento, largura e espessura

    variados. Sua superfcie externa reluzente e lustrosa, lisa ou estriada de colorao castanho-

    escura. J a superfcie interna finamente estriada longitudinalmente, fibrosa e parda (4, 7, 9).

    2.3 DESCRIO MICROSCPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA

    Segundo a Farmacopeia Brasileira, a casca tem colorao castanho-escura e amarelada

    em algumas pores quando vista frontalmente. As clulas do sber apresentam diferentes

    formas, geralmente poligonais, de paredes retilneas e muitas vezes alongadas. O colnquima

    possui clulas achatadas e de paredes espessadas. Em seco transversal, o crtex possui

    cutcula extremamente espessada e a poro externa da casca pode apresentar diferentes

    organizaes estruturais: 1) primeira camada epidrmica, uniestratificada, com clulas

  • 4

    quadrangulares pequenas, de paredes espessas, seguida por cinco a seis camadas de colnquima

    tabular, de clulas alongadas, dispostas tangencialmente, de paredes espessas e com

    cloroplastdios, seguido por parnquima com clulas de variadas formas e de paredes espessas;

    2) camada epidrmica externa, com as mesmas caractersticas da descrita anteriormente,

    seguida pelo colnquima formado por clulas pequenas, arredondadas e de paredes espessas,

    seguido por parnquima com clulas tambm arredondadas e de paredes espessas; 3)

    revestimento externo formado por periderme, abrangendo diferente nmero de camadas,

    seguidas por parnquima com clulas arredondadas e de paredes espessas. O parnquima

    cortical externo sempre formado por vrias camadas de clulas, normalmente quadrangulares

    a retangulares, ou poligonais a arredondadas, de paredes espessadas, com poucos espaos

    intercelulares, muitos cloroplastdios e muitos cristais de oxalato de clcio do tipo drusas, raros

    monocristais e cristais prismticos. Agrupamentos de clulas ptreas so pouco comuns neste

    tecido, raras so essas clulas isoladas e as contendo compostos fenlicos. O parnquima

    cortical interno possui clulas de diferentes formas, maiores espaos intercelulares e menor

    quantidade de cristais e de cloroplastdios. Mais internamente, as clulas mostram maior

    irregularidade de forma, maiores espaos intercelulares, paredes muito espessadas, pontoadas

    e mais retilneas. Agrupamentos geralmente circulares, de fibras lignificadas so abundantes e

    esto distribudos aleatoriamente neste parnquima onde, muito raramente, ocorrem

    agrupamentos de clulas ptreas. O cmbio formado por poucas camadas celulares, com

    clulas de pequenas dimenses e achatadas tangencialmente, tanto as fusiformes quanto as

    radiais. O tecido adjacente internamente ao cmbio, contm grande quantidade de gros de

    amido. Raios parenquimticos so formados por clulas de diferentes formas, alongadas

    verticalmente, de paredes espessas e contendo cloroplastdios. Entre esses raios, ocorrem

    clulas parenquimticas de forma irregular, de paredes espessadas, sem cloroplastdios e de

    maior volume do que aquelas distribudas junto ao cmbio. Clulas floemticas pequenas, ricas

    em compostos fenlicos, so acompanhadas por agrupamentos de fibras lignificadas, alinhados

    horizontalmente e por clulas parenquimticas, de paredes espessas, com cloroplastdios e

    dispostas tangencialmente. Idioblastos contendo compostos fenlicos so comuns junto ao

    cmbio interno. Este tecido delimita internamente a casca e formado por clulas de paredes

    delgadas e reduzido nmero de camadas. Geralmente de difcil observao devido a suas

    caractersticas e sua posio limtrofe. Em seco longitudinal, as caractersticas do sber e da

    regio cortical externa so similares s descritas para a seco transversal. A regio cortical

  • 5

    interna mostra raios parenquimticos muitas vezes alargados, fibras e clulas parenquimticas

    de paredes espessas (Figura 2) (4).

    2.3.1 Descrio microscpica do p

    So caractersticas do p da casca de Salix alba a colorao castanho-plida; a presena

    de fragmentos de sber, em vista frontal; fragmentos de parnquima, com clulas de paredes

    espessadas, em vista frontal; fibras isoladas ou pores de seus agrupamentos, em seco

    longitudinal; fragmentos de parnquima cortical com clulas de forma poligonal e de paredes

    espessas, com cristais do tipo drusas, em seco transversal; poro de fibras associadas a

    idioblastos cristalferos, em seco longitudinal; fragmentos de parnquima com clulas de

    paredes espessadas, com distribuio radial e com pores de cmbio; fragmentos de cmbio,

    em seco transversal; cristais de oxalato de clcio dos tipos monocristais, cristais prismticos

    e drusas, isolados (4).

  • 6

  • 7 Figura 3 Aspectos macroscpicos e microscpicos em Salix alba L conforme Farmacopeia Brasileira (4). A

    aspecto geral de poro da superfcie externa da casca, em vista frontal. B aspecto geral de poro da superfcie

    interna da casca, em vista frontal. C detalhe do sber, na regio de colorao marrom, em vista frontal. D

    detalhe do sber, na regio de colorao amarelada, em vista frontal. E poro de colnquima em seco

    transversal; cloroplastdio (clo). F detalhe de poro do parnquima, mostrando idioblastos cristalferos com

    monocristais, cristais prismticos e drusas, e com compostos fenlicos, em seco transversal; idioblasto contendo

    compostos fenlicos (icf); cloroplastdio (clo); idioblasto cristalfero (ic). G detalhe de poro do parnquima,

    mostrando agrupamento de clulas ptreas, em seco transversal; cloroplastdio (clo); clula ptrea (cp);

    idioblasto cristalfero (ic); pontoao (pto). H detalhe de poro do cortx, em seco longitudinal; cloroplastdio

    (clo); fibra (fb); idioblasto cristalfero (ic); parnquima (p). I detalhe de poro do crtex, mostrando o

    parnquima e clulas ptreas em seco longitudinal; cloroplastdio (clo); clula ptrea (cp); idioblasto cristalfero

    (ic); parnquima (p); pontoao (pto).

    2.4 INFORMAES SOBRE POSSVEIS ESPCIES VEGETAIS SIMILARES QUE

    POSSAM SER UTILIZADAS COMO ADULTERANTES

    Diferentemente da Farmacopeia Brasileira, na Farmacopeia Europeia a descrio da

    casca de Salix utilizada como droga vegetal consiste em mais de uma espcie do gnero,

    comtemplando tambm S. purpurea L., S. daphnoides Vill. e S. fragilis L, as quais so

    caracterizadas por possurem pelo menos 1,5% de derivados saliclicos totais em sua

    composio (9, 12). A Farmacopeia Brasileira recomenda a identificao da espcie vegetal por

    meio de cromatografia em camada delgada utilizando slica-gel (4).

  • 8

    3 INFORMAES DE CONTROLE DE QUALIDADE

    3.1 ESPCIE VEGETAL / DROGA VEGETAL

    3.1.1 Caracteres organolpticos

    A droga vegetal inodora com sabor adstringente e marcadamente amargo (4, 7).

    3.1.2 Requisitos de pureza

    3.1.2.1 Perfil de contaminantes comuns

    Segundo a Farmacopeia Brasileira e a monografia da Organizao Mundial de Sade

    (OMS), a droga vegetal deve possuir no mximo 3% de ramos com dimetro superior a 10 mm

    e no mximo 2% de outros materiais estranhos (4, 7).

    3.1.2.2 Microbiolgico

    No h descrio de controle microbiolgico especfico para Salix alba na Farmacopeia

    Brasileira ou Europeia (4, 9). No entanto, na monografia da OMS para o salgueiro h referncia

    aos limites de contaminao microbiolgica determinados pelo guia da OMS para controle de

    qualidade de plantas medicinais (7, 14).

    De acordo com o guia da OMS, natural a presena de fungos e bactrias no material

    vegetal, principalmente devido a fonte, colheita e manejo. A presena de Escherichia coli e

    Salmonella spp indicam baixa qualidade de produo e colheita, o que pode ser evitado

    implantando-se boas prticas de cultivo.

    Mais recentemente, um estudo de Parthik e colaboradores analisou os guias da OMS e

    os contaminantes potencialmente perigosos em plantas medicinais, em relao ao controle

    microbiolgico, os autores descrevem o limite de material microbiolgico de acordo com o

    material vegetal utilizado e o diferencia em extrato bruto, material que foi pr-tratado ou para

    uso tpico e material para uso interno (15).

    O livro Latest Research into Quality Control possui um captulo destinado ao controle

    microbiolgico em plantas medicinais, no qual h um quadro comparativo entre os limites de

    agentes microbiolgicos determinados pelas Farmacopeias brasileira, americana, europeia e

    guia da OMS. O quadro comparativo foi adaptado e est apresentado abaixo (16).

  • 9

    Tabela 1 Limites microbiolgicos recomendados para plantas medicinais (Adaptado de Arajo

    e Baubi, 2012 (16)).

    Farmacopeia

    Brasileira

    Farmacopeia

    Americana

    Farmacopeia

    Europeia

    Guia OMS

    Bactrias

    aerbicas

    107 105 107 NI

    Fungos 104 103 105 105

    Enterobactrias e

    outras bactrias

    Gram negativas

    104 103 NI NI

    E. coli Ausncia Ausncia 104 104

    Salmonella Ausncia Ausncia NI NI

    Farmacopeia Brasileira: valor representa droga vegetal na qual ser adicionada gua fervente antes do uso.

    Farmacopeia Americana: Valor representa droga vegetal seca ou em ps na qual ser adicionada gua fervente

    antes o uso; Farmacopeia Europeia: produtos com uma ou mais de uma droga vegetal (inteira, rasurada ou em p)

    na qual ser adicionada gua fervente antes do uso. Guia OMS: valor representa matria vegetal bruta a ser

    processada. NI: Limites no informados. Valores descritos em Unidades Formadoras de Colnia (UFC)/g.

    3.1.2.3 Teor de umidade

    Segundo a Farmacopeia Brasileira o teor de umidade mximo para Salix alba de 11%.

    De acordo com a Farmacopeia Europeia essa porcentagem deve ser determinada em 1000 g de

    p da planta por secagem em forno a 100 C por duas horas (4, 9).

    3.1.2.4 Metal pesado

    A Farmacopeia Brasileira no determina valores mnimos de metais, tampouco a

    Farmacopeia Europeia ou a monografia da OMS para a espcie vegetal, neste ltimo h

    referncia ao guia da OMS para determinao dos limites mximos de metais em plantas

    medicinais (4, 7, 9).

    O guia da OMS, por sua vez, determina que o limite mximo de metais txicos deve ser

    calculado em concordncia com o limite mximo tolerado para ingesto diria e esse deve ser

    estabelecido com base regional ou nacional. A recomendao da OMS para chumbo e cdmio,

    por exemplo, de no mximo 10 e 0,3 mg/ kg, respectivamente (14).

    Kalny e colaboradores (2012) determinaram o contedo de microelementos e metais

    txicos em plantas medicinais e fitoterpicos comercializados na Polnia, dentre eles a casca

    do salgueiro e encontrou alta concentrao de cdmio (1,0 mg/ kg) na droga vegetal (17).

  • 10

    3.1.2.5 Resduos qumicos

    No h descrio especfica na Farmacopeia Brasileira sobre resduos qumicos, j a

    monografia da OMS para a casca de Salix possui recomendao de no exceder o limite mximo

    de aldrin e dieldrin em 0,05 mg/ kg. Para outros praguicidas h a indicao de consultar os

    limites descritos no guia da OMS (4, 7, 9, 14).

    3.1.2.6 Cinzas

    A proporo mxima de cinzas descritas tanto na Farmacopeia Brasileira quanto na

    Europeia e na monografia da OMS de 10% (4, 7, 9, 14).

    3.1.3 Granulometria

    A granulometria para a espcie Salix alba no est descrita na Farmacopeia Brasileira,

    Farmacopeia Europeia ou monografia da OMS para a espcie vegetal (4, 7, 14). Entretanto, h

    uma descrio genrica no guia da OMS para plantas medicinais que define o p de acordo com

    o tamis pelo qual ele passa por completo, variando entre grosso e muito fino (14).

    3.1.4 Prospeco fitoqumica

    A espcie possui salicina, sua principal caracterstica, alm de ser rica em glicosdeos

    fenlicos, flavonoides e macroelementos, como K, Ca e Mg (7, 9, 11).

    3.1.5 Testes fsico-qumicos

    No h descrio de testes fsico-qumicos especficos para a espcie na literatura

    utilizada.

    3.1.6 Testes de identificao

    A Farmacopeia Brasileira define como proceder a identificao de Salix alba e define o

    mtodo de cromatografia em camada delgada (CCD) como de escolha. Para isso utiliza-se

    slica-gel GF254, com espessura de 250 m, como fase estacionria e mistura de acetato de

    etila, metanol e gua (77:13:10) como fase mvel. Aplica-se, separadamente, em forma de

    banda, 10 L de cada uma das Solues (1), (2) e (3), preparadas recentemente, como descrito

    a seguir.

  • 11

    Soluo (1): aquecer 0,5 g da amostra pulverizada (500 m), com 10 mL de metanol,

    em banho-maria, sob refluxo, a aproximadamente 50 C por 10 minutos. Esfriar e filtrar.

    Soluo (2): adicionar a 5 mL da Soluo (1), 1 mL da soluo de carbonato de sdio anidro

    50 mg/mL. Aquecer em banho-maria a, aproximadamente 60 C, sob refluxo, por 10 minutos.

    Esfriar e filtrar. Soluo (3): dissolver 2 mg de salicina em 1 mL de metanol. Desenvolve-se,

    ento, o cromatograma. Remove-se a placa e deixa-se secar ao ar. Em seguida, nebulizar a placa

    com soluo de cido sulfrico 5% (v/v) em metanol e deixar em estufa entre 100 C e 105 C,

    durante 10 a 15 minutos. O cromatograma obtido com a Soluo (3) apresenta, no tero mdio,

    uma mancha violeta-avermelhada correspondente a salicina (Rf aproximadamente 0,40). No

    cromatograma obtido com a Soluo (1), a mancha de salicina aparece com uma intensidade

    fraca mdia. No cromatograma obtido com a Soluo (2) a mancha correspondente a salicina

    aparece mais intensa e, sobre ela, aparece uma mancha (salicortina) e, s vezes, duas manchas

    fracas (tremulacina), de cor violeta-avermelhada. Nos cromatogramas das Solues (1) e (2)

    podem aparecer outras manchas de cores azul, amarelo e marrom (4).

    3.1.7 Testes de quantificao

    Segundo a Farmacopeia Brasileira o doseamento da salicina para a espcie Salix alba

    deve ser realizado por meio de Cromatografia Lquida de Alta Eficincia (CLAE/HPLC). Para

    isso, recomenda-se utilizar cromatgrafo provido de detector ultravioleta a 270 nm; pr-coluna

    empacotada com slica octadecilsilanizada, coluna de 150 mm de comprimento e 3,9 mm de

    dimetro interno, empacotada com slica octadecilsilanizada (4 m), mantida a temperatura

    ambiente; fluxo da fase mvel de 1 mL/minuto. Fase mvel: mistura de acetonitrila, gua e

    cido trifluoractico (3:97:0,05). Soluo amostra: pesar exatamente, cerca de 0,3 g da droga

    seca e moda (355 m) juntar 25 mL de metanol e aquecer sob refluxo, durante 30 minutos.

    Esfriar e filtrar. Retomar o resduo com 25 mL de metanol e tratar como descrito anteriormente.

    Reunir os filtrados e evaporar sob vcuo at secura. Retomar o resduo com 2 mL de metanol,

    adicionar 2 mL de hidrxido de sdio 0,1 M e aquecer em banho-maria, sob refluxo, durante 1

    hora a 60 C, aproximadamente, com agitao frequente. Esfriar, adicionar 0,25 mL de cido

    clordrico M e completar a 5 mL com uma mistura de metanol e gua (50:50). Soluo padro:

    dissolver 10 mg de salicina em 10 mL de acetonitrila. Solues para curva analtica: diluir

    alquotas de 40, 45, 50, 55 e 60 L da Soluo padro a 100 L com Fase mvel, de modo a

    obter concentraes de 0,40 mg/ mL, 0,45 mg/ mL, 0,50 mg/ mL, 0,55 mg/ mL e 0,60 mg/ mL.

  • 12

    Procedimento: injetar, separadamente, 10 L das Solues para curva analtica e da Soluo

    amostra. Registrar os cromatogramas e medir as reas sob os picos. O tempo de reteno de

    aproximadamente 6 minutos para a salicina. Calcular o teor de salicina na amostra a partir da

    equao da reta obtida com a curva analtica. O resultado expresso pela mdia das

    determinaes em gramas de salicina por 100 gramas da droga (%), considerando o teor de gua

    (4).

    3.1.7.1 Componentes qumicos e suas concentraes: descritos e majoritrios, ativos ou no

    A Farmacopeia Brasileira descreve apenas a salicina como componentes qumicos

    majoritrios presentes no salgueiro-branco, o qual consiste no composto ativo e est presente

    na proporo de 0,5 a 1,5%. J a monografia da OMS para o salgueiro relata outros glicosdeos

    fenlicos, como a salicortina, a fragilina, a populina e, alm dos seguintes compostos:

    triandrina, vimalina, flavonoides e taninos. As estruturas salicina, salicortina e fragilina esto

    apresentadas na figura 3 (4, 7).

    Figura 4 Estrutura qumica dos componentes qumicos majoritrios presentes na espcie Salix

    alba. Adaptado de WHO, 2009 (7).

    3.2 DERIVADO VEGETAL

    3.2.1 Descrio

    No h monografias para os derivados vegetais de Salix alba nos compndios oficiais,

    dessa forma podem ser empregados os mtodos utilizados para a droga vegetal ou os mtodos

    descritos em trabalhos cientficos, que no geral utilizaram os mesmos critrios empregados para

    droga vegetal, os quais so utilizados nesta monografia.

  • 13

    3.2.2 Mtodo de obteno

    Foram estudados 25 artigos cientfico que descreveram a utilizao de derivado vegetal

    de Salix alba, descreveram os derivados como extrato alcolico, extrato aquoso, extrato

    metanlico, extrato seco, extrato bruto, extratos utilizando acetona, clorofrmio e hexano como

    solventes.

    Em 1972, Toman e colaboradores relataram o isolamento de galactanas a partir da casca

    de Salix alba com sucesso mediante a extrao com benzeno-etanol (1:3) por 30 h e posterior

    deslignificao com 80% de etanol (18). Em 1975 o mesmo grupo utilizou 600 g da casca de

    Salix alba obtida a partir de ramos jovens par ao isolamento de pectina, a qual foi extrada com

    gua a temperatura ambiente (19).

    Para avaliar a presena de polifenis e sua relao com atividade antimicrobiana, Raiciu

    e colaboradores utilizou matria vegetal fresca triturada, a qual sofreu macerao por 4-5 dias

    em frascos mbar com etanol 90%. Em seguida foi adicionada uma mistura de gua e glicerina

    para que o volume final fosse 20 vezes a massa inicial da planta. A macerao continuou com

    a soluo de lcool e glicerol por mais 3 semanas (20).

    A atividade antimicrobiana, junto s atividades antioxidante e citotxica presentes nos

    compostos fenlicos de Salix alba foi analisada pelo grupo de Sulaiman, o qual utilizou a o p

    da casca e extrao com etanol fervente em Soxhlet por 7 h. A soluo foi filtrada utilizando

    vcuo e o filtrado foi evaporado utilizando evaporador a vcuo a 40C (21).

    A obteno dos extratos aquosos de Salix alba foi realizada de forma semelhante,

    variando de acordo com o objetivo do estudo. Em 1974, Kompantsev et al. Descreveram a

    obteno de glicosdeos fenlicos a partir da extrao de 4,0 kg de ramos jovens de salgueiro

    branco com gua aquecida a 90-95C por uma hora, trs vezes (22).

    A fim de obter compostos fenlicos a partir da casca de Salix alba, o grupo de Harbourne

    realizou a extrao utilizando apenas 2,5 g da matria vegetal e 100 mL de gua destilada a

    100C por 20 minutos, com agitao, seguido de filtrao e resfriamento com gelo (23).

    Drummond e colaboradores utilizaram uma modificao da metodologia de Harbourne,

    partindo de 7,5 g da casca de Salix alba adicionados de 100 mL de gua a 90C por 15 minutos

    a fim de tambm obterem compostos fenlicos (24).

  • 14

    Para o isolamento de taninos foram utilizadas as folhas da espcie vegetal, que foram

    secas por congelamento e extradas em Soxhlet com a utilizao de hexano a fim de remover

    lipdeos e substncias lipoflicas, em seguida os taninos foram extrados do resduo resultante

    por uma mistura de acetona e gua (7:3) (25).

    A anlise de taninos tambm foi realizada a partir da extrao de folhas por Muetzel e

    colaboradores, em 2006. As folhas foram secas por congelamento ou em forno a 60C por 2 h

    e em seguida pulverizadas, ento 1 g do p foi extrado com 100 mL de acetona 70%por duas

    vezes por 20 minutos em banho ultrassnico (26).

    A extrao metanlica tambm foi utilizada por Du et al., a fim de se isolar lignanas

    provenientes de S. alba. Para isso, 1000 g da casca seca da espcie vegetal foi pulverizada e

    extrada sucessivamente com metanol e ter a temperatura de 40 a 60C e posteriormente

    evaporada. O resduo foi ento digerido utilizando-se acetato de etila (27).

    O grupo de Pobocka-Olech descreveu a extrao metanlica de Salix alba em trs

    estudos analisados, enquanto no primeiro o objetivo foi isolar glicosdeos fenlicos, incluindo

    salicina, dentre outros, no segundo o composto qumico isolado foi a procianidina, j no terceiro

    o objetivo foi isolar fenis simples. Nas trs publicaes o processo de extrao foi descrito

    partindo-se do p da casca da droga vegetal, que extrado exaustivamente com metanol a 60C

    (28-30). Jazayeri e colaboradores, com a finalidade de avaliar a atividade anticolinestersica do

    extrato de algumas plantas utilizadas como medicinais no Ir, tambm utilizou a metodologia

    da extrao metanlica de Salix alba, semelhante ao descrito acima; de acordo com a

    publicao, um grama do p da casca da planta foi extrado por macerao sob agitao a

    temperatura ambiente com metanol aquoso (20 mL; 1:1 v/v) por 24 horas (31). A quantificao

    de salicina em diferentes espcies do gnero Salix foram analisadas por Kenstaviien et al.

    tambm aps a extrao utilizando metanol, de acordo com a metodologia do trabalho 50 mL

    de metanol foi adicionado a 0,5 g do p da casca de Salix alba e a mistura foi aquecida em um

    condensador de refluxo por 30 minutos, posteriormente resfriada e filtrada (6).

    A obteno do extrato seco de S. alba foi descrita por Oberprieler e colaboradores para

    o isolamento de compostos fenlicos e anlise taxonmica por meio de perfil gentico. Segundo

    a metodologia do estudo, aps a coleta do material as cascas da espcie vegetal foram

    congeladas a -80C. Aps 9 meses, o material sofreu secagem utilizando slica-gel (100 mg), o

  • 15

    qual foi adicionado de 1,5 mL de metanol e homogeneizado em banho ultrassnico por 5

    minutos, 3 vezes (32).

    Em alguns estudos, os extratos foram obtidos comercialmente e no h descrio da

    metodologia de extrao (10, 33-39).

    Diferentemente dos outros derivados vegetais descritos acima, Pinto et al utilizaram o

    plen de abelhas proveniente de S. alba a fim de isolar principalmente flavonoides, para isso

    foi utilizado 1 g de p de plen foi homogeneizado e misturado 9 mL de etanol 70%, colocado

    em papel alumnio e deixado temperatura ambiente por 72 h, o qual foi denominado extrato

    1. Esse extrato foi centrifugado por 31 min a 4C e 11000 rpm, o sobrenadante foi dividido em

    alquotas de 1,5 mL e estocado a -20C. Para a hidrlise 1 mL do sobrenadante do extrato 1 foi

    adicionado de 4 mL de cido clordrico 2 M e aquecido at fervura por 30 min. Aps o

    resfriamento a mistura foi extrada 3 vezes com dietilter e a fase ter foi coletada e evaporada,

    o resduo foi solubilizado em 1 mL de etanol 96%, filtrado (0,22 mm) e estocado a -20C, o

    extrato etanlico a 96% foi denominado extrato 2 (40).

    3.2.3 Caracteres organolpticos

    Dentre os artigos analisados os quais relatavam a utilizao ou extrao de derivados

    vegetais, o nico que relatou a anlise de caracteres organolpticos para o controle de qualidade

    do derivado vegetal foi o grupo de Raiciu et al (20). Segundo o trabalho, ao final do processo

    de obteno do derivado foram observados odor, sabor e cor.

    3.2.4 Testes de identificao

    Conforme j citado, o principal constituinte qumico obtido a partir da Salix alba a

    salicina, no geral os mtodos de isolamento e identificao do composto se do CCD, de acordo

    com recomendao da Farmacopeia Brasileira para a droga vegetal ou por HPLC para

    identificao e quantificao, conforme orientao da Farmacopeia Europeia (4, 9).

    Enquanto a identificao da salicina no extrato aquoso de Salix alba por meio de CCD

    foi descrita em 1983 (35), outros trabalhos mais recentes utilizaram HPLC tanto para a salicina

    (6, 29) quanto para glicosdeos fenlicos em geral (30, 32).

  • 16

    Du et al. (2005) descreveram o isolamento de salicina e amigdalina por um mtodo

    semi-industrial de cromatografia a baixa rotao utilizando uma bobina preenchida com a fase

    estacionria composta por metil-tert-butil-ter e butanol (1:3) saturado com metanol e gua

    (1:5) e fase mvel composta por metanol e gua (1:5) saturado com metil-tert-butil-ter e

    butanol (1:3). Dessa forma foi possvel a dissoluo de 500 g de salicina em 5 L de fase mvel

    e obteve-se uma pureza de 87,6% (36).

    Tanto Muetzel et al., em 2006, quanto Sulaiman e colaboradores, em 2013, relataram a

    determinao de fenis no extrato de Salix alba por espectrofotometria pelo mtodo de Folin-

    Ciocalteu (21, 26).

    3.2.5 Testes de quantificao

    Agnolet e colaboradores (2012) validaram a quantificao da salicina por HPLC

    utilizando detector de malha de diodo, coluna C18 como fase estacionria e fase mvel

    constituda por soluo de metanol, gua e cido frmico com eluio em gradiente. O mtodo

    mostrou preciso, exatido, linearidade e limites de deteco e quantificao satisfatrios (10).

    3.2.5.1 Componentes qumicos e suas concentraes: descritos e majoritrios, ativos ou no

    De forma semelhante droga vegetal o principal constituinte qumico relatado entre os

    derivados vegetais de Salix alba a salicina, composto ativo da espcie (6, 10, 22, 23, 29, 35,

    36, 39). So tambm relatados outros fenis como salidrosida, piceina, helicina, triandrina,

    populina e tremulacina (29). No entanto, o mais comum o relato da presena de polifenis ou

    fenis totais nos derivados, sem especificar o composto (20, 21, 23, 24, 26, 30, 32).

    Os taninos tambm foram descritos como constituintes dos compostos (20, 23, 25, 26),

    especialmente as procianidinas, que so descritos como potenciais antifngicos (25, 28).

    3.3 PRODUTO FINAL

    3.3.1 Forma farmacutica

    No momento, h um nico fitoterpico presente no mercado nacional contendo Salix

    alba, que possui a associao de trs espcies vegetais: Passiflora incarnata, Salix alba e

    Crataegus oxyacantha. O medicamento utilizado a fim de diminuir sintomas de ansiedade e

  • 17

    insnioa, principalmente devido s propriedades sedativas, antiespasmdicas e ansiolticas da

    Passiflora incarnata. O fitoterpico apresentado na forma de comprimidos revestidos e cada

    comprimido contm em sua composio 100 mg de extrato seco de Salix alba, 30 mg de extrato

    seco de Crataegus oxyacantha e 100 mg Passiflora incarnata (41).

    No mercado europeu, especialmente na Polnia, h outros fitoterpicos contendo a

    espcie vegetal, como o Rutinosal, tambm comercializado na forma de comprimidos com

    associao de 300 mg de Salix, 20 mg de Rutosidum de 40 mg de vitamina C; e o Salicortex,

    comprimidos com 330 mg da Salix. Os medicamentos so indicados, respectivamente, para

    resfriados e dores de cabea (17).

    Agnolet et al. (2012) relataram e utilizao de cpsulas contendo extrato de S. alba

    compradas em farmcias da Dinamarca, porm o trabalho no apresenta maiores detalhes sobre

    o fitoterpico (10). Hoffman e colaboradores (2002) tambm descreveram utilizar comprimidos

    contendo extrato seco de Salix alba, comprados em farmcias locais de Nova Iorque (NY,

    Estados Unidos) sem descrever nome comercial ou composio do medicamento (42).

    3.3.2 Testes especficos por forma farmacutica

    Como no h monografias nas Farmacopeias sobre fitoterpicos contendo Salix alba e

    tambm no foram encontrados, na literatura pesquisada, testes especficos de controle de

    qualidade, sugere-se a realizao de testes gerais para produtos finais presentes na Farmacopeia

    Brasileira, como peso, dureza, friabilidade, desintegrao, dissoluo, uniformidade de doses

    unitrias, pH, densidade, volume e teste de gotejamento (4).

    4 INFORMAES DE SEGURANA E EFICCIA

    4.1 Usos populares e/ou tradicionais

    Os primeiros achados descrevendo os efeitos teraputicos de extratos da casca de

    salgueiro foram descritos pro Hipcrates, h aproximadamente 2400 anos, ele recomendava

    mascar as folhas de salgueiro para analgesia em crianas. Estudos subsequentes descreveram

    os efeitos analgsicos das folhas de salgueiro, como os relatos de Diocorides, um cirurgio

  • 18

    grego que atuou em Roma no ano 75 a.C., e os relatos de Galen, um mdico romano que

    descreveu as propriedades antipirticas e antiinflamatrias das folhas do salgueiro (43).

    Atualmente, o uso popular do salgueiro, especialmente do salgueiro branco continua

    disseminado no Brasil e no mundo. A espcie vegetal conhecida por suas atividades

    analgsicas, com atuao principalmente contra os sintomas de dores nas costas, artrite, dores

    reumticas, alm das atividades atipirticas e anti-inflamatrias. Os efeitos da droga vegetal

    parecem estar diretamente relacionados presena da salicina, pr-droga do cido acetil-

    saliclico (6, 10, 41).

    4.2 Presena em normativas sanitrias brasileiras

    No ano de 2014 a ANVISA publicou a RDC n 26 a qual regulamenta o registro de

    Medicamentos Fitoterpicos (MF) e o registro e a notificao de Produtos Tradicionais

    Fitoterpicos (PTF), alm de revogar a RDC 14/2010. (44-46).

    Junto RDC supracitada, foi publicada a Instruo Normativa n 2, de 13 de maio de

    2014 (IN 2/2014), que publicou a "Lista de medicamentos fitoterpicos de registro

    simplificado" e a "Lista de produtos tradicionais fitoterpicos de registro simplificado", na

    primeira encontra-se a espcie Salix alba (45). As informaes referentes espcie esto

    descritas a seguir:

    Nomenclatura botnica - Salix alba L., S. purpurea L. , S. daphnoides Vill., S. fragilis L.

    Nome popular - Salgueiro branco

    Parte usada - Casca

    Padronizao/Marcador - Salicina

    Derivado vegetal - Extratos

    Indicaes/Aes teraputicas - Antitrmico, anti-inflamatrio e analgsico

    Dose Diria - 60 a 240 mg de salicina

    Via de Administrao - Oral

    Restrio de uso - Venda sem prescrio mdica

    4.3 ESTUDOS NO-CLNICOS

  • 19

    4.3.1 Estudos toxicolgicos

    4.3.1.1 Toxicidade aguda

    Dado no encontrado na literatura pesquisada.

    4.3.1.2 Toxicidade subcrnica

    Apenas um estudo sobre toxicidade subcrnica foi encontrado, o qual aborda toxicidade

    reprodutiva de um fitoterpico que alm de Salix alba, contm extrato de Passiflora incarnata

    e Crataegus oxycantha, e utilizado com a indicao de sedativo e hipntico (47).

    Para tanto, o estudo utilizou 21 ratos da linhagem Wistar, fmeas, com peso superior a

    220 g e suas ninhadas. As ratas fmeas foram colocadas com ratos machos e assim que detectada

    a cpula foi considerado o dia 0 da gestao. A partir de ento os animais passavam a receber

    diariamente a preparao fitoterpica (n = 11 fmeas) ou veculo (n = 10 fmeas) at o final da

    gestao. As ratas foram avaliadas durante a gestao, alm disso, foi avaliada a prole quanto

    mortalidade e ao desenvolvimento. A dosagem utilizada nos animais foi correspondente

    dose teraputica proposta para seres humanos (adulto de 70 kg), que de 4 drgeas/dia, o que

    resulta em um total de 400 mg do extrato de Passiflora incarnata, 120 mg do extrato de

    Crataegus oxycantha e 400 mg do extrato de Salix alba, assim sendo os animais receberam as

    dosagens aproximadas de 6 mg.kg 1, 2 mg.kg-1 e 6 mg.kg1 de cada um dos extratos,

    respectivamente. Para os ensaios de toxicidade decidiu-se por aplicar uma dose 10 vezes maior

    que a os humanos, ou seja, 60 mg.kg1, 20 mg.kg1 e 60 mg.kg1 das plantas mencionadas,

    respectivamente (47).

    O dia 0 de gestao foi contado a partir da cpula e durante os 21 dias subsequentes foi

    administrada a dose supracitada do fitoterpico por via oral (gavagem). Diariamente foram

    avaliados o desenvolvimento ponderal e o consumo de gua e rao, alteraes de

    comportamento, conscincia e disposio, avaliao da atividade do sistema locomotor,

    musculatura esqueltica e reflexos e avaliao da atividade autonmica. No dia do parto e a

    partir de ento, foram avaliados o nmero e a massa corporal dos filhotes, nmero de

    natimortos, mortes de perinatais, alteraes macroscpicas externas nos filhotes,

    desenvolvimento ponderal individual dos filhotes at o desmame, avaliao das caractersticas

    de desenvolvimento geral como: descolamento das orelhas, erupo dos incisivos,

    aparecimento dos pelos, abertura do canal aditivo, abertura dos olhos e descida dos testculos.

  • 20

    No desmame foram avaliados a massa corporal das ratas lactantes e dos filhotes, o nmero de

    filhotes desmamados, a massa dos rgos dos filhotes (fgado e rins), o aspecto visual das

    demais vsceras (corao, pulmes, tero, ovrios, trato gastrointestinal) (47). De acordo com

    os resultados observados pelo estudo no houve diferena significativa entre o grupo tratado

    com o fitoterpico e o grupo controle (que recebeu apenas veculo) no desenvolvimento das

    ratas durante a gestao, tampouco no desenvolvimento da sua prole, o que permite concluir

    que h ausncia de toxicidade reprodutiva do extrato de Salix alba, mesmo utilizando uma dose

    dez vezes maior que a utilizada terapeuticamente em humanos (47).

    4.3.1.3 Toxicidade crnica

    Dado no encontrado na literatura pesquisada.

    4.3.1.4 Genotoxicidade

    Entre os estudos analisados, apenas um deles avaliou a genotoxicidade induzida por

    Salix alba. Entretanto, diferentemente de outros estudos, o produto analisado no foi o extrato

    da planta, mas sim dois extratos etanlicos (70 e 96%) obtidos a partir do plen de abelhas

    proveniente de Salix alba, o qual pode estar presente em suplementos alimentares. Para a

    avaliao da genotoxicidade, foi utilizado o ensaio do microncleo. A anti-genotoxicidade foi

    avaliada mediante a avaliao da proteo do extrato frente induo de genotoxicidade por

    trs quimioterpicos que agem por mecanismos celulares diferentes: bleomicina, mitomicina C

    e vincristina. O material celular utilizado para os ensaios foi obtido a partir da coleta de sangue

    perifrico heparinizado de trs voluntrios sadios, no fumantes, do sexo masculino. Aps 72

    horas de incubao dos linfcitos estimulados, obtidos a partir do sangue perifrico na presena

    do extrato de plen de abelha obtido de Salix alba, a contagem de microncleos no aumentou

    significativamente, ao contrrio do observado na presena de bleomicina, utilizada como

    controle positivo. Esse resultado indica que o extrato no foi capaz de induzir genotoxicidade

    (40).

    Por outro lado, a capacidade do plen e dos dois extratos etanlicos em proteger contra

    a mutagnese induzida pelos quimioterpicos em trs diferentes concentraes (1, 10 e 100 g/

    mL) foi apresentada como resultado do estudo (40). O extrato etanlico a 70% foi capaz de

    evitar a genotoxicidade induzida pela bleomicina nas trs concentraes testadas. A toxicidade

    induzida pela vincristina tambm foi evitada pelas trs concentraes testadas, porm, nesse

  • 21

    caso, o extrato que apresentou resultado significativo foi o extrato etanlico a 96%. J a

    presena de microncleos induzidas por mitomicina C foi significativamente menor nas trs

    concentraes do plen de abelha e do extrato etanlico a 70%. A diferena entre os resultados

    dos extratos se d pela diferente concentrao de compostos fenlicos de acordo com a forma

    e o solvente de extrao. Os resultados apresentados exploram no s a ausncia de

    genotoxicidade do plen e dos extratos, mas tambm seu potencial em atuarem como protetores

    frente toxicidade de agentes quimioterpicos (40).

    4.3.1.5 Sensibilizao drmica

    Dado no encontrado na literatura pesquisada. A ausncia desse tipo de estudo justifica-

    se pela utilizao preferencialmente por via oral de formulaes contendo a espcie vegetal.

    4.3.1.6 Irritao cutnea

    Dado no encontrado na literatura pesquisada. A ausncia desse tipo de estudo justifica-

    se pela utilizao preferencialmente por via oral de formulaes contendo a espcie vegetal.

    4.3.1.7 Irritao ocular

    Dado no encontrado na literatura pesquisada. A ausncia desse tipo de estudo justifica-

    se pela utilizao preferencialmente por via oral de formulaes contendo a espcie vegetal.

    4.3.2 Estudos farmacolgicos

    4.3.2.1 Ensaios in vitro

    Os ensaios farmacolgicos realizados in vitro foram os mais expressivos dentre os

    ensaios no clnicos. Quinze diferentes estudos testaram as propriedades farmacolgicas da

    espcie Salix alba frente a bactrias, fungos e culturas de diferentes tipos celulares. As

    atividades farmacolgicas que se destacaram foram a atividade anti-inflamatria e a atividade

    antioxidante, as quais se relacionam. Foram tambm observadas as atividades antimicrobiana,

    antiestrognica e antiproliferativa. Todas elas seguem listadas no quadro 2.

    Como esperado, pelo uso tradicional da espcie vegetal, uma das atividades mais

    testadas foi a atividade anti-inflamatria. Assim como o cido saliccilico e outros anti-

    inflamatrios no-esteroidais (AINES), esperava-se que o extrato vegetal de Salix alba tambm

  • 22

    atuasse principalmente inibindo as cicloxigenases (COX), enzimas essenciais para sntese das

    prostaglandinas a partir da liberao do cido araquidnico pelas fosfolipases da membrana

    celular. Entretanto, os estudos discutidos abaixo evidenciaram mecanismos anti-inflamatrios

    muito mais complexos, ativados pelos extratos vegetais, o que pode ser explicado em parte pela

    presena de outros compostos ativos alm dos salicilatos (48).

    A inflamao um processo complexo e natural em resposta a uma srie de agentes

    hostis aos quais os mamferos esto expostos, como parasitas, microorganismos, agentes

    txicos e danos fsicos. Como resposta a esses agentes, so liberadas citocinas pelos macrfagos

    e leuccitos, entre as quais se destacam o fator de necrose tumoral (TNF-), a interleucina-1

    (IL-1) e a interleucina-6 (IL-6) (49, 50).

    Fiebich e colaboradores (2004) analisaram o efeito do extrato etanlico da planta em

    moncitos primrios de humanos. Os ensaios avaliaram a atividade das cicloxigenases 1 e 2

    (COX-1 e COX-2) e liberao da prostaglandina E2 (PGE2) mediada pela COX-2. Para isso foi

    utilizado o extrato comercial 1520L (Plantina GmbH,Munique, Alemanha), descrito como

    efetivo no combate a dores por ensaios clnicos e j comercializado na Alemanha, o qual possui

    indicao contra dor reumtica, febre e dores de cabea. Os moncitos foram pr-incubados

    com o extrato em concentraes variando entre 10 e 500 g/ mL a fim de se determinar o IC50

    com base em uma regresso linear. Os resultados obtidos foram comparados com padres de

    salicina e salicilatos, alm de um anlogo do refocoxib (L745337). Foi demonstrado que so

    necessrias concentraes superiores a cem vezes do extrato etanlico de Salix alba quando

    comparado ao anlogo sinttico do anti-inflamatrio para inibir 50% da liberao da PGE2, o

    que corresponde a dose utilizada do extrato (1600 mg) quando comparado ao frmaco (12,5

    mg). Por outro lado, as doses testadas do extrato vegetal no demonstraram capacidade de

    inibio da COX-1 ou da COX-2 (34).

    Um estudo avaliou a atividade anti-inflamatria, tambm representada pela inibio da

    COX-1 e COX-2 e da 5-lipoxigenase (5-LOX) em granulcitos humanos, alm da elastase

    (HLE) em leuccitos humanos (39). Para isso, foram utilizadas cinco fraes do extrato aquoso

    de Salix STW 33-I. Os extratos foram separados de acordo com a polaridade, utilizando-se

    sequencialmente tolueno (frao A), acetato de etila (frao B), butanol (frao C) e etanol

    (frao D), alm do extrato aquoso (frao E). A Frao A apresentou pequena quantidade de

    salicina (0,4%) e indicou altas concentraes de polifenis indeterminados; a Frao B

    apresentou concentrao de salicina de 9%, alm da presena de polifenis e flavonoides; as

  • 23

    Fraes C e D foram as que apresentaram maiores concentraes de salicina (23,6 e 25,2,

    respectivamente), alm da presena de flavonoides; j na Frao E foram detectados 10,3% de

    salicina e proantocianidinas. De acordo com os resultados apresentados pelos autores, houve

    uma grande diferena no perfil inibitrio das ciclooxigenases de acordo com as fraes. As

    fraes que apresentaram maiores inibies para COX-1, COX-2 e 5-LOX foram as fraes A

    e B, exatamente aquelas com baixas concentraes de salicina, constitudas principalmente por

    polifenis. J a inibio da elastase foi mais pronunciada utilizando-se a frao E, com

    concentraes intermedirias de salicina, no entanto com presena de polifenis e

    proantocianidinas (39).

    Outro grupo publicou, posteriormente, a avaliao do mesmo extrato aquoso de Salix

    comercializado (STW 33-I) (51), o qual foi separado em fraes de acordo com a metodologia

    utilizada por Nahrstedt e colaboradores (2007), obtendo-se as seguintes concentraes de

    salicina: 0,5% para Frao A; 1% para Frao B; 34,1% para Frao C; 37,5% para Frao D e

    14,9% para Frao E. Nesse estudo, a atividade anti-inflamatria dos extratos foi avaliada em

    clulas mononucleares ativadas com lipopolissacardeos (LPS), o qual ativa a liberao de

    citocinas inflamatrias por meio da expresso do TNF-, do xido ntrico (NO) e a sntese de

    prostaglandinas pela atividade da COX-1 e da COX-2 em moncitos. De forma semelhante ao

    resultado descrito anteriormente, a Frao E foi a que inibiu a expresso dos marcadores

    inflamatrios COX-2 e TNF- de forma mais expressiva e significativa, juntamente com o

    extrato aquoso STW 33-I, sendo a inibio da COX-2 da ordem de 30-55% e a do TNF- da

    ordem de 75-85%, resultados semelhantes aos encontrados ao tratar as clulas com diclofenaco

    de sdio e cido acetil saliclico. Ademais, tanto o extrato quanto a Frao E foram capazes de

    reduzir significativamente o aumento da formao de NO. Alm disso, foi avaliado o efeito do

    extrato STW 33-I na translocao do NF-B do citoplasma para o ncleo, a qual foi evitada

    pela presena do extrato de forma similar ao tratamento das clulas com diclofenaco (51).

    Knuth e colaboradores, em 2011(52), isolaram o glicosdeo fenlico salicortina a partir

    da casca de Salix alba a fim de avaliar a expresso de ICAM-1 induzido por TNF- em clulas

    endoteliais humanas (HMEC-1). Como resultado, foi observado que a presena da salicortina

    diminuiu a expresso do ICAM de maneira dose-dependente entre 10 e 75 M. A concentrao

    de 50 M reduziu a expresso do marcador (52,4%), enquanto a salicina e o cido salicico no

    apresentaram reduo significativa (52).

  • 24

    A atividade anti-inflamatria do extrato de Salix alba, entre outras espcies, foi tambm

    avaliada por meio da ativao do NF-B induzida por IL-1 em um modelo in vitro de

    condrcitos caninos (38) Essa ativao parece estar relacionada ao efeito inflamatrio

    observado na osteoartrite. O extrato, na concentrao de 10 g/ mL, se mostrou capaz de evitar

    mecanismos inflamatrios. Sob condies experimentais houve inibio da citotoxicidade

    induzida pelo IL-1 (avaliada pelo ensaio do MTT), alm de antagonizar a regulao positiva

    da COX-2 por prevenir a degradao do IB e a ativao do NF-B. Ademais, as clulas

    tratadas com o extrato botnico se rediferenciaram em condrcitos e produziram uma matriz

    cartilaginosa, indicando o potencial teraputico do extrato vegetal para tratamento da osteortrite

    (38).

    A atividade anti-inflamatria do extrato de salgueiro branco e seus principais polifenis

    (quercetina, apigenina e cido saliclico) tambm foi avaliada pelo grupo de Drummond (2013)

    por meio das citocinas IL-1, IL-6 e TNF- em uma linhagem celular de leucemia monoctica

    humana denominada THP1. Em concentraes de 10 mM tanto a apigenina quanto a quercetina

    foram capazes de reduzir a IL-6 significativamente, j o TNF- foi reduzido significativamente

    frente a concentraes de 10 mM de apigenina e 25 mM de quercetina. Em comparao a outras

    espcies vegetais testadas (camomila e ulmeira), o salgueiro apresentou maior atividade anti-

    inflamatria por diminuir em maior proporo a atividade da IL- e do TNF- (24).

    A atividade anti-inflamatria e antioxidante de Salix alba foi avaliada (37), utilizando

    neutrfilo de ovinos, mediante imunomodulao realizada por essas clulas. Os neutrfilos so

    responsveis pela resposta imune inata e so ativados por um mecanismo que envolve fases

    distintas: rolagem, ativao, adeso e transmigrao. Eles atuam na defesa contra bactrias e

    parasitas, alm disso, atuam tambm na ativao de mecanismos anti-inflamatrios. A atividade

    do extrato e hidroetanlico de Salix alba e de outras espcies vegetais foi avaliada por meio da

    viabilidade dos neutrfilos, pelo ensaio de adeso e pela produo do radical superxido (53).

    A viabilidade dos neutrfilos foi inibida de maneira dose-dependente pelo extrato e a inibio

    alcanou aproximadamente 65% com a concentrao mais alta testada (60 g/ mL). Ademais,

    o extrato de S. alba tambm bloqueou fortemente a adeso dos neutrfilos e a produo do

    radical livre superxido, com uma IC50 de apenas 17,77 g/ mL e 55,94 g/ mL,

    respectivamente. O estudo relacionou os resultados obtidos eficiente atividade anti-

    inflamatria do extrato, o qual possivelmente se deve presena de flavonoides e compostos

    fenlicos no extrato hidroetanlico analisado (37).

  • 25

    Entre todos os estudos analisados, tm-se em comum que o extrato de Salix alba

    apresentou atividade anti-inflamatria satisfatria em diferentes modelos in vitro. Em relao

    ao mecanismo de ao antiinflamatrio, ressalta-se no apenas o mecanismo direto, por meio

    da ativao via citocinas, mas tambm as vias que ativao pelos mecanismo de estresse

    oxidativo, uma vez que a salicina nem sempre foi composto responsvel pela atividade anti-

    inflamatria, mas tambm outros compostos presentes no extrato, como os polifenis, que

    possuem reconhecida atividade antioxidante.

    Outra importante atividade relatada foi a atividade antioxidante, a qual tambm pode

    estar relacionada ativao de mecanismos inflamatrios. A produo exacerbada de radicais

    livres est envolvida na mediao do processo inflamatrio por meio da ativao do NF-B e

    do TNF-.

    Kong e colaboradores (2014) publicaram recentemente, entre outros achados, a

    influncia da salicina na gerao de radicais livres (54). Para isso, eles utilizaram cultura de

    clulas originadas da veia endotelial do cordo umbilical humano (clulas ECV304), as quais

    foram analisadas por microscopia de fluorescncia aps incubao com perxido de hidrognio

    (indutor de estresse oxidativo) e 2,7-diacetato de diclorofluoroscena (DCFH-DA). A

    intensidade da fluorescncia proporcional produo de radicais livres, ou espcies reativas

    de oxignio, e essas possuem um importante papel na angiognese tumoral e regulam as vias

    de sinalizao intracelular, que ativa mecanismos inflamatrios. De acordo com os resultados

    observados, a salicina na dose de 2 mM reduziu significativamente a formao de radicais livres

    induzida por H2O2 (54).

    O grupo de Nahrsted, alm de avaliar a atividade antiinflamatria das 5 fraes do

    extrato de Salix alba, conforme citado anteriormente, tambm avaliou a capacidade das fraes

    em inibir a formao de radicais livres induzidos por 2,2-azobis(2-amidinoppropano)

    diidrocloreto (AAPH) ou pela reao xantina-xantina oxidase (39). Esta atividade foi mais

    pronunciada nas fraes A e B, ricas em polifenis e flavonoides, o que corrobora com a

    informao de que a ao do extrato no se deve apenas ao princpio ativo salicina, mas ao

    conjunto de compostos presentes na planta, destacando-se os flavonoides e polifenis (39).

    Cinco diferentes extratos comerciais de Salix alba foram avaliados quanto atividade

    antioxidante (10) , sendo eles de duas amostras de extrato hidroalcolico, de uma amostra da

    casca seca utilizada para decoco e de duas amostras de extrato seco comercializadas na forma

    de cpsulas. As amostras foram solubilizadas em metanol na mesma concentrao final (30 mg/

  • 26

    mL, com utilizao de 30 L da soluo) e posteriormente foi analisada a quantidade de salicina

    em cada uma por HPLC. A atividade antioxidante foi verificada pela capacidade de reduo do

    radical livre ABTS+, utilizando HPLC acoplado a malha de diodos (HPLC-PDA). Como

    resultado, foi observado que a concentrao de salicina nos extratos variou consideravelmente,

    entre 1,68% e 25,59%, com maiores concentraes de salicina para as preparaes

    comercializadas na forma de cpsulas. Alm disso, o fingerprint das preparaes demonstrou

    presena de outros compostos como catequina, sirigenina, triangina e cido benzoico. Dentre

    as preparaes, o extrato hidroalcolico e o extrato seco para decoco foram os que

    apresentaram melhor atividade sequestradora de radicais livres, o que se deve principalmente a

    presena de catequina (10).

    Tambm em 2012, o grupo de Jukic publicou um estudo relatando as propriedades dos

    extratos de plantas medicinais utilizadas na Crocia, incluindo a Salix alba, e testou sua

    atividade antioxidante. Neste estudo, a atividade antioxidante foi avaliada por dois diferentes

    mtodos, pelo sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH) e pela reduo do

    complexo de on frrico a on ferroso por antioxidantes. Entre as 16 espcies nativas analisadas,

    o extrato de Salix alba foi o que demonstrou melhor atividade antioxidante de acordo com as

    duas metodologias. Em linha com os estudos j citados, essa atividade tambm foi relacionada

    presena de fenis totais, uma vez que esta espcie apresentou a maior quantidade de fenis

    totais entre as avaliadas (55). Metodologia semelhante foi utilizada pelo grupo de Sulaiman,

    que tambm avaliou o sequestro do radical DPPH pelo extrato de Salix alba, de acordo com os

    resultados desse estudo a capacidade de sequestro do radical livre alcanou 80% na

    concentrao de 100 g/ mL do extrato etanlico da planta. Nesse caso, mais um autor relata a

    correlao entre a alta concentrao de glicosdeos fenlicos e a capacidade de sequestrar

    radicais livres (21).

    Em resumo, pode-se inferir que os extratos de Salix alba possuem considervel

    capacidade antioxidante relatada por diversos autores, utilizando diferentes mtodos, e que esta

    capacidade pode tambm influenciar na atividade anti-inflamatria relatada pela espcie

    vegetal, pois consiste em um importante sinalizador dos mecanismos intracelulares

    responsveis pela resposta inflamatria. Ademais, essa atividade no parece estar relacionada

    apenas concentrao de salicina presente em cada extrato, mas tambm a presena de outros

    compostos, entre os quais se destacam os fenis.

  • 27

    O mesmo trabalho de Sulaiman e colaboradores (21), descrito anteriormente por avaliar

    a atividade antioxidante, avaliou as atividades antimicrobiana e antiproliferativa do extrato de

    S. alba. A atividade antimicrobina foi avaliada frente a cepas bactrias e de um fungo, foram

    elas: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella

    pneumoniae e Candida albicans (fungo). A avaliao foi realizada utilizando placa de gar, e

    as concentraes do extrato etanlico de S. alba utilizadas foram de 10, 20, 40, 60 e 80 mg/ mL

    e a zona de inibio foi avaliada aps incubao overnight das placas. Os resultados mostraram

    maior halo de inibio para Candida albicans tratada com extrato de S. alba na concentrao

    de 80 mg/ mL. Alm disso, todas as concentraes testadas apresentaram halo de inibio

    significativo para S. aureus, P. aeruginosa e C. albicans. O crescimento de E. coli e K.

    pneumoniae no foi afetado por nenhuma das concentraes testadas. J a atividade

    antiproliferativa foi avaliada pela viabilidade celular de uma linhagem de clulas humanas

    derivada de leucemia promielide, HL-60. As clulas (densidade de 1,5 x 105 clulas) foram

    incubadas com concentraes entre 1 e 10 g/ mL e a viabilidade foi avaliada por azul de

    Trypan aps 12 e 24 horas de incubao. A viabilidade foi diminuda de maneira dose

    dependente, a morte das clulas tumorais tratadas com extrato etanlico de S. alba chegou a

    84% ao se utilizar a concentrao de 10 g/ mL aps 24 horas. No entanto, a viabilidade celular

    nesse estudo no foi avaliada em outas linhagens de clulas no tumorais, ficando evidenciado

    apenas o potencial antiproliferativo contra HL-60, porm sem se evidenciar o potencial txico

    para clulas no-tumorais (21).

    O artigo publicado pelo grupo de Raiciu (2010) tambm avaliou a atividade

    antimicrobiana do extrato aquoso de Salix alba e outras espcies vegetais contra quatro

    diferentes bactrias (Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e

    Bacillus subtilis) e dois fungos (Aspergillus niger e Candida albicans). Aps 24 a 48 horas da

    incubao dos micro-organismos com uma concentrao correspondente a 0,5 da escala de

    MacFarland com diluies de 1:10, 1:100 e 1:1000 do extrato vegetal nos gares adequados

    para o crescimento de cada micro-organismo, os halos de inibio foram analisados e no houve

    nenhuma induo da inibio de crescimento das bactrias e dos fungos, diferentemente do

    observado por Sulaiman et al. (2010). Destaca-se, porm, a diferena no tipo de extrato

    utilizado, o que pode resultar na presena de diferentes compostos. No caso do estudo de Raiciu

    e colaboradores (20), foi descrita a presena de salicosdeos, cido cumrico, cido ferrlico,

    quempeferol e taninos no extrato de Salix alba.

  • 28

    A atividade do extrato seco de Salix alba solubilizado em NaCl 0,9% tambm foi

    avaliada frente cepa de E. coli pelo grupo de Souza (2009), porm com outra abordagem.

    Nesse estudo, o extrato vegetal foi testado com o objetivo de avaliar a reduo dos efeitos

    genotxicos e citotxicos induzidos pelo cloreto estanhoso (SnCl2), uma vez que este utilizado

    como agente redutor a fim de se obter o radioistopo tecncio-99, utilizado em radioterapia.

    Em humanos, esses efeitos incluem irritao da mucosa e da pele e em animais foi relatado

    estmulo ou depresso do sistema nervoso central, o objeto de estudo foram bactrias, pois o

    SnCl2 parece ser capaz de causar danos ao DNA, sendo considerado um potencial agente

    genotxico, o que pode ser atribudo ao aumento na produo de radicais livres. Os resultados

    compararam grupos que receberam apenas SnCl2 (25 g/ mol) e grupos que receberam SnCl2 e

    extrato de Salix alba (25g/ mol e 11,6 mg/ mL, respectivamente) aps incubao overnight.

    Observou-se que o presena do extrato vegetal no foi capaz de impedir a morte das bactrias

    induzida pelo SnCl2, por outro lado tambm no interferiu na curva de crescimento da E. coli

    por si s. O estudo, por sua vez apresentou resultado de apenas uma concentrao do extrato e

    no avaliou o resultado em clulas humanas, o que levaria a um resultado que melhor permitiria

    inferir sobre a proteo contra os danos relacionados radioterapia (33).

    Outra atividade avaliada por dois diferentes artigos para o extrato de Salix alba foi a

    atividade anticolinestersica (31, 55). Ambos levaram em considerao as plantas locais, porm

    em pases distintos, Crocia e Ir. A busca por compostos que inibam a atividade da

    acetilcolinesterase justifica-se pela relao que parece haver entre um dos mecanismos

    patofisiolgicos da doena de Alzheimer e a diminuio dos nveis de acetilcolina em algumas

    reas do crebro. A acetilcolinesterase (AChE) a enzima responsvel pela hidrlise

    metablica da acetilcolina nas sinapses colinrginas, desta forma, a inibio da atividade da

    AChE pode levar a um aumento na intensidade e na durao das sinapses colinrgicas,

    possibilitando uma estratgia no combate Doena de Alzheimer. Os resultados observados

    em ambos os estudos esto descritos nos pargrafos seguintes. (31, 55).

    A fim de avaliar o potencial do extrato de plantas medicinais comumente utilizadas na

    Crocia com potencial para o tratamento da doena de Alzheimer, foi avaliada no apenas a

    atividade antioxidante do extrato de S. alba, mas tambm sua capacidade em inibir a atividade

    da AChE (55). Os resultados mostraram que, entre as espcies analisadas, apenas o extrato

    metanlico de Salix alba apresentou atividade considervel na inibio da AChE, a qual

  • 29

    alcanou 50,8% de inibio na concentrao de 1 mg/ mL do extrato. Para os outros extratos de

    plantas analisados, a inibio foi inferior a 20% (55).

    Da mesma forma, em busca de uma estratgia proveniente de planta medicinal que

    poderia ser utilizada no combate Doena de Alzheimer, um estudo avaliou a capacidade de

    inibio da AChE dos extratos metanlicos de dezoito plantas utilizadas no Ir (31) .

    Nos dois estudos citados acima (31, 55) foi utilizado o mtodo de Ellman e os resultados

    obtidos foram semelhantes. No estudo mais recente (31), a concentrao do extrato de Salix

    alba, necessria para inibir 50% das enzimas (IC50), foi de aproximadamente 990 g/ mL, o

    que os autores consideram como uma concentrao alta. Nesse caso, outras plantas medicinais

    que apresentaram resultados mais satisfatrios como Camellia sinensis (IC50 5,96 g/ mL),

    Citrus aurantifolia (IC50 19,57 g/ mL), Zizyphus vulgaris (IC50 24,37 g/ mL), Brassica nigra

    (IC50 84,30 g/ mL) e Rosa damascena (IC50 93,10 g/ mL), no foram analisadas no estudo

    de Jukic e colaboradores (2012) (31, 55).

    Apesar de no estar relacionado entre os usos populares da planta, o grupo de Nizard

    publicou, em 2004 (56), um trabalho descrevendo influncia do extrato de Salix alba na

    produo de colgeno e modulao de fibroblastos derivados de clulas drmicas cultivadas a

    partir da doao de pacientes jovens e idosos que passaram por cirurgia plstica. As clulas

    foram cultivadas e foi avaliada a expresso da heat shock protein (HSP-47), protena que

    interage com o pr-colgeno de clulas. Com o avano da idade, a expresso dessa protena

    diminui, o que caracterizado pela compactao do colgeno e aspecto envelhecido da pele.

    Para o ensaio, as clulas foram incubadas com 2% do extrato de Salix alba, por 6 horas. De

    acordo com os resultados, o tratamento como extrato vegetal aumentou significativamente a

    expresso da HSP-47 em clulas de doadoras idosas (70 anos), porm no alterou a expresso

    em clulas provenientes de jovens (20 anos) sugerindo que o extrato pode atuar na proteo

    contra a degradao da HSP-47 e de outras protenas, provavelmente influenciada pela

    capacidade de sequestrar radicais livres e melhorar a influncia do envelhecimento no aspecto

    da pele, sendo assim, um produto de interesse a ser explorado no campo dermatolgico (56).

    O estudo de Pinto e colaboradores (40), j citado anteriormente por avaliar a atividade

    antigenotxica, destaca-se por utilizar o extrato obtido a partir do plen de abelha de Salix alba,

    e no o extrato proveniente da casca de salgueiro, como a maioria dos outros. O trabalho aparece

    tambm nesta seo por avaliar a atividade antiestrognica do extrato do plen utilizando a cepa

    RMY326 do fungo Saccharomyces cerevisae, que contm receptor para estrgeno humano. Os

  • 30

    dois extratos avaliados (extrato etanlico a 70% - extrato 1; extrato etanlico a 96% - extrato

    2) no mostraram aumento significativo na atividade estrognica.Por outro lado, a inibio da

    atividade da -galactosidase se deu de maneira dose-dependente para os dois extratos com

    inibio mais pronunciada para a concentrao de 660 g/ mL do extrato 2. A atividade

    antiestrognica do plen da espcie vegetal foi descrita pelos autores como caracterstica da

    grande concentrao de flavonoides na planta. O fato de no apresentar atividade estrognica

    (atua como um efetivo inibidor de estrgeno) permite que o plen obtido a partir de Salix alba

    seja de ingesto segura, uma vez que no seria um promotor para o cncer de mama, alm de

    possibilitar seu emprego na quimiopreveno para cnceres dependente de estrgeno (de mama,

    por exemplo) em casos de risco aumentado pela ingesto de compostos com atividade

    estrognica agonista (40).

  • 31

    Tabela 2 Resumo das atividades descritas em estudos farmacolgicos in vitro envolvendo a espcie vegetal Salix alba encontrados na literatura

    pesquisada.

    Ref. Atividade Extrato Concentrao Metodologia Material Quantidade

    Parmetr

    os

    observado

    s

    Resultado Observado

    Atividade anti-inflamatria

    34 Atividade

    anti-

    inflamatria

    Extrato

    aquoso

    10 - 500 g/ mL

    A atividade antiiflamatria

    in vitro do extrato etanlico

    de Salix 1520L foi avaliado

    como descrito anteriormente

    pelos autores e utilizado para

    incubao dos moncitos e

    avaliao dos pamentros

    inflamatrios.

    Moncitos

    humanos

    primrios

    N.D.

    Atividade

    da COX1,

    COX-2,

    IL-1 e IL-6

    Os resultados demosntraram que

    a atividade anti-inflamatria do

    extrato est relacionada a

    inibio PGE2. A atividade das

    enzimas COX no foram

    significativamente alteradas,

    entretanto houve induo das

    IL-1 e IL-6.

    39 Atividade

    anti-

    inflamatria

    Fraes do

    extrato

    aquoso

    STW 33-I

    A estimativa

    do EC50 para

    o extrato de

    acordo com os

    testes para o

    extrato foi de

    100 g/ mL

    para COX-1,

    800 g/ mL

    para COX-2,

    30 g/ mL

    para 5-LOX e

    60 g/ mL

    para HLE.

    O efeito inibitrio do extrato

    e das diferentes fraes foi

    observado nas

    cicloxigenases COX-1 e

    COX-2 e na lipoxigenase 5-

    LOX. A expresso de genes

    mediadores de inflamao

    foi avaliada pela de apoptose

    de moncitos estimulados

    por LPS.

    N.D. N.D.

    Inibio de

    COX-1,

    COX-2 e

    5-LOX

    A maior inibio da COX foi

    observada para a frao A

    9COX-1) e frao B (COX-2 e

    5-LOX). A apoptose foi inibida

    significativamente pelo extrato e

    pela frao E, de modo similar

    ao diclofenaco (dado no

    apresentado em grfico, no

    descreve a concentrao).

  • 32

    51 Atividade

    anti-

    inflamatria

    Extrato

    comercial

    de Salix

    0,1 a 10 g/ mL

    Alm do extrato foram

    obtidas 5 fraes do mesmo

    com diferentes polaridades:

    FrA (0.5%), B(13%),

    C(34.1%), D(37.5%),

    utilizando, respectivamente,

    tolueno, acetato de etila,

    butanol, etanol e a ltima

    frao utilizando gua: Fr E

    (14.9%)

    Clulas

    mononucleares

    obtidas do

    sangue

    perifrico de

    voluntrios

    humanos

    N.D.

    Expresso

    de TNF, produo

    de nitrito,

    apoptose,

    localizao

    intracelula

    r do NF-

    B

    O extrato de STW33-I possui

    ao anti-inflamatria tanto

    sobre os moncitos no ativados

    como sobre macrfagos

    induzidos. A atividade foi

    significativa para os ensaios

    testados apenas na maior

    concentrao 10 g/ mL tanto para o extrato como para suas

    fraes.

    52 Atividade

    anti-

    inflamatria

    O

    glicosdeo

    fenlico

    salicortina

    foi isolado

    a partir do

    extrato da

    casca de

    salgueiro.

    No foi

    descrita a

    forma de

    obteno

    do extrato.

    10, 25, 50 e 75

    M

    As clulas foram tratadas

    com salicortina e 30 minutos

    aps foram adicionados

    10de TNF- a fim de ativar

    a expresso do ICAM-1. Em

    seguida as clulas foram

    incubadas com FITC

    marcado com aticorpo anti-

    ICAM-1, aps 20 minutos a

    intensidade da fluorescncia

    foi medida por citometria de

    fluxo.

    Clulas

    endoteliais

    microvasculares

    humanas

    (HMEC-1)

    At confluncia

    Degrada

    o da

    salicortina

    e inibio

    da ICAM-

    1

    A salicortina diminuiu a

    expresso de ICAM-1 de

    maneira dose-dependente.

    38 Atividade

    anti-

    inflamatria

    Extrato

    lquido 10 g/ mL

    Condrcitos cultivados em

    meio com ausncia de soro

    (passagem 2, cultivadas em

    3% soro fetal de bezerro)

    foram tratadas com os

    extratos (10 g/ mL)

    sozinhas por 24 h (pr-

    tratamneto) e em seguida

    com uma combinao de

    extratos botnicos (10 g/

    mL) e IL-1 (10 ng/ mL)

    Condrcitos de

    ces foram

    isolados das

    articulaes de

    cachorros

    submetidos a

    cirurgias

    ortopdicas na

    clnica de

    cirurgia

    veterinria da

    Universidade

    0,1 106 cells/

    mL

    Ensaio de

    MTT,

    imunofluo-

    rescncia e

    western-

    blotting e

    microscopi

    a

    eletrnica

    O extrato se mostrou

    condroprotetor evitando

    mecanismos inflamatrios. Sob

    condies experimentais houve

    inibio do IL-1, alm de

    antagonizar a regulao positiva

    do MMP-9, MMP-13 e COX-

    2.A IL-1, induziu a ativao

    do NF-B e a degradao do

    IB foi inibida pelo extrato, as

    clulas tratadas com o extrato

    botnico se rediferenciaram em

  • 33

    pelas 48h seguintes em

    cultura.

    Ludwig-

    Maximilian-

    University, em

    Munique,

    Alemanha.

    condrcitos e produziram uma

    matriz cartilaginosa.

    24 Atividade

    anti-

    inflamatria

    Extrato

    aquoso 0-50 M

    As clulas foram tratadas

    inicialmente com os fenis

    isolados de apigenina,

    quercetina e cido saliclico

    a fim de estabelecer a

    concentrao dose-resposta.

    Aps a obteno desses

    dados as clulas foram

    tratadas com as mesmas

    concentraes dos extratos

    contendo os polifenis.

    Clulas THP1 e

    linfcitos B

    humanos

    4 x 104/ mL para

    as clulas

    THP1, os

    linfcitos foram

    utilizados

    apenas para o

    ensaio do

    cometa

    Viabilida-

    de celular

    (MTT),

    determina

    o de IL-

    1, IL-6 e

    TNF- e

    genotoxi-

    cidade

    (ensaio do

    cometa)

    Os extratos testados

    apresentaram no apenas

    atividade anti-inflamatria ao

    diminuir a expresso das

    citocinas avaliadas, mas tambm

    mostraram-se no-citotxicos e

    apresentaram atividade

    antioxidante. Dentre os extratos

    testados (camomila, ulmeira e

    salgueiro branco) o de salgueiro

    branco apresentou mais potente

    atividade anti-inflamatria,

    diminuindo em maior proporo

    a atividade da IL-6 e do TNF-.

    37

    Atividade

    anti-

    inflamatria

    Extrato

    reconsti-

    tudo de S.

    alba

    2,3; 6,7; 20,0;

    60,0; 180,0

    g/ mL

    Antes dos experimentos os

    extratos aquosos foram

    dissolvidos em gua na

    concentrao de 25 mg/ mL

    e os extratos etanlicos

    dissolvidos em DMSO na

    concentrao de 50 mg/ mL.

    Todas as solues foram

    esterilizadas utilizando

    filtros de 0,22 m. Pequenas alquotas foram estocadas no

    escuro a -20C para posterior

    realizao dos experimentos.

    Neutrfilos

    obtidos de

    ovelhas

    2 x 106/ mL

    Ensaio de

    viabilidade

    , ensaio de

    adeso e

    produo

    de

    superxido

    Os extratos hidroetanlicos de

    Salix alba reduziram a atividade

    dos neutrfilos de maneira dose-

    dependente, com uma reduo

    maior que 60% na maior dose.

    O extrato de S. alba no penas

    diminuiu a adeso dos

    neutrfilos como tambm

    diminuiu a produo de

    superxido. O extrato possui

    alta atividade anti-inflamatria

    sobre os neutrfilos de ovelhas.

  • 34

    Atividade antioxidante

    54 Atividade

    antioxidante

    Foi

    utilizada

    salicina

    isolada

    obtida

    comercial

    mente

    (Sigma-

    Aldrich)

    1 ou 2mM de

    salicina

    Clulas venosas endoteliais

    originadas do cordo

    umbilical humano (ECV304)

    foram cultivadas em meio

    adequado e posteriomente

    utilizadas para o ensaio de

    migrao, de crescimento

    em tubo e de estresse

    oxidativo.

    Clulas venosas

    endoteliais

    originadas do

    cordo

    umbilical

    humano

    (ECV304)

    At confluncia

    Migrao

    celular,

    cresciment

    o em tubo

    e de

    estresse

    oxidativo

    e western-

    blotting

    para os

    seguintes

    anticorpos:

    anti-

    pERK,

    anti-ERK,

    anti-

    pAKT,

    anti-AKT

    e anti--

    tubulina.

    A presena de salicina diminuiu