monografia célia pedagogia 2010

86
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I. CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAÚJO CEDRAZ DOS SANTOS

Upload: biblioteca-campus-vii

Post on 18-Nov-2014

3.392 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Pedagogia 2010

TRANSCRIPT

Page 1: Monografia Célia Pedagogia 2010

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS

PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM

DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I.

CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAÚJO CEDRAZ DOS SANTOS

SENHOR DO BONFIM - BA2010

Page 2: Monografia Célia Pedagogia 2010

2

CELIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS

AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS

PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM

DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I.

Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos.

Orientadora: Profª. Esp. Sandra Fabiana Almeida Franco

.

SENHOR DO BONFIM - BA2010

Page 3: Monografia Célia Pedagogia 2010

3

CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS

AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA

ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I.

Aprovada em 08/09/2010

BANCA EXAMINADORA

Ricardo José Amorim Beatriz Barros

Prof. (a) Avaliador (a) Prof. (a) Avaliador (a)

Sandra Fabiana Almeida Franco

Prof. (a) Orientador (a)

Page 4: Monografia Célia Pedagogia 2010

4

Dedico este trabalho aos meus filhos, Gabriel e

Elize, duas bênçãos enviadas por Deus.

Ao meu eterno e amado esposo Fabiano que

sempre esteve ao meu lado, otimizando meus

momentos turbulentos. Para sempre te amo,

meu amor.

Page 5: Monografia Célia Pedagogia 2010

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me deu a sabedoria, serenidade e persistência, pois jamais

duvidei de sua presença ao meu lado e também no desempenho de minha

profissão.

A meu pai que construiu uma história de amor e a meus irmãos que são a

minha fortaleza.

Palavras de agradecimentos não poderão faltar para alguém muito especial,

que mesmo não estando presente em minha vida, jamais deixarei de falar: a você

minha mãe, que partiu muito cedo para o lar Celestial, sem poder contemplar mais

essa conquista, que seria um orgulho seu... Mas que está presente para sempre em

mim. Ao receber meu diploma mãe, sentirei sua presença, teu abraço carinhoso

cheio de orgulho e tuas mãos suaves tocarem meu rosto e os meus cabelos. Em

silêncio te abraçarei e deixarei a emoção fluir, com muitas saudades tuas. A tua

memória sempre reinará em mim e tudo o que me ensinou será sempre base do que

sou hoje. (Lágrimas de saudades correm em meu rosto.)

A professora Sandra Fabiana Almeida, pela satisfação que me concedeu ao

aceitar orientar e concretizar este trabalho ao qual se reflete suas reconhecidas

qualidades, enquanto docente.

Do mesmo modo, são devidos agradecimentos aos mestres-professores que

contribuíram ao longo do curso para o enriquecimento dos meus conhecimentos.

Quero também manifestar um sentimento de agradecimento aos meus

amigos de turma, a Jaedson e as incansáveis e solidárias amigas: Francieli, Mayara,

Virgínia e em especial a Maísa, pelo companheirismo constante em minha jornada.

Page 6: Monografia Célia Pedagogia 2010

6

“A principal meta da educação é criar homens que sejam

capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir

o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam

criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da

educação é formar mentes que estejam em condições de

criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.”

Jean Piaget

Page 7: Monografia Célia Pedagogia 2010

7

RESUMO

O presente estudo monográfico objetivou identificar as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm da avaliação escolar no Ensino Fundamental I. Dentro deste contexto buscamos alguns teóricos como: Brandão (2001), Klein (1995), Valente (2001), Luckesi (1998), Hoffaman (1998) Piaget (1978), Nérici (1977), Forquin (1993), Ferreira (2001), Vygotsky (1994), Chauí, (1997), Wallon (1995), Trivinos (1987), Sacristán (2000), dentre outros, para subsidiar nossa pesquisa. Utilizamos a pesquisa de cunho qualitativo e como instrumentos de coleta de dados, a observação participante e a entrevista semi-estruturada, pois nos forneceram elementos relevantes para alcançarmos um melhor resultado no espaço e dos sujeitos pesquisados. No tocante aos resultados obtidos pudemos compreender que os professores apresentam um conceito bem formulado sobre avaliação, demonstrando que avaliam em todos os aspectos levando em consideração todas as atividades feitas em sala de aula em conjunto, no entanto o uso da classificação para medir o aluno também flui no mesmo espaço. Alguns pais, porém, demonstraram ter um conceito de avaliação tradicional, o que contribui para percebermos a falta de acompanhamento dos filhos e desinteresse por informações sobre as formas avaliativas usadas na escola. Os alunos por sua vez cumprem as regras avaliativas estabelecidas, realizando as atividades impostas pelos professores.

Palavras- chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor.

Page 8: Monografia Célia Pedagogia 2010

8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual quanto à formação docente.................................................39

Gráfico 2 – Percentual quanto à formação profissional dos pais.............................39

Gráfico 3 – Alunos concluindo o 5º ano do Ensino Fundamental I...........................40

Gráfico 4 – Quanto ao gênero dos professores pesquisados...................................41

Gráfico 5 – Quanto ao gênero dos alunos pesquisados ..........................................41

Gráfico 6 – Quanto ao gênero dos pais pesquisados...............................................42

Gráfico 7 – Faixa etária dos professores...................................................................42

Gráfico 8 – Faixa etária dos pais entrevistados........................................................43

Gráfico 9 – Faixa etária dos alunos entrevistados....................................................43

Page 9: Monografia Célia Pedagogia 2010

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11

CAPÍTULO I...............................................................................................................12

1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO................................................................................12

1.1.1. Idade Antiga ....................................................................................12

1.1.2. Idade Média.....................................................................................13

1.1.3. Renascimento..................................................................................13

1.1.4. Contemporaneidade........................................................................14

1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO........................................................................14

1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO....................18

CAPÍTULO II..............................................................................................................21

2.1.COMPREENSÃO............................................................................................21

2.2. AVALIAÇÃO...................................................................................................22

2.3. ALUNO...........................................................................................................25

2.4. PROFESSOR.................................................................................................29

CAPÍTULO III.............................................................................................................32

3.1. TIPO DA PESQUISA.....................................................................................32

3.2. SUJEITOS DA PESQUISA ..........................................................................33

3.3. LÓCUS DA PESQUISA.................................................................................33

3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................34

3.4.1. Observação Participante.................................................................35

3.4.2. Entrevista Semi-estruturada............................................................36

CAPÍTULO IV............................................................................................................38

4.1. PERFIL DOS SUJEITOS...............................................................................38

Page 10: Monografia Célia Pedagogia 2010

10

4.1.1. Formação........................................................................................38

4.1.2. Gênero............................................................................................40

4.1.3. Idade...............................................................................................42

4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................................................44

4.2.1. Compreensão de avaliação............................................................44

4.2.2. Formas Avaliativas.........................................................................47

4.2.3. Nota x Aprendizagem.....................................................................49

CONFIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................52

REFERÊNCIAS..........................................................................................................54

APÊNDICES...............................................................................................................57

Page 11: Monografia Célia Pedagogia 2010

11

INTRODUÇÃO

Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em

"Avaliação Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém

analisada com muita dedicação e sensatez na qual alunos, mestres e responsáveis

possam ler, avaliar, criticar, adquirir conteúdo, refletir e talvez ter um parâmetro

sobre o assunto contido neste trabalho.

O tema "Avaliação Escolar" foi escolhido por nós, devido ao assunto que é

polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos

problemas no desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu

público adequadamente, quer dizer, se relacionar com eles conforme os novos

conceitos das relações sociais e como entender as múltiplas dimensões do exercício

da cidadania e até que ponto a avaliação escolar pode afetar a vida escolar e social

dos educandos. No entanto, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem

do sistema de avaliação do ensino e a aprendizagem, para que as instituições

escolares públicas e privadas percebam que não podem medir e nem devem punir,

classificar simplesmente a aprendizagem retratada pelos educandos.

Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do

sistema de avaliação desde a Antiguidade até o presente momento. Em seguida,

explanamos sobre alguns tipos de avaliação, analisando e discutindo depoimentos

de alguns educadores, pais e alunos.

A partir desta pesquisa chegamos a algumas considerações de forma

respeitosa e convicta que este trabalho pode contribuir muito para os que de alguma

forma participam do processo educativo.

Page 12: Monografia Célia Pedagogia 2010

12

CAPÍTULO I

PROBLEMATIZAÇÃO

1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO

No espaço educacional alguns elementos sempre circundam o processo de

ensino-aprendizagem, entre eles a avaliação que dentro da sociedade se difundiu

como um processo contínuo. Todavia, quais são as compreensões que os

protagonistas, que atuam diretamente na educação, têm da avaliação? Buscando

respostas no contexto histórico encontramos através do tempo tendências e

desenvolvimento do processo avaliativo em diferentes fases, tais como: Idade

Antiga, Idade Média, Renascimento e na Contemporaneidade.

1.1.1. Idade Antiga

Na história antiga, encontram-se diversas formas de avaliação. Há situações

em algumas tribos primitivas onde adolescentes eram submetidos a provas

relacionadas com seus costumes e só depois de mostrarem um bom desempenho

nessas provas eram considerados adultos. (BRANDÃO, 2001).

Em Esparta, na Grécia, os jovens eram submetidos a duras provas, através

de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande

resistência física e psicológica. Em Atenas, encontrava-se Sócrates, que submetia

seus alunos a um exaustivo e preciso inquérito oral, a expressão "O conhece-te a ti

mesmo" no qual o sábio se empenhou toda a sua vida. Segundo Brandão (2001),

Sócrates apontava a auto-avaliação como um pressuposto básico para o encontro

com a verdade. Seu método pedagógico também pôs em evidência o processo da

conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.

Page 13: Monografia Célia Pedagogia 2010

13

1.1.2. Idade Média

Porém, a Idade Média com os períodos apostólicos, patrístico e monástico

apresentou um grande interesse pelo conhecimento de realidades mediatas, ou por

um conjunto de verdades ao qual os homens chegaram não com o auxilio de

inteligência, mas mediante a aceitação da fé. Predominaram, portanto, o método

racional e o argumento de autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não

suscetíveis de comprovação experimental, e o segundo consistindo em admitir uma

verdade ou doutrina, baseada apenas no valor intelectual ou moral daquele que a

propõe ou professa, submetendo-se desta forma a um processo avaliativo. Aceitava-

se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto. Repetir,

portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do

saber. A atenção e a memória eram os elementos mais valorizados nas escolas

desta época. (KLEIN, 1995).

As instituições escolares de maior influência neste período e que constituíram

as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram às

universidades. Nestas instituições, os estudos destinavam-se principalmente, a

formação de professores compreendendo o bacharelado, a licenciatura e o

doutorado. Os que venciam o bacharelado deveriam prestar exames a fim de

conseguir licença para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de

trechos selecionados por grandes mestres.

1.1.3. Renascimento

Para (KLEIN, 1995) no período do Renascimento manifestava o movimento do

Humanismo em duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a

corrente do humanismo cristão e corrente do humanismo pagão. Enquanto, a

corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para a avaliação através

de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais dos

alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas

necessidades, interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a

individualidade humana, considerada como um fim em si mesma; a super

valorização do eu individual sem quaisquer vínculos com valores transcendentais.

Este humanismo viria mais tarde imprimir no pensamento moderno seu caráter

Page 14: Monografia Célia Pedagogia 2010

14

predominantemente naturalista. Contudo, avaliar poderá significar o ato de examinar

o grau de adequação entre um conjunto de informações e um conjunto de critérios

apropriados ao objetivo fixado, para uma tomada de decisão.

1.1.4. Contemporaneidade

Nos tempos atuais, surge a necessidade de se construir um sistema

educativo inteiramente novo no qual a educação da criança passa ao domínio

exclusivo e absorvente do Estado. Há forte reação contra o ensino humanista

tradicional, dando relevo predominante nos planos educativos às ciências naturais,

às línguas modernas e aos trabalhos manuais. No início do século XX,

predominaram as tendências pedagógicas que colocaram em primeiro plano o

problema técnico da educação. Atualmente, a tecnologia educacional se firma como

uma maneira nova de pensar a educação e de fazer frente aos problemas

educacionais, afirma Valente (2001, p. 16).

1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO

Quanto às diversas formas de se avaliar, existe um consenso entre a maioria

dos autores que se relacionam com o mesmo assunto de avaliação e que buscam

um ideal concreto e enriquecedor em torno de algumas categorias relativas aos

principais tipos de avaliação. Porém é uma questão também muito discutida, entre

alguns autores que possuem visões diferenciadas das opiniões existentes, pois

poderá vir muitas vezes a ser usada de forma injusta e incorreta pelos

educadores.Em certos casos, isto poderá provocar grandes danos na vida do

educando, o que o deixaria com alguma seqüela emocional, provocando-lhe uma

barreira instintiva sempre que se sentir avaliado, decorrente do que lhe foi

proporcionado anteriormente durante um processo avaliativo aplicado por um

educador. Neste sentido, como os autores nos dão algumas bases nestas diversas

formas de avaliação, torna-se possível uma classificação. Segundo Rabelo (2003),

ele expressa através de um quadro, identificações referentes à avaliação no

processo formativo:

Page 15: Monografia Célia Pedagogia 2010

15

AVALIAÇÃO: QUANTO À FORMAÇÃO

PERÍODOS TIPOS OBJETIVOS INTERESSES BUSCAS

INÍCIO DIAGNÓSTICAORIENTAREXPLORAR

IDENTIFICARADAPTARPREDIZER

ALUNO ENQUANTO PRODUTOR

A AVALIAÇÃO BUSCA CONHECER, PRINCIPALMENTE AS APTIDÕES, OS INTERESSES E AS CAPACIDADES E COMPETENCIAS ENQUANTO PRÉ-REQUISITOS PARA

FUTUROS TRABALHOS.

DURANTE FORMATIVA

REGULARSITUAR

COMPREENDERHARMONIZAR

TRANQUILIZARAPOIAR

REFORÇARCORRIGIRFACILITARDIALOGAR

ALUNO ENQUANTO ATIVIDADE,

PROCESSOS DE PRODUÇÃO

A AVALIAÇÃO BUSCA INFORMAÇÕES SOBRE ESTRATÉGIAS DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E DAS

DIFICULDADES SURGIDAS

DEPOIS SOMATIVA

VERIFICARCLASSIFICAR

SITUARINFORMAR

CERTIFICARPÔR À PROVA

ALUNO ENQUANTO

PRODUTO FINAL

A AVALIAÇÃO BUSCA OBSERVAR COMPORTAMENTOS GLOBAIS, SOCIALMENTE SIGNIFICATIVOS,

DETERMINAR CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS E SE POSSÍVEL, DAR UM CERTIFICADO

Uma avaliação inicial ou diagnóstica faz um prognóstico sobre as

capacidades de um determinado aluno, como por exemplo, em relação a um novo

conteúdo a ser abordado. Sendo assim, pode-se identificar algumas características

em um aluno, podendo escolher algumas seqüências de trabalhos bem mais

adaptadas a tais características. Com isso o professor pode identificar um perfil dos

sujeitos, antes mesmo de iniciar qualquer trabalho de ensino. Segundo Rabelo

(2003):

O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verificar pré-requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar dificuldades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. (p. 72).

A avaliação diagnóstica pressupõe que os dados coletados por meio de

instrumentos sejam lidos com rigor científico tendo por objetivo não a aprovação ou

reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de

crescimento. Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-

la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. Esta forma de

entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um instrumento auxiliar de

aprendizagem e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos.

Page 16: Monografia Célia Pedagogia 2010

16

Observando ainda o quadro “avaliação quanto à formação”, nota-se que a

avaliação formativa demonstra ter a finalidade de proporcionar informações acerca

do desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, com o fim de que o

professor possa ajustá-lo às características dos alunos a que se dirige. Este tipo de

avaliação, não tem uma finalidade probatória. Entre suas principais funções estão,

as de orientar, corrigir, reforçar, etc.

A avaliação formativa é incorporada no ato do ensino integrando-se na ação de formação. Contribui para melhorar a aprendizagem, pois informa ao professor sobre o desenvolver da aprendizagem e ao aluno sobre os sucessos e fracassos, o seu próprio caminhar. (RABELO, 2003.p.75)

Sendo assim, ela assume uma função reguladora, quando vem permitir tanto

aos alunos como aos professores ajustarem estratégias e dispositivos, podendo

reforçar competências que esteja de acordo com alguns objetivos previamente

estabelecidos permitindo aos próprios alunos analisar situações, reconhecer e

corrigir seus eventuais erros nas tarefas.

Diferentemente da avaliação somatória, que traz um balanço aditivo de uma ou

várias seqüências de trabalhos, às vezes ela nos mostra uma realidade ativa em

nossas escolas quando deixa concretizar como um processo cumulativo, pondo em

prática o objetivo social de por a prova, de verificar, portanto, além de informar, ela

situa e classifica. Tendo como principal função entregar um certificado, concluindo

assim sua trajetória.

Uma avaliação somativa naturalmente é uma avaliação pontual, já que, habitualmente, acontece no final de uma unidade de ensino, sempre tratando de determinar o grau de domínio de alguns objetivos previamente estabelecidos. (RABELO, 2003.p.76)

Esta avaliação não auxilia em nada o avanço e o crescimento, constituindo-se

num instrumento estático e frenador do processo de crescimento e subtrai da prática

da avaliação aquilo que lhe é constitutivo.

Como todos sabemos, apesar dos esforços feitos, muitas destas atitudes,

permanecem na rotina das escolas, embora, por vezes, com certa aparência de

modernidade. Quando se fala de avaliação, bem como “avaliação final”, na verdade

Page 17: Monografia Célia Pedagogia 2010

17

se está apenas a pensar em dar uma classificação. Certos de que classificar faz

parte do processo avaliativo somatório, não deveria ser usado como um sinônimo,

para “disfarçar” o que suspeita-se de que está errado. E para reforçar, Cortesão

(1990) diz que:

Tradicionalmente o professor encarava a avaliação exclusivamente como um processo de classificar os alunos no final de um período de tempo mais ou menos longo. Conseqüentemente a avaliação resumia-se às atividades que permitiam ao professor rotular o aluno e qualificar o resultado a que o aluno chegou. (p.32)

A utilização, na prática pedagógica, da avaliação classificatória, desconsidera

o educando como sujeito humano histórico, julgando-o e classificando-o, ficando

para o resto da vida, do ponto de vista do modelo escolar vigente, estigmatizado,

pois as anotações e registros permanecerão, em definitivo, nos arquivo e nos

históricos escolares, que se transformarão em documentos legalmente definidos.

Atualmente, os objetivos da avaliação deveriam visar tanto o processo de

aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma

diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente,

que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas

realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. Sendo assim, a avaliação

realizada obtém sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e

pontual referência das provas.

Avaliar tornar-se-ia, um processo dinâmico, contínuo e sistemático que

acompanharia o desenrolar do ato educativo de modo a permitir o seu constante

aperfeiçoamento. É muito importante que as atividades avaliativas forneçam dados

que permitam ao professor interrogar-se sobre a forma como atua, sobre as técnicas

que utiliza, de modo que ele possa adaptar o seu ensino às características e as

necessidades de seus alunos.

Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados à

necessidade de dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa/avaliativa

da instituição. Esses instrumentos de avaliação devem ser utilizados pelo educador

que se preocupa em orientar indivíduos críticos, sendo capazes de analisarem as

Page 18: Monografia Célia Pedagogia 2010

18

suas próprias aptidões, atitudes, comportamentos, pontos favoráveis e

desfavoráveis e êxitos na dimensão dos propósitos.

1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO

A avaliação serve como medida para o trabalho do professor e do aluno. Para

o docente, ela pode demonstrar as falhas e qualidades em fornecer subsídios no

processo de ensino-aprendizagem do aluno. Serve ainda para que ele repense a

sua prática educativa.

O professor que entende a educação como prática social transformadora e democrática trabalha com seus alunos na direção da ampliação do conhecimento, vinculado os conteúdos de ensino à realidade, escolhendo procedimentos que assegurem a aprendizagem efetiva. (RAIZES E ASAS s/d p.2)

O sistema cobra a nota do professor e esse busca no aluno a medida do seu

trabalho, assim, depois da aplicação dos instrumentos avaliativos será encontrado o

respaldo necessário para verificar através da nota obtida pelo educando se a

aprendizagem foi satisfatória ou não. Esse professor demonstra que, se ao contrário

foram ruins não conseguiram compreender o que foi ensinado.

Segundo a Coleção Raízes e Asas (s/d p.5) no livro como ensinar um desafio.

“Não há modelos gerais aplicáveis a qualquer situação, pois cada sala de aula é

única: cada professor é diferente, os alunos não são iguais nem podem ser

idealizados”.

A avaliação deve estar ligada ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da

escola: Ao planejamento e a ação pedagógica propriamente dita. Serve como elo ao

processo de ensino-aprendizagem, unindo o trabalho do professor à sede de

aprender do aluno mostrando assim, o respaldo para a ação educativa de qualidade

dentro da unidade escolar.

Percebe-se dessa forma, que a avaliação tem “perseguido”, ao longo dos

tempos, o processo de ensino e aprendizagem, na definição de Luckesi (1998)

“Avaliação vem do latim e significa ato dinâmico, ato de apreciação”. Normalmente,

feita na escola depois de acontecido o processo ensino-aprendizagem está aos

Page 19: Monografia Célia Pedagogia 2010

19

poucos sendo revista e provocando uma mudança de atitudes. Fávero (1995) diz

que:

A avaliação está presente em toda ação humana. Sempre buscamos ou fazemos alguma coisa conscientemente, sentimos necessidade de perguntar-nos se ela corresponde ao que nos propusemos, para uma tomada de posição, isto é, para aceitá-la transformá-la. Mais é do que avaliar, o que nos mostra que avaliar não significa necessariamente atribuir nota (p.9).

Atualmente, na Lei de Diretrizes e Bases - LDB (BRASIL, 1996) o processo

avaliativo é contemplado no Art. 24, inciso V, que diz: a verificação do rendimento

escolar observará alguns critérios entre eles o que discorre sobre o processo

avaliativo:

Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, prevaleça dos

aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do

período sobre os de eventuais provas finais;

Dessa forma, entende-se que o docente deve valorizar a avaliação dentro do

processo de ensino-aprendizagem. Como se observa em outro trecho da Lei a

expressão "verificação do rendimento escolar” que quer dizer comprovar o

rendimento escolar, assim acaba dando ênfase novamente a avaliação. Por

conseguinte, segundo a LDB, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos

através de um processo avaliativo.

Mas, quando se fala em comprovar ou avaliar o rendimento dos alunos,

depara-se com um elemento complexo, visto que avaliar não é a mesma coisa que

medir, pois a medida pode-se dispor de instrumentos precisos tais como: régua

balança, etc. Quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos a medida. Ao

contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação. Contudo, na avaliação

escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um processo humano

contínuo. Segundo Hoffmann (1998 p. 33): “Avaliar seria julgar o resultado do

trabalho da criança após o término da atividade. Tal ação fica reduzida a uma

apreciação final do desempenho do aluno para fins de registro classificatório”.

Com isso, para tentar contornar a complexidade que gira em torno da

avaliação e impedir que a avaliação de um momento se torne em algo generalizado

Page 20: Monografia Célia Pedagogia 2010

20

para todo um processo, deve-se proceder a uma avaliação como algo contínuo que

capte o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos. (FLETCHER

1998, p.39)

Diante dos aspectos apresentados acima, torna-se importante discutir sobre

as avaliações que estariam sendo adotadas na educação e se elas cumprem regras,

seguindo algum padrão estabelecido pela instituição. Sendo assim, surgiu a seguinte

questão de pesquisa: Quais as compreensões que os professores, pais e alunos do

Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm sobre a avaliação no Ensino

Fundamental l?

Assim o estudo teve como objetivo compreender a avaliação escolar adotada

dentro do Ensino Fundamental l. Se esta vem atendendo às expectativas de sua

clientela, preocupando-se em formar sujeitos autônomos críticos e capazes de

analisar as suas próprias atitudes e comportamentos, significativamente, garantindo

a inserção e ascensão social, além da melhoria na qualidade de vida.

Page 21: Monografia Célia Pedagogia 2010

21

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo cabe-nos analisarmos teoricamente a problemática de estudo

a partir dos conceitos-chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor.

2.1. COMPREENSÃO

A palavra compreensão vem do latim “comprehensione” – ato ou efeito de

compreender, faculdade de perceber; percepção. Mas a percepção humana vai,

além disso, porque na realidade, ela comporta uma parte de empatia e identificação”

(FERREIRA,1986).

O processo de compreensão na educação busca principalmente desenvolver

a capacidade do grupo, a entender as relações humanas através de uma concepção

de complexidade. Essa relação de complexidade no âmbito educativo é discutido por

Sacristán (2000) como:

[...] fenômenos educativos como fenômenos sociais, é imprescindível chegar aos significados, ter acesso ao mundo conceitual dos indivíduos e às redes de significados compartilhados pelos grupos, comunidades e culturas (p.103).

Diante da discussão do autor, ver-se que é preciso analisar nas instituições

educativas a complexidade da compreensão, levando em consideração as culturas

dos sujeitos envolvidos, subjetividades e incertezas. Assim, a busca pelas

compreensões é um caminho de investigação para que consiga discutir a avaliação

escolar.

Com isso, entender a compreensão que os professores, pais e alunos têm da

avaliação escolar vai além de buscar explicações sobre os possíveis problemas que

ocorrem no ambiente em que a criança é educada. Buscar essas compreensões é

vislumbrar os fatos que interferem diretamente ou indiretamente no meio

educacional, social e cultural dos educandos.

Salientamos também que o ato de compreender está estritamente ligado a

compreensão humana. Segundo Morin (2005):

Page 22: Monografia Célia Pedagogia 2010

22

A compreensão humana vai além da explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É insuficiente para compreensão humana. Esta comporta um conhecimento de sujeito a sujeito. Por conseguinte, se vejo uma criança me chamando vou compreendê-la, não por medir o grau de salinidade de suas lágrimas, mas por buscar em mim minhas aflições infantis, identificando-a comigo e identificando-me com ela. O outro não apenas é percebido objetivamente, é percebido como outro sujeito com o qual nos identificamos e que identificamos conosco, o ego elter que se torna alter ego. Compreender inclui necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura na simpatia e generosidade (p. 94-95).

Dessa forma, assimilar a compreensão da avaliação escolar dentro da

complexidade humana, está associada a identificar os aspectos imperceptíveis e

significativos que ocorre entre professor e alunos dentro das salas de aulas, espaço

primordial para o processo de ensino-aprendizagem

Para Sacristán (2000):

[...] que compreender a vida da sala de aula é um requisito necessário para evitar a arbitrariedade na intervenção. Por outro lado, enquanto não se atua e experimenta não é possível conhecer, compreender e interpretar as peculiaridades e características de sua forma de ser. (p.81).

Dando continuidade a essa reflexão também pontuamos que a prática da

docência é importante no ato da compreensão, pois permite a troca entre aluno e

professor gerada pela empatia de ambos durante todo processo educativo, inclusive

no processo avaliativo.

2.2. AVALIAÇÃO

A avaliação educacional é uma tarefa didática necessária e permanente no

trabalho do professor, ela deve acompanhar todos os passos do processo de ensino

e aprendizagem. É através dela que vão sendo comparados os resultados obtidos

no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos, conforme os objetivos

propostos, a fim de verificar progressos, dificuldades e orientar o trabalho para as

correções necessárias. A avaliação insere-se não só nas funções didáticas, mas

também na própria dinâmica e estrutura do Processo de Ensino e Aprendizagem

(PEA).

Page 23: Monografia Célia Pedagogia 2010

23

A avaliação é uma das questões mais discutidas pelos grandes educadores,

pois muitas vezes seu uso é considerado de forma injusta e incorreta, causando

prejuízos na vida do educando.

Para Raízes e Asas (s/d):

A avaliação tem também a função de orientar os procedimentos de ensino em sala de aula. È através dela que o professor obtém informações básicas sobre quantos e quais alunos estão conseguindo realizar as atividades onde estão concentradas as dificuldades e de que natureza são. (p.11)

Analisando a definição do autor, acredita-se que a avaliação é o procedimento

para avaliarmos o processo de ensino-aprendizagem do aluno. Luckesi (1998) por

sua vez, definiu a avaliação como instrumento que se classificam em tipos e

funções.

Entre os tipos de função argumentada pelo autor, temos a verificação, que

acaba sendo uma avaliação taxativa, que gera medo e sofrimento, pois é uma

constatação para verificar se é verdadeira uma desconfiança, ou seja, a

aprendizagem ou não aprendizagem do aluno.

Já como função classificatória, a avaliação não auxilia em nada o avanço e o

crescimento; constitui-se num instrumento estático do processo de crescimento;

subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo.

Como função diagnóstica pode servir a finalidade de avanço e crescimento.

Constitui-se num momento dialético no processo de avançar no desenvolvimento da

ação, do crescimento para a competência. Diagnosticando, ela será enquanto

momento dialético de “senso” do estágio em que está e de sua distância em relação

à perspectiva que está colocada como ponto de ser atingido à frente. Segundo

Luckesi (1998); A referida função pressupõe que os dados coletados por meio de

instrumentos sejam lidos com rigor científico, não tendo por objetivo a aprovação ou

reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de

crescimento.

Page 24: Monografia Célia Pedagogia 2010

24

Assim, os resultados da avaliação deverão ser utilizados para diagnosticar a

situação do aluno, tendo em vista o cumprimento das funções de auto compreensão

acima estabelecidas. Entretanto, para que a avaliação diagnóstica seja possível, é

preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica.

Esta forma de entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um

instrumento para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.

Atualmente, os objetivos da avaliação visam tanto o processo de

aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma

diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente,

que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas

realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. A avaliação é, assim,

realizada para obter sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e

pontual referência das provas, pois como diz Nunes (2000 p. 93): “A nota somente,

não expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem

saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização”.

Outras concepções de avaliação perpassam a lógica que avaliar é um

processo que deve abranger a organização escolar como um todo desde as

relações internas da escola, o trabalho docente, a organização do ensino, o

processo de aprendizagem do aluno e, ainda, a relação com a sociedade.

Dessa forma, a avaliação permitiria diagnosticar, reforçar e permitir crescer a

aprendizagem dos discentes. O papel do professor neste contexto é o de um

conselheiro, de um orientador, e não o de um juiz, júri e executor. Pois a avaliação

como "punição" deve ser substituída pela abordagem da "melhoria contínua", assim

como diz Chauí (1997), nascemos trazendo em nossa inteligência não só os

princípios racionais, cabendo ao professor avaliar de forma coerente.

A avaliação também pode ser considerada um exercício mental que permite a

análise, o conhecimento, o diagnóstico, a medida ou julgamento de algo. Avaliar

seria um processo de autoconhecimento e do conhecimento da realidade e da

relação dos sujeitos com essa realidade. Seria um processo de re-criação e

ressignificação das instituições que fazem parte dessa realidade e das pessoas que

a mantêm.

Page 25: Monografia Célia Pedagogia 2010

25

Nesse caso, seria a forma de analisar como os alunos estão sendo

avaliados? Quais as concepções que estão avaliadas? Quais os objetivos que

pretende com essa avaliação? Questionam-se também se os processos de

avaliação da aprendizagem dos alunos estão centrados num desempenho cognitivo,

sem referência a um projeto político-pedagógico de escola.

Os sentidos das avaliações escolares, infelizmente, tem se direcionado para o

ato real de aprovar ou reprovar os alunos, independente da teoria,

conseqüentemente esta tem sido a prática.

2.3. ALUNO

Segundo a etimologia, o termo aluno significa literalmente “criança de peito”,

“lactante” ou “filho adotivo”, do lat. alumnus, alumni, proveniente de alere, que

significa “alimentar, sustentar, nutrir, fazer crescer”. Daí o sentido de que aluno é

uma espécie de lactente intelectual; e não alguém “sem luz”, como afirma uma

etimologia falsificada que lê a- como prefixo de negação (note que o prefixo é grego)

e lun- como proveniente do latim lumen, luminis (luz). O termo aluno aponta,

portanto, para a idéia de alguém imaturo, que precisa ser alimentado na boca e

exige ainda muitos cuidados paternais ou maternais (LEWIS; SHORT 1879).

Em sentido figurado ou metafórico, porém, aluno significa simplesmente

“discípulo”, “aluno” ou “pupilo”, alguém que aprende de forma coletiva em

estabelecimento de ensino pela mediação de um ou vários professores (FARIA

1962).

Quanto à palavra estudante, do verbo estudar, ela designa o indivíduo que

se empenha em algum tipo de estudo. Sugere pessoa independente, que busca o

alimento intelectual por conta própria, sem necessidade de ser alimentado na boca,

e costuma fazer isto de maneira individual.

Notamos que, enquanto o conceito aluno aponta para a dependência e

passividade, o segundo conceito sinaliza autonomia e atividade. É preciso

reconhecer que, em algumas fases escolares (Educação Infantil e Ensino

Fundamental l e ll), atuamos como alunos, embora em outras (Ensino Médio e,

principalmente, na Educação Superior), como estudantes. Mas não é preciso ter

Page 26: Monografia Célia Pedagogia 2010

26

preconceito pela palavra “aluno”, ela é a mais comum em contexto de sala de aula.

Afinal de contas, o sonho de todo professor é que seus “alunos” se tornem também

“estudantes”. A pedagogia moderna se esquiva do problema empregando apenas o

termo “educando”.

No entanto para PIAGET (1978):

Devemos educar para compreender, e educar para conhecer as informações. [...] implica construção da própria inteligência [...] formarmos jovens capazes de críticas e auto críticas,  jovens capazes de pensar criativamente, transformando ações, jovens que se posicionem perante outros e respeitem o posicionamento de cada um. (p.68)

Abordar sobre o aluno também nos remete a relação do aluno com o

professor. Morales (2006) pontua que uma boa relação entre ambos pode incidir

positivamente na aprendizagem dos discentes e na satisfação pessoal do professor.

Ainda segundo o autor a função do professor é ajudar os alunos no seu

aprendizado, buscando o seu êxito e não o seu fracasso. Assim, a qualidade da

relação com o aluno pode ser relevante nesse aspecto.

Para salientar ainda mais a questão sobre a relação entre professor e aluno,

Morales (2006) nos remete a atenção às atitudes dos alunos, pois o aluno está em

interação com o professor em todos os momentos, quando perguntam ou

respondem algo, quando se comunicam ou quando estão distraídos. Para o autor, o

professor deve estar atento as atitudes dos alunos, pois elas demonstram a relação

que os alunos têm com o mesmo e com o processo.

Assim, atitude do educador influi na criatividade do educando. Um olhar feio,

uma resposta brusca, uma crítica ou um pedido de explicação, às vezes são

bastante para esfriar o entusiasmo, interromper um gesto, impedir uma criação. Por

outro lado, voltando a atenção para o educando com atitude de valorização de suas

pesquisas, suas descobertas, sua expressão individual, por parte do educador, dão

abertura ao seu potencial criador e permitem o seu melhor desempenho em sala de

aula. É importante entendermos que, entre as dimensões afetivas e cognitivas

presentes na aprendizagem, existem inter-relações e articulações, onde as trocas

são muito importantes e necessárias.

Page 27: Monografia Célia Pedagogia 2010

27

Para o aluno é de fundamental importância a educação familiar no seu

processo educativo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la,

entretanto, é necessário que essas famílias sejam bem formadas para que possam

passar uma boa educação, ou seja, tem que haver a compreensão, tolerância,

carinho e firmeza que são condições indispensáveis para uma educação integral,

visando todos os aspectos que formam a personalidade. A responsabilidade do

acompanhamento dos pais na educação dos filhos deverá atender exigências

humanas e sociais.

Quando nos referimos à exigência humana, estamos mostrando que os

filhos ao virem ao mundo, são totalmente indefesos e necessitam de proteção e

orientação para poder se desenvolverem bem. E a social, a família também forma

cidadãos capazes de colaborar para o sucesso e progresso da sociedade, bem

como também a sua conservação.

Sabe-se que como afirma Nérici (1977, p.12) “o processo educativo visa

formar o cidadão capaz de servir a sua comunidade e de identificar-se com anseios

coletivos, deve conduzir a responsabilidade, liberdade, critica e participação”.

Então, cabe aos pais orientar e acompanhar em suas atividades escolares

fazendo com que a criança sinta o prazer de compartilhar e poder desfrutar

condições de igualdade e amizade junto aos pais, para que já inicie o trabalho de

cooperação, pois somente assim ele poderá participar das aulas com mais

segurança, compartilhando com seus semelhantes a tudo que se refere ao bem

comum.

Para Nérici (1977):

[...] não há duvidas de que um lar mal constituído, dificilmente pode educar. O mais que pode conseguir é angustiar, desorientar e neurotizar seus filhos. (...) Estudiosos do comportamento humano como Kumkel, Freud, Fromm e Horney são unãnimes em encarecer a importância do lar na formação do lar e da personalidade do individuo. (p.74)

Page 28: Monografia Célia Pedagogia 2010

28

Segundo Freud, citado por Bock, (1999, p.204) “o grupo familiar constitui o

cimento mais firme da ordem social estabelecido, o lugar em que se efetiva, a

interiorização da repressão, que continua na escola”. Então os pais têm obrigação

de educar os filhos para o lar e para a sociedade, em processo de continuidade e

harmonia, que se recebe na escola sem oposições que não se justificam e

prejudicam a formação dos filhos.

Nesse contexto, o psicanalista Frances Jacques Lacan, citado por Bock

(1999), define assim a família:

Entre todos os grupos humanos, a família desempenha um papel primordial na transmissão de cultura. (...) a família prevalece na primeira educação, na repressão dos instintos, na aquisição da língua acertadamente chamada de materna. Com isso, ela preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico. (p.238-239)

O autor afirma que é na família que o aluno aprenderá a respeitar os tabus

encontrados em seus caminhos. Adquirirá a linguagem que é condição básica para

que ela possa viver em uma sociedade imposta por muitas limitações, mas que

expõe muitas oportunidades. Devemos permitir ao aluno reflexão, análise e que

construa progressivamente um modelo da tarefa que se tornará um referente

adequado para fazer exames críticos de suas produções, a fim de progredir rumo a

um êxito maior.

O processo de construção do conhecimento no aluno não começa, nem se

realiza exclusivamente no espaço e tempo escolar. É a partir das vivências sociais e

afetivas que ele adquire em determinadas formas de aprender e se relacionar com

diferentes tipos de saberes. Esse processo de formação se dá a partir de sua

inserção no meio.

Para o aluno, durante o processo de ensino nas escolas são realizadas

diversas avaliações que leva o educador a avaliar seu aluno utilizando várias

ferramentas que condiz com o seu aprendizado. Dentre estas ferramentas

encontramos também os testes e as provas para garantir ao educador de que as

informações que serão recolhidas são válidas e que realmente os alunos

Page 29: Monografia Célia Pedagogia 2010

29

entenderam as questões, estes testes e provas permitem obter informações acerca

de seu desempenho máximo. Para Pais e Monteiro (1996):

Os testes, provas e os outros procedimentos para medir a aprendizagem dos alunos não se destinam a substituir as observações e juízos informais dos professores. Antes pelo contrário, visam complementar e suplementar os métodos informais de obtenção acerca dos alunos. (p.95)

Talvez por estarem entre hábitos muito enraizados, ou por se pensar que é a

melhor forma de avaliação, ainda hoje há muitos professores que recorrem quase

exclusivamente aos testes e provas e muitos alunos só estudam na véspera da sua

realização, sentindo-se angustiados e apreensivos para este momento. Se há

aprendizagens que se avaliem através dos testes e provas, outras há que têm que

ser feitas também por outras formas, diferenciadas, sendo dinamicamente

direcionada pelos professores, para sua classe de alunos.

2.4. PROFESSOR

Na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma ciência,

arte ou técnica. Com isso na visão simples, de algumas pessoas a função do

professor é basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva mecânica,

entretanto, ninguém ensina no vazio, há toda uma contextualização marcada pelo

interesse de determinada época e sociedade.

O professor é um profissional que tem uma formação para atuar nos espaços

educativos, e são nesses mesmos espaços que os resultados de seus domínios nos

conhecimentos científicos e nos saberes adquiridos no decorrer de sua história de

vida e da sociedade se fazem presentes, a fim de serem transmitidos aos

educandos de forma clara e objetiva.

Sobre os saberes dos docentes Tardif (2002) fala que:

[...] os professores sem suas atividades profissionais se apóiam em diversas formas de saberes: o saber curricular, proveniente dos programas e dos manuais escolares; o saber disciplinar, que constitui o conteúdo das

Page 30: Monografia Célia Pedagogia 2010

30

matérias ensinadas nas escolas; o saber da formação profissional adquirida por ocasião da formação inicial ou continuado [...] (297).

No ato de ensinar o professor também constrói valores que auxilia a relação

do homem com a sociedade e ao construir esses valores, insere o homem não só na

sociedade, mas também em uma cultura. Assim: “[...] ensinar é colocar alguém em

presença de certos elementos da cultura a fim de que eles se nutram, que eles os

incorporem a sua substância, que ele construa sua identidade intelectual.”

(FORQUIN, 1993, p.168).

Ao ensinar o professor também emprega determinados meios para atingir

certas finalidades e com isso ele acaba por desempenhar vários papéis, entre eles o

de agente de mudança. Alencar (2005) nos fala que: “Os professores são pedreiros

que colocam tijolos no edifício de uma nova sociedade, que não será feroz e

excludente com a atual (p.110)”.

Segundo Tardif (2002), o docente também é um portador de valores

emancipados nas relações de poder que ocupam o espaço escolar. As relações de

poder existentes na escola fazem com que os professores se comportem em alguns

momentos de forma mecânica impondo e seguindo regras na sala de aula.

Para Burke (2003) precisamos de um professor que tenha conhecimento, e

que saiba adapta-se aos acontecimentos da sala de aula de forma inteligente e hábil

e assim vencer os preconceitos, descrenças e hábitos enraizados ou

institucionalizados nos sistemas educacionais.

Acreditamos que o professor é um ser humano, social e político e que deve

está comprometido com sua tarefa e tecnicamente preparado para executar sua

prática, e assim levar a população a uma consciência crítica que supere o senso

comum, todavia não desconsiderando, essa grande contribuição para a construção

da sociedade, e sim permitir que esses saberes se façam presentes na construção

dos novos conhecimentos.

Page 31: Monografia Célia Pedagogia 2010

31

Mizukami (1986) discorre que a relação entre o mestre e o aprendiz é

horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste

processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador

procurando levar o aluno à consciência, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99)

Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com

os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que

procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas

que venham surgir dentro dos variados ambientes sociais.

Page 32: Monografia Célia Pedagogia 2010

32

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

Caracterizada por um estudo minucioso, articulado a uma realidade, a fim de

descobrir, aperfeiçoar, ou acrescentar novas informações sobre o que já existe, ou

seja, mostrar algo novo a respeito do fato estudado, a pesquisa se define como um

conjunto de atividades intelectuais tendentes a descoberta de novos conhecimentos

(TRIVINOS, 1987). Com base nessa perspectiva, é que se realizou a presente

pesquisa, que têm como objetivo identificar as compreensões que os professores,

pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação

escolar no Ensino Fundamental I.

3.1. TIPO DE PESQUISA

Essa pesquisa foi construída numa perspectiva descritiva com abordagem

qualitativa, pois se tratou de analisar dados referentes a existência da relação sujeito

e realidade, buscando conhecer os conceitos à luz do referencial teórico e também

refletir acerca das falas dos questionados para verificar como está sendo discutido,

no interior do lócus pesquisado, a questão da avaliação escolar no Ensino

Fundamental I, permitindo a análise dos dados de forma diferenciada, e

reconhecendo a complexidade das relações humanas (LUDKE; ANDRE, 1986). Os

autores caracterizam a pesquisa qualitativa, como procedimentos para a coleta de

dados, a partir de vivências, idéias e práticas pedagógicas que permite uma relação

com o local de estudo e os sujeitos envolvidos.

Para Ludke e André (1986) esse tipo de pesquisa utiliza o ambiente natural

como fonte direta dos dados, havendo um contato dinâmico e direto entre quem

pesquisa e quem é pesquisado, permitindo ao pesquisador desenvolver

compreensões, e não explicações e visões isoladas, pois a abordagem qualitativa é

rica em descrições de pessoas, situações e acontecimentos, onde todos os dados

são importantes, dessa forma existe uma preocupação maior com o processo.

Page 33: Monografia Célia Pedagogia 2010

33

Bodgan e Biklen (1998) citado por Barbosa (2002) falam que a pesquisa

qualitativa também permite ao pesquisador:

[...] compreender o comportamento e a experiência humana. Eles procuram entender o processo pelo quais as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas, porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana (p.18).

Com as definições expostas pelos autores, o que nos aproximou do nosso

objeto de estudo, acreditamos que a pesquisa qualitativa dará um suporte para

identificarmos as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio

Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino

Fundamental I.

3.2. SUJEITOS DA PESQUISA

Tivemos como sujeitos da pesquisa os professores que lecionam do 1º ao 5º

ano do Ensino Fundamental I, os alunos do 5º ano por estudarem desde o 1º ano

nesta mesma instituição, e os pais dos respectivos alunos do Colégio Cenecista

Professora Isabel de Queiroz.

3.3. LOCUS DA PESQUISA

O lócus da pesquisa foi fundado em 04 de março de 1963, e teve início o

primeiro ano letivo, sob a direção das professoras Maria Margarida Passos Duarte –

Diretora, Ivanise Jambeiro Gentil – Vice-Diretora e Maria Guerreiro Conceição –

Secretária. Como na cidade de Senhor do Bonfim na década de 60, só existia dois

colégios que ofereciam o 1º grau completo e tinham o ensino privado, enquanto que

as escolas públicas só ofereciam o ensino primário, sensibilizada pela falta de

oportunidade para a classe menos favorecida, a professora Olga Campos de

Menezes, promoveu uma reunião com algumas autoridades da época, propondo a

fundação de uma escola nos moldes da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da

Comunidade). Graças a sua iniciativa, foi criado então o Ginásio que recebeu o

nome em homenagem a primeira professora da cidade com formação pedagógica.

Page 34: Monografia Célia Pedagogia 2010

34

“Ginásio Professora Isabel de Queiroz”. Hoje graças a uma doação de um terreno

por parte da Prefeitura Municipal, o atual Centro Educacional Cenecista Professora

Isabel de Queiroz, desde o ano de 1965, encontra-se abrigado em prédio próprio

localizada na Praça Simões Filho, 222, Centro, na cidade de Senhor do Bonfim no

estado da Bahia. Desde 1978, o colégio através de bingos, rifas, festas etc, deu

início a um amplo trabalho de reformas sofrendo grandes modificações, por está

assentado numa área de aterro onde no passado existiu uma imensa lagoa.

Hoje, ele funciona com um quadro docente composto por vinte e dois

profissionais no turno matutino do 1º ano ao 5º ano do Ensino Fundamental I, de 6º

ano ao 9º ano do Ensino Fundamental II, Ensino Médio com formação geral e no

período noturno o espaço oferece faculdade com ensino presencial para os cursos

de História e Letras com Inglês.

O seu espaço físico é composto por: uma sala de vídeo, uma mecanografia,

uma tesouraria, uma biblioteca, uma cantina, uma sala de informática, um auditório,

quatorze salas de aula, cinco banheiros, uma cozinha, uma secretaria, uma sala de

coordenação, uma quadra de esportes e uma área de lazer com parquinho.

O seu quadro de funcionários, exceto o corpo docente citado acima, é

formado por: dois orientadores pedagógicos, dois vigilantes, um porteiro, uma

diretora, uma secretária, duas auxiliares de limpeza, três merendeiras sendo que a

cantina atende, aproximadamente, quatrocentos e dezesseis alunos, no período

matutino.

3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados e que conseqüentemente

nos forneceram elementos relevantes para alcançarmos o objetivo da pesquisa

foram: a observação participante e a entrevista semi-estruturada.

Page 35: Monografia Célia Pedagogia 2010

35

3.4.1. Observação Participante

A observação é um dos instrumentos mais utilizados na investigação e

possibilita um contato pessoal e estreito entre o pesquisador e o objeto de estudo.

Ludke e André (1986) diz que no ato de observar:

O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público pela pesquisa. (p. 29).

Existem várias formas de observação, contudo, a mais adequada a nosso

objeto de estudo foi à observação participante, que para Marconi e Lakatos (1996)

consistem em procedimentos onde a identidade e objetivos do pesquisador são

revelados ao grupo pesquisado. Esse tipo de observação:

[...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste... O objetivo inicial é ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreenderam a importância da investigação, sem ocultar o seu objetivo ou sua missão. (MARCONI E LAKATOS, 1996 p.68).

Ao observar participativamente o pesquisador chega mais perto da

perspectiva dos sujeitos, sendo uma relevante para a pesquisa qualitativa. Como

pontua Ludke e André (1986), nesse convívio em contato com as experiências

diárias, o observador percebe ou acompanha os sujeitos e sua compreensão sobre

visões de mundo e os significados que eles atribuem à realidade que os cerca.

Para Ludke e André (1986), a observação participante também apresenta

vantagens em relação aos outros instrumentos, pois o observador pode recorrer aos

conhecimentos e experiências vividas a fim de compreender e interpretar o

fenômeno estudado.

Relacionando os argumentos dos autores com nosso objeto de pesquisa, a

observação participante foi de fundamental importância para identificarmos as

Page 36: Monografia Célia Pedagogia 2010

36

compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora

Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino Fundamental l.

3.4.2. Entrevista Semi-estruturada

A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas na obtenção de dados na

abordagem qualitativa, pois permite saber o que as pessoas pensam suas idéias e

sentimentos. Marconi e Lakatos (1996) a definem como:

[...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informação a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional... uma conversação efetuada face a face ,de maneira metódica; proporciona ao entrevistado , verbalmente , a informação necessária. (p. 70)

Na visão de Ludke e André (1986) a entrevista ganha vida quando começa,

pois a relação que se constrói durante sua realização é de diálogo e interação entre

quem entrevista e quem é entrevistado. Com isso facilita ao entrevistador sempre

estar atento, as respostas que se obtêm ao longo dessa interação, observando mais

de perto a gestos, expressões, entonações e sinais não verbais, visto que toda

captação é importante para compreender o que foi falo.

Esse instrumento também apresenta grande vantagem sobre outras técnicas,

pois permite a captação imediata e corrente da informação desejada com qualquer

tipo de informante, como também permite correções, esclarecimentos e adaptações

desejadas. (LUDKE E ANDRÉ, 1986).

Sobre a entrevista semi-estruturada Trivinos (1987) a entende como:

[...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa e que em seguida oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se reconhecer as respostas do informante (p.146).

Trivinos (1987) aborda que a entrevista do tipo semi-estruturada valoriza a

presença do investigador, pois oferece elementos para que o informante encontre a

Page 37: Monografia Célia Pedagogia 2010

37

espontaneidade o que enriquece a investigação do problema. Assim o entrevistador

dever saber estimular a obtenção de informações, criando um clima de confiança

onde deve prevalecer o respeito pelas crenças e ideais do entrevistado.

Page 38: Monografia Célia Pedagogia 2010

38

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para realização desta pesquisa foram utilizados como instrumentos de coletas

de dados a observação participante no locus pesquisado e a entrevista semi-

estruturada com professores, pais e alunos. Estes instrumentos nos permitiram

conhecer o perfil dos sujeitos e analisar e interpretar as compreensões que eles têm

de avaliação escolar no Ensino Fundamental I.

4.1. PERFIL DOS SUJEITOS

Através da entrevista semi-estruturada foram levantadas informações que

puderam traçar o perfil de cada membro envolvido na pesquisa. Na seqüência

apresentaremos o perfil dos sujeitos onde serão designados no decorrer da análise

com P para um total de dez professores, PA para um total de sete pais e A para um

total de seis alunos de acordo com as categorias escolhidas:

4.1.1. Formação

Observamos que em relação à formação dos professores entrevistados 40%

estão cursando Pedagogia, 40% são graduados no curso de Pedagogia e não

possuem especialização e 10% são graduados em Biologia sem especialização.

Sendo assim, é interessante comentarmos que os profissionais da Educação

Fundamental I, estão se qualificando profissionalmente na prática pedagógica sem

temer e aceitando o novo.

Sobre isso Freire (1996) afirma: “por isso é que, na formação permanente dos

professores o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É

pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a

próxima prática” (p.43).

Page 39: Monografia Célia Pedagogia 2010

39

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Os dados também apontam que 10% dos pais não têm formação escolar,

60% apenas concluíram o ensino médio e 30% apresentam formação em Nível

Superior e atuam em sala de aula.

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Page 40: Monografia Célia Pedagogia 2010

40

Dentre os alunos pesquisados, 100% encontram-se concluindo 5º no do

Ensino Fundamental I, e estudam na escola lócus da pesquisa desde o 1º ano.

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

4.1. 2. Gênero

Dentre os sujeitos tivemos uma forte predominância do sexo feminino, que

apresenta 100% dos professores, 80% dos alunos e 90% dos pais. Com isso

percebemos que nessa etapa da educação ainda existe uma forte feminilização na

educação das crianças. Diante deste contexto, os Referenciais para formação de

Professores (1999, p.32) aponta: “A feminilização da função, ao invés de representar

de fato uma conquista profissional das mulheres, tem-se convertido num símbolo de

desvalorização social”. O que demonstra como o campo da docência tem sido

dominado pelas mulheres.

Em relação aos pais percebe-se a forte influência do gênero feminino que na

sua grande maioria está representada na figura materna, onde a mãe é a única

responsável por auxiliar nos direcionamentos que a aluno tem na escola.

Page 41: Monografia Célia Pedagogia 2010

41

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Page 42: Monografia Célia Pedagogia 2010

42

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

4.1.3. Idade

Em relação a esta característica, percebemos que a idade dos entrevistados é

flexível, pois os professores tem entre 25 a 40 anos, os pais entre 30 a 40 anos e os

alunos estão na faixa etária entre 9 a 10 anos.

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Page 43: Monografia Célia Pedagogia 2010

43

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com os professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.

Uma vez apresentada à síntese dos dados no qual obtivemos resultados

característicos dos sujeitos deste estudo, partimos então para a análise dos dados.

4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS

Page 44: Monografia Célia Pedagogia 2010

44

Após a obtenção dos dados, por meio da utilização dos instrumentos de

pesquisa, observação participante e entrevista semi-estruturada, nos detivemos na

análise dos pontos que consideramos relevantes nesta pesquisa.

Sobre análise de dados Ludke e André (1986) afirma que:

Analisar os dados quantitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, relatos de observação, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações disponíveis. A tarefa de análise implica num primeiro momento, a organização de todo material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes (p. 46)

O objetivo desta etapa é analisar e discutir a fala dos professores, alunos e

pais sobre a compreensão que eles têm de avaliação no Ensino Fundamental I.

Para analisar as falas dos educadores, alunos e pais dividiu-se em categorias,

uma vez que elas possibilitam uma melhor compreensão das falas coletadas. Assim,

para respondermos a indagação inicial, organizamos e discutimos as falas nas

seguintes categorias:

Compreensão de avaliação – Refere-se à compreensão, opinião e

entendimento dos educadores, alunos e pais sobre a avaliação.

Formas avaliativas – Referem-se como os educadores avaliam os alunos em

sala de aula.

Nota x Conhecimento – Busca discutir se os alunos aprendem de fato com a

avaliação.

4.2.1. Compreensão de Avaliação

Procurando compreender as respostas dos educadores, alunos e pais,

percebe-se que a maior parte dos questionados tem uma visão alienada sobre o

conceito de avaliação.

Vejamos algumas falas:

Page 45: Monografia Célia Pedagogia 2010

45

P (1) Avaliação é considerar a história do processo pessoal de cada aluno e sua relação com as atividades desenvolvidas, as necessidade de se comprometer com sua superação.

P (2) É muito amplo o conceito de avaliação, mas entendo que seja investigar questionar, é ler hipótese dos educando sua zona real, seu conhecimento, para incorporar conhecimentos pertinentes a sua situação de aprendizagem trabalhando assim a zona proximal, também refletir sobre a ação pedagógica para replanejá-la.

Nessas falas nota-se que os professores tem um conceito bem formulado de

avaliação e que não tratam a avaliação com um único sentido de medir, julgar.

Mostram que trabalham com a história do aluno, que os educandos não são vistos

como seres vazios que aprendem só na escola, mas que trazem “bagagem”,

currículo oculto, conhecimento e através deste conhecimento que os educadores

trabalham o todo e não apenas uma pequena parte do processo.

Já a fala do professor 2, faz-se lembrar de Vygotsky (1995, p. 72), quando diz

que a criança passa por: “[...] dois níveis de desenvolvimento: um se refere às

conquistas já efetivada, [...] desenvolvimento real [...] e o outro nível de

desenvolvimento proximal, que se relaciona às capacidades inacabadas a serem

construídas [...]”.

Isso porque quando o professor trabalha com algo que o aluno já sabe é o

desenvolvimento real, porém quando o educador ajuda seu aluno a resolver

questões ou problemas, auxiliando-o para que ele consiga fazer, está trabalhando o

desenvolvimento proximal, pois ela sabe fazer, porém com a ajuda de alguém. Desta

forma o professor mostra ter conhecimento teóricos, pois se faz mediador para o

aluno chegar ao conhecimento, ajudando nos momentos de dificuldade, facilitando o

sucesso da criança na escola.

Porém a maioria das falas dos pais e alunos mostram que têm um conceito de

avaliação mais tradicional. Vejamos algumas:

PA (1) Entendo que seja um modo de julgar, determinar alguma situação.

PA (2) É as provas.A (3) É bom as prova, ai nois sabe se aprendemos.

A (5) Eu não gosto, eu fico num nervoso retado e acabo errando.

Page 46: Monografia Célia Pedagogia 2010

46

A (1) A avaliação serve para ver se a gente aprendeu ou não.

Percebe-se nas falas dos pais e alunos que estes vêem a avaliação

simplesmente como provas, e que os professores não levam em conta mais nada no

aluno. Alguns pais ainda acham que os educadores fazem avaliações, apenas para

julgar, classificar ou medir seus filhos, talvez por eles (pais) terem tido uma

avaliação muito rígida, de provas que não os qualificavam só os mediam. Isso

mostra como ainda em pleno século XXI, o tradicionalismo é forte e constante. Este

fato traz à tona a falta de informação e convivência dos pais nas escolas e como

sabem pouco sobre as formas avaliativas usados nos dias atuais. Percebeu-se

como os pais e alunos estão carentes de informação e infelizmente passam anos

com os filhos nas escolas sem conhecer como o filho é avaliado. Segue mais alguns

discursos:

PA (3) Não tenho conhecimento, porém ele diz que é avaliado através de trabalhos todos os dias, tornando-se um processo contínuo.

PA (4) Não.

PA (5) Não sei.

Através das falas tornou-se evidente que a maioria dos pais, não sabem como

os filhos são avaliados, eles apenas acham ou gostariam que fossem dessa ou

daquela forma ou ainda o filho disse que era através de trabalhos, comportamento,

etc, porém os pais não procuram saber com os professores que seria o ideal. Isso

traz muitas dúvidas e inquietações, pois fica a imagem de que a escola tem

responsabilidades de educar e cuidar dos filhos e que para os pais basta mandá-los

para a escola.

Às vezes parece que os pais pensam que mandando para escola estará tudo

resolvido, pois seus filhos já estão destinados a escola, responsável maior pela

educação, e, por isso não precisam auxiliar no processo educativo. Essa idéia nos

faz lembrar o inatismo que afirma: “nascemos trazendo em nossa inteligência não só

os princípios racionais, [...]” (CHAUÍ, 1997, p. 69).

Page 47: Monografia Célia Pedagogia 2010

47

Cabe ao professor tentar fazer mudar essa realidade, para assim a

responsabilidade ser dividida entre todos, desta forma o sistema educacional e os

profissionais da educação sejam valorizados e capazes de formar cidadãos atuantes

na sociedade buscando sempre o melhor.

4.2.2. Formas avaliativas

Luckesi (1998) definiu a avaliação como instrumento. Esse instrumento

abordado pelo autor, pode ser visto de várias formas avaliativas. Nessa categoria

iremos analisar as diversas formas de se avaliar dentro do processo educativo.

Percebemos que todos os professores avaliam seus alunos em todos, os

aspectos, levando em consideração todas as atividades que são feitas em sala de

aula. Segue algumas falas:

P (5) Sim; Diagnóstica, democrática, participativa, não havendo submissão e sim liberdade, assim acontece à avaliação em um todo e não somente como uma matéria.

P (10) Através de testes objetivos, dissertações, trabalhos livres, provas, apresentações de pesquisa.

Fica evidente nas falas que os educadores avaliam seus alunos em todos os

aspectos, valendo-se de vários instrumentos desde as provas objetivas, momentos

que propiciem o respeito, além da valorização da afetividade entre todos:

professor/aluno, aluno/aluno. Entre os tipos de avaliação utilizadas pelos

professores, vemos presentes as funções avaliativas argumentativa, classificatória e

diagnóstica debatidas por Luckesi (1998). Meios para avaliar o rendimento individual

dos alunos.

Isso é muito importante, pois cada aluno tem sua individualidade e se o

professor utilizar meios que favoreçam a construção do conhecimento, mais ele se

desenvolverá. Fica claro isso quando se recorre a Wallon (1995. p.41) que diz “[...]

não é possível definir um limite terminal para o desenvolvimento terminal da

inteligência, nem tampouco da pessoa, pois dependem das condições oferecidas

pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito fizer dela”.

Page 48: Monografia Célia Pedagogia 2010

48

Quanto mais o educador oferecer, mais o aluno receberá. O professor

oferecendo vários meios como os citados, estes ajudarão a todos. Um exemplo é se

o educador tem um aluno tímido que não se destaca em trabalhos orais, esse

educando poderá se destacar em outras atividades, por isso é necessário que o

professor utilize vários meios, pois além de ser mais fácil detectar alguma

dificuldade, será mais fácil trabalhar com os mesmos.

Esses métodos variados usados pelos professores estão satisfazendo a

maioria dos pais, pois eles acham que existe uma abertura maior na escola e assim

mais participação familiar. Desta forma haverá uma construção de conhecimento

mais ampla e satisfatória. Vejamos também algumas falas dos pais e alunos sobre

as formas avaliativas:

PA (2) Acho bom porque a mãe pode participar mais e está sempre participando no dia- a- dia de seu filho.

PA (4) Bom.

PA (5) Muito bom, pois isso faz com que tanto o aluno, quanto o professor tenham conhecimento mais apurado.

A (3) Nois sempre faiz prova e teste mais tem também uns trabalhos.

A (2) A pró sempre explica dinovo quando não entendo.

Como foi visto os pais acham que estes meios avaliativos são bons, pois tem

mais opções para os alunos, uma vez que são avaliados de diversas maneiras e não

é como antigamente que era apenas prova objetiva e a resposta era obrigada a ser

aquela do livro, o pai quase não participava e o aluno tinha medo dos professores.

Hoje é diferente, o aluno estabelece diálogo com os professores, não só ouvem,

mas falam, perguntam dão suas opiniões.

As maiorias dos educadores acham que mesmo avaliando o todo do aluno, vê

que os métodos avaliativos ainda são muito classificatórios isso porque no final de

cada trimestre são obrigados a dar uma nota e desta forma estão medindo.

Discutiremos mais algumas falas dos professores:

Page 49: Monografia Célia Pedagogia 2010

49

P (7) Os métodos ainda são classificatórios. Podemos dizer que a educação passa por um processo de transformação, mas ela não acontece do dia para a noite.

P (9) Como uma balança onde é necessária uma precisão muitas vezes. Ou 9 ou 8, 7,...6.......

Com essas respostas parece que os educadores estão se contradizendo, pois

anteriormente falaram que avaliam de forma a construir o conhecimento, olhando o

todo, porém logo após dizem que os métodos são classificatórios para medir o aluno

isso porque eles trabalham tentando construir o conhecimento, mas no final de cada

trimestre é necessário dar a nota por isso reclamam do método e isso justifica essa

contradição.

Desta forma, há um longo caminho a ser percorrido até que haja uma

convergência para se chegar a um denominador comum, assim o aluno vai

aprender de verdade sem ser preciso medi-lo, julgá-lo e para isso é necessário

esforço não só dos professores, mas toda a comunidade escolar.

4.2.3. Nota x Aprendizagem

Percebeu-se através da entrevista semi-estruturada, que quando

perguntados, se a nota mostra o que o aluno aprendeu, a maioria dos professores e

pais acham que a nota sozinha não mostra, mas que é necessário analisar outros

aspectos. Vejamos algumas falas:

PA (5) Não o aluno tem várias formas de mostrar o que sabe, e cabe ao professor questionar e tentar descobrir a melhor. P (1) Nem sempre. Sabemos que o ser humano é movido por sentimentos que mudam e que interferem num momento de avaliação. Sendo assim, um aluno pode ser prejudicado em algum momento. Como também pode tirar uma boa nota, colando em uma prova “boa nota” não aprendeu.

P (3) Não, a nota é somente um requisito obrigatório, os métodos avaliativos geralmente são falhos.

Nesses depoimentos fica evidente que os educadores e pais, possuem

conhecimento para entender seus alunos e filhos, pois sabem que existem muitas

coisas que podem interferir na hora de uma avaliação.

Page 50: Monografia Célia Pedagogia 2010

50

Recorrendo a Nunes (2000) quando ela aborda que a nota somente não

expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem

saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização. Assim sendo cabe ao

professor mostrar ao aluno que a nota é necessária, porém unida ao conhecimento.

Só a nota não adianta, pois só através desse conhecimento ele conseguirá progredir

não apenas na sala de aula, mas na sua vida.

Vejamos outra fala:

P (2) Sim, desde que ela aponte para a busca do melhor do educando.

Nesta fala, percebe-se que a prática não é mais adequada, pois o educador

acha, que se o aluno aprendeu vai tirar notas altas desde que o professor questione

para o que o aluno tem de melhor, porém é difícil essa colocação deste educador,

pois mesmo direcionando para melhora do aluno, é necessário levar em conta, que

mesmo este melhor do aluno que a professora comentou pode ser afetado pelo fator

emocional ou outros fatores, pois sabemos que de acordo com Rego apud Vygotsky

(1995, p.120-121), [...] “o Homem como um ser que pensa, raciocina, deduz e

abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona, deseja, imagina e se

sensibiliza”.

Desta forma, muitas vezes o aluno sabe o conteúdo e vai mal na avaliação

por algum motivo. Isso significa que se deve sanar primeiro esses problemas, para

depois avaliá-lo.

Deve-se lembrar que o educador tem que tentar fazer o aluno entender que

ele deve prestar atenção na aula para adquirir conhecimentos, sabedoria, e não para

tirar notas altas, pois se o professor diz que quem tira notas altas aprendeu, o aluno

vai perder a vontade de estudar para aprender, pois vai notar que se “colar” vai tirar

boas notas e todos irão achar que ele é um ótimo aluno. Isso é péssimo não só para

os alunos, mas para o sistema educacional.

Page 51: Monografia Célia Pedagogia 2010

51

A maioria dos pais, também acha que a nota sozinha não diz nada, deixando

bem claro que o respeito e o comportamento têm que ser avaliados. Segue outras

falas:

PA (2) Eu acho que não é só a nota, é também saber respeitar os professores, ser educado com os colegas e prestar atenção nas aulas

PA (4) Não, somente o professor pode fazer avaliação do seu comportamento dentro da sala de aula.

Através das falas, percebe-se que os pais acham que a educação com os

professores e colegas é importantíssimo e consideram que são fatores que devem

constar na avaliação, e é provável que os educadores não esqueçam destes itens

na hora de avaliar, pois só com todos métodos em consonância com a concepção

adotada pela escola, enquanto diagnóstica, processual é que a avaliação vai chegar

onde todos esperam, formando alunos construtores de conhecimento.

Page 52: Monografia Célia Pedagogia 2010

52

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho discutiu-se as várias faces da avaliação e seus métodos,

mostrando como os educadores avaliam, e como o aluno compreende a utilidade do

saber e do conhecimento.

Buscou-se debater sobre este assunto através dos depoimentos dos

educadores, alunos e pais, questionando a compreensão que os mesmos tem da

avaliação no Ensino Fundamenta I.

A pesquisa demonstrou que os educadores compreendem o processo da

avaliação, porém estão em busca de fazer da avaliação um processo de construção

do conhecimento. Pois os métodos por mais que se inovem com trabalhos e

pesquisas ainda estão muito ligados a classificar o aluno e não a qualificar o mesmo.

Neste aspecto o sistema educacional poderia sugerir discussões e possíveis

mudanças sobre a avaliação, elencando seus pontos positivos e negativos.

Com base nessa abordagem, pudemos entender que o professor não deve se

prender somente a uma forma avaliativa, pois existem várias maneiras de avaliar;

cada aluno é único e se identificará com um método avaliativo. Cabe ao educador

ajudar o aluno a ser capaz de distinguir o verdadeiro significado da avaliação e como

a mesma pode contribuir para seu desenvolvimento.

A avaliação deve ser vista como um instrumento que auxilia a aprendizagem.

Enquanto a avaliação tiver um significado “ameaçador” por ter que adquirir uma

nota, a mesma nunca chegará ao objetivo proposto que é ser um processo de

construção do conhecimento. Os professores devem tentar fazer o aluno entender o

que é avaliar e para que serve a avaliação; assim, chegarão a uma educação mais

qualitativa e menos quantitativa.

Esta pesquisa não se encerra neste trabalho, pois, poderá incentivar

pesquisadores e educadores para colaborar nas discussões e prováveis

Page 53: Monografia Célia Pedagogia 2010

53

transformações e ressignificações da avaliação como auxiliador dos conhecimentos

adquiridos na prática pedagógica.

Nota-se que o conhecimento adquirido anteriormente não foi em vão, pois

contribuiu e muito para a aquisição deste novo conhecimento muito mais amplo e

complexo e desta forma nos mostra como é significativo estarmos sempre em busca

de novos saberes para assim concebermos a avaliação como um processo de

construção de conhecimento.

Page 54: Monografia Célia Pedagogia 2010

54

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Chico. Educação no Brasil: Um Breve Olhar sobre o nosso lugar: Educar na Esperança em tempos de desencanto. Petrópolis: Editora Vozes, 2005.

BARBOSA, J. C. Pesquisa em Educação matemática: a questão de cientificidade e dos métodos. Rios Claros: 2002.

BRASIL. Lei nº 9.394 das Diretrizes e Bases da Educação. 20 de dezembro de 1996.

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para formação de professores. Brasília, 1999.

BRANDÃO, Z. A Dialética na sociologia da educação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.113, p. 153-165, jul. 2001.       

BOGDAN; R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Editora Porto, 1998.

BOCK, Ana M. Bahia, FURTADO, Odair& TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias - uma introdução ao estudo de psicologia. SP. Saraiva, 1999

BURKE Tomas Joseph. O professor revolucionário: da pré-escola á universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

CORTESÃO, Luísa TORRES, Maria Arminda. Avaliação Pedagógica I - Insucesso escolar. 4ª edição. Editora Porto: 1990. (Coleção Ser Professor)

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática. 1997.

FARIA, Ernesto. Dicionário escolar latino-português. MEC, 1962.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa: 2ª edição. Revisada e aumentada. São Paulo-SP: Nova Fronteira, 1986.

FLETCHER, P. R. À procura do ensino eficaz. Relatório técnico. Brasília: MEC-DAEB. 1998.

FORQUIN, Jean Claude. Escola e cultura: as bases sociais epistemológicas do conhecimento escolar; tradução de Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.

Page 55: Monografia Célia Pedagogia 2010

55

KLEIN, Ruben "Produção e Utilização de Indicadores Educacionais", 2ª ed. Atlas. São Paulo. (1995).

LEWIS, Charlton; SHORT, Charles. A Latin dictionary. Oxford: Clarendon Press, 1879.

LIMA, João do Rozário. A Importância Da Avaliação No Ensino Fundamental. Disponível em: http://www.webartigos.com . Acesso em 16 julho de 2010.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: Estudos e Preposições. 8ª edição, São Paulo: Cortez, 1998.

LUDKE, M e ANDRÈ, Marli E. de Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de Educação e Ensino)

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho cientifico; procedimentos básico , pesquisa bibliográfica, projeto e relatórios , publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1996.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Atlas, 1986.

MORALES, Pedro. Avaliação Escolar: o que é, como se faz. Editora: Loyola, 2006

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 3ª ed. São Paulo: Cortez: Brasília, DF: Unesco, 2005.

NÉRICI, I. G. Metodologia do ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1977.

NUNES, S. A. Avaliação e Inclusão. Revista Mundo Jovem. Porto Alegre, nº. 310, p.4, set/2000.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho – imagem e representação. Tradução Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.

RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos Tempos Novas Práticas. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2003.

RAÍZES; ASAS, Coleção. São Paulo: CENPEC- Centro de Pesquisa para Educação e Cultura.

REGO, T. C. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 4ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.. SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMEZ. A. I. Perez. Compreender e transformar o ensino.Tradução de Enarni F. Fonseca Rosa.4ª edição.Porto Alegre: Artmed, 2000.

Page 56: Monografia Célia Pedagogia 2010

56

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987

VYGOTSKY, Lev. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins fontes, 1995

WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.

Page 57: Monografia Célia Pedagogia 2010

57

APÊNDICES

Tempo de Serviço

Tempo de Serviço na

Escola

Regime de

trabalho

Graduação Carga Horária

Série que atua

Page 58: Monografia Célia Pedagogia 2010

58

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus VII

Senhor do Bonfim- Ba

PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO

Fonte:PPP da escola

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus VII

Senhor do Bonfim-Ba

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

PROFESSORES

Page 59: Monografia Célia Pedagogia 2010

59

1-O que entende por avaliação?

2- Você avalia seus alunos? Como?

3- Muitos estudiosos dizem que: “quando avaliamos, estamos julgando o aluno”.

Você concorda? Justifique sua resposta.

4- Como define os métodos avaliativos atuais?

5-Você acha que a avaliação mostra de fato o que o aluno aprendeu? Comente.

6- Segundo DEMO (1994), “se avalio, devo ser avaliado”, você acha que os alunos

têm o direito de avaliar seus professores? Comente.

7- Quais as dificuldades que você encontra em avaliar os alunos?

8- Você acha que a avaliação deve mudar? Em que aspectos?

9-Para você a avaliação classifica ou qualifica o aluno?Justifica-se.

10- A avaliação pode causar baixa - estima ansiedade entre outros problemas? Por

quê?

11- Como a escola organiza o processo avaliativo: semanas de

provas... Comente.

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus VII

Senhor do Bonfim-Ba

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

PAIS

Page 60: Monografia Célia Pedagogia 2010

60

1- O que você entende por avaliação?

2- O que você acha das avaliações feita nos dias atuais?

3- Você tem conhecimentos dos métodos utilizados para avaliar seu (a) filho (a) na

escola? Quais?

4- Seu (a) filho (a) reclama das avaliações feitas em sala de aula? Comente?

5- Você já questionou o professor e seu filho sobre o significado da avaliação? Por

quê?

6- Você acha que somente a nota mostra que seu (a ) filho (a) aprendeu em sala de

aula? Justifique.

7- Seu filho (a) fica angustiado, nervoso ou com baixa – estima quando “vai mal” em

uma avaliação? Comente.

8- Acontecem semanas de provas para seu filho (a)?

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus VII

Senhor do Bonfim-Ba

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

ALUNOS

Page 61: Monografia Célia Pedagogia 2010

61

1-Você gosta de ser avaliado?

2- Você fica nervoso quando é avaliado? Por quê?

3- Sua professora já te explicou para que serve a avaliação? O que ela falou?

4- Sua professora já pediu para você avaliá-la? Como?

5- E você gostaria de dar uma nota a ela? Por quê?

6- Como acontecem as suas avaliações? São provas, testes, trabalhos,

participação...