monografia: benefÍcios da musicoterapia durante o parto normal

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Universidade Cruzeiro do Sul/SP Centro de Pós-Graduação MONOGRAFIA COM PESQUISA DE CAMPO BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL MAYRA CRISTINA DA LUZ PÁDUA Pesquisa de Campo apresentada a Universidade Cruzeiro do Sul como exigência parcial do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica SÃO PAULO Campus Liberdade 2010

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MONOGRAFIA COM PESQUISA DE CAMPO MAYRA CRISTINA DA LUZ PÁDUA O objetivo deste trabalho foi avaliar, através de uma pesquisa de campo, a satisfação e os benefícios apontados pelas entrevistadas com a utilização da técnica de musicoterapia plicada durante a realização do parto normal. A pesquisa foi aplicada no período de 29 de junho a 30 de julho de 2011,no Hospital Stella Maris de Caraguatatuba/SP, com analise de 50 (cinquenta) mulheres, escolhidas ao acaso.

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Page 1: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

Universidade Cruzeiro do Sul/SP

Centro de Pós-Graduação

MONOGRAFIA COM PESQUISA DE

CAMPO

BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

MAYRA CRISTINA DA LUZ PÁDUA

Pesquisa de Campo apresentada a Universidade Cruzeiro do Sul como

exigência parcial do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica

SÃO PAULO – Campus Liberdade

2010

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MONOGRAFIA COM PESQUISA DE CAMPO

BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar, através de uma pesquisa de campo, a

satisfação e os benefícios apontados pelas entrevistadas com a utilização da

técnica de musicoterapia aplicada durante a realização do parto normal.

A pesquisa foi aplicada no período de 29 de junho a 30 de julho de 2011, em um

hospital localizado no município de Caraguatatuba/SP, com analise de 50

(cinquenta) mulheres, escolhidas ao acaso, segundo as variáveis: idade, estado

civil, escolaridade, renda, paridade, aspectos relacionados à preparação prévia

para o parto (realização de pré-natal, cursos, programação do parto); e,

finalmente, a percepção quanto ao resultado da musicoterapia.

Os resultados obtidos, como se verá ao longo do trabalho, apontam para

benefícios representativos alcançados durante o trabalho de parto, como o alívio

da dor durante as contrações, auxílio na diminuição da tensão e do medo e

ambientalização da parturiente no hospital. Em contrapartida, os custos

envolvidos podem ser considerados mínimos, gerando uma apreciável relação

custo/benefício para a implementação e abrangência da técnica.

Palavras-chave: Musicoterapia, parto normal, parto humanizado.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

2. PROPOSIÇÃO ................................................................................................... 7

3. MATERIAL E MÉTODO ..................................................................................... 8

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 10

5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 20

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 21

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1. INTRODUÇÃO

A expressão “as dores do parto” tem retrato ao longo da história situações

de extrema angústia e sofrimento. São tidas como uma das maiores dores

suportáveis pelo ser humano, quiçá a maior.

A própria Bíblia utiliza a expressão como sinônimo de intensa instabilidade,

conturbações e até guerras que, neste caso, precederão o “nascer” de uma nova

etapa para a humanidade:

"Quando ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos alarmeis: é preciso que aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino. E haverá terremotos em todos os lugares, e haverá fome. Isso é o princípio das dores do parto"

(Marcos 13:7).

Visitando alguns importantes trabalhos de enfermagem obstétrica,

observamos que Silva (2006) afirma que o temor e a insegurança da gestante

diante do parto vêm desde os tempos mais remotos. Já Ziegel (1986) descreve a

idéia pré-concebida da gestante sobre o parto, de como será esta sua

experiência, pois a cultura popular aceita o fato de a parturição ser dolorosa e

com sofrimento.

Existem fatores que contribuem para causar esse medo, como o poder da

sugestão, já que as mulheres são condicionadas negativamente sobre o parto,

desde a infância, por meio de comentários da família, mulheres de convívio que

passaram por essa experiência e, às vezes, até dos profissionais de saúde, que

ressaltam o sofrimento do parto (BRASIL, 2001).

Com a perspectiva do parto humanizado observam-se mudanças

relacionadas às técnicas aplicadas no processo de nascimento que auxiliam a

mulher durante o trabalho de parto, dando a ela a oportunidade de escolher a

Page 5: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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melhor forma de dar à luz. A presença do acompanhante e os métodos não

farmacológicos para alívio da dor, entre eles: banhos terapêuticos, massagens,

musicoterapia, exercícios na bola, ou seja, técnicas usadas de forma inovadora

para a mulher e seus familiares neste momento singular de suas vidas (SILVA,

2006).

No presente trabalho, buscou-se pesquisar os resultados da aplicação de

uma destas ferramentas, a musicoterapia, em um grupo de puérperas de um

Hospital localizado no litoral norte do Estado de São Paulo.

Como oportunamente observado por Tabarro, et al (2009), em diversas

circunstâncias tem-se notado que o uso de medicamentos tem trazido, não raro,

mais prejuízos do que benefícios às pessoas. E isto acontece, particularmente, na

situação de trabalho de parto, uma vez que se trata de um fenômeno fisiológico,

podendo, na maior parte dos casos, terem um desfecho natural.

O emprego da música tem baixo custo e fácil aplicabilidade, além de ser

uma modalidade de cuidado não farmacológico e não invasivo.

Um dos pioneiros nesta área (BAÑOL, 1993) relaciona uma série longa de

benefícios auferidos pela música, dos quais podem ser destacados alguns de

interesse para este trabalho:

Torna mais lenta e profunda a respiração

Aumenta a resistência às excitações sensoriais

Combate o estresse

Permite o domínio das forças afetivas e

Auxilia no bom funcionamento da fisiologia

Backes (2003) reitera esta idéia, afirmando que a música é considerada

instrumento capaz de minimizar a angústia, a ansiedade, a tensão, o estresse e o

medo; capaz de gerar relaxamento, aumentar o nível de energia e o humor;

resultando em uma redução do ritmo cardíaco e do esforço respiratório,

culminando no alívio da dor.

Page 6: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Tendo como motivação estes e outros benefícios mencionados por um

relevante número de autores, este trabalho buscou pesquisar a aplicação prática

da utilização da musicoterapia como ferramenta do processo de humanização do

parto.

Para cumprir este propósito, foi elaborado um questionário com as

variáveis descritas no capítulo 2 - Proposição. O grupo de perguntas selecionadas

visa levantar qual a percepção das puérperas entrevistadas quanto ao resultado

do método (musicoterapia) e se houve um planejamento prévio com o intuito de

otimizar a aplicação do mesmo.

Além disso, um conjunto inicial de perguntas busca caracterizar o perfil das

entrevistadas, comparando-o sempre que possível com o perfil nacional e/ou

regional. A partir destas comparações, pode-se observar se a amostra

selecionada é representativa não apenas do ponto de vista quantitativo, mas

também sob o aspecto qualitativo.

O Material e o Método utilizados encontram-se descritos no capítulo 3,

onde se descrevem dados importantes, tais como o local e o período de

realização da pesquisa; a definição da amostra selecionada; e o modelo de

questionário utilizado.

Todos os resultados estão organizados em formato de tabelas,

devidamente comentadas e analisadas ao longo do capítulo 4 - Resultados e

Discussão. Nesta etapa, os dados começam a ser transformados em informações

úteis e elucidativas.

Na parte final encontram-se a Conclusão da autora com base nas

informações levantadas e nas análises realizadas, além dos devidos créditos aos

autores citados ao longo do trabalho (Bibliografia).

Page 7: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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2. PROPOSIÇÃO

Esta pesquisa foi baseada em entrevistas realizadas com puérperas que

tiveram seu filho através de Parto Normal Humanizado com Musicoterapia em um

Hospital no município de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, com

objetivo de obter a opinião das mesmas quanto aos benefícios desta técnica.

As seguintes variáveis foram utilizadas para a realização da pesquisa:

a) Faixa etária

b) Estado civil

c) Grau de instrução

d) Condições sócio-econômicas

e) Paridade

f) Realização de Pré- Natal

g) Participação de cursos para gestantes

h) Amamentação na primeira hora de vida do RN

i) Benefícios da musicoterapia durante o trabalho de parto

j) Planejamento sobre a via de parto e evolução do trabalho de parto

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3. MATERIAL E MÉTODO

A pesquisa foi realizada no período de 29 de junho a 30 de julho de 2011,

no Hospital Stella Maris, localizado na região central do município de

Caraguatatuba. Trata-se de uma instituição filantrópica, fundada em 1952 e

caracterizada por um atendimento preponderantemente – cerca de 90% do total –

realizado através do Sistema Único de Saúde (SUS).

A amostra utilizada foi constituída por cinquenta mulheres que tinham

parido recentemente, através de parto natural, onde foram empregados recursos

de musicoterapia.

A coleta de dados foi baseada no questionário abaixo:

1) Idade: ____

2) Estado civil?

( ) solteira

( ) casada

( ) outros

3) Qual sua escolaridade?

( ) analfabeta

( ) ensino fundamental incompleto

( ) ensino fundamental completo

( ) ensino médio incompleto

( ) ensino médio completo

( ) ensino superior incompleto

( ) ensino superior completo

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4) Qual sua renda familiar atual?

( ) 1 a 4 salários mínimos

( ) 4 a 6 salários mínimos

( ) 6 a 25 salários mínimos, ou acima disso

5) Quantos filhos têm? _________

6) Você realizou pré-natal?

( ) sim

( ) não

7) Durante a gestação participou de curso para gestantes, ou grupo de

gestantes?

( ) sim

( ) não

8) Amamentou seu filho ainda na sala de parto?

( ) sim

( ) não

9) O que mudou pra você, quando foi colocada música para você escutar

durante o parto?

( ) diminuição da dor

( ) me acalmei

( ) não gostei

10) O parto normal humanizado com musicoterapia foi programado por você?

( ) sim

( ) não

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As tabelas obtidas a partir dos resultados contidos nos questionários, com

suas respectivas análises, encontram-se relacionadas a seguir:

Tabela I

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados, segundo a faixa

etária:

Faixa etária N.º %

16 ¬ 20 9 18,00

20 ¬ 23 11 22,00

23 ¬ 26 19 38,00

26 ¬ 29 7 14,00

29 ¬ 32 2 4,00

32 ¬ 35 2 4,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

Ao analisar a Tabela I começamos a caracterizar a amostra utilizada na

pesquisa. Observa-se que a maior parte das puérperas entrevistadas encontra-se

na faixa etária entre 23 e 26 anos. Nesta faixa, que conta com 19 entrevistadas,

situam-se 38,00% do total de participantes. Em seguida destaca-se a faixa de 20

a 23 anos, com 11 ocorrências. Em outras palavras, 60,00% (mais da metade)

das entrevistadas possuíam entre 20 e 26 anos.

Por outro lado, a menor frequência é observada nas faixas de 29 a 32 e de

32 a 35 anos, ambas com 2 entrevistadas cada, totalizando 8,00% do total.

Tratando-se estatiscamente os dados acima, podemos concluir que a idade

média das entrevistadas foi de 24,19 anos, com um desvio padrão de 3,85.

Page 11: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Observa-se que é um valor inferior à idade média de fecundidade

registrada no Estado de São Paulo em 2009, que foi de 27,10 anos, conforme

dados disponibilizados pelo Instituto SEADE, da Secretária de Planejamento e

Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo.

Tabela II

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o

estado civil:

Estado civil N.º %

Solteira 15 30,00

Casada 29 58,00

Outros 6 12,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

A Tabela II apresenta a distribuição das entrevistadas em termos do estado

civil. Observa-se que a maior parte delas, 29 mulheres ou 58,00%, declarou-se

casada, enquanto que 30,00% disseram-se solteiras.

Tabela III

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a

escolaridade:

Escolaridade N.º %

Analfabeta - -

Fundamental incompleto 11 22,00

Fundamental completo 15 30,00

Médio incompleto 7 14,00

Médio completo 10 20,00

Superior incompleto - -

Superior completo 7 14,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

Page 12: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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A Tabela III mostra a escolaridade. Podemos observar que a maior parte

das entrevistadas possui níveis de ensino relativamente baixos: 30,00% possuem

o ensino fundamental completo, enquanto que 22,00% sequer conseguiram

concluí-lo. Em contrapartida, nenhuma das entrevistadas é analfabeta.

Praticamente um terço da amostra possui ensino médio completo ou

incompleto, com percentuais de 20,00% e 14,00%, respectivamente. A parcela de

entrevistadas que apresenta ensino superior restringe-se a 14,00% do total.

Para analisar estes resultados, é preciso observar que o Hospital onde a

pesquisa foi realizada possui um atendimento misto, mas preponderantemente

público. Aproximadamente 90,00% dos atendimentos nesta instituição ocorrem

através do SUS (Sistema Único de Saúde) e 10,00% são provenientes de

particulares e/ou convênios. Contudo, a amostra foi realizada exclusivamente com

pacientes do primeiro grupo (SUS).

Cabe observar ainda que a maior taxa de fecundidade dentre as mulheres

com menor grau de instrução também é ocorre no restante do país, como fora

divulgado pelo IBGE, na Síntese dos Indicadores Sociais de 2010, como ilustra o

gráfico a seguir.

Distribuição percentual das taxas de fecundidade das mulheres de 15 a 50 anos de idade, por anos de estudo, no Brasil – 2009

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009.

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Tabela IV

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a renda

familiar:

Renda familiar N.º %

1 a 4 salários mínimos 4 8,00

4 a 6 salários mínimos 35 70,00

6 ou mais salários mínimos 11 22,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

No que se refere à renda familiar, notamos na Tabela IV que 35 casos, ou

70,00% do universo pesquisado, possuem renda familiar na faixa de quatro a seis

salários mínimos. De acordo com algumas entidades que buscam classificar a

população em termos de renda, como a ABEP1, por exemplo, esta faixa

corresponderia a Classe C. Este perfil está diretamente relacionado à atuação do

Hospital onde a pesquisa foi realizada, onde prevalece o atendimento via SUS.

Em 11 casos (22,00%), foram informadas rendas familiares acima de seis

salários mínimos, enquanto que apenas 4 pessoas (8,00%) mantiveram-se na

faixa abaixo de quatro salários mínimos.

Tabela V

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o

número de filhos:

Número de filhos N.º %

1 (primeiro filho) 10 20,00

2 16 32,32

3 18 36,00

4 ou mais 6 12,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

1 ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

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A Tabela V trata da paridade ou número de filhos. Seus dados mostram

que, no grupo pesquisado, predominam as mulheres que têm três filhos, com 18

casos (36,00%). Porém, as entrevistadas que possuem dois filhos não ficam

muito atrás, nos revelando 16 casos (32,00%), seguidas pelas mães de “primeira

viajem”, com 10 casos (20,00%). Apenas em 6 casos (12,00%), as entrevistadas

possuíam quatro o mais filhos.

Analisando-se esta tabela em conjunto com a Tabela III, observamos a

inter-relação já evidenciada em todo o país através da Síntese de Indicadores

Sociais, divulgada pelo IBGE em 2010, donde se extraiu a seguinte observação:

“Mesmo dentro de uma mesma região, as mulheres com até 7 anos de estudo chegam a ter, em média, quase o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo”.

Tabela VI

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo

realização de pré-natal durante a gestação:

Realizou pré-natal N.º %

Sim 41 82,00

Não 9 18,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

A Tabela VI revela que na maior parte dos casos pesquisados, a puérpera

havia realizado pré-natal. Apenas nove entrevistadas, o que corresponde a

18,00% do total, afirmaram não terem realizado o pré-natal durante a gestação.

Este dado é relevante, pois, como afirmam Schneider e Ramires (2007), O

pré-natal constitui uma forma segura de prevenção para a gestante, bem como

para o feto e por isso é considerado uma eficaz medida preventiva, visando a

preservação da saúde física e mental da grávida e a identificação das alterações

próprias da gravidez que possam repercutir nocivamente sobre o feto.

Page 15: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Durante as consultas de pré-natal também já podem ser planejados

aspectos da evolução do parto, incluindo a opção pela utilização da ferramenta de

musicoterapia.

Tabela VII

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a

participação em cursos de gestante:

Participou de curso N.º %

Sim 12 24,00

Não 38 76,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

Se a tabela anterior demonstrou que grande parte das gestantes já realiza

um trabalho de pré-natal, os dados da Tabela VII evidenciam uma oportunidade

de melhoria quanto à participação em cursos de gestantes. Neste item, a maioria

das entrevistadas, o equivalente a 76,00%, não participaram do curso

supracitado, demonstrando a necessidade de uma maior disseminação desta

ferramenta na região pesquisada.

Tabela VIII

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo início

da amamentação ainda em sala de parto:

Amamentação na sala de parto

N.º %

Sim 46 92,00

Não 4 8,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

Page 16: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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A Tabela VIII nos mostra que 46 das 50 entrevistadas iniciaram o

aleitamento materno ainda na sala de parto e apenas 4 casos (8,00%) iniciaram

após primeira hora de vida do recém-nascido.

Tabela IX

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a sua

opinião sobre a musicoterapia:

Opinião sobre a musicoterapia

N.º %

Não gostou 5 10,00

Diminuição da dor 26 52,00

Ficou mais calma 19 38,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

Finalmente, a Tabela IX apresenta a sensibilidade das puérperas frente ao

tema que é objeto deste trabalho, qual seja a percepção das entrevistadas frente

aos possíveis benefícios da utilização do recurso da musicoterapia durante seu

parto.

Os resultados em tela demonstram que 26 indivíduos, ou pouco mais da

metade da amostra pesquisada (52,00%), relataram sentir uma diminuição da

dor após iniciada a musicoterapia durante o trabalho de parto.

Outras 19 entrevistadas, o equivalente a 38,00% do total, disseram se

sentir mais calmas com a ferramenta, ao passo que apenas em 5 casos

(10,00%), a sensação não foi positiva.

Page 17: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Tabela X

Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o

planejamento da evolução do parto:

Parto humanizado com musicoterapia programado

N.º %

Sim 12 24,00

Não 38 76,00

TOTAL 50 100,00

Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP

A Tabela X evidencia que a questão do planejamento do parto normal

humanizado com musicoterapia ainda é muito incipiente, apesar de já existir.

Em 38 dos 50 casos pesquisados, ou seja, 76,00%, não houve um

planejamento prévio. Nestes casos, a ferramenta foi utilizada por iniciativa dos

profissionais do Hospital. Com as outras 12 participantes, observou-se que houve

uma etapa de planejamento.

Page 18: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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5. CONCLUSÃO

Durante esta pesquisa foi possível observar indícios dos benefícios que

ferramentas de humanização do parto, tal como a musicoterapia, poderá

proporcionar às mulheres, mediante pequenos investimentos econômicos aliados

a um planejamento prévio e focado.

Conforme descrito na proposição, buscou-se caracterizar o perfil da puérpera

entrevistada através de um conjunto de perguntas previamente selecionadas.

Compilando as informações obtidas e discutidas ao longo do capítulo 4, pode-se

concluir que a maior parte das entrevistadas possui as seguintes características:

idade entre 23 e 26 anos, casada, com grau de instrução relativamente baixo

(ensino fundamental completo), pertencente à “Classe C” (renda média familiar de

4 a 6 salários), com dois ou três filhos. Ainda podemos considerar que esta jovem

mulher realizou pré-natal.

No que se refere à renda familiar, que acaba por estar muito associada ao

grau de instrução, é preciso frisar o perfil de atendimento do Hospital onde a

pesquisa foi realizada. Conforme mencionado no capítulo 3, trata-se de uma

instituição filantrópica, com atendimento preponderantemente realizado através

do SUS (aproximadamente 90%), sendo que todas as entrevistadas utilizaram-se

deste serviço público para realizarem seus partos.

Por último, ao considerarmos o dado referente à realização de pré-natal,

podemos observar que o alto índice de adesão verificado na pesquisa da autora

possui respaldo nos dados divulgado pelo SEADE em 2009, conforme pode ser

visualizado nas comparações gráficas abaixo.

Page 19: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Relização de Pré-Natal

Estado de São Paulo (SEADE, 2009)

Sim

76,61%

Não

23,39%

Realização de Pré-Natal

Pesquisa da autora (2011)

Não

18,00%

Sim

82,00%

Com base nestas análises, considera-se que a amostra selecionada pela

autora encontra-se alinhada com a realidade regional e nacional, possuindo desta

forma um aspecto qualitativo razoável para consideração de seus resultados.

Também sob o ponto de vista quantitativo, considera-se que o tamanho da

amostra (50 mulheres) foi satisfatório. Pois bem, partindo-se do pressuposto que

a amostra é representativa, deparamo-nos com dois dados preocupantes e que

ao mesmo tempo oferecem-nos uma boa oportunidade de melhoria: o perfil de

mulher detectado na pesquisa não participa de cursos para gestantes e não

planejou um parto humanizado.

Infere-se que neste detalhe encontra-se a possível razão para 10% dos

casos pesquisados terem informado que “não gostaram” da musicoterapia.

Page 20: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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Ainda que a ampla maioria das participantes (90%) tenha apresentado boa

aceitação à musicoterapia, declarando benefícios relacionados principalmente à

redução da dor e a uma maior sensação de tranquilidade, a autora considera que

uma fase de planejamento prévio, onde a gestante possa participar efetivamente

da seleção das músicas a serem utilizadas, pode potencializar consideravelmente

os resultados obtidos.

Por outro lado, cabe ressaltar dois aspectos que validam ainda mais os

depoimentos das puérperas: a paridade e a forma como a musicoterapia foi

implementada durante a pesquisa.

Quanto à paridade, observa-se que 80,00% das entrevistadas (Tabela V),

já possuíam um ou mais filhos antes do parto monitorado. Donde se conclui que

as mesmas possuíam parâmetros consistentes para avaliar uma possível redução

da dor e/ou sensação de tranquilidade.

Soma-se a isto o fato da música ter iniciado cerca de trinta minutos após o

início do trabalho de parto nos casos estudados. Neste caso, o parâmetro para

avaliação encontra-se ainda mais próximo.

Além dos benefícios mencionados de forma direta pelas pacientes,

observa-se que a redução da dor e a maior tranquilidade obtidas com o processo

podem ter refletido positivamente no percentual de puérperas que conseguiram

amamentar ainda na sala de parto, ou seja, na primeira hora de vida do RN. Este

grupo chegou a expressivos 92,00% do total de entrevistadas.

Page 21: Monografia: BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 2009. 74p. Mestrado em

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