monografia- avaliação da aprendizagem para além de provas e testes
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Trabalho de conclusão de curso- PedagogiaTRANSCRIPT
LUCIENE DA SILVA
AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM PARA ALÉM DA
CLASSIFICAÇÃO
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do titulo de graduação em Pedagogia apresentado à Faculdade Nossa Senhora Aparecida – FANAP
Orientador(a): Profª. Nelma Roberto Gonçalves
Mendes.
APARECIDA DE GOIÂNIA
2014
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LUCIENE DA SILVA
AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM PARA ALÉM DA
CLASSIFICAÇÃO
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do titulo de graduação em Pedagogia apresentado à Faculdade Nossa Senhora Aparecida – FANAP
Aprovado em:
Banca Examinadora:
Ma. Mariângela Ricardo Alves Moreira 18_/_06_/2014
Professora Leitora:
Nelma Roberto Gonçalves Mendes 18 / 06 / 2014
Professora Orientadora
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por permitir que eu venha a realizar uma etapa tão
importante da minha vida.
À professora Nelma Roberto Gonçalves Mendes pelo apoio e orientação desta monografia
e conclusão de curso.
A todos os professores que contribuíram para a minha formação acadêmica.
Ao meu amado noivo Fábio Rocha de Araújo que de forma especial e carinhosa me
incentivou e perseverou ao meu lado no decorrer destes quatro anos de curso.
Aos meus pais Alderico Rosa da Silva e Maria Santa Emídia de Sá e Silva a quem eu rogo
todas as noites pela minha existência.
Manifesto minha gratidão às pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho.
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O educador democrático não pode negar-se o
dever de, na sua prática docente, reforçar a
capacidade crítica do educando, sua
curiosidade, sua insubmissão.
Freire, 1996, p. 13
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RESUMO
Avaliar a aprendizagem escolar dos alunos nos dias atuais requer estudos e uma
tomada de decisão em relação à sua funcionalidade. Por não ser uma parte isolada do
processo, a avaliação não deve objetivar somente a classificação dos alunos mediante a
atribuição de notas. Por essa razão é necessário que o professor conheça outras formas de
avaliar a aprendizagem de maneira a cumprir os critérios ressaltados na Lei das Diretrizes e
Bases da Educação que faz prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos.
Palavras-chave: Avaliação Escolar, Classificação, Notas, Ensino-Aprendizagem.
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ABSTRACT
Assess student learning in school today requires studies and a decision regarding their
functionality. Why not be an isolated part of the process, the evaluation should not only aim
to classify students by assigning grades. For this reason it is necessary that the teacher
knows other ways to assess learning in order to fulfill the criteria highlighted in the Law of
Guidelines and Bases of Education that makes prevalence of qualitative aspects of the
quantitative.
Key words: School, Ratings, Notes, Teaching and Learning Assessment.
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Sumário
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................8
1. 0- AVALIAÇÃO HISTÓRICO E CONCEITOS……………………………………………….....9
1.1- Histórico da avaliação no Brasil. ..................................................................................... 9
1.2- Avaliação e os Diferentes Conceitos e Pensamentos. .................................................. 12
1.3- Modalidades de Avaliação....... ..................................................................................... 14
2.0 – AVALIAÇÃO ESCOLAR .............................................................................................. 17
2.1 - Avaliação da Aprendizagem na prática escolar e suas características ........................ 17
2.2 - Instrumento de verificação do rendimento escolar ....................................................... 20
2.3- O papel do professor como mediador no processo de ensino-aprendizagem................29
3.0 – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E SUAS POSSIBILIDADES ................................ 30
3.1- O êxito e o fracasso: A importãncia do erro na aprendizagem......................................31
3.2 Avaliação da aprendizagem além da classificação..........................................................33
3.3 Contribuições e sugestões para uma avaliação da aprendizagem satisfatória................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................38.
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................39
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo, levar o professor a refletir sobre a importância do ato de avaliar a aprendizagem, visto que esta não se limita à aplicação de provas e testes.
O tema escolhido possui grande relevância e interesse entre os profissionais da educação, pois quanto mais diversificado for os instrumentos utilizados para essa finalidade, mais dados os professores obterão para reorientar a sua prática de maneira a promover um bom aprendizado a todos.
No primeiro capítulo, é possível perceber um histórico do desinteresse em que a avaliação da aprendizagem era tratada; os diferentes conceitos e pensamentos sobre o ato de avaliar a aprendizagem e as três modalidades da avaliação e suas características.
No segundo capítulo, é enfatizada a avaliação escolar e suas características e também a diversidade de instrumentos avaliativos que o professor pode utilizar para contribuir com um melhor aprendizado dos alunos.
Dentre os instrumentos avaliativos citados, serão destacados os seguintes: Provas e testes (objetivos e descritivos); Observação (anedotário, ficha cumulativa, lista de verificação, auto-avaliação); Trabalho em grupo na sala de aula, recuperação, entrevista e ficha do aluno.
O último capítulo será contemplado com as possibilidades da avaliação, a importância do erro no processo de ensino-aprendizagem e como o professor pode trabalhar a avaliação para que ela não seja utilizada somente como função de classificação.
Agindo assim, o professor estará cumprindo o que estabelece na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional onde prioriza os aspectos qualitativos sobre os quantitativos na relação avaliação ensino-aprendizagem.
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1.0 - AVALIAÇÃO: HISTÓRICO E CONCEITOS:
Segundo Luckesi (2008) existem registros que apontam que antes mesmo de
serem utilizadas em colégios católicos de ordem jesuítica, a utilização de provas e
testes como forma de avaliação já vinha sendo utilizada por chineses que
selecionavam homens para o exército. (LUCKESI, 2008). Em 1549, com o ensino
jesuítico além de provas escritas fazia uso de provas orais que serviam para
aprovação dos alunos para a etapa seguinte de estudos. Os jesuíticos tinham uma
atenção especial com o ritual das provas e exames. Essas ocasiões eram
extremamente honrosas para eles, sejam pela rivalidade ou pelo insulto.
(DEPRESBITERIS apud GOMES, 2008).
Em 1930 Ralph Tyler, educador norte-americano defendeu a implantação de
vários procedimentos avaliativos que iriam além de testes escritos. (LUCKESI,
2008). Surgia então, o método Escolanovista. No final dos anos 80 e início dos anos
90, perceberam a necessidade de avaliar não somente o aluno, mas também os
professores, a gestão da escola dentre outros, visto não ser somente o aluno
responsável pelo seu rendimento escolar.
Segundo Libâneo (1994), a avaliação da aprendizagem tem por perspectiva
determinar a correspondência dos resultados obtidos juntamente com os objetivos
propostos para que haja uma tomada de decisão em relação aos conteúdos.
Saul (1998), diz que não devemos confundir o ato de avaliar com o simples fato
de atribuir notas em um determinado momento de análise, mas que este processo
vai além do rendimento escolar.
1.1 - HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO BRASIL
Nos dias atuais, muitos são os interesses dos profissionais da educação
sobre o tema avaliação da aprendizagem. Para melhor compreensão deste termo,
será analisado o seu contexto histórico no Brasil:
Por volta de 1549, os jesuítas chegaram ao Brasil com a intenção de
catequizar os índios. Criaram colégios que tinham como método de ensino as aulas
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expositivas e a memorização de conteúdos. Os alunos eram avaliados através de
provas escritas e orais, o que os permitiam ou não serem classificados para a etapa
seguinte de estudos. Para estimular aos estudos, os jesuítas utilizavam de
premiação para com os que sobressaíssem nos estudos e punição física para com
os que não conseguissem realizar o que era proposto. A forma de ensino
dessespovos era bem tradicional onde somente o professor era o detentor do saber
e os alunos recebiam o conteúdo de maneira não participativa de seu processo de
ensino aprendizagem. Não havia preocupação com a qualidade do ensino deles e
sim com a quantidade de conteúdos trabalhados. A educação imposta pela
companhia de Jesus não valorizava o pensamento crítico, era uma educação
considerada bancária onde cabiam aos alunos à mera reprodução de conteúdos.
(ARANHA, 2006). Sobre este tipo de educação, Freire (1987, p. 33) diz:
A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador”. Quanto mais va “enchendo” os seus recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tantos melhores educadores serão. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. (FREIRE, 1987, p. 33).
O professor era autoridade máxima na sala de aula e não permitia que os
alunos fizessem qualquer tipo de pergunta, pois transmitia o conhecimento de forma
expositiva. Os alunos precisavam estar completamente quietos e disciplinados para
que absorvessem o conhecimento que lhes era transmitido. Eram avaliados por
meio de verificações como atividades para casa, interrogatórios orais, provas e
testes. Quando não respondiam as atividades exatamente como lhes haviam sido
ensinados, os professores utilizavam de punição para com os mesmos. Esse tipo de
avaliação que, embora tenha tido início no período jesuítico, mas que permanece até
os dias atuais, tem uma única intencionalidade: medir o conhecimento do aluno.
(LIBÂNEO, 1999). Com o passar dos tempos, no final do século XIX, essa forma de
trabalhar a educação foi sendo grandemente criticada dando oportunidade para uma
nova forma de educar conhecida como Escolanovismo ou Pedagogia Renovada.
Nessa nova teoria, começaram a buscar diferentes metodologias que fizesse com
que o aluno tornasse participante do seu processo de ensino aprendizagem
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enquanto ao professor caberia a função de mediador do conhecimento. (SAVIANI,
2000). Os conteúdos eram relacionados às vivências de cada pessoa para que
pudessem aprender como solucionar situações problemas. Os métodos utilizados
para avaliar os alunos eram os métodos experimentais diversificados geralmente
realizados em grupos para um melhor desenvolvimento mental dos alunos.
Montessori apud Costa (2001, p. 307) acrescenta que:
... não é a de quatro paredes, entre as quais as crianças são confinadas, mas a de uma casa onde possam viver em liberdade para aprender e crescer. Essa ideia implica a necessidade de preparar para as crianças, um mundo seu, particular, onde elas possam encontrar atividades condizentes com seu desenvolvimento físico e mental. (MONTESSORI apud COSTA, 2001, p. 307).
O ambiente era um meio considerado bastante importante para o
desenvolvimento dos alunos, pois, para Lamoréa apud Costa (2001, p. 308),
deve ser um local espaçoso, silencioso e em contato com a natureza (árvores, flores, gramado). Os móveis devem ser acessíveis ao tamanho da criança: pequenas cadeiras, mesas, armários e utensílios de cozinha, ferramentas diversas etc, e leves para serem mudadas de local pela criança com facilidade. A sala de aula não é aquela tradicional: carteiras enfileiradas, crianças quietas, sentadas imóveis, professora em posição destaque na frente da classe, vigiando os alunos. Ao contrário, as crianças tem liberdade para se comunicarem e se movimentarem na sala, geralmente sentam-se em tapetes no local que acharem mais adequado. (LAMORÉA apud COSTA, 2001, p. 308).
Dessa forma, os alunos poderiam se socializar melhor com seus colegas
e também com o objeto de estudo ao qual estavam observando. Porém, este modelo
de educação por mais que se tornava dominante como concepção teórica, acabou
tornando-se senso comum. Razão pela qual no final do século XX apresentou sinais
que demonstrasse que uma nova teoria pedagógica estava surgindo. (SAVIANI,
1999).
Com o objetivo de preparar cada vez mais as pessoas para o mercado de
trabalho, surgiu essa nova teoria pedagógica que enfatizava o sistema instrucional
valorizando o princípio científico. A relação professor-aluno era bem definida e
apresentava um caráter técnico. (LIBÂNEO, 1999). Como método avaliativo utilizado
nesse tipo de teoria, os alunos realizavam testes, questionários e outros modos de
coletar informações sobre o aprendizado dos alunos. (DEPRESBITERIS, 1989).
A pedagogia desta época não estava preocupada com a formação dos
cidadãos e como consequência, surgiu através de Paulo Freire, a pedagogia
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libertadora cujo objetivo era evitar o autoritarismo que ocorria e ocorre ainda nos
ambientes escolares. Nesse tipo de pedagogia, não é a transmissão de conteúdos
específicos que são valorizados, mas sim, a nova maneira de se relacionar com as
experiências que são vividas por cada indivíduo. (LIBÂNEO, 1999). Assim sendo,
não se torna necessário utilizar de autoritarismo para avaliar o aluno; Como diz
Libâneo (1999, p. 24). “O que é aprendido não decorre de uma imposição ou
memorização, mas do nível crítico de conhecimento ao qual se chega pelo processo
de compreensão, reflexão e crítica”. (LIBÂNEO, 1999, p. 24).
Nos dias atuais, a avaliação da aprendizagem deve ter como prevalência
a qualidade do conteúdo que está sendo oferecido e não somente a quantidade do
mesmo, como ressalta o inciso V artigo 24 da Lei das Diretrizes e Bases da
Educação:
a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: avaliação contínua e cumulativa desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; (BRASIL, lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, 2013.
A avaliação contínua proposta por essa lei, diz que se deve priorizar os
resultados obtidos durante todo o ano e não uma simples quantidade de nota que o
aluno obteve na nota final de uma prova. Isso mostra uma verdadeira mudança
social na forma de avaliação da aprendizagem.
1.2 - AVALIAÇÃO E OS DIFERENTES CONCEITOS E PENSAMENTOS.
Dizer o que é o ato de avaliar é um termo não muito simples de definir, está
presente na vida de todas as pessoas, pois constantemente o ser humano está
refletindo sobre uma determinada conduta para conseguir uma melhor qualidade
sobre o objeto avaliado em questão. Possui diversas definições e nessa perspectiva,
será abordado o conceito de avaliação segundo Luckesi, Libâneo, Hoffmann, Haydt
e Demo:
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A Avaliação da aprendizagem segundo Luckesi (2002) é um ato de
diagnosticar a aprendizagem do aluno e não deve acontecer apenas com a intenção
de classificar o aluno em bom ou mal, aprovado ou reprovado, mas sim com a
intenção de tomar uma decisão para um melhor aprendizado dos alunos. Por esta
razão ela não pode confundida com a verificação da aprendizagem, pois esta tem a
função apenas de classificar o aluno e não de reorientar a sua prática pedagógica.
Necessita ser uma atitude realizada mediante muita reflexão, pois sendo realizada
de maneira diagnóstica, não avalia somente o aluno em questão, mas a própria
prática pedagógica.
Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória, nem seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. [...] Examinar é classificatório e seletivo, e por isso mesmo, excludente, já que não se destina à construção do melhor resultado possível, e sim a classificação estática do que é examinado. [...] São situações opostas entre si, porém, nossos professores, em seu cotidiano não percebem tal distinção e quando dizem que estão avaliando, na verdade estão examinando. (LUCKESI, 2002, p. 79-88).
A avaliação da aprendizagem precisa ser acompanhada de uma ação,
para que deixe de ser um ato meramente classificatório e inclua todos no processo
educativo. Muitos professores não conseguem diferenciar avaliação de verificação,
e nesse processo realizado, acabam usando de autoritarismo para com os alunos,
acreditando ser essa a melhor forma de disciplinar os mesmos em sala de aula,
Como o próprio Luckesi (2008, p. 37) diz: “A gana conservadora da sociedade
permite que se faça da avaliação um instrumento nas mãos do professor autoritário
para hostilizar os alunos, exigindo-lhes condutas as mais variadas até mesmo as
mais irrelevantes”.
Portanto, o professor autoritário, irá utilizar de algumas metodologias que
faça com que o aluno se sujeite a uma conduta social adequada com o padrão que o
professor ache correto por medo de uma nota baixa ou até mesmo um teste
surpresa.
A avaliação para Hoffmann (1993) deve acontecer de maneira
individualizada onde o professor pode acompanhar o desenvolvimento dos alunos
dialogando com os mesmos para que possa retomar a sua prática levando em
consideração a realidade de cada um. Essa forma mediadora de avaliar, não faz uso
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dos erros dos alunos como algo negativo e punitivo, mas considera-os para que
através dos mesmos alunos construam o seu próprio conhecimento.
Piletti (2004) enfatiza que avaliar é um processo contínuo que se
desenvolve em vários momentos durante o processo de ensino aprendizagem. Ela
deve ocorrer de maneira diagnóstica para que o professor possa verificar os
conhecimentos prévios que os alunos possuem; Precisa também ser formativa
objetivando localizar as deficiências que ocorreram durante o processo de ensino
observando em qual nível de aprendizagem o aluno se encontra para então, poder
reorientar a sua prática pedagógica; E deve ocorrer ainda de maneira somativa, que
tem por objetivo classificar o aluno para outra etapa seguinte.
1.3 - Modalidades de avaliação
De acordo com Haydt (2004), a avaliação do processo ensino-
aprendizagem possui algumas modalidades. Dentre estas modalidades serão
analisadas apenas três, as quais são:
� Diagnóstica
Utilizada para identificar os conteúdos já dominados pelos alunos no começo de
um ano letivo; quando se inicia uma nova unidade de ensino e em qualquer situação
onde o professor perceba uma dificuldade de aprendizagem. Através dessa
modalidade de avaliação, é possível que o profissional docente tome uma decisão
que venha a ajudar o seu aluno a obter o conhecimento necessário ao que está
sendo proposto. Luckesi (2008, p. 81) acrescenta que:
[...] a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possam avançar no seu processo de ensino-aprendizagem. Se é importante aprender aquilo que se ensina na escola, a função da avaliação será possibilitar ao educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista poder trabalhar com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em termos dos conhecimentos necessários.(LUCKESI, 2008, p. 81).
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A tomada de decisão referida pelo autor é uma ação de grande importância, pois
se decide o que fazer com o aluno que apresenta aprendizagem satisfatória ou não,
pois, a avaliação só será verdadeiramente diagnóstica se o professor estiver
preocupado com o crescimento do aluno. (LUCKESI, 2008). Como instrumentos de
avaliação eficazes para este tipo de avaliação pode-se utilizar o pré-teste, teste
diagnóstico, ficha de observação ou qualquer outro. (PILETTI, 2004).
� Formativa
Essa modalidade de avaliação segundo Haydt (2004) acontece no
decorrer do período letivo objetivando controlar se os alunos estão se
desenvolvendo bem nas atividades que lhe estão sendo propostas possibilitando o
acompanhamento do professor como orientador dos alunos não apenas para os
ensinar, mas também para lhes motivar. Esse tipo de avaliação permite que o
professor examine a sua forma de ensinar para que, ao identificar falhas, possa
reformular o seu trabalho didático.
Objetivando contribuir para que os alunos sejam bem sucedidos no seu
processo de ensino-aprendizagem, o profissional docente precisa dialogar com seus
alunos dando-lhes informações úteis sobre as dificuldades que foram encontradas e
sobre as etapas que obtiveram sucesso oferecendo aos mesmos todo apoio e
incentivos necessários para continuarem avançando cada vez mais. (HADJI, 1994).
Para Perrenoud (2007) a avaliação formativa se ocupa das aprendizagens
e do desenvolvimento do aluno. Para isso, é necessário que o professor selecione
tarefas de maneiras bem criteriosas objetivando a interação e mobilização dos
diferentes saberes dos educandos. A modalidade formativa de avaliação no contexto
brasileiro segundo Silva (2006) apresenta três dificuldades que impedem o processo
avaliativo de ser bem desenvolvido. Essas dificuldades são: A falta de compreensão
dos professores quanto ao ato de avaliar a aprendizagem; a preferência
classificatória nas instituições escolares e a percepção da equipe pedagógica ao
constatar a mudança que a avaliação causa no processo ensino-aprendizagem.
Para esta modalidade de avaliação, são recomendados os seguintes instrumentos
de avaliação: observações, exercícios, questionários, pesquisas e outros. (PILETTI,
2004).
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� Somativa:
Realizada no final de um ano letivo ou unidade de ensino, esta
modalidade de avaliação segundo Haydt (2004), possui a função de classificar o
aluno para uma próxima etapa de estudo classificando-o conforme os níveis de
aprendizado apresentado pelo mesmo. Sobre como ocorre esse tipo de avaliação,
Luckesi (2008, p. 34) acrescenta:
Trabalha-se uma unidade de estudo, faz-se uma verificação do aprendido, atribuem-se conceitos ou notas aos resultados (manifestação supostamente relevante do aprendido) que, em si devem simbolizar o valor do aprendizado do educando e encerra-se aí o ato de avaliar. O símbolo que expressa o valor atribuído pelo professor ao aprendido é registrado e, definitivamente, o educando permanecerá nessa situação.
Após serem classificados mediante os resultados que foram obtidos nos
exames de verificação, os alunos considerados bons continuarão sendo bons e os
considerados não bons continuarão sendo não bons fazendo com que exista uma
exclusão social entre ambos permitindo a uns o “acesso e aprofundamento no saber,
a outros a estagnação ou a evasão dos meios do saber”. (LUCKESI, 2008, p. 37).
Essa modalidade de avaliação por classificar o aluno, acaba
proporcionando ao professor um autoritarismo que não o permite avaliar o aluno
como realmente deveria ser avaliado; seja por questões de indisciplina, ou por
outros interesses, o professor acaba por prejudicar os alunos elaborando testes ou
provas de acordo com o seu estado de humor, realizando “artimanhas” nos mesmos
para identificar os alunos desatentos e para exercer o exercício de poder
disciplinador. (LUCKESI, 2008).
Como essa modalidade de avaliação exige classificação, os pais e a
sociedade estão voltados para a promoção exigindo cada vez mais dos alunos. Esta
cobrança da parte familiar nem sempre apresenta um lado positivo. Rabelo (1998)
relata que em meados dos anos 80 estava lecionando para uma turma de 5ª série
quando se deparou com uma aluna que apresentava bom rendimento nas atividades
propostas em sala, possuía um comportamento exemplar, era bastante assídua e
em nada deixava a desejar com suas obrigações. Porém, esta aluna no momento de
realizar a primeira prova, não conseguiu obter êxito e começou a chorar
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preocupadamente porque precisava obter rendimentos escolares superiores a 90 %
para que não fosse severamente castigada pelos pais. Este comportamento dos pais
acabou traumatizando a criança de tal maneira que não importava se ela iria
aprender ou não; o que importava para todos era a mera promoção da mesma para
a série seguinte.
2.0 – AVALIAÇÃO ESCOLAR
Hoffmann (1991) destaca que a avaliação escolar é um mito e um
desafio. Considera ser um mito porque ao longo da história de sua existência, a
avaliação tem sido utilizada como forma autoritária e controladora; como desafio
porque nem todos os professores estão preocupados com essa prática, por
considerarem que avaliação é uma prática que deve ser realizada somente em
determinados períodos do ano escolar.
De acordo com Libâneo (1994) Avaliação Escolar é uma tarefa muito
importante no meio educacional, pois através dela é possível acompanhar o
processo de ensino-aprendizagem dos alunos objetivando constatar os seus
avanços e dificuldades para então, reorientar a sua prática pedagógica fazendo as
correções necessárias. Não é uma reflexão relacionada somente aos alunos, visto
ser necessário o próprio docente realizar uma auto-avaliação de sua proposta
didática. Não se limita à aplicação de provas e atribuição de notas como se estes
fossem os únicos meios voltados à finalidade de avaliar.
Para Luckesi (2008) a prática da avaliação escolar acabou se
transformando na prática de examinar e classificar os alunos porque os alunos, pais
e sociedade estão interessados na promoção dos mesmos.
2.1 - Avaliação da Aprendizagem na prática escolar e suas características
Libâneo (1994) acrescenta que as escolas atuais utilizam a avaliação da
aprendizagem como forma de controlar os alunos através das notas que obtiveram
nas provas e outros instrumentos utilizados para verificar a aprendizagem. Com a
intenção de melhorar as atividades escolares, os professores acabam cometendo
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alguns erros em relação à avaliação, acreditando que os alunos só são avaliados
nesse momento, razão pela qual utilizam desse instrumento de avaliação para
causarem ameaça aos alunos fazendo-os a acreditarem que o melhor professor é
aquele que reprova muitos alunos. Nessa abordagem, Luckesi (2008) diz:
Essa forma de castigar um pouco mais sutil que as anteriores, que existiu no passado e ainda existe, é a prática pela qual o professor cria um clima de medo, tensão e ansiedade entre os alunos: faz uma pergunta a um deles, passando-a para um segundo, terceiro, quarto e assim por diante, gerando tensão nos alunos que podem vir a ser os subsequentes na chamada. [...] Esse modo de conduzir a docência manifesta-se com um viés mais grave ainda, porque o professor normalmente não está interessado em descobrir quem sabe o que foi ensinado, mas sim quem não aprendeu, para poder expor publicamente aos colegas a sua fragilidade. (LUCKESI, 2008, p. 49).
Nessa forma de proceder, o professor acaba não permitindo que os
alunos sejam estimulados e aprendam livremente, pois o medo tira a liberdade,
fazendo com que o aluno se sinta inseguro, o que acaba impedindo o seu estímulo
de seguir em frente. (LUCKESI, 2008).
É necessário que o professor possua entendimento de que avaliar a
aprendizagem somente com provas escritas possuem limitações, pois as mesmas
são utilizadas apenas para medir a capacidade de memorização dos alunos. Avaliar
corretamente na concepção de Libâneo (1994) consiste em considerar tanto os
aspectos quantitativos quanto os qualitativos.
Nessa concepção, a avaliação descrita nos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs, não focaliza a sua visão no controle externo dos alunos mediante
notas e conceitos (quantitativo), mas focaliza sua visão na compreensão de que a
avaliação deve ser integrante no processo educacional possuindo a função de
alimentar, fortalecer e direcionar a intervenção pedagógica de maneira contínua
através da leitura qualitativa do conhecimento construído pelo aluno. (BRASIL,
1997).
A avaliação escolar possui algumas características que devem ser
abordadas, veja abaixo as mais importantes na concepção de Libâneo (1994):
� Refletir a unidade objetivos conteúdos- métodos:
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A avaliação escolar é parte que integra o processo ensino aprendizagem, por
essa razão, é necessário que os objetivos a serem alcançados sejam claros, pois os
alunos necessitam saber para que estão trabalhando e no que estão sendo
avaliados.
� Possibilitar a revisão do plano de ensino:
Existem elementos que fornecem a revisão do plano de ensino e ajudam o
trabalho do professor. Dentre esses elementos, estão o levantamento das condições
prévias dos alunos, percepção dos progressos e dificuldades encontrados na
assimilação dos conteúdos.
� Ajudar a desenvolver capacidades e habilidades:
Quando o professor avalia os alunos através de atividades avaliativas, está
contribuindo para o desenvolvimento intelectual, social e moral dos mesmos. Estas
mesmas atividades fazem um diagnóstico de como o professor e a escola trabalham
para que as crianças desenvolvam suas capacidades intelectuais, criativas e físicas.
Levando em consideração que os alunos não são iguais em nenhum aspecto, a
avaliação precisa ser satisfatória para que proporcione a todas as crianças, sem
exceção, o conhecimento da sua posição em relação à classe ,estabelecendo assim,
um suporte para as atividades de ensino e aprendizagem.
� Voltar-se para a atividade dos alunos:
O professor não deve limitar a verificação final bimestral somente nas provas,
pois as capacidades dos alunos são expressas no decorrer da atividade em que
ocorre situação didática.
� Ser objetiva:
A avaliação precisa ser objetiva para que possa comprovar quais foram os
conteúdos realmente assimilados pelos alunos. Essa comprovação ocorre através
da aplicação de diversos instrumentos de avaliação. Não significa que em momento
algum será excluído o caráter subjetivo que ocorre entre professor e aluno, pois esta
está sempre presente na relação pedagógica.
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� Ajudar na autopercepção do professor:
A avaliação também ajuda o professor a realizar uma autoavaliação do seu
trabalho refletindo se os métodos que tem utilizado são realmente eficientes, se a
linguagem utilizada está de acordo com a idade dos alunos, se realmente tem
ajudado os alunos que possuem maiores dificuldades e outros. Fazendo essa
avaliação da sua conduta docente, o professor poderá redirecionar a sua prática
pedagógica caso necessário.
� Refletir valores e expectativas do professor em relação aos alunos.
O professor exerce um papel muito importante no desenvolvimento dos alunos,
por essa razão, deve possuir uma postura ética não dando preferências aos alunos
mais bem sucedidos ou que apresentam maior facilidade de aprendizagem, deve se
empenhar em ajudar todos os alunos de maneira igual em seus diversos aspectos.
Ensinar na concepção de Freire (1996, p. 16) exige estética e ética, pois afirma: “A
prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e de
pureza”. (FREIRE, 1996, p. 16).
2.2 - Instrumentos de verificação do rendimento escolar
Segundo Libâneo (1994), o processo de avaliação assume diversas
formas, sejam elas formais ou informais. Isso significa que para avaliar a
aprendizagem, não é necessário aplicar provas e testes e nem mesmo atribuir
alguma nota, pois se o professor compreendeu adequadamente a função do ato de
avaliar, ele não precisará destes dois instrumentos para chegar a uma conclusão
que seus alunos aprenderam ou não os conteúdos propostos.
Veja abaixo uma relação dos principais métodos de avaliação e seus
respectivos objetivos:
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Provas e testes
Instrumentos de avaliação geralmente utilizados para ameaçar os alunos
alegando ter a função motivadora da aprendizagem, mas que na verdade serve
como instrumento de controle e classificação. (LUCKESI, 2008).
Provas escritas dissertativas: Estas são compostas de uma ou várias
questões que necessitam ser respondidas segundo as próprias palavras do aluno e
não à reprodução da resposta como lhe foi ensinada. (LUCKESI, 2008). Esse tipo de
avaliação tem como principal objetivo desenvolver as habilidades dos alunos ao
organizar as ideias, aplicar conhecimentos e fazer com que o professor perceba o
que os alunos consideram importante no dia-a-dia. (LIBÂNEO, 1994). Apresenta
algumas vantagens e limitações como: diminuir a probabilidade do aluno acertar a
prova por adivinhação e também a diminuição do tempo de sua elaboração; b) Exige
muito tempo do professor para realizar a correção da mesma e permite pouca
fidedignidade na correção, pois nem sempre existe concordância na atribuição de
nota com o que foi respondido pelo aluno. (HAYDT, 2004).
O professor ao elaborar esse tipo de questão, deve observar atentamente
o uso da linguagem, pois a mesma precisa ser clara e objetiva. Precisa também
formular questões de acordo com o tempo que o aluno terá para responder a
mesma. (HAYDT, 2004).
Provas escritas de questões objetivas: Possuem objetivo de avaliar a
proporção das habilidades e dos conhecimentos dos educandos. Geralmente o
professor acaba optando por esse tipo de prova por possibilitar uma correção mais
rápida e por facilitar para o aluno oferecendo a ocasião de escolher uma resposta
por palpite. (LIBÂNEO, 1994).
Para elaborar uma prova de aproveitamento fidedigno, é necessário que o
professor se atente para algumas regras na sua elaboração. Veja abaixo algumas
regras necessárias segundo Haydt (2004):
• O professor deve considerar os níveis de dificuldade da prova ao nível de
conhecimento da classe, de preferência mediano.
22
• Fazer uso da linguagem clara evitando palavras que apresentam
ambiguidade, para não prejudicar o aluno como afirma Luckesi (2008, p. 40)
“o professor, por meio de uma comunicação ambígua, pretende confundir o
aluno para que este caia na armadilha” (LUCKESI, 2008, p.40).
• Evitar perguntas transcritas literalmente de textos ou livros para que os alunos
não as decorem e simplesmente as reproduza;
• Disponibilizar as questões em sequência das mais fáceis às mais difíceis
evitando que o aluno perca tempo respondendo uma questão considerada
difícil no começo da prova;
• Observar atentamente para que a resposta de uma questão não esteja sendo
citada por outra;
• Apresentar a prova mimeografada ou xerocopiada para que os alunos não
percam tempo copiando as perguntas;
• Organizar as questões deixando certo espaçamento para facilitar a
visualização e leitura dos alunos;
• Estabelecer o número de pontos que será atribuído em cada uma das
questões.
Haydt (2004) afirma que as provas objetivas podem apresentar vários tipos de itens
como:
• Questões de respostas curtas: Questão em que o aluno deve escrever
apenas uma palavra, frase ou número. Indicada por ser de fácil correção e
construção.
• Complementação de lacuna: É composta por uma ou mais frases que
possuem algumas partes omitidas para que os alunos as preencham, seja com
palavras ou com números.
• Questão certo-errado ou de resposta alternada: Consiste quando o professor
coloca uma frase declarativa para que aluno possa assinalar se ela é verdadeira
ou falsa, certa ou errada, correta ou incorreta, sim ou não.
• Questão de acasalamento: Possui duas colunas, cada item da primeira coluna
combinando com uma alternativa da outra coluna.
23
• Questão de múltipla escolha: Nesse tipo de questão, aparece uma pergunta
seguida de várias opções de reposta onde o aluno escolherá uma como sendo a
resposta correta.
Esses dois tipos de provas necessitam de muita cautela na sua
elaboração para que o aluno responda com clareza o que lhe foi solicitado. Luckesi
(2008) aborda que professor ao elaborar a mesma, deve atentar para a clareza da
linguagem a ser usada para que o aluno não se sinta confundido. “Os enunciados
precisam explicitar o que o aluno deve fazer, utilizando termos como “descreva”,
“exemplifique”, “explique”, “compare”, “sintetize”, que dão orientações sobre a forma
de responder aos itens. (CAMARGO apud HAYDT, 2010, p. 58).
Prova Oral: Possui o objetivo de avaliar habilidades de expressão oral sendo mais
utilizada no ensino das línguas estrangeiras para avaliar como se desenvolve a
pronúncia dos alunos. Segundo Haydt (2004) esse tipo de prova possui algumas
desvantagens como a timidez e nervosismo dos alunos; o número de perguntas
utilizadas acaba não sendo suficientes para abranger todos os conteúdos
estudados. “Os professores utilizam as provas como instrumentos de ameaça e
tortura prévia dos alunos, protestando ser um elemento motivador da
aprendizagem”. (LUCKESI, 2008, p. 18).
Testes: A aplicação deste método de avaliação resume-se à atribuição de notas e
conceitos semelhantemente ao que acontece com a prova. Hoffmann (1991, p.47)
diz:
Ou seja, se o professor aplica testes para simplesmente constatar resultados, e expressa tais resultados, a seguir, em valores numéricos, temos aí dois procedimentos que contribuem fortemente para a concepção de avaliação sentenciva e classificatória: o teste é a comprovação de um resultado numérico atribuído pelo professor. (HOFFMANN, 1991, p. 47).
É necessário que o professor tenha a consciência de que à aplicação de
instrumentos quantitativos não é algo absolutamente indispensável à avaliação;
torna-se instrumento útil se o professor souber utilizá-la em favor da aprendizagem.
(HOFFMANN, 1991).
24
Para Haydt (2004) a aplicação dos testes serve para que o professor
perceba se os objetivos cognitivos estão sendo atingidos ou não. Eles possuem
segundo a autora, vantagem como: possibilidade de um julgamento rápido do
professor e desvantagem como: a impossibilidade de avaliar as habilidades de
expressão.
O teste construído pelo professor é uma prova cujas questões são
elaboradas de maneira a medir o rendimento escolar dos alunos. Essas questões
precisam ser bem elaboradas para garantir a fidedignidade do mesmo.
Observação: Um dos métodos de avaliação mais comum usado pelos professores
diariamente tem sido a observação, pois através desta, o professor encontra grande
facilidade em conhecer o comportamento dos alunos; as suas facilidades e
dificuldades nas diversas atividades realizadas em sala de aula e fora dela. Nesse
momento de descontração, o aluno acaba agindo com maior naturalidade, facilitando
o trabalho de observação do professor; razão pela qual se torna fundamental que o
mesmo observe todos os seus alunos, desde o indisciplinado até o mais tímido.
Essa forma de avaliar a aprendizagem escolar proporciona benefícios não somente
para os alunos, mas também para os professores, pois, além de ajudar a aperfeiçoar
o aluno no seu trabalho didático, pode também mudar as suas estratégias de ensino
objetivando um melhor avanço no aprendizado em geral dos alunos. O profissional
docente deve anotar todos os dados que foram coletados em cadernos de registros
para que consigam êxito nesse processo avaliativo. (HAYDT, 2004).
Este método avaliativo deve ser realizado com muita cautela, pois não se devem
tirar conclusões precipitadas através de pré-julgamentos e sim através da
observação que irá ocorrer em diversas atividades de assimilação. (LIBÂNEO,
1994).
Como recomendações, é necessário que se faça o registro imediatamente ao
perceber um fato, evitando assim, uma sequência de erros relacionados à
recordação imperfeita de quem está avaliando e fazer anotações curtas para facilitar
a análise do professor. (HAYDT, 2004).
Existem vários tipos de como fazer esse registro por escrito, veja abaixo alguns
deles na concepção de Haydt (2004):
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Anedotário: A observação por ser um instrumento de avaliação escolar permite ao
professor avaliar os seus alunos nas mais diversas situações. Os dados que ele
obtém através da mesma, facilita para o professor propor modificações que adaptam
os conteúdos melhorando assim as estratégias usadas para ensinar os alunos. Por
essa razão o uso do anedotário torna-se um instrumento significativo, pois consiste
em registrar por escrito as condutas dos alunos em várias situações em
determinados períodos.
Ficha Cumulativa: É composta por uma ficha individual que permite aos
professores registrar os fatos significativos da vida do aluno em cada série cursada
pelo mesmo.
Lista de verificação: Uma lista prática e objetiva onde os professores fazem
anotações que indicam a ausência e presença de alguns comportamentos dos
alunos.
Auto-avaliação: Situação em que o aluno além de ser avaliado pelo professor, é
avaliado por si mesmo. Esse tipo de avaliação tem o objetivo de desenvolver a
autocrítica para que o aluno possa contribua para o seu desempenho pessoal e
social. (PILETTI, 2004).
Quando um aluno realiza a auto-avaliação, ele acaba participando de uma maneira
mais ativa do seu processo de ensino aprendizagem, pois assim pode analisar o seu
rendimento escolar, utilizando essa análise para melhorar suas atitudes diante do
professor e até mesmo diante dos seus colegas. (HAYDT, 2004). Lembrando que
nesse processo, não é somente o aluno que analisa o seu procedimento escolar,
mas também o professor, pois ao fazer com que o aluno se auto-avalie, precisa
também avaliar a sí mesmo, em relação à sua prática pedagógica. Nessa visão,
Hoffmann (2005, p. 54) acrescenta:
Ao promover e desafiar os estudantes a refletir, o professor também estará refletindo sobre processos didáticos, sobre a adequação de suas perguntas, críticas, comentários, tomando consciência sobre o seu pensar e o seu fazer, num processo igualmente de auto-avaliação. Seus registros e
26
anotações o auxiliarão nesse sentido, por objetivar o seu pensamento sobre o seu aluno, levando-o a tomar novas decisões. (HOFFMANN, 2005, p. 54)
Torna-se necessário o professor fazer anotações cautelosas para que
estas venham a ajudar-lhe a tomar decisões relevantes para ajudar os alunos.
Freire (1987) relata que o professor deve ampliar a forma como enfatiza o
processo ensino aprendizagem para que não ocorra um certo autoritarismo da parte
do mesmo trabalhando questões que apenas exige a memorização mecânica dos
alunos, o que acaba fazendo que a avaliação deixe de cumprir a sua verdadeira
função tornando-se bancária.
Trabalho em grupo na sala de aula: Haydt (2004) aborda a importância do
trabalho em equipe para a socialização dos alunos, pois, ao trabalharem em
conjunto, eles trocam informações com os colegas, aprendem a ouvir, questionam
acerca de diversos assuntos, expõem ideias e opiniões dentre outros. Além de
contribuir para a socialização, o uso deste tipo de instrumento de avaliação contribui
ainda para o desenvolvimento das estruturas mentais, dos esquemas cognitivos e da
formação de atividades que os ajudarão no convívio social.
Ao propor esse tipo de atividade, é necessário que o professor oriente
seus alunos para que ambos tenham interesse e organização e também um bom
desempenho de cada membro do grupo e do grupo como um todo. Este tipo de
instrumento de avaliação pode ser utilizado pelos professores do 3º e 4º ano
fundamental começando por atividades de dramatização, pesquisa dentre outros. A
quantidade de participantes por grupo deverá ser de acordo com a faixa etária dos
alunos e natureza do trabalho, lembrando que, ao começar a desenvolver esse tipo
de trabalho com os alunos pela primeira vez, o professor deverá formar grupos
menores e assim ir aumentando os participantes na medida em que os graus de
conhecimento vão se avançando. Para que as equipes sejam formadas, é
necessário que o professor observe alguns aspectos:
As equipes podem ser formadas livre e espontaneamente. Outras vezes, são constituídas aleatoriamente, sendo que os alunos se agrupam por proximidade, isto é, aqueles que estão sentados próximos uns dos outros se reúnem formando uma equipe Mas para que o trabalho seja mais eficiente, as equipes devem ser organizadas de forma mais cuidadosa, levando-se em conta as preferências dos alunos. Neste caso, aplica-se a técnica sociométrica. (HAYDT, 2004, p. 139).
27
Muitas das vezes os alunos irão dar preferência por realizarem o trabalho
em grupo pelo modo aleatório para que trabalhem juntamente com o colega de sua
preferência. Porém, o professor deverá verificar como estão as relações sociais da
sala de aula para que os considerados líderes do grupo não façam exclusão dos
demais.
Esta técnica sociométrica consiste em o professor fazer perguntas para
os alunos objetivando descobrir as suas preferências para que todos os alunos
sejam incluídos no processo. A primeira etapa para a aplicação desta técnica
consiste na criação de duas ou mais perguntas onde o professor pedirá que os
alunos escrevam com quem o aluno gostaria de estudar e com quem não gostaria.
Após esta primeira etapa, o professor deverá recolher os papéis e explicar para os
alunos que seu objetivo é tentar satisfazer ao máximo a preferência de cada aluno,
mas, que, provavelmente, não será possível atender a todos nas suas escolhas. Os
alunos ficarão na expectativa de que será atendido quanto às suas preferências,
eles precisam sentir que a consulta feita a eles sobre suas preferências não foram
em vão, antes, surtiram certo resultado contribuindo assim, para a formação de
grupos de estudo ou trabalho.
O professor deverá aplicar essa técnica somente se os alunos se
conhecerem e se possuírem um convívio por certo período de tempo. (HAYDT,
2004).
Esta mesma autora sugere algumas recomendações para que os grupos
sejam formados. Veja abaixo algumas considerações:
� O professor deverá atender pelo menos uma escolha de cada aluno;
� Não colocar no mesmo grupo o rejeitado e quem o rejeitou;
� Investigar as possíveis causas do não bom relacionamento entre o aluno
rejeitado e quem o rejeitou.
� Dar contribuições e oportunidades a todos de maneira que venham a praticar
suas habilidades de coordenação e direção, desenvolvendo a iniciativa e a
capacidade de liderar os outros.
28
Recuperação: Independentemente do planejamento e do esforço desenvolvido
pelos alunos e pelo profissional docente, certos alunos não irão alcançar os
objetivos que foram propostos durante o ano letivo escolar.
De acordo com Piletti (2004) várias são as causas desse insucesso como: método
inadequado, falta de interesse, problemas pessoais e sociais dentre outros. O
professor precisa acompanhar constantemente seus alunos para que ao perceber
deficiências de modo individual e coletivo, venha recuperar qualquer tipo de falhas
para que os alunos possam verdadeiramente acompanhar as atividades que virão
adiante.
Este instrumento de avaliação faz com que o professor retome todo um
processo permitindo aos estudantes mais carentes condições de continuar os
estudos. (PILETTI, 2004).
Entrevista: De acordo com Piletti (2004) esse tipo de instrumento pode ser utilizado
para abordar com o aluno algum problema que esteja merecendo uma atenção
especial. Ao optar por esse tipo de instrumento de avaliação, o professor deve fazer
o aluno sentir-se seguro demonstrando grande amizade pelo mesmo para que a
criança se sinta segura e colabore durante a realização da mesma. É altamente
recomendável que o professor planeje a entrevista antes e tenha acesso aos
registros, anedotários e outras fichas de consulta dos alunos com o objetivo de
conhecer as situações familiares dos alunos. É de extrema importância o uso de
uma linguagem clara e objetiva para que facilite o entendimento da criança a ser
entrevistada. Após a realização deste tipo de avaliação, o professor deverá fazer a
interpretação do que foi dito possuindo a consciência de que as observações
colhidas estão sujeitas ao subjetivismo do professor e do aluno.
Ficha do Aluno: De acordo com Piletti (2004) É um importante instrumento de
avaliação utilizado para compreender certos fatos relacionados com os alunos como
exemplo o baixo rendimento escolar do aluno. Os dados contidos nessa ficha são
preenchidos juntamente com os pais por professor ou orientador educacional
podendo abranger diversas informações como: informações do aluno, núcleo
familiar, condições socioeconômicas, aspecto cultural, registro médico, relações pai
e mãe dentre outros.
29
2.3 O papel do professor como mediador do processo ensino-aprendizagem
Segundo Libâneo (1994) a relação professor-aluno é de extrema
importância para o aprendizado dos mesmos, pois este deve se preocupar em
acompanhar e orientar a atividade mental dos alunos fazendo com que se tornem
autônomos, ativos e conscientes.
Este mesmo autor afirma que o professor não apenas deve transmitir
informações e fazer perguntas aos alunos, mas necessita ouvir os mesmos.
Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também, para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO, 1994, p. 250).
Se o docente refletir juntamente com o aluno sobre a assimilação dos
conhecimentos, ambos desenvolverão uma relação dialógica, o que na concepção
de Hoffmann (1993) é fundamental para que ocorra uma avaliação mediadora. Para
que ocorra uma relação dialógica entre professor e aluno, é necessário que o
ambiente da sala de aula não esteja voltado para o autoritarismo, devendo ocorrer
em um clima de liberdade, cooperação, respeito e autonomia. (MATUI apud
RIBEIRO, 2007).
O professor necessita ser um observador para poder diagnosticar os
alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem para então ajudá-los. Haydt
(2004) enfatiza que o professor pode ajudá-los de maneira a estimular o
relacionamento entre os alunos através de jogos e atividades dinâmicas; Solicitando
a participação de todos para ajudar nas tarefas como, entregar atividades, apagar a
lousa. Utilizar diferentes atividades que proporcionem a expressão oral dos alunos
para que possam ouvir e serem ouvidos, expressar emoções; Reforçar o
comportamento positivo fazendo com que a autoconfiança do aluno e a auto-estima
sejam elevadas.
Outro ponto considerável para que o professor desenvolva bem o seu
papel de mediador da aprendizagem é o que Freire (1996) retrata ao dizer que o
30
professor deve refletir criticamente sobre a sua prática pedagógica não se achando
o centro do poder. Quando ele reflete de maneira crítica, ele passa a perceber quais
aspectos devem ser mudados em sua prática para que verdadeiramente se torne um
profissional qualificado para mediar o ensino aprendizagem. Para que isso
realmente ocorra, o professor necessita enfrentar as resistências sofridas ao tentar
mudar as suas práticas pedagógicas, o que Hoffmann (1991) afirma ocorrer por
causa de sua formação ter sido baseada no modelo tradicional de educação.
O professor deve ter respeito pelo saber que o aluno traz consigo, pois é
um saber espontâneo que desafia-o a buscar novas soluções para as tarefas
propostas pelo professor. (HOFFMANN, 1993). Outra contribuição importante para
uma avaliação satisfatória é a observação individual que os professores precisam
realizar com os seus alunos no dia-a-dia escolar relacionando-se direta e
indiretamente.
3.0 – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E SUAS POSSIBILIDADES
Souza (1994) relata que a avaliação da aprendizagem que ainda pode ser
identificada pelos termos: avaliação escolar e avaliação do rendimento escolar têm
como principal interesse analisar a situação escolar de alunos, professores e demais
funcionários que fazem parte da equipe escolar. A autora aborda a importância de
se realizar uma análise cautelosa para que esta forneça informações que possam
contribuir para que os objetivos propostos sejam alcançados.
A avaliação faz parte de um processo contínuo, pensado e elaborado não
somente pelos professores, mas, por todos os profissionais da educação como:
gestores, coordenadores e outros. É registrado no Projeto Político Pedagógico da
instituição devendo ser constantemente analisado e acompanhado para que possa
atingir o seu objetivo.
Segundo Luckesi (2008), a avaliação da aprendizagem como um ato
amoroso possibilita o professor não julgar o aluno por causa dos seus erros, mas
possibilita que ele venha a ser incluído no ambiente escolar.
31
Em uma proposta de avaliação, segundo Rabelo (1998) o importante não
é considerar somente as respostas que os alunos acertaram ou erraram, mas sim o
processo de como eles chegam a tais respostas.
Para que haja êxito na avaliação da aprendizagem é necessário
organização, planejamento, e análise constante dos resultados obtidos. Nessa
concepção, Luckesi (2008, p. 165) diz:
Assim, planejamento e avaliação são atos que estão a serviço da construção de resultados satisfatórios. Enquanto o planejamento traça previamente os caminhos, a avaliação subsidia os redirecionamentos que venham a se fazer necessários no percurso da ação. A avaliação é um ato de investigar a qualidade dos resultados intermediários ou finais de uma ação, subsidiando sempre sua melhora. (LUCKESI, 2008, p. 165).
O professor ao analisar constantemente os resultados obtidos pode
então, reorientar toda a sua prática para que venha assim, alcançar os objetivos
almejados.
3.1- O êxito e o fracasso: A importância do erro na aprendizagem
O erro é um processo importante para o aprendizado, pois através dele é
possível construir um novo aprendizado. Pinto (2000) enfatiza que o erro apresenta
uma oportunidade didática que permite o professor criar situações para que os
alunos superem seus erros e apropriem-se de conhecimentos que sejam
necessários para que exerça sua cidadania. Hoffmann (1991) relata que o erro se
torna favorável no processo ensino-aprendizagem; por essa razão, o professor
jamais deve corrigir uma atividade finalizando-a como errada e ponto final. É
necessário que através desse erro, ele permita que o aluno reconstrua seu
conhecimento.
Luckesi (2008) relata que no passado, quando um aluno apresentava
alguma conduta considerada como erro, o aluno era extremamente punido com
diferentes formas de castigo, principalmente de maneiras físicas como ficar de
joelhos sobre os milhos, apanhar nas mãos com a palmatória, ficar em pé na frente
da sala dentre outros. Com o passar dos tempos, esse modo de castigo foi
32
passando do físico para o psicológico onde o professor cria um clima de medo,
angústia e grande ansiedade entre os seus alunos.
Muitas vezes, o docente fazia perguntas para os alunos com a intenção
de expô-los diante dos colegas como forma de castigo para que servisse de lição
para os alunos que não tivessem aprendido o conteúdo como deveria. A punição
não foi de todo banida como muitos acreditam, ela aparece de uma forma mais sutil
quando o professor faz algum tipo de gozação com o colega quando o mesmo
apresenta um erro, através de ameaças, com testes surpresas, dentre outros.
Na concepção desse mesmo autor, esse tipo de procedimento para com o
erro do aluno torna-se um verdadeiro fracasso, pois o próprio aluno se sente culpado
e acaba se auto-punindo fazendo se sentir inseguro e passivo diante dos conteúdos.
Perrenoud (2000) defende que todas as pessoas possuem o direito de
errar para que possam evoluir com o mesmo, pois quando erram, passam então, a
refletir sobre o problema e refletir sobre as ações que foram utilizadas para resolver
o mesmo.
Luckesi (2008, p.56) deixa claro que o erro pode ser utilizado em favor do
aprendizado dos alunos, pois diz:
Tanto o “sucesso/insucesso” como o “acerto/erro” podem ser utilizados como fonte de virtude em geral e como fonte de “virtude” na aprendizagem escolar. No caso da solução bem ou malsucedida de uma busca, seja ela de investigação científica ou de solução prática de uma necessidade, o “não-sucesso” é, em primeiro lugar, um indicador de que ainda não se chegou à solução necessária, e, em segundo lugar, a indicação de um modo de “como não se resolver” essa determinada necessidade, o fato de não se chegar à solução bem sucedido, no caso, o trampolim para um novo salto, (LUCKESI, 2008, p. 56).
O erro que ocorre em diversas escolas não deve ser visto como um
fracasso, digno de punição, mas deve ser utilizado como um rico instrumento
servindo para a compreensão do processo da estruturação do pensamento dos
alunos ajudando na sua formação e condição constante em desenvolvimento.
(MACEDO, 1989).
Luckesi (2008) deixa claro que em momento algum faz apologia do erro
como algo necessário ao crescimento do aluno, porém, que, se ao invés de
reorientar o aluno o professor o castigar por causa do seu erro, estará o docente
privando o aluno de ter uma nova oportunidade para crescer.
33
Rabelo (1998) afirma que em uma proposta de avaliação, o importante
não são apenas as respostas certas ou erradas que os alunos apresentam, mas que
a forma de como os alunos encontra as respostas também deve ser valorizado, pois
este é parte importante da aprendizagem.
É preciso ultrapassar a sistemática tradicional de buscar os absolutamente certos e errados em relação às respostas do aluno e atribuir significado ao que se observa em sua tarefa, valorizando ideias, dando importância a suas dificuldades, sugerindo-lhe o seu próprio prestar atenção. O respeito e a valorização de cada tarefa favorece a expressão por ele de crenças verdadeiramente espontâneas. (HOFFMANN, 1993: 84).
Na concepção dessa mesma autora, o processo de avaliação não é
obtido momentaneamente mas durante todo o desenrolar do trabalho. (HOFFMANN,
1991).
3.2- Avaliação da aprendizagem além da classificação
A avaliação classificatória para Haydt (2004) possui objetivo único de
classificar os alunos no final de uma unidade de ensino, semestre, ano ou curso
mediante os níveis de aproveitamento apresentados pelos mesmos visando
promovê-los.
Como para Luckesi (2008) a avaliação classificatória reprime o processo de
crescimento de aprendizagem do aluno, é necessário que a avaliação da
aprendizagem deixe de ser utilizada de maneira autoritária assumindo uma função
que auxilie o crescimento dos alunos. É necessário ainda que ela deixe de ser
tratada como um processo que só acontece no final do processo educativo,
tornando-se uma maneira de compreender as dificuldades que os alunos possuem
nas novas oportunidades de conhecimento. (HOFFMANN, 1991).
Para que o professor realize uma avaliação que vá além do simples ato
de classificar, é necessário que se posicione enquanto docente em busca de melhor
conhecimento para seus alunos. Nessa mesma abordagem, Luckesi (2008, p.33)
diz:
[...] a avaliação conduz a uma tomada de decisão. Ou seja, o julgamento de valor, por sua constituição mesma, desemboca no posicionamento de “não-diferença”, o que significa obrigatoriamente uma tomada de posição sobre o
34
objeto avaliado, e, uma tomada de decisão quando se trata de um processo, como é o caso da aprendizagem. (LUCKESI, 2008 p. 33).
Após ter se posicionado, é necessário que o professor venha a redefinir os
rumos de sua ação pedagógica realizando uma avaliação que seja diagnóstica
objetivando reconhecer o caminho percorrido e identificar os que precisam de auxílio
. Na visão desse mesmo autor, ela está voltada para a qualidade dos conteúdos que
os alunos aprendem, mesmo que esses conteúdos sejam mínimos. Importa ressaltar
que, estes mínimos precisam ser necessários para que cada pessoa possua o
conhecimento. Rabelo (1998) ressalta a importância desse modelo de avaliação
para ajudar a identificar algumas características individuais do aprendizado de cada
aluno, facilitando assim o trabalho do professor para que o mesmo venha conceber
estratégias de ação para solucioná-las. Por essa razão, precisa ter um grande rigor
no seu encaminhamento. (Luckesi, 2008).
Outra maneira de avaliar a aprendizagem de uma maneira diferente da
classificatória é a avaliação contínua citada na lei nº 9.394/96 (Lei das Diretrizes e
Bases da Educação) inciso V artigo 24 que ressalva que o ato avaliativo deverá não
somente ser cumulativa, mas de maneira contínua. Esta, por sua vez, contribui para
uma melhor aprendizagem dos alunos, porque informa ao professor como está
ocorrendo a aprendizagem dos mesmos e também informa a estes sobre os seus
fracassos e sucessos de maneira que os permita analisar situações e fazer uma
correção de erros ocorridos nas tarefas. (RABELO, 1998).
Para corrigir estes erros, na concepção de Haydt (2004) o professor
deverá perceber se os alunos alcançaram todos os objetivos que foram propostos ou
não. Se alcançarem com significância, devem continuar avançando no conteúdo até
que iniciem outra unidade de ensino. Porém, se outros grupos de alunos não
obtiveram êxito ao atingir os objetivos que foram propostos, torna-se então
necessário uma intervenção do professor no sentido de realizar uma recuperação
com os alunos de modo a fornecer-lhes os conteúdos necessários para que possam
alcançar êxito na aprendizagem.
É nesse sentido que a avaliação assume sua dimensão orientadora, criando condições para a recuperação paralela e orientando o estudo contínuo e
35
sistemático do aluno, para que sua aprendizagem possa avançar em direção aos objetivos propostos. (HAYDT, 2004 p. 21).
Esse modo de avaliar a aprendizagem permite verificar a qualidade do
processo de ensino fornecendo sucesso no trabalho docente, pois ao constatar que
um grupo x de alunos não aprendeu o professor ao invés de classificá-los em
aprovados ou reprovados, deve questionar-se para descobrir se as causas do mal
desempenho escolar dos alunos não estaria sendo o mal desempenho no seu
processo de ensino. (HAYDT, 2004).
3.3- Contribuições e sugestões para uma avaliação da aprendizagem satisfatória
Como formas de contribuição para que a avaliação da aprendizagem seja
satisfatória, Hoffmann (1993) relata a importância que o diálogo exerce entre a
relação professor e aluno, pois acredita ser através deste que os alunos se
conscientizam sobre o significado de suas ações.
Com o mesmo objetivo de fornecer sugestões para ajudar que o processo
avaliativo se torne cada vez mais significativo para o desenvolvimento dos alunos,
Hadji (2001) diz que o professor precisa diariamente refletir sobre as suas técnicas
de avaliação, pois ao avaliar o aluno, acaba que avalia a sua própria forma de
trabalho. Haydt (2004) incentiva a todos os profissionais docentes a utilizarem
técnicas e instrumentos diversificados de avaliação objetivando assim, obter dados
que esclareçam resultados da aprendizagem dos alunos. Uma dessas técnicas
abordadas por essa mesma autora, é o uso de verificações aplicadas em
determinados períodos para incentivar os alunos a estudarem em todo o tempo e
não somente quando forem realizar um instrumento de avaliação chamado prova,
pois este método acaba levando o mesmo para a classificação. Hoffmann (1993).
Piletti (2004) enfatiza algumas atitudes que devem ser tomadas para que
a avaliação seja um processo significativo. Dentre essas estão:
� A conscientização do professor de que as técnicas utilizadas para avaliar
possuem possibilidades e limitações como as margens de erros ocorridas nos
36
instrumentos de avaliação e também erros ocorridos no modo como estes
instrumentos são utilizados;
� Avaliar a aprendizagem de maneira que essa venha a contribuir para a
melhora do ensino e a aprendizagem, planejamento e desenvolvimento curricular;
� Definir com clareza os campos que serão abordados como a inteligência,
aproveitamento etc.
Os professores como avaliadores do processo ensino aprendizagem
segundo Luckesi (2008) devem se interessar pela aprendizagem e desenvolvimento
dos alunos de maneira a investir o que for necessário para que os resultados das
suas ações sejam significativas. O profissional docente deve ainda realizar a
devolutiva dos instrumentos de avaliação aos alunos de maneira individual para que
auxilie os mesmos a realizarem uma autocompreensão no seu processo de estudo
aprendizagem. Trabalhando dessa forma, o professor estará fortalecendo o seu
diálogo com o aluno. (LUCKESI, 2008).
Para esse mesmo autor, o planejamento e a avaliação estão unidos na
realização de resultados satisfatórios, Pois diz:
Enquanto o planejamento traça previamente os caminhos, a avaliação subsidia os redirecionamentos que venham a ser necessários no percurso da ação. A avaliação é um ato de investigar a qualidade dos resultados intermediários ou finais de uma ação, subsidiando sempre sua melhora. (LUCKESI, 2008, p. 165).
A avaliação contribui significativamente em todo o decorrer do percurso
da ação porque forma um elo com o planejamento e a execução. (LUCKESI, 1992).
A avaliação da aprendizagem escolar para ser satisfatória precisa utilizar
de uma linguagem que seja clara e sem o uso de palavras ambíguas, pois estas
acabam fazendo com que os alunos não tenham uma boa compreensão do que lhes
foi solicitado. Assim sendo, os profissionais não aceitam as respostas dos alunos e
acabam classificando-os conforme os seus acertos o que não traz nenhum benefício
ao processo ensino- aprendizagem dos alunos. (LUCKESI, 2008). Esse mesmo
autor apresenta outra sugestão que nos leva á prática de uma avaliação que seja
aceitável para todos. Essa prática está relacionada ao interesse que o professor tem
pelo desenvolvimento do aluno; por mais que aparente que um professor esteja
37
interessado que o aluno aprenda, nem todos os professores estão realmente
interessados nesse processo, pois a maioria deles estão preocupados com a
promoção dos alunos. (LUCKESI, 2008).
Para Piletti (2004) avaliar a aprendizagem a partir do primeiro dia de aula
é uma ação muito importante que deve ser levada em consideração por todos os
professores. Pois, quanto mais o professor avalia, mais eles obtêm dados que irão
favorecer uma prática pedagógica significativa objetivando um melhor aprendizado
dos alunos. Essa avaliação deverá ocorrer em todos os momentos nas mais
diversificadas atividades realizadas pelos alunos.
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente trabalho foi pesquisar a importância da utilização
de vários instrumentos avaliativos no processo de aprendizagem dos alunos porque
essa diversificação permite a obtenção de maiores informações sobre o
desenvolvimento dos alunos num todo, permitindo ao professor um melhor
redirecionamento quanto à sua prática para que venha se tornar um professor
mediador do processo de ensino-aprendizagem. As provas e testes são
considerados instrumentos válidos, porém, é necessário que o profissional docente
saiba que esse tipo de avaliação objetiva apenas a classificação dos alunos no final
de um curso, unidade de ensino dentre outros.
Foi possível perceber que durante algum tempo, a avaliação da
aprendizagem era utilizada apenas com objetivo de classificar o aluno em bom ou
mau, como quem sabe e quem não sabe. Com o decorrer de muitos estudos e
avanços, a avaliação da aprendizagem tem tentado realizar um papel diagnóstico e
mediador. Por essa razão, ficou notável no decorrer deste trabalho, que ainda
existem muitos professores que não compreenderam o verdadeiro dessa ação,
realizando a avaliação como meio de controlar alunos indisciplinados. Razão pela
qual o tema AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR deve ser estudado a
fundo pelos profissionais da educação.
O professor pode mudar essa realidade, começando por sair da posição
de não indiferença tomando uma posição sobre o objeto avaliado e também ao
redefinir a sua prática pedagógica conciliando teoria e prática.
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REFERÊNCIAS
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