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   FACULDADE KURIOS – FAK NÚCLEO DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO Curso de Bacharelado em Teologia PAULO “O MAIOR DE TODOS OS APÓSTOLOS” ALBANIR PINTO DE ALMEIDA Maranguape-Ceará 2013

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FACULDADE KURIOS – FAK

NÚCLEO DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

Curso de Bacharelado em Teologia

PAULO

“O MAIOR DE TODOS OS APÓSTOLOS”

ALBANIR PINTO DE ALMEIDA

Maranguape-Ceará2013

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FACULDADE KURIOS – FAK

NÚCLEO DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

Curso de Bacharelado em Teologia

ALBANIR PINTO DE ALMEIDA

PAULO“O MAIOR DE TODOS OS APÓSTOLOS”

Maranguape-Ceará

2013

Monografia apresentada ao Departamento deGraduação da Faculdade Kurios como

requisito parcial para obtenção do título deBacharel em Teologia.

Orientador: Prof. Ladghelson Santos.

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GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

Curso da FACULDADE KURIOS – FAK

NÚCLEO DE Bacharelado em Teologia

TERMO DE APROVAÇÃO

A Monografia, PAULO: “O MAIOR DE TODOS OS APÓSTOLOS”, Elaborada por,ALBANIR PINTO DE ALMEIDA foi submetida à Coordenação do Curso de Teologiada Faculdade Kurios, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título deBacharel em Teologia.

Data da defesa: _____/_____/______ Conceito:_____________________ 

 ______________________________________________ 

Albanir Pinto de Almeida

 _____________________________________________ 

Ladghelson Santos

Orientador

 _____________________________________________________________ 

1º Membro da Banca Examinadora

 _____________________________________________________________ 

2º Membro da Banca Examinadora

 ____________________________________________________________ 

3º Membro da Banca Examinadora

A presente Monografia foi aprovada pelos membros da Banca Examinadora ehomologada pelo Departamento de Graduação da Faculdade Kurios.

Maranguape-CE, _______ de ____________________ de 2013

 ________________________________________________ 

Prof. Ladghelson Santos

Coordenador do Curso

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DEDICATÓRIA 

Dedico este trabalho à minha querida esposa, meus 

familiares, em especial aos meus netos, colegas de turma,

professores e a todos que de forma direta ou indireta 

contribuíram nessa jornada dando-me o apoio necessário 

para que eu pudesse alcançar o meu objetivo final de estar aqui neste momento concluindo este 

empreendimento com sucesso!  

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RESUMO:

O trabalho que se segue: “Paulo “O Maior de Todos os Apóstolos”, investiga teologicamente acontribuição de Paulo de Tarso após sua conversão na vida social e cultural das comunidades cristãs.A pesquisa tem a finalidade de enfocar o contexto político, cultural e social de Roma antes de Paulo,bem como o desenvolvimento do cristianismo após a sua conversão. A fundamentação de seusensinos, sua participação na formação doutrinária, sua contribuição na formação cidadã do ensinosocial cristão baseado na história do povo de Deus no Antigo Testamento; a prática desta doutrina noNovo Testamento, primeiramente e de forma audível na vida e ministério de Jesus Cristo; aseqüência deste compromisso na vida da Igreja primitiva como extensão do reino de Deus; e,finalmente, a conscientização da urgente necessidade da Igreja contemporânea em dar continuidadeà missão integral - evangelismo e ação social. A relação, Cristianismo e império romano, as

perseguições e a influencia do cristianismo sobre o império, são algumas das muitas discussõespropostas por este trabalho.

Palavras-chave: Conversão, Cristianismo, Império, Prisão, Martirio.

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SUMMARY:

The work that is proceeded: “Paul: “The Best of Apostle”, investigates teological the contribution ofPaul of Tarso after your conversion in the Christian communities' social and cultural life. The researchhas the purpose of focusing the context political, cultural and social of Rome before Paul, as well asthe development of the Christianity after your conversion. The fundamental of your teachings, yourparticipation in the formation doctrinári, your contribution in the formation citizen of the Christian socialteaching based on the history of the people of God in the Old Testament; the practice of this doctrinein the New Testament, firstly and in audible way in the life and ministry of Jesus Christ; the sequenceof this commitment in the life of the primitive Church as extension of the kingdom of God; and, finally,the understanding of the urgent need of the contemporary Church in giving continuity to the integralmission - evangelism and social action. The relationship, Christianity and Roman empire, thepersecutions and it influences her/it of the Christianity on the empire, they are some of the a lot of

discussions proposed by this work.

Word-key: Conversion, Christianity, Empire, Prison, Martyrdom.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – O Mundo Antes de Paulo _____ _____ 11

1.1 Roma: Uma Breve História 11

1.2 Religião e Costumes 14

1.3 Etapas do Império Romano 17

CAPÍTULO II – Paulo: A História 20

2.1 Antes da Conversão 20

2.2 A Conversão 22

2.3 Prisão e martírio 26

CAPÍTULO III - A Influencia de Paulo na História do Cristianismo 28

3.1 Relação entre Cristianismo e Império Romano 28

3.2 As Perseguições 33

3.3 Influências do Cristianismo no Império 36

CAPÍTULO IV – Paulo e a Fé 41

4.1 - A Modernidade de Paulo 43

4.2 - O Legado de Paulo 454.3 - Paulo e o Esoterismo Cristão 47

4.4 - O Ensinamento Secreto de Paulo 49

4.5 - A Teologia Paulina 50

4.6 - A Doutrina Mística Cristã 52

CONCLUSÃO 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

OUTRAS FONTES 59

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INTRODUÇÃO

O Objetivo deste trabalho é demonstrar de uma maneira panorâmica as

contribuições ou influencias do Apóstolo Paulo na formação cidadã da sociedade

contemporânea. Para tal, estaremos fazendo uma breve abordagem da história

contextualizada da vida deste que foi e ainda continua sendo um dos maiores vultos

da historia não só do cristianismo, mas também da humanidade. Política, Cultura e

Religião serão alguns dos assuntos aqui apresentados.

Na era da Igreja primitiva o mundo, sob o poder de Roma, estava dominado

por inúmeras perseguições contra essa religião emergente, que já contava com um

bom número de fiéis. Durante todo esse processo de captura aos adeptos do

cristianismo, várias pessoas receberam autoridade para perseguir e exterminar os

cristãos (assim chamados, pois eram seguidores de Cristo) de toda a parte do

império. Essa fase da história é denominada por alguns historiadores como Era da

Igreja Perseguida ou Era sombria da Igreja.

Nesse contexto surge a pessoa de Paulo, cuja fonte que se tem de sua

mudança radical é o livro de Atos dos Apóstolos, um tratado do Apóstolo Lucas ao

seu querido amigo Teófilo. Paulo era de origem israelita circuncidado da tribo de

Benjamim, falava a língua aramaica em sua casa, porém com cidadania romana.

Conquistara esta cidadania supostamente pelos serviços prestados ao império. Era

herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá e mais

avançado no judaísmo do que seus contemporâneos. Era o primeiro e o mais

proeminente entre os judeus.

Mesmo diante de todas essas benesses, era um dos judeus da dispersão

nascido em Tarso da Cilícia. Em sua infância viveu no meio da cultura grega, um

lugar de educação e comércio. Em sua adolescência foi para Jerusalém para ser

educado por Gamaliel, filho de Simão e neto do famoso rabino Hilel. Ocupava uma

importante posição no conselho judaico e era muito respeitado; foi o primeiro a

adquirir o título de raban (nosso mestre) ao invés de rabi (meu mestre). Paulo foi

criado aos pés desse homem, refletindo a tradição farisaica de seu mestre.

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Paulo participou do apedrejamento de Estevão (um dos sete diáconos e

primeiro mártir do cristianismo) e, logo a seguir, fez-se chefe da terrível e obstinada

perseguição contra os discípulos de Cristo, prendendo e açoitando homens e

mulheres. Jerusalém dissolveu-se nessa ocasião, e seus membros dispersaram-se

por vários lugares como Damasco e Antioquia da Síria e, aonde chegavam,

anunciavam a Jesus Cristo e organizavam igrejas favorecendo a propagação do

evangelho.

Em toda a história do Cristianismo, nenhuma conversão a Cristo trouxe

resultados tão importantes e fecundos para todo o mundo como a conversão de

Saulo, o perseguidor, e, mais tarde, o Apóstolo Paulo, o perseguido.

Tudo mudou em sua vida quando ele embarcara numa expedição a Damasco

(cerca de 50 d.C.) para exterminar os cristãos que ali se encontravam. Conta-nos

Lucas que numa certa altura do caminho ele foi surpreendido por um clarão no céu

que se direciona a ele, e a partir dali a sua vida foi completamente transformada.

Aquele que pertencia ao farisaísmo adota agora o cristianismo como sua mais nova

religião. Caso semelhante ao de Constantino em 310 d.C. Em sua carta aos Gálatas,

Paulo referiu-se ao seu modo de vida anterior no judaísmo, e como “sobremaneiraperseguia a igreja de Deus e a assolava”. Ele estava convicto de duas coisas: tinha

visto Jesus Cristo ressuscitado e sua vida foi subitamente transformada. As bases

para argumentação estão nos escritos de Lucas em Atos dos Apóstolos, assim como

em várias notas de suas epístolas.

A evidência da mudança desse homem que outrora perseguia e agora amara

e defendia o evangelho está nas suas mensagens nas sinagogas de Damasco, um

lugar em que ele, supostamente pretendia prender os discípulos de Cristo.

A partir desse momento este trabalho começa a ser desenvolvido, pois mostra

o contraste daquele que tanto perseguia os cristãos que agora se tornara um deles e

o maior difusor dessa nova religião passando a ser conhecido como o apóstolo dos

Gentios.

Começa então um novo episódio da história do cristianismo onde Paulo,

através de seus escritos e de suas quatro viagens missionárias que levaram oevangelho a algumas províncias da Ásia Menor, Europa, Éfeso e Roma (onde foi

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preso), começa a dar estrutura a essa nova religião fortalecendo a fé de seus

adeptos por intermédio de suas epístolas. Estas tinham todo o seu caráter baseado

nos ensinamentos de Jesus Cristo, que pregava uma religião que aceitasse a todos

sem distinção de cor, condição financeira, sexo e raça para salvá-los da morte.

A morte de Paulo se dá no período da primeira perseguição imperial (65-

68d.C.) liderada por Nero, que supostamente ateou fogo na cidade de Roma,

devastando um terço dela. A culpa de tal barbaridade caiu sobre os cristãos e serviu

como pretexto para o inicio de uma terrível perseguição onde milhares de cristãos

foram torturados e mortos, entre eles o Apóstolo Pedro, que foi crucificado em (67

d.C.), o Apóstolo Paulo que foi decapitado no ano seguinte e vários cristãos foram

queimados vivos e alguns lançados nas arenas para serem devorados pelas feras.

Enquanto o imperador se divertia com tais barbaridades.

Com o passar dos anos os ensinamentos de Paulo influenciaram o Império

Romano e foram colocados em prática durante o governo de Constantino. Muitas

foram as mudanças realizadas que refletem até os dias de hoje.

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CAPÍTULO I

1.0 – O MUNDO ANTES DE PAULO.

1.1 – ROMA – UMA BREVE HISTÓRIA.

Foram erguidas sete pequenas colinas nas margens do rio Tibre. Os latinos

mandaram povoar as colinas, pois tinham o objetivo de defender-se dos etruscos e a

utilizar o rio como via de acesso ao mar. Mais tarde, não obstante a resistência dos

latinos e dos sabinos, os etruscos também conseguiram ocupar uma parte do

território das sete colinas. Depois de um grande período de guerra, os colonos dos

três povos se uniram e formaram uma só cidade e chamaram de Roma.

Existe também a origem lendária desta cidade. Segundo os registros do

escritor Virgílio, em seu livro Eneida, o grande império romano nasceu da seguinte

maneira: Enéias, príncipe de Tróia, vendo que a cidade estava sendo destruída

pelos gregos fugiu e passou a perambular pelo mundo e acabou se casando com a

filha de um rei. Um de seus filhos, Numitor, foi morto pelo próprio irmão Amúlio, e

para assegurar que o trono não teria mais herdeiros ordenou que a filha de Numitor

abandonasse seus filhos gêmeos, Rômulo e Remo, jogando-os no rio. Foram então

encontrados por uma loba que os amamentou até que foram encontrados por um

pastor Fáustolo, que os criou até que cresceram e mataram Amúlio e restauraram o

trono, fundando uma cidade em 753 a.C. que passou a ser chamada de Roma.

No final do quarto século antes de Cristo, no mesmo período em que os

gregos e os persas lutavam pelo domínio das terras do Mediterrâneo Oriental, ao

tempo em que Alexandre concentrava todas as energias do helenismo e depois as

distribuía pelo mundo conhecido, iniciando uma nova e exuberante fase da história

humana, começou-se a falar de uma cidade situada na península itálica denominada

de Roma.

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Com a morte de Alexandre e a expansão do helenismo, Roma começou a

projetar-se, e passaria a deixar de ser uma cidade para ser A Cidade, que se

tornaria um imenso império, comportando cerca de vinte povos e cinqüenta

províncias em um só lugar. Essa era a Roma, herdeira dos impérios dominantes do

mundo antigo.

A história de Roma divide-se em três grandes fases: Monarquia (753 – 509

a.C.), República (509 - 27 a.C), Império (27 a.C - 476 d.C).

A Monarquia foi marcada pelo governo de sete reis como Rômulo, que foi o

primeiro, Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco (Tarquínio, o Antigo)

Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo. Com este último rei se finda o período darealeza e inicia-se o da república em 509 a.C.

No tempo dos reis a cidade de Roma possuía uma organização social política

compreendida em quatro classes: patrícios; clientes; plebeus e escravos. Os

patrícios eram os descendentes dos três povos que deram origem a esta cidade e

compunham a classe dotada de privilégios. Os clientes eram os descendentes dos

imigrantes e antigos habitantes das cidades. Os plebeus formavam a classe menos

privilegiada, a multidão como significa esse termo. Era formada por pessoas que

haviam sido levadas cativas para Roma, como conseqüência de suas inúmeras

conquistas, e também daqueles que vinham voluntariamente para trabalhar ou até

mesmo morar. Os escravos eram os componentes da última classe, sem garantia,

restando apenas à mão-de-obra em trabalhos pesados.

Em questão política, o maior poder estava nas mãos do rei, que também era

chefe do culto religioso, comandante do exército e juiz. O senado era um conselhocomposto por um grupo de anciãos que tinham poderes de eleger o rei e de julgar

questões sobre penas de morte.

Durante a república houve grandes avanços e conquistas, o comércio se

desenvolveu de maneira grandiosa, onde a riqueza monetária estava nas mãos dos

cavaleiros. Enquanto uma parcela da população romana adquiria riquezas, outras

eram menos favorecidas e sofriam com o desequilíbrio da distribuição de

oportunidades. Com isso a classe média desapareceu, ficando somente a dos ricose pobres e desfavorecidos.

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O Império Romano está num paralelo com a história do povo judeu

aproximadamente a partir do ano de 161 a.C. Numa revolta contra os sírios liderada

por Judas Macabeu, filho de Matatias, os judeus alcançaram sua independência, ele

tirou a idolatria de sua nação e passou a ser seu governador, levando sempre uma

aliança defensiva com o senado romano, como pode ser visto a seguir:

...ele morreu logo depois e foi enterrado em Modim. Todo o povo lamentou-o comsensível pena, no ano cento e quarenta e seis; Judas seu filho, cognominado Macabeu,tomou em seu lugar a direção dos interesses do povo. Seus irmãos secundaram-nogenerosamente e ele expulsou os inimigos, matou todos os falsos judeus, que tinham

violado as leis de seus pais, e purificou a província de todas as abominações que nela sehaviam cometido (Josefo, livro XII, capítulo 09, p. 289).

Pompeu tomou Jerusalém em 63 a.C.. A partir daí os judeus estiveram sob

domínio romano, mas Hircano, um descendente de Judas Macabeu, exercia uma

soberania nominal. Mesmo quando o filho de Antipáter, que era ministro de Hircano,

assumiu o trono passando a ser chamado de Herodes, o Grande, tomou o posto derei em favor de Antonio em 40 a.C. passando a ser César Augusto. Mesmo assim os

 judeus pagavam tributos a Roma.

No Ano VI de nossa era Herodes, o Grande, mudou o seu testamento e

nomeou a Arquelau como seu sucessor em lugar de Antípas. Tal atitude agradou o

povo que recepcionou muito bem o novo rei:

Herodes mudou imediatamente o seu testamento. Em lugar do precedente, em que tinhanomeado Antípas, seu sucessor, contentou-se neste em nomeá-lo, tetrarca da Galiléia eda Peréia; deu o reino a Arquelau. Ele sobreviveu a Antipatro, apenas cinco dias emorreu [...] Depois que o novo rei celebrou, segundo o costume do país, o luto de seupai, deu um banquete ao povo e subiu ao templo. Clamava-se viva o rei, por toda partepor onde ele passava e depois que ele se sentou sobre o trono de ouro, os clamoresaumentaram, com votos pela prosperidade de seu reinado (Josefo, livro X, capítulo 10, p.405).

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Um de seus primeiros feitos foi tomar a Judéia, tornando-a uma dependência

da Síria, passando a ser governada por um procurador de Roma que residia em

Cesaréia. Os territórios vizinhos como a Galiléia passaram a ser dominados pelos

filhos de Herodes e outros príncipes.

Algumas cidades como Tarso, Atenas, Éfeso, etc. possuíam uma política livre

e eram governadas por magistrados e neutra de ocupações por uma tropa romana.

Outras cidades como Corinto, Trôade, Filipos, tinham o nome de colônias, que eram

certas comunidades de cidadãos romanos que tinham sido mudadas, como tropa da

cidade imperial, para uma terra estrangeira. As províncias tinham a obrigação de

pagar altos impostos para benefício de Roma e seus cidadãos. Os tributos eram

cobrados em cima da renda. Os cobradores desses tributos eram denominados de

publicanos, eram homens de grande importância no governo. Algumas pessoas

como os galileus se submetiam aos cobradores de tributo com o maior ódio,

chegando ao ponto de acharem ilegítimo o pagamento do tributo, como aconteceu

com Cristo quando foi interrogado:

Dize-nos, pois, que te parece: é licito pagar imposto a César, ou não: Jesus, porém,percebendo a sua malícia disse: Hipócritas! Porque me pondes à prova? Mostrai-me amoeda do imposto. Apresentaram-lhe um denário. Disse ele: De quem é essa imagem ea inscrição? Responderam-lhe: de César. Então lhes disse: Devolvei, pois, o que é deCésar a César, e a Deus o que é de Deus (Mateus capítulos 22 versículo 17 ao 21).

Existiam alguns publicanos de sua própria nação que eram tão repudiados a

ponto de serem tratados como pagãos e graves pecadores, assim como aqueles que

citam textos do novo testamento, que eram considerados como traidores (Mateus

capítulo 9 versículo 11; Lucas capitulo 19 versículo 7).

1.2 - RELIGIÃO E COSTUMES.

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Todos os setores e instituições da sociedade romana estavam ligados de

forma direta à questão religiosa. Como já fora apresentado anteriormente, o rei ou

imperador era o representante geral da religião nesta cidade e por isso os cultos

eram realizados com a participação oficial dos governantes e das autoridades

religiosas e o mesmo era comumente adorado como nos afirma.

A adoração ao imperador era considerada prova de lealdade. Nos lugares mais visíveisde cada cidade, havia uma estatua do imperador reinante. A essa imagem, era oferecidoincenso, como se oferecia aos deuses. Dessa forma se prestava honra e ao imperador eadoração a sua divindade. (Hurblbut, 2007, p.61).

Os sacerdotes eram eleitos e podiam ao mesmo tempo exercer outras

funções, como liderar cruzadas, realizar comícios, exercer funções civis. Havia uma

coisa muito interessante na realização dos cultos que era a questão de que as

pessoas, tanto em casa como em público tinham o costume de obedecer,

reverenciar os manes, que eram as almas benfeitoras de seus antepassados.

No início a formação religiosa de Roma foi marcada por várias característicasrelacionadas com as preocupações pessoais, ou seja, os deuses eram voltados para

as necessidades materiais como boas colheitas, prosperidade da família e do estado

como pode ser observado a seguir:

O principal objetivo das religiosidades dos romanos era garantir a cooperação e

benevolência dos deuses para com os homens. O conjunto de crenças, práticas einstituições religiosas de Roma não se baseava na graça divina e sim na confiançamútua entre deuses e homens. a religião romana caracterizava-se por um rigorosocumprimento de ritos e cultos aos deuses, de cujo favor dependia a saúde e aprosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. (Hurblbut, 2007, p.61).

Em suma Roma era politeísta, onde existiam deuses oficiais, que eram

venerados publicamente, e também deuses particulares ou familiares além daqueles

que representavam qualidades morais. Dentre os deuses públicos encontra-seJúpiter, deus do céu (o maior de todos), Jano, deus do passado e do futuro e

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Minerva, deusa da sabedoria (ambos de origem grega), Marte, deus da guerra,

Vulcano, deus do fogo e Saturno deus da caça (ambos de origem etrusca), Vênus,

deusa da beleza, entre muitos outros. Os três primeiros eram os principais e

protetores de Roma. Existiam também os deuses do campo, como Pomona, deusa

das frutas, Flora, deusa das flores, Ceres, do campo...

Entre os deuses da família ou pessoais o principal deles era Lar, deus da

família, cuja alma pertencia aos antepassados, Penates, deus da prosperidade no

lar. Outra coisa que era muito venerado em Roma era o colégio das Vestais, uma

instituição composta por seis jovens sacerdotisas que tinham a função de proteger o

fogo sagrado.

No seio da família essa questão era muito bem representada, pois era

considerada uma entidade religiosa, cujo pai representava e desempenhava nela o

papel de sacerdote e juiz, podendo até mesmo abandonar a sua esposa, vender os

filhos, casá-los com quem quisesse.

Esses deuses não tinham um lugar específico para ser adorado, ou seja, não

possuíam templos. Os cultos eram realizados pelos chefes de família ou

magistrados civis, porém essas atividades eram reguladas por colégios sacerdotais.

Na segunda metade do século VI a.C. os etruscos conquistaram a cidade de Roma e

introduziram o culto às estatuas dos deuses, os templos, adivinhações e muitos

outros artifícios religiosos. Um costume, de origem grega, foi o de convidar os

deuses para o banquete sagrado, que era representado por suas estatuas e

organizados em casais: Júpiter e Juno, Marte e Vênus...

Em alguns cultos foram introduzidos rituais de orgias, como o da deusaCibele, a grande mãe, e o de Dionísio, deus do vinho, que em sua transição para

Roma passou a ser chamado de Baco. Essa questão fica mais clara a seguir:

Quando os habitantes de uma cidade desejavam desenvolver o comércio ou a imigração,construíam templos aos deuses que adoravam em outros países ou cidades, afim de queos habitantes desses países ou cidades fossem adorá-los. É por isso que nas ruínas da

cidade de Pompéia, Itália, encontra-se um templo de Ísis, uma deusa egípcia. Essetemplo foi edificado para fomentar o comercio de Pompéia com o Egito, fazendo oscomerciantes egípcios se sentirem como em seu próprio país (Hurblbut, 2007, p.60).

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Na questão das vestimentas era comum nos homens o uso de túnicas, e nos

cultos a toga, que era um manto de lã muito utilizado pelos magistrados. As

mulheres se vestiam da mesma maneira, sendo que depois passaram a usar a

estola, uma espécie de chalé retangular e comprido, sobre o qual se colocava a pala

ou manta.

Os romanos primitivos eram muito severos e conservadores dos antigos

costumes, mas com o crescimento avassalador do império essa severidade se

perdeu, passando a serem amantes do luxo, deixando de uma vez toda ortodoxianesta área.

1.3 - ETAPAS DO IMPÉRIO ROMANO.

No ano de 42 d.C. Otávio, filho adotivo de César, recebeu a consagração do

Senado e do povo romano, onde lhe foram entregues todas as magistraturas semlimites de mandato recebendo os títulos de Imperador, que lhe concedia o comando

vitalício do exército, e Augusto, que o colocava num patamar de veneração

semelhante ao dos deuses. A partir da aceitação desses dois títulos Roma começa a

florescer como um Império.

Quando ele começou a reinar (27 a.C. - 14 d.C.) impôs um sistema de

governo denominado de Monarquia Absoluta (Império), com toda a forma de

organização republicana, conservando os órgãos do Estado que encontrara,reduzindo, porém o poder do Senado. Criou o Conselho dos Príncipes, para resolver

questões complexas, formado por seus melhores amigos, formando o 2º Triunvirato,

que o expandiu de tal maneira como pode ser observado a seguir:

Otávio, herdeiro adotivo de César, Marco Antonio e Lédipo conseguiram que o senado

os nomeasse para governar o estado, e em 42 d.C. eles destruíram as forçasrepublicanas liderada por Bruto e Cássio. Logo depois, Otávio e Marco Antoniopassaram Lédipo para um segundo plano, e começaram a se separar para a derradeiraluta entre si. Novamente a decisão sobre quem deveria governar o império foi tomada na

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Grécia, dessa vez em uma batalha naval em Ácio, na Grécia ocidental, em 31 a.C.Otávio perseguiu os fugitivos Marco Antonio e Cleópatra até o Egito passou a fazer partedo Império Romano em 30 a.C. (Wycliffe, 2007, p. 1696).

Após a morte de Augusto, quatro imperadores o sucederam. Tibério, seu

genro, que posteriormente abandonou Roma e foi viver em Capri e acabou sendo

assassinado. Cláudio trouxe um grande desenvolvimento do Império, mas foi

assassinado por sua quarta esposa Agripina e seu filho Nero reinou em seu lugar.

Caracterizado por sua crueldade, mandou matar sua própria mãe que o fez ascender

ao trono e em 64 d.C. incendiou Roma colocando toda a culpa para os cristãos, mas

em seguida pediu para que um escravo o matasse devido uma invasão nas

fronteiras do Império.

Após a sua morte uma guerra civil se iniciou em Roma, onde o poder estava

nas mãos de Galba, chefe da guarda pretoriana de Roma e de Vitélio, general do

exército da Gália, mas Tito Flávio Vespasiano o venceu.

Do ano de 69 a 96 de nossa era iniciou-se a dinastia dos Flávios, tendo como

primeiro Vespasiano, sendo sucedido por seu filho Tito, aquele que tanto lutou

contra os judeus, principalmente em Jerusalém. Morreu após dois anos de reinado e

foi substituído por seu irmão Domiciano, conhecido por sua crueldade, contudo foiassassinado por seus próprios guardas auto denominando-se sucessor de Nero:

Domiciano, de fato, tendo exercido sua crueldade contra muitos e matado injustamente anão pequeno número de homens nobres e ilustres em Roma e, tendo punido sem motivovastos números de homens honrados com exílio e confisco de suas propriedades,estabeleceu-se por fim como sucessor de Nero pelo seu ódio e hostilidade contra Deus

(Cesaréia, 1999, p. 95).

Após sua morte começou o governo dos Antoninos, formado por cinco

estadistas que ascenderam ao trono. Dentre todos eles segue-se a seguinte

seqüência: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e um sexto

chamado Cômono, cujos feitos não lhe permitiram o beneficio de estadista.

Após o governo de Cômodo o império entrou em crise no século III com muita

desordem, miséria e uma série de revoltas aonde chegaram a ter dois monarcas

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num mesmo período Septímio Severo, Antonio Bassiano, Heliogábalo e Alexandre

Severo que foi assassinado em 235 d.C. após essa fase de confusão e lutas

consecutivas, o império entrou numa grave desorganização, conhecida como

Anarquia militar.

Todas essas lutas abalaram as estruturas do império facilitando as invasões

bárbaras, mas Aureliano começou a reinar e impediu que isso acontecesse. Foi

sucedido por Probo, e este por outros que foram assassinados até que Diocleciano

subisse ao trono. Quando começou a reinar realizou uma reforma geral no império,

dividindo-o em duas partes ocidental e oriental, fixou a capital do império em

Nicomédia e em Milão, deu aos governantes de cada região o titulo de augusto, com

um companheiro, e herdeiro, inferior denominado de César. Diocleciano reinou na

região oriental enquanto seu amigo Maximiano reinou na Roma ocidental. Após ele

Constantino começou a imperar no ocidente, enquanto Licínio reinava no oriente.

Constantino o grande adotou o cristianismo como religião, obrigando o culto

cristão em toda a região do império, causando um desentendimento com Licínio que

acabou sendo derrotando e a decisão de Constantino prevaleceu em 323 d.C. Em

330 fundou Constantinopla para onde foi mudada a capital do império romano.

Após a sua morte as lutas reiniciaram e o governo passou para as mãos de

Constâncio e depois de Juliano, que morreu em 363 d.C. e o império foi novamente

dividido e assim até que os dois impérios sofreram ataques de bárbaros, até que em

476, subjugado pelo bárbaro Odoacro, o Império Romano deixou de existir. Isso fica

mais claro a seguir:

Durante algumas décadas, pouco antes de Diocleciano iniciar seu reinado, tribosbárbaras haviam invadido as fronteiras ao norte do império, especialmente na região doDanúbio. Algumas delas haviam recebido permissão para entrar no império e seestabelecer ao longo das fronteiras, onde serviriam como uma proteção contra outrosbárbaros. Antes dessas tribos se tornarem perfeitamente romanizadas, uma nova ondade infiltração bárbara teve início no século IV, durante a época de Constantino. Esse fatoexerceu uma grande pressão sobre o império, que começou a se desintegrar em estadossemi-barbaros. Embora Roma houvesse ficado sem um governante romano depois de476 d.C. e por esta razão costuma-se dizer que o império caiu esse ano, ele continuou aexistir no oriente até 1453 d.C. tendo sua capital em Constantinopla (Wycliffe, 2007, p.1699).

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CAPÍTULO II

2.0 – PAULO – A HISTÓRIA.

2.1 - ANTES DA CONVERSÃO.

Nascido em Tarso, na Cilícia, aproximadamente no ano 10 d. C. quando

estava no auge do poder o imperador César Augusto do antigo Império Romano. O

seu próprio testemunho já descreve que ele era um israelita circuncidado da tribo deBenjamim, que falava a língua aramaica no meio da sua família e herdeiro da

tradição do farisaísmo (um grupo separado por Judas Macabeus no século II a.C.

que foram favorecidos na época do império Romano, tornando-se uma seita de

piedosos membros da comunidade de Israel que visa à santidade pela observação

da Torá). Quando jovem foi enviado a Jerusalém para ser instruído por Gamaliel que

ocupava uma elevada posição no conselho judaico e era muito respeitado.

Tornou-se um cidadão romano, ainda que não tenhamos certeza se porherança do título de cidadão ou por serviços prestados ao governo romano. Esta

cidadania lhe permitia alguns privilégios: Garantia de julgamento perante César;

Imunidade total dos açoites antes da condenação; Imunidade em relação à

crucificação.

Paulo é mencionado pela primeira vez em Atos dos Apóstolos, na descrição

que ali se faz do apedrejamento de Estevão. Embora ele não apedrejasse, é certo

que estava guardando as vestes dos que estavam praticando o ato, contudo estava

liderando. Isto fica mais claro na declaração feita por Lucas:

Dando grandes gritos, eles taparam os ouvidos e, todos precipitaram-se contra ele,empurraram-no para fora da cidade e puseram-se a apedrejá-lo. As testemunhas tinhamdeposto suas vestes (as de Estêvão) aos pés de um jovem chamado Saulo [...] Sauloaprovava este homicídio. Naquele dia, desencadeou-se violenta perseguição contra a

Igreja de Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, dispersaram-se pelas regiões daJudéia e da Samaria. (Atos dos Apóstolos capítulos 7 e 8).

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Uma coisa que intriga a muitos e parece ser complexa é a questão de em

uma parte da bíblia aparecer o nome de Saulo e outra o nome de Paulo, mas a

explicação é clara, pois Saulo é o nome hebraico e Paulo é o nome romano de

Saulo.

Ele entrou abertamente nessa obra de perseguição contra o cristianismo e,

vendo que Jerusalém já não era campo suficiente para seu êxito, pois os cristãos

que ali viviam estavam em prisões, escondidos ou em fuga, voltou os seus olhos

para outras regiões. A sua idéia era acabar com a religião emergente. Neste sentido

afirma Jessé Lyman:

Entre aqueles que ouviram a defesa de Estevão, e que se escolarizaram com suaspalavras sinceras, mas incompatíveis com a mentalidade judaica daqueles dias, estavaum jovem de Tarso, cidade da costa da Ásia Menor, chamado Paulo. Esse jovem haviasido educado sob a orientação do famoso mestre Gamaliel, sendo, além disso,conhecido e respeitado intérprete da lei judaica. Saulo participou do apedrejamento deEstevão e logo a seguir fez-se chefe de terrível e obstinada perseguição contra osdiscípulos de Cristo, prendendo e açoitando homens e mulheres. (Hurblbut, 2007,p.30).

Talvez ele fosse membro do sinédrio (supremo tribunal dos judeus em

Jerusalém nos tempos do novo testamento) pela sua afirmação de que não só tinha

poder de lançar na prisão, por missão daquele tribunal, mas também dava o seu

voto quando matavam os cristãos:

Foi o que fiz em Jerusalém: a muitos dentre os santos eu encerrei nas prisões, recebiaautorização dos chefes dos chefes dos sacerdotes; e, quando eram mortos, eu contribuíacom o meu voto; muitas vezes, percorrendo todas as sinagogas, por meio de torturasquis forçá-los a blasfemar; e, no excesso do meu furor, cheguei a persegui-los até emcidades estrangeiras. (Atos dos Apóstolos capítulo 26, versículos 10 e 11).

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2.2 - A CONVERSÃO.

No Livro dos Atos dos Apóstolos como também suas cartas nos é mostrado

sua súbita conversão ao cristianismo. Após liderar uma expedição contra os cristãos

que estavam em Damasco (35 d.C.), de repente ele foi surpreendido por um clarão,

uma forte luz do céu que o cega imediatamente então ele ouviu a voz de Cristo que

o comissiona para este novo modo de vida. Visto que ele não era um dos doze

discípulos, não tinha um chamado de Cristo, e tinha perseguido os seus seguidores,a necessidade da revelação pessoal de Cristo para Paulo parece visível. O apóstolo

Lucas nos esclarece isso com mais precisão:

Saulo, contudo, respirando ainda ameaças e morticínios contra os discípulos do Senhor,foi procurar o Sumo Sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fimde que, encontrasse alguns adeptos do caminho homens ou mulheres, ele ostrouxessem aguilhoados para Jerusalém. Caminhava e aproximava-se de Damasco,quando de repente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra,ouviu uma voz que lhe dizia “Saul, Saul, por que me persegues?”, perguntou ele. E este:“Eu sou Jesus a quem persegues”. (Atos dos Apóstolos capítulo 9 versículos 1 e 2)

A conversão de Paulo é narrada três vezes em Atos dos Apóstolos (9.1-19;

22.3-21; 26.12-20). De qualquer modo existem dois elementos na história que são

claros: Paulo estava convencido de que tinha visto Cristo ressuscitado; Sua vida foi

completamente mudada daquele dia em diante e ele mesmo afirma isso:

E por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo. Por que eusou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois quepersegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça sou o que sou; e a sua graça para comigonão foi vã; antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça deDeus, que está comigo. (Atos dos Apóstolos capítulo 8 ao 10).

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A evidência de sua real e súbita mudança está nas mensagens que ele

começou a pregar nas sinagogas de Damasco (lugar onde ele pretendia prender os

cristãos). A conversão de Paulo pode ser explicada psicologicamente, mas são os

teólogos que a explicam como uma obra da graça de Deus que ocasionou numa

vocação especial, na qual ele aprendeu sobre Cristo como filho de Deus o Senhor,

este se tornou o ponto principal de suas pregações.

Saulo fugiu para Jerusalém. Ali, depois de ser aceito pelos cristãos, começou

a falar abertamente. Conheceu os apóstolos Pedro e Thiago, e trabalhou na Síria e

na Silícia durante alguns anos exercendo a função de fabricante de tendas (Atos dos

Apóstolos capítulo 18 versículos 2 e 3).

Após a sua conversão e aceitação por conta dos cristãos, o apóstolo Paulo

ingressou em três grandes viagens missionárias tendo uma quarta na qual fora a

Roma. Todas as três viagens começaram e terminaram na comunidade gentio-cristã

de Antioquia.

A sua primeira viagem missionária teve uma grande influencia dos cristãos da

Antioquia e foi uma missão para os gentios. Partiu da Antioquia (na Síria), lugar que

se tornou um centro do cristianismo para os gentios, devido às perseguições

realizadas por Paulo, que ocasionou na dispersão dos cristãos para este lugar.

Nesta viagem Paulo contou com a presença de Barnabé e João Marcos, que foram

com ele a Chipre onde já havia comunidades cristãs. Pregaram em Salamina, e

foram até Pafos onde conquistaram o Procônsul Sérgio Paulo para o cristianismo.

De Pafos seguira para Panfília, local de onde João Marcos regressou para

Jerusalém e Paulo assumiu a liderança. Paulo e Barnabé seguiram para o norte em

direção a Província da Galácia na Antioquia da Psídia. De lá suas visitas se

estenderam a quatro cidades: Icônio, Listra e Derbe onde conquistou muitos

discípulos. Depois de algum tempo começaram a viagem de volta onde organizaram,

encorajaram os fieis e fazendo discípulos. Chegaram a Atália onde embarcaram

para Antioquia da Síria e aí fizeram diante da comunidade um relatório de sua

missão como relata Lucas:

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Depois de terem evangelizado essa cidade e conseguido fazer um bom numero dediscípulos, regressaram para Listra, Icônio e Antioquia. Confirmavam o coração dosdiscípulos, exortando-os a permanecerem na fé e dizendo-lhes:”É preciso passar pormuitas tribulações para entrarmos no reino de Deus. em cada igreja designaram anciãose, depois de terem orado e jejuado, confiaram-nos ao Senhor em quem tinham crido.

Atravessando então a Pisídia, chegaram a Panfília. após anunciarem a palavra emPerge, desceram para Atalia. De lá navegaram para Antioquia, de onde tinham sidoentregues a graça de Deus para a obra que havia realizado. Ao chegarem, reuniram aigreja e puseram –se a referir tudo o que Deus tinha feito com eles, especialmenteabrindo aos gentios a porta da fé. Permaneceram depois não pouco tempo com osdiscípulos”. (Atos dos Apóstolos capítulo 14 versículo 21 ao 28)

A Segunda Viagem Missionária de Paulo teve um propósito diferente,

conforme ele mesmo afirmou era de visitar nossos irmãos por todas as cidades emque já anunciamos a palavra do Senhor (Atos dos Apóstolos capítulo 15 versículo

16).

Nesta viagem, Paulo teve como acompanhante Silas. Viajaram por terra na

estrada em sentido norte, pela Síria e Silícia e assim começaram a segunda visita a

Galácia, em Derbe. Mas o centro do interesse tornou-se a Macedônia e Acaia, para

onde partiram e via Neápolis para Filípos, uma cidade da Macedônia próxima ao mar

Egeu, onde foi fundada uma comunidade cristã composta, em sua maioria, degentios que mostrou grande afeição para com o Apóstolo. Os magistrados da cidade

mandaram prender Paulo e Silas, mas foram soltos a noite por serem cidadãos

romanos. Continuaram então sua viagem por Anfípolis e Apolônia até Tessalônica,

onde pregaram durante três semanas e fundaram uma comunidade cristã bem

estruturada composta em sua grande maioria de gentios. Depois partiram para

Bereía, uma cidade da Macedônia, cerca de 73 km ao oeste de Tessalônica, onde

grande número de judeus e gentios da elite aceitaram ao cristianismo, mas diantedas perseguições Paulo foi obrigado a fugir sozinho para Atenas. Neste lugar ele

pregou para vários ouvintes, dentre eles filósofos epicuristas e estóicos, pensando

que ele estava pregando um novo deus o convidaram para apresentar sua doutrina

no Areópago, onde ele pregou sobre o deus desconhecido e alcançou o coração de

alguns, dentre eles Damaris e Dionísio, contudo foram tidos como paroleiros e foram

expulsos de lá como afirma Lucas:

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De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos e, todos os dias, napraça, com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estóicoscontendia com ele. Uns diziam: Que quer dizer esse paroleiro? E outros: Parece que épregador de deuses estranhos. Porque lhes anunciava Jesus e a ressurreição [...] Eassim Paulo saiu do meio deles (Atos dos Apóstolos capítulo 17 versículos 19,18 e 33).

Dali, Paulo partiu para Corinto, onde ficou hospedado durante dezoito meses,

pregando nas sinagogas aos sábados. Recebendo ajuda dos cristãos de Filipos,

voltou à pregação da Palavra convertendo muitos judeus e pagãos de classe baixa,

conhecidos como os sem cultura. Ainda em Corinto Paulo escreveu as epístolas de I

e II Tessalonicenses. Embarcou então para a Síria junto com Áquilas e Priscila.

Deixou seus companheiros em Éfeso, foi para Cesaréia e voltou para Jerusalém

terminando assim sua Segunda Viagem Missionária.

A terceira viagem missionária de Paulo teve como ponto de partida a Galácia,

onde as comunidades cristãs viviam em paz. Chegou a Éfeso onde conheceu alguns

discípulos de João Batista e pregou durante três meses na sinagoga.

Durante sua estadia em Éfeso, o apóstolo Lucas relata que o ministério dePaulo foi marcado por uma série de atividades como: expulsão de demônios, curas e

a destruição de um grande número de livros de magia e o tumulto que depois de três

anos ocasionou no fim de sua estadia naquela cidade, como pode ser visto a seguir:

Entretanto, pelas mãos de Paulo, Deus operava milagres não comuns. Bastava, porexemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessemtocado seu corpo: afastavam-se deles as doenças, e os espíritos maus saíam [...] Muitosdos que haviam abraçado a fé começaram a confessar e a declarar suas práticas. Egrande número dos que havia exercido a magia traziam seus livros e os queimavam àvista de todos. Calculando-se o seu preço, acharam que seu valor chegava a cinqüentamil peças de prata. Assim, a palavra do Senhor crescia e se firmava poderosamente.(Atos dos Apóstolos capítulo 19 versículos 11 ao 20).

O cristianismo começava a ganhar espaço em toda a Ásia fundando uma fértilcomunidade cristã em Colosssos, Laodiçéia, Hierápolis, Trôade, Esmirna, Tiatira,

Sardes e Filadelfia. Diante das intempéries da Igreja de Corinto, Paulo resolveu ir

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pessoalmente lá, mas ficou por pouco tempo regressando a Éfeso, onde escreveu a

sua terceira carta aos corintios, mas esta também se perdeu como aconteceu com a

segunda carta. De Éfeso viajou para Trôade, onde esperava encontrar-se com Tito,

mas embarcou para Macedônia onde realmente se encontrou com Tito. Da

Macedônia Paulo escreveu a epístola de II Coríntios (57 d.C.). Depois de uma visita

às comunidades da Macedônia voltou para Corinto onde ficou três meses e escreveu

a epístola aos romanos para preparar uma visita há muito tempo planejada a este

local.

Regressando da sua terceira viajem missionária, Paulo chega a Filipos, onde

se encontrou com o Apóstolo São Lucas juntando-se a ele. Em Trôade tomaram o

navio para Mileto, onde viajaram até Tiro. De lá prosseguiram para Ptolomaide e daí

por terra a Cesaréia terminando em Jerusalém para a Festa de Pentecostes.

Embora tenha sido bem recebido por Thiago e os anciãos, alguns judeus da Ásia,

presentes em Jerusalém para festa o acusaram de profanar o tempo criando um

grande tumulto, resultando na sua prisão pelo capitão romano da cidade como

afirma Lucas:

Quando os sete dias estavam quase terminando, os judeus da Ásia, vendo-o no templo,alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele, clamando: Varões israelitas, acudi! Esteé o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo, e contra a lei, e contraeste lugar, e; demais disto introduziu também no tempo os gregos e profanou este santolugar [...] E alvoroçou toda a cidade, e houve grande concurso de povo; e, pegando dePaulo, o arrastaram para fora do templo e logo as portas se fecharam. E procurando elesmata-lo, chegou ao tributo da corte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão.Este tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles. E, quando viram otribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo. (Atos dos Apóstolos capítulo 20,versículo 27 ao 32)

2.3 – PRISÃO E MARTÍRIO.

Durante o período em que esteve preso, Paulo apelou para a sua cidadania

romana, apelou a César para um julgamento justo, e foi julgado inocente dasacusações contra ele por Festo e Agripa. Sua viajem a Roma resultou em um

período de dois anos de pregações e ensinos públicos, com toda liberdade,

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praticamente na porta do palácio de César, onde o relato feito por Lucas chega ao

fim.

Parte de suas epístolas mostram que ele foi solto logo após sua primeiraprisão e viajou a lugares como Creta, Nicópolis, Trôade, Mileto e Corinto, e depois

foi preso pela segunda vez e executado.

Segundo uma tradição romana Paulo foi decapitado fora da cidade, e

sepultado numa propriedade particular à beira da estrada para Óstia durante o

governo de Nero.

Declarando-se publicamente como o principal inimigo de Deus, Nero conduziu

sua fúria de maneira tão drástica e ateou fogo na cidade de Roma para incriminar os

cristãos, e então começou uma grande caça aos apóstolos e adeptos do

cristianismo. Paulo e Pedro foram vítimas dessa figura cruel como relata Eusébio de

Cesaréia:

Relata-se, portanto, que Paulo foi decapitado em Roma e que Pedro foi crucificadosob seu governo. E esse relato é confirmado pelo fato de que os nomes de Pedro ePaulo ainda hoje permanecem nos cemitérios daquela cidade. Isso vem confirmarainda a presença de Pedro em Roma. (Cesárea, 1999, p. 76).

De igual maneira, certo historiador eclesiástico de nome Caio, nascido na

época que Zeferino era Bispo de Roma, em disputa com Próculo, o líder da seita

frígia, apresenta a seguinte declaração com respeito aos lugares em que ostabernáculos terrenos dos mencionados apóstolos foram depositados:

“Mas posso indicar”, afirma ele, “os despojos dos apóstolos, pois se fores ao Vaticano ouà Via Ostiana encontrarás os depojos dos que lançaram os fundamentos desta Igreja. Eque ambos foram martirizados na mesma época testemunha Dionísio, bispo de Corinto,em seu discurso endereçado aos romanos: ‘Assim igualmente vós, mediante esta

admoestação, juntais a semente florescente plantada por Pedro e Paulo em Roma e emCorinto. Pois ambos tendo plantado a nós em Corinto, igualmente nos instruíram e,tendo de igual maneira ensinado na Itália, sofreram martírio quase na mesma época’” (,Cesárea, 1999, p. 76).

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CAPÍTULO III

3.0 - A INFLUÊNCIA DE PAULO NA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO.

3.1 - RELAÇÕES ENTRE CRISTIANISMO E IMPÉRIO ROMANO.

Após a morte de Cristo, seus discípulos se dispersaram e sua doutrina se

espalhou rapidamente por todo o mundo oriental chegando ao coração do império.

Principalmente por intermédio do apóstolo Paulo as palavras de Cristo foramconservadas e transmitidas aos povos através dos evangelhos (Mateus, Marcos,

Lucas e João) que registram os fundamentos dessa doutrina.

Nos quatro evangelhos encontramos relatos repetidos, e únicos em cada um

deles, que descrevem a obra e ministério de Cristo. Tais ensinamentos foram

ganhando cada vez mais espaço entre os judeus e posteriormente entre os pagãos.

A partir daí o cristianismo foi tomando forma e seus seguidores passaram a ser

chamados de cristãos (Atos dos Apóstolos capítulo 11 versículo 26) como também

pode ser visto a seguir:

A igreja de Antioquia, também, agora florescia e abundava em membros e no grandenumero de mestres vindos de Jerusalém, entre os quais estavam Barnabé e Paulo, emuitos outros irmãos com ele. O nome cristão primeiro surgiu naquele lugar, como quede um solo grato e produtivo (Cesaréia, 1999, p. 52).

Na península itálica a expansão do cristianismo continuou de forma rápida

alcançando as regiões da Síria, Ásia Menor, Grécia e Macedônia. Os romanos que

eram abertos a todos os seguimentos religiosos tinham pelos cristãos uma menor

contemplação, pois a doutrina de Cristo vinha mudar os princípios morais que

regiam a sociedade do tempo com seus costumes e leis. Os cristãos a princípio

eram vistos como membros de uma nova seita oriunda do judaísmo e que Cristo era

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simplesmente um agitador popular, o que não provocava nenhum perigo para o

império como pode ser visto a seguir:

O surgimento do cristianismo com mais uma religião no contexto do mundo antigo nãocomportava, de início, nada de excepcional. Numa Judéia cindida em inúmeras facçõesreligiosas, algumas das quais caracterizadas pela atitude francamente hostil quedispensavam aos invasores romanos, os cristãos representavam mais uma correnteespiritual oriunda do judaísmo, não obstante o desprezo que os mais importantes líderes judaicos, à época, nutriam pela atuação de Jesus e de seus seguidores (Ventura, 2006,p.241).

O cristianismo, a princípio era algo pequeno, composto por pessoas de classe

baixa que não tinham nenhuma influencia política nem religiosa e se quer alguma

ligação com o império. Em suma, não se tinha muita esperança de crescimento

comparado às demais seitas de sua época como vemos se observa a seguir:

O cristianismo a aparece já, por volta dos fins do século I, como uma religião citadina,dos trabalhadores mais humildes, dos escravos, dos desafortunados e, naturalmente,também de alguns elementos em crise das classes dominantes da própria aristocraciamilitar e social. Nos campos, entre os camponeses fieis aos velhos deuses e aos velhosritos, com os quais se identificavam os tempos lendários do sistema comunitárioprimitivo, o cristianismo só conseguirá penetrar muito mais tarde. (Donini 1989, p. 94).

Reforçando tal idéia encontramos outra referência ao repúdio ao cristianismo,

como uma simples seita entre muitas outra, por conta do império:

O governo de Roma reconhece os seguidores de Cristo como uma das muitas seitas judaicas presentes na palestina. A sua atitude em relação à pregação cristã na diáspora  judaica do Mediterrâneo oriental era geralmente neutra e algumas vezes atébenevolente. Mesmo sob a administração de Nero os cristãos viveram em paz na capitaldo império até o ano de 62. (apud Ventura, 2006, p.161).

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O mesmo autor reforça mais adiante:

Quando nos debruçamos sobre o estudo das relações entre o cristianismo e o poderimperial no decorrer dos primeiros duzentos e cinqüenta anos do Império Romano,período compreendido entre o surgimento e difusão da seita e irrupção das primeirasperseguições imperiais aos seus adeptos, somos surpreendidos por um fragrantedesinteresse das autoridades romanas para com os cristãos. A rigor, uma comunicaçãoregular entre os imperadores e a Igreja só se estabelece no século II, mediante aelaboração de apologias, obras nas quais os autores cristãos se dirigem a corte com ointuito de expor os princípios da sua fé e solicitar a benevolência dos imperadores (apudVentura, 2006, p.244).

Com o crescimento avassalador desse novo seguimento religioso, os cristãos

passaram a ser visto pelos romanos como revolucionários, um fato que não

acontecia com as demais crenças. Foi através disso que às perseguições

começaram a acontecer. Um historiador romano verificando esse avanço tão rápido

chegou a seguinte conclusão:

Um dos mais importantes historiadores romanos do Alto Império, por exemplo,considerava o cristianismo um flagelo pernicioso oriundo da Judéia em torno do qual sereuniam indivíduos que nutriam ódio pelo gênero humano, o que bem podia significaruma acusação de magia, razão pela qual o cristianismo representou, desde cedo, umasuperstição ameaçadora para a segurança do Estado. (Ventura, 2006, p.243).

Contudo, Roma contribuiu muito, tanto política, religiosa e geograficamente,

para que o cristianismo alcançasse os lugares mais distantes, pois foi por meio de

um imperador romano que uma nota foi emitida resultando no nascimento de Jesus

em Belém, não em Nazaré. Um oficial romano preparou o processo de sua

crucificação. Os imperadores romanos administravam todas as províncias

alcançadas pelo evangelho. Uma das referências mais especificas a Roma

encontramos a expulsão dos judeus realizada pelo imperador Cláudio (Atos dosApóstolos capítulo 18 versículo 2) o que é confirmado pelo historiador Suetônio:

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A suposta expulsão dos cristãos de Roma decretada sob o governo de Cláudio resulta,na realidade, de uma extrapolação do texto de Suetônio. De fato, em A Vida dos DozeCésares, o autor afirma que o imperador teria banido da Ubers os “judeus que sesublevaravam incessantemente sob instigação de um certo Chestos”, não sendopossível se estabelecer ao certo a que personagem Suetônio se refere nessa passagem.

Sendo assim, não observamos, no conjunto da legislação do Alto Império, nenhumaevidencia de uma diretiva geral, um edito, promulgação contra os cristãos, prevalecendoo princípio segundo o qual os pronunciamentos imperiais acerca do cristianismo eramreativos, ocorrendo sempre a partir de uma consulta oficial feita a chancelaria imperialpor parte do governador de província, das comunidades municipais ou particulares (apudVentura, 2006, p.244,245).

Segundo os relatos de Lucas em Atos dos Apóstolos, os cristãos que se

dispersaram na expulsão realizada por Cláudio retornaram, mas alguns aindaficaram por lá por umas duas décadas mais tarde, quando Paulo chegou a essa

cidade. A cidade de Roma aparece no Novo Testamento sempre ligada a pessoa de

Paulo. Ele caminhou pela famosa via Ápia até chegar a Roma onde permaneceu em

uma prisão domiciliar por cerca de dois anos, como nos relata Lucas:

Os irmãos desta cidade, tendo ouvido falar a nosso respeito, vieram ao nosso encontroaté o foro de Ápio e Três Tabernas. Ao vê-los, Paulo deu graças a Deus e sentiu-seencorajado. Depois de chegarmos a Roma, foi permitido a Paulo morar em casaparticular, junto com o soldado que o vigiava. (Atos dos Apóstolos, capítulo 28 versículos15 e 16).

Estando na prisão em Roma encontramos Paulo apelando para César

examinar a questão da lei judaica (Atos dos Apóstolos, capítulo 28). Durante suaprimeira prisão, encontramos o apóstolo alegre com a expansão do evangelho no

território romano, e de como ele evangelizou toda a guarda do palácio quando se

encontrava preso.

Quero que saibais irmãos, que o que me aconteceu redundou em progresso doevangelho: as minhas prisões se tornaram conhecidas em Cristo por todo o pretório epor toda parte, e a maioria dos irmãos, encorajados no Senhor pelas minhas prisões,proclamam a palavra com mais ousadia e sem temor. É verdade que alguns anunciam oCristo por inveja e por porfia, e outros por boa vontade: estes por amor proclamam a

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Cristo, sabendo que fui posto para defesa do evangelho [...] (Filipenses, capítulo 1versículos 12 ao 16).

Analisando de uma maneira simples encontramos Paulo evangelizando o

pretório, ou seja, a Guarda Pretoriana, a legião imperial favorita, cujos componentes

haviam recebido a ordem de vigiá-lo durante todo o período de sua prisão. O que

pode ser visto é que os ensinamentos do cristianismo começaram a ser divulgados

no seio do próprio império, conquistando pessoas de destaque dentro dele.

Festo foi enviado por Nero como sucessor de Félix. Sob ele Paulo foi levado prisioneiro aRoma depois de defender sua causa. Ora Aristarco era seu acompanhante, a seurespeito diz, em alguma parte de suas epistolas, que era seu companheiro de prisão. ELucas, que escreveu os Atos dos Apóstolos, finalizou sua narrativa depois de demonstrarque Paulo passou dois anos inteiro relativamente livre em Roma, tendo pregado aPalavra de Deus sem impedimentos. Diz-se que, depois de defender sua causa, oapóstolo foi de novo enviado no ministério da pregação e que, chegando pela segundavez à mesma cidade, teve a vida encerrada pelo martírio (Cesaréia, 1999, p. 70).

Outro autor reforça tal verdade como pode ser visto a seguir:

Favorecido pela clemência imperial, o cristianismo começa a se expandir com ímpetocada vez maior, alcançando inclusive a elite romana. Em finais do século II, observamosa presença inquestionável de cristãos na casa imperial, pois sabemos que Márcia, aconcubina de Cômodo, interferiu com sucesso em favor dos cristãos condenados a

trabalhos forçados na Sardenha (Apud, Ventura, 2006, p.245).

Quando Paulo chegou a Roma, aproximadamente no ano de 60 d.C. essa

cidade ainda não estava em seu apogeu, o que só aconteceu por volta do século II,

contudo era uma grande cidade que dominava todo o mediterrâneo causando temor

e respeito em muitas pessoas além das fronteiras imperiais. A população de Roma

chegava a aproximadamente 1.500.000 de pessoas no início do século II e,conseqüentemente todo o tipo de estrutura se multiplicavam para atender as

crescentes necessidades do emergente império.

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3.2 - AS PERSEGUIÇÕES.

Como filho e sucessor, Cláudio adotou Nero, filho do primeiro casamento dasua segunda esposa. Nero reinou muito bem (54-68 d.C.) durante os cinco anos de

poder, quando ainda estavam sob domínio de sua mãe e dos chefes de

departamentos executivos do governo, sendo que o principal dele era o filosofo

estóico Sêneca.

Quando se tornou independente, Nero começou a entrar em contínuos conflitos comvários indivíduos e facções do governo, a partir daí, passou a se sentir temeroso emrelação a conspirações contra a sua vida, com isso seu governo tomou características deuma ditadura, matando sua mãe (que o ajudou a ascender ao trono), eu irmão adotivo esua esposa, espalhando terror por toda a parte do império. (Cesárea, 1999, p. 76)

Em uma noite de julho de 64 d.C. o incêndio em Roma teve inicio ao lado do

Circo Máximo e durou cerca de nove dias, tomando conta de mais da metade dacidade e até o palácio de Nero foi atingido pelas chamas, muitos foram os esforços,

mas nada pode contê-lo. O imperador fez de tudo para abater o flagelo sobre os

desabrigados, mas todos tinham uma suspeita de que ele estava por de trás desse

incêndio com o objetivo de ter as honras de reconstruir Roma de uma forma

grandiosa.

O clímax de tal crueldade foi a de lançar culpa nos cristãos, com o intuito de

desviar a culpa de sua pessoa. A partir daí teve inicio a primeira perseguição oficial,que ocorreu em aproximadamente 64 d.C. e durou até 66 d.C.

Tal fato fica mais esclarecido na seguinte afirmação:

No ano 64, uma grande parte de Roma foi destruída por um incêndio. Diz-se que foiNero, o pior de todos os imperadores romanos, que ateou fogo à cidade. Embora a

acusação ainda seja discutível, a opinião publica responsabilizou Nero pelo crime. A fimde escapar da responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio deRoma e moveu contra eles terrível perseguição. (Hurblbut, 2007, p.45).

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A perseguição se espalhou de tal forma que Nero organizou grandes

espetáculos com o intuito de aplacar a sede de vingança dos cidadãos romanos.

Nesses espetáculos, os cristãos, sendo culpados pelo fato acontecido, sofriam

vários tipos de torturas antes de morrer.

Milhares de cristãos foram torturados e mortos, entre os quais o apóstolo Pedro, que foicrucificado no ano 67, e bem assim o apóstolo Paulo, que foi decapitado no ano de 68. Éuma das vinganças da história que naqueles jardins, onde multidões de cristãos foramqueimadas o imperador passeava em sua carruagem. (Hurblbut, 2007, p.45).

Alguns autores afirmam não haver nenhum indício de que o objetivo do

imperador era de combater a fé em Cristo (Wycliffe, 2007 p. 1698), mas de livrar de

sobre si a fama de incendiário de Roma. Contudo outros afirmam o contrário como

Tertuliano:

Examinai vossos registros: ali encontrareis que Nero foi o primeiro a perseguir essadoutrina, especialmente quando, depois de dominar todo o Ocidente, exerceu suacrueldade contra todos em Roma. Tal é o homem de quem nos orgulhamos ter sido olíder de nossa punição, pois aquele que sabe quem ele era talvez também saiba quenada que não fosse o grande e bom seria condenado por Nero (CESARÉIA, 1999, p.76).

André Leonardo Chevirarese reforça tal idéia na seguinte afirmação:

Neste caso, parece existir uma concordância entre Suetônio e os autores cristãos sobreas razões que levaram Nero a perseguir os cristãos: elas seriam de um tipo geral epodiam ser aplicadas em todas as partes do Império, mas do que apenas na sua capital.A motivação é fundamentalmente religiosa (CHEVIRARESE. 2006. p.p. 166,167)

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Nero construiu palácios, conseguiu afastar importantes seguimentos da

sociedade, mas não teve sucesso em alcançar o apoio dos militares que

aproximadamente no ano de 68 d.C. deram inicio a uma rebelião, que culminou em

sua deposição pelo senado e condenação a morte. Em vez de se entregar cometeu

suicídio terminando assim a linhagem Júlio-Claudiana.

As perseguições imperiais foram em numero de dez. De um modo geral as

perseguições eram locais ou regionais, até que Décio (249-251) lançou um ataque

nacional, tendo a mesma idéia de Nero em buscar um culpado para o declínio geral

de Roma. Roma estava em decadência e novamente os cristãos foram obrigados a

assumir grande parte da culpa, pelo fato de terem se recusado a adorar os antigos

deuses, que supostamente teriam ficado zangados com tal atitude, e, por esta razão,

estariam castigando toda a sociedade. Essa perseguição foi seguida por ataques

cruéis contra os cristãos. Em seguida Diocleciano (303-305 d.C.) deu inicio a última

e pior das perseguições. Seu objetivo era destruir completamente a Igreja, martirizar

seus lideres, destruir os templos e acabar com as cópias das escrituras como pode

ser observado a seguir:

Ao mesmo tempo, ordenou-se que todos os templos construídos em todo o impériodurante meio século de aparente calma fossem destruídos. Alem disso, exigiu-se quetodos renunciassem ao cristianismo e a fé. Aqueles que não fizessem, perderiam acidadania romana e ficariam sem a proteção da leu. Em alguns lugares os cristãos eramencerrados nos templos e, depois, ateavam-lhe fogo, com todos os membros em seuinterior. Conta-se que o imperador Diocleciano erigiu um monumento com esta inscrição:“Em honra ao extermínio da superstição cristã” (HURBLBUT, 2007, p.p.66,67).

Para ele as perseguições tinham por objetivo acabar de vez com o

cristianismo, mas o contrário é que estava acontecendo. Quanto mais ele perseguia,

mais a nova religião ia tomando forma. Para ele os cristãos são membros de uma

religião transgressora e suas perseguições não afetaram somente Roma, mas a

estrutura de todo o império, pois componentes de famílias importantes de Roma

haviam sido convertidos pelo cristianismo:

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A presença de importantes nomes de algumas das mais influentes famílias romanasaponta para a cristianização de segmentos do alto estrato social romano e verifica-seuma associação entre Tito Flávio Clemente e inertia - abstenção da atividade política.Esta característica, como será vista com o governo de Marco Aurélio, apresenta doisaspectos: a) as elites, desde o inicio da República , sempre consideraram a participação

das funções publicas como um dos seus principais deveres; e b) a recusa de ummembro da elite romana em participar ativamente das funções publicas colocava emrisco a própria sobrevivência do sistema imperial romano. (CHEVIRARESE, 2006. p.169).

A nova religião não era mais uma das muitas seitas de origem judaica, mas

uma grande religião emergente prestes a dominar todo o império. Com os antoninos

o culto ao imperador é totalmente desencorajado, mas a classe dirigente estádisposta a tomar parte nas diversas atividades religiosas. Contudo o cristianismo

estava sendo implantado gradativamente no império como pode ser visto a seguir:

Conforme observou Sordi (1994:56) uma revolução de ordem cultural estava em cursodentro do Império romano, com o conceito de dominatio sendo amplamente utilizado nointerior das suas fronteiras (CHEVIRARESE. 2006. p. 170).

Com o fim do governo de Marco Aurélio uma nova relação entre Igreja cristã e o Estadocomeçou a se estabelecer. A Igreja começou a sair da margem da sociedade, passandoa ser reconhecida abertamente, se não oficialmente, pelo Estado. Os cristãos, de fato,durante o governo de Cômodo, deixam de lado aquele principio excessivamentecuidadoso em não querer assumir cargos públicos, um tipo de comportamento que oscaracterizou durante todo o período antonino (CHEVIRARESE. 2006. p. 173).

3.3 - INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO NO IMPÉRIO.

Os cristãos alienavam certas pessoas através de sua pretensão exclusiva a

Cristo e ao Evangelho, sendo que a população da época não se adaptava com a

afirmação de que Cristo era o caminho a verdade e a vida. Os cristãos também

alienavam muitos com suas práticas anti-sociais. Pois na vida greco-romana as

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diversas atividades como teatro, esporte, eventos e festas públicas eram realizados

em nome de alguma divindade pagã, os cristãos se ausentavam de tais aspectos da

vida social, pois para eles tudo deveria ser feito em nome de Cristo.

Além disso, os cristãos não podiam prestar culto nos santuários da religião

dominante e da deusa Roma (que era a personificação do Estado). Embora essa

prática se mantivesse um pouco informal e até mesmo voluntária não existia tanta

dificuldade assim, mas no tempo de Calígula houve uma tentativa de fazer o povo

adorá-lo, mas os cristãos se recusaram. Domiciano agiu da mesma maneira,

causando grandes sofrimentos a muitos. A questão do culto imperial entra em

contraste com as pregações do apóstolo Paulo, que afirmava que somente Cristo

deveria ser cultuado (II Tessalonicences, 2.3,4). Isso se tornou algo permanente no

seio do Império como pode ser observado a seguir:

Apesar do monoteísmo e da rejeição aos cultos pagãos, os cristãos não adotavam, deum modo geral, uma posição de hostilidade declarada à autoridade romana. MesmoTertuliano, um dos mais ferozes críticos do culto imperial, permaneceu fiel a tradiçãoestabelecida por Paulo segundo a qual o poder do imperador era delegado por Deus, oque exigia dos cristãos obediência estrita à ordem romana (VENTURA, 2006, p.243).

Uma das maiores conquistas do cristianismo deu-se logo após a abdicação

de Diocleciano, no ano de 305, durante o governo do Imperador Constantino. Esse

novo imperador era a favor dos cristãos, apesar de ainda não haver se confessado

como tal. Semelhantemente á conversão de Paulo, Constantino afirmou ter visto no

céu uma cruz luminosa com a seguinte inscrição: “In Hoc Signo Vinces”, que

traduzido quer dizer: Com este sinal/ símbolo vencerás. Mais tarde ele adotou tal

inscrição como símbolo de luta de seu exército se tornando o melhor imperador

romano como nos afirma Eusébio de Cesaréia em História Eclesiástica:

A ele, o Deus supremo, concedeu do céu os frutos de sua devoção, os troféus da vitória

sobre os maus, e aquele tirano abominável com todos os seus conselheiros e partidários,ele lançou prostrado aos pés de Constantino. Pois quando em seus movimentos agiusegundo os extremos da loucura, o imperador divinamente favorecido considerou-o nãomais merecedor de ser tolerado, mas tomando medidas prudentes e entrosando os

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firmes princípios da justiça com sua humanidade, determinou ir proteger aqueles queforam tão miseravelmente oprimidos pelo tirano; e nisso, banindo pragas menores,avançou para salvar vastas multidões do gênero humano. (CESARÉIA, 1999, p. 402).

Algum tempo depois Constantino promulgou em 313 d.C. o famoso Edito de

Tolerância, que oficialmente colocava fim nas perseguições. Apesar de estar

reinando, foi somente no ano de 323 d.C. que Constantino alcançou o cargo de

supremo Imperador, com isso o cristianismo foi muito favorecido.

Com o seu governo o cristianismo gozou de muitos benefícios, dente eles o fim dasperseguições, a restauração das igrejas, o fim dos sacrifícios pagãos, a dedicação detemplos pagãos ao culto cristão, as doações ás igrejas, os privilégios concedidos aoclero, proclamação do domingo como dia de descanso etc. (HURBLBUT, 2007, p. 88).

Da mudança de relação entre Império Romano e Igreja surgiram resultados

de alcance mundial. Para o Estado essa relação trouxe bons resultados como o fim

da crucificação, a repreensão do infanticídio, influencia no tratamento dos escravos

entre outros. A crucificação foi abolida, pois a cruz passou a ser utilizado como

emblema sagrado dos cristãos. O infanticídio foi abolido, pois era comum em Roma

que qualquer criança que não tivesse o agrado do pai fosse asfixiada, abandonada

ou até vendidas. Sobre o tratamento dos escravos, qualquer senhor poderia matar

os escravos que possuía, mas a influencia do cristianismo tornou mais humana o

tratamento dado aos escravos. Essa repentina mudança se baseava na pregação de

Paulo, que pregava uma nova vida em Cristo, como pode ser observado a seguir:

Vós vos desvestistes do homem velho com as suas praticas e vos revestistes do novo,que se renova para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador aí não há maisgrego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudoem Todos (Colossenses capítulo 3 versículos 9 ao 11).

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Os cristãos sempre obedeciam às autoridades constituídas, pois essa era

uma ordenança divina e que foi amplamente pregada pelo apóstolo Paulo. Algum

que resultou numa mobilização por parte do povo, como ele orientou aos cristãos

residentes em Roma:

Todo homem se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que nãovenha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. De modo que aqueleque se revolta contra a autoridade, opõe-se a ordem estabelecida por Deus. E os que seopõem atrairão sobre si condenação (Romanos capítulo 13 versículos 1 e 2)

Em relação à mulher, não é verificado qualquer tipo de mudança, pelo

contrário, o papel de inferioridade é reforçado e mantido na sociedade. Segundo

Paulo mesmo pregava sobre a moral doméstica:

As mulheres devem submeter-se aos seus maridos, como ao Senhor, porque o homem écabeça da mulher, como Cristo é cabeça da igreja e salvador do corpo. Como a Igrejaestá sujeita a Cristo, estejam às mulheres em tudo sujeitas aos seus maridos (Efésioscapítulo 5 versículos 22 ao 24).

Nem mesmo nas sinagogas as mulheres possuíam vez e Paulo continuou

reforçando tal idéia não demonstrando mudança alguma em relação a elas como

pode ser visto a seguir:

Estejam caladas as mulheres nas assembléias, pois não lhes é permitido tomar apalavra. Devem ficar submissas, como diz também a Lei. Se desejarem instruir-se sobrealgum ponto, interroguem os maridos em casa; não é conveniente que uma mulher falenas assembléias (I Coríntios capítulo 14 versículos 34 e 35).

O cristianismo após a ação de Paulo teve grande importância no império.

Graças as suas pregações e propagação das doutrinas cristãs, todo o mundo

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oriental de sua época foi alcançado por tais ensinamentos. Por intermédio de seu

trabalho, baseado e inspirado em Jesus Cristo, o mundo aprendeu sobre o amor,

Cristo, deveres civis... O que rompeu vários séculos e milênios, influenciando várias

nações e ainda pode ser visto em nossos dias.

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CAPITULO IV

4.0 - PAULO E A FÉ.

A Epístola aos Romanos, muito embora não tenha sido a primeira a ser

escrita por Paulo, foi colocada em primeiro lugar no texto bíblico devido ao seu

aspecto teológico clássico. O conteúdo doutrinário básico da pregação de Paulo, os

contornos e limites de sua “teologia” estão praticamente definidos nesta epístola.

No início, Paulo faz sua profissão de fé e revela sua crença no evangelho

como verdade revelada:

Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação detodo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho érevelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Poisdo céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens quedetêm a verdade em injustiça (Romanos: 1,16-18).

Quando Paulo introduziu estrangeiros no Templo, ele foi acusado pelos

  judeus de tentar destruir a lei mosaica. Para defender-se, ele foi obrigado a

“judaizar”, ou seja, a seguir os ritos judaicos. Tais atos não o livraram da acusação

de impiedade, e seu processo criminal foi levado adiante.

Pedro, que comia à mesa com gentios, não guardava os preceitos judaicos;

quando chegam alguns judeus cristãos, ele muda de comportamento e evita as

carnes proibidas.

Em continuação, ele adverte contra a falsa sabedoria e contra os falsossábios, que sequer conseguem perceber que por trás dos fenômenos e maravilhas

do mundo se oculta a glória de Deus:

Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhomanifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, sãoclaramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisascriadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus,

contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suasespeculações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-sesábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança

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da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis (Romanos:1,19-23).

Paulo se torna rigoroso quando admoesta aqueles que violam a virtude cristã.

Ele não permite tergiversação nem dá margem a interpretações dúbias; suamensagem é clara e direta.

Conforme podemos ver em 1 Cor 1,20-21: Onde está o sábio? Onde o

escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a

sabedoria deste mundo?

Paulo, como seguidor de Cristo, não poderia desconhecer as exigências da

conversão, e ele chama constantemente a atenção para elas. Para ele, o converso,

ou seja, aquela pessoa que aceita a doutrina de Cristo, não deve transigir, nem“servir a dois senhores”.

Como primeiro passo, ele entende que devemos reconhecer que o pecado

habita em nós e força nosso comportamento. Somente a partir desse entendimento

podemos aceitar que a prática dos preceitos cristãos (imitação de Cristo) pode dar-

nos a força necessária para superarmos nossas ignomínias. Entretanto, reconhece a

dificuldade do empreendimento e sabe que não é fácil mudar a si mesmo.

Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o

pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não prático; mas

o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com

efeito, o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem

que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero

 já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim (Romanos 7, 14-20).

Conforme diz Stott:

Este conflito constitui uma batalha real, cruel e sustentada na experiência de todocristão; sua mente se deleita na lei de Deus, desejoso de cumpri-la, porém sua carne seopõe obstinadamente a ela e se nega a toda possibilidade de submissão. (STOTT, 1988,p. 70).

E ainda:

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Cada vez que tomamos consciência dos desejos e da depravação de nossa naturezacaída, e do conflito irreconciliável entre nossa mente e nossa carne, desejamos estarlivres do pecado e da corrupção que habita em nós e exclamamos: ‘Infeliz de mim’.

(STOTT, 1988, p. 71).

Paulo claramente compreendeu que a luta pela redenção divina se tornava

inseparável da luta interior pela perfeição. Pois que o homem redimido alcança a

vida eterna, mas o pecador só consegue a morte.

Como diz González: “A ‘morte’ tampouco se refere unicamente ao purodesenlace biológico do homem, mas é considerada, existencialmente, num contexto

marcado pelo ‘mistério’ ou desígnio divino sobre a existência humana” (GONZÁLEZ,1999, p. 112).

4.1 - A MODERNIDADE DE PAULO.

Nossa época moderna, sob determinado ponto de vista, constitui um

verdadeiro paradoxo. Por um lado, pode-se dizer que a o objetivo maior de Paulo foiatingido em uma proporção que talvez o deixasse verdadeiramente espantado. A

pregação cristã atingiu os mais longínquos rincões do mundo, transformando o

cristianismo em uma das maiores religiões do mundo.

Em seu dia-a-dia, o judeu que seguia os preceitos da Lei tinha praticamente

cada um de seus atos regrados por 613 prescrições, que ele tinha que cumprir à

risca. Em matéria religiosa, o tratado do Sabbat tinha 24 capítulos e 139 disposições

ou normas cujo rigor era igualmente asfixiante.Por outro lado, não é possível dizer que a pregação cristã tenha alcançado

todos os objetivos a que se propunham os discípulos e apóstolos. Não escapa a

ninguém que, curiosamente, enquanto sobram religiões, o homem carece da

presença do espírito.

Nossa época é muito religiosa, mas muito pouco espiritual. Conflitos em nome

da religião apagam todo verniz de civilização e trazem à tona o instinto bélico de

destruição e o furor assassino entre os litigantes.

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Assim também as infindáveis polêmicas religiosas. Ainda que o ecumenismo

tenha crescido, ainda assim o zelo religioso o acompanhou, e com ele o desprezo e

o ódio pela crença alheia.

O fundamentalismo, que se encontra em todas as grandes religiões, pode ser

interpretado de duas formas: de um lado, como um excesso de zelo religioso, que

pode chegar às raias da violência em sua defesa da crença; por outro, como uma

resposta visceral ao ateísmo e a descrença, “doenças” da civilização.

Em todo este contexto, a mensagem de Paulo também pode ser considerada

sob dois ângulos diversos. Como uma mensagem superada, tanto porque o mundo

  já está quase cristianizado, quanto pelo fato de que suas palavras já não são

adequadas ao mundo moderno, com suas sofisticadas conquistas tecnológicas esua ciência capaz de tudo explicar.

Após dois mil anos, as mudanças materiais foram dramáticas. O mundo atual

é extremamente diferente daquele mundo restrito e limitado que se localizava na

Palestina. A “grandeza” de Roma empalidece em comparação às modernas

potências, e os feitos tecnológicos da atualidade fariam parecer aos

contemporâneos de Paulo que nós “somos” deuses.

No entanto, quando analisadas objetivamente, sem apelos dogmáticos ousem a imposição de qualquer tipo de autoridade, a mensagem paulina se torna

verdadeiramente histórica.

Como já vimos, Paulo entende que o mundo e a história humana se

circunscrevem ao fenômeno Cristo. Não é possível depreender, de seus escritos,

uma dimensão histórica, uma condição anterior e outra posterior a Cristo. Para ele,

Cristo preenche toda a história, está onipresente ao longo de todo o curso da

evolução humana; é como uma luz que ilumina as trevas e nos aponta o caminho,desde o início até o final dos tempos. Embora não o diga especificamente, a crença

de Paulo é idêntica à de João, que diz: “Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu

sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a

luz da vida”. (João 8,12).

Há, na pregação de Paulo, uma dimensão que poucas vezes é levada em

conta. De conformidade com o que ele acreditava ser a relação entre Cristo, o

mundo e a humanidade, ele dirigia sua pregação não ao ser humano mortal, à

personalidade, que ele chamava “a carne”. O que ele realmente visava era o seu

espírito (alma), e isto tornava sua pregação verdadeiramente atemporal (e por isso

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mesmo, adequada a qualquer época). Mas, por considerar o corpo humano como o

“templo do espírito”, ele sempre convocava à preservação de sua pureza.

Paulo não se eximia de acusar aqueles que se negavam a mudar de vida e

adotavam um comportamento aviltante e indecoroso; ainda que estas palavras,

atualmente, sejam vistas como “ultrapassadas”, elas estão totalmente de acordo

com os preceitos deixados por Jesus: aos que quisessem segui-lo, e mesmo aos

que curava de suas enfermidades, Jesus dizia – “Vai, e não voltes a pecar”.

Pois, como diz também Agostinho:

Em que tempo ou lugar será injusto que ‘amemos a Deus com todo o nosso coração,com toda a nossa alma e com toda a nossa mente, e que amemos o próximo como a nósmesmos?’ Por isso as devassidões contrárias à natureza sempre e em toda parte sedevem detestar e punir, como o foram os pecados de Sodoma. “Ainda que todos ospovos as cometessem, estariam na mesma culpabilidade de pecado, segundo a lei deDeus, que não fez os homens para assim usarem de si”. (Santo Agostinho, Confissões,III,8,15).

Se não é possível servir a dois senhores, também não é possível viver nopecado e na virtude. Para Paulo a Boa Nova a ser propagada era uma mensagem

de libertação, que entretanto não eximia ninguém de sua própria responsabilidade.

Isto porque havia sempre uma outra mensagem subjacente, que não poderia ser

deixada de lado: “O preço do pecado é a morte”. Não a morte física, propiciada pelo

homem, mas a morte espiritual e a condenação “ao inferno”.

4.2 - O LEGADO DE PAULO.

Uma questão interessante surge quando nos perguntamos sobre qual terá

sido o real legado de Paulo. Seria ele, por exemplo, o responsável pela fundação da

Igreja Católica? Juntamente com Pedro, teria Paulo dado início à hierarquiaeclesiástica tal como esta existe hoje em dia?

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Jesus sempre se eximiu de emitir regras específicas sobre o modo de viver,

com proibições ou limitações de qualquer tipo. Escandalizava os fariseus

promovendo curas nos sábados, e não se deixava tolher por restrições alimentares

(Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso

é o que o contamina: Mt 15,11). O que exortava continuamente era que todos

fossem virtuosos, procurando a perfeição “do Pai”, e adotando a máxima: “Não

façais aos outros o que não querem que vos façam”.

O homem, em sua soberba, vai-se afastando deliberadamente da

religião,achando que com isto pode fazer o que quiser. Proclama-se ateu, agnóstico,

materialista, ergue às alturas a ciência e o mundo da matéria, mas em seu coração

ele sabe que está condenado. Ainda que muitos considerem a religião uma quimera,toda a riqueza da vida moderna e a sua adiantada tecnologia não conseguem

preencher o vazio da existência. Os desvios da moralidade, que se procuram

interpretar como meras escolhas individuais de conduta têm como única

conseqüência levar os seus participantes ao inferno da alma.

Vários intérpretes querem ver este aspecto “eclesial” em Paulo, como se ele

fosse responsável pela instituição ou pela consolidação de uma “igreja” ou instituição

religiosa oficial. Uma outra questão surge com respeito à pregação de Paulo:preocupou-se ele em erigir templos que se destinassem ao culto cristão? Pelo que

sabemos, quando Paulo iniciou a sua pregação ele voltou-se inicialmente à

congregação judaica. Em cada cidade por que passava, ele ia à sinagoga aos

sábados, com o fito de expor seus argumentos. Quando esta vedou-lhe suas portas,

e ao voltar-se Paulo para os gentios, sua pregação teve que realizar-se em praças

ou vias públicas, em academias ou nas casas dos prosélitos.

No início, evidentemente, não existia ainda uma religião organizada e osprimeiros grupos cristãos eram muito pequenos. Aparentemente por este motivo,

Paulo jamais se preocupou com erigir templos. Para ele, Deus não habitava em

templos “feitos pelas mãos humanas”; assim o afirma nesta passagem:

O Deus que fez o mundo e todas as coisas que há nele, esse, sendo Senhor do céu e daterra, não habita em templos feitos por mãos de homem, nem por mãos humanas éservido, como se necessitasse de alguma coisa, sendo Ele mesmo quem dá a todos avida, o alento e todas as coisas (Atos dos Apóstolos: 17,24-25).

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 A única afirmação que se pode fazer com segurança é que Paulo deu origem

a um sistema de crenças religiosas que deu origem ao catolicismo. Afinal de contas,

todos os institutos, dogmas e cultos estavam já de certa forma presentes em suasepístolas, que são bem anteriores aos Evangelhos.

Um último argumento: Paulo, com toda a certeza, não desejava impor sobre

seus prosélitos nenhuma autoridade mundana (que acompanha sempre as

instituições oficiais), pois que os alertava contra qualquer submissão da vontade:

Não sabeis que, oferecendo-vos a alguém para lhes obedecerdes, vos tornais

escravos daquele a quem vos sujeitais, seja do pecado, para cair na morte, seja da

obediência, para alcançar a justiça? (Rom 6,16)Quanto ao que Paulo pretendia dizer, qual era sua pregação ou ministério,

pode ser visto claramente nas passagens seguintes:

Pelo que, tendo este ministério, assim como já alcançamos misericórdia, nãodesfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas, que são vergonhosas, nãoandando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; mas, pela manifestação daverdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens diante de Deus.Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que estáencoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, paraque lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem deDeus. Pois não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nósmesmos como vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse: Das trevasbrilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento daglória de Deus na face de Cristo (2ª Corinthios 4,1-6).

4.3 - PAULO E O ESOTERISMO CRISTÃO.

Conforme vimos, as epístolas realmente não apresentam, exceto de forma

indireta, o que realmente era ensinado sobre a doutrina para as comunidades e para

os convertidos. Além da apologética e da contínua exortação de Paulo a uma vida

cristã, os textos epistolares, talvez com a exceção da Epístola aos Efésios, não

apresentam realmente o verdadeiro conteúdo doutrinário daquilo que era ensinado

oralmente aos batizados. Podemos ler nos evangelhos que Jesus tinha duas formas

diferentes de ensinar. Aos apóstolos (“iniciados”) eram ensinados os “mistérios do

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reino dos céus”; aos outros se ensinava apenas através de parábolas. Se estas

palavras levavam à reflexão e os ouvintes pediam explicações, Ele as poderia dar de

forma mais abrangente, com menor simbolismo e maior concretude.

A própria Igreja, embora nos primeiros tempos aceitasse qualquer um como

candidato ao batismo, após algum tempo, percebendo a facilidade com que surgiam

heresias a partir de interpretações pessoais da doutrina, passou a exigir um tempo

de “provação” para o candidato principalmente se o neófito se deixava influenciar por

outros ensinamentos. Nos primeiros séculos proliferaram interpretações a respeito

da natureza de Cristo (se o seu corpo era consubstancial ou não com Deus; se o seu

corpo era físico ou etéreo; se era filho de Deus ou apenas um homem, etc),

expressas nas filosofias de Ário, Mani, Nestório e outros (Agostinho, antes deconverter-se, aceitava a doutrina maniqueísta). A corrente doutrinária majoritária

classificava tais interpretações como “heresias”.

Depois de um período de relativa facilidade em admitir candidatos ao batismo, a Igreja, apartir do 2º século, estabelece regras e período de duração para o catecumenato. Longasinstruções e rituais complicados, durando três anos, precedem a administração solene dosacramento do batismo. Existe uma verdadeira ordem ou categoria de catecúmenos, como

um estádio entre o desejo de ser cristão e a admissão no grupo dos fiéis. Os catecúmenos sóassistem à primeira parte da eucaristia. Fazem parte da categoria dos ouvintes, passandodepois à categoria dos eleitos ou dos iluminados (photizomenoi). As catequeses deTertuliano, de Orígenes, de Hipólito, de Sto. Ambrósio e de Cirilo de Jerusalém atestam estaprática e quase instituição” (CINTRA. 1977, p. 52).

Os primeiros bispos da Igreja, tais como Clemente de Alexandria (falecido em

215), Orígenes (falecido em 254), Basílio (falecido em 379), Cirilo de Jerusalém

(falecido em 386), entre outros, exalçavam o que chamavam a “disciplina do arcano”,uma teologia mística com influência dos chamados “mistérios”.

Segundo Riffard, citando Clemente de Alexandria “A gnose é transmitida

oralmente por via de sucessão, conquistada desde os Apóstolos a um número

reduzido de detentores” (RIFFARD, 1996, p. 219).

Sobre isso, Hoeller diz que:

Os dois padres que estiveram mais próximos em tempo e localização geográfica doflorescente Gnosticismo, Clemente de Alexandria e Orígenes, cuja ortodoxia não se

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questiona hoje, descreveram a vida cristã segundo a imagem de uma escada deascensão. Clemente afirmou que a alma progride da segundo Jerônimo e Eusébio,quando a Igreja foi se constituindo, aos poucos foram se distinguindo cinco ordensdiferentes: os vigilantes, episcopoi¸ donde provieram os bispos; os decanos dasociedade, presbyteroi, os padres; os diaconi, os serventes ou diáconos; os pistoi, fiéis

iniciados, isto é, os batizados, que participavam nas ceias; e os catecúmenos eenergúmenos, que aguardavam o batismo pela fé, como um primeiro passo no caminho,para a gnose, a qual ele julgava um passo subseqüente, superior. (HOELLER, 1995, p.137).

Tudo isto, no entanto, acabou sendo rejeitado pela Igreja a partir do século VI,

quando esta colocou “o catecismo acima da gnose”. Quando aboliu a “disciplina do

arcano”, a Igreja Católica o fez porque este já não tinha mais razão de ser. Ritos que

eram realizados nas catacumbas já eram feitos à vista de todos. Palavras secretas,

senhas, imagens, os quais tinham servido extensamente para identificar entre si os

cristãos ameaçados pela perseguição, tornaram-se inúteis quando a religião

alcançou, por assim dizer, a superfície. Com Constantino, em 313, o cristianismo

deixa de ser perseguido; a partir daí, já não havia mais necessidade de segredo.

4.4 - O ENSINAMENTO SECRETO DE PAULO.

Na época de Paulo, quando o impulso dado à propagação da Boa Nova ainda

era bastante recente, a preocupação maior era a de conseguir o máximo de

prosélitos. Através dos discípulos e através de Paulo, a difusão do cristianismo se

fez tal como um rastilho de pólvora, com uma rápida expansão. A pregação cristã,

curiosamente, era assimilada com muito mais facilidade pela população mais

simples, que se convertia não tanto em virtude dos sinais e dos prodígios, nem em

razão unicamente dos exorcismos e das curas realizadas pelos apóstolos, mas

principalmente pela palavra e pela fé. Conforme relata a tradição sinóptica, a fé não

provinha dos sinais e prodígios, mas os propiciava.

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4.5 - A TEOLOGIA PAULINA.

Paulo ficou dividido no início de sua pregação. Deveria pregar aos judeus, aos

gregos convertidos ou aos gentios? Como vimos também, sua decisão sobre esta

questão surgiu a partir da própria rejeição que ele sofreu da sinagoga, conduzindo-o

definitivamente à preferência pelos gentios.

Segundo uma crença popular, o homem tinha mil demônios à sua esquerda e

dez mil à sua direita. Os bons espíritos eram subordinados a Yahweh; os chefes dos

espíritos do mal eram chamados Azazel, Azmodeu e Belzebu.

Mas o que Paulo realmente pregava? Qual era realmente o conteúdo de sua

pregação doutrinária? O que ele ensinava oralmente aos batizados? Embora a

resposta pareça fácil, ela pode na verdade se mostrar bastante evasiva. Na verdade,

o “Paulo” que conhecemos, mesmo realçado pelo brilho das epístolas, permanece

unidimensional devido à penúria de fontes literárias. Sua biografia é paupérrima, e

entre outras coisas, sequer jamais poderemos conhecer a dimensão real de sua

gigantesca obra missionária.

É claro, a teologia “paulina” oficial é bem conhecida. Alguns exegetas

acreditam, no entanto, que o conteúdo dos ensinamentos ocultos de Paulo não ficou

totalmente perdido, podendo ser recuperado parcialmente. Na verdade, é possível

que das epístolas conhecidas, duas delas possam ter este conteúdo doutrinário

procurado.

Para Andrew Welburn, “A assim chamada ‘Epístola aos Efésios’ não possui

nenhuma das características de uma carta e pode não ter nada a ver com Éfeso. “Daforma como aparece em muitas das traduções modernas, claro, é endereçada por

Paulo, o apóstolo, àqueles que aderiram ao cristianismo (ou ‘santos’) em Éfeso; mas

muitos dos manuscritos confiáveis não possuem as palavras ‘em Éfeso’ e podemos

ter certeza de que elas não figuravam lá nos primeiros tempos do cristianismo”.

Excetuando a nota ao final do capítulo 6 dos Efésios recomendando seu amigo Tiquico,não há nada que sequer sugira o estilo ou tom de uma carta. Pelo contrário, a linguagemde Paulo é elaborada de forma não usual, é genérica e exaltada, empregando palavrasraramente encontradas em suas cartas, e desenvolve conceitos apenas tocados noscontextos urgentes de seus outros escritos. E, ainda assim, a voz que fala através da

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linguagem parece ser a do autêntico Paulo. Uma vez abandonada a suposição de sejauma carta, fica fácil observar que o trabalho é de certa forma endereçado aos seguidoresde Cristo, lembrando-os em termos grandiosos do assunto de sua fé e levando-os acomprometer-se, não apenas contra a resistência da história, mas também contra aresistência da realidade cósmica” (WELBURN, 1991, p.p. 233/234).

Esta epístola parece ser uma daquelas que se destinavam ao ensino

“interno”, e, como afirma Welburn, devia ser uma das destinadas aos batizados na

fé.

Continuamos citando-o:

Paulo continua o discurso realçando ainda mais a qualidade ‘interna’ do que tem a dizer.Ele fala àqueles, segundo afirma, que foram ‘selados’ na promessa do Espírito Santo.Selar era um procedimento técnico nos Mistérios, talvez envolvendo gestos de mão esinais sagrados, mas servindo acima de tudo para separar dos profanos aqueles quetinham passado pela iniciação. À medida que prossegue, descobrimos que Paulo estálembrando aos cristãos iniciados de tudo que experimentaram. Pede “que mantenhamsuas experiências na consciência, realçando sua suprema importância e seu lugar nomistério cósmico” (WELBURN, 1991, p. 236).

Para Paulo, o batismo tinha muito mais do que o simples significado da

admissão a uma comunidade; significava também que o candidato estava dando um

passo imenso em sua vida, perfilando nas fileiras do Cristo.

Segundo Welburn:

O discurso de Paulo aos iniciados nos proporciona uma visão profunda do caráter ehumor das comunidades que o ‘apóstolo dos gentios’ fundou e de que cuidou. Longe deser apenas um gesto simbólico de inclusão, ou mesmo sendo comparável às cerimônias judaicas de boas-vindas aos prosélitos (convertidos), o batismo das igrejas paulinas erano sentido mais completo uma iniciação, exigindo uma transformação extensiva dapersonalidade e da vida espiritual. (WELBURN, 1991, p. 237).

Quando Paulo começou a se afastar da sinagoga, optando por pregar aosgentios, e quando renunciou ao costume da circuncisão, deu ênfase ao batismo

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como forma cerimonial de iniciação do candidato. Este batismo tinha a forma de umaimersão ou de banho purificador, e era acompanhado de palavras e rituais. Ao final,considerava-se que o batizado tinha “renascido em Cristo. Como menciona LewisMumford: O cristianismo tornou-se uma religião de mistério; nela se ingressava, nãopelo nascimento ou residência, mas pela iniciação: o batismo e a comunhão da Ceiado Senhor eram os ritos principais” (MUMFORD, 1958, p. 76).

4.6 - A DOUTRINA MÍSTICA CRISTÃ.

Paulo, mais do que os discípulos diretos, percebeu claramente uma dimensão

superior mística e misteriosa em Cristo, e não se cansava de proclamar sua

concepção. Para ele, o mundo, em sua inteireza, destinava-se a Ele: Tudo que

existe no céu e na terra deve ser renovado e unido, em um ser em Cristo. Como

doador da verdadeira Vida, Cristo só poderia ser compreendido quando o homem

pudesse expandir a própria consciência, até uma dimensão cósmica. E mais do que

um Salvador individual, Paulo entendia que Cristo conclamava cada indivíduo a que

participasse de sua própria salvação. Para Paulo, a iniciação pelo batismo era o

primeiro passo daquela longa jornada rumo à plenitude, plenitude esta que somente

se alcançaria submetendo a vontade individual à condução do Cristo. Andrew

Welburn ressalta em sua obra que, para Paulo, havia um sublime mistério no

aparecimento de Cristo na Terra. Em carta enviada a um tal Regino, este traça

paralelos entre a iniciação pelo batismo, o sepultamento e a ressurreição de Cristo e

os acontecimentos futuros a se darem na consciência do homem (humanidade), em

sua própria natureza corpórea e no mundo material.

Paulo chegou a ser acusado, por pesquisadores modernos, de ter mesclado

idéias gnósticas com o cristianismo primitivo, e sabe-se que alguns de seu escritos

foram severamente censurados pelos primeiros Padres da Igreja. Entretanto,

Welburn afirma que muitas dessas idéias já circulavam entre os essênios, e todos

sabem como Jesus foi influenciado por esta seita (que contava João Batista entre os

seus prosélitos). Por exemplo, quando Paulo proclama que o sofrimento e a

glorificação do Filho do Homem podem e devem ser compartilhados por todas as

pessoas, ele segue tanto o puro ensinamento de Jesus quanto idéias gnósticas eessênias.

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Causa espécie aos exegetas o conhecimento implícito da doutrina cristã

possuído por Paulo. Ele jamais teve contato direto com Jesus; e com os discípulos,

após a sua conversão, o contato foi muito breve. Isto não o impedia, contudo, de

divulgar a doutrina em sua pureza, de um modo tal que chegou até a empolgar

Barnabé.

Nos ensinamentos de Paulo, Cristo se tornava o eixo e a meta da vida cristã,

sendo que n’Ele deveriam convergir todas as coisas do céu e da terra.

A pregação de Paulo, como vimos, foi censurada não pelos seus desvios da

doutrina de Cristo, mas principalmente devido à sua resistência em impor aos

gentios os costumes judaicos. Conforme diz González Ruiz:

Já que Paulo foi o campeão do universalismo da fé, é lógico que o problema dainvalidade ou relativização religiosa da circuncisão produzisse enormes atritos nasprimitivas comunidades cristãs, onde os judeus de origem tinham primazia sobre os deprocedência pagã. Por conseguinte, não era apenas uma questão de simples ritos, masde princípios universais” (RUIZ, 1999, p. 217).

Lembramos também que a acusação oficial contra Paulo, que motivou seu

apelo a César, foi a de ter profanado o Templo pela introdução de um gentio em ala

proibida.

Em várias passagens dos Atos dos Apóstolos e das epístolas Paulo informa,

embora de maneira não elucidativa, sobre como foi inteirado dos mistérios e da

doutrina cristã. Conta também em 2 Cor 12 de como teria sido “arrebatado” ao

Paraíso,120 onde teria recebido os esclarecimentos sobre a doutrina (e outros

mistérios, aos quais ele apenas alude).

Conforme diz Elaine Pagels:

Numerosos estudiosos acreditam que os essênios chegaram ao nosso conhecimento atravésde contemporâneos do século I, como Josefo, Fílon e o geógrafo e naturalista romano Plínio oVelho, bem como da descoberta, em 1947, das ruínas da comunidade que formavam, incluindoa biblioteca sagrada ou os Manuscritos do Mar Morto. Josefo, aos 16 anos, ficou fascinado por

esta comunidade austera e secreta: diz que eles praticavam grande santidade em um grupoextraordinariamente fechado (eles se amam muito entre si). Josefo e Fílon notaram com certoespanto que estes sectários praticavam rigoroso celibato, ao que parece porque tinhamresolvido viver de acordo com as regras bíblicas para a guerra santa, que proibiam relações

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sexuais em tempo de guerra. Mas a guerra da qual vinham participando era a de Deus contra opoder do mal – a guerra cósmica que achavam que resultaria na confirmação por Deus de suafidelidade. “Os essênios entregavam também todas as suas economias e posses aos líderes daseita, a fim de viver sem dinheiro, como diz Plínio, em uma comunidade monástica” (PAGELS,1979, p. 86).

Vários exegetas reservam-se o direito de não ver em Paulo um lado tão místico

e até mesmo esotérico; na verdade, até repugna a muitos sequer considerar que

possa existir um lado esotérico neste apóstolo. Mas antes de atribuirmos um

excesso de esoterismo a Paulo, ou mesmo de qualificá-lo de forma equivocada,

talvez seja necessário esclarecer o que pretendemos dizer, quando insinuamos quehá em Paulo um lado “gnóstico” e “esotérico”.

Nas palavras do exegeta González Ruiz:

Paulo admite que o cristão seja um ‘gnóstico’, no mais alto sentido da palavra: possui umconhecimento perfeito, não apenas especulativo, mas prático-moral. Esta gnose lhepermite ter um juízo seguro e exato sobre as coisas, com muito maior solidez que o

gnóstico da filosofia helenística. Em virtude dessa gnose superior, o cristão formado, o‘forte’, o ‘espiritual’, sabia que certas prescrições alimentares, tanto do judaísmo como dopaganismo, não obrigavam a consciência. E, assim, por exemplo, era lícito comer dascarnes sacrificadas a ídolos, deixar a observância de certas festas judaicas, etc.Segundo a moral estóica, ao gnóstico nada lhe restava a fazer, para se lançardecididamente à ação. (RUIZ, 1999, p. 61).

Quanto ao esoterismo, Frei Raimundo Cintra assim o define:

A palavra esoterismo pode ser tomada em duas acepções: 1) pode designar umadoutrina secreta administrada por um mestre a um certo número de discípulosprivilegiados, excluindo-se o grande público, considerado profano e radicalmente incapazde penetrar os arcanos de uma doutrina sublime, mais fechada; 2) pode designar oaspecto interno de uma doutrina, cujos contornos externos são atingidos por muitos, mascujo aprofundamento e verdadeiro sentido só são percebidos por um número reduzidode pessoas. (CINTRA. 1977, p. 51). 

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CONCLUSÃO

O mundo sob domínio do império romano teve um grande impacto com a

emergência do cristianismo em seu seio. Diante de uma sociedade politeísta, cujas

religiões eram antigas, herdeiras da cultura grega, as doutrinas de Cristo foram

gradativamente alcançando um espaço considerável, deixando de ser vista como

uma das muitas seitas oriundas do judaísmo, passando a ser uma religião que

reflete até aos nossos dias.

O império romano gerou uma série de excluídos, camponeses desterrados,

cidadãos romanos empobrecidos e indivíduos dependentes. Isso se tornou um solo

fértil para a difusão das doutrinas de Cristo.

Com o apóstolo Paulo a coisa mudou. Mesmo diante de suas muitas

perseguições contra os cristãos, que visavam acabar de vez com eles, se tornou

num fator que favorecia cada vez mais o crescimento do evangelho de Cristo.

Quanto mais os cristãos eram perseguidos, mais eles se dispersavam, com isso

aonde chegavam o evangelho era pregado e igrejas eram inauguradas, o que

começou a dar um corpo e uma visão maior sobre o cristianismo.

Após a sua conversão o cristianismo cresceu de forma grandiosa,

principalmente no seio da elite romana. Por ser de origem judia e romana Paulo teve

mais facilidade de tornar as doutrinas de Cristo conhecidas nos dois seguimentos da

sociedade. Quando ele fundava igrejas em diversos lugares, ele as instruía por

intermédio de suas epístolas, que eram cartas endereçadas aos cristãos de um

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determinado lugar. Por meio destas cartas as doutrinas cristãs começaram a ser

explicadas. Fatores referentes à conduta, moral, família, religião e muitos outros

eram constantemente presentes nas epístolas paulinas.

Com o tempo, mesmo diante de muitas perseguições, o cristianismo já estava

disseminado em todo o império romano, tendo conquistado muitas famílias

importantes da política, o que favoreceu mais ainda o seu crescimento. Com

Constantino em 305 d.C. essas doutrinas foram aplicadas em toda parte e o

cristianismo se tornou a religião do império romano.

O mundo de hoje está sob influência das doutrinas de Cristo pregadas por

Paulo. Nosso sistema religioso, judiciário, princípios de regra, moral e conduta etc,

são resultados de como o cristianismo alcançou um espaço grandioso na sociedade

rompendo séculos e milênios, podendo ser visto em nossos dias.

Em algumas de suas epistolas podemos ver que há uma cosmogonia

religiosa, uma vasta epopéia espiritual que nos faz perceber como somos pequenos

e míopes, no que se refere à dimensão divina. Paulo, em suas visões grandiosas e

quando arrebatado ao “paraíso”, foi agraciado com um lampejo desta visão que

abarca toda a história humana, e cujo pálido reflexo apenas podemos imaginar pela

leitura destas epístolas. Há, em sua visão, toda uma dinâmica espiritual, uma luta

constante, incessante, cujo final conduz à vitória do espírito ou à amarga derrota na

carne. Acerca deste tema temos nas uma espécie de alerta àqueles que, tendo de

início acatado e seguido as palavras de Cristo, não mostrem zelo até o final e

venham, finalmente, a se voltar contra elas. Para estes que assim se comportarem

esta será uma verdadeira “queda espiritual”, pois que estariam como que realizando

uma segunda crucificação; daí porque serão “rejeitados e queimados”.

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Em suma, a conversão de Paulo trouxe para o Cristianismo, Igreja e para a

sociedade de uma forma geral mudanças significativas até os dias de hoje. A partir

de sua mudança, não religiosa, mas acima de tudo espiritual, tudo o que era atributo

de Paulo – Sua religiosidade, conhecimento da Lei de Deus, formação intelectual,

zelo pela Verdade, cidadania romana – acabaram por torná-lo um instrumento útil e

eficaz nas mãos de Deus.

Sua teologia contribuiu de forma significativa para o estabelecimento,

desenvolvimento e equilíbrio da Igreja dentro de um contexto político e religioso até

então misto e instável. O que mais influenciou a teologia de Paulo não foi sua

experiência de conversão, seus estudos etc., mas, sim, a soma de todas as

vivências ministeriais do apóstolo, especialmente sua profissão como artesão, sua

origem étnica, suas experiências como prisioneiro e os contatos com os povos das

cidades e províncias submetidas ao poderio do império romano. Dessa forma,

podemos perceber que o contexto em que o apóstolo exerceu seu ministério foi

determinante para a elaboração das lições que ele deixou escritas em suas cartas,

sobretudo as sobre o ministério.

Como prisioneiro teve a possibilidade de tomar conhecimento dos termos

  jurídicos e forenses da época. Muitos destes termos são usados nas suas cartas

para falar da justiça de Deus, falar de castigo, julgamento etc. Como prisioneiro ecidadão romano teve a possibilidade de defender-se e assim apresentar o

evangelho. Nem sempre gozou do privilégio de cidadão romano, pois ele mesmo

afirma que passou por açoites, varadas, sofrimentos diversos nas prisões etc.

A cruz, na pregação de Paulo (1Co 1.18-25), evidencia as fraquezas do

apóstolo e a experiência que teve com a mensagem da cruz. Soube entender a

mensagem da cruz e descobriu que não podia falar da vida na sua plenitude sem

falar da cruz. No texto de 1 Coríntios ele declara o significado da cruz para os

cristãos.

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SITES

http://www.wikipedia.org