monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

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1 Monitorização do Bem-Estar Animal no Parque de Leilões de Gado de Portalegre MANUAL DE BOAS PRÁTICAS Rute Guedes dos Santos Mª da Graça Pacheco de Carvalho Luís Alcino da Conceição

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Page 1: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

1

Monitorização do Bem-Estar Animal no

Parque de Leilões de Gado de

Portalegre

MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

Rute Guedes dos Santos

Mª da Graça Pacheco de Carvalho

Luís Alcino da Conceição

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Page 3: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

Ficha Técnica

TÍTULO Monitorização do Bem-Estar Animal no Parque de Leilões

de Portalegre

AUTORES Rute Guedes dos Santos, Mª da Graça Pacheco de

Carvalho, Luís Alcino da Conceição

FOTOGRAFIAS Rute Guedes dos Santos

DESIGN E EDIÇÃO Instituto Politécnico de Portalegre

C3i – Coordenação Institucional para a Investigação e

Inovação

ISBN 978-989-8806-04-8

DATA DE EDIÇÃO 2015

FINANCIAMENTO

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Page 5: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

I

Agradecimentos

Os autores agradecem à ADER-AL pelo apoio concedido para

realização deste trabalho e à Natur-Al-Carnes, pela colaboração

prestada, reservando uma palavra especial de agradecimento

ao Eng.º Pedro Espadinha, ao Prof. José Rato Nunes, à Eng.ª

Maria Vacas de Carvalho e à Dra. Isabel Picão de Abreu.

O nosso muito obrigado ao Dr. Rui Martelo e a todos os

colaboradores do Parque de Leilões de Gado de Portalegre,

pela disponibilidade e simpatia manifestadas.

Page 6: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

II

Page 7: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

III

Índice

Agradecimentos ..................................................................................................................................... I

Índice ........................................................................................................................................................... III

Quadros..................................................................................................................................................... V

Figuras ....................................................................................................................................................... VI

Introdução ................................................................................................................................................ 1

Enquadramento legal ....................................................................................................................... 4

Legislação Nacional ................................................................................................................... 4

Legislação Comunitária ............................................................................................................ 6

Estratégia da União Europeia para a proteção e bem-estar dos

animais de produção ................................................................................................................ 7

Indicadores de bem-estar de bovinos de carne ......................................................10

Alterações comportamentais: ............................................................................................11

Taxas de morbilidade: ............................................................................................................11

Taxas de mortalidade: ...........................................................................................................11

Alterações no peso e na condição corporal: ......................................................11

Eficiência reprodutiva: .............................................................................................................12

Estado geral e hábito externo: .......................................................................................12

Resposta às práticas de maneio: ..................................................................................12

Complicações consequentes a operações de rotina: ....................................12

Recomendações relativas ao bem-estar dos bovinos de carne ..................13

Biossegurança e saúde animal: ......................................................................................13

Ambiente: ..........................................................................................................................................13

Page 8: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

IV

Diretrizes adicionais para o alojamento de bovinos em recintos

fechados .................................................................................................................................................20

Bem-estar animal e proteção dos bovinos em transporte rodoviário ....22

Formação dos recursos humanos .......................................................................................27

Bem-estar animal no Parque de Leilões de Gado de Portalegre ..............29

Caracterização do Parque de Leilões de Gado de Portalegre ..............29

A termografia na monitorização do bem-estar animal.................................31

Descrição da avaliação realizada mediante o uso de imagens

termográficas .................................................................................................................................33

Resultados e Discussão ........................................................................................................36

Considerações Finais .....................................................................................................................43

Proposta de Check List para monitorização do bem-estar animal em

parques de leilões de gado ....................................................................................................44

Hiperligações úteis ..........................................................................................................................56

Bibliografia .............................................................................................................................................58

Page 9: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

V

Quadros

Quadro 1: Área livre disponível em função do peso vivo dos vitelos..... 5

Quadro 2. Dimensões referidas na Portaria nº 1005/92, de 23/10,

aplicáveis a bovinos mantidos em recintos fechados .........................................20

Quadro 3. Espaços disponíveis no transporte rodoviário de bovinos. ...25

Quadro 4: Caracterização dos animais monitorizados .......................................34

Quadro 5. Valores médios de temperatura do ar, humidade relativa e

ITH, globais e nos 3 momentos de colheita ..............................................................38

Quadro 6. Correlações de Pearson entre as variáveis ......................................39

Quadro 7. Resultados univariados do modelo linear aplicado (ANCOVA)

.......................................................................................................................................................................41

Page 10: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

VI

Figuras

Figura 1. Bovino durante o leilão no Parque de Leilões de Gado de

Portalegre. ................................................................................................................................................ 3

Figura 2. Bovinos no PLGP observados por um funcionário. .........................27

Figura 3. Vista aérea do PLGP ..............................................................................................29

Figura 4. Imagem de infravermelhos exibindo os valores do ponto

(carúncula lacrimal), da temperatura do ar e da humidade relativa ......35

Figura 5. Índices de segurança climática para bovinos, associados ao

ITH (adaptado de Hahn et al., 2003). .............................................................................37

Figura 6. Temperatura Ocular dos animais amostrados (média, valor

máximo e mínimo) nos 3 momentos analisados ....................................................40

Page 11: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

1

Introdução

O presente documento traduz os resultados e recomendações

destinadas à promoção do bem-estar dos bovinos no Parque

de Leilões de Gado de Portalegre (PLGP), no seguimento dos

serviços prestados pela equipa do Instituto Politécnico de

Portalegre à ADEL-AL em 2014 e 2015. No âmbito desta

prestação de serviços, definiram-se os seguintes objetivos:

Realizar um levantamento das normativas nacionais e

comunitárias aplicáveis a esta situação específica,

facilitando assim a sua consulta e aplicação;

Monitorizar o bem-estar animal dos bovinos no PLGP

mediante uma técnica não invasiva e passível de

utilização em ambiente não experimental

(concretamente, optou-se por testar a monitorização da

temperatura ocular dos animais mediante análise de

imagens termográficas de infravermelhos);

Elaborar uma proposta de check-list passível de ser

utilizada no PLGP e outras instalações com a mesma

finalidade, de modo a permitir uma sistematização das

condições e procedimentos promotores do bem-estar

animal nestes recintos;

O bem-estar animal é um dos aspetos relacionados com a

produção animal que atualmente é alvo de interesse e

preocupação nos diferentes níveis da fileira. Na União Europeia

existe um conjunto de normas estabelecidas e que têm vindo a

ser transpostas para a legislação nacional dos países membros.

Page 12: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

2

Também a indústria alimentar tem manifestado um crescente

interesse e envolvimento na garantia do bem-estar dos animais

de produção, com o reconhecimento dos stakeholders da

influência que o mesmo tem sobre a garantia da qualidade e

da segurança dos alimentos, assim como sobre a perceção

dos consumidores. Adicionalmente, o bem-estar animal inclui-se

também no conjunto de aspetos que deverão ser assegurados

numa ótica de responsabilidade social das empresas. Neste

enquadramento, deverão existir controlos de pontos críticos

para o bem-estar dos animais ao longo da cadeia de

transformação e comercialização, e portanto, do produtor ao

consumidor.

Recentemente, a procura de novos mercados de exportação de

animais produzidos em Portugal veio também reforçar a

necessidade de estabelecimento e cumprimento de regras que

promovam o bem-estar animal; a fileira tem hoje em dia de

responder às exigências não só do mercado interno, como

também do mercado externo, e os intervenientes que possam

responder adequadamente aos standards mais exigentes

obterão certamente vantagens competitivas.

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, verificou-se que a

informação disponível direcionada especificamente aos parques

de leilões é escassa (praticamente inexistente), pelo que as

entidades responsáveis pela gestão dos recintos se veem

obrigadas a interpretar as disposições legais à luz das

situações particulares, e a fazer uso do seu bom senso na

promoção do bem-estar dos animais durante a sua

Page 13: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

3

permanência nos parques de leilões (figura 1). Espera-se que o

trabalho agora desenvolvido possa contribuir para uma maior

sistematização das normas a cumprir e integração das mesmas

nos procedimentos de rotina, fazendo do bem-estar animal

uma prioridade assumida e proporcionando garantias aos

interlocutores a montante e a jusante na fileira.

Figura 1. Bovino durante o leilão no Parque de Leilões de Gado de Portalegre.

Page 14: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

4

Enquadramento legal

Legislação Nacional

Decreto-Lei nº 64/2000, de 22 de abril. Estabelece as normas

mínimas de proteção dos animais nas explorações pecuárias.

Este diploma define que o proprietário ou detentor dos animais

deve tomar todas as medidas necessárias para assegurar o

bem-estar dos animais ao seu cuidado, e para garantir que

não lhes sejam causadas dores, lesões ou sofrimentos

desnecessários. Aplicam-se as disposições previstas no Anexo

A, relativamente à capacitação dos recursos humanos,

obrigatoriedade e condições de inspeção e isolamento dos

animais, quando necessário, manutenção de registos, respeito

pela liberdade de movimentos dos animais, características das

instalações e dos alojamentos, proteção contra as intempéries,

predadores e riscos sanitários, características dos equipamentos

automáticos ou mecânicos, disponibilidade de alimentação

(quando aplicável), água e outras substâncias, mutilações e

processos de reprodução (quando aplicáveis).

Decreto-Lei nº 48/2001, de 10 de fevereiro. Estabelece as

normas mínimas de proteção dos vitelos nos locais de

exploração, particularmente no que se refere às condições de

alojamento. De acordo com o nº 4 do Anexo II a este diploma,

o espaço livre individual disponível para vitelos agrupados deve

respeitar as dimensões descritas no quadro 1:

Page 15: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

5

Quadro 1: Área livre disponível em função do peso vivo dos vitelos

Peso vivo/vitelo (kg) Área mínima disponível (m2)

Até 149 1,5

De 150 a 219 1,7

A partir de 200 1,8

Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho. Aprova o novo regime

do exercício da atividade pecuária (NREAP), nas explorações

pecuárias, entrepostos e centros de agrupamento, garantindo o

respeito pelas normas de bem -estar animal, a defesa

higiossanitária dos efetivos, a salvaguarda da saúde, a

segurança de pessoas e bens, a qualidade do ambiente e o

ordenamento do território, num quadro de sustentabilidade e

de responsabilidade social dos produtores pecuários.

De acordo com a alínea h) do artigo 2º do mesmo Decreto-Lei

considera-se «Centro de agrupamento» o local ou locais tais

como centros de recolha, feiras e mercados, exposições,

concursos pecuários, onde são agrupados animais provenientes

de diferentes explorações com vista ao comércio, exposição ou

outras atividades não produtivas”, podendo um Parque de

Leilões ser enquadrado nesta designação.

Portaria n.º 42/2015, de 19 de fevereiro. Estabelece as normas

regulamentares aplicáveis às atividades pecuárias com animais

das espécies bovina, ovina e caprina nas explorações, bem

como nos entrepostos e nos centros de agrupamento

autorizados para estas espécies animais. Nesta portaria

estabelecem-se as condições de implantação, das instalações e

equipamentos e de funcionamento dos núcleos de produção,

Page 16: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

6

entrepostos e centros de agrupamento de acordo com a sua

classificação. De acordo com o n.º 7 do artigo 3º deste

diploma, “Classificação da atividade pecuária”, a classificação

do centro de agrupamento pecuário enquadra-se sempre na

Classe 2.

Legislação Comunitária

Diretiva 98/58/CE do Conselho de 20 de julho de 1998,

relativa à proteção dos animais nas explorações pecuárias

Assenta nas regras acordadas no âmbito da Convenção

Europeia para a Proteção dos Animais nas Explorações

Pecuárias, e nas chamadas “cinco liberdades” adotadas pelo

Farm Animal Welfare Council, que determinam que os animais

devem ser livres:

Da fome e sede: os animais deverão dispor de água

potável e de uma dieta que mantenha o estado de

saúde e o vigor;

De desconforto: os animais deverão dispor de um

ambiente apropriado, com zonas de abrigo e de

repouso confortáveis;

De dor, lesão ou doença: deverá promover-se a

prevenção ou o rápido tratamento destas afeções;

De expressar o seu comportamento normal: os animais

deverão dispor de espaço e instalações adequadas e

da companhia de outros animais da mesma espécie;

Page 17: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

7

Da sensação de medo e angústia: deverão promover-se

condições de tratamento que evitem o sofrimento

mental;

Diretiva 2008/119/EC do Conselho, de 18 de dezembro de

2008, relativa à proteção dos vitelos nas explorações pecuárias.

Esta diretiva estabelece condições adicionais à manutenção dos

vitelos nas explorações pecuárias.

Estratégia da União Europeia para a proteção e bem-estar dos animais

de produção

A comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao

Conselho e ao Comité Económico e Social Europeu sobre a

estratégia da União Europeia para a proteção e o bem-estar

dos animais 2012-20151 baseia-se na experiência adquirida com

o plano de ação de 2006–2010, e propõe linhas de ação para

a UE durante os próximos quatro anos, tirando partido dos

avanços científicos e tecnológicos, a fim de conciliar o bem-

estar dos animais com as realidades económicas na aplicação

das disposições jurídicas em vigor. Esta estratégia dá

continuidade ao plano de ação, tal como recomendado pela

maioria das partes interessadas consultadas e pelo Parlamento

Europeu. Apresentam-se em seguida os aspetos identificados

como os principais fatores comuns que afetam o bem-estar

dos animais na União Europeia:

1 Ver: http://ec.europa.eu/food/animal/welfare/actionplan/docs/aw_strategy_19012012_en.pdf

Page 18: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

8

1. Ausência de aplicação da legislação da UE pelos

Estados-Membros, ainda frequente num certo número de

domínios.

2. Falta de informação adequada dos consumidores sobre

as questões de bem-estar dos animais.

3. Falta de conhecimentos suficientes de muitas partes

interessadas sobre o bem-estar dos animais.

4. Necessidade de simplificar e clarificar os princípios em

matéria de bem-estar dos animais.

Constata-se que não existe na EU legislação específica para

algumas espécies de animais de criação (tais como vacas

leiteiras, bovinos de carne ou coelhos), apesar dos vários

problemas assinalados por cientistas e pela Autoridade

Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA). Face a estas

constatações, a estratégia apresentada assenta em duas

abordagens complementares:

Em primeiro lugar, a Comissão examinará a necessidade de um

quadro legislativo da UE revisto, baseado numa abordagem

holística. Em especial, a Comissão irá ponderar a viabilidade e

a pertinência da introdução de indicadores de base científica

assentes nos resultados em termos de bem-estar animal, em

oposição aos indicadores até agora utilizados baseados nos

fatores que afetam o bem-estar animal; a Comissão avaliará se

esta nova abordagem é suscetível de conduzir a uma

simplificação do quadro jurídico e de contribuir para melhorar

a competitividade da agricultura da UE. Na perspetiva da

evolução futura, será importante ter em conta a experiência

Page 19: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

9

adquirida nos domínios em que já estão previstos indicadores

(frangos de carne e abate).

Em segundo lugar, certas ações, já levadas a cabo pela

Comissão, devem ser reforçadas ou mais bem utilizadas. É por

esta razão que, para além do quadro legislativo simplificado

previsto, a Comissão propõe:

O desenvolvimento de instrumentos, incluindo, se for

caso disso, planos de execução, a fim de reforçar a

conformidade por parte dos Estados-Membros;

O apoio à cooperação internacional;

O fornecimento de informações adequadas aos

consumidores e ao público;

A otimização dos efeitos sinérgicos da Política Agrícola

Comum em vigor;

A realização de estudos sobre o bem-estar dos peixes

de viveiro.

O impacto das ações realizadas no contexto da presente

estratégia no que respeita aos direitos fundamentais será

cuidadosamente avaliado, conforme adequado, em especial no

que diz respeito à liberdade de religião. Neste contexto, a

Comissão analisará igualmente a questão da rotulagem, tal

como previsto no acordo alcançado sobre a proposta

legislativa relativa à informação sobre os géneros alimentícios.

Page 20: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

10

Indicadores de bem-estar de bovinos de carne

O bem-estar animal é cada vez mais uma área chave na

produção pecuária, em particular na produção de bovinos. Pese

embora os regimes do tipo extensivo e semiextensivo sejam,

por natureza, mais aproximados daquilo que são as condições

propícias à manutenção e promoção dos comportamentos

naturais na espécie bovina, e, por esse motivo, tradicionalmente

considerados favoráveis ao bem-estar animal, atualmente os

produtores estão sobre escrutínio sistemático da sociedade no

que respeita às condições de produção, dado a temática do

bem-estar animal ser cada vez mais um tópico socialmente

sensível.

Paralelamente, são conhecidos e estão cientificamente

documentados os efeitos nefastos das más práticas que

comprometem o bem-estar dos animais sobre o aspeto

produtivo, comprometendo assim a rentabilidade e a

sustentabilidade das explorações pecuárias.

O Office Internationale des Epizooties (OIE), organismo

internacional que chama a si a responsabilidade de promover a

saúde animal, publicou em 20142 um conjunto de variáveis

(indicadores) observáveis relacionadas com o bem-estar animal

em bovinos de carne, que se descrevem seguidamente.

2 Ver: http://www.oie.int/index.php?id=169&L=0&htmfile=chapitre_aw_beef_catthe.htm

Page 21: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

11

Alterações comportamentais:

Diminuição da ingestão;

Aumento da frequência respiratória e respiração

ofegante;

Exibição de comportamentos estereotipados, agressivos

ou depressivos.

Taxas de morbilidade:

Aumento das taxas de incidência de doença, coxeira,

complicações pós-intervenção (ex. descorna, vacinação,

etc…) e traumatismos.

Taxas de mortalidade:

Aumento das taxas de mortalidade, à semelhança das

taxas de morbilidade, pode ser um indicador direto ou

indireto de más condições de bem-estar animal. As

taxas de mortalidade poderão avaliar-se de acordo com

as causas de morte e o padrão espácio-temporal de

mortalidade.

Alterações no peso e na condição corporal:

Diminuição nos Ganhos Médios Diários dos animais em

crescimento;

Diminuição do peso vivo e perda de condição corporal

nos animais em geral.

Page 22: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

12

Eficiência reprodutiva:

Aumento da duração do anestro pós-parto;

Aumento do Intervalo Entre Partos;

Baixas taxas de fertilidade;

Aumento das taxas de abortos;

Aumento das taxas de distócia;

Estado geral e hábito externo:

Presença de ectoparasitas;

Coloração ou textura anormal da pelagem;

conspurcação do hábito externo com lama, fezes, etc.

Desidratação;

Emaciação;

Resposta às práticas de maneio:

Aumento da percentagem de escorregões, quedas,

vocalizações, embates com portões ou cercas,

traumatismos (quebra de cornos, fraturas e lacerações);

Complicações consequentes a operações de rotina:

São indicadores de más práticas de maneio nos procedimentos

cirúrgicos e não cirúrgicos de rotina:

Aumento dos edemas e infeções pós-procedimento;

Aumento da incidência de míases;

Aumento da mortalidade pós-procedimento;

Page 23: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

13

Recomendações relativas ao bem-estar dos bovinos de carne

O OIE publicou também um conjunto de recomendações

relativas ao bem-estar animal em bovinos de carne, que se

descrevem seguidamente:

Biossegurança e saúde animal:

Biossegurança e prevenção de doenças. Estabelecimento de

planos de biossegurança relativos ao controlo das maiores

fontes e vias de crescimento de patogénicos em bovinos,

pessoas, equipamento, veículos, ar, água e alimentos com base

nos seguintes dados mensuráveis de: taxa de morbilidade, taxa

de mortalidade, eficiência reprodutiva, alterações do peso e da

condição corporal.

Gestão da saúde animal. Desenhar um sistema de otimização

da saúde física, comportamental e do bem-estar do efetivo

bovino. Bovinos em risco de contrair doenças ou sofrimento

devem ser frequentemente inspecionados por pessoal treinado.

Ambiente:

Ambiente térmico

Apesar da adaptação natural dos bovinos a alterações

térmicas, as flutuações bruscas de temperatura (calor ou frio)

são causadoras de stress:

Page 24: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

14

Stress pelo calor: influenciado pelo ambiente incluindo a

temperatura do ar, a humidade relativa e a velocidade

do ar e os fatores animais incluindo raça, condição

corporal, taxa metabólica, cor da pelagem e densidade.

INDICADORES: COMPORTAMENTO, INCLUINDO RESPIRAÇÃO OFEGANTE

E FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA ELEVADA; A TAXA DE MORBILIDADE E A

TAXA DE MORTALIDADE.

Stress pelo frio: é necessária a existência de proteções

contra as condições climáticas extremas quando a sua

ausência é suscetível de constituir um risco grave para

o bem-estar dos animais, especialmente recém-nascidos,

bovinos jovens e outros em condições fisiologicamente

comprometidas. Estas proteções podem ser abrigos

naturais ou construídas pelo homem. Os tratadores

devem garantir que os animais têm acesso a

alimentação e água adequadas durante o período de

frio. Em situações de condições extremas de frio deve

haver um plano de emergência de forma a proporcionar

abrigo, alimentação e água aos animais.

INDICADORES: TAXA DE MORTALIDADE, APARÊNCIA FÍSICA,

COMPORTAMENTO INCLUINDO POSTURAS ANORMAIS, TREMORES E

AGLOMERAÇÃO.

Page 25: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

15

Iluminação

Animais confinados que não têm acesso a luz natural, deve

providenciar-se a existência de luz artificial com uma

periodicidade suficiente e natural de forma a manter a sua

saúde e bem-estar e que possam demonstrar os seus padrões

naturais de comportamento e permitir a inspeção dos animais.

INDICADORES: COMPORTAMENTO, MORBIDEZ, APARÊNCIA FÍSICA.

Qualidade do ar

Uma boa qualidade do ar é um importante fator para a saúde

e bem-estar dos bovinos. A composição do ar pode ser

afetada pela densidade de animais, o tamanho dos animais, o

piso, a cama, a gestão de resíduos, o design e construção do

sistema de ventilação. Importante para a dissipação do calor e

prevenção da acumulação de NH3 (amoníaco) e gases efluentes

na unidade de confinamento. Má qualidade do ar e ventilação

são fatores de risco para o desconforto respiratório e doenças.

O nível de amoníaco em instalações fechadas não deve

exceder 25 ppm.

INDICADORES: TAXA DE MORBILIDADE, COMPORTAMENTO, TAXA DE

MORTALIDADE, MUDANÇAS NO PESO E CONDIÇÃO CORPORAL.

Ruído

Os bovinos adaptam-se a diferentes níveis e tipos de ruído. No

entanto, a exposição a ruídos repentinos ou altos deve ser

Page 26: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

16

minimizado sempre que possível para evitar o stress as e

reações de medo (por exemplo debandada). Os ventiladores,

que alimentam máquinas ou outros equipamentos no interior

ou exterior devem ser construídos, instalados, operados e

mantidos de forma a causar o mínimo possível de ruído.

INDICADORES: COMPORTAMENTO.

Alimentação

Os animais devem ter acesso a uma quantidade e qualidade

de alimentação apropriada e equilibrada que atenda às suas

necessidades fisiológicas. Nos sistemas extensivos, a exposição

a curto prazo a condições climáticas extremas podem impedir

o acesso à alimentação que atenda às suas necessidades

fisiológicas diárias. Em tais circunstâncias, o tratador de

animais deve assegurar que o período de menor nutrição não

é prolongado e que as estratégias de mitigação são

implementadas se o bem-estar está em risco de ser

comprometido.

A condição corporal deve ser adequada e não deve estar fora

de uma faixa aceitável. Se a alimentação complementar não

está disponível, devem ser tomadas medidas para evitar a

fome, incluindo o abate, venda ou transferência do gado, ou o

sacrifício.

A matéria-prima e outros ingredientes para alimentação animal

devem ser de qualidade satisfatória para atender às

necessidades nutricionais. Se for necessário deve ser testada a

Page 27: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

17

presença de substâncias nos ingredientes de rações e

alimentos para animais que poderão ter impacto negativo sobre

a saúde animal. Todos os animais precisam de um

fornecimento adequado e acesso à água potável que atenda

às suas necessidades fisiológicas e livre de contaminantes

perigosos para a sua saúde.

INDICADORES: AS TAXAS DE MORTALIDADE, MORBILIDADE, COMPORTAMENTO,

MUDANÇAS NO PESO E CONDIÇÃO CORPORAL, EFICIÊNCIA REPRODUTIVA.

Pisos, camas, superfícies para descanso e áreas ao ar livre

Todos os sistemas de produção de bovinos devem provir

lugares bem drenados e confortáveis para descanso dos

animais. Todo o grupo deve ter espaço suficiente para se

deitar e descansar ao mesmo tempo.

Em sistemas intensivos de produção a gestão do espaço

disponível pode ter um impacto significativo no bem-estar do

gado. Onde há áreas que não são adequadas para o

descanso, tais como com água em excesso e acúmulo fecal,

essas áreas não devem ser de uma profundidade que possa

comprometer o bem-estar e não deve incluir toda a área útil

disponível para os animais.

INDICADORES: AS TAXAS DE MORBILIDADE (POR EXEMPLO, CLAUDICAÇÃO,

ÚLCERAS DE PRESSÃO), DE COMPORTAMENTO, ALTERAÇÕES NO PESO E

CONDIÇÃO CORPORAL E APARÊNCIA FÍSICA.

Page 28: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

18

Ambiente social

A gestão dos animais em todos os sistemas de produção deve

ter em conta as interações sociais dos animais dentro dos

grupos. O tratador de animais deve compreender as hierarquias

de dominação que se desenvolvem dentro de diferentes grupos

e se concentrar em animais de alto risco, em fatores tais

como o tamanho do animal, ser muito jovem, ser muito velho,

pequeno ou grande para o grupo, para a evidência de assédio

e comportamentos de fixação excessiva. O tratador de animais

deve compreender os riscos do aumento das interações

agonísticas entre os animais, em especial após a mistura

grupos. Animais que sofrem de excesso de atividades agonistas

ou comportamentos de montagem devem ser removidos do

grupo. Bovinos com e sem cornos não devem ser misturados

por causa do risco de lesões.

INDICADORES: COMPORTAMENTO, APARÊNCIA FÍSICA, ALTERAÇÕES NO PESO E

CONDIÇÃO CORPORAL, A MORBILIDADE E MORTALIDADE.

Densidade animal

A elevada densidade animal pode aumentar a ocorrência de

lesões e têm um efeito adverso sobre a taxa de crescimento, a

eficiência de alimentação e as manifestações comportamentais,

tais como a locomoção, o repouso, a capacidade de se

alimentar e de beber. Deve ser gerida de modo a que não

afete negativamente o comportamento normal dos animais. Isso

inclui a capacidade destes se deitarem e movimentarem

livremente, sem o risco de contrair lesões, e o fácil acesso à

Page 29: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

19

alimentação e à água. O ganho de peso e a duração do

tempo despendido deitado não deve afetado negativamente

pela aglomeração. Observando-se alterações do comportamento

normal, deve reduzir-se a densidade.

INDICADORES: O COMPORTAMENTO, AS TAXAS DE MORBILIDADE E

MORTALIDADE, ALTERAÇÕES NO PESO E CONDIÇÃO CORPORAL, APARÊNCIA

FÍSICA.

Proteção contra predadores

Os animais devem ser protegidos, tanto quanto possível dos

predadores.

INDICADORES: TAXA DE MORTALIDADE, MORBILIDADE (TAXA DE LESÕES), DE

COMPORTAMENTO, APARÊNCIA FÍSICA.

Page 30: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

20

Diretrizes adicionais para o alojamento de bovinos em recintos

fechados

A Portaria n.º 1005/92, de 23 de outubro, aprova as normas

técnicas de proteção dos animais utilizados para fins

experimentais e outros fins científicos, pelo que não se aplica

aos animais nos parques de leilões. Ainda assim, e a título

indicativo, transcrevem-se no quadro 2 as dimensões previstas

neste diploma para a manutenção de bovinos em recintos

fechados. Estas indicações não se sobrepõem, no entanto, às

previstas no Decreto-lei nº 48/2001, de 10 de fevereiro, e

anteriormente referidas.

Quadro 2. Dimensões referidas na Portaria nº 1005/92, de 23/10, aplicáveis a bovinos

mantidos em recintos fechados

Peso (kg)

< 60

60 – 100

100 – 150

150 – 200

200 – 400

> 400

Superfície mínima do chão

do recinto (m2) 2 2,2 2,4 2,5 2,6 2,8

Comprimento mínimo do

recinto (m) 1,1 1,8 1,8 2 2,2 2,2

Altura mínima da separação

entre recintos (m) 1 1 1 1,2 1,4 1,4

Superfície mínima do chão

para grupos (m2/animal) 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8

Altura mínima da manjedoura

(m) 0,3 0,3 0,35 0,4 0,55 0,65

Page 31: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

21

O mesmo diploma refere que o intervalo de temperaturas a

que devem ser mantidos os bovinos se situa entre os 10º e os

24ºC.

Relativamente, aos pisos, o solo não deverá ser

demasiadamente inclinado (no máximo, 10%), uma vez que

inclinações elevadas poderão causar problemas nas pernas,

escorregamentos e quedas. Todos os recintos e passagens

deverão manter-se em boas condições de manutenção. Os

solos não deverão ser demasiado ásperos, uma vez que tal

poderá causar abrasões ou cortes nas patas dos animais. Por

outro lado, os recintos e passagens não deverão ser

demasiado lisos, uma vez que os animais poderão escorregar e

sofrer vários danos (CAP, 2009).

Page 32: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

22

Bem-estar animal e proteção dos bovinos em transporte

rodoviário

O transporte rodoviário é um fator que influencia

significativamente o bem-estar dos animais. Não obstante o

transporte dos animais para e a partir do parque de leilões

seja da responsabilidade dos detentores, considera-se uma boa

prática a existência de documentação de fácil acesso e a

monitorização do cumprimento das normas vigentes por parte

dos responsáveis dos parques de leilões, de forma a garantir

que os animais dão entrada nos recintos nas melhores

condições. Por este motivo, referem-se seguidamente os

aspetos mais importantes relacionados com o transporte

rodoviário dos bovinos, sem prejuízo da necessidade de

consulta e/ou elaboração de documentação técnica adicional.

O cumprimento legal de bem-estar animal no transporte tem

como legislação aplicável:

Regulamento (CE) nº1/2005 de 22 de Dezembro;

Regulamento (CE) nº 1255/97 de 25 de Junho;

Diretiva 2004/68/CE de 26 de Abril;

Decreto-Lei nº73/2006 de 24 de Março.

O Decreto-lei nº265/2007 de 24 de julho estabelece

disposições especificas para o transporte rodoviário de animais

com fins comerciais, nomeadamente os transportes realizados

pelos agricultores dos seus próprios animais e nos seus próprio

meios de transporte até 50 km de distância e para os

Page 33: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

23

transportes inferiores a 65 km. No caso de transportes até 50

km de distância, de acordo com o DL 265/2007 e o

Regulamento 1/2005, os transportadores têm de possuir uma

autorização como transportadores de animais em trajetos de

curta duração, obtida mediante o registo do transportador na

página da DGAV e garantindo que todos os veículos possuem

os requisitos técnicos previstos na lei. No caso de transporte

de bovinos, os condutores e tratadores têm de possuir, desde

5 de janeiro de 2008, um certificado de aptidão profissional,

obtido mediante a realização de um curso de transporte de

animais de curta duração.

Os animais a transportar devem estar aptos para a viagem; os

meios de transporte devem ser concebidos e mantidos em

condições de não causar lesões e sofrimento aos animais;

devem ser proporcionadas áreas adequadas à idade e peso

dos animais; a carga e descarga devem ser realizadas com

equipamentos adequados para o efeito e, acima de tudo, deve

garantir-se que a viagem decorra no mais curto espaço de

tempo possível para o local de destino nas devidas condições

de segurança, bem como salvaguardar a disponibilidade de

água, alimento e repouso em intervalos adequados. Não devem

ser considerados aptos os animais que não têm capacidade

para se deslocar pelos seus próprios meios por se encontrarem

feridos, bem como fêmeas gestantes com pelo menos 90% do

tempo de gestação decorrido ou recém-nascidos cujo umbigo

não tenha cicatrizado completamente. Excecionalmente, e sob

parecer veterinário alguns dos casos citados podem ser

considerados aptos para o transporte. No caso de existirem

Page 34: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

24

ferimentos, os animais devem ser separados e socorridos (CAP,

2008).

Relativamente aos meios de transporte, estes devem ser

construídos de modo a garantir um bom acondicionamento

térmico e ambiental aos animais em transporte, serem limpos e

desinfetados, permitirem com facilidade a inspeção dos

animais, apresentarem chão antiderrapante, impedirem derrames

de urina e fezes, salvaguardarem condições de iluminação

tanto aos animais como ao tratador no caso de ser necessário

efetuar alguma intervenção e apresentarem de forma clara

placa identificativa de transporte de animais vivos. As rampas

para carga e descarga devem apresentar inclinação inferior a

20º ou 36,4% relativamente à horizontal para vitelos e inferior

a 26º ou 50% da horizontal no caso de animais adultos,

sendo que sempre que apresentem inclinação superior a 10º

ou 17,6%, o seu piso deve ser constituído por travessas, de

modo a assegurar a normal subida e descida dos animais

(CAP, 2008).

Durante todos os atos de movimentação dos animais,

nomeadamente nos momentos de carga e descarga, é proibido

bater nos animais, suspender os animais ou infligir qualquer

tipo de técnica que lhes possa causar dor ou sofrimento. O

usos de bastões elétricos deve ser evitado, ainda que em

bovinos possa ser permitido desde que o animal se recuse a

avançar tendo espaço para o fazer. As descargas devem ter a

duração máxima de um segundo, aplicadas de forma espaçada

e apenas nos músculos dos membros posteriores. Os animais

Page 35: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

25

não devem ser contidos pelos cornos, pelas argolas nasais

nem pelas patas amarradas juntas, nem os vitelos

amordaçados. Sempre que se justifique os animais devem ser

separados para transporte, nomeadamente salvaguardando-se

grupos de animais da mesma espécie, tamanhos e idades,

evitar juntar animais reprodutores machos adultos, animais

hostis entre si, animais com cornos e descornados e animais

amarrados com outros desamarrados. No caso do transporte

rodoviário, os espaços disponíveis devem respeitar os valores

apresentados no quadro 3.

Quadro 3. Espaços disponíveis no transporte rodoviário de bovinos.

Categoria Peso aprox. (kg) Área/animal (m2)

Vitelos de criação 50 0,30-0,40

Vitelos médios 110 0,40-0,70

Vitelos pesados 200 0,70-0,95

Bovinos médios 325 0,95-1,30

Bovinos adultos 550 1,30-1,60

Grandes bovinos >700 >1,60

No caso de transportes de longa duração, acima de 65 km, os

transportadores têm de possuir uma licença como Autorização

como transportadores de animais de longa duração – tipo 2,

sendo que alem do registo na pagina da DGV devem

apresentar certificado de aprovação dos meios de transporte,

certificado de aptidão profissional dos condutores e ou

tratadores e plano de emergência.

Page 36: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

26

Os períodos de viagem dos animais não devem exceder as 8

horas, a menos que os veículos transportadores cumpram as

disposições adicionais previstas para viagens de longo curso.

Se assim for, e no caso de vitelos e novilhos não

desmamados, após 9 horas de viagem deve prever-se um

período de repouso de pelo menos 1 hora para abeberamento

e, se necessário, alimentação; o mesmo deve prever-se para

animais adultos ao fim de 14 horas de viagem. Em qualquer

das situações, no final da viagem os animais devem

permanecer em repouso pelo menos 24 horas.

Os meios de transporte devem apresentar devem possuir

dispositivos de fornecimento de agua com capacidade total

igual a pelo menos 1.5% da sua carga útil máxima, os

sistemas de ventilação devem ser capazes de manter uma

temperatura de 5 a 30º dentro do habitáculo com uma

tolerância de +/- 5º consoante a temperatura exterior e um

fluxo de ar de 60m3/h/kN de carga útil devendo poder

funcionar de forma independente do veiculo durante pelo

menos 4 horas. Os veículos devem estar equipados com

sistemas de registo que possam ser facultados às autoridades

sempre que solicitado e a partir de 1 de janeiro de 2007

relativamente a veículos que iniciem a atividade ou 1 de

janeiro de 2009 para todos os veículos, devem estar equipados

com sistemas de navegação adequados que permitam o registo

e fornecimento de informação equivalente a constante do

diário de viagem.

Page 37: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

27

Formação dos recursos humanos

Os recursos humanos que são responsáveis por colaborar com

o embarque e desembarque, condução e acomodação dos

animais, e pela sua condução dentro do recinto do parque de

leilões, devem ter conhecimentos técnicos mínimos que

garantam o eficaz desenrolar dos processos sem prejuízo do

bem-estar dos animais. Desejavelmente terão tido acesso a

formação específica, conjugada com os conhecimentos

adquiridos pela experiência profissional (figura 2).

Figura 2. Bovinos no PLGP observados por um funcionário.

É importante que os trabalhadores que lidam diretamente com

os animais possuam conhecimentos sobre identificação e saúde

Page 38: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

28

animal, designadamente, que saibam identificar os animais

doentes ou feridos e reconhecer sinais de apatia, isolamento

do grupo e outros comportamentos anómalos, espirros, diarreia,

ausência de ruminação, corrimento nasal e/ou ocular,

produção de saliva em excesso, tosse persistente, respiração

rápida e/ou irregular, articulações inchadas e presença de

claudicações em geral (CAP, 2009).

Deverão também ser sensibilizados para a necessidade de, na

condução dos animais, respeitar o ritmo de andamento dos

animais, sem incitamento excessivo ou utilização de meios

abusivos (como aparelhos de descarga elétrica, entre outros). A

condução dos animais através de curvas ou passagens

apertadas ou sobre pisos escorregadios deverá revestir-se de

particular cuidado. Deverão ainda evitar-se ruídos excessivos,

agitação ou uso excessivo da força ou pressão sobre regiões

corporais sensíveis, como a cabeça, o úbere ou os testículos,

condenando-se, em qualquer circunstância, o uso de violência

sobre os animais (CAP, 2009).

Page 39: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

29

Bem-estar animal no Parque de Leilões de Gado de Portalegre

Caracterização do Parque de Leilões de Gado de Portalegre

Os leilões de gado tiveram o seu início em 1985 por iniciativa

da Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre.

Inicialmente contando com a parceria do IROMA, e atualmente

em parceria com a Natur-Al-Carnes, estes leilões têm por

objetivo a obtenção de melhores preços na venda de gado dos

agricultores da região3.

Figura 3. Vista aérea do PLGP

3 Ver: http://aadportalegre.pt/apoio-a-comercializacao/parque-dos-leiloes/

Page 40: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

30

O PLGP está registado como Centro de Agrupamento e

localiza-se junto à Estrada Nacional 246, em Portalegre (figura

3). No PLGP realizam-se leilões de animais da espécie bovina,

com origem em explorações nacionais localizadas num raio

inferior a 100 km.

Habitualmente, realizam-se leilões duas vezes por mês. Os

animais são admitidos no PLGP até às 15h00 da véspera de

cada leilão.

Para além do recinto onde decorre o leilão propriamente dito,

o PLGP dispõe de:

3 pavilhões que comportam um total de 108 parques

para acomodação dos animais;

Cais de carga e descarga;

Manga de maneio pré-balança;

Balança de pesagem;

Manga de condução dos animais até aos respetivos

parques;

O PLGP dispõe de um Regulamento Interno que entrou em

vigor a 1 de janeiro de 2009, e que prevê as obrigações dos

Centros de Agrupamento, no que diz respeito ao cumprimento

das regras em matéria de aptidão, manuseamento, carga e

descarga dos animais, de acordo com o previsto no

Regulamento CE n.º 1/2005, de 22 de dezembro.

Page 41: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

31

A termografia na monitorização do bem-estar animal

Historicamente, a temperatura corporal tem sido sempre

considerada um bom indicador do estado de saúde. Desde 400

AC que a temperatura é utilizada para diagnóstico clínico. Os

animais homeotérmicos são capazes de manter uma

temperatura corporal estável, e diferente da temperatura

ambiente envolvente (Lahiri et al, 2012).

A termografia de infravermelhos é uma técnica de medição da

temperatura superficial não invasiva e que dispensa o contacto

físico direto, apresentando como vantagem o facto de não

produzir alterações superficiais da temperatura e permitir

leituras em tempo real. Atualmente a utilização desta técnica

generalizou-se, com diferentes finalidades nos campos da

medicina e da medicina veterinária. No campo da medicina

humana, a sua aplicação diagnóstica e clínica abrange áreas

tão distintas como o cancro mamário, a dor reumática, as

patologias da glândula tiroide ou lesões oftalmológicas (Jan-

Hong Tan et al., 2009). No campo da medicina veterinária, a

termografia é utilizada no diagnóstico de diferentes patologias

inflamatórias que provocam alteração da temperatura

superficial, na monitorização da gestação, etc.

Reconhece-se a importância dos papéis das respostas

cognitivas e emocionais a situações de stress. A utilização de

métodos não invasivos fiáveis, capazes de avaliar o amplo

espetro das respostas ao stress, representa um incremento

significativo na capacidade de monitorização do bem-estar

animal (Stewart et al., 2007).

Page 42: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

32

A termografia de infravermelhos é um instrumento fiável de

medição e registo da temperatura e da sua variação na

superfície ocular. Nos últimos anos, realizaram-se estudos que

validam a utilização desta tecnologia na monitorização do bem-

estar animal em bovinos, mais concretamente na avaliação do

stress provocado por práticas de maneio (Stewart, 2008) e na

monitorização da dor em situações como a descorna (Stewart

et al, 2008) e a castração (Stewart et al, 2010), assim como

na deteção precoce da doença respiratória bovina em vitelos

de carne (Schaefer et al, 2012).

Aparentemente, em situações de medo ou dor aguda, os

mecanismos de resposta (fight or flight) desencadeiam um

envolvimento complexo do sistema nervoso autónomo e do

eixo hipotálamo-hipofisário que, em conjunto com a associação

cognitiva da situação em concreto, parecem provocar uma

diminuição súbita da temperatura ocular no momento em que

ocorre a situação aguda causadora de dor ou ansiedade

(aparentemente devida à vasoconstrição provocada pela

estimulação simpática), seguida de um aumento dessa mesma

temperatura, aparentemente devido ao aumento do tónus

parassimpático e à consequente vasodilatação periférica

(Stewart, 2008).

Atualmente, os equipamentos de termografia de infravermelhos

são já dotados de características que permitem a sua

utilização sistemática em contexto de medição, análise e

controlo de vários processos, designadamente, a sua

Page 43: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

33

portabilidade, funcionamento intuitivo e possibilidade de

estabelecimento de interfaces com distintos equipamentos.

Existem já várias aplicações desenvolvidas para equipamentos

de comunicações móveis que tendem a generalizar a aplicação

da tecnologia, embora estas, à data, ainda não permitam a

medição e registo dos parâmetros com a necessária fiabilidade.

No entanto, o rápido avanço tecnológico que se tem vindo a

verificar nesta área faz prever que, a breve trecho, este tipo de

monitorização se possa realizar com recurso a um simples

smartphone.

Descrição da avaliação realizada mediante o uso de imagens

termográficas

Nos dias 10 e 11 de março de 2015, recolheram-se dados

relativos à temperatura ocular de 49 bovinos no Parque de

Leilões de Gado de Portalegre. Os animais foram transportados

até ao recinto no dia 10, tendo sido leiloados no dia 11. A

colheita de dados decorreu em 3 momentos distintos: no dia

10 ao final da manhã, após o transporte e desembarque dos

animais do recinto; no dia 11, sensivelmente no mesmo horário

do dia anterior; e no dia 11, após o leilão dos lotes

correspondentes (aproximadamente entre as 14h00 e as

15h30). Os animais analisados constituíam 18 dos 108 lotes a

leiloar nesta data, e caracterizavam-se de acordo com o

quadro 4:

Page 44: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

34

Quadro 4: Caracterização dos animais monitorizados

Raça Nº de

animais M F

Peso vivo médio

(kg)

Idade média

(meses)

X Limousine 24 8 16 226,29±47,84 5,77±1,44

X Carne 13 7 6 226,10±18,82 5,74±1,84

X Frísio 9 6 3 323,33±44,45 6,33±0,48

X Charolês 3 0 3 210 4

Total 49 21 28 242,69±48,00 5,78±1,44

Utilizou-se uma câmara de termografia do modelo FLIR® E60bx

para captação das imagens. Captaram-se imagens a uma

distância de 0,90 a 1,10 m, focando na carúncula lacrimal dos

animais. A emissividade foi parametrizada a 0,98. Durante a

captação, os animais encontravam-se livremente nas boxes que

acomodavam os respetivos lotes, sem qualquer meio de

contenção adicional. A câmara de infravermelhos encontrava-se

sincronizada com um termo-higrómetro do modelo FLIR® MR77,

o que permitiu o registo dos dados relativos à temperatura do

ar e à humidade relativa em tempo real (figura 4). Houve o

cuidado de não obter imagens de animais que permaneciam

sob exposição direta da luz solar, uma vez que, de acordo

com Church et al. (2013), este fator influencia significativamente

as leituras da temperatura ocular, pelo que interfere com o

rigor das determinações.

Page 45: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

35

Figura 4. Imagem de infravermelhos exibindo os valores do ponto (carúncula

lacrimal), da temperatura do ar e da humidade relativa

Posteriormente, os dados foram obtidos recorrendo ao software

FLIR® Tools, que permite a geração de relatórios individuais

com registo da temperatura superficial do ponto de interesse,

assim como da temperatura do ar e da humidade relativa no

instante da captação.

Os dados recolhidos foram finalmente tratados recorrendo ao

software Statistica v.12 (Statsoft®). Calculou-se o Índice de

Temperatura e Humidade (ITH) recorrendo à fórmula descrita

por Hahn et al. (2003):

Page 46: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

36

,

em que ITH é o Índice de Temperatura e Humidade, Temp. é a

temperatura do ar e %HR é a humidade relativa expressa em

percentagem.

Resultados e Discussão

Hahn et al. (2003) identificaram os principais fatores ambientais

com influência sobre os bovinos como sendo a temperatura do

ar, a humidade relativa, o calor radiante, a precipitação, a

pressão atmosférica, a radiação ultravioleta, o vento e as

poeiras. Os dados recolhidos permitem, em primeiro lugar,

apreciar dois destes fatores: a temperatura atmosférica e a

humidade relativa do ar. O ITH é um índice que combina estes

dois parâmetros, sendo que um ITH entre 70 e 74 é um

indicador de existência de potencial stress térmico para os

animais (LCI, 1970) (figura 5).

Em particular, quando o ITH às 8h00 for superior a 70,

recomenda-se que os detentores de bovinos confinados com

elevadas cargas térmicas metabólicas (de que são exemplo os

bovinos na fase de engorda) preparem estratégias de gestão

preventivas do stress térmico (Mader et al., 2000). Os ITH

superiores a 84 podem provocar a morte dos animais,

particularmente daqueles que se encontrem a consumir dietas

de elevado nível energético (como são as dietas de

acabamento) (Hahn et al., 2003).

Page 47: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

37

Figura 5. Índices de segurança climática para bovinos, associados ao ITH (adaptado

de Hahn et al., 2003).

No quadro 5, apresentam-se os valores médios para a

temperatura do ar e a humidade relativa nos três momentos

de colheita de dados. Verificamos que nos três momentos o

ITH é superior a 70, pelo que existe potencialmente risco de

stress térmico. Consultando as normais climatológicas 1981-

2010 (disponibilizadas pelo Instituto Português do Ar e da

Atmosfera), verificamos que os valores de temperatura

registados se aproximam dos valores máximos de temperatura

máxima registadas naquele período para o mês de março.

Page 48: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

38

Quadro 5. Valores médios de temperatura do ar, humidade relativa e ITH, globais e

nos 3 momentos de colheita

Temperatura do Ar

(ºC)

Humidade Relativa

(%) ITH

Após o

transporte 25,57±0,27 48,53±0,66 72,27±0,40

Antes do leilão 23,83±1,57 48,74±1,46 70,04±1,90

Após o leilão 25,10±1,45 43,51±0,32 71,14±1,81

Global 24,83±1,44 46,92±2,60 71,15±1,78

No quadro 6 expõem-se os coeficientes de correlação (r de

Pearson) entre as diferentes variáveis em análise. Observam-se

correlações estatisticamente significativas entre o peso vivo dos

animais e a idade (o que é expectável) e a temperatura ocular.

O ITH e a temperatura do ar manifestam uma correlação

positiva de valor próximo de 1, o que revela a relação linear

que se estabelece entre estes dois indicadores.

Adicionalmente, verifica-se também um coeficiente de

correlação significativo de valor negativo entre a temperatura

do ar e a humidade relativa, o que significa que os momentos

em que, neste ensaio, se verificaram temperaturas do ar mais

elevadas corresponderam com os teores de humidade relativa

mais baixos.

Page 49: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

39

Finalmente, observa-se um coeficiente de correlação

estatisticamente significativo e de valor positivo entre a

temperatura ocular e a humidade relativa.

Quadro 6. Correlações de Pearson entre as variáveis4

PV ID TO TA HR ITH

PV 1,00 0,49 0,18 -0,02 0,07 -0,01

ID 1,00 0,12 0,00 0,03 0,00

TO 1,00 0,06 0,47 0,12

TA 1,00 -0,29 0,99

HR 1,00 -0,15

ITH 1,00

Classicamente considera-se que a temperatura do ar, a

humidade relativa e a velocidade do vento influenciam a

temperatura ocular, ao interferirem com os mecanismos

termodinâmicos. Ainda assim, o efeito da humidade relativa é

considerado mínimo num espetro alargado de valores (Freeman

& Fatt, 1973).

Contudo, neste ensaio foi a humidade relativa (HR) (e não a

temperatura do ar) que manifestou uma correlação significativa

com a temperatura ocular, mas este facto deveu-se

provavelmente a uma variação da HR mais apreciável nos

momentos de colheita (particularmente, entre o período da

manhã e o período da tarde do dia 11) do que a variação

observada na temperatura do ar, proporcionalmente.

4 As variáveis assinaladas são: PV – peso vivo; ID – idade; TO – temperatura ocular; TA – temperatura do ar; HR – humidade relativa; ITH – índice de temperatura e humidade.

Page 50: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

40

Na figura 6 apresentam-se os valores médios, máximos e

mínimos das temperaturas oculares registadas nos 3 momentos

de colheita. O tratamento estatístico dos dados mediante um

modelo linear (quadro 7) revelou que o momento de colheita

teve um efeito significativo sobre os valores observados,

verificando-se que as três médias são significativamente

diferentes, de acordo com o teste de Tukey. Podemos verificar

que a média mais elevada corresponde ao primeiro momento

(após o transporte e descarga dos animais no PLGP).

Figura 6. Temperatura Ocular dos animais amostrados (média, valor máximo e

mínimo) nos 3 momentos analisados

30 32 34 36 38 40 42

Após o transporte

Antes do leilão

Após o leilão

Temperatura Ocular (ºC)

Média Máximo Mínimo

Page 51: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

41

Quadro 7. Resultados univariados do modelo linear aplicado (ANCOVA)

Soma de

Quadrados

Graus de

Liberdade

Quadrados

Médios F p

Intercept 14,71920 1 14,71920 29,93901 0,000000

Cov_Peso (kg) 0,12066 1 0,12066 0,24542 0,621155

Cov_Idade (meses) 0,00164 1 0,00164 0,00334 0,954018

Cov_Temp. Ar (ºC) 14,04474 1 14,04474 28,56715 0,000000

Cov_HR (%) 20,92251 1 20,92251 42,55659 0,000000

Cov_ITH 13,89852 1 13,89852 28,26973 0,000000

Fator_Raça 1,86085 3 0,62028 1,26166 0,290325

Fator_Momento 9,15810 2 4,57905 9,31383 0,000166

Raça*Momento 2,83308 6 0,47218 0,96042 0,454755

Erro 63,91315 130 0,49164

Page 52: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

42

Observando o quadro 7, podemos verificar que o fator raça

não influenciou significativamente a temperatura ocular dos

animais, provavelmente porque na sua grande maioria se

tratavam de animais cruzados com o intuito de produção

cárnica, pelo que não seria expectável que existisse uma

diferença apreciável a este nível.

Verifica-se também que as covariáveis temperatura do ar e

humidade relativa, e a sua derivada (o ITH) influenciaram

significativamente a temperatura ocular, enquanto as covariáveis

peso e idade não manifestaram um efeito significativo sobre a

mesma.

Estes resultados parecem demonstrar que a temperatura ocular

pode ser um meio válido para monitorização do bem-estar

animal nos parques de leilões, desde que os equipamentos

sejam devidamente calibrados e que sejam tidos em conta os

fatores ambientais relevantes. Aparentemente, e de acordo com

os resultados, foram o transporte e descarga dos animais que

potenciaram uma elevação maior da temperatura ocular,

deduzindo-se, portanto, que tiveram uma maior influência sobre

o bem-estar dos animais. A permanência no PLGP e o leilão

em si não produziram um efeito tão assinalável sobre este

parâmetro.

Page 53: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

43

Considerações Finais

De acordo com os resultados da monitorização preliminar

realizada, as condições e práticas de maneio no PLGP não

parecem interferir de forma significativa com o bem-estar dos

animais que aí permanecem. Contudo, dada a localização do

PLGP e as condições atmosféricas que caracterizam a região, é

de esperar que, sob condições de temperatura atmosférica

mais elevada, os animais possam manifestar sinais de stress

térmico mais agudizados, pelo que serão de equacionar

medidas que possam minorar este efeito.

O trabalho realizado também permitiu verificar que o transporte

e a descarga dos animais é, aparentemente, o momento que

desencadeia uma reação de stress mais apreciável, não

obstante o cumprimento das imposições legais relativas a este

aspeto. O PLGP implementou recentemente normas que

permitem tornar mais célere o procedimento de descarga e

reduzir o tempo de permanência dos animais nos veículos de

transporte à chegada, o que se afigura como positivo. Ainda

assim, este aspeto deverá ser objeto de monitorização e

avaliação regulares.

Finalmente, recomenda-se que, no âmbito da política de defesa

do bem-estar animal que o PLGP decida implementar, se inclua

a divulgação, aconselhamento e exigência de cumprimento das

normas que promovem o bem-estar animal durante o

transporte por parte dos transportadores.

Page 54: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

44

Proposta de Check List para monitorização do bem-estar

animal em parques de leilões de gado

Nº Pontos de Controlo Critérios de cumprimento Nível

BE BEM-ESTAR DE BOVINOS EM PARQUES DE LEILÕES

Os pontos de controlo aqui apresentados são

baseados no Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de

junho que aprova o novo regime do exercício da

atividade pecuária (NREAP), nas explorações

pecuárias, entrepostos e centros de agrupamento,

garantindo o respeito pelas normas de bem-estar

animal, (…) e no Decreto-Lei nº 64/2000 de 22 de

Abril que estabelece as normas mínimas de

proteção dos animais nas explorações pecuárias.

Podem considerar-se Parques de Leilões como

“Centro de Agrupamento” de acordo com a Alínea

h) do artigo 2º do Dec. Lei nº81/2013 e da alínea

v) do artigo 2º Portaria nº 42/2015 de 19 de

fevereiro: «Centro de agrupamento» os locais tais

como centros de recolha, feiras e mercados,

exposições, concursos pecuários, onde são

agrupados animais provenientes de diferentes

explorações com vista ao comércio, exposição ou

outras atividades não produtivas.

Atividade pecuária de classe 2

BE 1 Instalações e equipamentos

BE 1.1 Os materiais utilizados

na construção dos

alojamentos e dos

equipamentos são de

material adequado?

Os materiais utilizados na

construção de

alojamentos, em especial

dos compartimentos e

equipamentos com que os

animais possam estar em

Page 55: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

45

contacto, não devem

causar danos e devem

poder ser limpos e

desinfetados a fundo.

BE 1.2 Não existem arestas

ou saliências que

ponham em perigo a

integridade física dos

animais?

Os alojamentos e os

dispositivos necessários

para prender os animais

devem ser construídos e

mantidos de modo que

não existam arestas nem

saliências aceradas

suscetíveis de provocar

ferimentos aos animais.

BE 1.3 O equipamento

automático existente é

inspecionado

periodicamente?

Existem medidas

alternativas de

salvaguarda do bem-

estar dos animais

quando exista uma

anomalia que não é

possível corrigir com

celeridade?

Todo o equipamento

automático ou mecânico

indispensável para a

saúde e o bem-estar dos

animais deve ser

inspecionado, pelo menos,

uma vez ao dia e

quaisquer anomalias

eventualmente detetadas

devem ser imediatamente

corrigidas ou, quando tal

não for possível, devem

ser tomadas medidas para

salvaguardar a saúde e o

bem-estar dos animais.

BE 1.4 O equipamento elétrico

cumpre as regras de

segurança?

Todo o equipamento

elétrico principal deverá

satisfazer as normas

existentes, estar

devidamente ligado à

terra, protegido de

roedores e de impossível

acesso aos animais.

Page 56: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

46

BE 1.5 Os cais de carga e

descarga dos animais

são os adequados?

Devem existir

equipamentos e

instalações adequadas

para a carga e descarga

dos animais dos meios de

transporte; é

particularmente importante

que possua a inclinação

adequada, disponha de

um revestimento do piso

anti deslizante e, caso

necessário, de proteções

laterais.

BE 2 Densidade/Encabeçamento

BE 2.1 Os animais alojados

possuem espaço

suficiente para

manifestarem o seu

comportamento

natural?

(liberdade de

movimentos)

Providenciar uma área, o

mais confortável possível,

de modo a que os

animais possam deitar-se,

durante o tempo que

desejarem e tenham

espaço suficiente para se

levantarem, deitarem e

rodarem sobre si mesmos.

BE 2.2 Os animais

permanecem separados

por sexos?

Os grupos de machos e

fêmeas deverão manter-se

devidamente separados.

BE 2.3 O número de animais

por alojamento tem em

conta o peso vivo de

cada animal?

Devem ser respeitadas as

áreas mínimas

recomendadas tendo em

conta o peso vivo dos

animais.

BE 3. Ventilação e temperatura

BE 3.1 Os níveis de pó,

temperatura, humidade

relativa e concentração

de gás são mantidos

Providenciar ventilação

suficiente de acordo com

o tipo, tamanho e número

de animais que neles

Page 57: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

47

dentro de limites que

não sejam prejudiciais

aos animais?

serão alojados. Sempre

que surja a necessidade

de regular a temperatura

interna, os tetos deverão

ser isolados para reduzir

o aquecimento solar ou

providenciar o

abaixamento da

temperatura utilizando

aspersores de água.

BE 4. Cobertura/ Ensombramento

BE 4.1 Existe sombra durante

a maior parte do

tempo de permanência

dos animais no

Parque?

Deve existir sombra em

todo o recinto do Parque,

em especial sobre os

alojamentos de forma a

permitir que os animais

não fiquem sujeitos à

intempérie ou ao sol

direto.

BE 5. Iluminação

BE 5.1 A iluminação existente

permite contemplar as

necessidades

fisiológicas e

etológicas dos

animais?

A iluminação existente

permite a realização

da inspeção dos

animais quando

necessário?

Deve existir a todo o

momento iluminação

artificial ou natural

adequada (fixa ou portátil)

que contemple as

necessidades fisiológicas e

etológicas dos animais e

permita a inspeção dos

animais em qualquer

altura.

BE 6. Pisos nos recintos e zonas de passagem

BE 6.1 Os materiais

empregues nos pisos

Os solos não deverão ser

demasiado ásperos, uma

Page 58: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

48

dos alojamentos são

de material adequado?

vez que tal poderá causar

abrasões ou cortes nas

patas dos animais.

Também não deverão

acumular-se detritos no

chão do alojamento, uma

vez que isso tornará o

solo escorregadio.

BE 6.2 A inclinação dos pisos

é suficiente para se

efetuar a sua limpeza

sem provocar quedas

e/ou escorregamentos

dos animais?

O solo não deverá ser

demasiadamente inclinado,

no máximo de 10%, uma

vez que inclinações

elevadas poderão causar

problemas nas pernas,

escorregamentos e

quedas.

BE 6.3 Os recintos e zonas

de passagem mantêm-

se em boas condições

e permitem a

passagem correta dos

animais?

Todos os recintos e

passagens deverão

manter-se em boas

condições de manutenção.

Os recintos e passagens

não deverão ser

demasiado lisos, uma vez

que os animais poderão

escorregar e sofrer vários

danos.

BE 6.4 As zonas de

passagem/mangas de

condução têm as

dimensões corretas de

forma a proteger os

animais e os

tratadores?

As dimensões dos locais

de passagem devem

permitir a passagem dos

animais de tal forma que

não possam retroceder

(virar-se) e ao mesmo

tempo permitam a sua

condução pelos

tratadores.

BE 6.5 O acesso ao recinto As áreas de entrada e

Page 59: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

49

do leilão assim como

o próprio recinto do

leilão permitem o

movimento correto dos

animais?

saída do recinto do leilão,

onde os animais tenderão

a confluir, assim como o

próprio recinto do leilão

deverão ser

suficientemente largos e

ter chão não escorregadio

para que os animais se

movam facilmente.

BE 7. Água

BE 7.1 Todos os animais têm

acesso fácil à água?

Os animais devem ter

acesso a uma quantidade

de água suficiente e de

qualidade adequada.

BE 7.2 A água disponível é de

qualidade e em

quantidade?

Caso a água não seja da

rede pública (potável)

deve efetuar-se o seu

controlo de forma a

garantir a sua qualidade.

BE 7.3 Os bebedouros estão

colocados em locais

que não permitem a

conspurcação do

alojamento?

Os bebedouros deverão

ser desenhados e

colocados para que:

estejam protegidos dos

dejetos; exista espaço

suficiente e acesso fácil a

todos os animais; não

permitam a conspurcação

e/ou humidificação do

alojamento.

BE 7.4 É assegurado o

fornecimento de água

permanente a todos os

animais?

Deverão manter-se os

bebedouros limpos e

fazer-lhes uma inspeção

diária para verificar se

não estão bloqueados ou

danificados e se a água

corre livremente. Deverão

Page 60: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

50

existir fontes de água

alternativas.

O equipamento de

fornecimento de água

deve ser concebido,

construído e colocado de

modo a minimizar os

riscos de contaminação

dos alimentos e da água

e os efeitos lesivos que

podem resultar da luta

entre os animais para

acesso aos mesmos.

BE 8. Alimentação

BE 8.1 Os animais apenas têm

acesso a dieta hídrica

nas 24 horas que

antecedem o leilão?

Os animais só poderão

ter acesso a alimento

sólido até 24 horas antes

do momento do leilão.

Após este período, os

animais apenas têm

acesso a uma dieta

hídrica.

BE 9. Limpeza e desinfeção

BE 9.1 Os alojamentos, zonas

de passagem dos

animais (mangas),

recinto do leilão e

restantes instalações

do Parque são

devidamente limpas e

desinfetadas?

Os alojamentos devem ser

limpos e desinfetados

periodicamente, com

desinfetantes autorizados,

de forma a garantir o

conforto, bem-estar e

saúde dos animais aí

instalados.

BE 9.2 As fezes, urina e água

entornada são

removidas sempre que

necessário?

Fezes, urina e água não

ingerida ou entornada

deverão ser removidos as

vezes necessárias para

minimizar o mau cheiro e

Page 61: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

51

evitar a atração de

moscas ou roedores.

BE 9.3 São efetuadas pausas

sanitárias?

Devem ser efetuadas as

devidas pausas sanitárias

entre duas remessas de

animais (leilões)

consecutivas, de forma a

poder ser realizada a

limpeza e desinfeção

adequadas.

BE 10. Funcionários e utentes do Parque de Leilões (PL)

BE

10.1

Os funcionários e os

utentes do Parque de

Leilões cumprem o

Regulamento Interno

do PL?

Deve existir um

Regulamento Interno que

rege todo o

funcionamento do Parque

de Leilões e que deve

estar disponível quer para

funcionários quer para os

utentes do mesmo.

BE

10.2

Os funcionários

utilizam vestuário e

calçado apropriado?

Todos os funcionários

devem possuir vestuário e

calçado que lhes permita

a realização de todas as

operações em segurança

e higiene.

BE

10.3

Os funcionários têm

conhecimentos, treino

e formação adequada?

Animais confinados

necessitam de cuidados e

atenção constantes, de

pessoal bem treinado. Os

animais devem ser

cuidados e tratados por

pessoal que possua as

capacidades,

conhecimentos e

competência profissional

adequados.

Page 62: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

52

BE

10.4

Existem funcionários

em número suficiente

que garanta o bom

funcionamento do

Parque em todos os

momentos?

Os animais devem ser

cuidados e tratados por

pessoal em número

suficiente.

BE

10.5

Existem cursos ou

outras formas de

garantir a formação

atualizada dos

funcionários, com

registo dessas

atividades que incluam

os elementos

necessários?

O pessoal deve frequentar

com alguma periodicidade

cursos de atualização de

conhecimentos e/ou de

nova legislação aplicável

ao setor. As ações de

formação devem ser

registadas Os registos das

atividades de formação

devem incluir

determinados elementos

tais como: o (s) tema (s)

tratado, o nome do

formador, a data da

formação, o nome dos

participantes, etc.

BE 11. Segurança e situações de emergência

BE

11.1

Existem planos de

emergência?

Deverão existir planos de

ação para lidar com

emergências na

exploração, como

incêndios, inundações, ou

interrupção do

abastecimento de água.

BE

11.2

Está garantida a

formação do pessoal

para a atuação em

situações de

emergência?

O detentor deverá

certificar-se de que todo

o pessoal está

familiarizado com as

ações de emergência

necessárias.

Page 63: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

53

BE

11.3

Existe um local

específico para alojar

animais que

apresentam lesões ou

comportamentos

anormais?

Deve existir um local para

alojamento de animais

que no decurso da sua

permanência no PL

possam ter sofrido lesões

ou apresentem

comportamentos não

expectáveis.

BE 12. Controlo veterinário

BE

12.1

Existe um médico

veterinário responsável?

A existência de um

médico veterinário em

permanência na descarga

dos animais e durante o

período do leilão é

conveniente. O médico

veterinário responsável

deverá estar sempre

disponível caso seja

necessária a sua presença

em situações específicas.

Page 64: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

54

O nível de cumprimento dos critérios estabelecidos para cada Ponto

de Controlo pode ser medido através da atribuição de pontuação de

1 a 5:

Pontos Critérios estabelecidos por item

5 Cumpre 100%

4 Cumpre 75%

3 Cumpre 50%

2 Cumpre 25%

1 Não cumpre

Avaliação Final e Verificação de Medidas Corretivas

Total de pontos Cumprimento dos critérios estabelecidos para

cada Ponto de Controlo

165 O PL cumpre totalmente

Entre 106 e 164,

cumprindo os

requisitos parciais

mínimos

O PL cumpre parcialmente os critérios de

funcionamento; pode continuar a laborar desde

que implemente de imediato medidas corretivas

de acordo com os critérios de cumprimento

Entre 106 e 164,

não cumprindo os

requisitos parciais

mínimos

ou

<106

O PL não cumpre critérios considerados

indispensáveis, pelo que deve interromper o

funcionamento até implementar medidas corretivas

de acordo com os critérios de cumprimento

Page 65: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

55

Requisitos parciais mínimos

Item Classificação

B.E. 1 Mínimo 15 pontos

B.E. 2 Mínimo 10 pontos

B.E. 3, B.E. 4 e B.E. 5 Mínimo 3 pontos

B.E. 6 Mínimo 15 pontos

B.E. 7 Mínimo 12 pontos

B.E. 8 Obrigatórios 5 pontos

B.E. 9 Mínimo 10 pontos

B.E. 10.1 Obrigatórios 5 pontos

B.E. 10 (total) Mínimo 15 pontos

B.E. 11.1 Obrigatórios 5 pontos

B.E. 11 (total) Mínimo 10 pontos

B.E. 12 Obrigatórios 5 pontos

Page 66: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

56

Hiperligações úteis

www.animalhandling.org - Animalhandling.org é um portal

financiado pela indústria da carne dos Estados Unidos, que se

manifesta comprometida em garantir as melhores práticas de

maneio nas suas unidades, contribuindo para a ética das

práticas adotadas, a sustentabilidade dos postos de trabalho e

a superior qualidade dos produtos cárnicos.

www.animalwelfareplatform.eu – Este portal surge no âmbito de

um projeto trianual (2008-2011) financiado pela Comissão

Europeia ao abrigo do 7º Programa-Quadro para as Atividades

de Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Divulgação.

Reúne distintos stakeholders da cadeia agroalimentar, incluindo

produtores, retalhistas, indústria agroalimentar e organizações

não-governamentais.

ec.europa.eu/food/animal/welfare/index_en.htm – As atividades

da Comissão Europeia neste domínio partem do

reconhecimento de que os animais são seres sencientes. O

objetivo geral é garantir que os animais não são sujeitos a dor

ou sofrimento evitáveis, e obriga os detentores de animais ao

respeito pelos requisitos mínimos do bem-estar animal.

www.oie.int – O portal do Office Internacionale des Epizooties

divulga, entre muitos outros aspetos relacionados com a saúde

animal, códigos e recomendações sobre o bem-estar animal

adaptados às diferentes espécies.

Page 67: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

57

www.welfarequalitynetwork.net - A Welfare Quality Network

destina-se ao intercâmbio de informação científica e a

atividades que contribuam para o aprofundamento dos sistemas

de avaliação do bem-estar animal.

www.cap.pt – A Confederação dos Agricultores de Portugal

disponibiliza na sua página um conjunto alargado de

informação técnica, de entre a qual se destacam os Manuais

de Bem-Estar Animal nas Explorações, no Transporte e no

Abate.

www.dgv.min-agricultura.pt/portal/page/portal/DGV - O portal da

Direção Geral de Alimentação e Veterinária disponibiliza

informação relativa à produção e proteção dos animais,

veiculando, entre outros, a legislação nacional relevante,

códigos de boas práticas, formulários e impressos, etc.

www.flir.eu – A página da empresa FLIR disponibiliza informação

diversa sobre equipamentos de termografia e a sua utilização

em diversas áreas (indústria, monitorização de sistemas e

instalações elétricas, segurança, medicina, etc.).

Page 68: Monitorização do bem estar animal no parque de leilões de portalegre

58

Bibliografia

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http://www.cap.pt/informacao-tecnica/pecuaria/bem-estar-

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pain in calves, using surgical castration as a model. Jornal of Dairy

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