monitoramento de metais pesados tÓxicos (cd, pb e...

De 28 de Maio a 1º de Junho de 2006 Unioeste - Campus de Toledo

MONITORAMENTO DE METAIS PESADOS TÓXICOS (Cd, Pb e Cr) E MICRONUTRIENTES (Cu, Zn, Fe e Mn), NA

TILAPICULTURA DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ

Maikel Possamai¹, Nilton Garcia Marengoni², Affonso Celso Gonçalves Junior³, Eder Felipe MörschbacherP

4P.

PT

1T

Acadêmico do curso de Zootecnia da UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon, Paraná, Brasil, Rua Pernambuco 1840 ap.11, 85.960-000,

[email protected].

P

2 Prof. Ph.D. do Centro de Ciências Agrárias da UNIOESTE, Grupo de Estudos em Solos e Meio Ambiente/GESOMA, Rua Pernambuco 1777,

Marechal Cândido Rondon, Paraná, Brasil.

P

3 Prof. Dr. do Centro de Ciências Agrárias da UNIOESTE, Grupo de Estudos em Solos e Meio Ambiente/GESOMA, Rua Pernambuco 1777,

Marechal Cândido Rondon, Paraná, Brasil.

P

4 Pós-graduando em Zootecnia da UNIOESTE, Rua Pernambuco 1777, Marechal Cândido Rondon, Paraná, Brasil.

TPALAVRAS-CHAVE:T Contaminação, ração e tilápia do Nilo.

RESUMO

O crescente aumento da produção de peixes e o uso incorreto de elementos na formulação de rações vêm interferindo na quantidade e qualidade dos recursos hídricos, assim aumentando o risco de contaminação irreversível dos alimentos de origem aquática e dos recursos hídricos disponíveis. Este estudo teve com fundamento avaliar a quantidade de metais encontrados nas rações e alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) comercializados na região de Marechal Cândido Rondon – PR, sendo que as altas quantidades destes metais tornam-se contaminantes para o meio hídrico e diretamente ao ser humano. Com tudo o acompanhamento da qualidade das águas, dos peixes e das rações comercializadas, são fundamentais para um controle rigoroso sobre os elementos e substâncias encontradas, cujas concentrações indicam o grau da poluição ou contaminação, podendo ocasionar efeitos acumulativos sobre a fauna existente. Verificou-se que o cádmio não foi detectado em nenhuma amostras de rações e alevinos. O cromo detectado na ração (3,0 mg.kgP

-1P) e

nos alevinos (1,0 mg.kgP

-1P) apresentou concentrações acima dos limites

toleráveis. Os teores de chumbo estão acima do limite tolerável tanto nas rações e nos peixes analisados, variando de 16,0 a 25,0 mg.kgP

-1P. Os teores de

Cu, somente na ração III superaram os limites toleráveis (38,0 g.kgP

-1P).

Enquanto que o teor de Zn, na ração IV (26,0 g.kgP

-1P) e na piscicultura 2 (41,0

g.kgP

-1P) ficara abaixo dos limites de tolerância pelo Ministério da Saúde.

INTRODUÇÃO

A aqüicultura no Brasil vem crescendo como um setor de maior importância como uma fonte de alimento inesgotável e com grande potencial para essa


atividade. Porém, é preciso minimizar os impactos ambientais decorridos deste cultivo. O crescente interesse sobre acumulação e toxicidade de metais tem crescido devido às exposições que o ambiente vem sofrendo. O chumbo (Pb) é um dos contaminantes mais comum do ambiente, afeta todos os órgãos e sistemas do corpo, tendo efeito tóxico e sem nenhuma função fisiológica no organismo MOREIRA & MOREIRA, (2004). Alguns metais como Cu, Zn, Mn e Fe, em pequenas concentrações, são necessários nos processos metabólicos, sendo assimilados pelos organismos, entretanto em altas concentrações assimilados a complexos orgânicos, tornam-se tóxicos podendo ser letais a organismos como, peixes, pássaros e humanos DUARTE SILVA et al. (2007). Os limites máximos de tolerância para os contaminantes inorgânicos, cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr) e micronutrientes cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe) e manganês (Mn), em alimentos (Tabela 2), estabelecido pelo Decreto no 55.871, de 26/03/65, BRASIL (1965). O objetivo deste estudo foi avaliar os níveis de metais pesados cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr) e micronutrientes cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe) e manganês (Mn), em alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), provenientes de três diferentes piscicultores e em quatro formulações de ração comercializadas na região oeste do Paraná .

MATERIAL E MÉTODOS

Durante o período de novembro de 2006 a março de 2007 foram coletados alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) provenientes de três produtores (piscicultura 1, 2 e 3) e quatro rações comercializadas na tilapicultura da região oeste (ração I, II, III e IV). As amostras de peixes e rações provenientes das pisciculturas foram encaminhadas ao Laboratório de Química Agrícola e Ambiental da UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon-PR para as análises de cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr). Os alevinos foram secos em estufa a 105º C por 72 horas e triturados. As rações farelada (II, III e IV) foram apenas secas, sem a necessidade de ser trituradas. Utilizaram-se os métodos de digestão nitro-peróxido e espectrometria de absorção atômica, modalidade chama, para as determinações das concentrações dos metais pesados e micronutrientes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas rações utilizadas Tabela 1, os valores de micronutrientes variaram conforme a formulação da ração, sendo esta variação de 7,0 mg.kgP

-1P e 1018,0

mg.kgP

-1P para Cu e Fe, respectivamente. A ração III apresentou a concentração

de Cu acima do limite tolerável, sendo que para as demais rações os limites de contaminação ficaram abaixo do preconizado, 30,0 g.kgP

-1P para cobre e 50,0

g.kgP

-1P para zinco, os micronutrientes manganês e ferro não apresentam

literatura sobre os limites toleráveis.


Tabela 1 – Níveis de micronutrientes e metais pesados cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr), em quatro diferentes rações comercializadas na região oeste do Paraná.

Micronutrientes (g.kg-1) Metais pesados (mg.kgP

-1P)

Ração Cu Zn Mn Fe Cd Pb Cr I 18,0 121,0 39,0 1018,0 ND 19,0 ND II 21,0 150,0 81,0 677,0 ND 16,0 3,0 III 38,0 164,0 46,0 622,0 ND 17,0 ND IV 7,0 26,0 132,0 25,0 ND 22,0 ND

ND = não detectados pela espectrometria de absorção atômica, modalidade chama. Somente na ração IV encontrara limites de Zn abaixo dos permitidos, de acordo com o apresentado na Tabela 2. Quanto ao Mn e o Fe, destaca-se a concentração encontrada na ração I e IV, com valores de 39,0 mg.kgP

-1P e

1018,0 mg.kgP

-1P, para a ração I, e 132,0 mg.kgP

-1P e 25,0 mg.kgP

-1P, para a ração

IV, respectivamente. Analisando os metais pesados tóxicos, verifica-se que em nenhuma das quatro rações foram detectadas o cádmio e o cromo, exceto para a ração II, que ficou acima do limite tolerável (0,1 mg.kgP

-1P de Cr). Os teores de

Pb nas rações analisadas estão acima do limite máximos toleráveis (> 2 mg.kgP

-

1P), recomendados pelo Ministério da Saúde BRASIL (1965).

Tabela 2 - Limites máximos de tolerância para micronutrientes e metais pesados cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr) em alimentos, estabelecido pelo Decreto no 55.871, de 26/03/65.

Micronutrientes (g.kgP

-1P) Metais pesados (mg.kgP

-1P)

Cu Zn Mn Fe Cd Pb Cr Valores máximos 30,0 50,0 N/C N/C 1,0 2,0 0,1

N/C = não constavam dados sobre os micronutrientes Fe e Mn. Analisando a Tabela 3 verifica-se que nos peixes coletados na piscicultura 1 destaca-se os níveis de Zn (149,0 mg.kgP

-1P) acima do tolerável e a alta

concentração do Fe (168,0 mg.kgP

-1P), na piscicultura 3 foi encontrado altas

concentrações de Zn (163,3 mg.kgP

-1P) e Fe (480,3 mg.kgP

-1P) e na piscicultura 2

observou-se alta concentração do Mn (201,0 mg.kgP

-1P). Analisando os metais

pesados, o Cd não foi detectado em nenhuma piscicultura. O metal pesado Pb apresentou concentrações acima do permitido pelo Ministério da Saúde nas três amostras (17,0 mg.kgP

-1P, 18,0 mg.kgP

-1P e 25,7 mg.kgP

-1P) e o Cr estava acima

do tolerável para a piscicultura 3 (1,0 mg.kgP

-1P).

Tabela 3 – Níveis de micronutrientes e metais pesados cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e cromo (Cr), em três diferentes pisciculturas da região oeste do Paraná.

Micronutrientes (g.kg-1) Metais pesados (mg.kgP

-1P)

Pisciculturas Cu Zn Mn Fe Cd Pb Cr 1 14,0 149,0 20,0 168,0 ND 17,0 ND


2 9,0 41,0 201,0 5,0 ND 18,0 ND 3 19,7 163,3 13,0 480,3 ND 25,7 1,0

ND = não detectados pela espectrometria de absorção atômica, modalidade chama. Pode-se observar a presença do Pb, tanto nas rações Tabela 1 e nos peixes Tabela 3 analisados, sendo um metal tóxico tanto para os peixes como o homem, sem apresentar nenhuma função no organismo, afetando todos os órgãos. Para MOREIRA & MOREIRA (2004) é fundamental à pesquisa sobre o acúmulo e a contaminação tóxica causadas por metais no organismo humano, uma vez que, metais pesados geralmente resíduos de indústrias, em contato com o solo e água se acumulam, tornando-se tóxico ao ambiente e aos organismos, nos humanos levando a doenças.

CONCLUSÕES Altos níveis de Pb, metal pesado altamente tóxico, foram encontrados em todas as rações e peixes. O metal pesado Cr, detectado nos peixes da piscicultura 3 e na ração I, apresentaram níveis acima do tolerável. Os teores de Cu, na ração III superaram os limites toleráveis. Enquanto que o teor de Zn, na ração IV e piscicultura 2 ficara abaixo dos limites toleráveis pelo Ministério da Saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• BRASIL, Decreto 55.871 de 26 de março de 1965. Referente a normas reguladoras do emprego de aditivos para alimentos, alterado pelo Decreto nº 691, de 13 de março de 1962. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília-DF, 9 abr. 1965, Seção 1 – Parte 1.

• DUARTE SILVA, F. B.; MONTEIRO, M. I. C.; CASTILHOS, Z. Avaliação de Risco à Saúde Humana na Ingestão de Peixes Contaminados com Metais em Barra Mansa – RJ. Parte I – Mercúrio. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 8., 2005, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPE, 2005. Disponível em: <HTUhttp://www.cetem.gov.br/publicacao/serie_anais_XIII_jic_2005/Felipe%20Bernardes%20Duarte%20Silva.pdfUTH> Acesso em 01 abr. 2007.

• MOREIRA, FÁTIMA. R.; MOREIRA, JOSINO C. A importância da análise de especiação do chumbo em plasma para a avaliação dos riscos a saúde. Química Nova, v. 27, p. 251-260, 2004.

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