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DAPHNE ROSSANA LEN MOGROVEJO
AVALIAO DAS PROPRIEDADES GEOTCNICAS DE
UM SOLO ARGILOSO E OUTRO ARENOSO COM
ADIO DE FIBRAS DE PAPEL KRAFT
CAMPINAS 2013
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
DAPHNE ROSSANA LEN MOGROVEJO
AVALIAO DAS PROPRIEDADES GEOTCNICAS DE
UM SOLO ARGILOSO E OUTRO ARENOSO COM
ADIO DE FIBRAS DE PAPEL KRAFT
Orientador: Prof. Dr. Paulo Jos Rocha de Albuquerque
Dissertao de Mestrado apresentada Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obteno do ttulo de Mestra em Engenharia Civil, na rea de Geotecnia.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE VERSO FINAL DA DISSERTAO DEFENDIDA PELA ALUNA DAPHNE ROSSANA LEN MOGROVEJO E ORIENTADA PELO PROF. DR. PAULO JOS ROCHA DE ALBUQUERQUE. ASSINATURA DO ORIENTADOR ______________________________________
CAMPINAS 2013
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Ficha catalogrficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da rea de Engenharia e ArquiteturaRose Meire da Silva - CRB 8/5974
Len Mogrovejo, Daphne Rossana, 1986- L553a Le_Avaliao das propriedades geotcnicas de um solo argiloso e outro arenoso
com adio de fibras de papel kraft / Daphne Rossana Len Mogrovejo. Campinas, SP : [s.n.], 2013.
Le_Orientador: Paulo Jos Rocha de Albuquerque. Le_Dissertao (mestrado) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.
Le_1. Solos. 2. Embalagens de papel. 3. Reciclagem. 4. Laboratrio. 5.Contaminao. I. Albuquerque, Paulo Jos Rocha de,1964-. II. UniversidadeEstadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.III. Ttulo.
Informaes para Biblioteca Digital
Ttulo em outro idioma: Evaluation of geotechnical properties of a clayey and sandy soil withadded fibers kraft paperPalavras-chave em ingls:SoilsPaper bagsRecyclingLaboratoryContaminationrea de concentrao: GeotecniaTitulao: Mestra em Engenharia CivilBanca examinadora:Paulo Jos Rocha de Albuquerque [Orientador]David de CarvalhoAntonio Anderson da Silva SegantiniData de defesa: 26-08-2013Programa de Ps-Graduao: Engenharia Civil
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RESUMO
MOGROVEJO, D. R. L. Avaliao das propriedades geotcnicas de um solo
argiloso e outro arenoso com adio de fibras de papel kraft. Dissertao
(Mestrado em Geotecnia) - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, 2013, 193p.
Neste trabalho verificou-se a hiptese de que as fibras dispersas de papel Kraft,
provenientes da reciclagem de sacos de cimento, podem ser utilizadas como
estabilizante para melhorar as caractersticas e propriedades dos solos, por meio da
anlise do comportamento da mistura solo com fibras de polpa de celulose extradas de
sacos de cimento com trs teores de fibra (5%, 10% e 15%) e dois tipos de solos
(arenoso e argiloso). No obstante, avaliou-se preliminarmente a influncia desta
adio nas caractersticas da gua proveniente de uma possvel percolao pelos
solos, tendo em vista a possibilidade de contaminao do subsolo. Aps realizar
ensaios de laboratrio (caracterizao, compactao, permeabilidade e resistncia) a
partir de amostras deformadas, realizaram-se anlises comparativas com as misturas.
Constatou-se uma melhoria no desempenho das misturas quanto resistncia ao
cisalhamento em ambos os solos, sendo observado melhor desempenho para o solo
argiloso. Entretanto, verificou-se nas guas coletadas das misturas a partir de ensaios
de permeabilidade, a tendncia de aumento de condutividade eltrica, demanda
qumica de oxignio e dureza total quando comparados s guas dos dois solos sem
fibra. Para verificar a validade dos resultados, realizaram-se anlises estatsticas
atravs do teste de Dunnett.
Palavras chave: Solos; Embalagens de papel; Reciclagem; Laboratrio; Contaminao.
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ABSTRACT
MOGROVEJO, D. R. L. Evaluation of geotechnical properties of a clayey and sandy
soil with added fibers kraft paper. Thesis (Master of Science) - Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas -
Unicamp, 2013, 193p.
In this study was verified the hypothesis that the dispersed Kraft papers fibers,
resulted from the recycling process of cement bags, can be used as stabilizer in order to
improve the characteristics and properties of soils, by analyzing of the behavior of
mixture soil with cellulose pulp fibers extracted of cement bags with three fiber contents
(5%, 10% and 15%) and two types of soils (sandy and clay). However, it was evaluated
preliminarily the influence of this addition on the characteristics of water from a possible
percolation through the soil, in view of the possibility of contamination of the subsoil After
performing laboratorial experiments (physical characterization, compaction, permeability
and resistance) from disturbed samples, were performed comparative analyses with the
mixtures. It was noted an improvement in the performance of the mixtures when
regarding shear resistance in both soils, and was observed even better performance in
the clay soil. However, the collected samples of the mixtures from permeability tests
presented a tendency of increased of electrical conductivity, chemical oxygen demand
and total hardness when compared to the waters of the two soils without fiber. Statistical
analyzes were performed to check the validity of the results using Dunnett test.
Key-words: Soils; Paper bags; Recycling; Laboratory; Contamination.
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SUMRIO
RESUMO........................................................................................................................ vii
ABSTRACT ..................................................................................................................... ix
SUMRIO........................................................................................................................ xi
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................xvii
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... xix
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xxvii
LISTA DE SIGLAS E SMBOLOS ................................................................................xxxi
1. INTRODUO ............................................................................................................. 1
1.1. Contextualizao do Estudo .................................................................................. 1
1.2. Objetivos ................................................................................................................ 3
1.2.1. Geral ................................................................................................................ 3
1.2.2. Especficos ...................................................................................................... 3
1.3. Contribuio do presente estudo ........................................................................... 4
1.4. Estrutura do trabalho .............................................................................................. 5
2. RESDUOS SLIDOS .................................................................................................. 7
2.1. Aproveitamento dos resduos slidos .................................................................... 7
2.2. Aspectos importantes sobre os sacos de cimento ............................................... 13
3. ESTABILIZAO DE SOLOS .................................................................................... 19
3.1. Evoluo das estabilizaes e tipo de estabilizaes .......................................... 20
3.1.1. Propsito da estabilizao ............................................................................. 21
3.1.2. Tipos de estabilizao ................................................................................... 23
3.1.2.1. Estabilizao mecnica ........................................................................... 23
3.1.2.2. Estabilizao fsica .................................................................................. 24
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xii
3.1.2.3. Estabilizao qumica .............................................................................. 24
3.2. Experincias passadas de estabilizaes ............................................................ 25
3.2.1. Estabilizaes com aditivos qumicos convencionais .................................... 25
3.2.1.1. Estabilizao com cimento Portland (solo-cimento) ................................ 25
3.2.1.2. Estabilizao com cal (solo-cal) .............................................................. 26
3.2.1.3. Estabilizao com emulso asfltica (solo-betume) ................................ 27
3.2.1.4. Estabilizao com cinzas volantes .......................................................... 28
3.2.2. Estabilizaes com aditivos qumicos no convencionais ............................. 29
3.2.2.1. Estabilizao Solo Licor negro Kraft ..................................................... 30
3.2.2.2. Estabilizao Solo DS-328 ................................................................... 30
3.2.2.3. Estabilizao Solo Vinhoto ou Solo Vinhaa ..................................... 31
3.2.2.4. Estabilizao Solo RBI Grade 81.......................................................... 32
3.2.2.5. Estabilizao Solo Cinza de casca de arroz e Cal................................ 33
3.2.2.6. Outras estabilizaes no convencionais ................................................ 34
3.2.3. Reforo de solos com fibras .......................................................................... 35
3.2.3.1. Tipos de fibras utilizados como reforo ................................................... 35
3.2.3.2. Solos reforados com fibras .................................................................... 38
3.3. Kraftterra .............................................................................................................. 41
4. QUALIDADE DA GUA E CONTAMINAO DO LENOL FRETICO ................... 43
4.1. Importncia da qualidade de gua ....................................................................... 43
4.1.1. guas superficiais e guas subterrneas ...................................................... 45
4.1.2. Definies relacionadas qualidade da gua ............................................... 46
4.1.3. Impactos das atividades antrpicas sobre a qualidade da gua .................... 47
4.2. Formas de contaminao do lenol fretico ......................................................... 49
4.2.1. Fontes de poluio dos lenis freticos ....................................................... 50
4.2.1.1. Poluio urbana e domstica .................................................................. 51
4.2.1.2. Poluio rural ........................................................................................... 52
4.2.1.3. Poluio por minerao ........................................................................... 53
4.3. Legislao brasileira ............................................................................................ 54
5. MATERIAIS E MTODOS.......................................................................................... 57
5.1. Amostras de solos ................................................................................................ 57
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5.1.1. Amostra 1 ...................................................................................................... 57
5.1.2. Amostra 2 ...................................................................................................... 58
5.2. Reciclagem dos sacos de cimento ....................................................................... 59
5.3. Preparo e mistura dos solos com as fibras dispersas de papel Kraft ................... 66
5.4. Propores ........................................................................................................... 69
5.5. Ensaios de caracterizao fsica .......................................................................... 70
5.6. Ensaios de compactao - Proctor Normal .......................................................... 70
5.7. Ensaios de cisalhamento direto ........................................................................... 71
5.8. Ensaios de compresso simples ou de resistncia compresso no confinada
.................................................................................................................................... 73
5.9. Ensaios de permeabilidade .................................................................................. 74
5.10. Ensaios para anlises fsico-qumicas das guas coletadas ............................. 76
5.10.1. pH ................................................................................................................ 76
5.10.2. Condutividade eltrica (CE) ......................................................................... 78
5.10.3. Cor aparente ................................................................................................ 79
5.10.4. Dureza total ................................................................................................. 81
5.10.5. Demanda qumica de oxignio (DQO) ......................................................... 83
5.11. Anlise estatstica dos dados experimentais ..................................................... 85
6. APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS ................................................... 87
6.1. Ensaios de caracterizao fsica .......................................................................... 87
6.1.1. Anlise granulomtrica .................................................................................. 87
6.1.2. Limites de Atterberg ....................................................................................... 90
6.1.3. Classificao dos Solos ................................................................................. 91
6.2. Ensaios de compactao - Proctor Normal .......................................................... 94
6.3. Ensaios de cisalhamento direto ......................................................................... 100
6.3.1. Cisalhamento direto na umidade tima ........................................................ 101
6.3.2. Cisalhamento direto inundado ..................................................................... 104
6.3.3. Cisalhamento direto com ruptura aos 28 dias .............................................. 108
6.4. Ensaios de compresso simples ou de resistncia compresso no confinada
.................................................................................................................................. 117
6.4.1. Compresso simples na umidade tima ...................................................... 118
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xiv
6.4.2. Compresso simples com ruptura aos 28 dias ............................................ 122
6.4.3. Compresso simples com ruptura aos 60 dias ............................................ 129
6.5. Ensaios de permeabilidade ................................................................................ 131
6.6. Ensaios para anlises fsico-qumicas das guas coletadas ............................. 132
6.7. Sntese das anlises dos resultados .................................................................. 142
7. CONCLUSES E RECOMENDAES................................................................... 145
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 149
ANEXO A ..................................................................................................................... 161
ANEXO B ..................................................................................................................... 167
ANEXO C ..................................................................................................................... 181
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xv
Aos dois grandes amores da minha vida,
meu esposo Julio e meu filho Fabian
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xvi
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xvii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela beno de viver cada dia e pela fora que me deu para concluir
este trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Jos Rocha de Albuquerque, pela pacincia,
apoio, incentivo e confiana que depositou em mim, pelas inmeras sugestes e
ensinamentos indispensveis para a realizao deste trabalho, e principalmente pela
grande ajuda na redao, corrigindo, naturalmente por no ser portugus-falante, erros
que dificultariam o bom entendimento do texto, alm de tudo agradeo pela grande
amizade construda neste perodo.
Ao amor da minha vida, Julio, meu amigo e companheiro, pelo amor e apoio
incondicionais, por me incentivar a continuar com o mestrado quando queria desistir.
Agradeo muito pela ajuda que me deu em uma parte importante desta pesquisa com
seus conhecimentos relacionados estatstica e anlise numrica, bem como na
correo do texto.
Ao meu amado filho Fabian por alegrar todos os meus dias com seu sorriso e
suas travessuras, ele o motor da minha vida.
Aos meus amados pais Humberto e Roxana, inspiraes da minha vida, pelo
amor incondicional, apoio e compreenso de ficar longe deles em outro pas. Obrigada
por me incentivar e me darem foras para correr atrs dos meus sonhos e por fazer de
mim a pessoa que agora sou. Obrigada pelo sacrifcio de vir at aqui para me ajudar no
cuidado do meu filho, enquanto desenvolvia este trabalho.
Aos meus irmos, Fabrizio, Candy e Zindell, pelo amor, amizade, apoio moral e
pelos incentivos constantes. Obrigada por estarem sempre presentes na minha vida,
especialmente minha irm Candy, minha confidente e cmplice em tudo, por sempre
me dar foras para seguir em frente e por vir para me ajudar no cuidado do meu filho.
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xviii
A toda minha famlia, por estarem sempre presentes e se preocuparem por mim.
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) por ter me concedido a
oportunidade de estudar na instituio e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pela concesso da bolsa de mestrado.
Aos tcnicos de laboratrio do DGT, Cipriano e Reinaldo, meus amigos, por me
transmitirem seus conhecimentos e me ajudarem nas atividades de laboratrio, e
principalmente pela amizade e pelos momentos agradveis que passei com eles.
Ao tcnico de laboratrio do Departamento de Estruturas, Maral, pelo auxlio,
colaborao e conhecimentos prestados na obteno das fibras e nas misturas.
Ao tcnico de laboratrio do Departamento de Saneamento e Ambiente, Enelton,
pelo auxlio, colaborao e conhecimentos prestados nas anlises das guas coletadas
e pela ajuda na redao do texto referente a esse tema.
Ao Prof. Dr. Prsio Leister de Almeida Barros, pela contribuio prestada no
exame de qualificao.
Ao Prof. Dr. Edson Aparecido Abdul Nour, pelo auxlio e colaborao para definir
os ensaios nas guas coletadas.
Ao Eng. Eliezer Laister (Votorantim Cimentos) pela colaborao no fornecimento
dos sacos de cimento.
Aos amigos que conheci neste perodo, Miriam, David, Claudia, Richard, Marisol,
Bibiana, Marina, agradeo o companheirismo, a amizade, o apoio e os momentos
agradveis que me ajudaram a superar a saudade da minha terra.
A todos aqueles que de alguma forma contriburam para a realizao e
concluso deste trabalho.
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xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1 Localizao do Municpio de Campinas e de Paulnia no Estado de So
Paulo .............................................................................................................................. 59
Figura 5.2 Liquidificador industrial com cuba de 4 litros .............................................. 61
Figura 5.3 Processo de transformao dos sacos de cimento em polpa de celulose: a)
Kraft fragmentado; b) Kraft de molho; c) Polpa de celulose; d) gua para reutilizar ...... 61
Figura 5.4 a) Saco de algodo; b) Retirada do excesso de gua com a toro manual
do saco; c) Polpa sem o excesso de gua ..................................................................... 62
Figura 5.5 a) Argamassadeira pequena; b) Disperso das fibras na argamassadeira
(acima) e Fibras dispersas (abaixo) ............................................................................... 63
Figura 5.6 a) Argamassadeira grande; b) Fibra sendo misturada com solo em
argamassadeira (acima) e Adio de gua mistura (abaixo) ...................................... 67
Figura 5.7 Equipamentos utilizados para determinar pH e CE: a) pHmetro e eletrodo,
b) condutivmetro e eletrodo ........................................................................................... 79
Figura 5.8 Leitura de cor aparente: a) espectrofotmetro, b) amostra pronta para ser
lida .................................................................................................................................. 81
Figura 5.9 Ensaio de dureza total: a) indicador Negro de Eriocromo T adicionado
amostra, b) ponto final da titulao com EDTA .............................................................. 83
Figura 5.10 DQO: a) amostras de gua misturadas com dicromato de potssio e cido
sulfrico concentrado, b) amostras em bloco digestor, c) amostra pronta para ser lida . 85
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xx
Figura 6.1 Curva granulomtrica do solo arenoso ....................................................... 88
Figura 6.2 Curva granulomtrica do solo argiloso ....................................................... 89
Figura 6.3 Curvas de compactao das misturas solo arenoso - fibras dispersas de
papel Kraft ...................................................................................................................... 95
Figura 6.4 Curvas de compactao das misturas solo argiloso - fibras dispersas de
papel Kraft ...................................................................................................................... 96
Figura 6.5 Peso especfico seco mximo em funo da adio de fibras dispersas de
papel Kraft aos dois solos .............................................................................................. 99
Figura 6.6 Teor de umidade tima em funo da adio de fibras dispersas de papel
Kraft aos dois solos ........................................................................................................ 99
Figura 6.7 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo arenoso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto na umidade tima ....... 101
Figura 6.8 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo argiloso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto na umidade tima ....... 102
Figura 6.9 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo arenoso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto inundado ..................... 105
Figura 6.10 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo argiloso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto inundado ..................... 105
Figura 6.11 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo arenoso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto ruptura aos 28 dias ..... 108
Figura 6.12 Envoltrias mdias de resistncia das misturas solo argiloso - fibras
dispersas de papel Kraft para ensaios de cisalhamento direto ruptura aos 28 dias ..... 109
Figura 6.13 ngulo de atrito em funo da adio de fibras dispersas de papel Kraft
ao solo arenoso ............................................................................................................ 112
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xxi
Figura 6.14 Coeso em funo da adio de fibras dispersas de papel Kraft ao solo
arenoso ........................................................................................................................ 112
Figura 6.15 ngulo de atrito em funo da adio de fibras dispersas de papel Kraft
ao solo argiloso ............................................................................................................ 113
Figura 6.16 Coeso em funo da adio de fibras dispersas de papel Kraft ao solo
argiloso ......................................................................................................................... 113
Figura 6.17 Tenso vertical vs. Deformao especfica das misturas solo arenoso -
fibras dispersas de papel Kraft para ensaios de compresso simples ......................... 119
Figura 6.18 Tenso vertical vs. Deformao especfica das misturas solo argiloso -
fibras dispersas de papel Kraft para ensaios de compresso simples ......................... 119
Figura 6.19 Tenso vertical vs. Deformao especfica das misturas solo arenoso -
fibras dispersas de papel Kraft para ensaios de compresso simples com ruptura aos 28
dias ............................................................................................................................... 122
Figura 6.20 Tenso vertical vs. Deformao especfica das misturas solo argiloso -
fibras dispersas de papel Kraft para ensaios de compresso simples com ruptura aos 28
dias ............................................................................................................................... 123
Figura 6.21 Resistncia compresso simples em funo da adio de fibras
dispersas de papel Kraft ao solo arenoso .................................................................... 126
Figura 6.22 Mdulo de elasticidade inicial em funo da adio de fibras dispersas de
papel Kraft ao solo arenoso.......................................................................................... 126
Figura 6.23 Resistncia compresso simples em funo da adio de fibras
dispersas de papel Kraft ao solo argiloso ..................................................................... 127
Figura 6.24 Mdulo de elasticidade inicial em funo da adio de fibras dispersas de
papel Kraft ao solo argiloso .......................................................................................... 127
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xxii
Figura 6.25 Resistncia compresso simples em funo da adio de 5% de fibras
dispersas de papel Kraft ao solo arenoso quando aplicadas idades de rompimento de 0,
28 e 60 dias .................................................................................................................. 130
Figura 6.26 Resistncia compresso simples em funo da adio de 5% de fibras
dispersas de papel Kraft ao solo argiloso quando aplicadas idades de rompimento de 0,
28 e 60 dias .................................................................................................................. 131
Figura 6.27 pH das guas percoladas em funo da adio de fibras dispersas de
papel Kraft aos dois solos ............................................................................................ 135
Figura 6.28 Condutividade eltrica das guas percoladas em funo da adio de
fibras dispersas de papel Kraft aos dois solos ............................................................. 135
Figura 6.29 Cor aparente das guas percoladas em funo da adio de fibras
dispersas de papel Kraft aos dois solos ....................................................................... 136
Figura 6.30 Dureza total das guas percoladas em funo da adio de fibras
dispersas de papel Kraft aos dois solos ....................................................................... 136
Figura 6.31 Demanda qumica de oxignio (DQO) das guas percoladas em funo
da adio de fibras dispersas de papel Kraft aos dois solos ........................................ 137
Figura B1 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 168
Figura B2 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 168
Figura B3 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 169
Figura B4 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 169
Figura B5 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CDI ............................................................ 170
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xxiii
Figura B6 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CDI ............................................................ 170
Figura B7 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CDI .......................................................... 171
Figura B8 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CDI .......................................................... 171
Figura B9 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CD28 ......................................................... 172
Figura B10 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CD28 ......................................................... 172
Figura B11 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CD28 ....................................................... 173
Figura B12 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CD28 ....................................................... 173
Figura B13 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 174
Figura B14 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 174
Figura B15 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 175
Figura B16 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 175
Figura B17 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CDI ............................................................. 176
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xxiv
Figura B18 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CDI ............................................................. 176
Figura B19 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CDI ........................................................... 177
Figura B20 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CDI ........................................................... 177
Figura B21 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CD28 .......................................................... 178
Figura B22 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CD28 .......................................................... 178
Figura B23 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CD28 ........................................................ 179
Figura B24 Tenso cisalhante vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CD28 ........................................................ 179
Figura C1 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 182
Figura C2 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CDUO ........................................................ 182
Figura C3 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 183
Figura C4 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CDUO ...................................................... 183
Figura C5 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CDI ............................................................ 184
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xxv
Figura C6 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CDI ............................................................ 184
Figura C7 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CDI .......................................................... 185
Figura C8 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CDI .......................................................... 185
Figura C9 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas do
solo arenoso com 0% de fibra - ensaio de CD28 ......................................................... 186
Figura C10 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo arenoso com 5% de fibra - ensaio de CD28 .................................................... 186
Figura C11 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo arenoso com 10% de fibra - ensaio de CD28 .................................................. 187
Figura C12 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo arenoso com 15% de fibra - ensaio de CD28 .................................................. 187
Figura C13 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CDUO ................................................... 188
Figura C14 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CDUO ................................................... 188
Figura C15 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CDUO ................................................. 189
Figura C16 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CDUO ................................................. 189
Figura C17 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CDI ........................................................ 190
-
xxvi
Figura C18 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CDI ........................................................ 190
Figura C19 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CDI ...................................................... 191
Figura C20 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CDI ...................................................... 191
Figura C21 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 0% de fibra - ensaio de CD28 ..................................................... 192
Figura C22 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 5% de fibra - ensaio de CD28 ..................................................... 192
Figura C23 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 10% de fibra - ensaio de CD28 ................................................... 193
Figura C24 Variao volumtrica vs. Deformao especfica horizontal das misturas
do solo argiloso com 15% de fibra - ensaio de CD28 ................................................... 193
-
xxvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Estudos realizados de solos reforados com fibras ................................... 40
Tabela 4.1 Principais problemas de qualidade de gua doce em escala global
(Chapman, 1996) ........................................................................................................... 48
Tabela 4.2 Legislao brasileira sobre guas subterrneas e outros documentos
relacionados ................................................................................................................... 55
Tabela 4.3 Padres de potabilidade conforme a Portaria MS N 2914/2011, a
Resoluo CONAMA N 357/2005 e a OMS .................................................................. 56
Tabela 5.1 Quantidade de golpes e quantidade de solo por camada para cada tipo de
solo e mistura no ensaio de compresso simples .......................................................... 74
Tabela 6.1 Classificao do solo arenoso segundo NBR 6502/95 .............................. 88
Tabela 6.2 Classificao do solo argiloso segundo NBR 6502/95 .............................. 89
Tabela 6.3 Peso especfico dos slidos, D50, D60 e granulometra NBR dos solos
arenoso e argiloso .......................................................................................................... 90
Tabela 6.4 Valores de Limites de Consistncia ........................................................... 91
Tabela 6.5 Identificao dos solos pelas classificaes NBR, USCS, AASHTO e MCT
....................................................................................................................................... 92
Tabela 6.6 ndice de Atividade das Argilas.................................................................. 94
-
xxviii
Tabela 6.7 Peso especfico seco mximo (dmx) e teor de umidade tima (wt) dos
ensaios de compactao das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft ............... 97
Tabela 6.8 Equaes das envoltrias mdias de resistncia dos ensaios de
cisalhamento direto na umidade tima das misturas solo fibras dispersas de papel
Kraft .............................................................................................................................. 102
Tabela 6.9 ngulo de atrito interno () e coeso (c) dos ensaios de cisalhamento
direto na umidade tima das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft .............. 103
Tabela 6.10 Equaes das envoltrias mdias de resistncia dos ensaios de
cisalhamento direto inundado das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft...... 106
Tabela 6.11 ngulo de atrito interno () e coeso (c) dos ensaios de cisalhamento
direto inundado das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft ............................ 106
Tabela 6.12 Equaes das envoltrias mdias de resistncia dos ensaios de
cisalhamento direto aos 28 dias das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft .. 109
Tabela 6.13 ngulo de atrito interno () e coeso (c) dos ensaios de cisalhamento
direto com ruptura aos 28 dias das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft .... 110
Tabela 6.14 Deformaes especficas referenciais dos valores pico das curvas tenso
cisalhante vs. deformao especfica horizontal dos ensaios de cisalhamento ........... 115
Tabela 6.15 Maiores variaes volumtricas apresentadas nas curvas variao
volumtrica vs. deformao especfica horizontal dos ensaios de cisalhamento ......... 116
Tabela 6.16 Resistncia compresso simples (qu) e Mdulo de elasticidade (E50)
dos ensaios de compresso simples na umidade tima das misturas solo fibras
dispersas de papel Kraft ............................................................................................... 120
Tabela 6.17 Resistncia compresso simples (qu) e Mdulo de elasticidade (E50)
dos ensaios de compresso simples com ruptura aos 28 dias das misturas solo fibras
dispersas de papel Kraft ............................................................................................... 124
-
xxix
Tabela 6.18 Resistncia compresso simples (qu) com idades de rompimento de 0,
28 e 60 dias das misturas solo fibras dispersas de papel Kraft ................................. 130
Tabela 6.19 Resultados das anlises fsico-qumicas das guas percoladas ........... 134
Tabela 6.20 Variveis otimizadas no solo argiloso .................................................... 144
Tabela A.1 Resumo dos clculos dos ensaios mini-MCV para o solo arenoso ......... 161
Tabela A.2 Resumo dos clculos dos ensaios mini-MCV para o solo argiloso ......... 164
-
xxx
-
xxxi
LISTA DE SIGLAS E SMBOLOS
A ndice de atividade da argila
AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
c Coeso
CaCO3/L Carbonato de clcio por litro
CC Coeficiente de curvatura
CDI Cisalhamento direto inundado
CDUO Cisalhamento direto na umidade tima
CD28 Cisalhamento direto com ruptura aos 28 dias
CE Condutividade eltrica
CNU Coeficiente de no uniformidade
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CSUO Compresso simples na umidade tima
CS28 Compresso simples com ruptura aos 28 dias
CV Coeficiente de variao
D Dimetro da partcula
D10 Dimetro efetivo 10%
D50 Dimetro 50%
D60 Dimetro 60%
DQO Demanda qumica de oxignio
EDTA cido Etilenodiaminotetractico
E50 Mdulo de Elasticidade para 50% da deformao da tenso mxima
FEC Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
IP ndice de plasticidade
-
xxxii
K Coeficiente de permeabilidade
k20 Coeficiente de permeabilidade corrigido temperatura de 20 C
LC Limite de contrao
LL Limite de liquidez
LP Limite de plasticidade
MCT Miniatura Compactada Tropical
MCV Moisture Condition Value
MS Ministrio da Sade
OMS Organizao Mundial da Sade
pH Potencial hidrogeninico
qu Resistncia compresso simples
Sd Desvio padro
SMEWW Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
UH Unidade Hazen
USCS Unified Soil Classification System
VMP Valor mximo permitido
VMR Valor mximo recomendado
WHO World Health Organization
wt Teor de umidade tima
Tenso vertical
V Variao volumtrica
hi Deformao cisalhante especfica horizontal
i Deformao especfica
ngulo de atrito interno do solo
dmx Peso especfico aparente seco mximo
s Peso especfico dos slidos
Comprimento de onda dominante
Tenso normal
Tenso cisalhante
-
1
1. INTRODUO
1.1. Contextualizao do Estudo
Dentre os mais srios problemas contemporneos, enfrentados pela gesto
ambiental, pode-se destacar o impacto da gerao de resduos slidos dos vrios
processos de produo e seu potencial para reciclagem, provocado pela Indstria da
Construo Civil. Embora seja possvel e prioritrio reduzir a quantidade de resduos
durante a produo e at ps-consumo, eles sempre sero gerados.
A construo civil certamente o maior gerador de resduos de toda a sociedade
e seu impacto ambiental est associado ao uso intensivo de matrias-primas naturais
no renovveis, alm de um grande volume de resduos gerados e no aproveitados
totalmente.
O desenvolvimento de tecnologias ambientalmente eficientes e seguras para
reciclagem de resduos que resultem em produtos com desempenho tcnico adequado
e que sejam economicamente competitivas nos diferentes mercados um desafio
tcnico importante.
Dentre os materiais descartados das construes encontram-se os sacos de
cimento feitos de papel Kraft natural multifolhado (constitudo por material com boas
caractersticas fsicas e mecnicas) que, geralmente, aps a utilizao do cimento no
so reaproveitados ou reciclados pelas empresas de reciclagem por estar
contaminados com cimento, gerando assim um enorme volume deste material (BUSON,
2009).
-
2
Ao considerar que cada embalagem dos sacos de 50 kg de cimento tem uma
massa mdia de 150g e considerando os milhes de toneladas de produo mundial de
cimento, podem-se imaginar as toneladas produzidas de papel Kraft que so
descartados e depositados na natureza sem qualquer tratamento.
Na maioria das regies brasileiras o consumo de cimento ensacado maior que
o de cimento a granel, o qual demonstra que relevante e necessria sua reciclagem.
As especificaes tcnicas de produo exigem uma celulose sulfato de fibra
longa e de alta resistncia, que geralmente empregada pura (provenientes de
celulose de madeira ou de celulose de bambu) e garante sua fibra excelentes
propriedades fsicas e mecnicas.
Estes materiais, contudo, possuem caractersticas importantes e poderiam ser
teis do ponto de vista geotcnico, pois muitas vezes o solo de um determinado local
no apresenta condies adequadas para a aplicao em construes. Este solo pode
ser pouco resistente, muito compressvel ou apresentar caractersticas que deixam a
desejar do ponto de vista econmico. Nestes casos o engenheiro geotcnico dever
tomar uma das seguintes trs decises:
Aceitar o material tal e como se encontra, e efetuar o projeto de acordo com as
restries impostas pela qualidade do solo;
Remover e descartar o solo do lugar e substitu-lo por um solo de caractersticas
adequadas; ou,
Alterar ou mudar as propriedades do material existente com a finalidade de obter
um material que rene caractersticas adequadas aos requisitos impostos, ou
pelo menos que a qualidade obtida seja adequada.
O uso da estabilizao no est associado somente a uma medida corretiva,
mais do que isso, a uma medida preventiva ou de segurana contra condies adversas
que se desenvolvem durante a construo ou durante a vida da estrutura.
-
3
Neste sentido, prope-se neste trabalho um mtodo de estabilizao que
consiste na adio de fibras dispersas de papel Kraft provenientes da reciclagem de
embalagens de cimento para avaliar quais propriedades do solo melhoram ao nvel
desejado, atravs da realizao dos diversos ensaios laboratoriais, esperando que a
melhora principal da mistura seja a resistncia.
O desenvolvimento desta pesquisa est associado anlise dos teores de fibras
dispersas de papel Kraft adequados para se utilizar no intuito de promover melhoria das
propriedades dos solos analisados, por meio de ensaios laboratoriais, sendo analisados
tambm, os efeitos destes resduos sobre tais solos quando percolado (ex:
contaminao do lenol fretico).
1.2. Objetivos
1.2.1. Geral
O objetivo geral deste trabalho verificar a hiptese de que as fibras dispersas
de papel Kraft, provenientes da reciclagem de sacos de cimento, podem ser utilizadas
como estabilizantes para melhorar as caractersticas e propriedades dos solos, com a
finalidade de obter o provvel teor timo de fibras dispersas para o solo que apresente
melhorias significativas, comparando o comportamento da mistura com os solos sem
fibra. Estes resultados fornecero subsdios para o desenvolvimento de futuras
pesquisas sobre novos mtodos de estabilizao de solos, ou mesmo deste mtodo
com outros tipos de solos.
1.2.2. Especficos
De modo a atingir o objetivo principal foram estabelecidos os seguintes objetivos
especficos:
-
4
Realizar ensaios de laboratrio para caracterizao e obteno de parmetros
geotcnicos de dois tipos de solos (arenoso e argiloso), alm de ensaios de
compactao, cisalhamento direto (umidade tima, inundado e com ruptura aos
28 dias), compresso simples (umidade tima e com ruptura aos 28 dias) e
permeabilidade.
Complementar o trabalho de Buson (2009) nos aspectos relativos ao processo
da reciclagem dos sacs de cimento bem como ao preparo das misturas com os
solos.
Comparar o comportamento dos solos estabilizados com as fibras dispersas de
papel Kraft com os solos sem fibra, avaliando estatisticamente os resultados
obtidos a fim de determinar diferenas significativas quando adicionadas as
fibras.
Realizar ensaios preliminares das caractersticas fsicas e qumicas das guas
percolando pelas misturas estudadas que, no caso, poderiam se infiltrar no lenol
fretico e contamin-lo, produzindo grandes impactos no meio ambiente.
Determinar qual dos solos avaliados responde melhor ao tratamento com fibras
dispersas de papel Kraft, no que se refere resistncia, e, portanto, o melhor
para aplicar a tcnica.
Determinar o provvel teor timo de fibras dispersas de papel Kraft que deve ser
adicionado ao solo que apresente melhorias significativas para obter as
modificaes timas das propriedades do solo.
1.3. Contribuio do presente estudo
Com base nos resultados obtidos ser elaborado um banco de dados com os
resultados dos ensaios para cada tipo de solo e respectivas misturas, complementando
a metodologia proposta (solo fibras dispersas de papel Kraft) para os dois solos
-
5
avaliados (arenoso e argiloso) e, por sua vez, uma completa caracterizao geotcnica
dos solos naturais.
Ser determinado o solo que apresenta notveis melhorias na resistncia e
outras propriedades de importncia quando misturado com a fibra (por meio de testes
estatsticos) e, portanto, o provvel teor timo de fibra para obter as melhores
caractersticas da mistura quanto resistncia.
Espera-se com esta pesquisa inovar nas tcnicas de estabilizao de solos e
fornecer subsdios para o desenvolvimento de futuras pesquisas e, sua vez, reduzir a
quantidade de embalagens de cimento provenientes das construes e descartadas na
natureza sem nenhum tratamento nem aproveitamento.
Alm disso, espera-se contribuir com a importncia da qualidade de gua,
atravs dos resultados preliminares sobre a composio fsica e qumica da gua
percolando pelas misturas estudadas que, no caso, poderiam se infiltrar no lenol
fretico e contamin-lo.
1.4. Estrutura do trabalho
O presente captulo introduz a necessidade de melhorar as propriedades dos
solos atravs da estabilizao e a problemtica do impacto ambiental dos resduos da
construo civil. Tambm so citados neste captulo os objetivos gerais e especficos,
bem como a contribuio e estrutura do trabalho.
Em seguida so abordados os aspectos relacionados contaminao de
resduos da construo e os conceitos de sustentabilidade do projeto, no captulo 2.
No captulo 3 so discutidas tcnicas clssicas e atuais de estabilizao de
solos.
-
6
No capitulo 4 se apresenta uma abordagem sobre a importncia da qualidade de
gua e a contaminao do lenol fretico, bem como da legislao brasileira que
estabelece os padres de qualidade de gua.
No captulo 5 so apresentados os materiais e mtodos, incluindo os
procedimentos, equipamentos e materiais utilizados nos estudos e anlises para
definio do processo de reciclagem e mistura do solo com fibras dispersas de papel
Kraft, bem como para a preparao e execuo dos ensaios propostos.
O captulo 6 consiste na apresentao e anlise dos resultados, abordando a
caracterizao dos dois solos estudados e as comparaes dos solos com a adio de
fibras em todos os ensaios propostos, incluindo as anlises fsico-qumicas das guas
percoladas.
No captulo 7 so apresentadas as concluses do trabalho e sugestes para
trabalhos futuros.
Por fim, o captulo 8 contm as referncias bibliogrficas e ao final, os anexos.
-
7
2. RESDUOS SLIDOS
O consumo de bens e servios gera, de alguma maneira, resduos. Assim, uma
vez produzido, este material permanecer no ambiente como um passivo, mesmo que
seja reutilizado e reciclado inmeras vezes; daqui a importncia de evitar o consumismo
e priorizar a reduo da quantidade de lixo produzido (MANSOR et. al., 2010).
A reciclagem de resduos slidos vem sendo crescentemente debatida e
impulsionada enquanto alternativa de ao disposio da sociedade diante da crise
ambiental reconhecida, devido a razes de natureza ambiental, pedaggica e cultural
como: a crescente poluio ambiental que atinge o solo, o ar, os rios e os mares; a
escassez e os custos crescentes da energia; os custos e o eventual esgotamento das
matrias-primas; as dificuldades e magnitude dos investimentos requeridos para
captao de gua potvel; a escassez e altos custos de aterros sanitrios e
incineradores; e, no menos importante, o interesse social em se envolver a populao
em um esforo coletivo na salvaguarda dos interesses ambientais (CALDERONI, 2003).
2.1. Aproveitamento dos resduos slidos
A importncia do aproveitamento de resduos deve-se basicamente a dois
fatores: a possibilidade de desenvolvimento de materiais de baixo custo a partir de
subprodutos industriais, disponveis localmente, atravs da investigao de suas
potencialidades; e, a interface direta do setor da construo com a cadeia produtiva
fornecedora de insumos e diretamente atravs do potencial uso de materiais e
processos que causem mnimo impacto na cadeia produtiva (ROCHA E CHERIAF,
2003).
-
8
O governo do Estado de So Paulo tem melhorado seu desempenho em relao
ao tratamento e disposio de resduos slidos domiciliares. Assim, atividades como
reduzir a gerao de lixo, reutilizar materiais quando possvel e recicl-los passaram a
integrar a agenda do Estado, trazendo novos desafios como a reduo drstica da
disperso de resduos no meio ambiente atravs da reciclagem e a diminuio de
quantidade de massa de resduos destinada a aterros (MANSOR et. al., 2010).
Assim, conscientes da importncia da diminuio de resduos slidos e o
desenvolvimento da legislao para tratamento desses resduos, pode-se dizer que h
necessidade de desenvolver, no setor de construo civil, processos e tecnologias
construtivas que no causem danos ao meio ambiente e ao homem.
Segundo Rocha e Cheriaf (2003), a Indstria da Construo Civil apresenta
viabilidade para incorporar resduos industriais nos materiais de construo e reduzir
custos dos produtos de construo. Hoje em dia, o desenvolvimento tecnolgico de
processos associados reciclagem de resduos industriais tem muita importncia.
Assim, cada vez mais, tem-se realizado estudos sobre o aproveitamento de resduos
slidos como novos materiais, devido ao aumento no seu descarte e aos problemas da
exausto de matrias-primas naturais; esses estudos podem reduzir o impacto
ambiental dos resduos e viabilizar a reduo de custos industriais e criao de novos
empregos.
H uma poltica visando reduzir a eliminao direta de resduos em aterros
industriais ou sanitrios; por isso, a legislao ambiental impulsiona o desenvolvimento
de produtos para a construo civil com resduos incorporados (BUSON, 2009). Mas,
apenas uma quantidade desses resduos vem recebendo tratamento ou destinao
adequada, ficando uma parcela armazenada nas prprias instalaes onde foram
gerados que poderia ser avaliada e identificada como fonte de matria-prima para a
construo civil (ROCHA e CHERIAF, 2003).
Calderoni (2003) cita que as definies de lixo, resduo, e reciclagem diferem
conforme a situao em que so aplicadas. O lixo todo material considerado como
-
9
intil ou cuja existncia em dado meio tida como nociva. O resduo todo material
sobrante das atividades produtivas, geralmente industrial.
Em algumas situaes os conceitos de resduo, lixo e rejeito so equivalentes.
Assim, Boscov (2008) cita que resduo definido como qualquer matria descartada ou
abandonada ao longo de atividades industriais, comerciais, domsticas ou outras; ou
ainda como produtos secundrios para os quais no h demanda econmica e para os
quais necessria disposio.
Hiwatashi (1998) acrescenta a informao de que o Compromisso Empresarial
para Reciclagem CEMPRE define lixo como aquilo que no tem valor comercial.
Mas, na atualidade, grande parte dos resduos reaproveitada, reutilizada ou reciclada,
passando a ter novamente valor comercial, portanto, pouca coisa rejeitada seria
chamada de lixo.
Ainda conforme a autora, reciclagem o resultado de um processo atravs do
qual os materiais que se tornariam lixo, ou esto no lixo, so separados, coletados
adequadamente, triados e processados ou tratados para serem utilizados como
matria-prima pela Indstria, envolvendo uma srie de agentes e atividades sem os
quais no seria vivel a recuperao do resduo.
A reciclagem consiste em transformar os materiais que compem os resduos,
por meio da alterao de suas caractersticas fsico-qumicas, em novos produtos.
Considerando as suas caractersticas e composio, o resduo pode ser reciclado para
ser posteriormente utilizado na fabricao de novos produtos, concebidos com a
mesma finalidade ou com finalidade distinta da original (MANSOR et. al., 2010).
Segundo a norma ABNT NBR 10004/04, os resduos nos estados slido e semi-
slido so aqueles que resultam de atividades de origem industrial, domstica,
hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ainda segundo a norma em
meno, os resduos so classificados quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e sade humana (periculosidade de um resduo) como segue: Classe I
(perigosos) e Classe II (no perigosos), esta ltima classe ainda subdividida em
Classe II A (no inertes) e Classe II B (inertes); os resduos de papel e papelo
-
10
pertencem classe II A com a codificao A006, por possuir propriedades como
biodegradabilidade e combustibilidade.
Conforme Marson et. al. (2010), a Poltica Estadual de Resduos Slidos PERS
, estabelecida pela Lei Estadual N 12300/06 e regulamentada pelo Decreto N
54645/09, define as seguintes categorias de resduos slidos para fins de gesto e
gerenciamento: Resduos urbanos (provenientes de residncias e estabelecimentos
comerciais); Resduos industriais (provenientes de atividades industriais, minerao e
estaes de tratamento); Resduos de servios de sade (provenientes de atividades
mdico-assistencial humana e animal); Resduos de atividades rurais (provenientes da
atividade agropecuria); Resduos provenientes de portos, aeroportos, terminais
rodovirios e ferrovirios, postos de fronteira e estruturas similares; e, Resduos da
construo civil (provenientes de obras de construo civil e afines).
Os resduos slidos da construo, tambm chamados resduos de construo e
demolio, so aqueles oriundos das atividades de construo, incluindo novas obras,
reformas, demolies e limpeza de terrenos (BOSCOV, 2008).
Conforme a Resoluo CONAMA N 307 de 17 de julho de 2002, alterada pelas
resolues 448/12, 431/11 e 348/04 que estabelece diretrizes, critrios e procedimentos
para a gesto dos resduos da construo civil, a reciclagem o processo de
reaproveitamento de um resduo, aps ter sido submetido transformao. Ainda
conforme a norma em meno, os resduos da construo civil so classificados em
quatro classes: Classe A (resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados); Classe
B (resduos reciclveis para outras destinaes); Classe C (resduos para os quais no
foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaes economicamente viveis que permitam
a sua reciclagem ou recuperao); e Classe D (resduos perigosos oriundos do
processo de construo). O papel Kraft dos sacos de cimento (papel) encontra-se na
classe B.
Hendriks et. al. (2007) ressalta que o conceito de reciclagem relaciona-se ao
ciclo novo-velho-novo e implica uma srie de operaes como so: coleta, desmonte,
-
11
tratamento e consequentemente volta ao fabricante original que o torna novo, mas
como um material secundrio.
Ento, a reciclagem se relaciona ao ciclo de utilizao de um material que uma
vez tornado velho pode-se tornar novamente em novo. Esse conceito fundamenta-se na
gerncia ambiental, social e econmica de recursos naturais, visando gerncia do
ciclo de vida de materiais. Baseia-se em um dos pilares da poltica ambiental,
conhecida como integral chain management ou gerncia de cadeia integrada ou
gerncia do ciclo de vida dos materiais de construo, que inclui a cadeia de produo,
construo, demolio, reuso ou reciclagem e disposio (HENDRIKS et. al., 2007).
Essa gesto e gerenciamento implicam na reduo do uso de recursos naturais (fontes
de energia e matria-prima) e em mant-los no ciclo de vida de produo o mximo de
tempo possvel, o qual enfatiza a importncia da fase de projeto no processo construtivo
que visto como um processo de reciclagem (BLUMENSCHEIN, 2004).
No existem dados consolidados e confiveis sobre a gerao de resduos
industriais e muito menos do impacto causado, mesmo para uma indstria que
apresente um sistema de gesto de resduos. Os custos associados prtica de gesto
de resduos so parte fundamental na avaliao de viabilidade econmica da
reciclagem e no desenvolvimento de alternativas de reciclagem (JOHN e NGULO,
2003). A reciclagem de resduos pode causar impactos ao meio ambiente que precisam
ser adequadamente gerenciados. Assim, variveis como tipo de resduo, tecnologia
empregada, e utilizao proposta para o material reciclado, podem tornar o processo de
reciclagem ainda mais impactante do que o prprio resduo o era antes de ser reciclado
(NGULO et. al., 2001).
A transformao de um resduo em um produto comercial efetivamente utilizado
pela sociedade oferece grandes oportunidades para aumentar a sustentabilidade social
e ambiental, mas oferece tambm significativos riscos ambientais, tcnicos e
financeiros e para a sade dos trabalhadores (JOHN e NGULO, 2003).
John et. al. (2003) ressaltam que a aplicao do resduo deve ser feita em funo
das caractersticas do resduo e no em torno de ideias pr-concebidas, pois a
-
12
aplicao adequada para cada resduo depender do melhor aproveitamento das suas
caractersticas fsico-qumicas com menor impacto ambiental dentro de um mercado
especfico onde o produto reciclado possui boas condies de competio com um
produto convencional.
As decises arquitetnicas e construtivas deveriam ter sempre presente a gesto
e gerenciamento de resduos slidos, ou seja, a busca e especificao de materiais e
tcnicas potencialmente sustentveis. Assim, os projetos deveriam considerar a anlise
do ciclo de vida dos materiais de construo que tenha a ver com o consumo de
energia (pouca energia o timo) e o grau de reciclabilidade (alto grau timo); e, ao
mesmo tempo, desenvolver tcnicas construtivas que proporcionem pouco desperdcio
de materiais, prevendo assim a quantidade de produtos que podem ser gerados a partir
dos resduos (BUSON, 2009; MANSOR et. al., 2010).
Buson (2009) ressalta que nos processos construtivos sempre existe alguma
etapa de produo de resduos, ou seja, descarte ou desperdio de materiais. Assim, a
racionalizao dos processos construtivos, a gesto de qualidade e a modulao de
projeto, materiais e componentes seriam algumas solues para reduzir a produo
desses resduos.
Todo projeto construtivo deveria incluir uma avaliao sobre a possvel utilizao
dos resduos industriais produzidos na sua execuo, especialmente aqueles resduos
que se encontrem perto do local da obra. Na construo possvel aproveitar grandes
quantidades de resduos industriais com um adequado gerenciamento e gesto destes
(MATEOS, 2006).
Um processo de pesquisa e desenvolvimento de tcnicas para reciclagem de
resduo que sejam viveis no mercado uma tarefa muito complexa, pois envolve
conhecimento de cincias de materiais, ambientais, de sade, econmicas, marketing,
legais e sociais, alm da avaliao de desempenho do produto em um cenrio de
trabalho multidisciplinar (JOHN e NGULO, 2003).
-
13
2.2. Aspectos importantes sobre os sacos de cimento
Um dos mais srios problemas contemporneos, enfrentados pela gesto
ambiental, o impacto da gerao de resduos slidos dos vrios processos de
produo e seu potencial para reciclagem, provocado pela Indstria da Construo Civil
(BLUMENSCHEIN, 2001).
A baixa cobertura de servios de coleta e a situao precria das reas
destinadas disposio final do lixo urbano tornam urgente a implantao de polticas
que diminuam o volume dos resduos slidos produzidos pela Indstria da Construo
Civil. Ao mesmo tempo, faz-se necessrio, viabilizar solues para o problema da
disposio, como o fortalecimento dos processos de reciclagem e a reutilizao de
produtos. O mau gerenciamento desses resduos contribui para o acelerado
esgotamento das reas de disposio final, os custos adicionais de governos e o
desperdcio de recursos naturais no renovveis (BLUMENSCHEIN, 2004).
A reciclagem de resduos da construo e demolio como material de
construo civil vem da antiguidade. Seu emprego foi iniciado na Europa aps a
segunda guerra mundial. A preocupao com reciclagem de resduos relativamente
recente no Brasil, especialmente se comparada com pases europeus onde a frao
reciclada pode atingir cerca de 90% (ampla prtica de reciclagem), como o caso da
Holanda (HENDRIKS et. al., 2007; JOHN e AGOPYAN, 2000).
A construo civil certamente o maior gerador de resduos de toda a
sociedade. O volume de entulho de construo e demolio gerado at duas vezes
maior que o volume de lixo slido urbano. Em So Paulo o volume de entulho gerado
de 2500 caminhes por dia (RECICLAGEM DE RESDUOS PARA CONSTRUO,
2013). Os resduos de construo so geralmente constitudos de: solos, materiais
cermicos, materiais metlicos e materiais orgnicos (JOHN e AGOPYAN, 2000).
Dentre os materiais orgnicos dos resduos da construo encontram-se os sacos de
cimento feitos de papel Kraft natural multifolhado, os quais, geralmente, no so
reaproveitados ou reciclados aps o seu uso nas obras por estar contaminados com
cimento, gerando assim um enorme volume desse resduo (BUSON, 2009).
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A contaminao provocada pelos produtos ensacados (ex.: cimento, adubos,
raes e produtos qumicos em geral) est intimamente vinculada baixa taxa de
recuperao dos sacos multifolhados. Estas contaminaes exigem procedimentos e
cuidados adicionais aos processos de reciclagem desse material (TAVES et. al., 2001
Apud. BUSON, 2009).
Do ponto de vista tcnico, as possibilidades de reciclagem dos resduos variam
de acordo com a sua composio: quase a totalidade da frao cermica pode ser
beneficiada como agregado com diferentes aplicaes; a frao metlica aproveitada
como sucata; para as demais fraes, especialmente madeira, embalagens e gesso,
ainda no se dispe de tecnologia de reciclagem (JOHN e AGOPYAN, 2000).
A produo mundial de cimento em 2010 foi de 3.344 milhes de toneladas.
Nesse mesmo ano, o Brasil foi o sexto maior produtor mundial de cimento (59,2 milhes
de toneladas) e o quarto maior consumidor mundial (60,0 milhes de toneladas), mas
respeito Amrica Latina foi o primeiro produtor, sendo a sua participao de 38,5% da
produo total do continente. Em 2011 a produo nacional de cimento foi de 64,1
milhes de toneladas, aumentando em 8% com respeito do ano 2010; desse total 68%
foram de cimento ensacado, o que equivale a 43,6 milhes de toneladas (RELATRIO
ANUAL 2011 SNIC, 2013).
Ainda conforme o mesmo relatrio, em todas as regies brasileiras o percentual
de consumo de cimento ensacado maior que o de cimento a granel, sendo que a
Regio Sudeste a que maior consumidora de cimento no Brasil, aproximadamente
50% de todo o cimento fabricado no pas. Do cimento consumido em 2011, tem-se que:
na Regio Norte do Brasil, 72,8% ensacado; na Regio Nordeste 79,6%; na Regio
Centro-Oeste 74,4%; na Regio Sudeste 63,9%; e na Regio Sul 58,2%. Tais
percentuais demonstram a viabilidade da reciclagem de sacos de cimento.
A indstria de celulose e papel vem buscando progressivamente minimizar os
impactos ambientais de suas atividades. Para tanto, o setor atua constantemente no
replanejamento de processos, na reduo e no reuso de insumos, bem como na
reutilizao de resduos para proteo do solo e na reciclagem de materiais, gerando
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outros produtos para as demais cadeias do negcio. O setor de celulose e papel um
tradicional consumidor de produtos de origem renovvel. Segundo as empresas que
responderam ao questionrio, 33 milhes de toneladas de matrias-primas e insumos
consumidos em 2010 podem ser consideradas de origem renovvel (RELATRIO DE
SUSTENTABILIDADE 2010 BRACELPA, 2013).
Ainda segundo o mesmo relatrio, o Brasil o quarto produtor mundial de
celulose e nono produtor mundial de papel, o qual faz ter em conta a importncia da
sustentabilidade como o melhor caminho para gerar e distribuir valor de modo
equilibrado entre negcio, sociedade e meio ambiente.
As duas principais fontes de madeira utilizadas para a produo de celulose no
Brasil so as florestas plantadas de pinus ou pinheiro (fibra longa) e de eucalipto (fibra
curta), responsveis por mais de 98% do volume produzido; a celulose de fibra longa
(originria do pinus) a utilizada para sacos de embalagem (BRACELPA, 2013). Mas,
existem tambm algumas indstrias que produzem sacos para embalagem de cimento
com celulose de bambu, da espcie Bambusa vulgaris (bambu comum). O bambu
produz celulose de fibra longa; as fibras do bambu se entrelaam melhor devido
caracterstica de serem longas como as fibras do pinheiro e estreitas como as do
eucalipto, conferindo assim excelentes caractersticas fsicas aos produtos (ex.: papis)
do que as obtidas pelas tradicionais matrias-primas utilizadas na produo de
celulose. A celulose de bambu possui muitas vantagens e se destaca pela produo de
cartes de alta resistncia final com os menores ndices de rasgo do mercado,
convertendo-a na embalagem mais utilizada em segmentos como cimento, cal,
argamassa e gesso. Assim, o papel de bambu tem a mesma qualidade que qualquer
outro e suas fibras so muito resistentes, com qualidade igual ou superior fibra de
madeira comum (MANHES, 2008).
O Kraft um papel de embalagem pesada, cuja caracterstica principal sua
resistncia mecnica. Dentre os vrios tipos encontra-se o papel Kraft natural para
sacos multifolhados que fabricado com pasta qumica sulfato no-branqueada,
essencialmente de fibra longa, geralmente nas gramaturas de 80 a 90 g/m2.
altamente resistente ao rasgo e com boa resistncia ao estouro, usado essencialmente
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para sacos e embalagens industriais de grande porte (Relatrio Estatstico 2011/2012
BRACELPA, 2013).
Ento, as fibras das embalagens de papel Kraft, provenientes de celulose de
madeira ou de celulose de bambu, tm excelentes propriedades fsicas e mecnicas. As
especificaes tcnicas de produo exigem uma celulose sulfato de fibra longa e de
alto rendimento e resistncia.
No ano 2011 foram produzidas no Brasil aproximadamente 337.000 toneladas de
papel Kraft natural para sacos multifolhados, o que equivale a 3,3% da produo
brasileira de papel (Relatrio Estatstico 2011/2012 BRACELPA, 2013). Nem todo
esse papel utilizado para o ensacamento de cimento, mas se fosse o caso
representaria 2,2 bilhes de sacos de 50 Kg de cimento por ano.
Considerando que cada embalagem de sacos de cimento de 50 kg tem em
mdia 150 g e as toneladas produzidas dessas embalagens anualmente, pode-se
imaginar o grande impacto ambiental ao serem descartadas e depositadas na natureza
sem qualquer tratamento.
Devido reciclagem de sacos de cimento estar inserida no mbito da Indstria
da Construo Civil e considerando que um tipo de resduo pouco reaproveitado, esta
pesquisa aborda aspectos importantes sobre seu processo de reciclagem e mistura
com solos para estabilizao, minimizando os impactos ambientais ocasionados pelo
descarte deste resduo.
importante ressaltar que o papel no pode ser reciclado infinitas vezes, pois as
fibras perdem a resistncia e as caractersticas que definem o tipo de papel
(BRACELPA, 2013).
No se pode ignorar o fato de que no processo de reciclagem so necessrios:
a) energia para transformar o produto ou trat-lo de forma a torn-lo apropriado a
ingressar novamente na cadeia produtiva, a qual depende da utilizao proposta para o
resduo e se relaciona diretamente aos processos de transformaes utilizados; b)
materiais ou matrias-primas (quando a energia no suficiente) para modificar o
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resduo fsica e/ou quimicamente. Tanto a energia como as matrias-primas utilizadas
no processo podem representar um grande impacto para o meio ambiente (NGULO et.
al., 2001).
A reciclagem tambm pode gerar resduos, os quais nem sempre so to ou
mais simples do que aqueles que foram reciclados, podendo ainda se tornar mais
agressivos ao homem e ao meio ambiente do que os resduos que esto sendo
reciclados; a quantidade e caractersticas destes novos resduos vo depender do tipo
de reciclagem escolhida. Dependendo de sua periculosidade e complexidade, os novos
resduos podem causar tambm novos problemas, como a impossibilidade de serem
reciclados, a falta de tecnologia para o seu tratamento, a falta de locais para disp-los e
o custo que isto ocasionaria. Daqui a importncia de considerar os resduos gerados
pelos materiais reciclados no final de sua vida til e a possibilidade de serem
novamente reciclados (NGULO et. al., 2001).
muito importante selecionar o tipo adequado de reciclagem para a utilizao do
resduo. Assim, o processo de obteno da polpa de celulose atravs da triturao do
papel Kraft no gera qualquer novo resduo ou contaminante, pois s necessrio um
procedimento de limpeza dos sacos de cimento e filtragem da gua utilizada no
processo.
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3. ESTABILIZAO DE SOLOS
A estabilizao de um solo consiste em dot-lo de condies que possam resistir
s aes climticas e aos esforos e desgastes induzidos pelo trfego, sob as
condies mais adversas consideradas no projeto (FRANA, 2003).
Nogami e Villibor (1995) definiram a estabilizao de solos e materiais
relacionados (areia, pedregulho, etc.) in situ ou transportado, compactado
artificialmente, como sendo a modificao de qualquer propriedade dos solos que
melhore seu comportamento mecnico e hdrico quando sob a ao de cargas e das
intempries.
Ainda segundo os autores, a estabilizao de um material consiste no seu
tratamento mecnico pela adio de pelo menos outro material natural ou artificial com
uma ou mais das seguintes finalidades:
Melhorar propriedades mecnicas e hidrulicas tais como: aumentar a
resistncia compresso; diminuir as deformaes elsticas e permanentes;
aumentar ou reduzir a permeabilidade; diminuir a expanso e reduzir a
contrao.
Garantir a permanncia das propriedades citadas anteriormente, no decorrer do
tempo (durabilidade) mesmo sob a ao de cargas dinmicas dos veculos.
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3.1. Evoluo das estabilizaes e tipo de estabilizaes
Existem referncias na literatura de que a prtica da estabilizao de solos
bastante antiga, inclusive milenar, e tem sido utilizada como recurso tcnico na
construo civil, ainda em condies primitivas (FRANA, 2003).
No decorrer do tempo, foram-se conhecendo os diferentes tipos de solos e como
eram afetados com a umidade, surgindo a necessidade de neutralizar os efeitos da
gua, para o qual foram feitos estudos dos quais se concluiu que a melhoria das
propriedades ajuda no desenvolvimento da engenharia dos solos (MORENO, 1996).
O solo, o material natural de construo mais abundante, tem sido utilizado pelo
homem para os trabalhos de engenharia desde o princpio da histria. Assim, os
conceitos bsicos de melhoramento, compactao de solos, fundao, reforo e
drenagem, foram desenvolvidos h centenas de milhares de anos e permanecem sem
modificao (MORENO, 1996).
Na poca do imprio romano se tinham conhecimentos da extensa variedade das
propriedades do solo, importncia da fase da gua e solos adequados para as
fundaes de grandes obras. No perodo colonial se reconheceu a importncia da gua
no solo e a utilizao de drenagem superficial e subterrnea foi muito comum em
trabalhos de engenharia. No perodo de 1776 a 1876, o maior problema nas
construes de estradas era a drenagem adequada; nesta poca Coulomb estabeleceu
uma teoria de muros de conteno que foi uma das primeiras referncias para conhecer
a presso hidrosttica. Por sua conta, Alejandro Colin estudava a ao dos
deslizamentos e entendeu que a perda da resistncia aplicada pela intensidade de
laminas de argila era devido ao da gua ou umidade na argila. O perodo de 1876 a
1976 foi marcado pelo grande avano na engenharia de fundaes; em 1880 a umidade
do solo se expressou em porcentagens da massa do solo; em 1911, Atterberg,
consciente da necessidade de medir e estudar as propriedades fsicas dos solos props
os testes de limite de liquidez, plstico e contrao para classificar os solos; no ano
1920 o maior avance em mecnica dos solos foi a compactao de aterros de ferrovias,
desenvolvendo o mtodo de controle de umidade, que sua vez levou ao
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desenvolvimento de ensaios para a determinao da umidade no campo (MORENO,
1996).
Atravs dos anos at hoje se fizeram muitos estudos sobre as propriedades da
argila, como a permeabilidade, adensamento, drenos de areia, controle da umidade
para a compactao, etc. A fase da gua no sistema solo-gua-ar sempre de principal
interesse, pois tem uma grande influncia nas propriedades da engenharia geotcnica.
Todas estas consideraes levaram ao desenvolvimento de numerosos mtodos
para estabilizao e melhoramento de solos. Assim, as estabilizaes de solos so
procedimentos que visam melhoria das caractersticas mecnicas e hidrulicas dos
mesmos.
3.1.1. Propsito da estabilizao
Conforme Moreno (1996), a estabilizao de solos tem como propsito melhorar
as seguintes propriedades:
a) Estabilidade volumtrica:
Muitos solos sofrem variaes volumtricas (expanso e contrao) com as
mudanas de teor de umidade. Ainda, se as presses da expanso no so
controladas podem ocasionar danos como: levantar os pavimentos, inclinar
postes, fissurar muros, quebrar canos de esgoto, etc.
b) Resistncia:
Esta propriedade constitui um dos pontos fundamentais da mecnica dos solos.
Em geral, o aumento de teor de umidade significa a diminuio da resistncia
dos solos. s vezes, resulta difcil incrementar a resistncia de um solo atravs
da adio de agentes estabilizantes. Existem vrias formas de estabilizao
utilizadas para melhorar a resistncia de alguns solos; assim, com o objeto de
melhorar esta propriedade, so utilizados os mtodos mecnicos e qumicos que
sero discutidos mais para frente.
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c) Permeabilidade:
a propriedade do solo de permitir o passe de gua e ar. A permeabilidade pode
ser afetada por diversos fatores inerentes ao solo e s caractersticas da gua
circulante, como: relao de vazios do solo; temperatura da gua; estrutura e
estratificao do solo; existncia de furos e fissuras no solo; e, grau de
saturao. O tamanho e o nmero dos poros do solo, que tem relao com sua
textura e estrutura, interferem na taxa de filtrao e na taxa de percolao e,
portanto na sua permeabilidade. Quanto mais baixa a umidade de compactao
maiores permeabilidades sero produzidas no solo compactado, devido aos
grumos no desagregados que resistem ao esforo de compactao e permitem
a formao de grandes vazios intersticiais.
d) Compressibilidade:
a variao volumtrica do solo sob o estado de qualquer carga; neste estado
de tenses se produzem deformaes do solo que se manifestam em recalques.
A compressibilidade influencia as propriedades dos solos, pois modifica a
permeabilidade e altera as foras existentes entre as partculas, o qual modifica a
resistncia ao cisalhamento e produze deslocamentos. A compresso de um solo
no um processo elstico reversvel; desta forma, quando o solo comprimido
no volta ao seu estado original, mesmo quando as tenses que produziram a
compresso tenham desaparecido. Um coeficiente de compressibilidade alto
caracteriza um solo muito compressvel, enquanto um coeficiente de
compressibilidade baixo corresponde a um solo que tende a grandes mudanas
de volume quando aumenta a presso.
e) Durabilidade:
a resistncia aos processos de desagregao, eroso e abraso. A
durabilidade em pavimentos est relacionada s capas superficiais destes na
formao de buracos, eroses nos taludes, cortes e mudanas na textura dos
agregados nos asfaltos. Ocasionalmente, eroses profundas internas ocorrem
nos aterros ou cortes no s por causa de uma baixa durabilidade, mas tambm
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a uma alta permeabilidade. A baixa durabilidade nos solos estabilizados se deve
ao uso de um estabilizante inadequado, quantidade insuficiente de
estabilizante, ou resistncia inadequada contra os ataques da gua ou agentes
qumicos.
3.1.2. Tipos de estabilizao
Os mecanismos de estabilizao se dividem em trs reas: mecnica, fsica e
qumica.
3.1.2.1. Estabilizao mecnica
A estabilizao mecnica de um solo consiste num conjunto de operaes
mecnicas que lhe conferem estabilidade, quando solicitado em pavimentos de
estradas. As operaes mecnicas so aquelas que apenas modificam o arranjo das
partculas, ou a sua granulometria, por meio da subtrao ou adio de algumas
fraes de solos (NASCIMENTO, 1970). Ou seja, as melhorias introduzidas no
comportamento do solo originam-se de mudanas no seu sistema trifsico, isto , nas
fases slida, lquida e gasosa (FRANA, 2003).
A estabilizao mecnica se restringe a dois mtodos para a melhoria das
propriedades dos solos: (a) rearranjo das partculas, mtodo conhecido como
estabilizao por compactao, e (b) adio ou retirada de partculas do solo (correo
ou ajuste granulomtrico). O primeiro o mais utilizado e, muitas vezes, associado
estabilizao fsica e/ou qumica (SAMPAIO, 2008; FRANA, 2003).
Entende-se por compactao o processo manual ou mecnico que visa reduzir o
volume de vazios do solo, melhorando as suas caractersticas de resistncia,
deformabilidade e permeabilidade. Assim, a compactao associada a um processo
rpido e brusco que procura alterar a estrutura das partculas de um solo.
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3.1.2.2. Estabilizao fsica
Quando as caractersticas de estabilidade resultantes de uma acelerao da
consolidao no podem ser obtidas mecanicamente ou quando se tornam necessrios
elevados valores de resistncia e rigidez de um solo, devem-se considerar mtodos
alternativos de estabilizao. Neste caso, recorre-se a aditivos ou tratamentos que
envolvam reaes fsicas capazes de modificar as propriedades do solo (CRISTELO,
2001).
Estes tratamentos so a estabilizao trmica (afeta na compressibilidade dos
solos argilosos, sendo que diminui com o aumento da temperatura) e a estabilizao
por eletro-osmose (no visa secagem do solo, mas sim direcionar a percolao da
gua de forma a provocar um efeito de estabilizao), que tem sido alvo de vrios
testes ao longo dos ltimos anos com resultados variveis. De uma forma geral, so
pouco viveis economicamente, sendo utilizados apenas quando algum tipo de
dificuldade impede o recurso a mtodos menos dispendiosos (CRISTELO, 2001).
3.1.2.3. Estabilizao qumica
A estabilizao qumica de um solo refere-se s alteraes produzidas na sua
estrutura pela introduo de certa quantidade de aditivo suficien