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Fazendo setup passo a passo com o auxílio da telemetria do Motec MÓDULO 1 – MOTOR E CÂMBIO 1 Fazendo setup passo a passo com o auxílio da telemetria do Motec Autor: Marcos Gomes MÓDULO 1 – MOTOR E CÂMBIO

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  • Fazendo setup passo a passo com o auxlio da telemetria do Motec MDULO 1 MOTOR E CMBIO

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    Fazendo setup passo a passo com o auxlio da telemetria do Motec

    Autor: Marcos Gomes

    MDULO 1 MOTOR E CMBIO

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    Consideraes iniciais

    Este guia tem como objetivo ajudar aqueles pilotos virtuais que pretendem aprimorar a edio de seus setups, utilizando principalmente o auxlio da telemetria do Motec. O projeto utilizado como exemplo neste guia, o MG_GTR2_Motec, foi elaborado com escalas dimensionadas para serem utilizadas com os carros do GTR2. Porm, alguns conceitos aqui passados podero ser aproveitados para aplicar em outros carros ou simuladores.

    Com isso, para um melhor acompanhamento das informaes importante que o piloto tenha o projeto instalado em seu Motec e j com os dados da telemetria das voltas sendo visualizados. vlido lembrar tambm que neste guia no tero dicas de como instalar o programa do Motec e seus projetos. Disponibilizarei em outro tutorial como instalar o programa. Os arquivos estaro disponveis para download em vrios sites de ligas que apiam a divulgao desse guia, so elas:

    www.gtrbrasil.com www.vvronline.com

    www.simracebrasil.com.br www.dee.ufcg.edu.br/~lcarlos/

    www.rfactor.com.br www.brleague.com

    www.gracers.com.br As dicas que tentarei compartilhar com todos nesse guia so baseadas em informaes que aprendi com o Guia do Motec parte2, outras por experincias prticas que tive nos simuladores e em sites que falam a respeito do assunto. Inclusive, sugiro que aos pilotos mais novatos, que ainda no conhecem o que cada item do setup faz, que leiam antes para entenderem melhor o que faz cada item do setup, para depois iniciarem os ajustes com o Motec. Dessa maneira, tudo ficar mais fcil de entender e assimilar.

    Como o guia contm muitas informaes, o mesmo ser dividido em mdulos, para que o contedo possa ser detalhado e facilite a assimilao de todos. Dessa forma, o piloto poder ir lendo a teoria e, passo a passo, ir testando na prtica. Esse ser o primeiro mdulo de uma srie de cinco, seguindo a ordem dos itens que geralmente altero ao fazer um setup: Motor e Cmbio, Pneus, Altura do carro, Molas e Amortecedores

    Para os que realmente esto interessados em ler as informaes deste guia e aprender a fazer setups com o uso da telemetria, reforo que o Motec no milagroso. Cada piloto continuar tendo o seu limite e as diferenas ainda assim continuaro aparecendo. Contudo, acredito que essas diferenas de performance fiquem numa proporo menor, se partirmos do princpio que todos que esto na pista, usam o programa como anlise ao fazer seus setups. E at mesmo um piloto com nvel tcnico inferior poder igualar sua performance a de um piloto com nvel levemente superior, mas que no utiliza a telemetria.

    Por fim, considero que a freqncia com que o piloto pratica, o conhecimento que o mesmo tem da pista e, principalmente, o conhecimento e experincia adquiridos com o carro em que est sendo utilizado, so os fatores mais importantes para que o piloto consiga o mximo de performance, e que estes, somados com o conhecimento das anlises de telemetria, sero um divisor de guas na maneira de como o piloto percebe o seu limite e o do carro. Em suma, estaro sempre chegando a concluso de que, com a telemetria, podem ir mais alm do que imaginavam antes.

    Espero que consigam assimilar e compreender o mximo de informaes possveis, que de fato elas sirvam na prtica e que tornem a diverso de todos ainda mais competitiva e prazerosa.

    Cordialmente,

    Marcos Gomes

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    1. Volta de leitura dos dados com setup padro

    O primeiro passo sempre quando vou comear em uma pista dar de duas a cinco voltas completas, andando no melhor ritmo possvel para o Motec fazer a leitura dos dados da telemetria. Inicio com os seguintes procedimentos:

    - Carrego o setup default. - Limitador de giros: aumento para o nvel mximo. - Pneus: macio nos dianteiros e mdio nos traseiros. - Asa: a princpio, escolho um valor que acredito ser ideal para as caractersticas da pista. - Amortecedores: coloco os 4 ajustes (fast/slow) no nvel 3 em todos os pneus. - Altura do carro: no mnimo - Molas: o mais macio possvel (valores mnimos)

    2. Motor e Cmbio>Trocas de Marchas

    Aps deixar o setup conforme as recomendaes do tpico anterior, os primeiros itens do setup que comeo a analisar e ajustar so o motor, cmbio e abertura do radiador. Conforme mostra a figura acima, essa tela do projeto ajudar a interpretar, principalmente, os ajustes da relao de marchas. Os ajustes de abertura do radiador tambm podem ser analisados nessa aba atravs da temperatura do leo e da gua do motor, porm, esse tipo de ajuste pode ser feito de forma mais simples e com a mesma preciso, atravs da prpria medio de temperaturas que o jogo oferece.

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    Antes de iniciar a anlise dessa tela importante ter o conhecimento das especificaes do motor do carro que est sendo utilizado. Ao selecionar o carro no GTR2, na aba Showroom, clique em Technical Specifications e anote em qual giro o motor do carro que est utilizando atinge sua POTNCIA MXIMA e seu TORQUE MXIMO. Conforme mostra o exemplo da figura abaixo, no Chrysler Viper GTS-R, a sua Potncia Mxima (Horsepower = 655 HP) alcanada aos 6200 RPM e seu Torque Mximo (Torque = 800 N/M) aos 4500 RPM. Grave bem esses giros do motor do seu carro, pois servir de base para suas anlises.

    2.1. Ajustando a relao de marchas

    Para ter um cmbio bem ajustado, com uma boa relao de marchas, recomendo que primeiro faa o ajuste da 6 marcha, juntamente com a escolha da asa traseira. O ideal que ao final do trecho de maior velocidade da pista, seu motor esteja o mais prximo possvel desse Giro de Potncia Mxima especificada (Horsepower), sem deixar de considerar uma tolerncia de 100 giros, para mais ou para menos. Para escolha da asa traseira, procure encontrar inicialmente valores que deixem o carro com a melhor velocidade final possvel, mas sem comprometer a dirigibilidade nos trechos mais sinuosos da pista.

    No exemplo do Viper, conforme a tolerncia citada acima, o giro no trecho final atingindo entre 6100 a 6300 RPM seria o indicativo de uma boa regulagem de 6 marcha. Para esta pista utilizei 8 na asa traseira. Veja na figura abaixo, na reta oposta de Adelaide, o giro mximo alcanado no trecho de maior velocidade da pista foi de 6294 RPM. Ao lado, o registro dos giros mnimo, mximo e mdio que o motor atingiu durante a volta. Ao visualizar esta tela, apertando a tecla M ser possvel habilitar ou desabilitar esses dados.

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    Perceba que o giro mximo registrado durante a volta nem sempre ser o giro que o motor atingiu ao final do trecho de maior velocidade. Isso pode ter sido causado por uma demora ao trocar alguma marcha, ou em um salto da pista onde o pneu girou em falso, ou at mesmo em uma reduo de marcha rpida.

    Aps definir a 6 marcha, fao o ajuste da 1 marcha. O acerto ideal aquele que fique o mais prximo possvel da 2 marcha e de forma que o piloto tenha a melhor trao possvel nas largadas. At mesmo quando a pista exige o uso da 1 marcha em alguma curva fao o ajuste como citei anteriormente.

    Caso a pista no exija uso da 1 marcha em alguma curva de baixa, a 2 marcha passa a ser minha referncia nas curvas mais lentas da pista. Nesse caso, o ponto ideal quando consigo ter um carro que aponte bem para entrada/contorno e que ao terminar a sada da curva o motor esteja no giro ideal para trocar de marcha, ou seja, aproveitando todo o torque e potncia do motor nas retomadas. No Item 3, deste Mdulo 1, veremos como analisar se esse ajuste est bem regulado atravs da anlise do histograma do motor.

    Pois bem, definido o tamanho da marcha mais lenta e da mais rpida utilizada durante a volta, inicialmente ajusto de forma visual a relao das marchas que esto entre elas, com um espaamento proporcional, usando os grficos da marcha que so mostrados l na garagem do setup.

    Veja nas figuras abaixo, conforme mostram as linhas amarelas, como o ideal que o incio do giro da prxima marcha sempre igual ou maior do que a marcha anterior. Alm da tela de setup do carro no jogo, esse escalonamento tambm pode ser visualizado como ocorreu na prtica, na aba do Motec que estamos analisando, Motor e Cmbio > Trocas de Marchas. Veja tambm no exemplo abaixo como a telemetria informou a leitura da regulagem de marchas dada no grfico do setup.

    Nessa mesma tela, o consumo de combustvel da seqncia de voltas tambm fica registrado, sempre informando quantos litros o carro usou por volta. Cuidado com esta medio, pois se o carro ficou parado na pista em algum momento da seqncia de voltas, ou em um ritmo diferente do normal, esse consumo pode dar menor do que o real, e acabar sendo uma medio equivocada.

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    2.2. Anlises de casos e interpretaes

    Se na telemetria o giro do motor, no trecho mais rpido da pista, ficou acima do RPM ideal de Potncia Mxima (Horsepower), sinal que a relao de marchas pode estar curta, com isso o carro est consumindo mais combustvel, desgastando mais o motor e deixando de aproveitar giro que poderia lhe oferecer maior velocidade final. Se o contrrio acontecer, sinal que sua relao de marchas est com a 6 muito longa.

    3. Motor e Cmbio > Mapa de Giros e Temperatura

    Nessa tela, a principal anlise a ser feita se o motor est sendo aproveitado dentro de sua capacidade especificada, ou seja, se est sendo utilizado ao mximo o seu giro de torque e de sua potncia mxima. Baseado nisso, tambm podemos tirar algumas concluses de como ser o desgaste do motor, alm de anlises de como ajustar o diferencial do carro.

    A interpretao desse histograma do motor foi uma das mais complicadas e complexas de serem entendidas. Porm, com as experincias prticas que fui tendo com vrios carros e pistas do GTR2, comecei a perceber uma grande coincidncia entre os grficos das voltas mais rpidas que fazia e consegui chegar a algumas concluses.

    Veja no exemplo da figura abaixo. o histograma do motor da mesma volta antes analisada no Item 2 deste Mdulo do guia, correndo com o Viper, em Adelaide. Primeiramente, lembro que a altura das barras, no grfico, significa a proporo do tempo que o motor trabalhou naquela faixa de giro durante a volta analisada, portanto, quanto mais alta, maior o tempo que o motor trabalhou naquele determinado giro.

    As cores significam o percentual do curso de acelerador que est sendo utilizado quando o motor est naquela faixa de giro, assim, quanto maior a variedade de cores dentro de uma barra significa que maior foi o trabalho do piloto com o pedal do acelerador durante aquela faixa de giros. Quanto maior o nmero de barras coloridas, maior foi o tempo que o piloto demorou para alcanar a acelerao plena.

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    Considero este histograma abaixo muito prximo do que seria o ideal para as especificaes do motor do carro utilizado (Viper) e nos prximos tpicos justificarei.

    3.1. Entendendo o aproveitamento do TORQUE do motor (retomadas)

    Ainda observando a figura acima, perceba que no Giro de Torque Mximo, do carro que foi utilizado, quando a cor vermelha vai comeando a aparecer em maiores propores no grfico (acelerao plena) e tambm quando a variedade de cores (aproveitamento do curso do acelerador) na barra do grfico diminui. Percebam tambm que essas barras com predominncia vermelha seguem altas at o Giro de Potncia Mxima do motor que estava sendo utilizado. Atravs dessas observaes ao comparar vrios histogramas, surgiu a minha primeira concluso.

    Para extrair a melhor performance do motor, o ideal que o mesmo trabalhe durante a volta, o maior tempo possvel em acelerao plena dentro da janela de giros ideal, que vai do Giro de Torque Mximo at o Giro de Potncia Mxima do carro que est sendo utilizado, e que o trabalho com o curso do acelerador seja usado apenas at o Giro de Torque Mximo.

    Ainda analisando o aproveitamento do torque do motor, veja que acima do Giro de Torque Mximo, a variedade de cores dentro das barras diminui (praticamente apenas vermelho e azul), ou seja, a partir do Giro de Torque Mximo quando o piloto deve comear a ter maior parte do tempo trabalhando com 100% de acelerao no pedal e de forma mais rpida possvel, ou seja, nessa faixa de giros, o piloto s deve estar com acelerao plena (cores vermelhas nas barras) ou sem usar o acelerador (devido a frenagens e redues, cor azul), e trabalhando o mnimo possvel com o curso do acelerador.

    O contrrio tambm acontece. Perceba que do Giro de Torque Mximo para baixo, a variedade de cores nas barras grande, ou seja, at este giro aceitvel que o piloto esteja trabalhando com o curso do pedal do acelerador. Porm, dele em diante, o carro j deve tentar estar com acelerao plena, para subir o giro o mais rpido possvel at a outra extremidade do grfico, que nos mostra o Giro de Potncia Mxima do motor. Ao fazer isso, automaticamente o motor tende a trabalhar maior tempo possvel com sua acelerao plena e dentro dessa faixa de giros de torque e de potncia mxima.

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    De fato isso faz sentido, pois se o torque mximo do carro ocorre em um determinado giro, justamente at ele que devo usar o curso do pedal do acelerador, justamente o momento em que o piloto precisa ter maior percia nas retomadas. Assim sendo, reforo que desse Giro de Torque Mximo em diante, no ideal e nem faz mais sentido o piloto ainda estar trabalhando tanto com o curso do acelerador, pois um indicativo de que o carro est desequilibrado ou sem aderncia suficiente para as retomadas serem feitas de forma rpida, causado por um ajuste inadequado da suspenso, ou dos pneus, ou da prpria relao de marchas.

    Portanto, do Giro de Torque Mximo em diante, o ideal que o histograma mostre que o piloto j atingiu 100% de curso de acelerador. Para que tudo isso ocorra fundamental obter um bom ajuste da relao de marchas. Ao conseguir fazer isso, o histograma do motor e a maneira como o piloto est usando o acelerador, sero os indicativos de que o carro est bem equilibrado em todos os aspectos e far com que o carro consiga atingir voltas rpidas.

    Certamente, esse o principal objetivo de todos os pilotos e que tem uma frmula bem conhecida por todos: passar o maior tempo possvel com o mximo de curso do acelerador e dentro da faixa de giros especificada, utilizando o traado mais curto possvel e sem que o carro perca aderncia.

    3.1.1. Anlise de casos

    Situao: na figura abaixo, segue o exemplo de uma volta feita com o Corvette C5, na pista de Sandown, ainda com os ajustes da relao de marchas em default. Veja que a telemetria indica que a cor vermelha no grfico comea aparecer nas barras ABAIXO do Giro de Torque. Quando analisamos o Giro da Potncia Mxima, observamos tambm um excesso de giros de motor sendo utilizado com freqncia durante esta volta.

    Interpretao: antes do torque mximo o motor j est em acelerao plena, o que pode ocasionar um carro com retomada lenta e espaos grandes entre as trocas de marchas. O que est acontecendo que o piloto est conseguindo dar 100% de acelerador (cor vermelha aparecendo) de forma mais rpida e, possivelmente, sem que os pneus traseiros destracionem devido ao baixo torque aplicado s rodas.

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    Entretanto, isso no est sendo benfico, pois nesse momento o torque mximo do motor no est sendo usado, o giro est abaixo do ideal para extrair todo torque do motor, e com isso o piloto deixa de aproveitar a fora do motor, tendo pouca retomada e perdendo tempo. Dessa maneira, est demorando mais tempo para elevar o giro do seu motor at o Giro de Potncia Mxima e, possivelmente, prejudicando a sua velocidade final e o seu tempo de volta. Outro detalhe que o motor estar trabalhando com giro acima do mximo especificado, conforme mostra a barra alta aps os 6200 RPM.

    Possveis diagnsticos e causas:

    - Relao de marchas curtas, o carro se aproxima e contorna a curva com giros altos, porm com extrema dificuldade do piloto trabalhar o pedal do acelerador no momento da reacelerao, tendo dificuldade em atingir a acelerao plena dentro da faixa de giros de torque e potncia (5200 a 6200 RPM).

    - Escolha de marcha indevida em algum trecho da pista, fazendo o carro sair com acelerao plena, porm, com giro abaixo do ideal, implicando em um baixo aproveitamento do torque do motor.

    - Alongando demais as trocas de marchas, fazendo com que o motor deixe de aproveitar a velocidade final, pois ao passar do giro mximo, o mesmo perde potncia e, conseqentemente, perde tempo.

    - Um possvel desequilbrio no acerto de suspenso e no diferencial pode ter deixado o carro com pouca aderncia e mais arisco. A acelerao plena s ocorreu com predominncia a partir da faixa dos 5400 RPM. O piloto s consegue ter mais conforto com a acelerao plena a partir dos 6000 RPM, pois as barras com apenas azul e vermelho, s aparecem a partir desse giro.

    3.2. A influncia dos ajustes de diferencial: um enigma a ser decifrado

    Com relao ao diferencial, certamente o mesmo deve influenciar diretamente nesse histograma do motor. Porm, o que sei at hoje so hipteses e suposies.

    Possivelmente, essa influncia no histograma deve ocorrer entre o incio da acelerao at o ponto em que o piloto consegue atingir a acelerao plena. A velocidade com que o piloto consegue atingi-la (ter menos variedades de cores nas barras conforme o giro aumenta) sem o carro destracionar e usando o giro do torque mximo do motor so algumas anlises a serem feitas quando tentamos decifrar esse enigma.

    A quantidade de cores azul nas barras e a altura que elas atingem (momento de frenagens e reduo), possivelmente, tambm devem nos indicar algo a respeito do ajuste de coast e preload do diferencial.

    Contudo, o fato que ainda no consegui tirar concluses mais precisas de como esse ajuste no diferencial influencia diretamente no desenho das barras e nas cores desse grfico, tudo que tenho ainda so meras suposies. O que sei que entendendo melhor os conceitos dos ajustes

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    de power, coast e preload, e vendo esse grfico, certamente possa ser tirada algum conceito mais preciso. Seria o caso de com um mesmo ajuste de marchas, suspenso e pneus, e em uma pista com o mesmo clima, ir mudando os ajustes no diferencial, testar vrias vezes e comparando os histogramas traados pela telemetria. Fica aqui a minha sugesto e desafio para aqueles que gostam de testes e, quem sabe, encontrarmos dicas para criarmos um novo mdulo do guia, falando sobre o diferencial.

    Mas para o tpico no ficar sem dicas sobre o assunto, sempre bom lembrar alguns conceitos sobre o diferencial. O power a fora que o diferencial transfere do motor para as rodas durante a acelerao. O coast essa mesma fora, s que durante as redues. E o preload, o ajuste do quanto o seu acelerador ser responsivo com cerca de 30 a 40% de uso do pedal de acelerador. No setup do power e do coast, quanto maior os valores em percentuais, mais fora estar sendo transmitida para as rodas e, no preload, quanto maior o valor, mais responsivo ser o acelerador.

    3.3. Entendendo o aproveitamento da POTNCIA do motor (velocidade final)

    Ainda analisando o mesmo histograma, perceba que nessa volta ainda houve um excesso de uso nos giros do motor, tendo uma barra com tamanho considervel aps o Giro de Potncia Mxima. Isso pode ser ocasionado por alongar demais os giros para trocar as marchas, o que pode ser analisando em conjunto na aba que analisamos anteriormente, no Item 2 deste Mdulo 1. Ou esse excesso de giros, tambm pode ser ocasionado por uma relao de marchas curta, ou at mesmo por redues de marchas rpidas demais.

    O ideal que as barras mais altas do grfico estejam o mais prximo possvel do Giro de Potncia Mxima, e que acima deste giro, a barra diminua de tamanho ao menor possvel. Portanto, recomendvel que esse excesso de giros no acontea, pois um indicativo de que o motor esteja sofrendo um maior desgaste, consumindo mais combustvel e aproveitando giros de maneira errada. Contudo, para uma sesso de qualify, pode ser vlido se o tempo da volta mais rpida foi atingido desta maneira, assim, o tempo de volta ser o critrio adotado no caso de um qualify e no o grfico.

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    J na figura abaixo, um exemplo tpico de relao de marchas reguladas de forma indevida ou de uma pilotagem longe do limite do carro, deixando de aproveitar a performance do motor e prejudicando o tempo de volta. Comparem com a figura acima e percebero bem a diferena entre um setup de marchas que aproveita corretamente a faixa de giros do motor e outro que fica completamente fora do ideal.

    bvio que tambm temos que considerar que no exemplo abaixo ainda eram as primeiras voltas na pista de Sandown com o Viper, portanto a pista ainda estava sendo desbravada, alm de estar com o setup padro do carro para a pista.

    A princpio fica fcil perceber os erros no ajuste da relao de marchas, pois o excesso de giros considervel. Porm, o defeito mais evidente no grfico com relao a variedade de cores que aparecem nas barras. Perceba que o uso do curso do acelerador (barras com maior variedade de cores) ocorre em vrias faixas de giro at atingir a acelerao plena, praticamente de 3400 RPM at os 5000 RPM, e somente aps esse giro que a acelerao plena comea a predominar, o que comprova a dificuldade em trabalhar com o acelerador da retomada inicial at a acelerao plena.

    Portanto, esse um outro exemplo de erro no setup de marchas que o histograma acusa, comprovando que o motor est sendo usado fora da sua faixa ideal de giros de torque e de potncia, prejudicando assim o tempo de volta. Alm de um setup de marchas indevido, outro motivo que pode ter ocasionado isso o pouco conhecimento do piloto com relao aos limites do carro com a pista, fazendo com que o mesmo guie de forma mais cautelosa e no sinta conforto em usar o acelerador da forma rpida e agressiva, como deveria ser para conseguir ser rpido.

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    3.4. Concluso a respeito do histograma do motor

    Finalizando essa anlise geral do motor e cmbio, a concluso que cheguei, conforme as experincias que tive ao comparar os grficos das minhas voltas mais rpidas, em diversas pistas e com diversos carros, que o histograma traado pelo motor um excelente indicativo como o cmbio est ajustado e como o piloto est aproveitando o limite do motor do carro.

    Assim, quando a anlise do histograma do motor feita de maneira correta, permite ao piloto extrair o mximo de performance do motor do carro, desde o torque at sua potncia mxima. Porm, bom lembrar que a variao no formato do histograma ocorrer de forma mais evidente conforme as pistas e os carros utilizados, o importante saber as especificaes do motor do carro utilizado para poder trabalhar o maior tempo possvel dentro da faixa de giro ideal de torque e potncia mxima.

    De uma forma resumida, a anlise do histograma do motor permite saber se o piloto est aproveitando a melhor relao entre retomada e velocidade final, os quais refletem diretamente no seu tempo de volta. O mesmo tambm permite uma breve avaliao se o carro est permitindo ao piloto uma guiada com bom equilbrio e aderncia, indicando se o piloto est conseguindo aproveitar da melhor forma possvel o uso do curso do acelerador, diferencial e os giros do motor durante toda volta.

    Na maioria dos casos, com uma relao de marchas bem ajustada e com um motor sendo utilizado dentro de seus giros especificados, o ganho de tempo ser perceptvel, acreditem.

    Por fim, espero que tenha conseguido passar de forma clara o contedo que, infelizmente, complexo e dificulta explicaes objetivas. Qualquer dvida a respeito desse mdulo, podem me contactar pelo MSN. Sugiro que, aps essa leitura, testem e tirem tambm suas concluses.

    Um abrao a todos e at o Mdulo 2: Pneus

    Marcos Gomes