módulo i - metodologia da pesquisa e da produção científica
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Metodologia da Pesquisae da Produção Científica
Brasília-DF, 2007.
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Elaborado por:
Magda Maria de Freitas Querino
Maria Teresa Caballero Brügger
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB / GIPTODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcialdeste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, inclusive porprocessos xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão expressa e porescrito do CETEB.
VERSÃO 2_2007
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Apresentação..............................................................................................................................
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Construção do parágrafo e características da linguagem acadêmica...............................................
Arte de redigir.........................................................................................................................
TextoA: Estrutura do parágrafo..............................................................................................
Texto B: Aspectos sintáticos, morfológicos e semânticos.............................................................
Unidade I - INTRODUÇÃO AOS TIPOS DE CONHECIMENTOS E AS PRÁTICAS DE ESTUDO
Apresentação de trabalhos acadêmicos...............................................................................
Sou a palavra e te convido...................................................................................................
Texto Único: Estrutura e apresentação gráfica de trabalhos acadêmicos........................................
Modalidades de trabalhos acadêmicos.................................................................................
A palavra.........................................................................................................................
Análise e síntese de textos diversos.....................................................................................
Unidade II - PESQUISA: UM PROCESSO COMPLEXO
Texto A: O conhecimento: alguns vertentes .....................................................................
Texto B: Pesquisa: o começo de tudo....................................................................................
Texto C: O relatório de pesquisa com cara de artigo científico.....................................................
Sumário
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Caro(a) aluno(a),
Bem vindo(a) à disciplina “Metodologia da Pesquisa e da Produção Científica”!
Este é o nosso “Caderno de Estudos”, material elaborado com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de
seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos acerca da Metodologia da Pesquisa e da Produção
Científica.
Essa disciplina tem como objetivo conhecer e analisar concepções e métodos de pesquisa em educação, visando ao
desenvolvimento de um olhar científico e investigativo para a criação e elaboração de um projeto de pesquisa,
priorizando temas relacionados ao seu curso.
A carga horária dessa disciplina é de 40 horas. Durante esse tempo, estaremos interagindo por meio do Ambiente
Colaborativo de Aprendizagem, no qual você encontrará todas as orientações acerca das atividades relativas a essa
disciplina.
Lembre-se de que, em um curso de educação a distância, você é sujeito de sua própria aprendizagem. Portanto,
sugerimos que elabore um planejamento de modo a disponibilizar, no mínimo, dez horas semanais para realização
dos seus estudos. Vale ressaltar a importância de se observar a data limite de cada atividade, pois, até o final da
disciplina você deverá entregar ao seu tutor os trabalhos avaliativos que se encontram em folha anexa.
Neste “Caderno de Estudo” serão abordados os seguintes conteúdos: Fundamentação Teórica e Prática em
Metodologia Científica, A construção do texto acadêmico; Normas técnicas; Conceituação de projeto de pesquisa e
monografia; Delimitação e desenvolvimento de um tema relacionado ao seu curso e elaboração de anteprojeto de
monografia.
Esses conteúdos estão organizados em unidades de estudo e serão abordados por meio de textos básicos e de
leituras complementares. Ao longo dos textos básicos você encontrará questões para reflexão. Indicamos, também,
fontes de consulta para aprofundar os estudos.
Esperamos que você aproveite ao máximo os temas abordados nessa disciplina.
Um bom trabalho!
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CONSTRUÇÃO DO PARÁGRAFO E CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM ACADÊMICA
“Falamos e escrevemos para expressar a vida, comunicar o vivido, fecundar o presente, gestar o futuro.”(Severino Barbosa e Emília Amaral)
ARTE DE REDIGIR
Não é apenas em Matemática que se efetuam demonstrações: todos os dias, na vida, nós temos de demonstrar porobras, palavras ou escritos, alguma coisa: a nossa inocência, a nossa justiça, a nossa verdade, a nossa virtude, acapacidade do nosso trabalho etc. Todas essas demonstrações se fazem com palavras, mas não são palavras loucasou desordenadas: com palavras bem raciocinadas e bem ordenadas a um fim determinado.
Serão vãs, inúteis e até contraproducentes todas as expressões que não sejam devidamente escolhidas e conduzidas.
Aqueles que escrevem consideram sempre, ao pegarem na pena, o mecanismo lógico e as regras a que deve obedeceruma demonstração? Sabem, porventura, formular uma hipótese? Sabem estabelecer, com rigor, uma indução oudedução? Sabem estabelecer a analogia? Distinguem um axioma de um postulado? (...)
Quando não pensa bem, o homem erra; quando não pensa bem, o homem escreve mal. O erro mental transforma-senaturalmente num erro de escrita. Ainda que um homem saiba todas as regras de Gramática, não poderá redigircorretamente, se ignorar as leis básicas da Lógica.
A construção da frase não é tudo; para além dela há a considerar a expressão e a alma das palavras, a perfeição dosraciocínios, o escrúpulo das demonstrações e o rigor das conclusões.
O homem não deve se escravizar nem ao culto da palavra, que degenera em vão psitacismo; nem ao culto exclusivoda idéia que arrasta o ser humano para o geometrismo do espírito e para o logicismo deformador que afastam davida e das realidades.
Para pensar e para escrever bem, torna-se ainda indispensável que o indivíduo saiba tirar de si próprio tudo quantoo seu espírito lhe pode proporcionar. A meditação é essencial ao escritor porque constitui um mergulho no seupróprio inconsciente.
Gonçalves Viana
O autor faz-nos refletir sobre a importância da escrita na nossa vida; enfatiza anecessidade de se conjugar regras gramaticais e leis da lógica para possibilitara meditação, a reflexão, o pensar. Assim, ao produzir trabalhos acadêmicos –exposições, por escrito, sobre temas discutidos em disciplinas de cursos degraduação ou pós-graduação, nos diversos níveis – devemos aplicar acompetência específica.
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TEXTO A: ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
Somos seres sociais, portanto, necessitamos comunicar nossas idéias e sentimentos. Para tanto, utilizamos alinguagem oral ou escrita.
Na oral, a comunicação efetiva-se com mais facilidade, pois lançamos mão de vários recursos extratextuais como osgestos, as expressões faciais e outros meios que facilitam a interação entre emissor e receptor.
Na escrita, não contamos com esses recursos. Para que um texto seja bem sucedido, deve ser um todo harmonioso,em que partes denominadas parágrafos, se entrelaçam.
O parágrafo, então, constituirá um elemento básico na estruturação de um texto, pois “facilita ao escritor a tarefade isolar e depois ajustar convenientemente as idéias principais da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhe o desenvolvimento nos diferentes estágios”. (Othon M. Garcia)
Observe como o texto é realmente um todo significativo, elaborado em partes que se entrelaçam.
Aceleração da Aprendizagem
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Uma proposta pedagógica de aceleração da aprendizagem necessita resgatar teorias educacionaisbem-sucedidas e conjugá-las na prática pedagógica em favor dos alunos. Não se trata, portanto, de dogmatismosteóricos e, sim, de ecletismo responsável e conseqüente.
Destaca-se, nesse conjunto de princípios referenciais, o fortalecimento da auto-estima dos alunos,para acelerar a aprendizagem daqueles que apresentam defasagem idade-série.
O trabalho voltado para o fortalecimento da auto-estima começa por aquele olhar novo, vivificador,estimulador de todos os agentes da escola sobre os alunos, sobre todos os alunos. Mas, efetivamente, deve configurar-se em ações concretas, consistentes e coerentes, no sentido de desmontar qualquer sentimento de inferioridade emtermos de aprendizagem, pela construção de uma prática de sucessos constantes.
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Assim essa auto-estima será reconstruída pela própria via da aprendizagem. Isso significa que, nocontexto do próprio processo pedagógico de desenvolvimento dos conteúdos escolares, o aluno pode elevar seuautoconceito, sentido-se cada vez mais seguro para participar, questionar, refutar, argumentar, analisar, decidir.
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(Texto adaptado – Nilcéa Lopes Lima dos Santos)
O texto-modelo compõe-se de 4 parágrafos, indicados por um afastamento da margem esquerda da folha.
Atualmente, com o advento da informática, passou-se a usar o parágrafo americano que não mais apresenta oafastamento da margem, porém se destaca no corpo do texto, apenas por um espaço maior entre um parágrafo eoutro.
Pode-se dizer que o parágrafo é uma unidade redacional. Serve para dividir o texto, que é um todo, em partes
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menores, tendo em vista os diversos enfoques.
O texto-modelo, por exemplo, distribui assim as suas idéias.
No 1o parágrafo, observa-se a idéia principal – apresentação das características de uma proposta pedagógicaespecífica.
No 2o e 3o parágrafos constata-se o desenvolvimento da idéia principal:
• 2o parágrafo – exposição de um dos princípios que fundamentam a proposta: fortalecimento da auto-estima;
• 3o parágrafo – detalhamento do que significa o fortalecimento da auto-estima.
No 4o parágrafo, tem-se a conclusão da idéia principal – auto-estima elevada propicia segurança no processo deensino-aprendizagem.
Da mesma forma que o texto, o parágrafo também se estrutura em idéia principal, desenvolvimento e conclusão. Oparágrafo, em escala menor, distribui as partes pelos períodos que o compõem.
Segundo Othon M. Garcia, o parágrafo se constitui por um ou mais períodos, em que se desenvolve determinadaidéia central ou principal ou nuclear ou tópico frasal, a que se agregam outras secundárias, relacionadas pelo sentidoe decorrentes dela.
Essa divisão, às vezes, corresponde mais ao aspecto semântico (de significação) do que propriamente ao aspectosintático (de estrutura frasal).
Ao analisar o terceiro parágrafo do texto citado, observa-se a seguinte estrutura.
a. Idéia principal: “O trabalho voltado para o fortalecimento da auto-estima do aluno começa por aquele olharnovo”...
b. Desenvolvimento: “...vivificador, estimulador de todos os agentes da escola sobre os alunos, sobre todos osalunos. Mas, efetivamente, deve configurar-se em ações concretas, consistentes e coerentes...”
c. Conclusão: “... no sentido de desmontar qualquer sentimento de inferioridade em termos de aprendizagem, pelaconstrução de uma prática de sucessos constantes.”
Evidentemente, não pode haver moldes rígidos para a construção do parágrafo, que depende, em grande parte, danatureza do assunto, do gênero de composição, das preferências de quem escreve, e, até (ainda menos freqüentemente)de certo arbítrio pessoal.
Mas tal possibilidade de variação não impede que se recomende aos estudantes aquele tipo de estrutura que asseguraa unidade e a coerência do parágrafo.
Para alcançá-las, faz-se necessário não fragmentar, em blocos distintos, o conjunto constituído pela idéia-núcleo esuas ramificações. Daí, decorre, naturalmente, não ter importância maior a extensão do parágrafo, que pode constaraté de uma só linha, ou estender-se por um número maior de linhas.
Assim, o parágrafo apresenta três partes: a idéia principal, o desenvolvimento e a conclusão.
IDÉIA PRINCIPAL
A idéia-núcleo encontra-se, de modo geral e sucinto, no que se chama idéia principal. Via de regra, o tópico frasalsitua-se no início do parágrafo, mas, algumas vezes, por motivos estilísticos, desloca-se dessa posição inicial. Podeocorrer, também, que se dilua no parágrafo.
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A idéia principal pode constar de uma declaração, uma pergunta, uma definição ou conter uma divisão.
• Declaração (afirmativa, negativa, duvidosa)
Ex.: Nenhuma comunidade lingüística pode se considerar composta de indivíduos que falam umalíngua em todos os pontos idênticos.
• Pergunta
Ex.: Será que a violência ignora que muitas vezes não lhe cabe outro destino do que o do bumerangue,voltando ao ponto de partida, com efeito oposto ao do arremesso com que partiu?
• Definição
É o método freqüente na linguagem didática.
Ex.: Os pulsares são estrelas que, dentro de uma fantástica periodicidade, emitem fortes lampejos deenergia.
• Divisão
Predomina, também, no discurso didático.
Ex.: A cadeira de Língua Portuguesa da 1a série divide-se em duas partes: LP I, em que se ensinamnoções de gramática, e LP II, em que se prioriza o estudo de textos.
DESENVOLVIMENTO
Consiste no desdobramento da idéia principal, na sua explanação no parágrafo.
Há diversas modalidades de desenvolvimento de parágrafo. Seguem as mais significativas.
• Definição
– Essencial
Localiza-se o termo a ser definido no gênero a que pertence e identifica-se a diferença específica do termo em relaçãoaos demais gêneros.
Ex.: Muitas vezes as pessoas fazem do hedonismo a sua meta existencial (idéia principal). Hedonismoé a doutrina filosófica que faz do prazer a finalidade da vida.
Observe que é como se se perguntasse: o que é hedonismo? É uma doutrina filosófica (gênero). Qualquer doutrinafilosófica é hedonismo? Não, apenas a que faz do prazer a finalidade da vida (diferença específica).
– Descritiva
Fornece características distintivas do termo definido.
Ex.: PATHOS é o drama, o drama humano (idéia principal). Portanto, é a vida, a ação, o conflito dodia-a-dia gerando conhecimentos. Mesmo na comédia temos o pathos do humor.
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• Fundamentação
Faz-se uma declaração e o desenvolvimento trata do porquê dessa declaração.
Ex.: Nesta busca, que chamamos de filosofia muitos caminhos foram trilhados (idéia principal). Sãoas diversas escolas, tendências, correntes filosóficas históricas. Desse modo podemos dizer,para fugir do essencialismo, que não há a Filosofia, mas filosofias, no plural, situadashistoricamente e levadas a cabo por homens concretos nas possibilidades condicionadas de seutempo. (César Aparecido Nunes. Aprendendo filosofia, Campinas: Papirus.)
• Enumeração
Ex.: Nenhuma comunidade lingüística fala sua língua uniformemente (idéia principal). Haverá semprevariações concernentes à idade dos falantes, à região que ocupam dentro da comunidade e àsclasses sociais que representam.
• Exemplificação
Ex.: Certas palavras têm o significado errado (idéia principal). “Falácia”, por exemplo, devia ser onome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suasvariedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa falácia negra.
(Luiz Fernando Veríssimo. O analista de Bagé. São Paulo: Círculo do Livro).
• Confronto (comparação e contraste)
Permite que se fale sobre dois ou mais referentes, procurando os pontos comuns (semelhanças) ou pontos divergentes(diferenças) entre eles.
Ex.: O sertanejo é, antes de tudo, um forte (idéia principal). Não tem o raquitismo exaustivo dosmestiços neurastêmicos do litoral.
(Euclides da Cunha)
• Causa e/ou efeito
Demonstra o que gerou um fato e o que resultou de tal fato.
Ex.: Os candidatos ficaram insatisfeitos (idéia principal). A quebra do sigilo provocou a anulação daprova.
Causa e efeito podem estar simultaneamente em um mesmo parágrafo ou aparecerem separados.
Deve-se observar que, algumas vezes, um fato é gerado por mais de uma causa.
É, também, necessário frisar que nem sempre é fácil separar causa e conseqüência, por exemplo: a televisão é acausa do aumento da violência, ou a violência na televisão é a conseqüência do aumento da violência na sociedade?
• Alusão histórica
É tipicamente um desenvolvimento analógico, muito usado em parágrafos dissertativos. Antes de introduzir o tópico,desenvolve-se uma idéia análoga registrada na história cultural. Algumas vezes toda a alusão pode constituir-se emum parágrafo.
Ex.: “Já não me lembro quem disse esta frase, mas foi, com certeza, alguém muito conhecido. Talveztenha sido o próprio Abraham Lincoln. Disse ele: ‘Pode-se enganar todas as pessoas algum
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tempo... Mas não se pode enganar todas as pessoas todo o tempo’ (idéia principal).”
Algumas vezes, a alusão tem caráter mais popular. Nesse caso, a idéia analógica pode ser introduzida por umaanedota ou piada.
• Narração
Ex.: Numa dessas noites tive um sonho que acabou em pesadelo (idéia principal). Sonhei com o meutio Juan. Não cheguei a conhecê-lo, mas imaginava-o com feições de índio, forte, de bigode raloe cabelo comprido. Íamos para o Sul, entre grandes pedreiras e mato bravo, mas essas pedreirase esse mato eram também a Rua Thames. No sonho o sol estava alto. Tio Juan ia vestido depreto. Parou perto de uma espécie de palanque, num desfiladeiro. Tinha a mão debaixo dopaletó, à altura do coração, não como quem está para puxar uma arma, mas como quem a estáescondendo. Com uma voz muito triste me disse: Mudei muito. Foi tirando a mão e eu vi que erauma garra de abutre. Acordei gritando no escuro.
(Jorge Luís Borges. História universal da infâmia e outras histórias. Tradução de Hermildo BorbaFilho. São Paulo: Círculo do Livro.)
• Descrição
Ex.: A sala estava uma desordem (idéia principal). As cadeiras haviam sido viradas de pernas paracima. Dois tapetes pequenos estavam sobre o sofá, que fora arrastado para perto da porta. Porfim, copos, pratos e talheres usados rodeavam duas revistas abertas no chão.
• Misto
Combinam-se diferentes tipos de desenvolvimento.
Ex.: Os incentivos classificam-se em essenciais e acidentais (idéia principal). Os essenciais obrigam oindivíduo a uma atividade para salvar a sua sobrevivência. Os acidentais recomendam umaatividade porque se ligam à sensação de agradável. O encontro com uma onça na floresta: avisão da fera à pequena distância e avançando contra nós é um incentivo essencial. Algumaatividade é necessária para salvarmos a vida. A visão de um cartaz de coca-cola é um incentivoacidental: essa bebida é perfeitamente dispensável, embora seja agradável ao paladar de muitosindivíduos.
(Adaptado)
Utilizou-se, no exemplo, desenvolvimento por enumeração e exemplificação.
CONCLUSÃO
Arremata o parágrafo, dá fecho lógico ao desenvolvimento.
Às vezes os parágrafos conclusivos dispensam o arremate lógico, a conclusão, como o que se segue.
Mas o tempo é o melhor remédio para curar desavenças (idéia principal). Com o passar das madrugadas, eles foramse entrosando, se entendendo e tornaram-se amigos. Chegavam, inclusive, a dividir responsabilidades, um tirandoserviço para o outro, quando a clientela aumentava (desenvolvimento). (Luiz Puntel. Não agüento mais esse regime.São Paulo: Ática)
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O parágrafo, a seguir, denomima-se parágrafo padrão pela estrutura apresentada. Confira.
O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o desaparecimento de muitacoisa interessante (idéia principal). Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem dasplantas das florestas e três quartos foram colhidas a partir de informações de povos indígenas. Na área da educação,a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas com a linguagem grega por suariqueza estrutural – possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado (desenvolvimento).Permanece a questão de como ficará o índio num mundo globalizado, mas pelo menos já se sabe o que é preciso fazer(conclusão).
Os parágrafos requerem certos cuidados como a clareza, a extensão, a unidade e a coerência, dentre outros.
De acordo com o estilo atual, o texto expositivo privilegia a ordem direta, a clareza, evitando, assim, parágrafoslongos com excessivos entrelaçamentos de incidentes e orações subordinadas que possam causar dificuldades àanálise e ao entendimento dos leigos. É claro que algumas idéias exigem parágrafos maiores, mas deve haver umequilíbrio entre as idéias que se quer expressar e o desenvolvimento do período.
Por outro lado, não se afigura apropriado ao texto expositivo-argumentativo o “estilo picadinho”, encontrado emnarrativas na moderna literatura como, por exemplo:
“Entrou. Puxou uma cadeira. Sentou-se. Veio o garçom. Pediu café. Serviu-se. Bebeu. Puxou um níquel.Pagou. Saiu.”
Assim como a fala não consiste meramente de uma afirmação após outra, os parágrafos significam mais do queuma simples sucessão de sentenças, ou seja, unidade e coerência.
A unidade consiste em dizer uma coisa de cada vez, omitindo-se o que não é essencial ou não se relaciona com a idéiapredominante no parágrafo.
A coerência diz respeito à relação de causa e/ou conseqüência entre a idéia predominante e as secundárias. Deve-se,portanto, planejar o desenvolvimento das idéias, pondo-as em uma ordem adequada ao propósito da comunicaçãoe interligando-as por meio de conectivos, expressões e partículas de transição (conjunções, pronomes, advérbios,preposições...), porque as transições constituem os principais fatores da coerência.
O liame entre orações e períodos muitas vezes se faz implicitamente, sem a interferência dos conectivos: uma pausaadequada pode ser suficiente para interligar e inter-relacionar idéias.
Ex.: Estou muito preocupado. Há vários dias não recebo notícias dela.
O seguinte trecho peca pela falta de unidade e coerência:
Dizer que viajar é um prazer triste, uma aventura penosa, parece um absurdo. Imediatamente nos ocorrem as dificuldadesde transporte durante a Idade Média, quando viajar devia ser realmente uma aventura arriscada e penosa.
Melhor seria:
Dizer que viajar é um prazer triste, uma aventura penosa, parece absurdo, pois imediatamente ocorrem as inúmerase tentadoras facilidades de transportes, o conforto das acomodações, enfim, todas as oportunidades e atrações quefazem da itinerância tudo menos um prazer triste.
Cada idéia principal deve corresponder a um parágrafo. Considerando este princípio, são dois os tipos de erro deparagrafação.
• Mais de uma idéia principal no mesmo parágrafo, pois elas ficam concorrendo entre si pela ligação com asidéias secundárias, o que dificulta o entendimento do parágrafo.
• Mesma idéia principal em mais de um parágrafo, uma vez que é incorreto mudar de parágrafo enquanto não
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se termina o desenvolvimento de uma idéia.
Assim, faz-se necessário atenção ao expor a idéia principal e o seu desenvolvimento.
Este texto abordou a estrutura do parágrafo, elemento básico para qualquer
tipo de escrita.
TEXTO B: ASPECTOS SINTÁTICOS, MORFOLÓGICOS E SEMÂNTICOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEMACADÊMICA
Sabe-se que toda língua se compõe de quatro diferentes estratos (cada um dos níveis em que se organizam seuselementos): o fônico, o mórfico, o sintático e a semântico.
O fônico refere-se aos sons (fonemas) e às suas várias possibilidades de combinação para a formação dos vocábulos,e a parte da Gramática que o normatiza denomina-se Fonética.
O mórfico refere-se aos vocábulos (palavras, signos lingüísticos), suas estruturas, regras de formação, flexão,conjugação etc, e a parte da Gramática que o normatiza corresponde à Morfologia.
O sintático refere-se às várias formas de se combinar as palavras, de acordo com as estruturas definidas pelalíngua, para se formar as frases, e a parte da Gramática que o normatiza se denomina Sintaxe.
O semântico refere-se à significação resultante da combinação dos três estratos anteriores, o que possibilita acomunicação entre os vários falantes de uma determinada comunidade lingüística, e a parte da Gramática que oanalisa corresponde à Semântica.
Abordaram-se particularidades desses estratos no Curso O Desafio da Escrita: dominando a norma culta, produzidopelo CETEB, 2004.
A linguagem acadêmica exige um emprego escorreito das normas gramaticais e, neste texto, tratar-se-á de algunsaspectos sintáticos, morfológicos e semânticos característicos dessa modalidade de linguagem.
Os principais requisitos da linguagem acadêmica correspondem à correção, à sobriedade e à propriedade.
A correção resulta do domínio da norma culta e da adequada estruturação sintática.
ASPECTOS SINTÁTICOS
Observe alguns aspectos sintáticos exigidos na produção de textos acadêmicos.
• Ponto de vista do discurso
A não ser que o texto acadêmico reflita uma experiência pessoal, em que se admite o emprego da 1a pessoa do plural,como indicativo da humildade intelectual, “nós”, deve-se utilizar um enfoque impessoal: pronomes e verbos na 3a
pessoa do singular e referência à própria pessoa do autor como o “pesquisador” ou o “autor”. Não se usa o discursoem 1a pessoa do singular. Assim, a descrição das ações desenvolvidas pode ocorrer das seguintes formas:
“Realizamos a pesquisa ‘in loco’.”“ O pesquisador visitou os locais indicados…”“ Realizou-se a pesquisa ‘in loco’.”
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Das três formas possíveis, recomenda-se a terceira, uma vez que reflete a impessoalidade do discurso.
As referências ao trabalho ocorrem também de forma impessoal. Deve-se utilizar:
“o presente estudo...”“Este trabalho...” etc.
Exemplos:
“O presente estudo objetiva analisar a influência da política econômica nas decisões de investimento.”
“Neste trabalho, analisa-se a influência da política econômica nas decisões de investimento.”
• Voz verbal
Para se referir às ações realizadas na consecução do estudo, a voz verbal indicada, a passiva sintética, exige acorrespondente concordância entre o verbo e o sujeito passivo.
Exemplos:
O presente trabalho foi realizado no período de agosto de 2002 a julho de 2003 (voz passiva analítica).
Realizou-se o presente trabalho no período de agosto de 2002 a julho de 2003 (voz passiva sintética).Forma adequada ao texto acadêmico
Observe a concordância verbal.
Os dados foram analisados sob o enfoque crítico-social. (Passiva analítica. O sujeito passivo – os dados – encontra-se no plural).
Ao se utilizar a passiva sintética, a mesma frase assume a seguinte estrutura:
Analisaram-se os dados sob o enfoque crítico-social. (Passiva sintética – O sujeito passivo – os dados – no pluralexige que o verbo, apassivado pela partícula se, seja empregado no plural).
Outros exemplos:
Passiva Analítica (Deve-se evitar)
A autenticidade dos dados foi comprovada.
Os trabalhos foram conduzidos com êxito.
A citação é realizada com correção.
Os dados serão computados ao final.
A análise será realizada no decorrer do estudo.
Passiva Sintética (Deve-se preferir)
Comprovou-se a autenticidade dos dados.
Conduziram-se os trabalhos com êxito.
Realiza-se a citação com correção.
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Computar-se-ão os dados ao final.
Realizar-se-á a análise no decorrer do estudo.
• Estruturas frasais
O texto acadêmico, técnico ou científico, deve primar por estruturas frasais corretamente construídas, conforme anorma culta, e elegantemente elaboradas. Isso não significa complexidade nem ininteligibilidade; ao contrário, pressupõecoerência, clareza e concisão.
Quando se refere à correção e à elegância sintáticas, refere-se, na realidade, a cuidados especiais na elaboração dotexto, o que significa que se devem evitar estruturas elementares, características da linguagem oral, coloquial.
Alguns requisitos devem-se observar quanto à fraseologia acadêmico-científica.
A seguir, relacionam-se algumas observações importantes para a construção sintática do texto acadêmico.
– Construção dos períodos
A sucessão de períodos constitui o parágrafo, estudado anteriormente. Cada período corresponde a uma frase,portanto, possui um pensamento completo. As frases constituintes do parágrafo traduzem o desenvolvimento lógicodo pensamento, por isso, aconselha-se que se dê preferência a períodos curtos.
Períodos longos, abrangendo inúmeras orações subordinadas dificultam a compreensão do assunto, tornam o textoconfuso, pesado. Somente aqueles que possuem um completo domínio sobre a norma culta podem utilizar períodosmais complexos.
Observe os exemplos a seguir.
A. “Este trabalho, cujo autor pretende apresentar recomendações de política tecnológica ao governobrasileiro, procura identificar as principais áreas de atuação nas quais o governo do país pode atuarcom o intuito de promover o progresso tecnológico do país e, em última instância, o crescimento doproduto per capita e do padrão de vida da sociedade, procura também identificar as áreas deatuação de maneira geral, isto é, sem a preocupação de identificar a situação brasileira. (…)”
Renato Fonseca, Inovação Tecnológica e o Papel do Governo, CNI/2001 (adaptado)
B. “Este trabalho procura identificar as principais áreas de atuação nas quais o governo de um paíspode atuar com o intuito de promover o progresso tecnológico do país e, em última instância, ocrescimento do produto per capita e do padrão de vida da sociedade. O artigo é parte de um projetoque procura apresentar recomendações de política tecnológica ao governo brasileiro. Nesta etapa,procura-se identificar as áreas de atuação de maneira geral, isto é, sem a preocupação de identificara situação brasileira. (…)”
Renato Fonseca, Inovação Tecnológica e o Papel do Governo, CNI/2001
Agora, reflita:
Em qual dos exemplos, A ou B, o assunto se mostrou de mais fácil compreensão?
Em qual dos exemplos, A ou B, se evidencia a impessoalidade, exigida pelo texto acadêmico?
Se você concluir que, para as duas questões, a resposta mais adequada é a letra B, está absolutamente certo.
No exemplo B, identifica-se, com mais facilidade a impessoalidade (“procura-se”).
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Atente-se para o fato de que o exemplo A não apresenta qualquer “erro” gramatical, portanto, possível de serrealizado. No entanto, sua estrutura sintática mais complexa dificulta a compreensão do assunto exposto e, emgeral, exige duas ou mais leituras para que o leitor se intere de seu conteúdo. Já o exemplo B, mais claro e direto,favorece a compreensão. Uma única leitura basta para que o leitor o compreenda imediatamente.
– Estrita observância às normas gramaticais
Deve-se evitar o emprego de construções sintáticas de uso coloquial, ou seja, a colocação pronominal, a concordância(nominal e verbal), a regência (nominal e verbal) devem obedecer aos preceitos gramaticais. Não se abordarãoaspectos gramaticais, já tratados em outro curso. Far-se-á referência, apenas, ao uso da mesóclise (que não existena linguagem coloquial), quando esta se exigir gramaticalmente no futuro do presente e no futuro do pretérito, e aoemprego do pronome oblíquo, em determinado contexto frasal.
Mesóclise
Exemplos:
“No presente estudo, estimar-se-á o risco de algumas aplicações financeiras.”
“Sem estas análises, correr-se-ia o risco de perdas irreparáveis.”
“Diante do bom desempenho da empresa, valorizar-se-ão suas ações na bolsa de mercados futuros.”
“Definir-se-iam novos valores, caso o mercado assim o exigisse.”
Em todos esses casos, tratando-se de emprego em textos técnicos, científicos ou acadêmicos, o uso da mesóclisetorna-se obrigatório.
O pronome oblíquo na construção do período
Outro emprego pronominal, que exige atenção do autor de um texto acadêmico, compreende a impossibilidade de seiniciar um período pelo pronome oblíquo (o que não ocorre na linguagem coloquial).
Compare os exemplos a seguir.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS E SEMÂNTICOS
A sobriedade e a propriedade lingüísticas, exigidas pelo texto técnico-acadêmico, referem-se aos aspectos morfológicose semânticos. Relacionam-se à escolha do vocabulário e à forma de utilizá-lo.
• Sobriedade
Veja o que constitui a sobriedade. Lingüisticamente, significa linguagem enxuta, clara e precisa, ou seja, não seutiliza abundância de adjetivos qualitativos, apenas aqueles estritamente necessários à delimitação do significadodo substantivo. Não deve haver floreios na linguagem acadêmica, o que é característico da linguagem literária.
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Uso coloquial Uso padrão
• Se comenta muito esse assunto• Se define desta maneira o material analisado: cor, amarelo-
cítrico; propriedade, sólido; natureza, mineral...• Se divulgaram na imprensa os últimos escândalos políticos.
• Comenta-se muito esse assunto.• Define-se desta maneira o material analisado: cor, amarelo-
cítrico; propriedade, sólido; natureza, mineral...• Divulgaram-se na imprensa os últimos escândalos políticos.
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Linguagem floreada (literária) Linguagem sóbria (técnica)
• Incomensuráveis e aflitivos problemas foram detectadosnaquele pobre e sofrido vilarejo.
• Ao final da experiência, os excelentes e maravilhosos resultadosdeixaram os pesquisadores felizes e gratificados.
• A árdua e exaustiva tarefa dos pesquisadores foientusiasticamente louvada pela imprensa.
• Detectaram-se graves problemas naquele povoado.• Ao final da experiência, os resultados positivos corresponderam
às expectativas dos pesquisadores.• A imprensa noticiou a tarefa dos pesquisadores.
Compare os exemplos a seguir.
• Propriedade
A propriedade lingüística relaciona-se à adequação semântica, ou seja, à linguagem denotativa em que o signolingüístico (a palavra) possui um significado específico no contexto em que se emprega.
A terminologia técnico-científica caracteriza-se pela especificidade da área, ou seja, há um vocabulário apropriado acada área do conhecimento. Essa adequação do vocabulário à sua especificidade denomina-se propriedade lingüística.Assim, para a área econômica, os termos apropriados compreendem: “capital”, para indicar o dinheiro ou recursosfinanceiros; “superávit”, para lucros ou ganhos financeiros; “aplicações”, “lucros”, “índices econômicos” etc.
Relacionam-se apenas alguns exemplos da “propriedade lingüística”, uma vez que não constitui objetivo deste Cursoapresentar vocabulários técnico-científicos.
Com relação ainda à propriedade lingüística, outro aspecto a se considerar corresponde aos verbos que se devemutilizar em substituição aos verbos de uso coloquial. Alguns verbos muito corriqueiros devem-se substituir por seussinônimos para se evitar uma linguagem cotidiana, e até mesmo, popular.
Por esse motivo, devem-se evitar verbos como “ser”, “estar”, “ter”, “fazer”, “falar”, “ver”, dentre outros, que deverãosubstituir-se por sinônimos mais condizentes à linguagem técnico-acadêmica.
Observe os exemplos a seguir.
Linguagem coloquial
• Este estudo é resultado de pesquisas de campo.
• Os dados da pesquisa estão disponíveis à comunidade científica.
• Esta afirmação tem sérias implicações.
• O autor fez várias experiências sobre o fato.
• Falou-se sobre o tema em diversas oportunidades.
• Viu-se que os resultados eram os esperados.
• Veja o comportamento do mercado.
• Os cientistas viram os fenômenos com otimismo.
• Este estudo resulta de pesquisas de campo.
• Este trabalho constitui-se em resultado de pesquisas de campo.
• Este trabalho compreende o resultado de pesquisas de campo.
• Os dados da pesquisa encontram-se disponíveis à comunidadecientífica.
• Esta afirmação contém sérias implicações.
• O autor realizou várias experiências sobre o fato.
• Discutiu-se o tema em diversas oportunidades.
• Referiu-se ao tema em diversas oportunidades.
• Notou-se que os resultados apresentaram-se como esperados.
• Observe o comportamento do mercado.
• Os cientistas constataram os fenômenos com otimismo.
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Para dominar a propriedade lingüística, aconselha-se que os estudantes habituem-se à leitura de textos de sua áreade concentração. O hábito da leitura de textos técnicos possibilita que, ao redigir, a linguagem flua com facilidade.Quem já se habituou a compreender a linguagem técnica possui maior competência para empregá-la.
Este texto tratou de alguns aspectos sintáticos, morfológicos e semânticos
importantes para a produção do texto acadêmico.
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APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
“Cada um com suas armas. A nossa é essa: esclarecer o pensamento e pôr ordem nas idéias.” (AntônioCândido)
SOU A PALAVRA E TE CONVIDO
Jovem, escreve tudo aquia tua palavraa tua fraseo teu parágrafoa tua redação
Escreve o teu nometeu sentimentotua emoçãoteu secreto desejotua ambiçãotua rebeldiatua históriateu poemateu discursoporque escrevendo haverá sempre um pedaço de tino que escreves
Escreve teu recadoteu convitetua sugestãoteu comentáriotua críticaporque escrevendo haverá sempre um pedaço dos outrosno que escreves
Escreve para brincarpara desabafarpara provocarpara destruirpara refletirpara construirpara conhecer-te
Introdução aos Tipos de Conhecimentos eas Práticas de Estudo
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Escreve o que quiseresem qualquer momento em qualquer lugara favor ou contra o mundocom estilo ou sem estiloporque escrevendo tu te encontraráse serás uma PESSOAe serás um HOMEM
(Autor desconhecido)
O poeta exorta a juventude a se expressar, a exprimir suas idéias, suas emoções,
seus anseios, suas angústias.
Em sua forma de expressão, utiliza versos que estabelecem uma certa rigidez
estrutural, versos curtos entremeados de alguns longos, como algumas formas
de expressão lingüística que exigem uma estrutura preestabelecida.
Nesta parte do curso, apresentar-se-ão formas estruturais exigidas em trabalhos
acadêmicos.
TEXTO ÚNICO: ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO GRÁFICA DE TRABALHOSACADÊMICOS
Regem-se os trabalhos acadêmicos segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, fórum nacional denormatização.
Os Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e Organismos de Normalização Setorial (ONS) responsabilizam-se pelo conteúdodas normas brasileiras, elaboradas por Comissões de Estado (ABNT/CE) e compostas por representantes dos setoresenvolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).
A ABNT consta de NBRs – informações específicas de cada tipo de norma.
Os Projetos de Norma Brasileira circulam para consulta pública entre os associados da ABNT e das ONS e dosinteressados. Convém realizar consultas constantes a essas normas, pois estas não possuem regularidade em suasatualizações.
A estrutura de qualquer tipo de trabalho científico-acadêmico, dissertação ou tese compreende elementos dominadospré-textuais, textuais e pós-textuais.
OS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
Os elementos pré-textuais contêm informações relacionadas à identificação e utilização do trabalho: capa, dorso oulombada, folha de rosto, errata, folha de aprovação, dedicatória(s), agradecimento(s), epígrafe, resumo na línguavernácula, resumo em língua estrangeira, lista de ilustrações (esquemas, plantas, fotografias, gráficos, retratos,organogramas, desenhos, fluxogramas, mapas, quadros ...), lista de tabelas, lista de abreviaturas, siglas e símbolose sumário.
Retirou-se a exemplificação dos elementos pré-textuais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produçãoda Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos Unidade I
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Capa (obrigatório)
Deve constar os elementos essenciais necessários à identificação do documento. A capa deve ser preta e dura emvulcapel com letras douradas.
Dorso ou Lombada
Deve constar na parte superior a sigla da Universidade Federal Santa Catarina (UFSC), do Centro Tecnológico (CTC)e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP); a palavra “dissertação” ou “tese”. No meio,de cima para baixo, o nome do autor, e na parte inferior o ano da defesa.
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção
Rogério Marques da Silva
MODELOS DE AMBIENTES
INTELIGENTES PARA A
APRENDIZAGEM NO
ENSINO A DISTÂNCIA
Dissertação de Mestrado
Florianópolis2003
UFSC
CTC
PPGEP
Dissertação
2003
Rogério Marques da Silva
Rogério Marques da Silva
MODELOS DE AMBIENTES
INTELIGENTES PARA A
APRENDIZAGEM NO
ENSINO A DISTÂNCIA
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação da
Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em
Engenharia de Produção
Orientador: Frof. Antônio Fausto Rodrigues, Dr.
Florianópolis2003
Folha de rosto (obrigatório)
Elementos identificadores do trabalho: autor, título,nota, nome do orientador da disciplina, local, ano.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudo Unidade I
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Seguem outros tipos de notas de trabalhos acadêmicos.
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Ficha Catalográfica
Ex.: 1
Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduaçãoem Ortodontia, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Xxxxxxx Yyyyyyyy
Ex.: 2
Proposta para trabalho de Graduação apresentada ao Curso de Desenho Industrial, Setor deCiências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.
Prof. Xxxxxxx Yyyyyyyy
Ex.: 3
Trabalho de conclusão da disciplina Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia eDocumentação, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal doParaná.
Prof. Xxxxxxx Yyyyyyyy
Ex.: 4
Trabalho da disciplina Elaboração e Apresentação deTrabalhos, Curso de Estatística,Setor de Ciências Exatas, Universidade Federal do Paraná.
Prof. Xxxxxxx Yyyyyyyy
Verso da folha de rosto
Ficha catalográfica de acordo com o Código de CatalogaçãoAnglo-americano – CCAA2.
Exemplo
Ficha Catalográfica(Catalogação na fonte pelo Departamento de Ciência da Informação da UFSC)
Em caso de dúvida, consulte um bibliotecário para a elaboração da ficha.
S586m Silva, Edna Lúcia da
Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação/Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes. – 3. ed. rev.atual. – Florianópolis: Laboratório de Ensinoa Distância da UFSC, 2001.
121p.
1. Pesquisa – Metodologia, I Menezes, Estera Muszkat.
II.Título.
CDU: 001.8
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Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudo
Rogério Marques da Silva
MODELOS DE AMBIENTES
INTELIGENTES PARA A APRENDIZAGEM
NO ENSINO A DISTÂNCIA
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia de
Produção no Programa de Pós Graduação em
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, 12 de abril de 2003.
Prof. Antônio Fausto Rodrigues, Dr.
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
Prof. Peter Bell, Ph.D. Prof. Antônio Fausto Rodrigues, Dr. University of Benkley Universidade Federal de Santa Catarina
Orientador
Profa. Marta Cecília Cabrália, Ph.D. Prof. Adalberto Neves, Dr. Universidade de Minho Universidade Federal de Santa Catarina
Folha de aprovação (obrigatório)
Informações como nome, título, termo deaprovação, data de defesa, coordenador, membrosda banca examinadora (em duas colunas comespaço para assinatura)
Páginas contadas, contudo a numeração nãoaparecerá grafada, somente a partir da introdução.
Dedicatória (opcional)
Homenagem ou dedicatória a alguém.
A minha esposa, Ana Lúcia,
pelo apoio constante.
A meus filhos Ângela e Márcio.
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Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos
Agradecimentos (opcional)
Agradecimento ao apoio recebido na elaboraçãodo trabalho.
Epígrafe (opcional)
Apresentação de uma citação referente aoconteúdo trabalhado, seguida da autoria.
“Uma descoberta, seja feita
por um menino na escola ou por um
cientista trabalhando na fronteira do
conhecimento, é, em sua essência, uma
questão de reorganizar ou transformar
evidências, de tal forma que se possa ir
além delas assim reorganizadas,
rumo a novas percepções”.
Jerone Bruner
Agradecimentos
À Universidade Federal de
Santa Catarina.
À Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
Ao orientador Prof. Antônio Fausto Rodrigues,
pelo acompanhamento
pontual e competente.
Aos professores do Curso
de Pós-Graduação.
A todos os que direta ou indiretamente
contribuíram para a realizaçãodesta pesquisa.
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Na elaboração do resumo, os seguintes aspectos devem ser levados em consideração.
a. Redigir em um único parágrafo, em espaço simples e em página distinta.
b. Redigir com frases completas e não com seqüência de títulos.
c. Empregar termos geralmente aceitos e não apenas os de uso particular.
d. Expressar, na primeira frase do resumo, o assunto tratado, caso o título do trabalho não sejasuficientemente explícito.
e. Ressaltar os objetivos, os métodos, os resultados e as conclusões do trabalho.
f. Indicar, se for o caso, as novas diretrizes de teorias, processos, técnicas e outros.
g. Citar, com rigor, o domínio de aplicação, o grau de exatidão e o princípio básico de novos métodos.
h. Mencionar sempre, em nomes geográficos, o país ou a região de circunscrição.
i. Elaborar o resumo de teses e dissertações com, no máximo, 500 palavras.
j. Elaborar o resumo de outros trabalhos com até 250 palavras.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudo
Resumo
SILVA, Rogério Marques da. Modelos de ambientes inteligentes para a aprendizagem noensino a distância. 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.
Xxxxxxxxx xxxxxxxx xx xxxxx xxxx xxx xxxxxx xxxxx
Resumo informativo em português xxxxx xxxxxxxx xxxxxxxxx
xxxxxxx. Xxxx xxx xxxxxxxxxxxxxxx xxxxxx xx xxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxx x xxxx. Xxxxxxxxxxxx xx x xxxxxxxx xxxxxxx
x xxxxxxxxx. Xxxxxx xxxxxxxxxxx xxxx xxxxxxx xxxxx xxxxxxxx xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxx xxxxxx xxxx xxxx xxxxxxxxxxxx xxxxx xxx.
... até 500 palavras.
Palavras-chave: 5 no máximo
Resumo (obrigatório)
Texto informativo que sintetiza o conteúdo datese ou dissertação, ressaltando o objetivo, ométodo, os resultados e as conclusões dotrabalho.
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Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos
Abstract
SILVA, Rogério Marques da. Modelos de ambientes inteligentes para a aprendizagem noensino a distância. 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programade Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.
Xxxxxxxxx xxxxxxxx xx xx xxxxxxxxx xxxx xxx xxxxxxx
Resumo informativo em inglês xxxx xxxx xxx xxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxx. Xxxx xxx xxxxxxxxxxx xxxxxx xxxxx xxxx xxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxx. Xxxxxxxxxxxx xx xxxxx xxx xxxxxxxxxxxxxxx
x xxxxxxxxx. Xxxxxx xxxxxxxxxxx xxxx xxxxxxxxxxxxx xxxxxx
xxxxxxxx xxxxxxxxxx xxxxxxxxxx xxxxxx.
... até 500 palavras.
Key-words: 5 no máximo (em inglês)
Abstract (obrigatório)
Tradução do resumo para o inglês que, nas tesese dissertações, aparece logo após o resumo emportuguês.
Sumário
Lista de Figuras ......................................................................................................... p.
Lista de Quadros ........................................................................................................ p.
Lista de Tabelas ......................................................................................................... p.
Lista de Abreviaturas, siglas e símbolos ....................................................................... p.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... p.
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... p.
3 METODOLOGIA .................................................................................................... p.
...
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... p.
APÊNDICE ............................................................................................................... p.
APÊNDICE A – Questionário ..................................................................................... p.
APÊNDICE B – Instituições ....................................................................................... p.
Sumário (obrigatório)
Enumeração das principais divisões, seções eoutras partes do trabalho, na mesma ordem egrafia em que se sucedem no trabalho.
Observação: Não confundir sumário com:
– índice, relação detalhada dos assuntos, nomes de pessoas,nomes geográficos e outros, indicados geralmente em ordemalfabética;
– resumo, apresentação concisa do texto, destacando-seaspectos de maior interesse e importância;
– lista, enumeração de elementos de apresentação de dadose informações (gráficos, mapas, tabelas), utilizados notrabalho.
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Desnecessário em trabalhos pouco extensos ou pouco divididos, o sumário apresenta-se conforme as seguintesprescrições.
a. Transcrito em folha distinta, com o título centrado.
b. Apresenta para cada capítulo ou seção os seguintes dados:
– o indicativo, quando houver;– o título do capítulo ou seção, com o mesmo fraseado e tipo utilizado no texto;– o número da página inicial do capítulo ou seção, ligado ao título por linha pontilhada.
c. Indica a subordinação das seções.
d. Traz os elementos pré e pós-textuais, sem numeração, na mesma margem das seções primárias.
A epígrafe, a dedicatória e o agradecimento não constam do sumário.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudo
Lista de figuras
Figura 1 .................................................................................................................. p.
Figura 2 .................................................................................................................. p.
Figura 3 .................................................................................................................. p.
Figura 4 .................................................................................................................. p.
Figura 5 .................................................................................................................. p.
Figura 6 .................................................................................................................. p.
Lista de figuras ou ilustrações (opcional)
Fotografias, gráficos, organogramas,fluxogramas, esquemas etc.
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Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos
Lista de quadros
Quadro 1 ................................................................................................... p.
Quadro 2 ................................................................................................... p.
Quadro 3 ................................................................................................... p.
Quadro 4 ................................................................................................... p.
Quadro 5 ................................................................................................... p.
Lista de quadros (opcional)
Informações textuais agrupadas em colunas.
Lista de tabelas
Tabela 1 ................................................................................................................... p.
Tabela 2 ................................................................................................................... p.
Tabela 3 ................................................................................................................... p.
Tabela 4 ................................................................................................................... p.
Tabela 5 ................................................................................................................... p.
Tabela 6 ................................................................................................................... p.
Tabela 7 ................................................................................................................... p.
Tabela 8 ................................................................................................................... p.
Tabela 9 ................................................................................................................... p.
Lista de tabelas (opcional)
Informações estatísticas.
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As listas têm apresentação similar à do sumário. Quando pouco extensas, as listas podem figurar seqüencialmentena mesma página.
OS ELEMENTOS TEXTUAIS
Os elementos textuais, corpo do trabalho, referem-se à ordenação sistemática e lógica do conteúdo, tendo suaorganização determinada pela natureza do trabalho. Apresentam introdução, desenvolvimento e conclusão. É amonografia em si.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudo
Lista de abreviaturas,siglas e símbolos
Abreviaturas
eng. = engenheiro
ex. = exemplo
Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
EAD – Ensino a Distância
Símbolos
Copyright
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos(opcional)
Relação alfabética das abreviaturas, siglas esímbolos usados no texto, seguida das expressõescorrespondentes grafadas por extenso. Listaprópria para cada tipo de redução.
1 INTRODUÇÃO (fonte 14)
A história da ciência no Brasil...
Fonte 12 e espaçamento 1,5
Elementos textuais (Corpo do trabalho)
Página em que começa a aparecer a numeraçãodas páginas.
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Na introdução do trabalho, o autor expõe o problema que motivou a pesquisa, situando-o espacial e temporalmente,indicando o objeto e o método nesta empregado.
No desenvolvimento do trabalho, sua parte principal, o autor realiza uma retrospectiva da situação problemática,como ela vem sendo tratada pela comunidade científica (doutrina, jurisprudência etc.), elabora sua crítica e apresentasuas teses, explicando, detalhadamente, suas conclusões.
Na conclusão do trabalho, o autor, por meio das principais partes do trabalho, realiza uma síntese das conclusõesa que chegou, podendo apresentá-las por meio de tópicos concisos.
No corpo do trabalho, podem-se inserir elementos gráficos, fatos, ilustrações etc., desde que essenciais para a suacompreensão; caso contrário, estes se inserem como anexos.
OS ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Os elementos pós-textuais complementam o trabalho, na seguinte ordem: referências bibliográficas, glossário,apêndice(s) anexo(s), índice(s).
Referências
As referências referem-se à relação das fontes utilizadas pelos autor. Não confundir com bibliografia, relação alfabética,cronológica ou a sistemática de documentos sobre determinado assunto ou de determinado autor.
Nos trabalhos acadêmicos a referência pode aparecer:
– em nota de rodapé ou no final texto;– encabeçando resumos ou recensões.
Para melhor recuperação de um documento, as referências devem ter alguns elementos indispensáveis, como:
1. autor (quem?);2. título (o quê?);3. edição;4. local de publicação (onde?);5. editora;6. data de publicação da obra (quando?).
Apresentam-se de forma padronizada e na seqüência descrita acima.
Uma das finalidades das referências é informar a origem das idéias apresentadas no decorrer do trabalho. Nessesentido, devem-se apresentá-las completas, para facilitar a localização dos documentos.
Seguem alguns modelos.
• Livro no Todo
COPELAND, Tom; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Avaliação de empresas: valuation. São Paulo: Makron Books, 2000.
• Capítulo de Livro sem Autoria Especial
Onde o autor do livro é o mesmo autor do capítulo.
DRAGOO, Boo. Uma nova visão dos negócios. In: ___. Guia da Ernest & Young para gerenciar o lucro em tempo real.Rio de Janeiro: Record, 1999. cap.10, p.93–100.
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos Unidade I
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• Parte de Coletânea
(Capítulo do Livro com Autoria Específica)
Onde o autor do capítulo não é o mesmo autor do livro.
ROY, Bernard. The outranking approach and the foundations of electre methods. In: BANA e COSTA, C. A. Readingin multiple decision aid. Berlim: Springer-Verlag, 1990. p.39-52.
• Trabalho Apresentado em Congresso
PATON, Claudecir et al. O uso do balanced scorecard como um sistema de gestão estratégica. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE CUSTOS, 6., 1999, São Paulo. Anais... São Paulo: FIPECAFI, 1999. 1CD.
Na referência até três autores, listam-se os três autores separados por ponto e vírgula. Mais de três autores, coloca-se o primeiro seguido da expressão “et al”. Quando necessário, colocam-se todos os autores.
Exemplo
SILVA, João; SOARES, Carlos; PIMENTA, Paulo.SILVA, João et al.
Nos sobrenomes que acompanham “filho”, “Neto”ou “Sobrinho”, esses designativos são grafados junto aossobrenomes.
Exemplos
COSTA NETO, Francisco.LIMA SOBRINHO, Sílvio.REIS FILHO, Juca.
• Artigo de Periódico
SIMONS, Robert. Qual é o nível de risco de sua empresa? HSM Management, São Paulo, v.3, n.16, p.122-130, set/out. 1999.
• Artigo de Jornal
FRANCO, Gustavo H. B. O que aconteceu com as reformas em 1999. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 dez. 1999.Economia, p.4.
• Tese/Dissertação
HOLZ, Elio. Estratégias de equilíbrio entre a busca de benefícios privados e os custos sociais gerados pelas unidadesagrícolas familiares: um método multicritério de avaliação e planejamento de microbacias hidrográficas. 1999. Tese(Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós–Graduação em Engenharia de Produção, UFSC,Florianópolis.
No caso de ser uma dissertação, muda-se a nota Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) para Dissertação(Mestrado em Engenharia de Produção).
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– DOCUMENTOS ELETRÔNICOS / DIGITAIS
A ABNT (2000) fixou recomendações para a referenciação de documentos eletrônicos/digitais. Os exemplos a seguirconstam da NBR6023:2000.
• Monografia em meio eletrônico
Enciclopédia
KOOGAN, A; HOUAISS, A. (Ed.). Enciclopédia e dicionário digital 98. São Paulo: Delta: Estadão. 1998. 5 CD-ROM.
Parte de monografia
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais e matéria de meio ambiente.In: ___ . Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999.v.1. Disponível em: <http://bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm>. Acesso em: 8 mar.1999.
• Publicações em meio eletrônico
Artigo de Revista
RIBEIRO, P.S.G. Adoção à brasileira: uma análise sociojurídica. Datavenia, São Paulo,ano 3, n. 18, ago. 1998.Disponível em: <http://www.datavenia.informação.Br/frameartig.html>. Acesso em: 10 set.1998.
Artigo de jornal científico
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not on-line journalism. APS News Online, Los Angeles, nov.1996. Disponívelem:<http://www.aps.org/apsnews/1196/11965.html>. Acesso em: 25 nov.1998.
Trabalho de congresso
SILVA, R.N; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DEINICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1966. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.
Programa (Software)
MICROSOFT Project for Windows 95, version 4.1: project planning software, [S.I.]: Microsoft Corporation, 1995.Conjunto de programas. 1 CD-ROM.
Software Educativo CD-ROM
PAU no Gato! Por quê? Rio de Janeiro: Sony Music Book Case Multimídia Educacional , [1990]. 1 CD-ROM. Windows3.1.
• Documento jurídico em meio eletrônico
Súmula em Home page
BRASIL. SupremoTribunal Federal. Súmula nº 14. Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão daidade, inscrição em concurso para cargo político. Disponível em: <http://www.truenetm.com.br/jusrisnet/sumusSTF.html>. Acesso em: 29 nov.1998.
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Legislação
BRASIL. Lei nº 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial [da] RepúblicaFederativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez.1999. Disponível em:<http://www.in.gov.br/mp_leistexto.asp?Id=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez.1999.
Súmula em Revista Eletrônica
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 14. Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão daidade, inscrição em concurso para cargo público. Julgamento: 1963/12/16. SUDIN vol.0000-01 PG 00037. RevistaExperimental de Direito e Temática. Disponível em <http://www.prodau-sc.com.br/ciberjur/stf.html> . Acesso em:29 nov.1998.
Glossário
O glossário, relação de palavras de uso restrito, acompanhadas das respectativas definições, figura após o texto,com o objetivo de esclarecer o leitor sobre significado dos termos empregados no trabalho.
Exemplo
GLOSSÁRIO
Análogo – semelhante, comparável.Autonomia – independência, faculdade de se governar por si mesmo....Evocação – ato de trazer alguma coisa à lembrança ou à imaginação....Inadvertência – imprevidência, descuido....Versar – praticar, exercitar.
Anexos e Apêndices
Os anexos servem de fundamentação, comprovação e ilustração, constituindo-se de informações não elaboradaspelo autor.
Os apêndices, documentos autônomos, criados pelo autor, completam sua argumentação, sem prejuízo da unidadedo trabalho.
Tabelas, gráficos, desenhos, mapas, questionários, formulários, entrevistas, organogramas, fluxogramas, cronogramase outros podem se constituir em material para inclusão como anexos ou apêndices.
Como é possível a inclusão de mais de um anexo ou apêndice, identificam-se por letras maiúsculas consecutivas erespectivos títulos.
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ANEXO A
APÊNDICE A
Índice de Assuntos
Trata-se de uma lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para asinformações contidas no trabalho.
Observação: Não confundi-lo com sumário e lista.
Exemplo
A
Ajuricava ver GuerreirosAjuru, 243-250, 288-289, 293, 309, 314, 336Akaké ver HomenesAmantes, 176Amazonas (Lenda), 112, 162-163, 179, 210Amazonas, Rio, 147Amendoim, 218, 299Anhangá (Mito), 157Animais, 65, 194Antropofagia, 209, 226, 229, 232, 236, 271Apinayé, 29-32, 183Apog ver FogoAraras, 102, 263, 307, 332
B
Baitagogo ver Caciques
– RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES
Para apresentação de trabalhos acadêmicos e relatórios de pesquisa (tese ou dissertação) deve-se usar folha brancaem papel no formato A4 [21x29,7 cm]. Para ilustrações desdobráveis, usar o formato A-3 (420 x 297mm). Ostrabalhos impressos em formulários contínuos de computador devem ser digitados em formato carta, com no mínimo210 x 280mm (8 x 11pol) e duplicados em papel A-4.
Na escrita, deve-se fazer uso da ortografia oficial.
O tipo da letra deve ser de tamanho médio e redondo (Arial), evitando tipo inclinado e de fantasia. Para o texto, usarfonte de tamanho 12 e para os títulos fonte de tamanho 14.
A folha deve apresentar margem superior e à esquerda, de 3cm, e inferior e à direita, de 2 cm.
A numeração das páginas, em algarismos arábicos, deve aparecer no canto superior direito da lauda, duas linhasacima da primeira linha do texto, exceto as anteriores ao texto, que recebem números romanos minúsculos centradosna margem inferior da página. A numeração em romano é independente da numeração em arábico, isto é, uma nãodeve continuar a outra.
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A capa não é contada na numeração das páginas. A folha de rosto é contada, mas não recebe número.
Para trabalhos muito extensos, geralmente divididos em volumes, recomenda-se a paginação contínua nos diversosvolumes, exceto quando a matéria for dividida por especialidade.
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Recomenda-se o uso da numeração progressiva para as seções do texto, destacando-se os títulos das seções,através de recursos, tais como: negrito, itálico ou grifo e redondo, caixa alta ou normal etc.
Não se utiliza ponto, hífen, travessão ou qualquer sinal após o indicativo da seção ou de seu título.
Exemplo:
1. SEÇÃO PRIMÁRIA
1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA
1.1.1 Seção terciária
1.1.1.1 Seção quartenária
1.1.1.1.1 Seção quinária
a)
b)
c)
Na numeração progressiva do texto utilizam-se algarismos arábicos para identificar as seções e suas subdivisões,conforme a necessidade, não devendo as mesmas ultrapassar a subdivisão quinária. A partir daí usam-se alíneas,caracterizadas por letras minúsculas, seguidas de um parênteses.
Empregam-se negrito, grifo ou itálico para:
a. palavras e frases em língua estrangeira;b. títulos de livros e periódicos;c. expressões de referência como ver, vide;d. letras ou palavras que mereçam destaque ou ênfase, quando não for possível dar esse realce pela redação;e. nomes de espécies em Botânica, Zoologia e Paleontologia (neste caso não se usa negrito);f. títulos de capítulos (neste caso não se usa itálico).
Empregam-se as aspas no início e no final de uma citação que não exceda três linhas e em citações textuais norodapé.
As citações, menções, no texto, de informação extraída de outra fonte, escrita ou oral para esclarecimento doassunto em discussão, ou para ilustrar ou sustentar o que se afirma, pode ser direta, indireta ou de citação.
Na citação direta, textual, ou seja, literal, transcreve-se o texto considerando todas as características formais emrelação à redação à ortografia e à pontuação.
Se a citação for curta, de até três linhas, ou incorporada ao parágrafo, virá entre aspas duplas.
Exemplo
De acordo com Vieira (1998, p.5), o valor da informação está “diretamente ligado à maneira como ela ajuda ostomadores de decisões a atingirem as metas da organização”.
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Se a citação for longa, transcrever-se-á em parágrafo isolado, utilizando-se recuo de margem à esquerda de 4 cm,com o corpo da letra menor que o do texto, sem as aspas, tendo como limite a margem direita do trabalho.
Exemplo: Segundo Onuchic (2000, p. 187):
Nenhuma intervenção no processo de aprendizagem pode fazer mais diferença do que um professor bem formado,inteligente e hábil. Investir na qualidade de ensino é o que mais importa. A preparação do professor tem um efeitodireto na realização dos alunos, pois ninguém dispende tanto tempo ou tem tanta influência sobre os alunos quantoos próprios professores.
Pode-se omitir parte de trecho transcrito mediante o emprego de reticências entre colchetes ou linha pontilhada, masao final do trecho, indica-se de onde se extraiu a citação.
Exemplos
“[...] as pessoas aprendem quando há circunstâncias que as obrigam a emitir comportamentos oriundos de processosadequados de pensamento reflexivo, fazendo com que sejam capazes de aplicar o conhecimento anterior obtido deforma criativa, atingindo autonomia.”(BARBOSA E MEDINA, 1991, P.192).
“Fica decretado que todos os dias da semana....................................................................................................................................................................................
têm direito a converte-se em manhã de domingos.” (MELLO, 2000, p.216).
Na citação indireta ou livre, ou seja, em suas interpretações, traduções e seus resumos, deve-se indicar a fonte deonde se retirou a idéia.
Exemplo
Segundo Bartoletti (1990), não existe correlação entre os resultados dos testes de toxidade com Daphnia similis e osresultados das análises físico-químicas normalmente utilizadas na caracterização de efluentes industriais.
Na citação de citação, menção a um documento ao qual não se teve acesso, mas do qual se tomou conhecimentoapenas por citação em outro trabalho, indica-se o nome do autor original, seguido da expressão citado por ou apude do nome do autor da obra consultada.
Exemplo
Segundo HALL e STOLCKE, citados por LAMOUNIER (1984, p.300), os fazendeiros, a partir da metade do século, jásupunham que a força de trabalho suave teria que ser substituída.
Menciona-se somente o autor da obra nas referências bibliográficas.
Nas citações, utilizam-se vários sinais e convenções.
a) Colchetes [...] – para indicar omissões de palavras ou frases do trecho transcrito, no início,meio ou final do texto.
Exemplo
Assim, não se pode imaginar um docente responsável e comprometido com a tarefa de educar e que não se preocupecom as questões sociais mais amplas que envolvem e condicionam o seu próprio trabalho, assim como o de seualunado. “[...] a educação é compromisso, é ato, é decisão. Educar-se é tomar posição, tomar partido. E o educadoreduca educando-se, isto é, tomando partido, posicionando-se” (GADOTTI, 1983, p.143).
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b) [sic] – para incorreções e incoerências, no texto citado.
Exemplo
“ A adjetivação no Uruguai [sic] e – não há nada que distinga mais um autor – é quase sempre de saber quinhentista”(ELIA, 1973, p.29).
c) [ ! ] – para ênfase, ao texto citado.
Exemplo
“Citar um autor do qual se utilizou uma idéia ou uma informação é pagar uma dívida [!]” (ECO, 1983, p.131).
d) [ ? ] – para dúvida, ao texto citado.
Exemplo
“Para enfatizar a importância da coexistência, [?] foi usado nos exemplos [...]” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DENORMAS TÉCNICAS, 1989).
e) asterisco (*) – em nota de rodapé, para comunicações pessoais.
Exemplo
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E EDUCAÇÃO: REFLETINDO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE UM DIÁLOGO
Maria de Lourdes Fonseca*
___________________________* Professora Assistente do Departamento da Educação da UFV; Doutoranda do Programa de Psicologia da Educação da PUC-SP; Bolsita do PDEE/
CAPES na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.
Inserem-se as ilustrações (tabelas, quadros...)o mais perto possível do trecho a que se referem. Cada ilustraçãodeve ter um número e um título.
Exemplos
Tabela 2: Reserva Extrativista “Chico Mendes” Força de Trabalho Familiar
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos
Etária Homens Mulheres Total %
0 até 9 2 0 2 0,7
10 até 19 86 39 125 45,6
20 até 29 30 16 46 16,8
30 até 39 24 18 42 15,3
40 até 49 31 7 38 13,9
50 até 59 13 2 15 5,5
60 até 69 6 0 6 2,2
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Observe que as tabelas possuem laterais abertas. Quando for o caso, mencionar abaixo da tabela ou ilustração, afonte de onde foram tirados os dados.
Quadro 2: Diferenças no ambiente organizacional
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Devem-se reduzir as ilustrações a uma única página, evitando ao máximo material desdobrável.
As ilustrações, quando muito numerosas, devem vir em anexo, para não sobrecarregarem o texto.
As notas de rodapé servem para abordar pontos (explicativos, referenciais, dentre outros) que não devem serincluídos no texto para não sobregarregá-lo.
Compreendem chamadas ao texto feitas por algarismos arábicos e asteriscos, localizando-se na margem inferior damesma página onde ocorre a chamada numérica.
Separam-se do texto por um traço contínuo de 3 cm e digitados em espaço simples com caracteres menores do queo usado para o texto e guardando um espaço simples entre notas. O indicativo numérico é separado do texto da notapor um espaço.
Havendo, na mesma folha, chamadas dos dois tipos – algarismos arábicos e asteriscos – as com asterisco precedemas com algarismos. Da mesma forma, para o caso de notas explicativas e em seguida as de referências, usando-senúmeros elevados e em corpo menor que o texto, independentemente da sua localização no texto.
Para cada nota deve-se indicar uma nova linha. A última linha da folha deve coincidir com a última nota de rodapé.
Exemplos
– Notas Explicativas
Utilizam-se para a apresentação de comentários,esclarecimentos ou explanações que não se possam incluir no texto.Para isso emprega-se numeração com algarismos arábicos, consecutivamente, em toda a seção.
Podem aparecer, também em primeira página, quando se tratar de: nome da instituição subvencionada do trabalho,incluindo bolsas e outros auxílios financeiros; referências à publicação anterior, sob outras formas de apresentaçãodo trabalho em congressos, reuniões, seminários etc., sendo que neste caso a chamada é feita com asterisco.
Passado Hoje
Elevados volumes e lotes de produção com longos ciclos de vida
Maximização de lucros sobre os ativos fixos
Pequeno número de produtos com reduzida diversificação em ummercado doméstico
Elevada participação do Custo Direto com mão-de-obra, elevado custode processamento de informação
Pequena relação Custos Indiretos/Custos Fixos em comparação comcustos de mão-de-obra direta/Ativos Fixos
Elevado número de ilhas de conhecimentos com pouca interação etroca de informação, trabalhando isoladamente
Baixos volumes, lotes reduzidos e ciclos de vida curtos;
Minimização de perdas, maximização de valor agregado
Elevado número de variados produtos em um mercado internacional
Elevado Custo Tecnológico, relativamente baixo custo de processamentode informação
Elevada relação Custo Indireto/Custos Fixos em comparação com Custosde mão-de-obra direta/Ativos Fixos
Elevado número de centros de conhecimento integrados e em contínuatroca de informações e participações conjuntas
Fonte: Adaptado de Sulivan (1991)
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Exemplos
Conseqüentemente, vemos que o modelo analógico mistura os dois registros: se faz a história repousar sobre aevolução da pulsão, faz-se a pulsão repousar sobre uma visão de história que, como toda visão da história, émítica49.
No rodapé:______________________
49 Parece, de outro lado, que podemos ter como mais ou menos mítica toda concepção que atribui um sentido, isto é, uma direção e um alvo ao tempoem geral ou, mais particularmente, à história.
A política do conhecimento:a identidade do saber e as reformas educativas*
Ângela Maria Martins**
Este artigo pretende tecer algumas considerações sobre a concepção de conhecimento esuas relações com a educação formal, que têm fundamentado os discursos dos programasgovernamentais e dos organismos multilaterais definidos e/ou financiadores das políticaseducativas para a escolaridade básica.
No rodapé:______________________
* Versão apresentada também à Revista Mexicana de Investigación Educativa do Consejo Mexicano de InvestigaciónEducativa, da Universidad Autônoma de México.
** Assistente de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas.
– Notas de referências
Indicam fontes consultadas, ou remetem a outras partes da obra onde o assunto está sendo citado. São feitas poralgarismos arábicos, em ordem seqüencial, para toda seção, e devem conter o sobrenome do autor, data da publicaçãoe outros dados necessários à localização da parte citada. No entanto, isto não desobriga o uso de uma lista dereferências, no final do trabalho.
Exemplo
Inicia-se um processo de produção de pobreza nos moldes tecnológicos, pois a revolução da produtividade afeta:
a quantidade de horas de trabalho de duas maneiras. A introdução das tecnologiaseconomizadoras de tempo de trabalho têm permitido às empresas eliminar trabalhadoresem massa, criando um exército de reserva de trabalhadores desempregados com o tempoocioso, ao invés de tempo livre à sua disposição. Aqueles que ainda se seguram em seusempregos estão sendo forçados a trabalhar mais horas, em parte para compensar aredução de salários e de benefícios. [...] mesmo com o pagamento de uma vez e meia porhora extra, as empresas ainda assim pagam menos do que pagariam se tivessem depagar pacotes de benefícios para uma força de trabalho42.
No rodapé:___________________________
42 RIFKIN, Jeremy. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho. São Paulo: Makron Books,1995. p. 245.
A primeira citação de uma obra, obrigatoriamente, requer sua referência completa. As citações subseqüentes podem
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ser referenciadas de forma abreviada, utilizando-se expressões a fim de evitar repetição de títulos e autores, em notade rodapé.
a) Idem ou Id. – o mesmo autor
O trecho citado é de obra diferente do autor referenciado em nota imediatamente anterior.
Exemplo
Jean-François Lyotard usa o termo moderno associando-o a certas “metanarrativas”22, que têm como finalidadelegitimar instituições, práticas sociais e políticas, legislações, éticas, maneiras de pensar. Só que, para ele, o projetomoderno baseado nas normas e nos princípios do iluminismo com padrão universalmente válido, não se sustentamais:” Meu argumento é que o projeto moderno (de realização da universalidade), não foi abandonado, esquecido,mas destruído, “liquidado”23.
No rodapé:______________________
22 LYOTARD, Jean-François. The Postmoderne Condition: a report on knowledge. Translation Geoff Benington and Brian Massumi. Minneapolis:University of Minnesota Press, 1984, p. 23.
23 Id. Le Postmoderme expliqué aux enfants. Paris: Galillée, 1988. p. 32.
b) Ibidem ou Ibid. – na mesma obra
A parte citada pertence a mesma obra referenciada em nota imediatamente anterior.
Exemplo
A cultura forja a sua teleologia e determina as finalidades da vida, mas suas construções não encontram amparo nabiologia dos sistemas complexos, pois ela não vê finalidade na vida a não ser o próprio viver (viver a vida)1. Naverdade, a transcendência dos valores da cultura não encontram amparo no imanentismo da ciência. Morin, expressandoa concepção imanentista da ciência, afirma não haver uma finalidade na vida, mas “um complexo de finalidades nosimples termo viver... aceitar que a vida não seja justificada é aceitar verdadeiramente a vida”2.
No rodapé:___________________________
1 MORIN, E. O método: a vida da vida. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989. p. 369.2 Ibid., p. 375.
c) Opus citatum, opere citato ou op.cit. – na mesma obra citada
Citação referente a uma obra de autor já citado no trabalho, sem ser a imediatamente anterior, não dispensando aindicação de autoria.
Exemplo
Nesta perspectiva, a consciência é a atividade pela qual o homem compreende o mundo e sua própria existência1.
Observamos que, quando o homem começa a pensar sobre si próprio, isto é, quando se “descola” da natureza, nascea filosofia que é, segundo Chauí2” um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente entreos gregos”. Se ousarmos estender esta definição de filosofia até a definição de consciência, que segundo Leontiev3,“em seu caráter imediato é o quadro do mundo que se revela ao sujeito, no qual estão incluídos ele próprio, suasações e estados”, podemos dizer que o homem grego quando elaborou uma forma de pensar – filosofia – elaboroutambém um conceito de si próprio – consciência de ser humano que se diferencia da natureza.
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No rodapé:______________________
1 LEONTIEV. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Novo Horizonte, 1973, p. 99.2 CHAUÍ, M. Convite à Filosofia 3. ed.São Paulo: Ática, 1994. p. 21.3 LEONTIEV, op. cit. p. 98.
d) Sequentia ou et seq. – seguinte ou que se segue
Expressão usada quando não se quer citar todas as páginas da obra referência.
Exemplo
Um estudo de Theodor W. Adorno1 sobre sinais de produção permite-nos afirmar que, nesse texto da escritoraportuguesa, esses sinais “não estão ao atento serviço do tráfico da linguagem com o leitor, mas servemhieroglificamente a um tráfico que se estabelece no interior da linguagem, em suas próprias vias”. Nesse sentido,como propõe o estudioso, os sinais de pontuação não são signos de comunicação, mas de dicção ou de elocução.
No rodapé:______________________
1 ADORNO, 1962, p. 115 et seq.
e) Loco citado ou loc. cit. – no lugar citado
Expressão usada para mencionar a mesma página de uma obra já citada, mas havendo intercalação de outrasnotas.
Exemplo
O termo Ética Profissional tem vários significados: na opinião de Nalini1 é o exercício habitual de uma atividadelaboral desenvolvido com a finalidade de sustentar-se. Para Motta2, pode ser definido como o conjunto de normas deconduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. É a ética propriamente dita regulandoas profissões, para o seu maior êxito. Ressalta ainda Nalini3 que a profissão é um título e uma dignidade.
No rodapé:___________________________
1 NALINI, J. R. Ética e justiça. São Paulo; Oliveira Mendes, 1998. p. 118.2 MOTTA, N. de S. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1984. p. 67.3 NALINI, loc. cit.
f) Passim – aqui e ali, em diversas passagens
Indica referências genéricas a várias passagens do texto, sem identificação de páginas determinadas.
Exemplo
O dados lingüísticos primários são sinais classificados como “frases” e “não-frases”, e, ainda, em correspondências“parciais” e “provisórias” de sinais com as descrições estruturais1.
No rodapé:______________________
1 MELO, L. E. (Org.). Tópicos de psicolingüística aplicada. São Paulo: Humanista, 1999. passim.
g) Cf. – confira
Abreviatura usada para recomendar consulta a trabalho de outros autores ou a nota do mesmo trabalho.
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Exemplo
No caso do SUS, as barganhas ocorrem em todos os níveis mas, aqui, caracterizadas pelo acesso extremamentediferenciado e desigual às rendas públicas, além de virem revestidas de intenções amiúde predatórias, isto é, baseadasna exclusão de potenciais competidores na venda de serviços e produtos para os agentes governamentais15.
No rodapé:___________________________
15Cf. LINDBLOM, 1965, p. 3-32.
h) Apud – citado por
Expressão usada nas transcrições textuais ou conceitos de um autor sendo ditos por um segundo autor.
Exemplo
De acordo com Roe (1966 apud TEIXEIRA, 1983, P. 30): “certamente a responsabilidade de primeira pelo uso ou nãode biblioteca no ensino está com os educadores” [...].
No rodapé:___________________________
ROE, E. Teachers, librarians & children. London: Crosby Lockwwod, 1996.
A expressão apud é a única possível no texto, após a citação.
Para concluir, observe a ilustração a seguir, que resume a forma de apresentação de um trabalho acadêmico, aexemplo da Monografia de conclusão de curso.
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• ELEMENTOS CONDICIONADOS À NECESSIDADE
• SUMÁRIO
• ANEXO
• GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
• CAPA
RESUMO
• ABSTRACT
TEXTO
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PÓS-TEXTUAIS
TEXTUAIS
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ENTOS
CONTADOS E NUMER
ADOS EM
ALGARISMOS ARÁBICOS
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• CAPA
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x EPÍGR. E/OU DEDIC.
x AGRADECIMENTOS
• SUMÁRIO
• LISTAS
RESUMO
TEXTO
• ANEXO
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
• CAPA
CONTADOS E NUMER
ADOS EM ALG
ARISMOS
A FOLH
A DE ROSTO NÃO REC
EBE N
ÚMERO
CONTADOS E NUMER
ADOS EM
ALGARISMOS ARÁBICOS
x ELEMENTOS OPCIONAIS• ELEMENTOS CONDICIONADOS À NECESSIDADE
FOLHA DE ROSTO
TEXTO DE APROVAÇÃO
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PÓS-TEXTUAIS
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• CAPA
ABSTRACT
Introdução aos tipos de Conhecimento e as Práticas de Estudos Unidade I
A ilustração seguinte sintetiza um trabalho acadêmico mais complexo, a exemplo da Dissertação de Mestrado ouTese de Doutorado.
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MODALIDADES DE TRABALHOS ACADÊMICOS
“Escrever é desvendar o mundo.” (Severino Antônio M. Barbosa)
A PALAVRA
De todas as artes a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil é sem dúvida a arte da palavra. De todas as mais seentretece e se compõe. São as outras como ancilas e ministras: ela soberana e universal.
A estátua fala, mas fala como uma interjeição, que apenas expressa um sentimento vago, indefinido, momentâneo.A pintura fala, mas fala como uma frase breve em que elipse houvera suprimido boa parte dos elementos essenciais.O edifício fala, mas fala como uma inscrição abreviada, que desperta a memória do passado sem particularizar osacontecimentos a que alude. A música fala, mas fala apenas à sensibilidade, sem que o entendimento a possaclaramente discernir.
Só a palavra, nas artes que é matéria-prima, fala ao mesmo tempo à fantasia e à razão, ao sentimento e às paixões.Só ela, Pigmalião prodigioso, esculpe estátuas que vão saindo vivas e animadas da pedra ou do madeiro, onde asdelineia e arredonda o seu buril. Só a palavra, mais inventiva do que Zêuxis, sabe desenhar e colorir figuras e países,com que se ilude e engana a vista intelectual. Só a palavra, mais audaz que os Ictinos e os Calícrates, traça, dispõe,exorna e arremessa aos ares monumentos mais nobres e ideais que o Partenão de Atenas.
Só a palavra, mais comovedora e persuasiva do que o pletro dos Orfeus, encandeia à sua lira mágica estas ferashumanas ou desumanas, que se chamam homens, arrebatados e enfurecidos nas mais truculentas alucinações.
Latino Coelho
O autor exalta o valor da palavra, considerando-a a mais importante dentre todasas criações humanas. Compara-a às várias formas de expressão artística e àshabilidades das divindades mitológicas, ressaltando sua superioridade.
A palavra escrita exerce função relevante em várias atividades humanas,principalmente na vida acadêmica, em que norteará as realizações dos estudantes.
Nesta parte do curso, discutir-se-ão as modalidades de emprego da palavra naprodução acadêmica.
ANÁLISE E SÍNTESE DE TEXTOS DIVERSOS
Entender e produzir textos constituem os dois lados de um único processo que envolve a capacidade de análise esíntese, do leitor ou escritor, junto ao texto.
Analisar significa dividir um conjunto a fim de descobrir e revelar os elementos de seu todo, bem como especificar asrelações desses elementos entre si.
O trabalho de análise aplicado à compreensão de texto implica a separação das idéias principais das secundárias.Isso envolve um trabalho cognitivo sobre as estruturas sintáticas, o vocabulário, a construção dos parágrafos e oconteúdo do tema em foco. Além disso, devem-se considerar aspectos ideológicos que se apresentam nos textos e oconfronto do texto com outros que tratam do mesmo assunto. Em outras palavras, exige-se uma leitura analítica.
A leitura analítica corresponde a uma leitura reflexiva, pausada com possíveis releituras, que visa a aprender e acriticar toda a montagem orgânica do texto, sua coerência informativa e seu valor de opinião. Diante de um texto, a
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leitura analítica busca a assimilação de novos conhecimentos a partir do somatório de conhecimentos prévios jáacumulados pelo leitor.
Esse tipo de leitura compreende as seguintes estratégias simultâneas.
• Relações textuais
Encerram toda a organização do texto, compreendendo o título, os subtítulos (se houver), a estruturação dosparágrafos, as relações de coesão e coerência, enfim o conteúdo lógico-semântico do texto.
Na leitura dos elementos textuais, devem-se sublinhar as palavras-chaves que traduzem as idéias fundamentais dotexto, assim como observar as palavras relacionais que asseguram a estrutura lógica dos raciocínios, tais como:porque, em conseqüência, embora, mas etc.
• Relações contextuais ou pragmáticas
Compreendem as intenções explícitas ou implícitas do autor e as convenções socioculturais que repercutem naprodução do texto.
Levam em consideração os interlocutores – quem fala, para quem – e o contexto de situação em que eles se inserem.Assim, a história individual dos interlocutores, seus papéis sociais, o contexto social que os envolve, as intenções nomomento da enunciação devem-se considerar para a real compreensão do que se diz. Em suma, o significado socialdas afirmativas não constitui o conteúdo literal das frases, mas sim a interpretação que os participantes vãooferecer às expressões, como, por exemplo, a afirmativa “depois eu falo com você lá fora”, dependendo do contextode quem diz, para quem diz e das intenções, poderá conter várias significações: uma conversa posterior, umaameaça, a necessidade de um conchavo, uma evasiva para fugir a uma pergunta...
Não basta, portanto, uma pessoa que domine o código lingüístico. Precisa-se também que ela domine o quadro dereferências socioculturais necessárias à compreensão/produção do discurso.
Em razão dessas exigências, alguns textos acadêmicos, editoriais de jornais dentre outros podem-se ler, mas nãocompreender em sua intenção argumentativa.
• Relações intertextuais
Todo texto possui antecedente em relação ao qual se posiciona. Muitas vezes, essa correlação com outro texto vemexplícita, como no caso da
– Alusão ® Referência rápida ao pensamento ou frase de autor bem conhecido.
Ex.: “Veni, Vidi, Vici” (Vim, vi, venci), de Júlio César.
– Citação ® Passagem tomada de um autor, ou pessoa célebre, para ilustrar ou apoiar o que se diz.
Ex.: Disse Afrânio Silva Jardim: “Divergindo da doutrina majoritária, entendemos que a Lei no 9.099/95não mitigou o princípio da obrigatoriedade do exercício da ação penal pública condenatória.”
– Epígrafe ® Citação especial, de autor conhecido, a qual antecede um livro, um artigo, uma monografia, uma teseacadêmica.
Ex.: “Não há ciência isolada e integral; nenhuma pode ser manejada como mestra pelo que ignoratodas as outras. Quando falham os elementos filológicos e os jurídicos, é força recorrer aos
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filosóficos e aos históricos, às ciências morais e políticas.” (Carlos Maximiliano)
– Paráfrase ® Reprodução das idéias de um texto em outro texto, isto é, por outras palavras.
Ex.: Original: Reina um clima geral em que se exige de todos e em todas as partes mudanças contínuas,transformando cada vez mais o conjunto da realidade operacional da empresa de modo exagerado,em tribunal. As discussões encontram-se sob o signo do excesso de exigências. As pessoassentem-se encostadas à parede: “Justifiquem-se!”. Imaginem que não houvesse gestores. Osprocessos decorreriam de modo natural, auto-regulado. Seria melhor? Ou pior? Segundo quaiscritérios? A gestão parece ser muitas vezes ela própria a crise que pretende superar. (Reinhard K.Sprenger. Sem passado não há futuro. Mercado Global, Rede Globo)
Paráfrase: O movimento generalizado de mudanças permanentes transformam exageradamenteo dia-a-dia de trabalho nas empresas num tribunal em que todos estão sempre sob julgamento,estão sempre pressionados a explicar-se, a justificar suas atitudes. Ora, e se não houvessegestores? O trabalho aconteceria naturalmente, cada um decidindo sobre a própria conduta. Ascoisas melhorariam ou piorariam? De que ponto de vista? A gestão empresarial parece muitasvezes ser o problema, não a solução.
– Paródia ® Apropriação de um texto primitivo com intenções críticas, humorísticas ou apelativas.
Ex.: Nossas flores são mais bonitas,nossas frutas mais gostosas,mas custam cem mil réis a dúzia.
(Mendes, Murilo. Canção do exílio.)
Sintetizar significa reunir elementos relevantes de um conjunto e fundi-los num todo coerente, ou seja, retirar osfatos secundários, o acessório, em relação às idéias principais, que constituem o núcleo semântico do texto.
A síntese ajuda aos estudantes, nos seus trabalhos acadêmicos, a identificar as idéias principais de um texto e,ainda, colabora no fichamento de capítulos de livros, constantemente solicitado na vida universitária.
Propicia, também, o desenvolvimento da habilidade de sintetizar, exigência da vida profissional, enfim, da vidamoderna.
O processo de síntese abrange o esquema, o fichamento, o resumo e a resenha que, embora ligados à síntese, têmcaracterísticas distintas.
• Esquema
Trata-se de um processo de redução radical para a compreensão de um texto ou para orientação numa exposiçãooral, já que detém apenas tópicos essenciais de um assunto.
Corresponde à forma mais reduzida dos processos de síntese. Compõe-se somente de palavras ou abreviaturas oufórmulas, a partir das quais se resgatam as idéias principais.
Exemplo de texto esquematizado.
“Pode-se imaginar o ‘universo’ da ciência como constituído de três níveis: no primeiro, ocorrem asobservações de fatos, fenômenos, comportamentos e atividades reais; no segundo, encontram-se ashipóteses; finalmente, no terceiro, surgem as teorias, as hipóteses válidas e sustentáveis. O que interessa,na realidade, é a passagem do segundo para o primeiro nível, o que ocorre através do enunciado dasvariáveis.”
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III TEORIAS
II HIPÓTESES
VARIÁVEIS
I OBSERVAÇÕES
• Fichamento
Para o autor de um trabalho acadêmico, a ficha apresenta-se como um instrumento de trabalho importante, uma vezque manipula material bibliográfico que, em geral, não lhe pertence.
Utilizam-se, também, nas mais diversas instituições, para serviços administrativos, e nas bibliotecas, para consultado público.
As fichas permitem a identificação das obras, o conhecimento de seu conteúdo, a utilização de citações, a análise domaterial e a elaboração de críticas.
Têm-se, então, fichas bibliográficas de resumo ou conteúdo, de citações, de análise ou comentário, dentre outras.
Seguem alguns exemplos de fichamento, retirados da obra Fundamentos de metodologia científica, de Eva MariaLakatos e Marina de Andrade Marconi, baseados na obra Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista.
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Ocupações Marginais no Nordeste Paulista
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MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: ConselhoEstadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Insere-se no campo da Antropologia Cultural. Utiliza documentação indireta de fontes secundárias edireta, colhidos os dados através de formulário. Emprega o método de abordagem indutivo e o deprocedimento monográfico e estatístico. A modalidade é específica, intensiva, descritiva e analítica.
Apresenta a caracterização física do Planalto Nordeste Paulista.
Analisa a organização econômica do planalto, descrevendo o aspecto legal do sistema de trabalho edas formas de contrato, assim como a atividade exercida e as ferramentas empregadas em cada fasedo trabalho. Registra os tipos de equipamentos das habitações e examina o nível de vida dasfamílias.Descreve o tipo de família, sua composição, os laços de parentesco e compadrio e a educaçãodos filhos. Examina a escolaridade e a mobilidade profissional entre gerações.
Apresenta as práticas religiosas com especial destaque das superstições, principalmente as ligadas aogarimpo.
Discrimina as formas de lazer, os hábitos alimentares, de higiene e de vestuário.
Levando em consideração o uso de uma linguagem específica; inclui um Glossário.
Conclui que o garimpeiro ainda conserva a cultura rurícola, embora em processo de aculturação. Exerceo nomadismo. É solidário. O traço de irresponsabilidade é mais atenuado do que se esperava.
Apresenta quadros, gráficos, mapas e desenhos.
Esclarece aspectos econômicos e socioculturais da atividade de mineração de diamantes na regiãorural de maior número de garimpeiros no Nordeste Paulista.
• Indicado para estudantes de Ciências Sociais e para as disciplinas de Antropologia Cultural eSocial.
• Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade.
Ficha Bibliográfica
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Ficha de Resumo ou de Conteúdo
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MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: ConselhoEstadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Pesquisa de campo que se propõe a dar uma visão antropológica do garimpo em Patrocínio Paulista.Descreve um tipo humano característico, o garimpeiro, em uma abordagem econômica e sociocultural.
Enfoca aspectos geográficos e históricos da região, desde a fundação do povoado até a constituiçãodo município. Enfatiza as atividades econômicas da região em que se insere o garimpo, sua correlaçãoprincipalmente com as atividades agrícolas, indicando que alguns garimpeiros do local executam otrabalho do garimpo em fins de semana ou no período de entressafra, sendo, portanto, em parte,trabalhadores agrícolas, apesar de a maioria residir na área urbana.
Dá especial destaque à descrição das fases da atividade de garimpo, incluindo as ferramentas utilizadas.Apresenta a hierarquia de posições existentes e os tipos de contrato de trabalho, que diferem do rurale o respeito do garimpeiro à palavra empenhada. Aponta o sentimento de liberdade de garimpeiro ejustifica seu nomadismo, como conseqüência de sua atividade.
A análise econômica abrange ainda o nível de vida como sendo, de modo geral, superior ao do egressodo campo e a descrição das casas e seus equipamentos, indicando as diferenças entre ranchos de zonarural e casas da zona urbana.
Sob o aspecto sociocultural demonstra a elevação do nível educacional e a mobilidade profissionalentre as gerações: dificilmente o pai do garimpeiro exerceu essa atividade e as aspirações para os filhosexcluem o garimpo. Faz referência ao tipo de família mais comum – a nuclear –, aos laços de parentescoe ao papel relevante do compadrio. Considera adequados a alimentação e os hábitos de higiene, tantodos garimpeiros quanto de suas famílias. No que respeita à saúde, comprova a predominância daconsulta aos curandeiros e dos medicamentos caseiros.
Faz um levantamento de crendices e superstições, com especial destaque ao que se refere à atividadede trabalho. Aponta a influência dos sonhos nas práticas diárias.
Finaliza com um glossário que esclarece a linguagem especial dos garimpeiros.
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Ficha de Citações
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MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho
Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
”Entre os diversos tipos humanos característicos existentes no Brasil, o garimpeiro apresenta-se, desde
os tempos coloniais, como um elemento pioneiro, desbravador e, sob certa forma, como agente de
integração nacional.” (p. 7)
”Os trabalhos no garimpo são feitos, em geral, por homens, aparecendo a mulher muito raramente e
apenas no serviço de lavação ou escolha de cascalho, por serem mais suaves do que o de desmonte.”
(p. 26)
”... indivíduos [os garimpeiros] que reunidos mais ou menos acidentalmente continuam a viver e trabalhar
juntos. Normalmente abrangem indivíduos de um só sexo (...) e sua organização é mais ou menos
influenciada pelos padrões que já existem em nossa cultura para agrupamentos dessa natureza”. (p.
47) (LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. 5. ed. São Paulo: Martins, 1965, p.
111).
”O garimpeiro (...) é ainda um homem rural em processo lento de urbanização, com métodos de vida
pouco diferentes dos habitantes da cidade, deles não se distanciando notavelmente em nenhum aspecto:
vestuário, alimentação, vida familiar.” (p. 48)
”A característica fundamental no comportamento do garimpeiro (...) é a liberdade.” (p. 130)
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Ficha de Comentário ou Ficha Analítica
Assim, conforme as informações vão surgindo, durante o desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos, devem sercatalogadas para, posteriormente, serem utilizadas como suporte para análise e discussão dos resultados obtidos.
• Resumo
Resumir significa dar forma mais reduzida a um texto anteriormente mais longo, preservando-se contudo o significadogeral.
Exige-se, inicialmente, no trabalho de resumo, a compreensão clara da mensagem do texto, o que significa umtrabalho preliminar de análise: domínio do vocabulário, da estrutura sintática e do conteúdo semântico. Em outraspalavras:
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MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: ConselhoEstadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Caracteriza-se por uma coerência entre a parte descritiva e analítica, entre a consulta bibliográfica e apesquisa de campo. Tal harmonia difícil e às vezes não encontrada em todas as obras dá uma feiçãoespecífica ao trabalho e revela sua importância.
Os dados, obtidos por levantamento próprio, com o emprego do formulário e entrevistas, caracterizamsua originalidade.
Foi dado especial destaque à fidelidade das denominações próprias, tanto das atividades de garimpoquanto do comportamento e das atitudes ligadas ao mesmo.
O principal mérito é ter dado uma visão global do comportamento do garimpeiro, que difere da apresentadapelos escritores que abordam o assunto, mais superficiais em suas análises, e evidenciando a colaboraçãoque o garimpeiro tem dado não apenas à cidade de Patrocínio Paulista, mas a outras regiões, pois ofruto de seu trabalho extrapola o município.
Carece de uma análise mais profunda da inter-relação entre o garimpeiro e o rurícola, em cujo ambienteàs vezes trabalha, e o citadino, ao lado de quem vive.
De todos os trabalhos sobre garimpeiros é o mais detalhado, sobretudo nos aspectos socioculturais,porém não permite uma generalização, por se ter restrito ao garimpo de diamantes em PatrocínioPaulista.
Essencial na análise das condições econômicas e socioculturais da atividade de mineração do NordestePaulista.
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– conhecimento dos termos desconhecidos (utilização do dicionário);– apreensão do encadeamento semântico (significado);– registro das idéias chaves e das palavras ou expressões que servem de articulação entre duas idéias (coesão);– hierarquização das idéias, separando-se as principais das secundárias, eliminando-as ou reduzindo-as (seleção).
Entra-se, então, na fase de redação do resumo, observando-se o seguinte:
– apresentam-se as informações ou idéias básicas na ordem em que aparecem no texto a resumir;– aconselha-se o suprimento da maior parte dos detalhes como exemplos, fatos secundários, mas não se devem
excluir todos;– desprezam-se as características estilísticas do autor;– utiliza-se, de preferência, a 3ª pessoa do singular e os verbos aparecem na voz ativa;– evita-se a transcrição ou citação do original, podendo, porém, aproveitar-se as palavras consideradas chaves;– evita-se a utilização de parágrafos.
Deve-se resumir, portanto, com fidelidade, com objetividade e clareza, três condições essenciais ao bom resumo.
Leia o texto a seguir.
Atenção às oportunidades
Estamos no mês de folgança carnavalesca. O que é mera rotina. Mas estamos também num ano de emoçõesfutebolísticas e paixões eleitorais, repetitivas, porém não tão rotineiras. Isso tudo tem implicações para a economia.O difícil é saber exatamente quais. De um lado, essas temporadas de agitação trazem o aumento do absenteísmo eda rotatividade de mão-de-obra no emprego. De outro, também pode-se prever alta na demanda interna. Afinal,essas alterações de mercado são boas ou ruins para os negócios? Depende do ramo.
Na indústria pesada, de equipamentos sob encomenda, o absenteísmo e a rotatividade são mais prejudiciais do queem outros ramos. Ao mesmo tempo, o aumento da demanda não chega a ser uma compensação, já que as encomendasnesse setor são geradas por programas de investimentos e não pelo comportamento dos consumidores. Já naindústria de bens de consumo, as coisas são diferentes. O absenteísmo e a rotatividade são incômodos, trabalhosos,mas não chegam a constituir grande ameaça, enquanto o efeito positivo dos aumentos de demanda é imediato.
No campo das pequenas e microempresas este é um ano propício ao oportunismo empresarial. Não estou falando deoportunismo no sentido pejorativo da palavra. Estou apenas dizendo que a dinamização resultante do campeonatomundial de futebol e das campanhas eleitorais por todo o país cria oportunidades para quem tem agilidade, imaginaçãoe eficiência operacional. Sempre respeitei essas qualidades do empreendedor esperto, que descobre com antecipaçãode onde o dinheiro está para jorrar, as necessidades urgentes a serem atendidas e imediatamente apresenta propostaspara o cliente. Essas qualidades, na verdade, ditam a diferença entre o bom empresário, seja qual for o seu porte, eo diletante, que está na atividade empresarial não propriamente por vocação.
Certamente não esqueci que a economia brasileira levou um tranco no final do ano passado, com a crise do mercadofinanceiro internacional. Nem que os efeitos das medidas adotadas pelo governo não são favoráveis a uma grandeexpansão dos negócios, ao contrário. Mas isso, em vez de contraditar o que foi dito ou de induzir ao desânimo,significa que aquelas qualidades especiais encontradas nos bons empresários serão ainda mais necessárias e terãomaior influência do que nos períodos em que todos os ventos sopram a favor. Na prática, o que estará em jogo éuma velha fórmula: capacidade de trabalho e competência.
(Marco Antônio Rocha. Pequenas Empresas GrandesNegócios, ano X no 109, fevereiro/1998, p. 86)
Observe, agora, o resumo do texto.
O carnaval, este mês, e a copa do mundo e as eleições, este ano, trazem alterações de mercado, quesão boas ou ruins a depender do ramo de negócios. A influência dessas alterações difere da indústria
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pesada para a de bens de consumo. Já para pequenas e microempresas que disponham de agilidade,imaginação e eficiência operacional, as eleições e a copa trazem boas oportunidades. Capacidade ecompetência são, pois, ainda mais necessárias agora do que em épocas favoráveis à expansão negocial.
• Resenha
Corresponde a um processo de síntese, semelhante ao resumo, mas dele se diferencia por possuir caráter obrigatóriocrítico, avaliativo em relação ao texto original, que pode se apresentar como literário, didático ou científico.
Resenhar uma obra cultural – livro, artigo, crônica, filme, peça de teatro... – ou um evento, portanto, consiste eminformar sobre elementos relevantes de conteúdo, forma e contexto, para que o leitor possa avaliar a importância ouo interesse de procurar o objeto original.
Para tanto, a resenha deve informar sobre o autor, sobre o conteúdo da obra e sobre sua avaliação, pontos básicosesquematizados a seguir, para maior compreensão.
Em relação a uma obra
Autor
a. Quem é ele na área, formação, títulos, outros livros ou obras publicados etc.b. Referencial teórico e sua prática.
Conteúdo da Obra
a. Do que se trata, qual sua proposta central.b. Como está organizado o livro (introdução, corpo, conclusão, capítulos ou partes) ou a obra.c. Suporte teórico: conhecimentos e argumentações científicas, históricas, estatísticas.d. Linguagem usada: correção, clareza, objetividade, problemas de tradução (se for o caso).e. Extensão e valor da bibliografia.
Avaliação
a. Qualidade da contribuição, a quem se destina, utilidade.b. Balanço das contribuições e das críticas.
Fonte: CARVALHO, Sérgio Waldeck. SOUZA, Luiz Marques.Compreensão e produção de textos. Rio de Janeiro: Libro.
Leia a resenha e os comentários a seguir, retirados do livro Para entender o texto, de Platão e Fiorin.
MEMÓRIA – ricas lembranças de um precioso modo de vida
O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto que comove de tãobonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos nadas que preencheram os diasde uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42.
Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotado em um caderno de capa dura que elaganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da menina, que se propõe a registrarnele os principais acontecimentos destas férias para mais tarde recordar coisas já esquecidas.
O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada modéstia do texto que,ao ser concebido, tinha como destinatária única a mãe da autora, a quem o caderno deveria serentregue quando acabado.
E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram muitos, pontilhados demuita comilança e de muita leitura: cinema, doce-de-leite, novena, o Tico-Tico, doce-de-banana, teatrinho,
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visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão, recorte de gravuras, Fon-Fon, casamentos, bolinho de legumes,festas de aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor-de-barriga, desenho de aquarela, mingau,indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em férias mineiras, dasquais regressa sozinha, de avião.
Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida que é hoje apenas umdolorido retrato na parede. Retrato, entretanto, que, graças à arte de Julieta, escapa da moldura,ganha movimentos, cheiros, risos e vida.
O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de sua linguagem,que, se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda, não obstante, o sotaque antigo dotempo em que os adolescentes que faziam diários, dominavam os pronomes cujo/a/os/as, conheciam aimpesssoalidade do verbo haver no sentido de existir e empregavam, sem pestanejar, o mais-que-perfeito do indicativo quando de direito...
Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico, aos cuidados de Raquel Braga.Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu diário e reproduzindo na capado livro a capa marmorizada do caderno, com sua lombada e cantoneiras imitando couro. O resultadoé um trabalho em que forma e conteúdo se casam tão bem que este Diário de uma garota acabaconstituindo uma grande festa para seus leitores.
Marisa Lajolo
“O texto é uma resenha crítica, pois nele a resenhadora apresenta um breve resumo da obra, mas também faz umaapreciação do seu valor (exemplo, 1o período do 1o parágrafo, 3o parágrafo). Ao comentar a linguagem do livro (6o
parágrafo), emite um juízo de valor sobre ela, estabelecendo um paralelo entre os adolescentes da década de 40 e osde hoje do ponto de vista da capacidade de se expressar por escrito. No último parágrafo, comenta o projeto gráficoda obra e faz uma apreciação a respeito dele.
No resumo da obra, a resenhadora faz uma indicação sucinta do conteúdo global da obra (“registro amoroso e miúdodos pequenos nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42”),mostra o gênero utilizado pela autora (diário) e, depois, relata os pontos essenciais do livro (um rol dos pequenosacontecimentos da vida da adolescente em férias).
A parte descritiva é reduzida ao mínimo indispensável, apenas o título completo da obra, a editora e o nome daautora são indicados.”
• Dissertação
Dissertação corresponde ao gênero de redação em que se opina sobre determinado tema, de maneira crítica epersuasiva.
Se dissertar significa expor idéias, ponto de vista, baseados em argumentos lógicos, estabelecendo as relaçõesnecessárias, o raciocínio predomina nesse tipo de redação e, quanto maior a fundamentação argumentativa, maisconsistente se apresentará o desempenho.
Raciocina-se por meio de argumentos. Os principais registram-se a seguir.
O argumento indutivo parte do registro de fatos particulares para chegar à conclusão ampliada, que estabelece umaproposição geral. Trata-se, portanto, de uma generalização: um, dois, três... logo, todos. Caminha-se do efeito paraa causa.
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Ex.: Cobre conduz, energia (premissa). Ouro conduz energia (premissa). Todo metal conduz energia(conclusão).
O argumento dedutivo parte de uma verdade estabelecida, geral, para provar a validade de um fato particular.Caminha-se da causa para o efeito.
Ex.: Todo homem é inteligente (premissa maior). Jorge é homem (premissa menor). Jorge é inteligente(conclusão).
Note que, no raciocínio indutivo, se as premissas (afirmações) são verdadeiras, a conclusão provavelmente seráverdadeira, mas não necessariamente verdadeira, e a conclusão encerra informação que não constava das premissas.Já no raciocínio dedutivo, se as premissas são verdadeiras, a conclusão só pode ser verdadeira, e as informaçõescontidas na conclusão já estavam implícitas nas premissas.
As declarações exigem argumentos, sejam eles justificativos, comprobatórios ou exemplificativos, para torná-lasconsistentes. Escolhem-se, portanto, premissas que favoreçam o raciocínio no caminho da verdade, como, porexemplo:
– possuem lógica?– submetem-se à verificação?– contradizem alguma verdade já aceita?– apóiam-se em algum testemunho?
Se a premissa expressa uma verdade universalmente aceita, dispensa-se prova.
Ao se estabelecer uma premissa para provar uma afirmação, devem-se utilizar palavras precisas, exatas, que nãoprovoquem a ambigüidade da proposição (conclusão).
O argumento causal busca compreender a relação de causa e efeito em um fato ou processo.
Ex.: Isso é causa disto; aquilo é efeito disto. Em outras palavras, se eu me machuquei depois que vium gato preto é prova de que o gato preto traz azar.
O argumento analógico consiste na passagem de um fato particular para outro também particular que se infere, emrazão de alguma semelhança. Em razão disso, o raciocínio por semelhança fornece apenas probabilidade e nãocerteza.
Ex.: Na Medicina terapêutica, o diagnóstico tem geralmente uma base analógica. A partir dos sintomasobservados chega-se à doença.
Usa-se, também, no âmbito da Política e Literatura, por seu poder retórico de fixar e simplificar um conceito abstrato.
Ex.: A inflação é uma bola de neve.
A dissertação baseia-se nessa fundamentação lógica: encontrar idéias e concatená-las. Caracteriza-se, portanto,por obedecer duas exigências básicas: a exposição e a argumentação. Em razão disso, utiliza-se esse tipo de textoem trabalhos científicos ou acadêmicos, como monografia, dissertação de mestrado, tese de doutorado, artigos eeditorais de jornais.
Para facilitar a produção de um texto argumentativo, pode-se utilizar um roteiro sobre o tema a se desenvolver.
Observe o exemplo em questão.
– Tema: Mulher na atualidade
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– Delimitação do tema: Igualdade entre homem e mulher– Argumentação a ser defendida: homem e mulher apesar das diferenças biológicas, devem ter
oportunidades iguais na sociedade.
As argumentações devem conter um caráter persuasivo, suceder em seqüência lógica e encaminharpara conclusão.
Veja, agora, como ficou a montagem do roteiro.
INTRODUÇÃO
Homem e mulher, apesar das diferenças biológicas, devem ter oportunidades iguais na sociedade.
DESENVOLVIMENTO
1. A divergência entre feminismo e machismo é uma questão cultural.2. As diferenças biológicas não fazem de homem e mulher espécies diferentes.3. A mulher vem assumindo papel cada vez mais preponderante no mercado de trabalho.4. O mundo político tem testemunhado o aparecimento de mulheres em posições de destaque.
CONCLUSÃO
Homem e mulher devem ser parceiros na construção de uma vida melhor para todos.
Uma vez pronto o roteiro, passa-se à redação propriamente dita, obedecendo à organização interna do texto dissertativo,explicada a seguir.
INTRODUÇÃO – O autor diz a que veio; apresenta o assunto e seu posicionamento sobre ele. Além disso, delimita aabordagem, caso necessário, e define qual o argumento básico a “atacar” para a defesa de seu ponto de vista.
DESENVOLVIMENTO – O autor trata do tema de forma analítica e lógica; desenvolve a tese introduzida no início dotexto e expõe os argumentos necessários para persuadir o leitor.
CONCLUSÃO – O autor reafirma, confirma a tese inicial ou, então, propõe soluções para o problema que foi discutidono texto.
Do ponto de vista lingüístico, a dissertação deve submeter-se ao padrão culto formal, obedecendo à correçãogramatical e ao apuro vocabular, bem como, em razão de sua natureza reflexiva e conceptual, ater-se a uma linguagemlógica e impessoal, isto é, na 3a pessoa do singular.
Leia o exemplo dissertativo a seguir.
“Há duas espécies de erro: o erro a favor da gente e o erro contra a gente.
O primeiro erro é fenômeno essencial ao processo de conhecimento, e tem valor. O método indutivo nelese apóia, buscando a verdade por meio do popular “ensaio-erro”. O cientista não o pode dispensar:para encontrar o antídoto para determinado veneno, por exemplo, precisa experimentar diferentescombinações e misturas, testando-as em doses controladas, em cobaias animais e humanas, comparandoreações e efeitos, até chegar ao antídoto mais eficiente e menos contra-indicado. Na sucessão dasexperiências, há muitos erros, muitos resultados que não funcionam como se quer – estes erros sãoindispensáveis para eliminar alternativas inúteis, e assim aumentar a possibilidade do acerto final.
O processo ensaio-e-erro, inclusive, costuma produzir efeitos inesperados, resultantes da presença doacaso. Através da procura de antídotos se pode chegar a descobertas imprevisíveis, e mesmo a outrassubstâncias tão úteis à humanidade quanto os antídotos.
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Entretanto, o erro deixa de ser indispensável ao processo do conhecimento e passa a ser, ao contrário,claramente prejudicial, quando se repete. Quando, ao estabelecer o limite para a procura do acerto, sefixa no próprio limite e interrompe o processo. Como se o artilheiro, por nervosismo e incompetência, enão por intenções pacifistas e brincalhonas, continuasse acertando água – logo acertariam nele e noseu couraçado. Como se o cientista insistisse numa substância que matasse uma cobaia após a outra,desconhecendo o erro, desconhecendo a necessidade de usar o erro para mudar e procurar acertar. Eiso erro contra a gente.” (Gustavo Bernardo)
Neste texto, falou-se da importância de analisar e sintetizar textos diversos, tantasvezes solicitados na vida acadêmica e profissional.
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TEXTO A: O CONHECIMENTO: ALGUMAS VERTENTES
Denise Paulinelli RaposoJuliana Eugenia CaixetaMaysa Barreto Ornelas
Antes de iniciar a leitura do texto a seguir, reflita sobre as questões abaixo:
• O que significa conhecer?
• De que forma construímos nossos conhecimentos sobre o mundo?
• Para que servem os conhecimentos?
• Será que todo conhecimento advém da realidade?
Agora que você já refletiu sobre essas questões, leia cuidadosamente o texto a seguir.
O conhecimento é a construção de significados que as pessoas e a sociedade fazem sobre o mundo, a partirde experiências da vida cotidiana. Nesse sentido, podemos dizer que a compreensão da realidade, ou seja, as idéiasque construímos, é resultado da nossa relação com o mundo.
De acordo com Ornelas (2005): “No campo filosófico o conhecimento pode ser estudado sob dois ângulos:como ação humana sobre algo a ser conhecido e como bem da humanidade, construído individual e coletivamente”.
Embora usemos no dia-a-dia o termo “conhecer” para qualquer situação de contato do sujeito com o mundo,não podemos usá-lo sem refletir. Às vezes, não chegamos a conhecer algo totalmente; apenas o percebemos ousentimos. Como assim?, você pode estar se perguntando. Ocorre que conhecer é algo mais complexo do queimaginamos.
Na abordagem filosófica, há o conhecimento como ação e há o conhecimento como bem da humanidade.
No primeiro sentido, conhecer é trazer para o sujeito algo que se põe como objeto. É o processo pelo qual osujeito leva para sua consciência algo que está fora dela. Para Telles Jr.: “O conhecimento (...) é a tradução cerebralde um objeto (...) é o renascimento do objeto conhecido em novas condições de existência dentro do sujeito conhecedor”.
Assim, podemos dizer que conhecer é construir significados sobre algo que nos é apresentado. É umprocesso contínuo e dinâmico, que ocorre em nosso dia-a-dia.
No segundo sentido, o conhecimento é um patrimônio da humanidade, formado pelos saberes humanosacumulados ao longo da história. Sob essa ótica, podemos falar de tipos de conhecimento, de acordo com a fontesob a qual este foi construído: sabedoria popular, vivências ou experiências científicas.
Unidade II
PESQUISA: UM PROCESSO COMPLEXO
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Neste curso, trataremos do conhecimento como bem da humanidade, ou seja, como algo que é produzidopelo ser humano para a sociedade, tendo em vista sua importância como recurso para a construção do textoacadêmico.
De acordo com essa abordagem, não há apenas uma forma de se conhecer a realidade, ou seja, de entendê-la e explicá-la. Por exemplo: existem várias formas de entender como acontece uma batida de carro. Podemos dizerque foi Deus quem quis assim, que, ao bater com o carro, Deus nos livrou de um perigo maior, como a morte, ouainda, que Ele quis nos castigar por algo errado que fizemos. Podemos explicar também dizendo que estávamosdistraídos olhando para uma propaganda na rua e acabamos por bater o carro; ou, ainda, podemos explicar, dizendoque a batida do carro aconteceu porque as condições mecânicas do carro não estavam adequadas e que o desgastedos freios provocou uma baixa aderência ao chão, provocando a batida. Com isso, queremos afirmar que existemvárias formas de conhecer e explicar os fenômenos que acontecem no dia-a-dia.
Existem quatro tipos importantes de formas de conhecimento: o filosófico, o religioso, o senso comum e aciência. Em poucas palavras, podemos dizer que o conhecimento filosófico pretende conhecer a essência de todas ascoisas. Por exemplo, no caso da batida do carro, o filósofo iria pensar sobre o que é uma batida de carro, de quemaneira ela aconteceu, que conseqüências trouxe, especialmente, conseqüências para vida humana.
Diferentemente da filosofia, o conhecimento religioso busca explicar os fenômenos da realidade a partir dadivindade, que pode ser Deus, Alá, Buda etc. Para isso, os religiosos lêem a “Palavra”, ou seja, a Bíblia, o Evangelho,o Alcorão. Eles usam a hermenêutica para entender a realidade, ou seja, estudam a palavra que a divindade deixoupara os seus discípulos. Nesse caso, a batida do carro poderá ser explicada como: “Deus quis”, “Alá permitiu porqueera o melhor para mim” etc.
O senso comum é conhecido como o conhecimento popular, do dia-a-dia, que usamos o tempo todo. Oprincipal objetivo do senso comum é resolver nossos problemas, possibilitar uma vida mais fácil. Assim, a batida docarro pode ser explicada pela displicência: estava distraída/o, por isso, bati o carro. Outro exemplo: “Vou tomarboldo, porque meu estômago está doendo”, ou ainda: “Vou colar ‘durepox’ no cano porque está vazando água”.Você já fez isso? Se sim, você estava usando o conhecimento do senso comum! A todo momento, usamos esse tipode conhecimento, porque estamos sempre precisando resolver problemas. Esse conhecimento é espontâneo, construídoao longo da nossa história de vida, a partir das ações e histórias da nossa família, amigos, vizinhos.
A ciência – um dos quatro tipos de conhecimento – é bem diferente do senso comum. A ciência quer explicara realidade, por meio de pesquisa, de investigação científica, ou seja, de investigação intencional, baseada emmétodos rigorosos, como observação, questionários, testes, experimentos, entrevistas. Então, a ciência é diferentedo senso comum porque busca sistematizar um conhecimento por meio da investigação por pesquisas rigorosas, commétodos específicos e passíveis de descrição; já o senso comum quer resolver problemas do cotidiano, por isso, nãoquer comprovar, por intermédio de pesquisa, suas conclusões.
Por exemplo, você não fez pesquisa sobre o “durepox” ou o boldo; simplesmente os usou porque sabia, pelasua vivência, que eles ajudariam a tampar o cano que estava vazando e melhorar sua dor no estômago. Você deve,em sua memória, lembrar-se da sua avó lhe dizendo: “Meu filho, tome boldo que passa!”. Você seguiu os conselhosda sua avó e deu certo, não teve que estudar as propriedades químicas do boldo.
Dessa forma, podemos afirmar que os conhecimentos se diferenciam quanto ao seu objetivo, seu objeto deestudo e sua metodologia. Veja o quadro a seguir:
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SAIBA MAIS!Sujeito é aquele que conhece.O termo objeto advém do latim ob e jectume significa aquilo que se põe diante de nós.
Até o momento, você estudou a trajetória percorrida pela humanidade para compreender a realidade, as concepçõese as formas de conhecimento. Refletiu, ainda, sobre a necessidade que o ser humano tem de ser o detentor daverdade, por meio daquilo que se manifesta, que aparece em dado momento, ou mesmo da necessidade de decifraros enigmas do universo.
O desvelamento do ser e das coisas alicerçou o aparecimento e o progresso das ciências sociais e da psicologia, pormeio do conhecimento científico.
Antes continuar a leitura do texto, reflita sobre a afirmação a seguir:
“Como científico, o conhecimento preocupa-se com a descoberta das causas dosfenômenos e com a relação desses fenômenos entre si.” (CORDEIRO,1999: 25)
Dentro dessa perspectiva, o conhecimento científico apresenta algumas características específicas, quepodem ser facilmente identificadas (Quadro I).
Conhecimento Objetivo Objeto de estudo Metodologia
Filosófico
Religioso
Popular ouSenso Comun
Ciência
Conhecer a essência de todas ascoisas
Explicar os fenômenos naturais esociais por meio da fé.
Resolver os problemas do cotidiano
Explicar os fenômenos naturais esociais, a partir dos cinco sentidos:tato, visão, audição, olfato epaladar, gerando conhecimentosistematizado, ou seja, organizadoa partir de experimentos, decomprovação
Essência dosfenômenos naturais esociais
Divindade
Qualquer objeto
Fenômenos naturais(fenômenos danatureza, ex: chuva,raios, terremotos etc)e sociais (fome,violência, sucesso,política etc)
D e s c r i ç ã os i s temát i ca ( r e f l exão ,pensamentos sobre oobjeto de estudo)
Hermenêutica(estudo dapalavra da divindade)
Qualquer método: fé,memória, sentido etc.
Científica: observaçãocontrolada, entrevistas,experimentos etc.
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Outro fator de destaque para compreender um determinado fenômeno cientificamente é o entendimento deque existem abordagens que fundamentam uma investigação científica: a abordagem quantitativa e a abordagemqualitativa. A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo uso da quantificação tanto na coleta quanto no tratamentodas informações, por meio de técnicas estatística, desde as mais simples, como percentual, média, desvio-padrão,às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. A abordagem qualitativa apresentauma liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo. Os limites de sua iniciativa são fixados pelas condiçõesexigidas a um trabalho científico, mas ela deve apresentar estrutura coerente, consistente, originalidade e nível deobjetivação capaz de merecer a aprovação dos cientistas num processo intersubjetivo de apreciação (DIEHL, 2004).
O relacionamento entre essas abordagens é preconizado por estudiosos do assunto por meio da visão puristae da visão dialógica. A primeira defende a teoria da incompatibilidade de opostos, ou seja, tanto estudiosos daabordagem quantitativa quanto da qualitativa julgam que não há possibilidade de diálogo entre as duas abordagens.A segunda, a visão dialógica, reforça que, dependendo do problema a ser investigado, admite-se um ou outro, oumesmo as duas abordagens em uma mesma pesquisa. Existe, ainda, a teoria da complementaridade, decorrente daintegração entre as duas abordagens.
LEITURAS SUGERIDAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
DIEHL, Astor Antônio e TATIM, Denise Carvalho. Pesquisas em ciências sociaisaplicadas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
Características Especificações
Racional
Transcendentes aos fatos
Constituído de conceitos, juízos e raciocínios, e não de sensações e imagens.
Conduz o conhecimento além dos fatos observados, inferindo o que pode haveratrás deles.
Aborda um fato, processo situação ou fenômeno decompondo o todo em partes.Analítico
Cumulativo
Sistemático
Explicativo
Preditivo
Crítico
QUADRO I – Características do Conhecimento Científico
Constituído de um sistema de idéias correlacionadas: contém sistemas dereferência, teorias e hipóteses fontes de pesquisa etc, informações e quadroexplicativo das propriedades relacionadas.
O seu desenvolvimento é uma conseqüência de contínua seleção de conhecimento.
Tem como finalidade explicar os fatos em termos de leis e as leis em termos deprincípios.
Fundamenta-se em leis já estabelecidas, pode por meio da indução probabilística,prever ocorrências futuras.
Procura bases sólidas, justificativas claras e exatas.
Fonte: Cordeiro, 2001, p. 26.
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Até agora, refletimos sobre a relação do homem com o mundo do conhecimento e sobre as características e abordagensque fundamentam a investigação científica. A partir de agora, iremos compreender a pesquisa científica, por intermédioda qual uma situação ou fato é investigado. Para tanto, os procedimentos metodológicos e as técnicas rigorosas,apoiados em conhecimentos já existentes sobre a questão, embasam o processo de investigação na pesquisa científica.
A pesquisa científica pode ser definida:
como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostasaos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe deinformação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informaçãodisponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamenterelacionada ao problema. (GIL, 2002, p. 17)
A pesquisa científica tem diferentes finalidades e pode ser classificada de diferenciadas formas, critérios epontos de vista. Aquela que é realizada por meio de questões de ordem intelectual, que amplia o saber e estabeleceprincípios científicos, é denominada pesquisa pura; a pesquisa aplicada é realizada por questões imediatas, decunho prático, e busca soluções para problemas concretos. Entretanto, é importante você conhecer além dessasduas modalidades, a classificação da pesquisa segundo diferentes critérios:
QUADRO II – Classificação das Pesquisas
Critéfios Especificações
Área do conhecimento
Lugar em que se desenvolvem
Caráter dos dados coletados
Forma de raciocínio
Utilização de técnicas indiretas
Objetivos imediatos
Educacionais, históricas
Laboratoriais, de campo
Qualitativas ou quantitativas
Indutivas, dedutivas, dialéticas
Bibliográficas, documentais ou teóricas
Exploratórias, descritivas e experimentais
Entre os pesquisadores, a nomenclaura mais difundida é a classificação da pesquisa segundo seus objetivos:exploratória, descritiva e experimental (DIEEHL e TATIM, 2004)
A pesquisa exploratória configura-se como a fase preliminar, antes do planejamento formal do trabalho, etem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou aconstruir hipótese ou questões para o processo de investigação.
A pesquisa descritiva tem como objetivo principal a descrição das características de determinada populaçãoou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Essa modalidade de pesquisa pode apresentardiversos subtipos, entre eles: pesquisa descritiva propriamente dita; pesquisa de opinião; pesquisa de motivação;estudo de caso, entre outros.
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A pesquisa experimental tem como característica principal a manipulação direta das variáveis relacionadasao objeto de estudo. Ou seja, são criadas situações de controle que interferem na realidade e, com isso, pretendem-se explicar as causas e a maneira pela qual o fenômeno é produzido.
Até o momento, vimos diferenciados tipos de pesquisa que fundamentam uma investigação de cunhocientífico. Agora, distinguiremos métodos e técnicas de pesquisa, os quais fundamentam o processo de coleta dedados de uma investigação científica.
Técnicas são procedimentos científicos empregados por uma ciência determinada.
Método são técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns auma área das ciências ou a todas as ciências (CERVO, 1983, p. 53).
Estudiosos do assunto afirmam que a distinção específica entre o método e a técnica é de fundamental importânciapara evitar possíveis confusões em uma pesquisa. Enquanto o método é o traçado geral das etapas fundamentais aserem seguidas em uma investigação de cunho científico, a técnica refere-se aos diversos procedimentos ou meiosauxiliares, dentro das etapas do método (CORDEIRO, 2001).
Para finalizar, reflita sobre a seguinte idéia sobre os métodos e técnicas de pesquisa
Idéia-chave:
O método científico é um instrumento imprescindível na sondagem da realidade por meiode um conjunto de procedimentos.
LEITURAS SUGERIDAS
MARCONI, Marina de A e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 3 ed. São Paulo:Atlas, 1996.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
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PROJETO DE PESQUISA
Caracteriza-se como um planejamento de ações a se desenvolver na realização de um trabalho de pesquisa.
Como atividade acadêmica, corresponde, na maioria das vezes, à fase prévia da Monografia que o cursista apresentarácomo requisito para a conclusão do curso, ou como um dos instrumentos para acesso à seleção para cursos de Pós-graduação em nível de Mestrado ou Doutorado.
Sua finalidade, antever e metodizar as etapas operacionais do trabalho, possibilita ao aluno e a seu orientadormanter sob controle a pesquisa propriamente dita, uma vez que: traçará os caminhos a seguir, explicitará os objetivosa alcançar, definirá os prazos para a consecução das atividades, levantará as hipóteses a confirmar, ou não, eapresentará possíveis conclusões.
O Projeto de Pesquisa como requisito de acesso à seleção para cursos de Pós-graduação possibilita à banca examinadoraavaliar a competência acadêmica do candidato. Aprovado o Projeto, o candidato poderá concorrer às vagas docurso, realizando provas de seleção.
O Projeto de Pesquisa corresponde a uma modalidade de trabalho acadêmico que se deve submeter à avaliação e àaprovação prévias do professor-orientador, para sua realização.
Um Projeto de Pesquisa deve possibilitar respostas aos seguintes questionamentos:
– O que se vai realizar?– Por quê?– Para quê?– Como?– Com que recursos?– Por quanto tempo?– Quem realizará?
Deve-se ressaltar que não há um esquema fixo para a elaboração do projeto, no entanto, um esquema clássico deveconter os seguintes elementos:
1. Título da pesquisa
2. Introdução (O que se vai realizar? Por quê?)
Deve-se, neste capítulo, apresentar o tema da pesquisa, o problema a ser pesquisado e a justificativa.
De forma sucinta, contextualiza-se o tema, realizando um recorte da realidade, ou seja, limitando-o segundo ascaracterísticas e objetivos da pesquisa. Lembre-se de que todo tema é bastante amplo e dificilmente um trabalhoacadêmico o abordará em toda sua amplitude.
Situa-se o problema em forma de questionamento, ou seja, os aspectos do tema que levaram a considerá-lo comoobjeto de estudo. A apresentação deve ser em forma de perguntas.
Apresentam-se as hipóteses que deverão ser confirmadas ou refutadas na pesquisa.
Arrolam-se os argumentos que demonstrem o valor social da pesquisa, ou seja, sua importância para o contexto emque se insere o problema.
Indicam-se os resultados esperados, que poderão, ou não, advir da pesquisa realizada.
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3. Objetivos (Para quê?)
Indica-se, no item, o que se deseja realizar, o que se pretende alcançar. Dividem-se em:
3.1 Objetivo Geral
Indica-se de forma genérica o objetivo a ser alcançado. Deve-se utilizar um verbo de sentido amplo, noinfinitivo.
3.2 Objetivos Específicos
Detalha-se o objetivo geral, indicando de forma operacional o que se pretende realizar na pesquisa.Devem-se utilizar verbos de sentido restrito que especifiquem o que se realizará.
4. Revisão de Literatura (O que já se escreveu sobre o tema?)
Realiza-se, neste capítulo, uma análise comentada do que já se escreveu sobre o tema. Procura-se estabelecero enfoque (convergente ou divergente) dos autores que se analisarão para, a partir deles, construir o arcabouçoque dará sustentação à argumentação teórica da pesquisa, sob o ponto de vista pessoal do pesquisador. NoProjeto de Pesquisa, este capítulo deverá ser apenas uma amostra do que se aprofundará na pesquisapropriamente dita.
5. Metodologia (Como? Onde? Com quem?)
Neste capítulo, também denominado Procedimentos Metodológicos ou Materiais e Métodos, segundo algunsautores, deve-se mostrar como se realizará a pesquisa, ou seja, que procedimentos metodológicos se pretendemseguir. Inicia-se, explicitando o tipo de pesquisa: quantitativa, qualitativa, descritiva etc. Definido o tipo depesquisa, devem-se explicitar os seguintes elementos:
• População e amostragem: define-se o universo em que se aplicará a pesquisa. Deve-se estabelecer o percentualda amostragem de forma significativa para validar os resultados alcançados: a partir de 30%.
• Coleta de dados: indica-se como se pretende coletar os dados e os instrumentos a se utilizar, comoquestionários, fichas de observação, formulários, roteiros de entrevista etc., que deverão constituir-se emanexos do Projeto.
• Análise e interpretação dos dados: descreve-se a forma de tabulação, de análise e de interpretação dosdados, conforme o tipo de pesquisa, relacionando as variáveis que serão consideradas no cruzamento dosdados.
• Apresentação dos resultados e conclusão: arrolam-se as possíveis formas de apresentar e concluir a pesquisa.Confirmadas as hipóteses, resultado positivo, esperado, informa-se que se ressaltará a relevância da pesquisapara a solução do problema inicial e que se apresentarão sugestões e recomendações para a intervenção narealidade. Refutadas as hipóteses, resultado negativo, não esperado, informa-se que se relatarão as causase sugerir-se-ão outras linhas de pesquisa.
6. Cronograma
Neste item, identifica-se cada etapa da realização do Projeto, relacionando o período necessário para suaexecução, o que se pode elaborar por meio de um quadro esquemático, listando os meses e assinalando-os, deacordo com o prazo necessário.
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7. Orçamento (Custos)
Neste item, necessário somente em caso de pesquisa financiada, deve-se apresentar uma estimativa de custos,em reais, arrolando material de consumo, material permanente e outros serviços e encargos.
8. Executor(es) (Quem?)
Indica-se, neste item, o nome do responsável pela execução do Projeto. Caso haja colaboração de alguém ou deuma equipe, nomear a todos, com as respectivas funções. Em se tratando de teses e dissertações, indicam-seo Orientador e o Coordenador.
9. Referências
Arrolam-se, neste item, as referências bibliográficas; obras que se pretende consultar para a realização daPesquisa, de acordo com as normas da ABNT.
10. Anexos
Neste item, anexam-se cópias de todos os instrumentos que se pretende utilizar para a consecução do Projeto:questionários, fichas, roteiros etc.
Para a apresentação do Projeto de Pesquisa, deve-se seguir a seguinte orientação quanto à digitação: fonte (letra),TIMES NEW ROMAN, tamanho 12, espaçamento entre linhas 1,5, SOFTWARE WORD FOR WINDOWS 6.0 ou superior;margens: superior 3,0cm, inferior 2,0cm, direita 2,0cm e esquerda 3,0cm.
Como se percebe, o Projeto de Pesquisa constitui um trabalho relativamente simples, porém essencial à atividadeacadêmica. Caracteriza-se como um instrumento norteador das atividades de conclusão da maioria dos cursosuniversitários de graduação ou como requisito para acesso a cursos de Pós-graduação, de Mestrado, ou de Doutorado.
Embora simples, sua elaboração requer rigor acadêmico, uma vez que, a partir dele, julgar-se-á a competência doaluno para desenvolver a pesquisa, conforme a sua finalidade, portanto, alguns cuidados devem ser observados,como por exemplo:
1. Escolha do título: como o título corresponde a uma síntese do trabalho, deve-se considerar sua abrangência,seu poder de instigar a curiosidade do leitor e sua pertinência ao conteúdo da pesquisa. Devem-se evitar títulosmuito longos, podendo-se dividi-lo em título e subtítulo para melhor contextualizar o trabalho ou especificaralgum aspecto relevante. Exemplos:
• Dificuldades na Alfabetização: a importância do contexto socioeconômico.• Repetência escolar: causas e conseqüências.• Fatores endógenos do fracasso escolar.
2. Introdução
2.1 Apresentação do tema: especifica-se o tema da pesquisa, contextualizando-o, limitando-o, conforme ascaracterísticas do trabalho a se realizar.
Monografia de conclusão de curso? Adota-se um enfoque mais simples, busca-se um determinado ângulodo problema e recorta-se da realidade ampla uma visão específica.
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Dissertação de Mestrado? Ampliam-se os ângulos do problema, adotam-se enfoques mais críticos,utiliza-se uma visão mais abrangente da realidade.
Tese de Doutorado? Além da ampliação sugerida na dissertação, adota-se uma postura científica maisrígida para se enfocar o tema em seu contexto, bem como uma visão mais personalística e crítica paraestabelecer os procedimentos da análise.
Por exemplo, em monografia de final de curso, com relação ao tema “Dificuldades na Alfabetização: a importânciado contexto socioeconômico”, ao apresentá-lo, deve-se referir ao fato de que, dentre os vários fatores intervenientesno processo de alfabetização, só se abordará o socioeconômico, que significa o recorte na realidade. Isso pressupõea restrição do universo a se pesquisar: somente alunos de classes sociais desfavorecidas, portanto, em escolas deperiferia. Essa apresentação corresponde à contextualização do tema.
2.2 Problema a ser pesquisado: deve-se apresentá-lo sob a forma de perguntas, que a pesquisa deverápossibilitar as respostas. Tomando-se o tema referenciado anteriormente, as possíveis perguntas poder-se-iam assim configurar:
• Por que as crianças de classes sociais desfavorecidas apresentam mais dificuldades na alfabetização?• Que relação existe entre pobreza e alfabetização?• Como o contexto socioeconômico interfere no processo de alfabetização?
Situado o problema por meio das perguntas, expõe-se em poucas palavras a importância de se pesquisar as respostasa esses questionamentos.
2.3 Apresentação das hipóteses: hipóteses constituem afirmações preconcebidas que poderão se confirmarou se refutar ao final da pesquisa. Devem nortear o desenvolvimento do trabalho e, de sua confirmação,ou não, decorrem as conclusões.
Algumas hipóteses para os problemas anteriores poder-se-iam assim se apresentar:
• As crianças de classes sociais desfavorecidas encontram dificuldades na alfabetização por lhes haverfaltado maior convívio com o mundo letrado na idade pré-escolar.
• A Escola, de tradição elitista, não se preparou adequadamente para receber as crianças de classessociais desfavorecidas.
• Dentre as conseqüências da pobreza, encontra-se a dificuldade de as crianças se alfabetizarem nomesmo prazo e no mesmo ritmo das crianças que não vivem nessa condição.
2.4 Justificativa sobre a importância social da pesquisa: situado e contextualizado o problema, deve-se,neste item da Introdução, justificar a escolha do tema, arrolando os argumentos comprobatórios de suaimportância social e dos possíveis benefícios para o contexto educacional.
No caso do problema apresentado nos itens anteriores, pode-se referir às alternativas de solução que a Escolapoderia adotar a partir do conhecimento, cientificamente amparado, das conseqüências negativas do contextosocioeconômico para a alfabetização das crianças aí inseridas; pode-se, ainda, referir-se a planos de capacitaçãoespecífica para professores que atuam nessa área geográfico-social e, também, a planos específicos e diferenciadospara atenção mais ampla a essas crianças.
2.5 Indicação de possíveis resultados: devem-se descrever os resultados esperados, considerando duasvertentes: a) os resultados da pesquisa confirmam as hipóteses levantadas; nesse caso, apresentam-se,em linhas gerais, as decorrências desse resultado, e a informação de que se farão recomendações para
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a solução do problema; b) os resultados refutam as hipóteses; nesse caso informa-se que, diante da suanão-comprovação por parte dos dados coletados e analisados, recomenda-se que novas linhas depesquisas sejam elencadas em relação ao problema.
3. Definição dos objetivos
Para se estabelecerem os objetivos, geral e específicos, utilizam-se verbos no infinitivo, segundo o que sepretende pesquisar. Considerando o tema selecionado para exemplificação, os possíveis objetivos seriam:
3.1 Geral (alguns exemplos, porém apenas um deve constituir-se no objetivo geral):
• Verificar como o contexto socioeconômico interfere no processo de alfabetização de crianças dasclasses sociais desfavorecidas.
• Identificar aspectos do contexto socioeconômico intervenientes no processo de alfabetização decrianças desfavorecidas.
• Analisar as dificuldades de alfabetização de crianças desfavorecidas, relacionadas ao contextosocioeconômico.
3.2 Específicos (devem indicar as ações que se realizarão para se atingir o objetivo geral).
• Revisar, na literatura especializada, as dificuldades de aprendizagem, segundo as teorias cognitivas,e o processo de democratização da educação.
• Identificar crianças de dez escolas de regiões desfavorecidas que apresentem dificuldades naalfabetização.
• Levantar a história de vida dessas crianças.• Identificar a atenção cultural recebida pela criança no contexto familiar.• Acompanhar, em sala de aula, a participação, o desempenho e a adequação sócio-afetiva dessas
crianças à escola.• Observar atitudes e comportamentos dos professores em relação à auto-estima e ao processo de
aprendizagem dessas crianças.• Traçar o perfil dessas crianças a partir da observação e dos dados levantados.• Identificar características do contexto socioeconômico que prejudicam o processo de aquisição da
leitura e da escrita.• Identificar as estratégias da escola para minimizar a interferência do contexto socioeconômico na
escolarização dessas crianças.• Traçar linhas de ação para auxiliar os professores na superação dos problemas detectados.
Como se pôde observar, os objetivos específicos traçaram os passos da pesquisa a se realizar em todas as suasetapas.
4. Revisão da Literatura
Apresentam-se, nesta parte, os autores que se pretende consultar, indicando, em breves linhas, seuposicionamento sobre o tema, e algumas citações ligeiras, como sugestão do que se desenvolverá na pesquisa.
Veja os exemplos, a seguir.
Para a consecução do presente estudo consultar-se-ão os autores, a seguir discriminados, uma vez que apresentamcontribuições significativas para a identificação e análise do problema, bem como um embasamento teórico para que
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o pesquisador possa construir um paradigma que lhe possibilite estudar o problema sob o enfoque a que se propõe:a relação entre contexto socioeconômico e dificuldades de alfabetização.
GRIFFO (1996: 10) relaciona as dificuldades de aprendizagem nas diversas abordagens teóricas, definindo-ascomo se segue.
É bastante comum encontrar, nos trabalhos referentes à questão de fracasso nasséries iniciais do ensino básico, uma vertente teórica de análise que se fundamentanos fatores conjunturais que podem explicar o fracasso, ou seja, procura-se analisaro conjunto de aspectos possíveis de se coadunarem e tornarem possível a produçãodo fracasso: a organização da escola e o seu papel na reprodução de classessociais; a competência/incompetência e preparação/inadequação dos profissionaisde escola para trabalhar com a clientela que atendem; os conceitos de alfabetizaçãoque orientam a prática pedagógica; os processos avaliativos e seus possíveis efeitosetc.
De outro lado, encontra-se uma linha de interpretação que se fundamenta nasteorias do déficit cultural e lingüístico, localizando no aprendiz e no seu meio ascausas do não-aprendizado escolar. A pobreza é sinônimo de deficiências localizadasno aprendiz que, por sua vez, são traduzidas como impedimento intelectual.
SOARES (1986: 17), por sua vez, define o papel da língua e o desempenho daqueles que, na escola,têm fracassado.
É o uso da língua na escola que evidencia mais claramente as diferenças entregrupos sociais e que gera discriminações e fracasso: o uso, pelos alunos provenientesdas camadas populares, de variantes lingüísticas social e escolarmenteestigmatizadas provoca preconceitos lingüísticos e leva a dificuldades deaprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmenteprestigiada.
E assim, sucessivamente, deverão ser indicados os autores e algumas citações, cujas obras serão analisadas emprofundidade na pesquisa e que deverão constar da Referência, no Projeto de Pesquisa.
5. Metodologia (ou Materiais e Método)
Descrevem-se, neste capítulo, após caracterizar a pesquisa, os métodos e instrumentos necessários aodesenvolvimento.
Continuando a exemplificação, a partir do tema selecionado, apresentam-se as seguintes informações.
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva em que se procurarão estabelecer se há algumarelação entre o contexto socioeconômico e as dificuldades de alfabetização; que aspectos interferem nesse processoe como; quais as possíveis alternativas de solução e como a escola pode atuar na prevenção dos possíveis problemas.
Para a realização desta pesquisa, selecionar-se-ão dez escolas da periferia de (cidade) para acompanhar alunos queapresentem dificuldades de alfabetização.
Observar-se-ão esses alunos em sala e realizar-se-á acompanhamento da situação socioeconômica da família e dahistória de vida do aluno. Trata-se, portanto, da coleta de dados empíricos.
Elaborar-se-ão seis instrumentos, definidos a seguir:
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• duas Fichas de Observação: para se acompanhar o aluno em sala e o desenvolvimento da aula;• um Roteiro de Entrevista: para se verificar, junto aos pais/responsáveis, a situação socioeconômica e a atenção
cultural ao filho;• três questionários: para se identificar as emoções/reações dos alunos; para se verificar o grau de envolvimento do
professor e as características de sua atuação pedagógica e para se identificar o acompanhamento realizado pelaequipe pedagógica.
A análise desses instrumentos, a partir do cruzamento das variáveis: contexto socioeconômico, atenção cultural dafamília, fortalecimento da auto-estima e atitudes pedagógicas, possibilitará confirmar ou refutar as hipótese.
Os resultados decorrentes poderão apresentar-se como os esperados, ou seja, confirmar que o contexto socioeconômicoconstitui um fator relevante na alfabetização, conduzindo ao fracasso escolar. Nesse caso, o pesquisador, com basena literatura pesquisada e na experiência vivenciada, procurará apresentar algumas sugestões para que a escolaminimize essa influência maléfica ou busque suprir as necessidades culturais das crianças.
Se as hipóteses não se confirmarem, outras linhas de ação poder-se-ão sugerir.
6. Cronograma
Um exemplo simples e prático de um cronograma pode-se visualizar no quadro a seguir. Torna-se importante,para a concretização da pesquisa, cumprir os prazos e realizar as ações, conforme estabelecidos no cronograma.
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7. Orçamento
Este item só constará do Projeto se a pesquisa se realizar sob o patrocínio de alguma instituição. Se se tratarde um trabalho individual, de inteira responsabilidade do estudante, o item não necessita constar do Projeto.
No caso de o Projeto de Pesquisa apresentar como finalidade principal a obtenção de recursos financeiros junto aórgão público ou ONG, devem-se especificar os custos, atendendo-se aos modelos específicos.
8. Executor(es)
Deve-se especificar neste item:
Realizará a presente pesquisa (nome do autor), aluno do curso ________________, (ou ainda, após o nomedo autor), candidato ao Mestrado (ou Doutorado) na área de _____________, da Faculdade de___________,da Universidade ______________.
Caso a pesquisa necessite de outros integrantes para sua concretização, acrescentar a seguinte informação:
Participarão do presente estudo as seguintes pessoas: (nomes, por ordem alfabética) que possuirão comoprincipal responsabilidade realizar a pesquisa de campo, observando e entrevistando a população-alvo, bemcomo seus familiares e professores.
9. Referências
Devem-se relacionar, por ordem alfabética, consoante as normas da ABNT, os autores que se pretende citar,conforme especificado na Parte II deste Curso.
Exemplo, considerando as citações realizadas no item 4:
GRIFFO, Clenice. Dificuldades de Aprendizagem na Alfabetização: Perspectivas do aprendiz. Belo Horizonte: Faculdadede Educação da UFMG, 2000.
SOARES, Magda Becker. As muitas facetas da alfabetização. Cadernos de pesquisa, São Paulo, nº 52, 1999.
10. Anexos e Apêndices
Incluir relação de anexos:
Anexo A: Carta de Apresentação da FaculdadeAnexo B: Mapa do Município, com localização das zonas pesquisadas
Acrescentar relação dos instrumentos que se elaborarão para a coleta de dados (apêndices):
Apêndice A: Ficha de Observação de alunoApêndice B: Ficha de Observação de aulaApêndice C: Roteiro de Entrevista com pais/responsáveisApêndice D: Questionário a ser aplicado aos alunosApêndice E: Questionário a ser aplicado aos professoresApêndice F: Questionário a ser aplicado aos responsáveis pelo serviço de Assistência Pedagógica da Escola
Cada instrumento receberá um número, de acordo com sua relevância ou sua aplicação no decorrer da pesquisa.
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Agora é a sua vez! Veja se você compreendeu como se elabora um Projeto de Pesquisa.
TEXTO B: PESQUISA: O COMEÇO DE TUDOJuliana Eugênia Caixeta
A pesquisa é o meio pelo qual o conhecimento tecnológico e científico de um país se desenvolve. A sua aplicaçãocomo recurso pedagógico pretende romper as fronteiras de sala de aula em busca de “algo mais” que poderá serencontrado na investigação de algum aspecto da realidade.
São várias as metodologias e os objetos de estudo dentro do conhecimento científico, em geral, e da psicologiae da educação, em particular. Para decidir qual metodologia e objeto de estudo são adequados ao seu trabalho,algumas perguntas devem ser respondidas:
1) Qual é o meu problema?2) Qual é a pergunta a que eu quero responder?3) Que aspecto da realidade eu quero conhecer, investigar?
As respostas a essas perguntas permitem delimitar o seu objeto de investigação. Só depois de saber o que você vaiinvestigar será possível seguir para a próxima pergunta:
4) Por que eu quero estudar este objeto? Por que é importante eu estudá-lo? Que contribuições estarei trazendo para a minha
área de formação e para a sociedade em geral?
As respostas a essas perguntas permitem delimitar o objetivo do seu trabalho e a relevância do tema estudadopara você, para seus colegas e para os profissionais da área. O objetivo da pesquisa é possibilitar a produção deconhecimento, ao mesmo tempo em que permite o desenvolvimento de novas tecnologias que visam à melhora daqualidade de vida para os homens e mulheres deste país.
5) O que eu imagino que vou encontrar? Quais são minhas idéias sobre o que vou achar? Quais são minhas hipóteses?
O objetivo dessas perguntas é saber se você tem alguma idéia sobre o que vai encontrar. Uma hipótese é atentativa de explicar um fato. Por exemplo: minha idéia é que osalunos adolescentes de uma escola particular pensem que os alunos de escolas públicas não têm condições depassar no PAS. Ou que professores que alfabetizam crianças pensem que o desenvolvimento humano termina naadolescência. Ou, ainda, que pessoas em envelhecimento queiram participar mais ativamente da sociedade.
Em geral, existem duas grandes posturas metodológicas: quantitativa (baseada em medições, tem cooperação daestatística) e qualitativa (baseada no discurso):
1. Metodologia quantitativa: testes psicológicos, escalas em geral (ex.: escala de clima social, escala desolidão, escala de atitudes), questionários (Ex.: Ibope).
2. Metodologia qualitativa: entrevistas abertas, semi-estruturadas (algumas questões de investigação sãodelimitadas previamente, mas é permitido que o sujeito altere o roteiro à medida que for apresentandosuas idéias) e fechadas. Exemplos dessa metodologia são aquelas que utilizam histórias de vida, análisesde revistas e jornais etc.
Observação A observação pode ser incluída em uma metodologia quantitativa se o que eu busco é contar quantas vezes certoevento acontece (por exemplo: observo uma árvore para ver quantas folhas caem dela durante o outono). Por outro
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lado, a observação pode pretender captar relações entre elementos. Nesse caso, ela terá um caráter mais qualitativo(por exemplo: você quer avaliar a qualidade da relação professor-aluno em uma escola. Você pode até contarquantas vezes ocorre a interação entre o professor e um aluno específico, porém é provável que você estejainteressado na qualidade dessa relação, no sentido dela: é uma relação cooperativa, dominadora, laissez-fair?A observação pode ser participativa ou não. Participativa quando você participa da atividade que está sendoobservada, por exemplo, você está observando uma aula de jovens e adultos e passa a ser membro do grupo namedida em que traz seus conhecimentos para a sala de aula e participa, ativa e explicitamente, daquele processode conhecimento. Outra forma de observação é aquela onde o/a pesquisador/a não “interfere” na dinâmica, porexemplo, ele/a fica ali no “cantinho”, apenas observando o que está acontecendo na sala de alfabetização deadultos, sem falar, fazer ou tomar decisões naquele contexto.Todas as abordagens metodológicas são válidas e eficientes. A escolha da metodologia adequada deve estarpermeada pelo seu objetivo. O que você vai pesquisar, seu objeto de estudo é que vai direcionar a escolha de umametodologia qualitativa, quantitativa ou ambas.
Antes de iniciar a leitura do texto que trata da apresentaçãodo Relatório de Pesquisa, reflita sobre a seguinte questão:Qual metodologia poderá ser mais adequada ao meu objeto de estudo e por quê?
Realização da Pesquisa
Aprovado o Projeto de Pesquisa, deve-se partir para a realização da Pesquisa propriamente dita, que deverá contemplartodas as etapas descritas no Projeto e obedecer aos prazos estabelecidos no Cronograma.
A pesquisa pressupõe uma árdua tarefa de embasamento teórico (Revisão da Literatura) e de pesquisa de campo(observação “in loco” do fenômeno a ser estudado – o problema). Em geral, as faculdades destinam o período de seismeses a um ano para a sua realização.
Com certa periodicidade, definida previamente, o aluno-pesquisador e seu orientador devem se encontrar para discutiras atividades desenvolvidas por aquele.
Nesses encontros, o aluno-pesquisador deve repassar ao orientador, ainda em fase de rascunho e em caráter provisório,os textos que vai produzindo, para análise e sugestões deste, além de discutir os avanços realizados, os obstáculosencontrados, as alternativas de solução etc.
O orientador assume a responsabilidade pela análise, pelas orientações específicas relativas à área de atuação, pelasolução de problemas a seu alcance, como por exemplo, providenciar carta de apresentação do aluno às instituiçõesonde pretende desenvolver a pesquisa, além de retornar, em tempo hábil, ao aluno, os resultados de sua análise,para possibilitar-lhe a continuação do trabalho.
Relatório de Pesquisa
Para a redação do trabalho, além de observar os aspectos já referenciados sobre a linguagem técnica, deve-sedesenvolver cada item, acrescentando todas as informações obtidas durante a pesquisa, ou seja, enriquecer oesquema apresentado no Projeto.
Como se pôde perceber, o Projeto de Pesquisa corresponde ao arcabouço do Relatório de Pesquisa (ou Monografia)que o aluno deverá redigir.
Sua elaboração exige por parte do pesquisador o domínio dos conhecimentos específicos da área pesquisada, que seaprofundam, contestam-se, redirecionam-se, inovam-se à medida que a pesquisa avança.
Na apresentação da Pesquisa, define-se também a estrutura do trabalho, indicando os capítulos que a compõem eseu conteúdo.
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Na Revisão da Literatura, em que se trata do estado da arte da área pesquisada, deve-se apresentar, discutir,questionar e comentar os principais autores e, principalmente, as obras mais recentes sobre o tema; expor as idéiasdesses autores, posicionando-se em relação a elas, acrescentando uma visão pessoal ou complementando aspectospouco evidenciados nas obras. Um embasamento teórico sólido, rico, possibilitará ao pesquisador instrumentos paraa construção de um paradigma conceitual capaz de favorecer a pesquisa de campo e de facilitar a análise e cruzamentodos dados.
Os rumos da pesquisa definir-se-ão ao longo do trabalho; faz-se importante registrar as informações, os resultadose as conclusões com a ética acadêmica necessária e com a exigida honestidade intelectual para reconhecer possíveisresultados inesperados e com a requerida humildade científica para entender que verdades científicas são transitórias.
Sempre se espera a contribuição pessoal do pesquisador para a possível solução do problema, ou pelo menos, parasua melhor compreensão e/ou para estabelecer novas linhas de ação e/ou novas pesquisas. Por isso, o pesquisadordeve acrescentar enfoques pessoais, pontos de vista, críticas e comentários a respeito do tema abordado, além deapresentar sugestões, para a intervenção na realidade problemática, que deverão constar da conclusão do trabalho.
Quanto à parte da apresentação gráfica, devem-se seguir as orientações apresentadas na Parte II deste Curso.
Convém lembrar que o êxito do trabalho depende da competência, da dedicação e do interesse do pesquisador, alémdo apoio do orientador.
Veja uma outra maneira para a apresentação de um relatório de Pesquisa.
TEXTO C: O RELATÓRIO DE PESQUISA COM CARA DE ARTIGO CIENTÍFICO
Juliana Eugênia Caixeta
Seu relatório deve conter algumas sessões que são fundamentais para a divulgação de sua pesquisa:1. Apresentação (opcional, vai depender da sua forma de escrever): faz uma rápida apresentação do trabalho.
O contexto no qual foi feito e seu grande objetivo.2. Introdução: contém uma breve revisão teórica do assunto tratado. A relevância do tema estudado também
aparece nesta sessão.3. Objetivo: traz, claramente, o objetivo do estudo.4. Metodologia: esta sessão é dividida em três ou quatro partes, dependendo da metodologia utilizada e dos
instrumentos necessários na composição da pesquisa:4.1. Sujeitos: apresenta quem foram os participantes da pesquisa. Responde à pergunta: quem participou da
pesquisa, idade, sexo, nível socioeconômico, anos de profissão, ou, ainda, instituição em que trabalha,quantos anos essa instituição existe, quais são seus objetivos, ou ainda, com que material você trabalhoupra coletar os dados.Os sujeitos podem ser instituições ou pessoas ou ainda jornais, revistas, programas de TV etc.
4.2. Instrumentos ou Materiais: o que você usou para coletar os dados? Um questionário, um roteiro deentrevista, máquinas fotográficas, jornais, revistas (quais números?, em que quantidade?) barbantes,cola etc. Nesta sessão, entra tudo aquilo que você utilizou como instrumento de pesquisa.
4.3. Procedimentos: aqui deve conter sua postura durante a coleta de dados, ou melhor, os passos que vocêseguiu para essa coleta. Por exemplo: foram entrevistadas cinco diretoras de escola de segundo grau,cada uma de uma vez, com horário marcado, onde era apresentado um estudo de caso para elas resolveremem um prazo de uma hora. Ou: foram analisados dez jornais do Correio Braziliense, publicados no períodode 10 de janeiro a 10 de fevereiro. Ou, ainda: as pessoas foram abordadas na Estação da Rodoviária do
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Plano Piloto, a pesquisa era explicada. Nesse momento, ficava claro o objetivo do estudo, o sigilo dasrespostas e o tratamento coletivo dos dados. Após essas instruções, o/a pesquisador/a pedia para apessoa responder ao questionário ou era feita uma entrevista semi-estruturada com essa pessoa.
4.4. Análise dos dados: esta sessão tem por objetivo deixar claro como os dados foram tratados, sistematizados,organizados para resultar, num segundo momento, em um conhecimento científico. Por exemplo: foi feitauma análise de conteúdo das falas, segundo Bardin (1977), onde se tiravam os principais temas comentadospelos entrevistados. Ou, ainda, foi feita uma análise estatística descritiva (média, moda, desvio-padrão) ouinferencial (testes estatísticos de comparação de medidas, por exemplo: teste t para comparação de duasmédias, análise de variância para comparação de várias médias).
5. Resultados: a análise dos seus dados vai resultar em um conhecimento sistematizado sobre o tema investigado.Você poderá apresentar os resultados em forma de gráficos, tabelas, com exemplos de falas. O importante édeixar claro para quem está lendo o seu trabalho o que você achou, sendo esse achado novidade ou não.
6. Discussão: em alguns estudos, esta sessão vem junto com os resultados. Essa escolha depende da sua pesquisa.Aqui, você vai abstrair seus dados. Vai compará-los ao que você estudou na introdução, evidenciar os pontoscomuns e contraditórios. Com isso, você vai tentar explicar o fenômeno que está estudando. Seu papel é ir alémdos dados e encontrar o que eles nos dizem sobre essa realidade pesquisada.
7. Conclusão: esta sessão pode vir junto com a discussão. Seu objetivo é finalizar o texto, apontando saídas paraproblemas de ordem prática ou teórica, ou ainda, teórico-prática. Aqui, você também poderá dar sugestões parafuturas pesquisas e apontar dificuldades e possíveis erros da sua pesquisa.
8. Referências Bibliográficas: listar em ordem alfabéticas as obras que foram mencionadas no texto, de acordocom a NBR 6023 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
MONOGRAFIA
A monografia constitui uma atividade de pesquisa científica, realizada com o devido rigor científico, que se solicitaao estudante, em geral, nos últimos anos dos cursos de graduação e nos cursos de pós-graduação.
Nesse sentido, a monografia do estudante de graduação corresponde ao resultado escrito do estudo científico deum determinado assunto, preestabelecido no Projeto de Pesquisa. A própria etimologia da palavra já o indica claramente:mon(o) do grego monos = único, um só; e grafia, do grego gráphos = escrita. Assim, o Relatório de Pesquisa(tratado anteriormente) caracteriza-se como monografia.
Conforme a finalidade a que se propõe, a monografia recebe denominações específicas: para a obtenção do grau deMestre, denomina-se Dissertação de Mestrado; para o de Doutor, Tese de Doutorado. O fato que as distingue entresi corresponde ao grau de profundidade da pesquisa propriamente dita e ao rigor científico empregado pelo pesquisadorao realizar seus estudos.
Sua elaboração obedece aos critérios previamente estabelecidos neste curso: a preparação inicial de um projeto –Projeto de Pesquisa – e a decorrente realização da pesquisa, cujas etapas, descritas no projeto, transformar-se-ão notrabalho escrito, seguindo-se todas as orientações relativas à linguagem e à apresentação (conforme normas daABNT), resultando, portanto, no documento definido por seu autor: Monografia de Graduação; Dissertação deMestrado ou Tese de Doutorado.
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