mÓdulo 1 - conceito e objecto da filosofia - os problemas filosÓficos

8/4/2019 MÓDULO 1 - CONCEITO E OBJECTO DA FILOSOFIA - OS PROBLEMAS FILOSÓFICOS

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UNIDADE 1 – INICIAÇÃO À ACTIVIDADEFILOSÓFICA

Capítulo 1. O que é a filosofia

Capítulo 2. Os instrumentos essenciais da actividadefilosófica



CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA: OSPROBLEMAS FILOSÓFICOS

Exemplos de problemas empíricos:

1. A que se deve o triunfo do cristianismo?2. Como surgiu o Sida?

3. Fumar faz mal à saúde?

4. Quando e como surgiu a vida na Terra?5. Os alimentos geneticamente modificadossão seguros?

6. O que fazer para combater o efeito de

estufa?




Características dos problemas filosóficos:

1. Referem-se às nossas crenças mais básicasou fundamentais.

2. Os filósofos tentam responder-lhesrecorrendo apenas ao pensamento.




De que estamos a falar quando falamos de

crenças:

1. As crenças são afirmações ou teorias que

têm a propriedade de serem verdadeiras oufalsas.

2. As crenças filosóficas são as respostas que

os filósofos encontram para os problemas deue se ocu am.




Crenças básicas ou fundamentais:

1. São crenças cuja verdade ou falsidadedetermina a verdade ou falsidade de outras

crenças que delas dependem.

2. A crença de que agir moralmente é obedeceraos mandamentos de Deus depende da

crença de que Deus existe.

3. Se não for verdade que Deus existe, não é



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CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA : OSPROBLEMAS DA FILOSOFIA

Características dos problemas filosóficos

CRENÇAS BÁSICAS OU FUNDAMENTAISSe acreditamos que em questões morais tudo é relativo e issofor verdade temos de considerar falsa a crença de que

«Roubar é moralmente errado» é uma regra objectiva, válidaem todo o lado.

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A filosofia discute as nossas crenças fundamentais e por issonão diz respeito somente aos « filósofos profissionais».Ao estudar problemas gerais e fundamentais estuda tambémos conceitos mediante os quais exprimimos esses problemas.O esclarecimento de conceitos ou ideias gerais como os debem, verdade, conhecimento, arte, valor é um aspectoimportante da actividade filosófica.-O que é o bem?-O que é a arte?-O que é o conhecimento?-O que é a justiça?

São problemas tipicamente filosóficos.

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Para tentar resolver os problemas filosóficosnão podemos recorrer:1 – à experiência.2 – á experimentação científica ou ao método

experimental3 – ao cálculo matemático

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O método experimental não serve pararesolver questões como « Será que Deusexiste?» ou « Será que a vida tem sentido?».Formula hipóteses e confronta – as com factos,

o que , neste caso, é tarefa condenada aofracasso.

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A filosofia não recorre como a matemática a métodosformais de demonstração nem a simples cálculos para

resolver os seus problemas. É uma afirmação bastanteóbvia. Basta pensar que um problema como o daexistência de Deus não é de modo algum um problemamatemático.

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O facto de a filosofia não ser uma disciplina empírica ouexperimental, não deve sugerir que ignore a experiência e a

prática. A filosofia usa informação empírica obtida pelasciências e pela observação. O carácter conceptual da filosofianão significa que esta unicamente relacione conceitos e ideias.Não é possível argumentar de forma racionalmente persuasivaacerca da moralidade do aborto, da eutanásia, da clonagem

sem informação empírica. Não é possível defender quedevemos ser vegetarianos se não tivermos dados empíricosconfiáveis que mostrem que o consumo de carne é dispensável.

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CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA

CARACTERIZAÇÃO FINAL DA FILOSOFIA

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CARACTERIZAÇÃO FINAL DA FILOSOFIACAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA

1 - Disciplina cujos problemas não são de naturezaempírica.

2 –

Disciplina cujas respostas ( teses ou teorias) nãosão científicas.

3 – Disciplina cujo método não é a demonstraçãomatemática ou científica nem a experimentação

científica mas a argumentação ou discussão crítica deideias e problemas fundamentais.

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CARACTERIZAÇÃO FINAL DA FILOSOFIACAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA

ELEMENTOS DA FILOSOFIAPROBLEMAS TEORIAS ARGUMENTOS

As questõesfundamentaisa que seprocura

responder

As respostasqueconseguimosdar aos

problemasfundamentais

O modo como justificamos oudefendemos asrespostas que

damos



CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA -

TEXTOS



CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA -TEXTO 1

É próprio da filosofia um certo distanciamento em relação àrealidade tal como ela se apresenta no nosso quotidiano.Também se caracteriza pela elaboração de teorias abstractas,

cuja ligação com a vida de todos os dias não é imediatamentetransparente. Contudo, é precisamente este distanciamento que permite ao filósofo considerar as coisas com olhos diferentes ever o que, com o olhar de todos os dias, escapa ou não secompreende. O que é a realidade? Deus existe? E se existe qual éa sua relação com o mundo e os seres humanos? Como distinguir o bem do mal, o justo do injusto? É nosso dever ajudar os outros? O que é o Estado e porque devemos submeter-nos às suas leis?



CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA -TEXTO 1 (cont.)

Estas questões, apesar da sua formulação abstracta, são muito concretas porque o modo como lhes respondemos afecta as nossas acções quotidianas.Que eu seja optimista ou pessimista está ligado não só ao meu carácter, mastambém à concepção que tenho da realidade. Das minhas crenças moraisdepende também que seja solidário ou egoísta na relação com os outros. Ser politicamente de esquerda ou de direita tem muito a ver com o modo comoentendo o Estado e a sua função. A concepção que tenho do conhecimentocientífico influencia a minha escolha de acreditar ou não na astrologia, de ir ao médico em vez de ir a um curandeiro. Das minhas convicções religiosasdepende em parte que vá ou não à missa. E assim por diante. Para responder

às perguntas da filosofia analisam-se conceitos básicos e muito gerais,elaboram-se teorias abstractas. Na verdade, os referidos conceitos e teoriasabstractas – são estudadas pelos filósofos não só por si mesmas, pelo seuvalor intrínseco, mas também como instrumentos que nos guiam na vidaconcreta, para sabermos melhor onde pôr os pés.




Dispormo-nos a examinar as nossas crenças mais básicas não é tarefa fácilporque pode fazer-nos chegar a conclusões que a maioria dos membros dasociedade desaprovam e porque exige uma atitude crítica que lança a dúvidasobre o que nos habituámos a considerar verdadeiro. Por exemplo, a filosofiaexamina as crenças básicas nas quais se apoia a religião quando perguntaSerá que Deus existe? Que razões temos para acreditar nisso? Há uma vidapara além da morte? Também questiona as ideias fundamentais queconstituem os pressupostos das nossas relações sociais ao perguntar: O que éuma sociedade justa? Será que devemos obedecer a quem nos governa? OEstado é uma instituição necessária? Estas questões podem ser consideradas

como desafios às ideias estabelecidas e falta de respeito pelo que a tradiçãodefiniu. Basta pensar nos problemas que enfrentam os que defendem, porexemplo, a ideia de direitos dos animais.




À semelhança do vírus da gripe, as crenças estabelecidasparecem fazer parte do nosso ambiente e respiramo-las quasesem dar por isso. Assim, as crenças que eram da nossa culturatornam-se as nossas crenças. Até podem ser verdadeiras eexcelentes, mas como havemos de o saber se as interiorizámosde forma acrítica, sem pensar? Ao examinarmos as ideiasbásicas, nossas e dos outros, que se transformaram em hábitos

mentais, devemos como filósofos perguntar: O que justificaessas crenças? Que razões temos para supor que sãoverdadeiras? Podemos definir a filosofia como a actividade quecritica e rigorosamente examina as razões subjacentes às nossas

crenças fundamentais.




O pensamento filosófico não tem nenhum valor se não forlógico. Para distinguir entre crenças filosóficas plausíveis e asque não o são, importa saber a diferença entre argumentoscorrectos e incorrectos. Terás de aprender que tipos deargumentos os filósofos usam para tentar justificar as suascrenças ou teses e avaliar se os defendem bem. Chama-se a issofrequentar o laboratório da mente. Os problemas filosóficos são

problemas conceptuais e não –

empíricos. A este tipo deproblemas tenta-se responder no laboratório da mente, ou seja,mediante o pensamento crítico. Os filósofos não realizamexperimentações, nem sondagens ou observações. Pensam.



CAPÍTULO 1 – O QUE É A FILOSOFIA -Disciplinas da filosofia

Os problemas da filosofia surgem da nossa curiosidade natural eda reflexão sobre as actividades a que os seres humanos sededicam. A arte, a religião, a moral, a política, o direito, a ciênciasão algumas das actividades humanas cujas crençasfundamentais a filosofia analisa e problematiza. Cada área dereflexão fundamental corresponde a uma disciplina filosófica.Em cada uma destas disciplinas manifesta-se o que é próprio da

atitude filosófica: perguntar pela justificação racional econsequente das crenças e conceitos básicos que usamos nonosso dia-a-dia e na actividade artística, científica, política,religiosa, etc.




ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL (1)

Enquanto o antropólogo, por exemplo, estuda e

compara as diversas crenças morais de diferentessociedades, o filósofo coloca questões mais gerais efundamentais, a saber: «Como decidir o que é correctoe errado? Haverá verdades morais objectivas? A ética érelativa ou haverá verdades morais independentes daspreferências individuais e das várias culturas?




ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL (2)

Disciplina que procura responder ao problema de saber

como devemos viver. Esta questão é habitualmentedividida em duas questões menos gerais: 1) Comodistinguir uma acção moralmente correcta de umaincorrecta? 2) O que devemos fazer da nossa vida para atornar boa ou valiosa?




ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL (3)QUESTÕES ÉTICAS

Há juízos morais em si mesmos verdadeiros ou será que

a sua avaliação varia conforme as crenças estabelecidasem cada sociedade? Será que a moralidade depende deDeus? Por que razão devemos agir moralmente? O queé uma guerra justa? Haverá guerras justas? Será oaborto moralmente permissível? Ajudar as pessoaspobres é nossa obrigação moral? A pena de morte émoralmente justificável? A clonagem humana é

moralmente aceitável?




FILOSOFIA POLÍTICA(1)

Enquanto o cientista político analisa, por exemplo, as

diversas formas de governo, o filósofo pergunta «O quetorna um governo legítimo e justo? Quais são os limitesda sua autoridade? Temos o dever de obedecer-lhesempre?»




FILOSOFIA POLÍTICA(2)

Disciplina filosófica que, em estreita ligação com a ética,

reflecte sobre a natureza, funções e legitimidade daautoridade do estado na sua relação com os cidadãos.




FILOSOFIA POLÍTICA(3) – QUESTÕES DE FILOSOFIA POLÍTICA

Estado é um bem? É um mal menor? É necessário ou poderíamos

dispensá-lo? Até que ponto é legítima a intervenção do Estado eda sociedade na vida dos indivíduos? Qual é o valor políticofundamental? A liberdade, a igualdade, a justiça ou a segurança ecoesão sociais? Se é a liberdade, até que ponto devemos

obedecer às leis do Estado? Se é a igualdade, como deve o Estadopromovê-la? O que é uma sociedade justa? Em que condições élegítimo um Estado intervir nos assuntos internos de outroEstado?




EPISTEMOLOGIA OU FILOSOFIA DO CONHECIMENTO (1)

Enquanto os cientistas das mais diversas áreas

procuram aumentar o nosso conhecimento dos factoshistóricos e naturais, o filósofo interroga-se sobre o queé o conhecimento, como o adquirimos, qual a suaextensão, se há verdades objectivas ou se tudo érelativo, o que distingue o conhecimento científico deoutro tipo de conhecimentos, etc.




EPISTEMOLOGIA OU FILOSOFIA DO CONHECIMENTO(2)

Disciplina que se interroga sobre a natureza,

origem, limites e justificação das nossas crenças.




EPISTEMOLOGIA OU FILOSOFIA DO CONHECIMENTO (3) – QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS

O que é o conhecimento? É possível Será apenas umacrença verdadeira devidamente justificada? Comosabemos o que é a verdade? Com que critério podemosdistinguir a verdade da falsidade? Será que o

conhecimento depende fundamentalmente daexperiência ou da razão?




ESTÉTICA OU FILOSOFIA DA ARTE (1)

Disciplina que tem como objecto de estudo conceitos eafirmações sobre a beleza, a arte e o gosto.




ESTÉTICA OU FILOSOFIA DA ARTE (2) – QUESTÕES

O que é a arte? Como é que um objecto se tornaartístico? Por uma propriedade desse objecto? Pelasensibilidade de quem o contempla? Qual o valor daarte? O que é uma experiência estética? Como

justificamos afirmações do tipo A é belo?




FILOSOFIA DA RELIGIÃO (1)

Enquanto a ciência meteorológica pergunta porexemplo pela causa dos furacões, de tremores de terrae de maremotos e a ciência médica pela causa demuitas doenças como o cancro e a leucemia infantis, o

filósofo pergunta se estes factos empíricos sãocompatíveis com a crença num Deus, criador bom eomnipotente do universo.




FILOSOFIA DA RELIGIÃO (2)

Disciplina que analisa os conceitos fundamentaise as crenças religiosas básicas interrogando-sesobre a sua verdade e justificação.




FILOSOFIA DA RELIGIÃO (3) - QUESTÕES

Deus existe? O mal que há no mundo écompatível com a existência de Deus? São osmilagres provas credíveis da existência de Deus?

Até que ponto a fé religiosa deve estar ao abrigode discussão?




METAFÍSICA (1)

O físico estuda os constituintes últimos da realidade física taiscomo os átomos, os quarks e os neutrinos. Mas não se ocupa comuma questão como «É a realidade física tudo o que existe?».psicólogos dedicam especial atenção ao estudo da influência danossa herança genética e dos factores sociais e culturais no nosso

comportamento. O filósofo pergunta se dadas essa inegáveisinfluências não será todo o nosso comportamento causalmentedeterminado e se a nossa crença na liberdade (em acções livres,que não são o simples desfecho de acontecimentos anteriores)

não é uma ilusão.




METAFÍSICA (2)

Disciplina que estuda os aspectos mais gerais darealidade.




METAFÍSICA (3) - QUESTÕES

Será que a vida faz sentido? Temos livre arbítrio?Que é a realidade? Uma pedra, o valor de umamercadoria e um sonho são igualmente reais? Hácritérios seguros para distinguirmos asaparências da realidade?

mÓdulo 1 - conceito e objecto da filosofia - os problemas filosÓficos

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