modo angerthas português

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MODO ANGERTHAS PORTUGUÊS Por Eduardo Machado Lages (Thranduil) [email protected] O Angerthas pode ser considerada a “versão final” de uma longa história de modificações em um sistema de escrita chamada de Certhas, antiga em sua tradição. As modificações são, em sua maioria, creditadas a Daeron (menestrel de Doriath), então o modelo adotado aqui segue os padrões da chamada Angerthas Daeron. Esses padrões são diferentes para cada língua, já que a necessidade se aplica a elas de diferente formas. Pode-se perceber, pelo alfabeto disponibilizado neste Guia, que algumas runas (chamadas de cirth) não foram usadas, por conterem sonorizações designadas a somente algumas línguas específicas, utilizadoras do Angerthas Daeron. Desta forma, elas podem ser simplesmente ignoradas. Introdução à Utilização do Angerthas Para aqueles que já iniciaram-se no aprendizado do alfabeto Tengwar, de Fëanor, devem encontrar uma imensa facilidade no aprendizado do Angerthas. Ao contrário daquele, neste sistema de escrita todas as letras são escritas individualmente, sem necessidade de especificação de ditongos ou diferenciação de vogais. Ou seja, a escrita em Angerthas é chamada “alfabética”. Isso significa que cada letra tem uma representação semelhante, e devem ser colocadas uma ao lado da outra, como acontece com o nosso próprio alfabeto. Talvez isto facilite o aprendizado desse sistema de escrita. No entanto, há semelhança quanto à utilização de cada cirth. O método usado para a elaboração desta adaptação dos Angerthas ao português foi a proximidade de sons e a sonoridade de cada runa. Isso dispensa, por exemplo, a existência de letras repetidas, como SS ou RR. Também faz com que, para que se faça uma composição em Angerthas, pense-se primeiro no modo de fala de cada palavra. Apesar de não ser óbvio, uma mesma letra apresenta vários fonemas diferentes, e portanto, apresenta várias runas diferentes. Como pode ser percebido nos manuscritos deixados por Tolkien em Angerthas (o túmulo de Balin em Moria, por exemplo), vemos poucas menções a espaços entre as palavras. Como estética, sugere-se aqui que, para espaços, use-se um ponto mediano (como esse: •), embora os espaços físicos possam também servir. Quanto às marcas gráficas, sugere-se o uso de dois pontos para vírgula, e três para ponto final. Espaço Vírgula Ponto final I O P

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Page 1: Modo Angerthas Português

MODO ANGERTHAS PORTUGUÊS

Por Eduardo Machado Lages (Thranduil) [email protected]

O Angerthas pode ser considerada a “versão final” de uma longa história de modificações em um sistema de escrita chamada de Certhas, antiga em sua tradição. As modificações são, em sua maioria, creditadas a Daeron (menestrel de Doriath), então o modelo adotado aqui segue os padrões da chamada Angerthas Daeron. Esses padrões são diferentes para cada língua, já que a necessidade se aplica a elas de diferente formas. Pode-se perceber, pelo alfabeto disponibilizado neste Guia, que algumas runas (chamadas de cirth) não foram usadas, por conterem sonorizações designadas a somente algumas línguas específicas, utilizadoras do Angerthas Daeron. Desta forma, elas podem ser simplesmente ignoradas. Introdução à Utilização do Angerthas Para aqueles que já iniciaram-se no aprendizado do alfabeto Tengwar, de Fëanor, devem encontrar uma imensa facilidade no aprendizado do Angerthas. Ao contrário daquele, neste sistema de escrita todas as letras são escritas individualmente, sem necessidade de especificação de ditongos ou diferenciação de vogais. Ou seja, a escrita em Angerthas é chamada “alfabética”. Isso significa que cada letra tem uma representação semelhante, e devem ser colocadas uma ao lado da outra, como acontece com o nosso próprio alfabeto. Talvez isto facilite o aprendizado desse sistema de escrita. No entanto, há semelhança quanto à utilização de cada cirth. O método usado para a elaboração desta adaptação dos Angerthas ao português foi a proximidade de sons e a sonoridade de cada runa. Isso dispensa, por exemplo, a existência de letras repetidas, como SS ou RR. Também faz com que, para que se faça uma composição em Angerthas, pense-se primeiro no modo de fala de cada palavra. Apesar de não ser óbvio, uma mesma letra apresenta vários fonemas diferentes, e portanto, apresenta várias runas diferentes. Como pode ser percebido nos manuscritos deixados por Tolkien em Angerthas (o túmulo de Balin em Moria, por exemplo), vemos poucas menções a espaços entre as palavras. Como estética, sugere-se aqui que, para espaços, use-se um ponto mediano (como esse: •), embora os espaços físicos possam também servir. Quanto às marcas gráficas, sugere-se o uso de dois pontos para vírgula, e três para ponto final.

Espaço Vírgula Ponto final

I O P

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O Alfabeto O alfabeto Angerthas foi feito com base no alfabeto pré-existente, que compila os Certhas e adiciona as runas posteriormente criadas. Ele foi desenvolvido tendo em vista todos os fonemas da língua portuguesa, e cada um foi cuidadosamente estudado para ser incluído neste alfabeto. Apesar de algumas letras (como o Q) não aparecerem no quadro seguinte, seus modos de uso foram discutidos, e serão explicados mais tarde neste artigo. O método usado para a diferenciação de runas foi a do estilo “tabuleiro de xadrez”: dividiu-se graficamente em linhas e colunas, estas representadas por letras de A a D, e aquelas numeradas de 1 a 15. Assim, a runa na extrema esquerda acima é a A1, à sua direita está B1 e embaixo dela, A2. L/C A Valor B Valor C Valor D Valor 1 1 P q - a L z E

2 2 B w Z s LH x É

3 3 F e K d - c A

4 4 V r G f - v Á

5 5 - t - g - b O

6 6 M y - h [nasal] n Ó

7 7 - u - j - m -

8 8 T i - k NH , N

9 9 D o - l I . S

10 0 T[i] p - ; - / -

11 ! D[i] Q - A - Z -

12 @ R W - S U X -

13 # CH E - D Ú C -

14 $ J R RR F -L V [som fechado]

15 % - T - G U- B -

Percebe-se a utilização de runas para ó, á, ú e é. Essas runas evidenciam a tonicidade de cada letra dentro da palavra. Para dar a característica de som tônico

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fechado, acrescenta-se a cirth D14 (som fechado). Mais informações, ver as especificações de cada letra. Usos individuais de cada letra Algumas letras possuem mais complexidade que outras, e, dependendo de onde são inseridas na palavra, têm sua pronúncia completamente modificada. As especificações que se seguem são para estas letras, enquanto outras (como a letra B) terão seu uso padrão da língua portuguesa, e portanto não serão mencionadas a seguir. A Letra A A letra A não possui nenhuma especialização, apenas a possibilidade de ser tônica. Em palavras onde o uso do A é padrão, como em “casa” ou “ladra”, a runa a ser utilizada é a D3. Onde o A aparece acentuado, como em “água” ou “átomo”, utiliza-se a runa D4. Veja o exemplo dado, que abrange os dois usos de A:

vac6b (álamo) A Letra C O C tem, basicamente, duas pronúncias. Uma pronúncia silvada, quando acompanha I e E (como em “cerco” e “melancia”), e uma pronúncia forte, da letra K, quando acompanhado das demais vogais ou de uma consoante (como em “hectar” ou “calo”). Para o primeiro uso, utiliza-se a runa referente à letra S, D9; e para o segundo, a runa referente a K, B3. Quando acompanhado de H, o C tem uma sonoridade chiada, e tem uma runa especial, A13. Veja os exemplos:

#l,zab (chinelo)

en.zrc. (cócegas) Atenção: O Cê cedilha (Ç) sempre será representado pela runa D9! A Letra D O D possui dois sons. Sempre que ele tiver o som como em “dado” ou “dor”, utiliza-se a runa A9. No entanto, quando o som de D vem precedido por um chiado parecido com o som da letra J, como em “administrar” ou “dia”, ou ainda “bode”, a runa correspondente é a A11. Veja os exemplos:

c2c!z (abade)

aS!6lac (Ludmila)

1c9@z (padre)

1b9zR (poder)

Page 4: Modo Angerthas Português

A Letra E Para a letra E, vemos alguns sons diferentes. Eles variam de acordo com a acentuação gráfica ou sua colocação na palavra. Para sons não tônicos, abertos ou fechados, como “quero” e “medo”, usa-se a runa D1. O som tônico e aberto do E (representado pelo acento agudo), como em “prédio” e “ética” é representado pela runa D2. Já o som tônico e fechado do E, representado pelo acento circunflexo, como em “tênis” ou “pêlo” é demonstrado no Angerthas pelas runas D2 mais D14 (som fechado). Observe os exemplos:

6SszR (mulher)

.z9b (cedo)

6x!leb (médico)

1xVab (pêlo) A Letra G O G tambem varia de acordo com as letras que o acompanham. Quando seguido de I ou de E, ele assume um fonema semelhante ao de J, como em gente e agir. Portanto, a runa adequada para essa situação é a com o valor de J, A14. Quando seguido de A, O ou U, ou de uma consoante, sua runa é a B4, como em “galo”, “agudo” ou “diagnóstico”. Exemplos:

rc@b8b (garoto)

$zh0lF (gentil)

9br6c (dogma) A Letra H O H não tem som próprio no português. É mudo quando colocado no início de frases e sílabas, portanto será desconsiderado no Angerthas. Quando desempenha algum papel está acompanhado de C, L ou N, e para essas combinações, usam-se as runas A13, C2 e C8. Exemplos:

lz,c (hiena)

#ch8c$zh (chantagem)

eSkc (cunha)

csb (alho)

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A Letra L O L tem poucas ressalvas: Para o som de U que tem no final das sílabas, como em “alcance” ou “pantanal”, usa-se a runa C14. Quando acompanhado de A, E, O ou U, usa-se a runa C1. Quando acompanhado de I, por sua proximidade de som com o LH, usa-se a runa C2. Veja os exemplos:

sl2xaSac (libélula)

,bR6cF (normal) As Letras M e N As letras M e N são caracterizadas por serem marcas de nasalidade. Por isso, elas serão tratadas juntas. Quando precedem uma vogal, exclusivamente, exercem sua função chamada padrão como em “machado” e “nariz”; portanto, para representá-las, usa-se as runas A6 para M e D8 para N. Já quando precedem uma consoante, ou estão no final de uma frase, elas têm função de nasalização, podendo ser trocadas até pela marca gráfica til (~), como em “ante” ou “embrionário”. Quanto têm essa função, sua representação deve ser feita pela runa C6 (nasal). Os exemplos a seguir podem esclarecer:

zh0z (ente)

zh1z.lsb (empecilho)

6b.c (moça)

,b.c (nossa) O Uso do Til Como não indicação certa para o til no Angerthas, usa-se sua sonoridade. Quando o til é colocado sobre o a, como em “cão”, o conjunto [ão] é substituído pela forma [aum], e o [ãe] o é pela forma [aim], lembrando que esse M no final deve ser usado na forma nasal. Já o til sobre a letra O, como em “noções”, é representado através da substituição de [õe] por [oim], com a mesma lembrança anterior. Veja os exemplos:

6c6cSh (mamão)

sl6blh. (limões)

6clh (mãe) A Letra O O uso do O é bem semelhante ao uso do E. Quando ele tem som não-tônico aberto ou fechado, como em “morte” ou “correr”, usa-se a runa D5. Já no som tônico aberto, acentuado agudamente, como em “cócegas”, usamos a runa D6. Já para o

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tônico fechado, como em “cônego”, usa-se a mesma D6, acrescida da D14. Veja os exemplos:

enRzrb (córrego)

1nV,zl (pônei) 1b!z (pode) ebR (cor) A Letra Q A letra Q, em português, é sempre precedente da letra U, e ela sozinha sempre tem função de K. Portanto, a runa B3 é indicada para ela. Quando o U tiver trema (ü) ou a letra que o sucede é A ou O (como em “liqüidificador”, “quociente” e “quantidade”), usa-se o U para ditongo (C15) – ver “A Letra U”. Quando o U não tiver trema e for sucedido por E ou I (como “quente” e “quina”), a existência do U é desprezada, e a runa B3 serve para o conjunto QU. Exemplos:

eGch9b (quando)

cez.z9bR (aquecedor) elab (quilo)

ceGbwb (aquoso) A Letra R O R possui dois fonemas básicos: o produzido pela garganta, como em “garganta”, e o produzido pela ponta da língua, como em “parada”. Para o primeiro caso, usa-se a runa B14. O segundo caso é representado pela runa A12. Confira os exemplos:

Rc8b (rato)

ab@b8c (lorota) A Letra S O S tem dois fonemas básicos: O silvado, como em “silvo”, para o qual usamos a runa D9 (inclusive para o SS); e o som semelhante a Z, para o qual usamos a runa correspondente a essa letra, B2. Exemplos:

.c2bR (sabor)

1@bwc (prosa)

Rz.cec (ressaca)

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A Letra T As restrições acerca da letra T são as mesmas para a letra D. Quando o som de T for sucedido por um chiado, como em “timbre”, a runa usada será a A10. Quando o som de T for seco, padrão, a runa usada será a A8. Veja os exemplos:

c0l@cR (atirar)

c8zS (ateu) A Letra U O U é uma letra singular, e tem alguns papéis especiais na língua portuguesa, por isso há algumas peculiaridades sobre ele a serem estudadas. Temos a runa C12 para o U padrão, presente em “agudo”, “grau” e “presunto”. A runa C13 é usada para o U acentuado, como em “útero” e “última”. Já o C15 é exclusivamente para o U quando estiver depois de G ou Q e antes de uma vogal. Este U serve para usar quando for tremado ou a letra seguinte for A ou O (como em “água” e “agüentar”). Confira os exemplos:

1Sab (pulo)

.cD!z (saúde) eGch0l9c!z (quantidade) aSc (lua) Atenção: Em palavras onde haja um ditongo começado em U (ua, ue, ui, uo) que não seja depois de G ou Q, a runa C15 não pode ser usada! A Letra X O X pode ter quatro tipos de pronúncia: de CH, como em “praxe”; de Z, como em “exemplo”; de CS, quando em “córtex”; ou de S, quando acompanhando o C, como em “exceto”. Nas duas primeiras opções, vale usar a runa correspondente a cada pronúncia, ou seja, A13 e B2, respectivamente. A terceira pronúncia pode ser produzida pela junção da sonoridade K mais a sonoridade S, portanto usaremos as runas B3 e D9 juntas. Já no último caso, onde o XC tem som de S, usa-se somente a runa D9. Confira os exemplos:

#l. (xis)

zwzh1acR (exemplar)

4nR8ze. (vórtex)

z.zazh0z (excelente)

Page 8: Modo Angerthas Português

Exemplo de escrita com as Angerthas

,S6cI.l9c9zwlkcIlh9bazh0zI9bIebh9c9bOShI$b4zhIRb22l0IxIzhecRzrc9bI!zIS6cIl6zh.cI8c@z3cP9z4zIzh1@zzh9zRIS6cI1z@lrbwcI4lc$zhIc8xIc.I3zh9c.I9cI1zR!l.cShOzIavI9z.8@SlRIbIc,zFI9bI1b9zRP

(Se você for capaz de traduzir o texto acima, parabéns! Você já está apto a usar o Angerthas em português!) Bibliografia O Senhor dos Anéis, Apêndice E – Escrita e Ortografia