modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

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MODERNIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Alan Ribeiro Gomes Goes Rio de Janeiro Abril de 2013 Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de grau de Engenheiro Eletricista. Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira, D.Sc.

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Page 1: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

MODERNIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Alan Ribeiro Gomes Goes

Rio de Janeiro

Abril de 2013

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção de grau de

Engenheiro Eletricista.

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira,

D.Sc.

Page 2: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

ii

MODERNIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Alan Ribeiro Gomes Goes

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

__________________________________________

Professor Sebastião Ércules Melo de Oliveira, D.Sc.

(Orientador).

__________________________________________

Professor Sergio Sami Hazan, Ph.D.

_______________________________________

Eng. Luiz Felipe de Oliveira Soares.

(Co-Orientador).

RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL

ABRIL DE 2013

Page 3: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

iii

Goes, Alan Ribeiro Gomes

Modernização da Proteção de Sistemas Elétricos

de Potência / Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica/

Departamento de Engenharia Elétrica, 2013.

VIII, 65 p.: il. 29,7 cm.

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira,

D.Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola

Politécnica / Departamento de Engenharia Elétrica, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 64-65

1. Sistemas Elétricos de Potência. 2. Relés de

Proteção. 3. Proteção Digital 4. IEDs.

I. Oliveira, Sebastião Ércules Melo. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro. III. Escola Politécnica. IV.

Departamento de Engenharia Elétrica. V. Modernização da

Proteção de Sistemas Elétricos de Potência

Page 4: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

iv

Agradecimentos

Agradeço a meus pais Fernando e Rose por sempre me apoiarem durante

minha vida e acreditarem na minha educação.

Agradeço a minha irmã Fernanda que sempre esteve a meu lado.

Agradeço a minha namorada Fernanda, que me incentivou durante toda a

faculdade.

Agradeço ao meu amigo e co-orientador Luiz Felipe por ter me ajudado durante

todo esse trabalho.

Agradeço aos Professores da UFRJ principalmente a Prof. Sebastião de

Oliveira pela orientação.

Agradeço a Telvent, e principalmente ao seu departamento de engenharia, que

sempre foram compreensivos durante minha formação acadêmica.

Agradeço aos meus amigos que me mostraram que a faculdade pode ser

divertida.

Page 5: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

v

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”

Mahatma Gandhi

Page 6: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro

Eletricista.

MODERNIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE

POTÊNCIA

Alan Ribeiro Gomes Goes

Abril / 2013

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira

Curso: Engenharia Elétrica

Esse trabalho objetiva apresentar os benefícios da modernização de um

sistema de proteção. Para isso, inicialmente é apresentado o funcionamento básico de

um sistema de proteção, suas características e é descrito o desenvolvimento histórico

do relé de proteção, desde os relés eletromecânicos até os modernos relés digitais.

Novas tecnologias e tendências em sistemas de proteção são apresentadas assim

como casos reais de projetos retrofit onde essas tecnologias foram aplicadas.

Palavras-chave: 1. Sistemas Elétricos de Potência. 2. Relés de Proteção.

3. Proteção Digital 4. IEDs.

Page 7: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

MODERNIZATION OF ELECTRIC POWER SYSTEMS PROTECTION

Alan Ribeiro Gomes Goes

April / 2013

Advisor: Sebastião Ércules Melo de Oliveira

Course: Electrical Engineering

This work aims to present the benefits of the modernization of a protect system.

For this, initially it is shown the operation of a basic protect system, its features and is

described the historical development of the protection relay, since the

electromechanical units until the moderns digital relay. The new technologies and

trends in protection systems are presented as well as real cases of retrofit project

where these technologies were applied.

Keywords: 1. Electrical Power Systems. 2. Protection Relays. 3. Digital

Protection 4. IEDs.

Page 8: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

viii

Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1. Objetivo .......................................................................................................... 1

1.2. Estrutura do Trabalho ..................................................................................... 2

2. Proteção Digital de Sistemas Elétricos de Potência ............................................... 3

2.1. Introdução ...................................................................................................... 3

2.1.1. Disjuntor .................................................................................................. 4

2.1.2. Transformador de Corrente ..................................................................... 7

2.1.3. Transformador de Potencial ................................................................... 10

2.2. Filosofias de Proteção .................................................................................. 13

2.2.1. Proteção de Linhas de Transmissão ...................................................... 13

2.2.2. Proteção de Transformadores ............................................................... 14

2.2.3. Proteção de Geradores e Reatores ....................................................... 14

2.2.4. Proteção de Barramento ........................................................................ 14

2.3. Funções de um Sistema de Proteção ........................................................... 14

2.3.1. Características de um sistema de proteção ........................................... 15

2.3.2. Zonas de Proteção ................................................................................ 16

2.4. Controle e Supervisão .................................................................................. 17

3. Relés de proteção ................................................................................................ 20

3.1. Desenvolvimento Histórico ........................................................................... 20

3.1.1. Relé eletromecânico .............................................................................. 20

3.1.2. Relés Estáticos ...................................................................................... 21

3.1.3. Relés Digitais ......................................................................................... 22

3.2. A Classificação dos Relés ............................................................................ 25

3.2.1. Relés de sobrecorrente (50) .................................................................. 25

3.2.2. Relés Direcionais (67) ........................................................................... 27

3.2.3. Relés de Distância (21) ......................................................................... 27

3.2.4. Relés Diferenciais (87) .......................................................................... 31

3.2.5. Relés com mídia de comunicação ......................................................... 32

Page 9: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

ix

4. Novas Tecnologias e Tendências ........................................................................ 33

4.1. Sistemas de comunicação em sistemas elétricos de potência ...................... 33

4.1.1. Comunicação entre subestações ........................................................... 33

4.1.2. Comunicação dentro da subestação ...................................................... 37

4.1.3. Comunicação entre a subestação e uma rede externa .......................... 39

4.1.4. Redes Intranet ....................................................................................... 39

4.1.5. Norma IEC61850 ................................................................................... 39

4.2. Medição sincronizada de fasores .................................................................. 40

4.3. IED`S (Intelligent Eletronic Devices) ............................................................. 42

4.4. Proteção adaptativa ...................................................................................... 44

5. Modernização da proteção .................................................................................. 46

5.1. Proteções eletromecânicas e microprocessadas. ......................................... 46

5.2. Comparando relés eletromecânicos e microprocessados. ............................ 52

5.3. Caso 1 Metrô Rio .......................................................................................... 53

5.4. Caso 2 COPEL ............................................................................................. 59

6. Conclusões e Trabalhos Futuros ......................................................................... 68

6.1. Conclusão .................................................................................................... 68

6.2. Trabalhos Futuros......................................................................................... 69

7. Referências Bibliográficas ................................................................................... 70

Page 10: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

1

1. Introdução

A energia elétrica é importante para o desenvolvimento de qualquer país. Desta

forma seu consumo está relacionado ao crescimento econômico. O crescente

consumo de eletricidade é uma realidade que pode ser observada principalmente nos

países em desenvolvimento, como o Brasil.

Diante desse contexto, são necessários investimentos na infraestrutura do

sistema elétrico para sustentar o crescimento da atividade econômica. Assim, novas

usinas de geração de energia elétrica e linhas de transmissão são construídas, o que

demanda a implantação de sistemas de proteção eficientes para garantir a

continuidade e a qualidade do sistema elétrico e segurança dos equipamentos que o

compõe.

Diante da necessidade de sistemas de proteção mais eficientes para garantir a

continuidade do fornecimento de energia, o estudo dos relés de proteção, principal

componente desses sistemas, apresenta relévância de ordem prática. Dessa forma, a

análise dos equipamentos disponíveis atualmente, das suas principais características,

funções e aplicações, pode ser útil para profissionais e estudantes interessados no

assunto.

Com a evolução da tecnologia que se verificou nas últimas décadas, os

equipamentos de proteção se modernizaram, trazendo benefícios como a integração

de funções de proteção, controle e monitoração de subestações em dispositivos

inteligentes.

Diante desses benefícios da modernização, as empresas estão

crescentemente implantando projetos de retrofit com o objetivo de otimizar seus

sistemas se proteção, controle e supervisão. Por isso, a análise de casos reais em que

tais projetos se deram tem utilidade prática para estudantes e profissionais

interessados na modernização de tais sistemas.

1.1. Objetivo

Esse trabalho tem como principal objetivo monstrar os benefícios da

modernização de um sistema de proteção. Para atingir esse objetivo, serão

analisados: o desenvolvimento histórico do principal componente desse sistema de

proteção, o relé; as funções básicas da proteção, que são aplicadas de forma similar

tanto nos relés mais antigos, os eletromecânicos, como nos mais modernos, os

Page 11: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

2

digitais; as novas tecnologias e tendências em sistemas de proteção e a aplicação de

tais tecnologias em casos reais de projetos retrofit.

1.2. Estrutura do Trabalho

O trabalho foi estruturado em 7 capítulos, sendo o primeiro referente a

introdução ao tema, apresentação dos objetivos e da estrutura do trabalho.

O capitulo 2 apresenta uma breve introdução sobre proteção digital de

sistemas elétricos de potência, explicando o funcionamento dos disjuntores e

transformadores de corrente e potencial. Esse capítulo mostra também as funções de

um sistema de proteção e suas principais filosofias.

O terceiro capítulo, a partir da descrição do histórico dos relés de proteção,

ilustra como esse equipamento evoluiu, mostrando desde os primeiros reléés

Eletromecanicos, passando pelos relés estáticos e descrevendo por último os atuais

reléés digitais. Também é apresentada nesse capitulo a classificação dos relés e suas

principais funções de proteção.

As novas tecnologias e tendências são apresentadas no capitulo 4, onde são

apresentados os modernos esquemas de redes de comunicação, a medição

sincronizada de fasores através de PMU (Phasor Measurement Units) e os novos

dispositivos inteligentes capazes de agrupar inúmeras funções.

No capitulo 5 são apresentados os benefícios esperados pela modernização de

uma subestação através de casos reais de retrofit nos quais são comparados os relés

eletromecânicos e microprocessados.

O último capítulo apresenta as conclusões sobre o trabalho e propostas de

trabalhos futuros.

Page 12: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

3

2. Proteção Digital de Sistemas Elétricos de Potência

2.1. Introdução

A proteção de sistemas elétricos de potencia tem dois principais objetivos:

fornecer energia com o mínimo de interrupções e garantir segurança dos

equipamentos e instalações. Por isso, um sistema de proteção deve garantir o

processamento correto de um possível defeito ou falta (termo usado para designar um

afastamento acidental das condições normais de operação) bem como rapidez na

resposta, iniciando ações corretivas para retornar o mais rápido possível para uma

condição normal de operação.

Um defeito sempre modifica os valores de corrente e tensão. Portanto, as

grandezas vistas pelo sistema devem ser, obrigatoriamente, ligadas a alterações nas

correntes ou tensões, seja em módulo ou ângulo.

Um sistema básico consiste em um disjuntor, transformadores de corrente

(TC), transformadores de potencial (TP), relés auxiliares e o relés de proteção. Esses

equipamentos serão apresentados a seguir, exceto o relé de proteção que será

apresentado com maiores detalhes no capitulo 3. A Figura 1 mostra um sistema de

proteção simples.

Page 13: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

4

-

Figura 1. Unifilar de um sistema de proteção simples.

2.1.1. Disjuntor

O disjuntor tem como principal função isolar o circuito sob falta, geralmente

interrompendo a corrente quando esta atinge um valor próximo de zero por ocasião do

processo de extinção. A atuação ocorre quando sua bobina é energizada por uma

Page 14: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

5

fonte independente do sistema faltoso. Essa fonte é ligada através de contatos de

relés auxiliares que por sua vez são acionados pelo relé de proteção.

Um esquemático de um disjuntor de grande porte apresenta diversos

componentes e dispositivos, sendo inviável a apresentação de um esquema completo

neste trabalho. Sendo assim, na Figura 2 é apresentado o esquema do circuito de

abertura de um disjuntor, onde é possível observar o circuito de abertura pela

proteção, como descrito anteriormente e o circuito de abertura local (botoeira) e

remota (através do sistema de controle remoto da subesteção).

Page 15: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

6

Figura 2. 13-Circuito de Abertura Disjuntor

Page 16: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

7

2.1.2. Transformador de Corrente

Numa linha de transmissão, os valores de tensão e corrente são normalmente

elevados. Logo os equipamentos de proteção, controle e medição, necessitam do

auxilio de TC’s e TP’s para reduzir esses valores.

O TC é um transformador destinado a gerar em seu secundário, uma corrente

proporcional à do primário, com o mesmo angulo, porém com valores menores,

adequados aos equipamentos de proteção, controle e medição.

Segundo KINDERMANN [1], o transformador de corrente tem basicamente três

finalidades, que são:

isolar os instrumentos de medição, controle e relés do circuito de Alta Tensão;

fornecer no seu secundário uma corrente proporcional à do primário;

fornecer no secundário uma corrente de amplitude adequada para serusada

pelos medidores e pelos relés.

O TC fornece geralmente uma corrente nominal de 5A, como resultado da

padronização dos equipamentos de proteção, controle e medição. Um TC de múltiplos

enrolamentos possui varias relações de transformações, conforme pode ser visto no

quadro da Figura 3 que mostra, além desse quadro, uma ligação típica de um TC em

uma linha de transmissão.

Page 17: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

8

Figura 3. Esquema de ligação do TC e sua placa de identificação

Page 18: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

9

O diâmetro do cabo de uma linha de transmissão é elevada, devido às altas

correntes, impossibilitando a construção de espiras no lado primário do TC. Desta

forma, o primário é constituído apenas por uma barra que atravessa o núcleo do TC.

enrolamento secundário conta de muitas espiras, com o objetivo de definr a relação de

transformação desejada.

A corrente no secundário de um TC sempre irá apresentar um erro produzido

pela corrente de magnetização (Im) necessária para estabelecer o fluxo magnético no

núcleo. A corrente que é medida (Idisp), é igual à corrente transformada (I2) menos

a corrente de magnetização (Im). Durante curtos-circuitos, a corrente secundária dos

TC’s convencionais deve

apresentar erro inferior a 2,5% ou 10%.

Como pode ser visto na Figura 4, ter uma baixa impedância no enrolamento

secundário (Zs), assim como nos dispositivos (Zdisp) ligados ao TC, reduz os valores

de V2 e Im, o que consequentemente diminui as perdas intrínsecas.

Figura 4. Circuito Equivalente do TC

Além da corrente de magnetização, outro fator que pode prejudicar a operação

do TC é a saturação do núcleo. O que define esse limite é o Fator de Sobrecorrente

(F.S.), que é a relação entre o valor máximo da corrente de curto-circuito do primário e

seu valor nominal.

(

2.1)

Page 19: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

10

O valor normal do fator de sobrecorrente é 20. Isto significa que uma corrente

de curto-circuito até 20 vezes maior que a nominal, manterá o erro transferido pelo TC

para o secundário menor que 2,5 ou 10%, dependendo da classe de exatidão.

2.1.3. Transformador de Potencial

O TP tem como objetivo transmitir uma tensão com as mesmas características

da tensão primária da rede de transmissão, porém com módulo reduzido, para os

equipamentos de proteção, controle e medição. Esses transformadores são muito

precisos e geralmente seus erros podem ser ignorados.

Para linhas de transmissão acima de 69kV, o TP utiliza um divisor de tensão

capacitivo. O divisor de tensão diminui o potencial da linha para 23kV, sendo este

valor novamente reduzido, através de um transformador de núcleo magnético, para a

tensão padrão dos equipamentos de proteção, controle e medição. Esses valores das

tensões secundárias são padronizados em 115V e 115/ V como pode ser visto no

quadro da Figura 5.

(

2.2)

Page 20: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

11

Figura 5. Esquema de ligação do TP e sua placa de identificação

Page 21: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

12

Para entender com funciona o acoplamento entre o TP e o divisor de tensão, é

necessário utilizar o circuito equivalente de Thévenin, em relação aos pontos A e B, do

circuito mostrado na Figura 6.

Figura 6. Circuito divisor de tensão capacitivo

Considerando-se todas as fontes de tensão nulas, ou seja, C1 e C2 em

paralelo, o circuito apresenta uma impedância de Thévenin capacitiva igual a:

ou seja, um capacitor com capacitância (C1+C2).

A tensão de Thévenin entre A e B quando o TP mais adiante opera a circuito

aberto é igual a:

Para reduzir os erros de amplitude e ângulo de fase, uma indutância fixa é

inserida em série com o enrolamento primário do TP. Fazendo 1/2πf(C1+C2)=2πf, o

avanço de fase em (C1+C2) é cancelado pelo atraso de fase em L para todas as

(

3)

(

4)

L

Page 22: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

13

correntes de carga. Assim, a tensão no primário do TC estará em fase com a tensão

de Thévenin .

O circuito equivalente de Thévenin, com a indutância e o TP, é mostrado na

Figura 7.

Figura 7. Circuito Equivalente de Thévenin

2.2. Filosofias de Proteção

Existem diversas formas de proteção, algumas delas apresentadas

resumidamente a seguir:

Proteção de sobrecorrente: é uma proteção simples que analisa a magnitude

do sinal da corrente, cujo valor deve estar sempre abaixo de um ajuste, caso

contrário a proteção atua.

Proteção direcional: supervisiona a proteção de sobrecorrente em sistemas em

anel, direcionando a proteção e evitando atuaçãos indevida.

Proteção de distância: localiza o ponto da linha de transmissão onde ocorreu a

falta.

Essas formas de proteção são aplicadas de maneira distinta em diferentes

disposições de um sistema de elétrico de potência. A seguir será explicado

simplificadamente como isso acorre em linhas de transmissão, transformadores e

geradores.

2.2.1. Proteção de Linhas de Transmissão

Os principais defeitos em linhas de transmissão são curtos-circuitos entre fases

e entre fase e terra. Esses defeitos apresentam perigo para os equipamentos, uma vez

que a corrente de falta é muito maior que a corrente nominal.

Page 23: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

14

Uma linha de transmissão típica pode apresentar centenas de quilômetros,

tornando complicada sua proteção. Além disso, interliga diversos equipamentos, o que

a torna fundamental para o sistema. Em função dessa dificuldade e da sua

importância, a linha de transmissão utiliza as três formas de proteção descritas,

sobrecorrente, direcional, distância.

2.2.2. Proteção de Transformadores

Transformadores de pequeno porte utilizam proteção de sobrecorrente, através

de fusíveis ou disjuntores.Já transformadores de grande porte, além da proteção de

sobrecorrente, empregam proteções diferenciais proporcionais. Nas proteções

diferenciais são empregados dois TC´s, um no primário e outro no secundário, a fim de

comparar as correntes de forma proporcional ao número de espiras, verificando-se

assim, defeitos internos ao transformador.

2.2.3. Proteção de Geradores e Reatores

Geradores utilizam proteções diferenciais porém, nesse caso, os TCs são

conectados no lado de alta e de neutro. Como as correntes são iguais, o relé de

proteção diferencial aplicado pode ser muito sensível.

A proteção de reatores é semelhante a dos geradores, podendo ainda ser

adicionado um relé de distância para detectar faltas “entre espiras” em seu

enrolamento.

2.2.4. Proteção de Barramento

A proteção de barramento utiliza proteção diferencial mas, nesse caso,

compara as correntes de vários circuitos ligados à barra. Quando não existe falta na

barra, o somatório de todas essas correntes deve ser zero, ou próximo disso.

2.3. Funções de um Sistema de Proteção

Uma das principais metas das concessionárias de energia é garantir

economicamente a continuidade do serviço, assegurando uma vida razoável para seus

equipamentos. No entanto, os mesmos estão sujeitos a anomalias e perturbações na

sua operação. Segundo VINICIUS [2], alguns desses possíveis defeitos são:

curtos-circuitos causados por animais ou árvores, assim como mudanças de

temperatura que alteram a rigidez dielétrica do ar;

problemas com isoladores curto-circuitados ou rachados;

Page 24: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

15

umidade excessiva em isoladores de transformadores e geradores;

surtos de manobra;

descargas atmosféricas.

Esses possíveis defeitos causam efeitos indesejáveis nos sistemas elétricos de

potencia, dentre eles se destacam:

a redução da margem de estabilidade;

danos aos equipamentos próximos à falta;

explosões;

efeito cascata.

Para evitar esses efeitos indesejáveis, o sistema de proteção deve alertar

sobre um possível caso de perigo não imediato ou promover a abertura de disjuntores

de modo a isolar a falta, mantendo assim o restante do sistema em operação normal.

2.3.1. Características de um sistema de proteção

Para atuar de maneira rápida e precisa, o sistema de proteção deve atender as

seguintes características:

Sensibilidade: é a capacidade do sistema operar nas condições anormais com

a menor margem de tolerância, sem atuar em condições de carregamento

nominal ou sobrecargas de rotina.

Velocidade: é a rapidez em que o sistema de proteção atua após a falta. Essa

é uma das principais características do sistema, pois uma corrente de curto-

circuito circulando por um tempo longo pode prejudicar a integridade do

isolamento dos equipamentos.

Confiabilidade: é a probabilidade do sistema operar somente em condições

para o qual foi projetado, não atuando em outras circunstâncias.

Segurança: é a capacidade do sistema não operar para faltas que ocorrem fora

de sua zona de proteção.

Seletividade: é a capacidade do sistema isolar apenas os elementos que estão

em falta, garantindo que a menor parte possível do sistema será desligada.

Page 25: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

16

2.3.2. Zonas de Proteção

Devido a grandiosidade e complexidade dos sistemas elétricos de potência, a

proteção é dividida em zonas de proteção. Geralmente os relés recebem sinais de

vários TCs, que definem estas zonas de proteção. Já os disjuntores são os

responsáveis em isolar o defeito, desconectando todos os equipamentos dentro de

determinada zona de proteção.

Devido a importância do sistema elétrico a ser protegido, geralmente as zonas

de proteção são sobrepostas para prevenir que algum elemento fique desprotegido.

Os principais elementos devem ser incluídos em pelo menos duas zonas de proteção.

A Figura 8 mostra um esquema típico de divisão de zonas.

Figura 8. Zonas de proteção

A sobreposição de zonas de proteção pode ser alcançada com a escolha

correta dos TCs. Uma sobreposição de zona seria alcançada, por exemplo, instalando-

se um TC em cada lado de um disjuntor, conforme mostra a parte (A) da Figura 9.

Entretanto, por motivos econômicos, na pratica geralmente é utilizado apenas um TC

com vários enrolamentos secundários, como mostrado na parte (B) da mesma figura.

Page 26: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

17

Figura 9. Princípio de sobreposição de zonas

2.4. Controle e Supervisão

Um sistemas elétrico de potência necessita de um sistema de controle para

operar junto com o sistema de proteção. Um sistema de controle convencional

consiste em um grande número de subsistemas construídos a partir de dispositivos

eletromecânicos. Estes subsistemas desempenham funções como chaveamento,

intertravamento, alarme, registro de perturbação e medição, sendo todos conectados

através de fios. Esta arquitetura foi inicialmente concebida para o pessoal técnico

realizar a operação local na própria subestação.

A tecnologia tradicional para controle e supervisão de subestações apresenta

alguns pontos negativos como:

elevado número de componentes e fios é necessário para a realização de

funções simples;

Inviabilidade do uso de padrões uma vez que o projeto desses sistemas tem

que ser individuais;

baixo uso de redundâncias, fazendo com que a perda de um componente

comprometa todo o sistema.

Page 27: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

18

Devido ao grande numero de componentes, a manutenção de qualquer parte

do sistema pode afetar outra parte do sistema.

A Figura 10 mostra um sistema tradicional de controle na qual podem ser

observadas as dificuldades mencionadas anteriormente.

Figura 10. Painel de controle convencional (imagem interna do painel da Eletrosul).

Modificações e expansões, como a adição de uma nova linha de transmissão

são difíceis, pois uma grande parte da lógica de controle da instalação deve ser

modificada, ocasionando grandes recabeamentos.

Os modernos sistemas de controle e supervisão de subestações utilizam um

sistema SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition). Estes sistemas são

capazes de transferir grande quantidade de dados em tempo real, com “links” óticos a

altas taxas de transmissão e segurança. Sistemas de Controle Digital realizam,

localmente, desde funções clássicas de controle até sofisticadas funções automáticas

de tratamento de dados para a automação de tarefas que demandem a presença mais

constante de operadores nas subestações, e facilitam o controle local em emergência,

com aprimoramento e/ou simplificação de tarefas manuais ou automáticas dos Centros

de Operação.

Page 28: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

19

A Figura 11 exemplifica a tela de interface do operador (SCADA) com a

arquitetura de uma Subestação, construída pelo Sistema Aberto de Gerenciamento de

Energia (SAGE).

Figura 11. Tela de configuração do SAGE da substação de Scharlau

Page 29: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

20

3. Relés de proteção

Os relés de proteção são os principais componentes do sistema de proteção.

São responsáveis por receber as informações de TC`s e TP´s, e processá-las de

maneira correta, tomando as devidas providências, como abertura de um disjuntor ou

envio de um alarme para o operador.

3.1. Desenvolvimento Histórico

Nesse tópico será apresentado o desenvolvimento dos relés de proteção. O

princípio de funcionamento desses equipamentos evolui, porém a filosofia da proteção

permanece a mesma.

3.1.1. Relé eletromecânico

Os relés eletromecânicos foram os primeiros a serem utilizados em sistemas

de proteção. Seu princípio básico de funcionamento utiliza movimentos mecânicos,

provenientes da atração eletromagnética ou indução eletromagnética.

O relé de atração eletromagnética utiliza o mesmo princípio de um eletroímã.

Uma corrente elétrica passa em sua bobina produzindo um campo magnético que atrai

um êmbolo (relé de êmbolo) ou uma alavanca (relé de alavanca).

Tanto o relé de êmbolo como o de alavanca operam instantaneamente, isto é,

quando a corrente do TC atinge um valor maior que o ajuste do relé, o campo

magnético gerado vence a força da mola que mantém o êmbolo ou a alavanca em sua

posição inicial. Nesse momento, um contato NA ligado diretamente ao êmbolo ou a

alavanca ativa instantaneamente o circuito de disparo do disjuntor.

Considerando-se uma situação ideal, quando a corrente de operação é

levemente maior que a corrente de ajuste (limiar de operação) a alavanca deve se

mover fechando o contato NA. Contudo, isso não acontece na prática devido a alguns

fatores: atrito nos mancais dos eixos da alavanca ou no êmbolo, elasticidade não

perfeita da mola de retenção, efeito da temperatura que dilata as diversas peças do

relé, pressão atmosférica que muda a densidade do ar que envolve o relé, corrosão

nos elementos metálicos do relé, envelhecimento dos elementos. Esses fatores e seus

efeitos foram eliminados com o surgimento dos relés digitais, conforme será explicado

posteriormente.

O relé de indução eletromagnética funciona como um motor elétrico. Um de

seus componentes é um disco que, ao operar, gira como se fosse o rotor de um motor

Page 30: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

21

elétrico, esse giro produzindo o fechamento de um contato que é capaz de ativar o

circuito de abertura do disjuntor. Existem vários tipos de relés de indução, porém todos

apresentam o mesmo princípio de funcionamento.

O funcionamento do relé de indução consiste basicamente em gerar uma

defasagem das componentes de fluxo magnético que atravessam o gap do relé e o

disco de indução. Estas variações de fluxo criam correntes induzidas no disco. A

interação entre essas correntes geradas e os fluxos existentes gera forças que fazem

o disco girar. A Figura 12 mostra o esboço de um relé direcional com bobina de

sombra.

Figura 12. Relé direcional com bobina de sombra [3]

3.1.2. Relés Estáticos

Os relés estáticos são construídos com dispositivos eletrônicos que

desempenham funções lógicas e de temporização especificas para proteção. Nesses

relés não existem partes móveis e todos os comandos são feitos eletronicamente, por

isso apresentando algumas vantagens sobre os relés eletromecânicos como alta

velocidade de operação, baixa carga para os transformadores de corrente, baixa

manutenção devido a ausência de partes móveis, etc.

Apesar de não apresentarem partes móveis, os relés estáticos geralmente

acionam relés auxiliares que ativam mecanicamente o circuito de abertura do disjuntor.

Os primeiros relés estáticos produziam muitas atuações indevidas pois, como

eram eletrônicos, ficaram com sensibilidade muito apurada, de forma que um pequeno

harmônico ou transitório, comuns na operação do sistema, eram suficientes para

provocar sua operação. Por isso, muitos relés estáticos foram substituídos pelos relés

eletromecânicos. Além disso, o avanço rápido da tecnologia digital possibilitou a

Page 31: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

22

utilização de relés microprocessados, o que reduziu precocemente a era dos relés

estáticos.

Alguns exemplos de relés estáticos podem se vistos na Figura 13.

Figura 13. Relés Estáticos [4]

3.1.3. Relés Digitais

Com o desenvolvimento da tecnologia digital, que se deu principalmente a

partir da década de 70, e com o consequente avanço na área computacional, o

tamanho e consumo de energia dos computadores (e microprocessadores) diminuíram

enquanto a velocidade de processamento aumentou. Essa transformação foi decisiva

para implantação de relés digitais na proteção de sistemas de potência

Esse tipo de relé é gerenciado por um microprocessador e controlado por

software. Os princípios de funcionamento dos relés convencionais são uma referência

para seu desenvolvimento. A utilização de um processador para tarefas de proteção

possibilitou soluções para limitações encontradas nas tecnologias analógicas. Alguns

relés digitais podem ser vistos na Figura 14.

Page 32: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

23

Figura 14. Relés Digitais [4]

Algumas vantagens de um relé de proteção digitais sobre os relés estáticos

apresentadas por RUSH[4], são: diversos grupos de ajustes, maior faixa de ajuste de

parâmetros, comunicação remota interna, diagnóstico interno de falha, medições de

grandezas elétricas, localizador de distância de falta, registrador de distúrbio, funções

de proteção auxiliares (continuidade da fiação, sequência negativa etc.),

monitoramento de disjuntor (estado, condição), lógica definida pelo usuário, funções

de proteção de retaguarda (Backup) embarcada, consistência dos tempos de

operação – margem de coordenação reduzida.

3.1.3.1. Arquitetura dos relés digitais

Os relés digitais consistem em sub-sistemas com funções distintas e bem

definidas. A Figura 15 mostra os principais subsistemas de um relé digital, sendo a

seguir descritos cada um desses sub-sistemas.

Page 33: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

24

Figura 15. Arquitetura do Relé Digital

Transformadores de entrada (módulo de interface): atenuam as tensões de

entrada a níveis adequados aos micriprocessadores (±10V), além de permitir a

isolação galvânica entre os relés de proteção e os sinais dos TCs e TPs.

Filtros analógicos passivos passa baixa: são usados no módulo de interface

com o objetivo de filtrar ruídos no processamento digital dos sinais.

Dispositivos Sample and Hold: amostram e retêm os sinais das entradas

analógicas em um mesmo instante e disponibilizam os sinais ao multiplexador.

Uma mudança na entrada durante a conversão analógico digital (A/D) poderia

conduzir a erros.

O multiplexador: permite que seja usado apenas um conversor A/D, para varias

entradas analógicas.

O conversor A/D: converte os sinais analógicos em digitais em intervalos

definidos pela taxa de amostragem.

Módulo de entrada lógica (sinais de entrada): informa ao processador sobre o

estado atual do sistema, ou seja, posição de chaves, estados de disjuntores,

atuação de outras proteções, alarmes.

Page 34: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

25

O processador: controla o funcionamento do relé, filtrando digitalmente os

sinais para extração da componente fundamental. Executa também toda lógica

e cálculos de proteção através de um software armazenado na memoria ROM.

As operações intermediárias do algoritmo do relé são armazenadas na

memoria RAM. Os ajustes dos parâmetros são armazenados no E2PROM

(memória de leitura programável apagável eletronicamente).

O módulo de saída lógica (sinais de saída): é responsável por atuações de

disjuntores e alarmes.

Display: mostra informações como alarmes ou saídas ativas.

3.2. A Classificação dos Relés

A maioria dos relés usados em sistemas elétricos de potência podem ser

classificados independente de serem microprocessados, estáticos ou eletromecânicos,

conforme será apresentado nesse tópico.

3.2.1. Relés de sobrecorrente (50)

O relé de sobrecorrente como o próprio nome define, atua para valores de

corrente maiores que um determinado ajuste. Ele pode proteger praticamente todos os

elementos de um sistema de proteção, como por exemplo, linhas de transmissão,

transformadores, geradores.

Existem relés de sobrecorrente instantâneos e temporizados. O primeiro tem o

tempo de atuação dependente apenas de seus mecanismos de operação.Já o

segundo tem atuação intencionalmente retardada, ou seja, não instantânea. O relé de

sobrecorrente de tempo inverso, por exemplo, é um relé temporizado projetado para

ter um tempo de operação inversamente proporcional a magnitude da corrente, em

que não se escolhe o tempo de atuação, mas sim a curva de atuação (curva de tempo

inverso), como pode ser visto na Figura 16.

Page 35: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

26

Figura 16. Curva de tempo inverso relé de sobrecorrente temporizado. [5]

Além da curva de tempo inverso, outras curvas, muito inversa e extremamente

inversa, podem ser definidas como na Figura 17. A diferença entre essas curvas é o

tempo de atuação do relé como resposta à magnitude da corrente.

Figura 17. Diferentes curvas de tempo inverso relé de sobrecorrente

temporizado.[5]

Magnitude

Magnitude

Page 36: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

27

3.2.2. Relés Direcionais (67)

Quando o sistema a ser protegido não é radial, ou seja, um sistema em anel, o

relé de sobrecorrente não é capaz de realizar sozinho a proteção adequada, sendo

utilizado um relé direcional em conjunto com o relé de sobrecorrente. A operação do

relé direcional é uma condição para operação do relé de sobrecorrente.

Os relés direcionais comparam uma grandeza de referência, geralmente a fase

de seu sinal de corrente referida à fase de seu sinal de tensão. Desta forma o relé é

projetado para operar para curto-circuitos em apenas um sentido.

Pode ser visto na Figura 18 que o relé de sobrecorrente instantâneo só deve

operar para faltas (F1) dentro da zona de proteção indicada. Uma falta em (F2) com

amplitude de corrente qualquer não deve prover a abertura instantânea do disjuntor 1

pois isso implicaria em perda de segurança do sistema, uma vez que a falta está fora

da zona de proteção. Para que isso não ocorra, utilizam-se relés direcionais em B e

em A que não permitam a operação da proteção de sobrecorrente quando a falta esta

fora da zona de proteção.

Figura 18. Diagrama do sistema

3.2.3. Relés de Distância (21)

Dentre os relés de distância, o tipo mais básico é o de impedância, que registra

a tensão e a corrente no terminal da linha quando ocorre um curto circuito, e

efetivamente divide V(tensão) por I(corrente) para obter a impedância entre o terminal

da linha e o ponto de falta. A impedância da linha é proporcional a distância, daí a

origem do nome do relé. Como não possui características direcionais em sua zona de

atuação, o relé de impedância necessita da supervisão de um relé direcional para

operação em conjunto.

Através da impedância vista do ponto de instalação da proteção, o relé de

distância pode distinguir diferentes localizações de falta. A impedancia referida pode

ser determinada pelo relé, para diferentes tipos de falta, como apresentado a seguir.

Faltas fase-terra

Page 37: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

28

Sendo o curto na fase a, a impedância aparente pode ser definida da seguinte

forma:

Onde:

= fasor de tensão na fase

= fasor de corrente na fase

= impedância de sequência positiva por unidade de comprimento da linha

= impedância de sequência zero por unidade de comprimento da linha

= Fasor de corrente de sequência zero

Faltas fase-fase e fase-fase-terra

De forma similar, a impedância aparente para faltas entre a fase e pode ser

calculada como:

Faltas trifásicas

No caso de faltas trifásica, o cálculo da impedância aparente pode ser feito

através de qualquer uma das equações vistas anteriormente.

As impedâncias definidas pelas expressões (3.1) e (3.2) pode ser comparada

com a impedância de sequência positiva da zona a ser protegida e, se esse valor for

menor, um sinal de abertura de disjuntor deve ser produzido pelo relé. Como o

numerador e o denominador são números complexos, a razão entre eles também será

um numero complexo. A impedância aparente de uma falta ocorrida ao longo da linha

de transmissão deveria estar contida na zona dentro da representação fasorial da

própria linha. Porém, para incorporar o efeito de imprecisões do TPs, do TCs e do

próprio relé e da resistência do arco da falta, geralmente é necessário definir uma

região mais extensa de falta no plano complexo. Tradicionalmente, a mesma forma

circular dos relés eletromecânicos tem sido usada. Porém, formas mais complexas,

como as quadrilaterais, podem ser selecionadas com os atuais relés digitais. A Figura

19 mostra as zonas de proteção tradicional e as quadrilateral.

(

3.2)

(

3.1) (3.1)

(3.2)

Page 38: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

29

Figura 19. Zonas de atuação circular(a) e quadrilateral(b) do relé.

Além do relé de impedância, pode-se utilizar o relé de admitância ou mho, que

possui característica inerentemente direcional, eliminando a necessidade da instalação

de um relé direcional adicional. Sua zona de operação pode ser vista Figura 20.

Figura 20. Zona de operação do relé de admitância

Há também o relé de reatância, que tem sua zona definida por uma reta

paralela ao eixo das resistências, ou seja, é sensível apenas a reatância, com atuação

independente da resistência do arco. Devido a sua curva aberta, geralmente é

utilizado em conjunto com um relé de admitância. A Figura 21 mostra a zona de

operação do relé de reatância.

Page 39: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

30

Figura 21. Zona de operação do reles de reatância

O desempenho de um relé de distância próximo às suas zonas limites não é

muito previsível devido às imprecisões mencionadas anteriormente. Por isso, o relé de

distância tem mais zonas de proteção para garantir a segurança da totalidade da linha.

Um esquema com 3 zonas, referente ao disjuntor 1, é mostrado na Figura 22,

sendo uma falta na:

zona 1. Neste caso o acionamento do disjuntor é instantâneo, cobrindo 80% da

linha AB.

na zona 2. Neste caso o acionamento demora um tempo T2=Δt, cobrindo 100%

da linha AB + 50% da linha BC

na zona 3. Neste caso o acionamento demora um tempoT3=T2+ Δt, cobrindo

100% da linha AB + 100% da linha BC

Page 40: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

31

Figura 22. Característica quadrilateral de três zonas de atuação

3.2.4. Relés Diferenciais (87)

O relé diferencial, tem sua corrente de operação definida pela diferença entre

as correntes de saída de seus TCs. Esse tipo de proteção é utilizado em diversos

equipamentos, como por exemplo:

Transformadores de potência;

Reatores;

Geradores;

Grandes Motores;

Proteção de barras;

Cabos subterrâneos.

A Figura 23 a mostra o esquema de proteção diferencial. Se a corrente de

saída do TC da esquerda for diferente da corrente de saída do TC da direita, o relé

entende que existe um curto no elemento protegido e a proteção atua.

Page 41: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

32

Figura 23. Esquema de Proteção Diferencial

3.2.5. Relés com mídia de comunicação

Esse tipo de proteção realiza a comunicação entre os relés nos dois extremos

da linha de transmissão. O trecho a ser protegido é compreendido entre dois relés e

utiliza o principio da proteção diferencial a distância. Este tipo de proteção é

denominado teleproteção. É fundamental que as vias de comunicação desse tipo de

proteção tenham como características alta confiabilidade e velocidade. Alguns

exemplos dessas vias de comunicação são: fio piloto, onda portadora (Carrier), micro-

ondas e fibra óticas.

Page 42: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

33

4. Novas Tecnologias e Tendências

4.1. Sistemas de comunicação em sistemas elétricos de

potência

Durante as ultimas décadas, ocorreu um grande avanço dentro da área de

sistemas de comunicação. A telefonia móvel, a comunicação via satélite e a Internet

são apenas alguns exemplos dessa evolução. Devido ao rápido aprimoramento, essas

tecnologias sofreram um grande barateamento em seu hardware e software, o que as

tornou acessíveis às mais diversas áreas, inclusive na proteção e controle de sistemas

de potência.

A comunicação em sistemas de potência se divide basicamente em três

principais áreas: comunicação entre subestações, comunicação dentro da subestação

e comunicação entre a subestação e uma rede externa.

4.1.1. Comunicação entre subestações

A comunicação entre subestações geralmente é constituída por sinais de

proteção. A distância entre subestações pode variar de alguns quilômetros a centenas

de quilômetros.

Em geral, o meio físico é uma parte fundamental de um sistema de

comunicação. As exigências para comunicação entre relés em proteção de linhas de

transmissão, são bem mais severas que para a transmissão de dados e voz por

exemplo. Na transmissão de dados ou voz, a perda do canal de comunicação por

alguns instantes pode ser compensada pela retransmissão dos dados perdidos.

Porém, isto é inaceitável para a comunicação entre relés. Durante a falta deve-se

garantir o correto envio do sinal, pois interpretações incorretas podem causar

aberturas indesejadas ou a não abertura do disjuntor. Os principais meios de

comunicação entre subestações são:

4.1.1.1. Fio piloto

Os fios piloto são condutores metálicos utilizados pelos relés diferencias de

corrente. Apesar de ser aplicável em linhas curtas, o custo cresce linearmente com a

distância, tornando-o inviável para grandes distancias. Por esse motivo, é comumente

empregado na distribuição.

Page 43: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

34

4.1.1.2. Ondas portadoras

Utiliza a própria linha de transmissão como meio de comunicação, sendo a

maneira mais comum para linhas médias e longas distâncias (80 a 500 Km). Os

sistemas OPLAT (Ondas Portadoras em Linhas de Alta Tensão) são largamente

utilizados para transmissão de voz, dados e sinais de proteção.

Os sistemas OPLAT são constituídos pela linha de transmissão, bobinas de

bloqueio, caixas de sintonia e capacitores de acoplamento. As bobinas de bloqueio

devem ser capazes de conduzir a corrente máxima da linha de transmissão, além de

suportar a corrente máxima de curto circuito. O capacitor de acoplamento deve

apresentar uma capacitância apropriada para o acoplamento do sinal da portadora ao

circuito de alta tensão e deve ser totalmente isolado para suportar tensões de regime

transitório. Em relação à adição de novos canais, é necessária somente a troca de

caixas de sintonias mantendo os capacitores de acoplamento e bobinas de bloqueio.

Como principais vantagens desse sistema podemos citar:

alta rigidez mecânica das linhas de transmissão;

as linhas de transmissão e os equipamentos são exclusivos das

concessionarias de transmissão;

a manutenção é feita exclusivamente dentro das subestações, evitando custos

adicionais de deslocamento.

Como algumas desvantagens, podemos citar:

ruídos de alta intensidade durante a operação de chaves e disjuntores;

possuem um custo elevado em seus terminais que, apesar de não ser

proporcional a distância, se torna inviável financeiramente para distâncias

curtas.

4.1.1.3. Micro-ondas

A transmissão de micro-ondas é feita com o uso de antenas parabólicas e

receptores para transmissão e recepção do sinal. Quando a distância excede certo

valor permitido, torna-se necessário o uso de repetidores. Esse meio possui uma

limitação e alcance de apenas 30-80km, o que impossibilita seu uso para grandes

distâncias.

Page 44: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

35

4.1.1.4. Fibras óticas

A Fibra ótica é um meio de comunicação que utiliza a luz (LED ou lasers), para

transmitir informações. Algumas características das fibras óticas merecem destaque:

são pequenas e leves;

possuem alta largura de banda de passagem, o que permite alta qualidade na

transmissão de informação;

são 100% dielétricas, não sendo afetadas por descargas atmosféricos ou

surtos indutivos;

apresentam perdas pequenas e pequeno gasto com manutenção.

Um exemplo comumente encontrado atualmente é o OPGW (optical ground

Wire), que são cabos para-raios, que possuem fibras óticas em seu interior. A Figura

24 ilustra esse tipo de equipamento.

Figura 24. Exemplo de um cabo OPGW (optical ground Wire)

A Figura 25 mostra uma arquitetura real de comunicação entre subestações.

Nela é possível observar detalhes da comunicação entre equipamentos de

telecomunicações utilizando o OPGW, assim como comunicação direta entre relés de

proteção.

Page 45: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

36

Figura 25. Arquitetura de comunicação entre subestações

Page 46: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

37

4.1.2. Comunicação dentro da subestação

A comunicação dentro da subestação é geralmente feita através de redes

locais. Essa rede utiliza switchs para interligar dispositivos de proteção, medição e

controle. A utilização de uma rede local permite a substituição da fiação convencional

de cobre por meios mais baratos e muitas vezes mais rápidos. Alguns exemplos dos

meios de comunicação atuais são:

Cabo par-trançado: é o meio mais antigo e ainda o mais utilizado na

transmissão de dados. São constituídos de dois fios de cobre trançados entre

si. A aplicação mais comum desse meio é a telefonia e redes de computadores.

Fibra ótica: como descrito anteriormente, é um excelente meio de transmissão

de dados, principalmente dentro do ambiente da subestação, onde existe uma

alta quantidade de ruído eletromagnético.

Comunicação sem fio (wireless): As ondas eletromagnética são uma outra

maneira de transmissão de dados. Este tipo de transmissão é uma solução

para lugares onde existe dificuldade de instalação de cabos ou fibras ou onde

se deseja utilizar a comunicação móvel.

A Figura 26 apresenta a configuração de rede dentro de uma subestação real

localizada em Curitiba. Essa configuração é eletro/ótica e utiliza tanto par trançado

quanto fibra ótica em uma mesma rede de comunicação.

Page 47: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

38

Figura 26. Arquitetura de Comunicação dentro da Subestação

Page 48: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

39

4.1.3. Comunicação entre a subestação e uma rede externa

Este tipo de comunicação pode ser visto como pequenos links de comunicação

entre uma sala em uma subestação (rede local) e uma rede de comunicação externa,

privada ou publica. Esses links possuem normalmente de 1 a 5 km de distância e as

fibras óticas são utilizadas principalmente devido a sua isolação contra altas tensões e

picos de corrente, além de eliminarem o problema de diferença de potencial entre a

subestação e a rede externa.

4.1.4. Redes Intranet

Como visto nos itens anteriores, a comunicação entre a subestação e uma rede

externa e dentro da própria subestação é feita através de redes locais. Estas redes

geralmente são redes Intranet, ou seja, redes privadas que utilizam os padrões da

Internet.

A utilização de redes Intranet proporciona maior integração entre as diversas

instalações dentro da subestação. Esses sistemas possuem maior facilidade de

acesso a dados em tempo real ou históricos, que podem ser acessados por qualquer

componente conectado à rede. Outra vantagem é a possibilidade de controle e teste

remoto dos dispositivos conectados. Além disso, o processo de compra e venda de

energia também é facilitado, uma vez que estão disponíveis on-line dados do sistema

como históricos de produção, transações, preços, etc.

Apesar de apresentar muitas vantagens, redes baseadas na internet ainda

possuem problemas como segurança e confiabilidade, além de problemas de trafego

de dados e roteamento.

4.1.5. Norma IEC61850

Um problema encontrado na utilização de redes Intranet estava relacionado ao

fato de cada protocolo de comunicação ser individualizado e proprietário, o que

tornava impossível a utilização direta entre dispositivos de diferentes fabricantes em

uma única rede. A necessidade de tradução de diferentes protocolos ocasionava

também gastos desnecessários e atraso na comunicação. Os relés digitais mais

antigos de uma subestação, por exemplo, necessitam de módulos de interface de rede

para comunicação entre o protocolo e a interface física, caso contrário não haverá

conexão com a rede local.

A norma IEC 61850 propõe a unificação dos protocolos de comunicação entre

os dispositivos ligados a rede, possibilitando interoperabilidade e intercambialidade

Page 49: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

40

entre eles. Essa norma tem sua plataforma baseada em protocolos abertos,

garantindo que os investimentos não sejam em vão e acompanhem o avanço da

tecnologia.

A Norma IEC 61850 utiliza para comunicação entre equipamentos mensagens

denominadas GOOSE (generic object oriented substation event) ou Objeto Genérico

Orientado pelo Evento de Subestação. Tais mensagens são baseadas no envio

assíncrono de variáveis binárias, orientada a eventos e direcionada à aplicações de

proteção em subestações. Os sinais trafegam ponto-a-ponto em alta velocidade. Este

serviço usa um esquema de retransmissão especial para alcançar um alto nível de

confiabilidade que consiste em repetir a mensagem diversas vezes até que seja

recebida uma confirmação de confirmação.

4.2. Medição sincronizada de fasores

Fasores são ferramentas básicas usadas para analise de circuitos em corrente

alternada (CA), Um fasor é um número complexo associado a uma onda senoidal em

regime permanente. Porém, mesmo em situações onde as formas de onda da senóide

mudam rapidamente, como por exemplo, em situações de faltas, os fasores podem ser

utilizados para o estudo do sistema. Nestas situações, os relés calculam os fasores

baseados em janelas de meio ciclo ou um ciclo e os valores encontrados geralmente

são compatíveis com o significado original de um fasor em regime permanente.

A medição sincronizada de fasores é feita através de unidades de medição

fasorial ou Phasor Measurement Units (PMU) que são dispositivos capazes de medir

os fasores e as diferenças angulares das tensões e correntes em tempo real. Estas

medições só se tornaram possível a partir do uso do GPS (Global Positioning System).

O GPS é um sistema de posicionamento, navegação e coordenação de tempo

baseado em satélites que foi desenvolvido pelo departamento de defesa dos Estados

Unidos da América. Os sinais de tempo precisos são tão importantes quanto os sinais

de posicionamento. Estes sinais de tempo são utilizados como fonte de sincronismo

para comunicações globais, redes de distribuição e transmissão e inúmeras outras

aplicações. No caso dos PMUs, o GPS emite um pulso de tempo preciso que é usado

para amostrar os sinais de corrente e tensão. A Figura 27 mostra um equipamento

GPS utilizado em uma subestação elétrica.

Page 50: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

41

Figura 27. GPS usado em SEs e sua vista traseira [6].

Atualmente, os relés digitais incluem os recursos de medição fasorial

sincronizada. Dessa forma, não é mais necessário dispensar o recurso de medição

fasorial uma vez que ele está incluído no sistema de proteção de linhas sem custo

adicional. Algumas aplicações dos PMU serão apresentadas a seguir.

Estimador de estados: é um procedimento de cálculos usado para estimar o

estado da rede que utiliza variáveis como injeções de fluxos de potência,

injeções de corrente nos ramos e módulos de tensão nos barramentos. Devido

ao tempo de aquisição de dados e de processamento, a resposta do estimador

de estado é considerada (considerada praticamente o que ???) praticamente

em regime permanente. Essa aplicação é utilizada nos centros de controle das

companhias de energia para monitorar o estado do sistema.

Considerando a utilização dos PMUs, é possível a medição do módulo e

ângulo das teansões nos barramentos sem a necessidade de cálculos, além da

sincronização dessas grandezas. Com poucas barras monitoradas por

medições fasoriais é possível reduzir o tempo de cálculo e aumentar sua

precisão.

Análise da instabilidade: o método tradicional de análise de estabilidade é

baseado na integração do sistema de equações dinâmicas do sistema. Mesmo

com a utilização de várias simplificações, o processamento é tão extensivo que

ficou restrito a estudos off-line. Com a ajuda dos PMU, é possível monitorar a

progressão de um transitório em tempo real. Baseado na leitura desses

medidores, o sistema de potência fornece a trajetória do sistema até o tempo

presente. Assim, através dos registros das oscilaçôes de potência será

possível tomar decisões de proteção e controle.

Page 51: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

42

Melhoramento no controle de sistemas elétricos de potência: com a utilização

de PMUs, de forma que os controles tradicionais poderão ser realizados com

mais precisão. Os dados dos PMUs permitem a detecção antecipada de

situações de risco para o sistema, melhorando a determinação das ações de

controle preventivo, aumentando a margem de segurança do sistema, evitando

grandes perdas de carga ou grandes contingências, como faltas de longos

períodos ou blecautes.

4.3. IEDS (Intelligent Electronic Devices)

Os relés digitais e unidades de controle modernos são conhecidos como

Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IEDs – Intelligent Eletronic Devices). Essas

unidades apresentam funções para proteção, controle, automação, medição e

monitoramento dos sistemas elétricos, e permitem a criação de lógicas de

intertravamento, chaveamento, aberturas e bloqueio, ou seja, múltiplas

funcionalidades em um único dispositivo.

Os IEDs têm sido cada vez mais utilizados nas subestações elétricas à medida

que agregam mais recursos. Seu uso permite uma redução no custo de implantação e

manutenção, pois necessita de um número menor de cabos e equipamentos. Estas

unidades possibilitam troca de informações mais rápidas através de redes Intranet,

simplificam o projeto, permitem sincronização temporal dos dispositivos e expansão do

sistema, além de fornecer maior confiabilidade ao sistema.

Outra grande vantagem de IEDS são as lógicas programáveis utilizadas, por

exemplo, para funções como os intertravamentos e religamento automático. Elas

necessitam de certo número de entradas e saídas digitais. Essas lógicas podem ser

programadas por meio de softwares criados em um computador convencional. Além

disso, as funcionalidades de certo projeto podem ser reaproveitadas para outros e

novas características podem ser adicionadas. Uma tendência moderna é a utilização

de funções de proteção e controle em um mesmo dispositivo através das lógicas

programáveis. A Figura 28 mostra uma lógica programável de intertravamento de

seccionadora.

Page 52: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

43

Figura 28. Lógica programável de intertravamento de seccionadora

Page 53: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

44

A Figura 29 apresenta um IED que incorpora diversas funções de proteção em

um único dispositivo.

Figura 29. Relé SEL 311 C exemplo de IED de proteção e controle [7]

4.4. Proteção adaptativa

Proteção adaptativa é uma filosofia que permite fazer ajustes no sistema de

proteção para torná-lo adequado às variações do estado a rede. O conceito principal é

a alteração de parâmetros no sistema de proteção em resposta a mudanças no

sistema causadas por alterações de carga, chaveamentos de operação ou até mesmo

Page 54: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

45

faltas elétricas. Isto significa que as características de abertura do relé mudam de

acordo com as condições do sistema.

Os relés eletromecânicos e estáticos apresentam um único grupo de ajuste.

Esse problema pode ser superado pelo fornecimento do relé digital com um certo

número de grupos de ajustes, onde um grupo é utilizado de cada vez. A mudança

entre grupos pode ser obtida por meio de comandos remotos do operador ou por um

sistema de lógica programável. Acabando com a necessidade de relés duplicados

para serem utilizados conforme a mudança no arranjo de entradas e saídas,

dependendo da configuração da rede. O operador terá também a opção de programar

remotamente o relé com um grupo de ajuste desejado.

O relé digital pode fornecer qualquer característica para delinear as zonas de

proteção. Uma característica do tipo quadrilateral, como mostrado no item 3.2.3 para

relés de distância, mostra ótimo desempenho para condições fixas do sistema, mas

tem seu desempenho comprometido quando a condição de operação sofre alterações.

O rele adaptativo é uma ótima solução para estes casos, por possuir a possibilidade

de alterar a sua característica de proteção, aumentando a zona primária de proteção.

Page 55: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

46

5. Modernização da proteção

5.1. Proteções eletromecânicas e microprocessadas

Um caso genérico apresentado por MOONEY [16] será descrito a seguir, onde

é comparado um esquema contendo relés eletromecânicos e outro contendo relés

microprocessados.

Um típico esquema de distância com três zonas temporizadas consiste de

elementos de trip instantâneos, dois níveis de elementos de trip temporizados para

faltas envolvendo a fase e um elemento de trip instantâneo, e um elemento de

sobrecorrente temporizado para faltas à terra. Para esse exemplo nós devemos

admitir que a proteção de distância com zonas temporizadas utiliza elementos de

distância de fase e de sobrecorrente direcional de terra. Faltas envolvendo a fase são

detectadas usando três zonas dos relés de distância de fase. Faltas à terra são

detectadas usando um relé de sobrecorrente direcional de terra, que inclui um

elemento de sobrecorrente temporizado e um elemento de sobrecorrente instantâneo.

O esquema de proteção também inclui um religador que efetue somente uma tentativa

de religamento, para restabelecimento automático da linha após a falta ter sido

eliminada.

O esquema com relés eletromecânicos utiliza relés de distância trifásicos.

Esses relés podem cobrir todos os tipos de falta através de um elemento por zona ou

todas as três zonas através da combinação dos elementos das fases. Isso depende do

fabricante dos relés de distância. Entretanto, em qualquer caso, são necessários três

relés de distância. Um temporizador é também requerido para os elementos de

retaguarda temporizados. Tipicamente, o retardo é fornecido por temporizadores

separados, de modo que se um temporizador falha, o esquema total de distância com

zonas temporizadas não é prejudicado. Um único relé de sobrecorrente direcional de

terra será usado para a detecção de faltas a terra. Um relé de religamento com

somente uma tentativa também deverá ser requerido para o restabelecimento da linha.

Um relé de sobrecorrente não direcional será utilizado para supervisionar os relés de

distância.

O layout do painel de um esquema com relés eletromecânicos é mostrado na

Figura 30A. Observe que o esquema eletromecânico requer quase todo o espaço

contido no painel de 213,36cm por 48,26cm.

Page 56: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

47

O esquema microprocessado consistirá de um relé multifunção que forneça as

três zonas de uma proteção de distância com zonas temporizadas, três níveis de

proteção de sobrecorrente direcional de terra instantânea ou com tempo definido, uma

função de sobrecorrente direcional de terra temporizada, e um religador que efetue

três tentativas de religamento. O esquema microprocessado também incluirá um relé

microprocessado com uma única zona, para retaguarda no caso de falha do relé de

distância principal.

A Figura 30B mostra o layout do painel para o esquema com relés

microprocessados. O espaço necessário para o esquema com relés microprocessados

é muito menor do que para o esquema com relés eletromecânicos.

Figura 30. Layout do Painel de um Esquema Típico com Relés Eletromecânicos (A) e

microprocessados (B)

Os circuitos AC e DC do esquema eletromecânico são mais complexos do que

os do esquema com relés microprocessados. A Figura 31 mostra um diagrama

esquemático AC característico, e a Figura 32 mostra um diagrama esquemático DC

característico do esquema com relés eletromecânicos. Cada relé deve ser ligado aos

outros relés para desenvolver o esquema de proteção requerido. Os custos do projeto

e da instalação podem ser elevados devido ao número de pontos de conexão e à

relativa complexidade de todo o esquema.

A B

Page 57: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

48

Figura 31. Diagrama Esquemático AC Característico de um Relé Eletromecânico

Figura 32. Diagrama Esquemático DC Característico de um Relé Eletromecânico

Page 58: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

49

A Figura 33 e a Figura 34 mostram os circuitos AC e DC de um esquema com

relés microprocessados. Observe que mesmo com a redundância de um relé usado

para proteção de retaguarda, o número de conexões e a complexidade são muito

pequenos. Em consequência, os custos do projeto e da instalação são

significantemente reduzidos.

Figura 33. Diagrama esquemático AC característico de um Relé Microprocessado

Page 59: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

50

Figura 34. Diagrama esquemático DC característico de um Relé Microprocessado

Testes de instalação são usados para verificar se os relés estão ajustados

corretamente, e se o esquema está executado corretamente para a aplicação

projetada. Testes de rotina são realizados para assegurar que os relés estejam

funcionando dentro das especificações definidas.

Um esquema executado com relés eletromecânicos requer um grande número

de testes durante a instalação, para verificar se todo o esquema está funcionando

corretamente. Cada relé deve ser testado e calibrado separadamente.

Para o exemplo do esquema de distância com zonas temporizadas, pelo

menos sete relés distintos devem ser testados. O teste de cada relé requer que o

mesmo seja conectado a um equipamento de testes, vários ajustes sejam efetuados, e

então o relé é testado por uma rotina de testes pré-estabelecida. Se os resultados dos

testes no relé estiverem fora dos padrões estabelecidos, o relé tem que ser calibrado.

A rotina de calibração pode consumir muito tempo de trabalho.

Após cada relé ter sido testado, devem ser executados testes funcionais no

esquema (“trip-checked”), para assegurar que toda a fiação e os circuitos de trip

estejam corretos. Muitas vezes, verificar os circuitos de trip em um esquema

eletromecânico é uma simples questão de fechar manualmente um contato de saída.

Em consequência, a verificação dos circuitos de trip pode ser bem simples. Porém,

como são muitos os equipamentos utilizados no esquema, a verificação dos circuitos

Page 60: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

51

de trip pode consumir muito tempo e, no caso de um projeto incorreto ou de um erro

de fiação, podem ser necessárias muitas horas de testes com o propósito de detectar

e corrigir o problema.

Um esquema com relés microprocessados é muito simples de testar e verificar.

Um relé microprocessado opera usando um programa de software. A operação das

várias funções e lógicas foi completamente verificada e testada pelo fabricante do relé.

Em muitos casos, a empresa de energia elétrica também testou o relé para verificar se

o mesmo estava de acordo com as especificações apresentadas pelo fabricante. Uma

vez que o relé foi completamente testado, o software que define as suas

características de operação foi verificado. Logo, não é preciso testar completamente

cada relé, admitindo-se que os relés são do mesmo tipo e versão de software.

Os testes de instalação de um relé microprocessado devem ser executados

para verificar se os ajustes do mesmo foram parametrizados corretamente. As séries

de testes devem ser executadas para confirmar os valores de atuação do relé (“pick

up”) nos pontos críticos. Por exemplo, o elemento de distância deve ser testado no

ângulo de máximo torque, e em ± 30 graus do mesmo. Estes pontos de teste verificam

os ajustes do elemento de distância. Elementos de sobrecorrente devem também ser

testados usando uma rotina de testes muito simples.

A verificação dos circuitos de trip (“trip-check”) usando relés microprocessados

é muito simples devido ao fato de que existe um número menor de contatos para

checar e menos fiação para verificar. Em muitos casos, um comando através do

software pode ser usado para fechar contatos de saída específicos. Usar um comando

através de software para fechar os relés de saída é mais simples do que conectar

fontes de tensão e corrente de testes no relé para executar as simulações de faltas.

Testes de rotina têm que ser executados em relés eletromecânicos para

verificar se eles estão operando dentro dos padrões especificados. Esses testes

podem ser efetuados em intervalos de um a três anos para relés de distância,

baseando-se na prática da empresa em particular. Os testes de rotina executados em

um relé eletromecânico são muito similares àqueles efetuados durante o processo de

instalação. Os relés devem ser completamente testados para verificar se todos os

componentes internos estão operando dentro das tolerâncias especificadas. Testes de

rotina também confirmam se todos os contatos e circuitos externos estão funcionando

corretamente.

Page 61: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

52

A maioria dos relés microprocessados executa autotestes de rotina (“routine

self-checks”) para assegurar que os circuitos críticos do relé estejam funcionando

corretamente.

Os relés microprocessados executam continuamente as mesmas rotinas do

software. Logo, se o relé está funcionando corretamente, os algoritmos do relé irão

operar corretamente. A manutenção de rotina num relé microprocessado consiste em

verificar se as entradas, as saídas, e o sistema de aquisição de dados estão

funcionando corretamente. Se o relé estiver medindo corretamente as correntes e

tensões analógicas, e se os resultados dos autotestes mostram que o relé está bom, o

relé funcionará corretamente. As únicas outras verificações necessárias são as de

verificar se os contatos de saída e os contatos de entradas lógicas estão operando

corretamente.

Admitindo-se que o relé microprocessado contenha autotestes suficientes e

que um sistema comum de aquisição de dados seja usado para a proteção assim

como para a medição, a manutenção de rotina pode ser significantemente reduzida.

Muitas empresas têm prolongado o ciclo de manutenção de rotina de relés

microprocessados, de uma e uma e meia para três vezes o ciclo usado nos relés

eletromecânicos.

5.2. Comparando relés eletromecânicos e microprocessados.

O relé eletromecânico tem sido sucessivamente substituído por relés digitais, e

cada mudança traz reduções em tamanho e melhorias em funcionalidades. Ao mesmo

tempo, foram mantidos, ou melhorados, os níveis de confiabilidade e houve um

aumento significativo da disponibilidade, devido à aplicação de técnicas não

disponíveis nos relés convencionais.

Elevado número de relés eletromecânicos e estáticos ainda estão em serviço

de forma segura, porém a redução contínua no custo dos microprocessadores e dos

componentes digitais (memória, entradas e saídas etc.) leva continuamente a uma

maior utilização de IEDs, como por exemplo, os modernos reles digitais que integram

em um único equipamento uma variedade de funções. O desempenho computacional

é garantido pelo uso de múltiplos processadores, permitindo que um grande número

de funções, que anteriormente eram implementadas em equipamentos de hardware

distintos, possam ser executadas por um único equipamento.

O relé digital pode implementar diversas funcionalidades, que antes

necessitavam de vários relés eletromecânicos. Dessa forma, as funções de proteção

Page 62: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

53

(sobrecorrente, falta a terra etc.) são agora definidas como “elementos de relé”. Assim,

um único relé pode implementar diversas funções usando diversos “elementos de

relé”. Cada elemento de relé, por sua vez, é composto por uma ou mais rotinas de

software.

Os argumentos contrários à centralização de várias funções em um único

equipamento de hardware são a confiabilidade e disponibilidade. Uma falha de um relé

digital pode causar uma perda maior de funções quando comparadas com aplicações

em que diferentes funções são implementadas por diferentes relés. A comparação de

confiabilidade e disponibilidade entre os dois métodos é complexa, uma vez que a

interdependência de elementos em uma aplicação em que são utilizados relés

separados deve ser considerada. Com a experiência obtida com o uso de relés

digitais, a maior parte das falhas de hardware são hoje conhecidas e precauções são

tomadas ainda na fase do projeto do relé com o objetivo de contorná-las. Problemas

de software são minimizados pelo uso rigoroso de técnicas de projeto de software, por

testes no protótipo e pela capacidade de atualização do software na memória.

Experiências práticas demonstram que os relés digitais são tão confiáveis e

têm disponibilidade tão boa quanto os relés de tecnologias anteriores. Por esse

motivo, muitos sistemas de proteção e controle estão sendo modernizados através de

projetos de retrofit. A seguir serão apresentados dois casos reais de projetos com essa

abordagem.

5.3. Caso 1 Metrô Rio

Um projeto de modernização de proteção foi desenvolvido junto com a

empresa Metrô Rio com o objetivo de substituir reles estáticos por relés digitais. O

escopo do projeto incluía o fornecimento de todo o material, execução de montagem

elétrica, testes e comissionamento, para substituição dos relés listados a seguir:

Subestação Auxiliar de Botafogo:

Proteção diferencial de cabos F.087

Proteção sobrecorrente de fase F.050/051

Subestação Auxiliar do Flamengo:

Proteção diferencial de cabos F.087

Proteção sobrecorrente de fase F.050/051

Subestação Auxiliar do Largo do Machado:

Page 63: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

54

Proteção diferencial de cabos F.087

Proteção sobrecorrente de fase F.050/51

O relé 87 é utilizado para proteção diferencial de cabos subterrâneos enquanto

o relé 50/51 é utilizado para proteção de sobrecorrente instantânea e temporizada.

A Figura 35 ilustra os relés estáticos que foram substituídos com a conclusão do

projeto.

Figura 35. Relés estáticos da subestação Botafogo

Algumas especificações referentes ao projeto executivo estão listadas a seguir:

Planejamento dos serviços visando o aproveitamento do painel e das

interligações existentes, com a finalidade de possibilitar a substituição dos

equipamentos sem prejudicar a operação comercial do METRÔ.

Execução em auto-CAD de novo projeto executivo para os painéis de proteção

com as alterações necessárias à instalação dos relés digitais.

O desenvolvimento do projeto em auto-CAD também é uma característica dos

projetos retrofit atuais que apresenta vantagens em relação aos desenhos em papel

utilizados anteriormente. A digitalização dos desenhos possibilita alterações em

qualquer parte do desenho esquemático para futuras instalações sem prejudicar o

Page 64: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

55

desenho atual. Os desenhos em papel por sua vez tornavam as atualizações mais

complicadas uma vez que as alterações eram realizadas no mesmo documento, que

ficavam sujos e desgastados devido ao intenso manuseio. Outro fato negativo dos

desenhos em papel era o armazenamento e organização que nem sempre eram feitos

de maneira correta gerando dificuldades para encontrar o desenho desejado e possível

perda de informação.

Devido ao menor espaço ocupado pelos reles digitais, foi possível aproveitar a

mesma estrutura de painéis existentes.

Algumas especificações referentes ao fornecimento dos equipamentos

definidas pela empresa contratante do projeto estão listadas a seguir:

Entradas de corrente de 5A;

Registro de eventos e distúrbios (faltas);

Registro de Oscilografia;

Portas de comunicação:

Traseira RS485;

Frontal RS232, desejável USB para ajustes locais;

Protocolos de comunicação:

Auto-monitoramento de falhas do relé (Watchdog);

Painel frontal - IP52;

Modelo: P122 – Relé de proteção digital funções 50/51, 50/51N;

Modelo: P521 – Relé de proteção digital função 87.

Como pode ser observado, esses relés apresentam diversas características

unidas em um único dispositivo, merecendo destaque a presença de registador de

eventos e oscilografia, portas de comunicação, auto monitoramento.

A Figura 36 apresenta a imagem da montagem com os relés digitais, e seus

respectivos blocos de testes esperados pelo projeto.

Page 65: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

56

Figura 36. Relés digitais e seus blocos de testes na subestação Botafogo

A Figura 37 mostra o sistema de proteção diferencial de cabos subterrâneos

(de 22kV). Este esquema é semelhante ao apresentado na Figura 23. Devido à grande

extensão do cabo subterrâneo a ser protegido, era inviável utilizar apenas um relé de

proteção, pois o mesmo teria que receber informações das duas extremidades. Para

contornar esta restrição, foram utilizados dois relés diferenciais, um em cada ponta do

cabo subterrâneo a ser protegido. A comunicação entre eles, por sua vez, é feita

através de fios pilotos que seguem de uma subestação a outra juntamente com os

cabos subterrâneos de 22kV.

Page 66: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

57

Figura 37. Proteção diferencial de cabos subterrâneos

Page 67: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

58

Os relés estáticos do projeto anterior não possuíam portas de comunicação,

por isso necessitando de um equipamento de teleproteção para envio de sinal entre as

pontas das subestações de Botafogo e Flamengo. O esquema antigo pode ser visto na

Figura 38.

Figura 38. Proteção diferencial antiga de cabos subterrâneos

Page 68: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

59

5.4. Caso 2 COPEL

Como segundo exemplo de modernização de sistemas de proteção, será

apresentado um projeto de integração de controle e supervisão com o sistema de

proteção em um único dispositivo realizado junto à COPEL. Para tal foi desenvolvido

um projeto de retrofit em varias subestações com o objetivo de substituir esquemas de

proteção, controle e supervisão de linhas, transformadores, reatores e barramentos.

O sistema de proteção antigo utilizava relés eletromecânicos e estáticos, em

que o controle era feito através de dispositivos desenvolvidos pela própria COPEL. Já

o processo de supervisão era realizado por meio de mímicos e anunciadores. Com a

modernização, os sistemas de proteção, controle e supervisão ficaram reunidos em

um único equipamento, como mostrado no esquema da Figura 39.

Figura 39. Integração dos painéis na COPEL

Page 69: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

60

A utilização de um relé digital para controle é uma tendência, porém ainda é

pouco usual, o que torna o caso COPEL interessante de ser analisado. Como

exemplo, podemos analisar um Transformador de 230kV/138kV da subestação de

Ibiporã. O sistema de controle era realizado através de unidades remotas

desenvolvidas pela COPEL, como visto na Figura 40.

Figura 40. Remotas proprietárias COPEL (Conrole)

Page 70: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

61

O sistema de controle manual e supervisório era feito através de mímicos e

anunciadores conforme pode ser visto na Figura 41.

Figura 41. Detalhe do anunciador

Os sistemas de anunciador e mímico representam toda a subestação. Com a

modernização, esses sistemas estão sendo substituídos por sistemas SCADA, onde o

operador irá utilizar apenas uma tela de computador para observar os estados do

sistema e o mouse para dar comandos remotos. A substituição desses sistemas

representa uma grande economia em espaço para salas de operação. Nas Figura 42 e

Figura 43 podemos ver a imagem do mímico completo e sua traseira. Após a

modernização de toda a subestação, esse equipamento deverá ser retirado da sala de

operação.

Page 71: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

62

Figura 42. Parte frontal do mimico

Figura 43. Traseira do mimico

Page 72: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

63

O sistema de proteção utilizava relés eletromecânicos e cada um dos relés

realizava uma função diferente. Por exemplo, quatro relés eram usados apenas para a

função de sobrecorrente, três para as fases ABC e um para o neutro. A função

diferencia 87 também necessitava de um relé por fase. Na Figura 44 é possível

observar como esses relés, entre outros, ficavam alocados no painel de proteção

principal.

Figura 44. Painel de proteção principal

O novo sistema substituiu todos os equipamentos de proteção, controle e

supervisão por apenas um relé digital de proteção e um monitor para o sistema de

Page 73: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

64

supervisão. A Figura 45 mostra o novo painel, onde podemos perceber a economia de

espaço gerada.

Figura 45. Painel novo

Uma particularidade desse projeto é que as medições de correntes, tensões e

frequência ficaram restritas ao supervisório ou ao display do relé digital e não na porta

do painel.

Uma dificuldade encontrada durante a instalação foi a falta de pontos de

entrada e saída digitais para realizar todas as funções de proteção e controle. Este é o

principal problema encontrado na utilização de relés digitais para realizar a função de

controle. Este problema foi contornado, utilizando-se um módulo auxiliar de aquisição

de dados, conforme visto na Figura 46.

Page 74: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

65

Figura 46. Modulo auxiliar de aquisição de dados

A utilização de um módulo de aquisição de dados é melhor que a utilização de

relés auxiliares para realizarem as lógicas de comandos e intertravamentos de

disjuntores e seccionadoras. A utilização de relés auxiliares pode ser tão extensa a

ponto de necessitar de um painel exclusivo para esta função. Em termos de desenhos

Page 75: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

66

esquemáticos, as utilizações de lógicas programáveis facilitam o entendimento dos

esquemas de intertravamento. A partir da Figura 47 podemos observar um funcional

de transformador da subestação de Londrina utilizando relés auxiliares e que foi

substituído por um esquema utilizando um relé digital no qual essas lógicas são

internas como mostra a Figura 48.

Figura 47. Funcional utilizando relés auxiliares

Page 76: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

67

Figura 48. Funcional utilizando relé digital

Os relés digitais necessitam de menor espaço para implantação, e incorporam

várias funcionalidades em um único dispositivo, além de simplificar o projeto. Por isso,

o uso de relés digitais tem se tornado comum e empresas como a COPEL têm

investido nesses equipamentos.

Page 77: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

68

6. Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1. Conclusão

Os relés digitas modernos ou microprocessados proporcionam inúmeras

vantagens sobre os relés convencionais. Algumas delas são: custo reduzido durante a

fase de instalação, menor espaço ocupado no painel, múltiplas funcionalidades em um

único dispositivo, menor custo de manutenção, flexibilidade na aplicação, possibilidade

de múltiplos ajustes no relé.

Com a utilização dos relés digitais, o esquema total do sistema de proteção

ocupa menos espaço no painel uma vez que o número de componentes é muito

reduzido. O projeto e a fiação também são mais simples e a implementação é menos

custosa.

O fornecimento de múltiplas funcionalidades para relés digitais pode evitar a

necessidade de outros sistemas de medição e controle na subestação. É uma

tendência dos sistemas de proteção modernos a união nos relés digitais de

funcionalidades que no passado eram providas por equipamentos separados. O relé

de proteção não mais executa uma função de proteção básica, mas está se tornando

uma parte, integral e maior, de um esquema de automação de subestação.

Com a implantação dos sistemas modernos de proteção, os testes de

instalação de manutenção são reduzidos em grande escala. Isso se dá em função dos

relés digitais também oferecem muitas características de auto teste e executarem

continuamente rotinas do software para verificar seu correto funcionamento,

prolongando, dessa forma, o ciclo de manutenção.

Além disso, os relés digitais podem ser usados em todas as aplicações de relés

eletromecânicos. Eles também tornam acessíveis novas aplicações, filosofias de

proteção e possibilidades de expansão do sistema. Adicionalmente tornaram possível

a implantação de esquemas de proteção mais flexíveis, capazes de obter mais

informações para aumentando do entendimento do sistema de potência, melhorando

assim a confiabilidade do sistema de proteção.

Uma das principais vantagens relacionadas à modernização dos relés é a

flexibilidade inerente à tecnologia digital e a possibilidade de produzir características

adaptativas e múltiplos ajustes ao sistema.

Page 78: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

69

Dessa forma, é possível observar que a escolha de um relé digital em relação a

outro tipo de equipamento é coerente diante dos benefícios apresentados e levando

em consideração que o relé digital é o principal equipamento nos sistemas de

proteção. É possível ainda a implementação de um projeto de proteção, controle e

supervisão de subestação que utilize relés digitais como o único equipamento.

Os avanços contínuos na tecnologia em relação ao aumento da capacidade

dos microprocessadores e seu barateamento parecem apontar para o aprimoramento

da tecnologia e consequentemente do desempenho dos relés digitais. Adicionalmente,

a contínua pressão nos operadores para redução de custos é mais um indício de que

a tendência de modernização dos sistemas de proteção permanecerá.

6.2. Trabalhos Futuros

Esse trabalho abordou a proteção de sistemas elétricos de potencia de forma

generalizada, mostrando, de forma suscinta, o funcionamento de um sistema de

proteção, a evolução dos relés, o funcionamento dos esquemas modernos de

comunicação e algumas tendências no ramo de proteção de sistemas.

Quaisquer um destes assuntos podem ser tratados de forma especifica, em

especial os assuntos relacionados às novas tecnologias e tendências, uma vez que

esse tema ainda é recente como campo de pesquisa e está em fase de

desenvolvimento e pesquisa.

Page 79: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

70

7. Referências Bibliográficas

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Florianópolis-SC, Brasil, 1999.

[2] VINICIUS, C.D. OLESKOVICZ, M., GIOVANINI, R., Proteção Digital de

Sistemas Elétricos de Potência: dos relés eletromecânicos aos

microprocessados inteligentes. 1 ed. São Carlos -SP, Brasil, 2011.

[3] CAMINHA, Amadeu C., Introdução à Proteção dos Sistemas Elétricos.

Edgard Blücher Ltda, 1977.

[4] RUSH, P., Proteção e Automação de Redes Conceito e Aplicação, 1 ed

São Paulo – SP – Brasil, 2011.

[5] VITORINO, A.A.L., Ajuste e Coordenação de Relés de Sobrecorrente.

UFRJ, 2008

[6] REASON Tecnologia, http://www.reason.com.br/ 2013

[7] SEL, Soluções Eficazes para Proteção de Linhas de Transmissão

http://www.selinc.com/ 2013

[8] BAPTISTA M.N.F. Automação Digital de Subestações de Energia

Elétrica UFRJ, 2006

[9] BENMOUYAL, G, “MEDIÇÃO FASORIAL SINCRONIZADA DOS RELÉS

DE PROTEÇÃO PARA CONTROLE, PROTEÇÃO E ANÁLISE DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA”, 29th ANNUAL WESTERN PROTECTIVE RELAY

CONFERENCE SPOKANE, WASHINGTON 22-24 DE OUTUBRO, 2002

[10] RIBEIRO, C.A.S., Sistema de Medição Fasorial Sincronizada, UFMG

Belo Horizonte ,2008

[11] Regina C.K., PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS:

UMAABORDAGEM TÉCNICO-PEDAGÓGICA UFMG, Belo Horizonte ,2007

[12] ONOFRE F.G., Ensaios da Função de Distância do Relé Digital de

Proteção SEL 311-C com Caixa de Teste Omicron CMC 256-6 UFRJ, Rio de

Janeiro, 2011

[13] LACERDA S.L.M., CARNEIRO G.H.R., DISPOSITIVOS

ELETRÔNICOS INTELIGENTES (IED’S) E A NORMA IEC 61850: UNIÃO QUE ESTÁ

DANDO CERTO

Page 80: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

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[14] Testes de IED’s e Sistemas Operando com redes de Comunicação com

IEC 61850, Anais do XII ERIAC - Décimo Segundo Encontro Regional Ibero-

americano do CIGRÉ – Foz do Iguaçu-PR, Maio 2007.

[15] SANTOS, L.F.; PEREIRA, M. Uma Abordagem Prática do IEC 61850 para

Automação, Proteção e Controlede de Subestações, Anais do VII SIMPASE - Sétimo

Simpósio de Automação de Sistemas Elétricos –Salvador-BA, Agosto 2007.

[16] JOE MOONEY, Aplicações de Relés Microprocessados em Linhas

de Transmissão, Schweitzer Engineering Laboratories, Inc.Pullman, WA USA

Page 81: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

72

Tabela ANSI

N° Denominação

1 Elemento Principal

2 função de partida/ fechamento temporizado

3 função de verificação ou interbloqueio

4 contator principal

5 dispositivo de interrupção

6 disjuntor de partida

7 disjuntor de anodo

8 dispositivo de desconexão da energia de controle

9 dispositivo de reversão

10 chave de sequência das unidades

11 reservada para futura aplicação

12 dispositivo de sobrevelocidade

13 dispositivo de rotação síncrona

14 dispositivo de subvelocidade

15

dispositivo de ajuste ou comparação de

velocidade ou frequência

16 reservado para futura aplicação

17 chave de derivação ou descarga

18 dispositivo de aceleração ou desaceleração

19 contator de transição partida-marcha

20 válvula operada eletricamente

21 relé de distância

22 disjuntor equalizador

23 dispositivo de controle de temperatura

Page 82: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

73

24 Relé de sobreexcitação ou Volts por Hertz

25

relé de verificação de Sincronismo ou

Sincronização

26 dispositivo térmico do equipamento

27 relé de subtensão

28 reservado para futura aplicação

29 contator de isolamento

30 relé anunciador

31 dispositivo de excitação

32 relé direcional de potência

33 chave de posicionamento

34 chave de sequência operada por motor

35

dispositivo para operação das escovas ou curto-

circuitar anéis coletores

36 dispositivo de polaridade

37 relé de subcorrente ou subpotência

38 dispositivo de proteção de mancal

39 reservado para futura aplicação

40 relé de perda de excitação

41 disjuntor ou chave de campo

42 disjuntor/ chave de operação normal

43 dispositivo de transferência manual

44 relé de sequência de partida

45 reservado para futura aplicação

46 relé de desbalanceamento de corrente de fase

47 relé de sequência de fase de tensão

Page 83: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

74

48 relé de sequência incompleta/ partida longa

49 relé térmico

50 relé de sobrecorrente instantâneo

51 relé de sobrecorrente temporizado

52 disjuntor de corrente alternada

53 relé para excitatriz ou gerador CC

54 disjuntor para corrente contínua, alta velocidade

55 relé de fator de potência

56 relé de aplicação de campo

57 dispositivo de aterramento ou curto-circuito

58 relé de falha de retificação

59 relé de sobretensão

60 relé de balanço de tensão/ queima de fusíveis

61 relé de balanço de corrente

62 relé temporizador

63 relé de pressão de gás (Buchholz)

64 relé de proteção de terra

65 regulador

66 relé de supervisão do número de partidas

67 relé direcional de sobrecorrente

68 relé de bloqueio por oscilação de potência

69 dispositivo de controle permissivo

70 reostato eletricamente operado

71 dispositivo de detecção de nível

72 disjuntor de corrente contínua

73 contator de resistência de carga

Page 84: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

75

74 função de alarme

75 mecanismo de mudança de posição

76 relé de sobrecorrente CC

77 transmissor de impulsos

78

relé de medição de ângulo de fase/ proteção

contra falta de sincronismo

79 relé de religamento

80 reservado para futura aplicação

81 relé de sub/ sobrefrequência

82 relé de religamento CC

83 relé de seleção/ transferência automática

84 mecanismo de operação

85 relé receptor de sinal de telecomunicação

86 relé auxiliar de bloqueio

87 relé de proteção diferencial

88 motor auxiliar ou motor gerador

89 chave seccionadora

90 dispositivo de regulação

91 relé direcional de tensão

92 relé direcional de tensão e potência

93 contator de variação de campo

94 relé de desligamento

95 à

99 usado para aplicações específicas

Page 85: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

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COMPLEMENTAÇÃO DA TABELA ANSI:

50 N - sobrecorrente instantâneo de neutro

51N - sobrecorrente temporizado de neutro (tempo definido ou curvas inversas)

50G - sobrecorrente instantâneo de terra (comumente chamado 50GS)

51G - sobrecorrente temporizado de terra (comumente chamado 51GS e com

tempo definido ou curvas inversas)

50BF - relé de proteção contra falha de disjuntor (também chamado de 50/62

BF)

51Q - relé de sobrecorrente temporizado de sequência negativa com tempo

definido ou curvas inversas

51V - relé de sobrecorrente com restrição de tensão

51C - relé de sobrecorrente com controle de torque

59Q - relé de sobretensão de sequência negativa

59N - relé de sobretensão residual ou sobretensão de neutro (também

chamado de 64G)

64 - relé de proteção de terra pode ser por corrente ou por tensão. Os

diagramas unifilares devem indicar se este elemento é alimentado por TC ou por TP,

para que se possa definir corretamente.

Se for alimentado por TC, também pode ser utilizado como uma unidade 51 ou

61.

Se for alimentado por TP, pode-se utilizar uma unidade 59N ou 64G.

A função 64 também pode ser encontrada como proteção de carcaça, massa-

cuba ou tanque, sendo aplicada em transformadores de força até 5 MVA.

67 N - relé de sobrecorrente direcional de neutro (instantâneo ou temporizado)

Page 86: modernização da proteção de sistemas elétricos de potência

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67 G - relé de sobrecorrente direcional de terra (instantâneo ou temporizado)

67Q - relé de sobrecorrente direcional de sequência negativa

Proteção Diferencial - ANSI 87:

O relé diferencial 87 pode ser de diversas maneiras:

87 T - diferencial de transformador (pode ter 2 ou 3 enrolamentos)

87G - diferencial de geradores;

87GT - proteção diferencial do grupo gerador-transformador

87 B - diferencial de barras. Pode ser de alta, média ou baixa impedância.

Pode-se encontrar em circuitos industriais elementos de sobrecorrente ligados

num esquema diferencial, onde os TC´s de fases são somados e ligados ao relé de

sobrecorrente.

Também encontra-se um esquema de seletividade lógica para realizar a função

diferencial de barras.

87M - diferencial de motores - Neste caso pode ser do tipo percentual ou do

tipo autobalanceado.

O percentual utiliza um circuito diferencial através de 3 TC´s de fases e 3 TC´s

no neutro do motor.

O tipo autobalanceado utiliza um jogo de 3 TC´s nos terminais do motor,

conectados de forma à obter a somatória das correntes de cada fase e neutro. Na

realidade, trata-se de um elemento de sobrecorrente, onde o esquema é diferencial e

não o relé.