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Modelos Teóricos Aplicados a Cenários de Propagação Indoor: Simulação e Medidas João Nuno Monteiro Avó Fole Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. António Luís Campos da Silva Topa Júri Presidente: Prof. José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino Orientador: Prof. António Luís Campos da Silva Topa Vogal: Prof. António José Castelo Branco Rodrigues Novembro 2015

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Modelos Teóricos Aplicados a Cenários de Propagação

Indoor: Simulação e Medidas

João Nuno Monteiro Avó Fole

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. António Luís Campos da Silva Topa

Júri

Presidente: Prof. José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino

Orientador: Prof. António Luís Campos da Silva Topa

Vogal: Prof. António José Castelo Branco Rodrigues

Novembro 2015

ii

iii

Agradecimentos

Agradecimentos

Gostaria de deixar o meu agradecimento a todos aqueles que, de uma forma ou de outra,

contribuíram para a realização desta dissertação.

Ao Professor António Topa que sempre se mostrou disponível para o esclarecimento de dúvidas e

cuja orientação permitiu trilhar o caminho que conduziu ao resultado final desta dissertação.

Aos meus colegas e amigos que sempre me apoiaram ao longo do curso, sofrendo juntos nas horas

mais complicadas e ajudaram a ultrapassar os desafios.

Aos meus pais, á minha irmã Inês e ao meu irmão Francisco, aos meus avós e à restante família pelo

apoio incondicional durante toda esta experiência.

Fica o agradecimento á empresa Drivetel – Serviços e Projectos de Telecomunicações, S.A. e em

particular ao seu colaborador o Eng. Vitor Ramos por terem abraçado este projecto desde o início e

terem fornecido o TEMS assim como o resto do material necessário á realização desta tese.

Á minha namorada Joana e á família dela que me apoiaram como se fosse um filho deles.

iv

v

Resumo

Resumo

Com o avançar da tecnologia, os sistemas de comunicações móveis tornaram-se mais portáteis e,

por isso, passaram a ser utilizados dentro de edifícios, ao contrário dos grandes terminais móveis que

apenas eram utilizados no exterior. Assim, foi preciso desenvolver novos modelos de propagação que

permitam garantir, não só cobertura nas vias públicas, como nos edifícios que as rodeiam. Já existem

vários modelos propostos mas, ainda pouco testados, para certos cenários, ou então foram testados

sobre condições de laboratório, em que o emissor da base station se encontra dentro do próprio

edifício, o que corresponde a uma pequena percentagem de soluções de cobertura nas redes móveis

actuais. Nesta dissertação testam-se dois modelos, a recomendação ITU-R 1238-7 e o modelo para

propagação em corredores por Yarkoni e Blaunstein, em três cenários: um corredor no piso -1 do

Pavilhão Central, o piso 4 da Torre Norte e o Piso 1 do Pavilhão de Civil, todos estes dentro do

campus da Alameda do Insituto Superior Técnico. Para isso, fez-se uma campanha de medidas ao

longo de vários meses, nos três ambientes. No final, fez-se a comparação das medidas com os

modelos teóricos, tentou-se adaptar os modelos à realidade, ou reforçar a sua validade para

determinados ambientes.

Palavras-chave

Indoor, GSM, Modelos de Propagação, Planeamento Celular, TEMS.

vi

vii

Abstract

Abstract

With the new technological advances, it is possible to have more portable mobile terminals and to use

them inside the buildings, unlike the old mobile terminals which were only to be used outdoors. For

this reason, there was a need to develop new propagation models in order to guarantee coverage, not

only on the streets but also inside the surrounding buildings. There are some models already

proposed but they have not been fully tested or they have been developed on laboratory conditions

where the Base Station’s antenna is inside the building which corresponds to a very low percentage of

coverage solutions used in today’s mobile networks. Two models are tested, the ITU-R 1238-7

Recommendation and the propagation models to indoor corridors by Yarkoni and Blaunstein, in three

indoor scenarios: a corridor in the basement of Pavilhão Central, the fourth floor of the Torre Norte

and on the first floor of the Pavilhão de Civil, all these inside the Campus of Alameda of Instituto

Superior Técnico. As so, a measurement campaign was conducted during several months on this

three environments. At the end, a comparison between the measurements and the simulations for the

two propagation models was done, towards adapting the models to reality or to reinforce their validity

for certain environments

Keywords

Indoor, GSM, Propagation Models, Cellular Planning, TEMS.

viii

ix

Índice

Índice

Agradecimentos ..................................................................................... iii

Resumo .................................................................................................. v

Abstract ................................................................................................. vii

Índice ..................................................................................................... ix

Lista de Figuras ..................................................................................... xi

Lista de Tabelas .................................................................................... xiii

Lista de Acrónimos e Símbolos ............................................................. xv

1 Introdução ...................................................................................... 1

1.1 Estado da Arte ......................................................................................... 2

1.2 Motivação e Objetivos ............................................................................. 4

1.3 Organização ............................................................................................ 5

1.4 Contribuições Principais .......................................................................... 7

2 Enquadramento teórico .................................................................. 9

2.1 Introdução.............................................................................................. 10

2.1.1 Conceitos fundamentais ...................................................................................... 10

2.1.2 Reflexão ............................................................................................................... 10

2.1.3 Difracção .............................................................................................................. 11

2.1.4 Efeito Multi-percurso ............................................................................................ 13

2.2 Path Loss............................................................................................... 13

2.3 Atenuação em ambientes indoor ........................................................... 15

2.4 Modelos de Propagação ........................................................................ 15

2.4.1 Modelo de Propagação em espaço livre ............................................................. 15

2.4.2 Modelo de propagação num corredor ................................................................. 16

2.4.3 Outros Modelos ................................................................................................... 21

3 Metodologia e Cenários ............................................................... 23

3.1 Test Mobile System (TeMS) .................................................................. 24

x

3.1.1 Introdução aos Walktests e Drivetests ................................................................ 25

3.1.2 Descrição dos walk tests realizados.................................................................... 31

3.2 Ambientes .............................................................................................. 35

3.2.1 Corredor/Túnel oeste da cave do Pavilhão Central ............................................ 35

3.2.2 4º Piso da Torre Norte ......................................................................................... 38

3.2.3 1º Piso do Pavilhão de Civil ................................................................................. 39

3.3 Frequências dos Canais Usados ........................................................... 41

3.4 Base Stations Estudadas ...................................................................... 43

4 Ensaios e resultados .................................................................... 47

4.1 Resultados obtidos das medidas ........................................................... 48

4.1.1 Piso -1 do Pavilhão Central ................................................................................. 48

4.1.2 4º Piso da Torre Norte ......................................................................................... 53

4.1.3 Piso 1 do Pavilhão de Civil .................................................................................. 57

4.2 Comparação com Modelos Teóricos ..................................................... 65

4.2.1 Corredor/Túnel do Piso -1 Pavilhão Central ........................................................ 65

4.2.2 4º Piso da Torre Norte ......................................................................................... 68

4.2.3 1º Piso do Pavilhão de Civil ................................................................................. 71

5 Conclusões e trabalho futuro ....................................................... 76

5.1 Conclusão.............................................................................................. 77

5.2 Perspectivas de Trabalho Futuro ........................................................... 79

Referências ........................................................................................... 80

Anexo 1 - Planta do Piso -1 do Pavilhão Central ................................... 83

Anexo 2 – Planta do Piso 4 da Torre Norte ........................................... 84

Anexo 3 – Planta do Piso 1 do Pavilhão de Civil ................................... 85

xi

Lista de Figuras

Lista de Figuras Figura 1.1 - Esquema representativo da organização das Células numa Rede Celular [1]. ................... 2

Figura 2.1 - Exemplo de Reflexão e Penetração de um Sinal Electromagnético ..................................11

Figura 2.2 - Simulação da experiencia de Huygen e Fresnel [13] .........................................................11

Figura 2.3 - Sinal difractado num modelo Knife-edge ............................................................................12

Figura .2.4 - Exemplo de um efeito multipath num sinal de satélite [14] ...............................................13

Figura 2.5 - Frente de onda esférica a propagar-se. .............................................................................16

Figura 2.6 - Modelo de Guia de ondas de um corredor, de um ponto-de-vista superior. ......................17

Figura 2.7 - Corredor visto em 2D ..........................................................................................................18

Figura 2.8 - Os modos de guia de ondas criados pelas fontes das imagens ........................................18

Figura 2.9 - Path loss para vários modos de propagação .....................................................................20

Figura 3.1 - Figura dos materais utilizados. Da esquerda para a direita: Terminal móvel TEMS 8 Sony Ericsson; Licença TEMS 8; Portatil HP Pavillion com o terminal móvel conectado. ....................................................................................................................26

Figura 3.2 - Ambiente de trabalho do TEMS. Em destaque está o botão de conexão do Terminal Mòvel .............................................................................................................26

Figura 3.3 - Localização da BS 0-0 em relação ao Pavilhão Central. ...................................................31

Figura 3.4 - Percurso C01-Caixa feito ao longo do corredor/túnel do piso -1 do Pavilhão Central. ......31

Figura 3.5 - Percurso em Anel nos corredores do piso 4 da Torre Norte. .............................................32

Figura 3.6 - Ambiente de Trabalho do TEMS no walk-test feito no piso 4 da Torre Norte a 13-03-2015 .........................................................................................................................33

Figura 3.7 - Percurso feito no piso 1 do Pavilhão de Civil, ao longo da varanda interior e corredores. ....................................................................................................................34

Figura 3.8 - Porta do denominado Gabinete 1 no corredor. ..................................................................35

Figura 3.9 - Porta do Laboratório LFE I ..................................................................................................36

Figura 3.10 - Entrada de acesso ao Bar do Central. ..............................................................................36

Figura 3.11 - Entrada Noroeste do Pavilhão Central perto da C01 .......................................................37

Figura 3.12 - Entrada do Pavilhão Central junto ao Balcão da CGD .....................................................37

Figura 3.13 - Fachada oeste da Torre Norte. .........................................................................................38

Figura 3.14 - Corredor Norte do 4º Piso da Torre Norte. .......................................................................38

Figura 3.15 - Esboço representativo da Planta do Pavilhão de Civil .....................................................39

Figura 3.16 - Prespectiva da Varanda interior e do Hall do Pavilhão de Civil .......................................40

Figura 3.17 - Janela em Linha-de-vista com a BS 0-0 do Pavilhão de Matemática ..............................40

Figura 3.18 - Corredor Interior do Pavilhão de Civil ...............................................................................41

Figura 3.19 - Localização da BS 0-0 assinalada com o alfinete vermelho na fachada Pav. Matemática. ..................................................................................................................43

Figura 3.20 - Localização da BS 0-0 no topo de uma das fachadas do Pavilhão de Matemática........43

Figura 3.21 - Figura 3 - Localização da BS 10-0 assinalada com o alfinete vermelho num dos edifícios da avenida do México. ....................................................................................44

Figura 4.1 - Piso -1 do Pav. Central com indicação dos diferentes pontos de medida ao longo do corredor. ...................................................................................................................49

Figura 4.2 - Média das potências recebidas nos vários locais de medida. A vermelho para o percurso Balcão CGD-C01 e a Azul para o percurso C01-Balcão CGD. .....................50

xii

Figura 4.3 - Médias e intervalos de confiança para a potência média recebida nos varios locais do corredor, no percurso C01-Caixa. ...........................................................................52

Figura 4.4 - Médias e intervalos de confiança para a potência média recebida nos varios locais do corredor, no percurso Caixa-C01. ...........................................................................52

Figura 4.5 - Planta do Piso 4 da Torre Norte: Os algarismos representam os diferentes pontos de medida de potência recebida. ..................................................................................53

Figura 4.6 - Média das potências recebidas nos vários locais do corredor norte do piso 4 da torre norte. ....................................................................................................................55

Figura 4.7 - Médias e intervalos de confiança para a potência média recebida nos varios locais do corredor norte do piso 4 da torre norte ....................................................................56

Figura 4.8 – Planta do Piso 1 do Pavilhão de Civil: Os algarismos representam os diferentes pontos de medida. ........................................................................................................57

Figura 4.9 - Média das potências medidas nos diferentes locais na Varanda Interior. .........................60

Figura 4.10 - Média das potências medidas nos diferentes locais do Corredor. ...................................60

Figura 4.11 - Médias e intervalos de confiança para a potência média recebida na varanda interior do piso 1 do Pav. Civil ......................................................................................62

Figura 4.12 - Médias e intervalos de confiança para a potência média recebida no corredor do piso 1 do Pav. Civil .......................................................................................................62

Figura 4.13 - Comparação das potências recebidas nos dois cenários. ...............................................63

Figura 4.14 - Representação gráfica da comparação entre a Potência Média Recebida medida no percurso C01- Caixa e os valores teóricos ..............................................................67

Figura 4.15 - Representação gráfica da comparação entre a Potência Média Recebida medida no percurso Caixa-C01 e os valores teóricos ...............................................................67

Figura 4.16 - Comparação entre potência média recebida teórica e a média da potência recebida segundo a recomendação ITU-R P1238-7 para a Varanda Interior do 1º Piso do Pav. de Civil. ................................................................................................72

Figura 4.17 - Comparação da potência média medida no corredor com o modelo teórico no corredor interior do Piso 1 do Pav. Civil .......................................................................73

Figura 4.18 - Representação gráfica da comparação entre a potência média recebida medida e a potência recebida teórica dentro do corredor Interior do 1º Piso do Pav. de Cívil. ..............................................................................................................................74

xiii

Lista de Tabelas

Lista de Tabelas Tabela 2.1 - Factores de Atenuação do Chão, Lf (dB). Sendo n o número de pisos do edifício ...........21

Tabela 2.2 - Coeficiente de Atenuação para Propagação Indoor ..........................................................22

Tabela 3.1 - Lista de material usado nos Walktests .............................................................................25

Tabela 3.2 - Caracteristicas da BS 0-0. .................................................................................................45

Tabela 3.3 - Características da BS10-0. ................................................................................................45

Tabela 4.1 - Registo do Walk-test do 04-03-2015 no sentido Balcão CGD-C01 ...................................49

Tabela 4.2 - Registo do Walk-test do dia 04-03-2015 no sentido C01-Balcão CGD .............................50

Tabela 4.3 - Tabela com a média das potências dos dois percursos nos vários locais de recolha. .........................................................................................................................51

Tabela 4.4 - Desvio padrão da potência recebida nos vários locais ao longo do corredor, para os dois percursos. .........................................................................................................51

Tabela 4.5 - Registo do walk-test no corredor do piso 4 da Torre Norte no dia 10-03-2015, terminado às 16:00. ......................................................................................................54

Tabela 4.6 - Média das potências recebidas no corredor do Piso 4 da Torre Norte. ............................54

Tabela 4.7 - Desvios Padrão dos vários locais do corredor norte do piso 4 da torre norte ...................55

Tabela 4.8 - O walk-test dia 01-06-2015, na varanda interior e corredor do piso 1 do Pav. Civil. ........58

Tabela 4.9 - Potência média Recebida ao longo na varanda interior e corredor do piso 1 do Pav. Civil .......................................................................................................................59

Tabela 4.10 - Desvios Padrão das medidas dos vários locais na varanda interior e corredor do piso 1 do Pav. Civil .......................................................................................................61

Tabela 4.11 - Comparação entre a potência média recebida nos vários pontos do corredor e da varanda interior .............................................................................................................63

Tabela 4.12 - Comparação da Potência Média Medida no Corredor com o Modelo Téorico ................66

Tabela 4.13 - Resultados para a atenuação e potência teórica segundo a recomendação ITU-R P1238-7 no 4ºPiso da Torre Norte. ..............................................................................69

Tabela 4.14 - Comparação entre potência média recebida teórica e a média da potência recebida segundo a recomendação ITU-R P1238-7 para o 4º Piso da Torre Norte. .............................................................................. Erro! Marcador não definido.

Tabela 4.15 - Resultados para a atenuação e potência teórica segundo a recomendação ITU-R P1238-7 na Varanda Interior do 1ºPiso do Pav. de Civil. .............................................71

xiv

xv

Lista de Acrónimos

Lista de Acrónimos

1G First Generation

2G Second Generation

3G Third Generation

4G Fourth Generation

AC Área Cientifica

ARFCN Absolute radio-frequency channel number

BCCH Broadcast Control Channel

BSIC Base Station Identification Code

BSPWRB Base Station Power Beam

CGD Caixa Geral de Depóstios

DL Down Link

GSM Global System for Mobile Communications

IMT-2000 International Mobile Telecommunications-2000

ITU International Telecommunications Union

ITU-R ITU Radiocommunication Sector

LFE I Laboratório de Fundamentos de Electrónica 1

LFEII Laboratório de Fundamentos de Electrónica 2

LSTI LTE/SAE Trial Initiative

LT2 Laboratório de Telecomunicações 2

LTE Long Term Evolution

NAMTS Nippon Automatic Mobile Telephone System

xvi

TEMS Test Mobile System

TFC Trabalhos de Final de Curso

UL Up Link

UTD Uniform theory of diffraction

WCDMA Wideband Code Division Multiple Access

Lista de Símbolos

d Distância

Campo eléctico recebido

Frequência

Frequência de Canal

Frequência de Canal Mínima

Ganho do Receptor

Ganho do Emissor

Constante de Propagação Longitudinal

Coeficiente de atenuação de pisos para ambientes de escritórios na banda dos 900

MHz (Atenuação para 1 Piso)

Coeficiente de atenuação de pisos para ambientes de escritórios na banda dos 900

MHz (Atenuação para 3 Piso)

Path loss (Atenuação)

N Coeficiente perda de potência para ambientes de escritórios para a banda dos 900

MHz

Potência Isotrópica Efectiva Radiada

Potência Recebida

Potência do Emissor

xvii

Factor de Reflexão

Densidade de Potência

W Coordenada Transversal

Impedância de Propagação do Modo EM

Impedância de Propagação do Modo TE

Espaçamento entre Canais

ε Permitividade Eléctrica

ε Permitividade Eléctrica do Vazio

λ Comprimento de Onda

Constante de Propagação Transversal

σ Condutividade Eléctrica

xviii

1

Capítulo 1

Introdução

1 Introdução

Neste capítulo faz-se uma introdução ao trabalho realizado abordando a motivação e os seus

objetivos. É apresentado o estado da arte atual correspondente ao âmbito do trabalho. Faz-se ainda

uma descrição da organização desta dissertação.

2

1.1 Estado da Arte

Com a necessidade de criar ao público sistemas que permitissem a comunicação em qualquer local,

foram criados vários sistemas de comunicações móveis

Um exemplo bastante óbvio deste tipo de sistemas é o telefone celular. O nome celular advém do

facto de usar uma rede de células ou estações de base, distribuída por áreas terrestres, em que cada

uma serve uma localização física.

Figura 1.1 - Esquema representativo da organização das Células numa Rede Celular [1].

Os primeiros sistemas (1G) surgiram um pouco por todo o mundo, mas diferenciavam-se entre si. O

primeiro a surgir foi o NAMTS em 1978, no Japão [2].

Com a evolução da tecnologia e da globalização, surgiu a necessidade de criar protocolos globais

que permitissem a comunicação dentro de um certo país mas também chamadas internacionais e

que possibilitassem a internacionalização tanto dos aparelhos fabricados na Europa como no Japão e

América do Norte. Para responder a esta necessidade surgiu o GSM na Europa, em 1991 [3].

Com o crescimento da internet, durante a década de 90, surgiu a oportunidade de levar esta

tecnologia de informação até aos terminais móveis. Surge, então, em 2002, na Europa e no Japão, as

tecnologias de terceira geração (3G), que se baseavam em protocolos, de acordo com as normas da

“International Mobile Telecommunications” (IMT-2000), elaboradas pela União Internacional de

Telecomunicações (ITU). [4]

Já no final da primeira década do século XXI, surge a tecnologia de quarta geração (4G). Com o

crescimento das aplicações recorrendo à internet, era preciso acompanhar as velocidades fornecidas

pelas tecnologias por cabo. Foi então proposto o “Long Term Evolution” (LTE), em 2004, pela NTT

DoCoMo, um operador Japonês. Em 2007, através de uma aliança entre operadores de vários

países, foi criada a LTE/SAE Trial Initiative (LSTI), de forma a promover e lançar globalmente esta

3

nova tecnologia o mais cedo possível. Só em Dezembro de 2009, é que o LTE esteve disponível

comercialmente, pela primeira vez graças à operadora escandinava TeliaSonera, em Oslo e

Estocolmo. Através do LTE, foi possível obter débitos da ordem dos 100 Mbit/s e estas velocidades

tem vindo a crescer. [5]

Assim, torna-se necessário calcular o link budget. O link budget é um cálculo fundamental em

qualquer ligação RF entre um emissor e um receptor, sendo que, em ligações bidirecionais, é preciso

conhecer o link budget para a ligação descendente ou Downlink (DL), neste caso a ligação entre a

Base Station e o terminal Móvel, e a ligação ascendente ou Uplink (UL), entre os terminal móvel e a

Base Station. O resultado do link budget demonstra o Path Loss (Atenuação) máximo que a ligação

pode sofrer. [6]

Para determinar o Path Loss, foi necessário criar modelos que permitissem determinar os valores

médios do sinal. Os modelos podem ser divididos em duas categorias: Empíricos e teóricos. Os

modelos empíricos são baseados em medidas realizadas e derivadas equações que melhor se

adaptem às medidas que o ambiente fornece. Assim, têm em conta todos os factores que intervém

naquele ambiente mas precisam de ser validados para outros ambientes. Modelos teóricos, são uma

aproximação da realidade, pelo que não conseguem prever todos os factores que intervém na

propagação. Nos dias de hoje, grande parte dos modelos usados tem uma visão teórica sobre o

ambiente que descrevem, mas incluem factores de correção tirados dos vários ambientes em que são

testados. Por isso, pode-se dizer-se que são descrições teóricas e empíricas. Com efeito, não

existem modelos perfeitos que descrevam a realidade de qualquer cenário ou ambiente. [7]

Um exemplo desses modelos, é o sugerido por Okumura, em 1968, baseado em medidas entre os

150 e os 2000 MHz. Em 1980, Hata estabelece as equações que melhor se adequam às medições de

Okumura e, assim, é criado um novo modelo que se adequa a 3 grupos de cenários: Área Aberta

(Open Area), Área Suburbana (Suburban Area) e Área Urbana (Urban Area). De maneira a conseguir

corresponder aos diferentes cenários apresentados o modelo inclui factores de correção para melhor

se adaptar. [8]

Ainda assim, estes modelos não preveem casos particulares de áreas urbanas. Um exemplo que se

tem vindo a observar é o facto de a propagação em ruas urbanas ter um comportamento de guia de

ondas. Nathan Blaunstein propôs, em 1998, um modelo que prevê a atenuação média numa rua

considerando o efeito de guia de ondas. [9]

Com a tecnologia a evoluir de dia para dia, cada vez mais os sistemas wireless começam a substituir

sistemas de telecomunicação que precisam de uma ligação por cabo, assim, os utilizadores

passaram a utilizar os seus terminais móveis dentro das suas habitações, locais de trabalho e

qualquer tipo de edifício que esteja presente no quotidiano de cada um.

Hoje em dia, pode considerar-se que a maior parte do tráfego proveniente das redes móveis vem de

espaços indoor. Especialmente nos “Western Countries”, onde esta tendência se verifica com mais

acentuação, é preciso dar uma atenção especial para a cobertura no interior dos edifícios. De facto,

na maioria das cidades, entre 70 e 80 por cento do tráfego gera-se no interior de edifícios. Existem

4

ainda casos especiais como centros comerciais, aeroportos e edifícios de escritórios onde, 50% do

tráfego na rede, provém apenas de 10% dos edifícios. [10]

Como os primeiros modelos de propagação pensados tinham em vista a utilização de terminais

móveis em áreas exteriores, quando se começaram a utilizar os terminais móveis em espaços

interiores, não existiam modelos para estudar a cobertura nestas áreas, uma vez que nesta ainda não

era significativo o número de chamadas feitas no interior dos edifícios.

Com o virar do século, foi começou a dar-se uma especial atenção à cobertura em espaços indoor e

testando modelos e fazendo as primeiras medições. Entre os modelos disponíveis para cenários

indoor, destacam-se o modelo não determinístico disponível na recomendação ITU-R P1238-7 [11] e

o modelo apresentado por Yarkoni e Blaunstein [12]. O modelo recomendado em ITU-R P1238-7,

permite prever a atenuação sofrida no atravessamento de obstáculos em edifícios urbanos quando o

sinal é proveniente de uma BS localizada no exterior do edifício. Por outro lado, o modelo

apresentado, por Yarkoni e Blaunstein em 2006, prevê um comportamento para o sinal ao longo de

um corredor semelhante ao que ocorre ao longo de uma rua ladeado por edifícios, tal como estudado

no trabalho realizado em 1998. [9]

1.2 Motivação e Objetivos

Actualmente, as redes comerciais de telecomunicações oferecem um vasto leque de soluções ao

utilizador, que vai desde a utilização de fibra óptica de acesso, até elevados débitos de dados através

das redes móveis. Nestas redes móveis, os sistemas de comunicações são pensados tendo em conta

a viabilidade económica e, assim, a rede é planeada com intuito de tentar cobrir o máximo possível

de área, e assim, em teoria, o número máximo de utilizadores.

De facto, quando as primeiras redes de comunicações móveis, nos finais da década de 70, foram

planeadas, tiveram em conta que os terminais móveis, disponíveis na altura, eram sistemas

instalados em automóveis que circulavam em vias públicas no exterior (ambientes outdoor), no qual a

sua antena de emissão e recepção era uma antena instalada no tejadilho, sendo a alimentação

eléctrica para o sistema, fornecida pelo sistema eléctrico do automóvel. Os projectistas da rede

tinham como objectivo óbvio, planear a cobertura da rede com especial enfâse em ruas, avenidas e

vias onde os utilizadores usariam os seus terminais.

Com a evolução da tecnologia, os sistemas tornaram-se mais pequenos e mais portáveis, e

passaram a ser também utilizados dentro dos edifícios. Foi, portanto, importante repensar a rede de

forma a ter também em conta a propagação para dentro dos edifícios. Pode, até, admitir-se que a

cada momento do dia-a-dia de uma metrópole Portuguesa, 80% dos utilizadores de um certo

operador encontram-se dentro de um edifício, seja este um edifício de escritórios numa zona centro

com uma elevada densidade populacional, como nos subúrbios onde a maior parte das habitações

são familiares.

5

Do ponto de vista económico, a cobertura indoor passou a ter um grande peso, pelo que os

operadores tentaram redesenhar a rede ou criar novas soluções para atender a este “novo” tipo de

utilizador. Foi importante estudar processos de penetração das ondas de rádio para dentro dos

edifícios e para fora. Foi preciso adaptar para cobertura, os modelos de propagação existentes. Por

outro lado, surgiu a necessidade de criar estruturas ambientalmente rentáveis em termos energéticos.

Este trabalho tem como objectivo analisar os modelos teóricos disponíveis para planeamento celular

indoor. Comparando os resultados obtidos por simulações destes modelos com resultados obtidos

através de medidas, pretende-se aferir da adequação destes modelos para descrever a realidade.

Uma vez que as situações reais nem sempre correspondem às situações consideradas nos modelos,

torna-se necessário adaptar esses modelos às circunstâncias concretas. Daí a comparação realizada

neste trabalho, que permite corrigir os modelos teóricos por forma a aproximarem-se das medidas

experimentais.

Com estas correções, é então, possível utilizar modelos analíticos para calcular os níveis de sinal em

ambientes reais.

Embora exista já um grande número de estudos realizados nesta área, cada um destes trabalhos tem

um âmbito limitado ao ambiente em que foi estudado. Além disso, em certos casos, como é o

exemplo do trabalho em cenário indoor de Yarkoni e Blaustein, os testes foram feitos com um emissor

localizado dentro do próprio corredor, pelo que, comparando com a realidade do planeamento de

redes móveis, corresponde a uma pequena percentagem de exemplos com soluções indoor

dedicadas. Por outro lado, de forma a otimizar ao máximo a localização das células, cada BS tem que

cobrir numa certa via pública, todos os edifícios e suas divisões correspondentes.

Neste trabalho, em todos os testes, foram utilizados como emissores BS comerciais, pertencentes a

um dos grandes operadores móveis em Portugal.

1.3 Organização

Esta dissertação está dividida em cinco capítulos, em que o Capítulo 1 contém a motivação e os

objetivos do trabalho e faz um levantamento do estado da arte.

No capítulo 2, são apresentados os conceitos teóricos fundamentais da propagação de ondas

electromagnéticas como: Reflexão, Difracção e Efeito Multi-Percurso. É de seguinda apresentado o

conceito de Path Loss (Atenuação) e de Link Budget assim como os modelos que permitem calcular a

atenuação a serem utilizados neste trabalho.

No capítulo 3 será apresentado o software TEMS Investigation, assim como o conceito de walk test.

De seguida, são também apresentados os 3 cenários onde vão ser testados os modelos de

propagação. São também apresentadas as frequências dos canais e as Base Stations que emitem

estes.

6

No capítulo 4, apresentam-se os resultados da campanha de medidas realizada e é feito o estudo

estatístico e técnico de comparação dos resultados medidos com os previstos pelos modelos

teóricos previstos para os diferentes cenários

Por último, no Capítulo 5, apresentam-se as conclusões da dissertação e faz-se uma perspetiva para

possíveis trabalhos futuros.

7

1.4 Contribuições Principais

As contribuições principais desta dissertação são:

Realização de medidas em cenários para os quais não existiam resultados disponíveis;

Levantamento dos modelos teóricos disponíveis que melhor se adequavam as estes tipos de

cenários;

Simulação destes modelos com os parâmetros correspondentes a estes cenários;

Comparação dos resultados obtidos com as medidas efectuadas e correção dos modelos

teóricos através da introdução de factores de correção.

Disponibilização de modelos teóricos corrigidos para planeamento celular indoor dentro das

circunstâncias estudadas.

.

8

9

Capítulo 2

Enquadramento teórico

2 Enquadramento teórico

Neste capítulo é feita uma introdução a conceitos básicos de propagação, nomeadamente, é

apresentado o conceito de Link Budget. São também apresentados os dois modelos de propagação

indoor a serem testados.

10

2.1 Introdução

2.1.1 Conceitos fundamentais

Quando um sinal electromagnético atravessar um ambiente indoor, pode sofrer os seguintes efeitos

físicos:

Reflexão

Difração

Efeito de Multi-percurso

Neste trabalho, elegeu-se a banda dos 900 MHz, pelo facto da tecnologia GSM 900 ser a mais

comum dento das tecnologias utilizadas pelos operadores nacionais de telecomunicações e, sendo a

mais comum, é mais fácil dispor de informação do que para as tecnologias de 3ª e 4ª geração uma

vez que existe ainda um certo relativo sigilo por parte das empresas que as operam. Cada uma tem a

sua solução e está protegida.

Assumindo que, neste trabalho, se está a trabalhar na banda dos 900 MHz, o comprimento de onda

, rondará os 33 cm, ou seja, pequeno a comparar com a dimensão dos obstáculos a

ultrapassar (portas, paredes, janelas, esquinas e grandes corredores).

Pode considerar-se também suficientemente pequeno em comparação com as superfícies planas que

se vão encontrar, condição necessária para que os modelos de efeitos de propagação sejam válidos.

Tipicamente, as distâncias entre paredes, piso e tecto rondam os 3 metros, sendo que as distancias

nos maiores corredores podem chegar aos 100 metros.

2.1.2 Reflexão

Quando um sinal atinge uma superfície, (ver figura 2.1) as ondas electromagnéticas podem ser

reflectidas, absorvidas ou uma combinação destes dois fenómenos. O que pode condicionar a

ocorrência de um fenómeno ou outro, são as características da superfície em questão, como a

geometria, textura, espessura da superfície, próprio material que compõe essa superfície e em

especial as suas propriedades diélectricas. Outros factores que condicionam estes fenómenos são as

características do próprio sinal, como o ângulo de ataque, a polarização e o comprimento de onda.

11

Figura 2.1 - Exemplo de Reflexão e Penetração de um Sinal Electromagnético

Se existirem superfícies compostas por um material bom condutor, os sinais são reflectidos quase na

sua totalidade não sendo absorvida praticamente nenhuma potência. No entanto, é pouco provável

encontrá-los em cenários reais sendo já difícil produzir em laboratório condutores perfeitos, muito

menos provável será encontrá-los em cenários reais. De facto, as principais superfícies que foram

encontradas neste trabalho são paredes de alvenaria, paredes pré-fabricadas, armários (muitas

vezes metálicos), janelas e portas de madeira e algumas de metal.

2.1.3 Difracção

A difracção ocorre quando o sinal encontra uma aresta (sharp edge), como por exemplo uma

esquina.

Para acontecer difração a esquina tem que ser impenetrável às ondas electromagnéticas. Baseado

no princípio de Huygen’s, são criadas ondas secundárias atrás da obstrução (ver figura 2.2) o que

significa que o sinal chegará ao receptor, apesar do emissor não estar em linha de vista.

Figura 2.2 - Simulação da experiencia de Huygen e Fresnel [13]

12

Como seria de esperar, os cenários indoor são constituídos por esquinas e aberturas, tanto

horizontais como verticais como é o caso de portas e janelas. A orientação, geometria e a sua

disposição espacial influencia a maneira como a difracção ocorrerá.

Assim como na reflexão, as próprias características do sinal também afectam a difração, como a sua

frequência, polarização e angulo de incidência.

O resultado da difração de um sinal electromagnéctico num local numa esquina (ver figura 2.3), é que

a onda “dobra a esquina” em torno do limite vertical que a forma.

Figura 2.3 - Sinal difractado num modelo Knife-edge.

13

2.1.4 Efeito Multi-percurso

Entre o emissor e o receptor, o sinal irá propagar-se em direcções diferentes (Ver figura 2.4). Deste

acontecimento surgem vários sinais que interagem entre-si, tanto construtivamente assim como

destrutivamente.

Figura 2.4 - Exemplo de um efeito Multi-percurso num sinal de satélite [14]

2.2 Path Loss

O Path Loss é dos cálculos mais fundamentais a ter em conta no planeamento celular, qualquer que

seja o tipo de ligação por ondas de rádio, tanto em cenários outdoor como indoor. No caso das

comunicações móveis, é importante não esquecer que é preciso calcular tanto o link da estação de

base para o terminal móvel (Downlink) como do terminal móvel para a estação de base (Uplink).Neste

trabalho será apenas estudado o Downlink. O que o cálculo do Path Loss oferece é o máximo de

atenuação que a onda pode sofrer, o que permite projetar um sistema para que a potência de

chegada ao receptor seja maior que a sensibilidade do mesmo.

É preciso ter conta todos os factores que afectam o sinal:

Atenuação devido à propagação em linha de vista.

Atenuação devido à propagação em não-linha de vista.

Parâmetros dos sistemas usados (ganhos das antenas do receptor e emissor e atenuação

das ligações)

14

O Path Loss é dado por

[2.1]

em que:

: Atenuação total (Path Loss);

: potência transmitida pelo sistema emissor;

: ganho da antena do sistema emissor;

: potência recebida no sistema receptor;

: ganho do sistema receptor;

: potência isótropica efectiva radiada.

A potência que chega à antena do sistema receptor pode ser expressa em função da do campo

eléctrico , ou em função da densidade de potência através de:

[2.2]

[2.3]

em que

[2.4]

finalmente o path loss pode ser dado pela seguinte equação:

[2.5]

em que:

15

2.3 Atenuação em ambientes indoor

A atenuação que um sinal sofre num ambiente indoor é difícil de caracterizar devido a diversidade de

barreiras físicas e materiais existentes nestes cenários. O caminho entre o receptor e o emissor pode

estar bloqueado por paredes, tectos e obstáculos. A própria planta e construção do edifício, influencia

a maneira como o sinal se propaga no cenário e para outros cenários adjacentes.

Em certos casos, como corredores, anfiteatros, halls, armazéns e espaços indoor abertos, pode

considerar-se como emissor o ponto a partir do qual o sinal penetra para dentro destes cenários. A

partir desse ponto todos os locais dentro desse cenário estão em linha de vista deste emissor

secundário hipotético. No caso de sítios específicos, existe de facto uma antena que ilumina um

ambiente indoor.

Por outro lado, existem casos em que o ponto que ilumina um certo espaço não é definido e até

podem existir vários pontos com potências semelhantes a “iluminar” estes cenários. Por exemplo, no

caso de um piso de escritórios com vários gabinetes, que recebe sinais do exterior pelas janelas

assim como do interior através das portas e paredes atravessáveis.

Existe, ainda, o caso de edifícios com escritórios em que o material que os compõe é relativamente

fácil de penetrar como paredes de contraplacado, janelas ou divisórias de plástico. Neste caso, é

importante perceber as atenuações que estes diferentes materiais oferecem ao sinal.

Dependendo do ambiente indoor, existem diferentes factores que influenciam a atenuação que o sinal

vai sofrer. É importante saber qual o modelo de propagação a utilizar consoante o ambiente em que

se está a tentar prever a potência que chega a um determinado ponto.

Serão apresentados de seguida alguns modelos de propagação que serão considerados neste

trabalho.

2.4 Modelos de Propagação

2.4.1 Modelo de Propagação em espaço livre

Considerando o caso de espaços abertos indoor, como por exemplo halls e anfiteatros em que existe

16

apenas um ponto de entrada do sinal (uma porta ou uma janela) e que todo o espaço desse e local

está em linha de vista deste ponto que se considera como o ponto emissor, pode-se usar o modelo

de propagação em espaço livre que admite que o sinal se está a propagagar de uma forma radial

sem encontrar obstáculos (ver figura 2.5).

Figura 2.5 - Frente de onda esférica a propagar-se em espaço livre.

Neste caso, a potência recebida no sistema receptor será:

[2.6]

ou em

[2.7]

onde d é a distância.

A atenuação total que o sinal sofre é

[2.8]

2.4.2 Modelo de propagação num corredor

O estudo de corredores, considerando-os como guias de onda, tem sido abordado em vários

trabalhos, em que se sugerem vários modelos e interpretações para o fenómeno.

17

Nos corredores, as paredes paralelas que o formam, assemelham-se às paredes de um guia de

ondas, que forçam o sinal a propagar-se. Assim, em comparação com o uso de modelos tradicionais,

é mais pertinente o uso de um modelo apropriado para esta estrutura específica comum em muitos

edifícios. Usa-se neste trabalho o modelo sugerido por Yarkoni e Blaustein [12] que permite calcular a

distribuição dos campos electromagnéticos dentro de um corredor obtendo uma expressão para a

atenuação.

Um corredor pode ser tratado como um problema de geometria rectangular. No entanto, nesta

dissertação, vai ser modulado por um guia de ondas de planos paralelos (Ver figura 2.6).

Figura 2.6 - Modelo de Guia de ondas de um corredor, de um ponto-de-vista superior.

Uma vez que , onde é a largura do corredor, podemos usar a aproximação da teoria

geométrica da difração (UTD) [15]. Esta aproximação é válida desde que a primeira zona de Fresnel

seja menor ou igual que a largura do corredor, ou seja, .

Para umcorredor de largura entre os 2 e 3 metros, e o comprimento de onda deverá estar entre os 3 e

10 cm.

As propriedades diélectricas das paredes são definidas pela sua impedância superficial ,

em que

[2.9], sendo

: a primitividade diélectrica da superfície da parede,

: constante diélectrica do vácuo,

: conductividade

: é a frequência angular da onda radiada, ou seja, .

Neste caso, considera-se uma geometria a duas dimensões sem ter em conta as reflexões no tecto e

no chão, porque a altura do corredor H e a posição do receptor h, variam entre os 2 e 3m, pelo que

são normalmente maiores que . É importante também assumir, de acordo com a geometria

apresentada na figura 2.7,

18

Figura 2.7 - Corredor visto em 2D

que um dipolo vertical eléctrico é colocado no ponto ( ), no plano ( ), como é representado na

figura 2.8

Figura 2.8 - Os modos de guia de ondas criados pelas fontes das imagens

Para converter o problema 3D num problema 2D, tem que se considerar o dipolo orientado ao longo

do eixo , ou seja, horizontal em relação ao plano ( ), o que corresponde á seguinte equação de

campo electromagnético descrita pelo potencial vector electrico :

[2.10]

onde é o momento eléctrico de um dipolo electrico horizontal elementar.

A solução para esta equação é a calculada usando a função de Green

19

[2.11]

onde é a distância da fonte.

2.4.2.1 Campo total, no guia de ondas de impedância em 2D

O campo reflectido num guia de ondas pode ser determinado como uma soma de modos reflectidos

substituído usando a imagem das fontes como representado na Figura 2.8

A expressão do modo normal dentro da impedância do guia de ondas é

[2.12]

onde:

é o numero de onda transversal do modo ,

e

Por outro lado, pode-se representar o espectro contínuo do campo total para

, como:

[2.13]

No caso em que temos um guia de ondas constituído por condutores perfeitos, ,

obtêm-se que ,isto é, no caso do guía de ondas ideal, a parte continua de do campo total

desaparece para grandes distancias ( ), e só existe o espectro discreto dos modos, que se

propagam ao longo do guia, sem atenuação de acordo com [2.12]. Finalmente, a intensidade total do

campo pode ser obtida aproximadamente por:

20

[2.14]

A atenuação da onda é obtida através de

No caso de um corredor com largura de m, e com paredes com condutividade

e para uma frequência MHz, representa-se na figura 2.9 as vários

curvas para o path loss, consoante o modo de propagação.

Figura 2.9 - Path loss para vários modos de propagação [12].

[2.15]

21

2.4.3 Outros Modelos

Na recomendação ITU-R P1238-7 é apresentado um modelo de propagação para sítios não

específicos em que a equação para a atenuação total

[2.16]

em que :

: coeficiente de perda de potência conforme a distância;

: frequência do sinal;

d: distância entre a BS e o terminal móvel;

:factor de penetração de pisos;

: número de pisos entre a estação de base o terminal móvel.

Os valores típicos para estes parâmetros são apresentados nas tabelas 2.1 e 2.2.

Frequência Residencial Escritórios Centros Comerciais

900 MHz -

9 (1 Piso)

19 (2 Pisos)

24 (3 Pisos)

-

1,8-2 GHz 4n 15+4 (n-1) 6+3 (n-1)

2,4 GHz

10 (apartamento)

5(casa)

14 -

3,5 GHz -

18 (1 Piso)

26 (2 Pisos)

-

5,2 GHz

13 (apartamento)

7 (casa)

16 (1 Piso) -

5,8 GHz -

22 (1 Piso)

28 (2 Pisos)

-

Tabela 2.1 - Factores de Atenuação do Chão, Lf (dB). Sendo n o número de pisos do edifício

22

No capítulo seguinte aborda-se a metodologia e os cenários.

Frequência Residencial Escritórios Centros Comerciais

900 MHz - 33 20

1,8-2 GHz 28 30 22

2,4 GHz 28 30 -

3,5 GHz - 27 -

5,2 GHz

30 (apartamento)

28 (casa)

31 -

5,8 GHz - 24 -

Tabela 2.2 - Coeficientes de Atenuação conforme a distância.

23

Capítulo 3

Metodologia e Cenários

3 Erro! A origem da referência não foi

ncontrada.

Neste capítulo será feita uma breve apresentação da aplicação utilizada neste trabalho: o TEMS

Investigation. Será exemplificado como ele é utilizado num conceito de walk-test e serão também

apresentados os walk test planeados para este trabalho. De seguida, são apresentados os três

cenários em estudo e no final as BS e frequências de canal a estudar em cada um dos cenários.

24

3.1 Test Mobile System (TeMS)

O Test Mobile System é uma tecnologia usada por operadores de telecomunicações para medir

parâmetros, analisar e optimizar as redes móveis. É uma das ferramentas mais usadas em drive tests

de redes móveis, benchmarking e monotorização.

Permite recolher vários tipos de dados em tempo real e dá uma visão pragmática sobre o que está

realmente a acontecer no que diz respeito a propagação do sinal em vez de se basear em

simulações.

Dos dados recolhidos que o TEMS consegue processar destacam-se: [19]

Potência recebida

Interferências

Chamadas caídas (Dropped Calls)

Chamadas bloqueadas (Blocked Calls)

Qualidade de serviço

Informação de Handovers

Informação de célula vizinha

Além disso, o TEMS tem capacidade para medir parâmetros das várias tecnologias usadas hoje em

dia:

• LTE (4G)

• WCDMA/HSPA/HSPA+ (3G)

• GSM/GPRS/EGPRS (2G)

• TD-SCDMA

• WiMAX

O objectivo de utilizar o TEMS é aprofundar conhecimentos sobre modelos téoricos de propagação

nomeadamente, a potência recebida no terminal móvel usando a tecnologia GSM-900 (Banda dos

900 MHz). Para a utilização do TEMS são necessários os equipamentos descritos na tabela 3.1

25

3.1.1 Introdução aos Walktests e Drivetests

Apesar de walktests e drivetests representarem métodos de recolha de dados diferentes, estes dois

métodos são realizados da mesma forma, a única diferença está no método de locomoção. No caso

dos drivetests, são realizados com o apoio de um veículo motorizado, que permite percorrer maiores

distâncias em menos tempo e assim realizar testes para cenários maiores como por exemplo,

avenidas, praças, estradas e autoestradas. Sendo que os walktests são direcionados a medidas

feitas em ambientes indoor ou espaços relativamente confinados, como pisos, halls, salões,

pavilhões, complexos desportivos e habitações, não existe a necessidade de percorrer grandes

distâncias.

De qualquer maneira ambos métodos são utilizados para medir cobertura, capacidade, qualidade

serviço (que engloba vários factores referentes a cada tecnologia) de uma rede móvel.

3.1.1.1 Walktests no âmbito desta dissertação

Estando esta dissertação focada em ambientes indoor, os cenários escolhidos são espaços dentro do

Instituto Superior Técnico. De seguida será apresentado um guia de como serão realizados os

walktests e todos os passos necessários a serem realizados.

Lista de Material

Equipamento/Marca/Modelo Quant.

Portátil HP Pavilion TX2000 (PTRDRI37) 1

Licença TEMS 8 1

Terminal TEMS 8 Sony Ericsson 1

Cabo de Dados Sony Ericsson 1

Tabela 3.1 - Lista de material usado nos Walktests

26

O 1ºPasso na utilização consiste na conexão da licença TEMS 8 ao computador Portátil e do

Terminal Móvel Sony Ericsson conforme se representa na figura 3.1

Figura 3.1 - Figura dos materais utilizados. Da esquerda para a direita: Terminal móvel TEMS 8 Sony

Ericsson; Licença TEMS 8; Portatil HP Pavillion com o terminal móvel conectado.

Representado na figura 3.2, com o número 1, está o botão de conexão para que o Terminal Móvel se

conecte ao software.

Figura 3.2 - Ambiente de trabalho do TEMS. Em destaque está o botão de conexão do

Terminal Móvel

27

2ºpasso

Em seguida define-se a planta do piso em que se irá realizar o walk test conforme representado na

figura 3.3.

Figura 3.3 - Ambiente de trabalho do TEMS. Em destaque está o botão de selecção da Planta e a

lista de plantas para se trabalhar.

Escolhe-se em 1 a opção de sobrepor um mapa e em 2 escolheu-se a planta do Hall de Entrada da

Torre Norte. Neste trabalho os mapas foram as plantas obtidos através do Website do Instituto

Superior Técnico.

No 3º Passo escolhe-se a tecnologia e a banda de frequência em que se vai trabalhar conforme

representado na figura 3.4

28

Figura 3.4 - Ambiente de trabalho do TEMS. Em destaque, o butão de seleccção de propriedades do

terminal móvel onde se pode selecionar o tipo tecnologia em que se quer trabalhar, a banda de

frequências e os canais.

No menu 1, referente às propriedades do terminal móvel, escolhe-se em 2 o tipo de banda em que se

quer trabalhar, neste caso GSM 900.

29

4º Passo

Figura 3.5 - Ambiente de trabalho do TEMS. Em destaque a selecção de canais e as BS disponíveis.

Por fim, ainda no mesmo menu de propriedades representado na figura 3.5, escolhe-se o canal que

se quer trabalhar, caso esteja em modo de chamada (1), como em modo Idle (2), que significa que o

telemóvel não está a fazer chamada de nenhum tipo chamada, apenas ligado à BS.

É escolhida a opção do terminal não fazer handover e assim ficar sempre ligado ao mesmo canal

(lock on, 3). Neste caso o canal escolhido é o 105 que na altura estava a ser recebido a cerca de -52

dBm. É possível também observar nesta imagem o código de estação de base (BSIC) ao qual

pertence o canal usado, neste caso é o 3-5.

Completados todos estes passos de preparação inicia-se o walktest. O utilizador vai-se deslocando

ao longo da divisão e com referências físicas (como um pilar, uma escada, uma porta), vai clicando

os locais por onde passou. Durante este teste, pode realizar uma chamada telefónica, através do

terminal móvel e ver o comportamento desta, assim como pode simplesmente trabalhar em modo

idle.

30

.

No final, vai-se obter uma imagem de ambiente de trabalho do TEMS como está representado na

figura 3.6

Neste caso pode-se observar que o canal usado é o 116, da estação de Base 3-7. Na planta do hall

de entrada da Torre Norte é importante realçar o facto de por detrás das escadas, o sinal enfraquecer

e daí ser representado por cores cor-de-laranja e vermelhas.

Pode-se também identificar do lado esquerdo da imagem que o utilizador realizou uma chamada

durante este teste.

Após este procedimento, o TEMS gera um ficheiro do tipo .log, neste ficheiro, encontra-se a

informação toda que se pode retirar em mais detalhe pelo o programa de Mapeamento Mapinfo. Este

vai sobrepor os dados que se desejar, como potência de sinal e escala de valores e vai sobrepor todo

o caminho efectuado novamente na planta da divisão em que foi feito o teste.

Figura 3.6 - Exemplo de walk test realizado no hall de entrada da Torre Norte.

31

3.1.2 Descrição dos walk tests realizados

3.1.2.1 Piso -1 do Pavilhão Central

Descrição do Walk test realizado

Sendo que a BS (do operador em estudo) mais próxima se encontra no topo do pavilhão de

matemática virada para o pavilhão central, neste walktest foi selecionado o canal 26 do operador

proprietário desta BS.

Figura 3.7 - Localização da BS 0-0 em relação ao Pavilhão Central.

Os Walktest feitos percorreram uma distância de 83,56 m, começando na soleira da porta norte que

dá acesso a este corredor, indo pelo hall de entrada onde se localiza a entrada da sala C01 até á

caixa multibanco localizada perto do Banco Caixa Geral de depósitos de um WC de Senhoras.

Figura 3.8 - Percurso C01-Caixa feito ao longo do corredor/túnel do piso -1 do Pavilhão Central.

Sendo que se pretendia estudar as propriedades de guia de onda neste ambiente, foi feito em cada

32

walk test uma caminhada Norte-Sul e outra Sul-Norte, registando sempre os mesmo pontos nos dois

percursos para ver se existia alguma diferença na potência recebida dependendo para onde se

estava a caminhar.

As medidas recolhidas, neste ambiente foram feitas entre 4 de Março de 2015 e 8 de Abril de 2015.

Para abranger um maior número de variáveis (horas, temperatura do dia, utilizadores da célula no

momento), os walk test eram realizados entre as 9 horas e 55 minutos e as 17 horas e 53 minutos.

Tentou-se realizar dois walk test por dia estando estes dois espaçados de pelo menos uma hora.

3.1.2.2 4º Piso da Torre Norte

Este walk test foi feito ao longo de todo o anel de corredores (semelhante ao cenário anterior) que

cobre o piso. Como este cenário vai ser usado para estudar a recomendação da ITU, em especial

destaque tentar perceber a atenuação devido á penetração de paredes e janelas não era significativo

fazer o percurso nas duas direcções como foi feito nos walk test feitos no piso -1 do pavilhão central.

Figura 3.9 - Percurso em Anel nos corredores do piso 4 da Torre Norte.

33

Sendo que este ambiente se encontra muito acima relativamente a altura da maioria das BS que se

encontram em Lisboa, logo nos primeiros walk test, verificou-se, um elevado número de BS

encontrar-se-ão provavelmente na linha de vista da fachada do 4º Piso, sendo assim haverá elevada

potência recebida vinda de várias frequências a chegar ao receptor o que degrada o sinal.

Na figura 3.6 está o ambiente de trabalho do TEMS num dos primeiros walk test feitos. Como se pode

ver na lista de canais e BSIC está o C1 e C2 que classifica a qualidade de sinal. Quando estes

valores se aproximam de 0 o canal deixa de ser considerado com qualidade suficiente para ser usado

pelo receptor móvel. Ou seja, a potência recebida nesse canal pode ser elevada mas a sua qualidade

não.

Pode-se observar que no corredor Sul e Oeste do Piso 4 é exactamente o que acontece. Existe uma

potência da ordem dos -60 dBm nos corredores Norte e Este mas nos outros corredores não há sinal

nenhum, ou por outras palavras a onda está lá mas não é considerado pelo receptor móvel como via

viável para fazer comunicações.

Será considerado no capítulo 4 apenas os pontos do corredor norte deste piso, pois são os mais

próximos da BS (que se encontra a norte da torre) sendo assim os com potência recebida mais

Figura 3.10 - Ambiente de Trabalho do TEMS no walk test feito no piso 4 da Torre Norte a 13-03-

2015

34

elevada e em o sinal sofre menos atenuações ou alterações devido ao ambiente.

Os walk test foram feitos da mesma maneira que os que foram feitos para o piso -1 do pavilhão

central. Neste caso escolheu-se o canal número 10 da BS com o BSIC 0-5 por ser a BS mais próxima

do local e com melhor potência. Os walk tests foram feitos desde 10-03-2015 a 8-04-2015.

3.1.2.3 1º Piso de Civil

Como neste ambiente se tinha a particularidade de se ter no mesmo espaço dois tipos distintos de

cenário o walk test foi feito com vista a abranger os dois, e tentar identificar a diferença entre um e

outro.

Figura 3.11 - Percurso feito no piso 1 do Pavilhão de Civil, ao longo da varanda interior e corredores.

O walk test foi feito caminhando no que foi descrito na secção de ambientes como zona vermelha (a

varanda interior) passando para a zona verde passando para extremo oposto á janela. Assim foi

percorrido a varanda toda interior que se encontra em linha de vista com a BS do pavilhão de civil e

voltando pelo corredor de volta até á janela.

Nestes walk test, as especificações do TEMS, foram iguais aos feitos no túnel do Pavilhão Central, foi

escolhido o canal 26 do operador da BS que se localiza no pavilhão de Matemática.

35

3.2 Ambientes

Para testar os diferentes tipos de modelos de propagação apresentados no capítulo anterior, vão ser

apresentados, neste capítulo, 3 Ambientes relativamente distintos entre si, todos localizados no

campus da Alameda do Instituto Superior Técnico:

O corredor/túnel oeste da cave do Pavilhão central

O 4º Piso da Torre Norte

A varanda interior do 1º Piso do Pavilhão de Civil

3.2.1 Corredor/Túnel oeste da cave do Pavilhão Central

Localizado no piso -1 do Pavilhão Central este corredor percorre a fachada oeste deste edifício

localizando-se quase totalmente no subsolo. Típico de uma cave, os gabinetes ao qual este edifício

dá acesso, tem neles pequenas janelas que pouco contribuem para a penetração do sinal

eletromagnéctico proveniente da BS que as iluminam.

O Pavilhão Central do campus, terminado em 1937, as paredes são em betão armado com uma

espessura considerável que pode rondar os 50 centímetros. Tendo em conta estas informações,

pode-se admitir que este corredor é um bom exemplo de um guia de ondas, no que diz respeito ao

facto de estar isolado electromagneticamente.

Como se pode visualizar na planta do piso -1 no Anexo 1, o corredor faz acesso a varios gabinetes, a

duas salas de tamanho considerável, o laboratório LFE I e II, e a uma passagem para o piso inferior

do Bar do Pavilhão Central.

Figura 3.12 - Porta do denominado Gabinete 1 no corredor.

36

Figura 3.13 - Porta do Laboratório LFE I

Figura 3.14 - Entrada de acesso ao Bar do Central.

O acesso a este corredor, faz-se atravéz das entradas Noroeste (vinda do hall da C01) através de

uma escadaria do hall central do Pavilhão e através da entrada sudoeste junto ao Balcão da Caixa

Geral de Depositos. Esta segunda entrada está em linha de vista com a BS 0-0.

37

Figura 3.15 - Entrada Noroeste do Pavilhão Central perto da C01

Figura 3.16 - Entrada do Pavilhão Central junto ao Balcão da CGD

Para além destes acessos, o corredor pode ser ainda acedido pelo corredor Norte e Sul do mesmo

piso que em conjunto com o corredor Este, os 4 formam um anel que percorre o piso -1.

Para além de portas e paredes de alvenaria as superficies do corredor estão coberta a partir da Porta

do LFE II por armários em metal tipícos de ambientes de escritórios.

38

3.2.2 4º Piso da Torre Norte

Figura 3.17 - Fachada oeste da Torre Norte.

Localizado no 4º piso da torre norte, este cenário tem as características de um edifício de escritórios.

A sua fachada é composta por janelas de vidro. No interior encontram-se várias salas e gabinetes

cujas divisões são paredes de contraplacado e o acesso a estas é feito através de portas de madeira.

O chão e tecto são compostos por laje fina. A planta deste piso encontra-se no Anexo 2.

Como se pode observar na planta o edifício é constituído por uma coluna de betão armado no centro

da torre, onde está a “chaminé” dos elevadores e das escadas.

Figura 3.18 - Corredor Norte do 4º Piso da Torre Norte.

39

3.2.3 1º Piso do Pavilhão de Civil

Localizado no 1º piso do pavilhão de civil este ambiente apresenta varias características que compõe

os outros ambientes. O esboço representado na Figura 8 é retirado da réplica da planta que se

encontra no Anexo 3

Figura 3.19 - Esboço representativo da Planta do Pavilhão de Civil

Visualiza-se 3 zonas relativamente distintas entre si. A azul está uma zona aberta correspondente a

um hall que se encontra no meio do pavilhão. A vermelho encontra-se uma varanda e a entrada das

salas que estão na zona interior do pavilhão. A verde encontram-se os corredores interiores que dão

acesso às salas que compõem o anel exterior. A Janela que está á frente da BS localizada no Pav.

de Matemática, encontra-se igualmente assinalada

40

Figura 3.20 - Prespectiva da Varanda interior e do Hall do Pavilhão de Civil

Figura 3.21 - Janela em Linha-de-vista com a BS 0-0 do Pavilhão de Matemática

Este ambiente é bastante particular, pois num só walk test abrange-se os dois tipos de ambientes

abordados nas duas primeiras secções:

Um cenário de salas e escritorios

Um corredor/túnel

Na zona vermelha, a fachada do lado das salas é composta por janelas, superfícies em alvenaria e as

portas de madeira da sala. A zona azul é apenas um corredor em alvenaria e com portas de madeira

apenas dos lados do corredor.

41

Figura 3.22 - Corredor Interior do Pavilhão de Civil

3.3 Frequências dos Canais Usados

Como já foi referido, neste trabalho usou-se a tecnologia GSM na banda dos 900 MHz devido á

abundância de informação sobre esta tecnologia. Apesar de ser já antiga, o objectivo deste trabalho

era explorar os efeitos de propagação dentro de ambientes e sendo assim, o facto de como as

diferentes tecnologias e frequências se comportam entre si nestes ambientes não será abordado.

Com o software TEMS, identificou-se no início dos testes o canal com melhor desempenho, tendo-se

mantido para cada cenário o mesmo canal ao longo de toda a campanha de recolha de dados. Estes

canais são conhecidos como “Absolute radio-frequency channel number” (ARFCN), que, em redes

GSM, são um código que especifica um par de portadores de radio usadas para transmissão

descendente e ascendente (Uplink e Downlink)

Em geral, o ARFCN vem de uma divisão do espectro da banda divida em vários canais. No caso do

GSM estes canais estão separados por 200kHz [16].

Na banda do GSM para o operador em estudo, tem-se duas sub bandas:

1. A banda de uplink [890,915] MHz [17]

2. A Banda de downlink [935, 960] MHz

Mais uma vez, sendo que apenas se vai estudar a propagação do sinal a partir das antenas das BS

ter-se-á em consideração a banda de downlink.

42

A frequência específica de cada canal é calculada pela seguinte equação:

[3.1]

Em que

: número do canal;

: frequência mínima da banda

: espaçamento entre canais

Sendo que os canais (BCCH) com melhor potência no início de cada walk test foram o 10 para os

testes feitos no 4º Piso da Torre Norte e o 26 para o Túnel do Pavilhão Central e para o 1º do

Pavilhão de Cívil frequência de cada um é

43

3.4 Base Stations Estudadas

Como já foi referido, foram usados dois canais de diferentes BS neste trabalho. Uma encontra--se

dentro do campus da Alameda numa das fachadas do Pavilhão de Matemática, enquanto a outra se

encontra na Avenida do México junto ao Instituto Nacional de Estatística e perto da Torre Norte.

Cada BS tem um Base Station Identify Code (BSIC). O Base Station Idenfify Code (BSIC) é um

código usado em GSM para identificar cada BS. Este código foi criado devido ao facto de ser possível

que num determinado momento um terminal móvel receber sinal de mais uma BS com a mesma

frequência. O BSIC da BS da Av. Do México é 0-5 e da BS do Pavilhão de Matemática é 0-0.

Figura 3.23 - Localização da BS 0-0 assinalada com o alfinete vermelho na fachada Pav. Matemática.

Figura 3.24 - Localização da BS 0-0 no topo de uma das fachadas do Pavilhão de Matemática.

44

Figura 3.25 - Figura 3 - Localização da BS 0-5 assinalada com o alfinete vermelho num dos edifícios

da avenida do México.

45

Características da BS 0-0

Localização Geográfica 38º 44’ 08.3’’ N 9º 08’ 23.3 ‘’ W

Tipo de Antena K80010665

Altura do Chão 23 m

Tilt Mecânico 0º

Tilt Eléctrico 8º

BSPWRB 42 dBm

Tabela 3.2 - Características da BS 0-0.

Características da BS 10-0

Localização Geográfica 38º 44’ 19.3’’ N 9º 08’ 19.1‘’ W

Tipo de Antena K80010675

Altura do Chão 12 m

Tilt Mecânico 0º

Tilt Eléctrico 6º

BSPWRB 43 dBm

Tabela 3.3 - Características da BS0-5.

46

47

Capítulo 4

Ensaios e resultados

4 Ensaios e resultados

Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos nas medidas para os três Ambientes

apresentados no capítulo anterior. Os resultados obtidos são comparados com os modelos teóricos e

é feita uma análise de erros.

48

4.1 Resultados obtidos das medidas

Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos nas medidas para os 3 ambientes apresentados

no capítulo anterior. Os resultados obtidos são comparados com os modelos teóricos e é feita uma

análise de erros. Durante a campanha de medidas, presenciou-se diferentes condições atmosféricas

e obtiveram-se medidas a diferentes horas do dia. No entanto não se registou diferenças

significativas na potência recebida.

4.1.1 Piso -1 do Pavilhão Central

No primeiro cenário, estuda-se um corredor localizado no piso -1 do Pavilhão Central. Neste corredor

foram obtidas medidas em 8 pontos específicos ao longo do corredor:

1. Porta do Corredor 1;

2. Gabinete 1;

3. Bar do Central;

4. LFEII;

5. LFEI;

6. Gabinete 2;

7. Porta do Corredor 2;

8. Escadas da Rua C01.

A sua localização ao longo do corredor encontra-se na planta apresentada em Anexo 1, cuja

réplica reduzida se encontra na figura 4.1

49

Figura 4.1 - Piso -1 do Pav. Central com indicação dos diferentes pontos de medida ao longo do

corredor.

Foram realizados 20 walk test em ambos os sentidos. A título de exemplo apresentam-se as medidas

para o dia 4 de Março na tabela 4.1 e 4.2

.

Percurso Caixa-> C01

Dia 04-03-2015

Hora 14:05

Local Distancia (m) Potência Recebida (dBm)

1 Porta do Corredor 1 0 -61

2 Gabinete 1 10,72 -79

3 Bar do Central 21,2 -88

4 LFEII 35,78 -76

5 LFEI 51,2 -73

6 Gabinete 2 59,34 -83

7 Porta do Corredor 2 75,96 -85

8 Escadas da RUA C01 82,93 -61

Tabela 4.1 - Registo do Walk-test do 04-03-2015 no sentido Balcão CGD-C01

50

Percurso C01-> Caixa

Dia 04-03-2015

Hora 14:00

Local Distancia (m) Potência Recebida (dBm)

1 Porta do Corredor 1 0 -63

2 Gabinete 1 10,72 -75

3 Bar do Central 21,2 -66

4 LFEII 35,78 -83

5 LFEI 51,2 -77

6 Gabinete 2 59,34 -79

7 Porta do Corredor 2 75,96 -83

8 Escadas da RUA C01 82,93 -72

Tabela 4.2 - Registo do Walk test do dia 04-03-2015 no sentido C01-Balcão CGD

A hora indicada corresponde ao final do walk test. Como se pode, observar nalguns casos como na

entrada Noroeste (Escadas da RUA C01), não existem diferenças significativas na potência recebida

no sentido em que é feito o percurso. Após os walk test foi feita a média da potência recebida ao

longo dos vários dias e os resultados encontram-se apresentados na tabela 4.3 e de forma gráfica na

figura 4.2.

Figura 4.2 - Média das potências recebidas nos vários locais de medida. A vermelho para o percurso

Balcão CGD-C01 e a Azul para o percurso C01-Balcão CGD.

51

Local

Média Média

C01-Caixa (dBm) Caixa-C01 (dBm)

1 Porta do Corredor 1 -66,58 -64,35

2 Gabinete 1 -70,64 -69,88

3 Bar do Central -75,00 -76,70

4 LFEII -82,82 -81,41

5 LFEI -81,52 -80,11

6 Gabinete 2 -81,94 -83,11

7 Porta do Corredor 2 -80,88 -81,94

8 Escadas da RUA C01 -64,17 -65,29

Tabela 4.3 - Tabela com a média das potências dos dois percursos nos vários locais de recolha.

Calculou-se o desvio padrão das medidas feitas em vários locais, para ambos os percursos. Os

resultados encontram-se na Tabela 4.4.

Local Desv.Pad C01-Caixa Desv.Pad Caixa-C01

1 Porta do Corredor 1 3,24 2,90

2 Gabinete 1 3,37 5,41

3 Bar do Central 3,95 4,58

4 LFEII 4,46 3,15

5 LFEI 4,36 3,36

6 Gabinete 2 2,00 2,22

7 Porta do Corredor 2 3,10 5,49

8 Escadas da RUA C01 4,00 4,45

Tabela 4.4 - Desvio padrão da potência recebida nos vários locais ao longo do corredor, para os dois

percursos.

Nas Figuras 4.3 e 4.4 apresentam-se os intervalos de confiança a 95% da média da potência

recebida para ambos os percursos.

52

Figura 4.3 - Médias e intervalos de confiança para a potência recebida nos vários locais do corredor,

no percurso C01-Caixa.

Figura 4.4 - Médias e intervalos de confiança para a potência recebida nos vários locais do corredor,

no percurso Caixa-C01.

A diferença de potência recebida entre os pontos nos diferentes sentidos não ultrapassa os 2,3 dBm,

não se verificando um padrão para que permita justificar esta diferença com sendo atenuação devido

ao utilizador.

-100

-95

-90

-85

-80

-75

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Percurso C01-Caixa

Potência Média Recebida em dBm

-100

-95

-90

-85

-80

-75

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Percurso Caixa-C01

Potência Média Recebida em dBm

53

4.1.2 4º Piso da Torre Norte

Nesta secção analisa-se o corredor do 4º Piso da Torre Norte. Nesse corredor norte que percorre a

fachada da torre correspondente paralelo à sala E8, obtiveram-se 4 valores para 4 pontos

específicos:

1. Porta de acesso á escadas;

2. Porta da sala E8;

3. Porta do laboratório LT2;

4. Porta da Sala de Alunos de Telecomunicações (TFC).

A localização destes pontos encontra-se assinalada na réplica reduzida da planta do 4º Piso da Torre

Norte da Figura 4.5 (representação ampliada em Anexo 2)

Figura 4.5 - Planta do Piso 4 da Torre Norte: Os algarismos representam os diferentes pontos de

medida de potência recebida.

54

Foram realizados 20 walk tests. A título de exemplo apresentam-se na Tabela 4.5 encontra-se os

valores obtidos para um dos Walk tests realizados

Dia 10-03-2015

Hora 16:00

Local Potência Recebida (dBm)

1 Porta Escadas (E8) -50

2 Porta E8 -51

3 Canto LT2 -55

4 Canto Sala de TFC -55

Tabela 4.5 - Registo do walk-test no corredor do piso 4 da Torre Norte no dia 10-03-2015, terminado

às 16:00.

Como se pode observar, nas zonas mais próxima da porta sala E8 a potência recebida é mais alta.

Ao longo de vários walk tests esta tendência manteve-se como se pode ver na Tabela 4.6 e na Figura

4.6 das médias dos valores medidos.

Local Média Potência Recebida (dBm)

4 Canto TFC -60,53

1 Porta Escadas E8 -54,94

2 Porta E8 -53,24

3 Canto LT2 -54,88

Tabela 4.6 - Média das potências recebidas no corredor do Piso 4 da Torre Norte.

55

Figura 4.6 - Média das potências recebidas nos vários locais do corredor norte do piso 4 da torre

norte.

Calculou-se o desvio padrão das medidas realizadas nos vários pontos. Os resultados encontram-se

na Tabela 4.7.

Local Desv.Pad

4 Canto TFC 4,89

1 Porta Escadas E8 3,54

2 Porta E8 3,72

3 Canto LT2 2,18

Tabela 4.7 - Desvios Padrão dos vários locais do corredor norte do piso 4 da torre norte

-62

-60

-58

-56

-54

-52

-50

-48

Canto TFC Porta Escadas E8

Porta E8 Canto LT2

Médias da Potência Recebida

Médias da Potência Recebida

56

Os intervalos de confiança a 95% estão representados na Figura 4.7.

Figura 4.7 - Médias e intervalos de confiança para a potência recebida nos varios locais do corredor

norte do piso 4 da torre norte

A variação da potência recebida está relacionada com a maior ou menor proximidade à BS, embora a

diferença não seja muito grande. A potência recebida no corredor junto á porta que dá acesso às

escadas é um pouco mais baixa do que na porta da sala E8 que se encontrava aberta quando os

walk test foram realizados. A diferença de aproximadamente 1 dBm em média poderá dever-se ao á

parede de contraplacado que limita a sala E8.

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Canto TFC Porta Escadas E8

Porta E8 Canto LT2

Médias da Potência Recebida

Médias da Potência Recebida

57

4.1.3 Piso 1 do Pavilhão de Civil

Nesta secção apresentam-se os resultados ao corredor e á varanda interior do Piso 1 do Pavilhão de

Civil. Foram recolhidos valores nos seguintes pontos específicos:

1 Janela de Iluminação 11 Porta da Sala V1.13

2 Porta da Sala V1.06 12 Porta da Sala V1.12

3 Porta da Sala V1.07 13 Porta da Sala V1.11

4 Porta da Sala V1.08 14 Porta das Sala V1.10

5 Porta da Sala V1.09 15 Porta da Sala V1.05

6 Porta da Sala V1.14 16 Porta da Sala V1.04

7 Porta da Sala V1.15 17 Porta da Sala V1.03

8 Porta da Sala V1.16 18 Porta da Sala V1.02

9 Porta da Sala V1.17

10 Corredor Oeste-Este

A localização destes pontos encontram-se na planta do Piso 1 do Pavilhão de Civil apresentada na

Figura 4.8 (versão ampliada em Anexo 3)

Figura 4.8 – Planta do Piso 1 do Pavilhão de Civil: Os algarismos representam os diferentes pontos

de medida.

58

Foram realizados 20 walk tests. Na Tabela 4.8 apresentam-se os valores obtidos para o dia 1 de

Junho.

Dia 01-06-2015

Hora 16:33

Local Potência Recebida (dBm)

1 Janela do Corredor -45

2 V1.06 -52

3 V1.07 -55

4 V1.08 -55

5 V1.09 -54

6 V1.14 -59

7 V1.15 -64

8 V1.16 -61

9 V1.17 -60

10 Corredor W-E -68

11 V1.13 -60

12 V1.12 -54

13 V1.11 -49

14 V1.10 -51

15 V1.05 -47

16 V1.04 -45

17 V1.03 -51

18 V1.02 -46

Tabela 4.8 - O walk-test dia 01-06-2015, na varanda interior e corredor do piso 1 do Pav. Civil.

59

Observa-se um efeito de túnel, uma vez que os valores registados dentro do túnel são mais elevados

do que o seu homologo interior.

Na Tabela 4.9 apresenta-se a média da potência recebida em cada um dos pontos.

Local Media da Potencia recebida (dBm)

1 Janela do Corredor -42,56

2 V1.06 -49,33

3 V1.07 -52,61

4 V1.08 -52,17

5 V1.09 -54,22

6 V1.14 -56,00

7 V1.15 -57,39

8 V1.16 -57,89

9 V1.17 -55,94

10 Corredor W-E -64,83

11 V1.13 -59,00

12 V1.12 -53,28

13 V1.11 -50,56

14 V1.10 -51,44

15 V1.05 -47,94

16 V1.04 -44,67

17 V1.03 -46,61

18 V1.02 -46,56

Tabela 4.9 - Potência média Recebida ao longo na varanda interior e corredor do piso 1 do Pav. Civil

A potência obtida ao longo da varanda interior e do corredor encontra-se apresentada nas Figuras 4.9

e 4.10.

60

Figura 4.9 - Média das potências medidas nos diferentes locais na Varanda Interior.

Figura 4.10 - Média das potências medidas nos diferentes locais do Corredor.

-70,00

-65,00

-60,00

-55,00

-50,00

-45,00

-40,00

Percurso Sul-Norte na Varanda interior

Percurso Sul-Norte na Varanda interior

-70,00

-65,00

-60,00

-55,00

-50,00

-45,00

-40,00

Percurso Norte-Sul no Corredor

Percurso Norte-Sul no Corredor

61

O desvio padrão para ambas as medidas para os vários pontos encontram-se na Tabela 4.10.

Local Desv. Pad.

1 Janela do Corredor 2,06

2 V1.06 2,43

3 V1.07 3,13

4 V1.08 2,79

5 V1.09 2,80

6 V1.14 2,17

7 V1.15 3,26

8 V1.16 2,45

9 V1.17 2,88

10 Corredor W-E 3,70

11 V1.13 4,14

12 V1.12 2,61

13 V1.11 1,95

14 V1.10 2,01

15 V1.05 3,54

15 V1.04 2,81

17 V1.03 2,85

18 V1.02 4,19

Tabela 4.10 - Desvios Padrão das medidas dos vários locais na varanda interior e corredor do piso 1

do Pav. Civil

62

Nas Figuras 4.11 e 4.12 apresentam-se os intervalos de confiança a 95% para ambos os percursos.

Figura 4.11 - Médias e intervalos de confiança para a potência recebida na varanda interior do piso 1

do Pav. Civil

Figura 4.12 - Médias e intervalos de confiança para a potência recebida no corredor do piso 1 do Pav.

Civil

-70,00

-65,00

-60,00

-55,00

-50,00

-45,00

-40,00

Médias da Potência Recebida na Varanda Interior

Médias da Potência Recebida

-70,00

-65,00

-60,00

-55,00

-50,00

-45,00

-40,00

Médias da Potência Recebida no Corredor

Médias da Potência Recebida

63

É pertinente confrontar os valores obtidos em pontos homólogos do corredor e da varanda. Utilizando

as portas como ponto de referência, por exemplo a porta da sala V1.17 e a porta da sala V1.13, que

se encontram afastadas transversalmente cerca de 3 m uma da outra apresenta-se na Tabela 4.11 e

na Figura 4.13 a comparação dos valores obtidos nos dois percursos.

Porta da Sala dentro do Corredor

Dentro do Corredor (dBm) Fora do Corredor (dBm) Porta da Sala fora do

corredor

18 V1.02 -46,56 -48,71 V1.06 2

17 V1.03 -46,61 -51,86 V1.07 3

16 V1.04 -44,67 -52,86 V1.08 4

15 V1.05 -47,94 -54,86 V1.09 5

14 V1.10 -51,44 -55,14 V1.14 6

13 V1.11 -50,56 -56,43 V1.15 7

12 V1.12 -53,28 -58,86 V1.16 8

11 V1.13 -59,00 -56,57 V1.17 9

Tabela 4.11 - Comparação entre a potência média recebida nos vários pontos do corredor e da

varanda interior

Figura 4.13 - Comparação das potências recebidas nos dois cenários.

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

V1.06 V1.07 V1.08 V1.09 V1.14 V1.15 V1.16 V1.17

Dentro do Corredor

Dentro do Corredor

64

Da observação da Figura 4.13 é possível tirar as seguintes conclusões:

1. Os valores no início do corredor, apresentam 3 dB de diferença. Na sala V1.06 o valor

medido fora e dentro do túnel vária cerca de 2,154 dB, sendo mais alto dentro do corredor.

Apesar da sala V1.02 se encontrar mais perto da janela do corredor, esta encontram-se fora

da linha de vista da BS e até da janela do corredor, tendo a onda que se difratar em duas

esquinas, em comparação com a sua sala homóloga, a sala V1.06.

2. O inverso acontece no final do corredor, sendo que a diferença entre as duas medidas é

cerca de 2,43 dB.

3. Os valores intermédios dentro do corredor são mais altos que fora do corredor. Embora os valores no início e no final apresentem uma diferença mínima ao longo do corredor registam-se diferenças maiores.

65

4.2 Comparação com Modelos Teóricos

Nesta secção, usando os modelos teóricos apresentados no Capítulo 2, é feita uma comparação com

as medidas em todos os cenários estudados neste trabalho.

4.2.1 Corredor/Túnel do Piso -1 Pavilhão Central

Neste cenário utiliza-se o modelo proposto por Yarkoni e Blaustein [12]. Quando o emissor se localiza

no início do corredor obtém-se, para o Path Loss, as curvas representadas na Figura 2.9.

No cenário que aqui se apresenta o emissor não está no início do corredor, sendo necessário

introduzir um factor de correção apara adaptar o modelo. Para o cálculo da atenuação (2.15) é

necessário definir os seguintes parâmetros:

: frequência da BS 0-0 (940,2 MHz);

d, largura do corredor (3 m);

: constante de propagação transversal ( rad/m);

: A condutividade das paredes (1 S/m);

Fm-1

;

Fm

-1 ;

;

: factor de reflexão ( );

: A constante de propagação longitudinal.

.

66

Com este conjunto de parâmetros procedeu-se á simulação do modelo. Os resultados obtidos

apresentam-se na Tabela 4.12 onde podem ser comparados com os valores medidos.

Local

Dis

tân

cia

(m)

Média da Potência

Medida no Percurso C01-Caixa

(dBm)

Média da Potência

Medida no Percurso

Caixa-C01 (dBm)

Atenuação

no

Corredor

Teórica

(dB)

Potência

Teórica no

percurso C01-

Caixa

(dBm)

Potência Teórica no percurso Caixa-C01

(dBm)

Porta do Corredor

1 0 -66,588 -64,353 0 -66,588 -64,353

Gabinete 1

10,72 -70,647 -69,882 5,593 -72,182 -69,947

Bar do Central

21,2 -75,000 -76,706 10,870 -77,458 -75,223

LFEII 35,78 -82,824 -81,412 14,923 -81,511 -79,276

LFEI 51,2 -81,529 -80,118 17,701 -84,289 -82,054

Gabinete 2

59,34 -81,941 -83,118 18,845 -85,433 -83,198

Porta do Corredor

2 75,96 -80,882 -81,941 20,762 -87,350 -85,115

Escadas da RUA

C01 82,93 -64,177 -65,294 21,444 -88,032 -85,797

Tabela 4.12 - Comparação da Potência Média Medida no Corredor com o Modelo Téorico

67

Na figura 4.14 e nas figuras 4.15 representam-se graficamente os resultados obtidos

Figura 4.14 - Representação gráfica da comparação entre a Potência Média Recebida medida no

percurso C01 - Caixa e os valores teóricos

Figura 4.15 - Representação gráfica da comparação entre a Potência Média Recebida medida no

percurso Caixa-C01 e os valores teóricos

Para calcular a atenuação ao longo do túnel utilizou-se como referência a potência média recebida

medida no início do mesmo. O modelo não utilizado não é adequado para esta realidade pois foi

deduzido para quando o emissor está no inicio do corredor sendo assim, é preciso considerar um

emissor hipotéctico colocado no inicio de um corredor de comprimento desconhecido e, por isso, foi

acrescentado um factor de correção ao modelo de -95 dBm. Desta forma, como se pode observar

pelas duas representações gráficas, o modelo adapta-se bem á realidade sendo que os valores

teóricos estão relativamente próximos dos valores medidos com excepção do último ponto pois já se

-100

-90

-80

-70

-60

-50

-40

Média da Potência Recebida C01-Caixa (dBm)

Potência Teórica Recebida C01-Caixa (dBm)

-90

-85

-80

-75

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Média da Potência Recebida Caixa-C01 (dBm)

Potência Teórica Caixa-C01 (dBm)

68

encontra fora do corredor e está representado apenas para referência. É importante também ter em

conta que no corredor existe uma escadaria que dá acesso ao piso 0 do pavilhão central. Devido a

efeitos de multi-percurso a potência neste ponto pode ser mais alta do que seria de esperar no caso

de um túnel fechado.

4.2.2 4º Piso da Torre Norte

De forma a compreender melhor se a recomendação ITU-R P1238-7 funcionaria para um cenário de

escritórios como é exemplo o Piso 4º da Torre Norte, fizeram-se os cálculos para a potência recebida

teórica.

Foi preciso ter em conta certos valores, como factores de atenuação para as janelas e paredes, entre

outros.

Utilizaram-se os seguintes parâmetros:

: Frequência da BS 0-5 ( MHz);

: Coeficiente perda de potência para ambientes de escritórios para a banda dos 900 MHz

(N=33);

: Coeficiente de atenuação de pisos para ambientes de escritórios para a banda dos 900

MHz ( dB)

: Coeficiente de atenuação das janelas ( =3dB) [18]

= Coeficiente de Atenuação das Paredes ( = 3dB Plattboard Wall) [18]

d: Distância (115 m);

Ganho da Antena (10 dB): Uma vez que o Piso 4 se situa acima do horizonte da antena, a

inclinação é negativa e o ganho será inferior ao valor de catálogo.

69

Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 4.13.

Local

de

Jan

elas

at

rave

ssad

as

de

Par

edes

at

rave

ssad

as

Atenuação ITU-

RP1238-7 Antes das paredes e

janelas (dB)

Atenuação janelas

(dB)

Atenuação paredes

(dB)

Atenuação Total (dB)

Potência Recebida Teórica (dBm)

Potência Média

Recebida Medida (dBm)

Canto TFC

1 1 123,438 3 3 129,438 -70,238 -60,529

Porta Escada

s E8 1 1 123,438 3 3 129,438 -70,238

-54,941

Porta E8

1 0 123,438 3 0 126,438 -67,238 -53,235

Canto LT2

1 1 123,438 3 3 129,438 -70,238 -54,882

Tabela 4.13 - Resultado para a atenuação e potência teórica segundo a recomendação ITU-R P1238-

7 no 4ºPiso da Torre Norte.

70

A representação gráfica dos valores teóricos de potência recebida e dos valores medidos esta na Figura 4.16.

Figura 4.16 - Comparação entre potência média recebida teórica e a média da potência recebida

segundo a recomendação ITU-R P1238-7 para o 4º Piso da Torre Norte.

Como se pode ver existe uma pequena variação dos valores medidos, o que era de esperar tendo em

conta que se encontra à mesma distância da BS e atravessam o mesmo número de paredes. O

modelo prevê, esse comportamento até um certo ponto, mas visto que toda a fachada da torre é

composta por janelas, existindo apenas uma coluna de betão armado no centro da torre, o sinal no

canto da sala TFC pode não entrar directamente através da fachada norte mas pode entrar pela

fachada Oeste e ser reflectido ao longo do corredor Sul-Norte até ao canto da sala TFC. Novamente,

este modelo é uma forma viável de prever a potência recebida num ambiente indoor, pois fornece

resultados relativamente próximo dos valores reais, e sempre abaixo dos valores.

-75

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Canto TFC Porta Escadas E8

Porta E8 Canto LT2

Potência Média Recebida (dBm)

Potência Recebida Teórica (dBm)

71

4.2.3 1º Piso do Pavilhão de Civil

Neste cenário como tem a particularidade de apresentar as duas situações anteriormente descritas,

um corredor e um espaço aberto indoor, foram testados os dois modelos já usados em cada uma das

situações. Como já se verificou na secção 4.1.3 existe realmente um efeito de guia de ondas, sendo

que o sinal decresce em potência de uma forma mais lenta do que em espaço livre.

4.2.3.1 Varanda Interior

Usando novamente a recomendação ITU-R P1238-7, foi calculada para este cenário a potência

recebida e comparada com as medidas feitas.

Para este cálculo foram utilizados os seguintes parâmetros:

: Frequência da BS 0-0 ( MHz);

: Coeficiente perda de potência para ambientes de escritórios para a banda dos 900 MHz

(N=33);

: Coeficiente de atenuação de pisos para ambientes de escritórios para a banda dos 900

MHz ( dB)

: Coeficiente de atenuação das janelas ( 3dB) [18].

Os resultados obtidos estão apresentados na tabela 4.15

Local Distancia(m)

Atenuação Segundo a

recomendação ITU-R P1238-7

(dB)

Potência Recebida Teórica (dBm)

Potência Recebida Média Medida (dBm)

Janela do Corredor 159,9 122,190 -57,090 -42,556

V1.06 169,47 123,022 -57,923 -49,333

V1.07 177,32 123,672 -58,572 -52,611

V1.08 184,69 124,255 -59,155 -52,167

V1.09 192,35 124,838 -59,738 -54,222

V1.14 202,73 125,591 -60,491 -56,000

V1.15 210,33 126,118 -61,018 -57,389

V1.16 217,98 126,630 -61,530 -57,889

V1.17 225,49 127,116 -62,016 -55,944

Tabela 4.14 - Resultado para a atenuação e potência teórica segundo a recomendação ITU-R P1238-

7 na Varanda Interior do 1ºPiso do Pav. de Civil.

72

A representação gráfica da comparação entre os valores teóricos de potência recebida e os valores

médios medidos encontra-se na Figura 4.16

Figura 4.17 - Comparação entre potência média recebida teórica e a média da potência recebida

segundo a recomendação ITU-R P1238-7 para a Varanda Interior do 1º Piso do Pav. de Civil.

Mais uma vez, à semelhança do caso do 4º Piso da Torre Norte, a recomendação ITU-R P1238-7

prevê um decaimento de potência que se pode usar para tentar prever o comportamento da onda

magnética neste ambiente indoor. Ainda assim, não consegue prever as variações que um ambiente

destes apresenta como multi-percurso dentro do próprio espaço e mais do que um ponto de entrada

da onda. Além disso nesta situação não há linha de vista directa com o emissor pelo que o modelo

não é capaz de prever a difracção dando portanto, valores superiores áquilo que seria de esperar.

-65

-60

-55

-50

-45

-40

Potência Recebida Téorica(dBm)

Potência Recebida Média Medida(dBm)

73

4.2.3.2 Corredor Interior do 1º Piso do Pavilhão de Civil

A abordagem usada neste caso foi a mesma tomada para o corredor do pavilhão Central. Uma vez

que não temos um cenário em que o próprio emissor se encontra dentro do corredor foi preciso

adicionar um factor de correção de modo a conseguir fazer uma adaptação do modelo. Assim, como

no cenário, do corredor do Pavilhão Central utilizou-se um factor de correção de 95 dB. De novo, irá

observar-se o decaimento de sinal em relação ao ponto mais próximo do ponto de entrada da onda,

neste caso, o ponto do corredor mais próximo da janela.

Neste caso utilizaram-se os seguintes parâmetros:

: A frequência é a da BS 0-0 ( MHz);

d: Largura do corredor (3 m);

: Constante de propagação transversal rad/m)

: A condutividade das paredes (1 S/m).

Fm-1

Fm

-1

: Factor de reflexão ( )

Os resultados para este cenário estão na tabela 4.17

Local Distancia(m) Atenuação no Corredor (dB) Potência Recebida

Teórica (dBm)

Potência Recebida

Média Medida (dBm)

V1.02 0 0 -46,556 -46,556

V1.03 8,01 3,385 -49,996 -46,611

V1.04 15,53 8,506 -53,173 -44,667

V1.05 23,09 11,576 -59,521 -47,944

V1.10 33,31 14,414 -65,858 -51,444

V1.11 41,25 16,070 -66,626 -50,556

V1.12 48,53 17,330 -70,608 -53,278

V1.13 55,96 18,435 -77,435 -59,000

Figura 4.18 - Comparação da potência média medida no corredor com o modelo teórico no corredor

interior do Piso 1 do Pav. Civil

74

A comparação gráfica deste cenário encontra-se na Figura 4.18

Figura 4.19 - Representação gráfica da comparação entre a potência média recebida medida e a

potência recebida teórica dentro do corredor Interior do 1º Piso do Pav. de Cívil.

À semelhança do cenário do corredor do Pav. Central, aqui a curva do modelo de Yarkoni e Blaustein

adapta-se relativamente bem ao decaimento de onda. Ainda assim, quanto mais se avança ao longo

do corredor aumenta a diferença entre a potência teórica e a medida. No caso do corredor do Pav.

Central, houve uma maior concordância uma vez que aquele corredor não múltiplos pontos de

entrada do sinal. No caso do corredor interior do Pav. de Civil existem salas com largas janelas a

compor a fachada do edifício e portas de madeira que permitem a penetração do sinal para dentro do

corredor assim como um telhado com placas de acrílico. Ainda assim, pode-se verificar um efeito de

guia de ondas, mesmo dentro deste cenário.

-80

-75

-70

-65

-60

-55

-50

-45

-40

V1.02 V1.03 V1.04 V1.05 V1.10 V1.11 V1.12 V1.13

Potencia recebida em media(dBm)

Potencia Recebida teorica(dBm)

75

76

Capítulo 5

Conclusões e trabalho futuro

5 Conclusões e trabalho futuro

Serve este capítulo para apresentar as principais conclusões de cada uma das secções anteriores,

tanto das conclusões preliminares que se tiraram ao fazer as medidas como as comprovações que se

fizeram depois das simulações com os modelos teóricos. Faz-se ainda uma perspectiva de possíveis

trabalhos futuros em que se dão alguns pontos de partida com a finalidade de melhorar o

desempenho dos mesmos.

77

5.1 Conclusão

O trabalho realizado no âmbito desta dissertação tinha a meta de testar para ambientes indoor,

modelos já propostos noutros trabalhos de investigação na área. Para isso, utilizaram-se locais

específicos dentro dos edifícios do Campus da Alameda do Instituto Superior Técnico.

Para se conhecer a potência recebida que era encontrada dentro destes locais proveniente de duas

Base Stations, uma localizada no topo da fachada norte do Pavilhão de Matemática e outro a Norte

da Torre Norte no topo de um edifício particular, foi feita uma campanha de medidas que durou vários

meses recorrendo a um terminal móvel e ao software TEMS Investigation.

Analisaram-se 3 locais específicos: O corredor Oeste do piso -1 do Pavilhão Central, o piso 4 da

Torre Norte e a metade Este do Piso 1 do Pavilhão de Civil. O corredor Oeste do piso -1 do Pavilhão

Central era composto por alvenaria característica de um edifício antigo e era ladeado por armários em

metal. O piso 4 da Torre Norte era composto por materiais típicos de um edifício de escritórios e toda

a sua fachada era em vidro. O Piso 1 do Pavilhão de Civil era um local com Hall interior em toda a

sua extensão e com um corredor que percorria a zona Este, que era ladeado por paredes de salas de

aula e portas de acesso.

Na campanha de medidas do corredor Oeste do piso -1 do Pavilhão Central testaram-se dois

percursos idênticos mas com diferentes sentidos de forma a verificar se existia uma atenuação

significante pelo facto do utilizador estar “á frente” relativamente ao sentido em que o sinal era

recebido. Isto não se verificou pelo que o teste semelhante que se iria a fazer no Pavilhão de Civil só

iria ser feito num sentido. Observou-se também que apesar do facto da BS não estar em linha de

vista a potência recebida dentro do corredor decaía de forma gradual como seria de esperar num guia

de ondas.

Na campanha de medidas do piso 4 da Torre Norte, teve-se em conta a BS que se encontrava a

Norte da Torre, por isso, apenas se considerou para efeitos de medidas os locais que compunham o

corredor que percorria a sua fachada norte. Foram feitas medidas em quatro locais. Verificou-se que

os pontos mais próximos das BS têm em média uma potência recebida maior e que o local no

corredor junto á porta da Sala E8 (que se encontrava aberta) a potência era maior. Isto poderia dever-

se ao facto de neste local o sinal não ter que atravessar a parede nem a porta como se verificava

para os outos locais.

Como, no Piso 1 do Pavilhão de Civil, se tinha dois tipos distintos de cenário, um espaço aberto e um

corredor, mediu-se, num só walk test em forma de anel, estes dois. Conclui-se logo que apesar no

ponto mais afastado, o corredor que ligava a varanda interior ao corredor, o sinal ter a mesma

potência média recebida, o decaimento feito no Hall interior com a BS em linha de vista era feito mais

rapidamente do que dentro do corredor que não estava em linha de vista nem com a janela pela qual

entrava o sinal nem com a BS.

78

Em seguida, utilizaram-se os modelos teóricos propostos na introdução para simular e comparar com

medidas feitas.

No corredor do piso -1 do Pavilhão Central utilizou-se o modelo proposto por Yarkoni e Blaunstein

[12], definiu-se alguns parâmetros como reflectividade e condutividade das paredes. Devido ao facto

de se ter utilizado como referência a potência média recebida medida no começo do corredor, o

modelo não estava adaptado para esta realidade, pois tinha sido testado para quando se tinha um

emissor dentro do próprio corredor. Sendo assim, utilizou-se um factor de correção de -95 dBm para

ajustar a curva calculada pelo modelo á curva de potência média recebida medida. Conclui-se que

com este factor de correção o modelo conseguia adaptar-se á realidade, aproximando os valores

teóricos dos medidos.

No piso 4 da Torre Norte, utilizou-se a Recomendação ITU-R 1238-7 [11] e ajustou-se coeficientes de

perda para o tipo de cenário que se estava a testar assim como o número de andares. O modelo

testado seguiu a mesma tendência que os valores medidos ainda que a curva teórica tenha tido uma

diferença de 10 dB para a curva de valores medidos. Conclui-se que as diferenças entre os valores

teóricos e os valores medidos fossem devido ao facto do modelo não estar preparado para prever

casos em que a onda não entre diretamente através da fachada mais próxima do local medido mas

através de multi-percurso penetre no edifício por diferentes locais até chegar ao local de medida o

que afecta a potência recebida.

Para o piso 1 do Pavilhão de Civil como se tinham dois cenários diferente utilizaram-se os dois

modelos propostos para cada um deles. Tirando o que se tinha aprendido nos dois primeiros

cenários, fez-se os cálculos a semelhança destes. Para os cálculos na varanda interior definiu-se

coeficientes de perda para o tipo de cenário que se estava a testar assim como o número de andares

e utilizando a Recomendação ITU-R 1238-7 [11] reforçou-se o que já se tinha concluído nas

simulações para o piso 4 da Torre Norte. Este modelo consegue dar uma estimativa por baixo da

potência que se irá receber em cada ponto Indoor, mas tendo em conta as múltiplas entradas que os

edifícios têm devido a efeitos de multi-percurso a potência recebida é maior do que a teórica. No caso

do corredor adoptando a estratégia do que foi feito no corredor do piso -1 do Pavilhão Central,

definiu-se parâmetros como reflectividade e condutividade das paredes. Percebeu-se que os

problema que existia na simulação do piso -1 do Pavilhão Central era igual ao que se verificava neste

caso. Assim utilizando o mesmo factor de correção de -95 dBm, a curva dos valores teóricos

adaptava-se relativamente bem ao decaimento da curva dos valores medidos. No entanto, devido ao

facto deste corredor se encontrar num piso 1 acima do chão e de cada das salas que o rodeiam

serem compostas por janelas para o exterior e para o Hall interior existirá mais pontos de entrada do

sinal não estando este condicionado a entrar só por um sítio. De facto, a curva obtida pelo o modelo

de Yarkoni e Blaunstein [12] adaptou-se consideravelmente melhor para o corredor do piso -1 do

Pavilhão Central pois este apenas tem como pontos de entrada relevantes, como a designada “Porta

Corredor 1” e a escadaria perto do LFE1.

Analisando os diferentes cenários e os modelos utilizados para prever a potência recebida podemos

considerar que os dois modelos testados dão uma prespectiva relativamente boa da potência

79

recebida em vários locais de espaços indoor ainda que os modelos apresentem diferenças dos

valores de medidos por vezes na ordem dos 10 dB e até por vezes mais do que isso.

Ainda assim, devido á complexidade destes espaços, e os efeitos de propagação que eles

produzem, é bastante difícil para os modelos terem em conta todos os factores que se encontram

num ambiente indoor. Isto pode conduzir, a quando se planeia uma solução que pretende fazer a

cobertura de um espaço outdoor, em conjunto com os edifícios rodeiam, a que se esteja a utilizar

potência da BS mais elevada do que na realidade seria realmente preciso, o que conduz a

desperdício de energia e de dinheiro.

Seria interessante que no futuro para a Recomendação ITU-R 1238-7 [11] fosse testada para

diferentes edifícios, mesmo dentro da mesma categoria (ex: diferentes edifícios de escritórios) de

maneira a conseguir ter uma referência para os diferentes materiais usados nestas construções como

tentar perceber até que ponto diferentes entradas do sinal e efeitos de multi-percusos afectam a

potência recebida.

Quanto ao modelo proposto para o efeito de guia de ondas em corredor, por Yarkoni e Blaunstein

[12], para além de ainda ter falta de informação como a Recomendação ITU-R 1238-7 sobre as

propriedades dos diferentes materiais das construções e como é que estas afectam parâmetros

usados nestes modelos como reflectividade e condutividade, mais importante que isso seria fazer a

ponte entre o cenário em que o emissor está dentro do próprio corredor e quando está fora do

corredor. Como já foi referido as situações que se tem cobertura indoor dedicada em que os

emissores se encontram dentro do próprio edifício são muito poucas. O trabalho aqui feito de modo a

levar este modelo para os níveis da realidade era importante continuar a ser explorado de forma a

conseguir uma referência para os factores de correção como o que foi encontrado neste trabalho. Era

importante perceber a atenuação que o sinal sofre vindo de um emissor a uma certa distância do

corredor.

5.2 Perspectivas de Trabalho Futuro

É por isso importante continuar a desenvolver trabalhos nesta área pois para além de ser uma área

de estudo relativamente nova, está constantemente a sofrer alterações devido aos avanços da

Engenharia Civil, no campo dos materiais usados em construções, como aos avanços na

Arquitectura, no campo das plantas e designs de construção.

Para além disso, sendo que aqui só se fizeram medições para a tecnologia GSM 900 era importante

saber até que podem as frequências mais elevadas das tecnologias UMTS e LTE alteram o

comportamento do sinal e se utilizando as mesmas abordagens os modelos continuam a ser válidos

para prever a potência recebida dentro dos mesmos cenários indoor.

80

Referências

[1] “Cellular Networks,” [Online]. Available: http://en.wikipedia.org/wiki/Cellular_network

[2] "1G," [Online]. Available: https://en.wikipedia.org/wiki/1G

[3] "GSM," [Online]. Available: https://en.wikipedia.org/wiki/GSM

[4] "3G,"[Online]. Available: https://en.wikipedia.org/wiki/3G

[5] "4G," [Online]. Available: https://en.wikipedia.org/wiki/4G

[6] Morten, T., “Link Budget”, in John Wiley & Sons (ed.), Indoor Radio Planing, West Sussex, UK,

2008.

[7] Correia, L.M., "Models for Signal Estimation" in Acetatos "Propagation Models", Lisboa, 2014

[8] Correia, L.M., "Okumura-Hata Model" in Acetatos "Propagation Models", Lisboa, 2014

[9] Blaunstein, N., "Average Field Attenuation in the Nonregular Impedance Street Waveguide", in

IEEE Transactions on Antennas and Propagation, VOL. 46, No. 12, December 1998, 1782-1789

[10] Chan, P., Chevallier, C., Brunner, C., Garavaglia, A., Murray, K.P. and Baker, K.R., “Indoor

Coverage”, in John Wiley & Sons (ed.), WCDMA Deployment Handbook, West Sussex, UK, 2006.

[11] ITU-R, "Pathloss Models: Site-general models" in "Recommendation ITU-R P.1238-7: Propagation data and prediction methods for the planning of indoor radiocommunication systems

and radio local area networks in the frequency range 900 MHz to 100 GHz", 2012

[12] Yarkoni, N., Blaunstein, N., "Physical Waveguide Model of Radio Propagation along the Corridor"

in "Prediction of Propagation Characteristics in Indoor Radio Communication Enviroments", in

Progress In Electromagnetics Research, PIER 59, 151–174, 2006

[13] "Huygens-Fresnel Principle," [Online]. Available: https://en.wikipedia.org/wiki/Huygens-

Fresnel_principle

[14] “GPS Multipath Efect,” [Online]. Available: https://openclipart.org/detail/191679/gps-multipath-

effect

81

[15] Keller, J. B., " Geometrical Theory of Diffraction" in Journal of Optical Society of America, VOL:52

No:12, 116-130, February 1962,

[16] “Correia, L.M., "Radio Channels" in Acetatos "Radio Interface", Lisboa, 2014

[17] Anacom, "Redes e Serviços de Comunicações Electrónicas Acessíveis ao Publico" in "Quadro

Nacional de Atribuição de Frequências" Ed: 2009/2010

[18] CAS Data Loggers, "The Basis of Signal Atenuation", July 2012

[19] Ascom, "Introdution to Tems Investigation" in "Tems Investigation User's Manual", 2013

82

Anexos

83

Anexo 1 - Planta do Piso -1 do Pavilhão Central

84

Anexo 2 – Planta do Piso 4 da Torre Norte

85

Anexo 3 – Planta do Piso 1 do Pavilhão de Civil