modelos de textos narrativos

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Conto: Biruta Lygia Fagundes Telles Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava cm dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus bracinhos finos. -- Biruta, eh, Biruta! - chamou sem se voltar. O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída. -- Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha - disse Alonso pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos. Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e ereta. Entre elas, formaram- se dois vincos, próprios de uma testa franzida do esforço de meditação. -- Leduína disse que você entrou no quarto dela -- começou o menino num tom brando. -- E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito. Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te dava uma surra e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa fazer essa cara de inocente!... Biruta deitou-se, enfiou o focinho entre as patase baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocando o chão. Seu olhar interrogativo parecia perguntar: "Mas o que foi que eu fiz, Alonso? Não me lembro de nada..." -- Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! - repetiu Alonso lavando furiosamente os pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha as mãos de velho -- Alonso, anda ligeiro com essa louça! - gritou Leduína, aparecendo por um momento na janela da cozinha. - Já está escurecendo, tenho que sair! -- Já vou indo - respondeu o menino enquanto removia a água da boca. Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por que Biruta não se emendava, por que? Por que razão não se esforçava um pouco para ser melhorzinho? Dona Zulu já andava impaciente. Leduína também. Biruta fez isso, Biruta fez aquilo... Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduína ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher os pastéis, "Alonso, você não viu onde deixei a carne?" Ele estremeceu. Biruta! Disfarçadamente, foi à garagem no fundo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ângulo de parede. Biruta estava deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.

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Page 1: Modelos de Textos Narrativos

Conto:Biruta

Lygia Fagundes Telles Alonso foi para o quintal carregando uma

bacia cheia de louça suja. Andava cm dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus bracinhos finos.

-- Biruta, eh, Biruta! - chamou sem se voltar.

O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída.

-- Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha - disse Alonso pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos.

Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e ereta. Entre elas, formaram-se dois vincos, próprios de uma testa franzida do esforço de meditação.

-- Leduína disse que você entrou no quarto dela -- começou o menino num tom brando. -- E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito. Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te dava uma surra e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa fazer essa cara de inocente!...

Biruta deitou-se, enfiou o focinho entre as patase baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocando o chão. Seu olhar interrogativo parecia perguntar:"Mas o que foi que eu fiz, Alonso? Não me lembro de nada..."

-- Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! - repetiu Alonso lavando furiosamente os pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha as mãos de velho

-- Alonso, anda ligeiro com essa louça! - gritou Leduína, aparecendo por um momento na janela da cozinha. - Já está escurecendo, tenho que sair!

-- Já vou indo - respondeu o menino enquanto removia a água da boca. Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por que Biruta não se emendava, por que? Por que razão não se

esforçava um pouco para ser melhorzinho? Dona Zulu já andava impaciente. Leduína também. Biruta fez isso, Biruta fez aquilo...

Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduína ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher os pastéis, "Alonso, você não viu onde deixei a carne?" Ele estremeceu. Biruta! Disfarçadamente, foi à garagem no fundo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ângulo de parede. Biruta estava lá deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.

Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne desaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado, "o que é que eu faço, dona Zulu?"Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo roto que a envolvia e entrou com a posta na mão

-- Está aqui Leduína. -- Mas falta um pedaço!-- Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava

com vontade de comer um bife e aproveitei quando você foi na quitanda.

-- Mas por que você escondeu o resto? - perguntou a patroa, aproximando-se

-- Por que fiquei com medo. Ele ainda tinha bem viva na memória a

dor brutal que sentira nas mãos corajosamente abertas para os golpes da escova. Lágrimas saltaram-lhe dos olhos. Os dedos foram ficando roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor obstinado com que escovara os cabelos, batendo, batendo, como se não pudesse parar mais.

-- Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãzinho!

Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas, o focinho entre as patas, piscando, piscando os olhinhos ternos. "Biruta, Biruta, apanhei por sua causa, mas não faz mal."

Biruta então ganiu sentidamente. Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as mãos. Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinha de Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?

-- Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu? Já desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.

-- Por que você não arrebenta minhas coisas? - prosseguiu o menino elevado a voz. - Você sabe que tem todas as minhas pra morder,

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não sabe? Pois agora não te dou presente de Natal, está acabado. você vai ver se ganha alguma coisa. Você vai ver!...

Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou ainda enquanto empilhava a louça na bacia. Em seguida, calou-se, esperando qualquer reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um olhar furtivo. Biruta dormia profundamente. Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam isso? Não fazia nada por mal, queria só brincar... Por que dona Zulu tinha tanta raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha tanta raiva de crianças?

Uma expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino. "Por que dona Zulu tem que ser assim? O doutor é bom, quer dizer, nunca se importou nem comigo nem com você, é como se a gente não existisse, Leduína tem aquele jeitão dela, mas duas vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende que você é que nem uma criancinha. Ah Biruta, Biruta, cresça logo, pelo amor de Deus! Cresça logo e fique um cachorro sossegado, com bastante pelo e as duas orelhas de pé! Você vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!"

-- Alonso! - Era a voz de Leduína. - Deixe de falar sozinho e traga logo essa bacia. Já está quase noite, menino.Alonso ergueu-se afobadamente. Mas antes de pegar a bacia meteu a mão na água e espargiu-a no focinho do cachorro.

-- Chega de dormir, seu vagabundo! Biruta abriu os olhos, bocejou com um

ganido e levantou-se, estirando as patas dianteiras, num longo espreguiçamento.

O menino equilibrou penosamente a bacia na cabeça. Biruta seguiu-o aos pulos, mordendo-lhe os tornozelos, dependurando-se com os dentes na barra do seu avental.

-- Aproveita, seu bandidinho! - riu-se Alonso. - Aproveita que eu estou com a mão ocupada, aproveita!

Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro. Mas Biruta esquivou-se, latindo. O menino vergou o corpo sacudido pelo riso.

-- Aí, Leduína que o Biruta judiou de mim!...A empregada pôs-se guardar rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma caçarola com batatas:

-- Olhaí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.

-- Mas só eu vou jantar? - surpreendeu-se Alonso ajeitando a caçarola no colo.

-- Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a minha festa. Você vai jantar sozinho.

Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois olhinhos brilharam no escuro: Biruta estava lá. Alonso suspirou. Era bom quando Biruta resolvia se sentar! Melhor ainda quando dormia. Tinha então a certeza de que não estava acontecendo nada. Atrégua. Voltou-se para Leduína.

-- O que o seu filho vai ganhar? -- Um cavalinho - disse a mulher. A voz

suavizou. - Quando ele acordar amanhã, vai encontrar o cavalinho dentro do sapato dele. Vivia me atormentado que queria um cavalinho, que queria um cavalinho...

Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos arroxeadas.

-- Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moças com uns saquinhos de balas e roupas. Tinha uma que já me conhecia, me dava sempre dois pacotinhos em lugar de um. A madrinha. Um dia, me deu sapato, um casaquinho de malha e uma camisa.

-- Por que ela não ficou com você? -- Ela disse uma vez que ia me levar, ela

disse. Depois, não sei por que ela não apareceu mais...

Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas em torno a vasilha. Apertou os olhos. Deles, irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo? Não prometera? Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas " a madrinha". Inutilmente a procurava entre as moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim da festa, quando então se reunia aos meninos da capela. Ah, se ela pudesse ouvi-lo! "... O bom Jesus é quem nos trazA mensagem de amor e alegria"...

-- Também é muita responsabilidade tirar crianças para criar! - disse Leduína desamarrando o avental. - Já chega os que a gente tem...Alonso baixou o olhar. E de repente sua fisionomia iluminou-se. Puxou o cachorro pelo rabo. Riu-se:

--Eh, Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! Vagabundo!... Sabe, Leduína, Biruta também vai ganhar um presente que está escondido lá debaixo do meu travesseiro. Com aquele dinheirinho que você me deu, lembra? Comprei uma bolinha de borracha, uma beleza de bola! Agora dele não vai precisar mais morder suas coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai mais mexer em nda, sabe, Ledeuína?

-- Hoje cedo ele não esteve no quarto da dona Zulu?O menino empalideceu.

Page 3: Modelos de Textos Narrativos

-- Só se foi na hora em que fui lavar o automóvel... Por que Leduína? Por quê? Que foi que aconteceu?

Ela hesitou. E encolheu os ombros. -- Nada. Perguntei à toa. A porta abriu-se bruscamente e a patroa

apareceu. Alonso encolheu-se um pouco. Sondou a fisionomia da mulher. Mas ela estava sorridente. O menino sorriu também.

-- Ainda não foi pra sua festa, Leduína? - perguntou a moça num tom afável. Abotoava os punhos do vestido de renda. - Pensei que você já estivesse saído... - E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: - Então? Preparando seu jantarzinho?O menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele não sabia o que dizer.

-- O Biruta está limpo, não está? - Prosseguiu a mulher, inclinando-se para fazer uma carícia na cabeça do cachorro. Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido e escondeu-se debaixo do fogão.

Alonso tentou encobrir-lhe a fuga: -- Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu

agora de se esconder... - Voltou-se para a patroa. E sorriu desculpando-se: - Até de mim ele se esconde. A mulher passou mão no ombro do menino:

-- Vou a uma festa onde tem um menino assim do seu tamanho. Ele adora cachorros. Então me lembrei de levar o Biruta emprestado só por esta noite. O pequeno está doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta seu Biruta só por hoje, não emnpresta? O automóvel ja está na porta. Ponha ele lá que já estamos de saída.

O rosto do menino resplandeceu num sorriso. Mas então era isso?!... Dona Zulu pedido o Biruta emprestado, precisando do Biruta!... Abriu a boca para dizer-lhe que sim, que o Biruta estava limpinho, e que ficaria contente de emprestá-lo para o menino doente, estava muito contente com isso... Mas sem dar-lhe tempo de responder, a mulher saiu apressadamente da cozinha.

-- Viu, Biruta? Você vai numa festal - exclamou Alonso, beijando repetidas vêzes o focinho do cachorro. - Você vai numa festa, seu sem-vergonha! Numa festa com crianças, com doces. com tudo! Mas pelo amor de Deus, tenha juizo, nada de desordens! Se você se comportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem? Tem um presente no seu sapato ... - acrescentou num sussurro, com a boca encostada na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.

-- Te espero acordado, Biruta ... Mas não demore muito!

O patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.

-- O Biruta, doutor... O homem voltou-se ligeiramente. Baixou

os olhos. -- Está bem, está bem. Pode deixá-lo ai

atrás. Alonso ainda beijou furtivamente o focinho

do cachorro. Em seguida, fez·lhe uma última carícia, colocou-o no assento do automóvel e afastou-se correndo.

-- Biruta vai adorar a festa! - exclamou assim que entrou na cozinha. - E lá têm doces, têm crianças, ele não quer outra coisa! - Fez uma pausa. Sentou-se. - Hoje tem festa em te da parte, não, Leduína?

A mulher já se preparava para sair. -- Decerto. Alonso pôs-se a mastigar pensativamente. -- Foi hoje que Nossa Senhora fugiu no

burrinho? -- Não, menino. Foi hoje que Jesus

nasceu. Depois então é que aquele rei manda prender os três.

Alonso concentrou-se, apreensivo: -- Sabe, Leduina, se algum rei malvado

quisesse matar o Biruta, eu me escondia com ele no meio do mato e ficava morando lá a vida inteira, só nós dois!... - Riu-se metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruido do carro que já saia. - Dona Zulu estava linda, não?

-- Estava. -- E tão boazinha também. Você não

achou que hoje ela estava boazinha? -- Estava, estava muito boazinha, sim... -

concordou a empregada. E riu-se. -- Por que você está rindo? -- Nada - respondeu ela pegando a

sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes, parecia querer dizer qualquer coisa de desagradável e por isso hesitava, contraindo a boca.

Alonso observou-a. E julgou adivinhar o que a preocupava.

-- Sabe, Leduína, você não precisa dizer para Dona Zulu que ele mordeu sua carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele, ele não vai fazer mais isso nunca mais, eu prometo que não. A mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez encarou-o. E após vacilar ainda um instante, decidiu-se:

-- Olha aqui, se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu? Ela mentiu para você, Biruta não vai mais voltar.

- Não vai o quê? - perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa. Engoliu com dificuldade o pedaço de batata que ainda tinha na boca e levantou-se. - Não vai o quê, Leduína?

-- Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé de meia que estava

Page 4: Modelos de Textos Narrativos

no chão. Ela ficou daquele jeito. Mas não te disse nada e agora de tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei toda a conversa dela com o doutor: que não queria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje mesmo, e mais isso, e mais aquilo... O doutor pediu para ela esperar, que amanhã dava um jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o cachorro bem longe daqui e depois seguem para a festa. Amanhã ela vinha dizer que o cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa história de enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o Biruta não vai voltar.

Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abriu a boca.

A voz era um sopro quase inaudível: -- Não? .. Ela perturbou-se. -- Que gente também! - explodiu. Bateu

desajeitadamente no ombro do menino. - Não se importe, não, filho. Vai, vai jantar...

Ele deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar de velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-se à garagem. A porta de ferro estava erguida. A luz do luar, uma luz branca e fria, chegava até a borda do colchão desmantelado.

Alonso cravou os olhos brilhantes e secos num pedaço de osso roído, meio encoberto sob um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. E estendeu a mão tateante. Tirou debaixo do travesseiro uma bola de borracha.

-- Biruta - chamou baixinho. - Biruta... - repetiu. E desta vez só os lábios se moveram e não saiu som algum.

Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, imóvel, segurando a bola.

Depois apertou-a fortemente contra o peito, como se quisesse enterrá-la no coração.

Crônica:

O PadeiroPor Rubem Braga

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem

modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

-- Não é ninguém, é o padeiro!Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia

de gritar aquilo?"Então você não é ninguém?"Ele abriu um sorriso largo. Explicou que

aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"E assobiava pelas escadas.

Fábula:

O galo e a raposaO galo cacarejava em cima de uma

árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.

--Você já ficou sabendo da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.

--Não. Que novidade é essa?--Acaba de ser assinada uma

proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.

--Isso parece inacreditável! – comentou o galo.

--Vamos, desça da árvore que eu lhe darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.

Page 5: Modelos de Textos Narrativos

O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa. Então, fingiu estar vendo alguém se aproximando.

--Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.

--Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.

--Bem...nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.

--O que é isso, raposa? Você está com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a temer. Os cães de caça não vão atacá-la como costumava fazer.

--Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!

E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço.

Moral: é preciso ter cuidado com amizades repentinas.

Parábola:Parábola do Joio e do Trigo

“ O Reino dos Céus, disse o Cristo, é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, enquanto os servos dormiam, veio um inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e retirou-se. Quando a erva cresceu e deu fruto, então apareceu também o joio. Chegando os servos ao dono do campo, disseram-lhe: - Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde, pois, vem o joio? E ele lhes disse: - Homem inimigo é que fez isso. Os servos continuaram: - Queres, então, que o arranquemos? Não, respondeu ele, para que não suceda que, tirando o joio, arranqueis com ele também o trigo. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: -Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar; mas o trigo recolham no meu celeiro" (Mateus, 13:24-30).

Apólogo

Havia no alto de uma montanha três árvores, que cresciam e sonhavam juntas. Sonhavam, principalmente, o que seriam depois de grandes. E assim, todo dia, repetiam entre si, seus sonhos.

A primeira, olhando as estrelas, dizia: "Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. E, para tanto, até me disponho a ser cortada".

A segunda, sempre que olhava o riacho a correr, suspirava: "Eu quero ser um navio grande para transportar reis e rainhas".

A terceira que amava aquele vale, que pulsava em vida, anunciava: "Quero ficar aqui, no

alto da montanha, e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem os olhos e pensem na grandiosidade de Deus". Passado muitos anos, um dia, três lenhadores subiram a montanha e as cortaram. As duas primeiras, vibravam, ansiosas, em serem transformadas naquilo que sonhavam, porém a terceira, nem tanto.

Mas os lenhadores não costumavam ouvir ou entender sonhos de árvores. E a primeira acabou sendo transformada em um cocho, aonde os animais vinham comer. A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas, carga e peixes. A terceira, foi cortada em grossas vigas, e quase todas, usadas na construção um estábulo para os animais, somente duas foram guardadas num depósito à espera de utilização.

Desiludidas e tristes as três irmãs árvores se perguntavam: Por quê?

Eis que, numa noite, uma jovem mulher, prestes a dar à luz, e seu marido José não encontrando lugar nas hospedarias, colocou seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais. A primeira árvore, então, percebeu que abrigava o maior tesouro do mundo e que Deus não só realizara o seu sonho como ainda a privilegiara entre todas as árvores do mundo. E deu glória a Deus.

Anos mais tarde esse menino, agora homem, entrou num barco - o mesmo em que a segunda árvore havia se transformado-, e nele acabou dormindo, quando uma tempestade abateu-se sobre a embarcação. O homem levantou-se e disse: "Que se faça a bonança"! E veio a calma e a tranquilidade no mar revolto; e a árvore, compreendeu que estava transportando o rei do céu e da terra, que estava recebendo de Deus muito mais do que pedira.

Outros três anos se passaram. E numa fatídica sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e nela um homem foi deitado e pregado. A princípio, a terceira árvore, sentiu-se horrível e cruel. Mas, dois dias depois, aquele que em suas vigas tinha sido crucificado, ressuscitava dos mortos para subir ao céu. E a terceira árvore percebeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de seu Filho ao olharem para aquela cruz.

As árvores haviam tido sonhos e desejos... E os julgaram perdidos. Porém eles aconteceram, e foi maior do que haviam imaginado. Assim, digo-lhes: nunca deixe de acreditar em seus sonhos, mesmo que, aparentemente, eles sejam impossíveis de se realizar.

Anedota:

Page 6: Modelos de Textos Narrativos

Mário estava passeando pela avenida de uma praia fora da época, a praia estava vazia. Mais à frente, acha uma lâmpada, e obviamente a esfrega. Da lâmpada sai um gênio que diz para Mário fazer um pedido, pois estamos em época de crise, diz o gênio. Então Mário pede:

-- Olha, eu quero que você faça pontes ligando todos os continentes, Europa ligando Ásia, ligada com América, enfim para que eu possa visitá-los sem essa de viajar de avião...

O gênio responde:-- Pô cara, pede uma coisa mais simples,

menos complicada, imagina, fazer pontes ligando os continentes, dá muito trabalho.

Mário então faz outro pedido;-- Então me dê um manual de como

entender as mulheres.O gênio pensa, pensa e responde:-- Bom, você quer as pontes com duas ou

três pistas

Lenda:O BOTO

É o mais importante habitante encantado do rio Amazonas. Nas altas horas da noite, propriamente à meia noite ele se transforma em gente.Anda em cima dos paus das beiradas do rio, de preferência sobre os buritizeiros tombados nas margens.

Veste roupa branca e usa um chapéu branco para ocultar uma abertura no alto da cabeça por onde sai um forte cheiro de peixe e hálito de maresia. Ele aparece nas festas tão elegante que encanta e seduz as donzelas. Dança a noite toda com as mais jovens e mais bonitas da festa. Sai com elas para passear e antes da madrugada pula na água e volta à forma primitiva de peixe, deixando as moças sempre grávidas.

Além de sedutor e fecundador é conhecido também como o pai das crianças de paternidade desconhecida, pois as mães solteiras o acusam de ser o pai de suas crianças.

O Boto-homem é obcecado por mulheres, sente o cheiro feminino a grandes distâncias. Para evitar que ele apareça esfrega-se alho na canoa, nos portos e nos lugares onde ele gosta de aparecer.

Relato Pessoal: Depoimento:

MINHA PRIMEIRA PROFESSORAA primeira presença em meu aprendizado

escolar que me causou impacto, e causa até hoje, foi uma jovem professorinha. É claro que eu uso esse termo, professorinha, com muito afeto. Chamava-se Eunice Vasconcelos (1909-1977), e

foi com ela que eu aprendi a fazer o que ela chamava de "sentenças".

Eu já sabia ler e escrever quando cheguei à escolinha particular de Eunice, aos 6 anos. Era, portanto, a década de 20. Eu havia sido alfabetizado em casa, por minha mãe e meu pai, durante uma infância marcada por dificuldades financeiras, mas também por muita harmonia familiar. Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal.

Não houve ruptura alguma entre o novo mundo que era a escolinha de Eunice e o mundo das minhas primeiras experiências - o de minha velha casa do Recife, onde nasci, com suas salas, seu terraço, seu quintal cheio de árvores frondosas. A minha alegria de viver, que me marca até hoje, se transferia de casa para a escola, ainda que cada uma tivesse suas características especiais. Isso porque a escola de Eunice não me amedrontava, não tolhia minha curiosidade.

Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho hoje, e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e particularmente os da linguagem brasileira, a chamada língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse, mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena: "Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente tem de falar!..." É como se ela me tivesse chamado.Eu me entregava com prazer à tarefa de "formar sentenças". Era assim que ela costumava dizer. Eunice me pedia que colocasse numa folha de papel tantas palavras quantas eu conhecesse. Eu ia dando forma às sentenças com essas palavras que eu escolhia e escrevia. Então, Eunice debatia comigo o sentido, a significação de cada uma.

Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua - os verbos, seus modos, seus tempos... A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.Mais tarde ficamos amigos. Mantive um contato próximo com ela, sua família, sua irmã Débora, até o golpe de 1964. Eu fui para o exílio e, de lá, me correspondia com Eunice. Tenho impressão de que durante dois anos ou três mandei cartas para ela. Eunice ficava muito contente.

Não se casou. Talvez isso tenha alguma relação com a abnegação, a amorosidade que a gente tem pela docência. E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio

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da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida.

Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: "Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá' (Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola em dezembro de 1994).

DiárioMeu querido diário…

Escrever um diário é uma coisa que nunca fiz durante a minha adolescência. Até porque nessa época a gente tinha mesmo eram as agendas que mal fechavam de tanto bagulho anexado. Tinha convite de festa, guardanapo usado, foto da galera, tampinha de garrafa, flor seca, papel de bombom, ingresso de show e por ai vai.

As benditas agendas nem fechavam. As minhas mesmo, pesavam mais de um quilo. Mas voltando aos dias de hoje… Desde 2003 resolvi escrever um diário e para a minha FELICIDADE não parei mais. Anos depois continuo firme na certeza que ele é o registro da minha vida. Fiz pensando no futuro, no meu filho, nos netos que um dia terei, nos meus sobrinhos que terão a deliciosa surpresa de saber como se vivia na minha geração.

No meu diário falo das coisas do dia-a-dia, das novelas, dos filmes, dos comerciais de TV, das notícias, da tecnologia ou de uma receita que testei, ou de uma pessoa incrível que reencontrei, enfim de TUDO, e claro que de mim também. Gosto de falar das histórias que marcam a minha vida, dos natais, dos aniversários, das surpresas.

Não fui em busca de um diário com cadeado e uma linda capa de couro ou coisa parecida. Comecei com um caderno, passei pra outro e ai para uma agenda velha e depois outra. Preocupo-me sim é em encher as páginas em branco com as minhas peripécias pela VIDA. Mas tem uma coisa que eu não revelo no diário: tristeza!! Por ele só passam as alegrias, assim quando releio me encho de ESPERANÇA novamente e quero dar esta alegria a todos que um dia o lerem.

Notícia Policial

PM apreende fios roubados de energia elétrica

Suspeito já havia roubado fios do progama Federal luz para todos

A Polícia Militar apreendeu, na última segunda-feira (28), no distrito de Cajazeiras, zona rural do município de Itupiranga, cerca de 800 metros de fios da rede de energia elétrica.

Em entrevista, o cabo Pinheiro, que comanda o destacamento da Polícia Militar naquele distrito, disse que a ação de ladrões já vinha sendo investigada pela polícia desde que a PM começou a receber denúncias de desaparecimento de fios de energia e também de transformadores. Segundo a Polícia, o material estaria sendo roubado por um homem identificado apenas como “Denis” ou “Denir”.

Ainda de acordo com o cabo PM Pinheiro, o acusado se passava por funcionário da prefeitura e assim aplicava o golpe nos colonos da região. O militar contou que Denis já vinha atuando naquela região e enganava os trabalhadores, retirando os fios em nome da prefeitura e do programa federal “Luz Para todos”. “Denis” fugiu ao perceber a presença da polícia.

APREENSÃO DE MOTONa mesma operação, os policiais

apreenderam também uma moto POP-100 de cor preta, que, segundo a polícia, é de propriedade de João Batista, acusado de ter cometido um homicídio há quase dois anos em Cajazeiras. Os policiais disseram que João Batista fugiu ao perceber que a polícia estava chegando naquele local, zonal de Itupiranga, conhecido com região da estrada velha da Transamazônica.

A moto e os fios apreendidos foram entregues na Delegacia de Itupiranga. O cabo Pinheiro explicou que o prejuízo chegou a mais de RS 21.000,00. A Polícia Civil da Itupiranga informou que vai intensificar as investigações sobre o assunto, na tentativa de prender os culpados

Boletim de ocorrência:

EXEMPLO DE PEDIDO DE LAVRAÇÃO DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA E ABERTURA DE

INQUÉRITO, À DELEGACIA DE POLÍCIA 

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO TITULAR DA ____ DELEGACIA.  CIDADÃO DA SILVA (NOME COMPLETO), brasileiro, estudante (PROFISSÃO), residente e domiciliado na rua da cidadania, n0 1988, bairro da Justiça, Natal - RN, vem, perante Vossa Senhoria, apresentar PEDIDO DE LAVRAÇÃO DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA E ABERTURA DE INQUÉRITO CONTRA O SR. DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS (NOME COMPLETO), residente e domiciliado na Rua dos

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Violadores da Liberdade, sem número, nesta Capital (caso o agressor seja desconhecido, pode-se fornecer características ou evidências que permitam uma possível identificação, como o local de trabalho, ambiente que costuma frequentar, características físicas, etc.), pelo que passa a expor:  01. No dia ___________ (citar o dia, mês e ano), às ______ (indicar o horário), nas proximidades ________________ (especificar o local), sofreu-se uma discriminação por orientação sexual.  02. Naquela oportunidade ______________ (especificar o fato ocorrido, por exemplo: mau atendimento em um estabelecimento comercial, tratamento diferenciado, ‘convite’ para se retirar do local ou usar roupa “adequada’, agressão física, brincadeiras pejorativas e de mau gosto, etc.).  03. Tem-se a consciência de que o homossexual, enquanto cidadão, não pode sofrer discriminações pela sua orientação sexual, conforme dispõe o art. 7º, XVII da Lei Orgânica Municipal e o art. 1º da Lei Promulgada nº 152/8, os quais proíbem a prática de qualquer discriminação por orientação sexual no âmbito do Município de Natal. Ademais, a própria Constituição Federal, em seu art. 5º, afirma que todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.  04. Diante da ocorrência desta situação, requer-se a Vossa Senhoria a lavração do devido Boletim de Ocorrência e abertura de inquérito contra o ofensor. Requer-se também (em casos de agressão física), o encaminhamento ao ITEP para realização de exame de corpo de delito.  Nestes termos, pede deferimento.  Natal, 28 de junho de 2001.  _______________________________ ASSINATURA DO REQUERENTE  OBS.1: quanto mais informações puderem ser fornecidas, melhor será para a preciação do fato. Pode-se também ir diretamente à Delegacia e “prestar queixa” acerca do fato ocorrido.OBS. 2: se houver testemunha do fato, deve-se informar imediatamente.    EXEMPLO DE PEDIDO DE LAVRAÇÃO DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA E ABERTURA DE INQUÉRITO, À DELEGACIA DE POLÍCIA 

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO TITULAR DA 5ª DELEGACIA.  CIDADÃO DA SILVA, brasileiro, estudante, residente e domiciliado na rua da cidadania, n0

1988, bairro da Justiça, Natal - RN, vem, perante Vossa Senhoria, apresentar PEDIDO DE LAVRAÇÃO DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA E ABERTURA DE INQUÉRITO CONTRA O SR. DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS, residente e domiciliado na Rua dos Violadores da Liberdade, sem número, nesta Capital e a loja FOBIA MÓVEIS, pelo que passa a expor:  Dl. No dia 21.06.00, às 15 hs e 30 min, na loja FOBIA MÓVEIS, situada na Av. Rio Branco, 00 282828, Centro, sofreu-se uma discriminação por orientação sexual.  02. Naquela oportunidade, ao se tentar comprar um objeto de decoração, sentiu-se que o gerente da loja não estava atendendo de forma educada, quando em determinado instante o mesmo afirmou que a loja não aceitava a presença de homossexuais no recinto, pedindo para que fosse procurar em algum outro lugar que atendesse a esse tipo de pessoa. Embora tenha se tentado dialogar, o mesmo foi intransigente.  03. Tem-se a consciência de que o homossexual, enquanto cidadão, não pode sofrer discriminações pela sua orientação sexual, conforme dispõe o art. 70, XVII da Lei Orgânica Municipal e o art. 10 da Lei Promulgada n0 152/8, os quais proíbem a prática de qualquer discriminação por orientação sexual no âmbito do Município de Natal. Ademais, a própria Constituição Federal, em seu art. 50, afirma que todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.  04. Diante da ocorrência desta situação, requer-se a Vossa Senhoria a lavração do devido Boletim de Ocorrência e abertura de inquérito contra o ofensor.  Nestes termos, pede deferimento.  Natal, 28 de junho de 2001.    _______________________________ ASSINATURA DO REQUERENTE  OBS. neste caso hipotético, deve-se nomear o estabelecimento comercial como agente ofensor, haja vista a atitude do funcionário refletir a conduta da loja, ensejando, inclusive, a proposição de uma ação de indenização por danos morais.

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  MODELO DE DENÚNCIA AO CONSELHO DE

DEFESA DOSDIREITOS DA MULHER E DAS MINORIAS

  ILUSTRÍSSIMA SENHORA PRESIDENTE DO CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DAS MULHERES E MINORIAS  CIDADÃO DA SILVA, brasileiro, estudante, residente e domiciliado na ma da cidadania, n0

1988, bairro da Justiça, Natal - RN, vem, perante Vossa Senhoria, apresentar DENÚNCIA CONTRA O SR. DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS, residente e domiciliado na Rua dos Violadores da Liberdade, sem número, nesta Capital e a loja FOBIA MÓVEIS, pelo que passa a expor:  01. No dia ____________ (citar o dia, mês e ano), às ______ (indicar o horário), nas proximidades __________________ (especificar o local), sofreu-se uma discriminação por orientação sexual.  02. Naquela oportunidade ________________ (especificar o fato ocorrido, por exemplo: mau atendimento em um estabelecimento comercial, tratamento diferenciado, ‘convite” para se retirar do local ou usar roupa “adequada”, agressão física, brincadeiras pejorativas e de mau gosto, etc.).  03. Tem-se a consciência de que o homossexual, enquanto cidadão, não pode sofrer discriminações pela sua orientação sexual, conforme dispõe o art. 70, XVII da Lei Orgânica Municipal e o art. 1º da Lei Promulgada n0 152/8, os quais proíbem a prática de qualquer discriminação por orientação sexual no âmbito do Município de Natal. Ademais, a própria Constituição Federal, em seu art. 5º, afirma que todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.  04. Diante da ocorrência desta situação, requer-se a Vossa Senhoria o recebimento desta Denúncia, oficiando a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, para que proceda a aplicação das penalidades previstas no art. 30 da Lei 152/98.  05. Apresenta-se cópia do BO lavrado na _____ Delegacia desta Capital.  Nestes termos, pede deferimento.  Natal, 28 de junho de 2001.  ________________________________

ASSINATURA DO DENUNCIANTE    EXEMPLO DE DENÚNCIA AO CONSELHO DE

DEFESA DOSDIREITOS DA MULHER E DAS MINORIAS

  ILUSTRÍSSIMA SENHORA PRESIDENTE DO CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DAS MULHERES E MINORIAS.  CIDADÃO DA SILVA, brasileiro, estudante, residente e domiciliado na rua da cidadania, n0

1988, bairro da Justiça, Natal RN, vem, perante Vossa Senhoria, apresentar DENÚNCIA CONTRA O SR. DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS, residente e domiciliado na Rua dos Violadores da Liberdade, sem número, nesta Capital e a loja FOBIA MOVEIS, pelo que passa a expor:  01. No dia 21.06.00, às 15 hs e 30 min, na loja FOBIA MÓVEIS, situada na Av. Rio Branco, n0

282828, Centro, sofreu-se uma discriminação por orientação sexual.  02. Naquela oportunidade, ao se tentar comprar um objeto de decoração, sentiu-se que o gerente da loja não estava atendendo de forma educada, quando em determinado instante o mesmo afirmou que a loja não aceitava a presença de homossexuais no recinto, pedindo para que fosse procurar em algum outro lugar que atendesse a esse tipo de pessoa. Embora tenha se tentado dialogar, o mesmo foi intransigente.  03. Tem-se a consciência de que o homossexual, enquanto cidadão, não pode sofrer discriminações pela sua orientação sexual, conforme dispõe o art. 70, XVII da Lei Orgânica Municipal e o art. 1º da Lei Promulgada n0 152/8, os quais proíbem a prática de qualquer discriminação por orientação sexual no âmbito do Município de Natal. Ademais, a própria Constituição Federal, em seu art. 5º, afirma que todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.  04. Diante da ocorrência desta situação, requer-se a Vossa Senhoria o recebimento desta Denúncia, oficiando a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, para que proceda a aplicação das penalidades previstas no art. 30 da Lei 152/98.  05. Apresenta-se cópia do BO lavrado na 5ª Delegacia desta Capital.  Nestes termos, pede deferimento.  Natal, 28 de junho de 2001.

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  _________________________________ ASSINATURA DO DENUNCIANTE