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MODELOS DE PREVISÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO PARA INTERSEÇÕES DE VIAS ARTERIAIS URBANAS O CASO DE TAGUATINGA/DF Giovana Freire de Moura Claude Maria Alice Prudêncio Jacques Universidade de Brasília UnB Departamento de Engenharia Civil e Ambiental Alan Ricardo da Silva Universidade de Brasília UnB Departamento de Estatística Jocilene Otília da Costa Universidade do Minho Departamento de Engenharia Civil. RESUMO Visando contribuir para a solução dos problemas de segurança viária nas cidades do Distrito Federal, o objetivo deste trabalho foi o de desenvolver um modelo de previsão de acidentes (MPA) para interseções localizadas em vias arteriais urbanas da cidade de Taguatinga. Esse desenvolvimento levou em consideração dados de volume diário médio anual de tráfego (VDMA), número de acidentes, bem como de outros elementos característicos de algumas interseções dessas vias no período de 2005 a 2010. Para a calibração dos diferentes modelos avaliados foi empregada a técnica de equações de estimação generalizadas (EEG). Os modelos que melhor se ajustaram aos dados amostrais revelaram a influência do VDMA na frequência de acidentes nas interseções de Taguatinga e, também, que a presença dos equipamentos de fiscalização eletrônica de avanço do sinal vermelho possui um impacto positivo na redução da frequência desses acidentes. Futuros trabalhos visando o aprimoramento dos modelos são recomendados. ABSTRACT Due to road safety problems in the Federal District, Brazil, the purpose of this study was to develop an accident prediction model (APM) for intersections located in the urban arterial roads of Taguatinga, a Brazilian city. This development took into account the annual average daily traffic volume (AADT) and the number of accidents of the some intersections of these roads in the period from 2005 to 2010 as well as other characteristic features of the selected intersections. The technique of generalized estimating equations (GEE) was used for calibration of different models. The APMs that best fit the sample data showed the influence of AADT in the frequency of accidents at the intersections of Taguatinga city and also that the presence of red-light electronic surveillance equipment has a positive impact in reducing the number of accidents. Future works towards the models improvement are recommended. 1. INTRODUÇÃO O elevado número de acidentes de trânsito observados no Brasil e no mundo (OMS, 2009) revela a necessidade da realização de estudos técnico-científicos visando a redução, sobretudo, do número de vidas perdidas nessas ocorrências. Uma das técnicas bastante utilizada em estudos de segurança viária consiste na elaboração de Modelos de Previsão de Acidentes (MPAs), que levam em consideração o conhecimento histórico sobre essas ocorrências no local de interesse. Esses modelos relacionam o número de acidentes de trânsito com atributos geométricos e de operação da via e, devido a essa característica, podem atuar como importante ferramenta para a decisão com relação à aplicação de recursos voltados à promoção da segurança viária, bem como para avaliar o desempenho de intervenção realizada com esse propósito. Apesar de sua importância, são poucos os MPAs disponíveis para cidades brasileiras. Dentre os motivos para essa situação destaca-se a dificuldade dos órgãos de trânsito em manter base de dados de acidentes com registros atualizados e confiáveis, além de dados do volume de tráfego nas principais vias das cidades. Neste contexto, está em fase de

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MODELOS DE PREVISÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO PARA

INTERSEÇÕES DE VIAS ARTERIAIS URBANAS – O CASO DE

TAGUATINGA/DF

Giovana Freire de Moura Claude

Maria Alice Prudêncio Jacques Universidade de Brasília – UnB

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental

Alan Ricardo da Silva Universidade de Brasília – UnB

Departamento de Estatística

Jocilene Otília da Costa Universidade do Minho

Departamento de Engenharia Civil.

RESUMO

Visando contribuir para a solução dos problemas de segurança viária nas cidades do Distrito Federal, o

objetivo deste trabalho foi o de desenvolver um modelo de previsão de acidentes (MPA) para interseções

localizadas em vias arteriais urbanas da cidade de Taguatinga. Esse desenvolvimento levou em

consideração dados de volume diário médio anual de tráfego (VDMA), número de acidentes, bem como

de outros elementos característicos de algumas interseções dessas vias no período de 2005 a 2010. Para a

calibração dos diferentes modelos avaliados foi empregada a técnica de equações de estimação

generalizadas (EEG). Os modelos que melhor se ajustaram aos dados amostrais revelaram a influência do

VDMA na frequência de acidentes nas interseções de Taguatinga e, também, que a presença dos

equipamentos de fiscalização eletrônica de avanço do sinal vermelho possui um impacto positivo na

redução da frequência desses acidentes. Futuros trabalhos visando o aprimoramento dos modelos são

recomendados.

ABSTRACT

Due to road safety problems in the Federal District, Brazil, the purpose of this study was to develop an

accident prediction model (APM) for intersections located in the urban arterial roads of Taguatinga, a

Brazilian city. This development took into account the annual average daily traffic volume (AADT) and

the number of accidents of the some intersections of these roads in the period from 2005 to 2010 as well

as other characteristic features of the selected intersections. The technique of generalized estimating

equations (GEE) was used for calibration of different models. The APMs that best fit the sample data

showed the influence of AADT in the frequency of accidents at the intersections of Taguatinga city and

also that the presence of red-light electronic surveillance equipment has a positive impact in reducing the

number of accidents. Future works towards the models improvement are recommended.

1. INTRODUÇÃO

O elevado número de acidentes de trânsito observados no Brasil e no mundo (OMS,

2009) revela a necessidade da realização de estudos técnico-científicos visando a

redução, sobretudo, do número de vidas perdidas nessas ocorrências. Uma das técnicas

bastante utilizada em estudos de segurança viária consiste na elaboração de Modelos de

Previsão de Acidentes (MPAs), que levam em consideração o conhecimento histórico

sobre essas ocorrências no local de interesse. Esses modelos relacionam o número de

acidentes de trânsito com atributos geométricos e de operação da via e, devido a essa

característica, podem atuar como importante ferramenta para a decisão com relação à

aplicação de recursos voltados à promoção da segurança viária, bem como para avaliar

o desempenho de intervenção realizada com esse propósito.

Apesar de sua importância, são poucos os MPAs disponíveis para cidades brasileiras.

Dentre os motivos para essa situação destaca-se a dificuldade dos órgãos de trânsito em

manter base de dados de acidentes com registros atualizados e confiáveis, além de dados

do volume de tráfego nas principais vias das cidades. Neste contexto, está em fase de

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desenvolvimento um projeto apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico – CNPq, no âmbito do Edital MCT/CNPq no 18/2009,

intitulado “Modelos de Previsão de Acidentes do Trânsito em Vias Urbanas

Brasileiras”, sob a coordenação da Universidade Federal do Ceará (Cunto, 2009). O

trabalho descrito neste artigo foi desenvolvido no âmbito do referido projeto, e tem

como objetivos o desenvolvimento de um método para elaboração de MPAs para

interseções localizadas em vias arteriais urbanas e a aplicação desse método para a

cidade de Taguatinga, no Distrito Federal.

A cidade de Taguatinga foi selecionada para a realização do presente trabalho por

possuir características organizacionais similares às demais cidades envolvidas no

projeto nacional e, também, porque é uma das três regiões administrativas (RAs) do

Distrito Federal com maior número de acidentes de trânsito com vítimas, ficando atrás

apenas de Brasília (ver Tabela 1).

Tabela 1: RAs do Distrito Federal com maior número de acidentes – Ano 2010

Região

Administrativa

Acidentes de Trânsito por Tipo Em número de

UPSm (*) Com Morte Com Ferido Total

Brasília 21 1256 1277 6553

Taguatinga 25 989 1014 5270

Ceilândia 16 854 870 4478

(*) UPSm – Unidade Padrão de Severidade Modificada = (no de acidentes com ferido x 5)+( no de acidentes com mortes x 13)

Fonte: adaptado de DETRAN-DF, 2011

O presente artigo está organizado em cinco seções, incluindo essa seção de introdução.

Na segunda seção é apresentada uma breve revisão bibliográfica sobre aspectos teóricos

dos MPAs elaborados para interseções e alguns modelos desenvolvidos no Brasil e no

exterior. Na terceira seção é apresentado o método proposto para aplicação ao caso das

interseções de vias arteriais urbanas, e na Seção 4 é mostrada a aplicação desse método

ao caso da cidade de Taguatinga, juntamente com os resultados obtidos. A Seção 5

contém as conclusões do trabalho e as recomendações para sua continuidade.

2. MODELOS DE PREVISÃO DE ACIDENTES PARA INTERSEÇÕES

Os Modelos de Previsão de Acidentes (MPAs) são modelos estatísticos que tem por

finalidade determinar uma taxa esperada de acidentes a partir de variáveis que refletem

as condições geométricas do local considerado (segmento viário ou interseção) e da

operação do tráfego. Em função da elevada dispersão dos dados de acidentes, a

elaboração dos modelos considera estrutura de erro seguindo a distribuição de Poisson

ou a Binomial Negativa. Essa última distribuição é recomendada quando a dispersão

dos dados é incompatível com o pressuposto de igualdade entre a média e a variância

dos dados, assumido na distribuição de Poisson (Lord e Mannering, 2010).

Quando os dados disponíveis referem-se a um determinado período de tempo (dados

transversais), a técnica mais adequada para a calibração dos MPAs é a dos modelos

lineares generalizados (MLG), que permite a consideração da não-normalidade dos

erros. Para o caso da base de dados incluir observações ao longo de períodos de tempo

sucessivos (dados longitudinais), para a calibração dos MPAs com estrutura de erros de

Poisson ou Binomial Negativa a técnica mais adequada é a denominada Equações de

Estimação Generalizadas (EEG), derivada do MLG (Lord e Persaud, 2000; Venezuela,

2008). Esta técnica permite a verificação da estrutura de correlação dos dados

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longitudinais que pode ser: independente, intercambiável, autoregressiva, e não-

estruturada (Wang e Abdel-Aty, 2006).

2.1. MPAs para interseções desenvolvidos no Brasil

Dois estudos voltados à elaboração de MPAs para interseções de cidades brasileiras

podem ser destacados. São eles: estudo realizado para a cidade de Belo Horizonte por

Barbosa e Costa (2011); e estudo para Fortaleza, desenvolvido por Cunto et al. (2011).

A partir do estudo das interseções semaforizadas localizadas na área central de Belo

Horizonte foram desenvolvidos modelos lineares generalizados (MLG), com

distribuição de probabilidade do tipo Poisson (ver Equação 1) e Binomial Negativa

(Equação 2).

( ) ( ) (1)

( ) ( ) (2)

em que:

Y = número esperado de acidentes;

X = volume diário médio anual.

Os dados sobre os acidentes de trânsito ocorridos em 2009 nas 92 interseções

selecionadas para compor a amostra foram obtidos junto a BHTRANS. Os dados de

volume foram obtidos a partir de contagens de tráfego com 24 horas de duração nas

interseções da amostra, que foram posteriormente expandidos para a determinação do

VDMA com base em fatores de expansão obtidos de postos de contagem permanente de

tráfego, localizados na área do estudo. Os autores concluíram que o modelo com a

distribuição Binomial Negativa mostrou-se melhor para o ajuste dos dados.

O modelo de previsão de acidentes desenvolvido por Cunto et al. (2011) para a cidade

de Fortaleza permite estimar o número total de acidentes de trânsito em interseções

semaforizadas a partir de seus atributos físicos e operacionais. Foi selecionada uma

amostra de 101 interseções para o processo de modelagem, sendo consideradas quatro

variáveis preditoras: volume diário médio anual (VDMA), número total de faixas nas

aproximações da interseção; número total de aproximações; e presença ou não de

canteiro central. Os dados sobre os acidentes foram obtidos no banco de dados do

Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito de Fortaleza (SIATFOR), e o VDMA

foi estimado com base em dados de fluxo veicular armazenados no banco de dados do

CTAFOR e em fatores de expansão. O modelo selecionado pelos autores como o mais

adequado dentre os diferentes modelos avaliados é mostrado na Equação 3.

- (3)

em que:

Y = número total esperado de acidentes de trânsito;

VDMA = volume diário médio anual;

Nfx = número de faixas de trânsito em todas as aproximações da interseção.

2.2. MPAs para interseções desenvolvidos em outros países

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Gomes (2010) faz uma ampla revisão de modelos para previsão de acidentes em

interseções, desenvolvidos em estudos realizados em diferentes países. Alguns desses

estudos tiveram como foco a previsão do número de atropelamentos, como é o caso dos

modelos desenvolvidos por Garder (2004) e Turner et al. (2006). Outros focaram na

previsão do número total de acidentes, como nos modelos propostos por Lord e Persaud

(2000) e Greibe (2003). E outros, ainda, visaram modelar tanto a frequência de

atropelamentos quanto a dos outros acidentes com vítimas, como Gomes (2010).

A maioria dos modelos desenvolvidos para interseções são modelos simplificados que

consideram somente as variáveis ligadas à exposição ao risco de acidentes em

interseções (volume diário médio de veículos e, nos modelos de atropelamentos,

também de pedestres). Variáveis relacionadas à geometria da interseção e ao tipo de

controle somente são encontradas em alguns modelos. Em geral, a consideração dessas

variáveis é feita mediante a elaboração de MPAs específicos para determinadas

condições (por exemplo, Lord e Persaud, 2000 e Gomes, 2010).

3. MÉTODO PROPOSTO PARA ELABORAÇÃO DO MPA

O método proposto para o desenvolvimento de um MPA referente a interseções

localizadas em vias arteriais urbanas está estruturado em nove etapas, que são

brevemente descritas a seguir.

3.1. Etapa 1: Identificação das vias arteriais da área de estudo

Visa identificar junto ao órgão gestor quais as vias urbanas da área de estudo que são

classificadas como arteriais.

3.2. Etapa 2: Análise preliminar das interseções presentes em cada via arterial

Seu propósito é analisar as principais características das vias arteriais e respectivas

interseções, tais como: condição geral da geometria da via; classes das vias

interceptantes nas diferentes interseções; tipo de controle do tráfego em cada interseção;

características gerais da ocupação das áreas lindeiras; presença de equipamentos de

fiscalização eletrônica em uma ou mais aproximações. Deve, também, definir a área no

entorno do cruzamento onde serão observados os acidentes atribuídos a cada interseção.

A partir da revisão de diferentes critérios voltados à definição dessa área (Mountain e

Fawaz, 1996; Harwood et al., 2000; Gomes, 2010; AASHTO, 2010), define-se no

presente método que acidentes ocorridos na área do cruzamento ou até a uma distância

de 20 metros da linha de retenção (em aproximações onde esta linha está devidamente

demarcada) ou do prolongamento do meio-fio de cada via interceptante (nos casos sem

linha de retenção pintada no pavimento) podem ser atribuídos à interseção.

3.3. Etapa 3: Seleção preliminar das interseções que integrarão a amostra

Esta seleção deve ser realizada de modo aleatório, sem guardar qualquer relação com a

ocorrência de acidentes. Para garantir uma cobertura efetiva da população-alvo do

estudo sem perder a característica de aleatoriedade do processo de seleção, recomenda-

se a amostragem probabilística sistemática. Para cada via arterial, isto implica em

selecionar, por exemplo, uma interseção a cada número “X” de interseções, a ser

definido pelo pesquisador, ou interseções espaçadas entre si de uma distância pré-

estabelecida. As condições a serem consideradas na amostragem dependem da definição

da população-alvo do estudo (se todos os tipos de interseção ou algum tipo especial de

interseção com relação à geometria e/ou ao controle do tráfego), do tamanho da

população-alvo na área de estudo e do número máximo de interseções que podem ser

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incluídas na pesquisa em função de restrições na futura coleta de dados, sobretudo de

volumes e acidentes. O produto dessa etapa é um conjunto de interseções candidatas

para integrar a amostra do estudo.

3.4. Etapa 4: Coleta de dados complementares das interseções candidatas

Esta etapa é realizada sempre que o estudo levar em conta, para cada interseção, dados

de acidentes correspondentes a um período de tempo superior a um ano, desagregados

ano a ano. Isto é, quando o estudo considerar uma base de dados longitudinais. Neste

caso, deve ser verificado se houve, ao longo do período do estudo, alterações

importantes nas características do local, especialmente as relacionadas à: (i) geometria

do local (número de faixas por aproximação, presença de separador central de fluxos

opostos e/ou ilhas de canalização para os movimentos de conversão; (ii) forma de

controle do tráfego (instalação ou remoção de semáforo, ou implantação de rotatória);

(iii) implantação e/ou remoção de equipamentos de fiscalização de velocidade; e (iv)

uso e ocupação da área lindeira. Sempre que uma ou mais dessas alterações ocorrer para

uma interseção, e não houver informação precisa sobre o ano em que houve a

modificação (isto é, a alteração na característica não puder ser devidamente registrada

na base de dados do estudo), a interseção deve ser excluída da amostra.

3.5. Etapa 5: Definição da amostra a ser utilizada para o desenvolvimento dos

modelos

Com os dados obtidos nas etapas anteriores, é possível determinar a amostra de

interseções a ser utilizada para efeito da modelagem.

3.6. Etapa 6: Coleta dos dados de acidentes para as interseções da amostra

A coleta de dados de acidentes deve ser feita a partir do banco de dados disponível no

órgão gestor. É necessário que esse banco de dados disponha de elementos suficientes

para permitir a identificação da localização espacial de cada acidente, permitindo sua

atribuição ou não a cada interseção da amostra segundo o critério definido na Etapa 2.

3.7. Etapa 7: Determinação do volume de tráfego nas interseções da amostra

Um dos elementos chaves para a elaboração dos MPAs é o volume diário médio anual

(VDMA), que representa a medida de exposição ao risco de acidentes nas interseções.

Entretanto, sua obtenção junto ao órgão de trânsito (sobretudo em termos de séries

históricas) é extremamente difícil. Neste método, é proposto que a obtenção desses

dados para cada interseção da amostra, para cada um dos anos do período de análise,

seja realizada como segue:

a) identificar junto ao órgão de trânsito os equipamentos de fiscalização localizados

nas vias arteriais de interesse para a pesquisa, especialmente daqueles situados

junto às interseções semaforizadas e que estejam em funcionamento ao longo de

todo o período do estudo;

b) analisar a base de dados produzida por cada equipamento para o período de estudo

(volumes agregados em intervalos de uma hora). Se forem detectadas falhas nos

dados de volume disponíveis, adotar a técnica de imputação de dados desenvolvida

por Mota e Silva (2012) para obter volumes horários corrigidos para cada dia do

mês e para todos os meses de cada ano do período de estudo;

c) a partir do banco de dados com os volumes corrigidos, determinar fatores de

expansão horários (ou por grupo de horas), diários e mensais (para cada ano da

base); determinar, também, fatores de variação dos volumes horários (ou de grupos

de horas) entre anos sucessivos;

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d) de acordo com a disponibilidade de recursos para a coleta de dados, realizar

contagem volumétrica classificada nas aproximações das interseções da amostra,

por um determinado número de horas de um dia;

e) usar os resultados das contagens e os fatores de expansão correspondentes

determinados em “c”, para os equipamentos localizados nas interseções da amostra

ou em interseções próximas, e estimar o VMDA para cada aproximação das

interseções da amostra;

f) no caso de banco de dados incompleto, para os anos não contemplados na base de

dados estimar os VDMA a partir da análise de tendência dos volumes anuais

disponíveis, determinados em “e”.

3.8. Etapa 8: Elaboração dos modelos

A elaboração dos modelos visando à população-alvo do estudo inicia com a definição

das variáveis independentes a serem consideradas para a estimativa da frequência média

de acidentes nas interseções da amostra. A forma funcional geral proposta, que é a

usualmente adotada para interseções (Cunto et al., 2011), é apresentada na Equação 4.

[∏ ( )

] ∑ ( ) (4)

em que:

Y = número esperado de acidentes em um determinado período;

Ai = variáveis relacionadas à medida de exposição ao risco de acidentes (ao VDMA);

Bj = variáveis relacionadas às características das interseções;

β, γ = parâmetros do modelo.

Lord e Park (2008) desenvolveram diferentes modelos considerando apenas as variáveis

relacionadas ao VDMA, a partir dos quais se recomenda a investigação das formas

funcionais apresentadas nas Equações 5 a 7.

Modelo 1: [( ) ] ∑ ( ) (5)

Modelo 2: [( ) ( ) ] ∑ ( ) (6)

Modelo 3: [( ) ] ∑ ( ) (7)

em que:

VDMAA = VDMA das aproximações da via principal;

VDMAS = VDMA das aproximações da via secundária;

os demais termos já foram definidos anteriormente.

A técnica a ser adotada para a determinação dos parâmetros dos modelos (processo de

calibração) é a dos modelos lineares generalizados (MLG), quando a base de dados se

referir a um período simples de observação (um único ano ou um grupo de anos sem a

desagregação dos dados por ano), aqui referida como base de dados transversais. Para

base de dados onde para cada interseção os dados referirem-se a dois ou mais anos,

desagregados por ano (base de dados longitudinais), a calibração será feita com a

técnica das Equações de Estimação Generalizadas (EEG). Esta técnica permite a

identificação da estrutura de correlação presente entre os dados longitudinais, que pode

ser: independente; intercambiável; autorregressiva; e não-estruturada. Tanto no caso dos

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MLG quanto das EEG, o método proposto considera a distribuição do erro da variável

dependente como sendo Binomial Negativa.

Sugere-se tentar obter dois tipos de modelos: modelos simplificados (onde somente as

variáveis referentes ao VDMA são consideradas) e modelos globais que, além das

variáveis referentes à exposição ao risco de acidentes, incluem outras variáveis

explicativas para a ocorrência de acidentes de trânsito. Para efeito da análise

apresentada na Etapa 9, somente serão considerados os modelos com todos os

parâmetros estatisticamente significativos, para o nível de significância definido pelo

pesquisador.

3.9. Etapa 9: Avaliação do grau de ajuste do modelo e respectiva validação

Os modelos obtidos na Etapa 8 devem ter a qualidade do seu ajuste aos dados amostrais

avaliada. Para tanto, o método proposto neste artigo prevê:

a) avaliação dos resíduos acumulados com relação a cada uma das variáveis de

interesse (Hauer e Bamfo, 1997; Lord e Persaud, 2000; Hauer, 2004). Modelos para

os quais o gráfico dos resíduos acumulados oscilar em torno do valor zero, terminar

próximo de zero e se mantiver dentro dos limites definidos por ±2σ*(n) são

considerados adequados para explicar os dados amostrais;

b) para modelos gerados com o uso de MLG, considerar o critério de informação de

Akaike (AIC) para comparação entre os modelos. Deve ser selecionado o modelo

com menor valor de AIC (Cunto e Nodari, 2011);

c) para modelos gerados com as EEG, obtém-se para uma mesma base de dados e

forma funcional, valores distintos de parâmetros para cada uma das possíveis formas

de correlação entre os dados longitudinais. Assim, é importante usar o critério de

Akaike modificado (QIC), proposto por Pan (2001), para selecionar o modelo cuja

estrutura de correlação melhor representa os dados agrupados. A estrutura a ser

adotada é a que apresentar o menor valor para QIC;

d) calcular medidas de ajuste do MLG e do EEG (Zheng, 2000), através das Equações 8

e 9, respectivamente, e selecionar para os modelos desenvolvidos dentro de uma

dada técnica, o que apresentar o maior valor para essas medidas.

( ̂) ∑ ( ̅)( ̂ ̅)

∑ ( ̅) ∑ ( ̂ ̅)

(8)

em que:

( ̂) = coeficiente de correlação de concordância (para MLG), que varia de -1 a 1;

Yi = valor observado da variável dependente para o elemento “i” da base de dados;

= valor estimado pelo modelo para a variável dependente para o elemento “i”;

= valor médio das observações, considerando todos os elementos da base de dados;

n = número de elementos da base de dados (número de interseções).

∑ ∑ ( ̂ )

∑ ∑ ( ̅)

(9)

em que:

= coeficiente de correlação marginal (para EEG), que varia entre 0 a 1;

Yit = valor observado da variável dependente para o elemento i no tempo t da base de

dados;

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= valor estimado pelo modelo para a variável dependente para o elemento i no

tempo t;

= valor médio marginal das observações (obtido a partir de todas as observações de

todos os elementos da base de dados);

n = número de elementos da base de dados (número de interseções);

T = número de unidades de tempo (em geral anos) para as quais foram feitas

observações para cada elemento (interseção) i.

A validação do modelo selecionado deve ser feita mediante sua aplicação a interseções

que não fizeram parte da amostra utilizada para sua calibração. O valor estimado pelo

modelo, para essas interseções, deve ser então comparado com o número observado de

acidentes para o mesmo período. Caberá ao pesquisador avaliar se as diferenças

encontradas entre os valores estimados e os observados são aceitáveis para o propósito

do seu estudo.

4. ESTUDO DE CASO PARA TAGUATINGA

Todas as etapas apresentadas na Seção 3 foram aplicadas para o caso das vias arteriais

de Taguatinga.

4.1 Etapas 1 a 5

No que diz respeito à identificação das vias arteriais da área de estudo (Etapa 1), o

DETRAN-DF informou que, via Instrução de Serviço No. 311, de 29 de maio de 2001,

foram classificadas como arteriais as seguintes vias da cidade de Taguatinga: Avenida

Central, Avenida Elmo Serejo, Avenida Comercial Norte e Sul, Avenida Sandú Norte e

Sul, Avenida Hélio Prates, Via de Ligação Taguatinga/Samambaia e Via M4 (ver

Figura 1).

Figura 1: Localização das vias arteriais de Taguatinga–DF (Fonte: Google Earth, 2011)

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De acordo com a Etapa 2, foram utilizadas plantas digitais das vias e recursos do

Google Earth para identificar as principais características das interseções presentes nas

vias arteriais de Taguatinga. Foram observadas: (i) condições gerais da geometria; (ii)

classes das vias interceptantes; (iii) tipo de controle do tráfego na interseção; (iv) uso e

ocupação do solo nas áreas lindeiras; (v) presença de equipamento de fiscalização

eletrônica em uma ou mais aproximações. Foram identificadas 259 interseções, das

quais 2 rotatórias, 50 retornos, 147 interseções em “T”, 53 interseções em cruz e 7

interseções em “Y”.

Seguindo o procedimento de amostragem descrito na Etapa 3, e considerando a

limitação de recursos para a coleta de dados e a proposta de desenvolver um modelo

global para a cidade, optou-se por selecionar inicialmente 33 interseções espacialmente

bem distribuídas ao longo de todas as vias arteriais da área de estudo, o que levou a

seleção de interseções de diferentes tipos. Estas interseções foram vistoriadas para

confirmação in loco dos endereços, geometria e uso/ocupação do solo da área lindeira

(Etapa 4). Foi também verificado junto ao órgão de trânsito em quais das interseções

selecionadas houve significativas alterações durante o período do estudo (2005 a 2010).

A partir dos resultados obtidos, decidiu-se trabalhar com duas amostras finais: a

Amostra 1 ficou constituída por 32 interseções (192 observações anuais) (Etapa 5), das

quais 16 são controladas por semáforos, incluindo os seguintes tipos de interseções:

rotatória (2); retorno (2); em “T” (13); em cruz (13); e em “Y” (2); a Amostra 2

corresponde à exclusão de uma interseção (semaforizada, em “T”) da Amostra 1, cujo

volume em 2009 foi três vezes superior ao da segunda interseção com maior volume.

4.2 Etapas 6 a 9

A coleta de dados referentes aos acidentes foi realizada conforme o procedimento

descrito na Etapa 6 e as estimativas do VDMA para cada ano do período do estudo

(2005 a 2010) foram realizadas conforme o estabelecido na Etapa 7. Para a realização

dessas estimativas foram feitas contagens volumétricas nas aproximações de todas as

interseções da amostra por um período de três horas. Os fatores de expansão foram

calculados a partir dos dados de volume coletados por 25 equipamentos de fiscalização

eletrônica instalados na área de estudo, referentes ao período do estudo.

Para a elaboração dos modelos foram testadas, para as duas amostras, as formas

funcionais mostradas nas Equações 5 a 7 (Modelos 1 a 3). No caso dos modelos

simplificados, somente as variáveis referentes aos diferentes VMDA foram incluídas.

Para o desenvolvimento dos modelos globais, além dos volumes das aproximações da

via principal e da via secundária, foram incluídas as seguintes variáveis: controle do

tráfego (CT); número de faixas nas aproximações da via principal (NF); e presença de

fiscalização eletrônica na interseção (EF). Na modelagem, as variáveis CT e NF não

apresentaram significância estatística para um nível de significância de 5%. No caso da

variável EF, esta se mostrou estatisticamente significativa para os Modelos 2 e 3.

A Etapa 8 levou, portanto, a obtenção dos três modelos simplificados e dos Modelos 2

e 3 globais, para as diferentes estruturas de correlação. Com base no QIC (Etapa 9)

foram inicialmente selecionados os modelos para serem avaliados conforme os demais

critérios apresentados na Etapa 9. As Tabelas 2 e 3 apresentam os modelos

selecionados para as Amostras 1 e 2, respectivamente, em função do menor QIC. Os

modelos mostrados na Tabela 2 apresentaram estrutura de correlação do tipo

intercambiável, o mesmo ocorrendo com os modelos globais mostrados na Tabela 3. Os

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modelos simplificados mostrados na Tabela 3 apresentaram estrutura de correlação

independente. Nessas tabelas, VDMATI indica a soma dos volumes VDMAA e

VDMAS, enquanto VDMAM indica o produto desses mesmos volumes.

Tabela 2: Resultados gerais dos modelos obtidos para Taguatinga para Amostra 1

MODELO PARÂMETRO ESTIMATIVA Z Pr > |Z| R²marg

1 (Simplificado)

β0 -10,9592 -3,99 <0,0001 0,014

LN(VDMATI) = β1 1,1082 4,28 < 0, 0001

2 (Simplificado)

β0 -8,871 -3,35 0,0008

0,135 LN(VDMAA)= β1 0,6031 2,19 0,0284

LN(VDMAS)= β2 0,3987 3,1 0,0020

3 (Simplificado)

β0 -7,8724 -4,24 <0,0001

0,189 LN(VDMDAM) = β1

0,4583 4,70 <0,0001

2 (Global)

β0 -10,0421 -3,85 0,0001

0,165 LN(VDMAA)= β1 0,616 2,45 0,0144

LN(VDMAS)= β2 0,5519 3,9 <0,0001

EF = β3 -0,6001 -3,23 0,0012

3(Global)

β0 -9,7609 -4,67 < 0,0001

0,182 LN(VDMAM) = β1 0,5725 5,13 < 0,0001

EF = β2 -0,6096 -3,33 0,0009

Tabela 3: Resultados gerais dos modelos obtidos para Taguatinga para Amostra 2

MODELO PARÂMETRO ESTIMATIVA Z Pr > |Z| R²marg

1 (Simplificado)

β0 -12,2949 -3,82 < 0,0001 0,439

LN(VDMATI) = β1 1,2375 4,11 < 0, 0001

2 (Simplificado)

β0 -10,5265 -3,39 0,0007

0,499 LN(VDMAA)= β1 0,7712 2,5 0,0123

LN(VDMAS)= β2 0,3923 3,12 0,0018

3 (Simplificado)

β0 -8,5394 -4,15 <0,0001

0,442 LN(VDMDAM) = β1

0,4952 4,61 <0,0001

2 (Global)

β0 -12,1756 -4,22 <0,0001

0,525 LN(VDMAA)= β1 0,8312 3,13 0,0017

LN(VDMAS)= β2 0,5454 3,81 <0,0001

EF = β3 -0,5917 -3,18 0,0015

3(Global)

β0 -10,8531 -4,64 < 0,0001

0,483 LN(VDMAM) = β1 0,6334 5,12 < 0,0001

EF = β2 -0,6361 -3,59 0,0003

A diferença dos R2

marg obtidos para os modelos obtidos para as diferentes amostras

mostra que a presença na base de dados de uma interseção com um volume muito mais

elevado do que os volumes das demais, compromete a qualidade de ajuste.

A análise do CURE Plot elaborado para todos os modelos (considerando as duas

amostras) revelou que, embora os resíduos acumulados oscilem em torno de zero, sua

curva extrapola o limite inferior e/ou limite superior do gráfico, exceto no caso do

Modelo 3 simplificado obtido a partir da Amostra 1. Assim, com base nesses gráficos e

no valor de R2

marg conclui-se que os melhores modelos para estimar a frequência de

acidentes em Taguatinga são: (i) considerando a Amostra 1, o Modelo 3 – Simplificado

seguido do Modelo 3 – Global; (ii) considerando a Amostra 2, o Modelo 2 –

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Simplificado seguido do Modelo 2 – Global. O uso dos modelos selecionados deve,

entretanto, levar em conta o não atendimento integral das condições requeridas para os

CURE Plots.

Os modelos obtidos para Taguatinga a partir da Amostra 1 são, portanto, os

apresentados nas Equações 10 e 11, e os referentes à Amostra 2 nas Equações 12 13.

( ) (10)

( ) (11)

( ) ( ) (12)

( ) ( ) (13)

em que:

Y = número esperado de acidentes no período de um ano;

EF = presença de fiscalização eletrônica na interseção (EF = 1 no caso da presença; EF

= 0 para ausência);

os demais termos já foram definidos anteriormente.

A validação dos modelos não foi realizada porque exigiria a coleta de dados em outras

interseções, o que não foi possível devido às limitações dos recursos para a pesquisa.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A vantagem de se utilizar modelos de previsão de acidentes (MPAs) em interseções é

que se pode calcular a frequência esperada de acidentes considerando alterações que

podem ocorrer nas vias em estudo, sobretudo em relação ao volume de tráfego. O

procedimento proposto neste artigo e aplicado para a elaboração de MPAs para a cidade

de Taguatinga mostrou-se eficaz, tendo sido aplicado a duas amostras, sendo a segunda

amostra formada pela exclusão de uma das 32 interseções da amostra inicial, cujo

VDMA total em 2009 era muito superior ao das demais. O período do estudo foi de

2005 a 2010, sendo considerados dados referentes a cada um desses anos. A principal

limitação da pesquisa foi o número pequeno de interseções incluído nas amostras. Isto

se deu, sobretudo, pela limitação de recursos para obtenção dos dados de volume nas

aproximações das interseções. Dentre os modelos simplificados testados, o que

apresentou a melhor qualidade de ajuste aos dados da Amostra 1 foi o que considerou

como variável explicativa o produto dos VDMAs da via principal e da via secundária;

para a Amostra 2 foi o que considerou em separado esses volumes. Para as duas

amostras, o modelo global com melhor ajuste foi o que incluiu a variável ligada à

presença de equipamentos de fiscalização eletrônica. Esses últimos modelos dão um

indício do potencial que estes equipamentos têm para contribuir com a segurança do

tráfego nas interseções de Taguatinga.

Recomenda-se, portanto, para futuras pesquisas aumentar o número de elementos da

amostra para investigar mais profundamente o efeito de variáveis geométricas e de

controle e fiscalização da operação do tráfego. Sugere-se, especialmente, o

desenvolvimento de modelos desagregados em função do VDMA total, tipo de

interseção e/ou de controle do tráfego.

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-------------------------------------------------------------------- Giovana Freire de. Moura Claude ([email protected]) e Maria Alice Prudêncio Jacques ([email protected])

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. Universidade de Brasília. Campus Darcy Ribeiro – Asa Norte.

70910-900 Brasília – DF.

Alan Ricardo da Silva ([email protected]). Departamento de Estatística. Universidade de Brasília. Campus Darcy

Ribeiro – Asa Norte. 70910-900 Brasília – DF.

Jocilene Otília Costa ([email protected]) Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho –

Azurém. 4800-058 Guimarães – Braga, Portugal.