modelo ricardiano de troca paulo gonçalves · 2015. 10. 25. · 7 136-2 127 7 220 10 8 132 -4 128...
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Economia com dois agentes económicos (os Flinstones e os Rollingstones), dois bens (Peixe e
Frutos) e um factor produtivo (Trabalho).
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
Peixe Frutos
Flinstones 20 min. 30 min.
Rollingstones 40 min. 80 min.
Os Flinstones apresentam vantagem absoluta na recolha de peixe e de frutos, uma vez que
conseguem produzir / recolher cada um destes dois bens com menos horas de trabalho do que os
Rollingstones (i.e., o coeficiente técnico associado à recolha de peixe e de frutos é menor no caso
dos Flinstones do que no caso dos Rollingstones).
A vantagem absoluta é determinada pela comparação dos coeficientes técnicos.
A tecnologia é representada pela seguinte matriz de coeficientes técnicos, a qual identifica, para
cada agente económico e para cada bem, a quantidade de recursos necessários à produção /
recolha de uma unidade do bem:
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
Os Flinstones apresentam uma vantagem comparativa na recolha de frutos, na medida em que
têm um custo de oportunidade associado à recolha de frutos mais baixo do que os Rollinstones
(ou seja, os Flinstones “sacrificam” menos peixes para recolher um kg de frutos, do que aquilo que
aconteceria no caso dos Rollingstones). Já os Rollingstones têm uma vantagem comparativa na
recolha de peixe, uma vez que apresentam um custo de oportunidade associado à recolha de
peixe mais baixo do que os Flinstones.
COF,P
COP,F
Flinstones 30 min./20 min. = 1,5 20 min./30 min. = 0,66
Rollingstones 80 min./40 min. = 2 40 min./80 min. = 0,5
O custo de oportunidade é calculado a partir dos coeficientes técnicos:
COF,P
= aF
/ aP
COP,F
= aP
/ aF
Em termos de análise normativa, cada agente económico deverá especializar-se na recolha do
bem em que apresenta vantagem comparativa. Ou seja, os Flinstones e os Rollingstones deverão
especializar-se na recolha de frutos e de peixe, respectivamente.
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
Frutos Peixe
Rollingstones - 1kg de frutos ↔ libertação de
80 minutos de tempo
+ 80 minutos de tempo a
recolher peixe ↔ + 2kg de peixe
Flinstones + 1kg de frutos ↔ + 30 minutos
de tempo a recolher frutos
- 30 minutos de tempo a recolher
peixe ↔ - 1,5kg de peixe
Produção total da Economia
(Flinstones+Rollingnstones)Quantidade total de frutos
recolhida não se altera
Quantidade total de peixe
recolhido aumenta 0,5kg
Partindo de um determinado cabaz de produção, uma diminuição da quantidade de frutos
recolhida pelos Rollingstones, compensada por idêntico aumento de recolha de frutos por parte
dos Flinstones, resulta no aumento da quantidade de peixe disponível, sem que a quantidade
de frutos recolhida se tenha alterado;
P
36
F24
FPP dos Flinstones
20 x P + 30 x F = 720 ↔
↔ P = 36 – 1,5 x F
P
18
F9
FPP dos Rollingstones
40 x P + 80 x F = 720 ↔
↔ P = 18 – 2 x F
3324
18
P
54
F
FPP dos Flinstones +
Rollingstones
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
Em termos de análise positiva, os Flinstones e os Rollingstones especializar-se-ão na recolha de
frutos e de peixe, respectivamente.
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
P
36
F24
Problema dos Flinstones P
18
F9
Problema dos Rollingstones
Ou seja, o padrão de especialização que resulta de uma economia de mercado, com
comércio livre entre as duas famílias, coincide com o padrão de especialização que resulta da
análise normativa.
O preço relativo da fruta será superior a 1,5 (i.e., custo de oportunidade da fruta dos
Flinstones) e inferior a 2 (i.e., custo de oportunidade da fruta dos Rollingstones).
Uma alteração de recursos ou número de horas de trabalho disponíveis, por parte dos Flinstones,
não altera os padrões de especialização e de troca identificados.
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
De facto, estes padrões são determinados em função das vantagens comparativas, e estas, por sua vez,
resultam da comparação dos custos de oportunidade suportados pelas duas famílias, os quais não dependem
da quantidade de recursos disponíveis mas antes dos coeficientes técnicos (ou tecnologia) da economia.
Se a alteração no coeficientes técnico associado à recolha de peixe, por parte dos Flinstones,
for significativa, ao ponto de alterar a relação entre os custos de oportunidade dos Flinstones e dos
Rollingstones, então esta alteração tecnológica terá implicações sobre os padrões de
especialização e de troca.
Por exemplo, se os Flinstones passarem a recolher um kg de peixe em menos de 15 minutos – ou seja, o
coeficiente técnico associado à recolha de peixe, por parte dos Flinstones, passa a ser inferior a 15 –, então o
custo de oportunidade dos Flinstones associado à recolha de fruta passará a ser superior a 2 (i.e., superior ao
custo de oportunidade de recolha de frutos dos Rollingstones) e, nestes termos, as famílias dos Flinstones e
dos Rollingstones especializar-se-iam na recolha de peixe e de frutos, respectivamente, invertendo os padrões
de especialização e de troca que foram identificados nas alíneas anteriores.
Qualquer outra alteração no coeficiente técnico associado à recolha de peixe, por parte dos Flinstones – i.e.,
se este coeficiente técnico assumisse qualquer valor superior a 15 –, não teria implicações sobre os padrões
de especialização e de troca que foram identificados nas alíneas anteriores.
O casamento da filha mais velha dos Flinstones com o filho mais velho dos Rollingstones, e a
consequente transferência de tecnologia (ou segredos de pesca e recolha de frutos dos
Flinstones) para os Rollingstones, altera a matriz de coeficientes técnicos da economia:
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
Peixe Frutos
Flinstones 20 min. 30 min.
Rollingstones 20 min. 30 min.
Assumindo, como simplificação, que, do casamento, não resulta qualquer alteração na
quantidade de recursos disponíveis para cada uma das famílias, mas tão somente uma
alteração nos coeficientes técnicos dos Rollingstones, a Fronteira de Possibilidade de Produção
dos Rollingstones expande-se (já a FPP dos Flinstones não se altera).
P
36
F24
FPP dos Flinstones
20 x P + 30 x F = 720 ↔
↔ P = 36 – 1,5 x F
24
36
P
18
F9
FPP dos Rollingstones
20 x P + 30 x F = 720 ↔
↔ P = 36 – 1,5 x F
No modelo Ricardiano de troca, as trocas entre agentes económicos e, consequentemente, os
ganhos de especialização e de troca, apenas existem quando os diferentes agentes têm
acesso a tecnologias e custos de oportunidade distintos. Assim, em resultado da transferência
para os Rollingstones dos segredos associados à tecnologia de recolha de frutos e peixe dos
Flinstones, deixa de haver trocas entre estes dois agentes económicos e, consequentemente, o
espaço de possibilidades de consumo de cada família passa a coincidir com o respectivo
espaço de possibilidades de produção.
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
24
36
P
18
F9
Espaço de Possibilidades de
Consumo dos Rollingstones
Em termos de bem-estar, há uma expansão do espaço de possibilidades de consumo dos
Rollingstones e, consequentemente, um aumento do bem-estar desta família.
Já relativamente aos Flinstones, o seu espaço de possibilidades de consumo contrai-se, deixando
de ser delimitado pela recta de preços e passando a coincidir com o espaço delimitado pela
respectiva FPP. Nestes termos, e face à contracção do espaço de possibilidades de consumo dos
Flinstones, o seu bem-estar diminui em resultado do casamento.
Exercício 3 – Determinação de Preços numa Economia de
Mercado
P
36
F24
Espaço de Possibilidades de
Consumo dos Flinstones
O pagamento de dote de casamento, por parte dos Rollingstones aos Flinstones, poderia fazer
aumentar o bem-estar de cada uma das famílias.
A transferência de tecnologia, ao permitir aos Rollingstones uma maior possibilidade de recolha de
fruta e peixe com a mesma quantidade de recursos, traduz-se no aumento das possibilidades de
produção conjunta das duas famílias. Ora, ao aumentar-se a “dimensão do bolo”, será possível,
através de um determinado dote de casamento a pagar pelos Rollingstones aos Flinstones, proceder
a uma “divisão do bolo” que resulte em maiores níveis de consumo e de bem-estar por parte de
cada uma das famílias.
Economia com dois agentes económicos (Ilha das Tartarugas e Ilha das Conchas), dois bens
(Bananas e Peixe) e um factor produtivo (Trabalho). A tecnologia é representada pela seguinte
matriz de coeficientes técnicos:
Exercício 5 – Impacto dos custos de transporte
Bananas Peixe
Ilha das Tartarugas 8 4
Ilha dos Papagaios 16 4
Da comparação dos custos de oportunidade, conclui-se que a ilha das tartarugas tem um custo
de oportunidade de recolha de bananas (igual a 2) mais baixo do que o da ilha dos Papagaios
(igual a 4), pelo que a ilha das Tartarugas e a ilha dos Papagaios apresentam vantagem
comparativa na recolha de Bananas e de Peixe, respectivamente.
P
B
Ilha das Tartarugas P
B
Ilha dos Papagaios
Exercício 5 – Impacto dos custos de transporte
Já a vizinha ilha das iguanas tem um custo de oportunidade associado à recolha de bananas igual
ao da ilha das tartarugas (i.e., igual a 2), apesar de apresentar coeficientes técnicos distintos.
Atendendo a que os custos de oportunidade da ilha das tartarugas e da ilha das iguanas são
idênticos, não haverá qualquer ganho associado às trocas entre esas duas ilhas;
Assim, recomendaria que a ilha das tartarugas escolhesse a ilha dos papagaios para parceiro
comercial.
Ou seja, as trocas entre dois países ou agentes económicos geram ganhos de troca e de
especialização, na estrita medida em que existem diferenças (em termos de recursos,
capacidades ou tecnologias, interesses ou preferências) entre os referidos países ou agentes
económicos.
Qual o impacto dos custos de transporte – reflectidos na perda de metade da carga em cada
viagem, devido às fortes correntes de inverno –, nas trocas entre a ilha das tartarugas e a ilha dos
papagaios?
Exercício 5 – Impacto dos custos de transporte
Peixe Bananas
Ilha das Tartarugas - 1kg de peixe ↔ libertação de 4
trabalhadores
+ 4 trabalhadores ↔ + 0,5kg de
bananas
Ilha dos Papagaios + 1kg de peixe ↔ + 4
trabalhadores
- 4 trabalhadores ↔ - 0,25kg de
bananas
Custo de Transporte + 0,5kg de peixe + 0,25kg de bananas
Produção total menos
custos de transporte- 0,5kg de peixe + 0 kg de bananas
Os ganhos de troca são anulados pelos custos de transporte (i.e., pela perda de carga
motivada pelas fortes correntes), pelo que as trocas não se justificam no inverno.
O conceito de Benefício Marginal mede o acréscimo de benefício que resulta da utilização de
mais uma hora na preparação do caso em causa.
Exercício 8 – Conceitos de Benefício Marginal e de Custo
Marginal
Horas de Preparação Caso I Caso II Caso III
Benefício
Total
Benefício
Marginal
Benefício
Total
Benefício
Marginal
Benefício
Total
Benefício
Marginal
0 100 --- 0 --- 0 ---
1 120 20 40 40 70 70
2 130 10 70 30 120 50
3 135 5 90 20 150 30
4 137 2 105 15 175 25
5 138 1 115 10 195 20
6 138 0 120 5 210 15
7 136 -2 127 7 220 10
8 132 -4 128 1 228 8
9 125 -7 128 0 232 4
10 110 -15 127 -1 233 1
O custo de oportunidade é definido como sendo o valor da melhor alternativa sacrificada quando
fazemos uma determinada opção.
Exercício 8 – Conceitos de Benefício Marginal e de Custo
Marginal
Neste caso, o jovem advogado deverá, em alternativa, reduzir em uma hora o tempo de
preparação do caso I ou do caso II, se pretender afectar uma hora adicional à preparação do caso
III – tal acontece porque os recursos são limitados e, consequentemente, o reforço dos recursos
afectos a uma das opções obrigará a reduzir os recursos aplicados numa das outras opções.
Neste caso, o jovem advogado deverá sacrificar uma hora na preparação do caso I, porque esta é
a alternativa que apresenta um benefício marginal mais reduzido.
O custo de oportunidade associado a gastar uma hora adicional na preparação do 3º caso, face
à afectação inicial de tempos de preparação dos vários julgamentos que se encontravam previstas,
é igual a 1, ou seja, corresponde ao benefício marginal da alternativa “sacrificada”.
Na medida em que o benefício marginal é superior ao custo de oportunidade, então será
benéfico, para o jovem advogado, afectar a 5º hora de trabalho na preparação do caso III e, nesta
medida, a afectação de tempos de preparação que foi proposta inicialmente não será a mais
adequada ou eficiente.
Em resultado das reafectações de tempos de preparação, o jovem advogado aplicará 2 horas na
preparação do 1º caso, 5 horas na preparação do 2º caso e 7 horas na preparação do 3º
caso.
Exercício 8 – Conceitos de Benefício Marginal e de Custo
Marginal
Neste cenário, o benefício marginal da última hora aplicada é igual a 10, para qualquer um
dos casos em julgamento, pelo que será esta a afectação óptima dos tempos de preparação do
jovem advogado.
Ou seja, na afectação óptima dos tempos de preparação:
Benefício Marginal dos vários casos deve ser semelhante; ou, de forma equivalente,
Benefício Marginal de um determinado caso = Custo Marginal desse mesmo caso.
Outras aplicações do mesmo princípio económico:
O consumidor deverá reafectar as suas despesas entre dois bens se a Utilidade Marginal de
um daqueles bens (ajustada pelo respectivo preço) for superior à Utilidade Marginal do outro
bem (ajustada pelo respectivo preço), transferindo despesa do 2º para o 1º bem;
A afectação óptima das despesas do consumidor é aquela que torna a Utilidade
Marginal (ajustada pelo preço do bem) igual para todos os bens de consumo.
Exercício 8 – Conceitos de Benefício Marginal e de Custo
Marginal
Reafectar a produção entre duas fábricas, por forma a transferir produção da fábrica com
maior Custo Marginal de produção para a fábrica com menor Custo Marginal de produção;
Na afectação óptima, a produção deve ser reafectada entre as duas fábricas por
forma as que estas apresentem o mesmo Custo Marginal.
Devo aumentar a produção enquanto a Receita Marginal for superior ao Custo Marginal;
A quantidade óptima a produzir e a comercializar, por um qualquer produtor, é aquela
que torna a Receita Marginal igual ao Custo Marginal.