modelo markoviano para otimização do intervalo de inspeção de linhas de transmissão - final.pdf

170
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA JOSÉ FILHO DA COSTA CASTRO MODELO MARKOVIANO PARA A OTIMIZAÇÃO DO INTERVALO DE INSPEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ESTUDO DE CASO: LINHAS DE TRANSMISSÃO DO SISTEMA ELETRONORTE São Luís 2012

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

JOSÉ FILHO DA COSTA CASTRO

MODELO MARKOVIANO PARA A OTIMIZAÇÃO DO INTERVALO DE INSPEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

ESTUDO DE CASO: LINHAS DE TRANSMISSÃO DO SISTEMA ELETRONORTE

São Luís

2012

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2

JOSÉ FILHO DA COSTA CASTRO

MODELO MARKOVIANO PARA A OTIMIZAÇÃO DO INTERVALO DE INSPEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

ESTUDO DE CASO: LINHAS DE TRANSMISSÃO DO SISTEMA ELETRONORTE

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Maranhão, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Eletricidade. Área de concentração: Sistemas de Potência. Orientadora: Prof.ª Maria da Guia da Silva, Ph. D. Coorientador: Prof. Anselmo B. Rodrigues, D. Sc.

São Luís

2012

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3

José Filho da Costa Castro

Castro, José Filho da Costa.

Modelo Markoviano Para A Otimização Do Intervalo De Inspeção De

Linhas De Transmissão, Estudo De Caso: Linhas De Transmissão Aérea Do

Sistema Eletronorte/ José Filho da Costa Castro. – 2012.

170 f

Impresso por computador (Fotocópia).

Orientadora: Ph. D. Maria da Guia da Silva.

Coorientador: Anselmo Barbosa Rodrigues.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Maranhão, Curso de

Engenharia Elétrica, 2012.

1. Engenharia Elétrica – Linhas de Transmissão 2. Ativos -

Administração. 3. Modelos Markovianos. 4. Confiabilidade I. Título

CDU 621.315

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5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me ter permitido alcançar mais um degrau na escada da minha formação.

Aos meus orientadores, Maria da Guia da Silva e Anselmo Barbosa Rodrigues, pela

constante ajuda e por terem compartilhado comigo um pouco da vasta experiência que têm.

À minha mãe, pelo auxílio incondicional.

A todos os amigos e companheiros da ELETRONORTE que gentilmente me

acolheram e possibilitaram a realização deste trabalho. Especialmente aos engenheiros

Aniceto, Júlio Buzar e Sérgio Abreu pelo companheirismo e por terem dividido comigo um

pouco da sua vasta experiência.

A todos os companheiros do NEA e da graduação pelas experiências compartilhadas.

A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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6

RESUMO

Neste trabalho apresenta-se uma metodologia probabilística para o gerenciamento da

manutenção de linhas de transmissão do sistema da ELETRONORTE. O método proposto

determina o intervalo ótimo de inspeção das linhas de transmissão considerando dois

objetivos: maximização da disponibilidade e minimização dos custos de manutenção e

penalidades devido a indisponibilidade da linha. Modelos Markovianos são utilizados na

modelagem da Linha de Transmissão para avaliar o efeito do intervalo de inspeção na

disponibilidade da linha de transmissão e nos custos esperados associados com a manutenção.

A degradação da linha foi modelada através de estados discretos e as taxas de transição entre

estes estados foi estimada usando-se técnicas de calibração de dados de confiabilidade. Os

resultados dos testes com uma linha de transmissão do sistema ELETRONORTE

demonstraram que o método proposto é capaz de determinar de forma eficiente o intervalo de

manutenção que maximiza a disponibilidade da linha de transmissão. Além disso, o método

proposto foi usado para estimar penalidades devido a desligamentos programados e não-

programados da linha de transmissão.

Palavras-chave: Linhas de Transmissão, Manutenção, Confiabilidade, Modelos Markovianos,

Calibração, Otimização, Parcela Variável da Receita.

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7

ABSTRACT

This work presents a probabilistic methodology to manage the maintenance of

transmission lines of the ELETRONORTE´s system. The proposed method determines the

optimum interval for inspection of transmission lines considering two objectives: maximizing

the availability and minimizing maintenance costs and penalties due to unavailability of the

line. Markov Models are used in the modeling of the transmission line to evaluate the effect

of the inspection interval on the availability of the transmission line and the expected costs

associated with the maintenance. The degradation of the line was modeled by discrete states

and transition rates between these states was estimated using calibration techniques of

reliability data. The tests results with a transmission line of the ELETRONORTE system

demonstrated that the proposed method is able to efficiently determine the service interval that

maximizes the availability of the transmission line. Furthermore, the proposed method was

used to estimate the penalties due to scheduled and nonscheduled outages of the transmission

line.

Keywords: Transmission Lines, Maintenance, Reliability, Markov Models, Calibration,

Optimization, Revenue Variable Part.

Page 8: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Componentes de uma Linha de Transmissão [12] ..................................... 18

Figura 1.2: Sistema Interligado Nacional – SIN [17] ................................................... 19

Figura 2.1: Diagrama Unifilar de SEP mostrando uma Linha de Transmissão [51] .... 23

Figura 2.2: LT em um Sistema de Potência [52] .......................................................... 24

Figura 2.3: Cabo isolado - Linha aérea [53] ................................................................. 24

Figura 2.4: Diagrama simplificado de uma linha de transmissão ................................. 26

Figura 2.5: Circuito equivalente em termos de parâmetros distribuídos [16] .............. 26

Figura 2.6: Modelo a parâmetros concentrados [43] .................................................... 26

Figura 2.7: Linhas de fluxo em um condutor distante .................................................. 28

Figura 2.8: Condutor com distribuição Uniforme de corrente ...................................... 29

Figura 2.9: Fluxo externo ao condutor .......................................................................... 30

Figura 2.10: Linhas de Fluxo Magnético [16] .............................................................. 32

Figura 2.11: Linha monofásica a dois condutores ........................................................ 32

Figura 2.12: Linha trifásica ........................................................................................... 34

Figura 2.13: Condutor isolado portador de uma carga q [47] ....................................... 35

Figura 2.14: Carga elétrica e o Campo elétrico da carga [47] ...................................... 36

Figura 2.15: Capacitância entre dois condutores e o neutro [47] ................................. 36

Figura 2.16: Diagrama e Circuito Equivalente da Linha Curta [16,43] ....................... 38

Figura 2.17: Circuito equivalente de uma LT média [16] ............................................ 39

Figura 2.18: Circuito equivalente da Linha de transmissão longa [16] ........................ 41

Figura 2.19: Diagrama de Forças no condutor [16] ...................................................... 47

Figura 2.20: Deformação devido as forças de tração no cabo [50 - Adaptado]............ 50

Figura 2.21: Isoladores em uma LT aérea [12] ............................................................. 52

Figura 2.22: Isolador tipo Suspenso [12] ...................................................................... 53

Figura 2.23: Circuito equivalente de uma cadeia de isoladores [47 - Adaptado] ......... 53

Figura 2.24: Forças atuantes na cadeia de Isoladores ................................................... 54

Figura 2.25: Esforços de torção em estrutura simulando o rompimento de um cabo ... 56

Figura 2.26: Estrutura com condutores dispostos de forma triangular [48] ................. 56

Figura 2.27: Estrutura com condutores dispostos de forma horizontal [48] ................. 57

Figura 2.28: Estrutura com condutores dispostos verticalmente [48] .......................... 57

Page 9: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

9

Figura 3.1: Crescimento das Expectativas [6 - Adaptado] ........................................... 60

Figura 3.2: Desenvolvimento de Novas Pesquisas [6 - Adaptado] ............................... 61

Figura 3.3: Desenvolvimento de Novas Técnicas [6] ................................................... 62

Figura 3.4: Curvas de Vida x Políticas de Manutenção [3] .......................................... 64

Figura 3.5: Confiabilidade x Investimentos [1 - Adaptado] ......................................... 64

Figura 3.6: Diagrama de estados simples ..................................................................... 66

Figura 3.7: Diagrama de Estados incluindo estágios de deterioração [31] ................... 67

Figura 3.8: Diagrama de estados com estágios de manutenção [31] ............................ 68

Figura 4.1: Componentes da Linha de Transmissão ..................................................... 72

Figura 4.2: Forças atuantes na cadeia de Isoladores ..................................................... 76

Figura 4.3: Diagrama de estados simples ..................................................................... 76

Figura 5.1: Diagrama de Venn de dois conjuntos com intersecção .............................. 79

Figura 5.2: Diagrama de Venn: conjuntos com intersecção ......................................... 80

Figura 5.3: Comparação das Características de LT com processos de Markov ........... 90

Figura 5.4: Componente e seu Sistema de Proteção [23] ............................................. 90

Figura 5.5: Modelo de Markov do Sistema [23] ........................................................... 91

Figura 5.6: Probabilidades de Estado – Método da Multiplicação Matricial ............. 100

Figura 5.7: Prob. de Estado – Método da Solução das Equações Diferenciais .......... 101

Figura 5.8: Indisponibilidade Anormal ....................................................................... 102

Figura 5.9: Modelo de LT em diagrama de estados ................................................... 104

Figura 5.10: Modelo com Inspeção ............................................................................ 105

Figura 5.11: Modelo de Deterioração [31 - Adaptado] .............................................. 106

Figura 5.12: Modelo com estágios de deterioração e manutenção [31 - Adaptado] .. 106

Figura 5.13: Modelo de uma LT considerando suas partes constituintes ................... 107

Figura 5.14: Programa INFO OPR ............................................................................. 108

Figura 5.15: Modelo Considerando as classes de operação de uma LT ..................... 109

Figura 5.16: Estado de Desligamento Programado .................................................... 109

Figura 5.17: Estado Operando .................................................................................... 111

Figura 5.18: Estado Outros Desligamentos ................................................................ 110

Figura 5.19: Estado de Desligamento Forçado ........................................................... 111

Figura 5.20: Protótipo do modelo markoviano de LT ................................................ 111

Figura 5.21: Modelo com estados de manutenção ...................................................... 117

Figura 5.22: RTLMM ................................................................................................. 121

Page 10: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

10

Figura 5.23: Calibração da Taxa de Degradação ........................................................ 128

Figura 6.1: Diagrama Unifilar do Sistema de Transmissão - ELETRONORTE [41] 132

Figura 6.2: Valores da Parcela Variável associada à Indisponibilidade ..................... 133

Figura 6.3: Função de Transmissão e sua influência em desligamentos .................... 134

Figura 6.4: Percentual de ocorrência por tipo de Eventos - 2011 ............................... 134

Figura 7.1: Modelo Markoviano de LT ...................................................................... 145

Figura 7.2: Obtenção da Taxa de Degradação ............................................................ 146

Figura 7.4: Probabilidades de estado do modelo ........................................................ 148

Figura 7.5: Probabilidade de Falha ............................................................................. 149

Figura 7.6: Probabilidade de ocorrência dos estados de Inspeção .............................. 149

Figura 7.7: Probabilidade dos estados de manutenção em linha energizada .............. 150

Figura 7.8: Disponibilidade do sistema ...................................................................... 151

Figura 7.9: Indisponibilidade ...................................................................................... 152

Figura 7.10: Custo associado às operações de inspeção ............................................. 152

Figura 7.11: Custos associados à Manutenção em Linha Energizada ........................ 153

Figura 7.12: Custo associado às penalidades .............................................................. 154

Figura 7.13: Custo associado a Manutenções com Desligamento .............................. 155

Figura 7.14: Custo Total ............................................................................................. 156

Figura 7.15: Intervalo ótimo de Inspeção ................................................................... 156

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11

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Classificação de LT´s pelo comprimento .................................................. 27

Tabela 2.2: Propriedades de materiais utilizados na fabricação de cabos .................... 28

Tabela 2.3:Tipos de Condutores ................................................................................... 46

Tabela 5.1: Probabilidades de Estado ......................................................................... 101

Tabela 5.3: Características da Linha de Transmissão ................................................. 112

Tabela 5.4: Dados do período de estudo considerado ................................................ 113

Tabela 5.5: Dados da Linha de Transmissão .............................................................. 114

Tabela 5.7: Taxas de Transição dos estados de desligamento para o operativo ......... 116

Tabela 5.8: Taxas de transição !" ............................................................................. 117

Tabela 5.9: Registros de Ocorrências ......................................................................... 118

Tabela 5.10: Registros de Ocorrências ....................................................................... 119

Tabela 5.11: Ocorrências de Falha ............................................................................. 119

Tabela 5.12: Taxas de transição .................................................................................. 127

Tabela 7.1: Probabilidades de Estado Antes e Após a Calibração do Modelo ........... 146

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12

LISTA DE SIGLAS

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

DP - Desligamento Programado

LT - Linha de Transmissão

MLD - Manutenção em Linha Desenergizada

ME - Manutenção em Linha Energizada

MEPTE - Matriz Estocástica das Probabilidades de Transição de Estados

MTBI - Mean Time Between Inspection

MTTI - Mean Time to Inspection

MTTM - Mean Time to Maintenance

MTTMD - Mean Time to Maintenance Down

MTTR - Mean Time to Repair

MTTW - Mean Time to Waiting

PB - Pagamento Base

PV - Parcela Variável

PVI - Parcela Variável por Indisponibilidade

PVRO - Parcela Variável por Restrição Operativa

PM - Política de Manutenção

RTLMM - Realistic Transmission Line Markov Model

RAP - Receita Anual Permitida

RCAM - Reliability Centered Asset Management

RCM - Reliability Centered Maintenance

ONS - Operador Nacional do Sistema

OD - Outro Desligamento

SEP - Sistema Elétrico de Potência

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13

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 5

RESUMO.................................................................................................................................... 6

ABSTRACT ............................................................................................................................... 7

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 8

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................. 11

LISTA DE SIGLAS.................................................................................................................. 12

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17

1.1 ZONAS FUNCIONAIS DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA............. 17

1.2 O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL – SIN ............................................... 18

1.3 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO .................................................................... 20

1.4 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................ 21

1.5 OBJETIVOS ........................................................................................................... 21

1.6 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ...................................................................... 22

2. LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................................................................ 23

2.1 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ............ 25

2.1.1 RESISTÊNCIA .............................................................................................. 27

2.1.2 INDUTÂNCIA E REATÂNCIA INDUTIVA .............................................. 28

2.1.3 INDUTÂNCIA DEVIDO AO FLUXO EXTERNO AO CONDUTOR ....... 30

2.1.4 INDUTÂNCIA DE UMA LINHA MONOFÁSICA A DOIS FIOS ............. 31

2.1.5 INDUTÂNCIA DE LINHAS TRIFÁSICAS ................................................ 33

2.1.6 CAPACITÂNCIA E REATÂNCIA CAPACITIVA ..................................... 35

2.2 CIRCUITOS EQUIVALENTES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO .................. 37

2.2.1 LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA ......................................................... 37

2.2.2 LINHA DE TRANSMISSÃO MÉDIA ......................................................... 39

2.2.3 LINHA DE TRANSMISSÃO LONGA ........................................................ 40

2.3 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO .............................................................................................................. 45

2.3.1 CABOS CONDUTORES .............................................................................. 45

Page 14: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

14

2.3.2 CURVATURA DOS CABOS ....................................................................... 47

2.3.3 ANÁLISE DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES ........................................ 49

2.3.4 EFEITO DA MUDANÇA DE TEMPERATURA ........................................ 51

2.3.5 ISOLADORES .............................................................................................. 51

2.3.6 ESTRUTURAS ............................................................................................. 55

2.4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 58

3. INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO ............................................................................... 59

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO ................................................ 60

3.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO ................................................................................. 62

3.3 GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO .......................................................... 63

3.4 MODELO DETERMINÍSTICO............................................................................. 65

3.5 MODELO PROBABILÍSTICO ............................................................................. 66

3.6 MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE ................................... 68

3.7 GERENCIAMENTO DE ATIVOS CENTRADO NA CONFIABILIDADE ....... 69

3.8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 69

4. MANUTENÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO .................................................... 71

4.1 INSPEÇÕES ........................................................................................................... 73

4.2 MANUTENÇÃO PROGRAMADA ...................................................................... 75

4.3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 76

5. CONFIABILIDADE DE SISTEMAS DE TRANSMISSÃO ........................................... 77

5.1 TEORIA BÁSICA DE PROBABILIDADE .......................................................... 77

5.1.1 PROCESSO ESTOCÁSTICO ....................................................................... 78

5.1.2 PROBABILIDADE CONDICIONAL .......................................................... 79

5.1.3 TEOREMA DE BAYES DA PROBABILIDADE CONDICIONAL ........... 79

5.1.4 VALOR MÉDIO ........................................................................................... 81

5.1.5 VARIÁVEL ALEATÓRIA ........................................................................... 82

5.1.6 VALOR ESPERADO .................................................................................... 82

5.1.7 PROPRIEDADES DO VALOR ESPERADO .............................................. 83

5.1.8 VARIÂNCIA DE AMOSTRAGEM ............................................................. 84

5.1.9 FUNÇÕES DE PROBABILIDADE ............................................................. 85

5.1.10 DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL .............................................................. 86

Page 15: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

15

5.2 CONCEITOS BÁSICOS DE CONFIABILIDADE ............................................... 87

5.3 MÉTODOS DE ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DE SISTEMAS DE

TRANSMISSÃO .............................................................................................................. 87

5.4 PROCESSOS DE MARKOV ................................................................................. 88

5.5 APLICAÇÃO DO MODELO MARKOVIANO .................................................... 90

5.6 DESCRIÇÃO DOS ESTADOS.............................................................................. 92

5.7 MÉTODOS DE CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO ............... 95

5.8 CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO PELO MÉTODO DA

MULTIPLICAÇÃO MATRICIAL ................................................................................... 97

5.9 CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO PELO MÉTODO DA

EQUAÇÃO DIFERENCIAL ............................................................................................ 97

5.10 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ...................... 100

5.11 INDISPONIBILIDADE ANORMAL .................................................................. 102

5.12 DETERMINAÇÃO DO VALOR ÓTIMO DE INSPEÇÃO ................................ 103

5.13 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MODELO TESTE ............................................ 103

5.14 DETERMINAÇÃO DO MODELO MARKOVIANO DE LINHA DE

TRANSMISSÃO ............................................................................................................ 104

5.15 MODELO MARKOVIANO DE LINHA DE TRASMISSÃO ............................ 119

5.16 TAXAS DE TRANSIÇÃO ENTRE OS ESTADOS ............................................ 123

5.17 DETERMINAÇÃO DOS VALORES ESTIMADOS DAS TAXAS DE

TRANSIÇÃO OBSERVÁVEIS DO MODELO ............................................................ 124

5.18 ESTIMAÇÃO POR CALIBRAÇÃO DAS TAXAS DE TRANSIÇÃO NÃO

OBSERVÁVEIS DO RTLMM ....................................................................................... 127

5.19 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 129

6. CUSTOS OPERATIVOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ...................................... 130

6.1 PARCELA VARIÁVEL POR INDISPONIBILIDADE ...................................... 131

6.2 ESTIMAÇÃO DA PVI UTILIZANDO MODELO MARKOVIANO ................ 135

6.2.1 ESTIMAÇÃO DA PV PELO MÉTODO ANALÍTICO APROXIMADO . 137

6.2.2 ESTIMAÇÃO DA PV PELO MÉTODO ANALÍTICO EXATO ............... 139

6.3 CÁLCULO DOS CUSTOS ASSOCIADOS À MANUTENÇÃO....................... 140

6.4 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 143

Page 16: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

16

7. RESULTADOS DOS TESTES ...................................................................................... 145

7.1 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 157

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 158

ANEXO A – TIPOS DE OCORRÊNCIAS NA ELETRONORTE ....................................... 163

TIPOS DE DESLIGAMENTOS PROGRAMADOS ..................................................... 163

TIPOS DE DESLIGAMENTO FORÇADO ................................................................... 165

TIPOS DE OUTROS DESLIGAMENTOS .................................................................... 167

TIPOS DE OPERAÇÃO NO ESTADO OPERANDO .................................................. 168

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17

1. INTRODUÇÃO

Teach us to number our days aright, that we may gain a heart of wisdom.

(Holy Bible, Psalm 90, 12.)

1.1 ZONAS FUNCIONAIS DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA

Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP), apesar de sua complexidade e extensão, são

compostos, essencialmente, pelos sistemas de geração, transmissão, subtransmissão e

distribuição [16].

O sistema de geração compõe a fonte primária de energia do sistema elétrico e é

responsável pela transformação da energia encontrada na natureza em suas mais diversas

formas em energia elétrica. No Brasil, a geração é predominantemente realizada através de

usinas hidroelétricas onde a energia potencial da água é utilizada para movimentar o rotor de

um conversor eletromecânico, geralmente um gerador síncrono ou um alternador.

A energia gerada nas usinas é transportada para os centros de carga através da rede de

transmissão. O sistema de transmissão é composto pela interconexão de diversos

componentes, tais como: linhas de transmissão, transformadores, bancos de capacitores e

reatores, etc. Um dos elementos principais deste subsistema é a Linha de Transmissão (LT),

por ser o elemento do SEP responsável pelo transporte da energia aos centros consumidores.

Uma LT é constituída essencialmente por cabos condutores, estruturas de sustentação e

isoladores, conforme Figura 1.1:

Figura 1.1: Componentes de uma Linha de Transmissão [12]

Page 18: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

18

O sistema de distribuição é o elo final da cadeia de produção, transporte e consumo da

energia elétrica. É responsável por entregar a energia aos consumidores de media e baixa

tensão. São considerados consumidores de baixa tensão aqueles alimentados com níveis de

tensão de até 1 kV e de média tensão aqueles alimentados com níveis de até 36,2 kV [18]. No

Brasil, os níveis de tensão, isto é, os valores eficazes das tensões são padronizados pelo

Ministério de Minas e Energia – MME segundo o qual tensões entre fases superiores a 138kV

são consideradas de transmissão, entre 138kV e 34,5kV subtransmissão e abaixo de 34,5kV

distribuição primária e secundária [17].

As reservas hídricas de grande porte vêm tornando-se cada vez mais distantes dos

centros de consumo devido ao esgotamento das fontes mais próximas. Desta forma o Sistema

de Transmissão, que é o responsável pelo transporte dessa grande quantidade de energia a

grandes distâncias, desempenha papel crucial na interligação dos vários elementos do sistema.

Portanto, a minimização dos desligamentos indevidos dos equipamentos do sistema de

transmissão deve ser prioritária para evitar a degradação da confiabilidade deste sistema.

Nesse intuito deve-se estabelecer políticas criteriosas para o gerenciamento de atividades de

manutenção nos equipamentos da rede de transmissão visto que esta atividade tende a

prolongar a vida útil dos equipamentos. Neste contexto, é importante lembrar que as empresas

de transmissão devem maximizar os seus lucros para garantir a sua sobrevivência em um

ambiente competitivo. Desta forma, o gerenciamento da manutenção, assim como outras

tarefas associadas com o planejamento da expansão, deve satisfazer dois objetivos

conflitantes: a confiabilidade e o custo.

1.2 O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL – SIN

Devido à elevada extensão do território brasileiro as suas cinco regiões apresentam

condições climáticas diversas e por isso há heterogeneidade de afluências e níveis

pluviométricos ao longo do ano. Desta forma pode ocorrer que em uma região haja escassez

de energia enquanto em outra os reservatórios das usinas hidroelétricas estejam com reserva

suficiente para suprir a demanda local e ainda exportar o excedente. A interligação de vários

subsistemas de geração foi uma medida adotada para solucionar problemas relacionados à

reserva energética de forma a aproveitar melhor a sazonalidade dos rios e realizar

transferências de energia elétrica durante o período de excesso ou escassez de chuvas em cada

Page 19: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

19

região. Além de apresentar melhor logística de administração dos fluxos de potência, sistemas

interligados são mais confiáveis, robustos e, principalmente, econômicos.

O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é denominado

Sistema Interligado Nacional (SIN) e é formado por empresas das regiões: Sul, Sudeste,

Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. O SIN é responsável por 96,6% da capacidade

de produção do país sendo que os outros 3,4% são pequenos sistemas isolados localizados

principalmente na região amazônica [17]. Uma destas empresas é a ELETRONORTE que é

responsável por gerar e transmitir energia elétrica aos nove estados da Amazônia Legal –

Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Administradora de uma parcela significativa de Linhas de Transmissão do SIN a

ELETRONORTE pode ser considerada um Sociedade Anônima de Economia Mista e

apresenta uma posição de destaque no setor elétrico nacional. Neste trabalho os dados

utilizados foram obtidos do banco de dados desta empresa.

Na Figura 1.2 exibe-se, para o horizonte de 2012, o sistema de transmissão, seus

respectivos níveis de tensão e a localização dos principais centros de carga que compõem o

SIN.

Figura 1.2: Sistema Interligado Nacional – SIN [17]

Page 20: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

20

É perceptível o papel estratégico do sistema de transmissão na interligação energética

nacional e, consequentemente, deve-se evitar sua indisponibilidade através do gerenciamento

adequado de seus ativos. Um gerenciamento adequado de ativos inclui a realização de um

planejamento estratégico das atividades de manutenção de modo a maximizar o tempo no qual

os equipamentos executem as funções para as quais foram projetados em um período de

estudo.

1.3 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO

O planejamento da manutenção (PM) vem se tornando um aspecto importante no

gerenciamento de ativos das empresas de energia [18], pois com uma política adequada de

manutenção é possível diminuir custos de operação e, simultaneamente, evitar falhas. A

determinação do intervalo entre as manutenções, testes e inspeções é, geralmente, realizada

durante o PM e os efeitos destas decisões influenciarão no desempenho dos equipamentos

durante toda sua vida útil.

Uma política de manutenção amplamente utilizada e difundida é a que enfatiza a

confiabilidade do sistema: Manutenção Centrada em Confiabilidade - RCM (Reliability

Centred Maintenance). A RCM utiliza a monitoração dos componentes através de dados

coletados por sistemas de aquisição de dados. Estes dados são usados para obter taxas de falha

e o planejamento da manutenção é realizado considerando-se critérios tais como: as

necessidades operativas e equipamentos prioritários [18].

O modelo RCAM (Reliability Centred Asset Management) foi desenvolvido a partir da

RCM com o propósito de relacionar de forma mais objetiva o impacto da manutenção no

custo e na confiabilidade.

A relação ente manutenção e confiabilidade é obtida considerando-se o efeito da

política de manutenção na taxa de falha do equipamento [18].

O desenvolvimento da PM baseado em RCAM é realizado em três estágios. No

primeiro estágio faz-se a Análise da Confiabilidade do Sistema. No segundo estágio faz-se a

Modelagem da Confiabilidade dos Componentes. No terceiro estágio faz-se a Análise

Custo/Benefício utilizando os modelos gerados para a avaliação dos índices de confiabilidade

e a determinação do ponto ótimo de operação do sistema.

Page 21: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

21

A modelagem de componentes pode ser realizada utilizando técnicas probabilísticas ou

determinísticas. A manutenção é um conjunto de medidas tomadas para diminuir a

probabilidade de falha do sistema. Desta forma, os modelos matemáticos de apoio à tomada

de decisões que apresentam critérios de análise mais realísticos e evitam o uso de empirismo

são, devido às características intrínsecas ao sistema, os probabilísticos.

1.4 MOTIVAÇÃO

Em linhas de transmissão o procedimento de realização das operações de manutenção

deve ser rigorosamente planejado de forma a evitar falhas e minimizar sua indisponibilidade,

pois as empresas de energia elétrica são penalizadas quando ocorrem desligamentos, sejam

eles programados ou não programados.

Devido à inexistência de um modelo capaz de analisar o comportamento operativo

deste componente considerando-se tanto aspectos econômicos quanto os efeitos da

manutenção percebe-se que a criação de ferramentas de auxílio aos gestores e planejadores

que possibilitem este tipo de análise vem preencher uma lacuna nesse campo de atuação da

engenharia.

1.5 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é criar uma ferramenta de apoio à tomada de decisões que seja

capaz de determinar o intervalo ótimo de inspeção para uma linha de transmissão de acordo

com dois paradigmas: maximização da disponibilidade e minimização dos custos operativos.

Os custos operativos estão associados com duas parcelas: custos de manutenção e custos

devido às penalidades.

A otimização do intervalo de inspeção foi realizada considerando um modelo

probabilístico da linha de transmissão que contempla os seguintes aspectos:

i) degradação da LT;

ii) políticas de manutenção existentes na empresa;

iii) Conhecimento dos engenheiros de manutenção;

iv) Disponibilidade de dados;

v) Aspectos regulatórios associados com o cálculo das penalidades.

Page 22: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

22

1.6 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Este trabalho esta dividido em oito capítulos. No capítulo 1 há uma introdução geral

acerca dos assuntos tratados nos capítulos posteriores.

No capítulo 2 são abordados os fundamentos teóricos de LTA enfatizando-se suas

características elétricas e mecânicas. As equações que modelam o comportamento elétrico são

determinadas. A modelagem utilizando quadripolos é realizada e as equações de corrente e

tensão são determinadas para linhas curta, média e longa. Os aspectos mecânicos tais como

forças de tração nos cabos, curvatura do cabo, tensão mecânica nos isoladores são analisados.

Há também uma descrição geral das estruturas de sustentação e suas classificações.

O capítulo 3 discute os aspectos relacionados à manutenção em geral e também

especificamente em linhas de transmissão. O procedimento geral, do ponto de vista

organizacional, da política de manutenção é estudado e as principais causas de falha em linhas

de transmissão são analisadas.

O capítulo 4 descreve os procedimentos de manutenção adotados pela

ELETRONORTE.

O capítulo 5 é dedicado à análise da Confiabilidade em sistemas de transmissão

enfatizando a modelagem markoviana de Linhas de Transmissão.

No capítulo 6 são abordados os aspectos relacionados às Penalidades devido a

indisponibilidade de equipamentos e realizada a estimação do valor da Parcela Variável (PV)

utilizando teoria de probabilidade e estatística.

No capítulo 7 os resultados obtidos são apresentados e é feita a conclusão deste

trabalho.

Page 23: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

23

2. LINHAS DE TRANSMISSÃO

“There is a story about four men named Everybody, Somebody, Anybody and Nobody.

There was an important job to be done, and Everybody was asked to do it.

Everybody was sure that Somebody would do it. Anybody could have done it, but Nobody did it.

Somebody got angry about that, because it was Everybody´s job.

Everybody thought that Anybody could do it, and Nobody realized that Everybody wouldn´t do it. It ended up that Everybody blamed Somebody,

when actually Nobody did what Anybody could have done.”

-Anônimo

O entendimento das características das Linhas de Transmissão do sistema de

transmissão é importante para a determinação da estratégia ótima de manutenção bem como

para a realização de estudos de expansão da rede elétrica que tem como objetivo identificar

áreas do sistema que estão operando próximo dos seus limites.

Na Figura 2.1 ilustra-se um SEP com composto de um pequeno número de

componentes. Neste Sistema o elemento de interligação entre os transformadores T1 e T2 é

uma LT:

Figura 2.1: Diagrama Unifilar de SEP mostrando uma Linha de Transmissão [51]

Na Figura 2.2 pode-se observar que, fundamentalmente, o papel da LT é transmitir

energia elétrica entre os Centros de Geração e os Centros de Consumo:

Page 24: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

24

Figura 2.2: LT em um Sistema de Potência [52]

Há dois tipos de Linhas de Transmissão: Linhas Aéreas e Cabos Subterrâneos. Os

cabos subterrâneos são constituídos por condutores isolados ao longo de todo o seu

comprimento e reunidos num invólucro comum convenientemente protegido. Linhas aéreas

são, em essência, cabos condutores isolados a ar suspensos por suportes isolantes com

capacidade de transmissão aproximadamente proporcional ao quadrado de sua tensão [45] e

por aspectos financeiros são preferíveis em ambientes onde seja possível sua utilização (em

alguns locais não é possível utilizar linhas aéreas, por exemplo, em áreas submarinas).

Linhas aéreas possuem menor custo inicial e são, geralmente, mais econômicas que

linhas subterrâneas [16,45], seu custo é de 15 a 60 por cento menor que o de cabos

subterrâneos equivalentes [16].

Na Figura 2.3 exibe-se os cabos dos dois tipos de linhas de transmissão:

Figura 2.3: Cabo isolado - Linha aérea [53]

Page 25: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

25

Em relação aos níveis de tensão as linhas de transmissão podem ser classificadas como

se segue [47]:

· Linhas de Transmissão: são linhas cuja função é o transporte entre os grandes

centros de geração e consumo de energia elétrica. Operam nos níveis mais altos

de tensão do sistema, usualmente em tensões superiores a 200 kV.

· Linhas de Subtransmissão: distribuem a energia aos grandes e médios

consumidores. Originam-se nos barramentos das subestações regionais e

terminam em barramentos de subestações abaixadoras locais. Geralmente

operam em níveis tensão inferiores aos das linhas de transmissão, isto é, em

tensões inferiores a 138 kV.

· Linhas de Distribuição Primárias: São linhas com níveis de tensão capazes de

assegurar ao mesmo tempo boa regulação e possibilidade de instalação em vias

públicas. Estas linhas correspondem aos alimentadores e ramais que conectam

as subestações da distribuição aos transformadores da rede secundária. Valores

de tensão típicos de Linhas de Distribuição Primária são 13,8 e 15 kV.

· Linhas de Distribuição Secundárias: São as linhas com os níveis de tensão mais

baixos do sistema, geralmente de 110 V a 380 V, e cujo comprimento não

excede 300 m. Partem dos transformadores até os pontos de conexão dos

consumidores.

Embora haja regulamentação dos níveis de tensão, na prática, os valores citados acima

podem ser diferentes.

A análise de Linhas de Transmissão envolve basicamente o conhecimento de suas

características elétricas e seus aspectos mecânicos. Os parâmetros elétricos e os mecânicos são

utilizados para dimensionar os componentes da linha. As próximas subseções descrevem de

forma resumida alguns conceitos utilizados na caracterização elétrica e mecânica de uma LT.

2.1 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

A função essencial de uma linha de transmissão é conectar dois pontos de uma rede

elétrica de forma a possibilitar a transmissão de energia de um terminal transmissor a um

terminal receptor, como mostrado no digrama unifilar da Figura 2.4.

Page 26: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

26

Figura 2.4: Diagrama simplificado de uma linha de transmissão

As grandezas básicas que caracterizam uma linha de transmissão são seus parâmetros

distribuídos: resistência, indutância, capacitância e condutância [43]. Baseando-se nessas

grandezas uma linha aérea ou cabo pode ser modelado em termos de seu circuito equivalente a

parâmetros distribuídos como mostrado na Figura 2.5.

Figura 2.5: Circuito equivalente em termos de parâmetros distribuídos [16]

Devido à complexidade da modelagem em termos de parâmetros distribuídos,

dependendo do comprimento e do objetivo da análise, modelos a parâmetros concentrados,

como o mostrado na Figura 2.6, podem ser utilizados.

Figura 2.6: Modelo a parâmetros concentrados [43]

+

BARRA

TRANSMISSORA

BARRA

RECEPTORA

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27

Em função do comprimento as Linhas de Transmissão podem ser classificadas, na

frequência de 60 Hz, em linha curta, longa ou média [12,16], conforme a Tabela 2.1:

Tabela 2.1: Classificação de LT´s pelo comprimento

Tipo Comprimento # (km)

Curta # < 80

Média 80 < # < 240

Longa # > 240

2.1.1 RESISTÊNCIA

A resistência esta diretamente relacionada às perdas de potencia ativa da linha de

transmissão devido ao efeito Joule. A resistência que representa as perdas em corrente

contínua é dada pela equação (2.1) [44,46]:

$ = %#&

(2.1)

Onde:

# é o comprimento do condutor (m)

% é a resistividade do material (Ω.();

& é área da seção do condutor (());

A resistividade de alguns materiais condutores é dada na Tabela 2.2. Como pode-se

observar o Cobre é um dos materiais com menor resistividade, no entanto, sua massa

específica é cerca de três vezes maior que a do Alumínio. Como a resistividade do Alumínio é

baixa, seu valor é próximo ao valor da resistividade do Cobre, usualmente, em sistemas de

transmissão, são utilizados condutores de Alumínio.

Page 28: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

28

Tabela 2.2: Propriedades de materiais utilizados na fabricação de cabos

A resistência efetiva, $*,, pode ser medida em termos das perdas de potência [43]:

$*, = -/135679) (2.2)

Onde:

-/13567 é a potência dissipada no condutor, em W;

I é o valor eficaz da corrente no condutor, em A;

A resistência de condutores comerciais pode ser encontrada em tabelas fornecidas por

fabricantes.

2.1.2 INDUTÂNCIA E REATÂNCIA INDUTIVA

A reatância da linha é a fração dominante da impedância série da linha e está

diretamente relacionada à capacidade de transmissão.

Para um único condutor as linhas de fluxo magnético são concêntricas ao condutor

pelo qual está passando a corrente que o gerou:

Figura 2.7: Linhas de fluxo em um condutor distante

é

Page 29: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

29

Um condutor de raio ; percorrido por uma corrente 9 é mostrado na Figura 2.8:

Figura 2.8: Condutor com distribuição Uniforme de corrente

Desconsiderando-se o efeito pelicular, isto é, supondo um condutor com corrente

uniformemente distribuída a corrente a uma distância ? do eixo do condutor é dada por:

!@ = 9. ?);) (2.3)

A lei de Ampere aplicada neste condutor resulta na equação 2.4:

AB3 . C# = !@

B3 . A C# = 9. ?);)

B3 . 2D? = 9. ?);)

B3 = ?2D;) 9 (2.4)

Como E = FB, tem-se:

E3 = F?2D;) 9 (HI/()) (2.5)

O fluxo enlaçado pela superfície cilíndrica de comprimento unitário delimitada por ?

pode ser encontrado integrando a diferencial do fluxo:

CL(?) = E3 . C& = F?2D;) 9. 1. C? = F?9

2D;) C? (2.6)

O fluxo concatenado é dado pela expressão:

C = !@9 . CL(?) =?);) . CL(?) =

?);) .

F?92D;) C? = F?N9

2D;O C? (2.7)

Page 30: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

30

O fluxo concatenado interno total é dado por:

PQR = S C 3T

= S F?N92D;O C? = F;O9

8D;O =F98D

3T

(2.8)

Por definição, a indutância é a grandeza elétrica que relaciona a corrente elétrica com o

fluxo magnético:

UPQR = λI

(2.9)

Logo:

UPQR = F8D = F3FT8D

UPQR = F3 . 12 . 10XY (B/() (2.10)

Da equação (2.10) se percebe que a indutância devido ao fluxo interno por unidade de

comprimento independe das dimensões do condutor. A constante F3 mostra que o material

utilizado na confecção da linha irá influenciar diretamente em sua autoindutância.

2.1.3 INDUTÂNCIA DEVIDO AO FLUXO EXTERNO AO CONDUTOR

A lei de Ampere aplicada à região externa ao condutor percorrido por uma corrente 9 e

a uma distância ? do centro do condutor, mostrado na Figura 2.9, é utilizada para encontrar o

campo magnético, B:

Figura 2.9: Fluxo externo ao condutor

Page 31: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

31

AB. C# = 91QZ[\ZP56 = 9

B.AC# = 9

B. 2D? = 9

B = 92D?

(2.11)

A densidade de fluxo E@ a uma distância ? é dada por:

E@ = F.B = F92D?

(2.12)

O fluxo no elemento tubular de espessura C? é:

CL = E@. 1C@ = F92D? C?

(2.13)

O fluxo concatenado entre as superfícies cilíndricas cujas distâncias ao centro são ]^ e

]) é:

_^) = S F92D? C? = F9

2D . ln ])]^`a

`b

(2.14)

A indutância devida a esse fluxo é:

U^) = _^)9 = F2D . ln])]^ , F = 4D. 10XY. F3

U^) = F3 . 2.10XY. ln])]^ (B/() (2.15)

2.1.4 INDUTÂNCIA DE UMA LINHA MONOFÁSICA A DOIS FIOS

Para uma linha monofásica composta por dois condutores as linhas de fluxo do campo

magnético são como ilustrado na Figura 2.10.

Page 32: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

32

Figura 2.10: Linhas de Fluxo Magnético [16]

A posição dos condutores em uma linha monofásica em que um dos condutores é o

retorno do outro pode ser vista na Figura 2.11:

Figura 2.11: Linha monofásica a dois condutores

A indutância devido ao fluxo interno de cada condutor é:

UPQR = F3 1210XY B/(

(2.16)

A indutância do condutor 1 devido ao seu fluxo externo é:

U1@R = F32.10XY ln ];

(2.17)

A indutância total do condutor 1 é:

U^ = UPQR + U1@R

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33

U^ = F3 1210XY + F32.10XY ln ];

U^ = F3 d14 + ln ]; e 2.10XY

U^ = F32.10XY dln fbg + ln ]; e

U^ = F3 ln ]; fXb

g2.10XY

(2.18)

Fazendo ;h = ; fXbg:

U^ = F3 2.10XYln ];h B/( (2.19)

Da mesma forma, a indutância do condutor 2 é:

U) = F3 2.10XYln ];)h B/( (2.20)

O fluxo gerado pelo condutor 2 tem o mesmo sentido que o fluxo gerado pelo condutor

1, pois as correntes tem o sentido invertido, logo a indutância da linha é soma das indutâncias

dos dois condutores:

U = U^ + U) = F3 2.10XYln ];h + F3 2.10XYln ];)h

U = F3 2.10XYln ]);h;)h

U = F3 4.10XYln ]i;h;)h B/(

(2.21)

2.1.5 INDUTÂNCIA DE LINHAS TRIFÁSICAS

Uma linha trifásica está ilustrada na Figura 2.12. A indutância de cada condutor é

devida aos seu fluxos interno e externo e ao fluxos externos dos outros condutores.

Escolhendo-se um ponto P para o cálculo dos fluxos dos condutores, tem-se, para o condutor 1

(F3 = 1):

_^ = 9 2.10XY ln]^/;h + 9)2.10XY ln ])/]^) + 9N2.10XY ln ]N/]^N

Page 34: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

34

_^ = j9 2.10XY ln 1;h + 9)2.10XY ln 1

]^) + 9N2.10XY ln 1]^Nk

+ m9 2.10XY ln ]^/ + 9)2.10XY ln ])/ + 9N2.10XY ln]N/o

(2.22)

Em uma linha trifásica equilibrada tem-se a soma das correntes é nula:

9 + 9) + 9N = 0 (2.23)

Escolhendo o ponto P distante o suficiente pode-se considerar:

]^/ = ])/ = ]N/ (2.24)

E para uma linha com condutores equidistantes, tem-se:

]^) = ]^N = ])N = ] (2.25)

Subistituindo na equação do fluxo encontra-se:

_^ = 9 2.10XY ln 1;h + (9) + 9N)2.10XY ln 1

]

_^ = 9 2.10XY ln 1;h − 9 2.10XY ln 1

]

_^ = 9 2.10XY ln ];h

(2.26)

Logo, a indutância por fase é:

U = 2.10XY ln ];h

(2.27)

Figura 2.12: Linha trifásica

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35

2.1.6 CAPACITÂNCIA E REATÂNCIA CAPACITIVA

Devido à diferença de potencial apresentada por Linhas de Transmissão, tanto entre os

condutores quanto entre os condutores e o solo, surgem cargas elétricas distribuídas entre

esses elementos. Desta forma, a linha apresenta-se como um capacitor cujos eletrodos são os

próprios condutores e o solo [47].

Considere o condutor único da Figura 2.13 carregado com uma carga +q. Neste

condutor as linhas de fluxo elétrico geradas pela carga estão dispostas de forma uniforme

(condutor isolado de qualquer outra interação elétrica).

Figura 2.13: Condutor isolado portador de uma carga q [47]

Aplicando a lei de Gauss a uma superfície cilíndrica de comprimento unitário e raio ?:

A]. C& = q

]AC& = q

]. 2D?. 1 = q

] = q2D? (2.28)

A intensidade do vetor campo elétrico é dada pela equação (2.29):

r = ! = "2#!$ (&/')

(2.29)

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36

Considere uma carga pontual positiva deslocando-se do ponto *+ para *,, conforme

mostrado na Figura 2.14:

Figura 2.14: Carga elétrica e o Campo elétrico da carga [47]

A diferença de potencial imposta à carga é dada pela equação (2,30):

-+, = . 0. 3$4546

-+, = . "2#!$ . 3$4546

-+, = "2#! ln , + (2.30)

A equação (2.30) expressa a diferença de potencial existente entre dois pontos

submetidos ao campo elétrico de uma carga. Na Figura 2.15 exibe-se a disposição de dois

condutores com cargas opostas, representando uma linha monofásica.

Figura 2.15: Capacitância entre dois condutores e o neutro [47]

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37

Da definição de capacitância, encontra-se o valor da capacitância entre os dois cabos:

789 = ":89 (2.31)

A tensão :89 pode ser obtida através da equação considerando-se a atuação simultânea

das duas cargas:

:89 = "2#! ln ; − "2#! ln ;

:89 = "#! ln ; (2.32)

Logo:

789 = ">?@ ln 4A

789 = #!ln 4A (2.33)

A capacitância entre o condutor e o plano neutro é dada por:

78B = 79B = 2. 789 ( 2.34)

2.2 CIRCUITOS EQUIVALENTES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Nos próximos itens os circuitos equivalentes de Linhas de Transmissão são obtidos.

Basicamente são:

· Circuito equivalente da Linha de Transmissão curta;

· Circuito equivalente da Linha de Transmissão média;

· Circuito equivalente da Linha de Transmissão longa;

2.2.1 LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA

O circuito equivalente de uma linha de transmissão curta é dado na Figura 2.16.

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38

Figura 2.16: Diagrama e Circuito Equivalente da Linha Curta [16,43]

Neste modelo são desprezadas as admitâncias em derivação e a linha é representada

apenas por sua impedância série total, isto é, sua resistência e reatância.

Para o circuito dado, tem-se:

CD = CE &D = &E + G. CE (2.35) G = H + IJK

Na forma matricial:

L&DCD M = N1 G0 1Q L&ECE M

(2.36)

Onde: CD e &D representam a corrente e a tensão na barra transmissora, respectivamente; CE e &D representam a corrente e a tensão na barra receptora, respectivamente; G = RS é a impedância série total;

CARGA GERADOR

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39

2.2.2 LINHA DE TRANSMISSÃO MÉDIA

Na Figura 2.17 é dado o circuito equivalente de uma linha média:

Figura 2.17: Circuito equivalente de uma LT média [16]

Neste circuito a admitância em derivação foi dividida em duas partes e inserida nos

terminais transmissor e receptor da linha formando, desta forma, o modelo # da linha de

transmissão.

A corrente que circula pela admitância em derivação conectada à barra transmissora é

dada por:

CDTUVBW = &D. X2 (2.37)

Semelhantemente a corrente na admitância em derivação conectada à barra receptora

pode ser calculada por (2.38):

CETUVBW = &E . X2 (2.38)

A corrente na impedância série é dada pela soma: CY = CE + CETUVBW CY = CE + &E . X2

(2.39)

A tensão na barra transmissora é dada por: &D = &E + CY. G

&D = &E + ZCE + &E . X2[ G

&D = &E . Z1 + GX2 [ + CE . G

(2.40)

Page 40: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

40

A corrente na barra receptora é dada por: CD = CDTUVBW + CY

CD = &D. X2 + CE + &E . X2

CD = L&E . Z1 + GX2 [ + CE . GM . X2 + CE + &E . X2

CD = &E . Z1 + GX2 [ . X2 + CE . G. X2 + CE + &E . X2

CD = &E . X. Z1 + GX4 [ + CE . ZGX2 + 1[

(2.41)

As equações de &D e CD podem ser reescritas na forma: &D = ]&E + ^CE CD = 7&E + CE

(2.42)

Na forma matricial:

L&DCD M = N] ^7 Q L&ECE M (2.43)

Onde os parâmetros A, B, C e D, denominados constantes generalizadas do circuito e

utilizados para fins de simplificação das equações, são dados pelas equações (2.44), (2.45),

(2.46) e (2.47):

] = 1 + GX2 (2.44)

^ = G (2.45)

7 = X. Z1 + GX4 [ (2.46)

= ] = 1 + GX2 (2.47)

2.2.3 LINHA DE TRANSMISSÃO LONGA

O modelo #-nominal assume que a admitância em derivação da linha está concentrada

apenas nos terminais do circuito representativo da linha. Quando esta possui comprimento

elevado os erros obtidos devido a essa consideração simplificadora podem tornar-se

Page 41: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

41

inaceitáveis. O modelo a parâmetros não concentrados, cujo circuito elétrico equivalente é

mostrado na Figura 2.18, fornece resultados mais precisos através da distribuição, em

segmentos infinitesimais, dos parâmetros ao longo de todo o comprimento da linha.

Figura 2.18: Circuito equivalente da Linha de transmissão longa [16]

3&_ = (&_ + 3&_) − &_ 3&_ = (C_ + 3C_)R3$

(2.48)

Desprezando o termo equivalente ao produto dos diferencias da corrente C_ e da

posição $, 3C_. R3$, tem-se a tensão incremental no ramo série: 3&_ = C_R3$

C_ = 1R 3&_3$

(2.49)

Logo: 3&_3$ = C_. R (2.50)

A corrente incremental no ramo em derivação é dada por: 3C_ = &_`3$

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42

&_ = 1 3C_3$ (2.51)

Logo: 3C_3$ = &_. ` (2.52)

Substituindo &_ da equação (2.51) na equação (2.50):

33$ Z1 3C_3$ [ = C_. R

3,C_3$, = `R. C_

(2.53)

Substituindo C_ da equação (2.49) na equação (2.52): 33$ Z1R 3&_3$ [ = &_. `

3,&_3$, = `R. &_

(2.54)

As equações diferencias lineares ordinárias homogêneas de segunda ordem dadas nas

Equações (2.53) e (2.54) devem ser resolvidas para determinação da tensão e da corrente no

ponto $ da linha. A solução geral da equação é do tipo:

&_ = ]+. a√cd._ + ],. ae√cd._ (2.55)

Tem-se:

3&_3$ = f`R. ]+. a√cd._ −f`R. ],. ae√cd._ = C_. R (2.56)

3&_,3$, = `R. g]+. a√cd._ + ],. ae√cd._h (2.57)

As constantes da equação (2.57) podem encontradas sabendo-se que:

&_($ = 0) = &A (2.58)

C_($ = 0) = CA (2.59)

Page 43: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

43

Substituindo o valor de &_(0) na equação (2.55): &A = ]+ + ], (2.60)

Substituindo o valor de C_(0) na equação: 3&_3$ (0) = C_(0). R (2.61)

f`R. ]+ −f`R. ], = CA . R (2.62)

Tem-se o seguinte sistema de equações: ]+ + ], = &A

iR . ]+ −iR . ], = CA

(2.63)

Resolvendo-se o sistema algébrico da equação (2.63) encontra-se as constantes ]+ e ],:

]+ = &A +fR/`CA2

], = &A −fR/`CA2 (2.64)

Portanto:

&_ = &A +fR/`CA2 . a√cd._ + &A −fR/`CA2 . ae√cd._

(2.65)

C_ = 1R f`R. &A + fR/`CA2 . a√cd._ − 1R f`R. &A −fR/`CA2 . ae√cd._

(2.66)

Fazendo-se j = f`. R e Gk = fR/` nas Equações (2.65) e (2.66), encontra-se as

equações da tensão e corrente a uma distancia $ do terminal receptor (terminal de carga) da

LT:

&_ = &A + GkCA2 . am._ + &A − GkCA2 . aem._ (2.67)

C_ = &A/Gk + CA2 . am._ − &A/Gk − CA2 . aem._ (2.68)

Page 44: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

44

O parâmetro Gk é denominado Impedância Característica da LT e o parâmetro j é

denominado constante de propagação e por ser um número complexo pode ser dado em sua

forma retangular: j = o + Ip (2.69)

A parte real de j, o, é denominada constante de atenuação, pois o valor aq_ causa uma

atenuação da intensidade da grandeza e a parte imaginária, p, é denominada constante de fase,

pois o valor ars_ tem módulo unitário e seu efeito é um deslocamento de fase. Desta forma as

equações de tensão e corrente podem ser escritas na forma:

&_ = &A + GkCA2 . aq_. ars_ + &A − GkCA2 . aeq_. aers_ (2.70)

C_ = &A/Gk + CA2 . aq_. ars_ − &A/Gk − CA2 . aeq_. aers_ (2.71)

As Equações (2.70) e (2.71) podem ser expressas em termos das funções hiperbólicas:

tuvℎx = ay − aey2

z{tℎx = ay + aey2

(2.72)

Portanto: &_ = &A. z{tℎ (j$) + GkCA . tuvℎ (j$) (2.73)

C_ = &AGk . sinh(j$) + CA . cosh (j$) (2.74)

Se $ = S, tem-se a equação no terminal emissor (terminal de geração). Logo, &_ = &T e C_ = CT. Neste caso, as grandezas no terminal de carga, em função das grandezas no terminal

de envio, são:

&A = &T cosh(jS) − GkCT. sinh (jS)

(2.75)

CA = − &TGk sinh(jS) + CT. cosh (jS)

(2.76)

Page 45: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

45

Na forma matricial:

L&ACAM = �cosh(jS) −Gk. sinh (jS)− 1Z� sinh(jS) cosh (jS) � . L&TCTM

(2.77)

2.3 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO

No projeto de Linhas de Transmissão as características elétricas são as mais relevantes

[16]. Isto é evidente visto que, fundamentalmente, sua função é transmitir energia elétrica de

forma a suprir a demanda de suas cargas terminais sem exceder seus limites operativos, tais

como os relacionados a tensões, correntes, nível de isolação, perdas admissíveis, entre outros.

No entanto, percebe-se que as características físico-mecânicas devem ser consideradas, pois

estão diretamente relacionadas às elétricas.

O desempenho elétrico de uma linha de transmissão depende de suas características

físicas, isto é, de sua geometria. São as características geométricas da linha que determinam

seu comportamento elétrico - caracterizado por seus parâmetros elétricos [47]. Além disso, as

principais causas de falhas que diretamente relacionadas à degradação estão relacionadas às

condições físicas dos componentes.

Um projeto mecânico deve garantir a não violação dos limites físicos dos componentes

que constituem uma linha aérea de transmissão, cabos condutores, isoladores, estruturas e seus

acessórios.

2.3.1 CABOS CONDUTORES

Os cabos condutores são os elementos ativos das linhas de transmissão [47], assim

denominados por serem os elementos efetivamente responsáveis pelo transporte de energia.

Às suas características estão associados tanto com o bom desempenho da linha quanto com os

custos associados à transmissão da energia e às perdas ôhmicas.

Os custos de transporte da energia estão diretamente ligados às perdas devido ao efeito

Joule. Desta forma, um parâmetro importante do condutor é a sua condutibilidade elétrica.

Quanto maior é a condutividade elétrica, mais adequado o cabo é para o transporte de energia.

Page 46: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

46

Para assegurar a continuidade do fornecimento deve-se evitar o rompimento dos

condutores, desta forma, é imprescindível que este apresente boa resistência mecânica, isto é,

capacidade de resistir a esforços de tração tanto axiais quanto a esforços cortantes devido ao

peso próprio. Adicionalmente, para evitar a diminuição da secção devido aos efeitos da

exposição prolongada a condições adversas de tempo o condutor deve apresentar alta

resistência à oxidação e corrosão por agentes químicos poluentes.

O projeto mecânico de uma LT tem como objetivo diminuir o carregamento das

estruturas de suporte. Consequentemente, o sobredimensionamento das estruturas é evitado e

os seus custos de manutenção são reduzidos. Desta forma, deve-se especificar condutores de

baixo peso específico, isto é, deve-se escolher os condutores mais leves, pois quanto mais

pesados forem os condutores mais robustas devem ser suas estruturas de suporte.

Portanto, as características determinantes da qualidade de cabos condutores são [47]:

· Condutibilidade elétrica;

· Resistência mecânica;

· Peso específico;

· Resistência à oxidação e corrosão;

Dentre os metais, os condutores de Cobre e de Alumínio e suas ligas, são os mais

adequados por apresentarem as melhores características [47]. Devido a critérios econômicos

os condutores de Alumínio predominam em linhas de transmissão, pois, para uma mesma

corrente transmitida, um condutor de Alumínio apresenta custo de aquisição cerca de apenas

25% do condutor de Cobre equivalente [47,48]. Além disso, em condutores de alumínio há a

vantagem de apresentar maior diâmetro e menor peso que o equivalente de cobre [43].

As siglas utilizadas para identificar os cabos de alumínio são dadas na Tabela 2.3 [43]:

Tabela 2.3:Tipos de Condutores

SIGLA TIPO DE CONDUTOR

CA Condutor de Alumínio Puro

AAAC Condutor de Liga de Alumínio Puro

CAA Condutor de Alumínio com alma de aço

ACAR Condutor de Alumínio com alma de liga de Alumínio

Page 47: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

47

Em geral, o dimensionamento de cabos de linhas aéreas é determinado considerando-

se critérios como a potência a ser transmitida e a queda de tensão admissível. A resistência

mecânica determina as dimensões mínimas aceitáveis [16].

2.3.2 CURVATURA DOS CABOS

Do ponto de vista mecânico um cabo pode ser definido como um elemento linear

capaz de suportar esforços de tração [50]. Os esforços de tração são resultantes das

componentes axiais da força devido ao peso próprio do cabo. Deseja-se obter a equação que

descreve a forma do cabo considerando-se que este é submetido apenas ao peso próprio.

Na Figura 2.19 exibe-se as forças atuantes no cabo quando os suportes estão ao mesmo

nível:

Figura 2.19: Diagrama de Forças no condutor [16]

O peso do elemento de comprimento infinitesimal é dado por ws. Onde w é o peso por

unidade de comprimento e ds é o comprimento de um pedaço infinitesimal do cabo. A força H

representa a componente horizontal da tração, �. A seguinte relação é válida:

��x = 3`3$ = �t� (2.78)

Page 48: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

48

Observando-se a Utilizando a propriedade da diferencial 3t:

Z3t3$[, = 1 + Z3`3$[

,

(2.79)

Logo:

Z3t3$[, = 1 + ��t� �,

(2.80)

Portanto:

3$ = 3ti1 + ��T� �,

$ = . 1i1 + ��T� �,

3t1

� = ! "#$%&'ℎ(!% )

% = ! . %&'ℎ(! . �)

+,+� = !% = %&'ℎ -! . �/

, = 0%&'ℎ -! . �/ +�

, = ! $1%ℎ -! . �/ + 3 (2.81)

Considerando-se que em , = 0, � = 0 encontra-se 3 = − /!. Logo:

, = ! 7$1%ℎ -! . �/ − 19 (2.82)

Demonstração da Integração1: !% = %&'ℎ: ⟹ +% = ! . $1%ℎ:+: ⟹ �= 0 1

>1 + -?@A /B+%

= !0 1√1 + %&'ℎB: $1%ℎ:+: = !0+: = ! : = ! "#$%&'ℎ(!% )

Page 49: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

49

Como pode-se observar da equação (2.82) a forma assumida pelo cabo é descrita por

uma função trigonométrica hiperbólica. Essa equação é denominada catenária, pois é a forma

assumida por uma corrente de elos iguais quando suficiente suspensa do solo [49].

Em � = D/2, o valor de , assume seu máximo. Esse valor é denominado flecha do

cabo e pode ser calculado pela equação (2.83):

F = , G� = D2H = ! I$1%ℎ G!D2 H − 1J (2.83)

O comprimento do cabo pode ser calculado como mostrado abaixo:

K = 0 +%@LM@LN

K = 0 O1 + G+,+�HBPLQ

PLN +�

K = 0 >1 + %&'ℎB -! . �/PLQPLN +�

K = 0 $1%ℎ -! . �/PLQPLN +�

K = ! sinh (!D ) (2.84)

2.3.3 ANÁLISE DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES

A qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica dependem

significativamente do local onde a linha está instalada, pois isto irá determinar as condições

climáticas de operação. Fatores climáticos tais como temperatura alteram as tensões e

deformações nos cabos dos condutores. Os níveis tensionais e deformacionais da linha não

podem exceder aos seus limites permissíveis, pois isto pode causar o rompimento e, portanto,

uma falha que culminará na interrupção do fornecimento e aumento da indisponibilidade.

Page 50: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

50

Os principais fatores que afetam o nível de deformação de uma linha aérea são [16]:

· Carregamento mecânico dos condutores;

· Distância entre estruturas, isto é, comprimento do vão;

· Temperatura;

· Tração nos cabos;

Os fatores que determinam o carregamento do cabo são [16]:

· Peso próprio do condutor;

· Intensidade do vento;

A deformação do condutor em função das forças de tração pode ser encontrada

aplicando a lei de Hooke:

R = ΔTU = V. W = V. ΔKKN

Logo:

ΔK = KN TY − TBVU (2.85)

Onde:

ΔK é a variação de comprimento do condutor, em m;

TYé força de tração em um dos terminais, em N;

TB é a força de tração na extremidade oposta, em N;

V é módulo de elasticidade do material, Z/[B; U é a área da secção transversal do condutor, em [B;

Na Figura 2.20 ilustra-se a deformação em um corpo, neste caso um cabo condutor,

devido à atuação das forças de tração em seus terminais:

Figura 2.20: Deformação devido as forças de tração no cabo [50 - Adaptado]

TB

TY

N

Page 51: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

51

2.3.4 EFEITO DA MUDANÇA DE TEMPERATURA

A temperatura tende a apresentar altas taxas de variação. Isso se deve ao fato de que no

condutor há, basicamente, dois processos cujo efeito é o aumento da temperatura: Efeito Joule

e aquecimento pelo calor solar. O condutor perde calor fornecendo energia para o ambiente

através de irradiação (devido ao aquecimento do material) e convecção (devido ao vento).

Devido a variação da temperatura os condutores se deformam, a variação do comprimento, ΔK, devida unicamente à variação de temperatura, Δ], é dada pela equação (2.68):

ΔK = KN. ^. Δ]

Δ] = ]Y − ]N (2.86)

Onde:

^ é o coeficiente de dilatação linear, _`Y; Considerando o efeito conjunto da variação da temperatura e da aplicação de forças de

tração nos cabos, a equação da variação de comprimento é dada abaixo:

ΔK = ΔKabcd + ΔKaefçãg

ΔK = KN. ^. (]Y − ]N) + KN TY − TBVU (2.87)

2.3.5 ISOLADORES

Os isoladores são os elementos responsáveis pela fixação mecânica e isolação elétrica

dos cabos à estrutura. Desta forma devem resistir tanto a solicitações mecânicas quanto

elétricas [47]. Grande parte das falhas em sistemas elétricos são originadas nos sistemas de

transmissão sendo que, destas, oitenta por cento são atribuídas a falhas nas estruturas de

isolação [48]. Na Figura 2.21 ilustra-se um isolador em uma Linha de Transmissão:

Page 52: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

52

Figura 2.21: Isoladores em uma LT aérea [12]

Em função do material empregado em sua fabricação, os isoladores são classificados

em [47, 48, 49]:

· Poliméricos;

· Porcelana vitrificada;

· Vidro temperado.

Os isoladores aéreos são classificados quanto ao tipo construtivo em [16, 47, 48]:

· Tipo pino

· Tipo suspenso

· Tipo esforço

No sistema de transmissão em alta tensão, devido às suas características específicas

relacionadas aos níveis de isolamento, são utilizados isoladores do tipo suspenso justapostos

em forma de cadeia. Na Figura 2.22 ilustra-se as partes constituintes de um isolador desse

tipo.

ISOLADORES

Page 53: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

53

Figura 2.22: Isolador tipo Suspenso [12]

Na Figura 2.23 ilustra-se o circuito equivalente de uma cadeia de isoladores:

n

z

C

Un

Figura 2.23: Circuito equivalente de uma cadeia de isoladores [47 - Adaptado]

A distribuição de potenciais ao longo da cadeia de isoladores pode ser calculada pela

expressão [47]:

jk = jlβB%&'ℎop . G$_ %&'ℎo' + 3_ %&'ℎo(' − p) + 3_ %&'ℎopH (2.88)

Page 54: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

54

Onde:

jk é a tensão, em kV, a que estão submetidas as n unidades a partir da estrutura

aterrada;

jl é a tensão, em kV, a que estão submetidos os z elementos da cadeia de isoladores;

_ é a capacitância, em Faraday, entre a campânula e o pino de um isolador;

$ é a capacitância de uma unidade ao solo;

K é a capacitância de uma unidade ao condutor;

o fator dado por:

o = O$ + 3_

Os isoladores são submetidos a esforços mecânicos devido às forças horizontais e

verticais. Como mostrado na Figura 2.24.

As forças verticais são constituídas de componentes devidas ao peso dos condutores e

da componente devida ao peso próprio da cadeia de isoladores [49]:

qr = tu + tv2

qr = 'w" + tv2 (2.89)

x

Figura 2.24: Forças atuantes na cadeia de Isoladores

Page 55: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

55

Onde:

qr é a força vertical equivalente aplicada a extremidade inferior da cadeia de

isoladores;

tu é o peso dos condutores;

tv é o peso próprio da cadeia de isoladores;

yzB é a peso equivalente da cadeia aplicado a extremidade inferior;

' é o número de condutores;

w é o peso individual de um condutor;

" é comprimento do vão de peso;

As forças horizontais são devidas à pressão do vento sobre os condutores e sobre a

cadeia de isoladores [49].

qx = qru + qrv2 (2.90)

Onde:

qx é a força horizontal equivalente aplicada a extremidade inferior da cadeia de

isoladores;

qru é a força do vento aplicada aos condutores;

{|zB é a força do vento equivalente aplicada a cadeia de isoladores na extremidade

inferior;

O ângulo } é denominado ângulo de balanço [49]:

} = "#$]~ qxqr (2.91)

2.3.6 ESTRUTURAS

As estruturas constituem os elementos de sustentação dos cabos condutores e cabos

para-raios [47]. Esses elementos da linha de transmissão apresentam grande variedade de

formas e dimensões. Geralmente são projetadas para resistir a grandes esforços e apresentar

alta durabilidade por isso constituem uma parte bastante onerosa da LT aérea [12]. Os fatores

determinantes das características das estruturas de sustentação são [16, 47,48]:

· Disposição, distância e carregamento dos condutores;

· Flecha e altura de segurança;

Page 56: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

56

· Dimensões e formas do isolamento;

· Tipo de solo e fundação;

· Operação e manutenção;

· Material de fabricação;

· Entre outros;

Na Figura 2.25 ilustra-se o diagrama de forças em algumas treliças de uma estrutura

submetida a uma força vertical de intensidade 2P. Ilustra-se, de forma simplificada, o esquema

de torção que ocorre quando um dos cabos se rompe.

Figura 2.25: Esforços de torção em estrutura simulando o rompimento de um cabo

Uma estrutura pode ser classificada, em relação à disposição dos condutores, em:

· Triangular: Estruturas em disposição triangular são mostradas na Figura 2.26.

Figura 2.26: Estrutura com condutores dispostos de forma triangular [48]

2P

T

T

T T P P

Page 57: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

57

· Horizontal: Estruturas em disposição horizontal são mostradas na Figura 2.27.

Figura 2.27: Estrutura com condutores dispostos de forma horizontal [48]

· Vertical: Estruturas em disposição triangular são mostradas na Figura 2.28.

Figura 2.28: Estrutura com condutores dispostos verticalmente [48]

Em relação à forma de resistir aos esforços, as estruturas podem ser classificadas em

[48]:

· Autoportantes;

· Rígidas;

Page 58: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

58

· Flexíveis;

· Mistas ou semi-rígidas;

· Estaiadas;

As estruturas sofrem esforços transversais, verticais e longitudinais. Esses são gerados

tanto pelo peso dos condutores quanto por seu peso próprio. Outros fatores, tais como vento

na estrutura e cabos bem como o peso dos isoladores, também são responsáveis por tensioná-

la. Quando os esforços aplicados são maiores que os suportáveis ocorre o rompimento de

elementos e/ou conexões e concomitantemente a queda da torre.

2.4 CONCLUSÃO

Neste capítulo estudou-se o equipamento alvo do trabalho. O conhecimento das

características tanto elétricas quanto mecânicas é importante, pois permite o entendimento das

principais causas de falha do equipamento. As principais características elétricas e mecânicas

foram discutidas de forma que pode-se afirmar que há um pleno conhecimento do

equipamento para o qual será realizado o planejamento da manutenção.

Page 59: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

59

3. INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO

“The Ten Commandments of Success:

1. Hard Work: Hard work is the best investment a man can make.

2. Study Hard: Knowledge enables a man to work more intelligently and

effectively.

3. Have Initiative: Ruts often deepen into graves. 4. Love Your Work: Then you will find pleasure in mastering it.

5. Be Exact: Slipshod methods bring slipshod results.

6. Have the Spirit of Conquest: Thus you can successfully battle and overcome

difficulties.

7. Cultivate Personality: Personality is to a man what perfume is to the flower. 8. Help and Share with Others: The real test of business greatness lies in giving

opportunity to others.

9. Be Democratic: Unless you feel right toward your fellow men, you can never be

a successful leader of men.

10. In all Things Do Your Best: The man who has done his best has done everything.

The man who has done less than his best has done nothing.” Charles M. Schwab

Uma definição generalista de manutenção pode ser obtida considerando-se sua função

e os objetivos de sua realização. O conjunto de atividades e recursos aplicados aos sistemas,

equipamentos, dispositivos visando garantir a continuidade de sua função dentro de

parâmetros de operabilidade, disponibilidade, qualidade, confiabilidade e vida útil adequados

é denominado Manutenção.

Do ponto de vista da Confiabilidade manutenção é a ação de assegurar que os ativos

físicos continuem a executar as tarefas que os seus usuários esperam que sejam realizadas [6].

Segundo Pacelli (1998), a manutenção é toda atividade que se realiza através de

processos diretos ou indiretos, nos equipamentos, obras ou instalações com a finalidade de

assegurar-lhes condições de cumprir com segurança e eficiência as funções para as quais

foram fabricados ou construídos.

A atual estrutura do setor elétrico nacional é caracterizada pela introdução de

competição na produção de energia, acesso aberto ao sistema de transmissão e privatização de

empresas estatais. Neste contexto, uma alternativa para reduzir gastos e aumentar os lucros é o

adiamento de atividades de manutenção. Consequentemente, a confiabilidade do sistema tende

a se deteriorar. Devido a isto, os órgãos reguladores têm estabelecido penalidades para

indisponibilidade de equipamentos e violações em metas para índices de confiabilidade. Desta

forma, as empresas de energia elétrica devem gerenciar as atividades de manutenção com o

objetivo de minimizar as penalidades e simultaneamente reduzir os custos de manutenção.

Page 60: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

60

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO

A evolução da manutenção pode ser investigada através de três gerações [6]. A

Primeira Geração abrange um período que estende-se até a II Guerra Mundial. Caracteriza-se

por baixa taxa de mecanização, as máquinas não apresentam complexidade e a maioria era

superdimensionada. Devido a esses fatores relevava-se uma política sistemática de

manutenção.

A Segunda Geração que estende-se desde o período da II Guerra Mundial até meados

dos anos setenta é caracterizada pelo aumento da dependência da mecanização devido a

relativa escassez de mão de obra do período pós-guerra. A ocorrência de falhas começava a

tornar-se um aspecto significativo devido aos aspectos negativos relacionados aos intervalos

de paralisação. Surge então a manutenção preventiva que consistia em revisões gerais a

intervalos fixos. Devido a intensificação da manutenção aspectos econômicos tornaram-se

relevantes e iniciava-se a mobilização por formas de aumentar a vida útil dos equipamentos de

forma a amenizar os custos relacionados a paralisação devido falhas.

A Terceira Geração que estende-se até os dias atuais é caracterizada por “novas

expectativas”, “novas pesquisas” e “novas técnicas” [6].

Conforme pode-se observar na Figura 3.1, as expectativas têm tornado-se cada vez

maiores. Os tempos de paralisação devem ser cada vez menores de forma a aumentar a

disponibilidade e a confiabilidade e ao mesmo tempo diminuir os custos operacionais

relacionados. Os padrões de qualidade impõem a diminuição da quantidade de falhas e os

equipamentos devem operar de forma segura e sem agredir o meio-ambiente.

Figura 3.1: Crescimento das Expectativas [6 - Adaptado]

PRIMEIRA GERAÇÃO

Reparar o equipamento

quando ocorrer falha

SEGUNDA GERAÇÃO

Maior disponibilidade;

Maior tempo de vida;

Menores custos;

TERCEIRA GERAÇÃO

Maior disponibilidade;

Maior segurança;

Maior tempo de vida;

Maior responsabilidade

ambiental;

Menores custos;

Page 61: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

61

As “novas pesquisas” indicam a existência de vários padrões de falhas anteriormente

desconhecidos.

Na primeira geração pensava-se que todos os equipamentos falhavam cada vez mais

com o passar do tempo apresentando taxas de falhas sempre crescentes. A partir da Segunda

Geração percebeu-se que equipamentos apresentam elevadas taxas de falha no inicio de sua

vida útil, o que levou à criação da famosa “curva da banheira” na qual a taxa de falha do

equipamento é alta no inicio da vida útil, decresce à medida que o equipamento atinge a

maturidade e cresce novamente no final da vida útil. Apenas na Terceira Geração descobriu-se

que os equipamentos possuem comportamento específico, desta forma, vários padrões de falha

são possíveis.

A evolução dos padrões de falha com as novas pesquisas é mostrada na Figura 3.2:

Figura 3.2: Desenvolvimento de Novas Pesquisas [6 - Adaptado]

O desenvolvimento de novas pesquisas proporcionou o desenvolvimento de um maior

conhecimento da manutenção e a nova perspectiva concentra-se em fazer corretamente o

trabalho de manutenção. Isto é, desenvolver maneiras de aumentar a eficiência das ações de

manutenção através do correto gerenciamento dos equipamentos e pessoas envolvidas no

processo [6].

Devido à importância que se tem dado à manutenção observa-se um crescente

surgimento de “novos conceitos e novas técnicas”. Trata-se do desenvolvimento pleno das

SEGUNDA GERAÇÃO

TERCEIRA GERAÇÃO

PRIMEIRA GERAÇÃO

Page 62: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

62

ferramentas de suporte à manutenção. Isto tem sido possível devido às mudanças na forma de

interpretar a manutenção por parte dos gestores que, neste novo cenário, investem recursos

financeiros em sistemas tecnológicos, eficazes e eficientes para apoiar as decisões

relacionadas ao processo de manutenção.

Algumas das técnicas e ferramentas empregadas são descritas na Figura 3.3 em função

do seu desenvolvimento em cada geração.

Figura 3.3: Desenvolvimento de Novas Técnicas [6]

3.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO

De modo geral, pode-se dizer que há, fundamentalmente, os seguintes tipos de

manutenção [7,13]:

· Manutenção Corretiva: a manutenção efetuada após a ocorrência de uma falha,

tem como objetivo realizar o reparo de um item para restabelecer as funções executadas pelo

mesmo;

PRIMEIRA GERAÇÃO

Reparar o equipamento

quando ocorrer falha

SEGUNDA GERAÇÃO

Revisão programada;

Sistemas de

planejamento e controle

de serviços;

Emprego de

computadores grandes e

lentos;

TERCEIRA GERAÇÃO

Monitoramento da

condição;

Projeto desenvolvido

considerando confiabilidade

e mantenabilidade;

Computadores pequenos e

rápidos;

Análise de modo e efeito de

falha;

Sistemas dedicados;

Equipe de trabalho com

várias habilidades;

Page 63: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

63

· Manutenção Preventiva: manutenção efetuada em intervalos predeterminados,

ou de acordo com critérios pré-definidos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a

degradação do funcionamento de um equipamento;

· Manutenção Preditiva: é a monitoração ou acompanhamento periódico do

desempenho e/ou deterioração de partes de equipamentos. A finalidade é efetuar-se

manutenção somente quando e se houver necessidade [9].

3.3 GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO

Manutenção é uma forma de restauração de um dispositivo. A restauração é a ação de

melhorar a condição deste dispositivo [4]. Enquanto o objetivo da manutenção é o

melhoramento do equipamento, o reparo é a restauração de um dispositivo defeituoso para o

seu estado operativo [3]. Desta forma o conceito de manutenção está intimamente relacionado

à deterioração [3] enquanto que o conceito de reparo está relacionado à falha.

A deterioração não é o único fator que leva à falha. De forma geral, um dispositivo

pode falhar devido a uma falha interna ou uma falha externa [3]. No caso de equipamentos

conectados em série, como no caso da LT e seus equipamentos terminais, a falha de um

equipamento provocará a indisponibilidade do outro. Neste caso denomina-se falha terminal

[15]. As diversas formas de falhas de um sistema devem ser consideradas em estudos de

planejamento.

O planejamento da manutenção vem se tornando um importante meio de

gerenciamento de ativos das empresas de energia [3], pois com uma política adequada de

manutenção é possível diminuir custos de operação e evitar falhas.

Uma forma de se observar a relação entre o tempo de vida, política de manutenção e

tempo médio para falha é através de gráficos denominados curvas de vida. A Figura 3.4

ilustra as curvas de vida para as políticas de manutenção 0, 1 e 2. Conforme se observa, na

política 0 nenhuma manutenção é realizada e obtêm-se o menor tempo médio para falha. As

políticas 1 e 2 aumentam esse intervalo de tempo mas por outro lado são necessários mais

investimentos em manutenção.

Page 64: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

64

Figura 3.4: Curvas de Vida x Políticas de Manutenção [3]

De forma geral há várias políticas de manutenção. Cada uma enfatizando um

determinado aspecto priorizado em um sistema específico. De modo geral deseja-se aumentar

a confiabilidade do sistema. No entanto, geralmente um aumento na confiabilidade do sistema

corresponde a um acréscimo em investimentos [1], conforme pode se observar na Figura 3.5.

Figura 3.5: Confiabilidade x Investimentos [1 - Adaptado]

Uma das políticas de manutenção que é amplamente utilizada e difundida é a que

enfatiza a confiabilidade do sistema, a Manutenção Centrada em Confiabilidade (RCM). A

RCM utiliza a monitoração do sistema através de informações obtidas por sistemas de

aquisição de dados. Estes dados são usados para estimar as taxas de falha que por sua vez são

aplicadas no planejamento da manutenção. Este planejamento é realizado considerando

Page 65: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

65

critérios tais como necessidades operativas e equipamentos prioritários [3, 6]. A RCM

considera também as falhas externas, isto é, as não originadas por deterioração.

Para se definir o intervalo de manutenção e de inspeção de equipamentos, isto é,

planejar a manutenção, utilizam-se modelos matemáticos de apoio à tomada de decisões.

Esses modelos podem ser determinísticos ou probabilísticos.

Os modelos probabilísticos são mais adequados, pois a manutenção é, por definição,

uma medida tomada para diminuir a probabilidade de falha. Outra vantagem dos métodos

probabilísticos é que eles avaliam de forma quantitativa o impacto da manutenção da

confiabilidade do equipamento ou do sistema em uma estrutura preditiva. Por outro lado, nos

métodos determinísticos o impacto da manutenção na confiabilidade é raramente realizado e é

baseado em critérios empíricos.

3.4 MODELO DETERMINÍSTICO

Em [5, 31] encontra-se um modelo determinístico simples utilizado na determinação

do número ótimo de inspeções que minimiza o tempo de falha no qual o equipamento fica fora

de operação por ano. Aspectos do modelo são apresentados a seguir.

Sejam:

�: o número de inspeções

(�): a taxa de falha

!(�): O tempo total fora de operação (tempo falhado)

": constante que indica a frequência de falha quando não é realizada manutenção #$: o tempo médio de um reparo

#%: o tempo médio de uma inspeção

A taxa de falha é assumida, de forma empírica, como sendo:

(�) = "� + 1 (3.1)

O tempo fora de operação pode ser calculado através da equação (3.2):

!(�) = (�). #$ + �. #% (3.2)

Page 66: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

66

Substituindo (�) em !(�): !(�) = "� + 1 . #$ + �. #% (3.3)

Os pontos críticos da função !(�) podem ser encontrados calculando-se sua derivada

em relação à �:

&!(�)&� = − "(� + 1)* . #$ + #% (3.4)

O valor mínimo desta função é obtido quando sua derivada é igual à zero:

− "(� + 1)* . #$ + #% = 0 (3.5)

Isolando-se �, obtem-se:

� = ,". #$#% − 1 (3.6)

A equação (3.6) possibilita a obtenção do número de inspeções por ano, que minimiza

o tempo de falha (fora de operação). Conforme pode-se observar , a equação (3.1) foi obtida

de forma empírica utilizando considerações cuja comprovação é desconhecida ou incerta.

Desta forma, quando as variáveis analisadas apresentam natureza aleatória os modelos

probabilísticos são considerados a ferramenta mais adequada para o tratamento das incertezas

do sistema [14].

3.5 MODELO PROBABILÍSTICO

Os modelos probabilísticos utilizam a ideia intuitiva de estados. Cada estado

representa uma condição de operação de um equipamento. Os modelos mais simples utilizam

apenas dois estados, como se pode ver na Figura 3.6.

0 1

Figura 3.6: Diagrama de estados simples

Page 67: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

67

Onde:

-/#2&3 0: Operando

-/#2&3 1: Falhado

: Taxa de falha

4: Taxa de reparo

O diagrama de estados é utilizado para ilustrar os estados existentes e as transições

entre eles. A solução do modelo pode ser obtida utilizando cadeias de Markov. De modo

geral, um sistema pode ser modelado por processos de Markov se satisfaz as seguintes

condições:

· Deve ser “sem memória” (lack of memory), isto é, o estado futuro do sistema

deve ser independente de todos os estados passados exceto seu estado imediatamente anterior;

· Deve ser estacionário, isto é, a probabilidade de alternar de um estado para

outro é independente do tempo;

Utilizando-se cadeias de Markov pode-se calcular as probabilidades de permanência

em cada estado do sistema.

Pode-se incluir mais estados na modelagem para caracterizar de forma mais realística

o dispositivo. Em [3] e [31] encontra-se o modelo básico onde se inclui várias etapas de

deterioração, conforme Figura 3.7:

Figura 3.7: Diagrama de Estados incluindo estágios de deterioração [31]

De maneira geral, a modelagem do equipamento, isto é, a definição de seus estados é

determinada através do conhecimento pleno do seu funcionamento. Na Figura 3.7 o número

de estados de deterioração do equipamento poderia ser encontrado através de, por exemplo,

sinais físicos no equipamento tais como marcas de uso, corrosão, etc [3].

Page 68: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

68

Utilizando modelos probabilísticos pode-se incluir estados representativos da

manutenção. Desta forma pode-se relacionar matematicamente a ações de manutenção

determinadas pela PM e a confiabilidade [3]. A Figura 3.8 apresenta um modelo markoviano

que considera o estado de manutenção do equipamento.

Figura 3.8: Diagrama de estados com estágios de manutenção [31]

3.6 MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE

Manutenção centrada em Confiabilidade é um processo usado para determinar o que

deve ser feito para assegurar que qualquer ativo físico continue a fazer o que os seus usuários

querem que ele faça no seu contexto operacional presente [6].

A RCM utiliza uma abordagem qualitativa sistemática para o planejamento da

manutenção. Preservar a funcionalidade dos componentes que são críticos para aumentar a

confiabilidade através de sua priorização na PM é um dos aspectos principais da RCM [3].

Algumas definições importantes da RCM são:

· Função: é a atividade para a qual o ativo foi designado. A definição da função de um

ativo implicará diretamente na sua forma de manutenção, pois os usuários esperam que

o dispositivo atue de forma eficaz e dentro dos padrões de desempenho.

· Falha: é a ausência de uma ou mais das funções fundamentais. Em [14] é definida

como o fim da habilidade de um dispositivo de desempenhar uma função requerida.

De modo geral, um ativo pode apresentar falhas aleatórias ou falhas que são

consequências de deterioração [14].

· Modo de Falha: é qualquer evento que causa uma falha funcional. Antes do

desenvolvimento de uma política de manutenção deve-se identificar quais são os

possíveis modos de falha do ativo.

Page 69: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

69

3.7 GERENCIAMENTO DE ATIVOS CENTRADO NA CONFIABILIDADE

O modelo RCAM (Reliability Centred Asset Management) foi desenvolvido a partir da

RCM com o propósito de relacionar de forma mais objetiva o impacto da manutenção no

custo e na confiabilidade.

A relação ente manutenção e confiabilidade é obtida considerando-se o efeito da

política de manutenção na taxa de falha do equipamento [3]. Propõe-se duas abordagens para

se alcançar esse objetivo. A abordagem I é utilizar uma taxa de falha que é função da PM, isto

é, = (56). A outra abordagem, denominada Abordagem II, considera também o efeito do

tempo, desta forma, tem-se: = (#, 56). O desenvolvimento da PM baseada em RCAM é realizado em três estágios. No

primeiro estágio faz-se a Análise da Confiabilidade do Sistema. No segundo estágio faz-se a

Modelagem da Confiabilidade dos Componentes. No terceiro estágio faz-se a Análise

Custo/Benefício incluindo a Confiabilidade do sistema. Pode-se observar que a análise inicia-

se em nível de sistema no primeiro estágio, aprofunda-se para o nível de equipamentos no

segundo estágio e retorna para o nível de sistema no terceiro estágio [3].

3.8 CONCLUSÃO

Pode-se perceber que a manutenção é uma ferramenta importante no gerenciamento de

ativos. À medida que o grau de industrialização aumenta, maiores esforços são necessários

para otimizar as condições operativas dos ativos.

Um dos objetivos principais de qualquer forma de gerenciamento de manutenção é o

aumento da confiabilidade do sistema. Desta forma, a Manutenção Centrada em

Confiabilidade, RCM, propõe métodos baseados em técnicas de planejamento de atividades de

manutenção e inspeção para que os ativos desempenhem de forma satisfatória suas funções.

Uma abordagem qualitativa da manutenção é feita pela RCM. A RCAM utiliza a

abordagem quantitativa. Desta forma, um gerenciamento mais preciso e rigoroso das

atividades de manutenção é obtido devido a utilização de índices quantitativos, tais como:

disponibilidade, custos esperados, probabilidade de falha, riscos de violações de penalidades.

Page 70: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

70

Modelos matemáticos devem ser desenvolvidos para a avaliação do desempenho dos ativos.

Esses modelos podem ser determinísticos ou probabilísticos. Devido às características

aleatórias das falhas dos componentes de sistemas elétricos, tais como linhas de transmissão,

os modelos probabilísticos são mais adequados.

Page 71: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

71

4. MANUTENÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO

“Take risks: if you win, you will be happy;

If you lose, you will be wise”

Peter Kreeft

O capítulo anterior apresentou aspectos gerais associados com a manutenção. Neste

capítulo aborda-se a manutenção de Linhas de Transmissão e estuda-se como é realizada a

manutenção em LT nas linhas administradas pela ELETRONORTE.

Essencialmente, uma LT é constituída basicamente pelas seguintes componentes [12]:

· Faixa de linha transmissão: é a faixa do terreno destinada a passagem da Linha

de Transmissão. É dividida em faixa de domínio, faixa de servidão e faixa de segurança. A

faixa de segurança é localizada na região central da faixa de Linha de Transmissão e é onde os

serviços de limpeza deverão ser executados com maior controle de qualidade e maior

segurança, de modo a evitarem os acidentes de trabalho devido à proximidade dos cabos

condutores;

· Estrutura: as estruturas são os suportes dos cabos condutores das linhas de

transmissão e constituem-se na parcela mais onerosa das mesmas por serem bastante

resistentes e duráveis e por isso merecem a atenção da equipe de manutenção de linha,

podendo ser basicamente dos tipos Autoportantes e Estaiadas;

· Cadeia de isoladores: são os elementos de conexão física dos cabos condutores

à estrutura de sustentação e sua função é prover o isolamento elétrico entre esses

componentes. Podem ser fabricados com materiais poliméricos, porcelana vitrificada e vidro

temperado. São os componentes mais vulneráveis de uma LT por estarem constantemente

submetidos a cargas eletro-mecânicas, além de sofrerem atos de vandalismo da população. O

principal item de deterioração dos isoladores está relacionado à deposição de substâncias em

sua superfície capazes de alterar suas características de isolação, tais como compostos

químicos oriundos de poluição. O procedimento utilizado para manutenção de isoladores

afetados por poluição é a lavagem e a aplicação de camadas de silicone;

· Cabos condutores e acessórios: os cabos condutores são responsáveis pela

passagem da corrente elétrica e são formados por uma ou mais coroas de fios de alumínio

encordoados em torno de um elemento central denominado alma composta por um arame ou

cordoalha de aço. Os acessórios dos cabos são: grampos de suspensão, grampos de

Page 72: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

72

ancoragem, grampos de ancoragem à compressão, grampos de ancoragem tipo passante,

espaçadores e amortecedores;

· Cabos para-raios: constituem o sistema de proteção contra descargas

atmosféricas da Linha de Transmissão e seu objetivo é evitar que descargas elétricas atinjam

os cabos condutores provocando desligamentos indevidos, danos materiais, defeitos, etc;

· Vãos e flechas: O vão é o espaço que separa duas estruturas e a flecha é a

distância medida na vertical entre a reta que une os pontos mais altos de suspensão do cabo e a

sua catenária. Apesar de serem apenas itens de projeto podem influenciar no comportamento

mecânico da linha sendo, portanto, fatores que contribuem para a definição da PM de uma LT.

Na Figura 4.1 os componentes da LT estão indicados:

Figura 4.1: Componentes da Linha de Transmissão

Em Linhas de Transmissão a manutenção preventiva é todo serviço realizado sem a

necessidade de desligamento. Enquanto que manutenção corretiva é todo serviço realizado

com desligamento [12]. Para a realização das tarefas é necessário que se efetue inspeções

periódicas para a determinação do estado dos equipamentos e das ações a serem tomadas.

Page 73: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

73

Quando a manutenção é efetuada em linha desenergizada não são necessários

equipamentos especiais, pois a linha é desligada e aterrada. Quando efetuada em linha

energizada é necessário a aplicação de métodos de trabalho específicos adequados a tarefa a

ser executada.

4.1 INSPEÇÕES

Periodicamente são feitas inspeções nas linhas de transmissão com a finalidade de

detectar defeitos, resultando posteriormente em manutenções preventivas.

Na Eletronorte são realizadas as seguintes inspeções programadas em Linhas de

Transmissão [12]:

· Inspeção Aérea;

· Inspeção Terrestre;

· Inspeção Terrestre Detalhada;

A inspeção aérea consiste no sobrevoo da linha de transmissão, em velocidade

reduzida, registrando as anormalidades encontradas.

A inspeção terrestre se baseia no patrulhamento de uma linha de transmissão

utilizando duplas de inspetores, formadas com os integrantes da turma de manutenção de

linhas. Esse patrulhamento é feito, com o apoio de transporte terrestre, em todos os vãos e

estruturas da LT.

Os pontos básicos a serem observados em uma inspeção terrestre [12]:

· Uso indevido da faixa da linha;

· As bases das estruturas;

· O aterramento das estruturas;

· A estrada de acesso e serviço;

· Faixa de servidão;

· Cadeia de isoladores.

Page 74: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

74

A manutenção terrestre detalhada é caracterizada pela observação minuciosa de todos

os itens que compõem uma linha de transmissão.

Apresenta-se a seguir a relação de itens a serem observados numa inspeção terrestre

detalhada [12]:

· Estrutura metálica: verificação da falta peças, placas, se há parafusos frouxos, o

estado da pintura de sinalização, a existência de plantas, ninhos de pássaros e casa de abelha.

· Estai: verificação se há peças frouxas, fundação descoberta, formigueiro

próximo e água empoçada.

· Fundação: verificação da existência de erosão ou formigueiro na área da base,

trincas e rachaduras no aterro, pintura de proteção do montante danificada, desvio de águas

pluviais.

· Cadeia de isoladores: verificação do estado de conservação dos isoladores,

raquetes, anéis, grampo de suspensão ou ancoragem, existência de corrosão e de casa de

abelha.

· Cabo condutor e acessórios: verificação da existência de tentos rompidos,

armadura pré-formada frouxa, cabo vibrando, amortecedores e espaçadores danificados, corpo

estranho no cabo.

· Cabo para-raios e Acessórios: verificação da existência de tentos rompidos,

cabo vibrando, amortecedor danificado, estado de conservação das esferas de sinalização e

corpo estranho no cabo.

· Aterramento da estrutura: verificação do estado de conservação do fio

contrapeso, da conexão à torre e erosão na valeta do contrapeso.

· Estrada de serviço e de acesso: verificação do estado de conservação das

estradas, bueiros, pontes, porteiras, árvores caídas.

· Faixa de servidão: verificação da existência de vegetação ou árvores altas,

plantações não permitidas, benfeitorias, escavações, construção de redes elétricas e a

necessidade de seccionamento e aterramento de cercas.

Em linhas desenergizadas as seguintes tarefas de manutenção são realizadas:

· Realizar inspeções aéreas e terrestres;

· Seccionamento e aterramento de cercas;

· Recuperação de contrapeso;

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75

· Proteção contra erosão em fundações de estrutura;

· Acompanhamento de limpezas de faixa e recuperação de estrada de acesso;

· Comissionamento de linhas;

· Execução de corte seletivo de árvores fora da faixa;

· Corte de vegetação quando colocar em risco a operação da linha;

· Construção de trecho de linha;

· Realização de medição de resistência de aterramento da estrutura;

4.2 MANUTENÇÃO PROGRAMADA

A ELETRONORTE define os seguintes tipos de manutenção programada para seus

equipamentos [10]:

· Manutenção Programada em Aproveitamento: manutenção programada

corretiva ou preventiva, em aproveitamento de desligamento de outro agente, no caso de

linhas de interligações e barras, entre 2 unidades regionais ou internas da própria unidade

regional, desde que seja em outra função.

· Manutenção Programada em Corretiva: manutenção programada para a

execução de um serviço corretivo.

· Manutenção Programada Causa Externa, porém Disponível: manutenção

programada por causa externa à função, porém disponível à operação.

· Manutenção Programada para Melhorias: manutenção programada para efetuar

melhorias. considerando-se melhoria como sendo a implantação ou substituição de

seccionamento/disjuntor/acessórios, adequados de barra (substituição de seccionadora por

disjuntor em interligação de barras), pintura, recapacitação, adequação da supervisão,

melhoria oriunda de projetos de pesquisa e desenvolvimento, execução de obras e substituição

de equipamentos visando reduzir a indisponibilidade das instalações de transmissão,

substituição de equipamentos devido a desgastes prematuros ou restrições operativas

intrínsecas de qualquer ordem, instalação ou substituição de sistema de oscilografia digital de

curta duração, substituição de equipamento por motivo de obsolência, vida útil esgotada, falta

de peças de reposição ou risco de danos às instalações, automação, reforma e modernização de

subestações, instalação ou substituição de equipamentos em subestação com a finalidade de

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76

permitir a plena observabilidade e controlabilidade do SIN, a disponibilidade e a supervisão

das instalações da transmissão e geração.

· Manutenção Programada para Novas Consultas e Modificações: manutenção

programada para novas conexões e modificações. Novas conexões ou modificações são

decorrentes de alterações na configuração da instalação (arranjo físico) ou entrada em

operação de nova função (trafo, reator, compensação série, banco de capacitor, linha,

compensador estático e síncrono e gerador), desde que legalmente autorizada pela ANEEL.

· Manutenção Programada Preventiva: manutenção programada para execução

de um serviço preventivo.

· Manutenção Programada para Retrofit (Recondutoramento): manutenção

programada para implementação de Retrofit (modernização do sistema de proteção, comando

e controle), desde que autorizado pela ANEEL.

Desta forma entende-se a manutenção programada pode ser efetuada com

desligamento ou sem desligamento. Portanto, pode-se afirmar que uma boa política de

manutenção deve determinar o melhor intervalo de inspeção de forma a tornar possível a

programação das manutenções evitando-se sempre que o sistema falhe.

4.3 CONCLUSÃO

As manutenções em linhas de transmissão ocorrem de forma programada. Inspeções

são realizadas periodicamente para detectar defeitos e suas causas. Entre as inspeções

realizadas a que apresenta maior probabilidade de detectar falhas em potencial, inclusive

deterioração de componentes, é a Inspeção Terrestre Detalhada. Após o entendimento do

gerenciamento da manutenção de Linhas de Transmissão pode-se determinar um modelo de

apoio à tomada de decisões para ajudar os gestores da área.

No próximo capítulo analisam-se os aspectos relacionados à Confiabilidade de Linhas

de Transmissão bem como métodos de avaliação da Confiabilidade e de análise do efeito da

manutenção no desempenho do sistema.

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77

5. CONFIABILIDADE DE SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

“A calculated risk is the type of risk that nobody knows how to calculate.”

Rudyard Kipling

An engineer in a little story

A operação de qualquer sistema deve ser planejada de forma a minimizar suas falhas e,

consequentemente, o intervalo de tempo no qual o sistema esteve fora de serviço. A

indisponibilidade é o índice de confiabilidade utilizado para avaliar numericamente o tempo

que o sistema reside em estados falhados. Portanto, na operação de diversos tipos de sistemas

são tomadas ações para minimizar a indisponibilidade.

Devido as incertezas associadas com a ocorrência de falhas, técnicas probabilísticas e

estatísticas são comumente utilizadas. Uma revisão de teoria de probabilidade é dada nos

primeiros itens deste capítulo.

Os processos markovianos são utilizados para a modelagem de sistemas cujo

comportamento pode ser representado por um conjunto de estados discretos e as taxas de

transição entre os estados são constantes. A modelagem inclui a determinação de seus estados

e a representação através de um grafo denominado diagrama de Markov.

Neste capítulo, é proposto o modelo markoviano para a operação, manutenção e reparo

de uma LT. As probabilidades dos estados de operação da LT são calculadas utilizando as

taxas de transição entre estados, tais como as taxas de falha, manutenção e degradação. Com

os dados das probabilidades calcula-se a indisponibilidade do sistema e encontra-se o valor do

intervalo de inspeção do sistema de proteção que minimiza sua indisponibilidade.

Após um estudo inicial sobre teoria de probabilidades e modelos markovianos determina-se o

modelo markoviano de uma LT isolada considerando-se seus aspectos operativos e a

influência da manutenção em seus índices de Confiabilidade. Vários modelos são analisados

durante a determinação do modelo final.

5.1 TEORIA BÁSICA DE PROBABILIDADE

A palavra probabilidade é frequentemente utilizada em ambientes de incerteza com

intuito de expressar que um determinado evento tem uma boa chance de acontecer.

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78

Em termos científicos, a probabilidade de ocorrência de um evento é um índice

numérico adimensional que pode variar entre zero e um. A probabilidade 0 (zero) indicando

impossibilidade de ocorrência e probabilidade 1(um) a total certeza de seu acontecimento [1].

Seja 8 um espaço amostral em que estão contidas todas as possíveis ocorrências de

determinado fenômeno, seja 9% o número de ocorrências do evento ;. Se < é o numero de

elementos de 8, isto é, o número de todas as possíveis ocorrências, define-se a probabilidade

>(;) de ocorrência de ; como:

>(;) = 9%< (5.1)

De acordo com a definição clássica, a probabilidade 5(?) do evento ? pode ser

determinada, em termos das possibilidades de ocorrência de ?, pela equação 5.2.

5(?) = @A@ (5.2)

Onde @ é o número total de possibilidades de ocorrências e @A é o número de

possibilidades de ocorrência que são favoráveis ao evento ? [19].

5.1.1 PROCESSO ESTOCÁSTICO

Um processo estocástico 9(#) é uma regra para atribuição de, para cada evento B, uma

função 9(#, B). Portanto, um processo estocástico é uma família de funções temporais

dependentes de # e B [19].

Em [25] define-se um processo estocástico como sendo como uma forma de abstração

matemática de um processo empírico cujo desenvolvimento é governado por leis

probabilísticas. Um exemplo de processos estocásticos são os processos de Markov. Estes

processos são utilizados na modelagem de diversos fenômenos probabilísticos e serão

analisados com mais detalhes ainda neste capítulo.

Processo estocástico, 6, é definido como uma coleção indexada de variáveis aleatórias

{<C}, onde o índice # pertence a um dado conjunto 8. O conjunto 8 é normalmente composto

de números inteiros não negativos, 8 = {0,1,2,3…�}, e <C representa uma característica

mensurável de interesse num instante de tempo #. Desta forma, um processo estocástico sobre

um dado espaço de probabilidade pode ser definido através da equação (5.3) [28-30]:

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79

{<C, # = 0,1,2…�}

(5.3)

Os valores assumidos pela variável aleatória <C são chamados estados. O conjunto de

todos os possíveis valores forma o espaço de estados do processo estocástico [30].

5.1.2 PROBABILIDADE CONDICIONAL

A probabilidade condicional de um evento B é definida como a probabilidade de

ocorrência do evento B dado que ocorreu o evento A:

5(F|?) = 5(? ∩ F)5(?) (5.4)

Conforme pode-se observar na Figura 5.1, no caso da probabilidade condicional, o

espaço amostral de 5(?|F) é o próprio conjunto ?:

Figura 5.1: Diagrama de Venn de dois conjuntos com intersecção

A expressão da probabilidade condicional dada na equação (5.4) pode também ser

escrita na forma da equação (5.5):

5(? ∩ F) = 5(F|?). 5(?) (5.5)

5.1.3 TEOREMA DE BAYES DA PROBABILIDADE CONDICIONAL

No diagrama de Venn da Figura 5.2 o conjunto ? pode obtido por:

H = (H ∩ IJ) ∪ (H ∩ IL) ∪ (H ∩ IM)…∪ (H ∩ IN) (5.6)

Page 80: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

80

Figura 5.2: Diagrama de Venn: conjuntos com intersecção

Os conjuntos IO, partições do espaço amostral, são mutuamente excludentes e deseja-

se calcular a probabilidade de ocorrência de F% dada a ocorrência de ?, 5(F%|?): 5(F%|?) = 5(F% ∩ ?)5(?)

Utilizando a equação (5.5):

5(F%|?) = 5(F%|?)5(F%)5(?) (5.7)

Pode se calcular a probabilidade 5(?) através da Equação (5.8):

5(?) = 5[(? ∩ FP) ∪ (? ∩ F*) ∪ (? ∩ FQ)…∪ (? ∩ FR)] (5.8)

5(?) = 5[(? ∩ FP) ∪ (? ∩ F*) ∪ (? ∩ FQ)…∪ (? ∩ FR)] Como os conjuntos F% são excludentes entre si, tem-se:

5(?) = 5(? ∩ FP) + 5(? ∩ F*) + ⋯+ 5(? ∩ FR)

5(?) = 5(?|FP)5(FP)+. . . +5(?|FR)5(FR)

5(?) = T5(?|F%)5(F%)R

%UP

(5.9)

Desta forma, a equação (5.7) pode ser escrita como:

5(F%|?) = 5(F%|?)5(F%)∑ 5(?|F%)5(F%)R%UP (5.10)

Este resultado é conhecido como Teorema de Bayes e é também denominado de

fórmula da probabilidade das causas [22].

Page 81: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

81

5.1.4 VALOR MÉDIO

Para um conjunto de dados amostrados a média imparcialmente estimada dos valores é

dada por [20]:

6(9) = 1@T9%W%UP

(5.11)

Onde:

6(9) é a média dos valores de 9;

9% é o valor da i-ésima amostra;

@ é o número de amostras;

A média obtida através da equação (5.11) é denominada média aritmética.

Alternativamente, a média geométrica, definida na Equação (5.12), é, em alguns casos,

utilizada para o cálculo da média dos valores médios aritméticos:

6XYZ(9) = \^9%W%UP

_a

(5.12)

Onde:

6XYZ(9) é a média geométrica dos valores de 9;

9% é o valor da i-ésima amostra;

@ é o número de amostras;

Como simplificação, a Equação (5.12) pode ser rearranjada para a forma da equação

(5.13) [20].

6XYZ(9) = b � ∑ "# (%&) &'� (5.13)

Quando se tem múltiplos dados agrupados com graus diferentes de probabilidades uma

estimação mais precisa da média é dada pela Equação (5.14).

*+,-./0,1(2) =32- . 5-6

-78

(5.14)

Com

Onde:

*+,-./0,1(2) é denominada média ponderada de 2;

Page 82: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

82

2- é a média do i-ésimo grupo de dados;

5- é fator de ponderação do i-ésimo grupo e depende do grau de dispersão do grupo de

amostras, é definido pela Equação (5.15).

5- =89&∑ 89&6-78

(5.15)

Onde:

:- é o desvio padrão do í-esimo grupo dos * grupos de amostras

5.1.5 VARIÁVEL ALEATÓRIA

Uma variável aleatória, ;, é uma função que atribui um número a cada resultado

individual de uma experiência aleatória:

;:Ω → ℝ

Onde Ω é o conjunto que representa todos os possíveis resultados da experiência.

As variáveis aleatórias podem ser contínuas ou discretas. Uma variável aleatória é dita

discreta se o conjunto Ω é finito ou infinito enumerável (um conjunto infinito é dito

enumerável se existir uma bijeção A:ℕ → Ω). Caso contrário, é dita variável aleatória

contínua.

5.1.6 VALOR ESPERADO

Seja 2 uma variável aleatória discreta que representa um determinado fenômeno

estocástico, seja 2- a ocorrência de um evento específico em espaço amostral C constituído

por D amostras e E(2-) a probabilidade de ocorrência do evento 2-. O valor esperado de x é

dado pela Equação (5.16):

F(2) =32- . E(2-)G

-78

(5.16)

Page 83: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

83

Sendo 2 uma variável aleatória contínua com função densidade de probabilidade A(2). Define-se o valor esperado de 2 por:

F(2) = H 2. A(2). I2JKJ

(5.17)

Desde que a integral esteja definida.

O valor esperado é também denominado esperança matemática.

5.1.7 PROPRIEDADES DO VALOR ESPERADO

Sejam ; e L variáveis aleatórias independentes e M e N constantes reais, então, são

válidas as seguintes propriedades [19, 21, 29]:

F(; + L) = F(;) + F(L) (5.18)

F(M; + NL) = MF(;) + NF(L) (5.19)

F(;. L) = F(;). F(L) (5.20)

F(3;-P

-78) =3F(;-)

P

-78

(5.21)

F(Q) = Q (5.22)

F R3;-P

-78S = F(T). F(;-)

(5.23)

F[ℎ(2)] = H ℎ(2). A(2)I2∞

K∞

Onde:

A(2) é a função densidade de probabilidade de x;

(5.24)

Page 84: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

84

5.1.8 VARIÂNCIA DE AMOSTRAGEM

A variância é um indicador do grau de dispersão de uma determinada amostra em

torno da sua média. É comumente utilizada na estimação da variância de uma população para

fins de processamento de dados [20]. É definida pela equação (5.25) [29]:

V(;) = F WX; − F(;)Z\^ (5.25)

Para o caso discreto, V(X) em torno de _, é dada por:

V(;) =3(2- −_)\. E(2-)P

-78

(5.26)

Para o caso contínuo, V(2) em torno de _, é dada por:

V(;) = H (2 − _)\. A(2). I2JKJ

(5.27)

Utilizando as propriedades do valor esperado de ;, F(;), pode-se rearranjar a

Equação (5.25):

V(;) = F WX; − F(;)Z\^

V(;) = F W;\ − 2;F(;) + XF(;)Z\^

V(;) = F W;\ − 2;F(;) + XF(;)Z\^

V(;) = F(;\) − 2F(;). F(;) + XF(;)Z\

V(;) = F(;\) − 2XF(;)Z\ + XF(;)Z\ ( 5.28)

Finalmente,

V(;) = F(;\) − XF(;)Z\ (5.29)

Frequentemente a variância, V(2), é denotada por :\. Onde : é denominado desvio

padrão da amostra [29].

Page 85: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

85

5.1.9 FUNÇÕES DE PROBABILIDADE

Seja 2 uma variável aleatória. A função A(2) que associa a cada valor de 2 sua

probabilidade é denominada função de probabilidade de 2.

A probabilidade da Duração, a, da Ocorrência de um determinado evento pode ser

descrita pela Função Densidade Cumulativa. Esta função define a probabilidade de a ser

menor que b [32]:

cd(b) = e(a ≤ b) (5.30)

A duração do evento, a, assume as seguintes propriedades:

cd(0) = 0 (5.31)

cd(∞) = 1 (5.32)

Isto é, a probabilidade da duração do evento ser menor ou igual a zero é zero e a

probabilidade da duração ser menor que infinito é igual a um.

A Função Densidade de Probabilidade, FDP, Ad(b), é a derivada da função densidade

Cumulativa:

Ad(b) = IIb cd(b) (5.33)

Ad(b) = limkn→oe(b ≤ a < b + Δb)Δb

(5.34)

cd(b) = H Ad(r)Irno

(5.35)

A FDP avalia os possíveis valores de a e sua vizinhança (Δb) dentro de um

determinado intervalo.

A Função Sobrevivência, ou Função Confiabilidade, é definida como sendo a

probabilidade de a ser maior que b:

sd(b) = e(a > b) = 1 − cd(b) (5.36)

Page 86: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

86

A Função Sobrevivência avalia a probabilidade de um determinado componente

operar, sem falhas, durante um intervalo de tempo D.

A Função Taxa de Falha (Hazard Rate Function), ℎd(b), é definida como densidade

de probabilidade de um componente falhar, no instante b, dado que ele ainda esta funcionando

em b [32]:

ℎd(b) = limkn→oe(b ≤ a < b + Δb|a > b)Δb (5.37)

ℎd(b) = Ad(b)sd(b) (5.38)

A Função Taxa de Falha é uma estimativa da Inconfiabilidade de um componente que

ainda esteja funcionando após um determinado intervalo de tempo de operação sem falhas.

Uma Função Taxa de Falha crescente indica que a probabilidade de falha está aumentando, o

que pode significar, por exemplo, envelhecimento [32].

5.1.10 DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL

A distribuição exponencial negativa é descrita pela Equação (5.39):

Ad(b) = u. vKw0 (5.39)

A função de Densidade de Ad(b) pode ser calculada utilizando a Equação (5.35):

cd(b) = H u. vKw0no = 1 − vKw0

(5.40)

A função taxa de falha pode ser calculada utilizando a Equação (5.38):

ℎd(b) = Ad(b)sd(b) =u. vKw0vKw0 = u

(5.41)

Através da Equação (5.41) pode-se observar uma importante propriedade da

distribuição exponencial negativa: A função taxa de falha é uma constante.

A distribuição exponencial negativa é a função que descreve a distribuição das

durações dos estados em um processo de Markov.

Page 87: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

87

5.2 CONCEITOS BÁSICOS DE CONFIABILIDADE

Confiabilidade é a probabilidade de um componente, equipamento ou sistema exercer

sua função sem falhas, num período de tempo previsto, sob condições operativas

especificadas.

A taxa de falha (Failure Rate) pode ser utilizada para quantificação da confiabilidade

de um equipamento. A taxa da falha é a probabilidade de que uma parte de um equipamento

que esteja funcionando no tempo r, falhe no próximo intervalo de tempo. A aplicação dessa

quantificação em todas as partes constituintes permite a modelagem da confiabilidade do

equipamento em toda sua magnitude [13].

O propósito da modelagem da Confiabilidade é prever aumentos na probabilidade de

falha de forma a sugerir pontos críticos onde ações de manutenção devem ser efetuadas [13].

5.3 MÉTODOS DE ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DE SISTEMAS DE

TRANSMISSÃO

A avaliação da confiabilidade de um sistema consiste, essencialmente, no cálculo de

um conjunto de indicadores de desempenho [35]. Estes índices são utilizados na análise das

condições operativas e na determinação e predição do comportamento futuro do sistema.

Em Sistemas Elétricos de Potência, a avaliação da confiabilidade faz uso de uma

variedade de métodos matemáticos. Esses métodos podem ser divididos nos seguintes três

grupos principais [32]:

· Analíticos;

· Simulação Estocástica;

· Métodos de Análise de Efeito de Falha (Failure Effect Analysis - FEA).

Um método analítico comumente utilizado na análise de sistemas de energia elétrica é

o Modelo de Markov [32, 33, 34]. Este modelo utiliza a distribuição exponencial negativa

para modelar as durações dos estados estocásticos. Como esta distribuição é independente do

tempo os Modelos Markovianos apresentam taxa de transição entre os estados constante, por

isso são também denominados Modelos Homogêneos [32]. Os modelos de Markov são

atraentes devido a sua elegância matemática, isto é, a análise é simples e os resultados

Page 88: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

88

numéricos podem ser facilmente obtidos [29]. A utilização de uma função densidade de

probabilidade diferente da função exponencial negativa pode tornar impraticável o cálculo dos

índices analíticos de confiabilidade [32]. No entanto, apesar de frequentemente a modelagem

de tempos de falha por funções de distribuição de probabilidade exponenciais apresentar

resultados realísticos, as durações de tempo de reparo, tempo de manutenção e tempo de

chaveamento são melhor modeladas pela distribuição log-normal [32, 29]. Para contornar o

comportamento não-Markoviano representa-se os estados com duração não exponencial por

um conjunto de estados equivalente. Desta forma os modelos não-Markovianos ou semi-

Markovianos podem ser aproximados por modelos Markovianos [29].

5.4 PROCESSOS DE MARKOV

Andrei A. Markov (1836-1922) escreveu um trabalho pioneiro, publicado em 1906, no

campo de classe de processos, no qual introduziu os conceitos de cadeias dependentes e

definiu algumas propriedades. Os processos que apresentavam uma propriedade, denominada

propriedade de Markov, foram denominados Processos Markovianos [25].

Os processos de Markov têm sido aplicados à modelagem de sistemas e fenômenos das

mais diversas áreas. Algumas aplicações em modelagem de sistemas e fenômenos encontradas

em [25] são: Modelo de Crescimento de População, Modelagem de Teoria de Epidemia,

modelo Cascata Núcleo-Elétron, modelo de Detectores de Fissão Nuclear, modelo de

Transferência Radioativa, modelo de Distribuição Espacial de Galáxias, modelo de Cinética

de Reação química, modelo de Tráfego Telefônico. Na referência [1] modelos de Markov são

aplicados em Análise de Confiabilidade de Sistemas Elétricos. As referências [23], [26] e [27]

propõem um modelo markoviano para a modelagem de um componente e seu sistema de

proteção. Esta monografia utiliza um modelo markoviano de Linha de Transmissão para

análise do impacto das ações de manutenção na Confiabilidade e no custo total de operação.

Os modelos de Markov podem ser utilizados em sistemas que variam tanto no tempo

quanto no espaço. Na análise da Confiabilidade o espaço é geralmente uma função discreta

visto que sua representação utiliza um conjunto finito de estados identificáveis nos quais o

componente ou sistema podem residir [1]. O tempo, no entanto, pode ser contínuo ou discreto.

Em sistemas de tempo discreto os modelos markovianos são denominados Cadeias de

Markov. Em sistemas de tempo contínuo, Processos de Markov [1].

Page 89: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

89

Um processo de Markov é um processo estocástico para o qual é valida a propriedade

de Markov:

e(;Px8 = y|;o = zo, ;8 = z8, … , ;PK8 = zPK8, ;P = zP) = e(;Px8 = y|;P = zP) (5.42)

Desta forma, pode-se afirmar que um Processo de Markov, * = {;0}, é um processo

estocástico cujos valores de ;Px8 não são influenciados pelos valores de ;PK8. Portanto,

Processos de Markov constituem um tipo especial de processo estocástico que possui a

propriedade de que as probabilidades associadas com o processo num dado instante do futuro

dependem somente do estado presente, sendo, portanto, independentes dos eventos no

passado.

A probabilidade do estado z no instante T, e-(T), é a probabilidade do sistema

encontrar-se no estado z após T passos de tempo:

e-(T) = e(;G = z), EM�M z = 1,2, … T (5.43)

Onde T é o número de estados do grafo representativo do sistema de Markov modelado

e ;G é o estado assumido após D transições.

Portanto, um processo de Markov é definido através de [32]:

· Um conjunto dos possíveis estados 2� = {0, 1, 2, …D}, onde D é o número de

estados;

· A estória estocástico do fenômeno descrita na Equação (5.42);

· Um conjunto de funções distribuição de probabilidade, A%�,-�, para a duração

condicional dos estados:

Ad,-� = e(aP,-� ≤ b)

Ad,-� = e(;Px8 = y|;P = zP)

Ad,-� = 1 − vKw0 (5.44)

Na Figura 5.3 compara-se as características de uma LT com as propriedades de

Markov.

Page 90: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

90

Figura 5.3: Comparação das Características de LT com processos de Markov

Observa-se que comportamento operativo de Linhas de Transmissão pode ser

modelado por processos de Markov, conforme pode-se observar na Figura 5.3.

5.5 APLICAÇÃO DO MODELO MARKOVIANO

Considere o seguinte sistema de potência responsável pela interligação entre as

subestações A e B mostrado na Figura 5.4. Esse sistema é formado por um componente e seu

sistema de proteção. O componente protegido é uma linha de transmissão e seu sistema de

proteção é composto por disjuntores, transdutores e relés.

Figura 5.4: Componente e seu Sistema de Proteção [23]

Page 91: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

91

O modelo de Markov do componente e sua proteção é mostrado na Figura 5.5. Neste

modelo o componente é representado por C e o sistema de proteção por P.

Figura 5.5: Modelo de Markov do Sistema [23]

Onde:

u� é a taxa de falha do componente; ! é taxa de falha da proteção; "� é a taxa de reparo do componente; "! é taxa de reparo da proteção; �� é taxa de falha de causa comum do sistema, Componente e Proteção; #! é taxa de inspeção do sistema de proteção; $% taxa de chaveamento normal do sistema de proteção; $& taxa de chaveamento de Backup do sistema de proteção; $% taxa de chaveamento manual para isolamento de componente falhado; '( indica estado normal; )* indica estado falhado programado; )' indica estado falhado não programado; +*,( indica item em inspeção-indisponível; +,- indica item isolado-indisponível.

Page 92: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

92

5.6 DESCRIÇÃO DOS ESTADOS

Estado 1: Linha de Transmissão e Proteção em estado normal de operação. Neste o

sistema deve permanecer a maior parte do tempo.

Estado 2: Houve na falha na Linha de Transmissão, mas a proteção está operando

adequadamente. Devido à falha a LT será isolada fazendo com o sistema permaneça neste

estado por um curto intervalo de tempo que equivale ao tempo de atuação da proteção.

Estado 3: Ocorre quando há falha na proteção. Neste estado uma eventual falha na LT

não poderá ser corrigida, pois a proteção está inoperante.

Estado 4: Quando ocorre falha na LT enquanto a proteção está inativa ou para inspeção

(Sistema no Estado 5) ou por falha (Sistema no Estado 3) o sistema entra para estado 4

caracterizando Componente e Proteção inativos. O mesmo acontece quando ocorre uma falha

de modo comum em que tanto a LT quanto a proteção estão normais e após a falha ambas

estarão falhadas.

Estado 5: Ocorre quando a proteção é inspecionada e, portanto, inativa.

Estado 6: Caracteriza a isolação da LT pelo Proteção.

Estado 7: Caracteriza falha da Proteção após a isolação da LT.

Estado 8: Caracteriza a isolação da LT e de outros componente adjacentes pela atuação

da Proteção de Retaguarda.

As probabilidades (./, representativas das taxas de transição entre os estados, são

calculadas observando o modelo de Markov da Figura 5.5.

· Para o estado 1:

(00 = 1 − (#�! + #! + ! + �� + �). Δ8 (09 = � . Δ8 (0: = ! . Δ8 (0; = �� . Δ8 (0< = #! . Δ8 (0> = 0 (0@ = 0

Page 93: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

93

(0A = 0

· Para o estado 2:

(90 = 0 (99 = 1 − Ψ% . Δ8 (9: = 0 (9; = 0 (9< = 0 (9> = Ψ% . Δ8 (9@ = 0 (9A = 0

· Para o estado 3:

(:0 = 0 (:9 = 0 (:: = 1 − ( � + #!). Δ8 (:; = � . Δ8 (:< = #! . Δ8 (:> = 0 (:@ = 0 (:A = 0

· Para o estado 4:

(;0 = 0 (;9 = 0 (;: = 0 (;; = 1 − Ψ&. Δ8 (;< = 0 (;> = 0 (;@ = 0 (;A = Ψ& . Δ8 · Para o estado 5:

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94

(<0 = "! . Δ8 (<9 = 0 (<: = 0 (<; = � . Δ8 (<< = 1 − ("! + �). Δ8 (<> = 0 (<@ = 0 (<A = 0

· Para o estado 6:

(>0 = "� . Δ8 (>9 = 0 (>: = 0 (>; = 0 (>< = 0 (>> = 1 − ("� + !). Δ8 (>@ = ! . Δ8 (>A = 0

· Para o estado 7:

(@0 = 0 (@9 = 0 (@: = 0 (@; = 0 (@< = 0 (@> = "! . Δ8 (@@ = 1 − "!. Δ8 (@A = 0

· Para o estado 8:

(A0 = 0 (A9 = 0

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95

(A: = 0 (A; = 0 (A< = 0 (A> = 0 (A@ = ΨC . Δ8 (AA = 1 − ΨC. Δ8 O valor do tempo Δ8 deve ser escolhido de modo que a probabilidade da ocorrência de

transições entre dois ou mais estados seja desprezível [1].

5.7 MÉTODOS DE CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO

Roy Billinton e R. N. Allan, em [1], propõem dois métodos para o desenvolvimento

das probabilidades de estado:

· Método de Multiplicação Matricial: Pode-se demonstrar que a probabilidade

dos estados no D-ésimo instante de tempo, ((D), pode ser encontrada através da multiplicação

do vetor de probabilidades no instante inicial, ((0), pela MEPTE, (, multiplicada por si

mesmo D vezes, isto é, (E. Matematicamente isso pode ser escrito através da equação (5.45):

((D) = ((0). (E (5.45)

Pelo Método da Multiplicação Matricial as probabilidades estacionárias de cada estado

podem ser encontradas utilizando um valor para D que caracterize o sistema após a o

transitório, isto é, para D suficientemente grande, o vetor de probabilidades de estado, ((D), conterá as probabilidades de regime permanente, isto é, as probabilidades assintóticas [24].

· Método da equação Diferencial: Consiste em resolver as equações diferenciais

que descrevem o comportamento dinâmico do sistema. Essas equações são encontradas

considerando-se as transições entre os estados para um intervalo de tempo infinitesimal, F8. Dado um sistema no tempo inicial, tem-se que a probabilidade do sistema encontrar-se

em determinado estado específico após o intervalo de tempo F8 é igual a probabilidade de não

transitar para outro estado se estiver inicialmente neste estado específico mais a probabilidade

Page 96: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

96

de, estando em um outro estado diferente, transitar para o estado específico.

Matematicamente, isso pode ser expresso através da equação (5.46):

(.(8 + F8) = (.(8)(1 − F8) + (/(8)"F8 (5.46)

Onde:

(.(8) probabilidade do sistema encontrar-se no estado i no tempo t; taxa de transição do estado i para outro estado qualquer; " taxa de transição de um estado qualquer para o estado i.

A Equação (5.46) pode ser desenvolvida para a seguinte forma:

(.(8 + F8) − (.(8)F8 = − (.(8) + "(/(8) (5.47)

Quando o intervalo de tempo, F8, tende a zero o lado esquerdo da equação (5.47)

torna-se a derivada de (.(8) em relação à 8:

limGH→J(.(8 + F8) − (.(8)F8 = F(.(8)F8 = (.K(8) (5.48)

Utilizando-se o resultado da equação (5.48) pode-se reescrever a Equação (5.47):

(.K(8) = − (.(8) + "(/(8) (5.49)

A Equação (5.49) é uma equação diferencial ordinária linear para o i-ésimo estado.

Para encontrar-se (.(8), deve –se resolver esta equação Diferencial.

Page 97: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

97

5.8 CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO PELO MÉTODO DA

MULTIPLICAÇÃO MATRICIAL

Técnicas matriciais na análise da confiabilidade de sistemas são comumente utilizadas

quando técnicas mais básicas tornam-se complexas [1]. A Matriz Estocástica das

Probabilidades de Transição de Estados - MEPTE, utilizada na análise de sistemas complexos

ou com grande número de estados, é definida da seguinte forma:

( = ⎣⎢⎢⎡(00 (09 ⋯ (0/(90 (99 ⋯ (9/⋮(.0 ⋮(.9 ⋱(.: ⋮(./⎦⎥

⎥⎤

(5.50)

Onde (./ é a probabilidade de efetuar uma transição do estado U para o estado V, no intervalo

de tempo considerado: (./ = W(X% = V|X%Y0 = U) (5.51)

O modelo de Markov da linha e sua proteção possui oito estados significativos [23]. A

MEPTE desse sistema é dada na equação (5.52):

( = Z(00 (09 ⋯ (0A(90 (99 ⋯ (9A⋮(A0 ⋮(A9 ⋱(A: ⋮(AA[

(5.52)

Os elementos da diagonal têm-se lei de formação:

(.. = 1 − \ (./%/]0,/_. , -DF` * é a bcF`d Fa ea8cUf

(5.53)

5.9 CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE ESTADO PELO MÉTODO DA

EQUAÇÃO DIFERENCIAL

O conjunto de equações (5.54) foi gerado aplicando a Equação (5.46) ao modelo

markoviano da Figura 5.5: (0(8 + F8) = (0(8)[1 − (#�! + #! + ! + �� + �). d8 + (<(8)"!d8+ (>(8)"�F8 + (j(8)"�!. F8

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98

(9(8 + F8) = (9(8)(1 − $kF8) + (0(8) �F8 (:(8 + F8) = (:(8)[1 − ( � + #!). d8] + (0(8) !F8 (;(8 + F8) = (;(8)(1 − Ψ&. Δ8) + (0(8) ��F8 + (:(8) �F8 + (<(8) �F8 (<(8 + F8) = (<(8)[1 − ("! + �). d8] + (0(8)#!F8 + (:(8)#!F8 (>(8 + F8) = (>(8)[1 − ("! + !). d8] + (9(8)$kF8 + (@(8)"!F8 (@(8 + F8) = (@(8)(1 − "!F8) + (>(8) !d8 + (A(8)$CF8 (A(8 + F8) = (A(8)(1 − $CF8) + (;(8)$&F8

(5.54)

Aplicando-se os mesmos passos utilizados para chegar-se a Equação (5.49) pode-se

encontrar o conjunto de equações (5.55): (0K = (0(8)[−(#�! + #! + ! + �� + �)] + (<(8)"! + (>(8)"�+ (j(8)"�! (9K(8) = (9(8)(−$k) + (0(8) � (:K(8) = (:(8)[−( � + #!)] + (0(8) ! (;K(8) = (;(8)(−Ψ&) + (0(8) �� + (:(8) � + (<(8) � (<K(8) = (<(8)[−("! + �)] + (0(8)#! + (:(8)#! (>K(8) = (>(8)[−("! + !)] + (9(8)$k + (@(8)"! (@K(8) = (@(8)(−"!) + (>(8) ! + (A(8)$C (AK(8) = (A(8)(−$C) + (;(8)$&

(5.55)

As probabilidades dos estados são encontradas resolvendo-se este conjunto de

equações diferenciais ordinárias. Uma das formas de fazê-lo é utilizando as Transformadas de

Laplace. As seguintes propriedades das Transformadas de Laplace serão utilizadas: ℒ{p(8)} = q(r) (5.56) ℒ{pK(8)} = rq(r) − p(0) (5.57)

Aplicando-as ao conjunto de equações (5.585): r(0(r) − (0(0)= (0(r)[−(#�! + #! + ! + �� + �)] + (<(r)"!+ (>(r)"� + (j(r)"�! r(9(r) − (9(0) = (9(r)(−$k) + (0(r) � r(:(r) − (:(0) = (:(r)[−( � + #!)] + (0(r) ! r(;(r) − (;(0) = (;(r)(−Ψ&) + (0(r) �� + (:(r) � + (<(r) � r(<(r) − (<(0) = (<(r)[−("! + �)] + (0(r)#! + (:(r)#!

(5.59)

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99

r(>(r) − (>(0) = (>(r)[−("! + !)] + (9(r)$k + (@(r)"! r(@(r) − (@(0) = (@(r)(−"!) + (>(r) ! + (A(r)$C r(A(r) − (A(0) = (A(r)(−$C) + (;(r)$&

Admitindo que os sistema inicialmente encontra-se no Estado 1 tem-se as seguintes

condições iniciais: (0(0) = 1 (9(0) = 0 (:(0) = 0 (;(0) = 0 (<(0) = 0 (>(0) = 0 (@(0) = 0 (A(0) = 0

(5.60)

Aplicando as condições iniciais definidas em (5.60) ao conjunto de equações (5.59)

tem-se: r(0(r) − 1 = (0(r)[−(#�! + #! + ! + �� + �)] + (<(r)"! + (>(r)"� r(9(r) = (9(r)(−$k) + (0(r) � r(:(r) = (:(r)[−( � + #!)] + (0(r) ! r(;(r) = (;(r)(−Ψ&) + (0(r) �� + (:(r) � + (<(r) � r(<(r) = (<(r)[−("! + �)] + (0(r)#! + (:(r)#! r(>(r) = (>(r)[−("! + !)] + (9(r)$k + (@(r)"! r(@(r) = (@(r)(−"!) + (>(r) ! + (A(r)$C r(A(r) = (A(r)(−$C) + (;(r)$&

(5.61)

O conjunto de equações (5.61) pode ser resolvido por qualquer método de solução de

sistemas lineares tais como o método da substituição retrógrada, eliminação de Gauss, entre

outros.

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100

5.10 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

As probabilidades de estado do modelo de Markov do sistema teste foram computadas

numericamente utilizando o MATLAB 7.10 (2010a). Aplicou-se tanto o método da

Multiplicação matricial quanto o da solução por equações diferenciais. Os valores das taxas de

transição foram obtidos em [23]. Os resultados dos cálculos podem ser vistos nas Figuras 5.6 e

5.7:

Figura 5.6: Probabilidades de Estado – Método da Multiplicação Matricial

Figura 5.7: Prob. de Estado – Método da Solução das Equações Diferenciais

0 2 4 6 8 10 12 14 160

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

n

Pro

babili

dades d

e E

sta

do

Pi(n) x n - Comportamento Dinâmico

P1(n)

P2(n)

P3(n)

P4(n)

P5(n)

P6(n)

P7(n)

P8(n)

0 5 10 15 20 25 30 35 400

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Tempo

Pro

babili

dades

Pi(t) x t

P1(t)

P2(t)

P3(t)

P4(t)

P5(t)

P6(t)

P7(t)

P8(t)

Page 101: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

101

O valor obtido das probabilidades de regime de cada estado pelo método da

Multiplicação Matricial estão apresentados nas Tabelas 5.1:

Tabela 5.1: Probabilidades de Estado

Probabilidade Valor Numérico

P(1) 4.923206e-001

P(2) 6.504743e-009

P(3) 5.590482e-005

P(4) 1.296667e-008

P(5) 4.897819e-001

P(6) 1.224526e-002

P(7) 2.801578e-003

P(8) 2.801857e-003

Os valores das probabilidades de regime obtidas computacionalmente resolvendo-se as

equações diferenciais estão apresentados na Tabela 5.2:

Tabela 5.2: Probabilidades de Estado

Probabilidade Valor Numérico

P(1) 4.915333e-001

P(2) 6.494341e-009

P(3) 5.579266e-005

P(4) 1.294066e-008

P(5) 4.887991e-001

P(6) 1.401977e-002

P(7) 2.796784e-003

P(8) 2.795183e-003

Page 102: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

102

Como pode-se observar, em ambos os métodos obteve-se resultados semelhantes.

Desta forma, comparando-se os valores obtidos nas Tabelas 5.1 e 5.2 entre si e com os

resultados encontrados em [23] pode-se comprovar a eficácia da implementação

computacional dos métodos de cálculo das probabilidades.

5.11 INDISPONIBILIDADE ANORMAL

A Indisponibilidade Anormal é a probabilidade de estarem inoperantes tanto o

componente quanto sua proteção. Esta Indisponibilidade é denominada Anormal porque o

componente transita de seu estado ativo para o inativo devido à falha do sistema de proteção

que não estava apto a atuar quando solicitado [23].

Para o modelo Markoviano do componente e sua proteção apresentado na Figura 5.4, a

Indisponibilidade Anormal, +s%, é definida como sendo igual à probabilidade de o sistema

encontrar-se no Estado 4 ou no Estado 8 [23], conforme equação (5.62): +s% = (; + (A (5.62)

Resolvendo-se numericamente as equações diferenciais a Indisponibilidade Anormal

foi calculada para alguns valores da taxa de transição t. O resultado está mostrado na Figura

5.8:

Figura 5.8: Indisponibilidade Anormal

10-1

100

101

102

103

104

105

10-5

10-4

10-3

10-2

Intervalo de Inspeção

Indis

ponib

ilidade A

norm

al

Sensibilidade da Indisponibilidade Anormal-lC

lC=0.1f/a

lC=0.2f/a

lC=0.5f/a

lC=1f/a

lC=2f/a

lC=5f/a

Page 103: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

103

Como se pode observar da Figura 5.8, para cada valor de � há um Intervalo de

Inspeção para o qual o valor da Indisponibilidade é mínimo. Portanto, é possível, através do

ajuste do Intervalo entre as Inspeções, minimizar a Indisponibilidade do sistema.

5.12 DETERMINAÇÃO DO VALOR ÓTIMO DE INSPEÇÃO

Para este problema de otimização a função objetivo relaciona o Intervalo de Inspeção

com a Indisponibilidade. A função objetivo é a Indisponibilidade Anormal:

+s%u8.Evwx = (;(8) + (A(8) (5.63)

As probabilidades (;(8) e (A(8) podem ser encontradas resolvendo o sistema de

equações lineares definidos em (5.61) que estão no domínio de ‘r’ e, utilizando a

transformada inversa de Laplace, transformá-las para o domínio do tempo.

Após encontrar-se a função Indisponibilidade no domínio do tempo em função do

Intervalo de Inspeção, +u8.Evwx, pode-se otimizá-la, isto é, encontrar seu valor mínimo.

Devido ao elevado número de equações e variáveis a solução algébrica das equações

de (;(8) e (A(8) é demasiadamente trabalhosa em decorrência disso técnicas numéricas, tais

como a solução iterativa dos métodos de calculo das probabilidades de estados descritas no

item 5.7, são utilizadas com o intuito de facilitar o cálculo.

Para encontrar o mínimo da Indisponibilidade Anormal as probabilidades (;(8) e (A(8) foram avaliadas numericamente para um determinado intervalo de tempo. Dentro deste

intervalo avaliou-se, também de forma numérica, a Indisponibilidade e o valor ótimo do

Intervalo de Inspeção.

5.13 CONSIDERAÇÕES SOBRE O MODELO TESTE

As probabilidades de estado foram calculadas pelos métodos propostos. Observou-se

que os valores encontrados pelos programas computacionais são semelhantes aos obtidos por

[23] comprovando-se a eficácia dos métodos propostos e dos programas implementados.

Page 104: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

104

Avaliou-se a Indisponibilidade Anormal e observou-se que seu comportamento

depende de diversos fatores tais como as taxas de falha e de reparo. Observou-se também a

sua relação com o Intervalo de Inspeção do sistema de proteção e percebeu-se a existência de

um valor de Intervalo de Inspeção que minimiza a Indisponibilidade.

Uma vez desenvolvidas as ferramentas de cálculo, o próximo passo deste trabalho

consiste na determinação do modelo de uma LT. Nos próximos itens descreve-se, passo-a-

passo, o procedimento de obtenção do modelo e sua adequação à realidade operativa e aos

procedimentos de manutenção.

5.14 DETERMINAÇÃO DO MODELO MARKOVIANO DE LINHA DE

TRANSMISSÃO

A manutenção em Linhas de Transmissão pode ser efetuada com ou sem energização

dessa função de transmissão. Desta forma, pode-se esperar que o modelo Markoviano da LT

apresente, no mínimo, dois estados, ativo (UP) e inativo (DOWN), como pode ser visto no

diagrama da Figura 5.9:

Figura 5.9: Modelo de LT em diagrama de estados

Onde: y é a taxa de falha; "z é a taxa de reparo;

O modelo da Figura 5.9 é demasiadamente simplista uma vez que não descreve de

forma real o item e seus componentes estruturais em seus vários estágios durante sua vida útil.

Deve-se considerar a realização de inspeções. Geralmente esse tipo de tarefa é feito com a

UP DOWN

Page 105: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

105

linha energizada e, se uma anormalidade é detectada, a linha deve ser notificada para uma

posterior operação de manutenção.

Da mesma forma, na ocorrência de um desligamento indevido o procedimento inicial é

a detecção do problema através de uma inspeção. Essas novas considerações levam ao modelo

da Figura 5.10. Neste modelo o Estado 3 foi adicionado para considerar as operações de

inspeção.

Figura 5.10: Modelo com Inspeção

Onde: .Evw é taxa de transição para o estado de inspeção ".Evw é a taxa de transição do estado de inspeção para o estado ativo;

Considerando-se o modelo estrutural da linha, isto é, sua constituição em termos de

componentes, pode-se afirmar que a LT continuará ativa mesmo que alguns de seus

componentes falhem. No entanto, a falha em algum de seus componentes poderá levar ao

desligamento indevido.

Considerando-se que cada um destes componentes estão sujeitos à deterioração um

modelo mais realístico de LT deve considerar o processo de deterioração de seus componentes

e o efeito da manutenção.

3. INSP

2. DOWN 1. UP

Page 106: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

106

O processo de deterioração pode ser representado por uma sequência de estágios

representando a intensificação do desgaste pelo uso e, por fim, levando o equipamento à falha

[31]. Na modelo apresentado na Figura 5.11 está ilustrado o processo de deterioração e a

concomitante falha.

Figura 5.11: Modelo de Deterioração [31 - Adaptado]

O processo de manutenção pode ser modelado como uma operação que faz o sistema

transitar para um estado de menor degradação. No modelo da Figura 5.12 os processos de

manutenção são considerados.

Figura 5.12: Modelo com estágios de deterioração e manutenção [31 - Adaptado]

Observa-se que no modelo da Figura 5.12 são necessários vários estágios de

deterioração para a ocorrência do estado de falha. Em uma LT real a falha em um componente

essencial leva à imediata interrupção, isto é, à falha geral do sistema.

Como foi anteriormente descrito, do ponto de vista da manutenção, a LT é composta

de:

· Faixa de linha transmissão;

· Estrutura;

· Cadeia de isoladores;

· Cabos condutores e acessórios;

Page 107: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

107

· Cabos para-raios;

Levando-se em conta esta observação e considerando-se que uma falha em qualquer

um dos componentes que leve à ocorrência de um curto-circuito retirará a linha de operação

define-se como elementos essenciais os isoladores, a estrutura, os para-raios e os cabos

condutores e seus acessórios. Um modelo incluindo o comportamento desses componentes é

mostrado na Figura 5.13.

Figura 5.13: Modelo de uma LT considerando suas partes constituintes

Onde: .v~� é a taxa de falha devido aos isoladores; ".v~� é taxa de reparo dos isoladores; �vHz é a taxa de falha devido à estrutura; "�vHz é taxa de reparo das estruturas; y�.�� é a taxa de falha com origens na faixa da LT; "y�.�� é taxa de reparo de falhas causadas pela faixa da LT; t�� é a taxa de falha devido a falhas originadas em cabos; "t�� é taxa de reparo de falhas originadas em cabos;

3. DOWN

FAIXA

3. DOWN

CABOS

3. DOWN

ISOLADOR

2. DOWN

ESTRUTURA

1. UP

Page 108: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

108

Apesar de representar a LT e todos os seus componentes o modelo da Figura 5.13 não

considera o efeito da manutenção. Frequentemente um modelo realístico deve ser baseado nos

dados disponíveis. Estes dados são obtidos de diversas fontes. Tais como banco de dados,

experiência de técnicos e engenheiros, inferências, técnicas de inferência, etc. Na

ELETRONORTE o programa de banco de dados é denominado INFO OPR (Informativo da

Operação das Instalações de Transmissão e Sistemas Isolados), cuja interface está mostrada na

Figura 5.14:

Figura 5.14: Programa INFO OPR

No banco de dados do INFO OPR os dados estão categorizados por classe de operação.

Desta forma, uma ideia intuitiva para a determinação de um modelo realístico adequado foi

utilizar as classes de operação para a representação dos estados do diagrama de Markov.

O modelo da Figura 5.15 considera os aspectos operativos dos componentes elétricos

em termos de suas classes de operação. Cada estado mostrado é composto por vários

subestados. Para o estado Operando esses subestados representam os modos operativos

característicos e para os estados de desligamento representam os tipos de ocorrência que

Page 109: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

109

levaram ao desligamento. No Anexo A estão descritas as siglas que representam cada

subestado.

Figura 5.15: Modelo Considerando as classes de operação de uma LT

Na Figura 5.16 exibe-se o estado DESLIGAMENTO PROGRAMADO e seus subestados:

Figura 5.16: Estado de Desligamento Programado

DPD

DPM

DPR

DUP

PRA PMV

PRE UMP

DCO

DMF

DPC

DPA

DPE

DCO

DPI

DPM DPN DPP

DSO

PMA

DST DTC

PMM

OPERANDO

OUTRO

DESLIGAMENTO

DESLIGAMENTO

PROGRAMADO

DESLIGAMENTO

FORÇADO

Page 110: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

110

Na Figura 5.17 exibe-se o estado OPERANDO e seus subestados:

Figura 5.17: Estado Operando

Na Figura 5.18 exibe-se o estado OUTROS DESLIGAMENTOS e seus subestados:

Figura 5.18: Estado Outros Desligamentos

Na Figura 5.19 exibe-se o estado DESLIGAMENTOS FORÇADOS e seus subestados.

OCA

OPC

ORD

OSN

SRI SRE

STN STP

EOC

NOT

OCS

LSO

OPA

OAR

ODC

OPM OPR OPT

ORN

OSP

ORP OSI

RDP

TST

AEM AEN

DCA DDE DCR

DEC DLO NAD

SOC SPD

Page 111: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

111

Figura 5.19: Estado de Desligamento Forçado

O modelo da Figura 5.15 foi utilizado para o cálculo de algumas taxas de transição

entre os estados a partir de dados obtidos na ELETRONORTE. Na Figura 5.20 reapresenta-se

o modelo (reorganizado) e suas taxas de transição entre os estados, � ! e " !, são exibidas:

Figura 5.20: Protótipo do modelo markoviano de LT

DDO

DFC

DHM

DQM

DSA DRV

DUN DVA

DAN

DCP

DEE

DCF

DES

DDA

DEH

DFP DFS DHC

DHS

DRB

DIS DNI

DRT

DFD

DHO

DQT

DTE

DVG

DEA

DCI

DAI AIP

EMM FLH MDE

NAP UMO

Page 112: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

112

As taxas de transição são:

· l12 é a taxa de transição do estado de operação para o estado desligamento forçado.

· l13 é a taxa de transição do estado de operação para o estado desligamento

programado.

· l14 é a taxa de transição do estado de operação para o estado desligamento de outra

natureza.

· m21 é a taxa de transição do estado de desligamento forçado para o estado de operação.

· m31 é a taxa de transição do estado de desligamento programado para o estado de

operação.

· m41 é a taxa de transição do estado de desligamento de outra natureza para o estado de

operação.

Para o cálculo dos parâmetros foi utilizada uma linha de transmissão composta por

duas linhas em paralelo com as características dada na Tabela 5.3.

Tabela 5.3: Características da Linha de Transmissão

DADOS DA LINHA DE TRANSMISSÃO

IZPDLT701 IZPDLT702

Tensão Máxima Operativa 550 KV 550 KV

Corrente de Longa e Curta Duração 550 A 640 A

Distância entre Fases 9m 6m

Número de Circuitos 1 1

Disposição do Circuito horizontal triangular

Diâmetro dos Condutores 25,15mm 29,61mm

Número de Condutores por Fase 4 4

Espaçamento entre Condutores 457 mm 457 mm

Número de Cabos Para-raios 2 2

Disposição dos Cabos Para-raios horizontal horizontal

Diâmetro dos Cabos Para-raios 3/8" 5/16"

Distância Mínima do Cabo Condutor Ao Solo 10m 10m

Largura de Faixa 70m 60m

Fonte: Banco da Dados - Eletronorte

Page 113: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

113

Os dados coletados relativos aos estados do modelo, utilizados para o cálculo das taxas

de transição e probabilidades de estado, estão apresentados na Tabela 5.4.

Tabela 5.4: Dados do período de estudo considerado3

LINHA NÚMERO DE

OCORRENCIAS

INÍCIO DO

PERÍODO

FIM DO

PERIODO

DURAÇÃO TOTAL

DAS

OCORRÊNCIAS

NO PERÍODO

TIPO DE

OCORRÊNCIA

IZPDLT701 102 11/09/1996 18/11/2011 1213,68 DESLIGAMENTO

FORÇADO

IZPDLT701 130 23/09/1996 25/02/2012 1760,37 DESLIGAMENTO

PROGRAMADO

IZPDLT701 63 10/02/2004 18/12/2011 312,37 OUTROS

DESLIGAMENTOS

IZPDLT701 342 16/08/2000 25/02/2012 99117,05 OPERATIVO

IZPDLT702 142 10/09/1996

20/10/2011

432,10 DESLIGAMENTO

FORÇADO

IZPDLT702 238 06/02/1997 12/06/2011 7803,55 DESLIGAMENTO

PROGRAMADO

IZPDLT702 53 07/03/2004 20/10/11 OUTROS

DESLIGAMENTOS

IZPDLT702 433 02/07/2000 01/11/11 94749,43 OPERATIVO

O período de estudo considerado para o cálculo da frequência dos estados de

desligamento foi de 10/02/2004 a 10/02/2011 (sete anos-2556 dias), por tratar-se do período

para o qual há dados coletados para todos os estados do modelo proposto. Para a linha de

transmissão, de 500 kV, IZPDLT701, neste período os dados de ocorrências estão na Tabela

5.5.

3Data da coleta de dados 06/03/2012

Page 114: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

114

Tabela 5.5: Dados da Linha de Transmissão

LINHA

DE

TRANSMISSÃO

NÚMERO DE

OCORRENCIAS

DURAÇÃO

TOTAL DAS

OCORRÊNCIAS

NO PERÍODO

TIPO DE

OCORRÊNCIA

FREQUÊNCIA

ESTIMADA DE

OCORRENCIAS

(ocor/ano)

DURAÇÃO

ESTIMADA

DAS

OCORRENCIAS

(hrs/ocor)

IZPDLT701 81 9,27 DESLIGAMENTO

FORÇADO

13,50000 0,11444

IZPDLT701 35 301,35 DESLIGAMENTO

PROGRAMADO

05,83333 8,61000

IZPDLT701 45 4,27 OUTROS

DESLIGAMENTOS

10,53864 0,09488

IZPDLT701 144 61077,12 OPERATIVO 24,00000 424,14667

Para o cálculo da frequência estimada de ocorrência foi utilizada a Equação (5.64):

# ,! = $ ,!$%

'()( * = 2,3,4 (5.64)

Onde:

Fi,j é a frequência de desligamentos do tipo j para a linha de transmissão i expressa em

ocorrências por ano;

j = 2, 3, 4 denota os estados de desligamento do tipo forçado, programado e de outra

natureza, respectivamente. O estado de operação está associado com j = 1;

NYi é o tempo de operação em anos da linha desde a sua construção (idade em anos);

Ni,j é o número de desligamentos do tipo j para a linha de transmissão i no período de

operação considerado (NYi);

Por outro lado os tempos de permanência nos estados de desligamento são estimados

como se segue:

ji

N

k

k

ji

jiN

T

T

ji

,

1

)(,

,

,

å==

(5.65)

Page 115: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

115

Onde + ,!(.) é o tempo de permanência da linha i para um desligamento do tipo j

associado com o k-ésimo desligamento do tipo j no período de operação.

O modelo probabilístico individualizado só é factível se houverem dados suficientes

para estimar as frequências e os tempos de permanência dos estados de desligamento descritos

no modelo da Figura 5.20.

As taxas de transição m21, m31 e m41 são os recíprocos dos tempos médios de

permanência nos estados de desligamentos obtidos a partir dos dados históricos de falhas, ou

seja:

ji

ijT ,

1=m para j = 2,3,4.

(5.66)

Por outro lado, as taxas de transição l21, l31 e l41 são calibradas (ajustadas) para que as

frequências estimadas (previstas) dos estados de desligamento sejam iguais aos seus

respectivos valores históricos, isto é: Fi,j para j = 2,3,4. Esta calibração é baseada nas

probabilidades do modelo markoviano genérico para sistemas série com falhas dependentes

proposto na referencia [29].

No modelo da Figura 5.20 a equação de balanço das frequências é:

01.6"7,!8

!9:= 60 . � ,7

8

9:

Onde:

0 é a probabilidade de encontrar o sistema no ; − é>;?@ estado no

tempo A.

(5.67)

A probabilidade de transição de um estado operativo para um estado de desligamento

deve ser igual à probabilidade de retornar deste estado de desligamento para o estado normal

em operação:

07. "7,! = 0! . �!,7 B@? * = 2,3,4 (5.68)

Baseando-se em (5.68) pode-se calcular as taxas de transições do estado em operação

para os estados de Desligamento:

"7: = 0:07

. �:7 (5.69)

Page 116: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

116

"7C = 0C07

. �C7 (5.70)

"78 = 0807

. �87 (5.71)

As probabilidades 0 podem ser encontradas através dos registros históricos dos

tempos de permanência em cada estado em relação ao tempo total considerado na análise:

0 = ΔA Δ+

(5.72)

Onde:

ΔA é o tempo de permanência no estado i;

Δ+ é o tempo total observado utilizado no estudo;

Utilizando a equação (5.72) e os dados dos registros históricos da operação do

equipamento calcula-se os valores das probabilidades de estado, conforme Tabela 5.6.

Tabela 5.6: Probabilidades de Estado

Estado ΔA (horas)

Δ+

(horas)

0

(horas/horas)

1-OPERATIVO 61077,12 61392,01 0,994871

2-DESLIGAMENTO FORÇADO 9,27 61392,01 0,000151

3-DESLIGAMENTO PROGRAMADO 301,35 61392,01 0.004909

4-OUTROS DESLIGAMENTOS 4,27 61392,01 0.000070

Utilizando-se a equação (5.66) as taxas de transição dos estados de desligamento para

o estado de operação são calculadas. Seus valores estão na Tabela 5.7.

Tabela 5.7: Taxas de Transição dos estados de desligamento para o operativo

Taxa de Transição + ,!

(hrs/ocorrência)

� !

(transições/hora)

�:7 0,11444 8,73820

�C7 8,61000 0,11614

�87 0,09488 10,53963

Page 117: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

117

Considerando-se as Equações (5.69), (5.70), (5.71), os valores das probabilidades

dados na Tabela 5.6 e as taxas de transição dadas na Tabela 5.7 calcula-se os valores de "7,!,

conforme a Tabela 5.8:

Tabela 5.8: Taxas de transição " !

"7,! j �!,7 0! Valor obtido

(ocor/hora)

"7: = 0:07

. �:7 2 8,73820 0,000151 1,326271.10IC

"7C = 0C07

. �C7 3 0,11614 0.004909 5,730705.10I8

"78 = 0807

. �87 4 10,53963 0.000070 7,415777.10I8

No modelo anterior, apesar da facilidade de obtenção dos dados e, consequentemente,

praticidade de obtenção dos parâmetros, pode-se observar que não são consideradas as

operações de manutenção de forma direta de modo a possibilitar a análise de seus efeitos no

desempenho do sistema geral. Desta forma, apesar da adequabilidade à formatação dos dados,

este modelo foi abandonado.

O novo modelo criado para superar as imperfeições do modelo anterior é dado na

Figura 5.21:

Figura 5.21: Modelo com estados de manutenção

UP

DOWN

NORMAL

(OPERATIVO)

MANUTENÇÃO COM

LINHA

DESENERGIZADA

FALHADO

(DESLIGADO)

OUTROS

(DESLIGADO)

MANUTENÇÃO

COM LINHA

ENERGIZADA

Page 118: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

118

Neste modelo, a frequência de manutenções é a frequência de permanência nos estados

de manutenção com desligamento e em linha energizada. A frequência de falhas é a

frequência de entrada no estado falhado com desligamento.

Para o modelo acima foram analisadas as seguintes linhas de transmissão da classe de

tensão de 500KV:

· IZCO LT701

· IZPD LT701

· IZPD LT702

· MBIZ LT701

· MBIZ LT702

Os dados das ocorrências normatizados para o novo modelo estão nas tabelas a seguir.

As ocorrências relacionadas com manutenções em linha energizada são dadas na Tabela 5.9.

Tabela 5.9: Registros de Ocorrências

LT NÚMERO DE OCORRÊNCIAS

DE MANUTENÇÕES EM

LINHA ENERGIZADA

DURAÇÃO TOTAL DAS

OCORRÊNCIAS

(horas)

IZCOLT701 18 2214,88

IZPD LT701 101 2635,12

IZPD LT702 86 2465,73

MBIZLT701 19 4046,58

MBIZ LT702 17 2291,67

Como pode-se observar, a linha IZPDLT701 apresenta o maior número de ocorrências

de manutenção em linha energizada. Desta forma, percebe-se o quão importante é o adequado

planejamento da manutenção deste equipamento.

As ocorrências de manutenção em linhas desenergizada são dadas na Tabela 5.10.

Page 119: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

119

Tabela 5.10: Registros de Ocorrências

As ocorrências de falha com desligamento são dadas na Tabela 5.11:

Tabela 5.11: Ocorrências de Falha

LT NÚMERO DE

OCORRÊNCIAS

DE FALHA

DURAÇÃO TOTAL DAS

OCORRÊNCIAS

(horas)

IZCOLT701 67 3,82

IZPD LT701 26 8,07

IZPD LT702 29 7,13

MBIZLT701 20 30,67

MBIZ LT702 18 48,47

O modelo da Figura 5.21 foi avaliado utilizando os dados coletados. Após alguns testes

percebeu-se que seria necessário incluir novos estados com o objetivo de caracterizar de forma

mais realística uma LT. No próximo item o modelo final é determinado.

5.15 MODELO MARKOVIANO DE LINHA DE TRASMISSÃO

Os modelos determinados anteriormente foram úteis ao entendimento da situação

problema e análise das variáveis envolvidas na determinação de um modelo realístico prático.

LT TIPO DE DESLIGAMENTO

NÚMERO DE MANUTENÇÕES

TOTAL DURAÇÃO

(horas)

DURAÇÃO TOTAL DAS OCORRÊNCIAS

(horas) IZCOLT701 Programado 32 32 251,42 251,42

IZPDLT701 Programado 21 21 77,93 77,93

IZPDLT702 Programado 18 18 384,77 384,77

MBIZLT701 Programado 9 9 384,77 330,07

MBIZLT702 Programado 6 7 111,87

360,59 Outros 1 248,72

Page 120: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

120

Após uma análise mais profunda da situação problema decidiu-se que as seguintes

características devem ser consideradas em um modelo realístico:

1. Em linhas de transmissão são realizadas inspeções. Geralmente as manutenções

são precedidas de inspeções, desta forma, o efeito da realização de inspeções

deve ser considerado no planejamento da manutenção e, portanto, o modelo

deve, de alguma forma, representá-las.

2. As operações de manutenção podem ser executadas tanto com a linha

energizada quanto com a linha desenergizada. As operações com linha

energizada, também denominadas de manutenção em linha viva, são efetuadas

logo que anormalidades são encontradas. No entanto, se for necessário o

desligamento da função de transmissão é necessário que seja solicitado uma

autorização gerencial para o desligamento. Desta forma, há um intervalo de

tempo entre a detecção de um defeito e sua correção. O efeito deste intervalo de

tempo de espera deve ser considerado, pois a análise do efeito da variação de

sua duração média no desempenho da LT pode indicar pontos de otimalidade

operativa. Isto é, deve-se buscar o conhecimento do tempo permissível de

espera. Um maior intervalo de espera indica menor pressão gerencial para

eficientização de processos, o que pode ser vantajoso no ambiente

organizacional. De forma semelhante, um menor tempo permissível de espera

indica que devem ser tomadas ações para dar mais agilidade aos processos de

liberação das manutenções em linhas desenergizada. Ressalta-se ainda que

devido à crescente pressão por parte das agências de regulação e do mercado de

energia para a minimização da indisponibilidade, as manutenções com

desligamento são evitadas e sua realização se dá apenas quando não há

alternativas.

3. A LT e seus componentes sofrem processo de envelhecimento e degradação

devido às condições em que são submetidas e ao uso contínuo. Desta forma, é

necessário que considere-se o processo de degradação por deterioração.

4. LT´s são conectadas em série com outros componentes das subestações, os

elementos terminais. A falha destes componentes provoca a saída de operação

da LT causando impactos nos índices de desempenho dessa função. Como não

é possível isolar a LT, do ponto de vista operativo, devem ser consideradas as

falhas terminais, isto é, as falhas cuja origem é externa e decorrente de um

Page 121: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

121

elemento conectado ao terminal. Essas falhas tendem a diminuir a

Disponibilidade do Sistema e, portanto, tendem a afetar o cálculo das

penalidades devido à Indisponibilidade. No entanto, ressalta-se que, para

análise do impacto da manutenção na Confiabilidade as falhas terminais devem

ser desconsideradas uma vez que os componentes que a geraram não fazem

parte da Linha de Transmissão. Portanto, durante a avaliação da resposta do

modelo para o planejamento da manutenção de LT´s as falhas terminais devem

ser desconsideradas.

O modelo apresentado na Figura 5.22 foi obtido analisando as considerações

adicionais das características da LT enumeradas no item anterior. Este modelo foi denominado

RTLMM (Realistic Transmission Line Markov Model).

Figura 5.22: RTLMM

O estado 1, K1, representa a LT e todos os seus componentes operativos sem qualquer

restrição ou limitação, isto é, a LT está nova (ou tão boa quanto nova – “as good as new”) e

operando. O sistema deve permanecer no estado 1 durante a maior parte do tempo e, portanto,

espera-se que a probabilidade de ocorrência do estado 1 seja maior que as probabilidades dos

outros estados.

Page 122: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

122

Devido ao processo de envelhecimento e desgaste, com o decorrer do tempo, o sistema

tende a degradar-se. O processo de deterioração é geralmente representado por uma sequência

de estágios representando a intensidade do uso e, ao fim, a falha do componente [31]. Apesar

de ser um processo contínuo no tempo, a representação discretizada no tempo por um número

finito de estados é, geralmente, realizada para fins de simplificação da modelagem [31]. Na

maioria das aplicações três estágios de deterioração são suficientes [36]. No RTLMM este

processo é representado pelos estados de degradação 0, 1 e 2, (��, � e �!), respectivamente.

O estado 4 representa o estágio de falha devido à degradação.

Os estados 5, 6 e 7 representam as operações de Inspeção. As inspeções são realizadas

para detectar anormalidades, possíveis causas de falhas futuras, bem como itens degradados

que devem ser substituídos.

Há a possibilidade, muito embora em sistemas práticos sua probabilidade seja muito

pequena, de que mesmo com o sistema degradado a Inspeção não consiga detectar

anormalidades. Neste caso, após a Inspeção o sistema retorna ao seu estado anterior. No

RTLMM isto é representado pelas transições dos estados 6 para o 2 e 7 para o 3 ( " para � e

de "! para �!).

Desta forma, os estados de Inspeção conduzem o sistema ou à manutenção (que pode

ser em linha energizada ou com desligamento) ou ao próprio estado anterior à inspeção, neste

caso representando uma inspeção imperfeita.

Os estados 8, 10 e 12 (#$�, #$ & #$!) representam as Manutenções em Linha

Energizada. As manutenções são precedidas por inspeções, desta forma, o estado anterior ao

estado de Manutenção em Linha Energizada é sempre um estado de Inspeção.

Os estados 9, 11 e 13 ($�, $ & $!) representam os intervalos de tempo necessários à

liberação do desligamento da linha, isto é, são os estados de Espera. Estes estados precedem o

estado de Manutenção com Desligamento, #�.

Os estados 14, 15 e 16 (#��, #� & #�!) representam as Manutenções com

Desligamento. Em sistemas reais a probabilidade destes estados é pequena, pois embora a

realização de uma manutenção seja benéfica ao sistema quando esta é feita com desligamento

ocorre aumento de sua Indisponibilidade.

Uma vez obtido um modelo adequado o próximo passo é a obtenção das taxas de

transição entre os estados.

Page 123: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

123

5.16 TAXAS DE TRANSIÇÃO ENTRE OS ESTADOS

A taxa de transição do estado falhado para o estado normal, '(, pode ser estimada com

base nos dados históricos das durações e frequências de manutenções corretivas:

'( = #**+- (/&01/2. 142- ) (5.73)

Onde:

'( é taxa transição do estado falhado para o estado normal;

#**+ é tempo médio de reparo.

A inspeção terrestre detalhada é realizada de forma anual logo a taxa de inspeção pode

ser calculada pela Equação (5.74):

56 = #*7"- (insp. ano- ) (5.74)

Onde:

56 é a taxa de inspeção terrestre detalhada;

#*7" é o tempo médio entre inspeções.

A taxa de transição do estado de inspeção, '6, pode ser calculada pela Equação (5.75):

'6 = #**"- (142- ) (5.75)

Onde:

'6 é taxa de saída do estado de inspeção;

#**" é o tempo médio de inspeção.

A taxa de transição do estado de espera para o estado de manutenção com linha

desenergizada pode ser obtida através da Equação (5.76):

'8 = #**9- (142- ) (5.76)

Onde:

'8 é a taxa de saída de transição do estado de espera;

#**9 é o tempo médio de espera.

Page 124: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

124

A taxa de transição do estado de manutenção em linha energizada para o estado

normal, ':, é dada pela equação (5.77):

': = #**#- (;14<>&4çõ&?/142) (5.77)

Onde:

#**# é o tempo médio de manutenções em linha energizada.

A taxa de transição do estado de manutenção em linha desenergizada é obtida

utilizando a equação (5.77) considerando-se o MTTM como tempo médio de manutenção

computado apenas com ocorrências de manutenções com desligamento, como em (5.78):

':AB = #**#�- (142?- ) (5.78)

Onde:

#**#� é o tempo médio de manutenções com linha desenergizada.

5.17 DETERMINAÇÃO DOS VALORES ESTIMADOS DAS TAXAS DE

TRANSIÇÃO OBSERVÁVEIS DO MODELO

Durante o período considerado para a análise dos parâmetros os registros de

manutenção em linha energizada foram:

Número de Ocorrências(4): 101;

Duração Total da Ocorrências: 2635,12 horas.

#**# = ∑ *DEDF 4

#**# = 26,09 K2/1?/#14<>&4çã2

(5.79)

Logo, tem-se que a taxa de transição do estado de falha para o estado normal é:

': = #**#- = 0.038328 ;14<>&4çõ&?/ℎ2/1 (5.80)

Os registros históricos de horas indisponíveis para operação devido a manutenção e o

número de reparos são utilizados para o cálculo do tempo médio de reparo:

#**+ = 0.590000 (ℎ2/1?) (5.81)

Logo, a taxa de transição estado de falha para o estado normal é:

'P = #**+- (5.82)

Page 125: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

125

'P = 1,694915 (/&01/2?ℎ2/1 ) A frequência do estado de falha é calculada através da equação (5.83):

STUVWU =4TUVWU* (;14/142- ) (5.83)

Onde:

4TUVWU é o numero de falhas;

* é o tempo total.

Tem-se, então, que:

STUVWU = 2.282212.10-X (;14/ℎ2/1)

Com os registros das durações das inspeções terrestres detalhada calculou-se o tempo

médio de inspeção:

#**" = 43.4 ℎ2/1?

Logo, tem-se:

'6 = #**"-

'6 = 0,023042 Y40/ℎ2/1

(5.84)

As durações dos desligamentos programados para manutenções corretivas foram

usados para o calculo do tempo médio de permanência no estado manutenção com

desligamento:

Número de Ocorrências diretamente relacionadas à Linhas de Transmissão: 4

Duração Total das ocorrências: 12,28 horas

#**#� = 3,070833 ℎ2/1?

Logo, tem-se:

':AB = 0.325645 ;14/ℎ2/1

A frequência de manutenções com desligamento é dada pela equação (5.85):

S[V\ =4[V\* (;14/142- ) (5.85)

Onde:

4[V\ é o numero de ocorrências de manutenções em linha desenergizada;

* é o tempo total;

Page 126: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

126

Tem-se, então, que:

][V\ = 6.520605.10-^ (;14/ℎ2/1) A programação de manutenções é realizada para intervalos de um mês. Desta forma,

de forma empírica, pode-se afirmar que o tempo médio de espera, MTTW, é de:

#**9 = 1 ;ê? = 30 _Y1? = 720 ℎ2/1?

Desta forma a taxa de transição '8 pode ser determinada:

'8 = 0,001388 ℎ2/1?-

A probabilidade de uma inspeção resultar em uma manutenção em linha desenergizada

é:

0 = 4:AB4:A` + 4:AB

(5.86)

Onde:

0 é a probabilidade de um evento de inspeção transitar para um evento de manutenção

com desligamento;

4:AB é o número de ocorrências de manutenção com desligamento;

4:A` é o numero de ocorrências de manutenção em linha energizada.

De acordo com os dados históricos, tem-se:

0 = 0,038095

Logo:

'60 = 0,000878 (ℎ2/1?- ) '6(1 − 0) = 0,022164 (ℎ2/1?- )

A taxa de inspeção é obtida de acordo com os procedimentos determinados pelas

gerências de manutenção:

56 = 1 Y4?0/142

Os valores estimados das taxas de transição observáveis do modelo estão na Tabela

5.12.

Page 127: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

127

Tabela 5.12: Taxas de transição

Taxa de transição

Valor Obtido

(IZPDLT701)

'P 1,694915 (ℎ2/1?- ) 56 1,000000 Y4?0/142

'6 0,023042 Y40/ℎ2/1

'60 0,000878 (ℎ2/1?- ) '6(1 − 0) 0,022164 (ℎ2/1?- )

'8 0,001388 (ℎ2/1?-

': 0.038328 (ℎ2/1?- ) ':AB 0.325645 ;14/ℎ2/1

0 0,038095

5.18 ESTIMAÇÃO POR CALIBRAÇÃO DAS TAXAS DE TRANSIÇÃO NÃO

OBSERVÁVEIS DO RTLMM

Geralmente, as empresas só possuem dados de monitoramento da condição para alguns

tipos de componentes (transformadores, geradores, etc.). Entretanto, as empresas geralmente

armazenam os dados históricos das falhas nos componentes. Esta informação pode ser

utilizada para ajustar as taxas de degradação dos componentes de tal forma que os índices

calculados pelo modelo sejam os mais próximos possíveis dos índices históricos (apurados ou

medidos). Este processo de ajuste dos dados de falha dos modelos de confiabilidade preditiva

é denominado de calibração.

A probabilidade de ocorrência do estado de falha de regime permanente é utilizada

para a determinação, por calibração, das taxas de transição dos estados de degradação. É

estimada relacionando-se o tempo de permanência nesse estado e o tempo total considerado.

Utiliza-se a equação (5.87) para o cálculo da probabilidade de falha:

Page 128: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

128

d( = dX =>\efE(

*gegUV (5.87)

O intervalo de tempo considerado foi 2556 dias. Desta forma, obtem-se o seguinte

valor da probabilidade de falha do sistema:

dX =8,26

2556.24 (ℎ/ℎ) = 0.000135

O procedimento descrito pode ser observado no gráfico da Figura 5.23, onde através

do ajuste de 5B obteve-se a resposta calculada do sistema igual ao valor histórico da

probabilidade de falha.

Figura 5.23: Calibração da Taxa de Degradação

O valor obtido da taxa de degradação foi:

5B = 7,981.10-X

5.15.35.55.75.96.16.36.56.76.97.17.37.57.77.98.18.38.58.78.99.19.39.59.79.9

x 10-4

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

1.1

1.15

1.2

1.25

1.3

1.35

1.4

1.45

1.5

1.55

1.6

1.65

1.7

x 10-4 (Probabilidade de Falha) ´ l

d

ld

P4

X: 0.0007981

Y: 0.000135

Page 129: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

129

5.19 CONCLUSÃO

Após uma série de testes determinou-se um modelo markoviano realístico e suas taxas

de transição foram determinadas utilizando dados obtidos na ELETRONORTE. As taxas

observáveis foram obtidas através do banco de dados e através da experiência de profissionais

envolvidos na operação de linhas de transmissão. No próximo capítulo o modelo determinado

será utilizado para a estimação dos custos associados à operação de Linhas de Transmissão.

Page 130: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

130

6. CUSTOS OPERATIVOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

“For everything you have missed You have gained something else;

And for everything you gain, You lose something else.”

R.W. EMERSON

As empresas de energia elétrica são penalizadas através de multa pela administração

incorreta de seus ativos. Desta forma, a prestação de serviços de qualidade pode ser vista não

apenas como um objetivo abstrato, mas também como uma forma direta de aumento da receita

e consequente diminuição dos custos (aumento dos lucros).

A qualidade dos serviços é medida pelos órgãos de regulamentação tomando se como

base a Disponibilidade e Capacidade Plena da Função de Transmissão [40].

O setor de transmissão funciona, em resumo, da seguinte forma: As empresas recebem

mensalmente uma quantia como remuneração pelos serviços prestados denominada

Pagamento Base – PB. O PB equivale ao duodécimo da Receita Anual Permitida – RAP.

Como incentivo ao aumento da qualidade dos serviços há gratificação quando as empresas

superam os índices padrões e penalidades quando eles não são alcançados. A gratificação é

denominada “Adicional a RAP” e é devida à superação dos padrões de Disponibilidade. As

penalidades são devido a altos valores de Indisponibilidade e devido à Restrições de

Capacidade Operativa. A penalidade devido a Indisponibilidade é denominada Parcela

Variável por Indisponibilidade, PVI. A penalidade devido às restrições operativas é

denominada Parcela Variável por Restrição Operativa Temporária, PVRO.

O Adicional a RAP e a PV são formas de incentivar à melhoria da qualidade de

prestação de serviço através do aumento dos lucros. Desta forma, as concessionárias de

energia são estimuladas financeiramente a aumentar a Disponibilidade de seus ativos. As

principais parcelas na análise econômica da operação das funções de transmissão são os custos

das penalidades, mais expressivamente a PV, e os custos das manutenções.

Neste capítulo estima-se o valor dos custos associados à Parcela Variável e às

manutenções. A soma destas duas parcelas é denominada Custo Total. O objetivo principal é

determinar o ponto de operação do sistema que minimize esses custos.

Page 131: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

131

6.1 PARCELA VARIÁVEL POR INDISPONIBILIDADE

A RESOLUÇÃO NORMATIVA N° 270 DE 26 DE JUNHO DE 2007 da ANEEL

(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA) que estabelece as disposições relativas

à qualidade do serviço público de transmissão de energia elétrica, associada à disponibilidade

das instalações integrantes da Rede Básica descreve a seguinte equação para o cálculo da

Parcela Variável Associada à Indisponibilidade [40]:

dh" = d71440. � . jk(l�h�dD) +

d71440. � (ljmD. �hq�D

rt

DF )

ru

DF

(6.1)

Onde:

dh": Parcela Variável por Indisponibilidade;

d7: Pagamento base que equivale ao duodécimo da RAP;

�: Número de dias do mês da ocorrência;

∑�h�d: Somatório da Duração Verificada do Desligamento Programado;

∑�hq�: Somatório da Duração Verificada de Outros Desligamentos;

jk: Fator multiplicador para desligamento programado;

jm: Fator multiplicador para outros desligamentos;

wk: Número de desligamentos programados da função de transmissão acorrido ao

longo do mês;

wm: Número de Outros Desligamentos da função de transmissão ocorridos ao longo do

mês.

Para linhas de Transmissão em 500 kV os fatores multiplicativos são definidos como

na Tabela 6.1 [40]:

Tabela 6.1: Definição dos Fatores [40]

Função de Transmissão Nível de Tensão ]1>2/ je

]1>2/ jx

LT

230 kV 150

10 500 kV

O valor da PV é mais significativo devido a desligamentos de linhas de 500 kV por se

tratar das linhas de maior capacidade de transmissão de energia. O diagrama unifilar

Page 132: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

132

mostrando as principais interligações de 500 kV do sistema de transmissão da

ELETRONORTE pode ser visto na Figura 6.1:

Figura 6.1: Diagrama Unifilar do Sistema de Transmissão - ELETRONORTE [41]

Na Figura 6.2 pode-se observar os valores da Parcela Variável associada à

Indisponibilidade para as funções de transmissão que mais impactaram no ano de 2011.

Page 133: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

133

Figura 6.2: Valores da Parcela Variável associada à Indisponibilidade

Os tipos de equipamentos que mais impactaram na PVI foram os transformadores

(28,80%), as Linhas de Transmissão (22,06%) e, entre os elementos de controle de reativos, os

Compensadores Série (23,70%), como pode-se observar na Figura 6.3.

0.00

200.00

400.00

600.00

PD

CL

7-0

2P

RT

F6

-02

IZC

L7-0

1M

CC

L7

-01

VC

AT

7-0

4V

CC

S2-0

2S

MA

Q-L

T6-0

1IZ

CS

2-0

1 e

02

IZT

F6

-03

IZP

D-L

T7-0

2P

DL

D-L

T7-0

2L

ITF

6-0

3L

ITF

6-0

2L

DLT

-LT

6-0

1L

ITF

6-0

4R

UA

T6

-02

MB

CL

7-0

2V

NT

F6

-02

MB

CS

2-0

1V

CB

C6-0

3C

XT

F6

-05

TC

MB

-LT

7-0

2P

RB

C6-0

1V

CB

C6-0

6M

RB

C6

-02

UG

TF

6-0

4D

EM

AIS

Mil

ha

res

- R

$

PV (R$)

PV (R$)

Page 134: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

134

Figura 6.3: Função de Transmissão e sua influência em desligamentos

Na Figura 6.4 apresenta-se o percentual por tipo de evento. Percebe-se que os

desligamentos programados corresponderam a 20,76% do total de desligamentos, o percentual

devido a Outros desligamentos é de 70,80%. Esses dois tipos de eventos possuem influência

direta no cálculo da PVI.

Figura 6.4: Percentual de ocorrência por tipo de Eventos - 2011

22.06%

28.80%

0.84% 2.70% 3.37%

11.70%

6.82%

23.70%

0%

25%

50%

Reator Comp.

Estático

Comp.

Síncrono

Capacitor Comp.

Série

LINHA

TRANSM

TRAFO MOD.

GERAL

Controle de Reativo = 48,30%

EQUIPAMENTOS

Urgência 2.35%

Outros deslig. 70.80%

Programado 20,76%

Rest. Operativa 1.37%

Equip. Reserva 0.57%

Atraso Obras 9.83%

Urgência Outros deslig. Programado

MOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOMOD.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.D.

GERALLT

Page 135: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

135

6.2 ESTIMAÇÃO DA PVI UTILIZANDO MODELO MARKOVIANO

Devido a natureza estocástica dos desligamentos não programados a função que

descreve o valor da Parcela Variável é uma função de variáveis aleatórias. Seu valor pode ser

estimado, isto é, pode-se calcular seu valor esperado utilizando os dados de ocorrências e

registros históricos dos valores assumidos pela função e suas variáveis. Pode-se escrever a

equação (6.1) na forma de funções de variáveis aleatórias dependentes dos intervalos de

tempo dos desligamentos programados e não programados, como é dado em [4]:

� !(""�# , "$"#) =�%

1440. " .&'(""�#)*+

#-/+ �%1440. " .&ℎ("$"#)

*5

#-/

(6.2)

Onde:

'(""�#) = 67. ""�#;

ℎ("$"#) =îíì 68 . "$"# , "$": < 300300. 68 + 67. ("$": − 300), "$" > 300;

""�# é a duração em minutos do i-esimo desligamento programado;

"$"# é a duração em minutos do i-esimo desligamento não programado;

67 = 10; 68 = 150.

O processo de estimação da função descrita pela equação (6.2) utilizando técnicas

analíticas é pautado na teoria probabilística de valor esperado de uma variável aleatória.

Dependendo das considerações assumidas pode-se estimar a PVI utilizando o método

analítico aproximado ou o método analítico exato. Em [4] a Simulação Monte Carlo é tomada

como referência para avaliação da precisão dos métodos analíticos e conclui-se que o método

exato apresenta resultados mais precisos.

Nos próximos tópicos será exemplificado o processo de estimação da PV para o

sistema utilizado na modelagem markoviana de linhas de transmissão, RTLMM, por

conveniência mostrado novamente na Figura 6.5.

Page 136: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

136

Figura 6.5: modelo de LT utilizado na estimação da PV

Os desligamentos programados estão associados à entrada nos estados 14, 15 e 16. Os

desligamentos não programados estão associados à entrada no estado 4.

A probabilidade de cada estado pode ser obtida através dos registros históricos das

durações de permanência em cada estado:

�# =B#C

(6.3)

Onde:

B# é tempo total de permanência no i-ésimo estado;

C é a intervalo de tempo total de observação.

A probabilidade de ocorrência de um “Desligamento Programado” é, então:

� ! = �"# + �"$ + �"% (6.4)

Da mesma forma, a probabilidade de ocorrência de “Outro Desligamento” é: �& = �# (6.5)

Page 137: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

137

6.2.1 ESTIMAÇÃO DA PV PELO MÉTODO ANALÍTICO APROXIMADO

Na obtenção do valor estimado da PVI pelo método analítico aproximado considera-se

as seguintes aproximações [4]:

· A duração de todos os desligamentos é igual a duração média dos

desligamentos;

· O número de desligamentos é igual ao valor esperado da frequência de

desligamentos.

Dadas essas considerações, o valor esperado da equação (6.2) pode ser dado em função

das probabilidades de permanência em cada estado. Como será demonstrado.

�'((**�, , *.*,) = �01440. * .56(**�,)78,9" + �01440. * .5ℎ(*.*,)7;

,9"

Com, 6(**�,) = <!. **�,; ℎ(*.*,) =

îíì <& . *.*, , *.*? < 300 BCD300. <& + <!. (*.*? − 300), *.* > 300 BCD;

O valor esperado da PV é dado pela soma dos valores esperados devido aos

desligamentos programados e desligamentos não programados:

G[�'] = GH�'I + �'JK = GH�'IK + G[�'J] (6.6)

Onde:

GH�'IK = G L �01440. * .56(**�,)78,9" M = �01440. * G L56(**�,)78

,9" M (6.7)

G[�'J] = G L �01440. * .5ℎ(*.*,)7;,9" M = �01440. * G L5ℎ(*.*,)7;

,9" M (6.8)

Logo:

G[�'] = �01440. * G L56(**�,)78,9" M + �01440. * G L5ℎ(*.*,)7;

,9" M (6.9)

Page 138: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

138

Utilizando as aproximações do método analítico aproximado:

G L56(**�,)78,9" M = <!N!. **�O

(6.10)

G L5ℎ(*.*,)7;,9" M

=îíì N& . <& . *.*O , *.*O < 300 BCDN& . [300. <& + <!. (*.*O − 300)], *.*O > 300 BCD

(6.11)

Onde: **�O é a duração média dos desligamentos programados (em minutos); *.*O é a duração média dos outros desligamentos (em minutos).

G[�'(] = �01440. * . ( <!N!. **�O + N& . <& . *.*O ) PQ *.*O < 300 BCD

G[�'(] = �01440. * . ( <!N!. **�O + N& . [300. <& + <!. (*.*O − 300)] ) PQ *.*O > 300 BCD

(6.12)

Se *.*O < 300, então:

G[�'(] = �01440. * . <!. N!. **�O + �01440. * NJ . <J . *.*O

(6.13)

G[�'(] = �0<! N!. **�O1440. * + �0<J NJ . *.*O1440. * (6.14)

N!. **�O é a duração total, em minutos, dos desligamentos programados; N& . *.*O é a duração total, total em minutos, dos outros desligamentos; 1440. * é a duração, em minutos, do mês, isto é o tempo total.

Logo,

G[�'(] = �0.<! R !S + �0.<J R& S (6.15)

Onde: R ! é a duração de tempo que o sistema encontra-se no estados de Desligamento

Programado; R& é a duração de tempo que o sistema encontra-se no estados de Outros

Desligamentos;

Page 139: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

139

S é o tempo total de observação.

Utilizando a equação (6.3): G[�'(] = �0. <!. � ! + �0.<J . �& (6.16)

Utilizando as equações (6.4) e (6.5): G[�'(] = �0. <!. (�"# + �"$ + �"%) + �0. <J . (�# + �"T + �"U + �"V) (6.17)

6.2.2 ESTIMAÇÃO DA PV PELO MÉTODO ANALÍTICO EXATO

Os valores esperados dados nas equações (6.7) e (6.8) são valores esperados de somas

de variáveis aleatórias idênticas (mesma função distribuição de probabilidade). Utilizando as

propriedades do valor esperado de uma soma de variáveis aleatórias:

GH�'IK = �01440. * G L56(**�,)78,9" M = G[N!]. G[6(**�,)] (6.18)

G[�'J] = �01440. * G L5ℎ(*.*,)7;,9" M = G[N&]. G[ℎ(*.*,)] (6.19)

Os números esperados de desligamentos programados e não programados podem ser

obtidos calculando-se as frequências de ocorrência dos estados equivalentes [4]: G[N!] = W ! (6.20) G[N&] = W& (6.21)

Onde: W ! é a frequência equivalente dos estados de Desligamento Programado, em

ocorrências/mês; W& é a frequência equivalente dos estados de Outro Desligamento, em

ocorrências/mês;

O valor esperados da função g é dado na equação abaixo:

G[6(**�,)] = X <!. RB . QYZ/O^R_` = <!.B

(6.22)

Onde:

Page 140: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

140

R é o tempo em minutos, B é o tempo médio de uma manutenção programada, MTTM, em minutos;

O valor esperado da função h é dado por:

G[ℎ(*.*,)] = X <& . Ra . QYZ/b^R + X [300(<& − <!) + <!. R]a QYZ/b^R_c``

c```

G[ℎ(*.*,)] = a. d<& + (<! − <&). QYeffg h (6.23)

Onde: a é o tempo médio de reparo, MTTR, equivalente dos estados de falha;

Os resultados obtidos nas equações (6.18), (6.19), (6.20), (6.21), (6.22) e (6.23) são

utilizados na equação (6.9) para a obtenção do valor esperado da PVI pelo método exato:

G[�'(] = �01440. * . <!. W !. B + �01440. * . W& . a. d<& + (<! − <&). QYeffg h (6.24)

6.3 CÁLCULO DOS CUSTOS ASSOCIADOS À MANUTENÇÃO

O cálculo dos custos de manutenção foi inspirado em técnicas de reconhecimento de

padrões por Classificação através de Limiar Simples (Threshold Algorithm). Nesses tipos de

algoritmo escolhe-se uma amostra padrão, denominada limiar, para representar o grupo de

amostras. A cada iteração são calculadas as distâncias entre as amostras e um novo limiar é

escolhido. A escolha do melhor valor para o limiar dependerá de análise da disposição das

amostras, da quantidade de amostras e de experimentações com vários valores.

O algoritmo Threshold é útil quando há dados de amostras disponíveis, o que não é o

caso deste trabalho visto que não foram disponibilizados os dados dos custos de manutenção.

No entanto, a ideia de classificação por limiar foi utilizada considerando-se que dentre as

amostras de causa de falha a com maior incidência foi devido a Isoladores. Desta forma, pode-

se utilizar os custos de manutenção associados à Isoladores para representar o grupo de causas

de falha. Segundo [42] oitenta por cento das falhas em sistemas de transmissão são atribuídas

a falhas nas estruturas de isolação.

Em [42] encontra-se a equação de cálculo dos custos das inspeções em isoladores

poliméricos:

Page 141: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

141

i,jkIlmãJ(W,jkI) = 1,1. N. inJOlOYnJbo. *Olp,oYqO. r. W,jkI (6.25)

Onde:

inJOlOYnJbo = 54,54 t$nJO.nJbo;

*Olp,oYqO = ∑ wxwyz{ = 1.5ℎ/|B;

r = 386,6 |B; N é o número de homens;

W,jkI = 7w���� é a frequência de realização das Inspeções, (Inspeções/ano);

N,jkI =Número de Inspeções no período considerado.

A duração média das inspeções é dada por: �SS( = C = *Olp,oYqO. r (6.26)

A probabilidade dos estados de inspeção pode ser calculada através da frequência de

ocorrência do estado (para um determinado S) e do tempo médio de permanência:

�,jkI = R,jkIS = C. N,jkIS = C. W,jkI (6.27)

Logo, a equação (6.25) pode ser escrita em função da probabilidade de ocorrência das

inspeções: i,jkIlmãJ(�,jkI) = 1,1. N. inJOlOYnJbo. �,jkI (6.28)

Para observar a sensibilidade de i,jkI em função do intervalo entre as inspeções deve-

se multiplicar a equação (6.28) pelo número de ocorrências associadas durante o período:

i,jkIlmãJ��,jkI� = 1,1. N. inJOlOYnJbo. �,jkI. NJmJb (6.29)

O número de ocorrências pode ser encontrado dividindo se o período total pelo

intervalo entre inspeções do período:

NJmJb = �Qaí�^�(DRQa���� QDRaQ (DP�QçõQP = S�S0( (6.30)

Substituindo em (6.29), obtem-se a equação (6.31):

Page 142: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

142

i,jkIlmãJ��,jkI, �S0(� = 1,1. N. inJOlOYnJbo. �,jkI. S�S0( (6.31)

No RTLMM a probabilidade dos estados de inspeção pode ser calculada por: �,jkI = �$ + �% + �T Portanto os Custos associados às operações de inspeção podem ser calculados por:

i,jkIlmãJ��,jkI,�S0(� = 1,1. N. inJOlOYnJbo. (�$ + �% + �T). S�S0( (6.32)

Os custos totais associados a manutenção são devido à realização das Inspeções, das

Manutenções em Linha Energizada e das Manutenções em linha desenergizada:

iOoj = i,jkIlçõlk + iOoj�,jno ljlb�,�opo + iOoj�,jno plkljlb�,�opo (6.33)

O custo total de operação da LT é a soma dos custos das manutenções com os custos

associados às penalidades por Indisponibilidade: i�PR� R�R�� = i�PR� ^� �'( + i�PR� ^� B�D�RQDçã� i� = i!�? + iOoj (6.34)

Em um mesmo período de estudo de uma LT do sistema ELETRONORTE [42]

determinou que os custos anuais associados à manutenção e substituição de isoladores

poliméricos foi de R$ 325.592,32 (considerando os custos de aquisição e troca) enquanto que

o custo anual das Inspeções Terrestres Detalhada foi de R$ 22.497,75. Utilizando o método de

classificação por limiar e os dados associados aos custos de manutenção e troca de isoladores

encontrados em [42] determina-se a seguinte relação entre os custos de manutenção e de

inspeção:

iOoj�,jno ljlb�,�opo + iOoj�,jno plkljlb�,�opo ≅ 325.592,3222.497,75 . C����

iOoj ≅ 14,5. i,jkI (6.35)

A equação (6.35) pode ser utilizada, na ausência de dados mais precisos, como uma

estimativa dos custos de manutenção, uma vez que os custos de inspeção são conhecidos.

A manutenção com desligamento tende a ser mais cara que a manutenção em linha

energizada. Em [36] utiliza-se um valor para operações de reparo da ordem de dez vezes do

Page 143: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

143

valor de uma manutenção menor (equivalente a uma manutenção sem desligamento neste

trabalho). Desta forma, determina-se a seguinte relação:

iOoj�,jno plkljlb�,�opo ≅ 10. iOoj�,jno ljlb�,�opo

No RTLMM a probabilidade dos estados de Manutenção em Linha Energizada pode

ser calculada por: ��� = �U + �"` + �"� (6.36)

Da mesma forma, a probabilidade de ocorrência de um evento de Manutenção com

Desligamento é: �� = �"# + �"$ + �"% (6.37)

Ponderando os custos pelas probabilidades de ocorrência dos estados encontra-se o

valor estimado dos custos das manutenções.

Custo das Manutenções em Linha energizada:

11. iOoj�,jno ljlb�,�opo = �325.592,32 R$Ano� . !"

#$%&'(&)% +&+,-(/%0% = 129.599,3 R$Mes� . ( 8 + ;< + ;>) (6.38)

Custo das Manutenções com Desligamento:

#$%&'(&)% 0+@+&+,-(/%0% ≅ 10. #$%&'(&)% +&+,-(/%0%

#$%&'(&)% 0+@+&+,-(/%0% ≅ 10. 1325.592,32 R$Ano� . !E

#$%&'(&)% 0+@+&+,-(/%0% ≅ 13255.923,2 R$Ano� . ( ;F + ;G + ;H) (6.39)

6.4 CONCLUSÃO

Neste capítulo discutiu-se sobre os custos associados à operação de Linhas de

transmissão. São eles os custos de Manutenção e os custos das Penalidades associadas à

Indisponibilidade.

A equação de cálculo da PVI, obtida somando-se as parcelas devido aos

Desligamentos Programados e aos Desligamentos Não-programados, foi estimada

Page 144: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

144

analiticamente utilizando técnicas probabilísticas. As técnicas analíticas utilizadas foram o

Método Analítico Aproximado e o Método Analítico Exato, descritos em [4].

Uma técnica para o cálculo dos Custos de Manutenção em linha energizada e de Manutenção

em Linha Desenergizada foi desenvolvida associando os custos destes tipos de manutenção

aos custos de manutenção de Isoladores.

Page 145: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

145

7. RESULTADOS DOS TESTES

“Um gênio é uma pessoa de talento que faz toda a lição de casa.”

Thomas A. Edison

Neste trabalho o Modelo Markoviano de Linha de Transmissão foi determinado,

denominado RTLMM (Figura 7.1). Desta forma preenchendo uma lacuna nessa área de

pesquisa. Através dos vários testes e resultados obtidos utilizando dados de um sistema de

transmissão real (ELETRONORTE) pode-se concluir que o modelo demonstrou ser uma

ferramenta de análise quantitativa útil no gerenciamento da manutenção de Linhas de

Transmissão.

Figura 7.1: Modelo Markoviano de LT

Devido à existência de estados de degradação não foi possível a obtenção de todas as

taxas de transição diretamente através dos dados. A taxa de degradação, uma taxa não

observável diretamente, foi obtida iterativamente por interpolação. Após a calibração do

modelo obteve-se:

IE = 7,981.10LF

Page 146: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

146

Na Figura 7.2 observa-se que o valor de IE adotado é aquele para o qual a reposta do

modelo torna-se igual à resposta do sistema real.

Figura 7.2: Obtenção da Taxa de Degradação

Na Tabela 7.1 estão os valores calculados das probabilidades antes e após a calibração

do modelo. Pode-se observar que após a calibração o valor da probabilidade do estado de

falha, F(N), torna-se igual ao valor histórico.

Tabela 7.1: Probabilidades de Estado Antes e Após a Calibração do Modelo

(O)

Probabilidades dos Estados

Antes da Calibração do modelo

Probabilidades dos Estados

Após a Calibração do modelo

P(1) 3.382225e-001 3.745943e-001

P(2) 3.293754e-001 3.277179e-001

P(3) 3.207598e-001 2.867076e-001

5.15.35.55.75.96.16.36.56.76.97.17.37.57.77.98.18.38.58.78.99.19.39.59.79.9

x 10-4

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

1.1

1.15

1.2

1.25

1.3

1.35

1.4

1.45

1.5

1.55

1.6

1.65

1.7

x 10-4 (Probabilidade de Falha) ´ l

d

ld

P4

X: 0.0007981

Y: 0.000135

Page 147: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

147

P(4) 8.043054e-004 1.350000e-004

P(5) 1.675630e-003 1.855824e-003

P(6) 1.631800e-003 1.623588e-003

P(7) 1.589116e-003 1.420414e-003

P(8) 9.689791e-004 1.073181e-003

P(9) 1.059685e-003 1.173642e-003

P(10) 9.436330e-004 9.388844e-004

P(11) 1.031967e-003 1.026773e-003

P(12) 9.189500e-004 8.213933e-004

P(13) 1.004973e-003 8.982840e-004

P(14) 4.516707e-006 5.002425e-006

P(15) 4.398562e-006 4.376427e-006

P(16) 4.283506e-006 3.828765e-006

Após a calibração do modelo pode-se avaliar as probabilidades de regime dos estados

em função do intervalo entre as inspeções. O gráfico destas probabilidades é mostrado na

Figura 7.3:

Figura 7.3: Probabilidades de estado

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 360

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

MTBI(meses)

Pro

babili

dades d

e E

sta

do

Probabilidades(MTBI)

P1(t)

P2(t)

P3(t)

P4(t)

P5(t)

P6(t)

P7(t)

P8(t)

P9(t)

P10(t)

P11(t)

P12(t)

P13(t)

P14(t)

P15(t)

P16(t)

Page 148: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

148

Em escala logarítmica tornam-se mais evidentes algumas características das

probabilidades de cada estado, conforme Figura 7.4:

Figura 7.4: Probabilidades de estado do modelo

Na Figura 7.5 o gráfico da probabilidade de falha em função do intervalo entre

inspeções foi traçado.

10-1

100

101

10-7

10-6

10-5

10-4

10-3

10-2

10-1

100

MTBI(meses)

Pro

babili

dades d

e E

sta

do

Probabilidades(MTBI)

P1(t)

P2(t)

P3(t)

P4(t)

P5(t)

P6(t)

P7(t)

P8(t)

P9(t)

P10(t)

P11(t)

P12(t)

P13(t)

P14(t)

P15(t)

P16(t)

Page 149: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

149

Figura 7.5: Probabilidade de Falha

Como pode-se observar o efeito do aumento do intervalo entre as inspeções, isto é, a

realização de um número menor de inspeções, é o aumento da probabilidade do sistema

falhas.

A probabilidade de ocorrência de uma inspeção decresce com o aumento do MTBI,

como pode ser observado na Figura 7.6.

Figura 7.6: Probabilidade de ocorrência dos estados de Inspeção

10-1

100

101

0

0.5

1

1.5x 10

-4

Intervalo entre Inspeção(horas)

Pro

babili

dade d

o E

sta

do d

e F

alh

a

Pfalha

(MTBI)

10-1

100

101

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Intervalo entre Inspeção(horas)

Pro

babili

dade d

e O

corr

encia

dos e

sta

dos d

e I

nspeção

PINSP

(MTBI)

Page 150: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

150

O efeito da variação do MTBI na manutenção em linha energizada é descrito pelo

gráfico da Figura 7.7:

Figura 7.7: Probabilidade dos estados de manutenção em linha energizada

Como pode-se observar, à medida que se aumenta o intervalo entre as inspeções

diminui-se a probabilidade de detecção de itens com degradação, consequentemente, diminui-

se a probabilidade de ocorrência de manutenção em linha energizada. O que é desvantajoso,

visto que a não detecção de itens degradados poderá levar ao desligamento indevido do

equipamento numa ocorrência de falha.

A disponibilidade do sistema, isto é, a probabilidade de permanência nos estados

operativos, mostrada no gráfico da Figura 7.9. Como se pode observar, o valor ótimo do

intervalo entre inspeções que maximiza a Disponibilidade do sistema é de, aproximadamente,

3 meses:

PQNSTUVWX YQNTS PQZ[SçõSZ óNO\X = 3 \SZSZ

O valor praticado atualmente pela empresa, conforme os dados históricos, é de 12

meses. Desta forma, conclui-se que é possível aumentar a Disponibilidade do Sistema se o seu

10-1

100

101

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

0.18

0.2

Intervalo entre Inspeção(horas)

PM

E

PME

(MTBI)

Page 151: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

151

ponto de operação for deslocado para o ponto ótimo, isto é, o ponto no qual ]^_P =3 \SZSZ.

Figura 7.8: Disponibilidade do sistema

A Indisponibilidade é mostrada no gráfico da Figura 7.9.

No sistema de transmissão analisado o intervalo entre inspeções é de 12 meses. O

intervalo entre inspeções otimizado para maximizar a Disponibilidade obtido foi de 3,42

meses.

Conforme pode ser observado na Figura 7.9, gerada pelo programa computacional

implementado, seria possível obter um aumento percentual de mais de cinco por cento caso o

MTBI utilizado fosse de, aproximadamente, 3 meses.

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 360.9998

0.9998

0.9998

0.9998

0.9998

0.9998

0.9998

0.9999

0.9999

Intervalo de Tempo entre as Inspeções (li-1 em meses)

Dis

ponib

ilidade

Disponibilidade(MTBI)

Page 152: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

152

Figura 7.9: Indisponibilidade

Os custos associados a operações de Inspeção estão mostrados na Figura 7.10:

Figura 7.10: Custo associado às operações de inspeção

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36

1.45

1.5

1.55

1.6

1.65

1.7

1.75

1.8x 10

-4

Intervalo de Tempo entre as Inspeções (li-1 em meses)

Indi

spon

ibili

dade

Indisponibilidade(MTBI)

10-1

100

101

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2x 10

4

Intervalo entre Inspeção(meses)

Cus

to D

as I

nspe

ções

Cinsp(MTBI)

Page 153: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

153

Os custos associados a operações de Manutenção em Linha Energizada estão

mostrados na Figura 7.11.

Figura 7.11: Custos associados à Manutenção em Linha Energizada

Como se pode observar a diminuição do MTBI provoca um aumento nos custos

associados a inspeções e manutenções. No sistema real isto é bem evidente, pois seria

necessário mais investimentos em manutenção para sua realização com maior frequência.

Desta forma, uma idéia intuitiva para a diminuição dos custos seria aumentar o intervalo entre

as inspeções, no entanto, percebe-se que isso aumentaria a probabilidade de falha do sistema,

bem como sua indisponibilidade. O aumento da indisponibilidade causa impacto direto no

cálculo das penalidades por indisponibilidade, conforme mostrado na Figura 7.12.

10-1

100

101

101

102

103

104

Intervalo entre Inspeção(meses)

Custo

das M

anute

nções e

m L

inha E

nerg

izada

Custo das Manutenções em Linha Energizada(MTBI)

Page 154: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

154

Figura 7.12: Custo associado às penalidades

O custo associado a operações de Manutenção com Desligamento é mostrado na

Figura 7.13. Como pode-se observar, com o aumento do MTBI esse custo diminui até

determinado ponto, mas cresce novamente, isto se deve ao aumento da probabilidade de falha

do sistema. Quando o sistema falha ocorre desligamento e é necessário, geralmente, que seja

feita alguma operação de manutenção para que ele seja restabelecido ao estado operativo.

10-1

100

101

1

2

3

4

5

6

7x 10

4

Intervalo entre Inspeção(meses)

Custo

Das P

enalid

ades

Cp(MTBI)

Page 155: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

155

Figura 7.13: Custo associado a Manutenções com Desligamento

Portanto, como pode-se observar, a determinação do intervalo ótimo de inspeção

apresenta elevada complexidade, pois as variáveis envolvidas no processo são conflitantes.

Como o objetivo de qualquer gestor é maximizar os lucros, a alternativa para determinação do

MTBI é escolhê-lo de forma a minimizar os custos totais. Na Figura 7.14 o Custo Total

associado à operação de LTs está plotado em função do Intervalo entre inspeções, MTBI.

10-1

100

101

102

103

104

Intervalo entre Inspeção(meses)

Custo

das M

anute

nções c

om

Deslig

am

ento

Custo das Manutenções com Desligamento(MTBI)

Page 156: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

156

Figura 7.14: Custo Total

Na Figura 7.15 o ponto do MTBI ótimo está mostrado e é de aproximadamente 1,3

meses.

Figura 7.15: Intervalo ótimo de Inspeção

10-1

100

101

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5x 10

5

Intervalo entre Inspeção(horas)

Custo

Tota

l

Ct(MTBI)

10-1

100

101

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5x 10

5

X: 1.321

Y: 3.773e+004

Intervalo entre Inspeção(horas)

Custo

Tota

l

Ct(MTBI)

Page 157: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

157

7.1 CONCLUSÃO

Nesta monografia foi apresentada uma metodologia para o gerenciamento da

manutenção de linhas de transmissão do sistema da ELETRONORTE. O método proposto se

baseia na combinação de modelos markovianos e técnicas de otimização unidimensional para

determinar o intervalo de inspeção que otimiza as seguintes funções objetivo: maximização da

disponibilidade e minimização do custo de manutenção. Os custos de manutenção utilizados

na otimização do intervalo de inspeção têm duas componentes: custos devido a penalidades

por desligamentos programados e não-programados e custos de pessoal e equipamentos para a

realização da manutenção.

O modelo markoviano considerado na determinação do intervalo de inspeção

considerou diversos aspectos práticos e gerenciais associados com as políticas de manutenção

usadas atualmente na ELETRONORTE. Desta forma, o modelo proposto tem grande

potencial de aplicação no ambiente da empresa para auxiliar os engenheiros no processo de

tomada de decisões referentes à programação das atividades de manutenção. Outra

característica importante do modelo proposto é a representação de fenômenos que

caracterizam a realidade operativa das linhas de transmissão da ELETRONORTE, tais como:

o adiamento das manutenções e o processo de degradação. Este último aspecto, foi incluído no

modelo, apesar das taxas de degradação serem não-observáveis, usando-se técnicas de

calibração de dados foi possível obtê-las.

O desenvolvimento de trabalhos futuros para melhoria e expansão o modelo proposto

nesta monografia está associado com as seguintes pesquisas:

i) Modelagem de taxas de transição não-exponenciais através de processos semi-

markovianos;

ii) Aplicação de técnicas de otimização multi-objetivo para minimização dos custos

de manutenção e penalidades;

iii) Avaliação do impacto de incertezas nas taxas de transição do modelo markoviano

sobre a indisponibilidade e os custos esperados;

iv) Desenvolvimento de técnicas para determinar os riscos de violações das metas

devido a desligamentos programados.

Page 158: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

158

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Adaptado.Dissertação de Mestrado, Pós Graduação em Engenharia de Produção - UFSC,

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Page 162: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

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[48] FUCHS, Rubens Dario; ALMEIDA, Márcio Tadeu de; LABEGALINI, Paulo

Roberto; LABEGALINI, José Ayrton. Projetos Mecânicos Das Linhas Aéreas de

Transmissão. 2ª Edição. São Paulo: Editora Edgar Blücher, 1992.

[49] FUCHS, Rubens Dario; ALMEIDA, Márcio Tadeu de. Projetos Mecânicos Das

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[50] OLIVEIRA, J. J. Mecânica dos Sólidos: Notas de Aula. São Luís: UFMA, 2007.

[51] COURY, D. V. Introdução aos Sistemas Elétricos de Potência. São Carlos,

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[53] http://google.com.br – imagens. Acessado em 30/06/12.

Page 163: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

163

ANEXO A – TIPOS DE OCORRÊNCIAS NA ELETRONORTE

Neste anexo são descritos os tipos de ocorrências. Para o cálculo das taxas de transição

do modelo determinado é necessário a escolha dos tipos de ocorrências no programa de

gerenciamento de banco de dados. O significado de cada sigla foi encontrado diretamente do

banco de dados e é descrito neste anexo devido a critérios didáticos.

TIPOS DE DESLIGAMENTOS PROGRAMADOS

DCO - Desligado disponível por Conveniência Operativa.

DMF - Desligado para Manobras operacionais em linha p/ Isolar/normalizar função

(isolação e normalização para possibilitar a execução de serviço em FT (reator, compensação

série etc)

DPA - Desligado Programado corretivo ou preventivo, em Aproveitamento de

desligamento de outro agente, no caso de linhas de interligações e barras, entre 2 unidades

regionais ou internos da própria unidade regional, desde que seja em uma outra função

DPC - Desligado Programado para execução de um serviço Corretivo.

DPD - Desligado Programado por causa externa à função, porém Disponível à

operação. Quando do retorno da FT em questão, caso a mesma esteja impossibilitada, registrar

o código devido a partir da tentativa de religamento.

DPE - Desligamento excedente que ultrapassou o horário programado.

DPI - Desligado Programado corretivo ou preventivo, como Inclusão em desligamento

de outro agente na mesma função.

DPM - Desligado Programado para efetuar Melhorias. Melhoria é implantação ou

substituição de seccionadora/disjuntor/acessórios, adequação de barra (substituição de

seccionadora por disjuntor em interligação de barras), pintura, recapacitação, adequação da

supervisão, melhoria oriunda de P&D, execução de obras e substituição de equipamentos

visando reduzir a indisponibilidade das instalações da transmissão, substituição de

equipamentos devido a desgastes prematuros ou restrições operativas intrínsecas de qualquer

ordem, instalação ou substiuição de sistema de oscilografia digital de curta duração,

substituição de equipamentos por motivo de obsolescência, vida útil esgotada, falta de peças

de reposição ou risco de dano às intalações, automação, reforma e modernização de

Page 164: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

164

subestações, instalação ou substituição de equipamentos em subestação com a finalidade de

permitir a plena observabilidade e controlabilidade do SIN, a disponibilidade e a supervisão

das instalações da transmissão e geração.

DPN - Desligado Programado para Novas Conexoes e modificacoes. Novas Conexões

ou Modificações são decorrentes de alterações na configuração da instalação (arranjo físico)

ou entrada em operação de nova funcao (trafo, reator, compensação série, banco de capacitor,

linha, compensador estático e síncrono e gerador), desde que legalmente autorizada (s) pela

ANEEL.

DPP - Desligado Programado para execução de um serviço Preventivo.

DPR - Desligado Programado para implantação de Retrofit (modernização no sistema

de proteção, comando e controle), desde que autorizado pela ANEEL (no caso do Sistema

Interligado).

DSO - Desligado programado, já iniciado e Suspenso pelo ONS/COR, para

atendimento à segurança e integridade do Sistema.

DST - Desligado por motivo de Segurança de Terceiros, para serviços/obras de

utilidade pública.

DTC - Desligado durante Testes de Comissionamento.

DUP - Desligado de Urgência solicitado ao ONS/COR, fora do Plano Mensal de

Manutenção e aceito como Programado. Não resulta em risco ou restrição operacional para o

sistema e deve ser solicitado com prazo superior a 24horas do dia do desligamento.

PMA - Desligamento Programado - Manobras operacionais (isolação e normalização)

para possibilitar a execução de serviço em Aproveitamento.

PMC - Desligamento Programado - Manobras operacionais (isolação e normalização)

para possibilitar a execução de serviço Corretivo.

PMM - Desligamento Programado - Manobras operacionais (isolação e normalização)

para possibilitar a implementação de Melhorias e ou novas conexões. Inserir a duração das

manobras.

PMV - Desligamento Programado - Manobras operacionais (isolação e normalização)

para possibilitar a execução de serviço Preventivo.

PRA - Desligamento PRogramado corretivo ou preventivo, excedente ao prAzo

previsto.

PRE - Desligamento PRogramado corretivo ou preventivo, Excedente ao programado.

Page 165: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

165

UMP - Desligamento Urgência - Execução de Manobras Operacionais (isolação e

normalização), aceito como programado.

TIPOS DE DESLIGAMENTO FORÇADO

AIP - Desligamento por causa externa ou interna à função equipamento, por Atuação

Indevida da Proteção.

DAI - Desligamento ocasionado por Atuação Indevida do ONS - Operador Nacional

do Sistema Elétrico ou COR.

DAN - Desligado devido causa Interna à função com ou sem retorno por Animais.

DCF - Desligamento da função por Caso Fortuito ou por força maior, definido na

forma da lei - Código Civil (casos excepcionais - furacão, vulcão, vendaval acima do

projetado, enchente, tremor de terra etc).

DCI - Desligado devido causa Interna à função, exceto por queimadas, descargas

atmosféricas, religamentos bloqueados, equipamentos associados (turbinas, regulador de

tensão e velocidade).

DCP - Desligado por causa externa ou interna à função transmissão, Causado

indevidamente pela Proteção.

DDA - Desligado por causa Interna com/sem retorno por Descarga Atmosférica.

DDO - Desligado por causa externa à função equipamento, porém Disponível à

Operação. Após o desligamento a função equipamento deve estar apta a ser energizada. casos

de falha de atuação da proteção (FAP), falha humana da manutenção (FHM), da operação

(FHO) e do COR (FHC) e falha humana sistêmica do ONS (FHS - Sistema Interligado).

DEA - Desligado por causa interna com/sem retorno, por Equipamentos Associados

(turbinas, regulador de tensão e velocidade, módulo de controle e reator associado a linha) e

equipamentos auxiliares de UHE e UTE (bombas, sistema de lubrificação e resfriamento,

sistema contra incêndio).

DEE - Desligado em Emergência efetuados pela Eletronorte para evitar riscos de

danificação de Equipamentos , sem tempo hábil para comunicação prévia ao ONS/COR. A

emerg. é caracterizada pela Eletronorte.

Page 166: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

166

DEH - Desligado de Emergência efetuado pela Eletronorte para evitar riscos para

vidas Humanas, sem tempo hábil para comunicação prévia com o ONS/COR. A emergência é

caraterizada pela Eletronorte.

DES - Desligado por causa Externa à função equipamento Sem retorno à operação.

DFC - Desligado devido a Falta de Comunicação operacional entre o COR e a

operação/manutenção e ou entre outra empresa e a Eletronorte, quando ocorrer desligamento

por causa externa ou interna, durante a execução de serviços de linha viva ou no caso de

necessidade de energização de equipamento/ alimentador, linha e gerador após intervenção

pela manutenção.

DFD - Desl. Forçado p/causa externa, porém Disponível à Oper. Desligado Forçado

por causa externa à função, porém Disponível à operação. Quando do retorno da FT em

questão, caso a mesma esteja impossibilitada, registrar o código devido a partir da tentativa de

religamento. Não afeta nenhum indicador.

DFP - Desligado por Falha na função transmissão ou geração por não aprovação de

Programação. No Sistema Interligado, se contido no plano mensal de intervenção ou foi

reprogramado pelo ONS no Programa Mensal de Intervenções ou se solicitado pela

manutenção (Sistema Interligado). Nos Sistemas Isolados, se solicitado pela manutenção e não

aprovado pelo COR.

DFP - Desligado por Falha na função transmissão ou geração por não aprovação de

Programação. No Sistema Interligado, se contido no plano mensal de intervenção ou foi

reprogramado pelo ONS no Programa Mensal de Intervenções ou se solicitado pela

manutenção (Sistema Interligado). Nos Sistemas Isolados, se solicitado pela manutenção e não

aprovado pelo COR.

DFS - Desligado por Falha na Supervisão/ Comando/ Controle quando ocorrer

desligamento por causa externa ou interna.

DHC - Desligado devido a Falha Humana provocada pelo COR (trip acidental). Ação

remota/local ou orientação equivocada pelo COR, provocando desligamento de função,

instalação ou até mesmo blecaute.

DHM - Desligado devido a Falha Humana provocada pela Manutenção (trip

acidental). Ação remota ou local quando de intervenções da manutenção, provocando

desligamento de função, Instalação ou até mesmo blecaute.

Page 167: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

167

DHO - Desligado devido a Falha Humana provocada pela Operação da instalação (trip

acidental). Ação remota ou local equivocada pela Operação, provocando desligamento de

função, instalação ou até mesmo blecaute.

DHS - Desligado devido Falha Humana por atuação indevida do ONS - Operador

Nacional do Sistema, coordenador da Rede Sistêmica

DIS - Desligado por causa Interna à função equipamento com ou Sem retorno à

operação, com duração > que 1 min, excetuados os casos de falha da proteção e falha

humana.

DNI - Desligado por causa interna Não Identificada

DQM - Desligado por causa Interna com/sem retorno por QueiMadas

DQT - Desligamento por Queda de Torre

DRB - Desligado por causa interna com/sem retorno, devido Religamento automático

Bloqueado por solicitação do ONS.

DRT - Desligado por causa Interna, pelo Regulador de Tensão .

DRV - Desligado causa Interna, pelo Regulador de Velocidade.

DTE - Desligado ocorrido devido a Terceiros.

DUN - Desligado em Urgência solicitado ao ONS/COR, fora do Plano Mensal de

Manutenção (Sistema Interligado) Não aceito como programado .

DVA - Desligado ocorrido devido a Vandalismo (ação não planejada-tiro em

isoladores, pipa na linha, fogo na LT fora da faixa de servidão etc).

DVG - Desligado devido causa interna por Vegetação Alta.

EMM - Desligado em Emergência - Manobras operacionais (isolação e normalização)

para possibilitar a execução de serviço em emergência.

FLH - Desligamento devido a FaLha Humana / acidental. Ação remota ou local por

operadores, intervenções de manutenção ou outros fatores ocasionados por ação humana

NAP - Desligamento ocorrido por Não Atuação da Proteção.

UMO - Desligamento Urgência - Execução de Manobras Operacionais (isolação e

normalização), aceito como Programado.

TIPOS DE OUTROS DESLIGAMENTOS

AEM - Atraso na Entrada em operação de Melhorias e retrofit.

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168

AEN - Atraso na Entrada em operação de Nova (s) Conexão (ões) e ou modificações,

decorrentes de alterações na configuração da instalação (arranjo físico) ou entrada em

operação de funcão (trafo, reator, compensação série, banco de capacitor, linha, compensador

estático, síncrono e gerador), desde que legalmente autorizada (s) pela ANEEL.

DCA - Função encontra-se desligada por conveniência operativa por solicitação do

ONS após intervenção da manutenção e aguarda liberação do ONS para início da

comprovação de disponibilidade, sem qualquer tipo de restrição operativa ou sobrecarga.

DCR - Desligado disponível por Conveniência Operativa, solicitado pelo ONS/COR

com Restrição operativa temporária. Indicar o percentual que a função se encontra restrita, em

relação à capacidade operativa informada pela Eletronorte, na assinatura do CPST (Sist.

Interligado) ou o limite que se encontra uma unidade geradora por alguma anormalidade.

DDE - Desligado, Disp. em Execuçao de serviços. A funçao encontra-se Desligada

por conveniência operativa e Disponivel a operação, porem sob Execuçao de serviços que nao

afeta o seu retorno.

DEC - Desligado por Enxofre Corrosivo. A funçao encontra-se Desligada ou necessita

ser desligada por Enxofre Corrosivo no óleo do transformador / autotransformador ou no

Retor.

DLO - Desligado Liberado p/ o ONS/COR. Função Desligada e Liberado pela

Operação da Eletronorte ao ONS, aguardando autorização para energização (Sistema

Interligado) ou função disponibilizado pela operação ao COR, aguardando autorização deste

para a energização (Sistema Interligado ou Isolado).

NAD - Não Aprovação/liberação, pelo ONS/COR, de Desligamento constante no

PMM (Plano Mensal de Manutenção), para atender a segurança e integridade do Sistema.

SOC - Saída de Operação Comercial. Saída de Operação Comercial, fora de serviço

(desativado).

SPD - Serviço em Aproveitamento de Desligamento de outro agente no caso de

interligações, ou por unidade regional para os casos internos, solicitado pela Eletronorte.

TIPOS DE OPERAÇÃO NO ESTADO OPERANDO

EOC -Entrada em Operação Comercial.

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169

LSO - Ligado devido Suspensão do ONS/COR A função transmissao ou geração

encontra-se Ligada devido a Suspensão do ONS/COR, de um serviço iniciado ou não.

NOT - Operando em Comprovação de Disponibilidade. A função encontra-se

Operando em Comprovação de Disponibilidade.

OAR - Operação Após Recapacitação. Função em Operação Após ter sofrido

Recapacitação. Ex: Gerador de 10 MW que foi recapacitado para 15 MW ou trafo de 20 MVA

que foi recapacitado para 26 MVA. Obs.: Inserir a data inicio da recapacitação.

OCA - Função encontra-se em operação como compensador síncrono por solicitação

do ONS e aguarda liberação do ONS para início da comprovação de disponibilidade.

OCS - Operando como Compensador Sincrono. Função OPerando como

Compensador Sincrono por solicitação do ONS ou ELN.

ODC - Operando Durante Comissionamento. A função se encontra em Operação

Durante os testes de Comissionamento, antes da efetiva entrada em operação comercial.

OPA - Função encontra-se em operação normal e aguarda liberação do ONS para

início da comprovação de disponibilidade sem qualquer tipo de restrição operativa ou

sobrecarga.

OPC - Função encontra-se operando com geração máxima disponível, após liberação

do ONS. Unidade deverá ficar nesta condição durante 4 horas.

OPM - OPerando com Manutenção sem interrupção. Função encontra-se em

OPeração com intervenção pela Manutenção, sem alteração do estado da função. (exemplo:

manutenção em função energizada - trafo, linha, gerador, banco de capacitores, reator etc).

OPR - OPeRando normal. Função encontra-se em OPeRação Normal, sem qualquer

tipo de restrição operativa ou sobrecarga.

OPT - OPerando como comp. p/solic. do ONS p/man. inércia Função OPerando como

Compensador Sincrono por solicitação do ONS para manutenção de inércia mínima.

ORD - Operando com Restrição Definitiva. A função encontra-se Operando com

Restrição Operativa Definitiva. Inserir o percentual da restrição operativa no campo

"Descrição" do RDI e no cadastro da função. Deve ser inserida a duração igual a 1 minuto e

posteriormente retornar para OPR ou DCO.

ORN - Operando com Restrição Não programada. A função encontra-se Operando

com Restrição operativa temporária, Não programada. Indicar o percentual que a função se

encontra restrita, em relação à capacidade operativa informada pela Eletronorte, na assinatura

Page 170: Modelo Markoviano para Otimização do Intervalo de Inspeção de Linhas de Transmissão - Final.pdf

170

do CPST (Sist. Interligado) ou o limite que se encontra uma unidade geradora por alguma

anormalidade.

ORP - Operando com Restrição Programada A função encontra-se Operando com

Restrição Operativa temporária Programada. Indicar o percentual que a função se encontra

restrita, em relação à capacidade operativa informada pela Eletronorte, na assinatura do CPST

(Sist. Interligado) ou o limite que se encontra uma unidade geradora por alguma

anormalidade.

OSI - Operando com Sobrecarga tempo Indeterminado. A função encontra-se

Operando com Sobrecarga por tempo Indeterminado. Inserir o percentual da sobrecarga.

OSN - Operando com Sobrecarga temporária Não progr. A função encontra-se

Operando com Sobrecarga temporária Não programada, de acordo com resolução da ANEEL,

conforme CPST (Sist. Interligado).

OSP - Operando com Sobrecarga temporária Programada. A função encontra-se

Operando com Sobrecarga temporária Programada, de acordo com resolução da ANEEL,

conforme CPST (Sist. Interligado).

RDP - Partida Ger. Termelétrico em Reserva De Prontidão Operação caracterizada

pela partida de um Conjunto Gerador Termelétrico que se encontra em Reserva De Prontidão,

conforme Resolução ANEEL nº 265/2003, atendendo solicitação do ONS, sendo sucedida de

cancelamento do processo de sincronização, também por solicitação do ONS.

SRE - Em operação com sobrecarga prog. ou não prog. O equipamento ou função da

Eletronorte, não pertencente a Rede Básica, se encontra em operação com SobREcarga.

SRI - A função equipamento, encontra-se em operação com SobREcarga por tempo

Indeterminado.