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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOESTATÍSTICA RAFAELA PEREIRA MODELO LOGÍSTICO PARA IDENTIFICAR FATORES ASSOCIADOS E PREDIÇÃO DA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Maringá-Paraná 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOESTATÍSTICA

RAFAELA PEREIRA

MODELO LOGÍSTICO PARA IDENTIFICAR FATORES

ASSOCIADOS E PREDIÇÃO DA RETINOPATIA DA

PREMATURIDADE

Maringá-Paraná 2016

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RAFAELA PEREIRA

MODELO LOGÍSTICO PARA IDENTIFICAR FATORES

ASSOCIADOS E PREDIÇÃO DA RETINOPATIA DA

PREMATURIDADE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioestatística como requisito para obtenção do título de mestre em Bioestatística. Orientadora: Profª Dra Rosangela Getirana Santana. Coorientadora: Profª Dra Taqueco Teruya Uchimura.

Maringá-Paraná

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá, PR, Brasil)

Pereira, Rafaela P436m Modelo logístico para identificar fatore s

associados e predição da retinopatia da prematuridade / Rafaela Pereira. -- Maringá, 2016.

52 f. : il., figs., tabs. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosangela Getir ana

Santana. Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Taqueco Teruy a

Uchimura. Dissertação (mestrado) - Universidade Es tadual de

Maringá, Departamento de Estatística, Programa de Pós-Graduação em Bioestatística, 2016.

1. Modelo logístico. 2. Retinopatia da

prematuridade - Fatores associados. 3. Bioestatística. I. Santana, Rosangela Getirana, orient. II. Uchimura, Taqueco Teruya, coorint. III. Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Estatística. Programa de Pós-Graduação em Bioestatística. IV. Título.

CDD 23.ed. 570.15195

GVS-002762

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por tudo que tens feito em minha

vida. Por me dar a oportunidade de ser uma pessoa melhor a cada dia.

Agradeço aos meus pais, Ednair e Adelmo, e aos meus irmãos Iolana,

Augusto e Fernando pelo apoio e por acreditarem que eu era capaz. Vocês são

o meu alicerce!

Agradeço ao meu namorado, André, pelos momentos de aprendizado

juntos, pelo amor e companheirismo.

Ao Programa de Pós-graduação em Bioestatística da Universidade

Estadual de Maringá (UEM) pelo conhecimento adquirido.

As professoras Dra Rosangela Getirana Santana, Dra Taqueco Teruya

Uchimura, Dra Darci Aparecida Martins Corrêa e Dra Isolde Terezinha

Previdelli pelas revisões, sugestões e ajudas importantes para finalização deste

trabalho.

As amizades construídas no caminho, em especial a Marina, Marcos,

Matheus, Guilherme, Emerson e Sérgio. E a todos os amigos que, longe ou

perto, fizeram parte dessa história.

Agradeço também a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

nível Superior (CAPES) pelo incentivo financeiro.

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Lista de Figuras

Figura 1-Exame do fundo do olho ...................................................................... 2

Figura 2-Teste do reflexo vermelho com alteração no olho esquerdo. ............... 4

Figura 3-QQ-plot para resíduo deviance .......................................................... 30

Figura 4-Predito versus resíduo deviance ........................................................ 30

Figura 5-Index plots .......................................................................................... 32

Figura 6-Curva ROC e TG-ROC ...................................................................... 33

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Lista de tabelas

Tabela 1-Relação entre diagnóstico da ROP e variáveis associadas. Maringá-

PR, 2006-2015. ................................................................................................ 22

Tabela 2-Categorização da idade gestacional e análise univariada. Maringá-

PR, 2006-2015. ................................................................................................ 23

Tabela 3-Categorização do peso ao nascer e análise univariada. Maringá-PR,

2006-2015. ....................................................................................................... 24

Tabela 4-Categorização do escore Apgar no 1º minuto e análise univariada.

Maringá-PR, 2006-2015. .................................................................................. 25

Tabela 5-Categorização do escore Apgar no 5º minuto e análise univariada.

Maringá-PR, 2006-2015. .................................................................................. 25

Tabela 6-Categorização dos dias totais de internação e análise univariada.

Maringá-PR, 2006-2015 ................................................................................... 26

Tabela 7-Categorização da estatura e análise univariada. Maringá-PR, 2006-

2015 ................................................................................................................. 26

Tabela 8-Modelo logístico múltiplo das variáveis que apresentaram associação

com a ROP. Maringá, 2006-2015. .................................................................... 27

Tabela 9-Contribuição das variáveis preditoras na deviance- Modelo 1 .......... 27

Tabela 10-Contribuição das variáveis preditoras na deviance- Modelo 2. ....... 28

Tabela 11-Contribuição das variáveis preditoras na deviance - Modelo 3. ...... 28

Tabela 12-Contribuição das variáveis preditoras na deviance - Modelo 4. ...... 28

Tabela 13-Modelo Logístico para a ROP em RN do método Mãe Canguru.

Maringá-PR, 2006-2015. .................................................................................. 29

Tabela 14-Estimativa da probabilidade de ter ROP. ........................................ 29

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Sumário

1. Introdução ...................................................................................................... 1

2. Fundamentação teórica .................................................................................. 7

2.1. Modelo de regressão logística ................................................................. 7

2.2. Estimação dos parâmetros....................................................................... 8

2.3 Odds ratio (razão de chance) ................................................................. 10

2.4 Teste da razão de verossimilhança (teste RV) ........................................ 11

2.4 Type 1 e Type 3 ...................................................................................... 11

2.5 Teste de Hosmer e Lemeshow ............................................................... 12

2.6 Deviance ................................................................................................. 13

2.7 Estatística de Pearson ........................................................................... 13

2.8 Análise de resíduos ................................................................................. 14

2.9 Curva ROC e TG-ROC............................................................................ 16

3. Métodos ........................................................................................................ 17

3.1. Tipo de estudo e população ................................................................... 17

3.2. Variável resposta e variáveis preditoras ................................................ 19

3.3. Análise dos dados .................................................................................. 19

3.4 Critérios éticos ........................................................................................ 20

4. Resultados ................................................................................................... 21

5. Discussão ..................................................................................................... 33

6. Conclusão .................................................................................................... 36

Referências ...................................................................................................... 38

Anexo A-Modelo da ficha do ambulatório Canguru .......................................... 41

Anexo B-Parecer COPEP................................................................................. 44

Anexo C-Autorização COREA .......................................................................... 47

Anexo D-Dispensa do TCLE ............................................................................ 48

Anexo E-Formulário de exame para ROP ........................................................ 49

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Resumo

A retinopatia da prematuridade é uma doença multifatorial que afeta a retina dos recém-nascidos prematuros. É uma das principais causas de cegueira infantil no mundo. O objetivo deste trabalho foi de ajustar um modelo logístico para identificar os fatores associados e para predição do diagnóstico da retinopatia da prematuridade. Trata-se de estudo transversal retrospectivo dos recém-nascidos admitidos no Programa Método Mãe Canguru do Hospital Universitário de Maringá-PR no período de janeiro de 2006 a novembro de 2015. A variável resposta foi o diagnóstico da retinopatia classificada como ausente ou presente no recém-nascido. Foi realizada a análise univariada com as variáveis preditoras e feita a categorização por meio do teste da razão de verossimilhança. Para o modelo logístico múltiplo foi verificado a qualidade do ajuste pelo teste de Hosmer e Lemeshow, deviance e estatística de Pearson e para avaliar as hipóteses do modelo foi realizado a análise de resíduos e de diagnóstico. A curva ROC foi construída para avaliar a capacidade de predição do modelo. No estudo foram incluídos 324 recém-nascidos admitidos no Programa Método Mãe Canguru, 33 (10,18%) crianças apresentaram retinopatia. As variáveis preditoras que se apresentaram como fatores de risco

para a retinopatia pelo modelo logístico múltiplo foram a idade gestacional ≤ 30 semanas (OR=3,6), peso ao nascer ≤ 1250 gramas (OR=5,14) e escore Apgar no 1º minuto < 7(OR=2,57). O teste de Hosmer e Lemeshow e a estatística de Pearson mostraram evidências de que o modelo está bem ajustado aos dados, já a deviance sobre os graus de liberdade apontou indícios de subdispersão. Na análise de diagnósticos, por meio da observação do gráfico do predito versus resíduos deviance, a função de variância mostrou-se inadequada. A capacidade de discriminação do modelo dada pela área da curva ROC foi de 0,8395 e a probabilidade ótima que diagnostica os recém-nascidos com retinopatia foi de 0,078 com sensibilidade de 0,75 e especificidade de 0,79. Concluiu-se que, o modelo pode ser usado para predição da retinopatia uma vez que apresenta uma discriminação considerável. Recém-nascidos que apresentarem uma probabilidade maior que 0,078 através do modelo logístico necessitam de maior atenção dos retinólogos e neonatologistas durante os programas de triagem para a prevenção da cegueira causada pela retinopatia.

Palavras-chave: Fatores associados, modelo logístico, retinopatia da prematuridade.

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Abstract

Retinopathy of prematurity is a multifactorial disease that affects the retina of premature infants. It is a major cause of blindness in children in the world. The objective was to set a logistic model to identify associated factors and to assist in predicting the diagnosis of retinopathy of prematurity. We conducted a retrospective cross-sectional study of admitted newborns in the program “Mãe Canguru” of the University Hospital of Maringá-PR from January 2006 to November 2015. The response variable was the diagnosis of retinopathy classified as absent or present in the newborn. Univariate analysis with the predictor variables and the categorization made by the likelihood ratio test was performed. For the multiple logistic model was verified the quality of the adjustment by Hosmer and Lemeshow test, deviance and Pearson statistics and to assess the assumptions of the model was carried out the residuals analysis and diagnosis.The ROC curve was constructed to evaluate the predictive ability of the model. In the study included 324 newborns admitted in the program “Mãe Canguru”, 33 (10.18%) children had retinopathy. The variables that were presented as risk factors for retinopathy multiple logistic regression were gestational age ≤ 30 weeks (OR = 3.6), birth weight ≤ 1250 grams (OR = 5.14) and Apgar score at 1 minute <7 (OR = 2.57). The Hosmer and Lemeshow test and Pearson's statistics showed evidence that the model is well fitted to the data, since the deviance of the degrees of freedom pointed underdispersion evidence. In the analysis diagnosis through observation graph of predicted vs. deviance waste variance function proved inadequate. The model discrimination ability given by the area under the ROC curve was 0.8395, and the probability of the point diagnosing infants with retinopathy and newborns without retinopathy was 0.078 with sensitivity of 0.75 and specificity of 0.79. In conclusion, the model can be used to assist in the prediction of retinopathy of prematurity predict since it presents considerable precision. Newborns that are experiencing more likely than 0.078 by logistic model require greater attention from retina specialist and neonatologists during the screening programs for the prevention of blindness caused by retinopathy.

Keywords: Associated factors, logistic model, retinopathy of prematurity.

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1. Introdução

A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa

que afeta a retina dos bebês que nascem prematuramente. O desenvolvimento

da doença pode levar a destruição da estrutura do globo ocular e

consequentemente a cegueira total e irreversível (COSTA et al.,2013;TOMÉ et

al.,2011)

Segundo Fortes Filho (2006), a prematuridade extrema, o uso da

oxigenoterapia em alta concentração por longo período e o estado físico geral

debilitado da criança, são os fatores de risco considerados importantes para o

surgimento da ROP.

A Retinopatia da Prematuridade se apresenta como a segunda maior

causa de cegueira infantil do Brasil e uma das principais causas no mundo

(GRAZIANO; LEONE, 2005). Estima-se que no Brasil, a cada ano cerca de

1.500 crianças nascidas pré-termo e de baixo peso estão expostas ao risco de

desenvolver a ROP na sua forma mais grave e que 500 novos casos de

cegueira pela ROP ocorram a cada ano (GRAZIANO; LEONE, 2005).

A ROP foi descrita pela primeira vez por Terry, em 1942, quando houve

uso excessivo da oxigenoterapia, e como consequência houve uma epidemia

com aumento da incidência de cegueira nos bebês prematuros, denominada

por Terry de Fibroplasia retrorental, acreditando que fosse decorrente do

crescimento do tecido conectivo embrionário atrás do cristalino (BEANI;

SEGRE, 2003). Em 1951, Helth definiu como retinopatia da prematuridade

todas as fases das alterações da retina em prematuros (BEANI; SEGRE,

2003).

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Em 1984 foi criado um Comitê de oftalmologistas de 11 países que

tinham como objetivo elaborar uma classificação universal, e por meio deste

estudo multicêntrico, a classificação internacional da ROP incorporou a

localização da lesão pelas zonas da retina envolvida, de acordo com as horas

do relógio e, finalmente, os vários estágios da doença, de acordo com o grau

das lesões vasculares estudadas (BEANI; SEGRE, 2003).

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a Sociedade Brasileira de

Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

preconizam o exame oftalmológico de Fundo de Olho (FO) para recém-

nascidos prematuros com peso ≤1.500 gramas e idade gestacional ≤32

semanas, e também segundo as diretrizes publicadas em 2007, todos os bebês

nascidos com mais de 1.500 gramas, e que desenvolveram outras

comorbidades relacionadas com o nascimento prematuro, tais como a sepse,

hemorragia intraventricular, displasia bronco-pulmonar entre outras (ZIN et al.,

2007). A figura 1 mostra a realização do exame FO no recém-nascido, o

primeiro exame deve ser realizado entre a quarta e a sexta semana de vida, e

os exames subsequentes, a cada uma ou duas semanas, conforme o

diagnóstico do exame anterior (LERMANN et al., 2006; BRASIL, 2011)

Figura 1- Exame do fundo do olho

Fonte: www.objnursing.uff.br

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É muito importante detectar a ROP até o estágio 3, considerada doença

limiar. A significância clínica da doença limiar é que se o prematuro não for

tratado nesse momento terá chance de desenvolver complicações e resultados

anatômicos e funcionais importantes em 50 % dos casos (CONSELHO

BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA, SOCIEDADE BRASILEIRA DE

PEDIATRIA, 2011).

Uma das maneiras para detecção de alterações visuais em recém-

nascidos (RN) é o teste do reflexo vermelho (Figura 2) realizado com auxílio de

um oftalmoscópio direto. Quando a luz emitida por este aparelho estiver

diretamente alinhada ao longo do eixo visual de uma pupila dilatada no seu

espaço aparecerá como um brilho homogêneo de cor vermelho-alaranjado,

denominado reflexo vermelho decorrente da cor do fundo do olho, observado

através do meio ocular, aquoso e córneo (LIMA, 1999; AMERICAN ACADEMY

OF PEDIATRICS, 2002). Este teste é de extrema importância a partir do

período neonatal, pois muitas crianças podem ao nascer apresentar

opacidades (leucocoria), como por exemplo, as decorrentes da catarata

congênita, que pode passar despercebida pela equipe de profissionais de

saúde e prestadores de cuidado. Contribui também para o rastreamento de

alterações no fundo do olho (segmento posterior e opacidades) no eixo visual,

e deveria ser parte dos cuidados de rotina ao RN (AMERICAN ACADEMY OF

PEDIATRICS, 2003).

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Figura 2- Teste do reflexo vermelho com alteração no olho esquerdo.

Fonte: cuidandofamilia.blogspot.com.br

Esse teste deve ser realizado pelo próprio pediatra, no berçário ou na

sala de parto, que encaminhará ao oftalmologista em caso de qualquer

alteração ou quando houver um resultado duvidoso para a realização do exame

de Fundo de Olho (FO). A oftalmoscopia é importante, pois pode indicar a

presença de tumores como a retinoblastoma, infecções como a toxoplasmose,

rubéola, citomegalovírus e sífilis, além de doenças como a retinopatia da

prematuridade, doença relacionada à formação dos vasos da retina que podem

levar à cegueira (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2002).

Segundo Costa et al.(2013), os fatores de risco mais consistentes para o

surgimento da ROP são o peso ao nascer ≤1.500g, a idade gestacional ≤32

semanas e a oxigenoterapia em alta concentração por longo período de tempo.

Entre os fatores menos consistentes estão a falta de vitamina E, exposição a

luz intensa e sepse.

O escore Apgar é um método de avaliação sistemático do recém-

nascido efetuado logo após o parto, que avalia as condições fisiológicas e a

capacidade de resposta, sendo utilizada também para identificar aqueles que

necessitam de reanimação ou cuidados especiais (LOTH et al., 2001). O teste

é usualmente realizado no primeiro e no quinto minuto de vida, logo após o

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nascimento completo (excluindo o cordão umbilical e placenta) e desobstrução

das vias aéreas superiores. O exame avalia cinco aspectos do neonato como a

frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e

coloração da pele, e para cada um dos cinco itens é atribuída uma nota de 0 a

2, somando-se o escore de cada item para a obtenção de um resultado de no

máximo 10 pontos (LOFT et al. 2001). O somatório da pontuação de no mínimo

de zero e no máximo de dez, classificando o recém-nascido como sem asfixia

(escore Apgar 8 a 10), com asfixia leve (5 a 7), com asfixia moderada (3 a 4) e

com asfixia grave (0 a 2) (BRASIL, 2011).

O escore Apgar no primeiro minuto, geralmente correlaciona-se com o

ph do cordão umbilical e traduz uma asfixia intraparto. RN com apagar de 0-4

apresenta menores quantidades de oxigênio e maiores quantidades de pCO2,

ou PaCO2, que corresponde a pressão parcial de CO2 (gás carbônico)

no sangue arterial e exprime a eficácia da ventilação alveolar. O escore Apgar

de quinto minuto correlaciona-se melhor com as eventuais sequelas

neurológicas. O escore deve ser repetido a cada 5 minutos ate que atinja uma

nota maior ou igual a 7. O escore Apgar menor que 7 é considerado indicativo

de asfixia perinatal pelos pediatras, sendo este ponto racional para a escolha

deste valor de Apgar para determinar sofrimento fetal ou não (CICARELLI et

al., 2007).

O Programa Método Mãe Canguru de Maringá-PR, foi implantado em

2004 considerando os riscos que as crianças prematuras estavam expostas.

Muitos estudos consideram o ponto de corte para o risco da ROP de peso ao

nascer ≤1500g ou idade gestacional ≤32 semanas, outros consideram que com

este ponto de corte ocorrem muitos falsos negativos, ou seja, a criança deixa

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de ser de risco e não recebe a devida assistência. Assim, neste estudo

utilizaram-se os dados dos RNs admitidos do Programa Método Mãe Canguru,

e uma vez que não havia um critério de screening definido na literatura, o

presente estudo se propôs a analisar esse banco de dados, verificar a

prevalência, propor pontos de corte para as variáveis preditoras, identificar os

fatores de risco associados e ajustar um modelo logístico múltiplo para a

predição quanto ao diagnóstico da ROP no RN.

A metodologia de modelo logístico, segundo Hosmer e Lemeshow

(2000) teve origem em pesquisas epidemiológicas e atualmente já é

empregado em diversos outros campos, é um dos principais métodos utilizado

para predizer ou explicar a ocorrência de determinados fenômenos quando a

variável resposta é binária. Paula (2010) comenta que o amplo uso de modelos

de regressão logística se deve pela facilidade de interpretação dos parâmetros,

e também pela possibilidade do uso desse tipo de metodologia em análise

discriminante.

Entre os trabalhos com uso do modelo logístico múltiplo para os fatores

de risco da retinopatia da prematuridade, encontra-se o de Hakeem et al.(2012)

com 172 recém nascidos prematuros e de baixo peso em um hospital

universitário no Egito, apresentando uma prevalência de 19,2% da ROP, as

variáveis idade gestacional, sepse, oxigenoterapia e transfusão sanguínea

mostraram-se relacionadas com a ROP.

O estudo de Fortes Filho et al.(2009) realizado com 450 recém nascidos

prematuros ou de baixo peso com uma prevalência de 24,2% da ROP, revelou

que os fatores estatisticamente significantes no modelo logístico múltiplo foram

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a idade gestacional, ganho ponderal, uso de oxigenoterapia em ventilação

mecânica e a necessidade de transfusão sanguínea.

O estudo de Kavurt et al.(2014) incluiu 495 recém-nascidos prematuros

com idade gestacional ≤32 semanas e peso ao nascer ≤1500 gramas,

apresentando uma prevalência de 28,2% da ROP e os fatores associados pelo

modelo logístico múltiplo foram a sepse e idade gestacional, com risco maior

para RNs considerados pequenos para idade gestacional.

2. Fundamentação teórica

2.1. Modelo de regressão logística

Neste estudo a variável binária de interesse é a retinopatia da

prematuridade (ROP), definida da seguinte forma:

𝑍 = {1, se o RN tem o diagnóstico da ROP

0, se o RN não tem o diagnóstico da ROP (1)

Sendo que 𝑍 segue a distribuição de Bernoulli, com parâmetro 𝜋, este

parâmetro representa a probabilidade do RN ter ROP.

Considerando 𝑌𝑖 uma variável aleatória que é a soma de 𝑛𝑖, 𝑖 = 1, … , 𝑘,

variáveis aleatórias com distribuição de Bernoulli para as quais a probabilidade

é a mesma, 𝑌𝑖 segue a distribuição binomial (𝑛𝑖, 𝜋𝑖). Neste caso, a variável 𝑌𝑖

representa o número de RNs diagnosticados com ROP, com probabilidade 𝜋𝑖,

em 𝑛𝑖 eventos e 𝑘 representa o número de grupos formados.

Os modelos lineares generalizados (MLG) envolvem três passos:

definição da distribuição pertencente a família exponencial (que determina a

função de variância), escolha da função de ligação e a definição da matriz

modelo.

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Neste caso, para a variável aleatória 𝑌𝑖 com distribuição binomial (𝑛𝑖,𝜋𝑖)

a função densidade na forma da família exponencial de probabilidade é dada

por (DEMÉTRIO, 2001)

𝑓(𝑦𝑖; 𝜃𝑖 , 𝜙) = 𝑒𝑥𝑝{1

𝜙[𝑦𝑖𝜃𝑖 − 𝑛𝑖 ln(1 + 𝑒𝜃𝑖)] + ln (𝑛𝑖

𝑦𝑖)} , (3)

onde 𝜃𝑖 é chamado de parâmetro canônico e 𝜙 é chamado de parâmetro de

dispersão que para o caso da binomial 𝜃𝑖 = ln (𝜋𝑖

1−𝜋𝑖) e 𝜙 é igual um.

Considerando um conjunto de variáveis aleatórias 𝑌1, 𝑌2, … , 𝑌𝑘 onde cada

uma representa o números de RN que apresentaram ROP em 𝑛𝑖 eventos, há

um conjuntos de variáveis preditoras como peso, IG, entre outros, que podem

estar associados a ROP, essa associação pode ser descrita pelo seguinte

equação matemática, chamada de modelo logístico linear:

logit(𝛑) = 𝛈 = 𝑿𝜷 , (4)

sendo 𝑿 = (𝒙𝟏, 𝒙𝟐, … , 𝒙𝒌)𝑇 , a matriz modelo que contém nas colunas as

variáveis preditoras, e seus elementos 𝒙𝒊 são vetores com 𝑝 elementos,

𝜷 = (𝛽0, 𝛽1, … , 𝛽𝑝)𝑇 é o vetor de parâmetros a serem estimados, que quantifica

o efeito das respectivas variáveis em relação a probabilidade de obter a ROP e

logit(.) é chamada de função de ligação canônica que relaciona a probabilidade

𝜋𝑖 de um RN ter ROP com a soma linear dos efeitos das variáveis preditoras

observadas ηi = 𝑥𝑖𝛽 (DEMÉTRIO, 2001).

A função de variância para uma variável aleatória com distribuição

Binomial é 𝑉(𝜋) =1

𝑛𝑖 𝜋𝑖(𝑛𝑖 − 𝜋𝑖) (DEMÉTRIO, 2001).

2.2. Estimação dos parâmetros

O vetor de parâmetros 𝜷 é o único valor desconhecido na equação (4) e

para obtenção da sua estimativa, �̂�, usou-se o método de máxima

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verossimilhança, que consiste em maximizar a função de verossimilhança ou,

equivalentemente, maximizar o logaritmo neperiano da função de

verossimilhança que neste estudo será referido como logverossimilhança.

A logverossimilhança para um conjunto de observações independentes

𝑦1,𝑦2,...,𝑦𝑘 é dado pela soma das contribuições individuais, isto é, (DEMÉTRIO,

2001)

𝑙(𝜽; 𝒚) = ∑ 𝑙(𝜃𝑖, 𝑦𝑖)𝑘𝑖=1 = ∑ 𝑦𝑖𝜃𝑖 − 𝑛𝑖 ln(1 + 𝑒𝜃𝑖) + 𝑙𝑛 (𝑛𝑖

𝑦𝑖)𝑘

𝑖=1 . (5)

Neste caso, 𝜃𝑖 = ln (𝜋𝑖

1−𝜋𝑖) = 𝒙𝒊𝜷. Para maximizar a função (5) basta derivar a

logverossimilhança em relação a 𝜷 e igualar a zero. A derivada da

logverossimilhança é chamada de função escore e é denotada por 𝑈, assim o

objetivo é encontrar a solução para

𝑈(𝛽𝑗) = ∑𝜕𝑙𝑖

𝜕𝜃𝑖

𝜕𝜃𝑖

𝜕𝜋𝑖

𝜕𝜋𝑖

𝜕𝛽𝑗

𝑁𝑖=1 = 0 𝑗 = 1, … , 𝑝, (6)

em que 𝑙𝑖 = 𝑙(𝜃𝑖) e 𝑝 é o número total de parâmetros. Substituindo pelas

derivadas tem-se

∑ 𝑦𝑖(1 + exp(𝒙𝒊�̂�)) − ∑ 𝑛𝑖𝑘𝑖=1

𝑘𝑖=1 exp(𝒙𝒊�̂�) = 0 (7)

∑ 𝑦𝑖𝑥𝑖𝑗(1 + exp(𝒙𝒊�̂�)) − ∑ 𝑛𝑖𝑥𝑖𝑗 exp(𝒙𝒊�̂�)𝑘𝑖=1

𝑘𝑖=1 = 0, 𝑗 = 1, … , 𝑝. (8)

Essas equações não são lineares nos parâmetros e para resolvê-las recorre-se

a métodos numéricos. O método utilizado em MLG é o método Score de

Fisher, que é semelhante ao método de Newton-Raphson, apenas substitui a

matriz informação observada pela matriz informação esperada. O processo

iterativo do método Score de Fisher é dado por

𝜷(𝑚+1) = 𝜷(𝑚)+[−𝑲(𝑚)]−1

𝑼(𝜷(𝑚)), 𝑚 = 0,1, … , (9)

em que 𝑼(𝜷(𝒎)) é a matriz com as derivadas de primeira ordem da

logverossimilhança (4) em relação aos parâmetros do modelo, e 𝑲(𝑚) é a

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10

matriz de informação esperada, que é dada pelo valor esperado das derivadas

parciais de segunda ordem da logverossimilhança, e sua equação é dada por

𝐾 = 𝑋𝑇𝑊𝑋 , (10)

W é uma matriz diagonal, e para distribuição binomial com ligação canônica

seus elementos são da forma 𝑊𝑖 = 𝑉−1(𝜋𝑖).

A estimativa de máxima verossimilhança do modelo logístico é obtida

pela procedure GENMOD do programa SAS 9.4 (SAS/STAT(R), 2016).

2.3 Odds ratio (razão de chance)

Pode-se pensar em quantas vezes aumentam a chance de um RN ter

ROP na presença de um único fator observado como, por exemplo, a

oxigenoterapia. Essa quantificação é chamada odds ratio bruta e pode ser

obtida diretamente do modelo linear logístico.

A odds ratio bruta do indivíduo 𝑖 ter ROP dada a presença de um fator

observado, 𝑋𝑗, é calculada como:

𝑂𝑅 = 𝑒 𝛽𝑗, (11)

em que 𝛽𝑗 é o parâmetro respectivo ao fator observado 𝑋𝑗.

Denotando por 𝛽𝐼 e 𝛽𝑆 os limites do intervalo de confiança para 𝛽𝑗, O

intervalo de 95% de confiança para a odds ratio é dado por

𝐼𝐶(𝑂𝑅, 95%) = [𝑒𝛽𝐼 , 𝑒𝛽𝑆]. (12)

Assim se o intervalo de confiança da odds ratio conter o valor 1 indica

que o fator observado não tem influência na chance de um RN ter ROP. Um

intervalo de confiança para odds ratio em que todos seus elementos são

maiores do que 1 indica que a chance do resultado ser ROP é maior, dado a

presença do fator observado, e desta forma é chamado de fator de risco.

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11

Finalmente, um intervalo de confiança para odds ratio em que todos seus

elementos são menores do que 1 indica que a chance de ter ROP é menor,

dada a presença do fator observado e é chamado de fator de proteção. A

significância estatística da odds ratio foi avaliada pelo teste de Wald.

Quando é necessário verificar a contribuição relativa de vários fatores

agindo conjuntamente usa-se a odds ratio ajustada que é calculada a partir do

modelo de regressão logística múltiplo, de forma a controlar a influência de

vários fatores sobre a variável dependente.

2.4 Teste da razão de verossimilhança (teste RV)

O teste da razão de verossimilhança foi usado em dois momentos,

primeiro para escolha de categorias das variáveis quantitativas e depois para

selecionar variáveis no modelo logístico múltiplo.

O teste RV é um teste para comparar modelos encaixados, ou

equivalentemente, selecionar variáveis do modelo.

Considerando 𝑝 o número total de parâmetros do modelo, a hipótese

nula é 𝐻𝑜: 𝛽𝑗 = 0, 𝑗 = 1, … , 𝑝, versus 𝐻1: 𝛽𝑗 ≠ 0, em outras palavras, a hipótese

nula diz que o fator 𝑗 não tem efeito sobre a probabilidade de ter ROP. Sob

condições de regularidade, a estatística RV, tem uma distribuição assintótica

qui-quadrado com r graus de liberdade. Isto é

𝐷 = 2[ 𝑙(�̂�; 𝒚) − 𝑙(�̂�∗; 𝒚)]~𝜒𝑟2 , (13)

em que r é o número de parâmetros sob restrições, 𝑙(�̂�; 𝒚) é o máximo da

logverossimilhança sob o espaço paramétrico completo e 𝑙(�̂�∗; 𝒚) é o máximo

da logverossimilhança sob o espaço paramétrico restrito (MILLAR, 2011).

2.4 Type 1 e Type 3

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12

O Type 1 e o Type 3 são duas opções do programa SAS de avaliar a

contribuição da variável preditora no modelo.

O Type 1, consiste de ajuste sequencial de modelos, começando com o

modelo nulo (intercepto apenas) e na sequencia vai acrescentando uma a uma

das variáveis preditoras. O teste da razão de verossimilhança é calculado para

cada par sucessivo de modelos e apresentado em uma tabela.

O Type 3 fornece o efeito da variável, por meio do teste da razão de

verossimilhança, na presença de todas as outras no modelo (SAS/STAT(R),

2016).

2.5 Teste de Hosmer e Lemeshow

Uma maneira de avaliar a qualidade do ajuste do modelo linear logístico

é pelo teste proposto por Hosmer e Lemeshow (1980), com a finalidade de

comprovar se o modelo proposto pode explicar bem o que se observa. Para

fazer os cálculos, as estimativas �̂�𝑖 são ordenadas e separadas em

aproximadamente 10 grupos (por padrão do programa SAS) e então a

estatística �̂� é calculada

�̂� = ∑(𝑂𝑘−𝑛𝑘

′ �̅�𝑘)2

𝑛𝑘′ �̅�𝑘(1−�̅�𝑘)

𝑔𝑘=1 , (14)

em que:

𝑛𝑘′ é o número total de indivíduo no k-ésimo grupo;

𝑂𝑘 = ∑ 𝑦𝑗𝐶𝑘𝑗=1 é a soma das respostas observadas do grupo k;

�̅�𝑘 = ∑𝑚𝑗�̂�𝑗

𝑛𝑘′

𝐶𝑘𝑗=1 é a probabilidade média esperada dentro do grupo k de um RN

ter ROP.

O teste segue aproximadamente uma distribuição qui-quadrado com g-2

graus de liberdade (g é o número total de grupos), quando o modelo está

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13

especificado corretamente. Um grande valor de �̂� (e um pequeno valor de p)

indica a falta de ajuste do modelo (HOSMER; LEMESHOW, 2000).

2.6 Deviance

A deviance é uma medida da distância da logverossimilhança do modelo

saturado (com n parâmetros) e do modelo sob investigação (com p parâmetros)

avaliado na estimativa de máxima verossimilhança �̂�. Para o modelo binomial a

deviance é dada por (Paula, 2010)

𝐷(𝑦;̂ �̂�) = 2 ∑ [𝑘𝑖=1 𝑦𝑖 log (

𝑦𝑖

𝑛𝑖�̂�𝑖) + (𝑛𝑖 − 𝑦𝑖)log {(1 −

𝑦𝑖

𝑛𝑖) /(1 − �̂�𝑖)}] . (15)

Por meio da deviance pode-se julgar a qualidade do modelo, um valor

observado da deviance próximo de (k-p) pode ser uma indicação de que o

modelo ajustado aos dados é adequado.

Não é possível obter a deviance para um modelo com variável resposta

com distribuição de Bernoulli, em vista disso, foi utilizado a opção

AGGREGATE do SAS que agrupa as observações que tem valores iguais das

variáveis preditoras, considerando-as provenientes da mesma população e

tornando-as variáveis aleatórias com distribuição binomial.

2.7 Estatística de Pearson

Outra medida de discrepância de um ajuste de um modelo aos dados

observados é a estatística de Pearson generalizada que avalia a qualidade do

ajuste, sua expressão para o modelo binomial é

𝜒2 = ∑(𝑂𝑖−𝐸𝑖)2

𝐸𝑖

𝑘𝑖=1 , (16)

sendo 𝑂𝑖 a frequência observada e 𝐸𝑖 a frequência esperada. A estatística de

Pearson segue uma distribuição assintótica 𝜒𝑘−𝑝2 (DEMÉTRIO, 2001).

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14

2.8 Análise de resíduos

A análise de resíduos serve para detectar valores outliers que possam

influenciar no ajuste do modelo. Naturalmente, quanto maior o resíduo, maior é

a diferença entre a realidade (dados observados) e os valores preditos pelo

modelo ajustado pelo pesquisador. Os resíduos calculados neste trabalho

foram os resíduos de Pearson generalizados, os resíduos de Pearson

padronizados e o resíduo deviance (ou componente do desvio) (SAS/STAT(R),

2016).

O resíduo de Pearson generalizado é definido como

𝑟𝑝𝑖 =𝑦𝑖−�̂�𝑖

√𝑉(�̂�𝑖) , (17)

para padronizar os resíduos de Pearson basta acrescentar (1 − ℎ𝑖) na raiz do

denominador. Denotando por 𝑟𝑝 ∗𝑖 o resíduo de Pearson padronizado tem-se

𝑟𝑝 ∗𝑖=𝑦𝑖−�̂�𝑖

√𝑉(�̂�𝑖)(1−ℎ𝑖) . (18)

O resíduo deviance é dado por

𝑟𝑑𝑖 = ±(𝑦𝑖 − �̂�𝑖)√2𝑤𝑖[𝑦𝑖(�̃�𝑖 − 𝜃𝑖) + 𝑛𝑖 ln(1 + 𝑒�̃�𝑖) − 𝑛𝑖 ln(1 + 𝑒�̂�𝑖)]. (19)

Os resíduos foram apresentados por meio de gráficos para verificar a

adequabilidade da função densidade de probabilidade. Espera-se que o

residual deviance tenha distribuição normal, para isto construiu-se o gráfico Q-

Q plot junto com o envelope conforme sugerido por Paula (2010).

Para verificar se a função de ligação é adequada, o método utilizado foi

adicionar �̂�2 ao modelo como uma variável preditora extra e examinar a

mudança ocorrida na deviance o que equivale ao teste da razão de

verossimilhança para comparar os modelos. Se ocorrer uma diminuição

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significativa há evidência de que a função de ligação é insatisfatória

(DEMÉTRIO, 2001).

A adequabilidade da função de variância foi verificada pelo gráfico dos

resíduos deviance versus os valores ajustados. Caso os pontos estejam

dispersos sem uma tendência definida, podemos considerar a função de

variância adequada. Geralmente, quando a variância não é adequada o

problema é tratado como sobredispersão ou subdispersão (DEMÉTRIO, 2001).

Para avaliar se há superdispersão na regressão logística será observado

se a deviance (expressão 11) é maior ou menor que os graus de liberdade (k-

p), em que k é o número de grupos e p é o número de parâmetros do modelo

(PAULA, 2010).

Para identificar pontos de alavanca, influentes e aberrantes foram

observados as medidas leverage, as distâncias de Cook generalizada e os

DfBetas (DEMÉTRIO, 2001)

As medidas de alavancagem, ℎ𝑖 (leverage), que avaliam a influência dos

valores observados 𝑦𝑖 sobre os valores ajustados �̂�𝑖, são obtidas pelos valores

da diagonal da matriz de projeção aproximada �̂� dada por (DEMÉTRIO, 2001)

�̂� = �̂�1/2𝑋(𝑋𝑇�̂�𝑋)−1𝑋𝑇�̂�1/2 , (20)

em que �̂� matriz diagonal com elementos �̂�𝑖 = 𝑉−1(�̂�𝑖) e 𝑋 é matriz que

contém as variáveis preditoras.

Espera-se que as observações distantes do espaço formado pelas

variáveis explicativas apresentem valores apreciáveis de ℎ𝑖. Se ℎ𝑖 > 2𝑝/𝑛,

sendo p o número de parâmetros no modelo, considera-se a observação i

como ponto de alavanca.

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Os DFBetas medem a alteração em �̂� ao se retirar o i-ésimo ponto da

análise. É dado por (SAS/STAT(R), 2016).

𝐷𝐹𝑏𝑒𝑡𝑎(𝑖)=�̂� − �̂�(𝒊) ≈ (𝑿𝑻𝑾𝑿)−𝟏𝑿𝒊𝑻𝑾

𝒊

𝟏

𝟐(𝟏 − 𝒉𝒊)−𝟏/𝟐𝒓𝒑𝒊 . (21)

A distância de Cook generalizada é uma medida da influência da

observação 𝑖 sobre todos os valores ajustados. A distância de Cook

generalizada pode ser definida como

𝐶𝑖 =𝑟𝑝∗𝑖

2

𝑝 [

ℎ𝑖

(1−ℎ𝑖)] , (22)

em que

𝑟𝑝 ∗𝑖 é o resíduo de Pearson padronizado;

𝑝 é o número de parâmetros ajustados no modelo;

ℎ𝑖 é o i-ésimo elemento da diagonal da matriz de projeção 𝐻.

2.9 Curva ROC e TG-ROC

Depois de obtido um modelo logístico para ROP e feito a análise dos

resíduos é necessário verificar o poder preditivo do modelo bem como sua

precisão, ou seja, verificar a capacidade do modelo de discriminar entre

aqueles indivíduos que possuem ROP e os que não possuem (HOSMER e

LEMESHOW, 2000).

Por meio da curva ROC (Receiver operating Characteristic) é possível

verificar essa característica do modelo linear logístico, essa curva é obtida pelo

gráfico formado pela probabilidade 𝑃(�̂� = 1|𝑌 = 1) (chamado de sensibilidade),

ou seja, a probabilidade do modelo de classificar corretamente que tem

diagnóstico ROP, versus 1 − 𝑃(�̂� = 0|𝑌 = 0), o termo 𝑃(�̂� = 0|𝑌 = 0) é

chamado de especificidade que é a probabilidade do modelo classificar

corretamente quem não tem ROP. Por meio da curva ROC e da TG-ROC é

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possível escolher um ponto de probabilidade que maximiza a sensibilidade e

especificidade e assim todas as estimativas �̂�𝑖, 𝑖 = 1, … , 𝑛, maiores que este

ponto de probabilidade serão classificadas como RN com ROP, �̂�𝑖 = 1, caso

contrário serão classificadas como RN sem ROP, �̂�𝑖 = 0.

Um dos critérios para avaliar a discriminação do modelo é dada pela

área sob a curva que varia de zero a um. Como uma regra geral se a área for

igual a 0,5 sugere que não há discriminação, se a área estiver entre 0,7 e 0,8 é

considerado uma discriminaçao aceitável, para uma área entre 0,8 e 0,9 é

considerado excelente discriminaçao e para área maior que 0,9 é considerado

uma discriminação excepcional (HOSMER;LEMESHOW, 2000).

3. Métodos

3.1. Tipo de estudo e população

Foi realizado um estudo transversal retrospectivo no Hospital

Universitário de Maringá-PR. A unidade de estudo foram os RNs que

participaram do Programa Método Mãe Canguru admitidos no Hospital

Universitário de Maringá-PR no período de janeiro de 2006 a novembro de

2015, e que possuíam o registro do exame de Fundo de Olho. Foram admitidos

344 bebês e destes foram excluídos 1 RN que evoluiu a óbito nas primeiras

semanas de vida, 2 RNs que foram transferidos para outros hospitais e 17 que

não tinham o registro de exame FO, totalizando 324 RNs. Os dados foram

coletados das fichas do método mãe canguru (ANEXO A) preenchidas pelos

profissionais da saúde e quando necessário dos prontuários dos RNs.

O Método Mãe Canguru (MMC) é um método desenvolvido pelo

Ministério da Saúde em 1999 sob a portaria Ministerial nº. 693 de 5/7/2000,

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com o objetivo de diminuir a mortalidade infantil no Brasil e propiciar a

humanização na assistência ao RN, através do contato pele a pele com a mãe.

Este método engloba os RNs que apresentam risco de vida em decorrência da

imaturidade de múltiplos sistemas. O método consiste de três etapas, a 1ª é o

período em que o RN necessita de internação na UTI Neonatal, na 2ª etapa o

RN se encontra estabilizado e permanece em alojamento conjunto com sua

mãe, a 3ª etapa consiste no acompanhamento ambulatorial do bebê após a

alta hospitalar. O atendimento ambulatorial ofertado ao RN de risco do Hospital

Universitário de Maringá tem como proposta, o acompanhamento desses

bebês, até atingirem peso ideal de nascimento, ou seja, 3.000 gramas ou

quando estiverem estáveis; garantir a continuidade da assistência; avaliar,

incentivar, encorajar e apoiar o aleitamento materno; acompanhar o estado

vacinal; acompanhar e avaliar o ganho pondero-estatural e o grau de

desenvolvimento (ROVERI et al.,2011;LAMY et al.,2005)

Todos os RNs deste estudo fizeram o teste de triagem do reflexo

vermelho ou o teste de fundo de olho. Os critérios para a classificação da

retinopatia da prematuridade foram utilizados segundo proposto pelo The

International Classification of Retinopathy of Prematurity Revisited (2006),

definindo a doença de acordo com a gravidade em cinco estágios. A avaliação

oftalmológica consistiu na oftalmoscopia indireta sob dilatação pupilar utilizando

colírios de tropicamida 0,5% ou ciclopentolato 1% e fenilefrina 2,5%. Uma gota

de cada com intervalo de 5 minutos em cada olho e 40 minutos antes do

exame. Em caso de uso de blefarostato é necessário instilar cloridrato de

proparacaína 0,5% (Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Sociedade Brasileira

de Oftalmologia Pediátrica, 2007).

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3.2. Variável resposta e variáveis preditoras

O diagnóstico da ROP quando presente foi classificado de acordo com a

gravidade da alteração causada na retina (estágios da ROP) para verificar a

prevalência em cada estágio. Para a variável resposta foi utilizado o

diagnóstico da ROP em duas categorias classificadas como presente ou

ausente no RN. As variáveis preditoras para estudo foram: idade da mãe

(anos), mãe trabalha (1= trabalha, 2= não trabalha), estado civil (1= casada,

2=não casada), pré-natal (1=sim, 2=não), sexo do bebê (1=feminino,

2=masculino), idade gestacional (semanas), tipo de parto (1=normal,

2=cesáreo), uso ou não de oxigenoterapia (1=sim, 2= não), intercorrências na

gestação (1=sim, 2=não), peso ao nascer (gramas), estatura ao nascer

(centímetros), ganho ponderal (gramas), prematuridade anterior (1=sim,

2=não), escore Apgar no 1º minuto, escore Apgar no 5º minuto, dias totais de

internação, renda familiar (salários mínimos).

3.3. Análise dos dados

A análise univariada foi apresentada através da média±desvio-

padrão bem como a odds ratio bruta com intervalo de confiança de 95% e

respectivo p-valor. As variáveis preditoras que apresentaram um p-valor menor

que 0,2 na análise univariada, conforme sugerido por Hosmer e Lemeshow

(2000, p.95), foram consideradas na regressão logística múltipla. As variáveis

quantitativas também foram analisadas de forma categórica para serem

acrescentadas no modelo logístico múltiplo. Para avaliar o número de

categorias iniciais foi utilizada a categorização sugerida por alguns autores,

categorias com frequências muito baixas foram unidas e para cada sequência

na diminuição de categorias usou-se o teste da razão de verossimilhança e/ou

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contrastes. A categorização foi realizada com o intuito de conseguir um ponto

de corte de risco para as variáveis associadas a ROP e pela facilidade na

interpretação da odds ratio, optando-se pelas categorias, consideradas na

literatura, como categorias de menor risco para serem as baselines. Quando

aceito a hipótese de igualdade entre duas categorizações, foi adotada a

categorização com menor número de categorias.

O modelo logístico foi construído para avaliar a relação da variável ROP

com fatores associados conjuntamente e para predição quanto ao RN ter ROP,

para tanto, foram calculados a odds ratio ajustada, intervalos de confiança e p-

valores.

Para verificar a qualidade do modelo ajustado foi feito o teste de Hosmer

e Lemeshow, deviance e a estatística de Pearson. Para verificar as hipóteses

do modelo foi realizada a análise de resíduos e diagnósticos. Para verificar o

poder de predição do modelo foi observada a área sob a curva ROC e um

ponto de probabilidade foi escolhido para discriminar o RN com ROP e o RN

sem ROP.

3.4 Critérios éticos

Para cumprir a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, o

presente estudo foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa

Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá

com o Parecer nº 1.194.676/2015 (Anexo B) e com autorização do Hospital

Universitário Regional de Maringá (COREA), sob o número 060/2015 (Anexo

C). O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo D) não foi

utilizado visto que os dados eram secundários.

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4. Resultados

No período de janeiro de 2006 a novembro de 2015, foram admitidos no

Programa Método Mãe Canguru do Hospital Universitário de Maringá-PR 344

bebês, destes foram excluídos 1 RN que evoluiu a óbito nas primeiras semanas

de vida, 2 RNs que foram transferidos para outros hospitais da região e 17 que

não possuíam o registro do exame do fundo do olho, perfazendo um total de

324 RNs. O projeto Mãe Canguru apresentou um número mínimo de 21 RNs

no ano de 2015 e no ano de 2013 o maior número, com 45 RNs de risco. Das

crianças inclusas no estudo, 167 (51,54 %) eram do sexo masculino e 157

(48,46%) do sexo feminino. O peso médio ao nascer foi de 1725,67±542,28

gramas e a média da idade gestacional foi de 32,58±3,12 semanas.

A prevalência da ROP em seus vários estadiamentos evolutivos foi de

10,18% (33 RNs), sendo que 13(39,39%) apresentaram ROP no estágio 1, 10

(30,30%) apresentaram ROP no estágio 2 e 9 (27,27%) ROP no estágio 3,

chamada de doença limiar, pois se trata do estágio em que é necessário

intervenção cirúrgica para evitar o progresso aos estágios 4 e 5 que ocasionam

grande prejuízo visual ou cegueira irreversível e apenas 1(3,03%) RN

apresentou ROP no estágio 5.

Na Tabela 1 é apresentada a odds ratio e a significância estatística para

as variáveis preditoras.

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Tabela 1- Relação entre diagnóstico da ROP e variáveis associadas. Maringá-PR, 2006-2015.

Variáveis Sem ROP Com ROP p-valor OR IC (95%)

Peso 1787,54±525,33 1181,97±356,5 <,0001 0,997 0,996-0,998

IG 32,98±2,93 29,03±2,45 <,0001 0,624 0,533-0,730

Apgar 1º 6,87±2,29 4,93±2,74 <,0001 0,753 0,657-0,864 Apgar 5º 8,64±1,61 7,25±2,51 0,0001 0,731 0,623-0,857

Idade da mãe 25,75±6,90 25,42±4,93 0,7863 0,993 0,940-1,048

Estatura 41,24±4,09 36,72±4,70 <,0001 0,797 0,724-0,878

DTI 29,46±21,31 63,16±31,27 <,0001 1,047 1,031-1,063 Renda 2,83±1,90 2,86±1,37 0,9353 1,009 0,812-1,254

Sexo fem. 142(48,80%) 15(45,45%) 0,7159 0,874 0,424-1,801 Sexo masc.* 149(51,20%) 18(54,55%) - 1 - Fez PN 271(96,10%) 29(93,55%) 0,5039 0,589 0,446-0,503 Não fez PN* 11(3,90%) 2 (6,45%) - 1 - Parto normal 95(34,80%) 9(30%) 0,599 0,803 0,354-1,823 Parto cesáreo* 178(65,20%) 21(70%) - 1 - Com PA 43(17,27%) 3(13,64%) 0,6646 0,757 0,214-2,670 Sem PA* 206 (82,73%) 19(86,36%) - 1 - Mães que trabalham

112(42,91%) 12(40%) 0,7601 0,887 0,410-1,916

Mães que não trabalham*

149(57,09%) 18(60%) - 1 -

Mãe casada* 131(51,98%) 15(51,72%) - 1 - Mãe não casada

121(48,02%) 14 (48,28%) 0,9788

1,010 0,468-2,180

*baseline. IG: idade gestacional, PA: prematuridade anterior, PN: pré-natal, DTI: Dias totais internado.

Para a população do estudo 154 (47,53%) das crianças utilizaram a

oxigenoterapia, e 128 (39,05%) das mães apresentaram intercorrências

durante a gestação, tais como a doença hipertensiva específica da gravidez,

sangramentos, descolamento precoce da placenta, síndrome de Hellp, embolia

pulmonar entre outras. Ressalta-se que as variáveis oxigenoterapia e

intercorrências apresentaram grande quantidade de dados faltantes,

133(41,04%) e 144(44,44%) respectivamente e por isso não entraram no

estudo.

As variáveis quantitativas como a idade gestacional, peso ao nascer,

estatura ao nascer, escore Apgar no 1º e 5º minuto e dias totais de internação

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apresentaram p-valor<0,2. Variáveis como sexo, tipo de parto e idade da mãe

não apresentaram associação com a ROP.

A análise da variável idade gestacional (Tabela 2) foi iniciada com quatro

categorias conforme estudo de Fortes Filho et al.,(2010) e Tomé et al.,(2011). A

categoria de referência foi IG>32. Em relação a odds ratio, não houve diferença

entre a categoria 30<IG≤32 e a categoria 32<IG, e desta forma foram

agrupadas em uma única categoria, isto é, a variável passou a ter três

categorias e esta decisão foi confirmada pelo teste da razão de

verossimilhança (p-valor= 0,1703), que avalia quando da junção de categorias

se há perda ou não da informação. Além disso, avaliou-se pelo teste de

contraste (p-valor=0,058) se a odds ratio das categorias IG≤28 e 28<IG≤ 30

eram iguais, e após a confirmação estas foram agrupadas. Portanto esta

variável ficou constituída de duas categorias com ponto de corte em 30

semanas. RNs com IG ≤30 semanas apresentaram 13 vezes mais chance de

apresentar a ROP comparada com crianças nascidas com IG > 30 semanas de

gestação.

Tabela 2- Categorização da idade gestacional e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015.

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

IG≤28 17 25 <0,0001 29,40 9,15-94,47

28<IG≤30 8 30 0,0001 11,53 3,26-40,70

30<IG≤ 32 4 63 0,1619 2,746 0,66-11,30 IG>32* 4 173 - 1 -

IG≤28 17 25 <0,0001 20,06 7,86-51,15

29<IG≤30 8 30 0,0001 7,867 2,75-22,50

IG>30* 8 236 - 1 -

IG≤30 25 55 <0,0001 13,40 5,74-31,32

IG>30* 8 236 - 1 -

*baseline. IG: idade gestacional.

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A mesma análise foi realizada para a categorização da variável peso ao

nascer (Tabela 3) que iniciou com 5 categorias, conforme o estudo de

Ghaseminejad e Niknafs, (2011) e Tomé et al. (2011), e reduziu-se a duas

categorias com um ponto de corte de 1250 gramas. A odds ratio foi de 13,63

para os RNs com peso ao nascer≤1250 gramas comparados aos RNs com

peso ao nascer>1250 gramas.

Tabela 3- Categorização do peso ao nascer e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015.

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

PN≤1000 10 18 <,0001 26,65 6,70-05,96

1000<PN≤1250 13 24 <,0001 25,99 6,89-98,03

1250<PN≤1500 4 46 0,067 4,173 0,90-19,33

1500<PN≤1750 3 59 0,28 2,440 0,47-12,43

PN>1750* 3 144 - 1 -

PN≤1000 10 18 <,0001 18,79 6,12-57,66

1000<PN≤1250 13 24 <,0001 18,32 6,376-2,67

1250<PN≤1500 4 46 0,1051 2,942 0,79-10,84

PN>1500* 6 203 - 1 -

PN ≤ 1000 10 18 <,0001 13,83 5,09-37,54

1000<PN≤1250 13 24 <,0001 13,48 5,35-34,0

PN>1250* 10 249 - 1 -

PN≤1250 23 42 <.0001 13,63 6,05-30,68

PN>1250* 10 249 - 1 -

*baseline. PN: peso ao nascer.

A categorização da variável escore Apgar no 1º minuto (Tabela 4)

começou com três categorias, que caracterizam e estado físico da criança

como ruim, moderado e bom e foi reduzida para duas categorias. Um RN com

escore Apgar no 1º minuto < 7 apresentou 5,64 vezes mais chance de

apresentar a ROP comparada com crianças nascidos com escore Apgar do 1º

minuto≥7.

Para esta variável havia o registro de 311 RNs, sendo 32 com ROP e

279 sem ROP.

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Tabela 4- Categorização do escore Apgar no 1º minuto e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015.

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

Apgar<4 11 29 <,0001 8,09 3,08-21,21

4≤Apgar<7 12 58 0,0014 4,41 1,77-10,99

Apgar≥7* 9 192 - 1 -

Apgar<7 23 87 <,0001 5,64 2,50-12,69

Apgar≥7* 9 192 - 1 -

*Baseline.

A variável escore Apgar no 5º minuto reduziu-se em duas categorias,

pois as frequências eram muito baixas para uma quantidade maior de

categorias (Tabela 5) observando que 311 crianças tinham o registro desta

variável, sendo 32 com ROP e 279 sem ROP.

Tabela 5- Categorização do escore Apgar no 5º minuto e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015.

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

Apgar < 7 8 24 0,0061 3,54 1,43-8,73

7≤Apgar* 24 255 - 1 -

*Baseline.

A análise da variável dias totais de internação iniciou-se com quatro

categorias e reduziu-se a três categorias (tabela 6), 298 crianças tinham o

registro desta variável, sendo 31 com ROP e 267 sem ROP. Mais da metade

dos RNs com diagnóstico de ROP ficaram mais de 60 dias internado. Um RN

sem ROP chegou ao máximo de 138 dias internado. Um RN que ficou

internado entre 40 e 60 dias apresentou 5,65 vezes mais chance de apresentar

a ROP comparada com crianças nascidas com menos de 40 dias, e crianças

com mais de 60 dias de internação, 20,17 vezes mais chance de apresentar a

ROP.

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Tabela 6- Categorização dos dias totais de internação e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

DTI≤40* 7 203 - 1 -

40<DTI≤60 8 41 0,0015 5,65 1,94-16,47

60<DTI≤80 6 13 <,0001 13,38 3,92-45,61

DTI>80 10 10 <,0001 29 9,12-92,12

DTI≤40* 7 203 - 1 -

40<DTI≤60 8 41 0,0015 5,65 1,94-16,47

DTI>60 16 23 <,0001 20,17 7,51-54,15

*Baseline. DTI: dias totais de internação

E por fim, a análise da variável estatura iniciou-se com 3 categorias e

ficou constituída de duas categorias com ponto de corte em 35 centímetros.

Um RN com estatura≤ 35 centímetros apresentou 4,43 vezes mais chance de

apresentar a ROP comparada com crianças com estatura>35 centímetros.

Acrescentando-se que 28 (8,64%) RNs não tinham o registro da variável

estatura (Tabela 7).

Tabela 7- Categorização da estatura e análise univariada. Maringá-PR, 2006-2015

Categorias Com ROP

Sem ROP

p-valor OR IC 95%

EST≤35 8 26 0,0006 6,43 2,23-18,71

35<EST≤40 9 77 0,0754 2,45 0,91-6,60

EST>40* 8 168 - 1 -

EST≤35 8 26 0,0017 4,43 1,74-11,26

EST>35* 17 245 - 1 -

*Baseline. EST: estatura

No modelo logístico múltiplo foram consideradas todas as variáveis

categóricas com significância na análise univariada inferior a 0,20, conforme

preconiza Hosmer e Lemeshow (2000). A Tabela 8 mostra as estimativas e

seus erros-padrão bem como as odds ratio. Nenhuma interação foi

acrescentada no modelo. Com as variáveis preditoras idade gestacional, peso

ao nascer, escore Apgar no 1 e 5 minuto, estatura e dias totais de internação

no modelo os erros-padrão ficaram grandes e para a variável preditora dias

totais de internação o erro-padrão foi mais de duas vezes maior que a

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estimativa. Cabe ressaltar que neste modelo foram analisadas somente as

informações de 255 RNs devido à perda de dados que foi de 21,29%.

Tabela 8-Modelo logístico múltiplo das variáveis que apresentaram associação com a ROP. Maringá, 2006-2015.

Variáveis Estimativa± Erro-padrão

p-valor OR IC 95%

Intercepto -3,99±0,5 <,0001 - -

IG≤30 semanas IG>30 semanas*

1,36±0,75 -

0,0722 -

3,90 1

0,88-17,27 -

Peso≤1250 gramas

Peso>1250 gramas*

2,20±0,88 -

0,012 -

9,09 1

1,62-51,07 -

Apgar 1<7 Apgar 1≥7*

0,88±0,57 -

0,1241 -

2,41 1

0,78-7,44 -

Apgar 5<7

Apgar 5≥7*

0,75±0,64 -

0,2391 -

2,12 1

0,60-7,48 -

Estatura≤35 centímetros Estatura>35 centímetros*

-0,65±0,66 -

0,3241 -

0,51 1

0,14-1,91 -

DTI≤40*

40<DTI ≤60 DTI> 60

-

-0,49±0,93 -0,45±1,07

- 0,5941 0,6020

1 0,60 0,63

- 0,09-3,80 0,07-5,23

*Baseline. IG: idade gestacional, DTI: dias totais de internação.

Na análise da deviance apresentada na Tabela 9 observou-se que

conforme as variáveis preditoras foram sendo adicionadas no modelo a

deviance decresce. As variáveis escore Apgar no 5 minuto, estatura e dias

totais de internação são as variáveis que não apresentaram uma contribuição

significativa no modelo. Dias totais de internação foi a variável que menos

contribuiu pela observação da Type 1, Type 3 e pelo teste RV (p-valor =0,862),

e, portanto, foi retirada do modelo.

Tabela 9- Contribuição das variáveis preditoras na deviance- Modelo 1

Análise Type 1 Análise Type 3

Variável Deviance GL Qui-quadrado

p-valor Qui-quadrado

p-valor

Intercepto 161,6043 - - - - - Idade gestacional 127,0161 1 34,59 <,0001 3,35 0,0672 Peso ao nascer 119,8802 1 7,14 0,0076 7,23 0,0072 Apgar 1º 116,3271 1 3,55 0,0594 2,40 0,1216 Apgar 5º 114,4299 1 1,90 0,1684 1,36 0,2433 Estatura 113,1943 1 1,24 0,2663 0,99 0,3203 DTI 112,8975 2 0,30 0,8621 0,30 0,8621

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Com a retirada da variável dias totais de internação o modelo

apresentou ainda 38 (11,72%) dados faltantes. A variável estatura continuou a

apresentar pouca contribuição ao modelo (Tabela 10), lembrando que esta é a

variável com a maior quantidade de dados faltantes. Após o teste RV (p-

valor=0,221) esta variável foi excluída.

Tabela 10- Contribuição das variáveis preditoras na deviance- Modelo 2.

Análise Type 1 Análise Type 3

Variável Deviance GL Qui-quadrado

p-valor Qui-quadrado

p-valor

Intercepto 169,60 1 - - - - Idade gestacional 137,61 1 31,99 <,0001 2,61 0,1060 Peso ao nascer 129,02 1 8,59 0,0034 10,18 0,0014 Apgar 1º 124,05 1 4,97 0,0258 3,38 0,0662 Apgar 5º 122,61 1 1,44 0,2296 1,39 0,2384 Estatura 121,11 1 1,50 0,2211 1,50 0,2211

As mesmas observações foram feitas para o modelo sem estatura (Tabela 11)

e escore Apgar no 5 minuto pelo teste RV (p-valo=0,987) foi retirada do

modelo.

Tabela 11- Contribuição das variáveis preditoras na deviance - Modelo 3.

Análise Type 1 Análise Type 3

Variável Deviance GL Qui-quadrado

p-valor Qui-quadrado

p-valor

Intercepto 205,96 - - - - - Idade gestacional 163,76 1 41,92 <,0001 5,45 0,0195 Peso ao nascer 152,83 1 10,93 0,0009 11,34 0,0008 Apgar 1º 148,44 1 4,39 0,0362 4,06 0,0439 Apgar 5º 148,44 1 0,00 0,9877 0,0 0,9877

E finalmente, o modelo resultante da seleção de variáveis (Tabela 12).

Tabela 12 - Contribuição das variáveis preditoras na deviance - Modelo 4.

Análise Type 1 Análise Type 3

Variável Deviance GL Qui-quadrado

p-valor Qui-quadrado

p-valor

Intercepto 59,46 - - - - - Idade gestacional 17,93 1 41,53 <,0001 5,48 <,0001 Peso ao nascer 7,36 1 10,57 0,0011 10,89 0,0010 Apgar 1º 3,21 1 4,15 0,0417 4,15 0,0417

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O modelo proposto contém os fatores idade gestacional, peso ao nascer

e escore Apgar no 1º minuto, as estimativas do modelo estão na Tabela 13. As

categorias idade gestacional≤30 semanas, peso ao nascer≤1250 gramas e

escore Apgar no 1 minuto<7 são categorias de risco para a ROP.

Tabela 13 - Modelo Logístico para a ROP em RN do método Mãe Canguru. Maringá-PR, 2006-2015.

Variáveis Estimativa± Erro-padrão

p-valor OR IC 95%

Intercepto -3,87±0,43 <,0001 - -

IG≤30 semanas IG>30 semanas

1,28±0,55 -

0,0206 -

3,6 1

1,21-10,66 -

Peso≤1250 gramas

Peso>1250 gramas

1,63±0,51 -

0,0013 -

5,14 1

1,89-13,97 -

Apgar 1<7 Apgar 1≥7

0,94±0,47 -

0,0445 -

2,57 1

1,02-6,49 -

IG: idade gestacional.

A Tabela 14 mostra a probabilidade de um RN ter ROP para algumas

situações, como apresentar as três características de risco, a probabilidade de

ter ROP nesta situação é de 0,4969. Um RN com nenhuma característica de

risco tem probabilidade de 0,0202 de ter ROP

Tabela 14- Estimativa da probabilidade de ter ROP.

Idade gestacional Peso ao nascer Apgar 1 minuto �̂�

IG≤30 semanas Peso≤1250 gramas Apgar 1<7 0,4969

IG≤30 semanas Peso≤1250 gramas Apgar 1≥7 0,2770

IG≤30 semanas Peso>1250 gramas Apgar 1≥7 0,0693

IG>30 semanas Peso>1250 gramas Apgar 1≥7 0,0202

O teste da qualidade do ajuste de Hosmer e Lemeshow evidenciou que

o modelo está bem ajustado aos dados observados, a estatística do teste foi de

1,09 em 3 graus de liberdade com p-valor igual a 0,7788, retratando que não

há falta de ajuste. A deviance sobre os graus de liberdade foi de 0,8,

mostrando um ajuste razoável e a estatística de Pearson generalizada também

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mostrou indícios da qualidade do ajuste, foi de 2,3340 em 4 graus de liberdade

(p-valor = 0,6745).

É necessário verificar a adequabilidade da função de ligação e da função

de probabilidade através da análise dos resíduos.

A figura 1 para verificar a normalidade do resíduo deviance mostrou que

não há evidências de que o modelo esteja mal ajustado, todas as observações

estão contidas dentro do envelope. A figura 2 do gráfico do resíduo deviance

versus o predito para averiguar se a função de variância é adequada, mostra

uma tendência linear decrescente, que aponta que a variância decresce com o

predito, apresentando assim indícios de subdispersão. Além disso, a deviance

sobre os graus de liberdade foi de 0,8 (menor que 1), mostrando também uma

tendência de subdispersão. Um dos motivos que causa a subdispersão em

MLG, segundo Paula (2010) á a correlação entre as réplicas binárias ou

variação entre as probabilidades de sucesso de um mesmo grupo.

Pode-se levar em conta outra distribuição para diminuir os efeitos da

subdispersão.

Figura 3-QQ-plot para resíduo deviance

Figura 4- Predito versus resíduo deviance

O teste referido por Demétrio (2001) de acrescentar �̂�2 ao modelo e

comparar com o modelo proposto pelo teste RV mostrou que não houve uma

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redução significativa na deviance, portanto pode-se dizer que a função de

ligação é adequada ao modelo.

Nota-se pela Figura 3, as distâncias de cook onde 10 observações foram

marcadas como influentes e no gráfico dos leverages cinco observações são

consideradas pontos de alavanca. As observações 108 e 307 estão presentes

na maioria dos gráficos com valores distantes das demais. A observação 108 é

um ponto aberrante, referente a um RN com ROP de grau 1 que apresenta

peso maior que 1250 gramas e escore Apgar≥7 contrastando com a tendência

do modelo . A observação 307 também é referente a um RN com ROP de grau

1 que apresenta um peso muito baixo de 765 gramas para a idade gestacional

de 31 semanas, é um ponto de alavanca que altera o valor dos coeficientes do

modelo como mostra os gráficos dos DFBetas para as variáveis idade

gestacional, peso ao nascer e escore Apgar no 1 minuto. Como neste estudo,

há poucos casos de RNs diagnosticados com ROP a remoção desses

indivíduos trará perda de informação para o estudo.

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Figura 5-Index plots

Para avaliar a discriminação do modelo proposto construiu-se a curva

ROC e a TG-ROC (Figura 4), a área sob a curva ROC apresentou um valor

0,8395 este número representa uma discriminação excelente, segundo Hosmer

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e Lemeshow (2000), do modelo entre quem tem ROP e quem não tem ROP. O

ponto em que a sensibilidade e especificidade são ótimas, observado pelo

gráfico da TG-ROC, resulta na sensibilidade de 0,75 e uma especificidade de

0,79, conseguindo classificar corretamente 24 de 32 RNs com ROP e 221 de

279 RNs sem ROP. Este ponto de probabilidade foi de �̂� = 0,078, que indica

que se calculado a probabilidade através do modelo logístico para um dado RN

com suas medidas de peso ao nascer, idade gestacional e escore Apgar no 1º

minuto e este apresentar uma probabilidade maior que 0,078, então será

classificado como RN com ROP, caso contrário será classificado como RN sem

ROP.

Figura 6 - Curva ROC e TG-ROC

5. Discussão

Neste estudo a prevalência da ROP foi de 10,18%, percentual abaixo do

esperado comparado a outros estudos brasileiros como o de Graziano et

al.(1994) com 29,9%, Bonotto et al.(2007) com 20%, de Tomé et al.(2011) que

foi de 44,6%, de Shisato et al.(2010) foi de 35,71% e o estudo de Schumann

(2010) a ROP chegou a atingir mais da metade da população com prevalência

de 53,14%. Dentre os estudos citados a grande maioria avalia para o estudo da

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ROP os RNs com peso menor ou igual a 1500 gramas e/ ou idade gestacional

menor ou igual que 32 semanas.

A proporção do sexo masculino e feminino dentre os que tiveram o

diagnóstico de ROP foi de 54,55%(18 RNs) e 45,45%(15 RNs),

respectivamente, não apontando diferença entre os grupos na probabilidade de

ter ROP, enquanto que no estudo de Sola et al.(2005) o sexo masculino e a

raça branca são fatores de risco para retinopatia

A retinopatia é uma doença que está associada a multifatores, por

conseguinte, há vários fatores a serem considerados no estudo, sendo que a

idade gestacional, peso ao nascer e oxigenoterapia são encontrados com

predominância na literatura (GRAZIANO, 1994; MOTTA, 1997;COSTA, 2013).

No presente estudo, a análise univariada apontou um p-valor<0,05 para a

idade gestacional, peso ao nascer, escore Apgar do 1º e 5º minuto e estatura

ao nascer.

Neste estudo a variável oxigenoterapia não apresentou significância

estatística, provavelmente pelo fato das informações referentes a

oxigenoterapia serem pouco informativas, pois não foi possível obter nos

prontuários a concentração de oxigênio utilizada e nem o tempo em que o RN

esteve sob oxigenoterapia. Em estudo recente realizado por Tomé et al. (2011),

o tempo médio de oxigenoterapia foi estatisticamente significante entre o grupo

com ROP e o grupo sem ROP, apresentando uma média de 31,02 dias para

10,42 dias, respectivamente, evidenciando a associação entre ROP e o uso

prolongado de oxigênio. O estudo de Sola et al. (2005) relata a forte relação

entre a oxigenoterapia e a ROP, e lembra a necessidade de pesquisas que

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falem dos níveis suficientes de oxigênio para cada RN com o intuito de prevenir

os casos mais graves.

Um dos pontos a salientar neste estudo é a categorização para as

variáveis associadas a ROP. Alguns estudos usam como ponto de corte para

peso ao nascer menor ou igual que 1500 gramas e/ou idade gestacional menor

ou igual a 32 semanas. Neste estudo houve a preocupação de selecionar os

pontos de corte que melhor discriminassem os grupos heterogêneos dentro da

população, e homogêneos dentro dos grupos, e tais pontos foram validados

através do teste da razão de verossimilhança e/ou contrastes.

O uso do modelo logístico múltiplo em estudos na área de saúde se

restringe apenas a avaliar a significância estatística dos fatores associados a

ROP. Neste estudo, entretanto, o modelo foi validado pelo teste de Hosmer e

Lemeshow e pelo teste da razão de verossimilhança, além da análise de

resíduos e diagnósticos. A curva ROC expressou a capacidade de predição

considerável do modelo que serve como um teste auxiliar para a prevenção da

ROP, RNs com probabilidade maior que 𝜋 = 0,078 pelo modelo logístico

múltiplo devem ser avaliadas com maior rigor. O modelo múltiplo apontou o

peso ao nascer, idade gestacional e o escore Apgar no primeiro minuto como

fatores associados. O grupo de maior risco foram os RNs com peso ao nascer

menor que 1250 gramas e/ou idade gestacional menor ou igual que 30

semanas e/ou escore Apgar no 1º minuto menor que 7.

Assim como neste estudo, escore Apgar no primeiro minuto menor que 7

apresentou-se como um fator de risco para a ROP como no estudo de Bonotto

et al.(2007) e Graziano e Leone (2005). No presente estudo observou-se que o

grupo com ROP apresentou pontuações mais baixas no Apgar comparado ao

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grupo sem ROP. Além disso, Apgar no primeiro minuto continuou a apresentar

significância estatística no modelo múltiplo.

Os resultados dos exames com diagnósticos da ROP não estavam

registrados em formulários específicos do exame realizado pelo retinólogo,

dificultando a obtenção das informações, e os mesmos na maioria das vezes

estavam registrados na evolução médica nos prontuários das crianças,

evidenciando a inexistência de um protocolo único avaliativo das reais

condições de saúde visual das crianças.

Acrescente-se também a não existência de um protocolo a ser seguido

para a triagem do RNs com suspeita de ROP, quantas avaliações devem ser

realizadas para detectar a doença, quais técnicas são apropriadas e como os

resultados devem ser registrados.

6. Conclusão

Foi possível obter um modelo para a predição quanto ao diagnóstico da

ROP que pode servir como um teste auxiliar para a prevenção da doença. O

grupo de maior risco são os RNs com idade gestacional menor ou igual a 30

semanas e/ou peso ao nascer menor ou igual a 1250 gramas e/ou escore

Apgar no 1 minuto menor que 7, que deverão merecer maior atenção dos

retinólogos e neonatologistas durante os programas de triagem, destacando

que o diagnóstico na fase inicial da doença é fundamental.

Salienta-se também a necessidade de melhorar o registro dos dados dos

bebês internados na UTI, para facilitar o uso dos dados e todas as informações

necessárias para estudos futuros. A Utilização de um formulário único (Anexo

E) para o exame da retinopatia proposto pelo I Workshop de ROP, da

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Sociedade Brasileira de Pediatria, Conselho Brasileiro de Oftalmologia e

Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica apresentado por Zin et al.

(2007), propiciaria a uniformização dos dados para estudos e normas para o

tratamento como também a redução dos custos sociais e financeiros do

estado.

Estudar os dados do Programa Método Mãe Canguru sob qualquer

ponto de vista auxilia o profissional de saúde quanto a informação do perfil dos

RNs, e isto reflete em melhorias para a comunidade que necessita do

atendimento de qualidade dos hospitais.

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Anexo A – Modelo da ficha do ambulatório Canguru

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Anexo B – Parecer COPEP

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Anexo C- Autorização COREA

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Anexo D- Dispensa do TCLE

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Anexo E- Formulário de exame para ROP

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