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Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação de Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de Exclusão Social CO-FINANCIADO POR: UNIÃO EUROPEIA Fundo Social Europeu

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Modelo Integradode Acolhimento, Orientação e Formação de Basepara a Inclusão de Públicosem Particular Situação deExclusão Social

CO-FINANCIADO POR:

UNIÃO EUROPEIAFundo Social Europeu

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Apresentação

Introdução

I. Uma Abordagem Multidimensional de Intervenção com Públicos em particular situação de Exclusão Social

II. Guia Prático para a implementação do Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação de Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de Exclusão

1. Concepção do Modelo de Intervenção

1.1 Caracterização geral

1.2 Objectivos

1.3 Caracterização dos actores da intervenção

1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

1.5 Princípios Estruturantes

1.6 Requisitos de Implementações

2. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1 Recrutamento e Selecção

2.1.1 Sinalização de Candidatos

2.1.2 Acolhimento e Diagnóstico

2.1.3 Entrevista

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/ Vocacional

2.2.1 Balanço de Competências

2.2.2 Formação-Base

2.2.3 Projecto de Integração Socioprofissional

III. Avaliação e Acompanhamento da Intervenção

Reflexões Finais

Glossário

Referências Bibliográficas

Anexo: Kit de Instrumentos em CD

02 03

otnemihlocA

Orientação04

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Apresentação

50

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Apresentação

Introdução

I. Uma Abordagem Multidimensional de Intervenção com Públicos em particular situação de Exclusão Social

II. Guia Prático para a implementação do Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação de Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de Exclusão

1. Concepção do Modelo de Intervenção

1.1 Caracterização geral

1.2 Objectivos

1.3 Caracterização dos actores da intervenção

1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

1.5 Princípios Estruturantes

1.6 Requisitos de Implementações

2. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1 Recrutamento e Selecção

2.1.1 Sinalização de Candidatos

2.1.2 Acolhimento e Diagnóstico

2.1.3 Entrevista

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/ Vocacional

2.2.1 Balanço de Competências

2.2.2 Formação-Base

2.2.3 Projecto de Integração Socioprofissional

III. Avaliação e Acompanhamento da Intervenção

Reflexões Finais

Glossário

Referências Bibliográficas

Anexo: Kit de Instrumentos em CD

02 03

otnemihlocA

Orientação

04

06

1 0

1 2

1 4

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Apresentação

50

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O Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de

Exclusão Social que ora se apresenta surge no âmbito do Projecto VIAAS - Vias de Interculturalidade na Área do Asilo (2005-

2007) desenvolvido em parceria pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Conselho Português para os Refugiados

(CPR), Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar (CFPSA), Instituto de Segurança Social, I.P./ Centro Distrital de

Segurança Social de Lisboa (CDSSLx) e Município de Loures (CMLoures), no quadro de financiamento da Acção 2 da Iniciativa

Comunitária Equal.

Pensado como um projecto de carácter experimental, construído para potenciar novas vias de valorização da

interculturalidade/ multiculturalismo, o VIAAS veio em larga medida complementar o trabalho já iniciado com o projecto AIRA -

Acolhimento e Integração de Requerentes de Asilo (2001-2006), e assentou a sua intervenção na consolidação de mecanismos e

instrumentos facilitadores da integração socioprofissional de refugiados e requerentes de asilo.

Por se entender que, a par da aprendizagem da língua portuguesa, a aquisição de competências técnicoprofissionais é um

veículo privilegiado para a inserção social destes públicos., a Parceria de Desenvolvimento (PD) do VIAAS propôs-se contribuir

para a solidificação das estruturas de apoio à entrada de refugiados e requerentes de asilo no mercado de trabalho, quer através

da melhoria das condições de acesso a esquemas de formação e qualificação profissional, quer por via do desenvolvimento de

processos alternativos que possibilitassem o reconhecimento e validação das competências e experiências de vida desta

população especialmente carenciada.

Foi exactamente deste esforço de consolidação do que entendemos constituir boas práticas ao nível do processo de

reconhecimento e validação das competências deste grupo, e do trabalho quotidiano prosseguido em prol da formação de base

e constituição de um projecto de vida sustentado no presente e no futuro, que surgiu a possibilidade de desenvolvimento de um

modelo integrado, que acreditamos capaz de potenciar significativamente a inclusão social através do incremento das

condições de acolhimento, orientação e formação de base para públicos excluídos, beneficiando não apenas os refugiados e

requerentes de asilo, mas todas as populações denotando especiais dificuldades de inserção em esquemas de certificação de

competências e de formação profissional estandardizados.

As páginas que se seguem têm, por isso, o propósito de contribuir para:

o reforço das competências das organizações e dos profissionais que intervém no acolhimento, orientação e formação

dirigida a públicos em situação de exclusão social, tendo em vista a melhoria contínua da qualidade das respectivas

intervenções bem como da sua eficácia ao nível da empregabilidade;

a promoção da reflexão em torno das práticas já existentes, incentivando a partilha de experiências e de soluções entre

organizações e profissionais interessados no reforço das suas competências nesta matéria, através de sugestões

metodológicas concretas que podem ajudar a melhorar as suas práticas;

estimular a consideração de novas práticas, potenciando a experimentação e a disseminação de recursos que procurem

responder a problemáticas para as quais as ofertas formativas existentes se mostrem desadequadas;

disponibilizar um conjunto de ferramentas de apoio às práticas de implementação de novas propostas.

.

.

.

.

Pela sua especificidade, o público-alvo deste produto são todas as pessoas com particulares dificuldades de inserção -

requerentes de asilo e refugiados, imigrantes, desempregados de longa duração, mulheres e homens em fase de (re)inserção,

ex-toxicodependentes, ex-reclusos… - e os principais destinatários podem encontrar-se entre os responsáveis pela

implementação de políticas e programas destinados à integração socioprofissional de grupos sociais desfavorecidos, tais como

técnicos de informação e orientação profissional, técnicos de emprego, profissionais da formação e outros técnicos de apoio à

formação-inserção (mediadores sociais, técnicos de serviço social, psicólogos) e agentes de desenvolvimento local que possam

enquadrar a sua intervenção em diferentes domínios, nomeadamente: diagnóstico de necessidades de formação, planeamento

de intervenções ou actividades formativas, concepção de intervenções, programas, instrumentos e suportes formativos,

organização e promoção de intervenções ou actividades formativas, desenvolvimento/ execução de intervenções ou

actividades formativas, acompanhamento e avaliação de intervenções ou actividades formativas, outras formas de intervenção

sócio-cultural ou pedagógica, preparatórias ou complementares da actividade formativa ou facilitadoras do processo de

socialização profissional.

O facto dos públicos-alvo do modelo apresentarem um défice de competências escolares, profissionais, pessoais e sociais que

os impede de poderem integrar processos de certificação escolar e/ ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos e

aceder em circunstâncias vantajosas ao mercado formal de emprego, faz com que seja necessário centrar o apoio na

(re)definição e concretização de um projecto de integração socioprofissional.

A nossa proposta é que tal ocorra por via de uma intervenção experimental, integrada, personalizada e preparatória da

integração socioprofissional que, sustentada num processo de Balanço de Competências, permite a estas pessoas (re)definir

uma trajectória de inserção social e profissional ajustada às vocações e competências que desenvolveram ao longo da vida, aos

seus interesses e às necessidades/ ofertas do mercado de trabalho, potenciando a sua reconstrução identitária.

Uma nota final sobre a opção de excluir do documento a utilização de uma linguagem paritária, contrariando as

recomendações da EQUAL a este propósito.

No VIAAS, a Igualdade de Oportunidades é princípio absolutamente presente e integrado de forma transversal em todas as

concretizações do projecto, desde a concepção e desenvolvimento das actividades, nos instrumentos e metodologias de

pesquisa e de intervenção, em todas as temáticas abordadas e conteúdos trabalhados, promovendo-se de forma sistemática a

participação igualitária de mulheres e homens em todas as fases do projecto. No entanto, e dado os objectivos definidos para a

disseminação deste produto, designadamente em termos de acessibilidade e facilidade de leitura/ consulta, a PD concluiu que

o texto se tornaria demasiado denso com a utilização de linguagem paritária, considerando que o documento final consegue

ainda assim assumir-se inclusivo e não sexista. Em todo o caso, pedimos a quem nos lê que registe a equiparação de género em

todos os termos susceptíveis.

Apresentação04 05

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O Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de

Exclusão Social que ora se apresenta surge no âmbito do Projecto VIAAS - Vias de Interculturalidade na Área do Asilo (2005-

2007) desenvolvido em parceria pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Conselho Português para os Refugiados

(CPR), Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar (CFPSA), Instituto de Segurança Social, I.P./ Centro Distrital de

Segurança Social de Lisboa (CDSSLx) e Município de Loures (CMLoures), no quadro de financiamento da Acção 2 da Iniciativa

Comunitária Equal.

Pensado como um projecto de carácter experimental, construído para potenciar novas vias de valorização da

interculturalidade/ multiculturalismo, o VIAAS veio em larga medida complementar o trabalho já iniciado com o projecto AIRA -

Acolhimento e Integração de Requerentes de Asilo (2001-2006), e assentou a sua intervenção na consolidação de mecanismos e

instrumentos facilitadores da integração socioprofissional de refugiados e requerentes de asilo.

Por se entender que, a par da aprendizagem da língua portuguesa, a aquisição de competências técnicoprofissionais é um

veículo privilegiado para a inserção social destes públicos., a Parceria de Desenvolvimento (PD) do VIAAS propôs-se contribuir

para a solidificação das estruturas de apoio à entrada de refugiados e requerentes de asilo no mercado de trabalho, quer através

da melhoria das condições de acesso a esquemas de formação e qualificação profissional, quer por via do desenvolvimento de

processos alternativos que possibilitassem o reconhecimento e validação das competências e experiências de vida desta

população especialmente carenciada.

Foi exactamente deste esforço de consolidação do que entendemos constituir boas práticas ao nível do processo de

reconhecimento e validação das competências deste grupo, e do trabalho quotidiano prosseguido em prol da formação de base

e constituição de um projecto de vida sustentado no presente e no futuro, que surgiu a possibilidade de desenvolvimento de um

modelo integrado, que acreditamos capaz de potenciar significativamente a inclusão social através do incremento das

condições de acolhimento, orientação e formação de base para públicos excluídos, beneficiando não apenas os refugiados e

requerentes de asilo, mas todas as populações denotando especiais dificuldades de inserção em esquemas de certificação de

competências e de formação profissional estandardizados.

As páginas que se seguem têm, por isso, o propósito de contribuir para:

o reforço das competências das organizações e dos profissionais que intervém no acolhimento, orientação e formação

dirigida a públicos em situação de exclusão social, tendo em vista a melhoria contínua da qualidade das respectivas

intervenções bem como da sua eficácia ao nível da empregabilidade;

a promoção da reflexão em torno das práticas já existentes, incentivando a partilha de experiências e de soluções entre

organizações e profissionais interessados no reforço das suas competências nesta matéria, através de sugestões

metodológicas concretas que podem ajudar a melhorar as suas práticas;

estimular a consideração de novas práticas, potenciando a experimentação e a disseminação de recursos que procurem

responder a problemáticas para as quais as ofertas formativas existentes se mostrem desadequadas;

disponibilizar um conjunto de ferramentas de apoio às práticas de implementação de novas propostas.

.

.

.

.

Pela sua especificidade, o público-alvo deste produto são todas as pessoas com particulares dificuldades de inserção -

requerentes de asilo e refugiados, imigrantes, desempregados de longa duração, mulheres e homens em fase de (re)inserção,

ex-toxicodependentes, ex-reclusos… - e os principais destinatários podem encontrar-se entre os responsáveis pela

implementação de políticas e programas destinados à integração socioprofissional de grupos sociais desfavorecidos, tais como

técnicos de informação e orientação profissional, técnicos de emprego, profissionais da formação e outros técnicos de apoio à

formação-inserção (mediadores sociais, técnicos de serviço social, psicólogos) e agentes de desenvolvimento local que possam

enquadrar a sua intervenção em diferentes domínios, nomeadamente: diagnóstico de necessidades de formação, planeamento

de intervenções ou actividades formativas, concepção de intervenções, programas, instrumentos e suportes formativos,

organização e promoção de intervenções ou actividades formativas, desenvolvimento/ execução de intervenções ou

actividades formativas, acompanhamento e avaliação de intervenções ou actividades formativas, outras formas de intervenção

sócio-cultural ou pedagógica, preparatórias ou complementares da actividade formativa ou facilitadoras do processo de

socialização profissional.

O facto dos públicos-alvo do modelo apresentarem um défice de competências escolares, profissionais, pessoais e sociais que

os impede de poderem integrar processos de certificação escolar e/ ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos e

aceder em circunstâncias vantajosas ao mercado formal de emprego, faz com que seja necessário centrar o apoio na

(re)definição e concretização de um projecto de integração socioprofissional.

A nossa proposta é que tal ocorra por via de uma intervenção experimental, integrada, personalizada e preparatória da

integração socioprofissional que, sustentada num processo de Balanço de Competências, permite a estas pessoas (re)definir

uma trajectória de inserção social e profissional ajustada às vocações e competências que desenvolveram ao longo da vida, aos

seus interesses e às necessidades/ ofertas do mercado de trabalho, potenciando a sua reconstrução identitária.

Uma nota final sobre a opção de excluir do documento a utilização de uma linguagem paritária, contrariando as

recomendações da EQUAL a este propósito.

No VIAAS, a Igualdade de Oportunidades é princípio absolutamente presente e integrado de forma transversal em todas as

concretizações do projecto, desde a concepção e desenvolvimento das actividades, nos instrumentos e metodologias de

pesquisa e de intervenção, em todas as temáticas abordadas e conteúdos trabalhados, promovendo-se de forma sistemática a

participação igualitária de mulheres e homens em todas as fases do projecto. No entanto, e dado os objectivos definidos para a

disseminação deste produto, designadamente em termos de acessibilidade e facilidade de leitura/ consulta, a PD concluiu que

o texto se tornaria demasiado denso com a utilização de linguagem paritária, considerando que o documento final consegue

ainda assim assumir-se inclusivo e não sexista. Em todo o caso, pedimos a quem nos lê que registe a equiparação de género em

todos os termos susceptíveis.

Apresentação04 05

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Introdução06 07

Da reflexão conjunta dos parceiros do VIAAS e das reuniões e conversas mantidas com os refugiados e requerentes de asilo e os

profissionais das organizações de apoio a estes grupos - assistentes sociais, técnicos de integração, formadores, juristas, entre

outros - foi possível consolidar um quadro de pontos-chave de análise e intervenção estruturantes da implementação do

projecto, integrando, designadamente: 1) avaliação e identificação das necessidades de refugiados e requerentes de asilo em

termos de formação profissional, 2) a pesquisa e identificação dos programas e instrumentos existentes para o

reconhecimento, validação e certificação de competências, 3) o reforço das competências dos técnicos do projecto e 4) as

possibilidades de empowerment de indivíduos e grupos.

Do Diagnóstico de Necessidades empreendido durante a Acção 1 do projecto, ficara claro que os serviços de aconselhamento e

apoio existentes em Portugal não conseguem responder às expectativas dos requerentes de asilo - em especial no que se refere

ao acesso ao emprego e à formação profissional -, mas sobretudo que a integração destas pessoas em esquemas de inserção

socioprofissional deve ser preparada e ter um investimento prévio ao nível da aposta em cursos de formação bem como em

certificação de competências, sendo indispensável a efectiva melhoria das condições de acesso desta população à formação

profissional como forma de potenciar a empregabilidade.

Deste modo, na sequência das recomendações do Diagnóstico, e no decurso das experiências anteriores das instituições

parceiras, o projecto encetou esforços no sentido da experimentação de novas metodologias e instrumentos que pudessem ser

capazes de promover o balanço das competências dos requerentes de asilo, assim como a valorização das suas experiências e

histórias de vida.

A SCML, que até então apenas apoiava refugiados e requerentes de asilo ao nível social, através do Serviço de Emergência Social

(SES) e dos Serviços Locais de Apoio Social, desempenhou aqui um papel central. A pedido do CPR, e do próprio SES, a instituição

mostrou-se aberta a uma intervenção de âmbito mais abrangente, e por via da articulação entre o seu Centro Novas

Oportunidades (CNO) e o Núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional (OFIP), o VIAAS começou a trabalhar também

no sentido do desenvolvimento de instrumentos passíveis de orientar requerentes de asilo e refugiados na (re)definição do seu

projecto de vida, melhorando substancialmente os seus resultados em termos de formação e empregabilidade. De resto, a

SCML passou, por delegação de competências (de acordo com protocolo assinado com o Instituto de Segurança Social I.P.), a ser

responsável pelo apoio social a refugiados e requerentes de asilo e Lisboa, logo, a poder desempenhar funções mais directas

também ao nível da integração socioprofissional destes grupos.

1Por seu lado, as actividades transnacionais do projecto - na parceria (PASSI) -

veio reforçar em muito este objectivo, e revelou-se fundamental para o sucesso das actividades de âmbito nacional. O acordo da

parceria transnacional estabeleceu como principal actividade a desenvolver pelo conjunto dos parceiros a construção de um 2“Modelo Comum de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências para Requerentes de Asilo” , sendo que o VIAAS

ocupou, desde muito cedo, uma posição nuclear neste processo.

Na realidade, a SCML era, no contexto da parceria transnacional, a organização mais experiente ao nível dos sistemas RVCC e,

dado que a maioria dos parceiros desconhecia, ou conhecia muito pouco, os modelos existentes para o efeito, a base de

trabalho de que se partiu foi exactamente o modelo em vigor na SCML, ao qual foram introduzidas alterações e modificações,

tendo em conta a situação particular de cada um dos diferentes países e considerando também as distintas regulamentações

no que se refere ao acesso ao emprego e à formação profissional por parte de requerentes de asilo.

Este modelo comum, definido e reflectido em conjunto pelos diferentes parceiros, para mais tarde vir a ser testado em cada um

Prepare Asylum seekers and Society for Integration

dos projectos, centra-se na história de vida (porém, excluindo deliberadamente os aspectos dessa história no país de origem, a

menos que fossem introduzidos pelos requerentes de asilo), e preconiza a exploração aprofundada de duas das quatro áreas do

modelo RVCC existente em Portugal: Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade. Do mesmo modo, foi também

dado especial destaque ao trabalho de projecto e às componentes da empregabilidade (procura de emprego, treino de

competências e formação profissional)

Mais importante, todavia, foi o facto de, nos últimos anos, as organizações da PD do VIAAS terem vindo a procurar sensibilizar e

promover a reflexão sobre a integração socioprofissional de grupos sociais desfavorecidos, e em particular a SCML -

designadamente por via dos programas desenvolvidos no CNO e OFIP - ter vindo a prosseguir um trabalho intenso de tradução e

adequação dos modelos existentes ao nível da formação e do reconhecimento, validação e certificação de competências de

públicos em situação de exclusão social.

Com efeito, e no sentido de auxiliar adultos a concretizar, com sucesso, as respostas existentes ao nível da formação e

certificação de competências (cursos EFA, certificação escolar, oficinas do s@aber) os serviços de actuação na área da Educação

da SCML vêm adoptando metodologias específicas, quer no âmbito da educação não-formal, quer no que respeita à criação de

percursos flexíveis e ajustados às especificidades e necessidades deste público.

No entanto, e não obstante este esforço, verifica-se ainda um número significativo de adultos apresentando enormes

dificuldades de integração em processos de certificação escolar e/ ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos e,

por consequência, de acesso ao mercado de emprego, dado o seu elevado défice de competências escolares, profissionais,

pessoais e sociais, necessitando por isso de um apoio reforçado ao nível da (re)definição e concretização de um projecto de

integração socioprofissional sustentável.

No caso dos refugiados e requerentes de asilo, é sabido que enfrentam problemas adicionais, não apenas no acesso ao mercado

de trabalho/ emprego, mas também à formação e qualificação profissional e ao sistema formal de reconhecimento, validação e

certificação de competências, dado que um dos requisitos prévios de entrada em qualquer um destes sistemas consiste na

apresentação de documentos que façam prova quer da legalidade da sua residência em Portugal, quer da posse de habilitações

académicas e profissionais.

Quanto ao primeiro aspecto, relativo à prova de permanência legal em território nacional, as autorizações de residência seguem

procedimentos jurídico e burocráticos próprios, tantas vezes inconciliáveis com os termos e os prazos definidos para a

apresentação de documentação de acesso aos cursos e, também tantas vezes, sem a equiparação indispensável à vinculação

formal de emprego.

No que se refere à prova de habilitações, e na medida em que, na esmagadora maioria dos casos, o trajecto destas pessoas se

fez em fuga, é extremamente difícil conseguir recuperar ou requerer certificados dos países de origem.

Acresce que, porque não dominam ou detém bases insuficientes de língua portuguesa, e também porque desconhecem ainda

grande parte dos códigos sociais e culturais do nosso país, refugiados e requerentes de asilo são alvo de uma discriminação

permanente. Mesmo nos casos dos participantes do VIAAS que são já portadores de uma autorização de residência provisória –

que lhes permite aceder à formação e ao mercado formal de emprego – não é linear que as suas efectivas possibilidades de

integração aumentem, visto que muitas entidades e empresas os olham com certa desconfiança dadas as representações

estereotipadas e os preconceitos que partilham sobre os seus países de origem.

1. Parceria transnacional constituída

por projectos e organizações de cinco

países europeus, incluindo Portugal:

Aktinergia (Grécia), Arbeit und Bildung

International (Alemanha), Orizzonti

(Itália), Integration of Asylum Seekers

into the Labour Market (Malta) e o

VIAAS.

2. Evaluation, Validation and Certifica-

tion of Competences (EVC) of Asylum

Seekers.

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Introdução06 07

Da reflexão conjunta dos parceiros do VIAAS e das reuniões e conversas mantidas com os refugiados e requerentes de asilo e os

profissionais das organizações de apoio a estes grupos - assistentes sociais, técnicos de integração, formadores, juristas, entre

outros - foi possível consolidar um quadro de pontos-chave de análise e intervenção estruturantes da implementação do

projecto, integrando, designadamente: 1) avaliação e identificação das necessidades de refugiados e requerentes de asilo em

termos de formação profissional, 2) a pesquisa e identificação dos programas e instrumentos existentes para o

reconhecimento, validação e certificação de competências, 3) o reforço das competências dos técnicos do projecto e 4) as

possibilidades de empowerment de indivíduos e grupos.

Do Diagnóstico de Necessidades empreendido durante a Acção 1 do projecto, ficara claro que os serviços de aconselhamento e

apoio existentes em Portugal não conseguem responder às expectativas dos requerentes de asilo - em especial no que se refere

ao acesso ao emprego e à formação profissional -, mas sobretudo que a integração destas pessoas em esquemas de inserção

socioprofissional deve ser preparada e ter um investimento prévio ao nível da aposta em cursos de formação bem como em

certificação de competências, sendo indispensável a efectiva melhoria das condições de acesso desta população à formação

profissional como forma de potenciar a empregabilidade.

Deste modo, na sequência das recomendações do Diagnóstico, e no decurso das experiências anteriores das instituições

parceiras, o projecto encetou esforços no sentido da experimentação de novas metodologias e instrumentos que pudessem ser

capazes de promover o balanço das competências dos requerentes de asilo, assim como a valorização das suas experiências e

histórias de vida.

A SCML, que até então apenas apoiava refugiados e requerentes de asilo ao nível social, através do Serviço de Emergência Social

(SES) e dos Serviços Locais de Apoio Social, desempenhou aqui um papel central. A pedido do CPR, e do próprio SES, a instituição

mostrou-se aberta a uma intervenção de âmbito mais abrangente, e por via da articulação entre o seu Centro Novas

Oportunidades (CNO) e o Núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional (OFIP), o VIAAS começou a trabalhar também

no sentido do desenvolvimento de instrumentos passíveis de orientar requerentes de asilo e refugiados na (re)definição do seu

projecto de vida, melhorando substancialmente os seus resultados em termos de formação e empregabilidade. De resto, a

SCML passou, por delegação de competências (de acordo com protocolo assinado com o Instituto de Segurança Social I.P.), a ser

responsável pelo apoio social a refugiados e requerentes de asilo e Lisboa, logo, a poder desempenhar funções mais directas

também ao nível da integração socioprofissional destes grupos.

1Por seu lado, as actividades transnacionais do projecto - na parceria (PASSI) -

veio reforçar em muito este objectivo, e revelou-se fundamental para o sucesso das actividades de âmbito nacional. O acordo da

parceria transnacional estabeleceu como principal actividade a desenvolver pelo conjunto dos parceiros a construção de um 2“Modelo Comum de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências para Requerentes de Asilo” , sendo que o VIAAS

ocupou, desde muito cedo, uma posição nuclear neste processo.

Na realidade, a SCML era, no contexto da parceria transnacional, a organização mais experiente ao nível dos sistemas RVCC e,

dado que a maioria dos parceiros desconhecia, ou conhecia muito pouco, os modelos existentes para o efeito, a base de

trabalho de que se partiu foi exactamente o modelo em vigor na SCML, ao qual foram introduzidas alterações e modificações,

tendo em conta a situação particular de cada um dos diferentes países e considerando também as distintas regulamentações

no que se refere ao acesso ao emprego e à formação profissional por parte de requerentes de asilo.

Este modelo comum, definido e reflectido em conjunto pelos diferentes parceiros, para mais tarde vir a ser testado em cada um

Prepare Asylum seekers and Society for Integration

dos projectos, centra-se na história de vida (porém, excluindo deliberadamente os aspectos dessa história no país de origem, a

menos que fossem introduzidos pelos requerentes de asilo), e preconiza a exploração aprofundada de duas das quatro áreas do

modelo RVCC existente em Portugal: Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade. Do mesmo modo, foi também

dado especial destaque ao trabalho de projecto e às componentes da empregabilidade (procura de emprego, treino de

competências e formação profissional)

Mais importante, todavia, foi o facto de, nos últimos anos, as organizações da PD do VIAAS terem vindo a procurar sensibilizar e

promover a reflexão sobre a integração socioprofissional de grupos sociais desfavorecidos, e em particular a SCML -

designadamente por via dos programas desenvolvidos no CNO e OFIP - ter vindo a prosseguir um trabalho intenso de tradução e

adequação dos modelos existentes ao nível da formação e do reconhecimento, validação e certificação de competências de

públicos em situação de exclusão social.

Com efeito, e no sentido de auxiliar adultos a concretizar, com sucesso, as respostas existentes ao nível da formação e

certificação de competências (cursos EFA, certificação escolar, oficinas do s@aber) os serviços de actuação na área da Educação

da SCML vêm adoptando metodologias específicas, quer no âmbito da educação não-formal, quer no que respeita à criação de

percursos flexíveis e ajustados às especificidades e necessidades deste público.

No entanto, e não obstante este esforço, verifica-se ainda um número significativo de adultos apresentando enormes

dificuldades de integração em processos de certificação escolar e/ ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos e,

por consequência, de acesso ao mercado de emprego, dado o seu elevado défice de competências escolares, profissionais,

pessoais e sociais, necessitando por isso de um apoio reforçado ao nível da (re)definição e concretização de um projecto de

integração socioprofissional sustentável.

No caso dos refugiados e requerentes de asilo, é sabido que enfrentam problemas adicionais, não apenas no acesso ao mercado

de trabalho/ emprego, mas também à formação e qualificação profissional e ao sistema formal de reconhecimento, validação e

certificação de competências, dado que um dos requisitos prévios de entrada em qualquer um destes sistemas consiste na

apresentação de documentos que façam prova quer da legalidade da sua residência em Portugal, quer da posse de habilitações

académicas e profissionais.

Quanto ao primeiro aspecto, relativo à prova de permanência legal em território nacional, as autorizações de residência seguem

procedimentos jurídico e burocráticos próprios, tantas vezes inconciliáveis com os termos e os prazos definidos para a

apresentação de documentação de acesso aos cursos e, também tantas vezes, sem a equiparação indispensável à vinculação

formal de emprego.

No que se refere à prova de habilitações, e na medida em que, na esmagadora maioria dos casos, o trajecto destas pessoas se

fez em fuga, é extremamente difícil conseguir recuperar ou requerer certificados dos países de origem.

Acresce que, porque não dominam ou detém bases insuficientes de língua portuguesa, e também porque desconhecem ainda

grande parte dos códigos sociais e culturais do nosso país, refugiados e requerentes de asilo são alvo de uma discriminação

permanente. Mesmo nos casos dos participantes do VIAAS que são já portadores de uma autorização de residência provisória –

que lhes permite aceder à formação e ao mercado formal de emprego – não é linear que as suas efectivas possibilidades de

integração aumentem, visto que muitas entidades e empresas os olham com certa desconfiança dadas as representações

estereotipadas e os preconceitos que partilham sobre os seus países de origem.

1. Parceria transnacional constituída

por projectos e organizações de cinco

países europeus, incluindo Portugal:

Aktinergia (Grécia), Arbeit und Bildung

International (Alemanha), Orizzonti

(Itália), Integration of Asylum Seekers

into the Labour Market (Malta) e o

VIAAS.

2. Evaluation, Validation and Certifica-

tion of Competences (EVC) of Asylum

Seekers.

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Introdução08 09

Foi precisamente com base neste conjunto de dificuldades, e considerando a urgência de uma intervenção que pudesse

colmatar os problemas dos requerentes de asilo ao nível do reconhecimento, validação e certificação de competências, que a PD

do VIAAS determinou constituir como um dos elementos centrais do projecto criar e testar um mecanismo capaz de superar as

barreiras específicas no domínio cultural, escolar e fluência da língua portuguesa que impedem o acesso deste público ao

processo de RVCC, facilitando igualmente, a sua integração no mercado de trabalho.

Contudo, rapidamente se chegou à conclusão que alguns dos pressupostos equacionados para constituição de um tal objectivo

careciam de alguma reformulação, designadamente para efeitos da sua operacionalização no terreno.

Assim, tendo em conta que

as barreiras culturais, por si só, não impedem o acesso ao Sistema Nacional de RVCC (sistema caracterizado por uma intervenção

flexível e individual, sendo os instrumentos de mediação adaptados ao nível particular para promover a evidenciação das

competências correspondentes ao referencial de competências-chave definido pelo Ministério da Educação num dossier)

as barreiras escolares e a fluência da língua portuguesa, por si só, não impedem o acesso ao Sistema Nacional de RVCC (poderão

impedir o acesso à certificação por este sistema no caso de existência de necessidades formativas em uma ou mais áreas de

competência-chave, mas, neste caso os adultos são encaminhados para uma resposta de educação e formação mais

adequada às suas necessidades formativas específicas)

o Sistema Nacional de RVCC se dirige a adultos, maiores de 18 anos, com uma qualificação escolar inferior ao º, 6º, 9º ou 12º ano,

e que desejam aumentar os seus níveis de qualificação escolar

os estudos efectuados ao impacto do processo de RVCC nos adultos permitem constatar que a reflexão sobre a experiência de vida

produz efeitos indirectos muito significativos ao nível da promoção da auto-estima, da valorização pessoal, da motivação para a

concretização de um projecto de vida, de incentivo à participação activa no mercado de trabalho, ou seja, em dimensões mais

subjectivas do desenvolvimento pessoal dos indivíduos

da experiência do CNO da SCML, que dirige a sua actividade prioritariamente a públicos em situação de particular exclusão social,

o processo de RVCC tem um impacto positivo ao nível do processo de socialização dos indivíduos, uma vez que permite um auto-

conhecimento das competências bem como a sua capacidade de transversabilidade na resolução de problemas quotidianos e na

autonomização do indivíduo

a actividade desenvolvida pelo VIAAS acabou por redundar na construção de um modelo integrado de acolhimento, orientação e

formação de base, prosseguido a partir de um processo de reconhecimento de competências (análise reflexiva da história de

vida), que promove a integração socioprofissional de refugiados e requerentes de asilo, assim como o acesso destes grupos aos

sistemas de educação/ formação e certificação escolar e profissional.

As páginas que se seguem reflectem pois a aposta do VIAAS na orientação, reconhecimento e treino de competências dos

requerentes de asilo que participaram no projecto, com vista à (re)definição de um projecto de vida na sociedade de

acolhimento. No fundo, a preparação destas pessoas para a integração profissional, mantendo presente a ideia da integração

numa perspectiva multidimensional, isto é, partindo da acepção de que a integração profissional só é possível se for articulada

com a sua integração social e cultural.

Do mesmo modo, e na medida em que toda a metodologia de intervenção existiu suportada na análise e estudo das

.

.

.

.

.

especificidades do público-alvo e na investigação-acção, que acompanhou todas as etapas do projecto possibilitando a

definição e consolidação de cada fase do modelo numa lógica de colaboração contínua entre os diversos actores envolvidos

(incluindo os beneficiários directos), acreditamos que, nomeadamente ao nível dos procedimentos e dos resultados, o modelo

que apresentamos é passível de poder ser facilmente transferível para outros grupos em particular situação de exclusão social,

já que:

reforça o trabalho em rede, seguindo uma abordagem multidimensional de integração;

prepara a integração de públicos excluídos em processos de certificação de competências escolares e/ ou profissionais (RVCC,

RVCC-PRO), em cursos EFA e no mercado (social) de emprego;

promove o desenvolvimento pessoal e social de pessoas em situação de exclusão e a sua (re)construção identitária;

promove o (auto)reconhecimento das competências desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, não-formais e

informais;

promove a auto-estima, a autonomia, a confiança e o relacionamento interpessoal, numa perspectiva multicultural e de

diálogo entre culturas;

institui a necessidade de construção de um projecto de integração socioprofissional em conformidade com os interesses e as

competências individuais, mas também integrador as necessidades/ ofertas do mercado de trabalho.

Uma última nota apenas para referir que a experiência anterior, no âmbito do AIRA – que possibilitou a criação de uma rede

alargada de instituições para o acolhimento e integração de refugiados e requerentes de asilo – tornou evidente que o trabalho

em parceria não pode ser uma actividade pontual. Pelo contrário, deve afirmar-se sistemático e permanente na procura de

soluções duradouras para os problemas das populações mais carenciadas, pressupondo que ocorra não apenas entre os

técnicos de apoio a estes grupos, mas sobretudo entre os dirigentes e as estruturas de decisão das instituições implicadas nos

programas, para que estes não fiquem “presos” a uma lógica de projectos mas tenham efectivamente a possibilidade de

consolidar respostas sustentadas no futuro.

.

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Introdução08 09

Foi precisamente com base neste conjunto de dificuldades, e considerando a urgência de uma intervenção que pudesse

colmatar os problemas dos requerentes de asilo ao nível do reconhecimento, validação e certificação de competências, que a PD

do VIAAS determinou constituir como um dos elementos centrais do projecto criar e testar um mecanismo capaz de superar as

barreiras específicas no domínio cultural, escolar e fluência da língua portuguesa que impedem o acesso deste público ao

processo de RVCC, facilitando igualmente, a sua integração no mercado de trabalho.

Contudo, rapidamente se chegou à conclusão que alguns dos pressupostos equacionados para constituição de um tal objectivo

careciam de alguma reformulação, designadamente para efeitos da sua operacionalização no terreno.

Assim, tendo em conta que

as barreiras culturais, por si só, não impedem o acesso ao Sistema Nacional de RVCC (sistema caracterizado por uma intervenção

flexível e individual, sendo os instrumentos de mediação adaptados ao nível particular para promover a evidenciação das

competências correspondentes ao referencial de competências-chave definido pelo Ministério da Educação num dossier)

as barreiras escolares e a fluência da língua portuguesa, por si só, não impedem o acesso ao Sistema Nacional de RVCC (poderão

impedir o acesso à certificação por este sistema no caso de existência de necessidades formativas em uma ou mais áreas de

competência-chave, mas, neste caso os adultos são encaminhados para uma resposta de educação e formação mais

adequada às suas necessidades formativas específicas)

o Sistema Nacional de RVCC se dirige a adultos, maiores de 18 anos, com uma qualificação escolar inferior ao º, 6º, 9º ou 12º ano,

e que desejam aumentar os seus níveis de qualificação escolar

os estudos efectuados ao impacto do processo de RVCC nos adultos permitem constatar que a reflexão sobre a experiência de vida

produz efeitos indirectos muito significativos ao nível da promoção da auto-estima, da valorização pessoal, da motivação para a

concretização de um projecto de vida, de incentivo à participação activa no mercado de trabalho, ou seja, em dimensões mais

subjectivas do desenvolvimento pessoal dos indivíduos

da experiência do CNO da SCML, que dirige a sua actividade prioritariamente a públicos em situação de particular exclusão social,

o processo de RVCC tem um impacto positivo ao nível do processo de socialização dos indivíduos, uma vez que permite um auto-

conhecimento das competências bem como a sua capacidade de transversabilidade na resolução de problemas quotidianos e na

autonomização do indivíduo

a actividade desenvolvida pelo VIAAS acabou por redundar na construção de um modelo integrado de acolhimento, orientação e

formação de base, prosseguido a partir de um processo de reconhecimento de competências (análise reflexiva da história de

vida), que promove a integração socioprofissional de refugiados e requerentes de asilo, assim como o acesso destes grupos aos

sistemas de educação/ formação e certificação escolar e profissional.

As páginas que se seguem reflectem pois a aposta do VIAAS na orientação, reconhecimento e treino de competências dos

requerentes de asilo que participaram no projecto, com vista à (re)definição de um projecto de vida na sociedade de

acolhimento. No fundo, a preparação destas pessoas para a integração profissional, mantendo presente a ideia da integração

numa perspectiva multidimensional, isto é, partindo da acepção de que a integração profissional só é possível se for articulada

com a sua integração social e cultural.

Do mesmo modo, e na medida em que toda a metodologia de intervenção existiu suportada na análise e estudo das

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especificidades do público-alvo e na investigação-acção, que acompanhou todas as etapas do projecto possibilitando a

definição e consolidação de cada fase do modelo numa lógica de colaboração contínua entre os diversos actores envolvidos

(incluindo os beneficiários directos), acreditamos que, nomeadamente ao nível dos procedimentos e dos resultados, o modelo

que apresentamos é passível de poder ser facilmente transferível para outros grupos em particular situação de exclusão social,

já que:

reforça o trabalho em rede, seguindo uma abordagem multidimensional de integração;

prepara a integração de públicos excluídos em processos de certificação de competências escolares e/ ou profissionais (RVCC,

RVCC-PRO), em cursos EFA e no mercado (social) de emprego;

promove o desenvolvimento pessoal e social de pessoas em situação de exclusão e a sua (re)construção identitária;

promove o (auto)reconhecimento das competências desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, não-formais e

informais;

promove a auto-estima, a autonomia, a confiança e o relacionamento interpessoal, numa perspectiva multicultural e de

diálogo entre culturas;

institui a necessidade de construção de um projecto de integração socioprofissional em conformidade com os interesses e as

competências individuais, mas também integrador as necessidades/ ofertas do mercado de trabalho.

Uma última nota apenas para referir que a experiência anterior, no âmbito do AIRA – que possibilitou a criação de uma rede

alargada de instituições para o acolhimento e integração de refugiados e requerentes de asilo – tornou evidente que o trabalho

em parceria não pode ser uma actividade pontual. Pelo contrário, deve afirmar-se sistemático e permanente na procura de

soluções duradouras para os problemas das populações mais carenciadas, pressupondo que ocorra não apenas entre os

técnicos de apoio a estes grupos, mas sobretudo entre os dirigentes e as estruturas de decisão das instituições implicadas nos

programas, para que estes não fiquem “presos” a uma lógica de projectos mas tenham efectivamente a possibilidade de

consolidar respostas sustentadas no futuro.

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A intervenção do VIAAS assenta no trabalho em parceria e na rentabilização de recursos, conjuga o apoio e o acompanhamento

jurídico e socio-económico (habitação, saúde, mobilidade, apoio psicológico) com aulas de Português dirigido, actividades

sócio-culturais, (auto)reconhecimento de competências, formação de base nas áreas de competências-chave previstas no

Referencial de Educação e Formação de Adultos, actividades de voluntariado, orientação vocacional e profissional e elaboração

do projecto de integração socioprofissional.

Da parte das instituições envolvidas no projecto, este modelo propõe-se contribuir para evidenciar os ganhos de eficiência

operacional decorrentes dos processos de parceria.

As organizações saem reforçadas, quando adoptam um posicionamento estratégico, centrado nas necessidades dos

utilizadores, admitindo que as especificidades dos problemas, exigem a articulação efectiva e permanente com competências e

intervenções complementares e a capacidade de encontrar novas soluções para os problemas.

Estar comprometido com projectos de inserção social de indivíduos em situação de pobreza e/ou exclusão social, significa estar

mobilizado para a experimentação de abordagens integradas, que considerem os diferentes contextos objecto da intervenção e

permitam distinguir a multidimensionalidade dos problemas, associados, por um lado, à dinâmica macroeconómica e ao

regime de protecção social e por outro à ruptura de vínculos sociais básicos e ao empobrecimento não propriamente do

indivíduo, mas das relações que definem o seu lugar e identidade sociais.

As organizações implicadas, no desenvolvimento do modelo, partiram de um contexto complexo de processos excludentes e

identificaram as necessidades sociais básicas, as necessidades de formação e as necessidades de ressocialização e de

reconstrução identitária, assumindo como estratégia pedagógica privilegiada, o reconhecimento das identidades e dos recursos

dos indivíduos, bem como o seu potencial de adaptabilidade à mudança, o potencial mobilizável para a sua própria inserção e

desenvolvimento.

Do lado das pessoas em particular situação de exclusão social, defendemos o acesso aos direitos de cidadania e à participação

social, com base em metodologias participativas, que tomam como ponto de partida os conhecimentos e necessidades

sentidas pelos indivíduos, visando a sua mobilização, organização e capacitação.

Recuperar a realidade social das situações de exclusão, exige abordagens multidimensionais, que num quadro de crescente

complexidade apelam a ensaios de multi-inter-transdimensionalidade, como é exemplo, a relação dialógica entre as fases de

acolhimento, diagnóstico, balanço de competências e formação de base.

As intervenções na complexidade dos processos de exclusão social exigem um trabalho em rede interorganizacional,

constatando-se que nenhuma forma de intervenção fragmentada é, em si racional.

No entanto, para funcionarem de forma efectiva, as parcerias devem identificar e expressar as expectativas de todos os

parceiros, os benefícios decorrentes do trabalho conjunto; salvaguardar a participação activa de todos, na definição e na

implementação da estratégia e das actividades; assegurar a cooperação com vista à angariação de novos recursos e garantir

uma formação e um desenvolvimento adequados das capacidades existentes.

I. Uma Abordagem Multidimensional de Intervenção com Públicos em particular situação de Exclusão Social

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A intervenção do VIAAS assenta no trabalho em parceria e na rentabilização de recursos, conjuga o apoio e o acompanhamento

jurídico e socio-económico (habitação, saúde, mobilidade, apoio psicológico) com aulas de Português dirigido, actividades

sócio-culturais, (auto)reconhecimento de competências, formação de base nas áreas de competências-chave previstas no

Referencial de Educação e Formação de Adultos, actividades de voluntariado, orientação vocacional e profissional e elaboração

do projecto de integração socioprofissional.

Da parte das instituições envolvidas no projecto, este modelo propõe-se contribuir para evidenciar os ganhos de eficiência

operacional decorrentes dos processos de parceria.

As organizações saem reforçadas, quando adoptam um posicionamento estratégico, centrado nas necessidades dos

utilizadores, admitindo que as especificidades dos problemas, exigem a articulação efectiva e permanente com competências e

intervenções complementares e a capacidade de encontrar novas soluções para os problemas.

Estar comprometido com projectos de inserção social de indivíduos em situação de pobreza e/ou exclusão social, significa estar

mobilizado para a experimentação de abordagens integradas, que considerem os diferentes contextos objecto da intervenção e

permitam distinguir a multidimensionalidade dos problemas, associados, por um lado, à dinâmica macroeconómica e ao

regime de protecção social e por outro à ruptura de vínculos sociais básicos e ao empobrecimento não propriamente do

indivíduo, mas das relações que definem o seu lugar e identidade sociais.

As organizações implicadas, no desenvolvimento do modelo, partiram de um contexto complexo de processos excludentes e

identificaram as necessidades sociais básicas, as necessidades de formação e as necessidades de ressocialização e de

reconstrução identitária, assumindo como estratégia pedagógica privilegiada, o reconhecimento das identidades e dos recursos

dos indivíduos, bem como o seu potencial de adaptabilidade à mudança, o potencial mobilizável para a sua própria inserção e

desenvolvimento.

Do lado das pessoas em particular situação de exclusão social, defendemos o acesso aos direitos de cidadania e à participação

social, com base em metodologias participativas, que tomam como ponto de partida os conhecimentos e necessidades

sentidas pelos indivíduos, visando a sua mobilização, organização e capacitação.

Recuperar a realidade social das situações de exclusão, exige abordagens multidimensionais, que num quadro de crescente

complexidade apelam a ensaios de multi-inter-transdimensionalidade, como é exemplo, a relação dialógica entre as fases de

acolhimento, diagnóstico, balanço de competências e formação de base.

As intervenções na complexidade dos processos de exclusão social exigem um trabalho em rede interorganizacional,

constatando-se que nenhuma forma de intervenção fragmentada é, em si racional.

No entanto, para funcionarem de forma efectiva, as parcerias devem identificar e expressar as expectativas de todos os

parceiros, os benefícios decorrentes do trabalho conjunto; salvaguardar a participação activa de todos, na definição e na

implementação da estratégia e das actividades; assegurar a cooperação com vista à angariação de novos recursos e garantir

uma formação e um desenvolvimento adequados das capacidades existentes.

I. Uma Abordagem Multidimensional de Intervenção com Públicos em particular situação de Exclusão Social

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1. Concepção do Modelo de Intervenção

1.1 Caracterização geral

1.2 Objectivos

1.3 Caracterização dos actores da intervenção

1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

1.5 Princípios Estruturantes

1.6 Requisitos de Implementação

2. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1 Recrutamento e Selecção

2.1.1 Sinalização Candidatos

2.1.2 Acolhimento e Diagnóstico

2.1.3 Entrevista

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/Vocacional

2.2.1 Balanço de Competências

2.2.2 Formação- Base

2.2.3 Projecto de Integração Socioprofissional

A elaboração do presente guia obedeceu a um conjunto de opções metodológicas com a finalidade de facilitar a sua apropriação

reflexiva e prática por parte dos seus utilizadores. Entre essas opções realça-se:

.Organização de uma proposta metodológica coerente no seu todo, com momentos interdependentes mas permitindo

apropriações metodológicas, técnicas e instrumentais parcelares de acordo com as necessidades específicas dos utilizadores;

.Apresentação de quadros-síntese que facilitem a sistematização das ideias e uma visualização facilitada das propostas

apresentadas;

.Apresentação descritiva das propostas no sentido de uma maior e melhor apropriação das metodologias e dos instrumentos,

ou seja do como por em prática;

.Apresentação de um conjunto de propostas de instrumentos de apoio ao desenvolvimento de cada dimensão crítica.

Encontra-se estruturado em dois blocos: o primeiro procura explicitar de forma genérico o modelo de intervenção e seus eixos

de actuação; o segundo bloco está dividido em dois pontos que descrevem de modo detalhado as dimensões críticas de

implementação da metodologia.

O guia é um instrumento de trabalho, e deve por isso ser lido se não em função das necessidades específicas dos seus

utilizadores, podendo ser acedido por cada um dos utilizadores de forma livre, por temática, momento, dimensão crítica,

questão orientadora, instrumento ou recursos, de acordo com as suas prioridades e necessidades.

Do mesmo modo, uma verdadeira apropriação das práticas propostas exige adequações aos contextos formativos e sociais

específicos.

Guia Práticopara a implementação do Modelo Integrado de Acolhimento,

Orientação e Formação de base para a Inclusão de Públicos

em Particular Situação de Exclusão Social

1 4

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1. Concepção do Modelo de Intervenção

1.1 Caracterização geral

1.2 Objectivos

1.3 Caracterização dos actores da intervenção

1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

1.5 Princípios Estruturantes

1.6 Requisitos de Implementação

2. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1 Recrutamento e Selecção

2.1.1 Sinalização Candidatos

2.1.2 Acolhimento e Diagnóstico

2.1.3 Entrevista

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/Vocacional

2.2.1 Balanço de Competências

2.2.2 Formação- Base

2.2.3 Projecto de Integração Socioprofissional

A elaboração do presente guia obedeceu a um conjunto de opções metodológicas com a finalidade de facilitar a sua apropriação

reflexiva e prática por parte dos seus utilizadores. Entre essas opções realça-se:

.Organização de uma proposta metodológica coerente no seu todo, com momentos interdependentes mas permitindo

apropriações metodológicas, técnicas e instrumentais parcelares de acordo com as necessidades específicas dos utilizadores;

.Apresentação de quadros-síntese que facilitem a sistematização das ideias e uma visualização facilitada das propostas

apresentadas;

.Apresentação descritiva das propostas no sentido de uma maior e melhor apropriação das metodologias e dos instrumentos,

ou seja do como por em prática;

.Apresentação de um conjunto de propostas de instrumentos de apoio ao desenvolvimento de cada dimensão crítica.

Encontra-se estruturado em dois blocos: o primeiro procura explicitar de forma genérico o modelo de intervenção e seus eixos

de actuação; o segundo bloco está dividido em dois pontos que descrevem de modo detalhado as dimensões críticas de

implementação da metodologia.

O guia é um instrumento de trabalho, e deve por isso ser lido se não em função das necessidades específicas dos seus

utilizadores, podendo ser acedido por cada um dos utilizadores de forma livre, por temática, momento, dimensão crítica,

questão orientadora, instrumento ou recursos, de acordo com as suas prioridades e necessidades.

Do mesmo modo, uma verdadeira apropriação das práticas propostas exige adequações aos contextos formativos e sociais

específicos.

Guia Práticopara a implementação do Modelo Integrado de Acolhimento,

Orientação e Formação de base para a Inclusão de Públicos

em Particular Situação de Exclusão Social

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1.1 Caracterização Geral

1.

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7.

O Modelo que se apresenta resultou de um trabalho centrado na metodologia de investigação-acção. A partir das actividades de diagnóstico realizadas na acção 1, e face aos objectivos definidos no projecto que procuravam a criação de um Modelo de RVCC ajustado aos requerentes de asilo, a análise das necessidades específicas deste público e das potencialidades do processo de balanço de competências conduziram ao reequacionamento dos objectivos de trabalho, centrando este na criação de um Modelo de intervenção orientado para a promoção da inserção socioprofissional destes públicos.

De facto, centrar o trabalho num Modelo de RVCC seria correr o risco de replicar em parte o trabalho já desenvolvido pelos Centros RVCC, agora denominados Centros Novas Oportunidades, caracterizados pelo desenvolvimento de um trabalho individualizado, onde os instrumentos de mediação são adaptados ao nível individual. Com efeito, os requerentes de asilo, aquando a regularização da sua situação legal, podem aceder ao Sistema Nacional de RVCC, constituindo somente a questão linguística uma possível barreira ultrapassada com formação apropriada. No entanto, a exploração da história de vida efectuada nos Centros tem como objectivo a desocultação de competências chave definidas num referencial com vista à obtenção de uma certificação escolar (seja ela obtida através do próprio processo de reconhecimento de competências ou através de um percurso educativo/formativo face às necessidades formativas do candidatos).

Desta forma, e tendo em conta a análise de necessidades específicas dos requerentes de asilo, e das potencialidades do todo o processo efectuado nos Centros Novas Oportunidades, nomeadamente ao nível dos impactos do processo de balanço de competências em dimensões mais subjectivas - ao nível da auto-estima, valorização pessoal, motivação quer para a aprendizagem quer para a mudança de atitudes perante o mercado de trabalho, (re)definição de projecto de vida, entre outros 1, as actividades do projecto centraram-se num trabalho de investigação-acção, onde, a partir do modelo de intervenção do CNO da SCML, iriam sendo efectuadas as devidas alterações e readaptações quer a instrumentos, técnicas de intervenção, definição de áreas e dimensões criticas, procurando a consolidação de um novo Modelo de Intervenção que respondesse às necessidades diagnosticadas. Neste processo tomou-se a decisão de aproveitar referenciais já consolidados potenciando quer a sustentabilidade do próprio Modelo, quer a sua possível apropriação por outras entidades.

Como resultados do processo de investigação-acção, e destacando os aspectos mais relevantes na consolidação do Modelo que se apresenta, temos:

Os públicos social e economicamente desfavorecidos apresentam necessidades específicas em termos de orientação profissional, pelo que a orientação profissional terá que corresponder a um programa integrado que vise ajudar os públicos a construírem uma nova identidade (pessoal, social e profissional), reforçando a sua auto-estima e capacidade para arranjar e manter um emprego correspondente a um projecto profissional coerente e viável;

Os indivíduos que se encontram numa situação de desfavorecimento social e profissional devem poder escolher os programas de formação mais adequados ao seu grau de experiência, de educação, às suas capacidades e às oportunidades no mercado de trabalho;

O projecto de inserção profissional deverá ter em conta a (auto)avaliação das competências e interesses dos indivíduos devendo estes estar consciente dos seus pontos fortes e dos seus pontos fracos;

Quanto mais cedo estes públicos puderem receber orientação profissional melhor será. Isso irá permitir-lhe adoptar "um plano de acção" que se traduz num bom incentivo para que tomem uma posição pró-activa perante o novo ambiente;

Uma auto-avaliação das competências e da experiência profissional, tendo em conta as aptidões e interesses pessoais, ajudam o participante a definir um projecto profissional, bem como um plano de acção para o realizar;

A técnica de "portefólio de competências" é uma eficaz técnica de orientação que é aplicada com o objectivo de dar autonomia aos formandos;

Os métodos activos orientados para o desenvolvimento de capacidades de autonomia, iniciativa, auto-aprendizagem, trabalho em equipa, transferência de saberes e resolução de problemas, contribuem para a preparação de cidadãos dinâmicos, capazes de participar activamente nas organizações e nas comunidades em que se inserem.

O Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação de Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de Exclusão Social, sustenta-se na História de Vida do adulto com particulares dificuldades de inserção, no processo de balanço de competências de que é alvo, em percursos formativos flexíveis e personalizados, centrados no seu desenvolvimento pessoal e social, e na construção do seu projecto de inserção socioprofissional, potenciando-se a sua reconstrução identitária, a sua auto-estima e a sua capacidade para organizar o seu passado tendo em vista o seu futuro, ao mesmo tempo que se promove a sua

14 15I. Concepção do Modelo de Intervenção

autonomia, a sua socialização bem como a sua capacidade para arranjar e manter um emprego.

Face à análise das potencialidades e constrangimentos destes públicos e na busca de uma resposta facilitadora de uma integração socioprofissional sustentável, considerou-se prioritário uma abordagem integrada centrada na pessoa, na sua rede de relações e aprendizagens decorrentes, sustentada na lógica da procura, da flexibilidade e adaptabilidade, minimizadora da privação de saberes sociais e relacionais que compromete experiências formativas e profissionais imediatas, no sentido de garantir a estes públicos o acesso a uma formação qualificante e preparatória da formação profissional efectiva, da integração no mercado de emprego ou da integração em processos de certificação de competências escolares e/ou profissionais.

No caso dos requerentes de asilo, considerou-se prioritário criar e testar um mecanismo que colmatasse as barreiras específicas no domínio cultural, escolar e fluência da língua portuguesa que os impede de aceder ao processo de RVCC, facilitando, igualmente, a sua integração no mercado de trabalho.

O objectivo geral do modelo de intervenção é:Promover a integração socioprofissional de públicos em particular situação de exclusão.

Os seus objectivos específicos são:Promover o trabalho em rede;Promover o desenvolvimento pessoal e social e a reconstrução identitária destes públicos;Promover o (auto)reconhecimento das competências desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, não-formais e

informais; Promover o desenvolvimento de competências-chave facilitadoras da integração socioprofissional; Promover a auto-estima, a autonomia, a auto-confiança e o relacionamento interpessoal numa perspectiva multi e

intercultural/alargamento da rede de relações;Promover a construção de um projecto de integração socioprofissional em conformidade com os interesses e competências

desenvolvidas, bem como com as necessidades/ofertas do mercado de emprego;Preparar a integração em processos de certificação de competências escolares e/ou profissionais (RVCC; RVCC-Pro), em

cursos EFA e/ou no mercado (social) de emprego.

Público-alvoConstituem público alvo deste modelo, adultos maiores de 18 anos com um domínio mínimo da Língua Portuguesa (oral e escrito), com habilitações escolares inferiores ao 3ºciclo do Ensino básico, que necessitem de apoio e aconselhamento na definição de um projecto de vida sustentável em virtude de se encontrarem em processos de exclusão dada a carência de competências sociais e comportamentais associadas a baixos níveis de competências escolares, nomeadamente ao nível da Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade, bem como a percursos escolares e profissionais descontínuos e a reduzida experiência profissional.

Referimo-nos, nomeadamente, a requerentes de asilo, refugiados, imigrantes, desempregados de longa duração, mulheres e homens em fase de (re)inserção, ex-toxicodepentes, ex-reclusos que não conseguem integrar processos de certificação escolar e/ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos ou o mercado de emprego

No âmbito do Projecto VIAAS, a intervenção dirigiu-se em exclusivo a requerentes de asilo (in)documentados, i..e, com e sem autorização de residência provisória.

Agentes promotores

1.2 Objectivos

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1.3 Caracterização dos actores da intervenção

3. O Impacto de Reconhecimento e Cer-

tificação de Competências adquiridas

ao longo da Vida (2004)

Quadro 1. Variáveis de caracterização do público-alvo

Potencialidades Necessidades Obstáculos

.Motivação para participar num processo de orientação/formação com resultados possíveis a médio/ longo prazo;

.Percursos formativos - formação de base (desenvolvimento sócio cultural);

.Desenvolvimento de um programa de competências pessoais e sociais;

.Satisfação de necessidades básicas;

.Reconhecimento de competências

.Reconhecimento social.

.Inclusão socioprofissional.

.Saberes práticos adquiridos em con-textos informais e não formais;

.Competências desenvolvidas em contex-to profissional;

.Rede de Relações institucional (benefi-ciários de apoio ao nível da saúde, habi-tação, transportes, creche);

.Resiliência;

.Desejo de mudar de vida.

.Baixos níveis de escolaridade;

.Baixos níveis de qualificação profis-sional

.Défice de competências pessoais e sociais;

.Défice na satisfação das necessidades básicas;

.Reduzida auto-estima.

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1.1 Caracterização Geral

1.

2.

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7.

O Modelo que se apresenta resultou de um trabalho centrado na metodologia de investigação-acção. A partir das actividades de diagnóstico realizadas na acção 1, e face aos objectivos definidos no projecto que procuravam a criação de um Modelo de RVCC ajustado aos requerentes de asilo, a análise das necessidades específicas deste público e das potencialidades do processo de balanço de competências conduziram ao reequacionamento dos objectivos de trabalho, centrando este na criação de um Modelo de intervenção orientado para a promoção da inserção socioprofissional destes públicos.

De facto, centrar o trabalho num Modelo de RVCC seria correr o risco de replicar em parte o trabalho já desenvolvido pelos Centros RVCC, agora denominados Centros Novas Oportunidades, caracterizados pelo desenvolvimento de um trabalho individualizado, onde os instrumentos de mediação são adaptados ao nível individual. Com efeito, os requerentes de asilo, aquando a regularização da sua situação legal, podem aceder ao Sistema Nacional de RVCC, constituindo somente a questão linguística uma possível barreira ultrapassada com formação apropriada. No entanto, a exploração da história de vida efectuada nos Centros tem como objectivo a desocultação de competências chave definidas num referencial com vista à obtenção de uma certificação escolar (seja ela obtida através do próprio processo de reconhecimento de competências ou através de um percurso educativo/formativo face às necessidades formativas do candidatos).

Desta forma, e tendo em conta a análise de necessidades específicas dos requerentes de asilo, e das potencialidades do todo o processo efectuado nos Centros Novas Oportunidades, nomeadamente ao nível dos impactos do processo de balanço de competências em dimensões mais subjectivas - ao nível da auto-estima, valorização pessoal, motivação quer para a aprendizagem quer para a mudança de atitudes perante o mercado de trabalho, (re)definição de projecto de vida, entre outros 1, as actividades do projecto centraram-se num trabalho de investigação-acção, onde, a partir do modelo de intervenção do CNO da SCML, iriam sendo efectuadas as devidas alterações e readaptações quer a instrumentos, técnicas de intervenção, definição de áreas e dimensões criticas, procurando a consolidação de um novo Modelo de Intervenção que respondesse às necessidades diagnosticadas. Neste processo tomou-se a decisão de aproveitar referenciais já consolidados potenciando quer a sustentabilidade do próprio Modelo, quer a sua possível apropriação por outras entidades.

Como resultados do processo de investigação-acção, e destacando os aspectos mais relevantes na consolidação do Modelo que se apresenta, temos:

Os públicos social e economicamente desfavorecidos apresentam necessidades específicas em termos de orientação profissional, pelo que a orientação profissional terá que corresponder a um programa integrado que vise ajudar os públicos a construírem uma nova identidade (pessoal, social e profissional), reforçando a sua auto-estima e capacidade para arranjar e manter um emprego correspondente a um projecto profissional coerente e viável;

Os indivíduos que se encontram numa situação de desfavorecimento social e profissional devem poder escolher os programas de formação mais adequados ao seu grau de experiência, de educação, às suas capacidades e às oportunidades no mercado de trabalho;

O projecto de inserção profissional deverá ter em conta a (auto)avaliação das competências e interesses dos indivíduos devendo estes estar consciente dos seus pontos fortes e dos seus pontos fracos;

Quanto mais cedo estes públicos puderem receber orientação profissional melhor será. Isso irá permitir-lhe adoptar "um plano de acção" que se traduz num bom incentivo para que tomem uma posição pró-activa perante o novo ambiente;

Uma auto-avaliação das competências e da experiência profissional, tendo em conta as aptidões e interesses pessoais, ajudam o participante a definir um projecto profissional, bem como um plano de acção para o realizar;

A técnica de "portefólio de competências" é uma eficaz técnica de orientação que é aplicada com o objectivo de dar autonomia aos formandos;

Os métodos activos orientados para o desenvolvimento de capacidades de autonomia, iniciativa, auto-aprendizagem, trabalho em equipa, transferência de saberes e resolução de problemas, contribuem para a preparação de cidadãos dinâmicos, capazes de participar activamente nas organizações e nas comunidades em que se inserem.

O Modelo Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação de Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de Exclusão Social, sustenta-se na História de Vida do adulto com particulares dificuldades de inserção, no processo de balanço de competências de que é alvo, em percursos formativos flexíveis e personalizados, centrados no seu desenvolvimento pessoal e social, e na construção do seu projecto de inserção socioprofissional, potenciando-se a sua reconstrução identitária, a sua auto-estima e a sua capacidade para organizar o seu passado tendo em vista o seu futuro, ao mesmo tempo que se promove a sua

14 15I. Concepção do Modelo de Intervenção

autonomia, a sua socialização bem como a sua capacidade para arranjar e manter um emprego.

Face à análise das potencialidades e constrangimentos destes públicos e na busca de uma resposta facilitadora de uma integração socioprofissional sustentável, considerou-se prioritário uma abordagem integrada centrada na pessoa, na sua rede de relações e aprendizagens decorrentes, sustentada na lógica da procura, da flexibilidade e adaptabilidade, minimizadora da privação de saberes sociais e relacionais que compromete experiências formativas e profissionais imediatas, no sentido de garantir a estes públicos o acesso a uma formação qualificante e preparatória da formação profissional efectiva, da integração no mercado de emprego ou da integração em processos de certificação de competências escolares e/ou profissionais.

No caso dos requerentes de asilo, considerou-se prioritário criar e testar um mecanismo que colmatasse as barreiras específicas no domínio cultural, escolar e fluência da língua portuguesa que os impede de aceder ao processo de RVCC, facilitando, igualmente, a sua integração no mercado de trabalho.

O objectivo geral do modelo de intervenção é:Promover a integração socioprofissional de públicos em particular situação de exclusão.

Os seus objectivos específicos são:Promover o trabalho em rede;Promover o desenvolvimento pessoal e social e a reconstrução identitária destes públicos;Promover o (auto)reconhecimento das competências desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, não-formais e

informais; Promover o desenvolvimento de competências-chave facilitadoras da integração socioprofissional; Promover a auto-estima, a autonomia, a auto-confiança e o relacionamento interpessoal numa perspectiva multi e

intercultural/alargamento da rede de relações;Promover a construção de um projecto de integração socioprofissional em conformidade com os interesses e competências

desenvolvidas, bem como com as necessidades/ofertas do mercado de emprego;Preparar a integração em processos de certificação de competências escolares e/ou profissionais (RVCC; RVCC-Pro), em

cursos EFA e/ou no mercado (social) de emprego.

Público-alvoConstituem público alvo deste modelo, adultos maiores de 18 anos com um domínio mínimo da Língua Portuguesa (oral e escrito), com habilitações escolares inferiores ao 3ºciclo do Ensino básico, que necessitem de apoio e aconselhamento na definição de um projecto de vida sustentável em virtude de se encontrarem em processos de exclusão dada a carência de competências sociais e comportamentais associadas a baixos níveis de competências escolares, nomeadamente ao nível da Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade, bem como a percursos escolares e profissionais descontínuos e a reduzida experiência profissional.

Referimo-nos, nomeadamente, a requerentes de asilo, refugiados, imigrantes, desempregados de longa duração, mulheres e homens em fase de (re)inserção, ex-toxicodepentes, ex-reclusos que não conseguem integrar processos de certificação escolar e/ou profissional, cursos de Educação e Formação de Adultos ou o mercado de emprego

No âmbito do Projecto VIAAS, a intervenção dirigiu-se em exclusivo a requerentes de asilo (in)documentados, i..e, com e sem autorização de residência provisória.

Agentes promotores

1.2 Objectivos

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1.3 Caracterização dos actores da intervenção

3. O Impacto de Reconhecimento e Cer-

tificação de Competências adquiridas

ao longo da Vida (2004)

Quadro 1. Variáveis de caracterização do público-alvo

Potencialidades Necessidades Obstáculos

.Motivação para participar num processo de orientação/formação com resultados possíveis a médio/ longo prazo;

.Percursos formativos - formação de base (desenvolvimento sócio cultural);

.Desenvolvimento de um programa de competências pessoais e sociais;

.Satisfação de necessidades básicas;

.Reconhecimento de competências

.Reconhecimento social.

.Inclusão socioprofissional.

.Saberes práticos adquiridos em con-textos informais e não formais;

.Competências desenvolvidas em contex-to profissional;

.Rede de Relações institucional (benefi-ciários de apoio ao nível da saúde, habi-tação, transportes, creche);

.Resiliência;

.Desejo de mudar de vida.

.Baixos níveis de escolaridade;

.Baixos níveis de qualificação profis-sional

.Défice de competências pessoais e sociais;

.Défice na satisfação das necessidades básicas;

.Reduzida auto-estima.

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O Modelo que se apresenta pode ser desenvolvido por um conjunto diverso de entidades que desenvolvem a sua actividade na promoção da inserção social do público-alvo. Dadas as características e operacionalização deste Modelo, apresentado no segundo bloco deste capítulo, a entidade promotora deverá, preferencialmente, constituir uma Parceria de Desenvolvimento de projecto, constituída por entidades que, entre si, reúnam as seguintes características:

Experiência e/ou valorização do trabalho em parceria e em rede; Experiência de trabalho com adultos em situação de exclusão; (ao nível do apoio psíquico, socio-económico e jurídico, ao nível

da formação e educação de adultos, ao nível da ocupação dos seus tempos livres/actividades de voluntariado, ao nível da integração profissional);

Capacidade de iniciativa e de experimentação (pro-actividade);Autonomia para implementar novas metodologias, técnicas e instrumentos ao nível dos procedimentos e da organização,

bem como da planificação, concepção, dinamização e avaliação de conteúdos;Conhecimento alargado sobre a realidade económico-social da sociedade portuguesa e, em particular, sobre o sistema

nacional de educação, formação profissional, mercado(social) de emprego, políticas/medidas de inserção, bem como sobre as problemáticas da exclusão social e da diversidade cultural;

Competências instrumentais/técnicas (e.g.: domínio de metodologias participativas e do referencial de Educação e Formação de Adultos, capacidade para conceber dispositivos de diferenciação pedagógica; capacidade para planificar transversalmente as suas actividades);

Competências pessoais, interpessoais e de adaptabilidade (e.g.: estabelecer objectivos, dar e receber feedback, resolver problemas e tomar decisões; capacidade de negociação; capacidade para partilhar informação/conhecimento; capacidade para questionar as próprias práticas (auto-avaliação); capacidade para resistir à frustração; capacidade de comunicação e argumentação, capacidade para reconhecer e aceitar a diversidade do Outro, capacidade para adequar as actividades e procedimentos a públicos e a contextos diferenciados);

Autonomia financeira (desejavelmente).

Exemplos de possíveis parceiros para efeitos de dinamização e/ou disseminação do modelo: Núcleos de Formação e Orientação; Serviços de Acção Social, Associações de Imigrantes, ONG(D) e IPSS com ofertas formativas para públicos em situação de exclusão, Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN), Casa Pia de Lisboa, Conselho Português para os Refugiados, Câmaras

Municipais, Centros Novas Oportunidades, IEFP, Centros de Formação Profissional, Instituto de Segurança Social (ISS).

Referimo-nos, especificamente, a técnicos de informação e orientação profissional, técnicos de emprego (colocadores, promotores de emprego, técnicos de (re)inserção), profissionais da formação (formadores, animadores, professores, tutores, coordenadores pedagógicos, mediadores) e a outros profissionais de apoio à formação-inserção (mediadores sociais, técnicos de serviço social, psicólogos), agentes de desenvolvimento local.

No âmbito do projecto VIAAS, a Parceria de Desenvolvimento conjugou o apoio e o acompanhamento jurídico e socioeconómico (habitação, saúde, mobilidade, apoio psicológico) – através do CPR e do SES/SCML - com aulas de português dirigido e actividades sócio-culturais promovidas pelo CPR, com actividades de (auto)reconhecimento de competências promovidas pelo CNO/SCML, com formação de base nas áreas de competências-chave previstas no Referencial de Educação e Formação de Adultos, promovida pelo OFIP/SCML, bem como com actividades de voluntariado, por intermédio da C.M. de Loures, e de trabalho de projecto através do CNO e do SES da SCML.

Estas diferentes entidades desempenharam um papel activo e em rede no que concerne às seguintes actividades:Sinalização, selecção e recrutamento do público-alvo do projecto;Concepção e realização de um diagnóstico de necessidades básicas com vista à sinalização e resolução de situações-

problema;Concepção e realização de diagnósticos de necessidades formativas;(Re)definição de estratégias de desenvolvimento do projecto de integração socioprofissional dos participantesAcompanhamento contínuo dos participantes;Capacitação/empowerment dos participantes;Validação e disseminação do modelo de intervenção.

Gestor de caso - Técnico de reconhecimentoTodo o trabalho desenvolvido deverá ser articulado e gerido por um elemento chave - Gestor de caso – que será o técnico que irá desenvolver todo processo de Construção do Portefólio com os candidatos, e que deverá assumir o seguinte perfil:

Formação superior em Ciências Sociais;Competências de relacionamento inter-pessoal;

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1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

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Competências para trabalhar em grupo/ experiência e/ou valorização do trabalho em parceria e em rede;Competências de adaptabilidade e flexibilidade (capacidade para adequar o modelo a públicos e a contextos diferenciados);Domínio de línguas estrangeiras universais;Conhecimento alargado sobre a realidade económico-social da sociedade portuguesa e, em particular, sobre o sistema

nacional de educação, formação profissional e o mercado(social) de emprego.Conhecimento alargado sobre as problemáticas da inclusão/exclusão social e da diversidade cultural;Domínio do Referencial de Educação e Formação de Adultos, da metodologia da História de Vida e da técnica de Balanço de

Competências Capacidade para planificar transversalmente as suas actividades;Capacidade para monitorizar o processo de Balanço de Competências;Capacidade para questionar as próprias práticas (auto-avaliação);Capacidade de comunicação e argumentação;Capacidade para resistir à frustração;Capacidade de iniciativa e de experimentação (pro-actividade).

A importância do gestor de caso se assumir como pelo técnico de reconhecimento de competências deve-se ao facto deste acompanhar os participantes ao longo de todo o processo de orientação, formação e integração, estabelecendo uma relação de confiança contínua com cada um deles, como também porque é a partir do processo de Balanço de Competências que a intervenção se vai (re)desenhando e desenvolvendo em rede, assumindo o gestor de casos o papel de mediador entre os participantes e os diversos técnicos que os acompanham (e.g.: formadores, técnicos de serviço social/jurídico, técnicos responsáveis por actividades de voluntariado, tutores no âmbito da formação em contexto real de trabalho).

Foi esta a opção tomada no âmbito do projecto VIAAS.

O modelo proposto estrutura-se em torno de três eixos de intervenção:

Balanço de CompetênciasFormação - BaseProjecto de Integração socioprofissional

De salientar que não se trata de um processo estático e segmentado. Com efeito, os três eixos de intervenção são operacionalizados em complementaridade e transversalmente numa dinâmica de reciprocidade permanente e seguindo as lógicas da investigação-acção e da rentabilização de recursos.

De salientar, ainda, que a metodologia investigação-acção é transversal a todo o modelo permitindo a sua (re)definição e consolidação numa lógica de colaboração contínua entre os diversos actores envolvidos, incluindo os beneficiários directos.

Balanço de CompetênciasCom o objectivo de identificar as competências dos participantes (ao nível do Saber-Ser/Estar, Saber-Saber e do Saber-Fazer) não para efeitos de certificação escolar mas, antes sim, para efeitos da (re)definição do seu projecto de vida e da sua reconstrução identitária, o que pressupõe o reconhecimento ou o treino da capacidade para mobilizar essas mesmas competências para futuras experiências sociais e profissionais, efectua-se um processo de balanço de competências a partir da reflexão e exploração da sua História de Vida e da sua identidade pessoal, social e profissional i.e., do conhecimento e da análise do seu percurso escolar, profissional e formativo, das suas actividades no âmbito da respectiva rede de relações (não)institucional, bem como das suas características, valores, atitudes, interesses e objectivos pessoais e profissionais .

A sequência dos contextos/ dimensões a explorar no âmbito da História de Vida e da Identidade Pessoal, Social e Profissional é adaptada a cada adulto e à medida que a relação de confiança entre ele e o técnico se estabelece, aplicando-se o mesmo princípio em relação aos métodos e instrumentos utilizados.

O Balanço de Competências é desenvolvido individualmente e em grupo, seguindo de perto o Referencial de Competências-Chave de Educação e Formação de Adultos – visto ser considerado como o mais apropriado para a intervenção junto de públicos social e economicamente desfavorecidos (Equal, 2002), recorrendo a instrumentos que reportam o adulto para o seu percurso escolar, profissional e formativo, bem como para a sua rede de relações, identidade e objectivos de integração socioprofissional, e pressupõe a articulação com os diversos parceiros para efeitos do desenvolvimento das competências em falta ou parcialmente desenvolvidas e da capacitação para a resolução de situações-problema.

Os exemplos que em seguida se apresentam traduzem o trabalho em parceria e em rede que foi possível fazer no âmbito do balanço de competências dirigido a requerentes de asilo.Ex1: os instrumentos de mediação aplicados no âmbito do processo de reconhecimento de competências serviram de base ao desenvolvimento de competências no domínio da Língua Portuguesa no contexto das aulas de português dirigido promovidas pelo CPR, sendo que os conteúdos produzidos pelo requerente de asilo nessas aulas, nomeadamente aqueles que reportam

16 17I. Concepção do Modelo de Intervenção

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O Modelo que se apresenta pode ser desenvolvido por um conjunto diverso de entidades que desenvolvem a sua actividade na promoção da inserção social do público-alvo. Dadas as características e operacionalização deste Modelo, apresentado no segundo bloco deste capítulo, a entidade promotora deverá, preferencialmente, constituir uma Parceria de Desenvolvimento de projecto, constituída por entidades que, entre si, reúnam as seguintes características:

Experiência e/ou valorização do trabalho em parceria e em rede; Experiência de trabalho com adultos em situação de exclusão; (ao nível do apoio psíquico, socio-económico e jurídico, ao nível

da formação e educação de adultos, ao nível da ocupação dos seus tempos livres/actividades de voluntariado, ao nível da integração profissional);

Capacidade de iniciativa e de experimentação (pro-actividade);Autonomia para implementar novas metodologias, técnicas e instrumentos ao nível dos procedimentos e da organização,

bem como da planificação, concepção, dinamização e avaliação de conteúdos;Conhecimento alargado sobre a realidade económico-social da sociedade portuguesa e, em particular, sobre o sistema

nacional de educação, formação profissional, mercado(social) de emprego, políticas/medidas de inserção, bem como sobre as problemáticas da exclusão social e da diversidade cultural;

Competências instrumentais/técnicas (e.g.: domínio de metodologias participativas e do referencial de Educação e Formação de Adultos, capacidade para conceber dispositivos de diferenciação pedagógica; capacidade para planificar transversalmente as suas actividades);

Competências pessoais, interpessoais e de adaptabilidade (e.g.: estabelecer objectivos, dar e receber feedback, resolver problemas e tomar decisões; capacidade de negociação; capacidade para partilhar informação/conhecimento; capacidade para questionar as próprias práticas (auto-avaliação); capacidade para resistir à frustração; capacidade de comunicação e argumentação, capacidade para reconhecer e aceitar a diversidade do Outro, capacidade para adequar as actividades e procedimentos a públicos e a contextos diferenciados);

Autonomia financeira (desejavelmente).

Exemplos de possíveis parceiros para efeitos de dinamização e/ou disseminação do modelo: Núcleos de Formação e Orientação; Serviços de Acção Social, Associações de Imigrantes, ONG(D) e IPSS com ofertas formativas para públicos em situação de exclusão, Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN), Casa Pia de Lisboa, Conselho Português para os Refugiados, Câmaras

Municipais, Centros Novas Oportunidades, IEFP, Centros de Formação Profissional, Instituto de Segurança Social (ISS).

Referimo-nos, especificamente, a técnicos de informação e orientação profissional, técnicos de emprego (colocadores, promotores de emprego, técnicos de (re)inserção), profissionais da formação (formadores, animadores, professores, tutores, coordenadores pedagógicos, mediadores) e a outros profissionais de apoio à formação-inserção (mediadores sociais, técnicos de serviço social, psicólogos), agentes de desenvolvimento local.

No âmbito do projecto VIAAS, a Parceria de Desenvolvimento conjugou o apoio e o acompanhamento jurídico e socioeconómico (habitação, saúde, mobilidade, apoio psicológico) – através do CPR e do SES/SCML - com aulas de português dirigido e actividades sócio-culturais promovidas pelo CPR, com actividades de (auto)reconhecimento de competências promovidas pelo CNO/SCML, com formação de base nas áreas de competências-chave previstas no Referencial de Educação e Formação de Adultos, promovida pelo OFIP/SCML, bem como com actividades de voluntariado, por intermédio da C.M. de Loures, e de trabalho de projecto através do CNO e do SES da SCML.

Estas diferentes entidades desempenharam um papel activo e em rede no que concerne às seguintes actividades:Sinalização, selecção e recrutamento do público-alvo do projecto;Concepção e realização de um diagnóstico de necessidades básicas com vista à sinalização e resolução de situações-

problema;Concepção e realização de diagnósticos de necessidades formativas;(Re)definição de estratégias de desenvolvimento do projecto de integração socioprofissional dos participantesAcompanhamento contínuo dos participantes;Capacitação/empowerment dos participantes;Validação e disseminação do modelo de intervenção.

Gestor de caso - Técnico de reconhecimentoTodo o trabalho desenvolvido deverá ser articulado e gerido por um elemento chave - Gestor de caso – que será o técnico que irá desenvolver todo processo de Construção do Portefólio com os candidatos, e que deverá assumir o seguinte perfil:

Formação superior em Ciências Sociais;Competências de relacionamento inter-pessoal;

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1.4 Eixos de Intervenção e Metodologia

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Competências para trabalhar em grupo/ experiência e/ou valorização do trabalho em parceria e em rede;Competências de adaptabilidade e flexibilidade (capacidade para adequar o modelo a públicos e a contextos diferenciados);Domínio de línguas estrangeiras universais;Conhecimento alargado sobre a realidade económico-social da sociedade portuguesa e, em particular, sobre o sistema

nacional de educação, formação profissional e o mercado(social) de emprego.Conhecimento alargado sobre as problemáticas da inclusão/exclusão social e da diversidade cultural;Domínio do Referencial de Educação e Formação de Adultos, da metodologia da História de Vida e da técnica de Balanço de

Competências Capacidade para planificar transversalmente as suas actividades;Capacidade para monitorizar o processo de Balanço de Competências;Capacidade para questionar as próprias práticas (auto-avaliação);Capacidade de comunicação e argumentação;Capacidade para resistir à frustração;Capacidade de iniciativa e de experimentação (pro-actividade).

A importância do gestor de caso se assumir como pelo técnico de reconhecimento de competências deve-se ao facto deste acompanhar os participantes ao longo de todo o processo de orientação, formação e integração, estabelecendo uma relação de confiança contínua com cada um deles, como também porque é a partir do processo de Balanço de Competências que a intervenção se vai (re)desenhando e desenvolvendo em rede, assumindo o gestor de casos o papel de mediador entre os participantes e os diversos técnicos que os acompanham (e.g.: formadores, técnicos de serviço social/jurídico, técnicos responsáveis por actividades de voluntariado, tutores no âmbito da formação em contexto real de trabalho).

Foi esta a opção tomada no âmbito do projecto VIAAS.

O modelo proposto estrutura-se em torno de três eixos de intervenção:

Balanço de CompetênciasFormação - BaseProjecto de Integração socioprofissional

De salientar que não se trata de um processo estático e segmentado. Com efeito, os três eixos de intervenção são operacionalizados em complementaridade e transversalmente numa dinâmica de reciprocidade permanente e seguindo as lógicas da investigação-acção e da rentabilização de recursos.

De salientar, ainda, que a metodologia investigação-acção é transversal a todo o modelo permitindo a sua (re)definição e consolidação numa lógica de colaboração contínua entre os diversos actores envolvidos, incluindo os beneficiários directos.

Balanço de CompetênciasCom o objectivo de identificar as competências dos participantes (ao nível do Saber-Ser/Estar, Saber-Saber e do Saber-Fazer) não para efeitos de certificação escolar mas, antes sim, para efeitos da (re)definição do seu projecto de vida e da sua reconstrução identitária, o que pressupõe o reconhecimento ou o treino da capacidade para mobilizar essas mesmas competências para futuras experiências sociais e profissionais, efectua-se um processo de balanço de competências a partir da reflexão e exploração da sua História de Vida e da sua identidade pessoal, social e profissional i.e., do conhecimento e da análise do seu percurso escolar, profissional e formativo, das suas actividades no âmbito da respectiva rede de relações (não)institucional, bem como das suas características, valores, atitudes, interesses e objectivos pessoais e profissionais .

A sequência dos contextos/ dimensões a explorar no âmbito da História de Vida e da Identidade Pessoal, Social e Profissional é adaptada a cada adulto e à medida que a relação de confiança entre ele e o técnico se estabelece, aplicando-se o mesmo princípio em relação aos métodos e instrumentos utilizados.

O Balanço de Competências é desenvolvido individualmente e em grupo, seguindo de perto o Referencial de Competências-Chave de Educação e Formação de Adultos – visto ser considerado como o mais apropriado para a intervenção junto de públicos social e economicamente desfavorecidos (Equal, 2002), recorrendo a instrumentos que reportam o adulto para o seu percurso escolar, profissional e formativo, bem como para a sua rede de relações, identidade e objectivos de integração socioprofissional, e pressupõe a articulação com os diversos parceiros para efeitos do desenvolvimento das competências em falta ou parcialmente desenvolvidas e da capacitação para a resolução de situações-problema.

Os exemplos que em seguida se apresentam traduzem o trabalho em parceria e em rede que foi possível fazer no âmbito do balanço de competências dirigido a requerentes de asilo.Ex1: os instrumentos de mediação aplicados no âmbito do processo de reconhecimento de competências serviram de base ao desenvolvimento de competências no domínio da Língua Portuguesa no contexto das aulas de português dirigido promovidas pelo CPR, sendo que os conteúdos produzidos pelo requerente de asilo nessas aulas, nomeadamente aqueles que reportam

16 17I. Concepção do Modelo de Intervenção

Page 18: Modelo Integrado - VIAASviaas.refugiados.net/pdfs/modelo_integrado2008.pdf · veículo privilegiado para a inserção social destes públicos., a Parceria de Desenvolvimento ... competências

18 19I. Concepção do Modelo de Intervenção

para as actividades sócio-culturais em que participou, foram alvo de um processo de desocultação de competências nas sessões de balanço de competências efectuadas pelo CNO;

Ex2: a formadora de Cidadania (módulo incluído na acção de Linguagem e Comunicação promovida pelo OFIP) promoveu o desenvolvimento de competências de empregabilidade que foram previamente identificadas nas sessões de balanço de competências como estando parcialmente desenvolvidas ou por desenvolver (e.g.: como fazer um CV, como se preparar para uma entrevista de emprego);

Ex3: situações-problemas sinalizadas pela técnica do SES foram alvo de um trabalho de reconhecimento e/ou de treino de competências com vista à sua resolução por parte do requerente de asilo, no contexto das sessões de balanço de competências.

Ex4: a técnica que acompanha os adultos na actividade de voluntariado potenciou o desenvolvimento de competências que foram previamente identificadas nas sessões de balanço de competências como estando parcialmente desenvolvidas ou por desenvolver, sendo que a técnica de reconhecimento de competências promoveu a produção de conteúdos em torno da actividade de voluntariado (Diário de Bordo) com vista à desocultação de competências potenciadas por essa experiência.

As sessões de balanço de competências traduzem-se, assim, num processo flexível, i.e., adaptado a cada participante, proporcionando-lhe ocasiões de reflexão e de avaliação da sua experiência de vida, levando-o à identificação das suas competências, potencialidades e limitações/necessidades e à construção de projectos pessoais e profissionais significativos e exequíveis que potenciem a sua autonomia e a sua reconstrução identitária, com a consequente mudança ao nível comportamental e ao nível do seu estilo de vida.

O resultado da avaliação vai (re)definir o percurso de inserção mais ajustado ao participante, respeitando contudo os seus interesses e identidade cultural, podendo implicar o prosseguimento de um percurso formação/certificação, a inclusão em programas no âmbito do mercado social de emprego ou em actividades de voluntariado, ou ainda o apoio à inserção no mercado de trabalho.

Formação de BaseA formação de base segue uma abordagem diversificada, com itinerários flexíveis, adaptados, abertos e desenhados à medida,

tanto quanto possível individualizados, partindo das diversas potencialidades e necessidades identificadas, permitindo aos formandos aprender a aprender nas suas quatro vertentes: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a estar e aprender a fazer.

Trata-se de uma preparação para a frequência de uma acção de formação qualificante constituindo-se, portanto, como uma modalidade de formação ao nível do desenvolvimento sociocultural ou pré-profissional que não deve ser entendida como um fim em si mesmo mas, antes sim, como um ponto de partida para uma qualificação, certificação ou efectiva inserção socioprofissional.

Este eixo de intervenção, e face as características do público-alvo, segue a estrutura do referencial de Competências Chave de Educação e Formação de Adultos, assumindo as áreas de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade papel chave e prioritário na integração social deste públicos:

Linguagem e Comunicação (LC) Cidadania e Empregabilidade (CE) Matemática para a Vida (MV)Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

Salienta-se que a área de Cidadania e Empregabilidade, em particular, permite promover:O desenvolvimento de competências transferíveis para diferentes contextos: pessoal, social e/ou profissional;A diferenciação pedagógica no contexto formativo pela aceitação e valorização da diferença e do adquirido;A aquisição de competências pessoais e sociais – requisitos essenciais nos novos perfis profissionais facilitando a (re)inserção no mercado de trabalho;A transversalidade dos conteúdos e conhecimentos trabalhados, atribuindo-lhes um maior significado e coerência das aprendizagens;

Cada uma das áreas de formação funciona como um sistema modular, organizado em módulos ou unidades de formação, organizados por competências, que privilegiam a diferenciação dos percursos formativos, a individualização e a contextualização da formação ao meio socioeconómico, cultural e profissional dos formandos.

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Projecto de Integração SocioprofissionalO projecto de Integração socioprofissional é desenvolvido com o objectivo geral de apoiar os participantes a definir um projecto de integração socioprofissional sustentável, tendo em conta as suas competências, potencialidades e necessidades formativas – identificadas no âmbito do Balanço de Competências/exploração da História de Vida e no contexto dos percursos formativos experienciados - e, por outro lado, as necessidades/ofertas reais do mercado (social) de emprego identificadas e exploradas com o adulto nas sessões de Balanço de Competências ou no âmbito da formação na área da Cidadania e Empregabilidade ou no contexto de uma UNIVA.

A construção do Projecto implica o planeamento e o registo de metas a atingir por parte dos participantes, bem como as necessárias medidas de operacionalização para a concretização das mesmas, perspectivadas nas seguintes áreas:

Empregabilidade directa (e.g.: obtenção de emprego – como e onde procurar, elaboração do CV e de carta de apresentação, identificação de recursos existentes para a obtenção de microcrédito);Programa de formação (e.g.: exploração de ofertas formativas; onde e como pesquisar; perfil de entrada; contacto directo com o contexto/módulo prático de um curso de formação profissional);Integração profissional numa área específica (e.g.: empresas de inserção; caracterização da profissão, observação directa de um dia na vida de um profissional);

O projecto poderá igualmente servir de suporte à posterior validação e certificação de competências no âmbito dos Centros Novas Oportunidades.

A construção do projecto deverá ser orientada pelo técnico de reconhecimento de competências em articulação com o técnico de serviço social e com os formadores das áreas de competência-chave e, em particular, com o formador da área de Cidadania e Empregabilidade, constituindo-se assim como o tema gerador das aprendizagens feitas em contexto formativo, seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade.

O Portefólio Pessoal/Vocacional como ferramenta-chaveA exploração da História de Vida e da identidade do adulto, bem como a elaboração do seu Projecto de integração socioprofissional são compilados num Portefólio Pessoal/Vocacional que é construído pelo próprio sob a orientação do técnico que o acompanha.

A construção do Portefólio é, pois, perspectivada como um processo de desenvolvimento, suporte e acumulativo contínuo, com o objectivo de registar, arquivar e documentar experiências de vida significativas para o participante, as aprendizagens decorrentes e as competências desenvolvidas em contextos formais, não formais e informais, bem como de evidenciar os seus objectivos de vida, o seu perfil e projecto vocacional com vista à integração socioprofissional.

O Portefólio Vocacional inclui balanço de competências pelo menos nas áreas de competência-chave prioritárias (Linguagem e Comunicação, e Cidadania e Empregabilidade), bem como o Projecto de integração socioprofissional e o C.V europeu.

O Portefólio Pessoal/Vocacional poderá, também, ser submetido para efeitos de certificação escolar nos CNO e/ou profissional no IEFP- RVCC-Pro, após a conclusão do processo em questão, sendo que o Portefólio Vocacional, em particular, poderá também ser submetido à apreciação de agentes económicos locais em ordem à integração profissional do seu autor.

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1.5 Princípios Estruturantes

Modelo de Intervenção

História de Vida/Identidade pessoal e social:

Adulto

.Características, valores e atitudes pessoais

.Percurso Escolar

.Percurso Formativo

.

.Redes de Relações

.Tempos Livres

.Interesses e Objectivos

Percurso Profissional

Formação de Base

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.Cidadania e Empregabilidade

.Matemática para a Vida

.Tecnologias de Informação e Comunicação

Linguagem e Comunicação

Empregabilidade

Programa de formaçãoprofissional

Inserção profissional

CV Europeu

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18 19I. Concepção do Modelo de Intervenção

para as actividades sócio-culturais em que participou, foram alvo de um processo de desocultação de competências nas sessões de balanço de competências efectuadas pelo CNO;

Ex2: a formadora de Cidadania (módulo incluído na acção de Linguagem e Comunicação promovida pelo OFIP) promoveu o desenvolvimento de competências de empregabilidade que foram previamente identificadas nas sessões de balanço de competências como estando parcialmente desenvolvidas ou por desenvolver (e.g.: como fazer um CV, como se preparar para uma entrevista de emprego);

Ex3: situações-problemas sinalizadas pela técnica do SES foram alvo de um trabalho de reconhecimento e/ou de treino de competências com vista à sua resolução por parte do requerente de asilo, no contexto das sessões de balanço de competências.

Ex4: a técnica que acompanha os adultos na actividade de voluntariado potenciou o desenvolvimento de competências que foram previamente identificadas nas sessões de balanço de competências como estando parcialmente desenvolvidas ou por desenvolver, sendo que a técnica de reconhecimento de competências promoveu a produção de conteúdos em torno da actividade de voluntariado (Diário de Bordo) com vista à desocultação de competências potenciadas por essa experiência.

As sessões de balanço de competências traduzem-se, assim, num processo flexível, i.e., adaptado a cada participante, proporcionando-lhe ocasiões de reflexão e de avaliação da sua experiência de vida, levando-o à identificação das suas competências, potencialidades e limitações/necessidades e à construção de projectos pessoais e profissionais significativos e exequíveis que potenciem a sua autonomia e a sua reconstrução identitária, com a consequente mudança ao nível comportamental e ao nível do seu estilo de vida.

O resultado da avaliação vai (re)definir o percurso de inserção mais ajustado ao participante, respeitando contudo os seus interesses e identidade cultural, podendo implicar o prosseguimento de um percurso formação/certificação, a inclusão em programas no âmbito do mercado social de emprego ou em actividades de voluntariado, ou ainda o apoio à inserção no mercado de trabalho.

Formação de BaseA formação de base segue uma abordagem diversificada, com itinerários flexíveis, adaptados, abertos e desenhados à medida,

tanto quanto possível individualizados, partindo das diversas potencialidades e necessidades identificadas, permitindo aos formandos aprender a aprender nas suas quatro vertentes: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a estar e aprender a fazer.

Trata-se de uma preparação para a frequência de uma acção de formação qualificante constituindo-se, portanto, como uma modalidade de formação ao nível do desenvolvimento sociocultural ou pré-profissional que não deve ser entendida como um fim em si mesmo mas, antes sim, como um ponto de partida para uma qualificação, certificação ou efectiva inserção socioprofissional.

Este eixo de intervenção, e face as características do público-alvo, segue a estrutura do referencial de Competências Chave de Educação e Formação de Adultos, assumindo as áreas de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade papel chave e prioritário na integração social deste públicos:

Linguagem e Comunicação (LC) Cidadania e Empregabilidade (CE) Matemática para a Vida (MV)Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

Salienta-se que a área de Cidadania e Empregabilidade, em particular, permite promover:O desenvolvimento de competências transferíveis para diferentes contextos: pessoal, social e/ou profissional;A diferenciação pedagógica no contexto formativo pela aceitação e valorização da diferença e do adquirido;A aquisição de competências pessoais e sociais – requisitos essenciais nos novos perfis profissionais facilitando a (re)inserção no mercado de trabalho;A transversalidade dos conteúdos e conhecimentos trabalhados, atribuindo-lhes um maior significado e coerência das aprendizagens;

Cada uma das áreas de formação funciona como um sistema modular, organizado em módulos ou unidades de formação, organizados por competências, que privilegiam a diferenciação dos percursos formativos, a individualização e a contextualização da formação ao meio socioeconómico, cultural e profissional dos formandos.

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Projecto de Integração SocioprofissionalO projecto de Integração socioprofissional é desenvolvido com o objectivo geral de apoiar os participantes a definir um projecto de integração socioprofissional sustentável, tendo em conta as suas competências, potencialidades e necessidades formativas – identificadas no âmbito do Balanço de Competências/exploração da História de Vida e no contexto dos percursos formativos experienciados - e, por outro lado, as necessidades/ofertas reais do mercado (social) de emprego identificadas e exploradas com o adulto nas sessões de Balanço de Competências ou no âmbito da formação na área da Cidadania e Empregabilidade ou no contexto de uma UNIVA.

A construção do Projecto implica o planeamento e o registo de metas a atingir por parte dos participantes, bem como as necessárias medidas de operacionalização para a concretização das mesmas, perspectivadas nas seguintes áreas:

Empregabilidade directa (e.g.: obtenção de emprego – como e onde procurar, elaboração do CV e de carta de apresentação, identificação de recursos existentes para a obtenção de microcrédito);Programa de formação (e.g.: exploração de ofertas formativas; onde e como pesquisar; perfil de entrada; contacto directo com o contexto/módulo prático de um curso de formação profissional);Integração profissional numa área específica (e.g.: empresas de inserção; caracterização da profissão, observação directa de um dia na vida de um profissional);

O projecto poderá igualmente servir de suporte à posterior validação e certificação de competências no âmbito dos Centros Novas Oportunidades.

A construção do projecto deverá ser orientada pelo técnico de reconhecimento de competências em articulação com o técnico de serviço social e com os formadores das áreas de competência-chave e, em particular, com o formador da área de Cidadania e Empregabilidade, constituindo-se assim como o tema gerador das aprendizagens feitas em contexto formativo, seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade.

O Portefólio Pessoal/Vocacional como ferramenta-chaveA exploração da História de Vida e da identidade do adulto, bem como a elaboração do seu Projecto de integração socioprofissional são compilados num Portefólio Pessoal/Vocacional que é construído pelo próprio sob a orientação do técnico que o acompanha.

A construção do Portefólio é, pois, perspectivada como um processo de desenvolvimento, suporte e acumulativo contínuo, com o objectivo de registar, arquivar e documentar experiências de vida significativas para o participante, as aprendizagens decorrentes e as competências desenvolvidas em contextos formais, não formais e informais, bem como de evidenciar os seus objectivos de vida, o seu perfil e projecto vocacional com vista à integração socioprofissional.

O Portefólio Vocacional inclui balanço de competências pelo menos nas áreas de competência-chave prioritárias (Linguagem e Comunicação, e Cidadania e Empregabilidade), bem como o Projecto de integração socioprofissional e o C.V europeu.

O Portefólio Pessoal/Vocacional poderá, também, ser submetido para efeitos de certificação escolar nos CNO e/ou profissional no IEFP- RVCC-Pro, após a conclusão do processo em questão, sendo que o Portefólio Vocacional, em particular, poderá também ser submetido à apreciação de agentes económicos locais em ordem à integração profissional do seu autor.

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1.5 Princípios Estruturantes

Modelo de Intervenção

História de Vida/Identidade pessoal e social:

Adulto

.Características, valores e atitudes pessoais

.Percurso Escolar

.Percurso Formativo

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.Redes de Relações

.Tempos Livres

.Interesses e Objectivos

Percurso Profissional

Formação de Base

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.Cidadania e Empregabilidade

.Matemática para a Vida

.Tecnologias de Informação e Comunicação

Linguagem e Comunicação

Empregabilidade

Programa de formaçãoprofissional

Inserção profissional

CV Europeu

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20 21I. Concepção do Modelo de Intervenção

O modelo de intervenção sustenta-se em quatro grandes princípios estruturantes/orientadores:

Trabalho em parceria;Trabalho em rede;EmpowermentIgualdade de Oportunidades

Estes princípios são de aplicação transversal a todas as medidas e áreas de intervenção e desempenham um papel determinante na qualidade, eficiência e eficácia de toda a acção.

O trabalho em parceria e o trabalho em rede permitem reunir esforços, rentabilizar recursos, integrar diferentes perspectivas e complementar competências de forma a conferir maior eficácia e eficiência às intervenções, potenciando assim uma abordagem integrada face à complexidade dos actuais desafios de integração de pessoas em situação de exclusão social, bem como reforça as capacidades dos intervenientes e promove o desenvolvimento de competências estratégicas e operacionais em prol de um objectivo comum.

Por outras palavras, dir-se-á que o trabalho em rede é um método de mudança e de desenvolvimento que pressupõe a noção de parceria, no sentido em que envolve a acção de diversas entidades em torno de um projecto comum. Ao intervirem em conjunto, as diversas entidades conseguem ter uma visão alargada, i.e., multidimensional da realidade e da intervenção dada a partilha de conhecimentos e a articulação de estratégias nas mais diversas áreas, qualificando e acelerando o processo de integração.

O modelo proposto resulta do envolvimento e da responsabilização da parceria de desenvolvimento em todas as suas etapas (da concepção, à implementação, validação e disseminação do modelo), e da consequente partilha de informação e troca recíproca de recursos, tendo potenciado sinergias, optimizado competências face às especificidades das organizações presentes e garantido a agilização de actuações complementares em ordem à resolução das situações-problema do público-alvo e à sua integração.

Apresenta-se, em seguida, um conjunto de indicadores que, em nosso entender, e no decurso da investigação-acção, traduziram a aplicação deste princípio no âmbito da experiência tida com requerentes de asilo no contexto do projecto VIAAS:

realização de um diagnóstico de necessidades básicas complementar entre serviços com vista à resolução de situações-problema, nomeadamente ausência de recursos financeiros para necessidades essenciais de alimentação, vestuário; processos de regularização do estatuto, condições de habitabilidade, etc.;

identificação do público-alvo do modelo de intervenção por parte de diferentes serviços, de acordo com os requisitos estabelecidos no âmbito da parceria;

(re)definição de estratégias de desenvolvimento do projecto face à necessidade e imprescindibilidade de evolução da abordagem aos casos do projecto, em virtude da desadequação de outras ofertas formativas estandardizadas. Estes casos implicam percursos individualizados e integrados, ajustados às suas competências;coerência e complementaridade das diferentes actuações, por parte das diferentes organizações, desde o diagnóstico, ao encaminhamento, passando pela formação, pelo balanço de competências e pelo acompanhamento das situações, possibilitando um percurso ajustado facilitador da integração social dos casos do projecto;definição conjunta do projecto de integração socioprofissional dos participantes;criação ou activação de medidas adequadas de integração social potenciadoras do desenvolvimento de novas competências (actividade de voluntariado);complementaridade entre o processo formativo – Oficinas do S@ber (OFIP – núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional /SCML); Aulas de língua portuguesa para estrangeiros –CPR), a actividade de voluntariado e o processo de reconhecimento de competências;envolvimento directo de todos os elementos da equipa técnica-pedagógica do CNO da SCML, cuja participação foi crucial no desenvolvimento de todo o projecto, face ao conhecimento e experiência no âmbito do reconhecimento de competências. A adaptação de instrumentos já consolidados e os momentos de reflexão e partilha técnica permitiu potenciar os recursos e consolidar o modelo de intervenção permitindo a sua extensão a outros candidatos em situação de grande vulnerabilidades social.

Promover a operacionalização do princípio do empowerment significa promover a participação activa e a responsabilização das pessoas, comunidades e organizações, no sentido da apropriação sustentada dos processos de mudança em que estão envolvidas, com base na gestão das suas próprias necessidades, recursos e aptidões.

No âmbito da experiência tida com requerentes de asilo, este princípio foi aplicado no contexto da formação, do processo de balanço de competências e do trabalho de projecto, não obstante estar presente na intervenção social e na actividade de voluntariado, implicou a participação activa e a responsabilização do público-alvo e dos técnicos e formadores das organizações

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que constituem a Parceria de Desenvolvimento, e traduziu-se:no auto-reconhecimento, na valorização e na mobilização de competências pessoais, sociais, escolares e profissionais por parte do público-alvo;no auto-reconhecimento e valorização da sua rede de relações e dos recursos que a partir dela tem ao seu dispor;no seu envolvimento na resolução de situações-problema, estimulando-se uma mudança de atitude voltada para o envolvimento e para o comprometimento;na tomada de decisões pelos próprios, nomeadamente, no que concerne ao respectivo percurso formativo e projecto de integração socioprofissional;na planificação e avaliação do seu projecto de integração profissional;na criação e organização de portefólios temáticos, com destaque para o seu portefólio pessoal e vocacional;na avaliação das suas aprendizagens em contexto formativo;na avaliação da formação e do processo de balanço de competências;no desenvolvimento de dinâmicas no âmbito da Cidadania visando a adaptação aos estilos de vida da sociedade de acolhimento mas sem prejuízo da identidade cultural de cada requerente de asilo;na estreita ligação entre os referenciais de formação e os contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos seus conhecimentos e dos seus saber-fazer.

O princípio da igualdade de oportunidades, nas suas várias perspectivas, pressupõe a interiorização e partilha de uma cultura que ao valorizar a diversidade, a tolerância e a inclusão social, promove o combate do preconceito, da descriminação e da exclusão. Quer isto dizer que o reconhecimento do direito das pessoas à igualdade de oportunidades, nomeadamente, no que diz respeito ao acesso e à participação em processos formativos e orientadores, deverá ser independente das diferenças de religião ou crenças, de deficiência, de etnia, de orientação sexual e de sexo.

O princípio da igualdade de género pressupõe uma igual visibilidade e participação de ambos os sexos em todas as esferas da vida pública e privada. A desigualdade de género não está relacionada com as diferenças associadas a sexo biológico, mas com as diferenças decorrentes da forma como a sociedade vê e trata cada um dos sexos. A igualdade de género visa promover a plena participação das mulheres e dos homens na sociedade. Todavia reconhece-se agora que a igualdade de direitos (jure) não conduz necessariamente a uma igualdade de facto (de facto). A questão não se limita à existência de tais diferenças mas ao facto destas não deverem repercutir-se de uma forma negativa nas condições de vida das mulheres e dos homens, nem deverem estabelecer discriminações entre eles, mas deverem, antes, sim, contribuir para uma partilha equilibrada dos poderes económicos, sociais e políticos.

Consideramos que o presente modelo evidencia o princípio da igualdade de género no sentido em que:promove o exercício de direitos em matérias de igualdade; reforça a participação equilibrada de homens e mulheres;garante às mulheres as ferramentas necessárias para o seu envolvimento e participação activa em vários domínios da vida pública / privada (tomada de decisão, economia, educação, saúde, etc.);incentiva a integração da Perspectiva da Igualdade de Oportunidades no processo de reconhecimento e validação de competências e no contexto formativo.fomenta uma reflexão profunda no sistema formativo e educativo relativamente à questão da Igualdades de Oportunidades, perspectivando mudanças de representações e práticas.

Consideramos, também, que o modelo proposto evidencia a diversidade étnica e cultural como uma mais valia para o protagonismo de uma cidadania activa, comum e global, dada a diversidade de públicos a que o mesmo se dirige (requerentes de asilo, nacionais e imigrantes), promovendo o seu relacionamento interpessoal de acordo com as lógicas da multiculturalidade e da interculturalidade, nomeadamente, no âmbito do balanço de competências e no contexto da formação de base.

No caso da experiência levada a cabo no âmbito do Projecto VIAAS, e no contexto da formação, destaca-se a integração em turmas mistas de requerentes de asilo (homens e mulheres oriundos de diversos países, com identidades culturais e religiosas distintas) e (in)documentados. Salienta-se, também, a integração da perspectiva da diversidade cultural e da igualdade de oportunidades quer no âmbito das sessões de balanço de competências, considerando o referencial da área de competência-chave Cidadania e Empregabilidade, quer no módulo de Cidadania da acção de Linguagem e Comunicação, através de actividades curriculares e extracurriculares e do desenvolvimento de materiais de trabalho.

Outros princípios relevantes:InovaçãoMainstreaming

A inovação não é um fim em si, não é só o que é novo, nem só o que é progresso tecnológico; é um conceito que tem implícita a adequação ao contexto social, em particular a adequação aos públicos, e, ainda, as dimensões da qualidade, da utilidade e da eficácia. Não é um acto isolado, pontual; é uma ocorrência baseada em incertezas, probabilidades, oportunidades, feita de uma procura, de uma sucessão de actos que vão acontecendo (quando se inova faz-se o caminho caminhando); é uma mudança que se inscreve num processo.

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20 21I. Concepção do Modelo de Intervenção

O modelo de intervenção sustenta-se em quatro grandes princípios estruturantes/orientadores:

Trabalho em parceria;Trabalho em rede;EmpowermentIgualdade de Oportunidades

Estes princípios são de aplicação transversal a todas as medidas e áreas de intervenção e desempenham um papel determinante na qualidade, eficiência e eficácia de toda a acção.

O trabalho em parceria e o trabalho em rede permitem reunir esforços, rentabilizar recursos, integrar diferentes perspectivas e complementar competências de forma a conferir maior eficácia e eficiência às intervenções, potenciando assim uma abordagem integrada face à complexidade dos actuais desafios de integração de pessoas em situação de exclusão social, bem como reforça as capacidades dos intervenientes e promove o desenvolvimento de competências estratégicas e operacionais em prol de um objectivo comum.

Por outras palavras, dir-se-á que o trabalho em rede é um método de mudança e de desenvolvimento que pressupõe a noção de parceria, no sentido em que envolve a acção de diversas entidades em torno de um projecto comum. Ao intervirem em conjunto, as diversas entidades conseguem ter uma visão alargada, i.e., multidimensional da realidade e da intervenção dada a partilha de conhecimentos e a articulação de estratégias nas mais diversas áreas, qualificando e acelerando o processo de integração.

O modelo proposto resulta do envolvimento e da responsabilização da parceria de desenvolvimento em todas as suas etapas (da concepção, à implementação, validação e disseminação do modelo), e da consequente partilha de informação e troca recíproca de recursos, tendo potenciado sinergias, optimizado competências face às especificidades das organizações presentes e garantido a agilização de actuações complementares em ordem à resolução das situações-problema do público-alvo e à sua integração.

Apresenta-se, em seguida, um conjunto de indicadores que, em nosso entender, e no decurso da investigação-acção, traduziram a aplicação deste princípio no âmbito da experiência tida com requerentes de asilo no contexto do projecto VIAAS:

realização de um diagnóstico de necessidades básicas complementar entre serviços com vista à resolução de situações-problema, nomeadamente ausência de recursos financeiros para necessidades essenciais de alimentação, vestuário; processos de regularização do estatuto, condições de habitabilidade, etc.;

identificação do público-alvo do modelo de intervenção por parte de diferentes serviços, de acordo com os requisitos estabelecidos no âmbito da parceria;

(re)definição de estratégias de desenvolvimento do projecto face à necessidade e imprescindibilidade de evolução da abordagem aos casos do projecto, em virtude da desadequação de outras ofertas formativas estandardizadas. Estes casos implicam percursos individualizados e integrados, ajustados às suas competências;coerência e complementaridade das diferentes actuações, por parte das diferentes organizações, desde o diagnóstico, ao encaminhamento, passando pela formação, pelo balanço de competências e pelo acompanhamento das situações, possibilitando um percurso ajustado facilitador da integração social dos casos do projecto;definição conjunta do projecto de integração socioprofissional dos participantes;criação ou activação de medidas adequadas de integração social potenciadoras do desenvolvimento de novas competências (actividade de voluntariado);complementaridade entre o processo formativo – Oficinas do S@ber (OFIP – núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional /SCML); Aulas de língua portuguesa para estrangeiros –CPR), a actividade de voluntariado e o processo de reconhecimento de competências;envolvimento directo de todos os elementos da equipa técnica-pedagógica do CNO da SCML, cuja participação foi crucial no desenvolvimento de todo o projecto, face ao conhecimento e experiência no âmbito do reconhecimento de competências. A adaptação de instrumentos já consolidados e os momentos de reflexão e partilha técnica permitiu potenciar os recursos e consolidar o modelo de intervenção permitindo a sua extensão a outros candidatos em situação de grande vulnerabilidades social.

Promover a operacionalização do princípio do empowerment significa promover a participação activa e a responsabilização das pessoas, comunidades e organizações, no sentido da apropriação sustentada dos processos de mudança em que estão envolvidas, com base na gestão das suas próprias necessidades, recursos e aptidões.

No âmbito da experiência tida com requerentes de asilo, este princípio foi aplicado no contexto da formação, do processo de balanço de competências e do trabalho de projecto, não obstante estar presente na intervenção social e na actividade de voluntariado, implicou a participação activa e a responsabilização do público-alvo e dos técnicos e formadores das organizações

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que constituem a Parceria de Desenvolvimento, e traduziu-se:no auto-reconhecimento, na valorização e na mobilização de competências pessoais, sociais, escolares e profissionais por parte do público-alvo;no auto-reconhecimento e valorização da sua rede de relações e dos recursos que a partir dela tem ao seu dispor;no seu envolvimento na resolução de situações-problema, estimulando-se uma mudança de atitude voltada para o envolvimento e para o comprometimento;na tomada de decisões pelos próprios, nomeadamente, no que concerne ao respectivo percurso formativo e projecto de integração socioprofissional;na planificação e avaliação do seu projecto de integração profissional;na criação e organização de portefólios temáticos, com destaque para o seu portefólio pessoal e vocacional;na avaliação das suas aprendizagens em contexto formativo;na avaliação da formação e do processo de balanço de competências;no desenvolvimento de dinâmicas no âmbito da Cidadania visando a adaptação aos estilos de vida da sociedade de acolhimento mas sem prejuízo da identidade cultural de cada requerente de asilo;na estreita ligação entre os referenciais de formação e os contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos seus conhecimentos e dos seus saber-fazer.

O princípio da igualdade de oportunidades, nas suas várias perspectivas, pressupõe a interiorização e partilha de uma cultura que ao valorizar a diversidade, a tolerância e a inclusão social, promove o combate do preconceito, da descriminação e da exclusão. Quer isto dizer que o reconhecimento do direito das pessoas à igualdade de oportunidades, nomeadamente, no que diz respeito ao acesso e à participação em processos formativos e orientadores, deverá ser independente das diferenças de religião ou crenças, de deficiência, de etnia, de orientação sexual e de sexo.

O princípio da igualdade de género pressupõe uma igual visibilidade e participação de ambos os sexos em todas as esferas da vida pública e privada. A desigualdade de género não está relacionada com as diferenças associadas a sexo biológico, mas com as diferenças decorrentes da forma como a sociedade vê e trata cada um dos sexos. A igualdade de género visa promover a plena participação das mulheres e dos homens na sociedade. Todavia reconhece-se agora que a igualdade de direitos (jure) não conduz necessariamente a uma igualdade de facto (de facto). A questão não se limita à existência de tais diferenças mas ao facto destas não deverem repercutir-se de uma forma negativa nas condições de vida das mulheres e dos homens, nem deverem estabelecer discriminações entre eles, mas deverem, antes, sim, contribuir para uma partilha equilibrada dos poderes económicos, sociais e políticos.

Consideramos que o presente modelo evidencia o princípio da igualdade de género no sentido em que:promove o exercício de direitos em matérias de igualdade; reforça a participação equilibrada de homens e mulheres;garante às mulheres as ferramentas necessárias para o seu envolvimento e participação activa em vários domínios da vida pública / privada (tomada de decisão, economia, educação, saúde, etc.);incentiva a integração da Perspectiva da Igualdade de Oportunidades no processo de reconhecimento e validação de competências e no contexto formativo.fomenta uma reflexão profunda no sistema formativo e educativo relativamente à questão da Igualdades de Oportunidades, perspectivando mudanças de representações e práticas.

Consideramos, também, que o modelo proposto evidencia a diversidade étnica e cultural como uma mais valia para o protagonismo de uma cidadania activa, comum e global, dada a diversidade de públicos a que o mesmo se dirige (requerentes de asilo, nacionais e imigrantes), promovendo o seu relacionamento interpessoal de acordo com as lógicas da multiculturalidade e da interculturalidade, nomeadamente, no âmbito do balanço de competências e no contexto da formação de base.

No caso da experiência levada a cabo no âmbito do Projecto VIAAS, e no contexto da formação, destaca-se a integração em turmas mistas de requerentes de asilo (homens e mulheres oriundos de diversos países, com identidades culturais e religiosas distintas) e (in)documentados. Salienta-se, também, a integração da perspectiva da diversidade cultural e da igualdade de oportunidades quer no âmbito das sessões de balanço de competências, considerando o referencial da área de competência-chave Cidadania e Empregabilidade, quer no módulo de Cidadania da acção de Linguagem e Comunicação, através de actividades curriculares e extracurriculares e do desenvolvimento de materiais de trabalho.

Outros princípios relevantes:InovaçãoMainstreaming

A inovação não é um fim em si, não é só o que é novo, nem só o que é progresso tecnológico; é um conceito que tem implícita a adequação ao contexto social, em particular a adequação aos públicos, e, ainda, as dimensões da qualidade, da utilidade e da eficácia. Não é um acto isolado, pontual; é uma ocorrência baseada em incertezas, probabilidades, oportunidades, feita de uma procura, de uma sucessão de actos que vão acontecendo (quando se inova faz-se o caminho caminhando); é uma mudança que se inscreve num processo.

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22 23I. Concepção do Modelo de Intervenção

Envolve, pois, a conjugação de competências distintas e uma cooperação interdisciplinar que deverá ocorrer no âmbito das Parcerias de Desenvolvimento. Neste contexto, não é só um acto de criatividade ou invenção individual; é um processo social que envolve trocas e negociações. Para se desenvolver e ter efeitos sustentados, a inovação tem de ter interlocutores que a reconheçam socialmente (a invenção importada e não socializada não será nunca uma inovação sustentada); a inovação requer condições pessoais, culturais e institucionais que a validem, aceitem e integrem.

No nosso entender, o modelo proposto traduz este princípio considerando:as negociações internas, no contexto de cada organização, e externas, no âmbito da parceria de desenvolvimento, “obrigando” a uma entrega, a uma abertura e a um investimento criativo enquanto processo de construção do modelo;a possibilidade dos públicos em situação de “total” exclusão social poderem participar num processo formativo e orientador preparatório da sua integração socioprofissional;o desenvolvimento de metodologias de formação/orientação flexíveis e integradoras de novas práticas de trabalho; da criação de novos instrumentos de acolhimento, diagnóstico, formação, balanço de competências e avaliação adaptados à realidade em que se desenvolveu o projecto e às características do público-alvo. a capacidade de adaptação e de flexibilização de estratégias e de acções que, não estando inicialmente previstas no âmbito do projecto, foram integradas constituindo uma mais valia ao trabalho desenvolvido;a definição, em rede, do projecto de integração socioprofissional dos participantes consubstanciado num portefólio vocacional.

No âmbito da experiência tida com requerentes de asilo, e no decurso da investigação-acção, consideramos que este princípio se traduziu especificamente na/o:

articulação entre serviços da Santa Casa da Misericórdia, a ligação destes com o Conselho Português dos Refugiados e os outros parceiros do projecto possibilitando uma nova cultura institucional que permitiu experimentar novas formas de trabalhar;

integração de requerentes de asilo indocumentados no âmbito do projecto, possibilitando-lhes o acesso à formação de base e o desenvolvimento de um projecto de integração socioprofissional;alargamento das suas redes de relações pessoais, sociais e institucionais a partir da formação, do processo de reconhecimento de competências, da actividade de voluntariado e de outras actividades complementares que se tornamalavancas para o desenvolvimento quer de novas competências quer para a integração destas pessoas;

integração do módulo de cidadania na acção de Linguagem e Comunicação; desenvolvimento de “temas geradores” e de “portefólios temáticos” no âmbito das acções de curta duração;desenho e articulação da formação em Linguagem e Comunicação e em Cidadania à medida do grupo-alvo específico e associadas a sistemas de apoio à inserção profissional;desenvolvimento de actividades e materiais integradores da interculturalidade, da identidade cultural, da cooperação e da gestão da diversidade;centralidade da formação em temas significativos para os formandos, em que a forma de exploração desses mesmos temas é definida de forma participada e responsável por todos os participantes;redefinição dos objectivos e do enfoque do processo de reconhecimento de competências considerando as necessidades e as especificidades dos requerentes de asilo. O processo continua a estar centrado no participante mas não visa a certificação de competências escolares, privilegiando-se a reconstrução identitária destes públicos e a construção de um projecto de integração socioprofissional na sociedade de acolhimento, sendo que para tal se atribui um maior enfoque à sua rede de relações em Portugal e à sua identidade (pessoal, social, cultural e profissional); a criação de um portefólio vocacional que inclui o Balanço de Competências no mínimo nas duas áreas de competência-chave priorizadas: Linguagem e Comunicação; Cidadania e Empregabilidade); Trabalho de Projecto (no âmbito da empregabilidade, programa de formação e/ou integração profissional numa área específica) e CV europeu.integração da actividade de voluntariado enquanto elemento facilitador do desenvolvimento de competências facilitadoras da integração socioprofissional de requerentes de asilo; e a complementaridade entre esta actividade e as sessões de balanço de competênciasdesenvolvimento das aulas de língua portuguesa por parte da Conselho Português dos Refugiados e a complementaridade entre estas e os instrumentos de balanço de competências.

O mainstreaming refere-se à disseminação e à transferência de boas práticas de modo a integrarem políticas e práticas fundamentais para a rentabilização do investimento. A generalização da inovação possibilita a multiplicação da aprendizagem bem como a consistência e sustentabilidade a mais longo prazo das novas soluções.

O modelo proposto constitui-se como a principal ferramenta de influência de ideias, atitudes e práticas junto de outras organizações na medida em que abrange a identificação de elementos inovadores, a formalização metodológica dos resultados, a disseminação, a validação e transferência de conhecimentos adquiridos e que se pretende que venham a ser

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apropriados. Destaca-se, ainda, o facto do processo de auto-avaliação e o balanço da intervenção realizado possibilitar a transposição do modelo dinamizado junto de requerentes de asilo para o público da acção social local da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Apoio/Acompanhamento jurídico e socioeconómico

O apoio e acompanhamento socioeconómico são fundamentais para que os públicos em situação de exclusão possam frequentar as acções e conclui-las com sucesso, reduzindo-se assim as possibilidades de desistência e de insucesso, para além de que potencia a partilha do conhecimento em torno das principais problemáticas e necessidades associadas ao indivíduo e ao seu agregado familiar.

No modelo de intervenção, o conhecimento e a articulação com a realidade social dos participantes assumem, um papel central. A utilização estratégica desse conhecimento por parte dos parceiros, com especial enfoque, no desenvolvimento do processo de exploração de história de vida, permite quer a antecipação de contextos/experiências marcantes e/ou presentes na história de vida do participante, quer a utilização dessas mesmas experiências como “temas” geradores nos contextos formativos e/ou de balanço e treino de competências, reforçando a sua capacitação através da transversabilidade das suas competências para a resolução dos seus constrangimentos do dia a dia.

O acompanhamento e apoio jurídico assumem maior importância nos candidatos requerentes de asilo, refugiados e imigrantes, dada a ausência de conhecimento relativo a direitos e deveres, quer dos próprios participantes quer ainda no que concerne ao acesso a programas de formação e integração no mercado de trabalho. O técnico de acompanhamento ou gestor de caso deve, neste sentido, esclarecer e apoiar o candidato na resolução dos seus problemas, estabelecendo contactos e parceiras privilegiadas com outros serviços/entidades operadoras neste contexto (e.g.: CPR, ACIDI, SEF, entre outros).

Sem cumprir este pré-requisito, acreditamos que não será possível pôr em prática, com sucesso, um modelo deste tipo.

1.6 Requisitos de implementação

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22 23I. Concepção do Modelo de Intervenção

Envolve, pois, a conjugação de competências distintas e uma cooperação interdisciplinar que deverá ocorrer no âmbito das Parcerias de Desenvolvimento. Neste contexto, não é só um acto de criatividade ou invenção individual; é um processo social que envolve trocas e negociações. Para se desenvolver e ter efeitos sustentados, a inovação tem de ter interlocutores que a reconheçam socialmente (a invenção importada e não socializada não será nunca uma inovação sustentada); a inovação requer condições pessoais, culturais e institucionais que a validem, aceitem e integrem.

No nosso entender, o modelo proposto traduz este princípio considerando:as negociações internas, no contexto de cada organização, e externas, no âmbito da parceria de desenvolvimento, “obrigando” a uma entrega, a uma abertura e a um investimento criativo enquanto processo de construção do modelo;a possibilidade dos públicos em situação de “total” exclusão social poderem participar num processo formativo e orientador preparatório da sua integração socioprofissional;o desenvolvimento de metodologias de formação/orientação flexíveis e integradoras de novas práticas de trabalho; da criação de novos instrumentos de acolhimento, diagnóstico, formação, balanço de competências e avaliação adaptados à realidade em que se desenvolveu o projecto e às características do público-alvo. a capacidade de adaptação e de flexibilização de estratégias e de acções que, não estando inicialmente previstas no âmbito do projecto, foram integradas constituindo uma mais valia ao trabalho desenvolvido;a definição, em rede, do projecto de integração socioprofissional dos participantes consubstanciado num portefólio vocacional.

No âmbito da experiência tida com requerentes de asilo, e no decurso da investigação-acção, consideramos que este princípio se traduziu especificamente na/o:

articulação entre serviços da Santa Casa da Misericórdia, a ligação destes com o Conselho Português dos Refugiados e os outros parceiros do projecto possibilitando uma nova cultura institucional que permitiu experimentar novas formas de trabalhar;

integração de requerentes de asilo indocumentados no âmbito do projecto, possibilitando-lhes o acesso à formação de base e o desenvolvimento de um projecto de integração socioprofissional;alargamento das suas redes de relações pessoais, sociais e institucionais a partir da formação, do processo de reconhecimento de competências, da actividade de voluntariado e de outras actividades complementares que se tornamalavancas para o desenvolvimento quer de novas competências quer para a integração destas pessoas;

integração do módulo de cidadania na acção de Linguagem e Comunicação; desenvolvimento de “temas geradores” e de “portefólios temáticos” no âmbito das acções de curta duração;desenho e articulação da formação em Linguagem e Comunicação e em Cidadania à medida do grupo-alvo específico e associadas a sistemas de apoio à inserção profissional;desenvolvimento de actividades e materiais integradores da interculturalidade, da identidade cultural, da cooperação e da gestão da diversidade;centralidade da formação em temas significativos para os formandos, em que a forma de exploração desses mesmos temas é definida de forma participada e responsável por todos os participantes;redefinição dos objectivos e do enfoque do processo de reconhecimento de competências considerando as necessidades e as especificidades dos requerentes de asilo. O processo continua a estar centrado no participante mas não visa a certificação de competências escolares, privilegiando-se a reconstrução identitária destes públicos e a construção de um projecto de integração socioprofissional na sociedade de acolhimento, sendo que para tal se atribui um maior enfoque à sua rede de relações em Portugal e à sua identidade (pessoal, social, cultural e profissional); a criação de um portefólio vocacional que inclui o Balanço de Competências no mínimo nas duas áreas de competência-chave priorizadas: Linguagem e Comunicação; Cidadania e Empregabilidade); Trabalho de Projecto (no âmbito da empregabilidade, programa de formação e/ou integração profissional numa área específica) e CV europeu.integração da actividade de voluntariado enquanto elemento facilitador do desenvolvimento de competências facilitadoras da integração socioprofissional de requerentes de asilo; e a complementaridade entre esta actividade e as sessões de balanço de competênciasdesenvolvimento das aulas de língua portuguesa por parte da Conselho Português dos Refugiados e a complementaridade entre estas e os instrumentos de balanço de competências.

O mainstreaming refere-se à disseminação e à transferência de boas práticas de modo a integrarem políticas e práticas fundamentais para a rentabilização do investimento. A generalização da inovação possibilita a multiplicação da aprendizagem bem como a consistência e sustentabilidade a mais longo prazo das novas soluções.

O modelo proposto constitui-se como a principal ferramenta de influência de ideias, atitudes e práticas junto de outras organizações na medida em que abrange a identificação de elementos inovadores, a formalização metodológica dos resultados, a disseminação, a validação e transferência de conhecimentos adquiridos e que se pretende que venham a ser

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apropriados. Destaca-se, ainda, o facto do processo de auto-avaliação e o balanço da intervenção realizado possibilitar a transposição do modelo dinamizado junto de requerentes de asilo para o público da acção social local da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Apoio/Acompanhamento jurídico e socioeconómico

O apoio e acompanhamento socioeconómico são fundamentais para que os públicos em situação de exclusão possam frequentar as acções e conclui-las com sucesso, reduzindo-se assim as possibilidades de desistência e de insucesso, para além de que potencia a partilha do conhecimento em torno das principais problemáticas e necessidades associadas ao indivíduo e ao seu agregado familiar.

No modelo de intervenção, o conhecimento e a articulação com a realidade social dos participantes assumem, um papel central. A utilização estratégica desse conhecimento por parte dos parceiros, com especial enfoque, no desenvolvimento do processo de exploração de história de vida, permite quer a antecipação de contextos/experiências marcantes e/ou presentes na história de vida do participante, quer a utilização dessas mesmas experiências como “temas” geradores nos contextos formativos e/ou de balanço e treino de competências, reforçando a sua capacitação através da transversabilidade das suas competências para a resolução dos seus constrangimentos do dia a dia.

O acompanhamento e apoio jurídico assumem maior importância nos candidatos requerentes de asilo, refugiados e imigrantes, dada a ausência de conhecimento relativo a direitos e deveres, quer dos próprios participantes quer ainda no que concerne ao acesso a programas de formação e integração no mercado de trabalho. O técnico de acompanhamento ou gestor de caso deve, neste sentido, esclarecer e apoiar o candidato na resolução dos seus problemas, estabelecendo contactos e parceiras privilegiadas com outros serviços/entidades operadoras neste contexto (e.g.: CPR, ACIDI, SEF, entre outros).

Sem cumprir este pré-requisito, acreditamos que não será possível pôr em prática, com sucesso, um modelo deste tipo.

1.6 Requisitos de implementação

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24 252. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1. Recrutamento e Selecção

Em Novembro de 2005, e com 17 anos, Bodry chega a Portugal fugido da República Democrática do Congo e é acolhido pelo Conselho Português Para os Refugiados (CPR) onde recebe apoio social e jurídico, participa em actividades lúdico-culturais e inicia o curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros (LPE).

Bodry. solicita o estatuto de refugiado ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras mas o mesmo foi recusado. O seu processo encontra-se, actualmente, em recurso pelo que Bodry está indocumentado, i..e, nem sequer é portador de uma Autorização de Residência Provisória pelo que não tem acesso à educação e à formação formal nem ao mercado de emprego.

A fase de recrutamento e selecção constitui a primeira fase de implementação deste projecto e organiza-se em três momentos distintos: a sinalização de candidatos para o projecto; o acolhimento e diagnóstico e a entrevista.

De referir que no caso do modelo ser desenvolvido por entidades/serviços externos aos serviços de intervenção local estes três momentos deverão ser acompanhados de reuniões técnicas entre responsáveis pelo desenvolvimento de cada uma das etapas.

2.1.1 Sinalização CandidatosA identificação de candidatos a abranger neste modelo deve ser efectuado pelo técnico local responsável pelo

acompanhamento social do candidato. Este acompanhamento visa cada indivíduo no seu todo e na sua própria individualidade, concentrando o seu percurso de vida, a sua identidade, pautando-se uma intervenção ajustada às suas reais necessidades e especificidades.

Se num primeiro momento o acompanhamento prevê uma actuação ao nível das necessidades mais imediatas, o processo de intervenção social, num sentido mais lato, pretende uma integração plena do indivíduo. Poderá então equacionar-se, num segundo momento, a orientação e o encaminhamento, com base num trabalho previamente efectuado e que assenta no diagnóstico social de cada caso, para a elaboração de um plano de acção que se constrói gradualmente e que reflecte o projecto de vida traçado. Em todo o processo a participação activa do indivíduo é preponderante, visando a sua capacitação e, não menos importante, um agente activo e mobilizador de recursos.

A definição e concretização dos planos de acção exigem a definição de um percurso adequado ao candidato, que passa muitas vezes por programas de formação que reforcem competências necessárias à integração dos candidatos no mercado de trabalho. No entanto, existem indivíduos em situação de exclusão social que não possuem competências mínimas para a integração de um programa de formação e outros que, concretizando os programas de formação com sucesso, não quebram o ciclo de dependência social e económica institucional por falta de competências necessárias à sua autonomização e/ou ausência quer de projecto de vida e/ou de motivação para a sua concretização.

A fase inicial de implementação deste projecto deverá ter em conta a situação de vulnerabilidade social dos candidatos, devendo ser assegurado a satisfação de necessidades básicas e iniciar a exploração de recursos, quer do próprio candidato quer

ao nível de respostas formativas e/ou de integração no mercado de trabalho, de acordo com os dois princípios estruturantes e transversais deste modelo de intervenção.A sinalização dos candidatos para o projecto deve ser efectuada com recurso a relatório síntese de caracterização (que deve incluir elementos relativos à suas qualificações escolares, profissionais, situação profissional) bem como toda a informação adicional relativa ao candidato pertinente para o técnico responsável pelo acolhimento e diagnóstico.

Os candidatos sinalizados constituem-se como um grupo alvo em situação de grande vulnerabilidade, acrescidos de outros factores (linguísticos, culturais, étnicos, entre outros) que, por um lado, condicionam a elaboração e implementação dos projectos de vida. Por outro lado, a acuidade em cruzar uma intervenção articulada, interdisciplinar e individualizada, de forma a se alinhavar e concretizar um percurso que dimensione o contexto pessoal, familiar, social, laboral, formativo e educacional. Avaliadas as necessidades, potencialidades e constrangimentos, propõe-se a articulação e os encaminhamentos necessários, nomeadamente, o trabalho conjunto feito com base na identificação e sinalização de candidatos, enquadrado num plano de acção.

Dever-se-á ter em atenção na sinalização de candidatos requerentes de asilo, refugiados ou imigrantes onde se deve verificar um domínio mínimo da língua portuguesa, ao nível oral e escrito. A barreira linguística constitui-se como um dos vários constrangimentos sentidos no âmbito do acompanhamento dos casos, o que exige uma grande flexibilidade por parte dos candidatos e do técnicos, para serem criadas estratégias alternativas de intervenção, sendo que o processo comunicacional se impõe como um factor de entendimento e de sucesso da intervenção em diferentes contextos (relações interpessoais, ao nível laboral, educativo, formativo...)

Descrição da experiência

Em situação de exclusão, e visto que o acompanhamento social dos requerentes de asilo na fase de concessão de asilo fica a cargo do Serviço de Emergência Social (SES) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Bodry é encaminhado pelo CPR para este serviço para efeitos de entrevista individual em ordem a beneficiar de apoio socio-económico (habitação, alimentação, saúde, transportes, vestuário) e a iniciar um plano de inserção em Portugal, tendo-se identificado as suas expectativas e motivações, bem como o seu objectivo profissional: ser electricista.

Em Maio de 2006, e dado que já tinha 18 anos, Bodry. é encaminhado pelo SES para o Centro Novas Oportunidades (CNO) da SCML, visando a possibilidade de fazer o processo de Reconhecimento de Competências (RC).

O Bodry é um jovem com um percurso de vida marcado por experiências distintas. Inicialmente observou-se um jovem tímido, perdido, embora com o decorrer do acompanhamento do caso se observe o seu amadurecimento, a aquisição de competências pessoais, sociais, educacionais, formativas e laborais, e consequentemente, a construção da sua auto-confiança e auto-estima, que o tem feito percorrer um caminho de abertura para adquirir cada vez mais novos conhecimentos. O estabelecer de novos sonhos foram conquista de todo este processo. Hoje, estou convicta de que Bodry consegue perspectivar um futuro para si. (técnica de serviço social).

Eu estou grato pelo acolhimento que a Dr.ª Dora me deu quando cheguei a Portugal(…)com ela aprendi a respeitar a maneira de viver de outras pessoas e a relacionar-me com pessoas que eu não conhecia(...)A Drª Regina da Santa Casa ajudou-me em muitas coisas: tentou resolver a minha necessidade de ter uma máquina de lavar roupa, comprou-me alguns livros para ler em casa, e tentou resolver a minha situação de legalização, e indicou-me o CRVCC para poder reconhecer as minhas competências(…)com ela aprendi como receber bem as pessoas que precisam de atenção(…)com a Drª Ana Simas aprendi a melhor maneira de aguentar alguns problemas difíceis, e a maneira de viver com outras pessoas aqui em Portugal.

Bodry é recebido no CNO por uma formadora de Linguagem e Comunicação (LC) para diagnosticar o seu domínio da Língua Portuguesa. Após uma breve conversa de enquadramento, Bodry. redigiu um breve comentário a uma imagem que lhe foi apresentada. Com base nos resultados, decidiu-se que o mesmo deveria continuar a frequentar o curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros promovido pelo CPR, voltando posteriormente ao CNO para efeitos de um segundo diagnóstico.

Isolado, dinâmico e interessado, Bodry encontrava-se desocupado urgindo a definição de actividades que o mantivessem motivado para a sua integração. Foi então efectuada a articulação entre o CNO e o Núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional (OFIP) da SCML no sentido de confirmar o perfil de entrada dos formandos das Oficinas do S@ber a decorrer para efeitos de integração de requerentes de asilo indocumentados em paralelo com o decurso das restantes actividades no CNO.

Foi confirmada a possibilidade de Bodry aceder à formação, embora sob a condição de somente obter o certificado aquando da obtenção de, pelo menos, uma Autorização de Residência Provisória, não obstante obter uma declaração de frequência desde que o baixo nível de domínio de língua portuguesa não constituísse um obstáculo à aprendizagem.

Em Julho do mesmo ano, Bodry regressa ao CNO para fazer diagnóstico na área das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC). A actividade consistiu numa breve conversa em torno dos seus conhecimentos de informática na óptica do utilizador, seguida de um momento de demonstração. Bodry. não revelou dificuldades significativas ao nível da WWW e do e-mail mas evidenciou dificuldades ao nível do processamento de texto.

Foi-lhe sugerido que integrasse duas acções de formação de curta duração em Literacia Tecnológica (iniciação e aprofundamento), promovida pelo OFIP. Bodry aceitou entusiasticamente a proposta, revelando ter grande interesse pela área.

2.1.2 Acolhimento e DiagnósticoEste segundo momento representa o primeiro contacto entre o técnico que irá acompanhar todo o processo de construção

do Portefólio e os candidatos. Poderá ser efectuado individualmente ou em pequenos grupos, opção que deverá ter em conta as características dos próprios candidatos sinalizados, e a possível constituição de pequenos grupos homogéneos. Tendo em conta as áreas de competência-chave prioritárias neste modelo, esta sessão deverá ser dinamizada pelo técnico de reconhecimento de competências e por formadores das áreas de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade, podendo ainda ser acompanhado por formadores das outras áreas.

Esta sessão visa a observação directa dos candidatos e nomeadamente do seu comportamento e postura na própria sessão (indiciando deste já competências existentes ou em falta ao nível do saber estar), a motivação para este processo, entre outros. Os instrumentos a adoptar bem como a dinamização da própria sessão deverão ser preparados tendo em conta a caracterização dos candidatos, recorrendo, para o efeito, a análise de toda a informação constante dos relatórios síntese de sinalização dos candidatos.

Descrição da experiência

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24 252. Implementação do Modelo de Intervenção

2.1. Recrutamento e Selecção

Em Novembro de 2005, e com 17 anos, Bodry chega a Portugal fugido da República Democrática do Congo e é acolhido pelo Conselho Português Para os Refugiados (CPR) onde recebe apoio social e jurídico, participa em actividades lúdico-culturais e inicia o curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros (LPE).

Bodry. solicita o estatuto de refugiado ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras mas o mesmo foi recusado. O seu processo encontra-se, actualmente, em recurso pelo que Bodry está indocumentado, i..e, nem sequer é portador de uma Autorização de Residência Provisória pelo que não tem acesso à educação e à formação formal nem ao mercado de emprego.

A fase de recrutamento e selecção constitui a primeira fase de implementação deste projecto e organiza-se em três momentos distintos: a sinalização de candidatos para o projecto; o acolhimento e diagnóstico e a entrevista.

De referir que no caso do modelo ser desenvolvido por entidades/serviços externos aos serviços de intervenção local estes três momentos deverão ser acompanhados de reuniões técnicas entre responsáveis pelo desenvolvimento de cada uma das etapas.

2.1.1 Sinalização CandidatosA identificação de candidatos a abranger neste modelo deve ser efectuado pelo técnico local responsável pelo

acompanhamento social do candidato. Este acompanhamento visa cada indivíduo no seu todo e na sua própria individualidade, concentrando o seu percurso de vida, a sua identidade, pautando-se uma intervenção ajustada às suas reais necessidades e especificidades.

Se num primeiro momento o acompanhamento prevê uma actuação ao nível das necessidades mais imediatas, o processo de intervenção social, num sentido mais lato, pretende uma integração plena do indivíduo. Poderá então equacionar-se, num segundo momento, a orientação e o encaminhamento, com base num trabalho previamente efectuado e que assenta no diagnóstico social de cada caso, para a elaboração de um plano de acção que se constrói gradualmente e que reflecte o projecto de vida traçado. Em todo o processo a participação activa do indivíduo é preponderante, visando a sua capacitação e, não menos importante, um agente activo e mobilizador de recursos.

A definição e concretização dos planos de acção exigem a definição de um percurso adequado ao candidato, que passa muitas vezes por programas de formação que reforcem competências necessárias à integração dos candidatos no mercado de trabalho. No entanto, existem indivíduos em situação de exclusão social que não possuem competências mínimas para a integração de um programa de formação e outros que, concretizando os programas de formação com sucesso, não quebram o ciclo de dependência social e económica institucional por falta de competências necessárias à sua autonomização e/ou ausência quer de projecto de vida e/ou de motivação para a sua concretização.

A fase inicial de implementação deste projecto deverá ter em conta a situação de vulnerabilidade social dos candidatos, devendo ser assegurado a satisfação de necessidades básicas e iniciar a exploração de recursos, quer do próprio candidato quer

ao nível de respostas formativas e/ou de integração no mercado de trabalho, de acordo com os dois princípios estruturantes e transversais deste modelo de intervenção.A sinalização dos candidatos para o projecto deve ser efectuada com recurso a relatório síntese de caracterização (que deve incluir elementos relativos à suas qualificações escolares, profissionais, situação profissional) bem como toda a informação adicional relativa ao candidato pertinente para o técnico responsável pelo acolhimento e diagnóstico.

Os candidatos sinalizados constituem-se como um grupo alvo em situação de grande vulnerabilidade, acrescidos de outros factores (linguísticos, culturais, étnicos, entre outros) que, por um lado, condicionam a elaboração e implementação dos projectos de vida. Por outro lado, a acuidade em cruzar uma intervenção articulada, interdisciplinar e individualizada, de forma a se alinhavar e concretizar um percurso que dimensione o contexto pessoal, familiar, social, laboral, formativo e educacional. Avaliadas as necessidades, potencialidades e constrangimentos, propõe-se a articulação e os encaminhamentos necessários, nomeadamente, o trabalho conjunto feito com base na identificação e sinalização de candidatos, enquadrado num plano de acção.

Dever-se-á ter em atenção na sinalização de candidatos requerentes de asilo, refugiados ou imigrantes onde se deve verificar um domínio mínimo da língua portuguesa, ao nível oral e escrito. A barreira linguística constitui-se como um dos vários constrangimentos sentidos no âmbito do acompanhamento dos casos, o que exige uma grande flexibilidade por parte dos candidatos e do técnicos, para serem criadas estratégias alternativas de intervenção, sendo que o processo comunicacional se impõe como um factor de entendimento e de sucesso da intervenção em diferentes contextos (relações interpessoais, ao nível laboral, educativo, formativo...)

Descrição da experiência

Em situação de exclusão, e visto que o acompanhamento social dos requerentes de asilo na fase de concessão de asilo fica a cargo do Serviço de Emergência Social (SES) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Bodry é encaminhado pelo CPR para este serviço para efeitos de entrevista individual em ordem a beneficiar de apoio socio-económico (habitação, alimentação, saúde, transportes, vestuário) e a iniciar um plano de inserção em Portugal, tendo-se identificado as suas expectativas e motivações, bem como o seu objectivo profissional: ser electricista.

Em Maio de 2006, e dado que já tinha 18 anos, Bodry. é encaminhado pelo SES para o Centro Novas Oportunidades (CNO) da SCML, visando a possibilidade de fazer o processo de Reconhecimento de Competências (RC).

O Bodry é um jovem com um percurso de vida marcado por experiências distintas. Inicialmente observou-se um jovem tímido, perdido, embora com o decorrer do acompanhamento do caso se observe o seu amadurecimento, a aquisição de competências pessoais, sociais, educacionais, formativas e laborais, e consequentemente, a construção da sua auto-confiança e auto-estima, que o tem feito percorrer um caminho de abertura para adquirir cada vez mais novos conhecimentos. O estabelecer de novos sonhos foram conquista de todo este processo. Hoje, estou convicta de que Bodry consegue perspectivar um futuro para si. (técnica de serviço social).

Eu estou grato pelo acolhimento que a Dr.ª Dora me deu quando cheguei a Portugal(…)com ela aprendi a respeitar a maneira de viver de outras pessoas e a relacionar-me com pessoas que eu não conhecia(...)A Drª Regina da Santa Casa ajudou-me em muitas coisas: tentou resolver a minha necessidade de ter uma máquina de lavar roupa, comprou-me alguns livros para ler em casa, e tentou resolver a minha situação de legalização, e indicou-me o CRVCC para poder reconhecer as minhas competências(…)com ela aprendi como receber bem as pessoas que precisam de atenção(…)com a Drª Ana Simas aprendi a melhor maneira de aguentar alguns problemas difíceis, e a maneira de viver com outras pessoas aqui em Portugal.

Bodry é recebido no CNO por uma formadora de Linguagem e Comunicação (LC) para diagnosticar o seu domínio da Língua Portuguesa. Após uma breve conversa de enquadramento, Bodry. redigiu um breve comentário a uma imagem que lhe foi apresentada. Com base nos resultados, decidiu-se que o mesmo deveria continuar a frequentar o curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros promovido pelo CPR, voltando posteriormente ao CNO para efeitos de um segundo diagnóstico.

Isolado, dinâmico e interessado, Bodry encontrava-se desocupado urgindo a definição de actividades que o mantivessem motivado para a sua integração. Foi então efectuada a articulação entre o CNO e o Núcleo de Orientação, Formação e Inserção Profissional (OFIP) da SCML no sentido de confirmar o perfil de entrada dos formandos das Oficinas do S@ber a decorrer para efeitos de integração de requerentes de asilo indocumentados em paralelo com o decurso das restantes actividades no CNO.

Foi confirmada a possibilidade de Bodry aceder à formação, embora sob a condição de somente obter o certificado aquando da obtenção de, pelo menos, uma Autorização de Residência Provisória, não obstante obter uma declaração de frequência desde que o baixo nível de domínio de língua portuguesa não constituísse um obstáculo à aprendizagem.

Em Julho do mesmo ano, Bodry regressa ao CNO para fazer diagnóstico na área das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC). A actividade consistiu numa breve conversa em torno dos seus conhecimentos de informática na óptica do utilizador, seguida de um momento de demonstração. Bodry. não revelou dificuldades significativas ao nível da WWW e do e-mail mas evidenciou dificuldades ao nível do processamento de texto.

Foi-lhe sugerido que integrasse duas acções de formação de curta duração em Literacia Tecnológica (iniciação e aprofundamento), promovida pelo OFIP. Bodry aceitou entusiasticamente a proposta, revelando ter grande interesse pela área.

2.1.2 Acolhimento e DiagnósticoEste segundo momento representa o primeiro contacto entre o técnico que irá acompanhar todo o processo de construção

do Portefólio e os candidatos. Poderá ser efectuado individualmente ou em pequenos grupos, opção que deverá ter em conta as características dos próprios candidatos sinalizados, e a possível constituição de pequenos grupos homogéneos. Tendo em conta as áreas de competência-chave prioritárias neste modelo, esta sessão deverá ser dinamizada pelo técnico de reconhecimento de competências e por formadores das áreas de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade, podendo ainda ser acompanhado por formadores das outras áreas.

Esta sessão visa a observação directa dos candidatos e nomeadamente do seu comportamento e postura na própria sessão (indiciando deste já competências existentes ou em falta ao nível do saber estar), a motivação para este processo, entre outros. Os instrumentos a adoptar bem como a dinamização da própria sessão deverão ser preparados tendo em conta a caracterização dos candidatos, recorrendo, para o efeito, a análise de toda a informação constante dos relatórios síntese de sinalização dos candidatos.

Descrição da experiência

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26 272. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Sessão de Diagnóstico I

Participantes

.

.1 Formador da área de Linguagem e Comunicação/Cidadania e Empregabilidade;

.1 Formador da área das TIC/MV;

.Candidatos.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências;

Objectivos

.

em particular, no contexto do Processo de RC;.Sensibilizar os candidatos para a importância do processo de construção do Portefólio Vocacional;.Aferir a motivação dos candidatos para a realização do Processo de RC;.Identificar competências desenvolvidas nas áreas de competência-chave;.Identificar as necessidades formativas dos candidatos.

Esclarecer os candidatos em torno dos objectivos, da metodologia e da avaliação no âmbito do modelo de intervenção e,

Metodologia

.

.Método Interrogativo;

.Método demonstrativo;

.Observação Participante;

.Reuniões presenciais/troca de informações entre técnicos da Parceria/formadores.

Método expositivo;

Recursos

.

.Grelhas de análise dos diagnósticos .Actividades de diagnóstico ;

Duração

.60 minutos .

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

pequenos grupos de acordo com a língua de comunicação partilhada ou através de sessões individualizadas de acolhimento e diagnóstico dinamizadas pelos técnicos e formadores que dominam essas línguas.

.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos poderá ser ultrapassada através de actividades de diagnóstico suportadas na oralidade e em imagens.

.A dificuldade em reter a informação necessária por parte dos candidatos, poderá ser ultrapassada pelo reforço dessa mesma informação nas sessões que se seguem.

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da constituição de

Observações

No presente modelo poder-se-á:.Incluir nas sessões de acolhimento e diagnóstico o técnico que iniciou o processo de integração do candidato para fazer

face à eventual necessidade deste ser acompanhado por uma pessoa com quem já estabeleceu uma relação de confiança;.Adequar a linguagem e a postura do técnico de reconhecimento de competências e do formador ao perfil do candidato;.Incluir o técnico de Reconhecimento de Competências na sessão de diagnóstico a título de técnico de referência e

observador; .Adequar as actividades de diagnóstico ao perfil do candidato, recorrendo a actividades menos dirigidas (e.g.: selecção de

imagens seleccionadas pelo próprio);.Dinamizar actividades de diagnóstico no âmbito das quatro áreas de competência-chave;.Agendar a entrevista individual aquando da conclusão da sessão de diagnóstico, inclusive para aqueles que não iniciam o

processo de RC dado o défice de competências ao nível da Língua Portuguesa.

2.1.3 EntrevistaA entrevista constitui o último momento desta primeira fase e determina a decisão para a integração do candidato no

projecto. Com base nos resultados da sessão de diagnóstico, e após análise de todos os elementos de caracterização do candidato, a entrevista, individual, visa explicitar o funcionamento e objectivos do processo de construção do portefólio e sua metodologia.

A maioria dos indivíduos em situação de particular vulnerabilidade social apresenta percursos de vida complexos. O técnico deverá ter em especial atenção na explicitação dos objectivos da exploração da história de vida, devendo, desde o momento da entrevista, identificar as dimensões (pessoal, profissional, escolar) que podem causar constrangimentos no desenvolvimento de todo o processo por remeter o candidato a situações de vida “traumáticas”. A relação candidato/ técnico de reconhecimento de competências deve ser de confiança, permitindo a partilha de informação necessária ao desenvolvimento de todo o processo de construção do Portefólio.

Nesta fase, e no caso especifico de requerentes de asilo, refugiados ou imigrantes, poderá verificar-se um encaminhamento para programas de formação específicos de língua Portuguesa para estrangeiros, por ausência de competências de leitura e escrita necessárias para o início do processo. Este encaminhamento pode ser efectuado em simultâneo com o início do processo, propondo-se, neste caso, a articulação entre o técnico de reconhecimento de competências e o formador, potencializando os recursos formativos nomeadamente na utilização de instrumentos de mediação elaborados no processo de construção de portefólio como instrumentos pedagógicos.

Descrição da experiênciaEm Agosto de 2006, Bodry regressa ao CNO para ser entrevistado pela técnica de reconhecimento de competências que o iria acompanhar ao longo de todo o processo, com o objectivo de se perceber se o mesmo tinha efectivamente perfil para participar num processo de balanço de competências, dado ser jovem e dominar pouco o português e visto se tratar de um processo centrado na experiência de vida e na auto-reflexão, não obstante o objectivo do Balanço de Competências no âmbito do Projecto VIAAS ser a reconstrução identitária dos requerentes de asilo, i.e., a sua ressocialização face à sociedade de acolhimento, e a (re)definição de um projecto de integração socioprofissional.

A entrevista durou cerca de 60 minutos e foi suportada pelo mesmo guião que sustenta as entrevistas no âmbito do processo de RVCC do CNO/SCML.

Estabeleceu-se, desde logo, uma relação de empatia recorrendo-se à reformulação do discurso sempre que necessário. Bodry fez questão que a entrevista decorresse em português aceitando, contudo, a proposta da técnica quanto ao recurso da língua francesa para facilitar a expressão/interpretação sempre que se justificasse.

Considerando a necessidade de estabelecer uma relação de confiança com Bodry, o mesmo foi esclarecido quanto ao modelo de intervenção (eixos de intervenção, objectivos, metodologia, razão da exploração da sua História de Vida, características e objectivos do Portefólio Pessoal/Vocacional), indiciando forte motivação para receber formação de base e para fazer o processo de reconhecimento de competências, embora tivesse a expectativa de poder obter uma equivalência escolar através do mesmo.

Bodry revelou, também, grande preocupação quanto ao facto de poder chegar ao fim do processo de reconhecimento de competências sem, pelo menos, uma Autorização de Residência Provisória (ARP) e de permanecer nessa situação por tempo indeterminado uma vez que tal o impede de dar continuidade aos seus projectos em Portugal: obter uma equivalência escolar através de um processo de RVCC, tirar um curso profissional de electricista e arranjar emprego na área.

Bodry falou sinteticamente sobre o seu percurso escolar, sobre os seus gostos e temas de interesse, objectivos e rede de relações em Portugal, destacando as actividades em que participou através do CPR e enquanto testemunha de Jeová. Aceitou com entusiasmo a proposta de iniciar a formação em TIC em simultâneo com as sessões de construção do Portefólio Pessoal/Vocacional e com as aulas de Língua Portuguesa para Estrangeiros, dada a necessidade de se manter ocupado e de se alienar dos seus problemas.

Note-se que dada a especificidade de Bodry, i.e., dado o facto de ser requerente de asilo não foram abordadas as razões da sua vinda para Portugal, bem como não foram explorados aspectos que o remetessem directamente para a sua rede de relações no país de origem por forma a evitar possíveis constrangimentos para ele.

Bodry evidenciou, também, estar muito grato pela oportunidade que lhe estava a ser dada e muita determinação em conseguir realizar os objectivos propostos.

Aquando do final da entrevista, e uma vez garantido que Bodry tinha compreendido a informação que lhe foi transmitida, a técnica de RC entregou-lhe uma caderneta (a mesma que é utilizada no processo de RVCC) onde agendou a primeira sessão de trabalho, bem como lhe entregou documentação referente ao processo de construção do Portefólio Pessoal/Vocacional.

Após a análise da entrevista, e com o conhecimento e acordo de Bodry, foi elaborado o seu Plano de Intervenção Individual em articulação com os parceiros do CNO (CPR, OFIP, SES).

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26 272. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Sessão de Diagnóstico I

Participantes

.

.1 Formador da área de Linguagem e Comunicação/Cidadania e Empregabilidade;

.1 Formador da área das TIC/MV;

.Candidatos.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências;

Objectivos

.

em particular, no contexto do Processo de RC;.Sensibilizar os candidatos para a importância do processo de construção do Portefólio Vocacional;.Aferir a motivação dos candidatos para a realização do Processo de RC;.Identificar competências desenvolvidas nas áreas de competência-chave;.Identificar as necessidades formativas dos candidatos.

Esclarecer os candidatos em torno dos objectivos, da metodologia e da avaliação no âmbito do modelo de intervenção e,

Metodologia

.

.Método Interrogativo;

.Método demonstrativo;

.Observação Participante;

.Reuniões presenciais/troca de informações entre técnicos da Parceria/formadores.

Método expositivo;

Recursos

.

.Grelhas de análise dos diagnósticos .Actividades de diagnóstico ;

Duração

.60 minutos .

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

pequenos grupos de acordo com a língua de comunicação partilhada ou através de sessões individualizadas de acolhimento e diagnóstico dinamizadas pelos técnicos e formadores que dominam essas línguas.

.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos poderá ser ultrapassada através de actividades de diagnóstico suportadas na oralidade e em imagens.

.A dificuldade em reter a informação necessária por parte dos candidatos, poderá ser ultrapassada pelo reforço dessa mesma informação nas sessões que se seguem.

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da constituição de

Observações

No presente modelo poder-se-á:.Incluir nas sessões de acolhimento e diagnóstico o técnico que iniciou o processo de integração do candidato para fazer

face à eventual necessidade deste ser acompanhado por uma pessoa com quem já estabeleceu uma relação de confiança;.Adequar a linguagem e a postura do técnico de reconhecimento de competências e do formador ao perfil do candidato;.Incluir o técnico de Reconhecimento de Competências na sessão de diagnóstico a título de técnico de referência e

observador; .Adequar as actividades de diagnóstico ao perfil do candidato, recorrendo a actividades menos dirigidas (e.g.: selecção de

imagens seleccionadas pelo próprio);.Dinamizar actividades de diagnóstico no âmbito das quatro áreas de competência-chave;.Agendar a entrevista individual aquando da conclusão da sessão de diagnóstico, inclusive para aqueles que não iniciam o

processo de RC dado o défice de competências ao nível da Língua Portuguesa.

2.1.3 EntrevistaA entrevista constitui o último momento desta primeira fase e determina a decisão para a integração do candidato no

projecto. Com base nos resultados da sessão de diagnóstico, e após análise de todos os elementos de caracterização do candidato, a entrevista, individual, visa explicitar o funcionamento e objectivos do processo de construção do portefólio e sua metodologia.

A maioria dos indivíduos em situação de particular vulnerabilidade social apresenta percursos de vida complexos. O técnico deverá ter em especial atenção na explicitação dos objectivos da exploração da história de vida, devendo, desde o momento da entrevista, identificar as dimensões (pessoal, profissional, escolar) que podem causar constrangimentos no desenvolvimento de todo o processo por remeter o candidato a situações de vida “traumáticas”. A relação candidato/ técnico de reconhecimento de competências deve ser de confiança, permitindo a partilha de informação necessária ao desenvolvimento de todo o processo de construção do Portefólio.

Nesta fase, e no caso especifico de requerentes de asilo, refugiados ou imigrantes, poderá verificar-se um encaminhamento para programas de formação específicos de língua Portuguesa para estrangeiros, por ausência de competências de leitura e escrita necessárias para o início do processo. Este encaminhamento pode ser efectuado em simultâneo com o início do processo, propondo-se, neste caso, a articulação entre o técnico de reconhecimento de competências e o formador, potencializando os recursos formativos nomeadamente na utilização de instrumentos de mediação elaborados no processo de construção de portefólio como instrumentos pedagógicos.

Descrição da experiênciaEm Agosto de 2006, Bodry regressa ao CNO para ser entrevistado pela técnica de reconhecimento de competências que o iria acompanhar ao longo de todo o processo, com o objectivo de se perceber se o mesmo tinha efectivamente perfil para participar num processo de balanço de competências, dado ser jovem e dominar pouco o português e visto se tratar de um processo centrado na experiência de vida e na auto-reflexão, não obstante o objectivo do Balanço de Competências no âmbito do Projecto VIAAS ser a reconstrução identitária dos requerentes de asilo, i.e., a sua ressocialização face à sociedade de acolhimento, e a (re)definição de um projecto de integração socioprofissional.

A entrevista durou cerca de 60 minutos e foi suportada pelo mesmo guião que sustenta as entrevistas no âmbito do processo de RVCC do CNO/SCML.

Estabeleceu-se, desde logo, uma relação de empatia recorrendo-se à reformulação do discurso sempre que necessário. Bodry fez questão que a entrevista decorresse em português aceitando, contudo, a proposta da técnica quanto ao recurso da língua francesa para facilitar a expressão/interpretação sempre que se justificasse.

Considerando a necessidade de estabelecer uma relação de confiança com Bodry, o mesmo foi esclarecido quanto ao modelo de intervenção (eixos de intervenção, objectivos, metodologia, razão da exploração da sua História de Vida, características e objectivos do Portefólio Pessoal/Vocacional), indiciando forte motivação para receber formação de base e para fazer o processo de reconhecimento de competências, embora tivesse a expectativa de poder obter uma equivalência escolar através do mesmo.

Bodry revelou, também, grande preocupação quanto ao facto de poder chegar ao fim do processo de reconhecimento de competências sem, pelo menos, uma Autorização de Residência Provisória (ARP) e de permanecer nessa situação por tempo indeterminado uma vez que tal o impede de dar continuidade aos seus projectos em Portugal: obter uma equivalência escolar através de um processo de RVCC, tirar um curso profissional de electricista e arranjar emprego na área.

Bodry falou sinteticamente sobre o seu percurso escolar, sobre os seus gostos e temas de interesse, objectivos e rede de relações em Portugal, destacando as actividades em que participou através do CPR e enquanto testemunha de Jeová. Aceitou com entusiasmo a proposta de iniciar a formação em TIC em simultâneo com as sessões de construção do Portefólio Pessoal/Vocacional e com as aulas de Língua Portuguesa para Estrangeiros, dada a necessidade de se manter ocupado e de se alienar dos seus problemas.

Note-se que dada a especificidade de Bodry, i.e., dado o facto de ser requerente de asilo não foram abordadas as razões da sua vinda para Portugal, bem como não foram explorados aspectos que o remetessem directamente para a sua rede de relações no país de origem por forma a evitar possíveis constrangimentos para ele.

Bodry evidenciou, também, estar muito grato pela oportunidade que lhe estava a ser dada e muita determinação em conseguir realizar os objectivos propostos.

Aquando do final da entrevista, e uma vez garantido que Bodry tinha compreendido a informação que lhe foi transmitida, a técnica de RC entregou-lhe uma caderneta (a mesma que é utilizada no processo de RVCC) onde agendou a primeira sessão de trabalho, bem como lhe entregou documentação referente ao processo de construção do Portefólio Pessoal/Vocacional.

Após a análise da entrevista, e com o conhecimento e acordo de Bodry, foi elaborado o seu Plano de Intervenção Individual em articulação com os parceiros do CNO (CPR, OFIP, SES).

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28 292. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Entrevista

Participantes

.

.

1 Técnico de RC;1 Candidato.

Objectivos

.

expectativas e identificação dos percursos profissional, escolar e formativo do candidato, das suas actividades de tempos livres, bem como dos seus interesses, expectativas e objectivos;

.Aferição da motivação para fazer o Processo de RC, devolução dos resultados do diagnóstico e encaminhamento para oferta formativa/Esclarecimento em torno da acção de formação;

.Agendamento da primeira sessão de construção do Portefólio Vocacional/Balanço de Competências e entrega de documentação adicional relevante para o processo de construção do Portefólio Vocacional;

.Início do preenchimento do Plano Individual de Intervenção (PII).

Esclarecimento adicional em torno dos objectivos, da metodologia, e da avaliação do Processo de RC/Nivelamento de

Metodologia

.Entrevista Individual semi-directiva de carácter exploratório; exposição oral e registo escrito.

Recursos

.

.

.Plano de Intervenção Individual:

Kit explicativo do Modelo de Intervenção/ Processo de RC; Guião de entrevista;

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/ Vocacional

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

Após a realização da entrevista individual inicia-se o processo de construção do Portefólio pessoal/vocacional que integra:Balanço de Competências, Formação-Base;Projecto de Integração Socioprofissional.

Considerando-se o balanço de competências como o ponto de partida, e o projecto de integração socioprofissional o culminar deste processo, salienta-se novamente para o facto destes três eixos de intervenção constituírem um todo, devendo ser operacionalizados em complementariedade numa dinâmica de reciprocidade permanente, não devendo ser encaradas como áreas distintas e segmentadas.

O início da operacionalização deste processo exige, assim, o desenho de um plano de intervenção, definido a partir de toda a informação já recolhida sobre o candidato, e partilhado com todos os técnicos envolvidos na fase do recrutamento e selecção bem como pelo próprio candidato, devendo incluir:

Dados pessoais do adulto (incluindo os apoios de que beneficia);Necessidades sociais e formativas;Objectivo profissional;Identificação dos percursos modulares; Data do início e da conclusão das etapas do processo;Tipo de abordagem/ metodologias;Local e horário das diferentes sessões;Posicionamento no Referencial de Competências-Chave;Potencialidades e Dificuldades específicas do adulto;Obstáculos à realização do processo;Respostas formativas/ofertas profissionais/outras ofertas;Observações Pertinentes;

O plano de intervenção acompanha todo o processo de construção do portefólio devendo ser ajustado de acordo com o desenvolvimento do próprio processo.

Duração

.60 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

mesma informação nas sessões que se seguem.A dificuldade em reter a informação necessária por parte dos candidatos, poderá ser ultrapassada pelo reforço dessa

Observações

.

de requerentes de asilo não deverão ser abordadas as razões da sua vinda para o país de acolhimento nem deverão ser explorados os aspectos que remetam directamente para a sua rede de relações no país de origem por forma a evitar possíveis constrangimentos para o próprio;

.O técnico de RC que entrevista deverá ser a mesma que acompanhará o adulto ao longo de todo o processo de RC; fazendo o reforço de que o adulto poderá a ele recorrer para efeitos de resolução de problemas relacionados com a adaptação ao processo de orientação/formação e à aprendizagem, ou mesmo de apoio na resolução de problemas relacionados com necessidades sociais básicas prementes e emergentes no seu quotidiano, no sentido de poder ser a ponte de contacto com os demais técnicos que o acompanham;

.O técnico de RC deverá certificar-se que o candidato não tem a expectativa de obter a validação e a certificação formal das suas competências no âmbito deste Processo, devendo para isso sublinhar o carácter preparatório do mesmo.

.O técnico que iniciou e acompanha o processo de integração do adulto poderá estar presente na entrevista considerando a eventual necessidade de se fazer acompanhar por alguém com quem já estabeleceu uma relação de confiança.

.O técnico de RC deverá adaptar o seu discurso e postura ao perfil do adulto procurando desde logo criar uma relação de empatia no sentido de lhe mostrar que ele não é visto apenas como fonte de informação mas também que a sua perspectiva é fundamental para o trabalho que poderão vir a desenvolver em conjunto, salvaguardando o carácter confidencial da informação prestada;

.O técnico de RC deverá dar ao participante uma caderneta onde se agendam todas as sessões de trabalho, mostrar-lhe os espaços que o mesmo irá frequentar. O Plano de Intervenção Individual deverá ser preenchido com o adulto, tendo em conta o seu interesse e perfil, e deverá ser partilhado com todos os parceiros e não apenas com aqueles que estão directamente envolvidos.

O técnico de RC deve Informar o candidato acerca do objectivo inerente à exploração da sua História de Vida. Nos casos

Estrutura e Organização do Portefólio Pessoal/Vocacional

O Portefólio Pessoal deve conter o registo e documentação relativos à história de vida, às actividades desenvolvidas durante o processo de Reconhecimento de Competências (e.g.: instrumentos de mediação realizados, materiais produzidos no âmbito das acções de formação, das actividades de voluntariado, das actividades sócio-culturais em que participou) no sentido de evidenciar as competências desenvolvidas. A decisão dos elementos a integrar no Portefólio e a sequência de organização dos mesmos é definida em função da História de Vida do adulto, respeitando os seus interesses e gostos.O Portefólio Vocacional deverá incluir o Trabalho de Projecto com o Plano de Acção, o Curriculum Vitae Europeu, bem como o trabalho de balanço de competências feito nas áreas de competências-chave (priorizando as áreas de Linguagem e Comunicação; Cidadania e Empregabilidade).

Apresentação

.EXEMPLOS: Fotografia, imagens/assuntos de interesse, textos e reflexões, destaque de características pessoais

Elementos que contribuam para a apresentação geral do participante.

Exploração de História de Vida para Balanço de Competências

Percurso Pessoal

.

marcantes, e decisivos.EXEMPLOS: Certificado escolares e de formação; avaliações e trabalhos realizados na escola/formação; fotografias

Elementos/evidências de competências desenvolvidas em etapas da vida pessoal - momentos significativos,

Percurso Profissional

.EXEMPLOS: Curriculum Vitae; Contratos de trabalho; recibos de vencimento; Carteira profissional; Legislação; fotografias; avaliação de desempenho; declarações profissionais; cartas de recomendação; cartões profissionais; documentos e materiais produzidos no local de trabalho (cartas, ofícios, mapas, faxes…)

Elementos/evidências de competências desenvolvidas no decurso da experiência Profissional.

Interesses e lazer

.EXEMPLOS: Fotografias (passeios, viagens.); postais; capas de livros, Cd's e DVD de referência; colecções; poesias, pensamentos e textos diversos, bilhetes de espectáculos, de museus, de avião; receitas; trabalhos manuais; medalhas; pesquisas da Internet; cartões de sócio; recortes de jornais e revistas; passatempos…

Elementos/evidências de competências desenvolvidas no decurso da experiência Profissional.

Outras áreas/Temas

.Artigos de opinião ou reflexão sobre temas do seu interesse.

Reflexão em torno do processo de Reconhecimento de Competências

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28 292. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Entrevista

Participantes

.

.

1 Técnico de RC;1 Candidato.

Objectivos

.

expectativas e identificação dos percursos profissional, escolar e formativo do candidato, das suas actividades de tempos livres, bem como dos seus interesses, expectativas e objectivos;

.Aferição da motivação para fazer o Processo de RC, devolução dos resultados do diagnóstico e encaminhamento para oferta formativa/Esclarecimento em torno da acção de formação;

.Agendamento da primeira sessão de construção do Portefólio Vocacional/Balanço de Competências e entrega de documentação adicional relevante para o processo de construção do Portefólio Vocacional;

.Início do preenchimento do Plano Individual de Intervenção (PII).

Esclarecimento adicional em torno dos objectivos, da metodologia, e da avaliação do Processo de RC/Nivelamento de

Metodologia

.Entrevista Individual semi-directiva de carácter exploratório; exposição oral e registo escrito.

Recursos

.

.

.Plano de Intervenção Individual:

Kit explicativo do Modelo de Intervenção/ Processo de RC; Guião de entrevista;

2.2 Construção do Portefólio Pessoal/ Vocacional

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

Após a realização da entrevista individual inicia-se o processo de construção do Portefólio pessoal/vocacional que integra:Balanço de Competências, Formação-Base;Projecto de Integração Socioprofissional.

Considerando-se o balanço de competências como o ponto de partida, e o projecto de integração socioprofissional o culminar deste processo, salienta-se novamente para o facto destes três eixos de intervenção constituírem um todo, devendo ser operacionalizados em complementariedade numa dinâmica de reciprocidade permanente, não devendo ser encaradas como áreas distintas e segmentadas.

O início da operacionalização deste processo exige, assim, o desenho de um plano de intervenção, definido a partir de toda a informação já recolhida sobre o candidato, e partilhado com todos os técnicos envolvidos na fase do recrutamento e selecção bem como pelo próprio candidato, devendo incluir:

Dados pessoais do adulto (incluindo os apoios de que beneficia);Necessidades sociais e formativas;Objectivo profissional;Identificação dos percursos modulares; Data do início e da conclusão das etapas do processo;Tipo de abordagem/ metodologias;Local e horário das diferentes sessões;Posicionamento no Referencial de Competências-Chave;Potencialidades e Dificuldades específicas do adulto;Obstáculos à realização do processo;Respostas formativas/ofertas profissionais/outras ofertas;Observações Pertinentes;

O plano de intervenção acompanha todo o processo de construção do portefólio devendo ser ajustado de acordo com o desenvolvimento do próprio processo.

Duração

.60 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

mesma informação nas sessões que se seguem.A dificuldade em reter a informação necessária por parte dos candidatos, poderá ser ultrapassada pelo reforço dessa

Observações

.

de requerentes de asilo não deverão ser abordadas as razões da sua vinda para o país de acolhimento nem deverão ser explorados os aspectos que remetam directamente para a sua rede de relações no país de origem por forma a evitar possíveis constrangimentos para o próprio;

.O técnico de RC que entrevista deverá ser a mesma que acompanhará o adulto ao longo de todo o processo de RC; fazendo o reforço de que o adulto poderá a ele recorrer para efeitos de resolução de problemas relacionados com a adaptação ao processo de orientação/formação e à aprendizagem, ou mesmo de apoio na resolução de problemas relacionados com necessidades sociais básicas prementes e emergentes no seu quotidiano, no sentido de poder ser a ponte de contacto com os demais técnicos que o acompanham;

.O técnico de RC deverá certificar-se que o candidato não tem a expectativa de obter a validação e a certificação formal das suas competências no âmbito deste Processo, devendo para isso sublinhar o carácter preparatório do mesmo.

.O técnico que iniciou e acompanha o processo de integração do adulto poderá estar presente na entrevista considerando a eventual necessidade de se fazer acompanhar por alguém com quem já estabeleceu uma relação de confiança.

.O técnico de RC deverá adaptar o seu discurso e postura ao perfil do adulto procurando desde logo criar uma relação de empatia no sentido de lhe mostrar que ele não é visto apenas como fonte de informação mas também que a sua perspectiva é fundamental para o trabalho que poderão vir a desenvolver em conjunto, salvaguardando o carácter confidencial da informação prestada;

.O técnico de RC deverá dar ao participante uma caderneta onde se agendam todas as sessões de trabalho, mostrar-lhe os espaços que o mesmo irá frequentar. O Plano de Intervenção Individual deverá ser preenchido com o adulto, tendo em conta o seu interesse e perfil, e deverá ser partilhado com todos os parceiros e não apenas com aqueles que estão directamente envolvidos.

O técnico de RC deve Informar o candidato acerca do objectivo inerente à exploração da sua História de Vida. Nos casos

Estrutura e Organização do Portefólio Pessoal/Vocacional

O Portefólio Pessoal deve conter o registo e documentação relativos à história de vida, às actividades desenvolvidas durante o processo de Reconhecimento de Competências (e.g.: instrumentos de mediação realizados, materiais produzidos no âmbito das acções de formação, das actividades de voluntariado, das actividades sócio-culturais em que participou) no sentido de evidenciar as competências desenvolvidas. A decisão dos elementos a integrar no Portefólio e a sequência de organização dos mesmos é definida em função da História de Vida do adulto, respeitando os seus interesses e gostos.O Portefólio Vocacional deverá incluir o Trabalho de Projecto com o Plano de Acção, o Curriculum Vitae Europeu, bem como o trabalho de balanço de competências feito nas áreas de competências-chave (priorizando as áreas de Linguagem e Comunicação; Cidadania e Empregabilidade).

Apresentação

.EXEMPLOS: Fotografia, imagens/assuntos de interesse, textos e reflexões, destaque de características pessoais

Elementos que contribuam para a apresentação geral do participante.

Exploração de História de Vida para Balanço de Competências

Percurso Pessoal

.

marcantes, e decisivos.EXEMPLOS: Certificado escolares e de formação; avaliações e trabalhos realizados na escola/formação; fotografias

Elementos/evidências de competências desenvolvidas em etapas da vida pessoal - momentos significativos,

Percurso Profissional

.EXEMPLOS: Curriculum Vitae; Contratos de trabalho; recibos de vencimento; Carteira profissional; Legislação; fotografias; avaliação de desempenho; declarações profissionais; cartas de recomendação; cartões profissionais; documentos e materiais produzidos no local de trabalho (cartas, ofícios, mapas, faxes…)

Elementos/evidências de competências desenvolvidas no decurso da experiência Profissional.

Interesses e lazer

.EXEMPLOS: Fotografias (passeios, viagens.); postais; capas de livros, Cd's e DVD de referência; colecções; poesias, pensamentos e textos diversos, bilhetes de espectáculos, de museus, de avião; receitas; trabalhos manuais; medalhas; pesquisas da Internet; cartões de sócio; recortes de jornais e revistas; passatempos…

Elementos/evidências de competências desenvolvidas no decurso da experiência Profissional.

Outras áreas/Temas

.Artigos de opinião ou reflexão sobre temas do seu interesse.

Reflexão em torno do processo de Reconhecimento de Competências

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30 312. Implementação do Modelo de Intervenção

2.2.1 Balanço de CompetênciasNo quadro IC Equal, o Balanço de Competências é um instrumento de apoio à gestão, com funções de diagnóstico e de

avaliação das competências mais directamente relacionadas - mobilizadas ou desenvolvidas - com os objectivos e actividades de um determinado projecto. Trata-se de uma actividade participada, dinâmica e evolutiva, introspectiva e reflexiva, abrangente e directamente relacionada com a avaliação (partindo de um diagnóstico - BC de partida - e apurando resultados observáveis nas competências - BC de chegada).

O BC tem utilidade como instrumento/ferramenta para: 1) apoiar a gestão do projecto (planificar, conceber e acompanhar), 2) envolver os participantes no projecto (a partir da sua participação nas actividades de BC), 3) gerir competências (identificar, monitorizar e avaliar), 4) reorientar as actividades do projecto (introduzir acções correctivas e de melhoria), 5) alcançar os objectivos do projecto (a qualificação dos participantes), 6) enriquecer a avaliação final do projecto (identificar resultados ao nível da dimensão competências).

No âmbito deste Modelo, o objectivo principal das sessões de BC é, pois, orientar o adulto na redefinição de um Projecto de inserção profissional realista e exequível, tendo como objectivos específicos: 1) Reconhecer conhecimentos e competências-chave (essenciais para a sua inserção socioprofissional) desenvolvidas ao longo da vida susceptíveis de serem transferidas para novos contextos de vida e, em particular, para novas experiências profissionais; 2) Produzir evidências das competências desenvolvidas; 3) identificar interesses vocacionais e objectivos profissionais; 4) Identificar necessidades formativas; 5) encaminhar para percursos facilitadores da sua inclusão socioprofissional.

É, pois, neste sentido que as sessões de BC se sustentam na História de vida do adulto no que concerne ao seu percurso escolar, formativo, profissional e social; constituem o ponto de partida do Projecto Vocacional, sustentando-o; marcam o início da construção do seu Portefólio Pessoal/Vocacional e acompanham todas as etapas do percurso experienciado pelo adulto

Digamos que as sessões de Balanço de Competências previstas se traduzem num processo metodológico flexível, i.e., adaptado a cada adulto, que lhe proporciona ocasiões de reflexão e avaliação da sua experiência de vida, levando-o à identificação das suas competências, potencialidades e limitações/necessidades e à construção de projectos pessoais e profissionais significativos e exequíveis que potenciem a sua autonomia sustentável

Propõe-se a aplicação do BC assente numa abordagem por processos agregados em três grandes grupos: 1) BC de partida (inclui a planificação das actividades de BC e o diagnóstico de competências iniciais e permite reorientar as actividades do projecto bem como definir os itinerários de aprendizagem); 2) BC intermédio (permite identificar progressos e dificuldades bem como reorientar as actividades do projecto); e 3) BC de chegada (permite enriquecer a avaliação, determinar o impacto do projecto nas competências do público-alvo).

O BC a aplicar suporta-se essencialmente no Referencial de Competências -Chave de Educação e Formação de Adultos (Básico), considerado uma referência de peso do âmbito da intervenção dirigida a públicos desfavorecidos (Equal, 2002), contemplando-se contudo a possibilidade de se recorrer a outros referenciais, a título de complemento.A dinamização das sessões está a cargo do Técnico de Reconhecimento de Competências, através do recurso personalizado (ao nível da forma e dos conteúdos) a instrumentos/actividades de mediação entre a História de Vida do adulto e os referenciais adoptados.

As sessões são dinamizadas individualmente e em grupo na medida em que, se por um lado se pretende que o adulto faça uma análise aprofundada das competências desenvolvidas e da forma de as transferir para outros contextos de socialização, nomeadamente, para novas actividades profissionais, por outro, considera-se também vantajoso articular com momentos em grupo dada a possibilidade de reflexão conjunta sobre experiências passadas comuns e sobre as aprendizagens decorrentes, salvaguardando contudo o respeito pela privacidade de cada adulto.

Tendo em conta as características dos candidatos, e o tempo necessário quer à apropriação desta metodologia quer à reflexão por parte dos próprios adultos, considera-se que as sessões de balanço de competências tenham uma duração entre 90 e 120 minutos, e que decorram duas vezes por semana.

Descrição da experiênciaBodry iniciou as sessões de Balanço de Competências (BC) em Setembro de 2006. Cada sessão teve a duração de 2 horas e foi dinamizada pela técnica de RC que o entrevistou.

Considerando as suas necessidades e especificidades, e tendo em conta as barreiras culturais à sua inserção, o trabalho de desocultação de competências teve como principal objectivo a (re)socialização de Bodry face à sociedade portuguesa e a definição do seu projecto de integração sócio-profissional. Neste sentido, desenvolveu-se um trabalho centrado na sua

pessoa, promovendo-se o (auto)reconhecimento das competências que desenvolveu ao longo da sua vida e, em particular, das competências desenvolvidas a partir da vivência de experiências significativas decorrentes da sua rede de relações (não)institucional em Portugal, em ordem à sua mobilização para outros contextos de socialização/aprendizagem.

De modo a evitar possíveis constrangimentos para Bodry, decidiu-se que não se iria explorar a dimensão pessoal e familiar da sua História de Vida, a menos que Bodry o fizesse voluntariamente, bem como se decidiu que se iria iniciar a construção do seu Portefólio Pessoal/Vocacional a partir da sua Rede de Relações em Portugal, explorando-se as experiências e competências desenvolvidas no país de origem à medida que a relação de confiança se estabelecesse.

Seguiu-se de perto o Referencial de Competências-Chave de Educação e Formação de Adultos utilizado no âmbito do processo de RVCC,

As primeiras sessões de construção do Portefólio Pessoal-Vocacional, foram dinamizadas em grupo com o objectivo de promover o relacionamento interpessoal entre Bodry e uma outra requerente de asilo que tinha, também, iniciado o processo de balanço de competências, não obstante o acompanhamento ter sido personalizado dadas as diferenças existentes entre os dois no que concerne ao domínio da Língua Portuguesa, grau de autonomia e ritmo de trabalho. As restantes sessões foram feitas individualmente dadas as referidas diferenças, implicando por vezes o recurso a estratégias e a instrumentos diferenciados.

Com o objectivo de evitar o isolamento potenciado pelas sessões individuais, Bodry partilhou, por vezes, o mesmo espaço onde os adultos em processo de RVCC se encontravam a trabalhar potenciando-se, assim, o relacionamento inter-pessoal entre eles.

Estas sessões centraram-se nas actividades sócio-culturais em que participou através do CPR (e.g.: visita à Assembleia da República, ao Castelo de S. Jorge, à Fundação C.Gulbenkian, a Belém, inauguração do novo centro de acolhimento para refugiados, participação no banco de roupa do CPR) com os objectivos específicos de (auto)reconhecer indícios de competência de relacionamento inter-pessoal e de adaptabilidade, de promover a auto-reflexão ao nível do Saber Ser e do Saber Estar em contextos (in)formais e de promover a auto-consciencialização dos recursos que têm ao seu dispor a partir da relação que estabelece com o CPR.

Para este efeito foi criado o instrumento Um dia num Passeio com o CPR que reportou Bodry não só para as relações interpessoais, como também para os comportamentos assumidos e para as aprendizagens resultantes A sua dinamização permitiu identificar indícios de competências de relacionamento inter-pessoal e de adaptabilidade, ao mesmo tempo que permitiu desocultar competências nas áreas da Matemática para a Vida (MV) e das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC).

Dado que na 2ª sessão de construção do Portefólio Pessoal-Vocacional Bodry revelou dificuldades na compreensão tanto do conceito de Portefólio Vocacional como da metodologia subjacente e, por consequência, do impacto positivo que esta ferramenta poderá ter em termos da sua integração na sociedade portuguesa, houve também necessidade de se criar e dinamizar o instrumento O meu Portefólio Vocacional, como complemento do instrumento Pondo em Comum já utilizado no âmbito do processo de RVCC.

A sessão foi dinamizada em grupo, ainda que o acompanhamento tenha sido personalizado e muito orientado considerando, sobretudo, o baixo grau de autonomia dos participantes e a não familiarização com o vocabulário inerente ao processo de construção do Portefólio Vocacional/Reconhecimento de Competências.

Não obstante, Bodry realizou com sucesso a generalidade das tarefas propostas. A excepção centrou-se na actividade de construção de frases com base em palavras-chave que, relacionadas com o Portefólio Vocacional, traduzissem situações vividas ou objectivos concretizados (ou por concretizar) em Portugal, em virtude das dificuldades detectadas, nomeadamente, ao nível da comunicação de ideias, construção frásica e vocabulário, pelo que a técnica de RC decidiu adiar a sua realização até que Bodry estivesse mais familiarizado com o processo e com a sua terminologia.

No que concerne ao instrumento Pondo em Comum, verificou-se que as respostas dadas por Bodry ainda se afastavam em muito do esperado dado que ele tendia a associar o processo de reconhecimento de competências a um processo escolar, posicionando-se mais numa lógica de aquisição de conhecimentos e não tanto numa lógica de (auto) reconhecimento de competências, e visto que predominava a consciência de si enquanto sujeito passivo destituído de competências relevantes. De modo a contornar este desfasamento, a técnica de RC decidiu que este instrumento seria aplicado uma vez por mês até que se obtivessem os resultados esperados.

A partir da 5ª sessão, Bodry. evidenciou uma certa evolução ao nível da sua autonomia, iniciativa, ritmo de trabalho e organização de ideias, não obstante ter continuado a necessitar de orientação permanente. Revelou, também, ter percebido a utilidade do processo de RC:

Para mim, o processo de RC é importante porque este vai ajudar-me a preparar o meu futuro até conseguir fazer um curso profissional(…)quero saber quais são as minhas competências e os conhecimentos que adquiri desde criança até agora(…)o que

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30 312. Implementação do Modelo de Intervenção

2.2.1 Balanço de CompetênciasNo quadro IC Equal, o Balanço de Competências é um instrumento de apoio à gestão, com funções de diagnóstico e de

avaliação das competências mais directamente relacionadas - mobilizadas ou desenvolvidas - com os objectivos e actividades de um determinado projecto. Trata-se de uma actividade participada, dinâmica e evolutiva, introspectiva e reflexiva, abrangente e directamente relacionada com a avaliação (partindo de um diagnóstico - BC de partida - e apurando resultados observáveis nas competências - BC de chegada).

O BC tem utilidade como instrumento/ferramenta para: 1) apoiar a gestão do projecto (planificar, conceber e acompanhar), 2) envolver os participantes no projecto (a partir da sua participação nas actividades de BC), 3) gerir competências (identificar, monitorizar e avaliar), 4) reorientar as actividades do projecto (introduzir acções correctivas e de melhoria), 5) alcançar os objectivos do projecto (a qualificação dos participantes), 6) enriquecer a avaliação final do projecto (identificar resultados ao nível da dimensão competências).

No âmbito deste Modelo, o objectivo principal das sessões de BC é, pois, orientar o adulto na redefinição de um Projecto de inserção profissional realista e exequível, tendo como objectivos específicos: 1) Reconhecer conhecimentos e competências-chave (essenciais para a sua inserção socioprofissional) desenvolvidas ao longo da vida susceptíveis de serem transferidas para novos contextos de vida e, em particular, para novas experiências profissionais; 2) Produzir evidências das competências desenvolvidas; 3) identificar interesses vocacionais e objectivos profissionais; 4) Identificar necessidades formativas; 5) encaminhar para percursos facilitadores da sua inclusão socioprofissional.

É, pois, neste sentido que as sessões de BC se sustentam na História de vida do adulto no que concerne ao seu percurso escolar, formativo, profissional e social; constituem o ponto de partida do Projecto Vocacional, sustentando-o; marcam o início da construção do seu Portefólio Pessoal/Vocacional e acompanham todas as etapas do percurso experienciado pelo adulto

Digamos que as sessões de Balanço de Competências previstas se traduzem num processo metodológico flexível, i.e., adaptado a cada adulto, que lhe proporciona ocasiões de reflexão e avaliação da sua experiência de vida, levando-o à identificação das suas competências, potencialidades e limitações/necessidades e à construção de projectos pessoais e profissionais significativos e exequíveis que potenciem a sua autonomia sustentável

Propõe-se a aplicação do BC assente numa abordagem por processos agregados em três grandes grupos: 1) BC de partida (inclui a planificação das actividades de BC e o diagnóstico de competências iniciais e permite reorientar as actividades do projecto bem como definir os itinerários de aprendizagem); 2) BC intermédio (permite identificar progressos e dificuldades bem como reorientar as actividades do projecto); e 3) BC de chegada (permite enriquecer a avaliação, determinar o impacto do projecto nas competências do público-alvo).

O BC a aplicar suporta-se essencialmente no Referencial de Competências -Chave de Educação e Formação de Adultos (Básico), considerado uma referência de peso do âmbito da intervenção dirigida a públicos desfavorecidos (Equal, 2002), contemplando-se contudo a possibilidade de se recorrer a outros referenciais, a título de complemento.A dinamização das sessões está a cargo do Técnico de Reconhecimento de Competências, através do recurso personalizado (ao nível da forma e dos conteúdos) a instrumentos/actividades de mediação entre a História de Vida do adulto e os referenciais adoptados.

As sessões são dinamizadas individualmente e em grupo na medida em que, se por um lado se pretende que o adulto faça uma análise aprofundada das competências desenvolvidas e da forma de as transferir para outros contextos de socialização, nomeadamente, para novas actividades profissionais, por outro, considera-se também vantajoso articular com momentos em grupo dada a possibilidade de reflexão conjunta sobre experiências passadas comuns e sobre as aprendizagens decorrentes, salvaguardando contudo o respeito pela privacidade de cada adulto.

Tendo em conta as características dos candidatos, e o tempo necessário quer à apropriação desta metodologia quer à reflexão por parte dos próprios adultos, considera-se que as sessões de balanço de competências tenham uma duração entre 90 e 120 minutos, e que decorram duas vezes por semana.

Descrição da experiênciaBodry iniciou as sessões de Balanço de Competências (BC) em Setembro de 2006. Cada sessão teve a duração de 2 horas e foi dinamizada pela técnica de RC que o entrevistou.

Considerando as suas necessidades e especificidades, e tendo em conta as barreiras culturais à sua inserção, o trabalho de desocultação de competências teve como principal objectivo a (re)socialização de Bodry face à sociedade portuguesa e a definição do seu projecto de integração sócio-profissional. Neste sentido, desenvolveu-se um trabalho centrado na sua

pessoa, promovendo-se o (auto)reconhecimento das competências que desenvolveu ao longo da sua vida e, em particular, das competências desenvolvidas a partir da vivência de experiências significativas decorrentes da sua rede de relações (não)institucional em Portugal, em ordem à sua mobilização para outros contextos de socialização/aprendizagem.

De modo a evitar possíveis constrangimentos para Bodry, decidiu-se que não se iria explorar a dimensão pessoal e familiar da sua História de Vida, a menos que Bodry o fizesse voluntariamente, bem como se decidiu que se iria iniciar a construção do seu Portefólio Pessoal/Vocacional a partir da sua Rede de Relações em Portugal, explorando-se as experiências e competências desenvolvidas no país de origem à medida que a relação de confiança se estabelecesse.

Seguiu-se de perto o Referencial de Competências-Chave de Educação e Formação de Adultos utilizado no âmbito do processo de RVCC,

As primeiras sessões de construção do Portefólio Pessoal-Vocacional, foram dinamizadas em grupo com o objectivo de promover o relacionamento interpessoal entre Bodry e uma outra requerente de asilo que tinha, também, iniciado o processo de balanço de competências, não obstante o acompanhamento ter sido personalizado dadas as diferenças existentes entre os dois no que concerne ao domínio da Língua Portuguesa, grau de autonomia e ritmo de trabalho. As restantes sessões foram feitas individualmente dadas as referidas diferenças, implicando por vezes o recurso a estratégias e a instrumentos diferenciados.

Com o objectivo de evitar o isolamento potenciado pelas sessões individuais, Bodry partilhou, por vezes, o mesmo espaço onde os adultos em processo de RVCC se encontravam a trabalhar potenciando-se, assim, o relacionamento inter-pessoal entre eles.

Estas sessões centraram-se nas actividades sócio-culturais em que participou através do CPR (e.g.: visita à Assembleia da República, ao Castelo de S. Jorge, à Fundação C.Gulbenkian, a Belém, inauguração do novo centro de acolhimento para refugiados, participação no banco de roupa do CPR) com os objectivos específicos de (auto)reconhecer indícios de competência de relacionamento inter-pessoal e de adaptabilidade, de promover a auto-reflexão ao nível do Saber Ser e do Saber Estar em contextos (in)formais e de promover a auto-consciencialização dos recursos que têm ao seu dispor a partir da relação que estabelece com o CPR.

Para este efeito foi criado o instrumento Um dia num Passeio com o CPR que reportou Bodry não só para as relações interpessoais, como também para os comportamentos assumidos e para as aprendizagens resultantes A sua dinamização permitiu identificar indícios de competências de relacionamento inter-pessoal e de adaptabilidade, ao mesmo tempo que permitiu desocultar competências nas áreas da Matemática para a Vida (MV) e das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC).

Dado que na 2ª sessão de construção do Portefólio Pessoal-Vocacional Bodry revelou dificuldades na compreensão tanto do conceito de Portefólio Vocacional como da metodologia subjacente e, por consequência, do impacto positivo que esta ferramenta poderá ter em termos da sua integração na sociedade portuguesa, houve também necessidade de se criar e dinamizar o instrumento O meu Portefólio Vocacional, como complemento do instrumento Pondo em Comum já utilizado no âmbito do processo de RVCC.

A sessão foi dinamizada em grupo, ainda que o acompanhamento tenha sido personalizado e muito orientado considerando, sobretudo, o baixo grau de autonomia dos participantes e a não familiarização com o vocabulário inerente ao processo de construção do Portefólio Vocacional/Reconhecimento de Competências.

Não obstante, Bodry realizou com sucesso a generalidade das tarefas propostas. A excepção centrou-se na actividade de construção de frases com base em palavras-chave que, relacionadas com o Portefólio Vocacional, traduzissem situações vividas ou objectivos concretizados (ou por concretizar) em Portugal, em virtude das dificuldades detectadas, nomeadamente, ao nível da comunicação de ideias, construção frásica e vocabulário, pelo que a técnica de RC decidiu adiar a sua realização até que Bodry estivesse mais familiarizado com o processo e com a sua terminologia.

No que concerne ao instrumento Pondo em Comum, verificou-se que as respostas dadas por Bodry ainda se afastavam em muito do esperado dado que ele tendia a associar o processo de reconhecimento de competências a um processo escolar, posicionando-se mais numa lógica de aquisição de conhecimentos e não tanto numa lógica de (auto) reconhecimento de competências, e visto que predominava a consciência de si enquanto sujeito passivo destituído de competências relevantes. De modo a contornar este desfasamento, a técnica de RC decidiu que este instrumento seria aplicado uma vez por mês até que se obtivessem os resultados esperados.

A partir da 5ª sessão, Bodry. evidenciou uma certa evolução ao nível da sua autonomia, iniciativa, ritmo de trabalho e organização de ideias, não obstante ter continuado a necessitar de orientação permanente. Revelou, também, ter percebido a utilidade do processo de RC:

Para mim, o processo de RC é importante porque este vai ajudar-me a preparar o meu futuro até conseguir fazer um curso profissional(…)quero saber quais são as minhas competências e os conhecimentos que adquiri desde criança até agora(…)o que

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32 332. Implementação do Modelo de Intervenção

espero é conseguir resolver o problema da minha legalização para depois fazer um curso de electricidade e procurar trabalho.

De modo a facilitar e a acelerar a construção do Portfólio Pessoal/Vocacional de Bodry decidiu-se, em articulação com a formadora das aulas de Língua Portuguesa para Estrangeiros, que os instrumentos a aplicar no âmbito das sessões de BC seriam utilizados nas aulas para efeitos de treino/desenvolvimento de competências no âmbito da Língua Portuguesa, e que os textos produzidos no âmbito das aulas seriam alvo de um processo de desocultação de competências nas áreas de Linguagem e Comunicação, Cidadania e Empregabilidade e Tecnologias da Informação e da Comunicação.

As sessões que se seguiram foram dinamizadas individualmente, com o propósito de dar continuidade à exploração da sua rede de relações em Portugal. Com o objectivo específico de identificar competências de relacionamento inter-pessoal e, caso de justificasse, de sensibilizar Bodry para a mudança comportamental no sentido do protagonismo de comportamentos adequados ao contexto formativo, dinamizou-se o instrumento de mediação O meu percurso formativo baseado na sua experiência enquanto formando no âmbito da acção de formação em Literacia Tecnológica (iniciação). Seguindo os mesmos objectivos específicos, iniciou-se um trabalho de exploração da sua experiência enquanto testemunha de Jeová.

Com o objectivo de se proceder ao reconhecimento de valores facilitadores da integração de Bodry na sociedade portuguesa, seguiu-se a dinamização do instrumento Os meus valores pessoais a partir do registo oral e escrito de contos congoleses feito no âmbito do curso de LPE. Este instrumento será retomado aquando da identificação dos valores associados à profissão que Bodry pretende exercer, com o objectivo de promover o auto-conhecimento e a auto-reflexão ao nível do Saber Ser e do Saber Estar em contexto profissional e, caso se justifique, de promover a sensibilização para a mudança comportamental, i.e., para o desenvolvimento de competências relacionais valorizadas pelo mercado de emprego e facilitadoras do desempenho profissional.

Seguiu-se a exploração e (auto) avaliação da rotina diária de Bodry, dos seus gostos e temas de interesse, bem como a continuação da exploração das suas actividades de tempos livres. Em articulação com o SES/SCML, e visando a resolução de uma situação-problema pelo próprio, Bodry realizou também o instrumento Os meus objectivos de curto Prazo que implicou a execução de um Plano de Acção para a aquisição de uma máquina de lavar roupa, potenciando-se assim, e mais uma vez, a sua autonomia, bem como a consciencialização e a valorização da sua nova rede de relações e dos recursos que, a partir dela, tem ao seu dispor.

As sessões que se seguiram centraram-se na exploração das suas atitudes pessoais, bem como do seu percurso escolar. A realização do instrumento O meu percurso escolar conduziu à produção de um texto em torno da sua auto-formação em inglês, evidenciando-se a sua capacidade de iniciativa e as suas competências ao nível desta língua. Ainda no âmbito das competências linguísticas, Bodry produziu também um texto de apresentação em francês. A partir da exploração do seu percurso escolar, foi também possível confirmar o interesse que Bodry tem pelas áreas da Contabilidade e da Matemática o que, por sua vez, conduziu à sua integração numa formação de curta duração em Excel promovida pelo OFIP e à participação num grupo de formação complementar na área da Matemática para a Vida no âmbito do processo de RVCC, possibilitando-lhe mais uma vez o alargamento da sua rede de relações.

Por iniciativa de Bodry foi possível aceder, ainda que superficialmente, a algumas dimensões da sua História de Vida Pessoal no seu país de origem, a partir de um trabalho que fez em torno das principais características do seu país, da sua rede de relações familiar e das razões da sua fuga para Portugal. Este trabalho implicou, também, a articulação entre a técnica de RC e a formadora de LPE no sentido em que se tratou de um trabalho iniciado em contexto formativo que foi complementado com pesquisas feitas na Internet, tendo-lhe sido disponibilizado para esse efeito o acesso a computadores tanto no espaço Clique Solidário do OFIF como no espaço afecto aos adultos em processo de RVCC. Deste trabalho, resultaram dois outros em torno das semelhanças e singularidades entre o seu país de origem e Portugal, bem como em torno dos seus direitos e deveres enquanto requerente de asilo.

Estes trabalhos permitiram identificar experiências vividas em contexto familiar que concorrem para a actividade de voluntariado que veio a iniciar em Julho de 2007, bem como permitiu reforçar a convicção de que o Bodry é detentor de competências pessoais facilitadoras da sua integração na sociedade portuguesa, com destaque para a resiliência, a autodeterminação, responsabilidade e maturidade.

Na sequência de uma consulta médica possibilitada pelo SES e com o objectivo de potenciar a auto-reflexão em torno dodireitos e deveres associados ao papel de utente do Serviço Nacional de Saúde, de reconhecer competências de relacionamento interpessoal e de adaptabilidade passíveis de serem mobilizadas para outros contextos, e de promover a sua autonomia criou-se e dinamizou-se o instrumento O meu papel como utente do Serviço Nacional de Saúde.

Na sequência do início da actividade de voluntariado por parte de Bodry no Centro Paroquial e Social de Camarate como acompanhante de crianças num ATL, e por sugestão da técnica do SES que o acompanha, a técnica de RC participou numa

s

reunião com a técnica da C.M. de Loures afecta ao projecto VIAAS e com a técnica do referido Centro com o propósito de aferir do interesse em desenvolver um trabalho em articulação com o CNO no sentido de se perspectivar a actividade de voluntariado como uma formação em contexto organizacional visto se tratar de um espaço privilegiado para o desenvolvimento de competências facilitadoras da integração socioprofissional de Bodry.

Desde então que a técnica de RC tem vindo a partilhar com a técnica responsável pela actividade de voluntariado o trabalho realizado em torno dessa actividade (o Diário de Bordo) que é feito no âmbito das sessões de reconhecimento de competências/construção do Portefólio Pessoal/Vocacional, complementando-se assimo trabalho de acompanhamento e de avaliação de Bodry no âmbito do ATL.

Por sua vez, a técnica responsável pela actividade de voluntariado ficou de dar feedback da performance de Bodry no ATL, potenciando o desenvolvimento das competências em falta ou das competências que necessitem estar mais evidenciadas no âmbito da área de Cidadania e Empregabilidade i.e., das competências que foram previamente identificadas no âmbito do Balanço de Competências efectuado.

Adorei os testemunhos do Bodry, ele é muito especial (técnica responsável pela actividade de voluntariado)

(…). A primeira coisa que eu fiz, foi cumprimentar os animadores começando pelo Bruno, depois fui cumprimentar a Rosa, a Marta e no fim todas as crianças que estavam na sala lendo alguns livros do ATL(…)nós fizemos o jogo de água que foi um jogo novo para mim. Nós organizámos tudo o que foi preciso para este jogo(…)No fim deste jogo, fomos almoçar todos e nós começámos a servir as crianças e depois almoçámos com elas(…)eu estou a gostar muito de trabalhar com elas, porque exige muita vontade e sobretudo paciência porque algumas crianças são rebeldes. A Dr.ª Filipa ensinou-me como desenvolver a vontade de trabalhar com as crianças da creche onde estou a trabalhar. E também me mostrou a importância do trabalho de voluntário.(…) Apesar de não estar com elas durante muito tempo, eu já consigo estudar o comportamento de cada criança da creche e o nível intelectual de cada criança. Eu estou a aprender a linguagem delas(...).

A técnica de RC reuniu diversas vezes com a técnica do SES não só para fazer pontos de situação do acompanhamento e evolução de Bodry como também para a resolução de necessidades emergentes e para efeitos da definição dos respectivos projectos de integração socioprofissional.

Não foi possível cumprir o cronograma de actividades previsto considerando, sobretudo, que o número de sessões estipuladas para a dinamização de cada instrumento se revelou, na maioria dos casos, insuficiente em virtude do ritmo de trabalho de Bodry ainda não ser o desejável, não obstante a sua notável evolução.

Facto que, em parte, se poderá explicar pela dificuldade que Bodry ainda tem em se focar apenas naquilo que lhe é pedido, no sentido em que tende a expressar opiniões em torno das competências ao invés de se reportar a situações concretas da sua vida em que mobilizou essas competências, a par das suas dificuldades ao nível da Língua Portuguesa o que implica que os trabalhos apresentados sejam reformulados mais do que uma vez e em articulação com a formadora do curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros

As sessões de reconhecimento de competências têm sido monitorizadas através da avaliação que Bodry faz das sessões, (e.g.:condições de trabalho, instrumentos de mediação aplicados, acompanhamento por parte da técnica de RC), bem como através da sua própria auto-avaliação (e.g.:capacidade de trabalho, competências desenvolvidas, dificuldades e estratégias para obter melhores resultados, actividades que mais gosta de fazer e onde apresenta melhores resultados, actividades que menos gosta de fazer, impacto do processo na sua vida actual e futura).

Se este trabalho não tivesse nenhuma utilidade, não gastaria o meu tempo. O trabalho que eu estou a fazer é muito importante para mim porque me ajuda a descobrir as minhas competências e porque quando acabar este processo, tenho mais possibilidades de obter a equivalência ao 9º ano(…)o que eu mais gosto no processo de reconhecimento de competências é de falar e escrever sobre as minhas experiências de vida e sobre as minhas competências e aprendizagens, de conhecer pessoas novas, de tomar consciência das minhas limitações/dificuldades(…)passei a ser mais responsável, a relacionar-me mais com os outros, a gostar (mais) de mim, passei a ser (mais) organizado, aumentei a minha capacidade para estabelecer prioridades e para estabelecer objectivos realistas e passei a ter o tempo mais ocupado e passei a ter mais consciência das minhas competências (…)para conseguir melhores resultados, eu tenho de gerir melhor o meu tempo, aprofundar os meus conhecimentos da Língua Portuguesa, trocar mais vezes ideias com outras pessoas, treinar a minha capacidade de concentração, sair mais cedo de casa para não chegar atrasado(…).Há muitas pessoas que têm estes mesmos conhecimentos e competências mas não conseguem desenvolvê-los, para isto é preciso ter alguém que lhe mostre as competências escondidas (…) agora sou capaz de saber quem eu sou graças a este processo de reconhecimentos de competências.

Estas (auto)avaliações conduziram, por vezes, à readaptação de instrumentos no que concerne à forma, à linguagem e ao grau de directividade, tendo Bodry concordado com o facto dos instrumentos de mediação serem feitos em diferentes formatos (grelhas e texto corrido) e terem diferentes graus de directividade visto que se, por um lado, importava desenvolver a sua capacidade de síntese e a sua capacidade para se focar em situações/experiências de vida significativas e não em opiniões

(Auto)Avaliação

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espero é conseguir resolver o problema da minha legalização para depois fazer um curso de electricidade e procurar trabalho.

De modo a facilitar e a acelerar a construção do Portfólio Pessoal/Vocacional de Bodry decidiu-se, em articulação com a formadora das aulas de Língua Portuguesa para Estrangeiros, que os instrumentos a aplicar no âmbito das sessões de BC seriam utilizados nas aulas para efeitos de treino/desenvolvimento de competências no âmbito da Língua Portuguesa, e que os textos produzidos no âmbito das aulas seriam alvo de um processo de desocultação de competências nas áreas de Linguagem e Comunicação, Cidadania e Empregabilidade e Tecnologias da Informação e da Comunicação.

As sessões que se seguiram foram dinamizadas individualmente, com o propósito de dar continuidade à exploração da sua rede de relações em Portugal. Com o objectivo específico de identificar competências de relacionamento inter-pessoal e, caso de justificasse, de sensibilizar Bodry para a mudança comportamental no sentido do protagonismo de comportamentos adequados ao contexto formativo, dinamizou-se o instrumento de mediação O meu percurso formativo baseado na sua experiência enquanto formando no âmbito da acção de formação em Literacia Tecnológica (iniciação). Seguindo os mesmos objectivos específicos, iniciou-se um trabalho de exploração da sua experiência enquanto testemunha de Jeová.

Com o objectivo de se proceder ao reconhecimento de valores facilitadores da integração de Bodry na sociedade portuguesa, seguiu-se a dinamização do instrumento Os meus valores pessoais a partir do registo oral e escrito de contos congoleses feito no âmbito do curso de LPE. Este instrumento será retomado aquando da identificação dos valores associados à profissão que Bodry pretende exercer, com o objectivo de promover o auto-conhecimento e a auto-reflexão ao nível do Saber Ser e do Saber Estar em contexto profissional e, caso se justifique, de promover a sensibilização para a mudança comportamental, i.e., para o desenvolvimento de competências relacionais valorizadas pelo mercado de emprego e facilitadoras do desempenho profissional.

Seguiu-se a exploração e (auto) avaliação da rotina diária de Bodry, dos seus gostos e temas de interesse, bem como a continuação da exploração das suas actividades de tempos livres. Em articulação com o SES/SCML, e visando a resolução de uma situação-problema pelo próprio, Bodry realizou também o instrumento Os meus objectivos de curto Prazo que implicou a execução de um Plano de Acção para a aquisição de uma máquina de lavar roupa, potenciando-se assim, e mais uma vez, a sua autonomia, bem como a consciencialização e a valorização da sua nova rede de relações e dos recursos que, a partir dela, tem ao seu dispor.

As sessões que se seguiram centraram-se na exploração das suas atitudes pessoais, bem como do seu percurso escolar. A realização do instrumento O meu percurso escolar conduziu à produção de um texto em torno da sua auto-formação em inglês, evidenciando-se a sua capacidade de iniciativa e as suas competências ao nível desta língua. Ainda no âmbito das competências linguísticas, Bodry produziu também um texto de apresentação em francês. A partir da exploração do seu percurso escolar, foi também possível confirmar o interesse que Bodry tem pelas áreas da Contabilidade e da Matemática o que, por sua vez, conduziu à sua integração numa formação de curta duração em Excel promovida pelo OFIP e à participação num grupo de formação complementar na área da Matemática para a Vida no âmbito do processo de RVCC, possibilitando-lhe mais uma vez o alargamento da sua rede de relações.

Por iniciativa de Bodry foi possível aceder, ainda que superficialmente, a algumas dimensões da sua História de Vida Pessoal no seu país de origem, a partir de um trabalho que fez em torno das principais características do seu país, da sua rede de relações familiar e das razões da sua fuga para Portugal. Este trabalho implicou, também, a articulação entre a técnica de RC e a formadora de LPE no sentido em que se tratou de um trabalho iniciado em contexto formativo que foi complementado com pesquisas feitas na Internet, tendo-lhe sido disponibilizado para esse efeito o acesso a computadores tanto no espaço Clique Solidário do OFIF como no espaço afecto aos adultos em processo de RVCC. Deste trabalho, resultaram dois outros em torno das semelhanças e singularidades entre o seu país de origem e Portugal, bem como em torno dos seus direitos e deveres enquanto requerente de asilo.

Estes trabalhos permitiram identificar experiências vividas em contexto familiar que concorrem para a actividade de voluntariado que veio a iniciar em Julho de 2007, bem como permitiu reforçar a convicção de que o Bodry é detentor de competências pessoais facilitadoras da sua integração na sociedade portuguesa, com destaque para a resiliência, a autodeterminação, responsabilidade e maturidade.

Na sequência de uma consulta médica possibilitada pelo SES e com o objectivo de potenciar a auto-reflexão em torno dodireitos e deveres associados ao papel de utente do Serviço Nacional de Saúde, de reconhecer competências de relacionamento interpessoal e de adaptabilidade passíveis de serem mobilizadas para outros contextos, e de promover a sua autonomia criou-se e dinamizou-se o instrumento O meu papel como utente do Serviço Nacional de Saúde.

Na sequência do início da actividade de voluntariado por parte de Bodry no Centro Paroquial e Social de Camarate como acompanhante de crianças num ATL, e por sugestão da técnica do SES que o acompanha, a técnica de RC participou numa

s

reunião com a técnica da C.M. de Loures afecta ao projecto VIAAS e com a técnica do referido Centro com o propósito de aferir do interesse em desenvolver um trabalho em articulação com o CNO no sentido de se perspectivar a actividade de voluntariado como uma formação em contexto organizacional visto se tratar de um espaço privilegiado para o desenvolvimento de competências facilitadoras da integração socioprofissional de Bodry.

Desde então que a técnica de RC tem vindo a partilhar com a técnica responsável pela actividade de voluntariado o trabalho realizado em torno dessa actividade (o Diário de Bordo) que é feito no âmbito das sessões de reconhecimento de competências/construção do Portefólio Pessoal/Vocacional, complementando-se assimo trabalho de acompanhamento e de avaliação de Bodry no âmbito do ATL.

Por sua vez, a técnica responsável pela actividade de voluntariado ficou de dar feedback da performance de Bodry no ATL, potenciando o desenvolvimento das competências em falta ou das competências que necessitem estar mais evidenciadas no âmbito da área de Cidadania e Empregabilidade i.e., das competências que foram previamente identificadas no âmbito do Balanço de Competências efectuado.

Adorei os testemunhos do Bodry, ele é muito especial (técnica responsável pela actividade de voluntariado)

(…). A primeira coisa que eu fiz, foi cumprimentar os animadores começando pelo Bruno, depois fui cumprimentar a Rosa, a Marta e no fim todas as crianças que estavam na sala lendo alguns livros do ATL(…)nós fizemos o jogo de água que foi um jogo novo para mim. Nós organizámos tudo o que foi preciso para este jogo(…)No fim deste jogo, fomos almoçar todos e nós começámos a servir as crianças e depois almoçámos com elas(…)eu estou a gostar muito de trabalhar com elas, porque exige muita vontade e sobretudo paciência porque algumas crianças são rebeldes. A Dr.ª Filipa ensinou-me como desenvolver a vontade de trabalhar com as crianças da creche onde estou a trabalhar. E também me mostrou a importância do trabalho de voluntário.(…) Apesar de não estar com elas durante muito tempo, eu já consigo estudar o comportamento de cada criança da creche e o nível intelectual de cada criança. Eu estou a aprender a linguagem delas(...).

A técnica de RC reuniu diversas vezes com a técnica do SES não só para fazer pontos de situação do acompanhamento e evolução de Bodry como também para a resolução de necessidades emergentes e para efeitos da definição dos respectivos projectos de integração socioprofissional.

Não foi possível cumprir o cronograma de actividades previsto considerando, sobretudo, que o número de sessões estipuladas para a dinamização de cada instrumento se revelou, na maioria dos casos, insuficiente em virtude do ritmo de trabalho de Bodry ainda não ser o desejável, não obstante a sua notável evolução.

Facto que, em parte, se poderá explicar pela dificuldade que Bodry ainda tem em se focar apenas naquilo que lhe é pedido, no sentido em que tende a expressar opiniões em torno das competências ao invés de se reportar a situações concretas da sua vida em que mobilizou essas competências, a par das suas dificuldades ao nível da Língua Portuguesa o que implica que os trabalhos apresentados sejam reformulados mais do que uma vez e em articulação com a formadora do curso de Língua Portuguesa para Estrangeiros

As sessões de reconhecimento de competências têm sido monitorizadas através da avaliação que Bodry faz das sessões, (e.g.:condições de trabalho, instrumentos de mediação aplicados, acompanhamento por parte da técnica de RC), bem como através da sua própria auto-avaliação (e.g.:capacidade de trabalho, competências desenvolvidas, dificuldades e estratégias para obter melhores resultados, actividades que mais gosta de fazer e onde apresenta melhores resultados, actividades que menos gosta de fazer, impacto do processo na sua vida actual e futura).

Se este trabalho não tivesse nenhuma utilidade, não gastaria o meu tempo. O trabalho que eu estou a fazer é muito importante para mim porque me ajuda a descobrir as minhas competências e porque quando acabar este processo, tenho mais possibilidades de obter a equivalência ao 9º ano(…)o que eu mais gosto no processo de reconhecimento de competências é de falar e escrever sobre as minhas experiências de vida e sobre as minhas competências e aprendizagens, de conhecer pessoas novas, de tomar consciência das minhas limitações/dificuldades(…)passei a ser mais responsável, a relacionar-me mais com os outros, a gostar (mais) de mim, passei a ser (mais) organizado, aumentei a minha capacidade para estabelecer prioridades e para estabelecer objectivos realistas e passei a ter o tempo mais ocupado e passei a ter mais consciência das minhas competências (…)para conseguir melhores resultados, eu tenho de gerir melhor o meu tempo, aprofundar os meus conhecimentos da Língua Portuguesa, trocar mais vezes ideias com outras pessoas, treinar a minha capacidade de concentração, sair mais cedo de casa para não chegar atrasado(…).Há muitas pessoas que têm estes mesmos conhecimentos e competências mas não conseguem desenvolvê-los, para isto é preciso ter alguém que lhe mostre as competências escondidas (…) agora sou capaz de saber quem eu sou graças a este processo de reconhecimentos de competências.

Estas (auto)avaliações conduziram, por vezes, à readaptação de instrumentos no que concerne à forma, à linguagem e ao grau de directividade, tendo Bodry concordado com o facto dos instrumentos de mediação serem feitos em diferentes formatos (grelhas e texto corrido) e terem diferentes graus de directividade visto que se, por um lado, importava desenvolver a sua capacidade de síntese e a sua capacidade para se focar em situações/experiências de vida significativas e não em opiniões

(Auto)Avaliação

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2. Implementação do Modelo de Intervenção34 35

pessoais a propósito do tema ou das competências em análise, por outro, considerou-se igualmente pertinente que ele se pudesse expressar livremente sobre o tema em análise dada a possibilidade de se poder desocultar competências não previstas, bem como a possibilidade de se poder aceder àquilo que efectivamente ele valoriza.

Bodry contínua assíduo e, na maioria das vezes, pontual mantendo uma forte motivação para novas aprendizagens e um notável empenhamento. Revela, também, uma consciência cada vez maior acerca da utilidade do processo de reconhecimento de competências de que é alvo, bem como uma maior capacidade para se reportar a situações de vida concretas e para identificar as aprendizagens decorrentes, bem como uma maior autonomia e auto-confiança, mais iniciativa própria e uma constante abertura para o relacionamento inter-pessoal, embora continue a necessitar de apoio/orientação permanente. Trabalhar com Bodry foi muito gratificante considerando o seu empenho e determinação para alcançar os seus objectivos numa sociedade tão diferente daquela em que cresceu. Com ele aprendi alguns aspectos da História e da cultura do Congo e quase sempre penso nele quando tenho de enfrentar problemas e quando preciso de os relativizar. Com ele reforcei a convicção de que é possível mudar e emancipar pessoas em particular situação de exclusão (técnica de RC).

Ficha Técnica. Sessões de Balanço de Competências

Participantes

.

.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências;1 ou mais adultos.

Objectivos Gerais

.

.

Promover a reconstrução identitária de públicos em situação de exclusão;Promover a (re)definição de projectos de vida exequíveis e sustentáveis.

Objectivos específicos

.

desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, informais ou não formais; .Promover o auto-reconhecimento dos seus valores, interesses e objectivos (pessoais e profissionais); .Promover o auto-reconhecimento das suas potencialidades e imitações;.Promover a consciencialização e valorização da rede de relações do adulto e dos recursos (intrínsecos e extrínsecos) que

tem ao seu dispor;.Promover a auto-avaliação das suas rotinas diárias com vista à mudança ou à optimização das mesmas;.Promover o auto-reconhecimento dos direitos e deveres associados aos papéis desempenhados;.Promover a auto-reflexão em torno das estratégias conducentes a um melhor desempenho dos papéis protagonizados;.Promover a socialização com os principais serviços públicos;.Promover a construção de portefólios temáticos (Portefólio Pessoal e Portefólio Vocacional);.Promover a auto-estima e auto-confiança do adulto;.Identificar necessidades formativas e encaminhar para ofertas ajustadas ao seu perfil.

Promover o auto-reconhecimento de competências ao nível do Saber-Ser/Estar, do Saber-Saber e do Saber-Fazer

Metodologias, Métodos e Técnicas

.

.Trabalho em Rede;

.Técnica de Balanço de Competências;

.Método expositivo;

.Método Interrogativo;

.Método Interrogativo;

.Trabalho de Pesquisa.

História de Vida

Recursos

.

.Instrumentos de Balanço de Competências;

.Instrumentos de avaliação (grelhas de análise dos Portefólios, fichas de auto-avaliação);

.Registo de sumários e presenças;

.Referencial de Educação e Formação de Adultos e Catálogo Nacional de Qualificações.

Instrumentos de mediação;

Duração

.Cada sessão deverá ter uma duração entre 90 a 120 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

em contexto formativo, i.e., nas aulas de Português dirigido ou nas sessões de Linguagem e Comunicação (os conteúdos dos instrumentos de mediação/balanço de competências são alvo do treino de competências no domínio da língua portuguesa); Nos casos em que esta articulação não for possível, o processo de reconhecimento de competências deverá suportar-se na oralidade dos participantes (sendo o registo escrito efectuado pelo técnico de RC) e em imagens que traduzam a História de Vida e a identidade dos participantes, bem como os seus interesses e objectivos.

.Se o adulto se recusar a falar sobre alguma dimensão/contexto da sua vida, o técnico de RC deverá respeitar procurando desocultar as competências em causa noutros contextos.

As dificuldades ao nível da escrita no âmbito da construção do portefólio pessoal/vocacional poderão ser ultrapassadas

Observações

.

RVCC mas também um técnico de acompanhamento/integração ou mesmo um formador sempre que não for possível afectar técnicos a funções específicas;

.A preparação da 1ª sessão de trabalho deverá decorrer da informação registada no âmbito da entrevista;

.As primeiras sessões de RC deverão ser feitas em grupo considerando a necessidade de promover o relacionamento entre os participantes e a consciência colectiva dos aspectos que cada tem em comum com os outros. As restantes sessões deverão ser feitas individualmente mantendo contudo as sessões de grupo sempre que se justifique;

.O técnico de RC deverá adaptar a sua linguagem e postura ao perfil dos participantes;

.Na 1ª sessão de trabalho, o técnico de RC deverá reforçar os objectivos inerentes à exploração da História de Vida e da Identidade dos participantes, reforçando os objectivos do modelo de intervenção e, em particular, do processo de reconhecimento de competências, bem como identificar o tipo de competências que importava reconhecer/desenvolver;

.Os instrumentos de mediação, de balanço de competências e de auto-avaliação devem ser adaptados ao perfil dos participantes no que concerne à linguagem, conteúdo e formato;

.A sequência dos contextos/dimensões a explorar no âmbito da História de Vida e da Identidade Pessoal, Social e Profissional deverá ser adaptada a cada participante e à medida que a relação de confiança se estabelece;

.A dinamização dos instrumentos de mediação/balanço de competências deverá ser precedida de uma exposição oral em torno da temática/competência em análise;

.O técnico de RC deverá articular com os demais parceiros com o objectivo de promover o desenvolvimento das competências em falta ou das competências parcialmente desenvolvidas pelo adulto e, por outro lado, de desocultar as competências mobilizadas por este no âmbito das experiências proporcionadas pelos parceiros;

.O técnico de RC deverá evidenciar que valoriza as aprendizagens/competências do adulto, bem como orientá-lo/apoiá-lo na resolução de situações-problema levando-o, contudo, a centrar-se nos objectivos de cada sessão de reconhecimento de competências;

.As sessões de RC deverão ser continuamente monitorizadas pelo técnico de RC através da autoavaliação dos participantes e da respectiva avaliação face ao processo de RC e ao acompanhamento que lhes é dado.

O técnico que irá dinamizar as sessões de balanço de competências/construção do portefólio poderá ser um técnico de

2.2.2 Formação-BaseA articulação com dispositivos de formação, visando o reforço de competências-chave, devem se equacionados numa

abordagem diversificada, com itinerários flexíveis, adaptados, abertos e desenhados à medida, tanto quanto possível individualizados, partindo das diversas potencialidades e necessidades identificadas, que permita aos indivíduos aprender a aprender nas suas quatro vertentes: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a estar e aprender a fazer.

Entendemos esta formação como uma preparação para a frequência de uma acção de formação qualificante constituindo por isso uma modalidade de formação ao nível do desenvolvimento sociocultural ou pré-profissional, devendo ser por isso entendida como um fim em si mesmo mas como um ponto de partida para uma qualificação, certificação ou efectiva inserção socioprofissional.

Considerando estas particularidades, o modelo de intervenção adoptado pela OFIP, (consultar alínea D do ponto 4 Kit de instrumentos), revelou-se um recurso com potencialidades de adequação às necessidades dos candidatos, explorando-se e flexibilizando-se de forma particular algumas dimensões do mesmo, nomeadamente, as actividades ao nível da cidadania (diferenças culturais na procura activa de emprego) e os trabalhos desenvolvidos no contexto dos portefólios temáticos.

Com efeito, centra-se em temas significativos para os formandos, e a sua exploração é definida de forma participada e responsável por todos os participantes, resultando em portefólios temáticos produzidos no âmbito das acções de Linguagem e Comunicação e Informática. Estes portefólios, produzidos em contexto formativo específico, representam a responsabilidade partilhada pela gestão do conhecimento e da aprendizagem; e que a construção dos referenciais de formação está amplamente ligada aos contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos conhecimentos das suas competências ao nível do saber-fazer.

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2. Implementação do Modelo de Intervenção34 35

pessoais a propósito do tema ou das competências em análise, por outro, considerou-se igualmente pertinente que ele se pudesse expressar livremente sobre o tema em análise dada a possibilidade de se poder desocultar competências não previstas, bem como a possibilidade de se poder aceder àquilo que efectivamente ele valoriza.

Bodry contínua assíduo e, na maioria das vezes, pontual mantendo uma forte motivação para novas aprendizagens e um notável empenhamento. Revela, também, uma consciência cada vez maior acerca da utilidade do processo de reconhecimento de competências de que é alvo, bem como uma maior capacidade para se reportar a situações de vida concretas e para identificar as aprendizagens decorrentes, bem como uma maior autonomia e auto-confiança, mais iniciativa própria e uma constante abertura para o relacionamento inter-pessoal, embora continue a necessitar de apoio/orientação permanente. Trabalhar com Bodry foi muito gratificante considerando o seu empenho e determinação para alcançar os seus objectivos numa sociedade tão diferente daquela em que cresceu. Com ele aprendi alguns aspectos da História e da cultura do Congo e quase sempre penso nele quando tenho de enfrentar problemas e quando preciso de os relativizar. Com ele reforcei a convicção de que é possível mudar e emancipar pessoas em particular situação de exclusão (técnica de RC).

Ficha Técnica. Sessões de Balanço de Competências

Participantes

.

.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências;1 ou mais adultos.

Objectivos Gerais

.

.

Promover a reconstrução identitária de públicos em situação de exclusão;Promover a (re)definição de projectos de vida exequíveis e sustentáveis.

Objectivos específicos

.

desenvolvidas ao longo da vida em contextos formais, informais ou não formais; .Promover o auto-reconhecimento dos seus valores, interesses e objectivos (pessoais e profissionais); .Promover o auto-reconhecimento das suas potencialidades e imitações;.Promover a consciencialização e valorização da rede de relações do adulto e dos recursos (intrínsecos e extrínsecos) que

tem ao seu dispor;.Promover a auto-avaliação das suas rotinas diárias com vista à mudança ou à optimização das mesmas;.Promover o auto-reconhecimento dos direitos e deveres associados aos papéis desempenhados;.Promover a auto-reflexão em torno das estratégias conducentes a um melhor desempenho dos papéis protagonizados;.Promover a socialização com os principais serviços públicos;.Promover a construção de portefólios temáticos (Portefólio Pessoal e Portefólio Vocacional);.Promover a auto-estima e auto-confiança do adulto;.Identificar necessidades formativas e encaminhar para ofertas ajustadas ao seu perfil.

Promover o auto-reconhecimento de competências ao nível do Saber-Ser/Estar, do Saber-Saber e do Saber-Fazer

Metodologias, Métodos e Técnicas

.

.Trabalho em Rede;

.Técnica de Balanço de Competências;

.Método expositivo;

.Método Interrogativo;

.Método Interrogativo;

.Trabalho de Pesquisa.

História de Vida

Recursos

.

.Instrumentos de Balanço de Competências;

.Instrumentos de avaliação (grelhas de análise dos Portefólios, fichas de auto-avaliação);

.Registo de sumários e presenças;

.Referencial de Educação e Formação de Adultos e Catálogo Nacional de Qualificações.

Instrumentos de mediação;

Duração

.Cada sessão deverá ter uma duração entre 90 a 120 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

em contexto formativo, i.e., nas aulas de Português dirigido ou nas sessões de Linguagem e Comunicação (os conteúdos dos instrumentos de mediação/balanço de competências são alvo do treino de competências no domínio da língua portuguesa); Nos casos em que esta articulação não for possível, o processo de reconhecimento de competências deverá suportar-se na oralidade dos participantes (sendo o registo escrito efectuado pelo técnico de RC) e em imagens que traduzam a História de Vida e a identidade dos participantes, bem como os seus interesses e objectivos.

.Se o adulto se recusar a falar sobre alguma dimensão/contexto da sua vida, o técnico de RC deverá respeitar procurando desocultar as competências em causa noutros contextos.

As dificuldades ao nível da escrita no âmbito da construção do portefólio pessoal/vocacional poderão ser ultrapassadas

Observações

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RVCC mas também um técnico de acompanhamento/integração ou mesmo um formador sempre que não for possível afectar técnicos a funções específicas;

.A preparação da 1ª sessão de trabalho deverá decorrer da informação registada no âmbito da entrevista;

.As primeiras sessões de RC deverão ser feitas em grupo considerando a necessidade de promover o relacionamento entre os participantes e a consciência colectiva dos aspectos que cada tem em comum com os outros. As restantes sessões deverão ser feitas individualmente mantendo contudo as sessões de grupo sempre que se justifique;

.O técnico de RC deverá adaptar a sua linguagem e postura ao perfil dos participantes;

.Na 1ª sessão de trabalho, o técnico de RC deverá reforçar os objectivos inerentes à exploração da História de Vida e da Identidade dos participantes, reforçando os objectivos do modelo de intervenção e, em particular, do processo de reconhecimento de competências, bem como identificar o tipo de competências que importava reconhecer/desenvolver;

.Os instrumentos de mediação, de balanço de competências e de auto-avaliação devem ser adaptados ao perfil dos participantes no que concerne à linguagem, conteúdo e formato;

.A sequência dos contextos/dimensões a explorar no âmbito da História de Vida e da Identidade Pessoal, Social e Profissional deverá ser adaptada a cada participante e à medida que a relação de confiança se estabelece;

.A dinamização dos instrumentos de mediação/balanço de competências deverá ser precedida de uma exposição oral em torno da temática/competência em análise;

.O técnico de RC deverá articular com os demais parceiros com o objectivo de promover o desenvolvimento das competências em falta ou das competências parcialmente desenvolvidas pelo adulto e, por outro lado, de desocultar as competências mobilizadas por este no âmbito das experiências proporcionadas pelos parceiros;

.O técnico de RC deverá evidenciar que valoriza as aprendizagens/competências do adulto, bem como orientá-lo/apoiá-lo na resolução de situações-problema levando-o, contudo, a centrar-se nos objectivos de cada sessão de reconhecimento de competências;

.As sessões de RC deverão ser continuamente monitorizadas pelo técnico de RC através da autoavaliação dos participantes e da respectiva avaliação face ao processo de RC e ao acompanhamento que lhes é dado.

O técnico que irá dinamizar as sessões de balanço de competências/construção do portefólio poderá ser um técnico de

2.2.2 Formação-BaseA articulação com dispositivos de formação, visando o reforço de competências-chave, devem se equacionados numa

abordagem diversificada, com itinerários flexíveis, adaptados, abertos e desenhados à medida, tanto quanto possível individualizados, partindo das diversas potencialidades e necessidades identificadas, que permita aos indivíduos aprender a aprender nas suas quatro vertentes: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a estar e aprender a fazer.

Entendemos esta formação como uma preparação para a frequência de uma acção de formação qualificante constituindo por isso uma modalidade de formação ao nível do desenvolvimento sociocultural ou pré-profissional, devendo ser por isso entendida como um fim em si mesmo mas como um ponto de partida para uma qualificação, certificação ou efectiva inserção socioprofissional.

Considerando estas particularidades, o modelo de intervenção adoptado pela OFIP, (consultar alínea D do ponto 4 Kit de instrumentos), revelou-se um recurso com potencialidades de adequação às necessidades dos candidatos, explorando-se e flexibilizando-se de forma particular algumas dimensões do mesmo, nomeadamente, as actividades ao nível da cidadania (diferenças culturais na procura activa de emprego) e os trabalhos desenvolvidos no contexto dos portefólios temáticos.

Com efeito, centra-se em temas significativos para os formandos, e a sua exploração é definida de forma participada e responsável por todos os participantes, resultando em portefólios temáticos produzidos no âmbito das acções de Linguagem e Comunicação e Informática. Estes portefólios, produzidos em contexto formativo específico, representam a responsabilidade partilhada pela gestão do conhecimento e da aprendizagem; e que a construção dos referenciais de formação está amplamente ligada aos contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos conhecimentos das suas competências ao nível do saber-fazer.

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36 372. Implementação do Modelo de Intervenção

Descrição da experiênciaEm simultâneo com as sessões de balanço de competências, Bodry recebeu formação em Literacia Tecnológica (módulos de iniciação e aprofundamento) de Setembro a Dezembro de 2006, tendo concluído com aproveitamento. As declarações de frequência obtidas converter-se-ão numa certificação desde que Bodry consiga, pelo menos, a Autorização de Residência Provisória.

Gostei muito da Internet porque me permitiu saber como procurar informações desconhecidas. Quando tiver de procurar emprego vou à Internet. Gostei de formatar o tipo de letra, o alinhamento do texto, a cor, o espaço entre linhas, as marcas e numeração. Como eu já fui ensinado, sou capaz de fazer tudo isto(…)eu ajudei os meus colegas(…)Se hoje eu consigo trabalhar no computador, é graças ao formador Tiago(…)

A atitude de Bodry é a atitude de um vencedor, ou seja, ele é sem dúvida uma pessoa motivada e com muita vontade de alterar a sua situação, poderia ser em Portugal como em outro país do mundo(…).A vantagem de eu falar francês também ajudou visto que se conseguiu uma aproximação real entre ambos, todos os dias, devido ao facto de Bodry ter alguma dificuldade em falar português eu tentava comunicar na sua língua para cortar as barreiras que se instalam entre Formador-Formando, e julgo que foi benéfico. Por outro lado, antes de entrar na formação sentava-me na esplanada em frente à Santa Casa e tivemos quase sempre um "bate-papo" acerca da sua vida e do seu percurso bem como das adversidades que lhe surgiam(…)A nível técnico, Bodry teve sempre uma atitude positiva em relação às questões que lhe eram exigidas, tanto na construção do Portefólio, bem como damatéria que era dada. A Internet foi também uma ajuda visto ele ter contacto com situações que lhe eram familiares e que lhe interessavam, sem barreiras de língua e de espaço. Tenho a dizer que o processo de Bodry é um exemplo para uma futura abordagem a outras situações semelhantes. (formador de Literacia Tecnológica)

Bodry concluiu, também, com aproveitamento a acção de formação em Excel iniciada a 12 de Abril e concluída a 22 de Maio do corrente ano. A integração de Bodry nesta acção de formação decorreu do interesse que o mesmo manifestou em receber formação nesta área e na sequência da exploração do seu percurso escolar.

Esta formação foi muito importante para mim(…)Nós sabemos que tudo o que nós aprendemos é sempre muito importante na nossa vida. Por exemplo, já tenho algumas noções em Excel, se uma empresa precisar de pessoas que têm alguns conhecimentos em Excel, acho que sem dúvida vou tentar a minha sorte porque sou capaz de fazer alguma coisa(…)Eu conversei como muitas pessoas como: o Jorge de Angola que falava também a minha língua (Lingala), conversei com o Bruno,

a Fátima, a Sara, o Eddy, o Nono, o Pedro, a Susana, a Maria, o João, a Joana, o Alexandre, etc...Como toda a gente ficava sempre concentrada na matéria dada pelo professor Orlando, nós conversávamos só às vezes e no fim da formação.

Bodry integrou ainda uma acção de formação em Linguagem e Comunicação (módulo aprofundamento) que integra 15 horas de Cidadania e Empregabilidade. Esta acção teve inicio a 11 de Setembro e terminará a 19 de Novembro deste ano. A integração nesta acção decorreu da necessidade de Bodry aprofundar as suas competências no âmbito da Língua Portuguesa bem como da necessidade do mesmo desenvolver competências de empregabilidade. Da articulação com a formadora de Cidadania, resultou a preparação de Bodry para entrevistas de emprego tendo em conta as diferenças culturais entre o país de origem e Portugal, a par da construção do seu CV europeu. Note-se que o desenvolvimento das dinâmicas no âmbito da cidadania visa a adaptação aos estilos de vida da sociedade de acolhimento mas sem prejuízo da sua identidade cultural.

Formando muito dinâmico, empenhado, curioso, muito bem disposto, sociável, estabelecendo uma relação com os colegas e comigo e na base da efectividade, colaboração e respeito. Pelo facto de ser de um país com uma história e cultura diferente da nossa, e Portugal um País multicultural, foi uma mais valia nesta oficina, proporcionando a todo o grupo o conhecimento de mais uma nova cultura. Através de trocas de experiências e vivências, ficámos a conhecer as línguas nativas do seu país, com a particularidade de também aqui os portugueses terem deixado os seus vestígios até aos dias de hoje, existindo um número significativo de palavras em português, tais como sapato, mesa, cebola, etc. Como formadora de cidadania foi muito gratificante ter tido este formando com muitas competências ao nível do saber saber e do saber estar." (formadora de Cidadania e Empregabilidade)

Este percurso formativo decorreu no OFIP, tendo Bodry sido incluído em turmas mistas compostas, maioritariamente, por jovens adultos e adultos portugueses beneficiários da Acção Social Local da SCML, com um défice significativo de competências na área das Tecnologias da Informação e da Comunicação e da Linguagem e Comunicação, como estratégia para promover o relacionamento interpessoal numa perspectiva multicultural e, por essa via, desenvolver o seu sentimento de pertença à sociedade portuguesa.

Bodry usufruiu, assim, de um modelo de formação centrado em temas significativos para os formandos em que a sua exploração é definida de forma participada e responsável por todos, resultando em portefólios temáticos, e em que a construção dos referenciais de formação está amplamente ligada aos contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos seus conhecimentos e das suas competências ao nível do saber-fazer.

Durante este percurso, os formadores foram partilhando informação com a técnica de RC acerca da evolução de Bodry mas também acerca de situações-problema com vista à sua resolução (ex: estado de saúde), sendo que a técnica de RC os avisava atempadamente sempre que Boudry tivesse de faltar às sessões por precisar de resolver situações relacionadas com o seu processo de legalização ou estado de saúde.

Outras formações:No período compreendido entre 3 de Abril e 19 de Junho, e dado o interesse manifestado por Bodry em receber formação na área da Matemática para a Vida (MV), o jovem adulto participou num grupo de formação complementar nas áreas de MV/TIC no âmbito do processo de RVCC do CNO.

Bodry demonstrou ser muito competente nestas duas áreas de competência, revelando por um lado especial facilidade nas Tecnologias e especial interesse e motivação pela área da Matemática para a Vida. É de salientar que mesmo depois das sessões de trabalho de MV, o Bodry continuou a solicitar a minha ajuda para a resolução de outras tarefas matemáticas que ele próprio encontrava e trazia para a sessão. Trabalhar com o Bodry foi muito interessante, não só pela mais valia que trouxe em termos de experiências de vida, mas também pelo facto de ser um jovem promissor, motivado e com muita vontade de aprender mais e chegar mais longe. (formadora de MV/TIC do CNO).

Eu aprendi muitas coisas em relação à formação de matemática. No início não tinha muitos conhecimentos em matemática mas graças à formadora eu já consigo resolver exercícios sozinho.

De salientar, por fim, que ao longo de todo o processo de balanço de competências e deste percurso formativo, Bodry frequentou também aulas de língua Portuguesa para Estrangeiros.

No final de 2005, chegou ao Centro de Acolhimento da Bobadela um jovem de 17 anos, vindo de Matadi, no Congo. Estava frio. O Bodry tinha muito frio e não entendia uma palavra de Português, mas os seus olhos negros atentos queriam comunicar, ver mais longe, alcançar o desconhecido. Desde então, tem sido um aluno participativo, assíduo e responsável. Ao longo deste percurso de progressão comunicativa, temos compartilhado muitas coisas, estranhezas, incompreensões, alegrias e tristezas. Sei que o seu sonho é ser, um dia, um técnico especializado de electricidade e estou certa que o será se lhe for dada a oportunidade. (formadora de Língua Portuguesa Dirigida)

Se eu hoje consigo falar português é graças à professora Isabel. (Bodry).

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2.2.3 Projecto de Integração SocioprofissionalO projecto Vocacional é desenvolvido com o objectivo geral de apoiar os participantes a definir um projecto de integração socioprofissional sustentável, tendo em conta as suas competências, potencialidades e necessidades formativas - identificadas no âmbito do Balanço de Competências/exploração da História de Vida e no contexto dos percursos formativos experienciados - e, por outro lado, as necessidades/ofertas reais do mercado (social) de emprego identificadas e exploradas com o adulto no módulo de Cidadania e Empregabilidade.

A construção do projecto vocacional acompanha todo o processo formativo, seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade. É, como já foi referido, o ponto de encontro interdisciplinar para todas as áreas de competências-chave previstas constituindo-se como os tijolos para a construção de um currículo relevante.

A construção deste Projecto inicia-se com a exploração da História de Vida do adulto no âmbito das sessões de construção do Portefólio Pessoal e Vocacional/Balanço de Competências, e desenvolve-se no âmbito dos percursos formativos experienciados e consubstancia-se na construção de um Portefólio Vocacional.

A construção do Projecto implica o planeamento e o registo de metas a atingir, bem como as necessárias medidas de operacionalização para a concretização das mesmas, perspectivadas nas seguintes áreas:

Empregabilidade;Programa de formação;Integração profissional numa área específica.

Pretende-se, assim, acompanhar o adulto no seu processo de transição ou reinserção na vida activa, capacitando-o para o auto-conhecimento, para a definição e concretização de objectivos de vida exequíveis (enfatizando a relação temporal e de dependência que existe entre eles), e para a empregabilidade (e.g.: exploração de ofertas formativas e/ou profissionais adequadas ao seu perfil vocacional, elaboração do CV europeu, de cartas de resposta a emprego, de cartas de candidatura espontânea, preparação para entrevistas de emprego, interacção com o meio socioprofissional, nomeadamente, através da integração na entidade promotora da formação em contexto real de trabalho).

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36 372. Implementação do Modelo de Intervenção

Descrição da experiênciaEm simultâneo com as sessões de balanço de competências, Bodry recebeu formação em Literacia Tecnológica (módulos de iniciação e aprofundamento) de Setembro a Dezembro de 2006, tendo concluído com aproveitamento. As declarações de frequência obtidas converter-se-ão numa certificação desde que Bodry consiga, pelo menos, a Autorização de Residência Provisória.

Gostei muito da Internet porque me permitiu saber como procurar informações desconhecidas. Quando tiver de procurar emprego vou à Internet. Gostei de formatar o tipo de letra, o alinhamento do texto, a cor, o espaço entre linhas, as marcas e numeração. Como eu já fui ensinado, sou capaz de fazer tudo isto(…)eu ajudei os meus colegas(…)Se hoje eu consigo trabalhar no computador, é graças ao formador Tiago(…)

A atitude de Bodry é a atitude de um vencedor, ou seja, ele é sem dúvida uma pessoa motivada e com muita vontade de alterar a sua situação, poderia ser em Portugal como em outro país do mundo(…).A vantagem de eu falar francês também ajudou visto que se conseguiu uma aproximação real entre ambos, todos os dias, devido ao facto de Bodry ter alguma dificuldade em falar português eu tentava comunicar na sua língua para cortar as barreiras que se instalam entre Formador-Formando, e julgo que foi benéfico. Por outro lado, antes de entrar na formação sentava-me na esplanada em frente à Santa Casa e tivemos quase sempre um "bate-papo" acerca da sua vida e do seu percurso bem como das adversidades que lhe surgiam(…)A nível técnico, Bodry teve sempre uma atitude positiva em relação às questões que lhe eram exigidas, tanto na construção do Portefólio, bem como damatéria que era dada. A Internet foi também uma ajuda visto ele ter contacto com situações que lhe eram familiares e que lhe interessavam, sem barreiras de língua e de espaço. Tenho a dizer que o processo de Bodry é um exemplo para uma futura abordagem a outras situações semelhantes. (formador de Literacia Tecnológica)

Bodry concluiu, também, com aproveitamento a acção de formação em Excel iniciada a 12 de Abril e concluída a 22 de Maio do corrente ano. A integração de Bodry nesta acção de formação decorreu do interesse que o mesmo manifestou em receber formação nesta área e na sequência da exploração do seu percurso escolar.

Esta formação foi muito importante para mim(…)Nós sabemos que tudo o que nós aprendemos é sempre muito importante na nossa vida. Por exemplo, já tenho algumas noções em Excel, se uma empresa precisar de pessoas que têm alguns conhecimentos em Excel, acho que sem dúvida vou tentar a minha sorte porque sou capaz de fazer alguma coisa(…)Eu conversei como muitas pessoas como: o Jorge de Angola que falava também a minha língua (Lingala), conversei com o Bruno,

a Fátima, a Sara, o Eddy, o Nono, o Pedro, a Susana, a Maria, o João, a Joana, o Alexandre, etc...Como toda a gente ficava sempre concentrada na matéria dada pelo professor Orlando, nós conversávamos só às vezes e no fim da formação.

Bodry integrou ainda uma acção de formação em Linguagem e Comunicação (módulo aprofundamento) que integra 15 horas de Cidadania e Empregabilidade. Esta acção teve inicio a 11 de Setembro e terminará a 19 de Novembro deste ano. A integração nesta acção decorreu da necessidade de Bodry aprofundar as suas competências no âmbito da Língua Portuguesa bem como da necessidade do mesmo desenvolver competências de empregabilidade. Da articulação com a formadora de Cidadania, resultou a preparação de Bodry para entrevistas de emprego tendo em conta as diferenças culturais entre o país de origem e Portugal, a par da construção do seu CV europeu. Note-se que o desenvolvimento das dinâmicas no âmbito da cidadania visa a adaptação aos estilos de vida da sociedade de acolhimento mas sem prejuízo da sua identidade cultural.

Formando muito dinâmico, empenhado, curioso, muito bem disposto, sociável, estabelecendo uma relação com os colegas e comigo e na base da efectividade, colaboração e respeito. Pelo facto de ser de um país com uma história e cultura diferente da nossa, e Portugal um País multicultural, foi uma mais valia nesta oficina, proporcionando a todo o grupo o conhecimento de mais uma nova cultura. Através de trocas de experiências e vivências, ficámos a conhecer as línguas nativas do seu país, com a particularidade de também aqui os portugueses terem deixado os seus vestígios até aos dias de hoje, existindo um número significativo de palavras em português, tais como sapato, mesa, cebola, etc. Como formadora de cidadania foi muito gratificante ter tido este formando com muitas competências ao nível do saber saber e do saber estar." (formadora de Cidadania e Empregabilidade)

Este percurso formativo decorreu no OFIP, tendo Bodry sido incluído em turmas mistas compostas, maioritariamente, por jovens adultos e adultos portugueses beneficiários da Acção Social Local da SCML, com um défice significativo de competências na área das Tecnologias da Informação e da Comunicação e da Linguagem e Comunicação, como estratégia para promover o relacionamento interpessoal numa perspectiva multicultural e, por essa via, desenvolver o seu sentimento de pertença à sociedade portuguesa.

Bodry usufruiu, assim, de um modelo de formação centrado em temas significativos para os formandos em que a sua exploração é definida de forma participada e responsável por todos, resultando em portefólios temáticos, e em que a construção dos referenciais de formação está amplamente ligada aos contextos em que funcionam estes públicos, tirando partido dos seus conhecimentos e das suas competências ao nível do saber-fazer.

Durante este percurso, os formadores foram partilhando informação com a técnica de RC acerca da evolução de Bodry mas também acerca de situações-problema com vista à sua resolução (ex: estado de saúde), sendo que a técnica de RC os avisava atempadamente sempre que Boudry tivesse de faltar às sessões por precisar de resolver situações relacionadas com o seu processo de legalização ou estado de saúde.

Outras formações:No período compreendido entre 3 de Abril e 19 de Junho, e dado o interesse manifestado por Bodry em receber formação na área da Matemática para a Vida (MV), o jovem adulto participou num grupo de formação complementar nas áreas de MV/TIC no âmbito do processo de RVCC do CNO.

Bodry demonstrou ser muito competente nestas duas áreas de competência, revelando por um lado especial facilidade nas Tecnologias e especial interesse e motivação pela área da Matemática para a Vida. É de salientar que mesmo depois das sessões de trabalho de MV, o Bodry continuou a solicitar a minha ajuda para a resolução de outras tarefas matemáticas que ele próprio encontrava e trazia para a sessão. Trabalhar com o Bodry foi muito interessante, não só pela mais valia que trouxe em termos de experiências de vida, mas também pelo facto de ser um jovem promissor, motivado e com muita vontade de aprender mais e chegar mais longe. (formadora de MV/TIC do CNO).

Eu aprendi muitas coisas em relação à formação de matemática. No início não tinha muitos conhecimentos em matemática mas graças à formadora eu já consigo resolver exercícios sozinho.

De salientar, por fim, que ao longo de todo o processo de balanço de competências e deste percurso formativo, Bodry frequentou também aulas de língua Portuguesa para Estrangeiros.

No final de 2005, chegou ao Centro de Acolhimento da Bobadela um jovem de 17 anos, vindo de Matadi, no Congo. Estava frio. O Bodry tinha muito frio e não entendia uma palavra de Português, mas os seus olhos negros atentos queriam comunicar, ver mais longe, alcançar o desconhecido. Desde então, tem sido um aluno participativo, assíduo e responsável. Ao longo deste percurso de progressão comunicativa, temos compartilhado muitas coisas, estranhezas, incompreensões, alegrias e tristezas. Sei que o seu sonho é ser, um dia, um técnico especializado de electricidade e estou certa que o será se lhe for dada a oportunidade. (formadora de Língua Portuguesa Dirigida)

Se eu hoje consigo falar português é graças à professora Isabel. (Bodry).

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.

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2.2.3 Projecto de Integração SocioprofissionalO projecto Vocacional é desenvolvido com o objectivo geral de apoiar os participantes a definir um projecto de integração socioprofissional sustentável, tendo em conta as suas competências, potencialidades e necessidades formativas - identificadas no âmbito do Balanço de Competências/exploração da História de Vida e no contexto dos percursos formativos experienciados - e, por outro lado, as necessidades/ofertas reais do mercado (social) de emprego identificadas e exploradas com o adulto no módulo de Cidadania e Empregabilidade.

A construção do projecto vocacional acompanha todo o processo formativo, seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade. É, como já foi referido, o ponto de encontro interdisciplinar para todas as áreas de competências-chave previstas constituindo-se como os tijolos para a construção de um currículo relevante.

A construção deste Projecto inicia-se com a exploração da História de Vida do adulto no âmbito das sessões de construção do Portefólio Pessoal e Vocacional/Balanço de Competências, e desenvolve-se no âmbito dos percursos formativos experienciados e consubstancia-se na construção de um Portefólio Vocacional.

A construção do Projecto implica o planeamento e o registo de metas a atingir, bem como as necessárias medidas de operacionalização para a concretização das mesmas, perspectivadas nas seguintes áreas:

Empregabilidade;Programa de formação;Integração profissional numa área específica.

Pretende-se, assim, acompanhar o adulto no seu processo de transição ou reinserção na vida activa, capacitando-o para o auto-conhecimento, para a definição e concretização de objectivos de vida exequíveis (enfatizando a relação temporal e de dependência que existe entre eles), e para a empregabilidade (e.g.: exploração de ofertas formativas e/ou profissionais adequadas ao seu perfil vocacional, elaboração do CV europeu, de cartas de resposta a emprego, de cartas de candidatura espontânea, preparação para entrevistas de emprego, interacção com o meio socioprofissional, nomeadamente, através da integração na entidade promotora da formação em contexto real de trabalho).

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2. Implementação do Modelo de Intervenção38 39

Ficha Técnica. Formação - Base (Linguagem e Comunicação)

Entidade Promotora

.SCML / OFIP - Área de Orientação, Formação e Inserção Profissional.

Participantes

.

.1 Formador de Linguagem de Linguagem e Comunicação;

.1 Formador de Cidadania e Empregabilidade.

Candidatos;

Objectivos

.

quotidiano pessoal;.Desenvolver competências de leitura e escrita possibilitando o alargamento das suas capacidades de comunicação;.Proporcionar ao formando o desenvolvimento da sua capacidade de uso da língua como instrumento de comunicação e

actuação concretas, nos domínios pessoal e social;.Incrementar o hábito de leitura e escrita.

Reconhecer a leitura e a escrita como instrumento facilitador do processo da comunicação, verbal e não verbal, no

Metodologia

.

.Método interrogativo;

.Método activos;

.Outros: .Incidentes críticos; .Pedagogia do centro de interesse.

Método demonstrativo;

Duração

.

Cidadania).Linguagem e Comunicação - Iniciação / Aprofundamento - 87 horas (72 horas de Linguagem e Comunicação e 15 de

Recursos Técnicos

.

.Desmontagem do referencial de formação - Linguagem e Comunicação; Referencial de formação - Linguagem e Comunicação;

Constrangimentos e estratégias de superação

.

percursos individualizados e integrados com base nas competências manifestadas pelos próprios;.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos poderá ser ultrapassada através

de actividades suportadas na oralidade e em imagens (Linguagem e Comunicação); .A inexistência de uma certificação formal pode ser minimizada pela elaboração do portefólio temático e pela emissão de

declarações comprovativas da formação desenvolvida.

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da definição de

Observações

No presente modelo poder-se-á: .Potenciar a transversalidade das intervenções e das actividades desenvolvidas pelos diferentes serviços;.Potenciar uma exploração mais abrangente e mais significativa dos temas geradores; .Facilitar processos de comunicação entre os diferentes intervenientes que acompanham e se implicam no processo

formativo;.Maximizar o desenvolvimento das competências transversais (saber-ser, saber- estar); .Reforçar o papel desempenhado pelos formadores - papel determinante da competência pedagógica; .Potenciar um mecanismo de acompanhamento e avaliação do processo formativo mais estruturado, crítico e reflexivo.

Ficha Técnica. Formação - Base (Informática)

Entidade Promotora

.SCML / OFIP - Área de Orientação, Formação e Inserção Profissional.

Participantes

.

.1 Formador de Informática.Candidatos;

Objectivos

.

situações e à capacidade de resolver problemas no contexto da sociedade do conhecimento;.Promover a autonomia, a criatividade, a responsabilidade, bem como a capacidade para trabalhar em equipa na

perspectiva de abertura à mudança, à diversidade cultural e ao exercício de uma cidadania activa;.Fomentar o interesse pela pesquisa, pela descoberta e pela inovação à luz da necessidade de fazer face aos desafios

resultantes;.Promover o desenvolvimento de competências na utilização das tecnologias da informação e comunicação que

permitam uma literacia digital generalizada, tendo em conta a igualdade de oportunidade e coesão social;.Fomentar a análise crítica da função e do poder das novas tecnologias da informação e comunicação;.Desenvolver a capacidade de pesquisar, tratar, produzir e comunicar informação, quer pelos meios tradicionais, quer

através das novas tecnologias da informação e comunicação; .Desenvolver capacidades para utilizar adequadamente e manipular com rigor técnico aplicações informáticas,

nomeadamente em articulação com as aprendizagens e tecnologias específicas das outras áreas de formação;.Promover as práticas inerentes às normas de segurança dos dados e da informação.

Fomentar a disponibilidade para uma aprendizagem ao longo da vida como condição necessária à adaptação a novas

Metodologia

.

.Método interrogativo;

.Método activos;

.Outros: .Pedagogia do centro de interesse.

Método demonstrativo;

Recursos Técnicos

.

.Metodologia-base:formação e avaliação das aprendizagens - Informática;

.Instrumentos de Avaliação (ver item avaliação).

Referencial de formação - Informática;

Duração

.Informática - Iniciação: 30 horas / Aprofundamento - 75 horas / Especialização Excel - 42 horas.

Constrangimentos e estratégias de superação

.

percursos individualizados e integrados com base nas competências manifestadas pelos próprios;.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos; os trabalhos poderão ser

realizados numa língua de uso universal (Francês, Inglês, Espanhol, etc.) com que o candidato esteja familiarizado. (Informática);

.A inexistência de uma certificação formal pode ser minimizada pela elaboração do portefólio temático e pela emissão de declarações comprovativas da formação desenvolvida

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da definição de

Observações

No presente modelo poder-se-á: .Potenciar a transversalidade das intervenções e das actividades desenvolvidas pelos diferentes serviços;.Potenciar uma exploração mais abrangente e mais significativa dos temas geradores; .Facilitar processos de comunicação entre os diferentes intervenientes que acompanham e se implicam no processo

formativo;.Maximizar o desenvolvimento das competências transversais (saber-ser, saber- estar); .Reforçar o papel desempenhado pelos formadores - papel determinante da competência pedagógica; .Potenciar um mecanismo de acompanhamento e avaliação do processo formativo mais estruturado, crítico e reflexivo.

.A cidadania nas acções de curta duração;

.Metodologia-base: formação e avaliação das aprendizagens - Linguagem e Comunicação;

.Plano Pedagógico;

.Instrumentos de Avaliação (ver item avaliação).

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2. Implementação do Modelo de Intervenção38 39

Ficha Técnica. Formação - Base (Linguagem e Comunicação)

Entidade Promotora

.SCML / OFIP - Área de Orientação, Formação e Inserção Profissional.

Participantes

.

.1 Formador de Linguagem de Linguagem e Comunicação;

.1 Formador de Cidadania e Empregabilidade.

Candidatos;

Objectivos

.

quotidiano pessoal;.Desenvolver competências de leitura e escrita possibilitando o alargamento das suas capacidades de comunicação;.Proporcionar ao formando o desenvolvimento da sua capacidade de uso da língua como instrumento de comunicação e

actuação concretas, nos domínios pessoal e social;.Incrementar o hábito de leitura e escrita.

Reconhecer a leitura e a escrita como instrumento facilitador do processo da comunicação, verbal e não verbal, no

Metodologia

.

.Método interrogativo;

.Método activos;

.Outros: .Incidentes críticos; .Pedagogia do centro de interesse.

Método demonstrativo;

Duração

.

Cidadania).Linguagem e Comunicação - Iniciação / Aprofundamento - 87 horas (72 horas de Linguagem e Comunicação e 15 de

Recursos Técnicos

.

.Desmontagem do referencial de formação - Linguagem e Comunicação; Referencial de formação - Linguagem e Comunicação;

Constrangimentos e estratégias de superação

.

percursos individualizados e integrados com base nas competências manifestadas pelos próprios;.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos poderá ser ultrapassada através

de actividades suportadas na oralidade e em imagens (Linguagem e Comunicação); .A inexistência de uma certificação formal pode ser minimizada pela elaboração do portefólio temático e pela emissão de

declarações comprovativas da formação desenvolvida.

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da definição de

Observações

No presente modelo poder-se-á: .Potenciar a transversalidade das intervenções e das actividades desenvolvidas pelos diferentes serviços;.Potenciar uma exploração mais abrangente e mais significativa dos temas geradores; .Facilitar processos de comunicação entre os diferentes intervenientes que acompanham e se implicam no processo

formativo;.Maximizar o desenvolvimento das competências transversais (saber-ser, saber- estar); .Reforçar o papel desempenhado pelos formadores - papel determinante da competência pedagógica; .Potenciar um mecanismo de acompanhamento e avaliação do processo formativo mais estruturado, crítico e reflexivo.

Ficha Técnica. Formação - Base (Informática)

Entidade Promotora

.SCML / OFIP - Área de Orientação, Formação e Inserção Profissional.

Participantes

.

.1 Formador de Informática.Candidatos;

Objectivos

.

situações e à capacidade de resolver problemas no contexto da sociedade do conhecimento;.Promover a autonomia, a criatividade, a responsabilidade, bem como a capacidade para trabalhar em equipa na

perspectiva de abertura à mudança, à diversidade cultural e ao exercício de uma cidadania activa;.Fomentar o interesse pela pesquisa, pela descoberta e pela inovação à luz da necessidade de fazer face aos desafios

resultantes;.Promover o desenvolvimento de competências na utilização das tecnologias da informação e comunicação que

permitam uma literacia digital generalizada, tendo em conta a igualdade de oportunidade e coesão social;.Fomentar a análise crítica da função e do poder das novas tecnologias da informação e comunicação;.Desenvolver a capacidade de pesquisar, tratar, produzir e comunicar informação, quer pelos meios tradicionais, quer

através das novas tecnologias da informação e comunicação; .Desenvolver capacidades para utilizar adequadamente e manipular com rigor técnico aplicações informáticas,

nomeadamente em articulação com as aprendizagens e tecnologias específicas das outras áreas de formação;.Promover as práticas inerentes às normas de segurança dos dados e da informação.

Fomentar a disponibilidade para uma aprendizagem ao longo da vida como condição necessária à adaptação a novas

Metodologia

.

.Método interrogativo;

.Método activos;

.Outros: .Pedagogia do centro de interesse.

Método demonstrativo;

Recursos Técnicos

.

.Metodologia-base:formação e avaliação das aprendizagens - Informática;

.Instrumentos de Avaliação (ver item avaliação).

Referencial de formação - Informática;

Duração

.Informática - Iniciação: 30 horas / Aprofundamento - 75 horas / Especialização Excel - 42 horas.

Constrangimentos e estratégias de superação

.

percursos individualizados e integrados com base nas competências manifestadas pelos próprios;.A dificuldade ao nível do registo escrito da língua portuguesa por parte dos candidatos; os trabalhos poderão ser

realizados numa língua de uso universal (Francês, Inglês, Espanhol, etc.) com que o candidato esteja familiarizado. (Informática);

.A inexistência de uma certificação formal pode ser minimizada pela elaboração do portefólio temático e pela emissão de declarações comprovativas da formação desenvolvida

A questão da diversidade linguística dos candidatos encaminhados pode ser ultrapassada através da definição de

Observações

No presente modelo poder-se-á: .Potenciar a transversalidade das intervenções e das actividades desenvolvidas pelos diferentes serviços;.Potenciar uma exploração mais abrangente e mais significativa dos temas geradores; .Facilitar processos de comunicação entre os diferentes intervenientes que acompanham e se implicam no processo

formativo;.Maximizar o desenvolvimento das competências transversais (saber-ser, saber- estar); .Reforçar o papel desempenhado pelos formadores - papel determinante da competência pedagógica; .Potenciar um mecanismo de acompanhamento e avaliação do processo formativo mais estruturado, crítico e reflexivo.

.A cidadania nas acções de curta duração;

.Metodologia-base: formação e avaliação das aprendizagens - Linguagem e Comunicação;

.Plano Pedagógico;

.Instrumentos de Avaliação (ver item avaliação).

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40 412. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Projecto de Integração socioprofissional

Participantes

.

acompanhamento/inserção;.1 ou mais adultos.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências e/ou 1 formador da área de Cidadania e Empregabilidade ou um técnico de

Objectivos

.

relação temporal e de dependência entre os objectivos que se propõe atingir;.Promover a auto-reflexão em torno dos recursos (intrínsecos e extrínsecos) que tem ao seu dispor para efeitos da

realização do seu projecto de integração socioprofissional e o conhecimento das oportunidades e constrangimentos do mercado(social) de emprego e da formação profissional;

.Promover o conhecimento das principais características associadas à profissão que o adulto pretende exercer e/ou da área de formação do seu interesse e a auto-reflexão em torno dos valores, atitudes e competências facilitadoras da integração socioprofissional;

.Promover a valorização e a integração em actividades de voluntariado como estratégia para o desenvolvimento de competências facilitadoras da integração profissional;

.Promover o treino de competências de empregabilidade (e.g.: construção do CV europeu, de cartas de apresentação, preparação para entrevistas de emprego, apoio na procura de emprego) e construir um Plano de Acção realista e exequível.

Promover a capacidade para estabelecer e alcançar objectivos de curto, médio e longo prazo e a consciencialização da

Metodologias, Métodos e Técnicas

.

.Método Interrogativo;

.Método demonstrativo;

.Trabalho de pesquisa;

.Simulações;

.Observação Participante;

.Trabalho em Rede.

Método expositivo;

Recursos Pedagógicos

.

.Guião para o treino de competências de empregabilidade;

.Plano de Acção.

Guião do trabalho de projecto;

Descrição da experiênciaEm Julho de 2007, Bodry inicia a reflexão em torno do seu projecto de integração profissional.

Com o objectivo de explorar os seus objectivos de curto e médio prazo em Portugal e de promover a auto-reflexão em torno da relação temporal e de dependência que existe entre a meta que se propõe a atingir e os objectivos que a precedem, iniciando-se a partir daqui a construção do Plano de Acção do respectivo Projecto de Inserção profissional, construiu-se e dinamizou-se o instrumento Os meus objectivos para 2007.

O resultado deste instrumento indiciou que Bodry não tinha consciência das etapas que precedem a inscrição num curso de formação profissional ou a inserção no mercado de emprego, confirmando a necessidade de ser orientado neste sentido através da construção do Trabalho de Projecto. Seguiu-se a dinamização do instrumento Eu quero ser electricista porque…, tendo o resultado evidenciado que a escolha profissional de Bodry não corresponde a uma escolha informada, justificando-se assim todo um trabalho de pesquisa em torno das características associadas à profissão de electricista e, em particular, das competências que lhe estão associadas.

Também a título de complemento, e com o objectivo de proporcionar o contacto directo de Bodry com o contexto/quotidiano de um curso de formação profissional na área da electricidade e com o trabalho e rotina de um electricista profissional de modo a que Bodry possa ficar o mais esclarecido possível quanto a esta profissão, está prevista a articulação com um Centro de Formação Profissional bem como com uma Empresa de Inserção.

Na sequência de Bodry ter ido, por iniciativa própria, a um Centro de Emprego recolher informações sobre o curso de electricidade que pretende vir a fazer, foi antecipada a realização do instrumento Um dia no Centro de Emprego. Salienta-se o facto desta experiência lhe ter permitido reforçar a consciência da utilidade que o processo de reconhecimento de competências em curso tem e terá para a concretização do seu objectivo profissional.

Fez-me ter consciência da importância do processo que estou a fazer. Por isso, tenho que me esforçar muito para conseguir acabar bem este processo tão importante(…). O problema situa-se ao nível da autorização de residência. Ela é como uma chave que vai abrir todas as portas fechadas. Portanto, eu tenho de ficar ainda mais concentrado para poder acabar o meu processo e começar logo a minha formação em Electricidade.

A aplicação do instrumento A minha vocação (auto-representação) constituiu um ponto de partida para o apuramento do perfil vocacional de Bodry, estando em análise a possibilidade do mesmo vir a ser alvo de um processo de despiste vocacional,

enquanto complemento ao trabalho de desocultação de competências realizado, com o objectivo de tomar consciência das suas aptidões e, caso se justifique, poder redefinir as áreas profissionais do seu interesse e mesmo o seu projecto de integração profissional, aguardando-se um contacto por parte de uma técnica do IEFP que ficou de aferir se essa possibilidade existe para pessoas indocumentadas.

As competências de empregabilidade (e.g.: como fazer um CV europeu, uma carta de apresentação, um anúncio, como se preparar para uma entrevista de emprego) estão a ser desenvolvidas, como dito, no âmbito da formação em Cidadania e Empregabilidade, estando também prevista a exploração de ofertas no âmbito da formação profissional. Exploração esta que poderá ser feita no âmbito das sessões de balanço de competências ou em articulação com a UNIVA do CPR. À medida que Bodry define o seu projecto de integração profissional, o mesmo vai preenchendo o seu Plano de Acção (re)definindo as metas e o cronograma, bem como os recursos que tem ao seu dispor e aqueles que terá de adquirir, tomando consciência das suas possibilidades e dos possíveis riscos. No final, Bodry irá compilar o seu portefólio vocacional a partir da selecção de conteúdos do seu portefólio pessoal, evidenciando as competências de que é portador, o seu projecto de integração e o seu CV europeu.

Prevê-se que Bodry conclua o seu projecto de integração socioprofissional no final de Novembro de 2007.Caso Bodry obtenha Autorização de Residência Provisória ou o estatuto de Refugiado, poderá também solicitar o reconhecimento, a validação e a certificação formal das suas competências, submetendo o seu Portefólio Pessoal/Vocacional à apreciação no CNO da SCML e, a partir dai, inscrever-se num curso de formação profissional que lhe dê dupla certificação

Duração

.Cada sessão de trabalho deverá ter a duração entre 90 a 120 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

decorreu antes da identificação do projecto de integração profissional, o técnico de RC ou o técnico de acompanhamento/ inserção deverá assumir a orientação do projecto bem como o treino das competências de empregabilidade construindo ou apropriando-se de instrumentos que o permitam fazer.

Se não for possível articular com os formadores das áreas de competência-chave, nomeadamente, porque a formação

Duração

.

como o seu perfil e as necessidades/ofertas do mercado de emprego;.A construção do projecto vocacional poderá ser feita, em articulação com os formadores das áreas de competência-chave

e, em particular, com a formadora da área de Cidadania e Empregabilidade, constituindo-se o projecto como o tema gerador das aprendizagens feitas em contexto formativo seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade;

.Dever-se-á promover o contacto directo com o contexto e com profissionais da área de interesse adulto, bem como com os módulos práticos do curso de formação que o mesmo pretende fazer como estratégia para o ajudar a decidir quanto à área profissional em que irá investir tais como: visitas a empresas e observação de postos de trabalho, experiências de trabalho e estágios em empresas, acompanhamento permanente de profissionais em exercício e entrevistas a profissionais;

.Sempre que se justificar, dever-se-á articular com entidades experientes em matéria de despiste vocacional, como complemento ao trabalho de reconhecimento de competências e como estratégia para redefinir as suas escolhas em matéria de formação e/ou emprego;

.Para efeitos de procura de emprego ou de cursos de formação, a técnica responsável pelo acompanhamento do adulto (a técnica de RC) poderá articular com a UNIVA local.

A definição do projecto de integração socioprofissional deverá sempre ter em consideração o interesse do adulto bem

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40 412. Implementação do Modelo de Intervenção

Ficha Técnica. Projecto de Integração socioprofissional

Participantes

.

acompanhamento/inserção;.1 ou mais adultos.

1 Técnico de Reconhecimento de Competências e/ou 1 formador da área de Cidadania e Empregabilidade ou um técnico de

Objectivos

.

relação temporal e de dependência entre os objectivos que se propõe atingir;.Promover a auto-reflexão em torno dos recursos (intrínsecos e extrínsecos) que tem ao seu dispor para efeitos da

realização do seu projecto de integração socioprofissional e o conhecimento das oportunidades e constrangimentos do mercado(social) de emprego e da formação profissional;

.Promover o conhecimento das principais características associadas à profissão que o adulto pretende exercer e/ou da área de formação do seu interesse e a auto-reflexão em torno dos valores, atitudes e competências facilitadoras da integração socioprofissional;

.Promover a valorização e a integração em actividades de voluntariado como estratégia para o desenvolvimento de competências facilitadoras da integração profissional;

.Promover o treino de competências de empregabilidade (e.g.: construção do CV europeu, de cartas de apresentação, preparação para entrevistas de emprego, apoio na procura de emprego) e construir um Plano de Acção realista e exequível.

Promover a capacidade para estabelecer e alcançar objectivos de curto, médio e longo prazo e a consciencialização da

Metodologias, Métodos e Técnicas

.

.Método Interrogativo;

.Método demonstrativo;

.Trabalho de pesquisa;

.Simulações;

.Observação Participante;

.Trabalho em Rede.

Método expositivo;

Recursos Pedagógicos

.

.Guião para o treino de competências de empregabilidade;

.Plano de Acção.

Guião do trabalho de projecto;

Descrição da experiênciaEm Julho de 2007, Bodry inicia a reflexão em torno do seu projecto de integração profissional.

Com o objectivo de explorar os seus objectivos de curto e médio prazo em Portugal e de promover a auto-reflexão em torno da relação temporal e de dependência que existe entre a meta que se propõe a atingir e os objectivos que a precedem, iniciando-se a partir daqui a construção do Plano de Acção do respectivo Projecto de Inserção profissional, construiu-se e dinamizou-se o instrumento Os meus objectivos para 2007.

O resultado deste instrumento indiciou que Bodry não tinha consciência das etapas que precedem a inscrição num curso de formação profissional ou a inserção no mercado de emprego, confirmando a necessidade de ser orientado neste sentido através da construção do Trabalho de Projecto. Seguiu-se a dinamização do instrumento Eu quero ser electricista porque…, tendo o resultado evidenciado que a escolha profissional de Bodry não corresponde a uma escolha informada, justificando-se assim todo um trabalho de pesquisa em torno das características associadas à profissão de electricista e, em particular, das competências que lhe estão associadas.

Também a título de complemento, e com o objectivo de proporcionar o contacto directo de Bodry com o contexto/quotidiano de um curso de formação profissional na área da electricidade e com o trabalho e rotina de um electricista profissional de modo a que Bodry possa ficar o mais esclarecido possível quanto a esta profissão, está prevista a articulação com um Centro de Formação Profissional bem como com uma Empresa de Inserção.

Na sequência de Bodry ter ido, por iniciativa própria, a um Centro de Emprego recolher informações sobre o curso de electricidade que pretende vir a fazer, foi antecipada a realização do instrumento Um dia no Centro de Emprego. Salienta-se o facto desta experiência lhe ter permitido reforçar a consciência da utilidade que o processo de reconhecimento de competências em curso tem e terá para a concretização do seu objectivo profissional.

Fez-me ter consciência da importância do processo que estou a fazer. Por isso, tenho que me esforçar muito para conseguir acabar bem este processo tão importante(…). O problema situa-se ao nível da autorização de residência. Ela é como uma chave que vai abrir todas as portas fechadas. Portanto, eu tenho de ficar ainda mais concentrado para poder acabar o meu processo e começar logo a minha formação em Electricidade.

A aplicação do instrumento A minha vocação (auto-representação) constituiu um ponto de partida para o apuramento do perfil vocacional de Bodry, estando em análise a possibilidade do mesmo vir a ser alvo de um processo de despiste vocacional,

enquanto complemento ao trabalho de desocultação de competências realizado, com o objectivo de tomar consciência das suas aptidões e, caso se justifique, poder redefinir as áreas profissionais do seu interesse e mesmo o seu projecto de integração profissional, aguardando-se um contacto por parte de uma técnica do IEFP que ficou de aferir se essa possibilidade existe para pessoas indocumentadas.

As competências de empregabilidade (e.g.: como fazer um CV europeu, uma carta de apresentação, um anúncio, como se preparar para uma entrevista de emprego) estão a ser desenvolvidas, como dito, no âmbito da formação em Cidadania e Empregabilidade, estando também prevista a exploração de ofertas no âmbito da formação profissional. Exploração esta que poderá ser feita no âmbito das sessões de balanço de competências ou em articulação com a UNIVA do CPR. À medida que Bodry define o seu projecto de integração profissional, o mesmo vai preenchendo o seu Plano de Acção (re)definindo as metas e o cronograma, bem como os recursos que tem ao seu dispor e aqueles que terá de adquirir, tomando consciência das suas possibilidades e dos possíveis riscos. No final, Bodry irá compilar o seu portefólio vocacional a partir da selecção de conteúdos do seu portefólio pessoal, evidenciando as competências de que é portador, o seu projecto de integração e o seu CV europeu.

Prevê-se que Bodry conclua o seu projecto de integração socioprofissional no final de Novembro de 2007.Caso Bodry obtenha Autorização de Residência Provisória ou o estatuto de Refugiado, poderá também solicitar o reconhecimento, a validação e a certificação formal das suas competências, submetendo o seu Portefólio Pessoal/Vocacional à apreciação no CNO da SCML e, a partir dai, inscrever-se num curso de formação profissional que lhe dê dupla certificação

Duração

.Cada sessão de trabalho deverá ter a duração entre 90 a 120 minutos.

Constrangimentos e Estratégias de Superação

.

decorreu antes da identificação do projecto de integração profissional, o técnico de RC ou o técnico de acompanhamento/ inserção deverá assumir a orientação do projecto bem como o treino das competências de empregabilidade construindo ou apropriando-se de instrumentos que o permitam fazer.

Se não for possível articular com os formadores das áreas de competência-chave, nomeadamente, porque a formação

Duração

.

como o seu perfil e as necessidades/ofertas do mercado de emprego;.A construção do projecto vocacional poderá ser feita, em articulação com os formadores das áreas de competência-chave

e, em particular, com a formadora da área de Cidadania e Empregabilidade, constituindo-se o projecto como o tema gerador das aprendizagens feitas em contexto formativo seguindo as lógicas da transversalidade e da complementaridade;

.Dever-se-á promover o contacto directo com o contexto e com profissionais da área de interesse adulto, bem como com os módulos práticos do curso de formação que o mesmo pretende fazer como estratégia para o ajudar a decidir quanto à área profissional em que irá investir tais como: visitas a empresas e observação de postos de trabalho, experiências de trabalho e estágios em empresas, acompanhamento permanente de profissionais em exercício e entrevistas a profissionais;

.Sempre que se justificar, dever-se-á articular com entidades experientes em matéria de despiste vocacional, como complemento ao trabalho de reconhecimento de competências e como estratégia para redefinir as suas escolhas em matéria de formação e/ou emprego;

.Para efeitos de procura de emprego ou de cursos de formação, a técnica responsável pelo acompanhamento do adulto (a técnica de RC) poderá articular com a UNIVA local.

A definição do projecto de integração socioprofissional deverá sempre ter em consideração o interesse do adulto bem

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42 43

Avaliaçãoe Acompanhamento da Intervenção

A investigação-accão permitiu confirmar que a procura de soluções precárias, parciais e com carácter de emergência, não resolve os problemas de fundo que afectam os públicos social e economicamente desfavorecidos.

No caso dos requerentes de asilo, confirma-se que falar a língua da sociedade de acolhimento não é suficiente para uma integração plena, pelo que consideramos que a orientação cultural, social e profissional contribui determinantemente para uma integração bem sucedida devendo, por isso, fazer parte de todos os programas para refugiados, em ordem à sua reconstrução identitária e ao reforço da sua auto-estima e autonomia, nomeadamente, no que concerne à sua capacidade para procurar e manter um emprego correspondente a um projecto profissional coerente, realista e exequível.

Importa, pois, envolver e orientar estes públicos, dando-lhes voz, nomeadamente, no que concerne à escolha do seu projecto de integração socioprofissional, levando-os à consciencialização de que a sua escolha deverá ser ajustada às competências que desenvolveram ao longo da vida, às suas potencialidades e limitações, bem como às oportunidades no mercado de trabalho.

Com efeito, os resultados da investigação-acção confirmam que os métodos activos orientados para o trabalho em equipa, transferência de saberes, resolução de problemas, desenvolvimento de capacidades de autonomia, iniciativa, auto-aprendizagem, contribuem, em muito, para o protagonismo de cidadãos mais activos, i.e., mais esclarecidos, autónomos, confiantes, organizados, participativos e empreendedores. Destacamos, também, o facto do auto-reconhecimento das competências ajudarem, particularmente, estes públicos a definir um projecto profissional realista, bem como um plano de acção exequível, confirmando-se também que a construção do portefólio pessoal/vocacional é uma eficaz técnica de orientação promotora da autonomia e da valorização pessoal.

A título de balanço, podemos afirmar que a parceria esteve comprometida num processo de partilha de estratégias a quatro níveis:.estratégias de flexibilização das práticas de referências, instituídas nos serviços implicados;.estratégias de validação e legitimação do valor acrescentado pela dinâmica de flexibilização e adaptação das práticas de

referência ao público alvo do projecto;.estratégias de preparação da transferência e incorporação.

Não é um processo pacífico e linear, já que implicou o comprometimento de culturas organizacionais diferentes, o que em cenários de coorporação, obriga a posturas diferentes nas formas de trabalhar e aprender.

Ainda a título de balanço, partilhamos várias percepções de melhoria:.Incremento da inserção e inclusão de cidadãos requerentes de asilo.Reforço do empowerment, da responsabilização e da autonomia pessoal dos requerentes de asilo;.Reforço da qualidade dos serviços e da adequação das práticas aos destinatários/utilizadores;.Aumento da eficácia do trabalho em parceria e em rede;.Optimização da própria transferibilidade e incoproração da prática.

Em termos práticos, no nosso projecto assistiu-se ao desenvolvimento de processos de cooperação e de inovação, que se revelaram benéficos para a preparação da transferência e incorporação da prática/produto e para garantir a sua sustentabilidade.

Com efeito, a validação interna das potencialidades identificadas no desenvolvimento da experiência e na construção do modelo integrado de acolhimento, orientação e formação de base, demonstrou virtualidades para a sua replicação, recontextualização e reconfiguração. O exercício de sistematização da experiência com base no quadro metodológico proposto pelo EQUAL, permitiu focalizar o trabalho da parceria para a pertinência e imprescindibilidade da criação e diversificação de momentos de reflexão crítica, de auto-avaliação e hetero-avaliação, que conduziram à legitimação de consensos e estimularam energias para a preparação da disseminação do projecto.

Reconhecendo que a avaliação não se deve limitar à leitura das conclusões, mas também e sobretudo à projecção das conclusões em projectos futuros, constatamos que esse desafio se traduziu concretamente na criação de um projecto com uma identidade própria, o Projecto Ser Mais, que concretiza um modelo próprio de incorporação, assumido pela SCML e que se traduz, designadamente, na mobilização de recursos financeiros, humanos e logísticos, orientados para uma resposta alargada a pessoas com particulares dificuldade de inserção social.

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Avaliaçãoe Acompanhamento da Intervenção

A investigação-accão permitiu confirmar que a procura de soluções precárias, parciais e com carácter de emergência, não resolve os problemas de fundo que afectam os públicos social e economicamente desfavorecidos.

No caso dos requerentes de asilo, confirma-se que falar a língua da sociedade de acolhimento não é suficiente para uma integração plena, pelo que consideramos que a orientação cultural, social e profissional contribui determinantemente para uma integração bem sucedida devendo, por isso, fazer parte de todos os programas para refugiados, em ordem à sua reconstrução identitária e ao reforço da sua auto-estima e autonomia, nomeadamente, no que concerne à sua capacidade para procurar e manter um emprego correspondente a um projecto profissional coerente, realista e exequível.

Importa, pois, envolver e orientar estes públicos, dando-lhes voz, nomeadamente, no que concerne à escolha do seu projecto de integração socioprofissional, levando-os à consciencialização de que a sua escolha deverá ser ajustada às competências que desenvolveram ao longo da vida, às suas potencialidades e limitações, bem como às oportunidades no mercado de trabalho.

Com efeito, os resultados da investigação-acção confirmam que os métodos activos orientados para o trabalho em equipa, transferência de saberes, resolução de problemas, desenvolvimento de capacidades de autonomia, iniciativa, auto-aprendizagem, contribuem, em muito, para o protagonismo de cidadãos mais activos, i.e., mais esclarecidos, autónomos, confiantes, organizados, participativos e empreendedores. Destacamos, também, o facto do auto-reconhecimento das competências ajudarem, particularmente, estes públicos a definir um projecto profissional realista, bem como um plano de acção exequível, confirmando-se também que a construção do portefólio pessoal/vocacional é uma eficaz técnica de orientação promotora da autonomia e da valorização pessoal.

A título de balanço, podemos afirmar que a parceria esteve comprometida num processo de partilha de estratégias a quatro níveis:.estratégias de flexibilização das práticas de referências, instituídas nos serviços implicados;.estratégias de validação e legitimação do valor acrescentado pela dinâmica de flexibilização e adaptação das práticas de

referência ao público alvo do projecto;.estratégias de preparação da transferência e incorporação.

Não é um processo pacífico e linear, já que implicou o comprometimento de culturas organizacionais diferentes, o que em cenários de coorporação, obriga a posturas diferentes nas formas de trabalhar e aprender.

Ainda a título de balanço, partilhamos várias percepções de melhoria:.Incremento da inserção e inclusão de cidadãos requerentes de asilo.Reforço do empowerment, da responsabilização e da autonomia pessoal dos requerentes de asilo;.Reforço da qualidade dos serviços e da adequação das práticas aos destinatários/utilizadores;.Aumento da eficácia do trabalho em parceria e em rede;.Optimização da própria transferibilidade e incoproração da prática.

Em termos práticos, no nosso projecto assistiu-se ao desenvolvimento de processos de cooperação e de inovação, que se revelaram benéficos para a preparação da transferência e incorporação da prática/produto e para garantir a sua sustentabilidade.

Com efeito, a validação interna das potencialidades identificadas no desenvolvimento da experiência e na construção do modelo integrado de acolhimento, orientação e formação de base, demonstrou virtualidades para a sua replicação, recontextualização e reconfiguração. O exercício de sistematização da experiência com base no quadro metodológico proposto pelo EQUAL, permitiu focalizar o trabalho da parceria para a pertinência e imprescindibilidade da criação e diversificação de momentos de reflexão crítica, de auto-avaliação e hetero-avaliação, que conduziram à legitimação de consensos e estimularam energias para a preparação da disseminação do projecto.

Reconhecendo que a avaliação não se deve limitar à leitura das conclusões, mas também e sobretudo à projecção das conclusões em projectos futuros, constatamos que esse desafio se traduziu concretamente na criação de um projecto com uma identidade própria, o Projecto Ser Mais, que concretiza um modelo próprio de incorporação, assumido pela SCML e que se traduz, designadamente, na mobilização de recursos financeiros, humanos e logísticos, orientados para uma resposta alargada a pessoas com particulares dificuldade de inserção social.

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44 45Reflexões Finais

Implementar modelos que visem a inclusão social de públicos em particular situação de exclusão social passa pela

Implementação de modelos que se adequem a esta problemática. Se os processos processo que conduzem a fenómenos de

exclusão social são complexos e multidimensionais, a implementação de medidas reparadoras e /ou preventivas têm,

necessariamente, que contemplar, quer na sua concepção quer na sua implementação, uma visão abrangente e multidisciplinar.

A diversidade de respostas e medidas de combate à exclusão bombardeia-nos diariamente com questões de fundo: "não será

possível definir a resposta adequada a esta situação? ".Mas a resposta encontra-se ai mesmo, cada situação é uma situação

específica, resultante de um determinado contexto, realidade.

A concepção do Modelo apresentado mais de uma nova resposta de intervenção visa exemplificar como é possível, a partir da

caracterização de necessidades específicas, consolidar e adequar instrumentos/ medidas já existentes articulando esforços e

competências técnicas, pedagógicas e institucionais e consolidando num Modelo integrado de intervenção.

De facto, e no que respeita à intervenção das respostas de educação/formação de adultos da SCML (CNO e OFIP) tem verificado

a necessidade de criação de estratégias de actuação em articulação com os serviços de acção social local, bem como a

implementação de medida no âmbito da educação não formal que permitam que um conjunto ainda alargado de indivíduos

com défices de competências sociais e comportamentais decorrentes, sobretudo, de percursos longos de permanência em

situação de exclusão social, consigam, com sucesso, integrar as respostas existentes.

Neste sentido, o desenvolvimento do VIAAS, criou a oportunidade de reflexão e concretização de uma necessidade já

identificada, na criação de um espaço específico para estudo e análise de uma resposta integrada para estes públicos.

Efectivamente verificamos um grande paralelismo entre os requerentes de asilo e refugiados, público-alvo do VIAAS, e outros

públicos em processos de exclusão social, apresentam simultaneamente necessidades de desenvolvimento pessoal e

identitário e um trabalho de (re)construção de modelos de referência.

Desta forma, poderemos olhar todo o processo de desenvolvimento deste projecto, como um processo de desocultação de

competências dos recursos humanos afectos a esta parceria, os momentos de reflexão (reuniões, encontros, entre outros)

sessões de balanço de competências, sendo o Produto a evidência das competências identificadas.

Este Modelo de Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de

Exclusão Social, caracteriza-se, assim, pela sua visão multidimensional assumindo, a sua implementação, flexibilidade de

adaptação a diversas situações e contextos específicos, apresentando múltiplas formas de apropriação e incorporação quer por

serviços que desenvolvem a sua actividade no âmbito mais directo ao nível da definição de planos de acção com vista à inclusão

social, quer por serviços com actuação específica na área da educação formação.

A garantia de sucesso da sua incorporação e implementação encontra-se exactamente na sua visão multidimensional.

Caracterizado pelo seu carácter flexível, este Modelo poderá ser incorporado em diversas áreas de intervenção produzindo

efeitos multiplicadores na sua aplicação e adoptando especificidades ajustadas a cada contextos específico.

Com enfoque na empregabilidade, e remetendo, por exemplo, para as dinâmicas de desenvolvimento comunitário, as

entidades incorporadoras poderão, a partir de diagnósticos territoralizados, e de acordo com necessidades específicas do seu

público alvo, identificar parceria locais e adaptar este Modelo, potenciando a sua adequabilidade tendo em conta os

constrangimentos/pontos fracos e potencialidade/pontos fortes dos grupos alvo de intervenção. Quer isto dizer que este

Modelo, dada a sua natureza flexível, poderá ser apropriado como um todo ou, a partir de base do balanço de competências dos

candidatos e dos diagnósticos de recursos e necessidades locais, ver os eixos de intervenção reajustados (com o eixo da

formação centrado em formação profissional, em contexto real de trabalho, entre outros e o eixo do trabalho de projecto

centrando num tema específico e desenvolvido, numa lógica individual ou ainda num lógica participativa e integrada dos

diversos agentes envolvidos).

Em suma, dir-se-á que esta experiência permitiu a todos fazer mais e melhor, no sentido em que potencia o "querer agir", o

"saber agir" e o "poder agir", traduzindo o sentido humanista e emancipatório que caracteriza as instituições que reúnem

esforços para promover a integração socioprofissional de públicos em particular situação de exclusão.

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44 45Reflexões Finais

Implementar modelos que visem a inclusão social de públicos em particular situação de exclusão social passa pela

Implementação de modelos que se adequem a esta problemática. Se os processos processo que conduzem a fenómenos de

exclusão social são complexos e multidimensionais, a implementação de medidas reparadoras e /ou preventivas têm,

necessariamente, que contemplar, quer na sua concepção quer na sua implementação, uma visão abrangente e multidisciplinar.

A diversidade de respostas e medidas de combate à exclusão bombardeia-nos diariamente com questões de fundo: "não será

possível definir a resposta adequada a esta situação? ".Mas a resposta encontra-se ai mesmo, cada situação é uma situação

específica, resultante de um determinado contexto, realidade.

A concepção do Modelo apresentado mais de uma nova resposta de intervenção visa exemplificar como é possível, a partir da

caracterização de necessidades específicas, consolidar e adequar instrumentos/ medidas já existentes articulando esforços e

competências técnicas, pedagógicas e institucionais e consolidando num Modelo integrado de intervenção.

De facto, e no que respeita à intervenção das respostas de educação/formação de adultos da SCML (CNO e OFIP) tem verificado

a necessidade de criação de estratégias de actuação em articulação com os serviços de acção social local, bem como a

implementação de medida no âmbito da educação não formal que permitam que um conjunto ainda alargado de indivíduos

com défices de competências sociais e comportamentais decorrentes, sobretudo, de percursos longos de permanência em

situação de exclusão social, consigam, com sucesso, integrar as respostas existentes.

Neste sentido, o desenvolvimento do VIAAS, criou a oportunidade de reflexão e concretização de uma necessidade já

identificada, na criação de um espaço específico para estudo e análise de uma resposta integrada para estes públicos.

Efectivamente verificamos um grande paralelismo entre os requerentes de asilo e refugiados, público-alvo do VIAAS, e outros

públicos em processos de exclusão social, apresentam simultaneamente necessidades de desenvolvimento pessoal e

identitário e um trabalho de (re)construção de modelos de referência.

Desta forma, poderemos olhar todo o processo de desenvolvimento deste projecto, como um processo de desocultação de

competências dos recursos humanos afectos a esta parceria, os momentos de reflexão (reuniões, encontros, entre outros)

sessões de balanço de competências, sendo o Produto a evidência das competências identificadas.

Este Modelo de Integrado de Acolhimento, Orientação e Formação Base para a Inclusão de Públicos em Particular Situação de

Exclusão Social, caracteriza-se, assim, pela sua visão multidimensional assumindo, a sua implementação, flexibilidade de

adaptação a diversas situações e contextos específicos, apresentando múltiplas formas de apropriação e incorporação quer por

serviços que desenvolvem a sua actividade no âmbito mais directo ao nível da definição de planos de acção com vista à inclusão

social, quer por serviços com actuação específica na área da educação formação.

A garantia de sucesso da sua incorporação e implementação encontra-se exactamente na sua visão multidimensional.

Caracterizado pelo seu carácter flexível, este Modelo poderá ser incorporado em diversas áreas de intervenção produzindo

efeitos multiplicadores na sua aplicação e adoptando especificidades ajustadas a cada contextos específico.

Com enfoque na empregabilidade, e remetendo, por exemplo, para as dinâmicas de desenvolvimento comunitário, as

entidades incorporadoras poderão, a partir de diagnósticos territoralizados, e de acordo com necessidades específicas do seu

público alvo, identificar parceria locais e adaptar este Modelo, potenciando a sua adequabilidade tendo em conta os

constrangimentos/pontos fracos e potencialidade/pontos fortes dos grupos alvo de intervenção. Quer isto dizer que este

Modelo, dada a sua natureza flexível, poderá ser apropriado como um todo ou, a partir de base do balanço de competências dos

candidatos e dos diagnósticos de recursos e necessidades locais, ver os eixos de intervenção reajustados (com o eixo da

formação centrado em formação profissional, em contexto real de trabalho, entre outros e o eixo do trabalho de projecto

centrando num tema específico e desenvolvido, numa lógica individual ou ainda num lógica participativa e integrada dos

diversos agentes envolvidos).

Em suma, dir-se-á que esta experiência permitiu a todos fazer mais e melhor, no sentido em que potencia o "querer agir", o

"saber agir" e o "poder agir", traduzindo o sentido humanista e emancipatório que caracteriza as instituições que reúnem

esforços para promover a integração socioprofissional de públicos em particular situação de exclusão.

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46 47Glossário

Aprendizagem

Aprendizagem ao longo da vida

Aprendizagem formal

Aprendizagem informal

Aprendizagem não-formal

Aprendizagem significativa

Área de Competências-Chave

Balanço de competências

Capacidade

Certificação de competências

Competência

Competências-chave

Critérios de evidência

"A aprendizagem pode ser entendida como o processo de utilizar uma interpretação prévia para construir uma

interpretação nova ou corrigida do significado da experiência de alguém com a finalidade de guiar a acção futura"

(Mezirow, 1991).

toda a actividade de aprendizagem em qualquer momento (lifelong) e em todos os domínios da vida (lifewide), com

o objectivo de melhorar os conhecimentos, capacidades e as competências, no quadro de uma perspectiva pessoal,

cívica, social e/ou relacionada com o emprego (Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem tradicionalmente dispensada por um estabelecimento de ensino ou de formação, estruturada (em

termos de objectivos, duração e recursos), conducente à certificação. É intencional do ponto de vista do aprendente

(Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem decorrente das actividades da vida quotidiana, relacionadas com o trabalho, a família ou o lazer. Não é

estruturada (em termos de objectivos, duração e recursos) e não conduz, tradicionalmente, à certificação. Pode ser

intencional mas, na maior parte dos casos, é não intencional (carácter fortuito/aleatório) do ponto de vista do

aprendente (Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem não dispensada por um estabelecimento de ensino ou de formação e que não conduz, tradicionalmente,

à certificação. É, todavia, estruturada (em termos de objectivos, duração e recursos). É intencional do ponto de vista do

aprendente (Comissão Europeia, 2001).

"A aprendizagem pode ser entendida como o processo de utilizar uma interpretação prévia para construir uma

interpretação nova ou corrigida do significado da experiência de alguém com a finalidade de guiar a acção futura"

(Mezirow, 1991).

no quadro do presente Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Secundário,

assente em quatro Áreas de Competências-Chave, cada uma destas constitui-se como um conjunto coerente e

articulado de 'unidades de competência' e de 'critérios de evidência' (Equipa de autores, 2003, 2006).

intervenção indutora da exploração e avaliação das competências, capacidades e interesses do adulto fundamental-

mente motivadas pela procura e construção de (novos) projectos para a sua vida pessoal e profissional

(Leitão (coord.), 2002).

os conhecimentos e a experiência convocados para o desempenho de uma tarefa ou trabalho específicos

(Comissão Europeia, 2005).

acto oficial e formal de confirmação das competências adquiridas pelo adulto em contextos formais, não formais e

informais e que, por decisão do Júri de Validação, dá lugar à emissão de um certificado, para todos os efeitos legais,

de valor igual ao certificado escolar correspondente emitido no quadro do sistema formal de educação

(Leitão (coord.), 2002).

combinatória de conhecimentos, capacidades, aptidões e atitudes apropriadas a situações específicas, requerendo

também 'a disposição para' e 'o saber como' aprender (Comissão Europeia, 2004b).

as competências-chave representam um conjunto articulado, transferível e multifuncional, de conhecimentos,

capacidades e atitudes indispensáveis à realização e desenvolvimento individuais, à inclusão social e ao emprego.

Estas competências deverão ser desenvolvidas no âmbito da escolaridade obrigatória ou da formação inicial e

funcionar como alicerce de aprendizagens posteriores numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida

(Comissão Europeia, 2004b).

diferentes acções/realizações através das quais o adulto indicia o domínio da competência visada. Estes critérios

Com o objectivo de clarificar e facilitar a leitura do guia, compilou-se neste Glossário o conjunto de conceitos-chave mais

utilizados. A perspectiva que presidiu à sua elaboração é a de servir como orientador e convite à reflexão e não deve, portanto,

ser lido como uma lista alfabética de vocabulário técnico 'fechado'.

constituem também um indicador de objectivos a desenvolver em termos de processo formativo

(Alonso e outros, 2000).

abordagem que, conjuntamente com as abordagens biográficas, permite abrir para uma outra maneira de pensar a

relação dos adultos com o saber e com o conhecimento. Uma metodologia de fazer encontrar, por si mesmo, ao sujeito,

a sua própria verdade (Leitão (coord.), 2002).

tema abrangente, presente na vida de todos os cidadãos e que permite gerar e evidenciar um conjunto de

competências-chave nas diferentes Áreas do Referencial (Equipa de autores, 2006).

dossier completo dos adquiridos pessoais e sociais, compreendendo as provas de todas as aprendizagens feitas com

a experiência de vida, de trabalho ou através dos percursos escolar.

processo de identificação pessoal das competências previamente adquiridas, através do desenvolvimento de um

conjunto de actividades, assentes numa lógica de balanço de competências e histórias de vida, que proporcionam

ao adulto ocasiões de exploração, identificação e avaliação dos saberes e competências adquiridos ao longo da sua

vida, tendo por referência o Referencial de Competências-Chave (Leitão (coord.), 2002).

área ou situação da vida na qual as competências são geradas, accionadas e evidenciadas. Resulta do cruzamento

dos vários núcleos geradores com os quatro domínios de referência para a acção (Equipa de autores, 2006).

processo que se consubstancia num conjunto de actividades que visam acompanhar o adulto na avaliação das

suas competências e apoiá-lo na apresentação do seu pedido de validação, nos termos do Referencial de

Competências-Chave. Decorrente do pedido formal de validação apresentado, a avaliação é conduzida por um

Júri de Validação, interpretando a correlação entre as evidências documentadas pelo adulto e o Referencial de

Competências-Chave e, sempre que necessário, promovendo actividades de demonstração de competências que

permitam aferir competências menos claras, descritas/documentadas nesse pedido (Leitão (coord.), 2002).

concretização de um projecto, de análise e resolução de um problema geralmente feito em grupo, a partir de

actividades negociadas com o formador que põe à disposição os recursos necessários e faz o acompanhamento

do mesmo.

consiste em representar um papel, simulando ou imaginando uma situação relacional/social, permitindo ao

formando/actor consciencializar-se da sua atitude em determinado contexto. Ao mesmo tempo que adquire e

aplica conhecimentos, reflecte sobre atitudes e valores expressas na situação teatralizada. Pode ser planificado

ou espontâneo e pode ser usado sob a forma de estudo de caso.

consiste numa reflexão sobre determinado tema, de forma livre e dinâmica, pouco orientada, sem a submeter às

regras do pensamento lógico. Autêntico exercício de espontaneidade e imaginação.

o formando é colocado perante um problema para o qual deverá encontrar solução, por via de um processo dedutivo

e/ou indutivo de tentativa-erro.

consiste num exercício registado em vídeo que permite ao formando, através de uma análise posterior da imagem/

performance, tomar consciência dos seus comportamentos, atitudes e dos seus efeito sobre um indivíduo ou grupo.

o formando partilha um incidente crítico da sua vida (profissional ou pessoal). O objectivo é partilhar a validar

experiências.

consiste na exploração de situações de interesse, preferencialmente a partir de objectos recolhidos do ambiente

dos formandos.

“arte e ciência de ajudar os adultos a aprender", distingue-se da pedagogia, nomeadamente por diferentes

pressupostos sobre o conceito de aprendente, o papel da sua experiência na aprendizagem, a disponibilidade

para aprender, a orientação paraa aprendizagem e a motivação para aprender

Histórias de Vida

Núcleo Gerador

Portfólio

Reconhecimento de competências

Tema

Validação de competências

Pedagogia de projecto

Simulação e Role -Playing ou Dramatização

Tempestade de ideias

Método / Pedagogia da Descoberta

Autoscopia

Incidentes críticos

Pedagogia do centro de interesse

Andragogia

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46 47Glossário

Aprendizagem

Aprendizagem ao longo da vida

Aprendizagem formal

Aprendizagem informal

Aprendizagem não-formal

Aprendizagem significativa

Área de Competências-Chave

Balanço de competências

Capacidade

Certificação de competências

Competência

Competências-chave

Critérios de evidência

"A aprendizagem pode ser entendida como o processo de utilizar uma interpretação prévia para construir uma

interpretação nova ou corrigida do significado da experiência de alguém com a finalidade de guiar a acção futura"

(Mezirow, 1991).

toda a actividade de aprendizagem em qualquer momento (lifelong) e em todos os domínios da vida (lifewide), com

o objectivo de melhorar os conhecimentos, capacidades e as competências, no quadro de uma perspectiva pessoal,

cívica, social e/ou relacionada com o emprego (Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem tradicionalmente dispensada por um estabelecimento de ensino ou de formação, estruturada (em

termos de objectivos, duração e recursos), conducente à certificação. É intencional do ponto de vista do aprendente

(Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem decorrente das actividades da vida quotidiana, relacionadas com o trabalho, a família ou o lazer. Não é

estruturada (em termos de objectivos, duração e recursos) e não conduz, tradicionalmente, à certificação. Pode ser

intencional mas, na maior parte dos casos, é não intencional (carácter fortuito/aleatório) do ponto de vista do

aprendente (Comissão Europeia, 2001).

aprendizagem não dispensada por um estabelecimento de ensino ou de formação e que não conduz, tradicionalmente,

à certificação. É, todavia, estruturada (em termos de objectivos, duração e recursos). É intencional do ponto de vista do

aprendente (Comissão Europeia, 2001).

"A aprendizagem pode ser entendida como o processo de utilizar uma interpretação prévia para construir uma

interpretação nova ou corrigida do significado da experiência de alguém com a finalidade de guiar a acção futura"

(Mezirow, 1991).

no quadro do presente Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Secundário,

assente em quatro Áreas de Competências-Chave, cada uma destas constitui-se como um conjunto coerente e

articulado de 'unidades de competência' e de 'critérios de evidência' (Equipa de autores, 2003, 2006).

intervenção indutora da exploração e avaliação das competências, capacidades e interesses do adulto fundamental-

mente motivadas pela procura e construção de (novos) projectos para a sua vida pessoal e profissional

(Leitão (coord.), 2002).

os conhecimentos e a experiência convocados para o desempenho de uma tarefa ou trabalho específicos

(Comissão Europeia, 2005).

acto oficial e formal de confirmação das competências adquiridas pelo adulto em contextos formais, não formais e

informais e que, por decisão do Júri de Validação, dá lugar à emissão de um certificado, para todos os efeitos legais,

de valor igual ao certificado escolar correspondente emitido no quadro do sistema formal de educação

(Leitão (coord.), 2002).

combinatória de conhecimentos, capacidades, aptidões e atitudes apropriadas a situações específicas, requerendo

também 'a disposição para' e 'o saber como' aprender (Comissão Europeia, 2004b).

as competências-chave representam um conjunto articulado, transferível e multifuncional, de conhecimentos,

capacidades e atitudes indispensáveis à realização e desenvolvimento individuais, à inclusão social e ao emprego.

Estas competências deverão ser desenvolvidas no âmbito da escolaridade obrigatória ou da formação inicial e

funcionar como alicerce de aprendizagens posteriores numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida

(Comissão Europeia, 2004b).

diferentes acções/realizações através das quais o adulto indicia o domínio da competência visada. Estes critérios

Com o objectivo de clarificar e facilitar a leitura do guia, compilou-se neste Glossário o conjunto de conceitos-chave mais

utilizados. A perspectiva que presidiu à sua elaboração é a de servir como orientador e convite à reflexão e não deve, portanto,

ser lido como uma lista alfabética de vocabulário técnico 'fechado'.

constituem também um indicador de objectivos a desenvolver em termos de processo formativo

(Alonso e outros, 2000).

abordagem que, conjuntamente com as abordagens biográficas, permite abrir para uma outra maneira de pensar a

relação dos adultos com o saber e com o conhecimento. Uma metodologia de fazer encontrar, por si mesmo, ao sujeito,

a sua própria verdade (Leitão (coord.), 2002).

tema abrangente, presente na vida de todos os cidadãos e que permite gerar e evidenciar um conjunto de

competências-chave nas diferentes Áreas do Referencial (Equipa de autores, 2006).

dossier completo dos adquiridos pessoais e sociais, compreendendo as provas de todas as aprendizagens feitas com

a experiência de vida, de trabalho ou através dos percursos escolar.

processo de identificação pessoal das competências previamente adquiridas, através do desenvolvimento de um

conjunto de actividades, assentes numa lógica de balanço de competências e histórias de vida, que proporcionam

ao adulto ocasiões de exploração, identificação e avaliação dos saberes e competências adquiridos ao longo da sua

vida, tendo por referência o Referencial de Competências-Chave (Leitão (coord.), 2002).

área ou situação da vida na qual as competências são geradas, accionadas e evidenciadas. Resulta do cruzamento

dos vários núcleos geradores com os quatro domínios de referência para a acção (Equipa de autores, 2006).

processo que se consubstancia num conjunto de actividades que visam acompanhar o adulto na avaliação das

suas competências e apoiá-lo na apresentação do seu pedido de validação, nos termos do Referencial de

Competências-Chave. Decorrente do pedido formal de validação apresentado, a avaliação é conduzida por um

Júri de Validação, interpretando a correlação entre as evidências documentadas pelo adulto e o Referencial de

Competências-Chave e, sempre que necessário, promovendo actividades de demonstração de competências que

permitam aferir competências menos claras, descritas/documentadas nesse pedido (Leitão (coord.), 2002).

concretização de um projecto, de análise e resolução de um problema geralmente feito em grupo, a partir de

actividades negociadas com o formador que põe à disposição os recursos necessários e faz o acompanhamento

do mesmo.

consiste em representar um papel, simulando ou imaginando uma situação relacional/social, permitindo ao

formando/actor consciencializar-se da sua atitude em determinado contexto. Ao mesmo tempo que adquire e

aplica conhecimentos, reflecte sobre atitudes e valores expressas na situação teatralizada. Pode ser planificado

ou espontâneo e pode ser usado sob a forma de estudo de caso.

consiste numa reflexão sobre determinado tema, de forma livre e dinâmica, pouco orientada, sem a submeter às

regras do pensamento lógico. Autêntico exercício de espontaneidade e imaginação.

o formando é colocado perante um problema para o qual deverá encontrar solução, por via de um processo dedutivo

e/ou indutivo de tentativa-erro.

consiste num exercício registado em vídeo que permite ao formando, através de uma análise posterior da imagem/

performance, tomar consciência dos seus comportamentos, atitudes e dos seus efeito sobre um indivíduo ou grupo.

o formando partilha um incidente crítico da sua vida (profissional ou pessoal). O objectivo é partilhar a validar

experiências.

consiste na exploração de situações de interesse, preferencialmente a partir de objectos recolhidos do ambiente

dos formandos.

“arte e ciência de ajudar os adultos a aprender", distingue-se da pedagogia, nomeadamente por diferentes

pressupostos sobre o conceito de aprendente, o papel da sua experiência na aprendizagem, a disponibilidade

para aprender, a orientação paraa aprendizagem e a motivação para aprender

Histórias de Vida

Núcleo Gerador

Portfólio

Reconhecimento de competências

Tema

Validação de competências

Pedagogia de projecto

Simulação e Role -Playing ou Dramatização

Tempestade de ideias

Método / Pedagogia da Descoberta

Autoscopia

Incidentes críticos

Pedagogia do centro de interesse

Andragogia

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48 49Referências Bibliográficas

.Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007 a 2013)

.Programa Operacional Temático Potencial Humano (2007 a 2013)

.Iniciativa Novas Oportunidades

.O Impacto do reconhecimento e Certificação de Competências adquiridas ao Longo da Vida - uma mais valia para uma vida

com mais valor, CIDEC (2004)

.Guia da Formação para a Inclusão - Guia Metodológico (2005)

.Quadro Comunitário de Apoio para Portugal (2000 a 2006 - QCAIII)

.Plano Nacional de Emprego (2003-2006)

.Plano Nacional da Acção para a inclusão (2003-2005)

.Orientação Escolar e Profissional: Guia para decisores (2004)

.Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Básico (versão de Abril de 2002)

.Guia para a aplicação do Balanço de Competências, Equal (2002)

.Abordagem histórica construtivista do desenvolvimento vocacional (2000)

.Alfredo Bruto Costa, Exclusões Sociais (1998)

.Rogério Roque Amaro, "A inserção económica de populações desfavorecidas, factor de cidadania", comunicações do

seminário Desenvolvimento local, cidadania e economia social, Santa Maria da Feira (2000)

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48 49Referências Bibliográficas

.Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007 a 2013)

.Programa Operacional Temático Potencial Humano (2007 a 2013)

.Iniciativa Novas Oportunidades

.O Impacto do reconhecimento e Certificação de Competências adquiridas ao Longo da Vida - uma mais valia para uma vida

com mais valor, CIDEC (2004)

.Guia da Formação para a Inclusão - Guia Metodológico (2005)

.Quadro Comunitário de Apoio para Portugal (2000 a 2006 - QCAIII)

.Plano Nacional de Emprego (2003-2006)

.Plano Nacional da Acção para a inclusão (2003-2005)

.Orientação Escolar e Profissional: Guia para decisores (2004)

.Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Básico (versão de Abril de 2002)

.Guia para a aplicação do Balanço de Competências, Equal (2002)

.Abordagem histórica construtivista do desenvolvimento vocacional (2000)

.Alfredo Bruto Costa, Exclusões Sociais (1998)

.Rogério Roque Amaro, "A inserção económica de populações desfavorecidas, factor de cidadania", comunicações do

seminário Desenvolvimento local, cidadania e economia social, Santa Maria da Feira (2000)

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Referências Bibliográficas

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Referências Bibliográficas

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Conselho Português para os Refugiados

Parceiro Interlocutor do Projecto

Centro de Acolhimento para Refugiados

Rua Senhora da Conceição, Bairro dos Telefones

2695-854 Bobadela, Loures

Telefone + 351 21 994 34 31

Fax + 351 21 994 87 19

[email protected]

www.refugiados.net

www.cpr.pt

Tito Campos e Matos - Coordenador do Projecto

[email protected]

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML)

Centro Novas Oportunidades (CNO)

Largo Trindade Coelho 1200-470 Lisboa

Telefone 213 235 442

Fax 213 235 581

Ana Cameira - Responsável pelo CNO

[email protected]