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IMPACTO DAS VARIAÇÕES DA TAXA DE CÂMBIO NA EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE FLORES DE CORTE: UMA APLICAÇÃO DO MODELO INSUMO-PRODUTO DE PROCESSO 1 Lilian Cristina Anefalos Pesquisadora Científica do Instituto de Economia Agrícola e doutora em Economia Aplicada pela ESALQ/USP –Av. Miguel Stéfano, 3900, Água Funda, São Paulo – SP – CEP: 04301- 903 E-mail: [email protected] Área temática: 4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais - Forma de apresentação: apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor - CPF do autor: 110.167.928-08 1 A autora agradece as sugestões do Prof. Dr. José V. Caixeta Fº, do Prof. Dr. Joaquim J. M. Guilhoto e do Pesquisador Científico Dr. José R. Vicente.

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Page 1: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

IMPACTO DAS VARIACcedilOtildeES DA TAXA DE CAcircMBIO NA EXPORTACcedilAtildeO BRASILEIRA DE FLORES DE CORTE UMA APLICACcedilAtildeO DO MODELO

INSUMO-PRODUTO DE PROCESSO1

Lilian Cristina Anefalos

Pesquisadora Cientiacutefica do Instituto de Economia Agriacutecola e doutora em Economia Aplicada pela ESALQUSP ndashAv Miguel Steacutefano 3900 Aacutegua Funda Satildeo Paulo ndash SP ndash CEP 04301-

903 E-mail lcanefalieaspgovbr

Aacuterea temaacutetica 4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais - Forma de apresentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo com presidente da sessatildeo e sem a presenccedila de debatedor - CPF do autor 110167928-08

1 A autora agradece as sugestotildees do Prof Dr Joseacute V Caixeta Fordm do Prof Dr Joaquim J M Guilhoto e do Pesquisador Cientiacutefico Dr Joseacute R Vicente

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IMPACTO DAS VARIACcedilOtildeES DA TAXA DE CAcircMBIO NA EXPORTACcedilAtildeO BRASILEIRA DE FLORES DE CORTE UMA APLICACcedilAtildeO DO MODELO

INSUMO-PRODUTO DE PROCESSO

Resumo O objetivo deste trabalho eacute analisar o impacto das variaccedilotildees da taxa de cacircmbio por meio de modelo insumo-produto de processo destinado agrave avaliaccedilatildeo do desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte quanto aos seus processos logiacutesticos e agraves relaccedilotildees entre os agentes da cadeia Foram realizadas simulaccedilotildees baseadas em variaccedilotildees nas taxas de cacircmbio no frete aeacutereo e no nuacutemero de hastes por caixa para trecircs cadeias de flores Constatou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo Palavras-chave logiacutestica floricultura modelo insumo-produto de processo

1 Introduccedilatildeo Nos uacuteltimos anos tem havido incremento de programas de incentivo agrave produccedilatildeo e exportaccedilatildeo brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiotildees produtoras distribuiacutedas em vaacuterios estados brasileiros O estado de Satildeo Paulo ainda deteacutem a maior parte da produccedilatildeo e concentra volume significativo comercializado tanto internamente como para o exterior Embora esse setor caracterize-se pelo uso mais intensivo de tecnologia e de matildeo-de-obra para que seja obtido o produto final conforme as necessidades de cada mercado consumidor ainda haacute carecircncia de ferramentas econocircmicas de anaacutelise dessa cadeia que contemplem aspectos logiacutesticos tatildeo importantes serem considerados em cada uma das etapas desde a sua produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo ateacute o destino final Eacute nesse contexto que se insere o modelo insumo-produto de processo para que seja possiacutevel avaliar o desempenho de cada etapa e da cadeia quanto aos processos logiacutesticos e agraves relaccedilotildees entre os seus players No caso das exportaccedilotildees haacute interaccedilatildeo entre vaacuterios agentes distintos em cada uma dessas fases o que pode causar elevaccedilatildeo nos custos decorrente de possiacuteveis falhas ocorridas no incorreto acondicionamento ou manuseio do produto A partir de melhor controle de cada processo logiacutestico seraacute viaacutevel minimizar os erros ao longo da cadeia e aumentar a competitividade do produto no exterior visto que haacute paiacuteses como Holanda Itaacutelia Dinamarca e Japatildeo que satildeo tradicionais exportadores aleacutem de outros mais recentes como a Colocircmbia Itaacutelia Israel Beacutelgica Costa Rica Estados Unidos Quecircnia e Alemanha que jaacute comercializam produtos de qualidade Um dos fatores externos cruciais para que as exportaccedilotildees sejam viabilizadas e tenham continuidade ao longo do tempo diz respeito agrave taxa de cacircmbio Agrave medida que haacute valorizaccedilatildeo do real frente ao doacutelar americano as dificuldades de comercializar o produto para outros paiacuteses podem aumentar substancialmente podendo inclusive inviabilizar as exportaccedilotildees no longo prazo Especialmente para a cadeia de flores e plantas ornamentais isso pode minar uma das alternativas de diversificaccedilatildeo do mercado e maior possibilidade de obtenccedilatildeo de lucro maior na venda de produtos de melhor qualidade que ainda natildeo satildeo valorizados no Brasil ou mesmo cujo mercado interno ainda eacute muito pequeno frente ao que eacute demandado no exterior Para cada tipo de cadeia de flores de corte haacute relacionamentos especiacuteficos entre os agentes e tambeacutem custos inerentes a cada processo produtivo O impacto das variaccedilotildees da taxa de cacircmbio pode afetar de maneira diferente cada uma das etapas da cadeia e a partir da anaacutelise de seus processos logiacutesticos pode ser possiacutevel detectar em que niacuteveis dessa taxa a

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cadeia poderaacute obter melhor desempenho em funccedilatildeo de sua estrutura produtiva e do tipo de falhas ocorridas em cada uma das etapas 2 Aspectos gerais da exportaccedilatildeo de flores de corte A exportaccedilatildeo de flores de corte natildeo se constitui o principal ramo de exportaccedilatildeo do setor poreacutem nos uacuteltimos anos obteve maior expressatildeo frente aos demais produtos gerados nesse setor e tecircm aumentado o volume exportado para paiacuteses importantes consumidores como Estados Unidos e Holanda conforme mostra a Figura 1 Em termos mundiais ainda eacute pouco expressivo poreacutem haacute expectativas de haver melhoria em seu potencial exportador e de conquistar novos mercados principalmente por haver paiacuteses com elevado consumo per capita de flores Pode-se observar que a partir de 2001 o valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano tem sido cada vez maior em relaccedilatildeo ao obtido no mercado holandecircs Isso provavelmente pode estar relacionado a maior possibilidade de exportar produtos com qualidade e preccedilos mais competitivos nos EUA pois as exportaccedilotildees satildeo direcionadas principalmente para grandes distribuidores do que para a Holanda cujas vendas concentram-se nos leilotildees e haacute demandas de determinadas variedades de flores natildeo necessariamente cultivadas no Brasil

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Uniatildeo Europeacuteia Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) Figura 1 ndash Comparaccedilatildeo entre os valores exportados (US$ FOB) de flores de corte pelo Brasil

para Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) e Uniatildeo Europeacuteia 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Devido agrave perecibilidade do produto exportado flores de corte e agrave distacircncia a ser percorrida com destino agrave Ameacuterica do Norte ou Europa o transporte interno eacute realizado principalmente por caminhotildees que podem ser refrigerados ou natildeo e o transporte entre paiacuteses (externo) eacute preferencialmente aeacutereo Os cuidados poacutes-colheita aleacutem do manejo adequado das

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flores durante a sua produccedilatildeo devem ser tomados para que o produto seja armazenado na propriedade de maneira adequada Um dos pontos importantes que garantem maior durabilidade do produto eacute a manutenccedilatildeo de temperaturas mais baixas apoacutes a colheita das flores durante todas as etapas subsequumlentes principalmente para as flores temperadas No entanto nem todos os produtores possuem cacircmaras frias ou mesmo caminhotildees refrigerados deixando a cargo das cooperativas ou centrais de distribuiccedilatildeo o armazenamento em cacircmaras frias e preacute-cooling horas apoacutes o corte das flores o que pode reduzir a qualidade desse produto e diminuir a sua competitividade em relaccedilatildeo aos demais paiacuteses exportadores

Aleacutem disso o processo de distribuiccedilatildeo do produto para o exterior caracteriza-se por etapa criacutetica na cadeia Num curto espaccedilo de tempo haacute tramitaccedilotildees burocraacuteticas e fiacutesicas do produto a ser exportado com envolvimento de empresas aeacutereas e oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo A ocorrecircncia de problemas como atrasos ou mau acondicionamento do produto poderaacute acarretar em perdas de sua qualidade dificultando as relaccedilotildees com o cliente final e os contratos futuros no exterior No caso da exportaccedilatildeo de flores para os Estados Unidos nos uacuteltimos anos houve alteraccedilatildeo no valor enviado pelos aeroportos concentrando-se no aeroporto de Viracopos em Campinas ao inveacutes de Guarulhos (em Satildeo Paulo) conforme mostra a Figura 2 Isso provavelmente estaacute relacionado agrave melhoria na sua infra-estrutura para transporte de cargas e agrave maior rapidez na distribuiccedilatildeo do produto ao aeroporto em funccedilatildeo da localizaccedilatildeo de grande parte dos produtores na regiatildeo de Campinas Observa-se que nos anos de 1998 e 1999 em torno de 90 das exportaccedilotildees de flores de corte partiram do aeroporto de Fortaleza

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 2 ndash Porcentagem do total exportado para os EUA por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

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Ao relacionar as exportaccedilotildees para a Uniatildeo Europeacuteia na Figura 3 observa-se que o aeroporto de Guarulhos tem sido utilizado ininterruptamente desde 1996 com pico em 2001 principalmente por disponibilizar mais vocircos para esses paiacuteses A partir de entatildeo tem reduzido a sua participaccedilatildeo no total exportado para este bloco econocircmico deslocando parte das exportaccedilotildees para Fortaleza Rio de Janeiro e Recife Nota-se uma concentraccedilatildeo ainda maior entre os aeroportos de Gurarulhos e Fortaleza com destino agrave Holanda conforme apresenta a Figura 4 Em 2004 o aeroporto de Fortaleza exportou quase 60 das exportaccedilotildees brasileiras o que pode estar relacionado agrave redistribuiccedilatildeo da produccedilatildeo de flores para a regiatildeo nordeste Esse novo cenaacuterio pode ser reflexo do Programa Brasileiro de Exportaccedilatildeo de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis)2 criado em 2000 com o intuito de expandir as exportaccedilotildees brasileiras desse setor Egrave importante ressaltar que nesse periacuteodo o cacircmbio estava bastante valorizado em relaccedilatildeo do doacutelar americano o que pode ser um fator relevante para que as exportaccedilotildees pudessem ser alavancadas a partir de entatildeo

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 3 ndash Porcentagem do total exportado para a Uniatildeo Europeacuteia por aeroporto em relaccedilatildeo

ao total 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

2 Informaccedilotildees mais detalhadas sobre o programa Florabrasilis poderatildeo ser encontradas em Flores e plantas ornamentais (2001) e Florabrasilis (2002)

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

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esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

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R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

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vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

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=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

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onde

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brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

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= minus

minus

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PPPPP vwgmz 1

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onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

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300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

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150

160

170

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190

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210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 2: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

1

IMPACTO DAS VARIACcedilOtildeES DA TAXA DE CAcircMBIO NA EXPORTACcedilAtildeO BRASILEIRA DE FLORES DE CORTE UMA APLICACcedilAtildeO DO MODELO

INSUMO-PRODUTO DE PROCESSO

Resumo O objetivo deste trabalho eacute analisar o impacto das variaccedilotildees da taxa de cacircmbio por meio de modelo insumo-produto de processo destinado agrave avaliaccedilatildeo do desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte quanto aos seus processos logiacutesticos e agraves relaccedilotildees entre os agentes da cadeia Foram realizadas simulaccedilotildees baseadas em variaccedilotildees nas taxas de cacircmbio no frete aeacutereo e no nuacutemero de hastes por caixa para trecircs cadeias de flores Constatou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo Palavras-chave logiacutestica floricultura modelo insumo-produto de processo

1 Introduccedilatildeo Nos uacuteltimos anos tem havido incremento de programas de incentivo agrave produccedilatildeo e exportaccedilatildeo brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiotildees produtoras distribuiacutedas em vaacuterios estados brasileiros O estado de Satildeo Paulo ainda deteacutem a maior parte da produccedilatildeo e concentra volume significativo comercializado tanto internamente como para o exterior Embora esse setor caracterize-se pelo uso mais intensivo de tecnologia e de matildeo-de-obra para que seja obtido o produto final conforme as necessidades de cada mercado consumidor ainda haacute carecircncia de ferramentas econocircmicas de anaacutelise dessa cadeia que contemplem aspectos logiacutesticos tatildeo importantes serem considerados em cada uma das etapas desde a sua produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo ateacute o destino final Eacute nesse contexto que se insere o modelo insumo-produto de processo para que seja possiacutevel avaliar o desempenho de cada etapa e da cadeia quanto aos processos logiacutesticos e agraves relaccedilotildees entre os seus players No caso das exportaccedilotildees haacute interaccedilatildeo entre vaacuterios agentes distintos em cada uma dessas fases o que pode causar elevaccedilatildeo nos custos decorrente de possiacuteveis falhas ocorridas no incorreto acondicionamento ou manuseio do produto A partir de melhor controle de cada processo logiacutestico seraacute viaacutevel minimizar os erros ao longo da cadeia e aumentar a competitividade do produto no exterior visto que haacute paiacuteses como Holanda Itaacutelia Dinamarca e Japatildeo que satildeo tradicionais exportadores aleacutem de outros mais recentes como a Colocircmbia Itaacutelia Israel Beacutelgica Costa Rica Estados Unidos Quecircnia e Alemanha que jaacute comercializam produtos de qualidade Um dos fatores externos cruciais para que as exportaccedilotildees sejam viabilizadas e tenham continuidade ao longo do tempo diz respeito agrave taxa de cacircmbio Agrave medida que haacute valorizaccedilatildeo do real frente ao doacutelar americano as dificuldades de comercializar o produto para outros paiacuteses podem aumentar substancialmente podendo inclusive inviabilizar as exportaccedilotildees no longo prazo Especialmente para a cadeia de flores e plantas ornamentais isso pode minar uma das alternativas de diversificaccedilatildeo do mercado e maior possibilidade de obtenccedilatildeo de lucro maior na venda de produtos de melhor qualidade que ainda natildeo satildeo valorizados no Brasil ou mesmo cujo mercado interno ainda eacute muito pequeno frente ao que eacute demandado no exterior Para cada tipo de cadeia de flores de corte haacute relacionamentos especiacuteficos entre os agentes e tambeacutem custos inerentes a cada processo produtivo O impacto das variaccedilotildees da taxa de cacircmbio pode afetar de maneira diferente cada uma das etapas da cadeia e a partir da anaacutelise de seus processos logiacutesticos pode ser possiacutevel detectar em que niacuteveis dessa taxa a

2

cadeia poderaacute obter melhor desempenho em funccedilatildeo de sua estrutura produtiva e do tipo de falhas ocorridas em cada uma das etapas 2 Aspectos gerais da exportaccedilatildeo de flores de corte A exportaccedilatildeo de flores de corte natildeo se constitui o principal ramo de exportaccedilatildeo do setor poreacutem nos uacuteltimos anos obteve maior expressatildeo frente aos demais produtos gerados nesse setor e tecircm aumentado o volume exportado para paiacuteses importantes consumidores como Estados Unidos e Holanda conforme mostra a Figura 1 Em termos mundiais ainda eacute pouco expressivo poreacutem haacute expectativas de haver melhoria em seu potencial exportador e de conquistar novos mercados principalmente por haver paiacuteses com elevado consumo per capita de flores Pode-se observar que a partir de 2001 o valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano tem sido cada vez maior em relaccedilatildeo ao obtido no mercado holandecircs Isso provavelmente pode estar relacionado a maior possibilidade de exportar produtos com qualidade e preccedilos mais competitivos nos EUA pois as exportaccedilotildees satildeo direcionadas principalmente para grandes distribuidores do que para a Holanda cujas vendas concentram-se nos leilotildees e haacute demandas de determinadas variedades de flores natildeo necessariamente cultivadas no Brasil

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Uniatildeo Europeacuteia Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) Figura 1 ndash Comparaccedilatildeo entre os valores exportados (US$ FOB) de flores de corte pelo Brasil

para Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) e Uniatildeo Europeacuteia 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Devido agrave perecibilidade do produto exportado flores de corte e agrave distacircncia a ser percorrida com destino agrave Ameacuterica do Norte ou Europa o transporte interno eacute realizado principalmente por caminhotildees que podem ser refrigerados ou natildeo e o transporte entre paiacuteses (externo) eacute preferencialmente aeacutereo Os cuidados poacutes-colheita aleacutem do manejo adequado das

3

flores durante a sua produccedilatildeo devem ser tomados para que o produto seja armazenado na propriedade de maneira adequada Um dos pontos importantes que garantem maior durabilidade do produto eacute a manutenccedilatildeo de temperaturas mais baixas apoacutes a colheita das flores durante todas as etapas subsequumlentes principalmente para as flores temperadas No entanto nem todos os produtores possuem cacircmaras frias ou mesmo caminhotildees refrigerados deixando a cargo das cooperativas ou centrais de distribuiccedilatildeo o armazenamento em cacircmaras frias e preacute-cooling horas apoacutes o corte das flores o que pode reduzir a qualidade desse produto e diminuir a sua competitividade em relaccedilatildeo aos demais paiacuteses exportadores

Aleacutem disso o processo de distribuiccedilatildeo do produto para o exterior caracteriza-se por etapa criacutetica na cadeia Num curto espaccedilo de tempo haacute tramitaccedilotildees burocraacuteticas e fiacutesicas do produto a ser exportado com envolvimento de empresas aeacutereas e oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo A ocorrecircncia de problemas como atrasos ou mau acondicionamento do produto poderaacute acarretar em perdas de sua qualidade dificultando as relaccedilotildees com o cliente final e os contratos futuros no exterior No caso da exportaccedilatildeo de flores para os Estados Unidos nos uacuteltimos anos houve alteraccedilatildeo no valor enviado pelos aeroportos concentrando-se no aeroporto de Viracopos em Campinas ao inveacutes de Guarulhos (em Satildeo Paulo) conforme mostra a Figura 2 Isso provavelmente estaacute relacionado agrave melhoria na sua infra-estrutura para transporte de cargas e agrave maior rapidez na distribuiccedilatildeo do produto ao aeroporto em funccedilatildeo da localizaccedilatildeo de grande parte dos produtores na regiatildeo de Campinas Observa-se que nos anos de 1998 e 1999 em torno de 90 das exportaccedilotildees de flores de corte partiram do aeroporto de Fortaleza

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 2 ndash Porcentagem do total exportado para os EUA por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

4

Ao relacionar as exportaccedilotildees para a Uniatildeo Europeacuteia na Figura 3 observa-se que o aeroporto de Guarulhos tem sido utilizado ininterruptamente desde 1996 com pico em 2001 principalmente por disponibilizar mais vocircos para esses paiacuteses A partir de entatildeo tem reduzido a sua participaccedilatildeo no total exportado para este bloco econocircmico deslocando parte das exportaccedilotildees para Fortaleza Rio de Janeiro e Recife Nota-se uma concentraccedilatildeo ainda maior entre os aeroportos de Gurarulhos e Fortaleza com destino agrave Holanda conforme apresenta a Figura 4 Em 2004 o aeroporto de Fortaleza exportou quase 60 das exportaccedilotildees brasileiras o que pode estar relacionado agrave redistribuiccedilatildeo da produccedilatildeo de flores para a regiatildeo nordeste Esse novo cenaacuterio pode ser reflexo do Programa Brasileiro de Exportaccedilatildeo de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis)2 criado em 2000 com o intuito de expandir as exportaccedilotildees brasileiras desse setor Egrave importante ressaltar que nesse periacuteodo o cacircmbio estava bastante valorizado em relaccedilatildeo do doacutelar americano o que pode ser um fator relevante para que as exportaccedilotildees pudessem ser alavancadas a partir de entatildeo

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Satildeo Paulo Fortaleza Campinas Rio de Janeiro Recife

aeroportos

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 3 ndash Porcentagem do total exportado para a Uniatildeo Europeacuteia por aeroporto em relaccedilatildeo

ao total 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

2 Informaccedilotildees mais detalhadas sobre o programa Florabrasilis poderatildeo ser encontradas em Flores e plantas ornamentais (2001) e Florabrasilis (2002)

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Campinas Fortaleza Recife Rio de Janeiro Satildeo Paulo

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

6

esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

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R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

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⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

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⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

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O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

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Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

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Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

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A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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cadeia (b) para a flor liacuterio

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 3: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

2

cadeia poderaacute obter melhor desempenho em funccedilatildeo de sua estrutura produtiva e do tipo de falhas ocorridas em cada uma das etapas 2 Aspectos gerais da exportaccedilatildeo de flores de corte A exportaccedilatildeo de flores de corte natildeo se constitui o principal ramo de exportaccedilatildeo do setor poreacutem nos uacuteltimos anos obteve maior expressatildeo frente aos demais produtos gerados nesse setor e tecircm aumentado o volume exportado para paiacuteses importantes consumidores como Estados Unidos e Holanda conforme mostra a Figura 1 Em termos mundiais ainda eacute pouco expressivo poreacutem haacute expectativas de haver melhoria em seu potencial exportador e de conquistar novos mercados principalmente por haver paiacuteses com elevado consumo per capita de flores Pode-se observar que a partir de 2001 o valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano tem sido cada vez maior em relaccedilatildeo ao obtido no mercado holandecircs Isso provavelmente pode estar relacionado a maior possibilidade de exportar produtos com qualidade e preccedilos mais competitivos nos EUA pois as exportaccedilotildees satildeo direcionadas principalmente para grandes distribuidores do que para a Holanda cujas vendas concentram-se nos leilotildees e haacute demandas de determinadas variedades de flores natildeo necessariamente cultivadas no Brasil

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Uniatildeo Europeacuteia Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) Figura 1 ndash Comparaccedilatildeo entre os valores exportados (US$ FOB) de flores de corte pelo Brasil

para Estados Unidos Paiacuteses Baixos (Holanda) e Uniatildeo Europeacuteia 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Devido agrave perecibilidade do produto exportado flores de corte e agrave distacircncia a ser percorrida com destino agrave Ameacuterica do Norte ou Europa o transporte interno eacute realizado principalmente por caminhotildees que podem ser refrigerados ou natildeo e o transporte entre paiacuteses (externo) eacute preferencialmente aeacutereo Os cuidados poacutes-colheita aleacutem do manejo adequado das

3

flores durante a sua produccedilatildeo devem ser tomados para que o produto seja armazenado na propriedade de maneira adequada Um dos pontos importantes que garantem maior durabilidade do produto eacute a manutenccedilatildeo de temperaturas mais baixas apoacutes a colheita das flores durante todas as etapas subsequumlentes principalmente para as flores temperadas No entanto nem todos os produtores possuem cacircmaras frias ou mesmo caminhotildees refrigerados deixando a cargo das cooperativas ou centrais de distribuiccedilatildeo o armazenamento em cacircmaras frias e preacute-cooling horas apoacutes o corte das flores o que pode reduzir a qualidade desse produto e diminuir a sua competitividade em relaccedilatildeo aos demais paiacuteses exportadores

Aleacutem disso o processo de distribuiccedilatildeo do produto para o exterior caracteriza-se por etapa criacutetica na cadeia Num curto espaccedilo de tempo haacute tramitaccedilotildees burocraacuteticas e fiacutesicas do produto a ser exportado com envolvimento de empresas aeacutereas e oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo A ocorrecircncia de problemas como atrasos ou mau acondicionamento do produto poderaacute acarretar em perdas de sua qualidade dificultando as relaccedilotildees com o cliente final e os contratos futuros no exterior No caso da exportaccedilatildeo de flores para os Estados Unidos nos uacuteltimos anos houve alteraccedilatildeo no valor enviado pelos aeroportos concentrando-se no aeroporto de Viracopos em Campinas ao inveacutes de Guarulhos (em Satildeo Paulo) conforme mostra a Figura 2 Isso provavelmente estaacute relacionado agrave melhoria na sua infra-estrutura para transporte de cargas e agrave maior rapidez na distribuiccedilatildeo do produto ao aeroporto em funccedilatildeo da localizaccedilatildeo de grande parte dos produtores na regiatildeo de Campinas Observa-se que nos anos de 1998 e 1999 em torno de 90 das exportaccedilotildees de flores de corte partiram do aeroporto de Fortaleza

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 2 ndash Porcentagem do total exportado para os EUA por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

4

Ao relacionar as exportaccedilotildees para a Uniatildeo Europeacuteia na Figura 3 observa-se que o aeroporto de Guarulhos tem sido utilizado ininterruptamente desde 1996 com pico em 2001 principalmente por disponibilizar mais vocircos para esses paiacuteses A partir de entatildeo tem reduzido a sua participaccedilatildeo no total exportado para este bloco econocircmico deslocando parte das exportaccedilotildees para Fortaleza Rio de Janeiro e Recife Nota-se uma concentraccedilatildeo ainda maior entre os aeroportos de Gurarulhos e Fortaleza com destino agrave Holanda conforme apresenta a Figura 4 Em 2004 o aeroporto de Fortaleza exportou quase 60 das exportaccedilotildees brasileiras o que pode estar relacionado agrave redistribuiccedilatildeo da produccedilatildeo de flores para a regiatildeo nordeste Esse novo cenaacuterio pode ser reflexo do Programa Brasileiro de Exportaccedilatildeo de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis)2 criado em 2000 com o intuito de expandir as exportaccedilotildees brasileiras desse setor Egrave importante ressaltar que nesse periacuteodo o cacircmbio estava bastante valorizado em relaccedilatildeo do doacutelar americano o que pode ser um fator relevante para que as exportaccedilotildees pudessem ser alavancadas a partir de entatildeo

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 3 ndash Porcentagem do total exportado para a Uniatildeo Europeacuteia por aeroporto em relaccedilatildeo

ao total 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

2 Informaccedilotildees mais detalhadas sobre o programa Florabrasilis poderatildeo ser encontradas em Flores e plantas ornamentais (2001) e Florabrasilis (2002)

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orto

em

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ccedilatildeo

ao to

tal

bras

ileiro

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

6

esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

100

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

375

400

jan

99m

ar9

9m

ai9

9ju

l99

set9

9no

v99

jan

00m

ar0

0m

ai0

0ju

l00

set0

0no

v00

jan

01m

ar0

1m

ai0

1ju

l01

set0

1no

v01

jan

02m

ar0

2m

ai0

2ju

l02

set0

2no

v02

jan

03m

ar0

3m

ai0

3ju

l03

set0

3no

v03

jan

04m

ar0

4m

ai0

4

jul0

4se

t04

nov

04ja

n05

mesesanos

Taxa

s de

cacircm

bio

(R$

doacutela

r ou

R$

euro

)

R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

20

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COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 4: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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flores durante a sua produccedilatildeo devem ser tomados para que o produto seja armazenado na propriedade de maneira adequada Um dos pontos importantes que garantem maior durabilidade do produto eacute a manutenccedilatildeo de temperaturas mais baixas apoacutes a colheita das flores durante todas as etapas subsequumlentes principalmente para as flores temperadas No entanto nem todos os produtores possuem cacircmaras frias ou mesmo caminhotildees refrigerados deixando a cargo das cooperativas ou centrais de distribuiccedilatildeo o armazenamento em cacircmaras frias e preacute-cooling horas apoacutes o corte das flores o que pode reduzir a qualidade desse produto e diminuir a sua competitividade em relaccedilatildeo aos demais paiacuteses exportadores

Aleacutem disso o processo de distribuiccedilatildeo do produto para o exterior caracteriza-se por etapa criacutetica na cadeia Num curto espaccedilo de tempo haacute tramitaccedilotildees burocraacuteticas e fiacutesicas do produto a ser exportado com envolvimento de empresas aeacutereas e oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo A ocorrecircncia de problemas como atrasos ou mau acondicionamento do produto poderaacute acarretar em perdas de sua qualidade dificultando as relaccedilotildees com o cliente final e os contratos futuros no exterior No caso da exportaccedilatildeo de flores para os Estados Unidos nos uacuteltimos anos houve alteraccedilatildeo no valor enviado pelos aeroportos concentrando-se no aeroporto de Viracopos em Campinas ao inveacutes de Guarulhos (em Satildeo Paulo) conforme mostra a Figura 2 Isso provavelmente estaacute relacionado agrave melhoria na sua infra-estrutura para transporte de cargas e agrave maior rapidez na distribuiccedilatildeo do produto ao aeroporto em funccedilatildeo da localizaccedilatildeo de grande parte dos produtores na regiatildeo de Campinas Observa-se que nos anos de 1998 e 1999 em torno de 90 das exportaccedilotildees de flores de corte partiram do aeroporto de Fortaleza

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Ao relacionar as exportaccedilotildees para a Uniatildeo Europeacuteia na Figura 3 observa-se que o aeroporto de Guarulhos tem sido utilizado ininterruptamente desde 1996 com pico em 2001 principalmente por disponibilizar mais vocircos para esses paiacuteses A partir de entatildeo tem reduzido a sua participaccedilatildeo no total exportado para este bloco econocircmico deslocando parte das exportaccedilotildees para Fortaleza Rio de Janeiro e Recife Nota-se uma concentraccedilatildeo ainda maior entre os aeroportos de Gurarulhos e Fortaleza com destino agrave Holanda conforme apresenta a Figura 4 Em 2004 o aeroporto de Fortaleza exportou quase 60 das exportaccedilotildees brasileiras o que pode estar relacionado agrave redistribuiccedilatildeo da produccedilatildeo de flores para a regiatildeo nordeste Esse novo cenaacuterio pode ser reflexo do Programa Brasileiro de Exportaccedilatildeo de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis)2 criado em 2000 com o intuito de expandir as exportaccedilotildees brasileiras desse setor Egrave importante ressaltar que nesse periacuteodo o cacircmbio estava bastante valorizado em relaccedilatildeo do doacutelar americano o que pode ser um fator relevante para que as exportaccedilotildees pudessem ser alavancadas a partir de entatildeo

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ao total 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

2 Informaccedilotildees mais detalhadas sobre o programa Florabrasilis poderatildeo ser encontradas em Flores e plantas ornamentais (2001) e Florabrasilis (2002)

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

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esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

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Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

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vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 5: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

4

Ao relacionar as exportaccedilotildees para a Uniatildeo Europeacuteia na Figura 3 observa-se que o aeroporto de Guarulhos tem sido utilizado ininterruptamente desde 1996 com pico em 2001 principalmente por disponibilizar mais vocircos para esses paiacuteses A partir de entatildeo tem reduzido a sua participaccedilatildeo no total exportado para este bloco econocircmico deslocando parte das exportaccedilotildees para Fortaleza Rio de Janeiro e Recife Nota-se uma concentraccedilatildeo ainda maior entre os aeroportos de Gurarulhos e Fortaleza com destino agrave Holanda conforme apresenta a Figura 4 Em 2004 o aeroporto de Fortaleza exportou quase 60 das exportaccedilotildees brasileiras o que pode estar relacionado agrave redistribuiccedilatildeo da produccedilatildeo de flores para a regiatildeo nordeste Esse novo cenaacuterio pode ser reflexo do Programa Brasileiro de Exportaccedilatildeo de Flores e Plantas Ornamentais (Florabrasilis)2 criado em 2000 com o intuito de expandir as exportaccedilotildees brasileiras desse setor Egrave importante ressaltar que nesse periacuteodo o cacircmbio estava bastante valorizado em relaccedilatildeo do doacutelar americano o que pode ser um fator relevante para que as exportaccedilotildees pudessem ser alavancadas a partir de entatildeo

0

10

20

30

40

50

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90

100

Satildeo Paulo Fortaleza Campinas Rio de Janeiro Recife

aeroportos

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Uni

ccedilatildeo

Euro

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 3 ndash Porcentagem do total exportado para a Uniatildeo Europeacuteia por aeroporto em relaccedilatildeo

ao total 1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

2 Informaccedilotildees mais detalhadas sobre o programa Florabrasilis poderatildeo ser encontradas em Flores e plantas ornamentais (2001) e Florabrasilis (2002)

5

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

Campinas Fortaleza Recife Rio de Janeiro Satildeo Paulo

aeroportos

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tada

par

a H

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ccedilatildeo

ao to

tal

bras

ileiro

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

6

esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

100

125

150

175

200

225

250

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300

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350

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ar9

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ai9

9ju

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v99

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00m

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4m

ai0

4

jul0

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04ja

n05

mesesanos

Taxa

s de

cacircm

bio

(R$

doacutela

r ou

R$

euro

)

R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

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r liacuteri

o (R

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Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
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Page 6: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Figura 4 ndash Porcentagem do total exportado para a Holanda por aeroporto em relaccedilatildeo ao total

1996 a 2004 Fonte Brasil (2005)

Apesar de haver exportaccedilotildees aeacutereas periodicamente desde 1996 ainda haacute problemas ocorridos nesse meio de transporte para produtos pereciacuteveis como eacute o caso das flores de corte exportadas dentro do estado de Satildeo Paulo De acordo com informaccedilotildees setoriais em geral haacute o armazenamento em cacircmara fria nas centrais de distribuiccedilatildeo e o produto chega ao aeroporto de Viracopos ou Guarulhos por meio de transporte rodoviaacuterio refrigerado poreacutem natildeo haacute garantia de que esse produto continue sob as mesmas condiccedilotildees nos aeroportos pois nestes locais natildeo haacute controle rigoroso de temperatura para armazenamento de pereciacuteveis Isso significa que a inexistecircncia de cacircmaras frias nos aeroportos e de temperaturas adaptadas agraves diversas flores dentro dos aviotildees constituem-se como fatores cruciais para a manutenccedilatildeo da qualidade do produto final repercutindo em perdas fiacutesicas das flores e prejuiacutezos ao longo da cadeia principalmente para os produtores Dentre os agentes envolvidos nessa fase pode-se relacionar exportadores oacutergatildeos de fiscalizaccedilatildeo (Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA Receita Federal e INFRAERO) e companhias aeacutereas

De acordo com Pesquisa (2004) aleacutem dos fatores jaacute relacionados haacute outros que tambeacutem representam pontos de estrangulamento das exportaccedilotildees brasileiras de flores e plantas ornamentais burocracia para o despacho dos documentos deficiecircncias logiacutesticas dentro dos aeroportos relacionadas agraves cacircmaras frigoriacuteficas frequumlecircncia de vocircos de cargas preccedilos dos fretes falta de aparato legal e tributaacuterio com relaccedilatildeo agrave Lei de Proteccedilatildeo de Cultivares3 anaacutelise de risco de pragas registro de agrotoacutexicos e demanda de rastreabilidade carecircncia de informaccedilotildees sobre custos de produccedilatildeo poacutes-colheita comercializaccedilatildeo e logiacutestica e baixa geraccedilatildeo de know-how desenvolvido no Brasil De acordo com Junqueira e Wagemaker (2004) a partir do trabalho conjunto entre os diversos oacutergatildeos ligados ao setor poderaacute se viabilizar projeto para criaccedilatildeo de corredores de exportaccedilatildeo de flores e plantas ornamentais para que

3 Maiores detalhes sobre o seu conteuacutedo poderatildeo ser encontrados em httpwwworplanacombr

leicultivareshtm

6

esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

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R$

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R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 7: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

6

esses gargalos possam ser sanados assegurando a qualidade dos produtos desde a sua origem ateacute o seu destino final 21 Taxa de cacircmbio e as exportaccedilotildees brasileiras Um paracircmetro importante nesta cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte eacute a taxa de cacircmbio uma vez que os preccedilos de seus principais insumos e produtos finais satildeo cotados em doacutelar O impacto de suas oscilaccedilotildees nas exportaccedilotildees brasileiras e no balanccedilo de pagamentos tem sido amplamente discutido com questionamentos sobre o valor da taxa de cacircmbio de equiliacutebrio que deveria prevalecer para que os diversos setores exportadores prosseguissem com a comercializaccedilatildeo de seus produtos no exterior Essas discussotildees ampliaram-se a partir da contiacutenua tendecircncia de valorizaccedilatildeo do real em relaccedilatildeo ao doacutelar em 2004 atingindo em janeiro de 2005 o valor de R$ 269 por doacutelar conforme mostra a Figura 5 Para a Funcex (Fundaccedilatildeo Centro de Estudos do Comeacutercio Exterior) por exemplo o patamar ideal para a cotaccedilatildeo do doacutelar seria a R$ 300 para que as exportaccedilotildees natildeo fossem prejudicadas de acordo Exportaccedilatildeo (2004)

100

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

375

400

jan

99m

ar9

9m

ai9

9ju

l99

set9

9no

v99

jan

00m

ar0

0m

ai0

0ju

l00

set0

0no

v00

jan

01m

ar0

1m

ai0

1ju

l01

set0

1no

v01

jan

02m

ar0

2m

ai0

2ju

l02

set0

2no

v02

jan

03m

ar0

3m

ai0

3ju

l03

set0

3no

v03

jan

04m

ar0

4m

ai0

4

jul0

4se

t04

nov

04ja

n05

mesesanos

Taxa

s de

cacircm

bio

(R$

doacutela

r ou

R$

euro

)

R$doacutelar R$euro

Figura 5 ndash Taxas de cacircmbio nominais reais por doacutelar americano e euro de janeiro de 1999 a

janeiro de 2005 Fonte Banco Central do Brasil (2005) Conforme Cotta (2005) as empresas que se estruturaram internamente com foco nos mercados interno e externo tornaram-se mais competitivas ao longo dos anos com melhor ajuste de seus custos e isto pode estar influenciando de maneira positiva o seu desempenho frente agraves oscilaccedilotildees do cacircmbio Aliado a isso medidas internas anunciadas pelo Banco Central em marccedilo de 2005 estatildeo sendo tomadas para que o exportador reduza sua

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

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200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

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330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

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Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

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190

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210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 8: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

7

vulnerabilidade agraves oscilaccedilotildees bruscas do cacircmbio como eacute o caso da ampliaccedilatildeo do prazo para internalizaccedilatildeo das divisas segundo Secex (2005) Em geral eacute questionaacutevel se estabelecer niacuteveis de taxa de cacircmbio de equiliacutebrio para a economia como um todo como um paracircmetro uacutenico para se determinar a viabilidade das exportaccedilotildees brasileiras Como no Brasil haacute sistema de taxa de cacircmbio flexiacutevel desde janeiro de 1999 a instabilidade do cacircmbio afeta diretamente o ajuste do balanccedilo de pagamentos do paiacutes podendo causar seu desequiliacutebrio no curto ou longo prazo dependendo das medidas poliacuteticas e econocircmicas que forem adotadas quanto agraves mudanccedilas na sua taxa de cacircmbio Como foi adotada a flutuaccedilatildeo suja o Banco Central tem intervindo para manter o cacircmbio em niacuteveis desejaacuteveis Para que o mercado de cacircmbio esteja em equiliacutebrio deve haver condiccedilatildeo da paridade dos juros ou seja quando se espera a mesma taxa de rendimento para os depoacutesitos de todas as moedas Assim esses ativos tornam-se igualmente desejaacuteveis pelo mercado O impacto de uma valorizaccedilatildeo ou desvalorizaccedilatildeo do cacircmbio sobre a balanccedila comercial depende das elasticidades-preccedilo da demanda por importaccedilotildees e exportaccedilotildees explicada pela condiccedilatildeo de Marshall-Lerner4 Por sua definiccedilatildeo soacute haveraacute melhoria no balanccedilo de pagamentos se a soma dessas elasticidades for maior do que um Conforme Margarido (2001) a poliacutetica cambial soacute seraacute efetiva se o aumento das exportaccedilotildees estaacute atrelado agrave expansatildeo da economia mundial pelo menos no curto prazo Em relaccedilatildeo agraves flores de corte em 2003 alguns especialistas do setor acreditavam que os niacuteveis miacutenimos do cacircmbio que compensariam exportar esse produto seriam de R$ 250 a R$ 270 por doacutelar desde que o produtor conseguisse reduzir custos mantendo a qualidade das flores de acordo com os padrotildees exigidos pelos clientes no exterior Essa mudanccedila na estrutura produtiva no entanto estaacute atrelada agrave visatildeo do processo de produccedilatildeo por parte do produtor e agraves suas expectativas em relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo de seus produtos no mercado interno ou externo no meacutedio ou longo prazo pois haacute necessidade de investimentos contiacutenuos em material de propagaccedilatildeo tecnologia e equipamentos para que seus produtos se diferenciem dos demais obtendo maior valor agregado Para que isso seja viabilizado as etapas seguintes da cadeia de exportaccedilatildeo tambeacutem devem se adaptar aos padrotildees internacionais aumentando a sua eficiecircncia logiacutestica para que mantenham qualidade do produto exportado ateacute que chegue ao consumidor final

3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte Esse modelo foi desenvolvido por Anefalos (2004) a partir dos modelos de Lin amp

Polenske (1998) e Albino Izzo amp Kuumlhtz (2002) para analisar a cadeia de exportaccedilatildeo de flores de corte Nesse modelo a exportaccedilatildeo de determinada flor foi dividida em processos cada qual gerando produtos principais (neste caso flores de corte) e logiacutesticos Neste caso considerou-se apenas a eficiecircncia do ciclo do pedido dos produtos principais como produto logiacutestico que adiciona ou subtrai valor monetaacuterio no produto final de cada processo Em funccedilatildeo da relaccedilatildeo entre insumos adquiridos para a sua produccedilatildeo insumos logiacutesticos e insumos primaacuterios e da eficiecircncia do ciclo do pedido os valores monetaacuterios dos produtos principais podem se alterar gerando lucros ou prejuiacutezos em cada processo e para a cadeia como um todo

A estrutura baacutesica do modelo eacute descrita a seguir

iYZ ij

ij forall=sum (1)

onde

4 Informaccedilotildees mais detalhadas poderatildeo ser encontradas em Krugman amp Obstfeld (2001) e Salvatore (2000)

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 9: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

8

[ ]ijZ=Z eacute a matriz de consumo intermediaacuterio dos principais produtos ou seja representa o quanto da produccedilatildeo total do processo de produccedilatildeo j eacute utilizada para produzir uma unidade de demanda final do processo de produccedilatildeo i

[ ]iY=Y eacute o vetor de demanda final dos principais produtos

AXZ = (2) onde [ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ]jX=X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo

ZTAXY == (3) onde

[ ]ijA=A eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para as principais produccedilotildees dos produtos

[ ] [ ]jjj XZ ==X eacute o vetor de produccedilatildeo do produto principal bruto no j-eacutesimo processo [ ] 1T 11 == jjTT eacute o vetor coluna unitaacuterio

ITBXXi == (4)

onde iX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k k=1

2 i [ ]kjI=I eacute a matriz de consumo de insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j [ ]kjB=B eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

LTCXXl == (5) onde

lX eacute o vetor do total de consumo de cada um dos insumos logiacutesticos k l=1 2 l [ ]kjL=L eacute a matriz de consumo de insumos logiacutesticos k no processo j [ ]kjC=C eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos adquiridos para

produccedilatildeo k no processo j

WTDXXw == (6) onde

wX eacute o vetor do total de produccedilatildeo de cada produto logiacutestico k [ ]kjW=W eacute a matriz de produccedilatildeo do produto logiacutestico k no processo j [ ]kjD=D eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para produto logiacutestico k no

processo j

VTEXXv == (7) onde

vX eacute o vetor do total de consumo de cada insumo primaacuterio k [ ]kjV=V eacute a matriz de consumo de insumos primaacuterios k no processo j

Excluiacutedo

Excluiacutedo

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 10: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

9

[ ]kjE=E eacute a matriz de coeficientes diretos de insumo-produto para insumos primaacuterios k no processo j

Os coeficientes kjkjkjkjij EDCBA e relativos a determinado processo eou cadeia de

suprimento satildeo estimados A partir das matrizes definidas anteriormente pode-se calcular os

custos as receitas e os lucros de cada processo e da cadeia como um todo conforme mostram

as eq(12) a (19)

ggvv acutePXacutePXacutePX ++= ii

CILCT (8)

onde

CILCT eacute o custo total considerando os insumos logiacutesticos ][ i

kjP=iP eacute o vetor de preccedilos dos insumos adquiridos para produccedilatildeo k no processo j

[ ]vkjP=vP eacute o vetor de preccedilos dos insumos primaacuterios k no processo j

][ gkjP=gP eacute o vetor de preccedilos dos insumos logiacutesticos k no processo j

wwzz acutePXacutePX +=CPLRT (9)

onde

CPLRT eacute a receita total considerando o produto logiacutestico

zP eacute o vetor de preccedilos do produto principal k no processo j wP eacute o vetor de preccedilos do produto logiacutestico k no processo j

CILCPLCIPL CTRTLT minus= (10)

onde

CIPLLT eacute o lucro total considerando insumos e produto logiacutesticos

Pode-se obter os lucros unitaacuterios bruto e final de cada processo a partir dos componentes do lucro total CIPLLT conforme mostram as eq (11) e (12) Esses vetores podem ser idecircnticos se a matriz A for unitaacuteria ou seja se o produto resultante de cada processo natildeo for utilizado na etapa seguinte

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=

EDCBA

PPPPP vwgmzbrL

(11)

onde

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

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MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 11: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

10

brL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo bruta dos principais produtos de cada processo j

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

= minus

minus

ED

CABA

A

PPPPP vwgmz 1

1

liqL

(12)

onde liqL eacute o vetor do lucro unitaacuterio da produccedilatildeo final dos principais produtos de cada processo j

31 Fontes de dados

A pesquisa foi realizada nos anos de 2002 e 2003 com foco central em produtores

cooperativas despachantes aduaneiros exportadores e importadores localizados na regiatildeo de Holambra e na Grande Satildeo Paulo relacionados a cada um dos processos de exportaccedilatildeo de flores para os EUA produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) Foram aplicados questionaacuterios preferencialmente por meio de entrevistas pessoais Em alguns casos optou-se pelo envio de questionaacuterios por e-mail aos entrevistados para viabilizar o retorno das respostas em tempo haacutebil

A obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios restringiu-se a trecircs produtores de flores de corte dois de geacuterbera (denominadas de geacuterbera 1 e 2 a partir deste capiacutetulo) e um de liacuterio por dificuldades encontradas na obtenccedilatildeo dos dados primaacuterios para a realizaccedilatildeo de anaacutelises anuais Nas trecircs cadeias foram utilizados os mesmos canais de comercializaccedilatildeo e os dados de cada um dos processos estudados referiram-se apenas agraves atividades de exportaccedilatildeo apesar desses produtos tambeacutem se destinarem ao mercado interno

32 Especificaccedilatildeo dos componentes do modelo

Foram considerados 4 processos na cadeia (A a D) nos quais relacionam-se agentes

distintos modais diferentes e tambeacutem inserem-se componentes logiacutesticos tais como prazos de entrega de insumos e produtos preacute-cooling e paletizaccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo na propriedade (A) haacute basicamente a relaccedilatildeo entre produtores e fornecedores de insumos e foram inseridos insumos importantes relativos agrave produccedilatildeo das flores de corte tais como sementes bulbos mudas adubos defensivos estufas embalagens energia cacircmaras frias nas propriedades maacutequinas e implementos e matildeo-de-obra

O processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) envolve a distribuiccedilatildeo do produto da propriedade para centrais de distribuiccedilatildeo Por isso nesta etapa haacute envolvimento de cooperativas corretores transportadoras exportadores para que insumos como caminhatildeo matildeo-de-obra pedaacutegios prazo de entrega e cacircmara fria nos depoacutesitos sejam empregados de maneira adequada

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) diz respeito a todos os procedimentos envolvidos no transporte do produto das centrais de distribuiccedilatildeo ao aeroporto no Brasil com a atuaccedilatildeo de corretores no Brasil e exterior exportadores agentes de carga despachantes aduaneiros no Brasil e exterior Receita Federal Ministeacuterio da Agricultura INFRAERO e importadores e os insumos como cacircmara fria no aeroporto aviatildeo matildeo-de-obra tarifa alfandegaacuteria documentaccedilatildeo aduaneira prazo de entrega controle fitossanitaacuterio devem ser considerados nesta fase

11

O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

12

Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

13

Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

14

produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

240

250

260

270

280

290

300

310

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

15

No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

16

(a)

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 5

(b)

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

250

260

270

280

290

300

310

320

330

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

1 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 5

Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

17

Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

140

150

160

170

180

190

200

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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20

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 12: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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O processo de distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) limita-se agrave distribuiccedilatildeo do produto por caminhatildeo dentro do paiacutes exportador neste caso EUA Para isso haacute relacionamento entre importadores corretores transportadoras no exterior e devem ser levados em conta principalmente itens como matildeo-de-obra caminhatildeo prazo de entrega e controle de qualidade do produto exportado

Esses insumos satildeo divididos em 3 categorias adquiridos tanto para produccedilatildeo quanto para exportaccedilatildeo logiacutesticos primaacuterios ou seja capital terra e trabalho Todos os dados foram expressos em quantidade e preccedilo unitaacuterio ou diretamente em valor monetaacuterio em funccedilatildeo da disponibilidade de dados Considerou-se que em cada um dos processos subsequumlentes foram gerados novos produtos principais a partir da utilizaccedilatildeo dos anteriores Os produtos de cada um dos processos foram classificados em principais relativos ao produto final - flores e em logiacutesticos focados na eficiecircncia da distribuiccedilatildeo do produto em cada um dos processos com base no tempo de estoque do produto em cada etapa

As perdas advindas da falta de eficiecircncia em cada um dos processos foram contabilizadas por meio do produto e dos insumos logiacutesticos Para que essas variaacuteveis pudessem ser expressas em termos monetaacuterios (R$ano) foram transformadas de intermediaacuterias para variaacuteveis utilizadas no modelo conforme mostra o Quadro 1

Variaacutevel intermediaacuteria Variaacutevel do modelo

Item Unidade Item Unidade Perda de bulbos sementes

ou mudas e flores Produto do processo A hastes

Estoque de bulbos sementes ou mudas

Diassafra Energia com bulbos sementes ou mudas

R$ano

Tempo de cacircmara fria

Horasembarque custo de estocagem do produto final

R$ano

Frete rodoviaacuterio R$embarque Custo de distribuiccedilatildeo rodoviaacuteria do produto final

R$ano

Tempo de preacute-cooling Horasembarque Energia para preacute-cooling R$ano Temperatura do veiacuteculo Graus Celsius

(oC) Custo da temperatura do

veiacuteculo R$ano

Tempo de paletizaccedilatildeo Horasembarque Matildeo-de-obra para paletizaccedilatildeo

R$ano

Reserva de espaccedilo aeacutereo US$embarque reserva de espaccedilo aeacutereo R$ano Desembaraccedilo aduaneiro US$embarque

ou US$kg Desembaraccedilo aduaneiro R$ano

Embalagem para exportaccedilatildeo

R$embalagem Embalagem para exportaccedilatildeo

R$ano

Frete aeacutereo US$kg Frete aeacutereo R$ano Sistema de informaccedilatildeo US$ano Sistema de informaccedilatildeo R$ano

Taxa de comercializaccedilatildeo do valor de venda ou US$

por venda

Taxa de comercializaccedilatildeo R$ano

Tempo efetivo do ciclo do pedido

Diasembarque Eficiecircncia do ciclo do pedido (R$ano)

R$ano

Quadro 1 - Relaccedilatildeo entre as variaacuteveis logiacutesticas no caacutelculo intermediaacuterio e no modelo Fonte Resultados da pesquisa

Excluiacutedo para

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Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

superaacutevit em relaccedilatildeo ao

ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

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Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r liacuteri

o (R

$U

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Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 4

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 2

(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

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bio

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r liacuteri

o (R

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Cenaacuterio 2Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 5

Cenaacuterio 4

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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(a)

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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(a)

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Cenaacuterio 4Cenaacuterio 1

Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

20

BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

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FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 13: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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Em relaccedilatildeo ao subproduto logiacutestico (eficiecircncia do ciclo do pedido) procurou-se estimar o tempo do pedido (lead time) total do ciclo logiacutestico da exportaccedilatildeo de flores de corte para cada um dos processos Foram obtidos acreacutescimos ou decreacutescimos no valor final do produto vendido em cada etapa a partir do caacutelculo dos percentuais de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao tempo ideal do ciclo de cada processo conforme mostra a Tabela 1 Quanto menor o tempo do ciclo do pedido os processos seratildeo mais eficientes sinalizando para flores de melhor qualidade Tabela 1 - Estimativas do lead time total do ciclo logiacutestico do transporte aeacutereo em dias e

variaccedilatildeo percentual de superaacutevit e deacuteficit logiacutesticos em relaccedilatildeo ao ciclo ideal Variaccedilatildeo percentual do

lead time (dias) Processos

deacuteficit ideal superaacutevit

deacuteficit em relaccedilatildeo ao

ideal

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ideal A1 9200 9100 8700 -110 440 B 110 108 077 -162 2915 C 117 108 108 -769 000 D 200 200 200 000 000

ciclo logiacutestico total 9627 9517 9085 Fonte Resultados da pesquisa 1 Considerou-se ciclo meacutedio de produccedilatildeo de 90 dias 4 Resultados e Discussatildeo Foram propostos cinco cenaacuterios para analisar o impacto da taxa de cacircmbio nas exportaccedilotildees de flores de corte conforme mostra a Tabela 2 a partir da verificaccedilatildeo de problemas mais relevantes ocorridos nessa cadeia repercutindo diretamente na eficiecircncia de cada um de seus processos Com exceccedilatildeo do Cenaacuterio 3 no qual considerou-se haver superaacutevit logiacutestico em todos os processos nos demais foram apresentadas situaccedilotildees de deacuteficit logiacutestico em diferentes etapas da cadeia Nos Cenaacuterios 1 e 2 os problemas concentraram-se no processo de produccedilatildeo (A) relativas a perdas fiacutesicas do produto nessa etapa No Cenaacuterio 5 as falhas mais graves situaram-se no processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionadas ao atraso no vocirco (10 em relaccedilatildeo ao total embarcado no ano) No Cenaacuterio 4 foram considerados problemas de falta de fumigaccedilatildeo do produto apenas detectados no processo de distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (processo B) no transporte dos produtos para o aeroporto no Brasil

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Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

(US$kg)

1 75 110 7 80 140 2 75 125 8 80 150 3 75 140 9 100 110 4 75 150 10 100 125 5 80 110 11 100 140 6 80 125 12 100 150

A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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(b)

Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

20

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BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

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FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 14: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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Tabela 2 Caracteriacutesticas dos cinco cenaacuterios estudados

Cenaacuterios ( do total de embarques) Caracteriacutesticas 1 2 3 4 5

Perdas no processo A 10 5 2 10 5 B 0 0 0 1 0 C 2 2 1 2 7 D 3 3 1 3 3 Investimento no processo A 10 10 12 10 10 B C D 0 0 1 0 0 Uso de veiacuteculo refrigerado no processo A 0 0 100 0 0 Uso de contecirciner no aeroporto no Brasil 0 0 100 0 0 Fumigaccedilatildeo no aeroporto no Brasil 0 0 0 15 0 Atraso no vocirco 0 0 0 0 10 Perda de carga no vocirco 0 0 0 0 5 Foram realizadas doze simulaccedilotildees na composiccedilatildeo de cada um dos cenaacuterios apresentadas na Tabela 3 Os principais paracircmetros utilizados foram nuacutemero de hastes frete aeacutereo e taxa de cacircmbio Cada simulaccedilatildeo foi efetuada com valores de taxa de cacircmbio que variaram de R$ 150 a R$ 350 por doacutelar para captar o seu efeito ao longo dos cenaacuterios em cada um dos processos e para a cadeia como um todo Considerou-se que as exportaccedilotildees partiram apenas do aeroporto de Viracopos em Campinas Tabela 3 Composiccedilatildeo das simulaccedilotildees em cada um dos cenaacuterios para as flores liacuterio e geacuterberas

1 e 2 para cada valor da taxa de cacircmbio

Paracircmetros Paracircmetros

Simulaccedilatildeo Nuacutemero de

hastes Frete Aeacutereo

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SimulaccedilatildeoNuacutemero de

Hastes Frete Aeacutereo

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A seguir seratildeo discutidos os impactos da taxa de cacircmbio no processo de produccedilatildeo (A)

e seu efeito na cadeia de flores de corte para os cinco cenaacuterios estudados O efeito do cacircmbio difere conforme o tipo de cadeia e o cenaacuterio logiacutestico O Cenaacuterio

3 que agregou as melhores condiccedilotildees para a produccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo do produto englobou para todas as flores menores falhas em todos os processos e consequumlentemente propiciou maior competitividade da cadeia nas exportaccedilotildees Nesse caso haacute maior possibilidade de manter retornos positivos a valores mais baixos de taxa de cacircmbio em funccedilatildeo da maior eficiecircncia nos processos (com reduccedilatildeo de gastos com insumos e perdas de

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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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cadeia (b) para a flor liacuterio

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
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produtos em cada etapa) conforme mostra a Figura 6 No entanto a taxa de cacircmbio que possibilita obtenccedilatildeo desses retornos varia conforme a estrutura de custos e receitas de cada cadeia (a)

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Figura 6 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor liacuterio

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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

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KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

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  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
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No processo de produccedilatildeo da flor liacuterio por exemplo foram detectados valores positivos do lucro unitaacuterio a partir do doacutelar a R$ 250 para condiccedilotildees de maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) para o melhor cenaacuterio (Cenaacuterio 3) No Cenaacuterio 4 que apresentou condiccedilotildees mais desfavoraacuteveis nos aeroportos devido a falhas na fumigaccedilatildeo do produto em fases anteriores e elevaccedilatildeo dos custos nessa etapa verificou-se que os retornos positivos apenas ocorreriam com o cacircmbio a R$ 300 por doacutelar com embalagens contendo no miacutenimo 80 hastes por caixa Apesar dos Cenaacuterios 2 e 5 afetarem diferentes etapas da cadeia observou-se em ambos reaccedilatildeo positiva a partir de R$ 280 por doacutelar O Cenaacuterio 2 cujas falhas concentraram-se no processo produtivo obteve retornos positivos a partir dessa taxa com a utilizaccedilatildeo de no miacutenimo 80 e 100 hastes por embalagem enquanto no Cenaacuterio 5 cujas deficiecircncias centraram principalmente nos aeroportos os retornos positivos foram observados a partir de 75 hastes por caixa Ao se analisar a cadeia como um todo para essa flor nota-se que o comportamento da taxa de cacircmbio modificou-se frente aos cenaacuterios estudados uma vez que o Cenaacuterio 5 mostrou-se mais suscetiacutevel agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo aos demais cenaacuterios com retornos positivos a partir de R$ 200 por doacutelar (Figura 3b) Como se trata de anaacutelise conjunta de todos os processos neste caso verifica-se que o cacircmbio mais favoraacutevel agraves exportaccedilotildees oscilou entre R$ 160 e R$ 210 por doacutelar contrapondo-se aos resultados anteriormente analisados referentes ao processo A no qual o cacircmbio variou entre R$ 250 e R$ 300 Se o cacircmbio atingir patamares mais baixos natildeo suportados pelo processo produtivo a continuidade das exportaccedilotildees soacute seraacute viaacutevel se os agentes envolvidos no processo de produccedilatildeo obtiverem algum subsiacutedio nos seus custos ou rateio de suas despesas com os demais integrantes dessa cadeia A flor geacuterbera 1 apresentou semelhanccedilas em relaccedilatildeo ao liacuterio tanto no processo produtivo quanto na cadeia como um todo apesar de contemplar menor volume produzido e comercializado quando comparado agraves demais flores estudadas conforme mostra a Figura 7(a) No melhor cenaacuterio (3) tambeacutem foram verificados retornos positivos no processo produtivo desta flor a partir do cacircmbio a R$ 250 poreacutem com 75 hastes por caixa enquanto no liacuterio essa recuperaccedilatildeo soacute foi observada no maior adensamento das flores (100 hastes) No caso dos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis para geacuterbera 1 - Cenaacuterios 1 e 4 - a reaccedilatildeo positiva soacute foi verificada ao doacutelar a R$ 320 Essa situaccedilatildeo pode dificultar a competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Aliado a isso o volume exportado pode tambeacutem se constituir num fator limitante nos processos subsequumlentes (B C e D) cujos custos satildeo principalmente calculados com base nessa variaacutevel

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cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 17: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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Figura 7 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 1

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 18: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

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Em termos da cadeia o volume comercializado assume um peso ainda maior Isso se reflete na reaccedilatildeo mais lenta dessa cadeia agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio em relaccedilatildeo agraves demais flores estudadas Verificou-se que neste caso os Cenaacuterios 2 e 5 tiveram impactos mais negativos ao analisar todos os processos conjuntamente pois retornos positivos soacute foram constatados quando o cacircmbio atingiu R$ 300 por doacutelar Neste caso falhas no processo produtivo (Cenaacuterio 2) refletiram em reaccedilatildeo mais lenta da cadeia em relaccedilatildeo a problemas ocorridos no processo C (Cenaacuterio 5) Neste cenaacuterio foram verificados prejuiacutezos ateacute a oitava simulaccedilatildeo (onde foram consideradas ateacute 80 hastes por caixa) da referida taxa de cacircmbio enquanto no Cenaacuterio 2 jaacute a partir da primeira simulaccedilatildeo (75 hastes por caixa) natildeo foram constatados retornos negativos Esses dados podem ser visualizados na Figura 7(b) Apesar das flores geacuterbera 1 e 2 apresentarem semelhanccedilas quanto ao seu produto final o processo de produccedilatildeo adotado por seus respectivos produtores interferiu nas relaccedilotildees entre seus custos e no seu desempenho em toda a cadeia Verificou-se que na etapa inicial (processo A) a flor geacuterbera 2 apresentou maior flexibilidade com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da taxa de cacircmbio quando comparada agraves outras duas flores estudadas Haacute dois fatores principais que podem ser relacionados a esse comportamento quantidade comercializada de flores de corte pois apenas a flor geacuterbera 1 referiu-se a uma produccedilatildeo pequena quando comparada agraves outras material de propagaccedilatildeo que no caso do liacuterio satildeo os bulbos em sua maioria importados e representando uma parcela significativa dos custos de produccedilatildeo e portanto sofrendo de maneira mais intensa as oscilaccedilotildees do cacircmbio Ao se analisar o processo A da flor geacuterbera 2 observa-se pela Figura 8(a) que os Cenaacuterios 1 2 e 4 foram os menos favoraacuteveis ao melhor desempenho dessa flor relacionado ao seu lucro unitaacuterio cujos retornos positivos foram constatados a partir da nona simulaccedilatildeo a uma taxa de R$ 180 por doacutelar Por outro lado no Cenaacuterio 3 que apresentou condiccedilotildees mais favoraacuteveis para essa flor verificou-se pequena diferenccedila em relaccedilatildeo aos anteriores (R$ 160 por doacutelar) para que natildeo se detectassem prejuiacutezos nesse processo Em ambos os casos os retornos positivos nesses valores do cacircmbio soacute foram viaacuteveis para maior adensamento das flores (100 hastes por caixa) Por outro lado esses resultados mostram que essa flor possui uma estrutura produtiva menos vulneraacutevel agraves oscilaccedilotildees do doacutelar em relaccedilatildeo agraves demais

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

20

BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

EXPORTACcedilAtildeO - Setor ouve fala de Lula como sinal positivo Folha de Satildeo Paulo 05 nov 2004 http wwwglobal21combrmaterias_materiaasp (14 fev 2005)

FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
Page 19: MODELO INSUMO-PRODUTO COMO INSTRUMENTO DE … · exportação brasileiras de flores e plantas ornamentais nas regiões produtoras distribuídas em vários estados brasileiros

18

(a)

150

160

170

180

190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

simulaccedilotildees

taxa

de

cacircm

bio

- flo

r geacuter

bera

2 (R

$U

S$)

Cenaacuterio 2

Cenaacuterio 1

Cenaacuterio 3

Cenaacuterio 4Cenaacuterio 5

(b)

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Figura 8 Niacuteveis de taxas de cacircmbio com retornos positivos no processo de produccedilatildeo (a) e na

cadeia (b) para a flor geacuterbera 2 Embora o processo produtivo da geacuterbera 2 apresentasse comportamento bem distinto em relaccedilatildeo agraves outras duas flores ao se analisar a cadeia como um todo verificou-se resultados

19

mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

localglobal supply chain International Journal of Production Economics 78(2) 119-131

ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

COTTA E O milagre da balanccedila Isto eacute dinheiro 23 fev 2005 httpwwwterracombristoedinheiro389economia_milagre_balancahtm (25 fev 2005)

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FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
  • 3 Modelo Insumo-produto de Processo aplicado agrave Exportaccedilatildeo de Flores de Corte
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mais proacuteximos aos obtidos para a flor liacuterio O Cenaacuterio 5 caracterizou-se como o pior para a cadeia pois os prejuiacutezos foram observados nas taxas de cacircmbio R$ 180 a R$ 200 respectivamente ateacute a oitava e quarta simulaccedilotildees Da mesma forma que foi verificado no liacuterio o Cenaacuterio 3 apresentou retornos positivos para todas as taxas de cacircmbio analisadas 5 Consideraccedilotildees Finais

Neste trabalho pode-se observar que a taxa de cacircmbio eacute fator importante que deve ser

criteriosamente analisado pois pode interferir no desempenho das atividades de exportaccedilatildeo do setor de flores de corte O modelo insumo-produto de processo viabilizou a avaliaccedilatildeo de cada um dos processos ndash produccedilatildeo (A) distribuiccedilatildeo interna via modal rodoviaacuterio (B) distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) e distribuiccedilatildeo externa via modal rodoviaacuterio (D) - e da cadeia como um todo com relaccedilatildeo ao impacto das variaccedilotildees do cacircmbio e mostrou ser uma ferramenta eficaz para a anaacutelise econocircmica dos cenaacuterios logiacutesticos

Verificou-se que cada tipo de cadeia estudada reagiu de maneira diferente agraves variaccedilotildees na taxa de cacircmbio interferindo diretamente no desempenho da cadeia como um todo No Cenaacuterio 3 que contemplou superaacutevit logiacutestico em todos os processos ao considerar o processo de produccedilatildeo (A) observou-se que apenas a flor geacuterbera 2 obteve retornos positivos em todas as simulaccedilotildees enquanto para geacuterbera 1 foram registrados prejuiacutezos ateacute cacircmbio a R$ 240 por doacutelar O liacuterio soacute apresentou valores positivos a partir de R$ 250 por doacutelar com maior adensamento das flores nas caixas (100 hastes por embalagem)

Com relaccedilatildeo aos cenaacuterios mais desfavoraacuteveis as diferenccedilas nos processos produtivos das trecircs flores estudadas acentuaram-se A flor geacuterbera 1 apresentou maior vulnerabilidade ao cacircmbio nos Cenaacuterios 1 e 4 podendo-se refletir em menor competitividade desse produto em periacuteodos em que o real se mantenha mais valorizado em relaccedilatildeo ao doacutelar americano Para a flor geacuterbera 2 por outro lado verificou-se menor interferecircncia do doacutelar na sua produccedilatildeo nesses cenaacuterios No caso do liacuterio o Cenaacuterio 4 foi o pior que agregou deacuteficit logiacutestico na cadeia principalmente com falhas nos cuidados poacutes-colheita

Na anaacutelise da cadeia como um todo verificou-se que para todas as flores o pior Cenaacuterio foi o 5 que afetou principalmente o processo de distribuiccedilatildeo externa via modal aeacutereo (C) relacionado a atraso no vocirco Apenas o liacuterio e geacuterbera 2 apresentaram reaccedilatildeo melhor agraves variaccedilotildees do cacircmbio provavelmente relacionada ao maior volume comercializado por ambas as cadeias

Desta forma eacute importante ressaltar que os problemas ocorridos no processo produtivo podem gerar falhas nas etapas subsequumlentes e comprometer a finalizaccedilatildeo das negociaccedilotildees e os contratos com os clientes principalmente em situaccedilotildees de niacuteveis de cacircmbio mais desfavoraacuteveis para cada cadeia Aliado a isso haacute as falhas nos aeroportos onde eacute mais difiacutecil de se verificar as condiccedilotildees da mercadoria que podem dificultar o desempenho da cadeia como um todo e afetar a sua competitividade no mercado internacional Referecircncias Bibliograacuteficas ALBINO V IZZO C KUumlHTZ S 2002 Input-output models for the analysis of a

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ANEFALOS L C Modelo insumo-produto como instrumento de avaliaccedilatildeo econocircmica da cadeia de suprimentos o caso da exportaccedilatildeo de flores de corte Piracicaba 2004 210p Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo Universidade de Satildeo Paulo

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BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

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FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

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LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

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BANCO CENTRAL DO BRASIL Cacircmbio e capitais estrangeiros httpwwwbcbgovbr (05 fev 2005)

BRASIL Secretaria de Comeacutercio Exterior (SECEX) Exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo brasileira de plantas vivas e produtos de floricultura 1996-2004 Brasiacutelia 2005 httpaliceweb20mdicgovbrconsulta_novaresultadoConsultaasp (22 mar 2005)

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FLORES e plantas ornamentais Agronegoacutecios 2001 Disponiacutevel em lt www1bbcombrpor_noticias_publicacoesrce_pubRCEfichaartigogt Acesso em 26 ago 2001

FLORABRASILIS Relatoacuterio do diagnoacutestico da produccedilatildeo de flores e plantas ornamentais brasileira (compact disc) Campinas IBRAFLOR 2002

JUNQUEIRA AH WAGEMAKERIP Excesso de burocracia e deficiecircncias logiacutesticas limitam o crescimento das exportaccedilotildees Informativo Ibraflor v9 n42 maio 2004

KRUGMAN PR OBSTFELD M Economia Internacional teoria e poliacutetica 5a ediccedilatildeo Satildeo Paulo MAKRON Books 2001 797p

LIN X POLENSKE KR 1998 Input-output modeling of production processes for business management Structural Change and Economic Dynamics 9(2) 205-226

MARGARIDO M A questatildeo cambial e a balanccedila comercial no Brasil poacutes-plano real v31 n11 p55-64 2001

PESQUISA traccedila perfil do exportador brasileiro Revista de Agronegoacutecios da FGV v24 n11 2004

SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 436p SECEX esclarece medidas tomadas pelo Banco Central Ministeacuterio do Desenvolvimento

Induacutestria e Comeacutercio Exterior httpwwwdesenvolvimentogovbr arquivoascomimprensa_20050315bcpdf (22 mar 2005)

  • Lilian Cristina Anefalos
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