modelo de apelacao com pre question amen to
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I
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO OFÍCIO DAS EXECUÇÕES
FISCAIS ESTADUAIS - SP
PROCESSO N.º ....................
(NOME DA APELANTE), já devidamente
qualificada nos autos em epígrafe, por sua procuradora infra-assinada, nos autos dos
EMBARGOS À ARREMATAÇÃO que move em face da FAZENDA
PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, vem à presença de V. Exa.,
inconformada com a r. sentença de fls .., apresentar
RECURSO DE APELAÇÃO nos termos do artigo 513 do Código de Processo Civil, e
no prazo do artigo 508, pelos fundamentos expostos, esperando, após exercido o
juízo de admissibilidade e o contraditório, sejam os autos remetidos ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Comprova o devido preparo, bem como pagamento de
porte de remessa e retorno, pelas guias de recolhimento que a esta acompanham.
Termos em que
Pede deferimento.
São Paulo, .. de julho de .....
ADVOGADA OAB/SP ........
II
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELANTE: (FULANA DE TAL)
APELADA: FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCESSO DE ORIGEM N.º................
OFÍCIO DAS EXECUÇÕES FISCAIS ESTADUAIS
Ínclitos Julgadores,
Nobre Relator,
A r. sentença de fls... proferida pelo douto Juízo da Vara das Execuções
Fiscais Estaduais, Comarca da Capital-SP, merece ser reformada pelos
motivos que o Apelante passa a expor:
III
1. SÍNTESE DOS FATOS:
A empresa apelante ofereceu Embargos à Arrematação, insurgindo-se
contra a arrematação de “um torno mecânico, marca Romi,com 1 m de
barramento, na cor cinza, nº.......” e ainda “um torno mecânico, marca
Nardini, tipo mascote, 1,5 m de barramento, nºMS175, série ........” ambos de
sua propriedade, os quais foram penhorados e leiloados a requerimento da
Embargada Fazenda Pública do Estado de São Paulo.
É preciso dizer que a apelante requereu o parcelamento do débito em
11/04/2005, ocorrendo o seu registro eletrônico e em seguida o seu
deferimento pela Fazenda Pública, conforme documentação nos autos.
Ocorre que incumbe à Fazenda Pública emitir o Carnê para pagamento da
primeira parcela, sendo que este só foi tardiamente emitido, com data do
vencimento da primeira parcela para o dia 21/11/2005, a qual foi
pontualmente paga, assim como todas as demais que lhe sucederam.
Não obstante a sucessão de fatos ora narrados, ignorando a ocorrência
de transação entre as partes, o leilão da mencionada máquina foi
realizado, e sua arrematação foi procedida.
Reparem, Nobres Julgadores, que na data da arrematação, já havia sido
celebrado o Termo de Acordo entre as partes.
Reiteramos que a quitação da primeira parcela só não havia sido feita
porque a própria Embargada não a emitira, não sendo a expedição do
boleto de pagamento responsabilidade da apelante, mas sim da Fazenda
Estadual.
Por essa razão a ora apelante não pode assumir o prejuízo de perder seus
instrumentos de trabalho, por fato que não lhe pode ser imputável, e que
contraria o ordenamento jurídico em vigor.
IV
2. A SENTENÇA PROFERIDA:
Ignorando a narrativa retro-transcrita, o douto juízo “a quo” às fls...
sentenciou julgando improcedentes os Embargos à Arrematação,
fundamentando seu juízo exclusivamente no fato de que o RICMS do Estado
de São Paulo, em seu artigo 645, §3º, determina que o curso da execução só
será sustado após o recolhimento da primeira parcela do acordo, o que só
aconteceu após a data da arrematação, não havendo por isso como anulá-la.
Ora, doutos desembargadores, primeiramente é preciso registrar, que em
nenhum momento nos autos dos Embargos à Arrematação, a embargante, ora
apelante, tentou negar a existência da dívida.
Não obstante isso, o fato de ter firmado acordo de parcelamento
daqueles valores, não lhe tira o direito de se insurgir contra atos
executórios abusivos e arbitrários, considerando o fato de que já havia
transação entre as partes, esta sim objeto dos embargos à arrematação.
Os embargos interpostos buscaram invalidar a arrematação ocorrida
após a transação entre as partes, conforme expressamente autoriza nosso
ordenamento jurídico.
Igualmente o argumento de que o RICMS de São Paulo só reconhece
a transação após a quitação da primeira parcela é de flagrante
inconstitucionalidade.
Senão vejamos:
V
3. DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO SEGUNDO O
ARTIGO 22, I, DA CF/88 PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO
PROCESSUAL e SUA VIOLAÇÃO PELA LEI ESTADUAL:
Nossa Carta Magna distribuiu competências materiais e legislativas
entre as pessoas políticas, devendo cada qual exercitá-las na medida e nos
limites do que lhe autorizou aquele texto maior.
Assim, o artigo 22, de nossa Constituição Federal determinou:
“Art.22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I- direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
................................................................................................................”
Assim sendo quando a matéria em questão situa-se no campo
processual, competente para normatizá-la será a União, com exclusão de
quaisquer outros entes políticos.
Ao tratarmos das hipóteses e circunstâncias que ensejam a suspensão do
processo, não resta dúvidas que discutimos matéria processual e em virtude
disso, matéria cuja competência legislativa é privativa da União.
No momento em que a lei estadual (Lei nº11.001, de 21.12.2001)
altera o RICMS e determina que a execução fiscal só terá seu curso
sustado após o recolhimento da primeira parcela, está regulando matéria
processual, que não poderia ser normatizada por lei estadual, posto ser
atribuição privativa da União, ocorrendo, portanto, flagrante violação ao artigo
22, I, de nossa Constituição Federal.
Destarte, a sentença de primeiro grau ao reconhecer validade à lei
estadual, em matéria que transborda sua competência, está inelutavelmente
violando nossa Constituição Federal, no dispositivo já mencionado, o que
deve ser coibido por essa Egrégia Corte.
VI
4. O ARTIGO 1º DA LEI Nº6.830/80 (LEI DE EXEUÇÕES FISCAIS), O
ARTIGO 746 DA LEI Nº5.869/73 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) E
SUA VIOLAÇÃO PELA SENTENÇA QUE LHES NEGOU VIGÊNCIA:
Ainda, nobres magistrados, é preciso ressaltar que dispõe o artigo 1º da
Lei nº6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais):
“Art.1º. A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código
de Processo Civil.”
Vemos que acertadamente o legislador federal delimitou o campo de
atuação daquela norma, sendo esta plenamente recepcionada pela Constituição
Federal de 1988.
E indo além, reconhecendo tratar aquela lei de matéria processual,
determinou que na falta de regras expressas e particulares, fosse aplicado o
Código de Processo Civil.
No que se refere ao tema dos autos, qual seja os Embargos à
Arrematação, a Lei de Execuções Fiscais omitiu-se, razão pela qual, em
observância ao que determina o artigo 1º da Lei nº6.830/80 deve se
aplicar a eles os dispositivos de nosso Estatuto Processual Civil.
A respeito do tema dispõe o artigo 746, do CPC:
“Art.746. É lícito ao devedor oferecer embargos à arrematação ou à
adjudicação, fundados em nulidade da execução, pagamento, novação,
transação ou prescrição, desde que supervenientes à penhora.”
Ora, nobres desembargadores, a hipótese é exatamente a que se
encontra realizada nos autos.
VII
As partes transigiram, conforme Termo de Acordo assinado pela
representante legal da devedora e pela Procuradora do Estado de São Paulo,
tudo em data superveniente à penhora, mas anterior à arrematação.
Ínclitos magistrados, a transação se reputa perfeita e acabada no
momento em que ao pedido de acordo formulado pelo devedor, anuiu a
credora, ou seja, na hipótese dos autos, no momento em que foi deferido o
pedido de parcelamento, e por tal razão corresponderá à negativa de
vigência do artigo 746, do CPC considerar que a transação não foi
firmada porque a primeira parcela do acordo ainda não havia sido paga.
Ademais, lembre-se ainda que, quem fixa a data de vencimento da
primeira parcela é a Fazenda Pública, unilateralmente, encarregada da
emissão do respectivo boleto, sem qualquer interferência da devedora,
razão pela qual esta não pode ser penalizada por ato que não é de sua
responsabilidade, uma vez que efetivou o pagamento da primeira parcela, na
data ordenada, assim como de todas as que lhe sucederam pontualmente.
Assim sendo, percebemos que a SENTENÇA AO CONSIDERAR
NÃO TER OCORRIDO A TRANSAÇÃO pelo fato de a primeira parcela
ter sido paga apenas em data posterior (fixada pela Fazenda Pública, ora
apelada) VIOLA SUCESSIVAMENTE, O ARTIGO 1º DA LEI
Nº6.830/80 E O ARTIGO 746 DA LEI Nº5.869/73, assim como dizer que
tal entendimento decorre da Lei Estadual nº11.001/01, é violar o artigo
22, I, de nossa Carta Magna, o que sem sombra de dúvida, não pode ser
permitido por essa Egrégia Corte de Justiça.
Pelo exposto, REQUER:
Seja recebido o presente recurso, e no mérito lhe seja dado provimento,
a fim de ser REFORMADA a sentença de fls .., para o fim de julgar
procedentes os Embargos à Arrematação, declarando NULA A
VIII
ARREMATAÇÃO realizada nos autos do processo nº............, em trâmite
perante o juízo das execuções fiscais estaduais da capital-SP, determinando a
suspensão do curso processual, com a manutenção da garantia, até integral
pagamento das parcelas acordadas entre as partes.
Termos que
Pede deferimento.
São Paulo-SP, .. de ........de .......
ADVOGADA
OAB/SP .......