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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. DeFEM – DEPTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA. DeTEC – DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA. MESTRADO EM MODELAGEM MATEMÁTICA MODELAGEM MATEMÁTICA DA EVAPORAÇÃO DA ÁGUA DO SOLO MÁRCIO TADEU VIONE IJUÍ/RS MAIO, 2007

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL.

DeFEM – DEPTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA.

DeTEC – DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA.

MESTRADO EM MODELAGEM MATEMÁTICA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EVAPORAÇÃO DA ÁGUA DO SOLO

MÁRCIO TADEU VIONE

IJUÍ/RS MAIO, 2007

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

DeFEM – DEPTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA.

DeTEC – DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA.

MESTRADO EM MODELAGEM MATEMÁTICA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EVAPORAÇÃO DA ÁGUA DO SOLO

Elaborada por MÁRCIO TADEU VIONE

Dissertação apresentada ao Departamento de Física, Estatística e Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, RS, como parte integrante dos pré-requisitos para a obtenção do título de Mestre em Modelagem Matemática.

Orientador: Prof°. Dr. Pedro Augusto Pereira Borges (DeFEM).

IJUÍ/RS MAIO, 2007

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

DeFEM – DEPTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA.

DETEC – DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM MATEMÁTICA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EVAPORAÇÃO NA SUPERFÍCIE DO SOLO

Elaborada por

MÁRCIO TADEU VIONE

Como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Modelagem Matemática

COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________

Prof°. Dr. Pedro Augusto Pereira Borges –DeFEM- (Orientador).

__________________________

Prof°. Dr. José Miguel Reichert - UFSM

__________________________ Prof°. Dr. Gilmar de Oliveira Veloso – DeFEM

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Agradecimentos

A Deus, por me proteger e iluminar meu caminho nesta

trajetória e pelas oportunidades vividas até o momento.

Aos meus pais por acreditarem em mim, pois vocês são a razão

da minha existência.

Aos meus irmãos Mauricio e Moisés, pelo incentivo e força

durante toda essa trajetória.

Ao Professor Dr. Pedro A. P. Borges pela compreensão e

orientação durante o desenvolvimento desta pesquisa. Obrigado pelo

exemplo profissional, levarei comigo ao longo de minha formação

pessoal e profissional.

Aos professores do curso, pelos conhecimentos transmitidos.

Ao bolsista de Iniciação cientifica Radael pelo auxilio.

Aos professores do DeFEM – Departamento de Física, Estatística

e Matemática, pelo ensinamento durante minha trajetória acadêmica.

A minha tia Marlene pelos momentos vividos durante os últimos

oito anos em sua residência.

Ao DEAg – Departamento de Agronomia, em especial ao Valmir

pela ajuda e orientação técnica.

Ao José Luis Souza de Oliveira pela força nos momentos difíceis.

Aos meus amigos pelo companheirismo demonstrado durante

minha vida.

Ao professor Dr. Artur G. Mulher pela ajuda na revisão

bibliográfica.

A amiga Adila W. Cardoso pelas palavras de ajuda durante

minha vida.

A todas as pessoas que de uma forma ou outra me ajudaram e

apoiaram para que eu conseguisse chegar até aqui.

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4

O senhor é a minha luz e a minha salvação;

a quem temerei? O senhor é a minha vida; de quem me recearei?

Salmos 27

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Resumo

A água é um dos principais elementos no processo de nutrição das plantas e o

desenvolvimento de técnicas para sua conservação no solo requer o conhecimento dos

processos envolvidos na evaporação no solo. A evaporação tem sido pesquisada sob diversos

aspectos, principalmente relacionada com a evapotranspiração e a influência das condições

meteorológicas. Este trabalho teve como objetivo propor e analisar modelos matemáticos para

o cálculo da evaporação usando como informação parâmetros característicos do solo e

medidas do teor de água em função do tempo na superfície do solo. Duas hipóteses de

condições de superfície foram analisadas: 1ª) O fluxo de evaporação constante e 2ª) Ajuste

linear e exponencial dos dados de teor de água na superfície. Ambas as hipóteses são

condições de fronteira de superfície para o problema da dinâmica da água em uma coluna de

solo não saturado, modelado através da equação de Richards, unidimensional (problema

direto). Os parâmetros da curva característica foram ajustados com base nos dados

experimentais e a condutividade hidráulica foi calculada usando o modelo proposto por

Mualem. Na primeira hipótese a evaporação foi estimada resolvendo o problema inverso,

minimizando a diferença entre os teores de água experimentais e simulados, em diversos

pontos da coluna de solo. Na segunda, o teor de água da camada superficial foi ajustado e

usado como condição de fronteira. Devido à não linearidade da equação de Richards, a

solução foi implementada numericamente pelo Método das Diferenças Finitas Centrais,

usando o esquema explícito de avanços temporais, desenvolvido com programa próprio. A

solução do problema direto exigiu um ∆z próximo a 1 cm, para aproximar com precisão as

simulações dos dados experimentais. Foi observado que a validação do modelo não pode ser

feita apenas com os dados do teor de água, dos instantes inicial e final ao longo da coluna,

como sugere o método de cálculo da evaporação. Para que o modelo expresse a dinâmica do

movimento de água no solo, deve haver coerência entre dados experimentais e simulados

também nos instantes intermediários. O modelo de ajuste dos teores de água da primeira

camada expressa melhor a tendência dos dados experimentais disponíveis do que o modelo de

fluxo de água na superfície. A segunda hipótese não implica em evaporação constante para

todos os instantes de tempo, porém, após as primeiras horas, a taxa de evaporação tem

pequenas variações, sugerindo um comportamento constante para a

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evaporação, o que concorda parcialmente com a tese das etapas de evaporação. Ambas as

alternativas, linear e exponencial, descrevem razoavelmente bem a distribuição da água no

solo, porém a distribuição linear faz com que o teor de água tenda a zero nos últimos instantes

simulados, enquanto que a exponencial descreve melhor a passagem para a segunda fase de

evaporação, quando o teor de água na superfície varia com pequenas taxas. Dessa forma, a

alternativa de ajuste exponencial é vantajosa em relação à linear, porque pode ser usada em

dados que ultrapassem a primeira fase de evaporação.

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Abstract

The water is one of the main elements in the plant nutrition process and the development of

techniques for their conservation in the soil, it requests the knowledge of the processes

involved the soil evaporation. The evaporation has been researched under several aspects,

mainly related with the evapotranspiration and the influence of the meteorological conditions.

This work has as objective to propose and to analyze mathematical models for the calculation

of the evaporation using as information soil characteristic parameters and measures of the soil

water content in function of the time in the soil surface. Two hypotheses of boundary

conditions were analyzed: 1st) the evaporation flow is of constant and 2nd) boundary and

exponential adjust of the data of soil water content in the surface. Both hypotheses are

conditions for the soil water dynamics problem in a unsatured soil column, modeled through

the Richards equation, unidimensional (direct problem). The parameters of the soil-water

retention curve were adjusted based in the experimental data and the hydraulic conductivity

was calculated using the model proposed by Mualem. In the first hypothesis the evaporation

was esteemed solving the inverse problem, minimizing the difference between the

experimental and simulates soil water contents, in several points of the soil column. In the

second, the soil water content of the superficial layer was adjusted and used as boundary

condition. Due to non linearity of the Richards equation, the solution was implemented by the

Central Finite Difference Method, using the explicit approximation of temporary steps,

developed with own program. The solution of the direct problem demanded a z∆ close to 1

cm, to approximate the simulations of the experimental data accurately. It was observed that

the model validation cannot just be made with the data of the soil water content, of the initial

and final instants along the column, as suggests the evaporation method of calculation. For the

model to express the soil water dynamics, it must have coherence between experimental and

simulated data in the intermediate instants. The model of adjustment of the soil water contents

of the soil first layer expresses better the tendency of the available experimental data, than the

model of water flow in the surface. The second hypothesis doesn't implicate in constant

evaporation for all the instants of time, however, after the first hours, the evaporation rate has

small variations, suggesting a constant behavior for the evaporation, what agrees partially

with the thesis of the evaporation stages.

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Both lineal and exponential alternatives describe the water distribution reasonably well in the

soil, however, the lineal distribution makes the soil water content to tend to zero in the last

simulated instants, while the exponential one describes better the passage for the second

evaporation phase, when the soil water content in the surface, varies with small rates. That

way, the alternative of exponential adjustment is advantageous in relation to the lineal,

because it can be used in data that surpass the first evaporation phase.

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Sumário

1-INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

2-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 18 2.1-Textura do solo ......................................................................................................... 19 2.2-Estrutura do solo ....................................................................................................... 19 2.3-Densidade do solo ..................................................................................................... 20 2.4-Compactação do solo................................................................................................. 21 2.5-Distribuição do diâmetro de poros no solo................................................................. 22 2.6-Condutividade hidráulica do solo .............................................................................. 22 2.7-Teor de água do solo ................................................................................................. 24 2.8-Movimento da água no solo....................................................................................... 26 2.9-Curva característica da água no solo .......................................................................... 30 2.10-Evaporação.............................................................................................................. 31 2.11-Evaporação direta da água no solo........................................................................... 32 2.12-Descrição dos experimentos e equipamentos ........................................................... 34

3-MODELO MATEMÁTICO........................................................................................... 35 3.1-Modelo para movimento da água no solo (Problema Direto)...................................... 35 3.2-Cálculo do potencial.................................................................................................. 37 3.3-Cálculo da evaporação............................................................................................... 39 3.4-Estimação da evaporação (Problema Inverso)............................................................ 43 3.5-Cálculo da condutividade hidráulica.......................................................................... 44

4-MÉTODOS NUMÉRICOS ............................................................................................ 46 4.1-Ajuste de curvas ........................................................................................................ 46 4.2-Discretização da equação de Richards ....................................................................... 48

5-ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 55 5.1-Curva característica de água dos solos ....................................................................... 55 5.2-Sobre o modelo e a dinâmica da água nos solos ......................................................... 56 5.3-Sobre o cálculo da evaporação................................................................................... 57 5.4-Sobre as afirmações................................................................................................... 66

6-CONCLUSÕES............................................................................................................... 69

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 71

ANEXOS ............................................................................................................................ 75

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Lista de símbolos

A área da superfície de solo )( 2cm

a, m, n parâmetros de ajuste da curva característica de água do solo.

c parâmetro de ajuste da eq. (3.42)

sd densidade do solo (g/cm 3 )

wd densidade da água )/( 3cmg

∆t intervalo de tempo (dias)

∆Vw variação do volume de água na célula (cm3)

∆z comprimento de cada célula (cm).

E taxa media de evaporação (cm/dia)

H altura da coluna de solo (cm).

h profundidade )(cm

g gravidade )/( 2sm

)(Θk condutividade hidráulica para solo não saturado )/( scm

0k condutividade hidráulica para solo saturado )/( scm

sm massa de solo seco (g)

um massa de solo úmido )(g

q fluxo de água que atravessa uma seção de solo (cm3/dia)

t variável temporal )(dias

V volume de amostra ( 3cm )

sV volume de solo seco ( 3cm )

VE volume de água evaporada (cm/dia)

Ve volume de água que entra na célula da superfície (cm3)

scV volume de solo da célula (cm3).

µ teor de água dimensional à base de massa )/( gg

z altura de solo )(cm

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Lista de letras gregas

θ teor de água volumétrico dimensional do solo ( 33 / cmcm ).

rθ teor de água volumétrico dimensional residual do solo ( 33 / cmcm ).

sθ teor de água volumétrico dimensional saturado do solo ( 33 / cmcm ).

Θ teor de água adimensional do solo à base de volume.

ψ→

∇ gradiente de potencial hidráulico )/( 2 cmOcmH .

ψ potencial total )( 2OcmH .

gψ potencial gravitacional )( 2OcmH .

pψ potencial de pressão )( 2OcmH .

mψ potencial matricial )( 2OcmH .

oψ potencial osmótico )( 2OcmH .

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Lista de tabelas

Tabela 1– Comparação da evaporação (Evaporação em cm/dia)........................................... 57

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Lista de figuras

Figura 1–Representação esquemática de problema direto e inverso ...................................... 43

Figura 2-Condutividade hidráulica dos solos Ibitiruna e Sertãozinho.................................... 45

Figura 3-Fluxograma do programa computacional do cálculo da evaporação da 1ª hipótese. 51

Figura 4–Fluxograma do programa computacional do calculo da evaporação da 2ª hipótese. 53

Figura 5-Curva característica do solo Ibitiruna. Com parâmetros a=0,4450; m=0,1900; n=13,1333; rθ =0,0842; sθ =0,525.................................................................... 55

Figura 6-Curva característica do solo Sertãozinho. Com parâmetros a=0,3400; m=0,3850; n=8,1500; rθ =0,0842; sθ =0,540..................................................................... 55

Figura 7-Superfície de teor de água adimensional em função do tempo e profundidade........ 57

Figura 8-1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo I – Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,8 cm/dia - Evaporação calculada= 0,758 cm/dia.................................................. 59

Figura 9-2ª Hipótese (ajuste linear) – Reichardt (1968) anexo I - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,8 cm/dia - Evaporação calculada= 0,792 cm/dia, com parâmetros de ajuste a= -0,070; b=0,794; 2R =0,990. ....................................................... 60

Figura 10-2ª Hipótese (ajuste exponencial) – Reichardt (1968) anexo I - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,8 cm/dia - Evaporação calculada= 0,779 mm/dia, com parâmetro de ajuste c=0,199; 2R =0,971........................................................... 60

Figura 11–1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo II - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,26 cm/dia - Evaporação calculada=0,33 cm/dia. ............................................ 61

Figura 12-2ª Hipótese (ajuste linear) – Reichardt (1968) anexo II - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,26 cm/dia - Evaporação calculada= 0,290 mm/dia, com parâmetros de ajuste a= -0,024; b=0,805 ; 2R = 0,995. ..................................................... 62

Figura 13-2ª Hipótese (ajuste exponencial) – Reichardt (1968) anexo II - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,26 cm/dia - Evaporação calculada=0,244 mm/dia, com parâmetro de ajuste c= 0,0595 2R =0,905. ........................................................ 62

Figura 14-1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo III – Solo Sertãozinho Evaporação potencial = 2,24 cm/dia - Evaporação calculada= 1,67 cm/dia.......................... 63

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Figura 15- 2ª Hipótese (ajuste linear) – Reichardt (1968) anexo III - Solo Sertãozinho, Evaporação potencial = 2,24 cm/dia - Evaporação calculada= 2,220 cm/dia, com parâmetros de ajuste a=-0,215; b=0,720; 2R = 0,9877. ..................................... 64

Figura 16-2ªHipótese (ajuste exponencial) – Reichardt (1968) anexo III - Solo Sertãozinho, Evaporação potencial = 2,24 cm/dia - Evaporação calculada= 2,168 cm/dia, com parâmetro de ajuste c= 0,5050; 2R = 0,8680. ..................................................... 65

Figura 17-Evaporação por tempo calculada considerando a 2ª hipótese Reichardt (1968) anexo I Solo Ibitiruna, Evaporação potencial=0,8 cm/dia. ................................ 67

Figura 18-Evaporação em função do teor de água médio 2ª hipótese Reichardt (1968) anexo I Solo Ibitiruna, Evaporação potencial= 0,8 cm/dia............................................. 67

Figura 19–1ª Hipótese (ajuste linear) Evaporação variável linearmente Reichardt (1968), anexo II Solo Ibitiruna, Evaporação potencial= 0,26 cm/dia Evaporação calculada= 0,2697cm/dia.................................................................................. 68

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1-Introdução

O crescente uso da água e a redução de sua disponibilidade têm se tornado

preocupação cada vez maior em todo mundo. No Brasil a região sul, tem sido registrada

constantemente, a redução nas precipitações normais durante o ano e nos reservatórios de

água doce. Em termos mundiais a agricultura é responsável por 70% da água consumida em

nosso planeta, e por este motivo o uso agrícola da água deve ser feito de forma mais racional

possível. Para que isso ocorra é necessário cada vez mais à implementação de pesquisas sobre

a conservação e dinâmica da água no solo, assim como dar técnicas de ação sobre o solo

agrícola e sua divulgação para os solos produtivos.

A água existente na terra constitui a hidrosfera e estima-se que seja de 1386 milhões

de 3km a quantidade de água na terra, sendo que, desse total, 97,5% formam os oceanos e

mares e 2,5% seja de água doce e dessa porcentagem apenas 1,2% esteja disponível para o

consumo, o restante são geleiras e calotas polares (REBOUÇAS & BRAGA, 1999).

Os vapores de água lançados na atmosfera pelos processos biológicos, onde se

destacam a transpiração e fotossíntese, regulam o clima na terra, o ciclo das águas e outras

importantes condições ambientais. Estima-se que 577.200 3km /ano sejam transformados em

vapor, sendo 503.000 3km /ano evaporados nos oceanos e 74.200 3km /ano das terras emersas

(REBOUÇAS & BRAGA, 1999).

No Brasil, segundo a Unesco (1998), há grandes e boas reservas de água, sendo

responsável por mais da metade da produção de água doce do continente sul americano e de

12% do total mundial.

No monitoramento de florestas é importante conhecer o equilíbrio dinâmico dos

nutrientes das plantas no solo, pois a estrutura deste indicará a tendência do predomínio de

uma ou outra espécie ( BERENDESE, 1994).

A evaporação da água no solo é de grande importância quantitativa, pois pode

responder a cerca de 50% da evapotranspiração, durante o ciclo de uma cultura agrícola. Por

isso é importante sabermos os fatores que determinam a evaporação de água no solo, com o

objetivo de minimizá-la, possibilitando a conservação de maior quantidade de água no solo,

para que seja utilizada pelas plantas (BERLATO & MOLINA, 1981).

A evaporação da água no solo é comumente chamada de evaporação não produtiva,

sendo a transpiração da água na planta a evaporação produtiva (BERLATO & MOLINA,

1981). No entanto, apenas 1% da água líquida consumida pelas plantas é, realmente,

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envolvida em atividades metabólicas. A maioria da água absorvida pelas raízes das plantas é

transpirada para a atmosfera.

No Brasil, técnicos e agricultores têm se conscientizado da importância de minimizar o

consumo da água. Cada dia que passa está se tornando mais difícil e caro capturar água com

qualidade satisfatória até para a própria irrigação.

O manejo adequado de um sistema de irrigação deverá ser capaz de propiciar ao

agricultor o uso eficiente da água, para aumentar a produtividade das culturas e,

conseqüentemente, maximizar o retorno dos investimentos. Técnicas eficientes de aplicação

de água constituem condições essenciais para o desenvolvimento agrícola sustentado, baseado

na economia do recurso hídrico e na preservação ambiental.

Até pouco tempo, a transpiração e a evaporação eram estudados e estimados juntos

pela chamada evapotranspiração. A consideração isolada do termo evaporação e do termo

transpiração vem ganhando adeptos da comunidade cientifica mundial a partir dos trabalhos

realizados pela FAO, ganhando impulso em todo o mundo.

A evaporação direta da água do solo é uma condição de importância em muitos

sistemas produtivos agrícolas. Na agricultura tradicional, a evaporação está fortemente

presente na fase de preparo e implantação das lavouras e ocorre de forma proporcional ao

longo do ciclo das culturas anuais e na fase final, na porção solo que fica proporcional ou

totalmente exposta à ação do sol. É preciso salientar que, durante a germinação de sementes, a

evaporação da água tem uma grande importância porque pode reduzir a disponibilidade de

água para o estabelecimento e desenvolvimento das plantas.

A adoção do plantio direto em culturas irrigadas tem se mostrado um importante

caminho para redução do uso da água, onde o solo com cobertura de palha ou vegetação não

fica exposto diretamente à radiação solar, vento e calor. Esta técnica, já utilizada com sucesso

na região noroeste do RS, possibilita que a água da precipitação e da irrigação permaneça por

mais tempo no solo.

O estudo sobre solo é complexo, pois envolve uma série de variáveis. As principais

variáveis físicas são: estrutura, compactação, textura, teor de umidade, densidade, e

condutividade hidráulica, a natureza dos minerais e a disponibilidade de nutrientes e suas

transformações no solo. A água é um elemento importante no mecanismo de movimento de

nutrientes. Por esta razão, o movimento da água no solo fornece elementos para aumentar a

produtividade dos cultivos.

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O presente trabalho é parte do Projeto de Pesquisa “Movimento de Nutrientes na

Planta” da linha de pesquisa Modelagem Matemática dos Processos de Transporte, do

Mestrado em Modelagem Matemática da UNIJUÍ.

A dissertação é composta por 6 capítulos, onde:

No Capítulo 1 é apresentada uma introdução, enfatizando a importância dos

mecanismos que envolvem o sistema água, solo e planta nas atividades de cultivo.

No Capítulo 2 é feita uma revisão bibliográfica, onde são apresentados os conceitos

básicos utilizados e os específicos a serem abordados no trabalho.

No Capítulo 3 é apresentado o modelo matemático que descreve o movimento da água

nos solos e as condições de contorno para as duas hipóteses de cálculo de evaporação.

No capítulo 4 é apresentado o método numérico (Diferenças Finitas) utilizado para a

resolução da equação diferencial parcial, e os fluxogramas dos programas computacionais

implementado para descrever o movimento da água no solo.

No capítulo 5 é apresentado análise dos resultados sobre as hipóteses propostas para

este trabalho.

No capítulo 6 apresentam-se as conclusões.

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2-Revisão bibliográfica

A água do solo tem sido pesquisada em diferentes áreas, com múltiplas aplicações. Na

engenharia civil, a redistribuição da água é extremamente importante, porque, em barragens

de terra, a determinação da quantidade de água que percola, sob os maciços e fundações é

fundamental para o cálculo da estabilidade da obra, enquanto, que em lagos de rejeitos, a

percolação pode ocasionar contaminação do lençol freático (SOUZA PINTO, 2000).

As estimativas da taxa e quantidade de água de drenagem que contribuem para novos

conhecimentos nas camadas mais profundas do solo são muito investigadas fatores que

determinam as perdas de água do solo por drenagem interna podendo permitir a utilização de

técnicas e objetivam controlá-la. Essas estimativas constituam-se num poderoso instrumento

de avaliação para profissionais da água interessados em estudos hidrológicos, mediante

utilização de programas de computação de fácil acesso e manuseio (SISSON & PITTS, 1988).

Para a agricultura, o interesse no estudo do solo situa-se em diferentes setores, tais

como na composição (elementos químicos e biologia do solo), nas propriedades físicas

(compactação e fluxos), no teor de água (quantidade de água armazenada e disponiblidade às

plantas), na evapotranspiração (evaporação de água do solo e transpiração das plantas) e nas

transformações do solo devido à ação do manejo ou da água, responsável pelo movimento de

nutrientes para as plantas.

Segundo Reichardt (1990), o solo é um sistema complexo, constituído de materiais

sólidos, líquidos e gasosos. As partículas sólidas formam uma estrutura porosa tal que os

espaços vazios, denominados poros, têm a capacidade de armazenar líquidos e gases.

A parte sólida é constituída principalmente de minerais classificados, de acordo com o

tamanho médio dos grãos, em areia, limo (ou silte) e argila. A distribuição de tamanho dessas

partículas determina a textura do solo. A acomodação dessas partículas, juntamente com os

efeitos cimentantes de materiais orgânicos (húmus) e inorgânicos, determina a estrutura do

solo.

A parte líquida do solo constitui-se essencialmente de água contendo minerais

dissolvidos e materiais orgânicos solúveis, a qual ocupa parte ou quase todo o espaço entre as

partículas sólidas. A água drenada para camadas mais profundas do solo ou absorvida pelas

raízes das plantas precisa ser periodicamente reposta pela chuva ou pela irrigação, para

garantir adequadamente a produção vegetal.

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O movimento da água e dos minerais do solo necessita de determinadas características

físicas do solo. Essas características dizem respeito à textura do solo, à distribuição do

diâmetro de poros no solo, estrutura, à compactação e à densidade do solo, à condutividade

hidráulica e ao movimento da água no solo, à umidade e a curva característica da água do

solo.

2.1-Textura do solo

A textura do solo refere-se à distribuição das partículas em termos de tamanho. Esse

fator determina o número de partículas por unidade de volume e a superfície de contato das

partículas com o meio. O aumento da superfície exposta com a diminuição do diâmetro das

partículas é fundamental para determinar as propriedades do solo. Essa superfície colocada à

exposição determina parcialmente, as propriedades de retenção de água e de retenção de

nutrientes.

Centurion (1997), afirma que existe maior retenção de água para solos com textura

mais fina. Portanto, solo argiloso retém mais água que os demais, principalmente a altas

tensões, ou seja, próximo ao ponto de murcha permanente (limite inferior da capacidade de

água disponível no solo que as plantas podem extrair).

Partículas menores terão uma maior superfície de contato e conseqüente maiores

retenção nos diferentes potenciais, isto é, em potenciais mais altos (baixas tensões), a retenção

de água depende fundamentalmente da capilaridade. Está, portanto, mais associada ao espaço

poroso do solo.

A textura no solo pode influenciar na maior ou menor disponibilidade de água entre os

limites hídricos superiores e inferiores.

2.2-Estrutura do solo

Segundo Uhde (1991), a estrutura do solo é considerada como uma de suas mais

importantes propriedades do ponto de vista agrícola. Ela não é considerada como um fator de

crescimento para as plantas, porém exerce influência na disponibilidade de água e ar às raízes

das plantas, no suprimento e no desenvolvimento do sistema radicular, na quantidade de água

armazenada no solo, e a resistência mecânica à penetração, entre outros.

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O termo estrutura do solo refere-se ao arranjamento das partículas do solo e do espaço

poroso entre elas; incluindo ainda o tamanho, forma e arranjamento dos agregados formados

quando partículas primárias se agrupam, em unidades separáveis (MARSHALL, 1962).

Um solo é classificado como bem estruturado ou mal estruturado, onde seu conceito

de estrutura do solo é bastante qualitativo e descritivo. No solo bem estruturado é melhor a

permeabilidade da água, dá melhores condições de aeração e penetração de raízes do que nos

solos mal estruturados. Essa estrutura poderá ser modificada, melhorada ou mantida com

adequadas práticas agrícolas.

Para HILLEL (1998), a estrutura do solo é fortemente afetada por mudanças no clima,

atividade biológica e práticas de manejo do solo, sendo ainda vulnerável a forças de natureza

mecânica e físico-química.

Para Raney e Zingg, citados por Uhde (1991), uma estrutura de solo desejável para a

agricultura necessita de poros grandes e estáveis, que se estendam desde a superfície até o

subsolo, e de poros menores ramificados entre os poros maiores, com capacidade de reter

considerável quantidade de água para o uso das raízes de plantas. Com essa combinação de

poros, acontecerá uma adequada condição para retenção, infiltração e redistribuição de água

no solo.

A degradação das propriedades físicas do solo poderá torná-lo improdutivo, quando as

condições estruturais de agregados forem escassas, e frágil. Nessa condição, ficam limitados o

movimento e a retenção de água pelo solo.

Solos destruturados apresentam baixa porosidade e, consequentemente, menor

retenção de água, onde estão mais sujeitos à erosão por apresentar baixa capacidade de

infiltração. Os solos bem estruturados apresentam porosidade ideal e grande capacidade de

retenção de água e estão menos sujeitos à erosão por terem maior capacidade de infiltração de

água (REICHARDT, 1990).

2.3-Densidade do solo

A densidade do solo relaciona-se com a compactação de cada horizonte e permite

inferir as dificuldades para a emergência, enraizamento e circulação da água e ar.

A densidade é uma propriedade física que reflete o arranjamento das partículas do

solo, definindo as características do sistema poroso. Todas as ações que influenciarem a

disposição das partículas do solo terão como conseqüência direta a alteração dos valores da

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densidade. Não existem valores características de densidade para diferentes grupos de solo.

Os valores mais baixos estão sempre associados a solos ou camadas de solos com

estrutura granular, ao passo que os valores mais elevados estão associados a estrutura do tipo

em blocos ou similar, esses valores dependem também do teor de argila, arenosos são mais

densos e argilosos menos densos. Poderá haver alteração com o manejo do solo, isto é, se

ocorrer alteração na disposição das partículas do solo.

Segunda Souza & Cogo (1978), tanto na camada arável como na subjacente, a

densidade do solo e a porosidade sofrem mudanças pelo cultivo, provocando alteração na

relação massa / volume de solo.

A densidade do solo sd (ou massa específica) é definida pela razão entre a massa de

uma amostra de solo e o volume que ela ocupa.

s

ss V

md = (2.1)

onde

sm massa de solo seco )(g

sV volume de solo )( 3cm

Os resultados sobre a densidade dos solos apresentados por Reichardt (1968), estão

nos anexos dessa dissertação.

2.4-Compactação do solo

A compactação do solo está diretamente ligada à estrutura. Como o solo é um material

poroso, por compressão, a mesma massa de material sólido pode ocupar um volume menor.

Isso afeta sua estrutura, o arranjo de poros, o volume de poros e as características de retenção

de água (REICHARDT, 1990).

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As formas mais comuns de quantificar a compactação são através da densidade global

e da porosidade total. Em geral, com a diminuição da porosidade ocorre o aumento da

densidade do solo.

O solo compactado possui características como: a baixa infiltração de água, raízes

deformadas e estruturas degradadas. Também, pequenas estiagens podem trazer como

conseqüência, a deficiência de água nas plantas em solos compactados.

2.5-Distribuição do diâmetro de poros no solo

O conhecimento da distribuição do tamanho dos poros permite inferir sobre a

drenagem do solo e a disponibilidade de água para as plantas (HILL, 1990). A relação entre

volumes é definida como a porosidade do solo.

No entanto, é a geometria dos vazios e suas interconexões que controlam o movimento

da água no perfil (PORTA CASANELLAS et al., 1994). Para um mesmo solo, a porosidade

total está inversamente relacionada com a densidade. Assim, a partir de valores diferenciados

de densidade do solo, pode-se estimar maior ou menor porosidade total, não se obtendo,

porém, informação sobre a distribuição do tamanho dos poros (DERPSCH et al., 1996; HILL,

1990; PORTA CASANELLAS et al., 1994).

O cultivo e as culturas afetam o espaço poroso; no entanto, a profundidade do solo é

negativamente correlacionada com os espaços porosos. Quando maior a porosidade, maior a

capacidade de solo em armazenar água; portanto, os solos de textura fina têm maior

capacidade de retenção e disponibilidade de água do que os de textura grosseira.

2.6-Condutividade hidráulica do solo

Infiltração, permeabilidade e condutividade hidráulica têm significados idênticos

porque refletem a capacidade de um solo se deixar atravessar pela água . A condutividade

hidráulica é função do teor de água no solo e é máxima em condição de saturação. Na medida

em que a umidade diminui, a condutividade hidráulica decresce normalmente na forma

exponencial (LIBARDI, 1995).

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A condutividade hidráulica depende das propriedades que têm reflexo na geometria da

porosidade disponível para o fluxo, tais como a distribuição do tamanho e forma de partículas,

a tortuosidade do sistema, a superfície específica, a umidade, entre outras. Quanto ao fluído, a

sua viscosidade é o fator mais importante (JURY et al.,1991; LIBARDI, 1995).

Acompanhando a umidade do solo em diferentes profundidades e caracterizando a

variação de armazenamento e os potenciais matriciais durante um período em que o solo

perde água por drenagem, pode-se determinar uma série de valores de condutividade para

diferentes umidades. Reichardt et al. (1979) sugerem cuidados ao analisar os resultados

obtidos pelo método devido à grande variabilidade espacial do solo para os parâmetros

envolvidos. Outros sim, a exponencialidade da relação entre a condutividade hidráulica e a

umidade volumétrica faz com que um pequeno erro na estimativa de umidade possa resultar

em valores de condutividade hidráulica de outra ordem de grandeza.

A condutividade hidráulica do solo é, dentre as propriedades físicas do solo, a de mais

alta variabilidade. A variabilidade maior ocorre nas camadas mais superficiais e, como as

camadas superficiais são de maior interesse em estudos de balanço hídrico e da relação solo-

planta, determinações da condutividade hidráulica )(Θk versus Θ teor de água adimensional

devem ser sempre analisadas, considerando essa grande variabilidade (JONG VAN LIER, &

LIBARDI, 1999).

Os métodos de campo requerem alto investimento de tempo e mão-de-obra; por isso,

avanços em estudos para a determinação da função )(Θk foram feitos baseados em dados

obtidos a partir da curva de retenção de água no solo.

Segundo Pereira et al. (2001) observaram que os valores da condutividade hidráulica

obtidas no campo apresentaram a mesma tendência encontrada nos testes de laboratório, isto

é, quanto maior a profundidade estudada menor a condutividade hidráulica. Esses resultados

são coerentes quando se analisa os valores de porosidade total e macroporosidade do solo,

caracterizando a influência dos tamanhos dos poros no movimento de água no solo. Solos

com textura mais grosseira, no caso arenoso, apresentam valores maiores de condutividade

hidráulica.

O modelo estatístico mais usado é o de Mualem (1976), desenvolvido a partir de bases

teóricas para o estudo do movimento da água em solos não saturados introduzidos por

Marshall (1958), que relacionam a condutividade hidráulica à distribuição do diâmetro de

poros do solo. Mualem (1976) testou um modelo com base em dados de quase cinqüenta solos

de diferentes lugares do mundo. Com base nesse modelo, Van Genuchten (1980) desenvolveu

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um conjunto de equações que relaciona a curva de retenção de água no solo com a curva de

condutividade hidráulica.

2.7-Teor de água do solo

A fase líquida (água) pode ocupar, parcialmente ou totalmente, os poros do solo.

Quando o espaço poroso está totalmente ocupado de água, o solo é dito solo saturado

(LIBARDI, 1999). O solo não saturado é aquele cujo espaço é parcialmente ocupado com

água e parcialmente cheio com ar. De modo geral, os solos se encontram não saturados de

água, mesmo assim armazenam considerável quantidade, parte da qual pode ser utilizada

pelas plantas.

A umidade do solo (ou teor de água, ou conteúdo de água) é o índice mais básico para

quantificar a água em uma amostra de solo. Tradicionalmente, a umidade do solo tem sido

expressa de duas maneiras: à base de massa ( µ ), ou à base de volume (θ ) (LIBARDI, 1999).

A umidade do solo à base de massa é obtida pela equação:

s

su

m

mm −=µ (2.2)

onde

sm massa de solo seco ( )g

um massa de solo úmido )(g

e à base de volume pela equação:

wsu d

V

mm/

−=θ (2.3)

onde

wd densidade da água )/( 3cmg

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sm massa de solo seco )(g

um massa de solo úmido )(g

V volume de solo )( 3cm

Para cálculos que envolvem água no solo, θ é mais usada do que µ , porém em

laboratório é mais simples quantificar-se µ . De (2.2) e (2.3) podemos escrever:

V

msµθ = (2.4)

Como V

ms é a densidade do solo, para obter o valor da umidade volumétrica θ , a

partir de µ, basta multiplicar o valor de µ pela densidade do solo sd .

sd.µθ = (2.5)

Existem métodos diretos e indiretos para determinar o conteúdo de água do solo. Os

métodos diretos consistem na medida direta do conteúdo de água de uma amostra,

basicamente por evaporação, dividindo-se em: método gravimétrico com secagem em estufa e

método gravimétrico com secagem em forno microondas. Os métodos indiretos se baseiam na

medida de propriedades físicas e físico-químicas do solo que sejam proporcionais ao conteúdo

de água no solo.

O método gravimétrico com secagem em estufa, que é o mais básico e considerado

padrão, consiste na remoção da amostra desejada e determinação das massas úmida e seca

com o auxílio de uma balança e estufa. Tem como desvantagens apresentar certa demora e ser

de caráter destrutivo. Para obter a umidade à base de volume por esse método é necessário

conhecer a densidade do solo (LIBARDI, 1999).

O método com secagem em microondas é rápido, mas tem a desvantagem de ser

destrutivo e de difícil padronização, exigindo calibrações do tempo de secagem para cada solo

em particular.

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Os métodos indiretos exigem o conhecimento de uma curva de calibração e têm a

vantagem de não serem destrutivos.

O teor de água do solo possui valores extremos, teor de água residual ( rθ ) e teor de

água saturado ( sθ ) onde rθ a umidade residual na qual a presença de água é praticamente

nula e sθ é a umidade de saturação do solo.

2.8-Movimento da água no solo

Existem duas importantes equações que quantificam o movimento da água no solo sob

condição isotérmica: a equação de Darcy para solos saturados, e a equação de Darcy-

Buckinham para solos não saturados (LIBARDI, 1999; REICHARDT, 1990).

O solo tem como uma de suas características de ser um reservatório natural de água

para as plantas. As práticas de manejo na agricultura têm como objetivo promover condições

ideais para o crescimento das culturas. Por ser um reservatório aberto para atmosfera e para os

horizontes ou camadas mais profundas do perfil de solo, uma das preocupações de técnicos e

pesquisadores é quantificar a capacidade de armazenamento desse reservatório (retenção de

água), como também os fluxos que ocorrem tanto na superfície (infiltração e evaporação),

quanto na profundidade no solo (drenagem interna). Os fluxos que ocorrem no interior do solo

fazem parte de importantes processos do ciclo hidrológico. Por exemplo, o processo de

infiltração é o movimento da água dentro do perfil de solo não cessa imediatamente e pode

persistir por muito tempo. O movimento pós-infiltração é denominado drenagem interna ou

redistribuição e se caracteriza por aumentar a umidade de camadas mais profundas pela água

contida nas camadas superficiais inicialmente umedecidas (JURY et al., 1991).

A relação entre o conteúdo de água no solo e sua retenção é fundamental para

caracterizar as propriedades hidráulicas do mesmo. Essa relação é conhecida na literatura por

vários nomes, incluindo função de retenção de água ou curva característica de água do solo

(KLUTE, 1986).

Segundo Freire (1975), as curvas características de retenção de água são específicas

para cada solo, a retenção é uma expressão da capacidade do solo para armazenar água.

De acordo com Freire (1975) e Klute (1986), vários atributos do solo podem

influenciar na retenção de água com maior ou menor intensidade, sendo mais importante as

seguintes: a umidade, a textura, o tamanho e distribuição de poros, o conteúdo de matéria

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orgânica e de óxidos de ferro livre. Reichardt (1985) mostrou que, para altos teores de água

(baixas sucções), para os quais fenômenos de capilaridade são importante na determinação do

potencial matricial, a curva característica fica na dependência da geometria dos poros, ou seja,

da disposição e do tamanho dos poros. Por outro lado, para baixos teores de água (altas

sucções), o potencial matricial praticamente independe dos fatores geométricos, sendo a

estrutura de pouca importância em sua determinação. A retenção de água nessas condições

depende basicamente da textura e da superfície específica.

De acordo com Slatier (1967), existem dois mecanismos principais pelos quais a água

é retirada no solo, que são provenientes das interfaces ar - líquido e sólido – líquido. A tensão

superficial é a principal força atuante na interface ar – água e desenvolve interfaces curvas nas

proximidades das partículas.

Através do fenômeno de capilaridade e absorção, a água é retirada do solo pelos seus

poros (REICHARDT, 1990). A capilaridade está ligada à afinidade entre as partículas sólidas

do solo e a água, havendo, porém, a necessidade de interfaces água – ar, denominados

meniscos, que apresentam uma curvatura que é tanto maior quanto menor o poro. A

capilaridade tem sua retenção de água nos solos quando os poros se apresentam

razoavelmente cheios de água. Quando um solo se seca, os poros vão se esvaziando e filmes

de água recobrem as partículas sólidas.

Para Libardi (2000), a água no estado líquido move-se quando ocorrem diferenças de

potencial entre as posições de um sistema, sendo o movimento no sentido do decréscimo do

potencial. No solo e na planta, a velocidade da água é relativamente pequena e, por isso, sua

energia cinética (energia produzida por um corpo em movimento) é geralmente desprezada. A

energia da água pode ser também gravitacional, isto é, a energia relacionada com a posição do

corpo em função de campos de força como o campo gravitacional, também conhecida como a

energia potencial gravitacional.

O estado de energia dentro do solo considera outros campos de força, além do

gravitacional, responsáveis pelos fenômenos de tensão superficial, capilaridade, adsorção, etc.

Esses fenômenos são os resultados da interação entre as partículas sólidas do solo, que são

organizadas em dada estrutura chamada matriz do solo e a água. Como é difícil separar todos

estes fenômenos por serem intrínsicos, eles são considerados em conjunto e de sua atuação

resulta a energia potencial, designada matricial. Assim, a energia potencial total da água é a

soma de todas essas energias citadas. Chamada também potencial total da água (ψ ) e cada

uma de suas partes é uma componente, assim tem-se.

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ompg ψψψψψ +++= +... (2.6)

onde

gψ é o potencial gravitacional )( 2OcmH

pψ é o potencial de pressão )( 2OcmH

mψ é o potencial matricial )( 2OcmH

oψ é o potencial osmótico )( 2OcmH

O potencial gravitacional é resultado da ação da força da gravidade. Adota-se um

plano como referência (a superfície do solo), onde neste a energia é nula, é positiva acima e

negativa abaixo. A energia potencial gravitacional é dada por:

zgdwg ..=ψ (2.7)

onde

wd densidade da água (g/cm 3 )

g forca da gravidade )/( 2sm

z altura (cm)

O potencial de pressão pψ é a pressão a que água está submetida e é, na verdade,

energia por volume. Da hidrostática sabemos que a pressão em um ponto situado a uma

profundidade h é dada por:

hgd sp ..=ψ (2.8)

onde

sd densidade do solo (g/cm 3 )

g força da gravidade )/( 2sm

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h profundidade (cm)

Em um solo saturado a adsorção é nula e, nesse caso, o componente matricial é nulo

mψ =0; porém, quando o solo vai se tornando não saturado o potencial matricial fica cada vez

mais negativo. O potencial osmótico oψ está relacionado à presença de membranas

semipermeáveis das plantas; de maneira geral, no solo não existem membranas

semipermeáveis e a componente do potencial osmótico não é considerada para o movimento

de água.

O movimento da água no solo é decorrente da influência dessas forças. No caso de

solos saturados e com a presença de pequenos canais, a água pode escoar com certa

facilidade, movimentada basicamente pelas forcas gravitacionais e de pressão. Em solos não

saturados, as forcas gravitacionais e a tensão superficial não são significativas para o

movimento da água, porque não há massa suficiente para preencher os canais. A água passa a

ser adsorvida pelas partículas de solo e também passando de partícula para partícula, devido à

diferença de teor de umidade entre elas. Esse processo é chamado de difusão.

A gravidade quando atua pela sucção exercida pelas zonas não saturadas inferiores, a

água é puxada para baixo, quando esse solo encontra-se em um estado instável. A ação da

gravidade é constante, mas a ação das zonas não saturadas depende de sua condição de

umidade, quando mais secam elas são mais fina é a camada de água ao redor de cada partícula

de solo e, conseqüentemente, maior a tensão superficial ou sucção. A ação de uma zona não

saturada depende também de sua profundidade vertical abaixo, porque existe uma coluna

contínua de água ligando as partículas de solo e isso origina uma pressão hidrostática negativa

simples ou sucção. Quando essa coluna termina em um lençol freático onde existe água livre,

de potencial máximo ou sucção mínima, essa limitação de seu comprimento limita

obviamente a sucção total sobre o solo saturado acima; assim a sucção, a que um solo

saturado drenado livremente é sujeita, depende de muitos fatores. Não é certamente a mesma

para todos os solos e todas as condições (REICHARDT, 1990).

A quantificação da influência dessas forças no movimento da água é feita através da

teoria dos potenciais hídricos, descrita por vários autores, tais como Richards, Van Genuchten

e Reichardt.

Richards (1928) definiu um potencial total como sendo à soma do potencial capilar de

Buckingham e o potencial gravitacional e escreveu a equação do movimento da solução.

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Van Genuchten (1980) propôs uma função para relacionar o potencial matricial e o

teor de água do solo e outra para a condutividade hidráulica.

Reichardt (1990) elaborou um manual onde se encontra uma descrição detalhada dos

fenômenos da água no solo.

No ano de 1856, o engenheiro Henry Darcy propôs uma equação, atualmente

conhecida como lei de Darcy, sendo essa a primeira equação que possibilitou a quantificação

do movimento da água em meios porosos saturados. No entanto, precisa ser salientado que

esta equação só é válida quando se trabalha em condições de saturação, sob condições

isotérmicas, para fluxo laminar e para situações em que as interações solo-água não resultem

em variações no fluído e na condutividade hidráulica (LIBARDI, 1999).

Segundo Libardi (1999), um dos primeiros trabalhos que se tem registro que apresenta

uma equação para solo não saturados é o de Buckingham em 1907, que generalizou a equação

de Darcy e verificou que ela também pode ser aplicada para o fluxo de solo não saturado.

A equação de Darcy-Buckingham é uma equação para condições de regime

estacionário, ou seja, as características do fluxo não variam com o tempo. No entanto, a

maioria das situações reais, transientes, e para isso é necessário usar a equação da

continuidade ou equação de conservação de massa.

Em 1931, utilizando o princípio da conservação de massa e a equação de Darcy-

Buckingham, Richards apresentou a equação diferencial que rege o movimento da água nos

solos relacionando a variação do teor de água com os potenciais matricial, gravitacional,

osmótico e de pressão para solos saturados e não saturados.

2.9-Curva característica da água no solo

A curva característica de retenção de água é uma propriedade ou característica físico

hídrica do solo que relaciona o conteúdo volumétrico de água (θ ) e o potencial matricial do

solo ( mψ ). Essa curva é típica para cada solo, variando de acordo com a classe de textura do

solo, o conteúdo de matéria orgânica, o grau de compactação, a classe de solo, a geometria

dos poros e outras propriedades físicas do solo.

Van Genuchten (1980) propôs uma função de ajuste para a relação entre o teor de água

do solo e o potencial matricial.

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Muitas vezes sua determinação é feita em laboratórios, com amostras não deformadas.

Porém, um processo mais trabalhoso e demorado para fins de pesquisa é realizado

diretamente no campo.

De acordo com Silva et al. (2005), as modificações provocadas pelo revolvimento na

estrutura, distribuição do tamanho dos poros, teor de carbono orgânico, manejo, granulometria

e constituição de solo alteram as forças de retenção de água no solo. Um dos fatores importantes para a curva de retenção de água está relacionado à

irrigação ou precipitações, fornece os teores de umidade do solo sob diferentes tensões

(sucções) nos perfis do solo, propiciando os meios para estimar o teor de umidade de campo,

o ponto de murcha permanente, a água disponível, a reserva de umidade, além de esclarecer o

movimento da água nos solos e sua captação e utilização pelos vegetais (CODEVASP, 1980).

2.10-Evaporação

A evaporação é a passagem da água do estado líquido para o gasoso. É um fenômeno

complexo que depende das condições atmosféricas da disponibilidade hídrica local e das

características da superfície evaporante.

O processo físico da evaporação acontece da seguinte forma: as moléculas de água são

compostas de um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. Quando a temperatura aumenta,

implicam num aumento da força molecular, moléculas perdem força de ligação (força de

ligação do hidrogênio e escapam da superfície da água). Pode também haver alguma

condensação de volta; também é necessário um suprimento de energia (calor) para manter o

processo de evaporação.

A evaporação envolve transporte simultâneo de massa e energia. Seu cálculo pode ser

realizado a partir de dois procedimentos amplamente conhecidos e têm como princípio a

estimativa da evaporação a partir de dados climatológicos. O primeiro é conhecido como

método de transferência de massa, que determina a relação do fenômeno estudado com

pressão de vapor. O segundo é o método do balanço de energia, que considera as entradas de

energia solar e térmica e as saídas de fluxo de calor por condução, por evaporação e radiação.

A quantificação das taxas de evaporação teve início com Dalton em 1802, o qual

relacionou a evaporação com a pressão de vapor e que permanece em uso até hoje, configura

a lei que rege os métodos de transferência de massa. Ao longo dos anos, serviu como base

para o desenvolvimento de diversos métodos, tal como o balanço de energia. A obtenção da

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evaporação sobre um lago, pelo método do balanço de energia, para um dado sistema durante

um determinado tempo, o ganho de energia menos a perda deve ser igual ao armazenamento

(SILVA, 2001).

No método de Penman, foi dado o primeiro tratamento físico adequado na tentativa de

estimar a evaporação em superfície natural, utilizando dados de lagos e tanque de evaporação,

em 1948, na Inglaterra, aplicado a pequenos tanques. Essa abordagem pertence às categorias

dos chamados métodos combinados que envolvem considerações teóricas decorrentes dos

métodos de transferência de massa e do balanço de energia radiante, levando a um sistema de

duas equações com a evaporação e a temperatura como incógnitas (DIAS, 1986).

Priestley e Taylor, em 1972, excluíram o termo aerodinâmico do método de Penman,

com a vantagem de dispensar medidas de pressão de vapor sobre superfície evaporante, de

modo que a evaporação passa a ser estimada exclusivamente com o conhecimento da radiação

líquida e a temperatura da superfície (DIAS, 1986).

Segundo Roque & Sansigolo (2001), o método de Morton ou relação complementar é

baseado na interação entre superfície evaporante e o ar circulante no ambiente. A relação

complementar considera que a evaporação da superfície, pode ser igual à evaporação

potencial no ambiente terrestre úmido e pode ser igual à metade da evaporação potencial do

lago no ambiente seco, prevendo estimativas de evaporação a partir de medidas rotineiras de

temperatura, umidade e radiação global.

2.11-Evaporação direta da água no solo

Segundo Quaglia (2005), a evaporação acontece em qualquer temperatura, isto é, o

poder de retenção do vapor no ar é função da temperatura. Transferência natural de água no

estado de vapor da superfície do globo para a atmosfera interpreta-se facilmente pela teoria

cinética da matéria (moléculas têm um movimento cinético e entre as moléculas existe uma

força de coesão).

As moléculas junto à superfície são liberadas para a atmosfera. Simultaneamente com

esse escape, acontece o fenômeno inverso: partículas de água na fase gasosa, que existem na

atmosfera, chocam-se com a superfície de separação e são captadas pelo corpo evaporante

(condensação). A evaporação mantém-se até atingir o estado de equilíbrio, que corresponde à

saturação do ar com vapor de água.

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33

A evaporação é determinada pela disponibilidade de água na camada superficial do

solo e pelo saldo de radiação que chega nessa mesma superfície (ALLEN et al., 1998). Alguns

trabalhos da literatura referem-se à evaporação direta do solo, como sendo evaporação em

solos nus.

A evaporação em solos nus é governada pelos mesmos elementos meteorológicos que

influenciam a evaporação na superfície livre de água, pois a evaporação da água no solo nada

mais é que a evaporação da película de água que envolve as partículas do solo e que ocupa os

espaços existentes entre as partículas. No entanto, existe diferença que precisa ser

considerada: superfície livre de água apresenta uma condição ilimitada de evaporação pela

disponibilidade de água, enquanto no solo a água nem sempre está francamente disponível

para ser evaporada especialmente, devido à força de coesão entre as partículas ( BERLATO et

al., 1981).

Segundo Hillel (1980), existem três estágios de evaporação. Na primeira fase, a

superfície do solo possui grande disponibilidade de água e é exposta livremente à radiação

solar, umidade do ar, vento e temperatura. Nesse estágio, a evaporação é potencial. Essa fase

inicial termina quando se estabelece uma resistência ao fluxo da água na superfície do solo e a

velocidade de evaporação decresce.

Quando inicia a segunda etapa do processo de evaporação, as condições externas não

são mais de importância fundamental (HILLEL, 1980). O importante nesse segundo estágio

de evaporação, são as condições ambientais e as condições intrínsecas do solo que governam

o transporte de água dentro do perfil e, conseqüentemente, a taxa de evaporação. Quando não

existe suficiente disponibilidade de água no solo a evaporação ocorre abaixo da superfície,

onde o vapor de água atinge a superfície por difusão molecular e por fluxo de massa causado

pela flutuação da pressão do ar. Essa fase é denominada estágio de evaporação real.

A terceira etapa do processo evaporativo do solo ocorre quando existe um movimento

muito lento de água no solo e uma condutividade hidráulica muito baixa (HILLEL, 1980). A

evaporação independe das condições ambientais, pois seu valor é muito baixo e torna-se

dependente das propriedades físicas do solo.

É necessário salientar, que, para a evaporação do solo ocorrer, são necessários alguns

elementos de clima, tais como exposição à radiação solar, deslocamento e umidade do ar e

variação de temperatura.

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2.12-Descrição dos experimentos e equipamentos

Reichardt (1968) coletou várias amostras de solos Ibitiruna e Sertãozinho, homogeneizadas, secadas a sombra e peneirada por peneira de 2 mm. Em seguida o solo foi levado à estufa a 105°C, nela permanecendo até peso constante. O solo seco foi colocado nos recipientes de dimensões 10 x 5 cm e 30 cm de altura e compactado por meio de vibrações até o momento em que não se percebia mais variações de volume. Este foi umedecido lentamente a fim de não provocar variações em sua estrutura, até a saturação. Para a determinação dos teores de água foi utilizada a fonte de radiação gama de energia (Césio), onde, o sistema de detecção das radiações emitidas pelo Césio empregou-se um detector de cintilação e um analisador de impulsos, este método baseia-se no principio de absorção da radiação gama pela matéria. Os solos Ibitiruna e Sertãozinho apresentam as seguintes características físicas das amostras empregadas: solo Ibitiruna 91,2% de areia 4,3% silte e 4,5% de argila, já para o solo Sertãozinho 82,5% de areia 1,3% de silte e 16,2% de argila. A evaporação da água do solo foi controlada pelo uso de um ventilador, variando-se a velocidade do vento, em laboratório da ESALQ, fechado com condições de temperatura e umidade razoavelmente constante. Reichardt (1968) afirma que validou seu trabalho pelas diferenças de massas das amostras.

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35

3-Modelo matemático

A modelagem matemática é um método científico que nos permite entender,

compreender e explicar fenômenos do mundo real. O modelo matemático descreve através de

relações matemáticas o objeto estudado (BASSANEZI, 2002).

Considerando a forma das amostras e as condições experimentais descritas em

Reichardt (1968), foi desenvolvido um modelo matemático para o cálculo da evaporação na

forma de uma equação diferencial parcial, com condições de fronteiras considerando duas

possibilidades: primeira e segunda espécie.

A equação de Richards, cuja dedução pode ser encontrada em Libardi (1995), é

conhecida e usada amplamente para descrever a dinâmica da água em solos, cuja massa

específica e textura são homogêneas em todos os pontos.

Neste capítulo, apresentam-se a descrição da equação de Richards que rege o

movimento de água em solos, as hipóteses apresentadas sobre evaporação e problema inverso

para o cálculo da evaporação.

3.1-Modelo para movimento da água no solo (Problema Direto)

O modelo matemático que descreve o movimento da água no solo, em condições

isotrópicas foi obtido a partir da equação de conservação de massa e da equação de Darcy-

Buckingham, conhecida como equação de Richards.

Equação de Richards em coordenadas cartesianas ortogonais.

∂Θ

∂+

∂Θ

∂+

∂Θ

∂=

Θ∂

zk

zyk

yxk

xt zyx

ψψψ)()()( (3.1)

A equação de Richards pode ser escrita de outras formas. Neste trabalho, será escrita

para o movimento de água em solos não saturados na forma unidimensional.

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36

z

K

zK

ztm

Θ∂+

Ψ∂Θ

∂=

Θ∂ )()( 0 < z < H e t > 0 (3.2)

onde

Θ é o teor de água volumétrica adimensional do solo.

Ψm é o potencial matricial )( 2OcmH .

)(Θk é a condutividade hidráulica )/( scm .

t é o tempo (dias).

z é a altura de solo (cm).

H é a altura da coluna de solo (cm).

A equação (3.2) descreve o movimento de água na coluna de solo com determinadas

condições de contorno. Neste trabalho, foram consideradas duas hipóteses como condições de

fronteira:

1ª Hipótese: da taxa de variação constante do teor de água na superfície da coluna de solo

Etq =),0("

onde ℜ∈E , t > 0 (3.3)

0),( =∂

Θ∂tH

z t > 0 (3.4)

)()0,( 0 zz Θ=Θ 0 < z < H (3.5)

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37

2ª Hipótese: teor de água na superfície da coluna de solo ajustado com base em dados

experimentais.

)(),0( tft =Θ t > 0 (3.6)

0),( =∂

Θ∂tH

z t > 0 (3.7)

)()0,( 0 zz Θ=Θ 0 < z < H (3.8)

3.2-Cálculo do potencial

O potencial que envolve o modelo proposto é o matricial ( mΨ ). Para obter

experimentalmente é realizado o ajuste da curva característica do solo, um modelo empírico e

versátil foi proposto por Van Genuchten (1980).

[ ]mn

m

rsr

aΨ+

−+=

1

)( θθθθ (3.9)

onde

sθ é o teor de água volumétrica saturada )/( 33 cmcm

rθ é o teor de água volumétrica residual )/( 33 cmcm

nma ,, são parâmetros do ajuste de curvas

O teor de umidade adimensional Θ é expresso por

rs

r

θθ

θθ

−=Θ (3.10)

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Substituindo (3.9) em (3.10), Θ também pode ser expresso por

[ ]mn

maΨ+=Θ

1

1 (3.11)

Logo, o potencial matricial é expresso por

n mm a

11 /1 −Θ=Ψ − (3.12)

Mualem (1976) e Van Genuchten (1980) desenvolveram uma equação para determinar

a condutividade hidráulica para solo não saturado, por meio de parâmetros da curva de

retenção de água no solo.

[ ]2/0 )1(1)( mmllkk Θ−−Θ=Θ (3.13)

onde

0k é a condutividade hidráulica do solo saturado )/( scm .

m é o parâmetro da curva característica.

l é um parâmetro considerado por Mualem (1976) igual a 2.

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39

3.3-Cálculo da evaporação

Os dados de Reichardt (1968), segundo o autor, referem-se à primeira fase da

evaporação, onde a evaporação é constante. Neste caso, a taxa de variação de E em relação ao

tempo e ao teor de água médio são nulas.

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Eew VVV −=∆ (3.16)

onde

∆Vw variação do volume de água na célula (cm3)

Ve volume de água que entra na célula da superfície (cm3)

VE volume de água evaporada (cm3).

O volume de água que entra na célula da superfície, proveniente da célula

imediatamente abaixo foi calculado com base na Lei de Darcy (LIBARDI, 1995): o fluxo de

vapor de água é proporcional ao gradiente do potencial matricial entre as duas primeiras

células.

z

t1

t2A)(Kq

ΨΨθ

−= (3.17)

onde

q fluxo de água que atravessa uma seção de solo (cm3/dia)

ψt

j

potencial matricial na célula j e instante t )( 2OcmH

A área da seção de solo (cm2)

K condutividade hidráulica (cm/dia)

∆z comprimento de cada célula (cm)

Todos os elementos do lado direito da equação (3.17) são conhecidos. Portanto o fluxo

de água pode ser calculado para cada iteração temporal e, se multiplicado pelo intervalo de

tempo, resulta no volume de água que entra na célula da superfície.

Ve = q ∆t (3.18)

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41

O volume de água evaporada é obtido resolvendo a equação (3.15) para VE.

tEAEV ∆= (3.19)

Levando as equações (3.18) e (3.19) na equação (3.16) e denotando ∆Vw =Vo – Vf ,

obtém-se o volume de água final na célula da superfície.

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42

O teor de água na célula da superfície é calculado por

sc

f

V

Vt =),0(θ (3.22)

onde

scV é o volume de solo da célula (cm3)

2ª Hipótese: O teor de água da primeira célula é ajustado de acordo com os dados

experimentais.

A 2ª hipótese tem como base simplesmente os dados experimentais da camada

superficial de solo. Duas alternativas foram consideradas:

Ajuste linear: analisando a distribuição dos dados do teor de água na primeira camada

de solo em Reichardt (1968), foi observado que, para uma parcela significativa do tempo

monitorado, tais dados apresentam tendência linear. Essa observação tem sentido, pois o teor

de água médio, o qual é influenciado diretamente pelo teor de água da superfície, tem taxa de

variação negativa e constante, de acordo com a eq. (3.23). Assim, o teor de água da primeira

célula foi calculado ajustando os dados experimentais de acordo com a equação.

bat)t( +=θ (3.23)

onde

a e b são parâmetros de ajuste

θ(t) é o teor de água da primeira célula para cada instante de tempo (cm3/ cm3)

Ajuste exponencial: considerando a distribuição dos dados do teor de água na

primeira camada de solo em Reichardt (1968), foi observado que no final do intervalo

aparentemente linear, a taxa de variação do teor de água tende a zero, podendo

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43

caracterizar a passagem para a segunda fase de evaporação, com uma tendência

assintótica do teor de água residual.

rcte)r1()t( θθθθ +−−= (3.24)

onde

c é um parâmetro de ajuste

θ1 é o teor de água da primeira célula no instante t = 0 dia (cm3/ cm3)

θ r é o teor de água residual (cm3/ cm3).

3.4-Estimação da evaporação (Problema Inverso)

“Resolver um problema inverso é determinar causas desconhecidas a partir de efeitos

desejados ou observados”. (ENGL et al., 1996).

Problemas Diretos têm como objetivo a determinação dos efeitos a partir do

conhecimento das causas, enquanto Problemas Inversos têm como objetivo a estimativa de

causas a partir do conhecimento dos efeitos. A figura 1, mostra de maneira pictórica a relação

entre problema direto e inverso. Causas, num modelo matemático, são as condições iniciais e

de contorno, termo de fontes/sumidouro e propriedades do sistema (material). Efeitos são as

propriedades calculadas a partir de um modelo direto, como o campo de temperatura,

concentração de partículas, corrente elétrica, teor de água, entre outros (VELHO, 2001).

Figura 1–Representação esquemática de problema direto e inverso

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As dificuldades encontradas na solução de problemas inversos residem basicamente no

fato deles serem matematicamente classificados como mal-postos, ao contrário dos problemas

diretos. No início deste século o matemático francês Jacques Hadamard definiu um problema

bem posto como sendo aquele que cumpre as três condições:

i) A solução existe;

ii) A solução é única;

iii) A solução tem uma dependência continua (suave) com os dados de entrada.

Portanto, se alguma das condições acima não é satisfeita o problema é dito mal-posto.

Neste trabalho o problema direto é a solução da equação de Richards (eq.3.2) com as

condições de fronteira de fluxo de massa em z=0 eqs.(3.3) a (3.5) cuja formulação mais

detalhada encontra-se nas eqs. (3.15) a (3.20). A resolução do problema inverso consiste na

estimativa da evaporação E, da eq.(3.15), de tal forma que o erro d seja minimizado na

eq.(3.21). Esse processo é resolvido numericamente, através de um algoritmo detalhado no

capítulo 4 dessa dissertação.

3.5-Cálculo da condutividade hidráulica

A condutividade hidráulica foi calculada através da eq. (3.13) em função do teor de

água em cada ponto, com base nos parâmetros da eq.(3.9), o solo Sertãozinho apresenta teores

de água maior comparado com o solo Ibitiruna e consequentemente o solo Sertãozinho possui

uma condutividade hidráulica maior em relação ao Ibitiruna.

A condutividade hidráulica do solo Ibitiruna em condições de saturação, utilizada

neste trabalho foi de 64,8 cm/dia, e do solo Sertãozinho foi de 82,8 cm/dia,

(REICHARDT, 1968).

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45

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

10

20

30

40

50

60

70

80

90

teor de água (ad)

Condutivid

ade h

idrá

ulic

a(c

m/s

)

solo Ibitiruna

solo Sertãozinho

Figura 2-Condutividade hidráulica dos solos Ibitiruna e Sertãozinho.

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4-Métodos numéricos

A utilização de métodos numéricos para a modelação de fenômenos físicos ganhou

espaços nos mais variados ramos da ciência, devido à não-linearidade dos fenômenos e à

gama de escalas envolvidas.

O método numérico utilizado para resolução da equação diferencial parcial (3.2) foi o

Método das Diferenças Finitas (MDF). Neste capítulo são apresentados os métodos de ajustes

de curvas, a discretização da equação citada e os fluxogramas dos programas computacionais.

4.1-Ajuste de curvas

Foram realizados dois tipos de ajustes de curvas: ajuste linear e não-linear. O ajuste

linear foi aplicado sobre a equação (3.23) referente à 1ª Hipótese, usando os dados

experimentais de Reichardt (1968), para o teor de água na primeira camada de solo. Tal ajuste

tem como fundamento o Método dos Mínimos Quadrados, exposto abaixo na sua forma

matricial.

Sejam ),...,,( 21 ntttz =→

e ),...,,( 21 nΘΘΘ=Θ→

os dados experimentais de tempo e teor

de água, respectivamente. Sejam a, b, os parâmetros a ajustar da eq.(3.23). Substituindo os

elementos de →

z e →

Θ na eq.(3.23), obtém-se um sistema de equações lineares, na forma

bat

bat

bat

nn +=Θ

+=Θ

+=Θ

22

11

(4.1)

que escrito na forma matricial, torna-se

→→

=Θ xA. (4.2)

onde

Θ é o vetor dos teores de água

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48

2º. Passo: Calcular S estimada, )y,...,y,x,...,x,x(fS k1pm

p2

p

1est = , para cada conjunto de

valores }x,...,x,x{X pm

p2

p

1= . Cada conjunto X é uma possível solução ótima do problema de

ajuste. Assim, são obtidas N=nm soluções Sest.

3º. Passo: Calcular o vetor das diferenças entre as soluções estimadas e os dados

experimentais: expest SSd −=r

.

4º. Passo: Identificar o menor valor (dmin) dentre os componentes do vetor dr

e as

correspondentes posições p, do conjunto )x,...,x,x(X pm

p2

p

1= que gerou dmin . O conjunto X

é a melhor solução dentre as N soluções obtidas, considerando os atuais intervalos

]x,x[ nj

1j

e as n componentes dos vetores j

xr

.

5º. Passo: Refinamento da solução. Definir ∆x1, ∆x1 , ..., ∆xn tal que 2/)xx(x 1j

njj −<∆

e redefinir 1j

x e nj

x para cada j.

6º. Passo: Repetir os passos 2 a 5 até que dmin não apresente variação significativa, ou

ε<−+ kmin

1kmin

dd

onde ε é o critério de precisão.

Para o ajuste da equação (3.12) foram considerados três parâmetros, portanto m = 3.

4.2-Discretização da equação de Richards

Para a discretização da equação (3.2) foi usado o método das Diferenças Finitas

Centrais (CDS – Central Difference Scheme), com o esquema temporal explícito, por se tratar

de um problema onde predomina a difusão, devido à reduzida velocidade com que a água se

desloca no solo.

A dedução da discretização das variáveis do MDF é obtida aplicando a fórmula de

Taylor, truncada de acordo com a ordem de precisão desejada. As aproximações dadas em

(4.6) e (4.7) são comumente usadas e sua dedução pode ser encontrada em

(MALISKA, 1985).

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49

Derivada de 1ª ordem em relação ao tempo:

t

XX

t

Xn

jiji

n

−≈

∂+

,,

1

(4.6)

Derivada de 1ª e 2ª ordem em relação ao espaço:

z

XX

z

X ji

n

ji

n

−≈

∂ −+

21,1,

2

1,,1,

2

2 2

z

XXX

z

X ji

n

ji

n

ji

n

+−≈

∂ −+ (4.7)

onde

X é uma variável genérica

n e 1+n referem-se aos valores de variáveis na interação passada e atual

respectivamente.

Para pequenos intervalos de tempo t∆ , a condutividade pode ser considerada

constante. Com essa hipótese, a eq.(3.2) pode ser escrita da seguinte forma:

z

K

zK

t ∂

Θ∂+

∂Θ=

Θ∂ )()(

2

2ψ (4.8)

Substituindo as equações (4.6) e (4.7) na eq.(4.8) e usando Θ=X , ψ (para facilitar o

trabalho a escrita, neste capítulo será usada simplesmente ψ ao invés de mψ ) e K conforme

esta equação.

≈∆

Θ−Θ+

t

n

jiji

n

,,

1

−+

+−Θ

−+−+

z

kk

zK jijiji

nn

ji

n

ji

2

2)( 1,1,

2

1,,1, ψψψ (4.9)

ou explicitando ji

n

,

1+

Θ

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51

Figura 3-Fluxograma do programa computacional do cálculo da evaporação da 1ª hipótese.

Início

Definição da malha, H, dz nº de pontos

Estimação de nE

Condições iniciais

Cálculo de ),( tzθ

( )2

,exp,1

ΘΘ∑ −==

i

jest

i

j

n

i

d

dEEE nn +=+1

Escolha do melhor E

Cond. Iniciais

Cálculo de

θ (z,t) com otE

Saída de dados

Fim

Entrada de dados

),( tzΘ exper.

nmasr ,,,,θθ

Bloco 1

Bloco 2

Bloco 3

Bloco 4

Até n=N

Bloco 5

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52

Bloco 1 – Entrada de dados

Entrada de dados experimentais, tais como: teor de água residual, teor de água do solo

saturado, condutividade hidráulica para o solo saturado, dados dos teores de água para

diferentes profundidades e tempo e parâmetros de ajuste da curva característica.

Bloco 2 – Definição da malha

Neste bloco é feito o cálculo da malha de diferenças finitas.

Bloco 3 – Cálculo do fluxo ótimo: (problema inverso)

Neste bloco são estimados valores de E e resolvido o problema direto. A solução do PD é

comparada com os dados experimentais e é calculado a diferença “d “ para cada estimativa de

E, logo após é escolhido o valor de E que minimiza “d “.

Bloco 4 – Problema direto com E ótimo

Calculo do teor de água com o E ótimo.

Bloco 5 – Saída de dados

São apresentados os gráficos referentes às simulações, comparados com os dados

experimentais.

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Figura 4–Fluxograma do programa computacional do calculo da evaporação da 2ª hipótese.

Início

Ajuste de ),0( tθ

Definição da malha H, nº de pontos, dz

Cond. Iniciais

Cálculo de ),( tzθ

E

Saída de dados

Fim

Entrada de dados

),( tzΘ exper.

nmasr ,,,,θθ

Bloco 1

Bloco 2

Bloco 4

Bloco 5

Bloco 3

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54

Bloco 1 – Entrada de dados

Entrada de dados experimentais, tais como: teor de água residual, teor de água do solo

saturado, condutividade hidráulica para o solo saturado, dados dos teores de água para

diferentes profundidades e tempo e parâmetros de ajuste da curva característica.

Bloco 2 – Cálculo do teor de água

Ajuste dos parâmetros das eqs. de reta ou exponencial em função dos dados experimentais da

1ª camada de solo.

Bloco 3 – Definição da malha

Neste bloco é feito o cálculo da malha de diferenças finitas.

Bloco 4 – Problema direto

Neste bloco é calculado o teor de água em função de z e t usando as condições de fronteira a

1ª e 2ª hipóteses, além da quantia de água evaporada.

Bloco 5 – Saída de dados

São apresentados os gráficos referentes às simulações, comparados com os dados

experimentais.

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5-Análise dos resultados

Neste capítulo são apresentados os ajustes das curvas características dos solos

Ibitiruna e Sertãozinho, os resultados sobre evaporação direta do solo e as simulações

realizadas pelos modelos matemáticos propostos para descrever a evaporação.

5.1-Curva característica de água dos solos

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

2

4

6

8

10

12

Teor de água (adimensional)

Pote

ncial M

atricial (log c

m H

2O)

dados exp

dados calculados

Figura 5-Curva característica do solo Ibitiruna. Com parâmetros a=0,4450; m=0,1900; n=13,1333; rθ =0,0842; sθ =0,525.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

2

4

6

8

10

12

Teor de água (adimensional)

Potencial Matricial (log cm H

2O)

dados exp

dados calculados

Figura 6-Curva característica do solo Sertãozinho. Com parâmetros a=0,3400; m=0,3850; n=8,1500; rθ =0,0842; sθ =0,540.

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Os solos Ibitiruna e Sertãozinho são típicos da região de Piracicaba SP e possuem

características físicas de solos arenosos.

As figuras 5 e 6 apresentam os ajustes não lineares realizados para equação (3.12),

com o algoritmo exposto no capítulo 4 com programação própria no software matlab. O

coeficiente de determinação obtido foi 2R =0,9902 e 2R =0,9884 o que indica uma correlação

altamente significativa para o solo Ibitiruna e Sertãozinho, respectivamente. A comparação

das curvas dos dois solos mostra que solo Ibitiruna apresenta potenciais mais baixos que o

solo Sertãozinho para os mesmos teores de água, indicando menor capacidade de retenção de

água por ser um solo mais arenoso comparado com o Sertãozinho.

5.2-Sobre o modelo e a dinâmica da água nos solos

A Figura 7 apresenta a distribuição de água no solo em função do tempo e do espaço,

em uma simulação com o solo Ibitiruna e condição de fronteira com teor de água ajustado

linearmente (2ª hipótese, ajuste linear), facilmente identificada pela reta em z = 0. Observa-se

a irregularidade da condição inicial (dados experimentais) ao longo do eixo z, para t = 0, e a

regularização posterior, resultado da ação da difusão da água. A ação da evaporação diminui o

teor de água nas camadas próximas à superfície, fazendo com que, pela diferença de potencial

matricial, a água se desloque no sentido de baixo para cima até atingir a superfície e ser

liberada em forma de vapor de água para atmosfera.

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0

10

20

30

0

2

4

6

8

10

12

0

0.5

1

z (cm)t(dias)

Teor de á

gua (ad)

Figura 7-Superfície de teor de água adimensional em função do tempo e profundidade

5.3-Sobre o cálculo da evaporação

A Tabela 1 apresenta a evaporação média (E, em cm/dia) referente aos dados

experimentais e às simulações, considerando as duas hipóteses descritas no capítulo 3.

Os dados de Reichardt (1968) estão disponíveis nos anexos e referem-se a

experimentos de evaporação em dois tipos de solo: Ibitiruna e Sertãozinho.

Tabela 1– Comparação da evaporação (Evaporação em cm/dia)

Simulações

Hipótese 2

Tipo de solo Evaporação

Experimental Hipótese 1

Linear Exponencial

Ibitiruna 0,8 0,758 0,792 0,779

Ibitiruna 0,260 0,337 0,290 0,244

Sertãozinho 2,240 1,670 2,220 2,168

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As Figuras 7 a 13 apresentam as simulações e dados experimentais referentes ao solo

Ibitiruna. A Figura 8 apresenta os resultados da 1ª hipótese, com evaporação constante,

descrevendo eficientemente a tendência dos dados sobre o teor de água. É importante

observar o comportamento não linear da curva da primeira camada de solo e o gradual

acompanhamento das curvas referentes às outras profundidades. Esta não linearidade mostra

que, mesmo com a hipótese de evaporação constante, a taxa de variação do teor de água não é

constante, pois as camadas inferiores abastecem a primeira camada de acordo com a sua

disponibilidade de água e o valor da condutividade hidráulica, que é função do teor de água.

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Figura 8-1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo I – Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,8 cm/dia - Evaporação calculada= 0,758 cm/dia.

Nas Figuras 9 e 10 pode-se observar que ambas as alternativas linear e exponencial

descrevem razoavelmente bem a distribuição da água no solo. Porém, a distribuição linear

tende a zero nos últimos instantes monitorados, enquanto que a exponencial descreve melhor

a passagem para a segunda fase de evaporação, quando o teor de água na superfície varia com

pequenas taxas.

0 2 4 6 8 10 120

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

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61

A Figura 11 foi obtida com taxa de evaporação constante (1ª hipótese) e mostra, assim

como na Fig. 8, que o fluxo de evaporação constante não está associado à distribuição linear

do teor de água na primeira camada de solo. É importante observar que, nas figuras 8, 9 e 10,

as simulações descrevem bem os dados experimentais, tanto no início como no final do

período monitorado e que os valores de experimentos na tabela 1 estão bem próximos dos

valores obtidos por simulação.

0 5 10 15 20 25 300

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

tempo (dias)

Teor de á

gua (ad)

exp z=0

exp z=4

exp z=8

exp z=16

cal z=0

cal z=4

cal z=8

cal z=16

Figura 11–1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo II - Solo Ibitiruna, Evaporação potencial = 0,26 cm/dia - Evaporação calculada=0,33 cm/dia.

A comparação entre as figuras 9, 10 e 12, 13 mostra que o modelo apresenta resultados

coerentes para medições de situações de evaporação diferentes para o mesmo solo, inclusive

mostrando a redução na amplitude da variação do teor de água em função da altura. Observe-

se que, na figura 12, a 2ª hipótese (ajuste linear) descreve melhor a tendência dos dados que a

hipótese exponencial para os primeiros 20 dias. Para os últimos 10 dias, a hipótese

exponencial é mais eficiente.

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0 5 10 15 20 25 300

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

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Figura 14-1ª Hipótese – Reichardt (1968) anexo III – Solo Sertãozinho Evaporação potencial = 2,24 cm/dia - Evaporação calculada= 1,67 cm/dia. A figura 14 apresenta um erro no cálculo da evaporação bem significativo, o que pode

ser explicado pelas correspondentes posições das curvas dos teores de água para z=0 z=8 e

z=16, as quais estão todas acima dos dados experimentais. Também foram testados outros

valores de fluxo de evaporação, porém esses mostraram uma forte queda do teor de água da

primeira camada depois do segundo dia, chegando até apresentar dados de teor de água

negativos, valores esses que não descrevem o fenômeno de forma real.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

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0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

tempo (dias)

Teor de á

gua (ad)

exp z=0

exp z=4

exp z=8

exp z=16

cal z=0

cal z=4

cal z=8

cal z=16

Figura 16-2ªHipótese (ajuste exponencial) – Reichardt (1968) anexo III - Solo Sertãozinho, Evaporação potencial = 2,24 cm/dia - Evaporação calculada= 2,168 cm/dia, com parâmetro de ajuste c= 0,5050; 2R = 0,8680.

A análise dos gráficos mostra que o valor da evaporação E tende para o valor da

evaporação obtido experimentalmente quando as curvas das simulações expressam melhor a

tendência dos dados experimentais. O cálculo da evaporação (tanto experimental como na

simulação) é feito considerando somente os estados inicial e final; por isso, mesmo que as

curvas simuladas estejam distantes dos pontos intermediários, se coincidirem no tempo final,

apresentarão valores de evaporação compatíveis com o valor calculado experimentalmente.

Porém, as simulações, neste caso, não expressariam com precisão a tendência dos dados

experimentais e, se usadas para calcular a evaporação em cada instante de tempo,

apresentariam valores bem diferentes dos obtidos experimentalmente.

Os modelos apresentados não contemplam um ajuste nas camadas mais profundas no

instante final, pressupõe que água evaporada na superfície no instante final, não é transferida

das camadas mais profundas.

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67

Figura 17-Evaporação por tempo calculada considerando a 2ª hipótese Reichardt (1968) anexo I Solo Ibitiruna, Evaporação potencial=0,8 cm/dia.

Figura 18-Evaporação em função do teor de água médio 2ª hipótese Reichardt (1968) anexo I Solo Ibitiruna, Evaporação potencial= 0,8 cm/dia.

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0 5 10 15 20 25 300.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

tempo (dias)

Te

or

de

ág

ua

(a

d)

exp z=0

exp z=4

exp z=8

exp z=16

cal z=0

cal z=4

cal z=8

cal z=16

Figura 19–1ª Hipótese (ajuste linear) Evaporação variável linearmente Reichardt (1968), anexo II Solo Ibitiruna, Evaporação potencial= 0,26 cm/dia Evaporação calculada= 0,2697cm/dia.

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6-Conclusões

1. Sobre a descrição das tendências dos dados experimentais e o cálculo da evaporação

- O cálculo da evaporação, considerando apenas os instantes inicial e final, se refere a

uma evaporação média no intervalo de tempo simulado ou monitorado. Portanto, para

que uma simulação apresente o mesmo valor de evaporação, basta que as

configurações do teor de água inicial e final em função da profundidade sejam

próximas.

- A validação do modelo não pode ser feita apenas com os dados dos instantes inicial e

final. Para que o modelo expresse a dinâmica do movimento de água no solo, deve

haver coerência entre dados experimentais e simulados também ao longo do tempo.

- Tanto os modelos de ajuste dos teores de água da primeira camada (2ª hipótese) como

o modelo de fluxo de água na superfície (1ª hipótese com fluxo constante) expressam

razoavelmente a tendência dos dados. Porém, a 1ª hipótese, com fluxo constante,

apresenta mais distorções do que as demais.

2. Sobre as afirmações 0=∂

t

E e 0=

Θ∂

m

E

- A 2ª hipótese analisada não implica em evaporação constante para todos os instantes

de tempo. Porém, após as primeiras horas, 0=∂

t

E tem pequenas variações, sugerindo

um comportamento de E próximo de uma reta constante, o que concorda parcialmente

com a tese das etapas de evaporação. Ou seja, existe um período de tempo

significativo em que a evaporação tem tendência constante.

- As simulações com fluxo de evaporação constante não têm o mesmo desempenho do

que as simulações com fluxo variável ou ajuste da primeira camada. Portanto, o fluxo

constante não deve ser usado como condição de fronteira para simular a evaporação. O

ajuste com fluxo variável, apesar de melhorar os resultados obtidos com fluxo

constante, também se constitui em imposições teóricas, que não necessariamente

levam a uma descrição coerente do comportamento dos dados experimentais.

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3. Sobre as hipóteses de ajuste linear e exponencial

- Ambas as alternativas linear e exponencial descrevem razoavelmente bem a

distribuição da água no solo. Porém, a distribuição linear faz com que o teor de água tenda a

zero nos últimos instantes simulados, enquanto que a exponencial descreve melhor a

passagem para a segunda fase de evaporação, quando o teor de água na superfície muda com

pequenas taxas. Dessa forma, a alternativa exponencial é vantajosa em relação à linear,

porque pode ser usada em dados que ultrapassem a primeira fase de evaporação. Mesmo

quando o teor de água da primeira camada apresentar taxas variáveis, a exponencial poderá

dar conta dessa variação. O mesmo não ocorre com a alternativa linear.

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Anexos

Os dados apresentados abaixo foram obtidos por Reichardt (1968).

Anexo I-Variação do teor de água com a profundidade em uma coluna de solo z =cm durante o processo de secagem por evaporação. Solo Ibitiruna, evaporação potencial 0,8 cm/dia, onde

sd é a densidade do solo.

Anexo II-Variação do teor de água com a profundidade em uma coluna de solo z =cm durante o processo de secagem por evaporação. Solo Ibitiruna, evaporação potencial 0,26 cm/dia, onde sd é a densidade do solo.

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Anexo III-Variação do teor de água com a profundidade em uma coluna de solo z =cm durante o processo de secagem por evaporação. Solo Sertãozinho, evaporação potencial 2,24 cm/dia, onde sd é a densidade do solo.

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