modelagem matemÁtica aplicada ao ensino dos · conceitos de Área e perÍmetro numa visÃo...
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MODELAGEM MATEMÁTICA APLICADA AO ENSINO DOS CONCEITOS DE ÁREA E PERÍMETRO NUMA VISÃO INTEGRADORA.
Autor (a): Marisa Belinski¹
Orientador: Sandro Aparecido dos Santos²
Resumo
O artigo tem como base o Ensino da Matemática através de abordagens voltadas para a modelagem/modelação matemática, incluindo algumas situações reais que facilitam o ensino dos conceitos de área e perímetro, pois para alguns alunos o Ensino da Matemática se torna difícil porque o que está sendo ensinado não é significativo para sua vida fora da escola. Dessa forma, o objetivo geral foi proporcionar ao aluno uma aprendizagem significativa sobre os conceitos de área e perímetro, utilizando uma abordagem integradora a partir do uso da modelagem matemática. O trabalho foi realizado na Escola Estadual Érico Veríssimo, localizada em Laranjeiras do Sul, Paraná. O mesmo propõe a análise do modelo da planta baixa da Escola e os conceitos foram trabalhados em 02 turmas da 8ª série/9°ano de formas distintas. O estudo contribuiu para a superação das dificuldades e defasagem no aprendizado por meio da aplicação de atividades significativas e interessantes. E foi possível articular aos demais conteúdos estruturantes propostos nas Diretrizes Curriculares da Educação através de situações problemas para fixar e melhorar o aprendizado dos alunos do Estado do Paraná.
Palavras-chave: Modelagem, Aprendizagem significativa, Área, Perímetro;
1 INTRODUÇÃO
Atualmente constata-se a grande importância do Ensino da Matemática
através da modelagem, pois esta tem sido utilizada como forma de quebrar a
forte dicotomia existente entre a matemática escolar formal e a sua utilidade na
vida real. Os modelos matemáticos são formas de estudar e formalizar
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_______¹ Professora de matemática do Ensino Fundamental do NRE Laranjeiras do Sul – PR, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pelo Governo do Estado do Paraná.
² Professor Doutor em Ensino de Ciências pela Universidade de Burgos-Espanha, atuando no Departamento de Física da Unicentro, Guarapuava, PR.
fenômenos do dia-a-dia, em que o aluno torna-se consciente da utilidade da
matemática para resolver e analisar problemas no cotidiano.
Para efetivar a aprendizagem é necessário que a mesma seja
significativa, o que exige a compreensão de conceitos, relacionando as
experiências anteriores e vivências pessoais do educando, ou seja,
conhecimentos prévios, permitindo a formulação de problemas interessantes
que incentivem o aprender contribuindo para a formação do cidadão,
promovendo modificações de comportamento bem como a utilização do que foi
aprendido em diferentes situações.
O estudo teve como base o Ensino da Matemática por meio de
abordagens voltadas para a modelagem matemática, incluindo algumas
situações reais que facilitam o ensino da Geometria principalmente nos
conceitos de área e perímetro, permitindo a construção e reconstrução de
conceitos.
Esse é um conteúdo de relevância social, pois nos envolvemos
diariamente com situações que envolvem mensurar tempo, temperatura,
comprimento, massa, capacidade e grandezas geométricas como perímetro,
área e volume. O tema também proporciona situações interessantes em que o
professor consegue articular diversos campos matemáticos como a aritmética,
a geometria e a álgebra.
Atualmente os estudiosos, psicopedagogos e educadores têm se
preocupado com vários problemas na aprendizagem dos alunos e um deles se
relaciona ao déficit na aprendizagem da matemática, conforme descrito por
Analgesi (2006). Alguns dos questionamentos efetuados pelos alunos são: eu
preciso aprender isso? Pra quê? Onde vou usar? Embora um dos objetivos
explícitos do Ensino da Matemática seja preparar o estudante para lidar com
atividades práticas que envolvam aspectos quantitativos da realidade, isso
acaba não acontecendo, exceto por alguns problemas de compras, pagamento
e troco, a questão continuaria válida, porque grande parte do conteúdo na
maioria das vezes, continua sendo tratado de modo totalmente desligado do
que ocorre no dia-a-dia da escola e da vida dos alunos.
Dentre estes pode-se destacar os de área e perímetro. Percebe-se que
os alunos apresentam dificuldades e defasagem em relacionar eles com o
cotidiano, pois os mesmos são abordados superficialmente em séries
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anteriores, e acabam passando despercebidos pelos educadores, e muitas
vezes o ano letivo termina sem a realização de nenhuma experiência com o
referido conteúdo, pois os educadores têm preocupação primordial em abordar
os conteúdos básicos: Números e Álgebra. O estudo das grandezas
geométricas em particular, apresenta sérias dificuldades de aprendizagem
pelos alunos. Vários estudos, entre eles os de Câmara dos Santos & Perrot
(1998), Baltar1 (1996) e Lima (1995), e avaliações nacionais e regionais de
desempenho indicam esse insucesso (Ignácio, 2010).
Com relação aos conteúdos de medidas de área e perímetro podemos
identificar que a dificuldade está em aplicá-lo em conjunto com os demais
conteúdos estruturantes e relacioná-lo com outras áreas do conhecimento. Um
fator a ser considerado é a necessidade de maior dedicação de tempo para o
conteúdo e a aplicação da modelagem matemática como metodologia para
motivação do aluno sobre a importância do aprendizado com a prática,
tornando-a significativa.
Dessa forma, o objetivo geral foi proporcionar ao aluno uma
aprendizagem significativa sobre os conceitos de área e perímetro, utilizando
uma abordagem integradora a partir do uso da modelagem matemática.
Partindo da necessidade de buscar metodologias diferenciadas para a
compreensão dos conceitos de área e perímetro por meio da aprendizagem
significativa fez-se uso da modelagem matemática para atingir o objetivo.
Assim, foram utilizados referenciais teóricos que auxiliaram na
elaboração e percepção da importância da modelagem para o ensino da
matemática, como por exemplo, os autores Biembengut e Hein (2000), que
apresentam a modelagem matemática como estratégia de ensino
aprendizagem focalizando o uso de modelos matemáticos como forma de
concretização da matemática, produzida nos diversos contextos problemáticos
da sociedade.
“A modelagem é um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são
convidados a problematizar e investigar por meio da matemática, situações
com referência na realidade”, enfatizado por Barbosa (2004, p.75). Usando
essa interação matemática com o cotidiano do educando, por meio da planta
da Escola Estadual Érico Veríssimo foi possível desenvolver atividades na
aplicação do cálculo de área e perímetro.
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Ao trabalhar modelagem matemática dá-se importância a dois itens
essenciais:
• Unir o tema a ser escolhido com a realidade dos alunos;
• Aproveitar o conhecimento e experiências vivenciadas pelos
mesmos.
O trabalho foi desenvolvido, utilizando-se como material didático o
próprio ambiente escolar que foi problematizado e analisado, pois é o ambiente
que os educandos estão inseridos grande parte do tempo. Como as atividades
foram direcionadas pelo educador, cabe ressaltar que a metodologia da
modelagem matemática utilizada baseou-se nos estudos de Biembengut e Hein
(2005) e Barbosa (2004).
Na sequência serão apresentadas as principais discussões que
envolveram o artigo, com referencial teórico, trabalhos realizados em sala de
aula, análises e conclusões.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 As Teorias de Aprendizagem
Para efetivarmos a modelagem matemática é preciso compreender
sobre as contribuições oferecidas pelas teorias de aprendizagem e
compreender como os alunos a desenvolvem.
Dessa forma, estaremos estudando algumas teorias de aprendizagem
e desenvolvendo uma reflexão que fundamenta o processo educativo e nos
dão subsídios para entender como se desenvolve o processo de aprendizagem
do aluno.
Sabemos que toda prática pedagógica bem sucedida é resultado de
conhecimento de causa, mas para que isso aconteça é fundamental conhecer
as teorias desenvolvidas por autores renomados como Piaget, Vygotski,
Ausubel, Gowin, Novak, entre outros, conforme verificaremos a seguir.
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Na teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget, e conforme descrito
por Moreira (1999) dentre as contribuições de Piaget, em suas pesquisas e
estudos referem-se ao desenvolvimento mental da criança, para os quais toma
como referência os esquemas de assimilação que ela utiliza. Segundo o autor
o desenvolvimento intelectual da criança é constituído por períodos definidos
como: sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto e operacional-
formal. Estes por sua vez podem ser subdivididos em estágios, neles a criança
vai construindo seus próprios esquemas de assimilação que evoluem à medida
que vai crescendo e conhecendo o mundo que a rodeia.
Para Piaget só haverá aprendizagem quando houver acomodação do
conhecimento, ou seja, para alcançá-lo a criança passa por diferentes
processos: o de conhecer, desequilibrar, equilibrar, acomodar e assimilar os
novos conhecimentos. Seguindo essa mesma idéia observamos que toda
assimilação é decorrente de um ato de desequilíbrio, por exemplo: a criança
tem conhecimento básico sobre uma determinada coisa, alguém lhe diz algo
contrário, se acreditar entrará em desequilibro até o momento que consiga
acomodar este novo conhecimento, conforme explicado por Moreira (1999).
Piaget fala também sobre o ambiente escolar, diz que, se este for
pobre em situações desiquilibradoras, cabe ao educador produzi-las
artificialmente, tomando cuidado para que após cada situação haja equilíbrio e
aquisição de conhecimento. Ressalta ainda que sempre que possível o ensino
deve ser acompanhado de ações e demonstrações, diz que isso é uma
oportunidade para que o aluno possa colocar em prática aquilo que aprendeu.
A respeito do ensino, Piaget diz que as supostas aptidões
diferenciadas dos bons alunos, consistem principalmente na sua capacidade de
adaptação ao tipo de ensino que lhes é fornecido, no entanto os maus alunos,
estão na realidade perfeitamente aptos a dominar os assuntos que parecem
não compreender, desde que lhes cheguem através de outros caminhos.
Nesse sentido “a idéia de ensino reversível” é útil aqui como um meio de
atenuar esse desequilibro e evitar o insucesso na aprendizagem. Portanto,
cabe enfatizar que a teoria de Piaget é uma teoria de desenvolvimento mental
e não de aprendizagem, conforme explicado por Moreira (1999).
De acordo com Kubli (1979), citado por Moreira (1999), as ações e
demonstrações devem estar sempre ligadas à argumentação, ao discurso do
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professor. Seria ilusão pensar que só o aluno é capaz de produzir
conhecimentos. A produção é gerada na medida em que tiver integrada à
argumentação do professor. A posição deste autor é provavelmente, baseada
em posições do próprio Piaget (1977):
“(...) A primeira dessas condições é naturalmente o recurso aos métodos ativos, em especial à pesquisa espontânea da criança ou adolescente e exigindo-se que toda a verdade a ser adquirida, seja reinventada pelo aluno (...) mas é evidente que o educador continua sendo indispensável para criar situações e armar os dispositivos (...) O que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço (...) No sentido inverso, entretanto, ainda é preciso que o professor não se limite ao conhecimento da matéria de ensino, mas esteja muito bem informado das peculiaridades do desenvolvimento psicológico da inteligência da criança ou do adolescente.” (PIAGET, 1977, p.178).
Já sobre a Teoria de Mediação de Vygotsky é apresentado uma
diferença de Piaget, onde o mesmo parte da premissa de que o
desenvolvimento não pode ser entendido sem referência ao contexto social e
cultural no qual ele ocorre. Além disso, ele focaliza os mecanismos por meio
dos quais se dá o desenvolvimento cognitivo. Segundo ele o desenvolvimento
cognitivo do ser humano não pode ser entendido sem referência ao meio
social. Assim sendo, o desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações
sociais em funções mentais, conforme explica Moreira (1999).
Conforme Driscoll (1995, pg. 229), apud Moreira (1999), não é por
meio do desenvolvimento cognitivo que o individuo se torna capaz de
socializar, é na socialização que se dá o desenvolvimento dos processos
mentais superiores. Então, como se convertem no individuo as relações sociais
em funções psicológicas? A resposta está na mediação, que para Vygotsky, é
típica da cognição humana.
Assim, podemos dizer que a conversão de relações sociais em funções
a mentais superiores não é direta, é mediada. Entretanto, a mediação inclui o
uso de instrumentos e signos. Instrumento é algo que pode ser usado para
fazer alguma coisa e signo é algo que significa alguma outra coisa. Existem
três tipos de signos: 1) indicadores são aqueles que tem uma relação de causa
e efeito com aquilo que significam (ex. fumaça indica fogo). 2) icônicos são
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imagens ou desenhos daquilo que significam. 3) simbólicos, são os que tem
uma relação abstrata com o que significam.
As sociedades criam não só instrumentos mas também sistemas de
signos. Ambos são criados ao longo da história, pois modificam e influenciam
seu desenvolvimento social e cultural. Assim, a combinação do uso de
instrumentos e signos é característica apenas do ser humano e permitem o
desenvolvimento de funções mentais ou processos psicológicos superiores.
Quanto mais o individuo utiliza os signos, mais vão se modificando as
operações psicológicas das quais ele é capaz. No desenvolvimento cultural da
criança toda função aparece duas vezes - primeiro em nível social (entre
pessoas), depois em nível individual no interior da própria criança. Todas as
funções mentais superiores se originam como relações entre os seres
humanos.
Diferente de outros teóricos cognitivistas, Vygotsky enfoca a interação
social. Sua unidade de análise não é nem o individuo, nem o contexto, mas a
interação entre eles. Para ele a interação é fundamental para o
desenvolvimento cognitivo e lingüístico de qualquer individuo.
Segundo Riviére (1987, p. 96), citado por Moreira (2009, p. 22),
“Desde o momento em que o desenvolvimento das funções mentais superiores exige a internalização de instrumentos e signos em contextos de interação, a aprendizagem se converte na condição para o desenvolvimento dessas funções , desde que se situe precisamente na zona de desenvolvimento potencial do sujeito, definida como a diferença entre o que ele é capaz de fazer por si só e o que pode fazer com ajuda de outros (...)” (MOREIRA, 2009, p. 22).
Para Vygotski, a linguagem (fala) é o mais importante sistema de
signos para o desenvolvimento cognitivo para a criança. Na aprendizagem de
conceitos por exemplo, a criança primeiramente inicia o nome do conceito, a
um animal específico que encontrou no seu cotidiano, e que numa interação
social, alguém lhe disse “isso é um gato”, depois de sucessivos encontros com
diferentes gatos, a criança aprende a abstrair de um caso concreto o nome do
conceito e a generalizá-lo a muitas outras situações e instâncias. Nesse
sentido, a inteligência prática se refere ao uso de instrumentos e a inteligência
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abstrata a utilização dos signos, dos quais a linguagem é o mais importante
para o desenvolvimento cognitivo. As crianças resolvem as tarefas práticas
com a ajuda da fala, assim como dos olhos e das mãos.
Vygotsy fala mais formalmente quando se refere ao desenvolvimento
cognitivo citando a zona de desenvolvimento proximal que é definida como a
distância entre o nível de desenvolvimento cognitivo real do individuo, tal como
medido por sua capacidade de resolver problemas, independente de seu
desenvolvimento potencial.
A zona de desenvolvimento proximal define as funções que ainda não
amadureceram, mas que estão no processo de maturação. Logo, a interação
que provoca a aprendizagem deve ocorrer dentro da zona de desenvolvimento
proximal. O limite inferior é por definição, fixado pelo nível real do
desenvolvimento do aprendiz. O superior é determinado por processos
instrucionais que podem ocorrer no brincar, no trabalho e no ensino formal ou
informal.
Para Gaspar (1994),
“Os processos que levam a formação de conceitos desenvolvem-se a partir de duas linhas ou raízes genéticas distintas, uma que se origina dos agrupamentos e vai até os pseudoconceitos e outra, paralela, contemporânea dos conceitos potenciais (...).” (GASPAR, 1994, p. 06).
Para Vygotsky, o único bom ensino é aquele que está a frente do
desenvolvimento cognitivo e o dirige. Analogamente, a única boa
aprendizagem é aquela que está avançada em relação ao desenvolvimento. A
aprendizagem orientada para níveis de desenvolvimento já alcançados não é
efetiva, do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo do aprendiz.
Após analisarmos a teoria de Vygotsky podemos também analisar a
teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, onde também é retratado por
Moreira (1999), que fala sobre o psicólogo Educacional Ausubel que trabalhou
com três tipos de aprendizagem: cognitiva, afetiva e psicomotora.
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A Aprendizagem Cognitiva se define em valorizar o conhecimento
prévio da criança, ou seja é aquela na qual certo conteúdo é inserido na
Estrutura Cognitiva de forma organizada, criando várias fontes de informações.
A Aprendizagem Afetiva é um tipo de conhecimento que provoca
sentimentos ou sensações como dor, prazer, satisfações, desejos e
ansiedades. Já a aprendizagem Psicomotora é aquela que provoca respostas
condicionadas, resultado de muita prática.
Em seus estudos Ausubel propôs uma teoria, conhecida por Teoria da
Aprendizagem Significativa, através da qual afirma que é a partir de conteúdos
que o indivíduo tem na estrutura cognitiva, que a aprendizagem pode ocorrer
numa interação. Nas palavras do próprio autor “o fator mais importante que
influi na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Isto deve ser averiguado e
o ensino deve depender desses dados” (Ausubel, Novak e Hanesian, 1983).
Assim, a Aprendizagem Significativa é um processo por meio do qual
uma nova informação é ligada a uma estrutura cognitiva específica, prévia,
chamada por Ausubel de subsunçor.
Sua teoria é construtivista e o papel da interação professor aluno, sem
dúvida é importante para que, a partir dos subsunçores que o aluno possa
construir novos subsunçores ou modificar os velhos. A aprendizagem é
dinâmica, pois ela é uma interação entre aluno e professor, a partir do
conhecimento prévio que o aluno têm, de acordo com Mess (2010).
Nesse sentido um material que pode ser relacionado a estrutura
cognitiva do aluno, é um material significativo podendo ser uma figura, imagem,
conceito e princípio. A esse processo de aquisição e de organização de novos
conhecimentos na estrutura cognitiva de um indivíduo, foi dado o nome de
“Teoria da Assimilação”.
As afirmações acima mostram que o conceito subsunçor existente
previamente no indivíduo é modificado depois da assimilação do novo conceito.
Os conceitos A’ e a’ são diferenciados ainda durante um certo tempo após a
assimilação. No entanto, através de uma organização cognitiva, o sujeito passa
a um segundo estágio de assimilação conhecida como assimilação obliteradora
(esquecida), tornando a separação entre A’ e a’ cada vez mais difícil. O
resultado é o subsunçor modificado A’. A esse processo (diferenciação
progressiva do conceito subsunçor, modificando-o) é dado o nome de
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diferenciação progressiva, que acontece em uma das categorias de
aprendizagem significativa.
Em contrapartida, Ausubel também se reporta a Aprendizagem
Mecânica, que ao contrário da Aprendizagem Cognitiva encontra muito pouca
ou nenhuma informação prévia a qual possa se relacionar com novos
conteúdos (subsunçores) relevantes ao estudante, esta então passa a ser um
exemplo de um ensino que não requer Aprendizagem Significativa. Cabe
ressaltar que há situações em que os estudantes não possuem subsunçores
relacionados aos novos conceitos e assim sendo talvez seja preciso antes
introduzi-los através de aprendizagem mecânica. Ausubel propõe nesses casos
utilizar organizadores prévios como estratégia para ensino-aprendizagem.
Organizadores prévios são materiais introdutórios, apresentados a um
nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade que o conteúdo do
material instrucional a ser aprendido proposto por David P. Ausubel para
facilitar a aprendizagem significativa. Eles se destinam a servir como pontes
cognitivas entre aquilo que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber para que
possa aprender significativamente o novo conteúdo. Ausubel propõe os
organizadores prévios como a estratégia mais eficaz para facilitar a
aprendizagem significativa quando o aluno não dispõe em sua estrutura
cognitiva dos conceitos relevantes para a aprendizagem de um determinado
tópico”, conforme descrito por Souza e Moreira (1980).
Contudo para Ausubel ainda há a preocupação de que os estudantes
estejam dispostos a relacionar o novo material à sua estrutura cognitiva, caso
contrário, a aprendizagem será meramente mecânica, mesmo que o material
seja extremamente significativo. Da mesma forma, se o material não for
significativo os alunos mesmo com grande disposição para unir o conteúdo à
sua estrutura cognitiva terão aprendizagem mecânica.
Além disso, Ausubel afirma que a organização dos elementos no
cérebro humano é hierarquizada, ou seja, conceitos específicos são ligados a
conceitos gerais. Nesse sentido, estrutura cognitiva na realidade é uma
estrutura hierárquica de conceitos. Mas como podemos avaliar se uma
aprendizagem adquirida é significativa ou não? Segundo Ausubel, o conteúdo
adquirido tem que estar claro, preciso e deve haver competência em transferi-lo
a situações novas, diferentes daquelas que foram usadas para o seu ensino. O
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fato do aluno conseguir definir conceitos, discorrer sobre eles ou mesmo
resolver problemas complexos, não significa que teve aprendizagem
significativa. Ausubel argumenta que uma longa experiência em fazer exames
faz com que os estudantes se habituem em memorizar não só proposições e
fórmulas, mas também causas, exemplos, explicações e maneiras de resolver
‘problemas típicos (Moreira, 1999).
Mas então, como seria um instrumento avaliativo de aprendizagem
significativa?
Moreira descreve a visão de Ausubel quanto a esse aspecto:
“(...) ao procurar evidência de compreensão significativa, a melhor maneira de evitar a ‘simulação da aprendizagem significativa’ é formular questões e problemas de uma maneira nova e não familiar, que requeira máxima transformação do conhecimento adquirido. Testes de compreensão, por exemplo, devem, no mínimo, ser fraseados de maneira diferente e apresentados em um contexto de alguma forma diferente daquele originalmente encontrado no material instrucional”. (MOREIRA, 1999, p. 156)
Para melhor caracterizar a aprendizagem significativa, Ausubel, ainda
diferencia em três categorias. A primeira denominada de aprendizagem
representacional, é identificada quando um indivíduo consegue atribuir
significado a símbolos particulares e aos resultados aos quais eles se referem.
A segunda chamada de aprendizagem de conceitos é mais genérica, abstrata e
representa regularidades; talvez se possa afirmar que ela é uma aprendizagem
representacional generalizada. Já a terceira conhecida como aprendizagem
proposicional, define a aprendizagem como uma idéia associada aos conceitos,
em outras palavras o conceito é definido através de uma proposição, portanto,
através de várias palavras.
Há também outras categorias de aprendizagem não conflituosas como
essas citadas acima, pelo contrário, são complementares. Elas são:
aprendizagem subordinada, que acontece quando o novo conhecimento
interage com subsunçores, tornando o novo significativo; aprendizagem
superordenada, acontece quando partindo dos subsunçores, se forma uma
idéia geral (conceito ou proposição), organizando os subsunçores como partes
desta idéia, aprendizagem combinatória pode ser entendida como
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aprendizagem de proposições mais amplas e gerais do que aquelas que já
existem na estrutura cognitiva. É aprendizagem de uma proposição global, não
subordinada e nem superordenada, por não se ligar com conceitos ou
proposições específicas.
Assim, uma aprendizagem pode ser analisada de acordo com as seis
classificações vistas anteriormente (e elas não são excludentes). Um indivíduo
pode ter aprendizagem de proposições e também aprendizagem
superordenada, por exemplo. Ausubel ainda destaca dois interessantes
processos que ocorrem na aprendizagem significativa: a diferenciação
progressiva e a reconciliação integrativa, conforme cita Moreira (1999).
O primeiro já foi citado quando observamos que o subsunçor pode
modificar-se com a introdução de uma nova informação, alterando-o e dando
novo significado; esse é o processo conhecido como diferenciação progressiva,
e está normalmente presente na aprendizagem significativa subordinada. O
segundo acontece quando, idéias gerais relacionam subsunçores que
inicialmente estavam separados na estrutura cognitiva; normalmente este
processo ocorre na aprendizagem significativa superordenada ou na
aprendizagem significativa combinatória.
Para concluir é preciso ficar claro que para Ausubel, o ensino deve
ocorrer sempre a partir do que o aluno já sabe, na valorização dos seus
conhecimentos prévios. Assim a aprendizagem se tornará significativa ligando-
se ao conhecimento já armazenado, resultando assim numa interação evolutiva
entre os novos e velhos conhecimentos.
É nesta perspectiva que se fundamenta a implementação deste projeto,
a fim de organizar a estrutura e a efetivação dos trabalhos a serem realizados
na escola.
Também devemos analisar a teoria de Educação de Novak e o modelo
de ensino aprendizagem de Gowin, onde Novak complementa e amplia a
proposta de Ausubel, partindo da idéia de que educação é o conjunto de
experiências (cognitivas, afetivas e psicomotoras) que contribuem para o
engrandecimento do indivíduo para lidar com a vida diária, ele chega ao que
chama de uma teoria de educação. Parte do princípio que os seres humanos
fazem três coisas: pensam, sentem e atuam, segundo ele cada um desses
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elementos deve ajudar a explicar como se pode melhorar as maneiras por meio
das quais eles agem assim, explicado e citado por Moreira (1999).
Sendo assim, qualquer evento educativo é uma ação para trocar
significados e sentimentos entre o aprendiz e o professor. Para entender
melhor é conveniente introduzir a idéia de lugares comuns da educação,
originalmente proposta por Schwab (1973), segundo ele qualquer fenômeno
educativo envolve direta ou indiretamente, quatro elementos que ele chama de
lugares comuns: aprendiz (aprendizagem), professor (ensino), matéria de
ensino (currículo) e matriz social (meio, contexto), a estes Novak acrescentou
mais um: a avaliação. A avaliação se enquadra neste contexto de processo
ensino – aprendizagem – conhecimento – matriz social, como importante fase
de análise.
Moreira (1999) explica que Novak propõe em sua teoria, a idéia que
qualquer evento educativo implica uma ação para trocar significados e
sentimentos entre professor e aluno. Ao ensinar o professor apresenta ao aluno
significados que são aceitos como válidos em um certo contexto. O aluno, de
alguma maneira, externaliza os significados que está captando. Esse processo
continua até que professor e aluno compartilhem significados. A troca de
significados entre professor e aluno tem esse objetivo.
Portanto é preciso deixar claro, que a aprendizagem significativa não é
sinônimo de aprendizagem correta. Na aprendizagem significativa o aluno
adquire um novo significado ao conhecimento prévio, o qual se torna mais rico
e elaborado. É com esta finalidade que o professor interage com o aluno. Cada
aprendizagem significativa vai gerando significados que passam a fazer parte
da história cognitiva do indivíduo. Essa história além de ser única para cada
indivíduo, é provavelmente impagável.
2.2 A Modelagem Matemática
As teorias analisadas anteriormente proporcionam uma base para
identificar a concepção clara sobre a modelagem matemática e sua aplicação
em conjunto com as Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação
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Básica do Paraná. Elas apresentam algumas considerações sobre as
tendências metodológicas que compõem o campo de estudo da educação
matemática, ressaltando a importância similar entre si e complementando-se
uma às outras. É neste cenário que a modelagem matemática está presente.
Conforme explica Biembengut e Hein (2005), o processo da
modelagem matemática envolve a obtenção de um modelo. Os autores
também descrevem que a modelagem pode ser considerada um processo
artístico que precisa de intuição, criatividade, ter senso lúdico para jogar com
as variáveis, além do conhecimento na área. Os autores ainda identificam que
o professor pode escolher o tema ou propor que os alunos o escolham com
algumas vantagens e desvantagens, porém, seja qual for a forma adotada cabe
ao professor inteirar-se do tema escolhido.
A proposta metodológica da modelagem segundo Paraná (2008),
afirma que a matemática tem como pressuposto a problematização de
situações do cotidiano, onde propõe-se ao mesmo tempo a valorização do
aluno no contexto social. E através dos questionamentos sobre situações
vivenciadas, procurar efetuar o levantamento de problemas e sugestões.
Biembengut e Hein (2000), enfatizam que a modelagem matemática é
uma alternativa de ensino-aprendizagem, partindo do interesse dos alunos e o
conteúdo desenvolvido tem origem no tema a ser problematizado, baseando-se
nas dificuldades do dia-a-dia, valorizando o aluno no contexto social que o
mesmo está inserido, dando condições para ser uma pessoa crítica e capaz de
superar suas dificuldades.
De acordo com Bassanezi:
“No caso da matemática, é necessário buscar as estratégias alternativas de ensino aprendizagem que facilitem sua compreensão e utilização. A modelagem matemática, em seus vários aspectos é um processo que alia teoria e prática, motiva seu usuário na procura do entendimento da realidade que o cerca e na busca de meios para agir sobre ela e transforma-la. Nesse sentido, é também um método cientifico que ajuda a preparar o indivíduo para assumir seu papel de cidadão” (BASSANEZI, 2006, p.17).
Com isso a modelagem é importante para que o processo de ensino
seja proveitoso e satisfatório, fazendo com que a motivação envolva os alunos,
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para que estes possam interpretar e compreender os diversos fenômenos do
nosso cotidiano, de forma criativa e eficaz, provocando assim um crescimento
no desempenho escolar do aluno em termos de conteúdos matemáticos.
A modelagem matemática é livre e espontânea, ela surge da
necessidade do educando em compreender os fenômenos que o cercam para
interferir ou não em seu processo de construção.
Ao trabalhar modelagem matemática dá-se importância a dois itens
essenciais: - unir o tema a ser escolhido com a realidade dos educandos e
aproveitar o conhecimento e experiências vivenciadas pelos mesmos.
Ao usar a modelagem matemática, o conteúdo matemático passa a ter
significação, deixando de ser abstrato e passa a ser concreto tornando assim
facilitador de aprendizagem.
“A Modelagem é um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são
convidados a problematizar e investigar por meio da matemática, situações
com referência na realidade”, enfatizado por Barbosa (2004,p.75). Usando essa
interação matemática com o cotidiano do educando oferece um importante
fator no ensino-aprendizagem, pois dá sentido ao conteúdo proporcionando
aprendizagem mais significativa oferecendo aos alunos oportunidades de
participação ativa nas aulas.
Biembengut e Hein (2005) apresentam as etapas e procedimentos para
a interação entre as situações reais e a matemática.
• A Interação: - reconhecimento da situação-problema; e,
familiarização com o assunto a ser modelado – o referencial teórico, ou seja,
ocorre o envolvimento com o tema a ser estudado;
• Matematização: Consiste na formulação do problema – ou
hipótese; - resolução do problema em termos do modelo. É aqui que se formula
um problema e escreve-o segundo um modelo matemático que leva à solução;
• Modelo matemático: Onde ocorre a interpretação da solução, teste;
validação do modelo obtido, através de avaliação.
Bassanezi (2010) explica que a modelagem matemática consiste na
arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e
resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real.
Essa série de procedimentos é apresentada na figura 01:
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Figura 01: Esquema do processo da modelagem matemática.Fonte: Adaptado de Biembengut e Hein (2005, pg. 13).
Bassanezi (2010) descreve sobre uma série de pontos que destacam a
relevância da modelagem matemática quando utilizada como instrumento de
pesquisa:
• Pode estimular novas idéias e técnicas experimentais;
• Pode dar informações em diferentes aspectos dos inicialmente
previstos;
• Pode ser um método para se fazer interpolações, extrapolações e
previsões;
• Pode sugerir prioridades de aplicações de recursos, pesquisas e
eventuais tomadas de decisão;
• Pode preencher lacunas onde existem falta de dados experimentais;
Pode servir como recurso para melhor entendimento da realidade;
• Pode servir de linguagem universal para compreensão e
entrosamento entre pesquisadores em diversas áreas.
Conforme verificamos na figura 02, autor também descreve o esquema
da modelagem desde a aproximação do aluno até sua aplicação, que o mesmo
chama de atividades intelectuais da modelagem matemática, que incluem a
experimentação, abstração, resolução, validação e a modificação.
Com essa fundamentação, pode-se ter uma preparação para efetivar a
aplicação da modelagem/modelação matemática com os alunos da Escola
Érico Veríssimo, de maneira significativa.
16
Figura 02: O esquema de uma modelagem. Fonte: Bassanezi (2010, pg. 27).
2.3 A Modelagem e o Ensino dos Conteúdos de Perímetro e Área
As primeiras considerações realizadas sobre perímetro e área são
muito antigas, uma vez que Eves (1992), citado por Pires e Gomes (2004),
ressalta que provavelmente a geometria originou-se de observações simples
que possibilitaram reconhecer configurações físicas, comparar formas e
tamanhos. O mesmo autor destaca ainda que a noção de distância deve ter
sido um dos primeiros conceitos geométricos a ser desenvolvido pelos homens
primitivos.
Boyer (1996) afirma que Heródoto subestimou a idade da geometria e
acreditava que ela tenha surgido da necessidade prática de fazer novas
medidas de terra após as inundações no vale do rio Nilo. A necessidade de
17
fazer novas demarcações de terras após as cheias do Nilo fez com que
aparecessem os “mensuradores”.
Os conceitos de área e perímetro, provavelmente, estão relacionados
ao problema das medições de terra, conforme identifica Pires e Gomes (2004),
que também cita Eves (1992) que descreve a necessidade de delimitar a terra
levou a noção de algumas figuras geométricas, tais como retângulos,
quadrados e triângulos, mas a geometria no sentido mais amplo surgiu em
tempos mais antigos que a arte de escrever.
Se analisarmos a história, encontraremos relatos que explicam como
as terras que margeavam os rios (Rio Nilo no Egito Antigo) eram divididas para
serem cultivadas, desenvolvendo dessa forma a agricultura nessa área. Este
exemplo é uma aplicação da geometria para resolver um problema do cotidiano
dos egípcios.
Havia no Egito a necessidade de demarcação dos lados de terrenos, a
idéia da área para que houvesse o pagamento de tributos ao faraó e para
divisão entre herdeiros; a idéia de volume na irrigação; a construção de
templos, entre outros.
Dessa forma, a geometria nesta época era tida como necessidade,
aplicada aos problemas diários dessas pessoas. O conhecimento matemático
surgiu a partir da obrigação de resolver tal problema.
Segundo Boyer, no Papiro de Ahmes existem problemas que utilizam o
cálculo da medida de área, com o uso de composição e decomposição de
figuras.
Euclides, geômetra grego, traz em sua obra “Os Elementos” a idéia que
se duas figuras planas se coincidem por superposição estas serão iguais
(equivalentes). Foram os gregos que transformaram a geometria empírica dos
egípcios e babilônicos na geometria demonstrativa.
A história da matemática nos indica que as civilizações antigas
obtiveram várias fórmulas para o cálculo de área de várias figuras, sendo
algumas com precisão e outras aproximadas.
Segundo Baldin (2003), os problemas de medida de terra e cálculo
aproximado de área de terrenos estão presentes ainda hoje no cotidiano e são
de muita relevância tanto nas práticas rurais quanto nas urbanas. Como
exemplo tem-se a situação do agricultor que ao fazer o plantio, muitas vezes
18
precisa estimar a área do terreno, que em muitos casos é de forma irregular.
Pode-se citar também como exemplo o IPTU – Imposto Predial e Territorial
Urbano – que entre outros fatores, é cobrado em função da área do terreno e
da área construída. Outros profissionais como os da construção civil, também
lidam com muita frequência com os cálculos de área e perímetro e tantos
outros.
Assim, baseando-se nesta premissa da importância da utilização das
medições em construções é que reforçamos a relevância de trabalhar tais
conceitos e conteúdos com os educandos da Escola Érico Veríssimo.
O conceito de área e o processo de medir área do ponto de vista da
estrutura matemática, segundo Bellemain e Lima (2001), “tem como ponto de
partida a definição de uma função (f), dita função área, num conjunto de
superfícies, assumindo valores no conjunto dos números reais não-negativos”.
Para compreendermos e podermos efetivar os trabalhos voltados ao
ensino de área e perímetro, também é necessário termos as concepções sobre
medidas de comprimento, dessa forma, Pires e Gomes (2004), reforçam que
medir é comparar, ou seja, medir a área de uma superfície é compará-la à área
de outra superfície.
Conforme descrito por Paraná (2008), com o passar dos anos,
verificou-se a necessidade de padronizar os sistemas de medidas devido à
intensificação das relações sociais e econômicas, isto é, da expansão do
comércio e o surgimento do mercantilismo. Ocorreram muitas tentativas para
chegar a um sistema métrico padrão.
Não podemos negar que as medidas fazem parte de nosso dia a dia, e
o seu ensino deve proporcionar ao educando um conhecimento útil para seu
cotidiano e também em seu futuro profissional. Tanto a contagem como as
medidas fazem parte da matemática desde seu aparecimento, pois se
pensarmos nas atividades diárias de várias profissões vemos que o ato de
medir nos acompanha diariamente. As medidas de área e perímetro consistem
em possibilitar a percepção concreta das relações de grandeza existente entre
as unidades de comprimento.
Conforme explica Biembengut e Hein (2005), para introduzir medidas
lineares, o professor pode solicitar que os alunos elaborem uma tabela
constando os objetos presentes no local de aplicação, e em seguida,
19
encontrem as medidas utilizando-se como unidade alguma parte do próprio
corpo, por exemplo, palmo ou passos.
Paraná (2008) retrata que:
“Uma proposta de unificação de pesos e medidas foi votada pela Assembléia da França, em 1790. Após tal consenso, as medidas tornaram-se padronizadas. Esse sistema adotou, inicialmente, três unidades básicas de medidas: o metro, o litro e o quilograma. O Brasil adotou o sistema métrico em 1872. Após esse período, ocorreram algumas alterações em relação aos elementos usados para definir algumas medidas, entre elas a de comprimento e a de tempo, até chegar às unidades de base do Sistema Internacional de Unidades – SI.” (PARANÁ, 2008, p. 54).
Concordando com Biembengut e Hein, a proposta de utilização de fita
métrica ou trena para fazer as medições é adequada, de forma que reproduza
essas mesmas medidas usando uma escala adequada em papel milimetrado,
com réguas e esquadros. Promover o desenvolvimento da capacidade de
medir, considerando-se a frequência com que situações envolvendo as
medições surgem na vida diária, levando-se em conta a relevância social dos
conhecimentos a elas referentes.
Através das noções citadas por Biembengut e Hein (2005), a
implantação do projeto e efetivação do trabalho está aliada a motivação dos
alunos, por isso é necessário que o educador levante alguns questionamentos,
como por exemplo, o que é preciso para construir uma escola? Como o
pedreiro sabe o tamanho e o modelo da construção? Onde construir? Em que
terreno? Qual a forma do terreno? São alguns questionamentos que podem ser
feitos aos alunos para instigar a curiosidade e iniciar a colocação do tema em
prática, já que o trabalho propõe a análise da planta baixa da Escola Estadual
Érico Veríssimo e o esboço da planta através de uma maquete.
20
3 METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO
A estratégia de ação parte inicialmente das pesquisas bibliográficas
sobre as tendências em educação matemática, mais especificamente no uso
da modelagem matemática para o ensino dos conceitos de área e perímetro de
cunho experimental.
No início do ano de 2011 foi elaborado o material didático que fez parte
da produção didático-pedagógica, proporcionando a efetiva implementação do
projeto inicial na escola.
O trabalho baseou-se na análise da planta baixa da Escola Estadual
Érico Veríssimo, em Laranjeiras do Sul, Paraná, aplicado na 8ª série / 9° ano. A
atividade visou estimular a criatividade, para avaliar os conhecimentos sobre os
conceitos geométricos.
A proposta foi desenvolvida em 02 turmas da 8ª série/9°ano de formas
distintas, neste caso aplicou-se a modelagem em uma das turmas, enquanto
que na outra os conceitos foram trabalhados de maneira tradicional, obtendo
um comparativo e uma análise qualitativa sobre a metodologia utilizada. Para
interpretar a planta foi necessário conhecer as unidades de medida,
representações e cálculo com números inteiros e racionais, cálculo de área e
perímetro. As atividades também proporcionaram estudos envolvendo
proporcionalidade e escala.
Os procedimentos para implantação foram estruturados da seguinte
forma: 01) Modelagem Matemática – aprimoramento e estudo; 02) Escolha do
tema; 03) Formação e organização dos grupos; 04) Pesquisas, levantamento
dos problemas, desenvolvimento dos conteúdos; 05) Análise da Planta baixa;
06) Montagem da Planilha de preços ou possíveis custos; e, 07) Construção da
Maquete.
Para efetivação dos itens citados foi necessária a utilização de
instrumentos com a finalidade de coletar dados para a pesquisa, sendo eles:
pré-teste, pós-teste, caderno de anotações e registro dos trabalhos com fotos.
Os trabalhos realizados em etapas e procedimentos basearam-se nos
estudos de Biembengut e Hein (2005), que são:
21
• A Interação: - reconhecimento da situação-problema; e,
familiarização com o assunto a ser modelado – o referencial teórico, ou seja,
ocorre o envolvimento com o tema a ser estudado;
• Matematização: Consiste na formulação do problema – ou
hipótese; - resolução do problema em termos do modelo. É aqui que se formula
um problema e escreve-o segundo um modelo matemático que leva à solução;
• Modelo matemático: Onde ocorre a interpretação da solução, teste;
validação do modelo obtido, através de avaliação.
A estratégia de ação propôs a conclusão dos trabalhos com a
construção de uma maquete a partir dos estudos da planta baixa da Escola
Estadual Érico Veríssimo e para isso foi necessário ter cuidado com alguns
itens, conforme explicam Biembengut e Hein (2005), que para fazer a maquete
deve-se identificar a escala que será utilizada no material, por exemplo,
supondo que o material a ser usado sejam placas de isopor de 8 mm de
espessura.
- A espessura da parede: 15 cm – na planta.
- A espessura da parede da maquete: 8mm = 0,8 cm.
- Um metro é igual a 100 cm.
Tamanho real Cartolina100 cm X15 cm
(parede)
0,8 cm
Fonte: Biembengut e Hein (2005)
Determinando a escala para a maquete:
X = 100 X 0,8 = 5,33.. (escala) 15
Dessa forma, o método da modelagem com controle e experimentação
foi utilizado para integrar os conteúdos de outras disciplinas, como por
exemplo, geografia (escalas/localização), história (quem construiu a escola? - o
motivo pelo nome da escola), ressaltando o histórico e trabalhando em parceria
com os demais professores, juntamente com a comunidade escolar.
A aplicação da modelagem fez com que a matemática seja mais
interessante e sedutora aos olhos dos alunos, conforme descrevem Mota e
Oliveira Junior (2007). Os autores aplicaram a “modelagem matemática no
22
esporte” e concluíram que os educandos são capazes de contribuir na própria
construção do saber. Aranha (1996, pg. 168) complementa que, “se o processo
do conhecimento é mais importante que o produto, o conteúdo que é objeto de
aprendizagem precisa ser compreendido e não decorado”.
Simultaneamente às atividades foram realizados estudos e discussões
de formação continuada no curso Grupo de Trabalho em Rede (GTR), onde os
cursistas tiveram acesso ao Projeto de Intervenção Pedagógica, a Produção
Didático-pedagógica e a Implementação Pedagógica. Estes foram analisados e
discutidos durante os fóruns e diários, com sugestões e contribuições que
enriqueceram o trabalho, bem como a troca de materiais e idéias para
socializar o conhecimento.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao realizar o trabalho de implementação foi perceptível a grande
participação e interação dos alunos. Foram aplicadas atividades com base nos
estudos de Bienbengut e Hein (2005), no que diz respeito às etapas da
modelagem: interação, matematização e modelo matemático. A metodologia é
uma alternativa de ensino-aprendizagem que possibilita a valorização do aluno
e dá condições para a formação de uma pessoa crítica e torna o educando
capaz de superar suas dificuldades.
Moreira (1999) também contribuiu com os estudos sobre a Teoria da
Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel, que foi importante para a
conclusão da proposta deste artigo. Importante lembrar que a diferença sobre a
aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa foi abordada afim de
que a modelagem fosse efetivamente trabalhada com os alunos.
Após todos os estudos e aplicações foi confirmado que é na
aprendizagem significativa que o aluno dá um novo significado ao
conhecimento prévio, o qual se torna mais rico e elaborado, e que a
metodologia da modelagem matemática contribui efetivamente para que isso
possa ser concretizado.
23
4.1 Discussões do Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
As atividades e discussões realizadas no GTR proporcionaram o
aprimoramento do trabalho e a interação entre os participantes, que
contribuíram para a ampliação das idéias durante a aplicação do trabalho.
Nesse sentido, os professores socializaram com sugestões e análises do
projeto de intervenção pedagógica e material didático.
Dentre as discussões, os professores citaram que as atividades
propostas possibilitam a observação, a participação e a reflexão crítica do
aluno que poderá vivenciar os conceitos matemáticos ensinados e não apenas
recebê-los de forma mecânica e descontextualizada, mas sim com atividades
simples para construção/reconstrução dos conceitos de área e perímetro.
Possuindo metas definidas, indicando aquilo que o aluno deverá ser capaz de
fazer como consequência de ter desempenhado adequadamente as atividades
propostas.
Também foi discutido que as atividades e ações elaboradas são
compatíveis com as necessidades e dificuldades de aprendizagem nos
conteúdos, tornando-se ferramenta metodológica que auxilia na aquisição dos
conhecimentos de forma significativa. Os professores relataram que todas as
atividades propostas são claras, simples, adequadas para a 8ª série/ 9°ano e
aplicáveis em outras séries.
4.2 Atividades Desenvolvidas X Validação do Modelo
Com relação a aplicação, a atividade inicial foi elaborar o esboço da
planta baixa da casa de cada educando utilizada como pré-teste, e teve como
objetivo instigar os alunos na interação e proximidade com o conteúdo. A
atividade foi uma forma de motivar os alunos para o inicio dos trabalhos,
possibilitando a identificação de algumas dificuldades. Iniciou-se neste
24
momento uma seqüência de ações relacionadas à interação, com o
reconhecimento da situação-problema e familiarização.
A segunda atividade realizada resultou na discussão sobre construção
de casas e prédios para verificar o que os alunos sabiam a respeito, fazendo
um levantamento de questões e instigando os alunos a participarem com
sugestões. Os educandos percorreram o espaço físico da escola observando
as formas geométricas que nela se encontram, e após a observação,
desenharam a planta da escola em papel milimetrado. Os alunos tiveram
algumas dificuldades em desenhar a planta, como dimensionar em escala e
desenhar toda a escola no papel.
No entanto, foi possível estimular a criatividade e avaliar os
conhecimentos prévios dos alunos sobre os conceitos geométricos e de
medidas. Neste momento, após o desenho da planta baixa da escola foram
trabalhados os conteúdos de geometria como: segmentos de retas, retas
perpendiculares, paralelas e ângulo reto. Além disso, foi realizada uma
pesquisa sobre as principais formas de figuras geométricas, utilizando a
internet e livros didáticos disponíveis na biblioteca. Com a pesquisa foi possível
perceber a diferença entre trabalhar os conteúdos dentro e fora da sala de
aula, foi notável a motivação dos alunos em buscar informações.
Os conteúdos de geometria foram introduzidos a partir de
questionamentos aos alunos sobre suas dificuldades na elaboração dos
desenhos, resultando em um comparativo entre o desenho dos alunos e a
planta oficial da escola. Na figura 03 podemos visualizar a planta da escola.
Os alunos perceberam que a planta baixa da escola está
desatualizada, devido às mudanças e reformas que ocorreram no decorrer dos
anos. Também citaram que a mesma não foi desenhada por um profissional da
área de engenharia. Durante o processo houve intervenção e mediação do
professor relatando as principais características das figuras geométricas.
Na terceira atividade realizada foi utilizado a seguinte situação
problema: Qual é o comprimento e a largura de algumas salas que compõem a
escola? Necessitamos da resposta a esta pergunta quando se calcula por
exemplo, quantos metros de rodapé serão necessários para rodear a sala de
aula?
25
Figura 03: Planta baixa da Escola Estadual Érico Veríssimo.Fonte: E. E. Érico Veríssimo.
Com esta atividade foi possível retomar os conceitos de medida, os
processos de medição e a necessidade de adoção de medida padrão. Os
alunos realizaram estimativas recorrendo a cálculos aproximados e a noção de
comprimento. Entre os objetivos desta, estão as habilidades de mensurar,
interpretar e expressar informações relativas a comprimento. Os alunos
realizaram as medições com utilização de instrumentos de medida
convencionais (régua e fita métrica) e não-convencionais, como palmos,
polegadas, passos bem como aprender a selecionar uma unidade pertinente.
Os alunos registraram as medidas estimadas e aferidas por meio de
instrumentos, expressas numa tabela de algumas instalações da escola. Com
isso, constatou-se que os educandos possuem pouca noção de estimativa por
falta de valores de referências.
Na quarta atividade relacionada ao conteúdo de área, foi utilizado o
geoplano, centímetro quadrado e metro quadrado, que foi norteada pela
seguinte situação problema: Quanto material (cerâmica ou forração) são
necessários para cobrir o piso do saguão da nossa escola?
Foi construído com os alunos o centímetro quadrado (um quadrado de
1cm de lado) e o metro quadrado (um quadrado com 1m de lado), usando
26
papel bobina. Esse quadrado pôde ser comparado ao chão da sala verificando
quantas unidades “daquele” metro quadrado construído por eles cabem na
sala, ou quantas unidades daquele centímetro quadrado cabem nas figuras
desenhados sobre uma malha quadriculada
Com o auxilio do Geoplano foi proposto aos alunos que encontrassem
um modelo matemático para expressar como se calcula a área das principais
figuras geométricas como quadrado, retângulo, triangulo, circulo, trapézio e
paralelogramo.
Com as atividades realizadas foi possível obter a definição dos
conteúdos, e proporcionar ao aluno a compreensão de que a área de uma
região plana indica a superfície dentro dos limites da figura. E que esta é
medida em unidades quadradas (ou unidades ao quadrado) tais como
centímetros quadrados ou metros quadrados.
Dessa forma as atividades 3 e 4 concluem a fase de matematização,
onde houve a exploração dos conceitos de perímetro e área, com participação
ativa dos alunos, oportunizando de maneira prática com sensibilização na
aprendizagem, tornando os alunos capazes de reconstruir os conceitos de área
e perímetro. Pois quando vivenciamos uma situação manipulando materiais,
somos capazes de relatar nossas sensações e transformações que ocorrem na
forma de interpretar os conceitos envolvidos na atividade, construindo e
reconstruindo os conceitos, estabelecendo um elo entre definição e conceito.
Também havia inicialmente, a proposta da atividade de construção da
maquete da Escola Estadual Érico Veríssimo, que apesar de ter sido concluída
parcialmente resultou no alcance do objetivo proposto. Este trabalho
proporcionou aos alunos um melhor entendimento sobre os conceitos de área e
perímetro utilizando uma abordagem integradora a partir do uso da modelagem
matemática, pois de acordo com a proposta metodológica da modelagem
segundo Paraná (2008), a matemática tem como pressuposto a
problematização de situações do cotidiano onde se propõe ao mesmo tempo a
valorização do aluno no contexto social e através dos questionamentos sobre
situações vivenciadas, procurar efetuar o levantamento de problemas e
sugestões.
É importante ressaltar as características iniciais da turma ao qual foi
aplicado o estudo: faltosa, dificuldades e defasagem de aprendizagem de
27
alguns alunos, dificuldade em prestar atenção, (em centrar a atenção e em
manter a atenção), pouco participativa, desinteressada, mas sem problemas
disciplinares.
Devido a estas características foi difícil analisar os conhecimentos
prévios que eles possuíam, mas com o desenvolvimento das atividades foi
possível verificar o aumento gradativo do interesse, da curiosidade, da
criatividade, da participação e da interação entre os participantes.
Durante a implementação foi possível verificar:
• Maior assiduidade nas aulas;
• A motivação em desenhar a planta da escola e demais
atividades;
• Pouca noção de estimativa por falta de valores de
referências (observadas na atividade inicial e também na reação dos alunos ao
realizarem o comparativo entre o valor estimado e o valor real das medidas);
• Dificuldades em efetuar as medições com os instrumentos
(metro e trena);
• Nas atividades que exploravam o conceito de área tais
como: confecção do cm² e m², malha quadriculada e a construção de figuras no
geoplano foram realizadas com participação ativa dos alunos, mas com relação
aos alunos encontrarem um “modelo matemático” para o cálculo de área de
figuras como o trapézio, paralelogramo este objetivo não foi totalmente atingido
havendo a intervenção e mediação do professor.
A validação do modelo ocorreu através de avaliação diagnóstica com a
interpretação de situações problema, relacionados a todos os conteúdos
abordados. Depois de realizadas todas atividades foram aplicados exercícios, a
fim de relacionar e diagnosticar o conhecimento adquirido.
É possível concluir que a modelagem matemática é viável, pois na
turma onde houve a aplicação da modelagem matemática o resultado atingiu
as expectativas obtendo maiores resultados. Na avaliação diagnóstica os
alunos ficaram motivados em resolver as situações problema, comparando com
o que foi trabalhado fora da sala de aula, enquanto que na outra turma os
alunos tentaram resolver os exercícios através da memorização e aplicação da
fórmula sem ter o conceito e a concepção prática.
28
Em termos de percentual, pode-se confirmar que nas turmas em que
houve a aplicação da modelagem, aproximadamente 90% dos alunos obteve
rendimento superior à média, enquanto que na outra somente 60%.
Assim, é essencial que o professor identifique formas de trabalho que
propiciem a validação de um modelo, pois a “modelagem” é uma metodologia
que busca dar sentido e significados à matemática escolar em relação à
matemática do cotidiano do aluno, e requer do professor uma postura
investigativa, de descoberta e de tempo disponível. Segundo Soistak e Burak
(2012, pg. 06) “Quando o processo de ensino aprendizagem é viabilizado
através da Modelagem Matemática, necessita-se de uma quantidade maior de
tempo para se chegar as análises e conclusões (...)”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final do trabalho foi perceptível que a metodologia da modelagem
facilitou a aprendizagem dos alunos, a percepção da importância para o
desenvolvimento e o aprimoramento das aplicações em suas diversas formas,
para que os conceitos sobre o conteúdo sejam desenvolvidos e não apenas
repassados aos alunos.
As atividades aplicadas contribuíram para a aprendizagem significativa,
tornando as aulas dinâmicas e interessantes. O ensino foi motivador e
praticado por meio de experiências significativas, e no decorrer do
desenvolvimento do trabalho houve interatividade entre os alunos e professor a
fim de superar as dificuldades encontradas, pois foram explorados oralmente
situações da vida real onde os conteúdos de área e perímetro se aplicam,
viabilizando o porquê de seu ensino, uma vez que até então, nenhum professor
havia trabalhado com atividades práticas relacionadas ao conteúdo.
Cabe finalizar que participando ativamente do processo, o aluno
aprende com maior facilidade, ainda mais quando são apresentadas situações
ligadas ao seu cotidiano, pois segundo Paraná (2008) a partir de uma situação
prática e de seus questionamentos, o aluno poderá encontrar modelos
matemáticos que respondam a problematização.
29
É possível compreender que a utilização da modelagem proporciona a
motivação dos alunos e do próprio professor, e consequentemente um avanço
significativo no processo ensino-aprendizagem. Além disso, proporciona o
entendimento do papel sociocultural da matemática através da transformação e
compreensão da realidade.
As atividades foram aplicadas de forma sistemática, para que os
educandos pudessem desenvolver sua concepção e aprender sobre os
diversos assuntos que o trabalho englobou. Com isso o melhor resultado é a
realização de estudos voltados para que o aluno não apenas receba o
conteúdo pronto, mas sim construa sua própria concepção e que esta seja
realmente significativa.
A aplicação da modelagem realmente foi integradora com os demais
conteúdos estruturantes, proporcionando maior abrangência e possibilitando
maiores aprofundamentos em estudos futuros.
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