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R. Bras. de Ensino de C&T 70 Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como método para ensino de ciências e biologia Joallyson Gonçalves Beserra Carlos Henrique de Brito Resumo Em meio à grande diversidade existente no Reino Animal, oFilo Arthropodaé o que possui a maior variedade de formas, conceitos e funções a serem estudadas e visualizadas. O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de modelos didáticos tridimensionais de artrópodes, acerca de caracteres morfológicos, visando um maior aprendizado do conteúdo teórico desenvolvido em sala de aula e a disponibilização de metodologias alternativas para o ensino de zoologia. O trabalho foi desenvolvido em turmas de 7º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio com aulas teóricas e práticas intercaladas. Os resultados mostraram que a modelagem tridimensional é eficiente no ensino da morfologia de artrópodes por despertar o lado lúdico nos alunos sem dispersar o lado científico da atividade, auxiliando-os na aprendizagem e permitindo-os realizar a classificação dos grupos de artrópodes em seus táxons correspondentes. Palavras-chave:artrópodes, modelagem, metodologias alternativas. Abstract On the great diversity in the animal kingdom, the arthropods have a huge variety of shapes, concepts and functions to be studied and visualized. The objective of this work was the development of didactic models of three- dimensional arthropods, about morphological characters, designed to further learning of the theoretical content developed in the classroom and the availability of alternative methodologies for teaching zoology.The study was conducted in classes of 7 th and 2 nd year with theoretical and practical lessons interspersed. The results showed that the three-dimensional modeling is effective in teaching the morphology of arthropods to awaken the playful side in students without dispersing the scientific side of the activity, assisting them in learning and allowing them to perform the classification of groups of arthropod taxa in their corresponding . Keywords: arthropods; modeling, methodology alternative.

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R. Bras. de Ensino de C&T

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Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como método para ensino de ciências

e biologia

Joallyson Gonçalves Beserra

Carlos Henrique de Brito

Resumo

Em meio à grande diversidade existente no Reino Animal, oFilo Arthropodaé o que possui a maior variedade de formas, conceitos e funções a serem estudadas e visualizadas. O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de modelos didáticos tridimensionais de artrópodes, acerca de caracteres morfológicos, visando um maior aprendizado do conteúdo teórico desenvolvido em sala de aula e a disponibilização de metodologias alternativas para o ensino de zoologia. O trabalho foi desenvolvido em turmas de 7º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio com aulas teóricas e práticas intercaladas. Os resultados mostraram que a modelagem tridimensional é eficiente no ensino da morfologia de artrópodes por despertar o lado lúdico nos alunos sem dispersar o lado científico da atividade, auxiliando-os na aprendizagem e permitindo-os realizar a classificação dos grupos de artrópodes em seus táxons correspondentes.

Palavras-chave:artrópodes, modelagem, metodologias alternativas.

Abstract

On the great diversity in the animal kingdom, the arthropods have a huge variety of shapes, concepts and functions to be studied and visualized. The objective of this work was the development of didactic models of three-dimensional arthropods, about morphological characters, designed to further learning of the theoretical content developed in the classroom and the availability of alternative methodologies for teaching zoology.The study was conducted in classes of 7th and 2nd year with theoretical and practical lessons interspersed. The results showed that the three-dimensional modeling is effective in teaching the morphology of arthropods to awaken the playful side in students without dispersing the scientific side of the activity, assisting them in learning and allowing them to perform the classification of groups of arthropod taxa in their corresponding .

Keywords: arthropods; modeling, methodology alternative.

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1. Introdução

A vastidão do mundo animal, com mais de 1.500.000 espécies conhecidas, restringe os

zoólogos a um ou alguns campos de estudo, tornando inviável aos pesquisadores estudar todos os

grupos taxonômicos. Para tanto, cada grupo animal ou cada tipo de pesquisa exige o estudo de

particularidades específicas para serem avaliadas e preservadas para futuras gerações.

O grande número de representantes animais conhecidos chega a ser surpreendente, mas

fazendo-se a comparação da quantidade de artrópodes que compõem essa diversidade, pode-se

observarque a maioria dos animais pertence aos artrópodes e, embora existam 1.101.289

espécies viventes descritas pertencentes a este táxon (Brusca, 2007), essa é apenas uma pequena

porcentagem do número total de formas viventes, sendo que, as demais, ainda estão por serem

descobertas. Alguns entomólogos acreditam que existem mais de 30 milhões de espécies de

insetos (hexápodes) a serem determinadas (Rupppert, 2005). Além disso, existe um rico registro

fóssil que se estende à porção mais antiga do Pré-Cambriano (Hickman, 2004).Há muito mais

artrópodes que todas as outras espécies de metazoários em conjunto perfazendo cerca de 80% de

todas as espécies animais conhecidas. Artrópodes comuns e familiares incluem aranhas,

escorpiões, insetos, centopéias, caranguejos e camarões dentro de uma vasta gama de outros

animais segmentados que apresentam exoesqueleto e apêndices articulados (Rupppert, 2005).

Considerando essa grande diversidade de espécies e uma grande diversidade de formas e

funções, têm-se uma gama de estruturas a serem visualizadas. Isso traz à sala de aula uma

enorme quantidade de termos e conceitos, o que gera problemas difíceis aos professores de

Zoologia (Araújo-de-Almeida, 2007) que geralmente dispõem de pouco tempo para ensinar

conteúdos tão complexos. Por isso, muitos alunos podem considerar desmotivante estudar

conteúdos programáticos de zoologia em ciências (Oliveira, 2005).

É cada vez mais necessário o uso de inovações didáticas no ensino de Ciências e Biologia,

tanto para alunos de Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio. Essas inovações são

consideradas um meio de buscar novas soluções para velhos problemas de ensino e

aprendizagem. Tais soluções se concretizam como estratégias que buscam a interação dos alunos

com a Ciência e com o tema tratado.

Na maioria das escolas há a escassez de material biológico e falta de estrutura laboratorial

para realização de aulas práticas. Diante de algumas dificuldades observadas por alguns

pesquisadores da área do ensino de Ciências e Biologia, materiais didático-pedagógicos

alternativos (Kits)são utilizados por professores como forma de instrumentos auxiliares para a

prática pedagógica. Tem sido observado, que a partir da utilização de materiais de baixo custo,

facilmente adquiridos, é possível desenvolver aulas mais atraentes e motivadoras nas quais os

alunos são envolvidos na construção de seu conhecimento (Souza et al., 2008)

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Estudos recentes têm aplicado novas metodologias didáticas baseados em construção de

modelos tridimensionais de estruturas biológicas em sala de aula para uma melhor visualização e

aprendizado acerca de estruturas morfológicas (Araújo-de-Almeida, 2007). Os modelos didáticos

correspondem a um sistema figurativo que reproduz a realidade de forma especializada e

concreta, tornando-a mais compreensível ao aluno (Justina, 2006), portanto a criação do modelo

didático deve ser feita de maneira explicativa e a representar, com a máxima clareza, a realidade.

Baseado nisso, o presente trabalhodescreve a utilização de um novo método de ensino de

morfologia dos artrópodes em escolas públicas de nível Fundamental e Médio. A metodologia

desenvolvida buscou a maior interação dos alunos com os docentes, entre si e também com o

material biológico, através de modelagens tridimensionais realizadas em grupo, baseados em

animais fixados (conservados em via seca ou úmida mantidos em laboratório no setor de Biologia

Animal) e em modelos desenvolvidos previamente em laboratório.

Mediante as dificuldades de fixação do conhecimento por alunos através de aulas

teóricas, este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de modelos didáticos

tridimensionais de artrópodes acerca de caracteres morfológicos, visando um maior aprendizado

do conteúdo teórico desenvolvido em sala de aula. O trabalho objetivou ainda a disponibilização

de metodologias alternativas para o ensino de zoologia nas instituições de ensino da região,

fortalecendo a integração da universidade com a sociedade.

2. Fundamentação Teórica

O estudo de animais, pouco acessível à população e com termos não presentes no dia-a-

dia dos alunos, acaba causando grande desmotivação na aprendizagem de zoologia em Ciências e

Biologia. O tamanho diminuto de alguns exemplares, local de ocorrência ou o desconhecimento

da importância ecológica e/ou econômica dos animais são fatores que tornam o aprendizado de

Zoologia muito cansativo e desmotivante. Alguns autores concordam que quando a Zoologia é

abordada de forma integrada com a Evolução, Ecologia, Educação Ambiental ou outras áreas

(interdisciplinaridade) há um interesse maior dos alunos e com isso o ensino se torna mais

dinâmico (Araujo-de-Almeida, 2007).

Trabalhos atuais apresentam novas metodologias de ensino que utilizam a construção,

em sala de aula, de modelos tridimensionais de estruturas biológicas utilizando materiais

recicláveis, massas de modelar, entre outros, para o ensino em diversas áreas da Biologia

(Oliveira, 2005; Azevedo e Bezerra, 2006; Araujo-de-Almeida, 2007). Oliveira (2005) utilizou

modelos tridimensionais para o ensino de Histologia aos alunos de Licenciatura em Ciências

Biológicas da Unesp em Bauru – SP. Essa autora observou a dificuldade dos alunos em interpretar

a correta posição das organelas celulares, com esse método, comenta, foi possível suprir a

ausência de visão tridimensional das figuras dos livros didáticos. Já Azevedo e Bezerra (2006)

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utilizaram a construção de maquetes tridimensionais para o estudo do corpo humano na

disciplina de Anatomia Humana do Curso de Graduação em Medicina do Centro de Ciências da

Saúde da UFRN. Essa prática, além de servir como estratégia didática, veio a suprir a falta de

corpos humanos para estudo.

Araujo-de-Almeida (2007) desenvolveu modelagens tridimensionais de animais e

cladogramas auxiliando o ensino dos invertebrados anelídeos poliquetas aos alunos das

disciplinas Biodiversidade I e III do Curso de Ciências Biológicas da UFRN. O trabalho dessa autora

teve como objetivo proporcionar aos alunos uma melhor boa visualização das estruturas desses

animais e uma melhor aprendizagem dos conceitos evolutivos envolvidos. Os poliquetas, como

outros organismos invertebrados, são frágeis e de difícil acesso e quando conservados perdem

suas características de coloração e morfológicas que desestimulam a aprendizagem, sendo,

muitas vezes apenas vistos pelos estudantes através de fotos ou ilustrações.

Araujo-de-Almeida (2007), inicialmente, chamou a atenção dos alunos para as

características morfológicas, histórias de vida, diversidade e importância ecológica e econômica

desses animais através de fotos coloridas. Após estas explicações teóricas foram utilizados

materiais recicláveis para a construção, pelos próprios alunos, de modelos tridimensionais que

representassem as características principais dos organismos estudados. Além disso, como discute

a autora, o uso de materiais recicláveis é de extrema importância para a reciclagem o que leva a

uma conscientização ecológica de preservação do meio ambiente. Ao final de toda a construção

das maquetes os alunos puderam verbalizar sobre as características morfológicas e evolutivas

aprendidas. Salienta a autora que os alunos usaram de forma riquíssima a imaginação e

criatividade, até mesmo recorrendo a elementos teatrais para tratar dos elementos morfológicos.

Diversos trabalhos têm destacado a importância dos modelos didáticos, como facilitadores da

compreensão dos estudos nas subáreas da Biologia (Giordan& Vecchi, 1996; Brandão & Acedo,

2000; Justina &Ferla, 2006).

Em todas as citações anteriores os alunos foram graduandos em Biologia ou Medicina,

sendo possível observar com esses relatos a importância de uma diferente metodologia de

ensino. Dessa forma foi possível o uso dessa abordagem para alunos de Ensino Fundamental e

Médio com a participação dos graduandos do curso de Licenciatura em Ciências

Biológicas/CCA/UFPB, que coordenaram as atividades em sala de aula, na instituição pública de

ensino. Essa proposta também auxiliou na formação de docentes na área de Ciências e Biologia

com uma abordagem diferente do processo de ensino e aprendizagem, tornando-os veículos

multiplicadores de novas idéias para o ensino.

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3. Descrição metodológica

As atividades foram desenvolvidas na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio

Ministro José Américo de Almeida na cidade de Areia – PB, que pertence à Rede Estadual de

Ensino e é regida pela 3ª Gerência Regional do Estado da Paraíba. O trabalho foi coordenado por

aluno bolsista do PROLICEN (Programa de Licenciatura) do curso de Licenciatura em Ciências

Biológicas/CCA/UFPB em turmas do 7º Ano do Ensino Fundamental e 2º Ano do Ensino Médio nas

disciplinas de Ciências e Biologia.

O trabalho inicial foi em laboratório com a revisão bibliográfica e a relação das principais

classes de artrópodes e suas características mais significantes. A pesquisa levou em consideração,

principalmente, os padrões de tagmose e a segmentação corpórea, com a utilização de livros

especializados, espécimes conservados em laboratório ou animais vivos coletados, fotos, vídeos

ou ilustrações coloridas encontradas na internet. Todo material da pesquisa foi utilizado para

elaboração dos planos de aula.

De acordo com a revisão bibliográfica, pôde-se observar que o trabalho de modelagem

aborda principalmente a classificação taxonômica a partir de caracteres morfológicos, assim, os

artrópodes são o grupo perfeito para a atividade, já que toda sua classificação é feita a partir de

tais características. Os padrões de tagmose e o tipo de segmentação corpórea são padrões que

diferenciam as classes de artrópodes. Outras características importantes são a presença/ausência

ou número de antenas, número de pernas e outros tipos de apêndices, tais como estruturas

abdominais e número de segmentos entre outros. Além disso, tais estruturas apresentam grande

variedade de formas e funções, tendo grande importância na caracterização dos diferentes tipos

de artrópodes existentes (Galloet al., 2002).

Também, com base nos padrões corpóreos de segmentação e tipos e números de

apêndice é possível compreender aspectos relacionados com a evolução e filogenia dos grupos.

Com auxílio dos coordenadores, aulas foram preparadas para abordar teoricamente tais

conceitos, mostrando não só as características morfológicas e fisiológicas, mas também aspectos

ecológicos, econômicos e a diversidade dos grupos.

Depois dessa etapa, iniciou-se a confecção de algumas maquetes (modelos) que foram

utilizadas como propostas estimuladoras da criatividade dos alunos. Os modelos foram feitos

tendo como base na definição de modelo didático proposta por Justina et al. (2003). Descreve-se

como modelo didático (Justina):

“...modelo didático corresponde a um sistema figurativo que reproduz a

realidade de forma esquematizada e concreta, tornando-os mais

compreensível ao aluno. Representa uma estrutura que pode ser utilizada

como referência, uma imagem que permite materializar a idéia ou o conceito,

tornando-os assimiláveis. Os modelos didáticos devem simbolizar um conjunto

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de fatos, através de uma estrutura explicativa que possa ser confrontada com a

realidade.”(Justina et al., 2003 apud Rocha, 2010, p.16)1

As aulas teóricas foram realizadas dependendo da disponibilidade de horários da escola,

sempre no horário letivo e com a autorização prévia da administração escolar. Nessas aulas,

foram apresentados aos alunos maquetes (modelos), fotografias, ilustrações, e material biológico

mantido no Laboratório de Zoologia do CCA – UFPB, conservado em vias úmida e seca. Desta

forma os alunos tiveram melhor consciência do tamanho, proporção, textura e

tridimensionalidade de alguns artrópodes. Os aspectos da biologia, ecologia e importância desses

grupos foram tratados, para estimular a curiosidade dos alunos.

Terminada a aula teórica, a próxima etapa foi auxiliar os alunos no desenvolvimento dos

modelos tridimensionais. Foram utilizados materiais de baixo custo, tais como recicláveis

(garrafas pet, restos de arame), massa de modelar infantil e biscuit, e na confecção dessas

estruturas morfológicas, o tamanho dos espécimes não ultrapassou o tamanho real dos animais.

As aulas práticas eram sempre realizadas após as aulas teóricas após os alunos terem uma boa

noção do grupo com o qual trabalhariam a modelagem.

Nas turmas de 7º Ano, no total, onze aulas foram ministradas, sendo cinco teóricas,

quatro práticas, uma aula para apresentação dos modelos desenvolvidos pelos alunos e uma aula

para avaliação escrita. Nas turmas de 2º Ano foram dez aulas ministradas, sendo cinco teóricas,

quatro práticas e uma aula para aplicação da avaliação escrita, não houve a apresentação dos

modelos, que foi substituída pela participação dos alunos em uma feira de ciências sobre os

artrópodes.

Os alunos de todas as turmas estiveram sob constante observação,e seu comportamento,

participação e sua evolução no transcorrer das aulas foram objetos de avaliação. Os modelos

didáticos dos alunos fora foram avaliados pelos professores da disciplina no que se

refereoriginalidade e criatividade. No quesito apresentação (tanto em sala quanto na feira de

ciências), além do aspecto visual dos modelos foi levada em consideração a desenvoltura oral dos

estudantes no esclarecimento ao público.

4. Resultados e discussão

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ministro José Américo de Almeida

mantêm o Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, e Médio, do 1º ao 3º ano, todavia, os alunos

1JUSTINA L. A. D.; RIPPEL J. L.; BARRADAS C. M.; FERLA M. R. Modelos didáticos no ensino de

Genética. In: Seminário de extensão da Unioeste, 3., 2003, Cascavel. Anais do Seminário de

extensão da Unioeste. Cascavél; 2003. p.135 - 40.

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participantes deste trabalho foram apenas os devidamente matriculados no 7º Ano do Ensino

Fundamental (Grupo I)e os matriculados no 2º Ano do Ensino Médio(Grupo II). O Grupo I

constitui-se de três turmas (A, B e C), e totalizou 107 alunos dos quais 80% (86 alunos) não

obtiveram nenhuma ausência em quaisquer dos itens: a) aulas teóricas, b) aulas práticas, c)

apresentação e d) avaliação. O Grupo II foi composto também por três turmas (A, B e C)

totalizando 87 alunos dos quais 75% (62 alunos) estiveram presente nos itens “a’’, “b’’, e “d’’

citados acima, já que no Grupo II não houve apresentação em sala de aula, atividade substituída

por uma feira de ciências. Os Grupos foram compostos pelo 2º Ano Médio e 7º Ano Fundamental,

por apresentarem em seu plano curricular obrigatório o módulo Zoologia, estudando a

diversidade dos animais, o que permitiu o desenvolvimento do presente trabalho.

4.1. Ensino Fundamental (Grupo I)

As turmas A e B do 7º ano apresentavam alunos com faixa etária entre 12 e 14 anos e a

turma C, era composta por alunos repetentes e com idade superior a 15 anos.

No total, onze aulas foram ministradas, sendo cinco teóricas, quatro práticas, uma aula

para apresentação dos modelos desenvolvidos pelos alunos e uma aula para avaliação escrita. A

apresentação e a avaliação formaram duas das três notas correspondentes ao 3º bimestre escolar

dos alunos. As aulas teóricas (Figura 1) foram ministradas com o auxílio de um retroprojetor. As

transparências foram preparadas com “layout” paisagem como slides de apresentação Power

Point. Em cada folha de transparência foram impressos dois slides para que pudessem ser bem

ampliados na projeção.

Figura 1 - Aula Teórica Ministrada com auxílio de retroprojetor.

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A primeira aula, uma explanação geral sobre artrópodes, evidenciou as semelhanças entre

esses animais que os fazem ser parte de um mesmo grupo. Além dessas características, a aula

trouxe em seu conteúdo as classes dos Arthropoda para que os alunos pudessem tomar

conhecimento da diversidade do grupo com o qual iam trabalhar.

Como o interesse lúdico do trabalho só seria instigado nas aulas práticas,a diversidade dos

artrópodes apresentou-se como uma solução para o interesse dos alunosnas aulas teóricas

ministradas.Ao lado dos tópicos de cada transparência utilizada nas aulas teóricas, a imagem de

um representante animal “curioso” foi fixada, despertando curiosidade acerca da figura e

instituindo o debate e o despertar do interesse nos artrópodes. Imagens, tais como, de um

Macrocheirakaempferi(maior artrópode conhecido) ao lado de um homem, de tarântulas

Cromatopelmacyaneopubescens(que possuem uma coloração peculiar), escorpiões-vinagre e

amblipigídeos (acaracnídeos bastante incomuns), dentre outras, foram utilizadas. As imagens

também foram utilizadas para demonstrar estruturas corpóreas e conceitos, tais como,

segmentação e tagmatização. A partir deste momento pôde-se comentar sobre os artrópodescom

o uso de uma linguagem mais científica eutilizando palavras como tagmas, segmentos, apêndices

e táxons. Nesse aspecto, se evidenciou que uma aula introdutória é fundamental para o bom

andamento do trabalho.

Na terceira aula, a primeira aula de modelagem, a turma se dividiu em equipes de no

máximo quatro alunos. As equipes sempre foram mantidas iguais em todas as aulas teóricas, para

um entrosamento gradual no desenvolvimento do trabalho e para que os alunos mais próximos

pudessem combinar sobre o material que levariam à sala de aula para montar seus modelos.

Assim, foi levado à sala de aula o modelo didático preparado em laboratório pelo bolsista, e antes

da montagem dos modelos didáticos pelos alunos, foi revisado o conteúdo da aula anterior dando

ênfase a morfologia externa do animal. Nessas aulas práticas, animais conservados em via úmida

e/ou seca, também foram utilizados para confecção dos modelos didáticos (Figura 2).

Figura 2 - Montagem dos modelos didáticos pelos alunos.

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De cada táxon foram produzidos dois modelos didáticos em laboratório, para os insetos,

uma formiga (Figura 3) e uma joaninha. Todos os modelos didáticos foram produzidos com massa

do tipo “biscuit” e coloridos com tinta guache (a tinta foi misturada à massa), sendo que cada

tagma foi modelado com uma cor (Figura 3) para melhor diferenciação morfológica. Antenas,

algumas patas e quelíceras eram representadas por fios elétricos. Os modelos didáticos serviram

para incitar a criatividade dos alunos mostrando como deveriam montar os seus próprios

modelos, baseados nas aulas teóricas e nos animais conservados em via úmida e seca.

Figura 3. Modelo didático de inseto preparado em

laboratório.

As aulas subsequentes seguiram a mesma distribuição, sempre uma teórica sobre o táxon

- para poder conhecer bem os conceitos e morfologia da classe;- e posteriormente a modelagem

correspondente ao grupo estudado. Assim foi, a partir dos insetos, com os crustáceos, aracnídeos

e por fim, com os Myriapoda. Os modelos didáticos (Apêndices - A1) foram caranguejo e camarão

para os crustáceos; escorpião e caranguejeira para aracnídeos; e embuá e lacraia para os

myriapoda. Buscou-se sempre os representantes mais conhecidos para facilitar a modelagem aos

alunos. Todos os modelos foram criados levando em consideração todos os detalhes de sua

morfologia (Rupppert, 2005).Ao contrário dos modelos, que procuraram ser o mais comuns

possíveis, os animais levados à sala de aula conservados em via seca ou úmida foram os mais

incomuns disponíveis no laboratório, isso leva os alunos à se interessarem ainda mais. Foi

observado que quanto maior o animal, maior o interesse e a curiosidade dos alunos. Por exemplo,

com lagostas e tarântulas, os alunos ficavam mais interessados em saber quais as funcionalidades

das estruturas corporais, diferente de uma formiga, às quais já estão habituados a ver todos os

dias.

Foram confeccionados 92 modelos nas três turmas do Grupo I, 23 de cada táxon,

representando insetos, crustáceos, aracnídeos e myriapoda. Dentre os materiais utilizados

observou-se que a massa de “biscuit” é a mais adequada para a confecção dos modelos por

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apresentar durabilidade e dureza, podendo ser manuseada por várias vezes sem deformar-se. Os

modelos confeccionados com massa de modelar tanto em sala de aula como em laboratório não

se mostraram adequados, pois com o manuseio perderam a forma facilmente e não conseguiram

ficar fixos, já que os artrópodes são formados por tagmas e apêndices e a massa de modelar não

consegue dar sustentabilidade às ligações.

A participação dos alunos permitiu a interação positiva com a metodologia aplicada,

apresentando-se curiosos e participativos em aulas teóricas e práticas. No que se refere ao ensino

de artrópodes, a utilização de modelos didáticos é bastante relevante, pois permite construir o

conhecimento sobre o objeto ao invés de apenas transformar o aluno num receptor de

informações teóricas. Além disso, a diversidade de material pedagógico facilita o aprendizado

tornando as aulas práticas mais dinâmicas e produtivas.

A apresentação dos modelos montados pelos alunos foi realizada na 10ª aula, onde cada

membro da equipe ficou reponsável por apresentar um dos modelos didáticos. Os alunos tinham

como objetivo mostrar a morfologia externa de cada modelo mostrando quais características

evidenciavam que o animal pertencia à classe correspondente. O resultado deste projeto foi

observado nas notas adquiridas pelos alunos nas avaliações escritas, que abordou desde os

conceitos de segmentação e tagmatização até as características de cada classe de artrópodes.

As turmas A, B e C, foram avaliados indistintamente. A turma A e B (12 a 14 anos, não

repetentes) obtiveram uma média de 8,1 e 7,6 respectivamente, na prova escrita, enquanto a

média da turma C (15 anos ou mais e repetentes) foi de 5,8. A apresentação oral, onde os alunos

puderam expressar seu conhecimento de forma livre, teve as médias de 8,9; 8,6 e 9,9 nas turmas

A, B e C, respectivamente (Figura 4). Pôde-se observar que os alunos da turma C, obtiveram maior

média na apresentação oral, evidenciando que a avaliação escrita nem sempre deve ser o único

caminho de avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos.

Figura 4. Médias das provas escritas, apresentações orais e médias

gerais das turmas A, B e C do 7º Ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ministro José Américo de

Almeida.

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Segundo Shepardson (2002), as crianças indicam como insetos as borboletas e as aranhas.

Associam esses animais com habitat abaixo do solo, com plantas, abaixo de troncos e pedras, e

outros habitats característicos. Os alunos do 7º Ano não tinham conhecimento prévio algum

sobre os artrópodes, logo,myriapodas e aracnídeos também eram considerados insetos por eles.

Houve o caso de alunos citarem lagartixas como insetos. Em relação à classificação taxonômica

dos animais, a maioria das crianças classifica os animais de acordo com o habitat e locomoção

(Kattmann, 2001). Com as aulas finalizadas observou-se que o método aplicado aos alunos

corrigiu as deficiências em relação à taxonomia básica dos artrópodes.

O trabalho foi bem aceito e aprovado pelos professores titulares da disciplina, pela

diretoria da instituição e todos os alunos que tomaram conhecimento do que estava a ser

desenvolvido no 7º ano.

Três meses após o término de todas as aulas teóricas e práticas, um

questionário(Apêndice – A2) foi aplicado aos alunos do Grupo I com o objetivo de avaliar o

conhecimento adquirido a metodologia desenvolvida, em quais aspectos contribuiu e como

poderia melhorar. O questionário aplicado foi composto por sete questões subjetivas, que

abordaram o conhecimento sobre artrópodes, o suporte que a disciplina de ciências fornece aos

discentes e como a modelagem ajudou na formação do conhecimento dos alunos.

Como dito, os alunos não tinham conhecimento prévio sobre os artrópodes. Com o

questionário, confirmou-se a hipótese. Quando questionados “Onde conheceu os artrópodes?

Onde aprendeu sobre eles?” as respostas foram predominantemente “na escola” (Figura 5)

enquanto alguns poucos responderam que já os tinham conhecido em casa com os pais, ou no

pátio daescola com amigos

Figura 5. Respostas dos alunos do 7º Ano (Grupo I). Primeiro contato

com os artópodes

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Escola Outro Abstenção

Res

po

tas

%

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Quanto ao conceito e importância dos artrópodes obteve-se um alto índice de abstenção

às perguntas, o que não ocorreu em relação à taxonomia. A modelagem tridimensional objetivou

principalmente a diferenciação taxonômica das classes desse filo, o questionário pós-projeto

mostrou que o conhecimento sobre artrópodes persistente foi aquele ao qual a metodologia

alternativa mais se dedicou, enquanto padrões conceituais e teóricos não foram tão bem

relembrados pelos alunos, como mostra a figura 6.

Figura 6. Respostas dos alunos do 7º Ano (Grupo I). Conhecimento sobre

artrópodes.

Todos os alunos que conseguiram diferenciar taxonomicamente os artrópodes citaram

características morfológicas: número de patas, divisão corporal e quantidade de antenas. Essa foi

uma abordagem bem mais técnica e científica do que as classificações ideológicas aplicadas pelos

alunos antes do projeto, como habitat, alimentação ou locomoção.

Abordados acerca do que deveria melhorar no ensino de artrópodes, os alunos

aprovaram a metodologia aplicada e afirmaram que não há o que mudar (Figura 7).

Algumas respostas vieram em forma de sugestãosobre as aulas. Dentre as observações

feitas pelos alunos como respostas ao questionário estavam:

Levar os artrópodes vivos à sala de aula para um contato com os alunos;

Um pequeno laboratório para se desenvolver as aulas práticas;

Equipamentos para as aulas, como luvas e pinças para manuseio disponível para todos os

alunos.

Conceito Importância Taxonomia

Correto 28% 34% 58%

Satisfatório 16% 50% 26%

Abstenção 56% 16% 16%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Res

po

stas

%

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Figura 7. Respostas dos alunos do 7º Ano (Grupo I). Mudanças que

devem ocorrer no ensino de artrópodes.

A última pergunta do questionário foi como a modelagem ajudou os alunos no

aprendizado sobre artrópodes, grande parte, afirmou que a modelagem melhorou na visualização

das patas, antenas, divisão do corpo e na diferenciação das classes, ou seja, grande parte dos

alunos certificou que sob algum aspecto de visualização morfológica a modelagem contribuiu.

Outrosalunos citaram a palavra criatividade, expressando o quão a modelagem estimulo-a em

sala de aula (Figura 8).

Figura 8. Respostas dos alunos do 7º Ano (Grupo I). Contribuição da

modelagem de artrópodes no aprendizado.

Observou-se que depois dos três meses de trabalho desenvolvido a metodologia aplicada

foi relembrada como uma atividade prazerosa que poderia ser desenvolvida outra vez. É

impossível não citar no presente trabalho o quão impressionante foi observar o envolvimento dos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Vizual. daestruturas

Criatividade Abstenção

Re

spo

stas

%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Nada Sugestões Abstenção

Res

po

stas

%

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alunos com a metodologia, bem como o nível de conhecimento técnico e científico que os alunos

adquiriram sobre os artrópodes.

4.2. Ensino Médio (Grupo II)

Durante a segunda etapa do projeto,foi aplicada a mesma metodologia utilizada no Grupo

I.Esse grupo era composto por turmas de 2º Ano do Ensino Médio. No total, 10 aulas foram

ministradas, sendo cinco teóricas, quatro práticas e uma aula para aplicação da avaliação escrita.

As aulas teóricas foram ministradas com o auxílio de um retroprojetor, enquanto nas práticas, os

alunos dividiram-se em equipes de quatro componentes. As aulas tanto teóricas como práticas

foram aplicadas da mesma forma e com a mesma metodologia que as lecionadas no Grupo I.

As aulas teóricas do Grupo II tiveram a mesma base das aulas preparadas para o ensino

fundamental, todavia, contendo conceitos adicionais acerca das características fisiológicas de

cada táxon. Após cada aula teórica, da mesma forma que no Ensino Fundamental, os alunos

foram organizados em grupos de quatro para que pudessem construir os modelos

tridimensionais. Ao fim da última aula teórica foi entregue aos alunos uma tabela elaborada pelo

bolsista para auxiliar na avaliação escrita. Os alunos desse grupo estavam sendo preparados para

o PSS (Processo Seletivo Seriado) da UFPB bem como para o ENEM (Exame Nacional do Ensino

Médio). Ambos os exames são compostos por questões de múltipla escolha, por isso, a avaliação

aplicada consistiu de 14 questões de múltipla escolha abordando todo o conteúdo ministrado em

sala de aula.

Figura 9. Médias das provas escritas das turmas A, B e C do 2º Ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio

Ministro José Américo de Almeida.

O desempenho dos alunos do Grupo II(Figura 9) esteve abaixo do Grupo I, e apesar de

participativos, os alunos não se mostraram tão interessados na modelagem como os alunos do 7º

Turma A Turma B Turma C

Prova 7,1 6,8 7,7

0

2

4

6

8

10

No

tas

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Ano, haja vista que o presente grupo é composto por jovens e adultos os quais não interagem de

maneira tão lúdica com a metodologia, diferentemente dos adolescentes avaliados no Grupo I.

Ao final do projeto os modelos didáticos foram utilizados para exposição na Feira de

Ciências anual, organizado pela escola. Na oportunidade foram selecionados quatro alunos do

ensino médio para apresentar os modelos didáticos construídos, bem como apresentação geral

do projeto (Figura 10).

Figura 10. Modelos didáticos preparados pelos alunos do 2º Ano Médio

apresentação na Feira de Ciências da E.E.E.F.M. Ministro José Américo

de Almeida.

5. Considerações finais

A partir dos resultados obtidos, conclui-se que o trabalho ajudou não somente no

aprendizado individual do aluno, mas na troca de conhecimento entre alunos da mesma equipe e

com equipes da mesma turma, gerando dúvidas e discussões que resultaram num crescimento

coletivo. Tendo como instrumento a discussão, os alunos desenvolveram o senso crítico

individual, sendo isso, um bom mérito para a formação científica e pessoal.

Essas metodologias alternativas têm a capacidade de despertar o lado lúdico nos alunos

sem dispersar o lado científico da atividade (Beserra, 2010), mostrando o quanto são eficientes. A

confecção dos modelos didáticos capacitou os alunos a reconhecer e classificar os diversos táxons

presentes dentro dos artrópodes. Além disso, a modelagem proporciona aos alunos o despertar

de um lado lúdico e atrativo, podendo ser desenvolvida em qualquer nível de ensino do infantil ao

superior, utilizando os modelos não só nas aulas de sua construção, mas em análises morfológicas

posteriores, em oficinas ou feiras científicas.

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A utilização de modelos didáticos tridimensionais é uma alternativa que deve ser

estimulada nos estabelecimentos de ensino, pois promove a relação do conteúdo estudado com

aulas práticas, onde os alunos podem observar e aplicar os termos e conceitos conhecidos em

sala de aula, tornando o conteúdo mais assimilável e compreensível.

A modelagem pode e deve ser sim aplicada; e não só fazendo alusão ao ensino de

artrópodes, mas em outras diversas matérias curriculares, pois a modelagem didática pode ser

desenvolvida de modo aceitável em quaisquer análises morfológicas, seja de células, órgãos,

sistemas ou organismos, não só no ensino de Ciências e Biologia, mas também em Geografia,

Física e Matemática.

6. Referências

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conceitos em Sistemática Filogenética. In: Anais do IV Colóquio Nacional em Epistemologia das

Ciencias da Educação. Natal: IV CNECE, 2007.

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disciplina de Anatomia Humana. In: GOMES, M. C. S. (org). Tecendo saberes e compartilhando

experiências sobre avaliação. Natal: Ed. UFRN, 2006.

BESERRA, J. G. BRITO, C. H. Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como método para

o ensino de ciências.ENCONTRO DE INNICIAÇÂO À DOCÊNCIA, 13, 2010, Bananeiras. Anais

eletrônicos... João Pessoa: UFPB, 2010. Disponível em:

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extensão da Unioeste. Cascavél; 2003. p.135 - 40 apud ROCHA A. R.; MELLO W. N.; BURITY C. H. F.

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Apêndices

Figura A1 – Modelos didáticos tridimensionais de artrópodes preparados

em laboratório

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Projeto de Ensino: Modelagem didática tridimensional de artrópodes, como

método para o ensino de ciências e biologia

Questionário aos alunos:

1. O que são artrópodes? Você conhece algum? Se conhecer, cite alguns.

2. Em sua opinião qual a importância destes para o ser humano?

3. Onde você conheceu os artrópodes? Onde aprendeu sobre eles?

4. Quais critérios você utilizaria para diferenciar os artrópodes uns dos outros?

5. Você acha que a disciplina de Ciências da sua escola lhe dá suporte para conhecer

os artrópodes? Por quê?

6. O que você acha que deveria melhorar no ensino de ciências sobre artrópodes?

7. Como a modelagem ajudou no aprendizado sobre artrópodes?

Questionário A2 – Questionário aplicado pós-projeto aos alunos do Grupo I ( alunos do 7º

Ano do Ensino Fundamental)

Carlos Henrique de Brito - Graduado em Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências

Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (2000); Mestre em Agronomia/Produção Vegetal

pela Universidade Federal da Paraíba (2003) e Doutor em Agronomia/Produção Vegetal pela

Universidade Federal da Paraíba (2007). Trabalhou como pesquisador na Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuária da Paraíba/FINEP/CNPq. Atualmente é pesquisador/professor da

Universidade Federal da Paraíba Campus II - Areia - PB, nos componentes curriculares Zoologia e

Entomologia. Tem experiência na área de Resistência de plantas a pragas (Spodoptera frugiperda,

Cochonilha-do-carmim, Extratos vegetais, Produtos alternativos, Inseticidas) bioecologia de

insetos e manejo Ecológico de pragas - [email protected]

Joallyson Gonçalves Beserra - Universidade Federal da Paraíba -