modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

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MODELAGEM DAS FORÇAS DE USINAGEM NO MICROFRESAMENTO DE TOPO EM MATERIAIS COM REVESTIMENTO Thales de Assis Carvalho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Anna Carla Monteiro de Araujo Rio de Janeiro Agosto de 2015

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Page 1: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

MODELAGEM DAS FORÇAS DE USINAGEM NO MICROFRESAMENTO DE TOPO

EM MATERIAIS COM REVESTIMENTO

Thales de Assis Carvalho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Anna Carla Monteiro de Araujo

Rio de Janeiro Agosto de 2015

Page 2: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

MODELAGEM DAS FORÇAS DE USINAGEM NO MICROFRESAMENTO DE TOPO EM

MATERIAIS COM REVESTIMENTO

Thales de Assis Carvalho

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO

DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Anna Carla Monteiro de Araujo

________________________________________________

Prof. José Luis Lopes da Silveira

________________________________________________

Prof. Lavinia Maria Sanabio Alves Borges

________________________________________________

Prof. Adriane Lopes Mougo (CEFET/RJ)

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Page 3: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

i

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

MODELAGEM DAS FORÇAS DE USINAGEM NO MICROFRESAMENTO DE TOPO

EM MATERIAIS COM REVESTIMENTO

Thales de Assis Carvalho

Agosto/2015

Orientadora: Anna Carla Monteiro de Araujo

Curso: Engenharia Mecânica

Um dos parâmetros mais utilizados para otimizar os processos de usinagem e

microusinagem é o estudo da força de corte. Este parâmetro é importante para prever

o comportamento da ferramenta e do cavaco, a potência necessária ao corte e análise

do desgaste da ferramenta, a fim de evitar sua quebra.

Uma das técnicas de proteção das superfícies metálicas é a aplicação de

revestimentos. Existem inúmeros tipos de revestimentos, desde a lubrificação da

superfície até a deposição de multicamadas. A deposição metálica é uma técnica

utilizada para a proteção do substrato, mas pode ser aplicada sobre uma superfície

que se deseja, posteriormente, unir a um outro material metálico.

Este trabalho objetiva a realização de um estudo analítico e experimental da

usinagem no microfresamento de canais na superfície de um corpo de prova com

revestimento metálico.

Page 4: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

ii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

MODELING OF MACHINING FORCES ON END MICRO MILLING IN MATERIALS

WITH COATING

Thales de Assis Carvalho

Agosto/2015

Advisor: Anna Carla Monteiro de Araujo

Course: Mechanical Engineering

One of the parameters most used to optimize machining and micromachining

processes is the study of shear force, important in predicting the behavior of the tool

and the splinter, the cutting power required and analysis of the tool wear, in order to

avoid breakage.

One of the technique for protection of metallic surfaces is the application of

coatings. There are numerous types of coatings, from surface lubrication to the

multilayer deposition. The metal deposition is a technique used to protect the

substrate, but may be applied over a surface to be, subsequently, joined to another

metal material.

This work aims at conducting an analytical and experimental study of machining

in micro milling of channels on the surface of a specimen with metallic coating.

Page 5: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

iii

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida. Por me dar a força necessária para

superar os obstáculos e as dificuldades nessa trajetória.

Aos meus familiares, em especial aos meus pais, Helio e Elaine, pelo incentivo,

apoio incondicional, investimento e sacrifícios que fazem por mim. Dedico este

trabalho aos dois, como um reconhecimento dos esforços realizados para minha

formação pessoal e profissional.

Aos meus amigos, pela cooperação e companheirismo, por tornarem essa

trajetória mais fácil.

À minha orientadora, professora Anna Carla, por ter me aceitado neste projeto

e por sempre estar à disposição, acompanhando e dando suporte sem medir esforços

em todas as etapas do projeto. Fica o meu muito obrigado pelos conhecimentos

transmitidos e pelos conselhos dados para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus colaboradores, Fábio Campos e Adriane Mougo, por toda ajuda e

orientação durante todas as etapas do projeto, sem as quais, esse trabalho não seria

possível. E a todos do CEFCON – Centro de Estudos em Fabricação e Comando

Numérico da COPPE/UFRJ.

À professora Carolina Cotta e ao Diego Busson por terem fornecido a peça para

o experimento.

Aos professores José Luis e Lavínia Borges por terem aceitado fazer parte da

banca examinadora deste projeto.

Page 6: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

iv

Sumário

1 Introdução ......................................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ................................................................................................................................... 1

1.2 Objetivos .................................................................................................................................... 2

1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................................................ 3

2 Introdução aos processos de usinagem ........................................................................................ 4

2.1 Processos de fabricação e usinagem....................................................................................... 4

2.2 Fresamento de topo .................................................................................................................. 5

2.3 Parâmetros de corte e geometria do fresamento de topo ..................................................... 6

2.4 Análise da força de corte para o fresamento de topo ............................................................ 8

2.5 Cálculo da pressão específica de corte ................................................................................ 12

2.6 Microfresamento de Topo ....................................................................................................... 14

2.6.1 Microfresas ....................................................................................................................... 15

2.6.2 Modelagem da força de corte no microfresamento ....................................................... 15

2.6.3 Modelo utilizado ................................................................................................................ 16

3 Microfresamento de topo em materiais com revestimento ........................................................ 17

3.1 Forças de microusinagem de material com recobrimento .................................................. 17

3.2 Algoritmo desenvolvido .......................................................................................................... 19

3.3 Simulações da força de usinagem utilizando o algoritmo desenvolvido ........................... 23

3.3.1 Simulação 1....................................................................................................................... 24

3.3.2 Simulação 2....................................................................................................................... 27

3.3.3 Simulação 3....................................................................................................................... 29

4 Procedimento experimental .......................................................................................................... 32

4.1 Microfresadora ......................................................................................................................... 32

4.2 Equipamentos para aquisição das forças de corte e montagem experimental .................. 33

4.3 Material do corpo de prova ...................................................................................................... 34

4.4 Parâmetros de corte utilizados .............................................................................................. 36

4.5 Resultados Experimentais ...................................................................................................... 36

4.5.1 Experimento 1 ................................................................................................................... 38

4.5.2 Experimento 2 ................................................................................................................... 40

4.5.3 Experimento 3 ................................................................................................................... 41

4.5.4 Réplica do experimento 3 ................................................................................................ 43

4.5.5 Comparação do resultado obtido com o resultado esperado ...................................... 44

4.6 Análise da ferramenta ............................................................................................................. 46

5 Conclusões ..................................................................................................................................... 47

6 Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 49

Apêndice ............................................................................................................................................. 51

Page 7: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

v

Lista de Figuras

Figura 2.1: Classificação dos processos de fabricação. Fonte: Fundamentals of Modern

Manufacturing. Groover, (2010). ......................................................................................................... 5

Figura 2.2: Penetração de trabalho e profundidade de corte considerando a fresa cortando com

avanço na direção -z. ........................................................................................................................... 7

Figura 2.3: Parâmetros para caracterizar uma fresa de topo ........................................................... 8

Figura 2.4: Espessura de corte do cavaco indeformado. Fonte: Adaptado de Araujo, (1999) ...... 9

Figura 2.5: Limites de integração da aresta de corte ativa. Fonte: Araujo, (1999) ....................... 10

Figura 2.6: Plano de contato e vista superior da fresa. Fonte: Araujo, (1999) .............................. 11

Figura 2.7: classificação da geometria da superfície da aresta de corte desenvolvida em um

plano. Fonte: Araujo, (1999) .............................................................................................................. 12

Figura 2.8: microfresa reta e esférica. Fonte ( Malekian, 2012) ...................................................... 15

Figura 3.1: Profundidade de corte das camadas 1 e 2 .................................................................... 17

Figura 3.2: duas camadas para análise dos limites de integração ................................................ 18

Figura 3.3: força de corte, na direção tangencial, para cada camada e a soma delas. ................ 25

Figura 3.4: força na direção radial, para cada camada e a soma delas. ........................................ 26

Figura 3.5: força resultante para as duas camadas ........................................................................ 27

Figura 3.6: força de corte, na direção tangencial, para cada camada e a soma delas. ................ 28

Figura 3.7: força resultante para as duas camadas ........................................................................ 29

Figura 3.8: força de corte para cada camada e a soma delas. ....................................................... 30

Figura 3.9: força resultante para as duas camadas ........................................................................ 31

Figura 4.1: Minifresadora Minitech Mini-Mill/GX .............................................................................. 32

Figura 4.2: equipamentos para aquisição das forças de corte e montagem experimental. Fonte:

Adaptado de Mougo (2014)................................................................................................................ 34

Figura 4.3: foto da placa de latão coberta com estanho já com os microcanais ......................... 34

Figura 4.4: imagens geradas a partir da análise metalográfica ..................................................... 35

Figura 4.5: Vista lateral do canal com os experimentos sendo realizados ................................... 38

Figura 4.6: Variação da força resultante para o experimento 1. .................................................... 39

Figura 4.7: Força resultante do experimento 1 em quatro rotações. ............................................. 39

Figura 4.8: Variação da força resultante para o experimento 2. .................................................... 40

Figura 4.9: Força resultante do experimento 2 em quatro rotações. ............................................. 40

Figura 4.10: Variação da força resultante para o experimento 3. .................................................. 41

Figura 4.11: Força resultante do experimento 3 em quatro rotações com e sem filtro. .............. 42

Figura 4.12: Força resultante esperada conforme modelo proposto. ........................................... 42

Figura 4.13: Variação da força resultante para a réplica do experimento 3. ................................. 43

Figura 4.14: Força resultante da réplica do experimento 3 em quatro rotações. ......................... 44

Figura 4.15: Fotos da aresta de corte da ferramenta utilizada após a realização dos canais. .... 46

Page 8: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

vi

Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Limites de integração para φ e ψ: (a) Tipo 1. (b) Tipo 2. Fonte: Adaptado de Araujo,

(1999) ................................................................................................................................................... 12

Tabela 3.1: variação de φ e ψ para a camada superior ................................................................... 19

Tabela 3.2: dados e parâmetros necessários para análise ............................................................ 23

Tabela 3.3: pressão específica de corte dos materiais escolhidos (Silva, 2002). ......................... 24

Tabela 3.4: Simulação 1 ..................................................................................................................... 24

Tabela 3.5: Simulação 2 ..................................................................................................................... 27

Tabela 3.6: Simulação 3 ..................................................................................................................... 30

Tabela 3.7: Comparação entre as simulações ................................................................................. 31

Tabela 4.1: Parâmetros de corte utilizados ...................................................................................... 36

Tabela 4.2: Experimentos realizados ................................................................................................ 38

Tabela 4.3: Pressão específica de corte para cada material .......................................................... 44

Tabela 4.4: Comparação do modelo teórico com o experimental .................................................. 45

Page 9: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

1

1 Introdução

1.1 Motivação

Países industrializados, incluindo os países emergentes, como o Brasil,

possuem suas economias baseadas em setores de produção. Um desses setores

engloba os processos de fabricação mecânica, como a usinagem, conformação e

fundição. Cada processo se aplica de acordo com o produto final que se espera e a

geometria desejada, no caso da fundição e conformação, não são indicados quando

se espera obter um acabamento superficial mais fino. Estes processos são limitados

em função das geometrias geradas, visto que nem sempre são capazes de criar peças

com pequenos furos e/ou tolerâncias estreitas. Nesse cenário a usinagem ganha um

papel importante e fundamental, por permitir a construção de peças com melhores

acabamentos e maior precisão. O processo de usinagem está presente direta, ou

indiretamente, em várias etapas da fabricação de um produto e com o início da

utilização de máquinas CNC, teve um grande salto tecnológico, o que permitiu a

fabricação de peças complexas de maneira precisa e repetitiva, possibilitando a

produção em série desses produtos.

Junto a evolução das máquinas, ocorreu uma evolução das ferramentas, que

atualmente são fabricadas por processos que envolvem altas tecnologias, com

materiais cada vez mais resistentes, com aplicações para as mais diversas áreas.

Com essas novas técnicas e tecnologias cada vez mais avançadas em usinagem, tem

início a fabricação de peças de tamanho reduzido, chamadas de microcomponentes,

com dimensões na ordem micro. Em geral, a usinagem em escala reduzida é definida

com base nas dimensões da ferramenta de corte, que estão entre uma faixa de 1 a

1000 micrometros e também dos parâmetros de corte. A usinagem mecânica é um

dos principais processos de fabricação dessas micropeças, sendo o microfresamento

o processo mais utilizado. No entanto, o aspecto mais relevante que caracteriza este

tipo de operação consiste no fato da espessura de corte e do tamanho de grão do

material da peça serem da ordem do raio da aresta da ferramenta de corte (Câmara

et al., 2012).

Page 10: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

2

Essa miniaturização, passagem da escala macro para a escala micro produz o

chamado efeito de escala. Para se estudar esse efeito, outros fatores devem ser

abordados, como a espessura de corte, a taxa de material removido, geometria da

ferramenta de corte, entre outros.

Um dos parâmetros mais utilizados para otimizar os processos de usinagem e

microusinagem é o estudo da força de corte, importante para prever o comportamento

da ferramenta e do cavaco, a potência necessária ao corte e análise do desgaste da

ferramenta, a fim de evitar sua quebra.

1.2 Objetivos

Uma das técnicas de proteção das superfícies metálicas é a aplicação de

revestimentos. Existem inúmeros tipos de revestimentos, desde a lubrificação da

superfície até a deposição de multicamadas. A deposição metálica é uma técnica

utilizada para a proteção do substrato, mas pode ser aplicada sobre uma superfície

que se deseja, posteriormente, unir a um outro material metálico.

Para a fabricação de componentes com micro dutos através dos quais um fluido

será injetado, pode-se realizar a usinagem por fresamento de canais em uma placa

inferior e depois uni-la a uma placa superior em uma operação semelhante a

soldagem. Foi utilizado em um projeto de final de curso pelo aluno Diego Busson da

UFRJ (Moraes, 2015), a deposição de estanho em uma placa metálica, com o

fresamento de canais, e uma tampa de estanho para compor a geometria dos micro

dutos. Com a leitura deste trabalho, questionou-se como seriam as forças de corte do

processo.

Este trabalho objetiva a realização de um estudo analítico e experimental da

usinagem por fresamento de canais na superfície de um corpo de prova com

revestimento metálico. O modelo da força para fresamento de topo com a adaptação

para um corpo de prova composto por materiais heterogêneos é utilizado para fazer o

cálculo da força de usinagem. São realizados experimentos para comparação

utilizando uma placa de latão com revestimento de estanho. Espera-se que apenas a

Page 11: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

3

soma das forças de usinagem resultante dos dois materiais seja suficiente para prever

o comportamento dos resultados experimentais.

1.3 Estrutura do trabalho

O presente trabalho é composto por cinco capítulos, que buscam transmitir o

conteúdo de forma clara e objetiva, referências e apêndices, os quais serão

brevemente descritos a seguir:

O capítulo dois apresenta a revisão bibliográfica. Neste serão apresentados os

conceitos básicos de usinagem, o fresamento e uma comparação com os demais

processos. Fala-se também do fresamento de topo, assim como sua geometria e seus

parâmetros de corte. Será feito uma análise da força de corte, detalhando a partir do

modelo mais básico até a fórmula final, já com algumas considerações. Serão

apresentados alguns modelos para o cálculo da pressão específica de corte assim

como uma análise sobre os mesmos e as adaptações necessárias da tecnologia

macro para a micro, assim como suas principais diferenças.

No capítulo três, um algoritmo será desenvolvido para o estudo das forças de

corte no fresamento de materiais heterogêneos. Simulações serão feitas com o intuito

de validar o modelo.

No capítulo quatro, apresenta-se o procedimento experimental e o resultado do

experimento. É realizada uma comparação com o modelo apresentado.

No capítulo cinco apresentam-se as principais conclusões que se pode chegar

a partir da análise do resultado e sugestões de temas que podem ser desenvolvidos

com base nos resultados da pesquisa.

Nos apêndices estão os códigos do Matlab utilizados para o fresamento em

materiais heterogêneos e para o microfresamento de materiais heterogêneos.

Page 12: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

4

2 Introdução aos processos de usinagem

2.1 Processos de fabricação e usinagem

De acordo com a norma DIN8540 de 1985, a usinagem é um conjunto de

operações que dão forma a uma peça através da remoção de material (cavaco).

A norma DIN8540 classifica os processos de fabricação como:

1- Formação de origem

2- Conformação

3- Separação

4- União

5- Revestimento

6- Modificação das propriedades do material

No item denominado separação, os processos de usinagem são classificados

da seguinte forma:

1- Usinagem utilizando ferramentas com geometria de corte definida: são

as mais adequadas para remoção de altas taxas de material. Exemplos

como torneamento, fresamento, furação, aplainamento, brochamento.

2- Usinagem utilizando ferramentas de geometria de corte não definida:

são apropriadas para a obtenção de acabamentos finais nas peças.

Exemplos como lapidação, retificação com rebolo, abrasivos,

jateamento.

3- Usinagem por processos não convencionais: remoção térmica, remoção

química, remoção eletroquímica.

Page 13: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

5

Figura 2.1: Classificação dos processos de fabricação. Fonte: Fundamentals of Modern Manufacturing. Groover, (2010).

2.2 Fresamento de topo

Fresamento é o processo de usinagem que, com o auxílio de ferramentas

multicortantes sob as mais variadas formas, confere à operação uma versatilidade

quanto às geometrias possíveis de serem geradas. A fresa, ferramenta utilizada para

o corte, possui arestas cortantes (dentes) que removem a cada rotação uma pequena

porção de material denominado cavaco. Esses dentes estão situados de forma

simétrica em torno de um eixo. Durante o corte, a fresa executa um movimento de

rotação ao redor de seu eixo.

O movimento de avanço geralmente é feito pela própria peça a ser usinada,

mantendo a fresa apenas com o movimento de rotação. Porém, nos centros de

usinagem ou nas fresadoras mais modernas, o movimento de avanço também pode

ocorrer pela ferramenta de corte. Movimentos estes que conferem à peça a forma e

Page 14: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

6

dimensão desejadas. É uma operação que consegue tolerância da ordem de IT9 a

IT11 e um acabamento superficial com rugosidade na faixa de 1,6 a 6,3 μm.

Existem várias maneiras de se classificar os tipos de fresamento. A

classificação a seguir, uma das mais difundidas, é adotada pela norma DIN 8589. O

fresamento, segundo a disposição dos dentes ativos da fresa, é classificado em:

. Fresamento tangencial: operação na qual o eixo da fresa é paralelo à

superfície que está sendo gerada. As fresas são chamadas de cilíndricas ou

tangenciais.

. Fresamento frontal: operação na qual o eixo da fresa é perpendicular à

superfície que está sendo gerada. As fresas são chamadas de fresas frontais ou de

topo.

Há casos em que o fresamento tangencial e o frontal comparecem, podendo

ou não, existir uma predominância de um deles sobre o outro. Um dos processos de

fresamento frontal é o fresamento de topo, que será discutido neste trabalho.

2.3 Parâmetros de corte e geometria do fresamento de topo

Para um estudo mais aprofundado do processo é necessário conhecer a

geometria da ferramenta e os parâmetros de corte. Juntos são responsáveis pela

forma final da superfície usinada e do cavaco. Serão descritos os mais importantes

para este trabalho.

A velocidade de corte (𝑣𝑐) é a velocidade instantânea do ponto de referência

da aresta cortante, segundo direção e sentido de corte.

O avanço por dente (𝑓𝑡) é o percurso de avanço de cada dente medido na

direção de avanço da ferramenta. Para calcular a velocidade de avanço:

𝑣𝑓 = 𝑓𝑡. 𝑧. 𝑛 (2.1)

onde 𝑧 é o número de dentes que a fresa possui e 𝑛 representa a rotação do eixo

principal:

Page 15: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

7

ae

x

y

𝑛 = 1000.𝑣𝑐

𝜋.𝑑 (2.2)

A rotação é dada em rpm, o diâmetro em milímetros, e a velocidade de corte em

metros por minuto.

O tempo de corte (𝑡𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒) é igual a distância percorrida pela ferramenta (𝐿)

sobre a velocidade de avanço, que é igual ao avanço por revolução (𝑓) multiplicado

pela rotação (n).

𝑡𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 =𝐿

𝑓.𝑛 (2.3)

A profundidade de corte (ap) é a profundidade de penetração da aresta principal

de corte medida em uma direção perpendicular ao plano de trabalho (Figura 2.2). A

seguir tem-se uma ilustração de uma fresa cortando uma peça na direção -z.

Figura 2.2: Penetração de trabalho e profundidade de corte considerando a fresa cortando com avanço na direção -z.

A largura de corte (ae) é a espessura de corte em cada revolução medida no

plano de trabalho e em uma direção perpendicular à direção de avanço. A máxima

espessura de penetração corresponde ao diâmetro da fresa utilizada.

ap

Page 16: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

8

d

λ

O ângulo de hélice da aresta de corte (λ) corresponde ao ângulo formado pela

aresta de corte com o eixo de rotação da fresa. Se situa de forma que o seu vértice

indica a ponta de corte.

Figura 2.3: Parâmetros para caracterizar uma fresa de topo

O ângulo de folga (𝛼) é o ângulo entre a superfície de folga e o plano que

contem a aresta de corte, cuja função é evitar o atrito entre a peça e a superfície de

folga da ferramenta.

O ângulo de saída (𝛾) é o ângulo situado entre a superfície de saída e o plano

de referência da ferramenta. Influi na força e potência necessária ao corte e no

acabamento superficial.

2.4 Análise da força de corte para o fresamento de topo

De acordo com Diniz, Marcondes e Coppini (2008), é de fundamental

importância conhecer como se comportam os esforços de corte assim como sua

ordem de grandeza em qualquer processo de usinagem, visto que afetam a potência

necessária para que se ocorra o corte, a capacidade de obtenção de tolerâncias

apertadas, temperatura de corte e o desgaste da ferramenta.

A força de corte, na direção tangencial da fresa, é expressa pela relação:

Page 17: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

9

𝐹𝑡 = 𝐾𝑡𝐴 (2.4)

onde Kt representa a pressão específica de corte e A representa a área da secção

transversal calculada de um cavaco a ser removido. A secção transversal de corte

deve ser medida perpendicularmente à direção de corte e calculada em função da

espessura do cavaco indeformado 𝑡𝑐 e do comprimento de aresta 𝑏, conforme

mostrado na equação a seguir:

𝐴 = 𝑡𝑐𝑏 (2.5)

Martellotti (1941), desenvolveu um modelo para se calcular a espessura do

cavaco em qualquer ponto da aresta de corte, cuja fórmula é:

𝑡𝑐 = 𝑓𝑡 sen φ (2.6)

onde 𝑓𝑡 representa o avanço por dente, que é o percurso de avanço por dente medido

na direção do avanço (eixo positivo de X) e φ é o ângulo de rotação de qualquer ponto

da aresta de corte em relação ao eixo Y no plano XY (figura 2.4). A espessura do

cavaco indeformado começa em zero e atinge seu valor máximo quando φ é igual a

90 graus.

Figura 2.4: Espessura de corte do cavaco indeformado. Fonte: Adaptado de Araujo, (1999)

Sabendo qual comprimento da aresta de corte ativa, podem ser divididas em

elementos infinitesimais e assim definir os limites de integração para o cálculo da

Page 18: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

10

força de corte. Força esta que também pode ser calculada em função do elemento

angular de rotação da ferramenta 𝑑φ, que se relaciona com 𝑑𝑏 da seguinte forma:

𝑑𝑏 =𝑑

2tan λ𝑑φ (2.7)

Com as expressões (2.4), (2.5), (2.6) e (2.7) chegamos à equação básica da

força de corte, que será tratada a seguir em sua forma diferencial, ou seja, se refere

às forças nos elementos de aresta, conforme proposta por Koenigsberger e Sabberwal

(1961).

𝑑𝐹𝑡 = 𝐾𝑡𝑡𝑐𝑑𝑏 (2.8)

De acordo com Tlusty e MacNeil (1975), durante o processo de corte, a aresta

de corte passa por três fases distintas:

Fase A: fase na qual se inicia o contato com o material. Conforme a peça gira,

φ vai aumentando progressivamente, assim como a aresta de corte, que

atinge um valor limite em 𝑙2.

Fase B: fase na qual o comprimento da aresta de corte ativa é constante.

Fase C: fase na qual a aresta de corte começa a sair da peça, tendo seu

comprimento de corte ativo diminuindo até que não esteja mais em contato com

a peça.

Na figura (2.5) pode se observar as fases A, B e C citadas e os limites l1, l2, l3 e

l4 que delimitam as três fases correspondente à geometria do tipo 1.

Figura 2.5: Limites de integração da aresta de corte ativa. Fonte: Araujo, (1999)

Page 19: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

11

Para o entendimento da classificação da geometria da superfície de corte

desenvolvida a um plano em tipo 1 ou tipo 2, é necessário que alguns ângulos sejam

definidos.

Figura 2.6: Plano de contato e vista superior da fresa. Fonte: Araujo, (1999)

Onde:

φ1: ângulo inicial de contato entre a ferramenta e a peça em relação ao

eixo Y

φ2: ângulo final de contato entre a ferramenta e a peça em relação ao

eixo Y

ψ: ângulo de rotação da ponta da aresta de corte em relação ao eixo Y

δ: diferença entre o ângulo ψ da ponta da aresta de corte e do ponto

mais acima da aresta de corte em contato com a peça

O ângulo de contato φo é igual a diferença entre o ângulo final de contato e o

ângulo inicial de contato entre a ferramenta e a peça. Pela figura (2.4), tem-se que o

ângulo inicial é igual a zero, portanto, φo = φ2.

De acordo com Araujo (1999), a geometria da superfície da aresta de corte

desenvolvida a um plano pode ser do Tipo 1, se φo > δ, e do Tipo 2, caso contrário.

Page 20: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

12

Figura 2. 7: Classificação da geometria da superfície da aresta de corte desenvolvida em um plano. Fonte: Araujo, (1999)

Os limites de integração para as regiões A, B e C serão definidos em função do

ângulo de contato (φ) inicial e final e do ângulo de rotação da ponta da aresta de corte

(ψ) inicial e final para os dois tipos.

Tabela 2.1: Limites de integração para φ e ψ: (a) Tipo 1. (b) Tipo 2. Fonte: Adaptado de Araujo, (1999)

(a) (b)

2.5 Cálculo da pressão específica de corte

A força de corte depende da pressão específica de corte 𝐾𝑡. Alguns fatores

influenciam na determinação desta, tais como:

. Material da peça: para aços, com o aumento da porcentagem de carbono, a

pressão específica de corte aumenta. Com o aumento da porcentagem do fósforo, a

pressão específica diminui. Elementos como chumbo, boro e sulfeto de manganês

atuam no mesmo sentido.

Page 21: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

13

. Material e geometria da ferramenta: ferramentas com cobertura de nitreto de

titânio tendem a diminui o coeficiente de atrito entre o cavaco com a ferramenta e entre

a peça com a ferramenta, resultando em valores menores da pressão específica de

corte, se comparado a ferramentas com materiais diferentes. De acordo com

Nakayama et al. (1987), variando o material da ferramenta entre as classes de metal

duro adequado para a usinagem de aço, a variação de esforços de corte é desprezível.

. Lubrificação e refrigeração: quanto maior a eficiência da penetração do fluido

de corte, maior será o efeito lubrificante, resultando em menor pressão específica de

corte.

Os modelos de cálculo da pressão específica de corte e das forças de corte

podem ser divididos em três tipos, listados abaixo, conforme cita Araujo (1999):

. Modelos empíricos: são os modelos nos quais os valores da pressão

específica de corte são obtidos por experimentos.

. Modelos mecanísticos: este modelo se baseia na obtenção da pressão

específica a partir da calibração experimental para os pares do material da peça e da

ferramenta no processo. É, na verdade, uma combinação de um modelo experimental

e mecanístico.

. Modelos analíticos: é descrito por meio de equações matemáticas

representando características físicas de um sistema. Utilizam a menor quantidade de

dados experimentais possíveis. As teorias de corte ortogonal e oblíquo se incluem

neste modelo.

Partindo de resultados experimentais, é possível através da força resultante

determinar uma pressão específica resultante.

𝐹𝑟𝑒𝑠 = 𝐾𝑟𝑒𝑠𝑡𝑐𝑏 (2.8)

onde a força resultante é expressa pela seguinte relação:

𝐹𝑟𝑒𝑠 = √(𝐹𝑡2 + 𝐹𝑟

2 + 𝐹𝑧2) (2.9)

Com a fresa cortando na direção tangencial e radial, a força na direção axial é muito

pequena se comparadas às outras forças, podendo ser desprezada, o que leva a

expressão para a pressão específica calculada a partir do experimento depender da

pressão específica de corte e da pressão específica na direção radial.

Page 22: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

14

𝐾𝑟𝑒𝑠 = √(𝐾𝑡2 + 𝐾𝑟

2) (2.10)

É função das pressões específicas de corte e radial, sendo que a pressão na direção

radial se relaciona com a pressão específica de corte da seguinte forma:

𝐾𝑟 = 𝑚1. 𝐾𝑡 (2.11)

Segundo Malekian et al. (2012), m1 = 0.6. Com a força resultante experimental para a

área máxima, que ocorre quando o ângulo de contato é igual a 90 graus, chega-se ao

resultado da pressão específica resultante. Com as equações (2.10) e (2.11), tem-se

a relação da pressão específica de corte com a pressão específica resultante:

𝐾𝑡 = 𝐾𝑟𝑒𝑠

√1+ 0.62 (2.12)

2.6 Microfresamento de Topo

Apesar da semelhança com relação ao fresamento convencional em questão

de cinemática e características gerais do processo, existem algumas diferenças que

faz com que o microfresamento se torne mais complexo que o macrofresamento.

Uma diferença percebida durante a redução de escala é a percepção do

operador sobre as condições de corte, desde a aproximação da peça, que necessita

de ampliação ótica, até a distinção de situações de instabilidade e esforços excessivos

na ferramenta (Mougo, 2014).

De acordo com Bao e Tansel (2000), devido ao tamanho minúsculo, é difícil

perceber a aresta de corte danificada ou o eixo quebrado. Portanto, se faz necessário

a utilização de sensores e equipamentos que detectem sinais relacionados à

descontinuidade do processo.

Page 23: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

15

2.6.1 Microfresas

As microfresas possuem diâmetro igual ou menor que 1mm. Apresentam

geometria de aresta lateral reta (figura 2.8a), para produção de geometrias

bidimensionais, e com a ponta esférica (figura 2.8b), para produção de geometria

tridimensionais.

(a)fresa de topo reto (b)fresa de topo esférico

Figura 2.8: Microfresas reta e esférica. Fonte ( Malekian, 2012)

As hastes geralmente possuem diâmetro até 10 vezes maiores que o diâmetro

de corte, visando aumentar a rigidez e evitar a quebra, dando maior estabilidade ao

corte. São fabricadas por processos de microfabricação, tais como usinagem por

descarga elétrica, por feixe de elétrons, a laser, métodos que para remover o material

não se utilizam de força mecânica (Campos, 2013).

Quanto ao seu material, podem ser de diamante, utilizado em ligas não-

ferrosas, pelo fato do diamante possuir alta condutividade térmica e em altas

temperaturas tem-se o carbono reagindo com o ferro (Chae et al., 2006). Seu diâmetro

pode chegar a 100 μm, com raio da aresta de corte de 0,1 μm.

2.6.2 Modelagem da força de corte no microfresamento

Nesta seção será tratada uma das principais diferenças entre o

microfresamento e o fresamento convencional, que é a espessura do cavaco. Partindo

da abordagem convencional, será considerada uma das adaptações realizadas por

Page 24: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

16

pesquisadores visando modelos mais precisos para a previsão das forças de corte no

microfresamento.

Bao e Tansel (2000), foram os primeiros a desenvolver um modelo para o

cálculo das forças de corte no microfresamento frontal. Partindo da equação

desenvolvida por Martellotti (1941), na qual a espessura do cavaco indeformado é

função do avanço por dente e do seno do ângulo de contato da aresta de corte da

ferramenta com a peça, chegaram-se à seguinte equação:

𝑡𝑐 = 𝑓𝑡𝑠𝑒𝑛 φ − 𝑧

2𝜋𝑟𝑓𝑡

2𝑠𝑒𝑛 φ cos φ + 𝑓𝑡

2𝑧 𝑐𝑜𝑠2φ (2.13)

O primeiro termo da equação foi o considerado por Martellotti no modelo convencional

(2.6). Para o segundo termo, é necessário saber o raio da fresa (r), o número de

dentes da fresa (z) e o avanço por dente (ft). Se trata de fresamento concordante e

discordante, onde uma parcela negativa age no fresamento discordante e uma parcela

positiva age no fresamento concordante. Isto implica que a espessura do cavaco 𝑡𝑐

será sempre maior no fresamento concordante, como afirma Bao e Tansel (2000).

2.6.3 Modelo utilizado

O modelo utilizado no presente trabalho é apresentado na equação 2.8,

considerando a espessura do cavaco igual à proposta por Bao e Tansel (2000) na

equação (2.14).

Portanto, as componentes da força de usinagem são:

𝐹𝑡 = ∫( 𝑓𝑡𝑠𝑒𝑛 φ − 𝑧

2𝜋𝑟𝑓𝑡

2𝑠𝑒𝑛 φ cos φ + 𝑓𝑡

2𝑧 𝑐𝑜𝑠2φ)𝐾𝑡

𝑟

tan λ 𝑑φ (2.14)

𝐹𝑟 = ∫( 𝑓𝑡𝑠𝑒𝑛 φ − 𝑧

2𝜋𝑟𝑓𝑡

2𝑠𝑒𝑛 φ cos φ + 𝑓𝑡

2𝑧 𝑐𝑜𝑠2φ)𝐾𝑟

𝑟

tan λ 𝑑φ (2.15)

Page 25: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

17

3 Microfresamento de topo em materiais com

revestimento

No presente capítulo, um estudo sobre o comportamento da força de corte, da

força na direção radial e a força resultante em materiais com recobrimento será

realizado.

3.1 Forças de microusinagem de material com recobrimento

Considere uma fresa com uma aresta de corte ativa que corresponde a uma

profundidade de corte definida como aptotal. Esta profundidade será sempre igual à

profundidade corte referente ao material 1 (camada do substrato) somado à

profundidade de corte do material 2 (camada de revestimento), conforme Figura (3.1).

Figura 3.1: Profundidade de corte das camadas 1 e 2

𝑎𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑎𝑝1 + 𝑎𝑝2 (3.1)

Por serem diferentes, os materiais das camadas 1 e 2 possuem pressões específicas

de corte diferentes, podendo influenciar na força de corte. Uma modelagem deste tipo

ap2

ap1

Camada 2

Camada 1

Page 26: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

18

de microfresamento será realizada e posteriormente simulações serão feitas,

alterando parâmetros e analisando o comportamento das forças de corte.

Para o presente estudo, o ângulo inicial de contato entre a ferramenta e a peça

será igual a zero, portanto φo = φ2 que será maior que δ. O que implica em uma

geometria da superfície da aresta de corte do tipo 1 (Figura 2.7). Duas camadas do

tipo 1 serão analisadas, a primeira camada terá seus limites de integração inalterados

e serão os mesmos propostos por Araujo (1999) na tabela (2.1a).

Figura 3.2: duas camadas para análise dos limites de integração

No início, ao entrar em contato com a peça, a fresa irá passar pela região A.

Nesta região, somente o material do substrato sofre o corte. Depois de realizar uma

rotação angular correspondente ao valor de delta (δ), tem-se início o corte do material

da camada de revestimento. Neste momento a fresa está na região B da camada do

substrato e na região A’ da camada de revestimento. A fresa vai penetrando na

camada de revestimento até o valor de delta dois (δ2), que corresponde à diferença

entre o ângulo da aresta de corte no momento em que começa a cortar esta camada

e o ponto mais acima da aresta de corte ativa. Após, a fresa corta com sua aresta de

corte ativa correspondente ao 𝑎𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (Fórmula 3.1), passando pelas regiões B e B’

até que começa a sair da peça, primeiro no material da camada do substrato (região

Page 27: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

19

C) e em seguida no material da camada de revestimento (região C’), até que saia por

completo.

Seja quais forem os parâmetros de corte adotados ou os valores dos limites de

integração, a camada de revestimento sempre terá seu corte iniciado após a fresa

passar por uma rotação angular igual ao valor de delta (δ). E passará por todas as

regiões A’, B’ e C’ deslocados de delta se comparados às regiões A, B e C da camada

do substrato.

Dois métodos foram criados chegando ao mesmo resultado, a diferença entre

eles se encontra no somatório das camadas. Para o método I, novos limites de

integração foram definidos. De acordo com a figura (3.2), pode-se considerar os

valores dos ângulos inicial e final de contato entre a ferramenta e a peça em relação

ao eixo Y(figura 2.5) para a segunda camada iguais a φ1 + δ e φ2 + δ,

respectivamente. Para o ângulo de rotação da ponta da aresta de corte em relação ao

eixo Y(ψ), seus novos limites serão φ1 + δ, quando inicia-se o corte, e φ2 + δ + δ2,

quando a fresa sai por completo. Na tabela (3.1) tem-se os novos limites de

integração.

Tabela 3.1: variação de φ e ψ para a camada superior

O método II utiliza os limites de integração da tabela (2.1a) para as duas

camadas. Após, a camada superior é deslocada de delta (δ) e realizado o somatório

considerando esse deslocamento (O programa desenvolvido pelo software Matlab se

encontra no apêndice).

3.2 Algoritmo desenvolvido

Foi desenvolvido para o método I um algoritmo para se gerar as forças de

microusinagem em um material com recobrimento com geometria do tipo 1:

Região φinicial φfinal ψinicial ψfinal

A' φ1 + δ ψ φ1 + δ δ2

B' ψ - δ2 ψ δ2 φ2 + δ

C' ψ - δ2 φ2 + δ φ2 + δ φ2 + δ + δ2

Tipo 1

Page 28: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

20

rotação da ferramenta – n

ângulo inicial de contato entre a ferramenta e a peça - φ1

calcular φ2:

Se e>r, então φ2 = 𝜋

2+ 𝑎𝑟𝑐 sin(

𝑟−𝑒

𝑟)

caso contrário: φ2 = 𝑎𝑟𝑐 cos(𝑟−𝑒

𝑟)

Cálculo dos ângulos δ, δ2 e do passo angular:

𝛿 = 𝑎𝑝1 tan λ

𝑟 𝛿2 =

𝑎𝑝2 tan λ

𝑟 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 =

2𝜋

𝑧

I) Inicialização

Entrar com dados referentes à geometria da fresa de topo:

ângulo de hélice - λ

raio da fresa - r

número de dentes da fresa - z

Entrar com os Parâmetros de Corte e Definição da Geometria do Corte:

Largura de corte – ae

profundidade de corte da camada 1 - ap1

profundidade de corte da camada 2 - ap2

avanço por dente – fz

rotação da ferramenta – n

ângulo inicial de contato entre a ferramenta e a peça - φ1

calcular φ2:

Se e>r, então φ2 = 𝜋

2+ 𝑎𝑟𝑐 sin(

𝑟−𝑒

𝑟)

caso contrário: φ2 = 𝑎𝑟𝑐 cos(𝑟−𝑒

𝑟)

Cálculo dos ângulos δ, δ2 e do passo angular:

𝛿 = 𝑎𝑝1 tan λ

𝑟 𝛿2 =

𝑎𝑝2 tan λ

𝑟 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 =

2𝜋

𝑧

Entrar com os dados do material da peça:

pressão específica de corte para o material da camada inferior - Kt1

pressão específica de corte para o material da camada superior - Kt2

II) Cálculo das forças Ft e Fr:

Entrar com valor da frequência de aquisição - freq

Page 29: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

21

Cálculo do valor do incremento i:

𝑖 =2𝜋

(𝑓𝑟𝑒𝑞 ∗ 60

𝑛 − 1)

Montar o vetor de discretização dos ângulos de rotação da fresa

𝑥𝑖 = {0. . 𝑖. .2𝜋)

Montar o vetor de discretização dos ângulos de posição dos dentes

𝑥𝑝 = 𝑥𝑖 + 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜(𝑧 − 1)

Calcular as forças ftangencial e fradial do incremento da navalha

𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 = (𝑓𝑡𝑠𝑒𝑛 φ − 𝑧

2𝜋𝑟𝑓𝑡

2𝑠𝑒𝑛 φ cos φ + 𝑓𝑡

2𝑧 𝑐𝑜𝑠2φ). 𝐾𝑡.

𝑟

tan λ

𝑓𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙 = (𝑓𝑡𝑠𝑒𝑛 φ − 𝑧

2𝜋𝑟𝑓𝑡

2𝑠𝑒𝑛 φ cos φ + 𝑓𝑡

2𝑧 𝑐𝑜𝑠2φ). 𝐾𝑟.

𝑟

tan λ

Cálculo de 𝐹𝑡1(𝑥𝑖 , 𝑧) para a primeira camada:

Se o ângulo for maior que o contato

𝑥𝑝(𝑥𝑖 , 𝑧) > 𝜑2 + 𝛿

A força é 0: 𝐹𝑡1 = 0

Se o ângulo for menor que o contato

𝑥𝑝(𝑥𝑖 , 𝑧) < 𝜑2 + 𝛿

Então faça:

Se 𝑥𝑝(𝑥𝑖, 𝑧) < 𝛿 então

𝐹𝑡1 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)

0𝑑φ

Caso contrário, verifique:

Se 𝑥𝑝(𝑥𝑖, 𝑧) < 𝜑2 então

Page 30: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

22

𝐹𝑡1 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)

𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)−𝛿𝑑φ

Caso contrário

𝐹𝑡1 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝜑2

𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)−𝛿𝑑φ

Realizar o mesmo cálculo para 𝐹𝑟1 da primeira camada utilizando 𝑓𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙

Cálculo de 𝐹𝑡2(𝑥𝑖 , 𝑧) para a segunda camada:

Se o ângulo for maior que o contato

𝑥𝑝(𝑥𝑖 , 𝑧) > 𝜑2 + 𝛿 + 𝛿2

A força é 0: 𝐹𝑡2 = 0

Se o ângulo for menor que o contato

𝑥𝑝(𝑥𝑖 , 𝑧) < 𝜑2 + 𝛿 + 𝛿2

Então faça:

Se 𝑥𝑝(𝑥𝑖, 𝑧) < 𝛿 então

𝐹𝑡2 = 0

Se 𝑥𝑝(𝑥𝑖, 𝑧) < 𝛿 + 𝛿2 então

𝐹𝑡2 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)

𝛿𝑑φ

Caso contrário, verifique:

Se 𝑥𝑝(𝑥𝑖, 𝑧) < 𝜑2

+ 𝛿 então

𝐹𝑡2 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)

𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)−𝛿2𝑑φ

Caso contrário

𝐹𝑡2 = ∫ 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝜑2+𝛿1

𝑥𝑝(𝑥𝑖,𝑧)−𝛿2𝑑φ

Realizar o mesmo cálculo para 𝐹𝑟2 da segunda camada utilizando 𝑓𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙

Page 31: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

23

Para o modelo referente ao fresamento convencional, alterar a 𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 e a 𝑓𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙

para:

𝑓𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑓𝑡. sen φ 𝐾𝑡.𝑟

tan λ (3.2)

𝑓𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙 = 𝑓𝑡. sen φ 𝐾𝑟.𝑟

tan λ (3.3)

3.3 Simulações da força de usinagem utilizando o algoritmo

desenvolvido

Foram realizadas simulações utilizando dois materiais com pressões

específicas bem diferentes para que se tenha uma melhor análise da força de

usinagem. Os parâmetros são o ângulo de hélice (𝜆), o raio (𝑟), número de dentes (𝑧),

rotação da fresa (𝑛) e a velocidade de avanço (𝑣𝑓). São apresentados na tabela (3.2).

Tabela 3.2: dados e parâmetros necessários para análise

Somar a força de corte tangencial e na direção radial de cada camada

𝐹𝑡 = 𝐹𝑡1 + 𝐹𝑡2

𝐹𝑟 = 𝐹𝑟1 + 𝐹𝑟2

Calcular a força resultante

𝐹𝑟𝑒𝑠 = √(𝐹𝑡2 + 𝐹𝑟

2)

Page 32: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

24

Os valores escolhidos se assemelham aos parâmetros que serão utilizados no

experimento. Para os materiais foram escolhidos o aço 1040 para a camada do

substrato e o cobre para o revestimento. As pressões específicas de corte dos

materiais escolhidos se encontram na tabela (3.3).

Tabela 3.3: pressão específica de corte dos materiais escolhidos (Silva, 2002).

A profundidade de corte total foi considerada constante e igual a 0,3 mm. E uma

variação das profundidades de corte de cada material será feita considerando sempre

o corte da fresa no início da ponta de sua aresta.

3.3.1 Simulação 1

Neste primeiro caso, as duas camadas têm a mesma espessura (tabela 3.4).

Esta simulação tem o objetivo de ver como a pressão específica de corte influencia

na força de usinagem.

Tabela 3.4: Simulação 1

Page 33: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

25

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Ft para as camadas e a soma delas

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Ft1

- Substrato

Ft2

- Revestimento

Ft - Soma

Figura 3.3: força de corte, na direção tangencial, para cada camada e a soma delas.

As forças de corte, na direção tangencial, para as duas camadas foram

simuladas e apresentadas na figura (3.3).

Nota-se que até o valor de delta(δ), igual a 12,40 graus, a fresa está cortando

somente a região A (Figura 3.2) do substrato. Após essa rotação angular, inicia-se o

corte na camada de revestimento e torna-se notável a influência desta na força de

corte Ft, que passa a ser um somatório das forças nas duas camadas, atingindo seu

pico em 103,7 graus, com valor de Ft correspondente a 2,769 N. O gráfico é mostrado

até 800 graus para que se possa ver a repetição da força de corte, no caso tem duas

rotações. A 1ª rotação vai até 372,2 graus e a 2ª rotação até 732,2 graus.

As forças na direção radial para as duas camadas foram simuladas e

apresentadas na figura (3.4).

δ

Page 34: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

26

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

Fr para as camadas e a soma delas

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Fr1

- Substrato

Fr2

- Revestimento

Fr - Soma

Figura 3.4: força na direção radial, para cada camada e a soma delas.

Segundo Malekian et al. (2012), 𝐾𝑟 = 0,6𝐾𝑡 (equação 2.11). Todo o comportamento

da força na direção radial é igual ao da força na direção tangencial com uma

intensidade igual a 60% da encontrada para a força tangencial. Tem seu valor máximo

em 103,7 graus, com valor de Fr igual a 1,661 N.

A partir das forças na direção tangencial e radial para o somatório das camadas

plotadas nas figuras (3.3) e (3.4), respectivamente, tem-se a força resultante (equação

2.9), apresentada na figura (3.5).

δ

Page 35: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

27

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

Força Resultante

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Figura 3.5: força resultante para as duas camadas

Como era esperado, seu valor máximo ocorre em 103,7 graus e possui força

resultante máxima igual a 3,229 N.

3.3.2 Simulação 2

Neste caso, a espessura da camada de substrato, que possui maior pressão

específica de corte, será igual a duas vezes a espessura da camada do revestimento,

conforme tabela (3.5).

Tabela 3.5: Simulação 2

Page 36: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

28

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

Ft para as camadas e a soma delas

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Ft1

- Substrato

Ft2

- Revestimento

Ft - Soma

Figura 3.6: força de corte, na direção tangencial, para cada camada e a soma delas.

As forças de corte, na direção tangencial, para as duas camadas foram

simuladas e apresentadas na figura (3.6).

Nota-se que delta é igual a 16,54 graus, a fresa precisa de uma rotação maior

para que se inicie o corte da camada do revestimento, visto que delta é diretamente

proporcional à profundidade de corte.

A força de corte máxima para a camada do substrato é igual a 2,468 N e para

a camada de revestimento é igual a 0,6173 N. A força máxima para a soma das

camadas é igual a 3,081 N, mostrando a pouca influência da camada de revestimento,

explicada pelo baixo valor da profundidade de corte (tabela 3.5) e da pressão

específica de corte (tabela 3.3) se comparado aos valores da camada do substrato.

A figura (3.7) apresenta a força resultante da simulação 2.

δ

Page 37: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

29

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Força Resultante

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Figura 3.7: força resultante para as duas camadas

A força resultante máxima é igual a 3,594 N, maior que a encontrada na 1ª

simulação, devido à maior influência da força de corte e da força na direção radial da

camada do substrato.

3.3.3 Simulação 3

Para este caso, a camada do substrato (aço 1040) que possui um material com

a pressão específica de corte igual ao dobro do material (cobre) da camada de

revestimento, terá uma espessura de corte igual à metade da mesma. Espera-se

alcançar valores iguais aos das forças de corte das duas camadas visto que a

profundidade de corte e a pressão específica de corte são diretamente proporcionais

à força de corte.

Page 38: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

30

δ 0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

Ft para as camadas e a soma delas

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Ft1

- Substrato

Ft2

- Revestimento

Ft - Soma

Figura 3.8: força de corte para cada camada e a soma delas.

Tabela 3.6: Simulação 3

As forças de corte para as duas camadas foram simuladas e apresentadas na

figura (3.8).

Nota-se que delta é igual a 8,27 graus, visto que nessa simulação a

profundidade de corte para a camada do substrato é igual a 0,1 mm. É menor se

comparado às outras duas simulações. Portanto, a fresa inicia o corte na camada de

revestimento em um tempo menor. É possível ver que as duas camadas possuem a

mesma intensidade de força deslocadas de delta, conforme esperado.

A força resultante para a simulação 3 é apresentada na figura (3.9).

δ

Page 39: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

31

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Força Resultante

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Figura 3.9: força resultante para as duas camadas

A força resultante atinge seu valor máximo em 97,63 graus e com valor igual a

2,873 N.

Segue uma comparação das 3 simulações com relação ao ângulo de rotação

delta, para que se inicie o corte do revestimento e da força de corte e resultante

máxima.

Tabela 3.7: Comparação entre as simulações

Page 40: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

32

4 Procedimento experimental

No presente capítulo apresenta-se o procedimento experimental com as

maquinas e ferramentas utilizadas e os processos adotados para se chegar a

aquisição dos dados experimentais.

4.1 Microfresadora

A máquina-ferramenta utilizada para o experimento foi a Minitech Mini-Mill/GX,

conforme mostrado na Figura (4.1). Esta possui placas de granito como base tanto na

horizontal quanto na vertical a fim de evitar ao máximo vibrações mecânicas durante

o fresamento. Se caracteriza por possuir três eixos para o controle de translação entre

a peça e a ferramenta. Configuração que garante um movimento suave dos eixos,

reduzindo o atrito.

Figura 4.1: Minifresadora Minitech Mini-Mill/GX

Essa máquina-ferramenta é controlada por CNC (Comando Numérico

Computadorizado). A rotação da ferramenta é realizada por um mancal que possui

Page 41: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

33

rotação de até 30000 rpm, e que, se conectado a um ponto de ar comprimido, pode

chegar a 60000 rpm.

4.2 Equipamentos para aquisição das forças de corte e montagem

experimental

Os equipamentos utilizados para a aquisição das forças de corte foram o

dinamômetro, um amplificador de sinais, uma placa de aquisição de sinais e um

microcomputador para a leitura dos dados obtidos.

O dinamômetro utilizado foi o do tipo 9256C2 da marca Kistler (Figura 4.2a),

com cabo para conexão 1967A5. Este dinamômetro foi fabricado para se trabalhar na

faixa de -250 N a 250 N e possui alta sensibilidade. Realiza medições de forças de

corte muito baixas, conforme diz em seu manual. O amplificador de sinais utilizado foi

o 5070A10100 (Figura 4.2b) do mesmo fabricante do dinamômetro. A saída dos sinais

das forças de corte captadas pelo dinamômetro, passa por este amplificador, no qual

é feita a conversão da carga elétrica em tensão elétrica. Nele também é regulada a

taxa de amplificação.

Após passar pelo amplificador de sinais, passa por uma placa de aquisição de

sinais responsável por transformar o sinal experimental analógico em digital para ser

lido no computador. É necessário configurar a frequência de aquisição do sinal, que

vai depender de quantos pontos serão necessários para a verificação do sinal

experimental. A placa de aquisição utilizada foi a NI USB-6551 da National

Instruments (Figura 4.2c) e o software para a aquisição dos dados foi o LabView Signal

Express 2012.

Page 42: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

34

Figura 4.2: equipamentos para aquisição das forças de corte e montagem experimental. Fonte: Adaptado de Mougo (2014).

4.3 Material do corpo de prova

O material escolhido para análise foi fornecido gentilmente pelo laboratório

LABMEMs e se trata de uma placa de latão com revestimento de estanho. Na figura

(4.3) tem-se uma ilustração da placa utilizada já com os microcanais realizados para

o teste.

Figura 4.3: foto da placa de latão coberta com estanho já com os microcanais

Page 43: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

35

1000𝜇

Para estimar a espessura da camada de estanho, a peça foi levada a peça ao

Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC). Devido a

espessura muito fina do revestimento de estanho, na ordem de microns, o teste por

correntes parasitas (que utiliza conceitos de eletromagnetismo para detecção de

descontinuidades) e o ultrassom (ondas de ultrassom para detecção interna de

defeitos ou para a medição de espessura) foram descartados. Fora realizado uma

análise metalográfica com o auxílio de um microscópio ótico. Para isso, uma

preparação superficial foi feita com lixamento e polimento na lateral da peça. E para

revelar a microestrutura do latão, um ataque eletrolítico foi feito.

A partir da imagem apresentada na figura (4.4), é possível diferenciar o estanho

do latão pela cor, sendo o latão a parte mais escura e o estanho mais clara. Para uma

estimativa da espessura do estanho, foi utilizado o software Imaje J, e com o auxílio

deste, foi possível ver que a camada de estanho varia de 0 a 130 microns.

Figura 4.4: imagens geradas a partir da análise metalográfica

Com auxílio de um relógio comparador foi possível nivelar a placa, porém foi

feito um faceamento para garantir uma superfície plana.

Estanho

Latão

Page 44: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

36

4.4 Parâmetros de corte utilizados

Foi utilizado uma fresa de topo reto micro diâmetro – 2 cortes da marca Seikon,

código 2MSB-008. De acordo com as especificações técnicas, para um diâmetro da

fresa de 0,8 mm a rotação deve ser igual a 20000 rpm. O ângulo de hélice é igual a

35 graus. A partir das fórmulas (2.1) e (2.2) foram calculados o avanço por dente e a

rotação.

Tabela 4.1: Parâmetros de corte utilizados

4.5 Resultados Experimentais

Com os equipamentos para aquisição das forças de corte e o software

LabView, os dados foram gerados e com o programa OriginPro 8, analisados. Para

todos os experimentos, foi utilizado um filtro passa baixa de 1,2 kHz, visando remover

os ruídos sem modificar o comportamento da força de corte.

Foi realizado um faceamento nos canais a serem usinados para um melhor

controle da profundidade de corte. Um canal com comprimento de 1,5 mm foi feito

com profundidade de corte igual a 0,1 mm, cortando apenas o estanho (Experimento

Page 45: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

37

Ap = 0,1 mm

Ap = 0,1 mm

Ap = 0,1 mm

1). Em seguida, no mesmo canal, um novo corte com o mesmo comprimento e a

mesma profundidade de corte foi realizado para retirar o estanho, garantido que só

tenha latão. Após, um corte no mesmo canal com comprimento igual a 2,8 mm foi

feito. Sendo 1,5 mm cortando apenas latão com uma profundidade igual a 0,1 mm

(Experimento 2), e 1,3 mm de comprimento com uma profundidade de corte igual a

0,3 mm cortando latão e estanho (Experimento 3). Uma réplica do experimento 3 foi

realizado em um novo canal.

Um desenho esquemático com a vista lateral do canal usinado contendo os 3

experimentos foi realizado e apresentado na figura (4.5).

Peça inicial com latão (substrato) e

estanho (revestimento)

Experimento 1: Somente Estanho

foi usinado com uma profundidade

de corte igual a 0,1 mm

Um novo corte com a mesma

profundidade foi realizado para

garantir que só tenha latão.

Experimento 2: Somente Latão foi

usinado com uma profundidade de

corte igual a 0,1 mm

Page 46: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

38

Ap = 0,3 mm

Figura 4.5: Vista lateral do canal com os experimentos sendo realizados

É apresentado uma tabela com os valores do material usinado, profundidade de corte

e o comprimento usinado em cada experimento.

Tabela 4.2: Experimentos realizados

4.5.1 Experimento 1

O experimento 1 tem como objetivo calcular a pressão específica de corte do

estanho, material presente na camada de revestimento. A figura (4.6) apresenta a

variação da força resultante, no qual foi usinado apenas estanho com uma

profundidade de corte igual a 0,1 mm.

Experimento 3: Latão + Estanho

foram usinados com uma

profundidade de corte igual a 0,3

mm

Page 47: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

39

Figura 4.6: Variação da força resultante para o experimento 1.

Analisando o gráfico da figura (4.6) com mais detalhes, na figura (4.7) é

apresentado um gráfico para quatro rotações no intervalo de 6,375 a 6,387s,

totalizando 0,012s, cada rotação levando um tempo igual a 0,003s para ocorrer.

Figura 4.7: Força resultante do experimento 1 em quatro rotações.

A partir da figura (4.7) é calculado uma média para a força resultante máxima

igual a 2,14 N. Portanto, o valor da pressão específica de corte para o estanho é igual

a 6,01 GPa.

Page 48: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

40

4.5.2 Experimento 2

O experimento 2 foi realizado com o objetivo de calcular a pressão específica

de corte para o latão, material presente na camada do substrato. A figura (4.8)

apresenta a variação da força resultante em um comprimento usinado de 1,5 mm, no

qual é usinado apenas latão com uma profundidade de corte igual a 0,1 mm.

Figura 4.8: Variação da força resultante para o experimento 2.

Conforme realizado no experimento 1, para maior detalhamento, um intervalo

de tempo com quatro rotações é apresentado na figura (4.9).

Figura 4.9: Força resultante do experimento 2 em quatro rotações.

Page 49: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

41

Uma média da força resultante máxima é calculada a partir das quatro rotações

apresentadas na figura (4.9). Seu valor é igual a 3,18 N, portanto o valor da pressão

específica de corte para o latão é igual a 9,10 GPa. Valor maior que a pressão

específica de corte do estanho, o que era esperado, visto que o latão é mais duro que

o estanho.

4.5.3 Experimento 3

Com as pressões específicas do estanho e latão calculadas, no experimento 3

o canal será usinado com uma profundidade de corte contendo os dois materiais. O

canal é o mesmo dos experimentos 1 e 2, porém o comprimento usinado vai de 1,5

mm até 2,8 mm, totalizando 1,3 mm. Uma figura é apresentada com a variação da

força resultante para este experimento.

Figura 4.10: Variação da força resultante para o experimento 3.

A figura (4.11) apresenta um intervalo para quatro rotações do experimento 3,

no qual é apresentado a força resultante sem filtro e com filtro.

Page 50: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

42

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Força Resultante

Angle (º)

Fo

rce

(N

)

Figura 4.11: Força resultante do experimento 3 em quatro rotações com e sem filtro.

O intervalo vai de 8,637 a 8,649s, totalizando um tempo de 0,012s com cada

rotação igual a 0,003s. Calculando a média da força resultante máxima a partir da

figura (4.11) tem-se um valor igual a 20,38 N.

Com uma profundidade de corte total igual a 0,3 mm, sendo 0,1 mm de estanho

e 0,2 mm de latão e com as pressões específicas de corte calculadas nos

experimentos 1 e 2, a variação da força esperada, conforme modelo proposto, é

apresentada na figura (4.12).

Figura 4.12: Força resultante esperada conforme modelo proposto.

Page 51: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

43

A figura (4.12) apresenta uma variação para duas rotações, com o valor da

força resultante máxima igual a 8,44 N.

4.5.4 Réplica do experimento 3

Uma réplica do experimento 3 foi realizada em um novo canal com

comprimento igual a 2,8 mm. A figura (4.13) apresenta o resultado da força resultante.

Figura 4.13: Variação da força resultante para a réplica do experimento 3.

A figura (4.14) apresenta um intervalo para quatro rotações da réplica do

experimento 3, no qual é apresentado a força resultante com filtro.

Page 52: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

44

Figura 4.14: Força resultante da réplica do experimento 3 em quatro rotações.

Com um intervalo de tempo variando entre 4,193 a 4,205, tem-se quatro

rotações com a média dos valores da força resultante máxima igual a 29,65 N.

Apresentando altos valores, assim como no experimento 3.

4.5.5 Comparação do resultado obtido com o resultado esperado

A tabela (4.3) apresenta os valores das pressões específicas de corte

calculadas para o estanho e o latão a partir dos experimentos 1 e 2.

Tabela 4.3: Pressão específica de corte para cada material

Page 53: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

45

Com as pressões específicas determinadas, a tabela (4.4) apresenta o valor

simulado a partir do modelo desenvolvido e o valor experimental para a variação da

força resultante.

Tabela 4.4: Comparação do modelo teórico com o experimental

Conforme apresentado na tabela (4.4), a média da força resultante máxima no

experimento 3 é maior do que o valor esperado a partir da simulação. Algumas

possibilidades podem ser consideradas:

Fusão do material da peça na ponta da ferramenta ocorrida entre os

experimentos 2 e 3, levando à formação da aresta postiça de corte e,

consequentemente, a um aumento da pressão específica de corte no

experimento 3, já que um dente poderia estar removendo mais material que o

outro;

Modificação microestrutural na região de fusão dos dois materiais devido a

precipitação de elementos de liga e a formação de fases que podem aumentar

a dureza nesta região de contato;

Page 54: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

46

4.6 Análise da ferramenta

Após a realização de todos os experimentos, com auxílio de uma câmera de

alta resolução modelo AM3715TB da marca Dino-Lite Digital Microscope, foi possível

analisar as arestas de corte da ferramenta (figura 4.12). Na aresta de corte

apresentada na figura (4.12a) não é possível ver alterações, diferente da aresta de

corte apresentada na figura (4.12b), que pode ser resultado de uma fusão do material

da peça na ponta da ferramenta.

(a)aresta de corte em boas condições (b)aresta de corte alterada

Figura 4.15: Fotos da aresta de corte da ferramenta utilizada após a realização dos canais.

Page 55: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

47

5 Conclusões

Um algoritmo foi desenvolvido para o estudo do microfresamento de topo em

materiais com recobrimento e simulações foram feitas comprovando o modelo. Com

a variação da profundidade de corte e com pressão específica de corte diferentes,

pode ser visto como a força resultante varia com esses parâmetros. Considerando a

fresa cortando do início, é possível ver que a fresa começa a cortar a camada do

revestimento depois de uma rotação angular igual a delta, momento no qual esta

camada começa a contribuir com a força de corte total. Gráficos são gerados para

duas rotações, para que seja possível ver a periodicidade da força de corte.

Na parte experimental foi utilizada uma placa de latão com revestimento de

estanho, realizado o microfresamento e com a aquisição dos dados experimentais, foi

comparado com o modelo desenvolvido. Nos dois primeiros experimentos foram

calculadas as pressões específicas de corte para o estanho e o latão. No experimento

3, com uma profundidade de corte igual a 0,3 mm, a força resultante experimental foi

maior que o valor simulado a partir do modelo desenvolvido. Outras forças além das

forças de usinagem podem estar atuando. Uma outra possibilidade a ser considerada

é a formação da aresta postiça de corte, levando a um aumento da pressão específica

de corte. Pode ser que também tenha ocorrido uma modificação estrutural na região

de fusão dos materiais, o que pode aumentar a dureza na região de contato.

Sugestões para trabalhos futuros

Estudo experimental das forças de corte para o fresamento de topo do

aço 1020 revestido por uma liga de níquel-cromo-cobalto;

Influência dos parâmetros de corte (profundidade de corte e avanço) no

fresamento de topo de materiais dissimilares;

Page 56: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

48

Desenvolvimento do modelo para previsão da força de corte na

usinagem de materiais dissimilares, considerando os fatores influentes

no aumento das forças de corte observado a partir dos resultados

experimentais.

Page 57: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

49

Referências Bibliográficas

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microusinagem do superduplex. COPPE/UFRJ, Qualificação de Doutorado,

Engenharia Mecânica, 2014.

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COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Mecânica,1999.

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Materiais”, 6ª edição, Editora Artliber, 2008.

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M.A. CÂMARA, J.C. CAMPOS RUBIO, A.M. ABRAÃO, J.P. DAVIM. “State of the Art

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Page 58: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

50

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Page 59: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

51

Apêndice

Programa para simulação das forças de usinagem

no microfresamento de topo em materiais com

recobrimento

Método I (Simulação 1)

%Programa para o cálculo das forças de corte no microfresamento,levando em consideração o desalinhamento

da ferramenta.

clear all;

clc;

close all;

%Entrada dos Dados de Geometria da Fresa

% lambda = input('Entre com o ângulo de hélice da fresa de topo.');

% d = input('Entre com o diâmetro da fresa de topo.');

% z = input('Entre com o número de dentes da fresa de topo.');

lambda = pi/6;

d = 0.8;

r = d/2;

z = 2;

%Entrada dos Parâmetros de de Corte e Definição da Geometria do Corte

% e = input('Entre com o valor da espessura de penetração da operação.');

% ap1 = input('Entre com o valor da profundidade de corte da camada do substrato.');

% ap2 = input('Entre com o valor da profundidade de corte da camada de revestimento.');

% f = input('Entre com o valor do avanço por dente da operação.');

% n = input('Entre com o valor da rotação da ferramenta durante a operação.');

e = d;

ap1 = 0.15;

ap2 = 0.15;

f = 0.003;

n = 20000;

Fi1 = 0;

if e < r

Fi2 = pi/2 + asin((r-e)/r);

else

Fi2 = acos((r-e)/r);

end

delta1 = ap1*tan(lambda)/r;

delta2 = ap2*tan(lambda)/r;

passo = 2*pi/z;

Page 60: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

52

%Entrada dos dados dos materiais da peça e da feramenta

% Kt = input('Entre com o valor da pressão específica de corte do material da camada do substrato.');

% Kt2 = input('Entre com o valor da pressão específica de corte do material da camada de revestimento.');

Kt = 4120;

Kr = 0.6*Kt;

Kt2 = 2060;

Kr2 = 0.6*Kt2;

%Cálculo da Forças de Corte

% i = input('Entre com o valor do incremento i');

freq = 20000;

np = freq*60/n;

i = 2*pi/(np-1);

if Fi2>=delta1

x = Fi1:i:delta1;

y = delta1:i:Fi2;

z1 = Fi2:i:Fi2+delta1;

else

x = Fi1:i:Fi2;

y = Fi2:i:delta1;

z1= delta1:i:Fi2+delta1;

end

xi=0:i:2*pi;

for k=1:z

for j=1:length(xi)

xp(j,k)=xi(1,j)+passo*(k-1);

end

end

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>2*pi

xp(j,k)=xp(j,k)-2*pi;

end

end

end

%Primeira camada

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>Fi2+delta1

ft1(j,k)=0;

fr1(j,k)=0;

else

if xp(j,k)<delta1

ft1(j,k)= integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt,lambda,z,0);

fr1(j,k)= integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,0);

else

if xp(j,k)<Fi2

ft1(j,k) = integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

fr1(j,k) = integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

else

ft1(j,k)= integralft(f,r,Kt,lambda,z,Fi2)-integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

fr1(j,k)= integralfr(f,r,Kr,lambda,z,Fi2)-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

end

end

Page 61: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

53

end

end

end

Ft1 = ft1(:,1)+ft1(:,2);

Fr1 = fr1(:,1)+fr1(:,2);

A=length(ft1);

t=(0:i:((A-1)*i));

t=t*180/pi;

%Segunda camada

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>Fi2+delta1+delta2

ft2(j,k)=0;

fr2(j,k)=0;

else

if xp(j,k)<delta1

ft2(j,k)= 0;

fr2(j,k)= 0;

else

if xp(j,k)<delta2+delta1

ft2(j,k)= integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,delta1);

fr2(j,k)= integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,delta1);

else

if xp(j,k)<Fi2+delta1

ft2(j,k) = integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

fr2(j,k) = integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

else

ft2(j,k)= integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,Fi2+delta1)-integralmicrox(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-

delta2);

fr2(j,k)= integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,Fi2+delta1)-integralmicroy(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-

delta2);

end

end

end

end

end

end

Ft2 = ft2(:,1)+ft2(:,2);

Fr2 = fr2(:,1)+fr2(:,2);

A=length(ft2);

t=(0:i:((A-1)*i));

t=t*180/pi;

%Soma das camadas

Ft = Ft1 + Ft2;

Fr = Fr1 + Fr2;

%Força resultante

Fres = sqrt(Ft.^2+Fr.^2);

%Figuras

figure (1)

plot(t,Ft1,t4,Ft2,t, Ft);

Page 62: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

54

title('F_t para as camadas e a soma delas','FontSize',14);

legend('F_t_1 - Substrato','F_t_2 - Revestimento','F_t - Soma','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);

figure (2)

plot(t,Fr1,t,Fr2,t, Fr);

title('F_r para as camadas e a soma delas','FontSize',14);

legend('F_r_1 - Substrato','F_r_2 - Revestimento','F_r - Soma','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);

figure(3);

plot(t,Fres);

title('Força Resultante','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);

Método II (Simulação 1)

%Programa para o cálculo das forças de corte no microfresamento,levando em consideração o desalinhamento

da ferramenta.

clear all;

clc;

close all;

%Entrada dos Dados de Geometria da Fresa

% lambda = input('Entre com o ângulo de hélice da fresa de topo.');

% d = input('Entre com o diâmetro da fresa de topo.');

% z = input('Entre com o número de dentes da fresa de topo.');

lambda = pi/6;

d = 0.8;

r = d/2;

z = 2;

%Entrada dos Parâmetros de de Corte e Definição da Geometria do Corte

% e = input('Entre com o valor da espessura de penetração da operação.');

% ap1 = input('Entre com o valor da profundidade de corte da camada do substrato.');

% ap2 = input('Entre com o valor da profundidade de corte da camada de revestimento.');

% f = input('Entre com o valor do avanço por dente da operação.');

% n = input('Entre com o valor da rotação da ferramenta durante a operação.');

e = d;

ap1 = 0.15;

ap2 = 0.15;

f = 0.003;

n = 20000;

Fi1 = 0;

if e < r

Fi2 = pi/2 + asin((r-e)/r);

else

Fi2 = acos((r-e)/r);

end

delta1 = ap1*tan(lambda)/r;

Page 63: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

55

delta2 = ap2*tan(lambda)/r;

passo = 2*pi/z;

%Entrada dos dados dos materiais da peça e da feramenta

% Kt = input('Entre com o valor da pressão específica de corte do material da camada do substrato.');

% Kt2 = input('Entre com o valor da pressão específica de corte do material da camada de revestimento.');

Kt = 4120;

Kr = 0.6*Kt;

Kt2 = 2060;

Kr2 = 0.6*Kt2;

%Cálculo da Forças de Corte

% i = input('Entre com o valor do incremento i');

freq = 20000;

np = freq*60/n;

i = 2*pi/(np-1);

if Fi2>=delta1

x = Fi1:i:delta1;

y = delta1:i:Fi2;

z1 = Fi2:i:Fi2+delta1;

else

x = Fi1:i:Fi2;

y = Fi2:i:delta1;

z1= delta1:i:Fi2+delta1;

end

xi=0:i:2*pi;

for k=1:z

for j=1:length(xi)

xp(j,k)=xi(1,j)+passo*(k-1);

end

end

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>2*pi

xp(j,k)=xp(j,k)-2*pi;

end

end

end

%Primeira camada

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>Fi2+delta1

ft1(j,k)=0;

fr1(j,k)=0;

else

if xp(j,k)<delta1

ft1(j,k)= integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt,lambda,z,0);

fr1(j,k)= integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,0);

else

if xp(j,k)<Fi2

ft1(j,k) = integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

fr1(j,k) = integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

else

ft1(j,k)= integralft(f,r,Kt,lambda,z,Fi2)-integralft(f,r,Kt,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

fr1(j,k)= integralfr(f,r,Kr,lambda,z,Fi2)-integralfr(f,r,Kr,lambda,z,xp(j,k)-delta1);

Page 64: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

56

end

end

end

end

end

ft1 = ft1(:,1)+ft1(:,2);

fr1 = fr1(:,1)+fr1(:,2);

A=length(ft1);

t=(0:i:((A-1)*i));

%Segunda camada

for k=1:z

for j=1:length(xi)

if xp(j,k)>Fi2+delta2

ft2(j,k)=0;

fr2(j,k)=0;

else

if xp(j,k)<delta2

ft2(j,k)= integralft(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt2,lambda,z,0);

fr2(j,k)= integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,0);

else

if xp(j,k)<Fi2

ft2(j,k) = integralft(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k))-integralft(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

fr2(j,k) = integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,xp(j,k))-integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

else

ft2(j,k)= integralft(f,r,Kt2,lambda,z,Fi2)-integralft(f,r,Kt2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

fr2(j,k)= integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,Fi2)-integralfr(f,r,Kr2,lambda,z,xp(j,k)-delta2);

end

end

end

end

end

ft2 = ft2(:,1)+ft2(:,2);

fr2 = fr2(:,1)+fr2(:,2);

A=length(ft2);

t=(0:i:((A-1)*i));

t=t*180/pi;

%Com fase

delta1grau = delta1*180/pi;

t2=t+delta1grau;

%Para duas rotações - primeira camada para Ft

Ft1 = zeros(2*length(ft1)-1,1);

t3=(0:i:((length(Ft1)-1)*i));

t3=t3*180/pi;

for j=1:length(Ft1)

if j<=length(ft1)

Ft1(j,1) = Ft1inicial(j,1);

end

if j>length(ft1)

Ft1(j,1) = ft1(j-(length(xi)-1),1);

Page 65: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

57

end

end

%Para duas rotações - segunda camada para Ft

Ft2 = zeros(2*length(ft2)-1,1);

for j=1:length(Ft2)

if j<=length(ft2)

Ft2(j,1) = Ft2inicial(j,1);

end

if j>length(ft2)

Ft2(j,1) = ft2(j-(length(xi)-1),1);

end

end

t4=t3+delta1grau;

%Para duas rotações - primeira camada para Fr

Fr1 = zeros(2*length(fr1)-1,1);

t3=(0:i:((length(Fr1)-1)*i));

t3=t3*180/pi;

for j=1:length(Fr1)

if j<=length(fr1)

Fr1(j,1) = Fr1inicial(j,1);

end

if j>length(fr1)

Fr1(j,1) = fr1(j-(length(xi)-1),1);

end

end

%Para duas rotações - segunda camada para Fr

Fr2 = zeros(2*length(fr2)-1,1);

for j=1:length(Fr2)

if j<=length(fr2)

Fr2(j,1) = Fr2inicial(j,1);

end

if j>length(fr2)

Fr2(j,1) = fr2(j-(length(xi)-1),1);

end

end

t4=t3+delta1grau;

%Calculo da Força de corte e na direção radial

Ft = zeros(length(Ft1),1);

h = 0;

for j=1:length(Ft1)

if t3(j)<delta1grau

Ft(j,1) = Ft1(j,1);

h = h+1;

else

Ft(j,1) = Ft1(j,1)+Ft2(j-h+1,1);

end

end

Page 66: modelagem das forças de usinagem no microfresamento de topo

58

Fr = zeros(length(Fr1),1);

h = 0;

for j=1:length(Fr1)

if t3(j)<delta1grau

Fr(j,1) = Fr1(j,1);

h = h+1;

else

Fr(j,1) = Fr1(j,1)+Fr2(j-h+1,1);

end

end

%Calculo da Força Resultante

Fres = zeros(length(Ft1),1);

h = 0;

for j=1:length(Ft1)

Fres(j,1) = sqrt(Ft(j,1)^2+Fr(j,1)^2);

h = h+1;

end

%Figuras

figure (1)

plot(t3,Ft1,t4,Ft2,t3, Ft);

title('F_t para as camadas e a soma delas','FontSize',14);

legend('F_t_1 - Substrato','F_t_2 - Revestimento','F_t - Soma','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);

figure (2)

plot(t3,Fr1,t4,Fr2,t3, Fr);

title('F_r para as camadas e a soma delas','FontSize',14);

legend('F_r_1 - Substrato','F_r_2 - Revestimento','F_r - Soma','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);

figure(3);

plot(t3,Fres);

title('Força Resultante','FontSize',14);

xlabel('Angle (º)','FontSize',14);

ylabel('Force (N)','FontSize',14);